Correio Fraterno 440

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ISSN 2176-2104

CORREIO

FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o

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J u l h o

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A g o s t o

Livraria itinerante: a ideia que deu certo O mineiro de Uberlândia, Adjair Fernandes, engatou a marcha do primeiro ônibus livraria espírita há 17 anos e já percorreu mais de 900 cidades do Brasil. Págs. 4 e 5.

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Quando o mundo vai T

acabar?

Espíritas defendem o estado leigo

erremotos, tsunamis e furacões de um lado. Extermínios, drogadição, inversão de valores de outro. É a vida da Terra com seus mais de 6 bilhões de habitantes. Planeta lindo, feito sob medida para a evolução necessária. Aos 4 bilhões e 600 milhões de anos, vive momentos cruciais. Proporcionalmente, por conversão nas escalas do tempo, caso a Terra fosse uma pessoa com 46 anos de idade, poderia ter assim resumida sua história: até os sete anos, não haveria vida; até os 42 anos, pouco se saberia a respeito; os dinossauros e os grandes répteis teriam aparecido aos 45 anos completos; os mamíferos teriam surgido há oito meses e, na metade da última semana, alguns macacos iniciam a evolução. Surge o homem moderno, há 4 horas, descobrindo na última hora a agricultura e fixando-se à terra. A revolução industrial emerge no último minuto; nos 60 segundos seguintes, o homem extingue milhares de espécies, forma grandes aglomerados urbanos, contamina ar, água e solo, ameaçando o planeta de forma global. Que morada é essa? Qual a sua destinação? Diz o espiritismo que a Humanidade está madura para lançar o olhar às alturas que nunca tentou divisar, a fim de nutrir-se de ideias mais amplas e compreender o que antes não compreendia. O texto está em A gênese, obra trazida por uma equipe de espíritos de escol, que aponta os caminhos futuros da Humanidade. O que estamos esperando? Leia nas páginas 8 e 9.

Leia as edições anteriores

Rio de Janeiro, século 19. Espíritas se movimentam e vão ao imperador D. Pedro II para tentar revogar a proibição do funcionamento dos Centros. Leia na pág. 7.

A responsabilidade dos comunicadores Segundo o jornalista André Trigueiro, a inovação tecnológica permite que todos sejamos provedores de conteúdos nas mais diversas redes que se interligam mundo afora, em questão de segundos. Convém perguntar: que emprego estamos fazendo dessas ferramentas? Leia na pág. 15.

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EDITORIAL

A lógica

e a força da palavra

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ivemos tempos interessantes para nossa evolução espiritual, mas também é do nosso conhecimento que o progresso não dá saltos e que a lei divina é regida pela harmonia, onde tudo se encadeia e nada acontece por acaso. Os avanços tecnológicos são visíveis sem muito esforço. Juntamente com eles paira, porém, certo incômodo diante de tantas informações acerca do futuro. Ouve-se de tudo, lê-se de tudo, fala-se de tudo. Muitos opinam e poucos conseguem concluir o que seja realmente verdade diante de tantas opções que se abrem para o conhecimento humano.

Esta edição é um convite à avaliação sobre o nosso papel como fomentadores e consumidores da informação. Qual o nosso critério diante dessa facilidade? Seja na entrevista com o sr. Adjair, que percorre o Brasil num ônibus repleto de livros pelo ideal espírita, seja na matéria de capa ou nos artigos oportunos de Heloísa Pires, André Trigueiro e George De Marco, que alertam justamente para a necessidade do uso da lógica tão recomendada por Kardec, há muito que se pensar. Ao chegar ao final, você, leitor, vai perceber que o momento é serio. Não pelo o que há pela frente a ser desvendado, mas pela

Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências.

responsabilidade que nos cabe de aprender a discernir para construir um mundo melhor. Somos espíritos imortais e o caminho a trilhar é que vai falar mais alto. Reflitamos então sobre a força da palavra – escrita e falada. É verdade? É útil? É bom? São crivos mesmo indispensáveis antes de tentarmos dizer qualquer coisa. Boa leitura a todos!

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

CORREIO DO CORREIO O bem da divulgação A repercussão da entrevista [“Os desafios da gestão da casa espírita”, edição 439, maio/junho 2011] foi muito positiva. Colegas do interior e de outros estados entraram em contato afirmando terem lido e apreciado o conteúdo. Alguns até solicitaram orientações e sugestões sobre a gestão da casa espírita que dirigem. O Correio tem uma penetração bem significativa no movimento espírita. Parabéns pelo trabalho! Marco Milani, por e-mail

O último texto de Paulo Viola Caros amigos do Correio Fraterno. Acusamos o recebimento da edição 439, ao mesmo tempo em que agradecemos a publicação do último texto escrito pelo jornalista Paulo Roberto Viola e enviado a esse jornal, poucos dias antes de seu desencarne. Gratos pela atenção sempre dispensada ao nosso amado marido e pai. Risonete Patelo Viola e Luiz Felipe Viola Rio de Janeiro, RJ

Site do Correio Fraterno Muito bom o site do Correio Fraterno. Matérias interessantes, com conteúdo doutrinário expressivo, possível de ser utilizado em estudos nos centros espíritas. Parabéns a toda a equipe. Edison Luiz Campos, por email Tem espíritos no banheiro? Li o livro Tem espíritos no banheiro? e achei bem legal. Uma temática que envolve nossas crianças e nossos jovens. Continuem assim, sempre escrevendo coisas boas. Paulo, por facebook

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

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• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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ARTIGO

“Chico disse?…” Por HELOÍSA PIRES

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médium Francisco Cândido Xavier trabalhou a vida toda, não só para sobreviver, mas também pela causa espírita. Deixou o exemplo de idealismo e compreensão do “dai de graça o que de graça recebeste”. O espírito desencarnado Emmanuel o acompanhou sempre, espírito iluminado que auxiliava o grande médium a expressar uma vida baseada nos ensinamentos de Jesus. Chico fez pela doutrina espírita o que raros realizaram. Exemplificou a transformação moral que caracteriza o verdadeiro espírita. Esqueceu seus sonhos para trabalhar pelo próximo. Perdeu horas de sono, dispensou o descanso físico, dedicou suas horas livres do trabalho profissional para amparar, consolar os necessitados. Suas opiniões pessoais revelam o seu raciocínio, espelhando bom senso e fé raciocinada. Enquanto estava entre nós, na expressão do corpo físico, exemplificando a sua capacidade de pensar e respeitar a ciência, não tiveram a coragem de inventar que Chico dissera isto ou aquilo. Mas o grande homem esgotou, após mais de noventa anos, o seu tempo na Terra. Nós, que tanto o amamos e entendemos em parte a grandeza do seu trabalho, reconhecemos que ele havia realizado impecavelmente a tarefa combinada no plano espiritual. Contribuiu para a credibilidade do espiritismo, apresentou o mundo espiritual na visão iluminada de Jesus. Apresentou dimensões melhores e as de necessidade, mas sempre com a iluminação do Consolador Prometido, o espiritismo; nunca amedrontando ou causando desconforto e desequilíbrio. Seus livros psicografados não endeusam a força das trevas, mas mostram que a luz emanada pela espiritualidade superior é que domina e controla o planeta. Apresenta Deus como o pai que Jesus descreve na parábola do filho pródigo. Não bastasse a superioridade espiritual de Chico, havia ainda a presença constante de Emmanuel aconselhando-o, velando pelo grande tarefeiro, mergulhado em um planeta ainda de provas e

expiações. Chico psicografou romances e livros científicos como Evolução em dois mundos e Mecanismo da mediunidade, que comprovam sua capacidade intelectual e moral, pois demonstra o instrumento mediúnico aguçado, bem preparado que sempre foi, compreendendo que a Terra passaria por grandes transformações físicas pois é um planeta amadurecendo para a realização da sua grande tarefa: hospital-escola de um grande número de espíritos destinados ao desenvolvimento pleno, que vai se transformar em um mundo de regeneração, com paz, amor e justiça. Como o convite realizado na parábola do festim de núpcias, para comparecermos a um grande evento, uma festa em dimensões melhores, aqueles que permanecerem no desconhecimento da Lei de Amor, exemplificada por Jesus, continuarão seu crescimento espiritual em outras escolas semelhantes. Não há castigo, é o amor de Deus que concede aos filhos novas oportunidades. E não há filhos privilegiados, pois fomos criados simples e ignorantes com potencialidades a serem desenvolvidas através das várias encarnações. Em uma entrevista ao SBT, Chico diz que o Brasil seria a Pátria do Evangelho, se os brasileiros conseguissem realizar essa possibilidade; mas, caso não o fizessem, o país poderia entrar em decadência... Lúcido, bom senso por ele mesmo, capacidade de compreender as necessidades do povo brasileiro que realmente não tem conseguido a expressão de superioridade espiritual. Mas se Chico precisasse, Emmanuel estaria ao seu lado para aconselhar, não permitindo que ele falasse tolices. Ora, se quando entre nós, no corpo físico, foi profundamente respeitado, por que só agora começam apresentar opiniões pessoais atribuindo-as a Chico? Será que pensam que Francisco Cândido morreu? Não sabem que a morte não existe e que Chico está mais vivo do que nós? Não sabem que ele observa e analisa o que estão fazendo com o seu trabalho? O que não foi dito como pensamento

de Chico, enquanto Heloísa Pires ele estava mergulhado na carne deve continuar no silêncio. “Melhor rejeitar noventa e nove verdades a aceitar uma mentira.” Respeitemos o grande espírito. Deixemos em paz o grande médium. A obra dele é tão extensa que basta estudá-la para compreendê-la melhor, sem nada inventar. Deturpamos os ensinamentos de Jesus e temos que ter cuidado, como diz J. Herculano Pires no livro Ciência espírita, para não repetirmos o erro na divulgação do espiritismo. Ideias bizarras, anticientíficas não podem ser aceitas por aqueles que estudam ou deviam estudar essa doutrina que provoca o despertar das consciências, o desenvolvimento da razão iluminada pela fé. Mesmo que Chico houvesse dito algo semelhante, seria necessário estudar o momento, o contexto, o sentido geral. Agora, se só sobrasse o Brasil após o suposto “apocalipse de Chico”, o feitiço viraria contra os feiticeiros, porque a vida ficaria insuportável em um país esquartejado e com uma superpopulação acima do que poderia suportar. Se a vida no Brasil com tanta corrupção, tráfico de drogas violência, já é difícil, o que justificaria sermos os escolhidos, o povo superior aos outros habitantes da Terra? Poupem-nos e respeitem o ser maravilhoso que tanto fez por todos nós: Francisco Cândido Xavier, o médium que melhor exemplificou os ensinamentos de Jesus. Pedagoga, oradora e escritora espírita, Heloísa Pires é filha do professor e filósofo Herculano Pires.

O que não foi dito como pensamento de Chico enquanto ele estava mergulhado na carne deve continuar no silêncio www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA

Livraria itinerante

a ideia que deu certo Um assalto inspirou a criação da livraria, que já recebeu mais de quatro milhões de visitantes

Adjair Fernandes: O distribuidor de livros que coleciona histórias

Por IZABEL VITUSSO Não é apenas a internet que tem facilitado o acesso crescente de pessoas de todo o Brasil e do mundo ao conteúdo espírita. Na verdade, a sua popularização ainda engatinhava quando o mineiro de Uberlândia, seu Adjair Fernandes de Faria, resolveu engatar a primeira marcha de um ônibus com livraria itinerante e levar pessoalmente as mensagens de consolo, cultura e conhecimento aos lugares mais longínquos do Brasil. A quase três mil quilômetros de distância de sua cidade de origem, ele nos responde à entrevista, revelando o entusiasmo com que realiza esse trabalho. Em que momento o senhor teve a ideia de usar um ônibus para divulgar o espiritismo? Adjair: Já tínhamos utilizado quase todos os meios para incentivar o uberlandense ao hábito da leitura dos livros espíritas: uma livraria bem montada, clube do livro, mensagens espíritas escritas em laterais de doze prédios da cidade, edição de 53 feiras do livro espírita. E Deus nos busca, quando vê em nós um pouquinho de vontade. Nos fins dos anos 90, Uberlândia vivia um clima de tensão, diante de uma onda de assaltos. Talvez um pouco tenso com tais fatos, passando numa manhã de sábado pelo nosso filho Éverton, que lavava seu novo Escort, tivemos a intuição de dizer: “se alguém lhe www.correiofraterno.com.br

pedir o carro, você entrega e agradece, ouviu?” Não deu outra, no dia seguinte ele e sua noiva foram levados por assaltantes. Mas confiante em Deus, tendo a certeza de que nada acontece por acaso, diante do desespero da mãe e das três irmãs, chamamos a atenção pedindo que pegassem o Evangelho e orassem, principalmente para os assaltantes. Só no dia seguinte eles nos ligaram de uma granja, dizendo que estavam sãos e salvos. Contando depois os detalhes do ocorrido, Éverton disse que perguntou aos dois rapazes por que eles levavam aquela vida, por que assaltavam. Um deles respondeu: “Porque não sabemos fazer outra coisa.” Éverton então propôs: “Mesmo que vocês queiram nos devolver este carro,

não queremos mais.” Vamos voltar, vendê-lo e, com o dinheiro, montarmos uma mercearia para vocês. Diante do silêncio, Liliam, noiva do Éverton, pediu ao assaltante que estava no banco dianteiro que pegasse O evangelho segundo o espiritismo no painel do carro. Ele folheou e ao entregar o livro disse: “É, uma vez minha mãe me levou a um centro espírita.” Ao pegá-lo, aberto, Liliam colocou-o sobre o peito e orou, pedindo a mãe Cornélia [mentora do centro que frequentam] que os protegesse. Em seguida, o rapaz perguntou: “Não vai ler?” Ela, assustada, olhou para a mensagem e deparou-se com o título “Caridade para com os criminosos”. Sem jeito, olhou para Éverton e entregou-lhe o livro. Este começou a ler com dificuldade, pela pouca luz. Foi quando o rapaz que dirigia parou e disse: “Leia pelo farol do carro.” Desceram todos em um lugar ermo. A lição foi lida e comentada com muito amor. Três dias se passaram. Indo do almoço para o trabalho, envolto em pensamentos, ao parar na esquina, vi um lindo ônibus e já ‘enxerguei’ dentro dele uma livraria. E qual seria a estratégia de vendas? Adjair: Em vez de o leitor ir ao livro, levaríamos o livro até ele. E pensei: se por acaso o carro sequestrado voltar, compraremos

um ônibus. Iremos de bairro em bairro em Uberlândia. O carro foi encontrado e no dia 29 de agosto de 1991 inauguramos o primeiro Ônibus Livraria Espírita Ambulante Chico Xavier, bem no dia do nascimento do Dr. Bezerra de Menezes. O ônibus ficava apenas em Uberlândia? Adjair: Os resultados eram bem relevantes em termos de vendas de livros, distribuição de mensagens. Abortos e suicídios foram evitados, divórcios não consolidados. E perguntamos: Por que só Uberlândia? Em 1993, comecei a prevenir a família, dizendo: vou percorrer de ônibus todas as cidades do Brasil. Houve alguma orientação espiritual no sentido de divulgarem a doutrina de forma itinerante? Adjair: Eu e minha esposa nunca dormíamos sem antes ‘sortear’ uma lição do Evangelho para ler. No dia 2 de novembro de 1993, ela abriu no capítulo 23 item 4 – “Deixai pai, mãe, esposa, filhos, e fazendas e ide pregar o Evangelho”. No dia 3, abri e caiu no mesmo capítulo. No dia 4, ela abriu, e ...adivinha? Isto aconteceu 18 vezes, só no mês de novembro. No dia 31 dezembro, já estávamos com um lindo ônibus, que em março já estava prontinho. E logo veio a ideia de alugarmos um galpão para guardá-lo até o início de janeiro, quando estava então programado para sairmos. Mas não deu tempo. Ligaram de Uberaba, pedindo que levássemos o ônibus para o Chico [Xavier] conhecê-lo. No dia 12 de março estávamos abrindo pela primeira vez nosso abençoado ônibus em Uberaba para não mais parar. E os assaltantes? Não tiveram mais notícias deles? Adjair: Uma vez presos, sugerimos ao nosso filho para que não os ‘identificassem’. Um deles já tinha mais de 150 anos de detenção; o outro, um jovem de 16 anos – que depois acabamos até mesmo implantando a prática do “Evangelho no Lar” em sua casa – acabou por acompanhar meu filho nas atividades no centro. Foi trabalhar conosco na imobiliária, cuidando de assuntos de confiança. Por conta de visitar o primeiro, entramos na cadeia pública com a atividade da sopa e diálogo fraterno, che-


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ENTREVISTA se queixando do problema! Chegamos a divulgar uma frase no vidro do ônibus dizendo que a depressão tem cura, convidando para entrarem e terem mais informações. Haja Evangelho!

gando em pouco tempo a termos contato muito próximo com os 117 detentos. Eles viraram filhos queridos. Por quantas cidades já passou? Tem computado o número de visitantes e livros vendidos nesses quase 20 anos? Adjair: Passamos por 903 cidades, onde tivemos o prazer de ‘morar’ por alguns dias bem no centro de cada uma delas, com alvará e tudo. Somam ao todo 18 estados e oito municípios dos países vizinhos (Paraguai, Argentina e Uruguai). Já tivemos a oportunidade de apertar as mãos de cerca e 4 milhões de visitantes, de recém-nascidos a amigos com 97 anos, como do nosso querido Hugo Gonçalves, de Cambé, PR, uma das visitas que mais me emocionaram. Já distribuímos cerca de 50 milhões mensagens, vendemos 130 mil exemplares de O evangelho segundo o espiritismo, 140 mil de O livro dos espíritos e O livro dos médiuns, seguidos de um minucioso roteiro de como estudá-los. Nesses anos todos, o senhor sentiu mudança no perfil dos leitores que procuram o ônibus? Adjair: Muitas mudanças e são vistas a olho nu. Nunca houve um momento tão propício para a divulgação do espiritismo. Os jovens de hoje não aceitam mais a ingênua lenda de que o primeiro homem foi feito do limo da terra e a mulher da costela de Adão; que estamos pagando pecado da Eva; que Deus castiga. Quando passamos para eles as belezas do espiritismo, tudo cai como uma luva em suas mentes. Outro fato é a questão da depressão. Quantos Evangelhos, O livro dos espíritos, O livro dos médiuns já vendemos para os que chegam

O senhor consegue avaliar a extensão desse trabalho? Tem ideia de que em muitos locais os livros espíritas não chegariam se não fosse esse trabalho? Adjair: Avaliem vocês: Neste momento em que respondemos a esta pergunta, estamos na cidade de Santa Luzia D’oeste, em Rondônia, uma cidade com nove mil habitantes, com sete igrejas evangélicas, duas católicas, dois terreiros de umbanda e nenhum centro espírita e até agora não apareceu nenhum espírita. São 18 horas do dia 16 de julho de 2011. Chegamos aqui às 22 horas do dia 14. Antes, fomos a duas rádios e contratamos 55 inserções, convidando principalmente as crianças, para participarem de uma promoção: chegarem no ônibus e dizerem que ouviram a chamada na rádio para ganhar três lindos livrinhos sobre a história de Chico Xavier. Vejam os resultados: Mais de 200 livrinhos distribuídos, 38 Evangelhos, 16 O livro dos espíritos, 11 exemplares de O livro dos médiuns e vários outros, inclusive romances, além de centenas de mensagens distribuídas. Isto em um dia e meio. Conte um fato que tenha ocorrido e que o marcou. Adjair: Realmente, são muitas emoções. É raríssimo o dia em que vamos repousar que não tivemos um motivo para sermos agradecidos. São testemunhos ao vivo ou telefonemas de irmãos que tentaram o suicídio, de ex-depressivos e divorciados ou prestes a se divorciar que nos relatam suas atuais situações, após terem levado a sério a leitura das obras da codificação. São indescritíveis estes momentos. O que o senhor falaria para encorajar outros grupos a realizar tarefa semelhante? Adjair: Não teria como falar ou encorajar quem quer que seja sem antes fazer um

apelo para que busquem no capítulo 20, no item 4 do Evangelho, o verdadeiro espírito da letra da mensagem A missão dos espíritas, trazida por Erasto. Primeiro: Quantas vezes ele repetiu a palavra ‘ide’?. Segundo: De quem foi a culpa do espantoso crescimento do culto ao bezerro de ouro que hoje vimos? Terceiro: Quem serão os esmagados, referidos nas três últimas linhas? Veja quem tem olhos de ver... Aconselharia ainda para se dedicarem ao estudo. Tirarem que sejam 20 minutos por dia para cada um dos livros já citados. Se esta sugestão fosse aceita e praticada, com certeza muitos iniciariam as compras, montagens e início da peregrinação de 27 ônibus no mínimo, que seriam montados por todas as Federações Espíritas, indo de cidade em cidade, onde de tempos em tempos poderiam retornar, condições que nós não temos. Onde o senhor está agora? Vai ficar até quando? Adjair: Neste exato momento, estamos estacionados na avenida Guaporé, esquina com a rua Rio Branco ao lado da arborizada praça da Prefeitura de Cacoal, em Rondônia. Ficaremos até o dia 30 de julho, quando partiremos para Ministro Andreazza. Por quantos meses fica fora toda vez que sai? Adjair: Quando as netas começam a ameaçar de deserdar o avô, corremos lá e fazemos as pazes com elas. Matamos as saudades e voltamos com vontade redobrada de trabalhar. A média de dias que o nosso ônibus fica com suas portas abertas das 9h às 20h30 é de 320 dias por ano – já teve ano de ficar 347 dias. Quais os planos futuros, os próximos desafios? Adjair: Sobre os planos, temos um só: ter a mesma saúde e mesma disposição até chegar a última cidade dos dez estados que ainda faltam. É a única coisa que peço a Deus. E Ele há de nos dar. Nesses 17 anos nunca tivemos uma dorzinha sequer ou a menor indisposição que pudesse prejudicar essa abençoada jornada. Se continuarmos nos esforçando por merecer, com certeza vamos chegar lá.

LIVROS & CIA. FEEGO Tel.: (62) 3281-0200 www.feego.org.br Os primórdios do espiritismo em Goiás (coleção “Memória espírita do estado de Goiás”) organizado por Airton Veloso e Eurípedes Veloso 202 páginas 14x21 cm

Editora 3 de Outubro Tel.: (11) 2691-0507 www.editora3deoutubro.com.br Perdoo-te – memórias de um espírito do espírito Íris, médium Eudaldo Pagés organizado por Amália Domingo y Soler 696 páginas 17x24 cm

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e-mail: onibuslivrariaespiritachicoxavier@hotmail.com Leia a íntegra da entrevista no site www.correiofarterno.com.br www.correiofraterno.com.br


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JULHO - AGOSTO 2011 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

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BAÚ DE MEMÓRIAS

O ataque da imprensa contra o espiritismo Por MILTON FELIPELI D. Pedro II

Cairbar Schutel

No tempo da Corte Imperial, espíritas buscam apoio em D. Pedro II para terem o direito de ser espíritas. Cairbar Schutel também se engaja nessa luta

D

epois da metade do século 19, a imprensa, no Rio de Janeiro (sede da Corte Imperial), realizou vários ataques contra o espiritismo. Com sede também no Rio de Janeiro, o Grupo Confucius iniciou, em 1875, a edição de uma revista intitulada Revista Espírita, com o mesmo nome da Revue Spirite, publicada em Paris por Allan Kardec. Em suas páginas, a revista publicou diversos artigos em refutação aos ataques que eram feitos contra o espiritismo pelo Jornal do Comércio que dizia ser “o espiritismo uma epidemia mais perigosa que a febre amarela.” Em 28 de agosto de 1881 os jornais O Cruzeiro e Jornal do Comércio noticiaram oficialmente a ordem policial que proibia o funcionamento da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, e também de todos os seus centros espíritas filiados. Apesar do ministro da justiça receber em audiência os diretores do Centro e de afirmar que não consentiria qualquer perseguição, no dia 30 daquele mês a sociedade foi intima-

da a suspender suas reuniões. Os espíritas se movimentaram e compareceram, em comissão, até o imperador Dom Pedro II, solicitando a revogação da ordem. O imperador também confirmou que não admitiria nenhuma perseguição aos centros espíritas. Porém, como a ordem não fora revogada, a proibição foi mantida. Diversas outras gestões foram efetuadas, posteriormente. E importante é destacar que a tônica desenvolvida pelos inimigos do espiritismo enfocava que as práticas mediúnicas eram associadas à loucura e a estados de demência. Os espíritas tentavam explicar publicamente que a mediunidade não causava qualquer mal. Em 1904, a Federação Espírita Brasileira foi intimada a comparecer perante o Juízo dos Feitos da Saúde Pública para ser processada por realizar trabalhos espíritas e prescrever a homeopatia. Diversos outros processos foram abertos contra a Federação, assim como contra diversos médiuns receitistas e curadores. Em todos os processos os espíritas foram absolvidos. No período da República Velha, o catolicismo brasileiro detinha o monopólio religioso. O Vaticano fortalecia o clero bra-

sileiro. Beneditinos e jesuítas chegavam do exterior para instalar seus colégios. O objetivo era estabelecer o ensino religioso nas escolas públicas. Em 1934, sob o governo de Getúlio Vargas, Alceu de Amoroso Lima [pensador e líder católico brasileiro], por ocasião da reforma educacional, propôs que a educação pública fosse de orientação católica. A Igreja mantinha assim as suas prerrogativas de religião oficial. Em 1937, a sede da Federação Espírita Brasileira e os centros espíritas filiados foram fechados pela polícia. A sociedade se mobiliza em favor do Estado leigo e as pressões sofridas pelos espíritas e umbandistas em um país de intolerâncias resultaram na suspensão do funcionamento de todos os centros. No meio espírita paulista, uma voz se levanta, entre outras, em apoio às iniciativas da Coligação Nacional Pró-Estado

Leigo, fundada por Artur Lins de Vasconcelos Lopes, em 17 de maio de 1931. Essa voz foi a de Cairbar Schutel. A sede do Movimento era o Rio de Janeiro e tinha o apoio de milhares de brasileiros. A iniciativa mantinha um caráter apolítico, que não entrava em discussões religiosas, não atacava o catolicismo. Apenas defendia os direitos de cidadania de qualquer pessoa seguir livremente sua própria corrente de pensamento. E foi na cidade de São Carlos, interior paulista, onde se formou um comitê de ação de espíritas, maçons, liberais, democratas e religiosos da zona araraquarense que se levantaram contra a supressão do livre pensamento. Vale lembrar a opinião de Allan Kardec, inserido em Obras póstumas: “O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural e a reclama para si e para todo o mundo. Respeita toda a convicção sincera e pede a reciprocidade. Da liberdade de consciência, resulta o direito de livre exame em matéria de fé.” Veja outra informações e as fontes consultadas no site www.correiofraterno.com.br Escritor, membro da Associação dos Divulgadores do Espiritismo de São Paulo. E-mail: miltonfelipeli@ig.com.br

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ESPECIAL Prever a hora final da humanidade não é de hoje. Inúmeros falsos profetas amedrontaram as multidões em todos os tempos, e com isso só conseguiram provocar tragédias. Além de errar vergonhosamente todas as previsões, é claro.

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erremotos, furacões e tsunamis costumam lembrar os sinais precursores previstos no apocalipse, servindo de justificativa aos charlatões. Atualmente, esses adivinhos de araque aproveitam-se da credibilidade da ciência e misturam previsões catastróficas com dados pseudocientíficos. Porém, bastam alguns anos e as previsões são desmentidas, os profetas escolhem novas datas e começa tudo de novo! Há para a ciência um fenômeno que certamente aniquilará o planeta Terra: a expansão do Sol. Ele está fundindo núcleos de hidrogênio em hélio. Como existe uma quantidade limitada desse gás, aos poucos ele está diminuindo sua temperatura, até que um dia ele vai se expandir e engolir

Não olhem para o céu em busca dos sinais precursores, porquanto nenhum verá, e quem os anunciar estará a enganá-los (Revista Espírita de 1866) www.correiofraterno.com.br

nosso planeta. Mas é fundamental avisar que isso só vai acontecer daqui a 5 bilhões de anos! E o que poderíamos dizer sobre o fim do mundo segundo o espiritismo? Há 150 anos, os espíritos da codificação já previam os rumos da humanidade, afirmando: “Não olhem para o céu em busca dos sinais precursores, porquanto nenhum verá, e quem os anunciar estará a enganá-los. Olhai em torno de vós, entre os homens: aí é que os descobrirão” (Revista Espírita de 1866). Desde aquela época, século 19, toda miséria e sofrimento foram criados pelo próprio homem. Sonhava-se com as máquinas trazendo riquezas e tecnologia trazendo felicidade, liberdade e progresso para a humanidade. No entanto, como a grande massa trabalhadora não tinha instrução, recursos e regras para exercer a tal liberdade, o resultado de dois séculos dessa prática foi: de um lado, miséria, fome, sofrimento; de outro, riqueza acumulada para uma minoria, poluição, desperdício e violência. Estamos acabando com o ar e os rios; as terras estão sendo envenenadas com agrotóxicos; a atmosfera, sendo afetada pela ação deliberada do homem moderno. Segundo cientistas, o futuro é triste e sombrio. A verdadeira ameaça saiu da própria ganância, orgulho e egoísmo do próprio homem, aqui na Terra mesmo. Esses mesmos Espíritos avisaram sobre as consequências da ganância: “Não sentis que uma espécie de vento sopra sobre a Terra e agita todos os espíritos? O mundo se acha na expectativa e como que presa de um vago pressentimento de que a tempestade se aproxima”, explicaram em Obras póstumas. O tempo passou e hoje ninguém mais está satisfeito com esse jeito de viver. Nem

Afinal,

quando será o fim d

MUNDO Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

o rico e nem o pobre estão seguros. Uma revolução está para acontecer a qualquer momento. Mas não será uma ingênua e sem frutos revolução armada. Nem nos esmagará um dedo divino destruidor e vingativo. “A Humanidade chegou a um dos períodos de sua transformação e o mundo terreno vai elevar-se na hierarquia dos mundos”, disseram os Espíritos no mesmo livro, anunciando, enfim, o fim do mundo: “É o velho mundo, o mundo dos preconceitos, do orgulho, do egoísmo e do fanatismo que se esboroa. Cada dia leva consigo alguns destroços. Tudo dele acabará com a geração que se vai e a geração nova

erguerá o novo edifício, que as gerações seguintes consolidarão e completarão”. Para compreender os novos tempos é preciso romper os limites do materialismo e lançar um novo olhar, observando que a humanidade se comporta como se fosse uma pessoa, evoluindo desde bebê, tornando-se criança (fase inicial pela qual a humanidade viveu sua pré-história), passando pela adolescência (onde a revolta e o conflito de valores conturbam a personalidade – estamos nesta fase) e, enfim, alcançando a maioridade, fase adulta em que assume seus valores e obrigações. A Terra vai entrar na fase adulta e para isso precisa evo-


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plicidade é um valor precioso, mas a ingenuidade pode levar aos falsos caminhos. O materialismo está entranhado nas ciências e filosofias, e a verdade permanece obscurecida por um véu de ignorância. Os ensinamentos contidos na doutrina espírita são uma baliza segura, para quem não está em busca de novidades inúteis: “O Espiritismo é a senda que conduz à renovação, porque destrói os dois maiores obstáculos que se opõem a essa renovação: a incredulidade e

do

O? luir moralmente, já que intelectualmente fez e está fazendo o que pode. Uma nova geração vai surgir, superando defeitos e explorando novos potenciais: “Trata-se, portanto, muito menos de uma nova geração corporal, do que de uma nova geração de espíritos. Assim, desapontados ficarão os que contem que a transformação resulte de efeitos sobrenaturais e maravilhosos”. A nova geração comportará, assim, todos os indivíduos que abracem as ideias progressistas destinadas a dar condições apropriadas para todos os homens. Os nossos conturbados tempos se explicam, portanto, pelo convívio conco-

9

o fanatismo; porque faculta uma fé sólida e esclarecida”, em Obras póstumas. E para quem ainda tem dúvidas, não, a Terra não vai acabar. Os homens conquistarão os valores da alma, e a humanidade será, enfim, feliz. Quem tem olhos de ver, que veja! Administrador de empresas, autor do livro Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos. Ed. Lachâtre. E-mail: paulo@mesmer.com.br

O fim do mundo em 1840, em 1911, em 2000, em 2012, em 2019...

Décio Iandoli: uma visão integral do paciente

mitante de duas gerações antagônicas de espíritos entre nós. “A nova geração se distingue por uma inteligência e uma razão, em geral, precoces, juntas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá tão somente de espíritos eminentemente superiores, mas de espíritos que, já tendo progredido, estão predispostos a assimilar as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento regenerador”, explicaram os espíritos no livro A gênese. Hoje vivemos os dias difíceis de transição. Não basta ter boa vontade. A sim-

Falsos profetas anunciaram, anunciam e vão continuar anunciando a extinção do planeta. Cada um deles acha-se o escolhido salvador da humanidade. No tempo de Allan Kardec, 150 anos atrás, obras anunciando a tragédia final também faziam sucesso, conforme texto publicado na Revista espírita de 1868, sobre um pequeno livro, O fim do mundo em 1911, bastante divulgado em Lyon, e que havia acabado de chegar em Paris: “Entre os vivos de hoje, mais de um será testemunha dessa grande catástrofe”, ironizava Kardec, dizendo que ali não se tratava de uma figura, mas do fim real, o aniquilamento da Terra e a destruição completa de todos os seus habitantes. Lembrou ainda o codificador que o fim do mundo já havia também sido predito para o ano de 1840. “Isso foi pregado nas igrejas e anunciado em alguns catecismos de Paris. Esmolas foram pedidas e doações provocadas para salvar as almas”, informava, destacando ainda que, ao ler na Sociedade de Paris os fragmentos narrados acima, o antigo colega desencarnado, Jobard, dera a seguinte comunicação: “Eu passava, quando ouvi a vibração de uma imensa gargalhada. Escutei com interesse e, tendo reconhecido o barulho do riso dos encarnados e dos desencarnados, disse a mim mesmo: Sem dúvida, a coisa é interessante, vamos ver! O fim do mundo!... Ah! Meu Deus, disse a mim mesmo, e se for o fim do mundo? A voz de vosso presidente e meu amigo [Kardec] tendo vindo até mim, ouvi que lia algumas passagens de um livro onde se anuncia o fim do mundo como muito próximo. O assunto me interessou. Escutei atentamente e, depois de ter maduramente refletido, venho, como o autor desse livro, vos dizer: Sim, senhores, o fim do mundo está próximo! Se o medo do fim do mundo causa terror nas pessoas, ela fere igualmente os espíritos atrasados do mundo espiritual. Todos aqueles que, embora espíritos, vivem mais materialmente, se amedrontam a essa ideia, imaginando a destruição da matéria. Por mim, pensei: Sim, o fim do mundo está próximo, ele está ali, eu o vejo, eu o toco... Mas de que mundo é o fim? Será o fim do mundo da superstição, do despotismo, dos abusos mantidos pela ignorância, da malevolência e da hipocrisia; será o fim do mundo egoísta e orgulhoso, do pauperismo, de tudo o que é vil e rebaixa o homem.” (Revista Espírita de 1868)

A resposta de Chico e Emmanuel no Pinga-Fogo O que a doutrina espírita pode dizer a respeito do fim dos tempos, isto é, como ocorrerá a transformação do planeta em planeta de provas e expiações para o de regeneração? Através da busca da espiritualização, superação das dores e construção de uma nova sociedade, a humanidade caminha para a regeneração das consciências. Emmanuel afirma que a Terra será um mundo regenerado por volta de 2057. Cabe a cada um, longa e árdua tarefa de ascensão. Trabalho e amor ao próximo com Jesus, este é o caminho. (Do livro Plantão de respostas – Pinga Fogo II – Editora Ceu) www.correiofraterno.com.br


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ENSAIO

Acenda a sua

É

rico Veríssimo (1905-1975) é um dos mais populares escritores brasileiros do século 20. Ele narra em sua autobiografia, Solo de clarineta, que quando contava com a idade de 14 anos, ajudava um médico que fazia curativos num homem que havia sido surrado por policiais militares. Cabia a ele segurar a única lâmpada elétrica que iluminava o local. Tomado pelo horror da cena e por certa náusea, Veríssimo, porém, não ousou largar seu posto. Se o ferido aguentava as suturas que o médico lhe fazia sem gemer, por que ele não ficaria ali, ajudando o doutor? Esta experiência fez com que Veríssimo chegasse à seguinte conclusão, já adulto e escritor consagrado: “O menos que um escritor pode fazer, numa época de atrocidades como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como sinal de que não desertamos nosso posto”. Toda vez que escrevo um artigo estou acendendo meu toco de vela. Ou riscando fósforos repetidamente. Assim é com todos que escrevem, principalmente os que têm a responsabilidade de divulgar o espiritismo. Convenhamos, não é fácil, como nunca é fácil fazer valer a luz no meio das trevas. Talvez por isso, muitos acabem naufragando nos mares da facili-

candeia Ou o seu toco de vela Por GEORGE DE MARCO

dade de escrever por escrever, sem compromisso nem responsabilidade com a doutrina espírita. Kardec sabia disso. Allan Kardec coordenou, no século 19, a sistematização dos ensinamentos dos espíritos que contêm elementos científicos, filosóficos e uma orientação ético-moral. Assim, foi concebida a doutrina espírita, ou espiritismo – não um toco de vela, mas um farol de luz para a humanidade. Cuidadoso, Kardec escreveu na Revista Espírita de 1858 verdadeiras diretrizes, norteando o trabalho de divulgação do espiritismo. Numa delas, Kardec destaca que não se deve responder a ataques contra o espiritismo, abstendo-se de polêmicas personalistas, mas fala em “discussão dos princípios que professamos”. Parece óbvio, mas vale a pena traduzir: Não sendo uma doutrina hermética, o espiritismo está aberto a debates e a polêmicas mas devemos entregarmo-nos somente a discussões em defesa dos princípios espíritas. Eis a postura de todo e qualquer veículo de comunicação: imparcialidade e responsabilidade com os fatos. Mas esta responsabilidade não diz respeito apenas a quem divulga. Fala, também, a quem lê. Sim, amigo leitor, amiga leitora: é sua responsabilidade saber separar o joio do trigo. De exigir integridade e postura firme do seu veículo de divulgação. Por isso, o Espírito Verdade conclamava: “Espíritas, instruí-vos”, pois nosso bom amigo e mestre Jesus já ensinava que só o conhecimento da verdade liberta. Um espírita bem informado não se submete a qualquer coisa cujo conteúdo passa longe, muito ao largo, da verdadeira doutrina; nem perde seu tempo com pseudoautores “espíritas” que se apresentam com a “missão de salva-

Muitos acabam naufragando nos mares da facilidade de escrever por escrever, sem compromisso nem responsabilidade com a doutrina espírita. Kardec sabia disso guardar e divulgar o espiritismo” utilizando-se de opiniões que revelam o quanto há de misticismo no meio espírita. Urge, pois, que “acendamos nossa candeia”. Mas haja toco de vela! George De Marco é publicitário e radialista. E-mail: george@correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br


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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br

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CRIPTOGRAMA DO CORREIO Resolva o desafio e descubra o nome do novo segmento de publicações da Correio Fraterno.

Por que nem todas as edições do livro O céu e o inferno contêm prefácio?

1. Aprova

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7º Simpósio de Comunicação Social Espírita Será realizada nos dias 10 e 11 de setembro a SET 7.ª edição do Simpósio de Comunicação Social Espírita, coordenado pela Associação do Divulgadores do Espiritismo de São Paulo e Campinas. Palestra de abertura (às 20h) com Éder Fávaro, sobre “A importância dos canais de comunicação na divulgação do espiritismo para a sociedade”. Local: Grupo Espírita Manoel Bento, rua Alfredo Pujol, 77, Santana, São Paulo- SP . Informações: (11) 3859-7267 3245- 0637. www.adecampinas.org.br/simposio2011.

10

Encontro dos Amigos de Chico Xavier Dias 10 e 11 de setembro, será realizado o IV EnSET contro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra, no Minascentro, em Belo Horizonte, MG. Informações: (31) 3517-1520, 3517-1573. Inscrição: encontrodechico@gmail.com.

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2. Trouxe à Terra a Primeira Revelação 3. Fonte

qualquer hora, em qualquer lugar

4. Corrigenda 5. Psicografada por Chico Xavier, autora de “Mãe” 6. Não há no espiritismo 7. Ação que provoca a emancipação da alma

n

j Solução da Criptograma do Correio Veja em: www.correiofraterno.com.br

8. Ação praticada por algumas religiões 9. Perda temporária da forma perispiritual por fixação mental

Resposta do Enigma:

Porque a maioria das traduções brasileiras foram feitas a partir da quarta edição francesa, editada sem o prefácio original. Saiba mais www.correiofraterno. com.br

Vem aí o 7º. Enlihpe Acontece em agosto, dias 20 e 21, em São Paulo, AGO o 7.º Encontro da Liga dos Pesquisadores do Espiritismo, com foco em debates e apresentação de pesquisas científicas voltadas à temática de fronteira com o espiritismo. O evento se destaca pelo caráter inovador, com participantes de todo o Brasil. Os trabalhos são inéditos e avaliados previamente pelo comitê científico. Informações: 7enlihpe@ccdpe.org.br

10. Esvoaça 11. Um dos meios de conhecimento 12. Criador da teoria do magnetismo animal

3º Simpósio de Filosofia Espírita Dias 24 e 25 de setembro, no Centro Espírita SET André Luiz. Sob o tema “A mediunidade no contexto da comunicação”, com palestrantes espíritas e não-espíritas da Universidade de São Paulo. Informações: www.ieef.com.br.

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AGO

Marcha Brasil sem Aborto 4ª Marcha do Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem Aborto será realizada na Esplanada dos Ministérios (DF), no dia 31 de agosto. www.brasilsemaborto.com.br

31

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Jantar dançante beneficente OUT

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ENIGMA

50 s ano

Dia 7 de outubro, às 20 horas Local: Restaurante São Judas Tadeu – na rota tradicional do “Frango com polenta”. Av. Maria Servidei Demarchi, 1749 – São Bernardo do Campo-SP. Você se diverte e ainda colabora! Informações e convite: (11) 4109-8938. site: www.laremmanuel.org.br


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QUEM PERGUNTA QUER SABER

Como serei reconhecida no além? Por PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO

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ergunta interessante, Dalva! Numa resposta rápida, diria que quem vê cara não vê coração... como diz o antigo ditado. Há, porém, uma verdade nesse dito popular. Um ensino fundamental do Espiritismo está no fato de termos dois corpos, o físico, que é perecível, e o espiritual (perispírito), com o qual permanecemos depois da morte. Essa segunda vestimenta tem propriedades diferentes do que estamos acostumados neste mundo. Veja a explicação em O livro dos médiuns: “O perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua. Por efeito dessa propriedade é que o Espírito que quer dar-se a conhecer pode, em sendo necessário, tomar a aparência exata que tinha quando

Se nós temos muitas reencarnações e por consequência muitos nomes, por qual feição serei chamada e reconhecida no plano espiritual? Pergunta de Dalva Maria – Niterói, RJ vivo, até mesmo com os acidentes corporais que possam constituir sinais para o reconhecerem”. Segundo o relato dos espíritos, quando dois indivíduos se encontram, movidos pela força do pensamento, eles podem tomar a aparência daquela época. É um mundo diferente, com suas peculiaridades. No livro Entre a Terra e o Céu, André Luiz estava diante de um velhinho que, ao lembrar-

COISAS DE LAURINHA

-se de uma vida anterior tornou-se jovem. O orientador explicou assim: “O corpo da alma modifica-se, profundamente, segundo o tipo de emoção que lhe flui do âmago. Isso, aliás, não é novidade. Na própria Terra, a máscara física altera-se na alegria ou no sofrimento, na simpatia ou na aversão”. Ou seja, no mundo espiritual, quem vê cara... vê o coração! Veja só o que encontramos em Libertação (André Luiz): “Há criaturas belas e admiráveis na carne e que, no fundo, são verdadeiros monstros mentais, do mesmo modo que há corpos torturados e detestados, no mundo, escondendo Espíritos angélicos, de celestial formosura”. Administrador de empresas, autor do livro Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos. Ed. Lachâtre. E-mail: paulo@mesmer.com.br

Por TATIANA BENITES

COLÔNIAS ESPIRITUAIS A

professora termina sua aula e anuncia: – Na semana que vem iremos estudar as colônias espirituais. Por isso, se acharem alguma coisa a respeito do assunto podem trazer para aula. Tchau, crianças, até a próxima semana. O sinal bateu e as crianças saíram da aula conversando. – Colônias espirituais, o que será que é isso? – perguntou Aninha. – Sei lá, será que é um lugar diferente? – falou Rafael. – Colônia? Não sei o que significa – respondeu Fábio. Mais dois amigos estavam chegando e falando sobre o assunto. Eram Laurinha e Lívia. – Eu não sei não – falava Lívia ao chegar.

– O que você não sabe, Lívia? – perguntou Rafael. – O que é colônia espiritual – respondeu. E Fábio continua: – Nós também não sabemos, estávamos falando sobre isso agora. – Eu acho que já sei o que é – fala Laurinha ao grupo. – E o que é? – indaga Aninha. – Como o próprio nome já diz: colônia espiritual é o perfume que os espíritos usam pra ficar cheirosinhos. Porque, pensa bem, só porque é espírito não tem que ter cheiro bom? Os amigos ficam pensando se é isso mesmo, quando a professora passa por eles para ir embora. Então Lívia resolve perguntar: – Professora, você poderia nos explicar uma coisa rapidinho?

– Claro! Pode falar. – O que é colônia espiritual? – É um lugar no qual alguns espíritos moram no plano espiritual. Uma espécie de cidade. E os alunos respondem em uníssono. – Aaaahhhh tá! Quando Laurinha fala: – E lá eles vivem fedidos? – Por que vivem fedidos, Laurinha? – pergunta a professora. – Porque eu pensei que colônia espiritual fosse o perfume que os espíritos usavam lá. Uma cidade com nome de perfume é que é estranho. – Não, Laurinha, não é nada disso. Espíritos não precisam de perfume. – Ah, nunca se sabe. Bom, se algum espírito está nos ouvindo agora pode lançar um perfume por lá (e aumentou o tom de voz) FICA A DICAAAA!! www.correiofraterno.com.br


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FOI ASSIM

O avô do meu marido apareceu lá em casa

À

s terças-feiras, meu marido e eu vamos ao Centro Espírita Divino Mestre, em São José dos Campos. Como nossa ajudante, Marilza, teve diagnosticado um tumor no olho, começamos a escrever o nome dela nos registros do centro para receber atendimento espiritual. Marilza é médium, mas não se dedica hoje ao trabalho ou ao estudo da mediunidade. Certo dia, durante o trabalho lá em

Por ROSANA RUIZ RODRIGUES casa, teve uma súbita visão. Um homem velho, bem claro e envolvido em luz prateada chegou perto dela com a mão levantada, como quem lhe aplica um passe. Num pulo, Marilza, que estava no quintal de casa, entrou suada e trêmula. Estranhamos seu estado e perguntamos: “O que foi?”. Ela rapidamente descreveu o ocorrido. E completou: “Nada, não. Ufa! Foi um susto!, comentou, afirmando que o

homem que tinha visto era muito parecido com o meu marido, encarnado. Tive a ideia, então, de levá-la diante do computador para ver se reconhecia nas fotos de família o rosto que ela vira. E ela então confirmou. “É esse o homem que eu vi!” Ela reconheceu o Seu Pedro, avô materno do meu marido, muito parecido com ele, realmente. Profundamente emocionada, Marilza agradeceu a Deus por ser mé-

VOCÊ SABIA?

dium e ter o privilégio de perceber a ajuda. Logo me lembrei de uma pergunta do O livro dos espíritos [459], quando Kardec indaga se os espíritos influem sobre os nossos pensamentos e sobre as nossas ações. E eles lhe respondem: sua influência é maior do que credes porque, muito frequentemente, são eles que vos dirigem. Rosana Ruiz Rodrigues, São José dos Campos, SP

Por ELIANA HADDAD

Franceses da época de Kardec reencarnaram no Brasil

V

ocê sabia que, em entrevista a Herculano Pires, em 1973, no programa No limiar do amanhã*, Chico Xavier revelou que milhões de espíritos de cultura francesa reencarnaram no Brasil para continuar a divulgação do espiritismo? Herculano comentava que o Brasil era a primeira grande nação do Ocidente a se tornar basicamente reencarnacionista, por influência não só do espiritismo, mas também das religiões africanas, que foram trazidas aqui pelo contingente negreiro. E acrescentava que ainda mais curioso era o fato de ter havido no Ocidente apenas uma nação reencarnacionis-

ta no passado: a França (aí incluindo-se as Gálias antigas, envolvendo a Irlanda e a Inglaterra). Chico então diz que gostaria de aprofundar a questão, pedindo licença para aditar sobre os apontamentos de Emmanuel, em 1965: – Perguntei a ele onde estavam aqueles companheiros de Allan Kardec que vibravam com a doutrina espírita na França. Então ele me disse que do último quartel do século 19 para cá, cerca de 15 a 20 milhões de espíritos da cultura francesa e, principalmente, os simpatizantes da obra de Allan Kardec reencarnaram no Brasil para dar corpo às ideias da doutrina espíri-

ta e fixarem os valores da reencarnação. Nós nos reportamos muito mais à França como terra mater de nossa espiritualidade do que Portugal, até porque isso está no conteúdo psicológico de milhões e milhões de brasileiros que estão fichados, por certidão de cartório, como brasileiros, mas

psicologicamente são franceses. *Programa radiofônico exibido pela Rádio Mulher, de São Paulo, e apresentado por J. Herculano Pires, entre os anos de 1971 e 1974

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MUNDO SUSTENTÁVEL

Quem não se comunica não promove a evolução... Por ANDRÉ TRIGUEIRO

A

té que se prove o contrário, Jesus não deixou uma palavra escrita, não registrou sua passagem pela Terra em primeira pessoa. Mas seu messianato foi assunto de extensas reportagens assinadas por aqueles que o acompanharam de perto e eternizaram nos evangelhos a ‘boa nova’. Sucessivas traduções e edições comprometeram parte deste legado, mas os jornalistas do cristianismo primitivo cumpriram – como se esperava deles – a nobre tarefa de compartilhar o que viram e ouviram ao longo dos três anos de convivência com o Mestre. Paulo de Tarso, judeu perseguidor de cristãos que se converteu ao cristianismo, transformou-se no mais importante divulgador dos evangelhos a partir de suas epístolas – cartas – num monumental esforço para tornar a vida e a obra de Jesus conhecidas do maior número possível de pessoas, a partir das mídias disponíveis à época. Se houvesse naqueles tempos rádio, tvs, jornais, revistas ou internet, Paulo não hesitaria em usar todas essas ferramentas midiáticas em favor da universalização desse conhecimento místico, transcendental e libertador. Ao longo da história da Igreja, imperadores e papas adaptaram a ‘boa nova’ de acordo com suas conveniências. Se bulas e encíclicas determinavam as novas

diretrizes da instituição, o índex da Igreja estabelecia quais livros – a mais importante e sofisticada mídia durante muitos séculos – deveriam ser evitados pelos cristãos. No século 16, Martinho Lutero escreveu em 95 textos sua visão de uma nova teologia e os afixou na porta de uma igreja na Alemanha. Nascia a Reforma, que, apesar de toda a perseguição imposta a seus seguidores, cresceu e se multiplicou em diver-

sas correntes. No século 19, um pedagogo discípulo de Pestalozzi codificou uma nova filosofia espiritualista a partir de um intenso e exaustivo trabalho de reportagem. Hippolyte Léon Denizard Rivail formulou centenas de perguntas endereçadas ao além com o precioso auxílio de médiuns confiáveis. A entrevista resultou na mais importante obra do cristianismo redivivo, moderno, contextualizado, o ‘consolador’

prometido por Jesus. O espiritismo nasceu, portanto, de uma entrevista. O lado repórter de Allan Kardec – pseudônimo do professor Hippolyte – exalta as qualidades de um ofício onde credibilidade, humildade e perseverança são aliados fundamentais. Neste início de século 21, em que a inovação tecnológica permite que todos sejamos, indistintamente, provedores de conteúdos, disseminadores de mensagens, semeadores de ideias nas mais diversas redes que se interligam mundo afora em questão de segundos, convém perguntar: que emprego estamos fazendo dessas geniais ferramentas ao nosso alcance? O que importa divulgar e de que jeito? Se as palavras – escritas ou faladas – contêm o poder do ‘verbo’, da energia que vitaliza, transforma e edifica, é enorme a responsabilidade daquele que se comunica para um, mais de um, ou muitos. Não importa qual seja o público-alvo. Importa a intenção de quem comunica e a credibilidade auferida a partir do exemplo. Bons comunicadores são bons semeadores. A terra está pronta para o plantio. Há fome de verdade e sentido. Vamos semear? André Trigueiro é jornalista, apresentador do Jornal das Dez e editor do programa Cidades & Soluções. www.mundosustentavel.com.br

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ACONTECE

Em outubro chega às telas

O ator, Reinaldo Rodrigues, protagonista do filme

O filme dos espíritos Por ELIANA HADDAD

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streia dia 7 de outubro, em todo o território nacional, O filme dos espíritos, com distribuição pela Paris Filmes e tendo no elenco atrizes como Ana Rosa e Etty Frazer, e o ator Nelson Xavier. O protagonista é o ator Reinaldo Rodrigues. A trama se desenvolve a partir da história de um homem desesperado que, após perder a esposa e a caminho do suicídio, depara-se com O livro dos espíritos e começa sua

jornada de transformação interior rumo aos mistérios da vida espiritual. Projeto corajoso, inovador, produzido pela Mundo Maior Filmes, produtora cinematográfica da Fundação Espírita Andre Luiz, O filme dos espíritos vai trazer através de uma história única alguns dos principais capítulos do livro basilar da codificação espírita, lançado por Allan Kardec, em Paris, em 1857. Temas centrais de um concurso de curtas-metragens, cuja mostra realizou-se em 2009, esses capítulos foram contextualizados por equipes de vários estados do país. O cineasta André Marouço, diretor da Mundo Maior Filmes, coordenou juntamente com Eduardo Dubal todo o projeto e assina a produção e direção geral

do filme. O cineasta Michel Dubret é co-diretor ao lado de André. “Trabalhamos para a produção de peças cinematográficas que possam contribuir para a construção do ser integral, imortal, espiritual”, explica. Segundo André, não se trata apenas de se valorizar a beleza, a arte e a técnica cinematográfica, mas de se ter o cuidado de aliá-las a mensagens edificantes, com a temática espírita e espiritualista sempre presente de forma a propor uma nova forma de fazer e assistir cinema. “O importante é darmos a nossa contribuição a caminho do Mundo de Regeneração, afinal, se a doutrina espírita já nos deu tanto, é nosso profundo desejo que ela seja levada a todos os cantos da Terra, e o cinema é uma das melhores e mais eficientes formas de cumprir com este desígnio”, conclui. Veja outras histórias de transformação em www.ofilmedosespiritos.com.br. Os depoimentos também podem ser acessados no site do jornal Correio Fraterno: www.correiofraterno.com.br

LEITURA

Por SÔNIA M. C. KASSE

A doença vista sob o enfoque multidimensional do homem

H

oje em dia os avanços na área da saúde são inquestionáveis, fato este que contribui para ampliação do entendimento das possibilidades de prevenção, tratamento e cura das doenças, em especial se considerarmos o homem não apenas como um ser físico, mas dotado de dimensões psicológicas e espirituais. Essas características, se analisadas em conjunto, proporcionam www.correiofraterno.com.br

uma melhor qualidade de vida. Todo esse arsenal de descobertas só tem fundamento quando as pessoas se conscientizam dos seus problemas, da necessidade de mudança e evolução. Para isso, é importante contar com a ajuda de profissionais preparados, competentes e com grande sinergia em relação às necessidades. Em O silêncio dos domingos, da editora Correio Fraterno, Lygia Barbiére Amaral aborda com sabedoria temas que afligem muitas pessoas: aborto, TOC (transtorno obsessivo compulsivo) e o transtorno de pânico, eixo de sua obra. A autora conduz com sutileza e maestria uma viagem emocionante através da trama desenvolvida para cada uma das suas personagens, com seus problemas, implicações e responsabilidades diante das decisões tomadas. O enredo criado prende totalmente a

atenção do leitor, pois prima pela qualidade e fornece elementos esclarecedores sobre as doenças que acometem os envolvidos na história. Aguçam bastante a curiosidade e a vontade de ler a obra até o seu desfecho. Somos contemplados, a todos os ins-

tantes, com mensagens de otimismo e com a certeza de que não estamos sós, porque sempre podemos contar com a Providência Divina e com os benfeitores espirituais ao nosso redor. Ótima leitura!


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