Correio Fraterno 437

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ISSN 2176-2104

CORREIO

Anchieta, Paulo e Nóbrega A união espiritual na fundação de São Paulo. Pág. 7

FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Pu b l i c a ç ã o d a Ed i t o r a E s p í r i t a C o r re i o Fr a t e rn o • e - m a i l : c o r re i o f r a t e rn o @ c o r re i o f r a t e rn o . c o m . b r • A n o 4 3 • N º 4 3 7 • Ja n e i ro - Fe ve re i ro 2 0 1 1

CIDADANIA

A força social em defesa da vida

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endo como fim a transformação moral do homem, o espiritismo enfrenta o grande desafio de se fazer presente na sociedade não apenas pelos fenômenos, mas por seu objetivo maior: combater o materialismo. Ser espírita é ter uma nova visão, é ser cidadão do mundo hoje, ainda que o conhecimento sobre a imortalidade da alma nos faça sonhar com as conquistas no mundo espiritual. O tempo de semear é agora. Somos parte de uma sociedade, cuja moralidade se adianta ou estaciona, fruto de nossas atitudes individuais e coletivas. As leis humanas também devem progredir rumo à lei divina, que tem como um de seus princípios a preservação da vida. Para que esse direito natural seja garantido também pelos homens cabe a cada um realizar a sua parte. Assim deve ser tratada a questão do aborto no Brasil, onde a vontade popular de defender a vida ainda no ventre materno dá indícios de avançado progresso moral. Afinal, quando uma sociedade se organiza para fazer o bem, é sinal de que os novos tempos realmente se aproximam. Págs. 4 e 5

A lição das chuvas A escritora Lygia Barbiére Amaral lembra como as chuvas de janeiro inundaram as casas de todos nós. Entre as imagens da água descendo, barrancos caindo e pessoas desesperadas em busca de seus familiares, o bairro mais devastado chamava-se Posse. Pág. 13

A arena do Big Brother e o circo romano O reality show, que mobiliza telespectadores e polariza opiniões, traz à tona os padrões da sociedade. Para a filósofa Rita Foelker, “o povo descarrega a insatisfação da vida por meio do circo, independentemente da época”. Pág. 9

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EDITORIAL

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CORREIO FRATERNO

JANEIRO - FEVEREIRO 2011

Um olhar

atento aos fatos

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sta edição reúne um conteúdo diferente do que estamos acostumados a publicar, chamando-nos à reflexão sobre nossas atitudes. Assim, a entrevistada Marília de Castro explica a necessidade de união das forças do bem para exigir sem timidez o direito à vida, num exercício de cidadania contra a aprovação do aborto no Brasil. A escritora Lygia Barbiére Amaral, com sua pena que fala alto aos corações, analisa as lições das chuvas. George de Marco traz o retrato da decepção das perdas, do tempo que passa inexorável pelos nossos dedos. André Trigueiro chama a atenção para o fato de sabermos diferenciar

a destruição como lei divina, natural, e a destruição causada pelas nossas ambições desenfreadas. E ainda tem Rita Foelker analisando as reações humanas frente às armações e intrigas do reality show, que sai dos canais de TV para os sofás das nossas casas. Tudo isso com o outro lado da balança, a descoberta do lado espiritual, que traz, por exemplo, a alegria da jovem Giovanna Verrone, narrando suas conquistas após as aulas de educação espírita, e o artigo do pesquisador Tiago Lima e Castro que nos alerta para a necessidade de um estudo mais aprofundado do O livro dos

CORREIO DO CORREIO Dinamismo na divulgação A causa deve estar sempre em primeiro plano. Que o Senhor da Vida possa contar com cada um de nós na divulgação da doutrina libertadora. Parabéns pelo dinamismo na divulgação do Espiritismo. Abraço fraterno. Clodoaldo de Lima Leite, por e-mail Facilidade na comunicação Admiro o trabalho de vocês, essa faci-

lidade na comunicação. É muito gostoso estar em contato com os companheiros de ideal espírita. Com estima. Geziel Andrade, por e-mail Sobre os textos do Correio Como sempre, os textos do jornal estão primorosos na relação conteúdo-objetividade, com linguagem agradável e visual leve. Grande abraço. Gustavo Leopoldo Daré, por e-mail

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118

Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP

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Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Internet: Giovanna Verrone Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Marcos Publicidade: George De Marco Comunicação e marketing: Tatiana Benites Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Impressão: Lance Gráfica

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

médiuns, que comemora seu sesquicentenário, e que até hoje não foi muito bem compreendido. Acompanhe e ainda curta, entre outras, as sessões Passatempo, Coisas de Laurinha, Você sabia, Foi assim e Baú de memórias. Boa leitura!

Laurinha para jovens espíritas Adorei o livro Tem espíritos no banheiro?, com a Laurinha como personagem. Dei aulas de evangelização e fiz então um orkut chamado Jovens Espíritas, de Itararé. Venho dar a vocês a sugestão de continuarem as histórias de Laurinha com os temas do Evangelho. Um abraço. Glaucia Barbiott de Almeida. Itararé-SP Olá, Glaucia. Boa a sua ideia! Vale lembrar que além do livro, a Laurinha também circula em todas as edições do Correio Fraterno. Um abraço. Equipe Correio Fraterno

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderãon ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br

Uma ética para a imprensa escrita

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• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar para e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 4.500 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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JANEIRO - FEVEREIRO 2011 IZABEL VITUSSO

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Por GIOVANNA VERRONE

Giovanna Verrone: “Queria participar mais da casa espírita e me envolvi com a educação infantil”

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ais um ano letivo começa para as escolas espíritas, reunindo nos centros alunos de todas as idades. São salas com pessoas de todo tipo de atividade e formação, demonstrando, porém, estarem unidas por algo comum: a busca por respostas a dúvidas e sofrimentos a que todos, em diferentes épocas, nos pegamos a pensar ou sentir. Um dos trabalhos mais importantes desenvolvidos nas casas espíritas é a educação espírita para crianças e jovens, também chamada evangelização. Independentemente do nome que se dê à tarefa, trata-se de uma oportunidade de se aprender sobre a doutrina, sobre os principais colaboradores, casos, além de se trabalhar a moral – uma escola diferente, onde se aprende o amor. O futuro do espiritismo depende das crianças, pois serão elas os semeadores da doutrina. Afinal, quem vai continuar o trabalho dos mais velhos? E, se elas não souberem sua história, seus conceitos, nunca poderão fazer germinar os frutos. As lições sobre o espiritismo são bem mais complexas e necessitam de um acompanhamento de alguém que possa direcionar os estudos de seus princípios básicos, para que o aprendizado seja construído sobre pedra e possa se perpetuar durante toda a vida... Se transferíssemos essa responsabilidade apenas para a leitura de livros espíritas, logo o desinteresse se instalaria, e assim não haveria

aprendizado mais consistente. Esse trabalho deve começar desde cedo, logo que a criança entre na escola, e seguir com seu crescimento. Uma tarefa de amor e responsabilidade, cuidadosamente planejada por profissionais de todos os campos, voluntários e colaboradores comprometidos com a transmissão dos princípios básicos do espiritismo, sem imposição, e valorizando a liberdade de cada um. O envolvimento “professor – aluno” deve ser algo único, fruto de uma boa amizade e confiança. É preciso lembrar que somos espíritos imortais, de um passado importante, cada qual com suas experiências milenares, o que nos diferencia, muito mais que as idades diferentes no corpo físico, na Terra. De início, são lições que mais parecem brincadeiras, mas a semente já vai sendo plantada e conforme a terra vai se tornando fértil, outras tantas mais complexas vão chegando. Vale lembrar que, ao entrar na fase da adolescência, já consciente da doutrina, a aceitação de alguns acontecimentos na vida será muito mais fácil, e com o acompanhamento de amigos e educadores espíritas será muito melhor. Nesse período, o conhecimento da doutrina é essencial, pois sua compreensão fará muita diferença, em fases de indecisão, escolhas, medos e anseios. O acompanhamento espiritual, tam-

É preciso lembrar que somos espíritos imortais, com experiências milenares e idades diferentes na Terra bém, não deve acontecer apenas quando se é adulto. É preciso que se cresça tendo o evangelho como base, pois crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, todos estamos espiritualmente à procura do equilíbrio e também da perfeição, sendo da responsabilidade dos pais,

como maiores educadores, ensinar isso a suas crianças. E, de preferência, pelo exemplo. Giovanna Verrone tem 19 anos. É estagiária do Correio Fraterno, cursando o 2º. ano de Jornalismo na Universidade Metodista, em São Paulo.

Uma experiência pessoal A participação nas aulas de evangelização foi para mim uma experiência única, importantíssima para o meu crescimento, e até mesmo me trouxe a fé. Quando somos adolescentes nada se encaixa. Parece que a nossa vida sempre está ruim e que nossos sonhos nunca se tornarão realidade. Quando crescemos, vemos que não é nada disso. Nos momentos de dúvidas é muito importante se ter um acompanhamento espiritual. Eu discutia muito em casa, implicava com tudo, até que me ‘obrigaram’ a ir à evangelização. Eu devia ter uns 14 anos. Foi difícil! Parecia tudo bobagem. Até que fui me aproximando de algumas pessoas, criei vínculos, e todo sábado – mesmo tendo que acordar cedo – passou a ser prazeroso ir para o centro, porque sempre aprendia coisas novas. Passei a entender muitas coisas, sobre a doutrina, sobre o livre-arbítrio, sobre as consequências de nossas escolhas. Quatro anos passaram muito rápido. Logo fiz 18 anos e meu estudo na evangelização acabou. Poderia, então, ir para a Mocidade, algo mais avançado, mas também muito bom de participar. Além de frequentar a mocidade, como queria participar mais da casa espírita, me envolvi com o trabalho da evangelização das crianças. É um trabalho divino, onde todos os educadores formam uma equipe muito afinada. E as crianças são realmente fascinantes, ensinando sempre algo para nós. Chego à conclusão de que se não fossem aquelas manhãs do ‘acordar cedo’, não estaria onde estou agora. Só agradeço, todos os dias, por ter feito isso. www.correiofraterno.com.br

ACONTECE

Casas espíritas iniciam mais um ano de estudos


ENTREVISTA

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A necessidade da organização social para defender a vida Por ELIANA HADDAD e IZABEL VITUSSO

Marília de Castro: “Precisamos demonstrar a nossa vontade”

Espírita atuante, a advogada Marília de Castro é coordenadora geral da Rebrates – Rede Brasileira do Terceiro Setor, que reúne cerca de duas mil entidades ligadas principalmente à assistência social, saúde e educação. Também é coordenadora no Estado de São Paulo do Movimento Nacional em Defesa da Vida – Brasil sem Aborto. Mais do que representar entidades e estar à frente de diversos movimentos sociais, Marília tem ainda como desafio ser mãe de cinco filhos – Nathália (29) Livia (27) Julio (25) Hellen (23) Caroline (21) – de seu casamento com Clodoaldo de Lima Leite, também ativo no espiritismo e nos movimentos sociais, sendo inclusive o representante da FEB, em Brasília, no Conselho Nacional de Assistência Social. Conversar com Marília de Castro nos leva a ter certeza de que a união faz realmente a força e que os nossos compromissos como espíritas vão muito além das satisfações individuais de bem-estar e vontade de evoluir, mas de vivermos com maior consciência e responsabilidade como verdadeiros cidadãos do mundo, agentes transformadores pelo amor. Seus argumentos demonstram que é preciso participar dos movimentos sociais que defendem uma vida coletiva mais feliz, onde o envolvimento de cada um faz a diferença e é sempre imprescindível para a construção de um mundo melhor. www.correiofraterno.com.br

A defesa da vida é somente uma questão de religião? Marília de Castro: É também questão de cidadania, de legislação. No Brasil, a Constituição Federal garante a inviolabilidade do direito à vida. O Código Civil protege os direitos do nascituro (nenê no ventre materno). Há, no entanto, um projeto de lei na Câmara Federal que pretende legalizar o aborto até o nono mês da gravidez. É o Projeto de Lei (PL) 1135/91. Se nós somos contra este projeto, temos que nos pronunciar, não só no centro espírita, como na imprensa, em outros eventos, dialogar com deputados e senadores, que votarão a nova lei. O espiritismo é contra o aborto, exceto nos casos em que a vida da mãe esteja em perigo... Marília de Castro: Sim. E deixa muito claro que a união do espírito com o corpo começa na concepção, como consta nas questões 344 e 358 de O livro dos espíritos. Há inúmeras mensagens mediúnicas que defendem a vida e que informam as consequências espirituais do aborto, para o pai, mãe, médico e outras pessoas envolvidas, como, por exemplo, o capítulo 31 do livro Nosso lar, de André Luiz, psicografado por Chico Xavier. O que dizer sobre a ideia daqueles que defendem que cabe à mulher o direito de optar pela continuidade ou não de sua gravidez? Marília de Castro: Este argumento se assemelha ao do período da escravidão no Brasil, em que se admitia que o senhor do engenho torturasse e matasse o negro escravo, considerado sua propriedade. O nenê não é propriedade da mãe, nem do pai. Não é corpo da mãe. Não tem o mesmo DNA. Aliás,

a maioria das mulheres é contrária ao aborto, pois as consequências físicas e psicológicas permanecem com elas. Muitas optam pelo aborto, porque o homem estimula este ato, ao não assumir o filho, obrigando-a a cometer o crime. É fundamental refletir sobre o que está levando aquele casal, ou aquela mulher a optar pelo aborto. É necessária política pública de proteção à maternidade, à paternidade responsável e à família. Você sempre está à frente de temas sociais, inclusive presidiu o 1º Simpósio Jurídico Espírita na Ordem dos Advogados do Brasil em 1988 e defendeu entidades espíritas e não-espíritas no Supremo Tribunal Federal. Como é possível dividir o tempo na família, profissão, movimento espírita e movimento social? Marília de Castro: É um exercício constante. Claro que não é fácil. Desde muito jovem, tinha a preocupação com a justiça e com a união das pessoas de bem. Aos 17 anos ingressei na faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tornei-me advogada e atuante. Ao mesmo tempo o movimento de unificação espírita sempre me entusiasmou desde a juventude. A certeza da imortalidade, da reencarnação, da importância do trabalho e do desenvolvimento do amor seja na família ou na sociedade foram agentes motivadores da minha vida. Hoje meus filhos são jovens e compartilhamos experiências constantemente. Conversamos muito sobre tudo, fazendo também o Evangelho no Lar. A dedicação à família, à profissão e demais atividades deve ser focada. Não é a quantidade, mas a qualidade do tempo empregado que interessa.


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cidadania, como este do Correio Fraterno.Veja a Rádio Boa Nova, sempre noticiou com destaque os Atos Públicos em defesa da Vida, inclusive realizando cobertura na Praça da Sé no dia do evento. Temos que contribuir com a sociedade, respeitando as diferenças, como está destacado no O Evangelho segundo o espiritismo quando descreve as características do homem de bem. Somos agentes da história. Os espíritas têm a convicção da lei do progresso, e a fundamental importância de adequarmos a lei humana à lei divina. Cada um deve se perguntar se está afinado com esta nova fase, com este novo estágio evolutivo no nosso movimento, que cresce dia a dia para contribuição efetiva à sociedade, no exercício do amor conforme ensinamentos do Cristo. O amor é atuante. Incansável. Sem preconceitos. O isolamento nos deixa orgulhosos, vaidosos, presunçosos. Estar no mundo, colaborar com a sociedade é colocar a mensagem do amor na prática.

Você fala em avanços no movimento espírita em direção à participação social, poderia citar alguns? Marília de Castro: Um deles é esse movimento que defende o primeiro de todos os direitos: o direito à vida. Quando poderíamos pensar, anos atrás, de irmos ao Congresso defender a vida, ou participar em atos públicos em ruas, praças, buscando o aprimoramento da legislação humana? Estamos levando a mensagem para além do centro espírita. Em 1988, realizamos o primeiro Simpósio Jurídico Espírita na Ordem dos Advogados do Brasil – Seção São Paulo. Há associações importantes que se posicionam em temas relevantes como Associação dos Médicos Espíritas, dos Magistrados Espíritas, dos Jurídicos Espíritas, Associação dos Psicólogos, Delegados, Educadores Espíritas e outras. Estas associações trabalham unidas em alguns temas. O aperfeiçoamento da união das pessoas e das organizações é fundamental. O Conselho Federativo Nacional/FEB se pronuncia sobre temas como aborto, pena de morte, assistência social e diversos outros; como também apoiou produção cinematográfica do filme Nosso Lar. A imprensa espírita dá espaço a temas referentes à

Como começou o Movimento Nacional da Cidadania pela vida- Brasil sem aborto? Marília de Castro: O movimento nasceu há seis anos visando a valorização da vida e se opondo à aprovação deste projeto que legaliza o aborto até o nono mês da gravidez. É um movimento de cidadania que reúne todos os que defendem a vida desde a concepção, por meio de manifestações pacíficas, de natureza suprapartidária, suprarreligiosa, plural e democrática. O movimento conta com um comitê nacional, e comitês estaduais e a cada dia conquista novos integrantes, que vêm se organizando em caminhadas e eventos em todo Brasil. E é este entusiasmo que contagia as pessoas, as entidades, as organizações religiosas, as associações, cidades inteiras que se juntam em caravanas para que todos possam demonstrar ao país a verdadeira opinião da sociedade sobre este tema tão relevante. A primeira grande manifestação foi o Ato Público em Defesa da Vida, em São Paulo, há cinco anos. Mais de 10 mil pessoas se reuniram na Praça da Sé. Este evento ecoou por todo o país e se espalhou pelas cidades, dando origem a diversas manifestações, caminhadas e atos públicos semelhantes, culminando

com a grande Marcha Nacional da Cidadania em Defesa da Vida – Contra a Legalização do Aborto, realizada em Brasília na Esplanada dos Ministérios. Não se trata de um movimento isolado dentro do espiritismo. A FEB integra a sua direção e fez pronunciamentos em todos os quatro grandes Atos Públicos na Praça da Sé. Participaram ainda muitas caravanas da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, de centros espíritas e associações. Outras organizações religiosas estão unidas também à direção do comitê como Igreja Católica, Evangélica, Seicho-no-iê, LBV [Legião da Boa Vontade] e tantas outras, demonstrando a capacidade de fratenidade dos brasileiros que se reúnem sob a mesma bandeira da vida. Quais as reais conquistas? Há ainda chances de o aborto ser aprovado no Brasil? Marília de Castro: A primeira grande vitória foi escancarar a intenção do Projeto de Lei 1135/91, que ia ser aprovado sem nenhum debate na sociedade. Imagine: aborto até o nono mês! Nas pesquisas, após o trabalho de esclarecimento do movimento na imprensa e nas manifestações, 97% dos brasileiros e brasileiras demonstraram que são contra o aborto, mas o projeto estava para ser aprovado no silêncio. Com as ações do Movimento Nacional e da Frente Parlamentar em Defesa da Vida conseguimos outras duas grandes vitórias: rejeição na comissão de Seguridade Social e na Comissão de Constituição e Justiça na Câmara dos Deputados. Os deputados viram e ouviram a vontade da nação. Porém, devido a um novo recurso, esta lamentável proposta deve ser levada à votação no plenário da Câmara. Ainda corre o risco de ser aprovado. É necessário manter a vigilância, as manifestações e o diálogo. O que você diz desta experiência de ação suprapartidária e suprarreligiosa? Marília de Castro: É uma profunda vivência da fraternidade. A sociedade civil precisa se organizar defendendo grandes bandeiras. Há muito mais pontos convergentes do que divergentes. É bom lembrar a questão 932 de O livro dos espíritos: “Por que, no mun-

do, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons? Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão”. Concluímos com esta reflexão que são necessárias a união e a ação das pessoas de bem. Por que há ainda temor de se participar dos movimentos sociais para defender direitos? É cultura ou alienação? Marília de Castro: Pode até ser um misto de cultura e alienação, porém, acredito que seja necessária uma constante educação para a cidadania. Na Rebrates há um lema: Não há governo ruim para povo organizado. Cada vez fica mais claro para sociedade civil, que a união e ação são fundamentais para mudanças sustentáveis. A Rebrates já obteve vitórias importantíssimas em outros temas, como alteração de dispositivos do Código Civil que contrariavam a liberdade de associação no país, e de alterações de projetos relativos à assistência social. Tudo fruto de muita atuação direta no Congresso Nacional ou no Judiciário. Se queremos impedir uma lei injusta, precisamos demonstrar a nossa vontade. Para edificarmos este mundo com que tanto sonhamos, não adianta ficar reclamando, descrente da mudança. O fundamental é a atitude. Atitude pelo bem comum. Somos cidadãos. Somos espíritos imortais em ação, construtores dos nossos destinos. Todos somos importantes na construção de um mundo mais justo e mais fraterno. Sem medo, sem comodismo e com muita esperança: mãos à obra. E neste ano de 2011, o que podemos fazer? Como participar? Marília de Castro: Vamos comparecer às marchas e atos públicos, em favor da vida, reafirmando a verdadeira vontade do povo brasileiro. Dia 26 de março, sábado, a partir das 9h30, a Marcha em Defesa da Vida será nas ruas do centro de São Paulo. Tudo com muita música e muita alegria, envolvendo artistas, legisladores, esportistas, juristas, cientistas, todos defendendo o mais vulnerável: o nenê no ventre materno. Para saber mais: Fone (11) 3244-3660, e site www.brasilsemaborto.com.br www.correiofraterno.com.br

ENTREVISTA

Você acredita que falta aos espíritas uma maior participação nos movimentos que envolvam a coletividade, um posicionamento mais expressivo junto às autoridades pelo bem social? Por quê? Marília de Castro: Na história do espiritismo, no campo individual, há líderes admiráveis e corajosos, que se destacaram. Entretanto, para várias pessoas o interesse pessoal ainda se sobrepõe ao interesse coletivo. Como movimento espírita, estamos presenciando alguns avanços expressivos em direção à participação social. Os passos dependerão do nível de consciência individual e coletiva. Na questão 642 de O livro dos espíritos, Kardec pergunta: “Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?” Os espíritos repondem: “Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.”

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“Quando as lágrimas não se

MOSAICO

originam da revolta, sempre constituem remédio depurador.”

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Você sabe analisar as comunicações dos espíritos?

André Luiz (Nosso lar)

“A ignorância domina a maioria das consciências encarnadas. E a ignorância é mãe das misérias, das fraquezas, dos crimes.” André Luiz (Os mensageiros)

“Temos necessidade da luta que corrige, restaura e aperfeiçoa. A reencarnação é meio, a educação divina é o fim.” André Luiz (Missionários da luz)

“Com exceção de raríssimos casos, todas as anomalias de ordem mental se derivam dos desequilíbrios da alma.” André Luiz (Obreiros da vida eterna)

“A modificação do plano mental das criaturas ninguém jamais a impõe; é fruto de tempo, esforço, de evolução.” André Luiz (No mundo maior)

“Ajude sem exigência para que outros o auxiliem, sem reclamações...” André Luiz (Agenda cristã) www.correiofraterno.com.br

Por TIAGO LIMA E CASTRO

Há 150 anos era lançado, em Paris, O livro dos médiuns. Por falta de conhecimento dessa obra, fenômenos que já foram esclarecidos ainda são tidos como sobrenaturais

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m janeiro de 1861, entre os dias 5 e 10, chegava uma nova obra de Allan Kardec à livraria do sr. Didier, O livro dos médiuns. Esta obra cumpria o objetivo de trazer um complemento ao O livro dos espíritos, abordando o aspecto experimental do espiritismo. Seu grande mérito foi proporcionar a possibilidade de se compreender os fenômenos mediúnicos, o desenvolvimento da mediunidade, e obter uma orientação segura dos riscos de sua prática. Com sua experiência de pedagogo, Kardec também tratou de exemplificar e ensinar como verificar se as mensagens têm conteúdo lógico e coerente ou se são mistificações, permitindo-nos aprender a separar o joio do trigo. O aspecto pedagógico da obra também é visível ao mostrar o regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, não com o objetivo de que outras sociedades funcionassem da mesma forma, mas para terem um ponto de partida ao se organizarem. Podemos considerar que, pela primeira vez na história, a mediunidade foi esclarecida a todos independentemente de iniciações, rituais, cargos sacerdotais, pois, como Kardec nos diz na Revista Espírita de Janeiro de 1861 ao anunciar o lançamento desta obra, “com o pleno conhecimento da mediunidade, de seus riscos e escolhos e de seus objetivos, têm-se a segurança necessária a qualquer um poder praticá-la com segurança”. Se resgatarmos a primeira edição de O livro dos espíritos, de 1857, veremos que o décimo capítulo do primeiro livro intitulava-se “Manifestação dos espíritos”, ou seja, perguntas sobre a mediunidade. Mas como o assunto gerou muitas dúvidas, Kardec, em 1858, ampliou-o em outra obra, chamada Instrução prática sobre as manifestações espíritas. Com estas obras, muitos grupos foram se formando e enviando informações a Kardec, o que podemos acompanhar na Revista Espírita, levando-o a ampliar o próprio O livro dos espíritos, no ano 1860, com o dobro de perguntas, mas sem o capítulo referente à mediunidade. Isto se explica, pois um conjunto muito grande de informações foi se acumulando, surgindo a necessidade de se organizar esse material de forma a que todos os que o estu-

dassem com seriedade pudessem pesquisar os fenômenos mediúnicos sem passar pelos escolhos que Kardec vivenciou, permitindo-se uma base teórica sólida para adentrar o espiritismo experimental. Foi assim que, em janeiro de 1861, veio ao mundo O livro dos médiuns. Na Revista Espírita, constatamos que as informações foram se ampliando ainda mais posteriormente, ao ponto de na obra A gênese, de 1868, Kardec escrever o capítulo 14 que amplia as informações sobre o processo mediúnico, revisando inclusive alguns conceitos. Neste ano, é importante refletirmos sobre a necessidade de sempre estudarmos O livro dos médiuns, que tem como objetivo complementar O livro dos espíritos, por ter sido, inclusive, parte integrante de sua primeira edição, fato comentado por Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1861. Todo espírita, médium ostensivo ou não, deveria estudar essa obra sempre, minuciosamente, atentando para o seu interessante conteúdo, com textos de espíritos e as respectivas análises. Vale ressaltar ainda a necessidade da leitura mais especial ao capítulo 31 – “Dissertações espíritas”, que por sua clareza e importância deveria ser tema recorrente de estudo e reflexão nos cursos mediúnicos e nas palestras espíritas. Afinal, muitas dificuldades seriam evitadas se soubéssemos realmente analisar as comunicações – sérias e enganosas. Referências Allan Kardec, A gênese. Tradução de Victor Tollendal Pacheco. Notas e apresentação de Herculano Pires. São Paulo: LAKE, 2005. ¬______. O primeiro livro dos espíritos. Tradução de Canuto Abreu. São Paulo: Companhia Editora Ismael, 1957. ______. O livro dos médiuns. Tradução de Herculano Pires. Capivari: Editora EME, 1997. ______. Instrução prática sobre as manifestações espíritas. Tradução de Cairbar Schutel. 2. ed. Matão: Livraria do Clarim, 193_. ______. Revista Espírita: Terceiro Ano - 1860. Tradução de Salvador Gentile. Araras: IDE, 1993. _____. Revista Espírita: Quarto Ano - 1861. Tradução de Salvador Gentile. Araras: IDE, 1993. Professor de música e expositor no IEEF (Instituto Espírita de Estudos Filosóficos). E-mail: tarpia@yahoo.com.br.


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Anchieta, Paulo e Nóbrega União espiritual na fundação de São Paulo Por IZABEL VITUSSO FOTOS: ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALES

Largo da Sé, 1912

Rua XV de novembro, em 1920

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credito que a maioria de nós, ao ouvir referências sobre a história do cristianismo, lembre-se das figuras que participaram dos encontros e perseguições entre os que se tornavam adeptos do Cristo e os seguidores do judaísmo. Paulo de Tarso, o convertido de Damasco, e o senador romano Públio Lêntulus estão entre eles. O mesmo acontece quando estudamos a história da colonização brasileira: José de Anchieta surge embrenhando-se entre os índios, com seu semblante pacífico e introspectivo. Mas difícil é imaginar que esses três personagens da história da civilização estejam ligados à fundação da cidade de São Paulo, que em janeiro completou 457 anos. Emmanuel, segundo o médium Chico Xavier, no tempo de Jesus, foi o senador romano Públio Lêntulus. Encarnado no Brasil, como padre Manoel da Nóbrega, participou ativamente do processo de colonização do País e também da fundação da cidade de São Paulo. Ao celebrar a primeira missa na manhã de 29 de agosto de 1553, onde hoje é o Pátio do Colégio, centro de São Paulo, recebeu a visita do espírito Paulo de Tarso, que lhe pediu que, em nome de Jesus, no local que lhe apon-

tava fosse erguida uma cidade baseada nas colunas do cristianismo: amor, fé, trabalho e instrução. Em cinco meses, o Real Colégio de Piratininga já se revelava no planalto. Impressionado com a visão que tivera de Paulo de Tarso, Nóbrega escolheu o dia 25 de janeiro de 1554 para a inauguração da obra, a data tida como da conversão de Saulo de Tarso ao cristianismo primitivo. Manoel da Nóbrega não foi somente a alma da missão dos jesuítas do Brasil, onde chegara em 1549. Ele se destacou como político e conselheiro do governador-geral da colônia, Mem de Sá. Foi ele também quem teceu os primeiros contornos políticos e geográficos da nação, com o trabalho de disseminação do cristianismo pelo litoral brasileiro. Segundo consta Nóbrega era gago, mas nem por isso deixou-se abater, tendo sido o primeiro a realizar sermões, no Brasil, defendendo a libertação dos escravos. Diferente da visão estrategista de Nóbrega, seu companheiro no traba-

lho da colonização, padre José de Anchieta, trazia características mais acentuadas para a educação. E foi por isso que Manoel da Nóbrega entregou-lhe a missão de ministrar as lições de Humanidades no Colégio São Paulo. Gozava do respeito dos padres jesuítas, por sua grande espiritualidade. Ainda jovem, em Portugal, José de Anchieta foi aconselhado a vir para o Brasil, numa tentativa de recuperação de sua saúde. Impressionou-se ao chegar aqui e ver o que conta em carta: “onças pintadas, boas de se comer, lagartos enormes do tamanho a poder comer um homem, que se chamam jacarés...” Desde o primeiro contato como os índios, obteve a admiração, aprendendo a língua nativa, ensinando a língua portuguesa e, acima de tudo, respeitando a cultura indígena, incluindo o hábito de não se vestirem e de devorarem os seus prisioneiros. Entendia que estava diante de seus irmãos, merecedores de respeito. E não mudou de ideia mesmo quando se ofereceu para ficar no

lugar de padre Manoel da Nóbrega, pego como refém, pelos bravos índios tamoios, que viviam onde hoje está a cidade do litoral norte paulista, Ubatuba. Mais velho, Nóbrega estava muito doente. Durante dois meses, passou frio e humilhações e recebeu ameaças de morte. Mas aos poucos sua mansuetude fez com que as ameaças que recebia inicialmente da tribo cedessem lugar à admiração. Quando os índios o ameaçavam de devorá-lo, Anchieta respondia que ainda não havia chegado o momento. Não havia terminado o poema à Maria, cujos versos escrevia na areia. Alguns relatos dão conta de que sua facilidade em levitar e sua proximidade com os pássaros também teriam causado grande admiração nos índios, que acabaram libertando-o. Quando desencarnou em 1597, com 63 anos, José de Anchieta havia conseguido mais do que a admiração dos portugueses e nativos brasileiros. Deixou marcas e exemplos como de tantos que fazem a história do País e ajudam a fortalecer as fronteiras do amor, da fraternidade e da paz. José Freitas Nobre, Anchieta, apóstolo do novo mundo. Ed. Mestre Jou, 1974. Diário do Comércio, Minhas cartas, por José de Anchieta. (editadas por ocasião dos 450 anos de fundação de São Paulo). www.correiofraterno.com.br

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Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.


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O que não se vê Por RITA FOELKER

LIVROS & CIA. Editora 3 de Outubro Tel.: (11) 2691-0507 www.editora3deoutubro.com.br Pelos caminhos da mediunidade serena de Yvonne A. Pereira 216 páginas 14x21 cm

O reality show, que mobiliza telespectadores e polariza opiniões, traz à tona os padrões vigentes na nossa sociedade e realça características humanas milenares

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ais uma vez (a décima primeira), os telespectadores podem assistir as cenas reais de atores não profissionais do Big Brother Brasil, enquanto a Globo dá férias para seu elenco e recicla suas atrações. Intrigas, armações, fofocas, brigas, casos amorosos saem dos filmes e novelas e são vividos em tempo real. Uma crítica evidente é a de que se trata de um circo cuja atração principal é a banalidade. O interesse do público mede-se pela alta audiência. Esta é a realidade visível, aquela que poucos de nós contestariam. No entanto, há algo mais para se ver que nem sempre é percebido. O pensamento espírita não pára na superfície, e ajuda a analisar as implicações sociais, psicológicas e espirituais de todo fenômeno. Nesse aspecto, compreender o interesse do público e a dinâmica dos participantes do reality show é um exercício produtivo.

Sucesso de público O programa é um retrato dos padrões vigentes em nossa sociedade, segundo os quais, a conquista de coisas materiais e de dinheiro é o grande objetivo da existência, o que, segundo alguns, torna lícito mentir, enganar, trair, articular-se a favor de uns e contra outros, tudo para alcançar o resultado almejado. Porque, afinal de contas, não se trata apenas de ser “si mesmo”, mas de adotar uma forma de agir que conquiste a simpatia do telespectador e garanta a permanência na competição. Visto por esse lado, a crueldade – de que falaremos a seguir – não é exclusividade do BBB, mas reflete a desumanidade social de nossa civilização!

Marion Minerbo, em seu artigo “Big Brother Brasil, a gladiatura pós-moderna”, publicado em março de 2007 no portal de revistas da Universidade de São Paulo*, traça um interessante paralelo entre a arena do BBB e os espetáculos circenses da Roma Antiga. Ela começa lembrando que a referência ao “paredão” está associada à morte – no caso, a execução de um condenado. Explica a articulista: “Como os participantes do BBB, os gladiadores também lutavam entre si até o fim. Quando o gladiador vitorioso encurralava o oponente, convocava o voto popular, que podia ser referendado pelo imperador: polegar para cima, vida; polegar para baixo, morte. A vida do perdedor podia ser poupada, se o público o considerasse um lutador valoroso e digno. Em caso contrário, ‘paredão’”. O povo descarrega a insatisfação da vida por meio do circo, independente de época. Pontua a articulista: “Como na gladiatura, o reality show oferece carne humana para nosso repasto”. A luta entre os gladiadores era real, situações de combate, ferimentos e morte não eram simulações, o que aumentava a emoção do público hipnotizado pelas emoções intensas que, assim, desviava sua atenção dos seus verdadeiros problemas, bem como dos desmandos da política. Alguma semelhança com o que ocorre hoje? Parece inegável que a história se repete. Passam as vidas, ficam os hábitos Ao comparar com o romance de Chico Xavier e Emmanuel, Há 2000 anos..., vemos que o atual espetáculo televisivo não contém a mesma violência sanguinária do circo romano: “Incluindo-se a considerável assistência que

se aglomerava nas colinas, quase meio milhão de pessoas vibrava em aplausos ensurdecedores e espantosos, enquanto duas centenas de criaturas humanas tombavam espostejadas...” – narra o autor espiritual. No reality show, porém, existe o fracasso financeiro de perder um milhão, o equivalente social de “perder a vida”, em nossos dias. Analisando segundo a filosofia espírita, não se trata apenas de repetição histórica, mas de padrões de emoção e comportamento presentes em nós desde o início da civilização. Hoje o meio milhão descrito por Emmanuel multiplica-se muitas vezes pela audiência da televisão; os combates são mais psicológicos que físicos; mas é inegável que algo em nós ainda aplaude a vitória e torce pela derrota, julga, aprova ou condena, e sentencia! O Big Brother evidencia a agonia do mundo velho, mergulhado em orgulho e egoísmo, alvo da transformação almejada pelo espiritismo e a sua própria razão de ser: a regeneração da Humanidade. Isso dá o que pensar, em termos de proposta de evolução espiritual, se acreditamos na progressão intelecto-moral infinita. Mas, ao mesmo tempo, escancara o quanto ainda somos tão parecidos conosco mesmos, na versão de vinte séculos atrás. RITA FOELKER é co-fundadora do grupo e projeto Filosofia Espírita para Crianças. É mestranda em Filosofia e escritora com 50 livros publicados, entre infantis e adultos, mediúnicos e próprios. Seu mais recente lançamento é Calunga definitivo.

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O pensamento de Richard Simonetti de Raymundo Rodrigues Espelho 112 páginas 14x21 cm

Texto publicado originalmente na Revista Universo Espírita, edição 63, março de 2009. *Big Brother Brasil, a gladiatura pós-moderna www.correiofraterno.com.br

DESTAQUE

Big Brother

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Kardec:

o que o seu retrato não diz Por ALTAMIRANDO CARNEIRO A imagem de Allan Kardec no retrato que conhecemos condiz com sua personalidade? Ele era bravo? Pergunta de Luciana Carvalho Pires – Cuiabá (MT)

Allan Kardec: temperamento calmo, pensador, seguro e lógico

E

ste é o verdadeiro retrato físico e psicológico de Allan Kardec, feito pela inglesa Anna Blackwell, que conheceu Kardec em Paris, e que traduziu para o inglês vários livros do codificador. O texto foi transcrito por Conan Doyle na obra História do espiritismo, traduzida por Júlio Abreu Filho (Ed. Pensamento): “Pessoalmente Allan Kardec era de estatura média. Compleição forte, com uma cabeça grande, redonda, maciça, feições bem marcadas, olhos pardos, claros, mais se assemelhando a um alemão que a um francês. Enérgico e perseverante, mas de temperamento calmo, cauteloso e não imaginoso até a frieza, incrédulo por natureza e por educação, pensador seguro e lógico, e eminentemente prático no pensamento e na www.correiofraterno.com.br

ação. Era igualmente emancipado do misticismo e do entusiasmo... Grave, lento no falar, modesto nas maneiras, embora não lhe faltasse uma certa calma dignidade, resultante da seriedade e da segurança mental, que eram traços distintos de seu caráter. Nem provocava nem evitava a discussão mas nunca fazia voluntariamente observações sobre o assunto a que havia devotado toda a sua vida, recebia com afabilidade os inúmeros visitantes de toda a parte do mundo que vinham conversar com ele a respeito dos pontos de vista nos quais o reconheciam um expoente, respondendo a perguntas e objeções, explanando as dificuldades, e dando informações a todos os investigadores sérios, com os quais falava com liberdade e animação, de rosto ocasionalmente iluminado por um sorriso genial e agradável, conquanto tal fosse a sua habitual seriedade de conduta que nunca se lhe ouvia uma gargalhada. Entre as milhares de pessoas por quem era visitado, estavam inúmeras pessoas de alta posição social, literária, artística e científica. O imperador Napoleão III*, cujo interesse pelos fenômenos espíritas não era mistério para ninguém, procurou-o várias vezes e teve longas palestras com ele nas Tuileries, sobre a doutrina de O livro dos espíritos.” * Napoleão III (1808/1873), presidente e posteriormente imperador da França (1852/1870), foi o terceiro filho de Luís Bonaparte, rei da Holanda e Hortência de Beauhamais, respectivamente irmão e cunhada de Napoleão Bonaparte.

COISAS DE LAURINHA

Vida em outros mundos? Por TATIANA BENITES A professora explicava sobre a existência de outros mundos e falava sobre a evolução dos mundos e também dos seres. As crianças foram ficando cada vez mais curiosas e alvoroçadas, começando o burburinho: - Então é verdade que os ETs existem – afirmou Guilherme. - Será que eles são mesmo verdes? – indagou Ana. - Professora, então os ETs existem e são verdes? – resolveu perguntar Guilherme. - Podemos afirmar que temos outros habitantes em outros mundos, seres que podem ser mais evoluídos que nós, mas não posso afirmar de que cor eles são. - Mas quem já viu um deles para falar? – perguntou Laurinha. - Quem viu o ET de Varginha!! – respondeu rapidamente Ana. - Mas ninguém tirou foto!! – constatou Laurinha. - Acho que é lenda! – afirmou Guilherme. - Crianças, como nós não vimos o ET de Varginha, não sabemos como ele é e se ele realmente existiu, mas sabemos que outros mundos são habitados também. - Como você sabe? Os espíritos te contaram? – indagou Laurinha. - Sim, os espíritos nos contaram, porque aqueles que vivem em outros planetas também são espíritos, mas em categorias e evolução diferentes de nós. - Quer dizer que podemos nos comunicar com eles aqui no centro espírita? – perguntou Guilherme. - É muito difícil, mas já houve comunicação, sim, de espíritos que habitavam a Terra e hoje habitam outros planetas. - Legal, professora!! Podemos fazer uma comunicação agora só pra saber como é Marte? – Ana perguntou empolgada. - Então.... – tentou explicar a professora. - Não, podemos perguntar de Netuno. – falou Guilherme. - Ah, vamos falar com alguém de Plutão. – falou Vitor. E começou o falatório antes que a professora pudesse explicar mais alguma coisa. Nesse momento Laurinha levanta a mão e diz: - No jornal de ontem falava que a Lua ia entrar em Júpiter. Acho que a gente podia conversar com alguém de Júpiter, assim a gente já perguntava dos dois mundos! Além de poder trocar e-mails, fotos e jogos de computador! Podemos começar ou será que nessa hora eles estão dormindo como as pessoas do Japão? - Laurinha, não é assim que vamos nos comunicar com eles.... Interrompendo novamente ela acrescenta: - Como não professora? Se eles são mais evoluídos, os jogos de computador de lá devem ser muuuuito mais legais. Além do que são dois de uma vez, se o pessoal de Júpiter não for legal, falamos com o pessoal da Lua. Vamos tentar falar logo!

HAMILTON

QUEM PERGUNTA QUER SABER!

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ENSAIO

Alice no país do autoconhecimento Por GEORGE DE MARCO

T

enho uma prima que se chama Alice. Todos os meus oito leitores já sabem disso, mas é bom repetir. Desde que vim morar em São Paulo, ela e eu trocamos e-mails quase que diariamente, analisando o mundo e, principalmente, a nós mesmos. Ultimamente, porém, Licinha (para os íntimos) está tristinha. Sua grande amiga está muito doente, vitimada por um AVC. Os e-mails de Alice andam pungentes, carregados de emoção. Neles, ela relata alguns diálogos que trava com a amiga: “nossa conversa é sobre nós mesmas, sem pudor e mentiras, mas com o Cristo nos dando os parâmetros”– ela diz. Por isso, resolvi, mais uma vez, trazer as considerações que minha prima faz diante desta dor, pois acredito que poderá ajudar a alguém que enfrente situação parecida. A tristeza de Licinha vem não só pela situação da querida amiga, mas, segundo ela, também pelo fato de ela ter se dado conta de sua “infantilidade como ser humano e filha de Deus”. Juntas, elas leem o Evangelho, riem, choram e, principalmente, são honestas consigo mesmas. “Ela sabe mais de minha vida que

eu mesma”– escreve. “Nossas conversas nos melhoram, mas o que conta mesmo é a prática”. Através das conversas francas, ambas praticam o “conhece-te a ti mesmo”, conforme a questão 919 de O livro dos espíritos, quando Kardec pergunta aos espíritos da codificação “qual o meio mais eficaz para nos melhorarmos nesta vida e resistirmos às solicitações do mal?” E a resposta é simples e direta: “Um sábio da antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo”. Ou seja, devemos nos conhecer intima e interiormente. Mas um conhecimento real, pois não somos bons juízes de nós mesmos e encobrimos nossos defeitos e dificuldades como se, escondendo-as, elas desaparecessem. Aqui, cabe lembrar o Evangelho segundo o espiritismo, capítulo 17, que no item 3, nos ensina sobre o ‘verdadeiro homem de bem’: “é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem”.

A página em destaque merece ser lida por completo, pois encerra uma análise muito elucidativa. Fica o convite. Ao lê-la, Alice e sua amiga perceberam, então, que “é isso que viemos fazer aqui no planeta: ‘nos conhecermos’, porque o resto é consequência. Jesus, em Mateus 12.29 deixou bem claro: “Como poderá alguém entrar na casa de um homem forte e roubar os seus haveres se antes não o tiver amarrado? Todo reino dividido contra si mesmo será devastado...”(idem, 12.25). Aí logo pensamos em algo de ‘fora para dentro’, como ladrões, inimigos; mas não os de ‘dentro para fora’: ladrões, inimigos de nós mesmos. São os nossos problemas internos que nos transformam numa “família dividida”, o “homem forte” que, amarrado, perde os pertences mais valiosos: a alegria, a paz, o amor, a misericórdia”. Analisar sinceramente nossa consciência, claro, é algo que parte de nós mesmos, e não dos outros. E esta sinceridade não pode ser confundida com valentia, uma característica que Alice encontrava na amiga que sempre dizia “sem medo, sem piedade”: Não quero, não aceito, não concordo; e minha prima sempre se admi-

rou e até se amparou nesta valentia. Agora, então, Alice descobre que “essa valentia de todos nós é aquela do reino dividido contra si mesmo”. Por isso, ela vai se analisando, se comparando, “procurando fazer do meu sujeito forte, um cara desprendido e desamarrado para que a vida não precise me ensinar batendo com muita força”. Os espíritas costumam dizer que “quando não se aprende através do amor, aprende-se através da dor”. Não é esta dor, porém, que Alice está sentindo. “Ninguém pediu tanto a Deus por mim quanto essa mulher, sem exigências, sem pedir nada em troca”, me conta ela. A amiga partindo sobrará, para minha prima, “poucos para espantar a ignorância e a solidão. Não que isso me assuste, mas fica um vazio, uma sensação que o essencial ainda não foi feito”. E, como diria a letra daquela canção espírita de autor desconhecido, “o essencial à vida é a sabedoria para conduzi-la. Fazer de cada dia um dia de paz, um dia feliz...”. George De Marco é jornalista, publicitário e radialista. Realiza atividades como expositor e educador de mocidade espírita. E-mail: george@correiofraterno.com.br

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Confraternização Espírita do Maranhão O Centro Espírita Humberto de Campos MAR recebe dos dias 6 a 8 de março a 31ª Conesma – Confraternização Espírita do Maranhão. O evento faz parte das comemorações aos 60 anos da Federação Espírita do Maranhão. Saiba mais: (98) 3232-1395, www.femar.org.br, femar@femar.org.br.

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Congresso em Goiás A Federação Espírita do Estado de Goiás MAR realizará de 5 a 8 de março o 27º Congresso Espírita estadual. Mais informações pelo fone: (62) 3281-0875 ou pelo emailcomunica@feego.org.br.

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Descubra o nome do novo livro da Editora Correio Fraterno 1. Admissão, alcance 2. Porção de alimento que se leva de uma só vez à boca 3. Deixar de dizer, esquecer voluntariamente 4. Ser contrário a

ENIGMA

No artigo ‘Júpiter e alguns outros mundos’ publicado na Revista Espírita, em março de 1858, Kardec cita o planeta Juno. Que planeta é esse?

5. _ _ _ _ _ _ do Sangue, cidade de Bezerra de Menezes

qualquer hora, em qualquer lugar

6. É necessário para a compreensão do espiritismo 7. Publio Lentulus e Livia em Paulo e Estevão 8. Dar opinião, julgar 9. Compõe um poema (pl.)

SOLUÇÕES

10. Auxilia 11. Fundador da metapsíquica 12. Cognome do professor Rivail 13. Berço dos antigos filósofos 14. Éfesos, na Turquia 15. Fascinar, seduzir 16. Tratar

Resposta do Enigma: Juno é um asteróide, mas, naquela época, ainda era considerado um planeta do sistema solar. Saiba mais www. correiofraterno.com.br

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Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

S O D O I R R A H O D O O S A R O S R A E T E C A S D E I R A R A R E R A L

Projeto Manoel Philomeno de Miranda em Manaus O Departamento da Mediunidade da FEA, promoverá o Seminário “Estudando O liFEV vro dos médiuns” com o Projeto Manoel Philomeno de Miranda (BA). O evento ocorrerá nos dias 19 de fevereiro, das 14:30 às 18:30h, e dia 20, das 8:30h às 12:30h, no auditório da UNIP. Av. Mário Ypiranga, 4.390. Parque Dez. Inscrições até 16 de fevereiro. Informações: www.feamazonas.org.br

CRIPTOGRAMA DO CORREIO

S A T T C U V N S A H D N A A D T M R

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E C I N A T I I R P C R E D R I I S T

AGENDA

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A C B O O M C O R I E S N O O P V E A M R I K A A T C I A T C U E D M E A S

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17. Publicar por meio de impressão 18. Precursor da magnetização 19. Relativo ou próprio dos astros

Curso para Educadores em São Paulo No dia 27 de fevereiro, das 13h às 18h30, FEV será realizado o Curso de Educadores Espíritas da Infância, no Centro Espírita Gabriel Ferreira – Rua Kaneda, 474 – Vila Maria Alta – São Paulo,SP. Promoção: USE São Paulo. Inscrições: marthinharg@yahoo.com.br ou pelo telefone (11) 9765-1881.

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Conferência no Paraná De 18 a 20 de março, a Federação Espírita MAR do Paraná realizará a 13ª Conferência Estadual Espírita, abordando o tema Mediunidade com Jesus. Informações: www.feparana.com.br.

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Concafras 2011 A 55ª Confraternização das Campanhas da MAR Fraternidade Auta de Souza será realizada de 5 a 8 de março (Carnaval) e reunirá milhares de voluntários simultaneamente em Campo Verde-MT e em Rio Verde-GO. Informações: (66) 3419-1343 e (64) 3621-0316. www.concafras.com

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Almoço Beneficente Comida japonesa ABR

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Dia 10 de abril, a partir das 12 horas Local: Salão de festas do Lar da Criança Emmanuel Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Informações: 4109-8938

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Por LYGIA BARBIÉRE AMARAL

A

s chuvas de janeiro inundaram as casas de todos nós. Não só no sudeste, onde efetivamente foi mais forte a devastação. Por toda a parte, imagens da água descendo, barrancos caindo e pessoas desesperadas em busca de seus familiares entraram por dentro de nós. A gente sempre se comove com o que acontece a alguém semelhante a nós. A chuva atingiu a ricos e pobres, negros e brancos, homens e mulheres de todas as idades, em vários pontos do Brasil e do mundo. E quantos ‘milagres’! A mulher que não sabia nadar e ficou boiando, com a família inteira, rente ao teto da casa; o pai que protegeu o filhinho de seis meses sob um monte de escombros, alimentando-o com a própria saliva; a mulher que foi literalmente içada da enxurrada com o auxílio de uma corda, que fora ‘eventualmente’ colocada no alto de um prédio, um dia antes, para o início de trabalhos de pintura. Ouvindo tantos casos de pessoas que se salvaram, pessoas que na última hora decidiram ir para o lugar da devastação e acabaram morrendo, pessoas que ficaram ilhadas e pessoas que não conseguiram escapar, a gente acaba se lembrando dos relatos que sempre ocorrem após os desastres de avião. Por que será que alguns dos que eram para estar lá no momento do acidente desmarcam a passagem poucas horas antes? “Não cai uma folha de uma árvore sem que seja do conhecimento de Deus”, diz o Evangelho. Mas... Será que era só para eles a prova? Pelo tamanho da devastação ocorrida dentro de cada um de nós, só de ver e ouvir tantas cenas e relatos percebo claramente que não. As chuvas deste janeiro mexeram com cada um de nós. Talvez pudéssemos descrever esta sensação como uma espécie de “constatação da impermanência”. Não temos o controle sobre os fenômenos naturais, não temos o controle sobre nossas próprias vidas. Tal como acontece na parábola do rico insensato, que mandou am-

pliar seus celeiros ao constatar que eram insuficientes para armazenar os frutos de seus campos de cultura, Deus também pode dizer a qualquer um de nós: “esta noite tua alma será chamada, e o que tanto juntaste, para quem será?” Me vem à mente uma cena vivida recentemente com meus filhos. Atravessava a rua com o carrinho do bebê de onze meses, segurando de um lado Alice, de dez anos, e do outro Estevão, de sete, e ainda Sophia, de doze, quando Alice subitamente abaixou-se no chão para pegar uma porcaria qualquer – um pedaço de árvore!, quando quase fomos todos atropelados por um carro que vinha em disparada. Chegando ao outro lado da calçada, com as mãos ainda trêmulas, eu falava sem parar ‘na cabeça dela’, quando Estevão me interrompeu e resumiu com serenidade: - E nem ia poder levar o negócio para o mundo espiritual! Num momento em que tantos perdem tudo o que tinham de uma noite para outra, em que casas inteiras aparecem cobertas de lama ou de água nas imagens de TV, não podemos deixar de nos questionar a este respeito. Quanto vale um fogão, uma geladeira, uma porção de móveis e roupas, uma casa inteira? Significativamente, o bairro mais devastado pelas chuvas em Teresópolis, chamava-se Posse. Talvez para nos lembrar de que não temos a posse de nada. Tudo nos é dado, temporariamente,

para que possamos realizar o aprendizado que um dia, com o auxílio de nossos mentores espirituais, nos predispusemos a vir fazer na Terra. O que mais nos salta à alma em situações como esta, mesmo para aqueles que não tiveram uma só gota de chuva a manchar o assoalho, é o tamanho da nossa ingratidão habitual. Acostumamo-nos a levantar todos os dias sem agradecer pelo fato simples, mas tão importante, de acordarmos mais um dia, de encontrar de novo com nossos entes queridos, de ter um pedaço de pão para comer, água para beber, roupas lavadas para vestir, tantas oportunidades para

ajudar e fazer o bem, por nossa casa não ter sido inundada! Por que será que a gente precisa experimentar o sentimento de perda – ainda que apenas catarticamente, assistindo a uma reportagem de TV –, para perceber a grande oportunidade que é estar encarnado neste planeta? Como espíritas acostumados a revirar a lei de causa e efeito em busca de explicações para tudo o que acontece, muitos de nós talvez tenham chegado à conclusão de que “aquelas pessoas precisavam passar por aquela prova”. Todavia, considerando-se que Deus jamais dá provas superiores às forças daqueles que as recebem, cabe-nos refletir até que ponto “aquelas pessoas” ou, pelo menos, muitas delas, não estariam situadas em um patamar evolutivo muito superior ao nosso, uma vez que tiveram condições de passar por esta prova e ainda encontrar forças para ajudar o próximo, como tantos casos mostrados na TV. Fica gritando por dentro a pergunta: estaríamos preparados para passar por uma prova destas? Lygia Barbiére Amaral é novelista, autora de diversos romances espíritas, incluindo o recém-lançado A luz que vem de dentro (Ed. Correio Fraterno).

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ESPECIAL

A lição das chuvas


FOI ASSIM…

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Linguagem de sinais e a inclusão de surdos na casa espírita Por REGINA BEATRIZ

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ou professora da rede municipal de Belo Horizonte há 24 anos e, em sala, sempre trabalhei com alguma criança deficiente. Fiz especialização em Arte e Educação, Educador Comunitário e Comunicação Assistiva [destinada a pessoas surdas e deficientes visuais] e hoje sou intérprete de LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais – no Grupo de Fraternidade Espírita Irmã Scheilla. Inicialmente, por interesses profissionais, ao participar de um projeto de inclusão de pessoas com deficiência, minha professora de Cultura Surda – que é psicóloga e atende a pessoas surdas – comentou em bate-papo informal que gostava muito do espiritismo. Também no curso conheci muitos surdos. Um deles, filho de pais espíritas, que nunca havia participado de uma palestra por não existir em casas espíritas intérpretes de LIBRAS. Comecei a fazer estágio do curso e uma pessoa do Grupo Irmã Scheilla comentou que na reunião pública de domingo havia interpretação de LIBRAS. Que bacana, pensei. Quero conhecer esta pessoa e, quem sabe, fazer meu estáwww.correiofraterno.com.br

gio lá. Qual foi minha surpresa, era a minha professora interpretando para este amigo em comum! No começo era só ele. Depois veio a esposa. No outro mês apareceu um senhor e trouxe a namorada. Três meses depois veio outro jovem e com a divulgação vieram outros. Sintonizei-me imediatamente com a tarefa. Vale destacar que a professora intérprete dos domingos já acompanhou até mesmo um casal de surdos durante o trabalho em reunião de desobsessão. Em algumas ocasiões fiz também a interpretação em eventos da União Espírita Mineira. Os jovens surdos estão frequentando a reunião da mocidade espírita nos sábados à tarde. No grupo, alguns conhecem um pouco da LIBRAS. Os que não sabem vão aprendendo a se comunicar de maneira natural e divertida. Tenho acompanhado-os também em eventos, cinema, apresentação artísticas e percebo como é grande a alegria deles. É muito importante que os surdos tenham essa oportunidade de participar de todas as atividades nas casas espíritas, ampliando o conhecimento doutrinário e trocando ideias com outras pessoas, num convívio feliz onde todos aprendem uns com os outros. Agora você pode enviar o seu FOI ASSIM em vídeo para o nosso site. Veja em www.correiofraterno.com.br/foiassim. As melhores histórias serão premiadas com livros!

Emmanuel escreveu sobre Pierre de Vaux e os pobres de Lion Por CÍCERO PIMENTEL Na obra A caminho da luz psicografada por Francisco Cândido Xavier, Emmanuel cita no capítulo 28, ed FEB uma passagem de Pierre de Vaux, um rico negociante de Lion, França. Encontramos no livreto Les cathares (Os cátaros*), detalhes desta passagem sob o título “Os valdenses”. Estes homens seguiam ao pé da letra um trecho do evangelho de Mateus, cap. 19 vers. 21: “Se queres ser perfeito, vai e vendes tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; vem e segue-me, disse Jesus.” O rico comerciante, pouco instruído, decidiu em 1160 abandonar a sua esposa, seus filhos e seus bens e repartir a sua fortuna com a família e os pobres. Depois partiu de Lion e mandou traduzir os evangelhos no dialeto francês e começou a pregar. O arcebispo de Lion proibiu as pregações; eles foram excomungados e expulsos de Lion. O movimento dos chamados “pobres de Lion” durou muitos anos e seus adeptos refugiaram-se nos vales altos dos Alpes, na Sabóia e no Piemonte (Itália), com a tolerância do duque de Sabóia. Eis a lição para muitas pessoas. Nem sempre devemos seguir textualmente certas passagens da Bíblia. Cícero Pimentel - Ex-diretor da USE – Santo André / tradutor de francês * n. 373 bis, Paris, 1977, p. 16


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MUNDO SUSTENTÁVEL

Nem tudo é lei de destruição Importa reconhecer o gênero de destruição sobre o qual estamos falando Por ANDRÉ TRIGUEIRO

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spíritas e ecologistas entendem a necessidade da destruição para a manutenção do equilíbrio. Isso vale, por exemplo, para os incêndios de causa natural que renovam a vegetação de ecossistemas como o cerrado brasileiro, permitindo a limpeza do solo e a germinação de sementes. Ou ainda para a cadeia alimentar baseada na ação de predadores que caçam espécies mais vulneráveis, e assim sucessivamente, do mais forte para o mais fraco. É esse equilíbrio dinâmico – baseado em sofisticadas engrenagens que regem a vida e a morte

– que assegura a perenidade dos ecossistemas e dos seres vivos que neles existem. Há um capítulo inteiro em O Livro dos espíritos que explica a chamada Lei de Destruição, que é entendida como uma das leis morais da doutrina. “Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais de destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos”. Segundo o espiritismo, a necessidade de destruição não se dá por igual em todos os mundos, será cada vez menos necessária quanto

mais evoluído fisicamente e moralmente for o planeta em questão. Importa reconhecer o gênero de destruição sobre o qual estamos falando. Um, de origem antrópica, determina impactos negativos sobre os ciclos da Natureza, precipitando cenários de desconforto ambiental crescente. Há uma questão moral embutida nessa situação. Se entendermos que as práticas sustentáveis, em seus diferentes aspectos, significam fazer o bem, não ser sustentável – ou a inação num cenário de crise global – ajuda a desequilibrar a balança

para o outro lado. Se não existe neutralidade no Universo, e cada ação ou inação reverbera de maneira distinta na forma como interagimos constantemente com o cosmos, é importante que a tomada da consciência se desdobre na direção de novas ações, novas rotinas, novas escolhas em favor da vida. (Adaptado do livro Espiritimo e ecologia – Ed. Feb). André Trigueiro é jornalista, apresentador do Jornal das Dez e editor do programa Cidades & Soluções, na Globonews. www.mundosustentavel.com.br

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A eterna luta do bem contra o mal em mais um instigante romance de J. W. Rochester

A pulseira de Cleópatra J. W. Rochester Médium Arandi Gomes Teixeira 14x21 cm 256 páginas

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