Correio Fraterno 433

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CORREIO

Espiritismo com humor é com Laurinha Tatiana Benites fala de seu livro e da personagem que já faz muito sucesso no jornal Correio Frateno Pág. 4 e 5

FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

Publicação da Editora Espírita Correio Fraterno • e-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br • Ano 42 • Nº 433 • Maio - Junho 2010

COMUNICAÇÃO

o que podemos fazer por ela e ela por nós

A

trajetória da divulgação do espiritismo iniciada por Allan Kardec ganha novos contornos. Impulsionada pela mobilização do grande público com as produções nas telas sobre

o médium Chico Xavier, a imprensa leva o tema para as manchetes e gera inúmeras manifestações de espíritas, leitores, jornalistas, com opiniões diversas, pela internet, o que vem estabelecendo um novo marco na relação entre imprensa e espiritismo. Foi ela, a comunicação, a grande aliada da codificação, a possibilidade de troca com a sociedade hermética para assuntos tão transcendentais no século 19. É ela quem continua hoje, como ciência

Ecologia na obra de Chico Xavier Através da mediunidade de Chico Xavier, os espíritos André Luiz e Emmanuel – especialmente estes – nos ajudaram a compreender a complexidade do sistema Terra e a necessidade de melhor cuidarmos de nossa casa planetária muito antes desse modelo de desenvolvimento começar a ser questionado.

moderna, a oferecer os seus recursos e, em troca, pede atenção às suas particularidades, para que possa continuar cumprindo o seu papel e prestando o seu melhor serviço, em matéria de doutrina: permitir que o conteúdo espírita transite pela contemporaneidade, de maneira livre e integrada, não se prestando apenas à divulgação de seus princípios, mas participando da formação de uma sociedade Leia na coluna de André Trigueiro na pág.15

mais justa e fraterna. Pág. 8 e 9


EDITORIAL

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Comunicação

Uma ética para a imprensa escrita

Por uma nova visão da vida

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ais do que fazer jornais, revistas, sites, programas de rádio e TV, a comunicação social espírita vai muito além da mídia. Abrange um vasto campo de propostas para a educação humana. Analisado por vários aspectos, o tema permeia a maioria das seções dessa edição. Afinal, qual a melhor forma de divulgação do espiritismo para o público espírita e não-espírita? Diante da invasão dos assuntos espíritas na mídia, é necessário refletir sobre a oportunidade que estamos tendo de divulgação do espiritismo, para não perdermos a mão na história.

A importância do papel da comunicação e seu impacto sociocultural são inegáveis e exige cuidados, principalmente dos que já apreenderam as temáticas espíritas, para que não se corra o risco de espantar interlocutores, que vivem – todos – o desafio da evolução espiritual. A responsabilidade é grande. Afinal, o espiritismo não pode ser algo isolado da vida, já que nos convida a viver, amando e aprendendo. A nós, espíritas, cabem o exemplo e o incentivo para a realização dessa tarefa – individual e coletiva. Em comunicação, isso não se faz sem a busca incessante da qualidade,

CORREIO DO CORREIO Acervo cultural Esse jornal sempre fez parte da minha busca do conhecimento espírita, pela sua seriedade e fidelidade aos princípios da doutrina; um referencial de fundamental importância no meu trabalho, na área da comunicação social espírita. O acervo cultural e espiritual, somado aos 50 anos do Lar Emmanuel, estará presente sempre, no contexto da história do movimento espírita do nosso país. Parabéns a todos os companheiros e à atual equipe do Correio Fraterno

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

do estímulo às mudanças, da prática de ações conscientes pautadas na ética da solidariedade e da alteridade. Que sejam então atividades beneficiadas, sim, pelos avanços tecnológicos e que acompanhem o progresso, para melhor divulgarmos o que há de melhor no espiritismo – o conteúdo diferenciado, que fala à razão e consola o coração. Uma boa leitura! Equipe Correio Fraterno

de conviver com o nosso muito querido Chico. Herminio Miranda, Caxambu (RJ)

extensivo a todos aqueles que, no passado, com dificuldade e boa vontade, contribuíram para a construção desse valioso material. E hoje, à disposição de todos os seus leitores! Éder Fávaro, São Paulo (SP) Entrevista com Nena Galves Parabéns pelos 50 anos do valioso Grupo e pela edição especial do Correio. Está linda, Adorei a bela entrevista de Nena Galves, que teve o raro privilégio

Acompanhar a correnteza Num ano em que tantas produções de inspiração espírita devem ir a público, e a um público heterogêneo, será fundamental que os periódicos espíritas acompanhem a correnteza, com temática que aborde o que preocupa, incomoda, perturba, apresentando um novo ‘olhar’, ... Assim, com a disseminação do pensamento espírita, sem preocupações proselitistas, muita gente poderá encontrar-se. Paulo Santos, Divinópolis (MG)

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• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar para e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.500 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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o que é morte digna? O tema abordado pela revista Veja, edição 2162, de 28 de abril de 2010, sob o título “Ajuda para morrer”, traz à tona uma temática polêmica e divide opiniões a respeito do novo Código de Ética Médica. Uma pessoa teria o direito de escolher como, onde e quando fechar o seu ciclo existencial? Isso é o que tem sido denominado como morte digna, que vem provocando discussões nos meios médicos, jurídicos e religiosos, e tem incentivado a mídia a pensar mais sobre o assunto, relatando experiências particulares, buscando conceitos. Por DAVID MONDUCCI

A

constituição brasileira declara que é dever do Estado assegurar o direito à vida, mas não define, porém, o que é vida. Nos dicionários de língua portuguesa encontramos ao menos doze definições diferentes para o termo, que vão desde uma visão estritamente biológica até um conjunto de atividades sociais que caracterizam um grupo, uma época ou um lugar. No extremo oposto, encontramos as mesmas dificuldades, quando se pretende falar sobre morte. Se entendermos a vida somente como o somatório dos eventos biológicos que animam um corpo, mesmo para um organismo complexo como o humano, essa definição é incompleta e não atinge os aspectos mais relevantes da nossa existência. Então, por que uma vida, marcada pelas dores suportadas, pelas alegrias usufruídas e pela intensidade dos amores compartilhados, quando se aproxima da morte, tem que ser reduzida a mera contagem de horas e dias? A morte, entendida como o término da vida, é a conclusão de um processo, parte integrante e indissociável daquilo que pretendemos denominar vida. Morrer, portanto, é um fenômeno natural como qualquer outro. Na Bíblia, o Eclesiastes (3,1-2) ensina que “há um momento para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu; um tempo de nascer e tempo de morrer”. Historicamente, o processo da morte foi vivenciado de forma natural durante milênios, com direito às suas despedidas, lágrimas e luto. Entretanto, desde a segunda metade do século passado, o desenvolvimento tecnológico provocou uma mudança comportamental, na

qual o moribundo foi sequestrado do ambiente doméstico. Internado em uma instituição hospitalar, é cercado por pessoas estranhas, imparciais e distantes, completamente empenhadas em manter seu corpo biológico funcionando a qualquer custo. Tais procedimentos acabaram criando situações diversas, valendo lembrar que a palavra latina morte (mors) equivale ao vocábulo grego tanatos (thánatos), deus grego e principal auxiliar da Hades (ou Plutão para os romanos), e que estava submetido à vontade do Destino, força superior aos homens e aos deuses. A medicina dividiu tanatos em três: a eutanásia, a distanásia e a ortotanásia. Eutanásia é o uso de meios que aceleram e provocam a morte de um doente terminal, e por isso, é comparada ao homicídio. Distanásia ou obstinação terapêutica é a prática de usar todos os recursos disponíveis para prolongar a vida através da internação hospitalar em Unidades de Terapia Intensiva, ligandose o paciente a máquinas de suporte artificial de vida, pela inexistência na ciência médica de uma cura possível. A ortotanásia é um conceito recente, que defende a adoção de cuidados paliativos para minimizar o sofrimento do paciente, porém sem os excessos da distanásia e sem medidas que antecipem a morte biológica natural. Regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina através da resolução 1.805/2006, a ortotanásia foi suspensa por uma liminar da Procuradoria Geral da República, que ingressou com uma ação civil pública, comparando-a ao homicídio. Aguarda-se o julgamento do mérito da ação. O assunto exige mesmo cuidado.

Afinal, qual a função da ciência: acrescentar mais anos à vida ou mais vida aos anos? Dentro dos critérios e termos atuais não há algo na codificação espírita para ilustrar o assunto específico morte digna, todavia um estudo cuidadoso do livro

O céu e o inferno, primeira parte, capítulos I (O futuro e o nada) e II (Temor da morte), e segunda parte, capítulo I (A passagem), pode trazer luz à discussão. Médico neurocirurgião, professor universitário e articulista espírita.

Para refletir e pesquisar • A conceituação de paciente terminal não é algo simples de ser estabelecido, embora a dificuldade maior esteja mais em definir este momento do que em reconhecê-lo. Em tese, o conceito de terminalidade da vida é um processo, por definição, irreversível, portanto sem volta. É o eixo central do conceito em torno do qual se situam as consequências. É quando os recursos médicos aplicados no tratamento das doenças – farmacológicos ou cirúrgicos – se esgotaram não havendo outras opções disponíveis. Saiba mais no site www.correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br

ACONTECE

Afinal,


ENTREVISTA

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TATIANA BENITES

Espiritismo com humor? Isso é com Laurinha Por ELIANA HADDAD Tatiana Benites: inovação no mercado editorial espírita

Publicitária, com especialização em relações públicas, professora de promoção e merchandising e de história da comunicação na Fundação Cásper Líbero, em São Paulo, Tatiana Pacheco Benites, 30 anos, está lançando seu primeiro livro, Tem espíritos no banheiro?, pela Editora Correio Fraterno. Batalhadora e divertida, com estilo rápido e espontâneo de escrever, ela inaugura um novo jeito de se falar sobre o espiritismo. Através da personagem Laurinha, a autora analisa e explica o espiritismo de forma simples, sem recorrer ao excesso de justificativas, numa fórmula imbatível de comunicação: simplicidade, bom humor e precisão de conceitos. “É claro que tudo na minha vida tem uma história”, divertese Tatiana. A surpresa, aliás, é outra marca registrada em tudo o que ela conta, conseguindo assim comunicar assuntos sérios de um jeito divertido e inteligente, numa tentativa clara de fazer-se compreender por adultos, jovens e crianças, não necessariamente espíritas. Antenada com o que há de mais atual – tem blog, site, Orkut, MSN, Skype, Facebook, Twitter –, ela fala ao Correio Fraterno sobre os desafios da comunicação do espiritismo. www.correiofraterno.com.br

Você trabalhou muito tempo com crianças nos centros espíritas. Qual foi seu maior desafio? Tatiana Benites: Justamente aceitar o desafio. No início disse “não, não sei ensinar, sei brincar”. Mas resolvi assumir. Tinha que estudar muito mais e trabalhar de uma forma que as crianças entendessem mesmo o assunto proposto. Comecei, por exemplo, colando a história do espiritismo num baralho e fazendo jogos. Para entenderem melhor sobre o sonho, trabalhei com teatro. Para compreenderem o que é Deus e quem era Jesus, fiz circuito, onde as crianças passavam por cima de cadeira, debaixo de mesa, pegavam bambolê, buscavam frases, juntando tudo num grande quebra-cabeça. Adotei essa postura porque não me adaptava à proposta de aula convencional. Eu me colocava no lugar das crianças. Elas já passavam a semana inteira na escola e no final de semana queriam fazer algo diferente. Como surgiu a ideia de escrever sobre espiritismo? Tatiana Benites: Sempre gostei de escrever. Cheguei até mesmo a ganhar concursos de poesia do Estadinho. Num encontro de comunicação social espírita, em São Paulo, fui convidada a escrever para o jornal Correio Fraterno. Eu estava representando o centro que frequentava e também tinha interesse em buscar um tema sobre espiritismo para minha monografia. Queria conhecer mais sobre a comunicação no espiritismo. E o que você encontrou de marcante? Tatiana Benites: Que no espiritismo o foco é muito grande nos livros e especificamente para o público espírita. Acho que as pessoas confundem o que é ser humilde, ou o não fazer proselitismo. Claro que não devemos fazer do espiritismo um produto à venda, mas a gente pode falar: o espiritismo existe, tem

uma proposta interessante e está aberto para recebê-lo. E veja o que acontece: há a novela, o filme, a reportagem, com uma porção de erros doutrinários se propagando nos meios de comunicação de massa. Via o resultado disso com as crianças, que chegavam ao centro, sem base de estudo e com as informações sobre temas espíritas abordados nas novelas. Muitas vezes também, os pais frequentam o centro, mas não conversam sobre espiritismo com as crianças. Alguns têm até mesmo receio de falar de morte e espíritos com elas. Têm medo de assustá-las. Ora, como pode haver reencarnação se não tiver morte? Posso garantir que elas entendem. As crianças, por exemplo, questionavam nas aulas: “Como o menino da novela (Páginas da Vida – Rede Globo) conseguiu entregar a bola para a mãe que estava morta? Se a minha mãe morrer, eu também vou poder brincar com ela?”. É preciso deixar claro para eles que trata-se de uma novela, com todas as suas fantasias, onde tudo é adaptado para gerar mais suspense, para contextualizar melhor a história. O problema é que muitas coisas se tornam uma ilusão, principalmente para as crianças. Penso que falta um trabalho de comunicação espírita mais específico. Mas e a explosão do espiritismo na mídia, é positiva? Tatiana Benites: Na minha visão, isso é maravilhoso. Nós temos que fazer a outra parte da comunicação. Quando eu estava em sala, presenciava o interesse das crianças em assistir à novela, para poderem vir depois trocar ideias a respeito. Era uma delícia vê-las empolgadas, motivadas pela televisão.Todas as histórias que trazem o lado espiritual acabam instigando a criança para aprender mais sobre o assunto. Diante do lançamento do seu primeiro livro, já dá para arriscar quem vai gostar, afinal, das


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peripécias da Laurinha? Tatiana Benites: Acho que todas as pessoas que têm bom humor . Os jovens e os adultos vão se divertir muito mais que as crianças. Laurinha tem dúvidas e não tem vergonha de perguntar. E a dúvida sobre se tem espíritos no banheiro, como surgiu? Tatiana Benites: Ah, você acha que alguém vai ter coragem de fazer uma pergunta dessas para um expositor ou dirigente de uma casa espírita? (risos) Eu já havia pensado nisso. Uma amiga um dia também me perguntou se os espíritos estavam mesmo em todos os lugares... Achei que isso era um bom assunto pra Laurinha. Todo mundo tem as suas dúvidas. O leitor não vai levar um susto? Tatiana Benites: Acho que é preciso se divertir, até mesmo aprender a rir de si mesmo. Chico Xavier já dizia que o humor era necessário na vida, um alerta para que nos alegrássemos. A religião não deve ser encarada como uma postura, algo que se avalie externamente. É preciso descontrair. Na sua opinião, o humor e a arte, por exemplo, podem ser uma boa opção de linguagem para a comunicação espírita? Tatiana Benites: Sim. Na minha visão, para quem não frequenta uma casa espírita, o espiritismo ainda é uma incógnita. Ainda tem que ser descoberto. Imaginase de tudo. E há, também, dificuldades de comunicação nos centros espíritas. Estão sempre recebendo pessoas novas e não podem falar a elas como se já tivessem anos de estudo de espiritismo.

Laurinha

O que você acha que deveria ser feito com crianças e jovens nos centros espíritas? Tatiana Benites: Precisamos compreender que as crianças e os jovens têm que saber mais, para melhor se prepararem para o universo de coisas que estão acontecendo. Elas não se iden-

tificam com linguagens inadequadas, desinteressantes. E se frustram com o conteúdo, querem saber mais. É preciso entender que o jovem está no computador, antenado. Ele até pode ler o livro, desde que não seja um texto apenas adaptado para ele, mas uma leitura que tenha linguagem própria, que seja

Confusa diante de tantas coisas novas que se apresentam em sua vida, a personagem inspiradora do livro não perde tempo. É uma criança ativa e curiosa de sete anos que tem sede de aprender. Vai à escola, faz natação, balé, judô, inglês; entra na internet, vê televisão, faz lição e ainda vai ao centro aprender espiritismo. Suas dúvidas são fruto da curiosidade e questionamentos comuns que podem fazer parte até mesmo do universo adulto. Mas o que encanta em Laurinha é a sua corvagem para perguntar. A autora Tatiana Benites, que tem como uma das referências para a criação as próprias aulas de educação espírita no centro, lembra, por exemplo, quando ensinava sobre o tema psicografia, abordado em um dos capítulos do livro: – Estávamos conversando quando um dos alunos comentou com outro: “como é mesmo?... é daquele homem que segura a testa assim e escreve de olho fechado?”. Perguntei: e aí, alguém lembra o nome dele? Responderam: “ah, é o Chico Xavier!”. E o que ele faz com os olhos fechados?¬, acrescentei. E veio a resposta: “Espera, Tati, não fala, eu sei, eu sei: é... mediungrafia!!! (risos). E o outro discorda corrigindo: não, não, é... espiritografia!!!” “Descobri com eles que era muito mais fácil aprender se divertindo”, conta a autora. “Acho que por isso consegui escrever numa linguagem divertida também. Foi a experiência.” Segundo ela, as crianças que frequentam o cen-

ENTREVISTA

... Como vou falar sobre Deus, se Ele é tudo!? Como eu vou fazer um trabalho sobre Ele, se nem sei o que Ele é e nem sei aquelas palavras difíceis?

a dele e com a ela possa se identificar. E, para concluir: as histórias de Laurinha vão continuar? Tatiana Benites: Sim, claro. Porque eternamente existirão dúvidas. Quanto mais dúvida, mais busca de conhecimento. E a Laurinha está aí pra isso.

tro espírita vão entender muito bem a Laurinha. Também os jovens e adultos, mesmo não-espíritas, irão se divertir com ela, pois o projeto editorial traz notas que explicam os termos específicos, o que também facilita a leitura para crianças que ainda não tenham tido contato com o espiritismo.

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MOSAICO

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MÚSICA

Pensamentos de Richard Simonetti

Um enigma entre o homem e Deus

Problemas Humanos Há problemas humanos que surgem independentemente de nossa vontade, em resgates relacionados com saúde, família profissão, finanças... Forçoso reconhecer, entretanto, que em sua vasta maioria eles não decorrem de faltas do passado, mas de invigilância do presente,com o cultivo de velhas tendências à indisciplina, à rebeldia. É no que fazemos e não no que fizemos que residem nossas dificuldades maiores nas experiências humanas. ***

Prodígio do Céu Quando um grupo de pessoas dispõe-se a unir seus melhores sentimentos, vibrando em benefício de alguém, fazendo-o de forma disciplinada e perseverante, forma-se um imenso potencial de socorro, favorecendo a atuação decisiva de benfeitores espirituais. Os prodígios do Céu chegam, não raro, pela passarela da boa vontade estendida pelos que vivem na Terra. Fonte: O pensamento de Richard Simonetti – Raymundo R. Espelho, Ed. Correio Fraterno, 2010. www.correiofraterno.com.br

Por TIAGO DE LIMA CASTRO

N

as perguntas 5 e 6 de O livro dos espíritos, vemos que o fato de termos um sentimento intuitivo da existência de Deus em todos tempos, mesmo entre os povos mais primitivos, é uma prova de sua existência. De mesma forma, nas questões 650 e 651, constatamos que a adoração a Deus vem de um sentimento inato e que jamais houve povos ateus. Talvez você esteja se perguntando: mas o que isso tem a ver com a música, afinal? Tente pensar em alguma prática religiosa que não use música de algum modo. Podemos pensar, por exemplo, nas diversas igrejas cristãs e nos primeiros mártires que cantavam ao serem levados ao Coliseu. Com o tempo, desenvolveram-se os cantos gregorianos, música litúrgica, hinos protestantes, os padres cantores na atualidade. Podemos afirmar, ainda, que toda a música ocidental desenvolveu-se primeiramente nos monastérios, passou pela crise humanista da Renascença, adaptou-se à Reforma protestante, para depois continuar o seu percurso. Se formos um pouco mais ao passado, veremos os antigos hebreus com seus cânticos, suas trombetas, e o deus grego Apolo, presenteando a Humanidade com o instrumento que daria origem ao violão moderno. Imagens de instrumentos musicais estão desenhadas nas pirâmides egípcias, nos zigurates mesopotâmicos, construções com

fins de adorar à Divindade, dentre suas crenças particulares. Há ainda os tambores sendo utilizados em ritos africanos, chineses, japoneses, indianos, em povos europeus anteriores ao cristianismo, como nos povos celtas. Vale lembrar de Pitágoras que, ao partir da harmonia musical, descobriu as frações numéricas. Ao verificar que um som originava outro, interpretou a realidade como o próprio número, sendo sua manifestação a música das Esferas, que também levaria Platão e outros pensadores a inúmeras reflexões. A própria arqueologia mostra instrumentos rudimentares, principalmente as flautas e percussões, dentro de rituais nos povos mais pri-

mitivos, independentemente do povo e sua religiosidade em particular. Assim, vemos a música sempre inserida como elemento de intermediação do Homem com o Sagrado. Efetivamente, é difícil entender a história da música sem o seu contexto nas práticas religiosas, a não ser que foquemos na música ocidental a partir da Idade Moderna, mas isto já é outro assunto... O próprio percurso do ser humano e sua relação com a música, como maneira de ligação entre o Homem e o Sagrado nas práticas religiosas, são uma das provas da existência de Deus, como os Espíritos nos mostram na codificação, já que desde os povos mais primitivos, a música tem como principal função, intermediar essa ligação. E ainda fica a uma reflexão: por que, intuitivamente, sempre utilizamos a música como forma de nos ligar a Deus? A história da música no próprio percurso do ser humano, que dela se serve como meio para buscar o Sagrado nas práticas religiosas não seria também uma das provas da existência de Deus? Afinal, esse contato também intuitivo sempre existiu em todas épocas, desde os povos mais primitivos, demonstrando-nos que a música também teria como principal função justamente intermediar essa ligação. Professor de Música e expositor no Instituto Espírita de Estudos Filosóficos.


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Dolores Bacelar Médium, espírita e mãe Por PRISCILLA WILMERS

T

odos temos nossos baús de memórias. Lugar afetivo onde depositamos lembranças, vasculhamos vez por outra um passado bem vivido, uma história compartilhada, procurando inspiração para nosso presente. Hoje quem abre seu baú para o Correio Fraterno é o escritor Rômulo Bacelar, o caçula dos três filhos da médium Maria Dolores de Araújo Bacelar, desencarnada em seis de outubro de 2006. A vida em família e o trabalho incansável na difusão da doutrina espírita estão registrados na memória de Rômulo Bacelar: “...Ela era disciplinada... mas gerava consequências para o próprio lar... e cadê o almoço? Ela trabalhava madrugada adentro.” Uma carta de 25 de julho de 1980 escrita por Dolores Bacelar à Editora Correio Fraterno que publicou 10 obras por ela psicografadas, reforça a impressão do contínuo esforço da médium em conciliar família e o compromisso assumido com a espiritualidade. Em dado momento, Dolores Bacelar diz: “Ando muito atarefada com as obrigações outras e o término do segundo livro da série Às margens do Eufrates. Com a mudança da minha filha para o Rio tenho estado mais na casa dela do que na minha. Porém assim que ela melhorar da gripe que a acometeu, retornarei para o nosso lar e isto deve ser em breve, espero em Deus.” Reconhecida por sua capacidade e dedicação, Dolores Bacelar deixou contos, poesias, romances, como A Mansão Renoir, um clássico na literatura espírita, ditado pelo espírito “Alfredo” [que, segundo Rômulo Bacelar, seria Alfredo D’Escragnolle, visconde de Taunay],

que influenciou na postura da médium sempre discreta. A obra tinha que sobrepujar o autor. Segundo Rômulo Bacelar, Alfredo estava sempre com sua mãe: “O Alfredo, enriquecia a nossa vida com histórias. Ele não era nenhum familiar, era o guia de minha mãe”. A médium nascida católica em dez de novembro de 1914 em Pernambuco enfrentou as angústias de psicografar sem confrontos familiares. Rômulo Bacelar comenta a situação da mãe: “Quando ela começou a escrever A Mansão Renoir ela era católica ainda. Estudou seis anos em colégio de freira, sobrinha de madre e de monsenhor...Todos eram católicos. Quando explodiu a mediunidade dela, ela não podia falar pra ninguém, porque na época o espiritismo era uma religião do diabo. Foi um drama para ela, escondia os livros espíritas que lia quando o tio chegava...” Criada numa época em que as mulheres eram preparadas para as tarefas do lar, Dolores Bacelar não frequentou curso superior, mas trouxe de casa o hábito da boa leitura, que o filho Rômulo, recorda como incentivo do avô: “O pai dela reunia a família e eles tinham que ler romance em círculo. Minha mãe estudou seis anos interna num colégio de freiras, o que lhe deu uma boa base... Os meus tios são todos formados o que tinha de faculdade na época os irmãos fizeram, mas a mulher não. Era outra mentalidade.” A ausência de uma cultura formal jamais foi empecilho para o desenvolvimento mediúnico da médium que produziu com qualidade literária, orientada por espíritos como Monteiro Lobato, Arthur Azevedo e Coelho Neto, além de

Josepho, que ditou a série Às margens do Eufrates (O Alvorecer da espiritualidade, Guardiães da verdade, Veladores da luz, O voo do pássaro azul e Jonathan, o pastor). Rômulo admite psicografia mecânica: “Eu conheci minha mãe maDolores Bacelar com o esposo, dura como médium. Ela era Luis Gonzaga da Silveira inconsciente e sempre pedia Bacelar, em foto de acervo alguém da confiança dela que ficasse ao seu lado.” A capacidade mediúnica de Dolores Recentemente comemorou-se o dia Bacelar andava de braços dados com seu das mães, assim Rômulo Bacelar fecha amoroso coração. Certa vez, em 1980 ao o Baú de Memórias homenageando a visitar o lar da criança Emmanuel – primãe – comprometida com aqueles que meira instituição de assistência fundarecebeu como companheiros de jornada em São Bernardo do Campo, SP- a da-: ” À minha mãe eu devo tudo, devo médium cedeu os direitos autorais de a ela o que eu sou...devo também a Alsuas obras para a Editora Correio Frafredo...ensinando-me a pautar minha terno. Revertendo a venda dos livros as vida em justiça, solidariedade...passei a crianças da instituição. Generosidade acreditar que o espiritismo é a verdade que pautou seus 92 anos de vida. Esteprometida que vai irmanar a humanive ao lado do coronel Jaime Rolemberg dade...” de Lima no atendimento às famílias carentes do lar Fabiano de Cristo e aos 74 Jornalista e expositora no Instituto Espírita Allan anos se entregou de corpo e alma as órfãs Kardec , em São Paulo, SP. Blog: http://seseusolhosforembons.blogspot.com/ no Lar Amigo. www.correiofraterno.com.br

BAÚ DE MEMÓRIAS

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ!

Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.


CAPA

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Comunicação Social Espírita Muito além da mídia Por IZABEL VITUSSO e ELIANA HADDAD

A evolução tecnológica eleva a importância do papel social da comunicação e finca um marco na história da Humanidade

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specificamente neste ano, o espiritismo invade a mídia, provocando uma divulgação em massa das temáticas espíritas. Curiosos e estudiosos, amigos ou inimigos do espiritismo, em um caldeirão de termos e opiniões, passaram a conviver com um cotidiano aparentemente cheio de novidades sobre mediunidade, reencarnação, vida após a morte, espíritos. Elas estão em evidência nos jornais, revistas, programas de tv, internet, livros, filmes, peças de teatro. Tudo é muito rápido, passageiro, repetitivo às vezes, e nem sempre nos damos conta de que ainda há muito por fazer na comunicação social espírita, mesmo porque é preciso diferenciar informação de formação. Tal fenômeno acontece não só para os assuntos de espiritualidade, mas em todos os campos da atividade humana. O específico deixou de ser privilégio de poucos. A dificuldade não está mais na busca da informação, mas na compreensão do seu conteúdo. E aí é que entra a responsabilidade da comunicação social espírita, que tem nas mãos o desafio de não se perder das raízes plantadas pelos espíritos através da terceira revelação e ao mesmo tempo permitir, sem medo, a chegada da modernidade. Há poucos dias, o sociólogo italiano Massimo di Felice, professor da USP, doutor em ciências da comunicação, afirmava em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo (“Cidadãos 365 dias www.correiofraterno.com.br

em uma das viagens que fez, por cerca de dois meses, pelo interior da França, entendendo que o processo de comunicação sobre tudo aquilo que era novo em matéria de conhecimento humano não se resumia apenas em publicar os livros, mas trocar com o público, ir além, para posteriormente levar a um fórum maior de entendimento, através da Revista. Uma postura extremamente pedagógica e arrojada do educador Allan Kardec, que tinha a construção do conhecimento como algo em movimento.

por ano”, 24/04/2010) que o momento em que vivemos é tão impactante quanto o que ocorreu no século 15, com o advento da prensa de Gutemberg, destacando o papel da comunicação pela mídia digital, com a internet e redes sociais online, que elimina a hierarquia no processo e cria uma nova realidade em torno dos debates e da formação de opinião. Fala inclusive sobre os impactos na vida política de uma nação, tendo como consequências um marco de uma nova Era. Na verdade, a importância do papel da comunicação e seu impacto sociocultural não é de agora. Assim que lançou O livro dos espíritos, Allan Kardec tam-

bém pensou em utilizar a mídia como um dos recursos para auxiliar na divulgação da nova filosofia que chegava à área do conhecimento humano. Foi então que lançou a Revista Espírita, tendoa como um laboratório que divulgasse as impressões coletadas, os comentários sobre entendimentos, dúvidas, o impacto das ideias na sociedade, casos diversos de manifestações que ilustrassem a literatura recém-lançada. Quem já leu Viagem espírita em 1862 (FEB), viu descrita a vontade do codificador em ver in loco as repercussões da divulgação do espiritismo, apertar a mão dos simpatizantes da doutrina, retribuir as manifestações de amizade,

Contemporaneidade de Kardec Além de um bocado de talento, escrever jornalisticamente é uma ciência e Kardec tinha orientação para isso. Toda a coleção da Revista Espírita e também textos de Obras póstumas revelam sua preocupação e preparo como editor. Uma das orientações que recebeu da espiritualidade, após a publicação de O livro dos espíritos, em 1857, na casa da médium Dufaux, dizia: “De começo, deves cuidar de satisfazer à curiosidade; reunir o sério ao agradável: o sério para atrair os homens de Ciência, o agradável para deleitar o vulgo (...). É preciso evitar a monotonia por meio da variedade, congregar a instrução sólida”. Kardec não só segue as instruções, totalmente atuais, como deixa um verdadeiro roteiro que, se aplicado, eleva o patamar de qualquer meio de comunicação e os resultados que almeja.


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mais equilibradas e felizes? Aliás, que felicidade é essa que se tem buscado? E – também – quais as “receitas” que a mídia tem oferecido? Ora, se desejarmos efetivamente fazer parte, contribuir para a melhoria do cenário social do planeta, precisamos estar bem atentos para não colocarmos as mãos em massa errada. Lembrar, primeiramente, que antes de se instruir é preciso aprender a amar, como tão bem nos ditou o Espírito da Verdade, no Evangelho. A questão da responsabilidade social da comunicação espírita é mesmo mui-

to séria e exige discernimento. Como iremos pautar nossos veículos? Vamos oferecer o que o público quer ou o que ele precisa? Pensando assim, no amor, sem deixarmos de lado a técnica e o conhecimento, é claro, teremos a segurança necessária para elaborarmos uma comunicação realmente útil, eficiente e agradável, tão sonhada por Kardec, orientada pela Espiritualidade, e não apenas para agradar o nosso orgulho, a nossa vaidade. A sociedade precisa e espera por isso. Há excesso de comunicação, mas também fome espiritual no ar.

O que pode melhorar • Adequação da linguagem: eruditismo, palavras arcaicas, termos específicos, discurso excludente, conotação pregatória já não têm espaço no mundo atual. • Identidade visual atual: o amadorismo emperra a excelência da comunicação e o avanço da difusão do espiritismo além das fronteiras. É preciso atentar para os padrões do leitor globalizado. • Ética jornalística: em reproduções de trechos de obras, artigos de jornal, dentre outros, é preciso fazer valer o que recomenda a ética jornalística: citar a autoria, a fonte primária e não se render à tentação de alterar o texto original. “Reconheci que fora uma felicidade não ter tido quem me fornecesse fundos, pois assim eu me conservara mais livre, ao passo que outro interessado houvera talvez impor-me suas ideias e sua vontade e criar-me embaraços. Sozinho, eu não tinha que prestar contas a ninguém, embora, pelo que respeitava ao trabalho, me fosse pesada a tarefa.”– Allan Kardec, Obras Póstumas. • Ter conexão com a realidade: o espiritismo interfaceia com todas as áreas do conhecimento que instigam a Humanidade, o que só por essa razão, já não seria difícil arregimentar leitores. “A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano”. Ela “nos oferece, enfim, a única solução possível e racional de uma multidão de fenômenos morais e antropológicos, dos quais, diariamente, somos testemunhas, e para os quais se procuraria, inutilmente, a explicação em todas as doutrinas conhecidas”. – Allan Kardec, RE, 1858. • Respeitar a crença do outro: embora o espiritismo não seja adepto à prática proselitista, existe um comportamento generalizado, quase sempre negado, de se colocar o espiritismo como o único caminho para o progresso espiritual, reflexo da

indiferença e preconceito em relação às crenças e religiões. “O estudo de uma doutrina, qual a doutrina espírita, só pode ser feito com utilidade por homens sérios, perseverantes, livres de prevenções e animados de firme e sincera vontade de chegar a um resultado. Abstenham-se, portanto, os que entendem não serem os fatos dignos de sua atenção. Ninguém pensa em lhes violentar a crença; concordem, pois, em respeitar a dos outros” • Dar voz ao interlocutor: grande parte do que é publicado hoje na imprensa espírita não inclui a experiência do desconhecido que experimenta o espiritismo em sua vida, como fazia Kardec no tempo da Revista Espírita, que convidava a todos para escrever sobre as manifestações que ocorriam, sobre pressentimentos, lendas e crenças populares; aparições e outros. • Proporcionar a instrução e a reflexão: a coerência dos fundamentos espíritas deve despertar os sentimentos e fazer emergir a fé pela razão. Porém ninguém convence verdadeiramente ninguém a nada. O papel da imprensa espírita é muito maior que o de agente de conversão ou de pregação religiosa. • Ter em vista o objetivo da divulgação: A melhor forma de reconhecer o valor do trabalho daqueles que nos antecederam na tarefa da comunicação é nos empenharmos para que as ideias espíritas transitem pela contemporaneidade, de maneira livre e integrada, acompanhada de nossas ações coerentes, servindo de apoio para que as pessoas reflitam sobre si, caminhem de forma mais plena consigo mesmas, entendendo sua relação com a Criação e com o próximo. “O espiritismo parte do Alto, e não chegará às massas senão liberto das ideias falsas, inseparáveis das coisas novas.” – Allan Kardec, RE, 1858.

LIVROS & CIA. Editora Paidéia Tel.: (11) 5549-3053 www.editorapaideia.com.br Agonia das religiões de Herculano Pires 168 páginas 14x21 cm

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Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br O pensamento de Richard Simonetti de Raymundo Rodrigues Espelho 112 páginas 14x21 cm

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CAPA

Vale lembrar que não havia no século 19 tanta possibilidade de interação, globalização da mídia, nem a rapidez quase instantânea para respostas sobre os mais diversos questionamentos, imagine-se sobre a origem e a destinação do homem. Hoje, somos bombardeados com tantas informações, muitos já começamos a sofrer o impacto do excesso delas, como a falta de tempo invariável dos chats, da síndrome dos e-mails inúteis e de uma papelada sem fim de conteúdos diversos. Mas a pergunta que se deve fazer é: essas informações têm possibilitado que as pessoas se tornem melhores,

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QUEM PERGUNTA QUER SABER!

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Meu cachorro fala com

espíritos? Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

Vi na novela das seis da TV Globo, Escrito nas estrelas, que um rapaz que morreu conseguia se comunicar com seu cachorro para dar recados à namorada. Afinal, os animais se comunicam e veem mesmo os espíritos? Pergunta de Sandro A. Borges, Campinas, SP, por e-mail.

M

uita gente que tem um cão em casa já viu o animal latindo para o nada, como se tivesse alguém ali, invisível. O interessante é que eles olham fixamente, rodeiam numa direção determinada, o que dá mais realidade à cena. Gatos são ainda mais misteriosos: curvam-se arrepiados, miando para o vazio. Nessa hora, até o dono se arrepia... O problema em saber se o bicho é vidente está na dificuldade de saber se tem um espírito ali ou não. Para confirmar o fenômeno, precisaríamos de um médium observando a cena. Pois foi exatamente o que ocorreu com o pesquisador Justinus Kerner, que registrou em livros as experiências vividas pela famosa vidente de Prevorst. Por mais de um ano, a senhora via em sua casa uma aparição, relatando em pormenores sua feição, trejeitos e gestos. Pois cada vez que a vidente anunciava a presença da aparição, um cachorro galgo, pertencente à família, agia de modo a fazer supor que também via o espírito. O animal olhava fixamente para o vazio, gania e corria para se esconder entre as pernas das pessoas presentes, como se pedisse proteção, gemendo lastimosamente. Desde o primeiro dia que o cão viu a aparição, passou a evitar ficar só durante a noite! Essas e muitas outras histórias de cachorros, gatos, cavalos e outros bichos sensitivos foram relatadas por Ernesto Bozzano, em Os animais têm alma? Recentemente, outro cientista, doutor Rupert Sheldrake, respeitado pesquisador da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, tem reunido uma www.correiofraterno.com.br

série de casos que provam que os animais apresentam um sexto sentido. Ele registrou a capacidade de determinados cachorros perceberem quando seus donos decidem voltar para casa estando a quilômetros de distância, provando a telepatia animal. Suas pesquisas estão reunidas no livro Cães sabem quando seus donos estão chegando. Existem inúmeros relatos de vidência e também de percepção telepática entre animais e seus donos. Mas, falando de animais, há quem exagere usando a imaginação. Nos tempos de Allan Kardec, um senhor o procurou jurando que um passarinho defunto havia se comunicado mediunicamente por ele. Veja só sua história. Um dia, o ninho do passarinho sumiu. Seu dono estava certo que ninguém mexera. Como era médium, teve a ideia de evocar a mãe dos passarinhos... Não é que ele recebeu uma psicografia onde a pintassilga denunciava um gato pelo delito? Dito e feito. O homem foi até o jardim e achou o ninho caído no lugar indicado pela mensagem. Será tal coisa possível? Allan Kardec tirou as esperanças do desavisado médium quando explicou: “Os espíritos de animais, mesmo dos animais superiores, não têm essa condição. Devemos concluir que foi a ave quem respondeu? Claro que não, mas simplesmente um espírito que conhecia a história. Isso mostra quanto devemos desconfiar das aparências: evoca um rochedo e ele te responderá”, em O livro dos médiuns. Administrador de empresas, autor do livro Mesmer, a ciência negada e textos escondidos. Ed. Lachâtre.

COISAS DE LAURINHA

Os seguidores Por TATIANA BENITES As crianças conversavam sobre as coisas que aprenderam na internet e viram na televisão. – Eu já tenho 20 seguidores no Twitter – comentou Guilherme. – Só? Eu tenho 96 – disse Carlos. – O que é esse negócio de Twitter? – perguntou Ana. – É um site que você escreve o que está fazendo e as pessoas vão te seguindo – respondeu Guilherme. – Eu já tenho 74 seguidores – Laurinha falou. – Nossa! Eu nem sabia que existia isso! – Ana exclamou. – Ah, você tem que se atualizar Ana, agora quem não tem seguidores é excluído – Carlos comentou. A professora que passou na frente dos alunos ouviu Carlos falar e chamou a todos para a aula. – Muito bem, crianças, ouvi vocês falando sobre seguidores. – É, professora eu já tenho 74! – exclamou Laurinha. – Eu não sei muito bem sobre esses seguidores de vocês, mas vocês sabiam que Jesus tinha muitos seguidores? – Não – disse Guilherme. – Como assim? – Jesus falava para muitas pessoas sobre seus ensinamentos e a multidão, que o apoiava, seguia Jesus por onde ele fosse. – Não entendi, professora. Seguiam Jesus em qualquer lugar? – perguntou Ana. – Sim, em todos os lugares por onde ele fosse pregando seus ensinamentos. – Ainda bem que eu não fiz esse negócio de seguidores, já pensou um monte de gente atrás de mim, na escola, no centro, em casa... onde eu for? – Professora, mas hoje as pessoas não seguem mais assim, é pela internet. Quantos seguidores Jesus tinha? – Jesus tinha milhares de seguidores. – Professora, o que ele fazia para conseguir tantos seguidores se nem existia internet? – Ele dizia coisas que as pessoas se interessavam em ouvir, então sempre apareciam mais seguidores. – Já sei! É só a gente escrever coisas interessantes que as pessoas vão seguir a gente no Twitter – comentou Carlos. – É verdade! Vou escrever coisas interessantes – disse Guilherme. – Eu vou escrever as coisas que Jesus falava, assim consigo também os seguidores dele – disse Laurinha. – Essa pode ser uma boa ideia, Laurinha – comentou Ana. – Já sei até como eu vou começar. – Como? – perguntaram todos. – SIGAM-ME!!! – falou Laurinha engrossando a voz. Os amigos riram e Carlos perguntou: – E como você vai terminar? – Assim seja.


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Deus?

Por GEORGE DE MARCO

À

s vezes me surpreendo com algumas coisas que são vendidas pela TV. Já dizia minha avó, do alto daquela sabedoria que só as avós têm, com a força de seu sotaque italiano que os muitos anos de Brasil não apagaram, que “se vende, é porque há quem compre”. Mesmo assim, me surpreendo, inclusive com os diversos testes oferecidos por operadoras de celulares. Mas, enfim, quem compra confia no produto/serviço anunciado. E confiar é uma coisa muito difícil. Não se confia tão cegamente assim. Acredita-se, é verdade. Mas acreditar, também, não é a mesma coisa que confiar. Confiança vai além da crença, muito além. É um ato de fé. Não à toa, o salmista escreveu no capítulo 37, versículo 5, uma frase que traduz bem essa ideia: Entrega o teu caminho ao Senhor; confia Nele, e Ele tudo fará. Não está escrito “acredita Nele”. Mas “confia Nele”. Então, acreditamos ou confiamos? Diante desta angústia secular, nada melhor que fazer um teste de confiança. Isso mesmo: Com todo respeito aos mais de 40 anos deste jornal, ocupo meu humilde espaço para ajudar neste momento de dúvida. Portanto, basta responder às questões abaixo, marcar a alternativa que mais se aproxime de sua realidade (apenas uma para cada pergunta) e verificar a resposta, ao final deste artigo. Não vale ler as respostas antes, claro (aqui, então, eu terei que confiar em você).

Pergunta 4: Como você conversa com Deus? A) Elevando-se, com humildade, com profundeza, num ímpeto de reconhecimento por todos os benefícios recebidos. B) Pedindo as graças de que necessita, mas de que necessita em realidade. C) Rogando ao Senhor que lhe conceda os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. C) Recorda que Jesus jamais nos violentou nos dias de nossa ignorância maior, usando da paciência e da bondade. Pergunta 3: O que você faz nos momentos de angústia, dor e sofrimento? A) Suporta corajosamente a dor, recordando que Deus a ninguém desampara.

A) Recorda que a lei de renovação atinge a todos e ajuda quem lhe antecedeu na grande viagem com o valor de sua renúncia e com a fortaleza de sua fé; sem esmorecer no trabalho.

B) Entrega-se à fé em Deus, porque acima de todas as tempestades e quedas, tribulações e desenganos, Ele lhe sustentará. C) Relembra, segundo a codificação, que a dor é uma bênção que Deus nos envia.

Se você respondeu “a”, “b” ou “c” para todas as questões, parabéns! Todas elas são baseadas em afirmações dadas por espíritos diversos desde Monod (em O evangelho segundo o espiritismo) até Emmanuel e outros amigos espirituais, em diversas obras consultadas acerca dos assuntos tratados nas perguntas. Mas, pensando bem, aos respondê-las, evidencia-se alguma dúvida, pois quem confia em Deus não precisa de um teste para avaliar a sua fé, não é mesmo? Onde está a vossa fé? Desta vez, a pergunta é de Jesus (em Lucas, 8:25). E sem múltipla escolha na resposta. George De Marco é jornalista, publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade espírita. E-mail: george@correiofraterno.com.br

B) Converte a dor em lição e a saudade em consolo, porque as afeições inesquecíveis lhe acompanham os passos. C) Acredita que Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-los às trevas. Pergunta 2: Sendo vítima de uma desfeita qualquer por parte de seu próximo, você:

Pergunta 1:

A) Pratica a indulgência por saber que é um dos mais importantes caminhos para a sustentação da paz.

Diante da morte de um ente querido, você:

B) Aprende a respeitar o próximo com todos os seus defeitos e falhas.

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ENSAIO

Você confia em

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AGENDA

CORREIO FRATERNO

Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado com o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br

3º Congresso Médico-Espírita dos Estados Unidos A Associação Médico-Espírita dos Estados JUN Unidos realizará o seu 3º Congresso. O encontro será entre os dias 11 e 13 de junho, no Marvin Conference Center da Universidade George Washington, na cidade de Washington-DC. Este é um evento bianual que reúne palestrantes nacionais e internacionais na área da medicina e espiritualidade. www.sma-us.org

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Seminário com Alkindar de Oliveira O escritor e palestrante Alkindar de Oliveira realizará no próximo 13 de junho seJUN minário sobre “A cultura do sofrimento & a cultura da felicidade”, das 9 às 12h, na Sociedade Espírita O Consolador – Rua Ailton Esteves de Melo, 89, Jardim das Margaridas, Jandira, SP.

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V Semana Cultural Espírita de Foz do Iguaçu De 19 a 24 de junho, das 20 às 21h30, tenJUN do como tema central Chico Xavier-100 Anos, com diversos expositores. Local: Espaço Cultural Boulevard, Avenida das Cataratas, Foz do Iguaçu (PR). Veja a programação diária. www.feparana.com.br

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SÍMBOLOS CRUZADOS DO CORREIO Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

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Para letras iguais, símbolos iguais. Resolvido o enigma, surgirá nas casas em destaque o nome de pessoa ilustre da história do espiritismo. Aprenda se divertindo!

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1. Depura, aperfeiçoa 2. Pequeno terreno para o cultivo de hortaliças 3. Mentor de Chico Xavier 4. Monumento do Egito 5. Enlouquecer 6. Amanhece 7. Modificado para melhor 8. Quem ama a sabedoria 9. Divisões de um livro (sing.) 10. Processo gradual de mudança e desenvolvimento

11. Período do sistema de produção de Henry Ford 12. Conhecido médium de Ituiutaba-MG 13. Livro ditado por André Luiz 14. Uma das revelações 15. Autor de A dama da noite 16. Nascidos em Minas Gerais 17. Relativo ou pertencente a irmão

C A P I T U L O

ENIGMA Qual será o meio universal de correspondência no futuro?

qualquer hora, em qualquer lugar SOLUÇÕES

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Resposta do Enigma: Telegrafia humana. Comunicação entre duas pessoas através da transmissão de pensamentos. (Allan Kardec - O livro dos médiuns, item 285). Saiba mais www. correiofraterno.com.br

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Congresso Internacional de Educação e Espiritualidade Será realizado em São Paulo, de 4 a 6 de setembro, o 1.º Congresso Internacional SET de Educação e Espiritualidade, simultaneamente ao 4.º Congresso Brasileiro de Pedagogia Espírita. Com temáticas subdividas em: saúde e espiritualidade, educação e espiritualidade e reencarnação e educação, o Congresso é coordenado pela Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e pela Unisanta (Universidade Santa Cecília). Será realizado no Centro de Convenções Rebouças. Inscrições: www.pedagogiaespirita.org.br

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CONGRESSO JURÍDICO-ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO Após dois anos de fundação, a AJE do EsT tado de São Paulo realizará o I Congresso U O Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo. O evento reunirá operadores do direito e interessados, com o fim de discutir “Ética, Justiça e Espiritismo”. Presenças confirmadas de expositores de todo o país. Acontecerá em Ribeirão Preto-SP, nos dias 22 e 23 de outubro, nas Faculdades COC. www.ajesaopaulo.com.br.

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Seja voluntário no Projeto Lar da Criança Emmanuel Você pode ser muito útil em atividades voluntárias na instituição, que ampliou suas atividades e precisa de: Jardineiro, nutricionista, paisagista, pediatra, pintor, professores na área de educação física, educação infantil, música. Informações: (11) 4109-8938, 4109- 8775, de segunda à sexta-feira, das 7h30 às 17h. www.laremmanuel.org.br


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os dias 15 e 16 de maio, o psicólogo mineiro Jáder Sampaio autografou em São Paulo o livro recém-lançado Voluntários – um estudo sobre a motivação de pessoas e a cultura em

uma organização do terceiro setor, resultado de sua tese de doutorado defendida na USP – Universidade de São Paulo, em 2004. Os lançamentos na capital paulista foram realizados na Seara Bendita Instituição Espírita e no Grupo Espírita Batuíra, antecedidos por sua palestra sobre “A Evolução do pensamento espírita nos dias atuais” e “Voluntários espíritas”, respectivamente. O lançamento do livro é iniciativa de um grupo de professores da UNIFRAN – Universidade de Franca, em São Paulo, em parceria com o CCDPE, LIHPE e Editora EME, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG. O autor é também coordenador do blog Espiritismo comentado: http://espiritismocomentado.blogspot.com

VESTIBULAR 2º SEMESTRE / 2010

CURSOS: • Automação Industrial – 40 vagas – manhã • Automação Industrial – 40 vagas – noite • Informática e Negócios – 40 vagas – tarde • Informática e Negócios – 40 vagas – noite

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ACONTECEU

Livro sobre tese acadêmica é lançado em São Paulo


FOI ASSIM…

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Um encontro real entre nós dois Por HERMINIO C. MIRANDA

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e repente você se dá conta, como eu, de que acaba de ingressar no clube dos macróbios. No meu caso, 90 anos. E aí começa a perceber que o mundo não é mais aquele que você conheceu, especialmente não mais estão ali as pessoas que conheceu e amou. Quase todas desapareceram na invisibilidade. Bem sei que é uma ausência temporária, pois lá estão na dimensão espiritual à nossa espera para as emoções do reencontro. Mas que umas tantas delas deixam aberto em nós um espaço maior, isso também é verdade. Para mim a ausência mais doída é a da querida dona Helena, minha mãe. Talvez você se lembre que eu abri para ela um capítulo especial no livro Nossos filhos são espíritos. Ela partiu para o outro lado da vida em 1960, aos 66 anos. Eu tinha 40. Portanto, já se passaram cinquenta anos. Ao longo desse tempo, muita coisa aconteceu, claro. Cerca de trinta deles, participando de trabalhos mediúnicos. Duas vezes ela me enviou mensagens psicografadas e uma vez falei com ela através de médium de minha confiança. Ela me proporcionou evidências indiscutíveis, citando fatos dos quais só ela e eu sabíamos. Recentemente – cerca de um ano ou dois – tive com ela um sonho do qual só me ficou na memória de vigília um episódio marcante. No sonho, ela veio ao meu encontro e ajoelhou-se a meus pés. Recuperado da impactante perplexidade que a cena me suscitou, ajoelheime também diante dela e o trocamos um beijo saudoso, aqueles que somente ocorrem entre mãe e filho. www.correiofraterno.com.br

Bem, a historinha ainda não ficou aí concluída. Uma semana depois, recebi um e-mail de outra amiga, médium com a qual trabalhei num grupinho doméstico, do qual, entre outros queridos amigos e amigas, Deolindo Amorim sentava-se à minha esquerda e ela, à direita. A amiga frequentava uma instituição espírita no Rio. Dizia-me naquela carta inesperada que ao encerrarem-se os trabalhos mediúnicos da casa, aproximara-se dela uma entidade – que ela descreveu sumariamente, mas não da qual não guardara o nome. “Diga ao Herminio – pediu ela – que não foi somente um sonho. Houve um encontro real entre nós dois.” A amiga médium, em conversa posterior comigo, ao telefone, acrescentou um detalhe que não mencionara no email: o gesto dela se reportava à remota existência minha, aí pela Idade Média, quando eu lhe proporcionara a grande alegria, tornando-me sacerdote católico, sonho dela não realizado nesta vida. Pois é, leitor/leitora. Acho que não preciso falar de minha emoção ante esse recado. Falo agora, porém, para encerrar esta narrativa, repetindo uma frase que usei certa vez e que assim diz: “Se você perceber neste papel que está lendo, a marca de uma lágrima, não se preocupe. É minha.” Desta vez foi o escritor Herminio C. Miranda quem enviou ao Correio Fraterno a sua colaboração. Conte a sua história também. Escreva para redacao@correiofraterno.com.br

Como Pastorino tornou-se espírita Por ALTAMIRANDO CARNEIRO Nascido no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 1910, Carlos Juliano Torres Pastorino, autor de Minutos de sabedoria – com mais de 10 milhões de exemplares vendidos –, foi padre e tornou-se espírita por causa de Mahatma Gandhi. Em 1937, aguardava, em Roma, sua promoção a diácono pelo papa Pio XII, quando este se recusou a receber o líder pacifista indiano em seu tradicional traje branco. Deveria recebê-lo de casaca, para não quebrar o protocolo dos chefes de Estado. Decepcionado, regressou de imediato ao Brasil, onde desenvolveu intensa atividade pedagógica, declarando-se espírita no dia 31 de maio de 1950, após ter terminado a leitura de O livro dos espíritos, de Allan Kardec. Passou a frequentar o Centro Espírita Júlio César, no bairro do Grajaú (RJ), sua escola inicial de Espiritismo. Fundou, em 8 de janeiro de 1951, o Grupo Espírita da Boa Vontade, que posteriormente, para não ser confundido com a Legião da Boa Vontade, passou a denominar-se Grupo de Estudo Spíritus. Nesse grupo, nasceu o Lar Fabiano de Cristo e o jornal SEI (Serviço Espírita de Informação). Fundou, também, a Livraria e Editora Sabedoria e a revista Sabedoria. Realizou inúmeras palestras no Rio de Janeiro e em outros estados, participando ativamente de eventos espíritas, associando-se a instituições e colaborando com a imprensa espírita, nacional e estrangeira. Publicou ainda Sabedoria do evangelho e técnica da mediunidade. Quando Carlos Pastorino estava hospitalizado, em Brasília, no Hospital das Forças Armadas, um sacerdote tentou que ele se confessasse, oferecendo-lhe a comunhão. Pastorino solicitou a um amigo espírita que lhe trouxesse um escrivão, deixando documentadas em cartório suas convicções espíritas. Desencarnou em 13 de junho de 1980. Pioneiros de uma Nova Era – Espíritas do Brasil, Antonio de Souza Lucena, CELD, RJ, 1977

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na obra de Chico Xavier Por ANDRÉ TRIGUEIRO

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o longo de 92 anos de existência, Francisco Cândido Xavier testemunhou a mais impressionante transformação já ocorrida na História da humanidade num intervalo de tempo tão curto. Em 1910, quando Chico nasceu na pequena Pedro Leopoldo (MG), o mundo somava pouco mais de um bilhão de habitantes que se concentravam no meio rural (o Brasil tinha apenas 24 milhões de habitantes), e as expressões “meio ambiente” e “desenvolvimento sustentável” sequer existiam, como também inexistia “legislação ambiental”. Desenvolvimento era sinônimo de fumaça. Progresso não combinava com a proteção dos recursos naturais. Chico foi contemporâneo de um século em que a humanidade se descobriu ameaçada pela própria Humanidade, com a destruição sistemática dos recursos naturais não renováveis fundamentais à vida. A industrialização acelerada e caótica, a produção monumental de lixo, o desaparecimento da água doce e limpa em estado natural, a destruição das florestas, a desertificação do solo, a transgenia irresponsável se somam a tantos outros efeitos colaterais de um modelo de desenvolvimento que foi descrito na Rio 92 como “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”. Através da mediunidade de Chico Xavier, os espíritos André Luiz e Emmanuel – especialmente estes – nos ajudaram a compreender a complexidade do sistema Terra e a necessidade de melhor cuidarmos de nossa casa planetária muito antes desse modelo de desenvolvimento começar a ser questionado. Em A caminho da luz, publicado em 1938, Emmanuel confirma as diferentes etapas da constituição física do planeta sob os cuidados de uma “comunidade de espíritos puros e eleitos pelo Senhor Supre-

mo do universo”, dos quais se destaca a figura excelsa de Jesus. A obra revela como as forças da natureza, assim comumente denominadas, constituíam um imenso laboratório cósmico onde espíritos de luz determinavam as melhores condições para o aparecimento da vida na Terra. No programa Pinga-Fogo, exibido em julho de 1971 na TV Tupi, Chico adverte para o poder que a Humanidade possui para “modificar a criação de Deus”, e assevera que “nós nos encontramos no limiar de uma era extraordinária, se nos mostrarmos capacitados coletivamente a recebê-la com a dignidade devida”. Era um chamamento à responsabilidade. Não basta mudar a realidade que nos cerca, é preciso fazê-lo com ética, discernimento e respeito à vida. Se a Ecologia nos ensina a enxergar sistemicamente, ou seja, a perceber que todos os fenômenos do universo são interligados, interdependentes e interagem o tempo inteiro, Chico eternizou este ensinamento em vários textos psicografados. É o caso do livro Ideal es-

pírita (1963), quando André Luiz nos lembra dos ensinamentos contidos na simples observação dos fenômenos naturais. “Retiremos dos cenários naturais as lições indispensáveis à vida. Somos interdependentes. Não viveremos em paz sem construir a paz dos outros”. Hoje sabemos – e os exemplos saltam aos olhos em várias partes do mundo – que a escassez de recursos naturais precipita cenários de disputas, conflitos e guerras. Não por outra razão, em duas oportunidades distintas, o Prêmio Nobel da Paz foi conferido a ambientalistas ou instituições comprometidas com o meio ambiente: em 2004 para a queniana Wangari Maathai, e em 2007 para o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, juntamente com o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU). Chico praticava uma relação de equilíbrio e o uso sustentável dos recursos muito antes do “ecologicamente correto” ganhar prestígio. Nos tempos difíceis de Pedro Leopoldo, “Chico preenchia as páginas em branco com textos

assinados por seu guia, passava a limpo os originais, datilografava tudo na máquina emprestada pelo patrão e apagava o que tinha sido escrito a lápis para reaproveitar o papel”, como informa um de seus biógrafos, Marcel Souto Maior. O primeiro encontro com seu guia e mentor espiritual, Emmanuel, se deu justamente no açude de Pedro Leopoldo, um refúgio natural para o jovem médium, que buscava ali a trégua necessária para as muitas atribulações do dia a dia. Décadas depois, já em Uberaba, instituiu as reuniões doutrinárias à sombra do abacateiro, sempre aos sábados, às duas da tarde. Sem o formalismo que tanto o incomodava, Chico buscava debaixo da árvore frondosa o ambiente propício para reuniões mais alegres e descontraídas, junto à multidão sedenta de atenção e amparo. Também em Uberaba, Chico cuidava com especial desvelo de sua roseira. Para ele, não eram apenas flores, mas um autêntico cinturão balsâmico de que a espiritualidade se utilizava para diversos trabalhos de cura e revitalização dos frequentadores da instituição. Eram também companheiras de jornada, com quem ele conversava e exibia com orgulho paterno para seus visitantes. O legado de Chico Xavier para a melhor compreensão de nossas relações com o meio ambiente – tanto no plano material como no campo sutil – está longe de ser totalmente compreendido. A obra deste grande médium nos descortina novos e amplos horizontes de investigação que nos revelam como a evolução da Humanidade passa impreterivelmente pela nossa capacidade de percebermos o quanto o meio ambiente começa no meio da gente. Jornalista, criador e professor do curso de Jornalismo Ambiental da PUC-Rio, RJ. www.mundosustentavel.com.br www.correiofraterno.com.br

MUNDO SUSTENTÁVEL

ECOLOGIA


LEITURA

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CORREIO FRATERNO

MAIO - JUNHO 2010

Os dramas dos trabalhos de desobsessão Da REDAÇÃO

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o reunir algumas das emocionantes histórias reais de sua vasta experiência como doutrinador em tarefas de desobsessão, o renomado autor Herminio C. Miranda, além de proporcionar o agradável entretenimento da leitura de seus textos desafiadores e informativos, presta um serviço de inestimável valor não só ao movimento espírita como à sociedade em geral, trazendo em livros os diálogos mantidos com os espíritos desencarnados. Na coleção “Histórias que os espíritos contaram”, o autor relata com todos os detalhes as experiências de diversos espíritos que se apresentaram com seus con-

flitos em sessões mediúnicas. São esclarecimentos emocionantes sobre vivências passadas nas mais variadas épocas, lugares e circunstâncias, que – de forma isolada – podem ser consideradas inadvertidamente como fatos separados, perdidos no tempo, mas que formam na verdade um único enredo espiritual, com histórias palpitantes de amores e ódios, com todos os seus tropeços, suspenses, desafios e conquistas da vida. No primeiro volume, A dama da noite (editora Correio Fraterno), Herminio Miranda mostra nessa e em outras oito histórias a aptidão necessária do doutrinador responsável e fraterno, que tem o amor como instrumento indispensável, é claro, mas também o conhecimento doutrinário, que lhe permite trilhar com sabedoria e respeito a condução do despertar de consciências atormentadas. Por indução mental, Herminio vai, pouco a pouco, levantando os véus do conhecimento para esses espíritos, propiciando-lhes a catarse necessária para que por si mesmos desvendem a raiz de seus problemas e dificuldades, tão comuns na caminhada evolutiva – estejamos desencarnados ou não – e que, até serem realmente conscientizados e compreendidos, acabam por causar tanta dor em tormentos pessoais e coletivos. Verdadeiros dramas e perseguições são retratados nas tarefas de desobsessão, de-

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monstrando ao vivo e em cores o enorme peso que carregam os corações cheios de ódio, mágoa e vingança. Ao perceberem os enganos, sentindo-se amparados pela equipe espiritual e pelo grupo de médiuns, fica clara a importância desse trabalho de caridade, que devolve aos espíritos atomentados a esperança do recomeço, ávidos que estão por esclarecimentos que os libertem dos elos prisioneiros de permanência na ignorância. Percebe-se nessas histórias o papel realmente consolador da filosofia espírita, ao indicar de forma lógica os caminhos que levam ao cumprimento da lei divi-

na. Jamais por capricho, mas com justiça e misericórdia, nunca negando novas oportunidades de acertos. Na maioria das vezes, são histórias de tempos incontáveis de sofrimento, por desconhecimento dos caminhos do verdadeiro amor, onde as artimanhas e os planos trevosos de se fazer justiça com as próprias mãos acabam sempre conduzindo à dor. Na sua caminhada, livre, o espírito também é responsável pelas suas ações, gerando histórias seculares no processo dinâmico de enganos, ilusões e recomeços. Daí a misericórdia de Deus - as oportunidades de evoluir que oferece através das diversas reencarnações.

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