Correio Fraterno 443

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ISSN 2176-2104

CORREIO

Mediunidade, auto-obsessão, o preparo da casa espírita para o trabalho mediúnico. Veja o que diz a reconhecida médium mineira. Págs. 4 e 5.

FRATERNO

Entrevista:

Suely Caldas Schubert

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 44 • Nº 443 • Janeiro - Fevereiro 2012

Escritor francês Honoré Balzac

A psicografia na mira de um

pesquisador A

notícia sobre sua desencarnação, em outubro, passou silenciosa pelo meio espírita. Osmar Ramos Filho, grande pesquisador da obra de Honoré Balzac, era graduado em psicologia e, embora familiarizado com os principais postulados do espiritismo, não era um estudioso da doutrina. Ao ter em mãos o livro psicografado Cristo espera por ti, de autoria atribuída a Balzac, debruçou-se sobre os livros do escritor francês, e por sete anos, analisando e comparando sua obra, antes e depois da morte, acabou por prestar um dos maiores serviços à divulgação da doutrina. O trabalho mereceu os elogios do também escritor e pesquisador Herminio Miranda, que enfatiza que “nunca se fez análise tão profunda e convincente de um livro mediúnico”. Um exemplo de visão aberta, sem preconceitos, que pode alavancar o progresso em qualquer área do conhecimento humano. “Osmar provou que os mortos também podem escrever livros geniais para os vivos. E os vivos, obras não menos geniais sobre os mortos.” Leia nas páginas 8 e 9.

O que ‘Cardeq’ faz na obra de Guimarães Rosa?

O renomado autor brasileiro conheceu um espírita que o influenciou para o resto da vida. Ele é citado várias vezes em sua obra Grande Sertão: Veredas. E sabe onde morava esse compadre, o Quelelém? Leia na página 7.

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Área Q

Filme de ficção espiritualista chega aos cinemas em abril Apostando na diversidade cada vez maior do público que se interessa pelo tema, produtoras nacionais e internacionais se unem e lançam o longa-metragem que inova no segmento ao fazer uso da ficção. Leia na pág. 3

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EdItORIAL

de mãos dadas

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Uma ética para a imprensa escrita

com o Bem

ada edição do jornal Correio Fraterno é sempre uma surpresa para nós. Preocupados em fazer um jornalismo espírita de forma atual, acompanhando as notícias em todos os segmentos e procurando contextualizá-las sob a visão da doutrina, nosso desafio é surpreendentemente compensador, porque sabemos que a mensagem editorial anda de mãos dadas com o Bem. Quando trabalhamos a edição, percebemos que a doutrina espírita é realmente um campo imenso de pesquisa, estudo e prática, que conversa sem cerimônia com os mais diversos aspectos da vida. Como disse Kardec (Viagem de 1862) cabe aos espíritas uma “gloriosa missão” – muito mais que pregar por palavras, pregar por exemplos. E deu na ocasião dicas valiosas para a divulgação espírita, ao orientar, por

exemplo, que toda publicação concernente ao espiritismo fosse revista com o maior cuidado, no sentido de se eliminar tudo quanto fosse inútil e pudesse produzir um mau resultado. É o que sempre tentamos fazer: um jornal que enalteça a temática espírita, sem exageros, e que desperte o interesse pela vida espiritual, levando conhecimento, esperança, alegria. Esta edição é um bom exemplo dessa diversidade de conteúdos: mediunidade com Suely Caldas Schubert, ecologia com André Trigueiro, Balzac com Herminio Miranda, a paranormalidade de Guimarães Rosa, a identidade dos centros espíritas, um novo filme nacional de ficção espiritualista, artigos, leitura e ainda muito humor e entretenimento com Laurinha. A edição está imperdível. Aproveite!

CORREIO DO CORREIO Espiritismo de base Que bom que a Editora Correio Fraterno está resgatando obras de antigos autores, como Herminio C. Miranda. Muitos deles andam meio esquecidos. É uma pena que estejam sendo substituídos por outros, nem sempre com tanto conhecimento sobre o espiritismo... Adriano Henrique, Caruaru, PE

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

Correio na internet Gostei muito do site de vocês. Gostaria de receber mensagens sobre evangelização, pois trabalho com crianças de 3 a 11 anos. Abraços fraternos e obrigada. Marlene Balieiro, por e-mail

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

Mais histórias de Laurinha Eu adorei o livro Tem espíritos no banheiro (da personagem de “Coisas de Laurinha”). Aprendi muita coisa sobre o espiritismo com este livro. Gostaria de saber onde posso encontrar outros para eu ler. Júlia Kirchheim, Cascavel, PR Olá Júlia. Que bom que gostou. Aguarde, pois estamos preparando novidades da Laurinha com novas histórias. Um abraço para você!

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118

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• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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Acontece

Filme nacional de ficção estreia em abril Por IZABEL VITUSSO

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hega em 13 de abril nas telas do cinema do país Área Q, um novo filme nacional com temática espiritualista, que terá como protagonistas o norte-americano Isaiah Washington (do seriado Grey´s Anatomy) e os globais Murilo Rosa e Tania Khallil. Apostando numa história de ficção, o longa-metragem não traz diretamente os fundamentos espíritas, mas faz refletir sobre a vida extrafísica, utilizando-se de boa dose de licença poética para falar de emancipação da alma, existência de mundos paralelos, transição planetária, defesa da vida, extraterrestres e abduções. “A arte em si não pode ser controlada por nenhuma causa ou ideologia”, avisa o diretor do filme, Gerson Sanginitto, espírita carioca que mora em Los Angeles. “Ela pode abrir possibilidades, incentivando o pensar, mas não impor”, complementa, assumindo-se pertencer a uma geração que embarcou na ficção, na Era Spielberg. Área Q faz referência à região das cidades cearenses Quixadá, Quixeramobim, Quixelô e Quixeré, local conhecido como um centro de aparições de ovinis. O projeto é fruto de uma parceria entre produtores norte-americanos e brasileiros. (Reef Pictures Inc., ATC Entretenimentos, Estação Luz Filmes e Boa Vontade Filmes) e tem roteiro e produção de Gerson Sangi-

nitto e Halder Gomes. A história baseia-se no desafio e nas descobertas de um repórter de uma revista americana que atravessa problemas pessoais e acaba vindo para o Brasil fazer uma reportagem sobre a região. Descrente das notícias sobre aparições e curas milagrosas, o jornalista inicia suas buscas e vê sua vida mudar de forma inesperada. Sidney Girão, diretor executivo da Estação Luz Filmes, empresa que está à frente dos festivais do cinema transcendental realizados em Brasília e no Nordeste do país, lembra que o principal motivo da Estação Luz, criada em 2004, está voltado à disseminação de uma mensagem de paz. “Os caminhos religiosos levam a isso, à paz, à humanização, independentemente de ser espírita ou não”. Para ele, aí está a importância do cinema transcendental: permear a mensagem por todas as religiões, arregimentando um maior número de pessoas para o bem. “Nosso objetivo é fazer com que o entretenimento leve as pessoas a refletirem sobre suas possibilidades de ações imediatas, de mudanças, independentemente de influências externas, de extraterrestres”. Segundo ele, o roteiro foi bem aceito por ufólogos e também pela FEB, que vai dar também apoio à divulgação. Para Sanginitto, Área Q vai trazer uma mensagem de respeito ao próximo, de pre-

ocupação com o planeta, com o meio ambiente, alertando para a necessidade da união entre todos. “A doutrina espírita já nos desperta para tudo isso... Mas e os outros? Um ateu, por exemplo, não pode ser despertado para essas questões com uma ficção, um entretenimento?” reflete. O diretor de comunicação da Estação Luz Filmes, Fernando Lobo, explica que a cultura do bem é mesmo a grande tarefa da Estação Luz. “Acreditamos que muitas pessoas podem ser tocadas através da arte. Daí porque somos envolvidos com peças de teatro, exposições, lançamento de livros e cinema”. Ele diz ser difícil pensar em expectativa de público, mas a torcida é para que o filme estoure nas bilheterias, para o que preparam uma ampla divulgação, a fim de lotar as cinquenta salas de exibição nas primeiras duas semanas de lançamento. Os números do cinema nacional realmente apresentam grandes diferenças de público, constituindo-se as recentes produções nacionais de cunho espiritualista

em verdadeiras caixas de surpresa. “Tudo depende da divulgação. Os filmes que a Globo divulgou, apoiou, como Nosso Lar e Chico Xavier, levaram para os cinemas, respectivamente quatro milhões e duzentos e três milhões e meio de pessoas. Já os filmes sem apoio da emissora – As mães de Chico Xavier e O filme dos espíritos – contaram com 521 mil e 320 mil expectadores”, assinala Sidney Girão, que considera os números “excelentes” para o cinema brasileiro, que apresenta mudanças importantes. “A média de público para filmes nacionais, até 2008, era de três mil expectadores por filme; a partir de 2010, esse número pulou para 22 mil”, observa. www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA

Espiritismo

Suely Caldas Schubert: “Mediunidade: uma certeza que trago em minha vida”

com a profundidade que ele merece Por IZABEL VITUSSO e Eliana Haddad

Com quatorze livros publicados, a oradora mineira de Carangola, MG, Suely Caldas Schubert, está entre as mais requisitadas no meio espírita para proferir palestras, principalmente quando o assunto diz respeito à mediunidade. Sua experiência em reuniões de desobsessão já soma mais de 50 anos. Além dos livros publicados e palestras, no Brasil e no exterior, Suely participa da Sociedade Espírita Joanna de Ângelis, instituição por ela fundada há 26 anos, em Juiz de Fora, cidade em que reside. Sua vinda a São Paulo motivou-nos à realização desta interessante entrevista: Suely, você sempre aborda com bastante propriedade sobre o tema mediunidade e há bastante tempo. Há algum fato que a levou a se interessar acentuadamente pelo tema? Suely: Não sei precisar quando comecei a me interessar pelo tema mediunidade, creio que desde sempre. É uma certeza que trago na minha vida, assim como a própria doutrina, que está acima de qualquer coisa para mim. É prioridade mesmo. Vivemos tempos diferentes do movimento espírita vivido por nossos pais e avós. A impressão que se tem é que muitas pessoas chegam às casas espíritas e permanecem num superficial ‘consumo’ do espiritismo. Estamos preparados para essa demanda? www.correiofraterno.com.br

Suely: Cabe-nos propiciar a essas pessoas os temas mais sérios acerca do espiritismo, saindo-se um pouco dessa ideia de fazer o povo rir, ou só de autoajuda. Claro que não sou contra a abordagem que se refere à autoajuda, ela tem muito valor, principalmente quando fundamentada nos esclarecimentos doutrinários, mas a doutrina é profunda e apresenta os assuntos magnos que afetam e avassalam os seres humanos, evidenciando como enfrentá-los, especialmente a partir do conhecimento da reencarnação, da lei de ação e reação e a proposta da transformação moral à luz dos ensinos de Jesus. Fala-se pouco hoje na casa espírita sobre a auto-obsessão, tema que você aborda tão bem em sua obra. Quais os cuidados que se deve ter? Suely: A casa espírita necessita ter em suas

equipes pessoas conhecedoras da doutrina e conhecedoras dos assuntos relacionados à obsessão, caso deseje manter atendimento nessa área. Vejo, todavia, que isso é raro nos dias atuais. E, quando tem esses trabalhadores, logo inventam tantas novidades, muitas delas esquisitas, sem o menor fundamento doutrinário, que me preocupam os rumos do nosso movimento. E, no entanto, o espiritismo é simples, embora profundo, mas é assim mesmo, as coisas grandiosas e belas são simples, claras, luminosas. Revejam Kardec, meditem, observem a simplicidade que permeia o trabalho de Chico Xavier, Yvonne Pereira, Divaldo Franco: nada de modismos, de práticas estranhas, bizarras até algumas delas, hoje lançadas por centros espíritas que desejam atrair adeptos e vão inventando estas coisas. Não falo isto criticando, falo carinhosamente. Devemos amar a doutrina espírita e amarmo-nos uns aos outros. É cada vez maior o número de pessoas com quadro de depressão. Isso quer dizer que a obsessão, interferência espiritual, está aumentando? Suely: Quanto à depressão, levemos em conta o aumento proporcional ao aumento da população e, é claro, aos assédios espirituais negativos, porque as pessoas estão muito materialistas, priorizando a vida física, os prazeres, que buscam avidamente, sem ética, sem respeito a si mesmo e ao próximo, sem Deus em suas vidas, afinal é esse quadro mundial que vemos acontecer em nossos tempos. O que falta é o ser humano conscientizar-se de que é um espírito imortal e que a vida verdadeira é a espiri-

tual, esta, a vida física, é uma breve passagem, impermanente e muito breve diante da imortalidade que nos é própria. Ontem, espiritismo com missionários, expoentes: Chico, Eurípedes, Bezerra, Batuíra etc, Hoje já caminhamos com mais maturidade no movimento espírita, sem a necessidade da ‘tutela’, de líderes espirituais expressivos como eles? Suely: Em verdade, esses vultos nunca tutelaram ninguém; os missionários se sobressaem pelos exemplos que transmitem para os demais. Não fazem alarde de si mesmos, são humildes, doam-se e, mesmo sem procurar notoriedade, acabam por se destacar, então pessoas passam a admirá-los e muitos, não raramente, a endeusá-los. Creio que isto é natural. Quem não admira e ama dr. Bezerra? Eu digo que ele é uma unanimidade nacional. Mas vemos isto em outras áreas. São os ídolos que o povo elege e que às vezes não passam bons exemplos. Quanto à maturidade do movimento espírita, vamos caminhando... Você tem acompanhado em Juiz de Fora-MG amigos nossos realizando pesquisas científicas sobre a mediunidade, em âmbito inclusive internacional. Como analisa esse momento do espiritismo nas academias? Suely: Gosto muito quando tomo conhecimento das pesquisas científicas, feitas com seriedade, por pessoas competentes. São necessárias, no momento atual. Cito aqui o dr. Alexander Moreira, nosso amigo, e a equipe com a qual ele trabalha, pois


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ENtREVIStA Cabe-nos propiciar os temas mais sérios acerca do espiritismo, saindo-se um pouco da ideia de fazer o povo rir.” realizam pesquisas importantes. Ele é de Juiz de Fora, médico psiquiatra e eminente professor na Universidade Federal de nossa cidade e faz parte de importante grupo de cientistas de várias nacionalidades, todos voltados para o mesmo objetivo. O espiritismo tem hoje nos eventos e palestras um dos seus principais meios de divulgação. O que acha disso? Suely: Creio que é uma forma bastante positiva de divulgar a doutrina, especialmente quando os eventos são realizados em locais de acesso ao público em geral. Programas de TV e de rádio alcançam grande audiência e sei, por experiência própria, porque participo de um programa, na Rede Boa Nova, Mediunidade, caminho para ser feliz, há dez anos, juntamente com nosso amigo, José Maria de Medeiros Souza. Em minhas viagens, por todo o país, para proferir palestras e seminários, fico surpresa com o carinho das pessoas que dizem assistir ao programa, que me abraçam e dão seus depoimentos sobre assuntos que abordamos, enfim, é gratificante. O mesmo ocorre com o programa Transição, que também tem grande audiência. Ressalto a importância dos congressos, que atraem grandes públicos, alguns reunindo dez, quinze mil pessoas. O Brasil, no passado, foi beneficiado pela cultura dos povos europeus, na corrente imigratória. Hoje somos nós, brasileiros, que levamos as ideias espíritas para o exterior. Como você avalia essa dinâmica? Suely: Como uma grandiosa programação espiritual. Com referência ao advento do espiritismo, sabemos que isto se daria na França, celeiro, à época, da cultura mundial, o que propiciaria ao professor Rivail,

Allan Kardec, o ambiente adequado para que a promessa do Consolador, feita por Jesus, ali se concretizasse. Essa é a dinâmica da vida, que abre horizontes novos para todos. Mas os princípios espíritas estão sendo disseminados por toda parte e aí vemos a confirmação da resposta dos Espíritos à questão 798 de O livro dos espíritos. Não temos aí filmes, livros, pesquisas, com temáticas espíritas?

O mercado editorial espírita nunca esteve tão produtivo, com uma diversidade de temas e abordagens por diversos autores. Isso ajuda ou atrapalha? Por quê? Suely: Depende do conteúdo dessas obras. Pode ajudar sim, mas também, em certos casos, algumas obras antidoutrinárias confundem, alguns livros são ditados por espíritos pseudossábios, então é necessário muito estudo. Ele é imprescindível, além disso, Kardec recomenda tudo submeter ao crivo da razão e observarmos a universalidade do ensino dos espíritos. Em caso de dúvida, ele recomenda seguir o critério da maioria, conforme a introdução 2 de O evangelho segundo o espiritismo. Mas acima de tudo lembremo-nos da recomendação do Espírito de Verdade: “Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo.” (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 6)

A auto-obsessão1

“Alguns estados doentios e certas aberrações que se lançam à conta de uma causa oculta derivam do Espírito do próprio indivíduo.”2 tais pessoas estão ao nosso redor. São doentes da alma. Percorrem os consultórios médicos em busca do diagnóstico impossível para a medicina terrena. São obsessores de si mesmos, vivendo um passado do qual não conseguem fugir. No porão de suas recordações estão vivos os fantasmas de suas vítimas, ou se reencontram com os a quem se acumpliciaram e que, quase sempre, os requisitam para a manutenção do conúbio degradante de outrora. Esses, os auto-obsidiados graves e que se apresentam também subjugados por obsessões lamentáveis. São os inimigos, as vitimas ou os comparsas a lhes baterem às portas da alma. Mas existem também aqueles que portam auto-obsessão sutil, mais difícil de ser detectada. É, no entanto, moléstia que está grassando em larga escala atualmente. Um médico espírita disse-nos, certa vez, que é incalculável o número de pessoas que comparecem aos consultórios, queixando-se dos mais diversos males — para os quais não existem medicamentos eficazes — e que são tipicamente portadores de auto-obsessão. São cultivadores de “moléstias fantasmas”. Vivem voltados para si mesmos, preocupando-se em excesso com a própria saúde (ou se descuidando dela), descobrindo sintomas, dramatizando as ocorrências mais corriqueiras do dia-a-dia, sofrendo por antecipação situações que jamais chegarão a se realizar, flagelando-se com o ciúme, a inveja, o egoísmo, o orgulho, o despotismo e transformando-se em doentes imaginários, vítimas de si próprios, atormentados por si mesmos. Esse estado mental abre campo para os desencarnados menos felizes, que dele se aproveitam para se aproximarem, instalando-se, aí sim, o desequilíbrio por obsessão. Obsessão e desobsessão, profilaxia e terapêutica espíritas, Suely Caldas Schubert, FEB. Obras Póstumas, Allan Kardec, “Manifestações dos espíritos”, item 58, FEB. 3 Idem. 1

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QUEM PERGUNTA QUER SABER

Como se escolhe o mentor de uma casa espírita? Por CRISTIAN FERNANDES

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rimeiramente, vamos lembrar que a relação entre mentores e nomes de centro nem sempre são as mesmas. A escolha do mentor nunca é daqui para lá, do encarnado para o plano espiritual. O trabalho para a constituição de uma casa espírita é um encontro espiritual que começa bem antes da

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Gostaria de entender melhor como se escolhe o mentor de uma casa espírita? Tem a ver com o nome da instituição? sua construção material. Os mentores se encontram muitas vezes com os encarnados que serão responsáveis pela Casa, em desdobramento, nos momentos de sono. Há uma preparação muito maior do que posssamos imaginar para a constituição de uma casa espírita. É natural que um centro com o nome de

Pergunta de Lucia Maria Bezzi, por email

um espírito tenha grande chance de atraí-lo. Outro ponto é que a escolha de um nome para o centro possa também ter sido desencadeada por um processo intuitivo, porque esse

espírito já havia se ligado aos encarnados por sintonia de seus pensamentos e sentimentos, suas tarefas e ideias. Jamais com a intenção de ser homenageado, mas para poder colaborar. O espírito que dá nome ao centro, portanto, pode até ter ligação com o centro, mas não que ele seja o mentor da Casa. Isso não tem a menor necessidade para ele. Aliás, muitos centros podem ter, por isso, o mesmo nome, originados de processos diversos, que podem também ser da intenção das pessoas de colocar um nome ao centro, sem terem ligação com aquele espírito, ou pelo interesse de sentirem alguma ligação com ele. Algo é certo: não somos nós que escolhemos os mentores; eles é que nos escolhem.


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BAÚ DE MEMÓRIAS

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

Guimarães Rosa A paranormalidade em sua obra Por PAULO R. SANTOS

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alo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito a compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.” (Comentário de Guimarães Rosa a uma prima numa entrevista). Ao longo da história humana são muitos os autores que reconhecem uma participação estranha a eles próprios na produção de seus trabalhos. Na arte e na cultura em geral, seja escultura, teatro, pintura, literatura, muitos relatam sentir, sonhar, intuir, imaginar, estar em um estado alterado de consciência enquanto produzem. Com Guimarães Rosa, considerado por muitos críticos o maior escritor brasileiro da segunda metade do século 20, não foi diferente. Ao iniciar sua carreira como médico, em Itaguara, MG, pequena cidade às margens da atual rodovia Fernão Dias, o escritor conheceu um espírita que de algum modo o

influenciou para o resto de sua vida. Esse amigo é citado várias vezes em sua consagrada obra Grande sertão: Veredas como uma espécie de conselheiro distante. É o personagem Riobaldo, quem diz algumas de suas reflexões muito interessantes sobre vida e morte. (É o compadre Quelemém, que é de Cardeq, escrito assim mesmo no livro). João Guimarães Rosa, nasceu em Cordisburgo, MG, em 27 de junho de 1908 e ficar encantado’ (expressão usada por ele no lugar de morrer) em 19 de novembro de 1967, no Rio de Janeiro. Em 1938, foi nomeado cônsul adjunto em Hamburgo, e seguiu para a Europa, lá conhecendo Aracy Moebius de Carvalho (Ara), que viria a ser sua segunda mulher. A superstição e o misticismo acompanhariam o escritor por toda a vida. Ele acreditava na força da Lua, respeitava curandeiros, feiticeiros, a umbanda, a quimbanda e o ‘kardecismo’. Dizia que pessoas, casas e cidades possuíam fluidos positivos e negativos, que influíam nas emoções, nos sentimentos e na saúde de seres humanos e animais. Aconselhava os filhos a terem cautela e a fugirem de qualquer pessoa ou lugar que lhes causasse algum tipo de mal-estar. Mas, é no livro Tutameia (Ed. Nova Fronteira) que vemos a sua paranormalidade, em suas próprias palavras, cujos trechos transcrevemos aqui:

“Às vezes, quase sempre, um livro é maior que a gente.” – Guimarães Rosa

“ – Minha vida sempre e cedo se teceu de sutil gênero de fatos. Sonhos premonitórios, telepatia, intuições, séries encadeadas fortuitas, toda sorte de avisos e pressentimentos.” “ – Talvez seja correto eu confessar como tem sido que as estórias que apanho diferem entre si no modo de surgir. “À Buriti” (Noites do sertão), por exemplo, quase inteira ‘assisti’, em 1948, num sonho duas noites repetido.” “ – Conversa de bois” (Sagarana), recebi-a, em amanhecer de sábado, substituindo-se a penosa versão diversa, apenas também sobre viagem de carro-de-bois e que eu considerava como definitiva ao ir dormir na sexta.” “ – Quanto ao Grande sertão: Veredas, forte coisa e comprida demais seria tentar fazer crer como foi ditado, sustentado, protegido – por forças ou correntes muito estranhas.” Pode ser que não seja fácil para as gerações futuras lerem Guimarães Rosa, com

seus escritos num ‘mineirês’ arcaico, embora ainda conhecido por quem mora nos sertões das Gerais. Com o correr do tempo, num mundo cada vez mais globalizado, é mais que provável que esse regionalismo se perca com o retorno à vida espiritual daqueles que ainda o conhecem. E com essa perda, talvez se perca também um modo único de ver e sentir a vida. Mas, como escreveu Guimarães Rosa “Às vezes, quase sempre, um livro é maior que a gente.” (idem) Apesar de ambientadas no sertão de Minas, as histórias ou estórias de Guimarães Rosa têm contéudo universal. Não por acaso o ex-jagunço Riobaldo diz ao seu interlocutor, no Grande sertão: Veredas, que ‘o sertão está em toda parte’. Este livro em particular apresenta uma forma nova de ver e sentir o amor. E a história de amor entre Riobaldo e Diadorim ainda vai render muita conversa! Paulo Santos é articulista, professor na cidade de Divinópolis, MG.

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ESPECIAL

O pesquisador que identificou

Osmar Ramos: o grande pesquisador do romancista francês

a presença de

BALZAC Balzac: escritor francês, considerado o fundador do Realismo na literatura moderna

Por HERMINIO C. MIRANDA Comovido com a notícia sobre o desenlace do pesquisador Osmar Ramos Filho em outubro último, Herminio Miranda elaborou este texto, onde analisa a trajetória do estudo que desvendou os bastidores da obra de Honoré Balzac desencarnado. Tudo começou em 1964, ano em que o médium Waldo Vieira psicografa a obra Cristo espera por ti, ditada pelo escritor francês Balzac. Curioso e descrente, Osmar Ramos se aprofunda em análise meticulosa da obra, se impressiona com a semelhança dos estilos e escreve sua grande obra: O avesso do Balzac contemporâneo, que ganhou destaque, em forma de filme, no Festival de Gramado. www.correiofraterno.com.br


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mbora de família espírita, e sem rejeitar sumariamente os postulados doutrinários, Osmar Ramos Filho não foi espírita militante. Deixou, contudo, à posteridade uma obra única no gênero, no conteúdo, na qualidade e no arrojo, criada em torno de uma temática mediúnica. Seu estudo deverá levar algum tempo para ser apreciado em suas verdadeiras dimensões e alcance. Seu trabalho é de espantosa erudição, escrito numa linguagem elegante, criativa e correta. Merece amplamente, a meu ver, um doutorado póstumo. Que, se não existe, deveria ser criado. Para nos situarmos no tempo e na temática, levantei alguns dados que nos permitam um mínimo de visão na contemplação do vasto espaço por ele ocupado no contexto da cultura internacional. Tudo começou quando ele recebeu, numa visita a um centro espírita, um livro de autoria de Honoré de Balzac, o genial criador francês de A comédia humana. O livro chamava-se Cris-

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Para situar os eventos no tempo, elaborei a seguinte tabela cronológica: 1964 – Waldo psicografa o livro, no período inverno e primavera. 1965 – O livro é publicado pela IDE, editora de Araras. 1969 – Osmar, já graduado em psicologia, ganha bolsa de estudos e parte para Louvain, Bélgica, em busca do mestrado, com o qual foi agraciado no tempo devido. Foi lá que, o c a s i o nalmente, se interessou pela temática do pasticho – texto com o qual um escritor procura imitar o estilo de outro – que usaria mais tarde no tratamento de sua pesquisa, a fim de não trazer para o bojo de seu estudo a conotação mediúnica, sempre rejeitada aprioristicamente. 1983 – Já de volta ao Brasil, Osmar descobre o livro de Balzac ‘morto’, ou melhor, o livro descobre Osmar e Osmar começa a pesquisa. 1994 – Osmar publica o resultado de sua pesquisa sob o título O avesso de um Balzac contemporâneo, pela Editora Lachâtre. 2007 – O livro intitulado Cristo espera por ti é relançado – já com notas e comentários de Osmar – pela Editares, do Grupo liderado por Wal-

do Vieira, em Foz do Iguaçu, PR. 2011 – (Outubro) – Antes de viajar para Caxambu, MG, onde costumamos passar o verão, ligo para Osmar, em Valença, RJ, para um dos nossos longos e costumeiros bate-papos. Entre outras coisas, pergunto-lhe como vai a pesquisa que ele e Virginia, sua dedicada esposa e competente companheira de trabalho, deram o título provisório de Dicionário. Resposta: a obra está praticamente concluída, aí pela página número 1330! Isto precisa de uma explicação adicional. Ele descobrira, na França, um site antológico que oferece à consulta de estudiosos pelo mundo afora toda a obra de Balzac digitalizada. Era ali que ele punha em confronto o texto em português do Cristo espera por ti com a vastíssima obra original do genial autor. Além disso, em mais um de seus achados, havia adquirido mais uma edição completa dos livros de Balzac no original francês. Essa preciosa raridade bibliográfica era ilustrada e Osmar resolveu consultar o site francês sobre as gravuras e lá encontrou novos dados comprobatórios ao seu estudo. Esta é a história muito abreviada de um trabalho intelectual sobre o qual o Cristo ficará também à espera de que as mentes daqueles que o lerem se abram e se convençam de que os chamados ‘mortos’ também escrevem para os ‘vivos’. Afinal de

O empenho de um pesquisador

to espera por ti, fora escrito por Balzac, ‘morto’, pelas mãos do doutor Waldo Vieira, médium espírita, destacado componente da comunidade que girava em torno de Chico Xavier, em Uberaba, MG. Osmar achou o título meio piegas. Além disso, era um livro mediúnico! A curiosidade, contudo, venceu a rejeição inicial. E, ainda com algumas reservas, começou a folhear a obra. Mal sabia ele que ali estava à sua espera o trabalho de uma vida inteira.

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Osmar Ramos Filho foi dos mais lúcidos pensadores espíritas da atualidade. Porém, seu envolvimento com o espiritismo sempre ocorreu de maneira transversa. Ainda jovem, estudante de filosofia na Universidade do Brasil, por seus conhecimentos de alemão, foi selecionado para trabalhar como intérprete do célebre parapsicólogo Andrija Puharich. Viajou com ele para Congonhas, MG, para uma série de encontros com José Arigó, onde presenciou, dentre tantas curas, a do próprio pesquisador. Ao final do trabalho, havia se tornado grande amigo de Puharich e dele recebeu de presente uma máquina infravermelha (ampariscópio) que, nos idos de 1950, já permitia ao olho humano ver no escuro, o que era muito útil para os pesquisadores de fenômenos de materialização. Esse aparelho posteriormente foi emprestado a Luciano dos Anjos, que testemunha ter presenciado alguns fenômenos autênticos de materialização e muitas fraudes desmascaradas. Foi durante seus estudos para o doutoramento em psicolo-

contas, vivos estamos todos nós, tanto deste lado da vida como do outro. *** Antes do ponto final a este pobre testemunho de afeto e respeito a Osmar e à sua incansável Virginia, é preciso informar que, a despeito do vulto financeiro do que investiram nesse trabalho, jamais receberam qualquer remuneração sobre a impressionante obra realizada. É preciso lembrar, ainda, que o cineasta brasileiro Geraldo Sarno produziu um primoroso documentário sobre o trabalho de Osmar: O último romance de Balzac. Levado ao Festival de Gramado, esse filme foi distinguido com honroso e merecido destaque – Prêmio Especial do Júri e prêmio de Melhor Direção de Arte – e suscitou amplo debate do qual participou Osmar. Por fim, aqui fico eu, ainda um tanto sufocado pelas emoções, sem saber o que mais dizer ao querido amigo que partiu e à sua Virginia que ficou por aqui mais algum tempo. Estou certo, porém, de que, ao nos reencontrarmos do lado de lá, ele dirá, como dantes, com sua bem modulada voz: “E aí?” E eu não terei nada a dizer, senão expressar-lhe, mais uma vez, a amizade, a admiração e respeito pela pessoa que ele é e por sua obra imortal. Estou até a imaginar que Balzac talvez se encontre ao lado dele a sorrir, feliz, porque Osmar provou que os mortos também podem escrever livros geniais para os vivos. E os vivos, obras não menos geniais sobre os mortos.

gia clínica, em Louvain, Bélgica, que Osmar teve contato mais profundo com os textos de Balzac por meio de uma amiga portuguesa que fazia sua tese sobre um romance do escritor francês. Ali, Osmar começava a se preparar para o trabalho de sua vida, O avesso de um Balzac contemporâneo, com o qual seria reconhecido por Paulo Rónai, como a pessoa mais versada em Balzac que ele havia conhecido. Como Rónai, além de grande balzaquista, conheceu profundamente os mais importantes estudiosos de Balzac de sua época, essa declaração equivale a chamar Osmar de o maior conhecedor de Balzac de seu tempo. Não é pouco. Se se levar em conta que tudo ele aprendeu sobre Balzac foi a partir de um texto atribuído ao espírito do escritor (o romance Cristo espera por ti) sua façanha toma ares sobrenaturais. Alexandre M. Rocha www.correiofraterno.com.br


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ENSAIO

O sapo

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uando Ariel, minha primeira filha, nasceu há quinze anos, me vi envolvido em fraldas, chupetas e músicas do cancioneiro popular infantil que já ouvira antes, muito antes de ela nascer. Algumas que até embalaram os meus sonhos, já que não há como detectar o momento exato em que foram compostas, pois além de serem de autoria anônima, são continuamente modificadas, adaptando-se à realidade do grupo de pessoas que as cantam. O que se pode afirmar é que as cantigas hoje conhecidas no Brasil têm origem europeia, mais especificamente em Portugal e Espanha, e já se adaptaram tanto ao folclore brasileiro que são também o retrato deste país. Eis que agora, com o nascimento de Louize, minha segunda filha, vejo-me novamente entre fraldas, chupetas e as mesmas canções infantis de sempre, a despeito de novas composições que surgiram neste período, mas que não conseguiram substituir o sonho de se ter uma rua só sua para ladrilhar com pedrinhas de brilhantes. Ou de suplantar o charme da barata que diz ter sete saias de filó, mas, na verdade, só tem uma. Ou, ainda, por não conseguir fazer o sapo lavar o pé... É curiosa a indignação, aqui figurada, causada pelo comportamento do batráquio: Ele mora na lagoa e não lava o pé! Mas por quê? Porque não quer! Se ficamos revoltados com o comportamento do sapo é porque não compreendemos bem primeiramente o direito de escolha. O sapo está, apenas, exercendo seu livre-arbítrio, a escolha de não lavar o pé, por desconhecer os benefícios da higiene ou por achar desnecessário limpá-los, ainda que morando na

não lava o pé

Por GEORGE DE MARCO

lagoa. Ele não é obrigado a lavar o pé, ele pode optar em não lavar. A escolha – e as consequências desta escolha – dizem respeito apenas ao sapo, ninguém mais. Devido a um entendimento equivocado da chamada lei de causa e efeito, estamos desenvolvendo um estranho comportamento baseado no “tenho que”. Tenho que amar ao próximo, tenho que perdoar meu inimigo, tenho que gostar de um filme ou de um livro só porque se diz espírita, mesmo que o conteúdo seja duvidoso do ponto de vista doutrinário, e por aí vai... Acontece que não existe isso de ‘tenho que’. Não temos que aceitar equívocos em nome do espiritismo e não existe lei que obrigue a alguém a amar ou perdoar. Mas e os dez mandamentos? Alguns pesquisadores informam que os tradutores da Bíblia se equivocaram (talvez de propósito) e utilizaram a expressão ‘mandamento’ no lugar de ‘palavra’, aqui utilizada no sentido de orientar. Ou seja, Moisés teria recebido as dez orientações de Deus. Outros estudiosos afirmam também que a tradução do original em hebraico está mais para ‘exercício’ do que ‘mandar’. Assim, Moisés teria recebido os dez exercícios de Deus para a humanidade desenvolver seu conhecimento, se conscientizar, pois é na consciência que a Lei de Deus está em nós, conforme a questão 621 de O livro dos espíritos. Palavra ou exercício fica mais palatável do que mandamento, já que é difícil imaginar Deus exigindo que alguém ame (ou perdoe) por obrigação. O sentimento verdadeiro é aquele realizado por livre e espontânea vontade. Exercitado continuamente. E aqui entra a segunda questão para compreendermos a postura do sapo: A justiça da reencarnação. O que não se aprende pelo exercício nesta vida aprende-se em outra. E nem poderia ser diferen-

Não temos que aceitar equívocos em nome do espiritismo e não existe lei que obrigue alguém a amar ou a perdoar” te, já que estamos em um planeta que abriga seres imperfeitos, a caminho do progresso. Talvez o sapo não lave o pé por desconhecer a importância da higiene. Ou talvez ele não lave por ser desleixado com seu corpo. Mas um dia ele vai aprender. Porém isso diz respeito a ele. Assim como nossas escolhas dizem respeito a nós. Fato é que, através do exercício contínuo, de encarnação em encarnação, vamos construindo nossa perfeição. Sem obrigações, mas com a consciência do sentimento real, para então chegarmos ao verdadeiro amor ao próximo que Jesus nos ensinou, respeitando suas escolhas. Como a do sapo, que escolheu não lavar o pé porque não quer. George De Marco é publicitário e radialista em São Paulo www.correiofraterno.com.br


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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br 1ª Mostra de Filmes Espíritas e Espiritualistas em Londres Numa parceria entre a União Britânica de SocieFEV dades Espíritas (BUSS) e o Conselho Espírita Internacional (CEI), será realizada na Queen Mary University of London, na capital da Inglaterra, a 1ª Mostra de Filmes Espíritas e Espiritualistas em Londres. A Mostra acontece de 21 a 25 de fevereiro e exibe filmes e documentários com temática espírita, realizados no Brasil, dentre eles: O Filme dos espíritos e As mães de Chico Xavier, Nosso Lar, Bezerra de Menezes – Diário de um espírito, As cartas psicografadas por Chico Xavier, Eurípedes Barsanulfo – Educador e Médium, Divaldo Franco – Humanista e médium espírita e Chico Xavier – O filme. A Mostra terá entrada gratuita e será seguida por debates. 327 Mile End Road, E14 NS – Mile End Station Reservas antecipadas gratuitas: http://bit.ly/SpiritFilm E-mail: bussevents@gmail.com

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Curso para Educadores e Evangelizadores em Araras De 18 a 21 de fevereiro Local: Instituto de Difusão Espírita FEV Rua Emílio Ferreira, 177 - Centro - Araras- SP Informações: keni@ideeditora.com.br. Fone: 19 3543-2400 www.pedagogiaespirita.net.br

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CRIPTOGRAMA DO CORREIO

Resolva o desafio e descubra o nome do filme inspirado em uma das obras da Codificação. 1. Descuidado, negligente 2. Uma das belezas da natureza 3. Filhos do mesmo pai 4. Personagem do livro Nosso Lar 5. Autora de Mãe, ditado ao médium Chico Xavier 6. O que garante o maior conhecimento da doutrina 7. Pessoas que pertencem ao grupo da terceira idade 8. Profeta bíblico 9. Esperto 10. Brilho muito utilizado no carnaval (plural) 11. Precursor da magnetização 12. Conjunto de duas pessoas ou objetos (plural) 13. O Messias de Nazaré 14. Remissão de pena, desculpa 15. Qualidade do que é perfeito, sem defeitos 16. O espiritismo não adota como prática 17. Abalo, geralmente agradável, experimentado pela alma 18. _ _ _ _ _ _, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei

1º Encontro Luiz Sérgio de Mocidades Espíritas de São Bernardo FEV Dia 26 de fevereiro, das 8:00h às 18:30h Local: Grupo Fraternal Dr. Bezerra de Menezes, rua Batuíra, 380, B. Assunção, São Bernardo do Campo, SP. Inscrições até dia 19 de fevereiro. Tema: “Os miosótis voltam a florir”. Com atividades: teatro, música, poesia, palestra sobre drogas. www.encontroluizsergiosbc.com.br

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II Festival de Cinema Transcendental Brasília de 26 a 29 de março Fortaleza: 9 a 12 de abril Organizado pela Estação da Luz, produtora dos filmes Chico Xavier, Bezerra de Menezes: o Diário de um Espírito e As mães de Chico Xavier. Para a Mostra Competitiva de Curta-Metragem serão aceitos vídeos com até 25min de duração, nas categorias Ficção, Animação e Documentário, e realizados nos formatos digital e 35mm. Prazo final para envio: 1º de março de 2012. Informações: 61 3964-8104 www.cinematrancedental.com.br

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Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Jantar dançante beneficente Dia 11 de maio, às 20 horas I Local: Restaurante São Judas tadeu – na rota tradicional do “Frango com MA polenta”. Av. Maria Servidei Demarchi, 1749 – São Bernardo do Campo-SP. Você se diverte e ainda colabora! Informações e convites: 11 4109-8938. site: www.laremmanuel.org.br

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ENIGMA

Quem é o autor da famosa frase: “fora da caridade não há salvação”? qualquer hora, em qualquer lugar Solução da Palavra Cruzada Veja em: www.correiofraterno.com.br Resposta do Enigma:

O autor da frase é Allan Kardec, embora esta seja uma paródia da frase “fora da Igreja não há salvação”, atribuída, a princípio, a Santo Agostinho e que remonta aos primeiros séculos do cristianismo.

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LEItURA

A força de um juramento Por SONIA M. c. KASSE

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uitas vezes somos levados por impulso ou propositadamente a prometer coisas, fazer pedidos, realizarmos proezas e até mesmo jurar que assumiremos determinadas atitudes, seja por inocência ou conveniência. Tais atos manifestados aleatoriamen-

te ofuscam a visão de toda trajetória a ser desenvolvida, mediada e até influenciada por nossas promessas. O percurso de nossa existência será monitorado, dirigido e até mesmo modificado segundo aquilo que assumimos. Incorporar e manter um juramento implica adotar uma postura de aceitação, abnegação e de comprometimento. E essa, muitas vezes, difere de nossa própria vontade, de nossa busca pela felicidade e por realizações pessoais. Toda promessa feita implicará alteração de hábitos, maneiras, costumes e sentimentos. E o desfecho disso pode ser negativo, trazer infelicidade, inclusive para as pessoas ao nosso redor, envolvidas nesse compromisso. A importância do juramento ou da promessa está na conscientização de que

para fazê-los é preciso ter clareza do quanto podemos prosseguir levando adiante tudo o que foi prometido, o quanto isso irá interferir em nossa vida e na de outrem e o quanto estamos dispostos a renunciar e até mesmo nos sacrificarmos em benefício do próximo. O livro As quatro deusas da Babilônia, de Maria Augusta F. Puhlmann (Editora Correio Fraterno), narra a história de um rei e suas deusas, que unidos pelos laços de um juramento feito em tempos idos, convivem com todas as alegrias, tristezas, paixões mal resolvidas e sofrimentos oriundos de tal decisão. Direta ou indiretamente, os frequentadores do palácio também são aprisionados nas teias desse compromisso e suas vidas são moldadas nem sempre como almejam, mas de acordo com os ditames resultantes dos mistérios que envolvem o rei e as deusas.

cOISAS dE LAURINHA

Somos agraciados durante a narrativa com a descrição da magnitude, esplendor e suntuosidade do palácio, onde o luxo e o extremo bom gosto imperam. Os Jardins Suspensos da Babilônia são uma constante, recordando-nos sua beleza e engenhosidade. A trama enfoca o auge das conquistas do império em que o retorno do rei, após uma batalha vitoriosa, era festejado com mulheres bonitas, bebidas e muita diversão. Em meio a tudo isso, uma organização chamada Confraria dos Filhos da Luz tem em seus seguidores peças fundamentais para elucidar a narrativa. Entre o apogeu e a queda da Babilônia, fatos, particularidades envolvendo o rei, as deusas e todos no palácio direcionam a leitura e despertam a curiosidade do leitor. Obra riquíssima em detalhes, agradável e que sugere a reflexão: Estamos preparados para manter um juramento até o fim?

Por tAtIANA BENItES

Provas e expiações N

o trabalho de educação espírita, Laurinha e seus amigos prestam atenção na educadora: – Nós estamos num planeta de provas... Essas provas são para o nosso crescimento. Elas nos preparam para sermos melhores. Aninha levantou a mão e perguntou: – Que tipo de prova? – As dificuldades, as adversidades da vida, desafios que enfrentamos. Muitas vezes dentro de nossa própria casa, como pais, filhos. Ou mesmo na profissão, sendo professor, pedreiro, médico, porque aprendemos muito quando nos relacionamos uns com os outros. São muitas as experiências que servem para nós evoluirmos, crescermos... André levanta a mão e fala: – Achei que fosse prova apenas

quando uma pessoa nasce com uma deficiência ou quando passa por situações muito difíceis. E a professora muito atenciosa responde: – André, podemos dizer que as provas são as experiências gerais para o nosso amadurecimento e as expiações situações ou condições de aprendizados que nos ligam a uma ação não muito boa, no passado. São as experiências que nos ajudam a crescer, nos superarmos dia a dia. Laurinha levanta a mão e comenta: – Isso sem contar as provas de Matemática, Português, Geografia, História, Inglês ... Nós também aprendemos e nos superamos com elas, né? Os alunos riem e a professora explica que não é bem dessas provas que ela está falando, mas que elas tam-

bém fazem parte do aprendizado. Assim, continua a explicação: – Vivemos num planeta de provas e expiações, com isso... Antes de a professora terminar a frase, Laurinha a interrompe com uma grande gargalhada e diz: – Ah, viu como era das provas da escola que estavam falando no Evangelho? Provas e expiações? E naquele tempo já existia cola, mas em vez de fazer papelzinho eles espiavam as provas do amigo. Espertinhos eles, hein? www.correiofraterno.com.br


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FOI ASSIM

Não era um simples medo Por HAMILTON CAMARGO RODRIGUES

“O

pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Certas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida; podem devê-las a uma espécie de segunda vista que lhes permite entreverem as consequências das coisas presentes .” (O livro dos médiuns, p. 184.) A senhora muito distinta procurou seu médico para o tratamento. O homeopata, preocupado não só com a enfermidade, mas também com a pessoa, descobriu-lhe um medo que a acompanha-

va desde há muito tempo. Era uma preocupação excessiva com uma de suas filhas, como se algo trágico pudesse lhe acontecer. Seguiu o tratamento homeopático, curou-se da parte física e também superou seu medo. A preocupação excessiva com a filha deu lugar a um justo cuidar. Foi tocando sua vida e os anos se passaram. A filha, agora já na faculdade, também fazia tratamento homeopático com o mesmo médico. Durante a consulta, relatou um sonho que muito a impressionou. Sonhara que

estava num velório. Deitado no caixão, junto com seu padrinho já falecido, estava seu noivo querido. Despertou assustada, ficando muito preocupada com o sonho. Na semana seguinte, viajou para o Rio de Janeiro com o noivo. Na volta, uma carreta desgovernada invadiu a outra pista da via Dutra e bateu de frente com o carro dos jovens. O choque inevitável foi muito violento. O veículo foi totalmente esmagado, e o casal morreu na hora. Esse fato aconteceu exatamente uma semana após o relato do sonho ao médico.

VOCÊ SABIA?

A mãe, outrora temerosa de que um acidente pudesse ocorrer com a filha querida, pela primeira vez não se preocupou com sua saída, estava tranquila; sua filha e o noivo já eram adultos e muito prudentes. A dor da perda teve que ser enfrentada pela mãezinha dedicada, o tratamento médico havia-lhe retirado o medo, mas a premonição da tragédia era real, e essa não pôde ser evitada. Hamilton Camargo Rodrigues é médico, residente em Uberlândia, MG

Por UBIRATAN ROSA

A terra que os mansos herdarão S

ão inúmeros e muito coerentes entre si os estudos, artigos e livros que tratam do que se convencionou chamar de “transição planetária”. Segundo afirmação geral, a Terra passará por transformação radical, de mundo de expiações e provas para mundo de regeneração e paz. A origem dessa conceituação encontra-se, sobretudo, na terceira bem-aventurança do Sermão da Montanha, em que Jesus diz: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mt 5,5). Consoante à ideia vigente, nessa transição espiritual os violentos e delituosos serão

banidos para mundos inferiores ao nosso, ao passo que os mansos aqui encarnados, e outros espíritos mais evoluídos que para cá hão de vir, permanecerão na Terra, no gozo de muita paz e luz. A nós, contudo, nos parece que nessa célebre bem-aventurança, Cristo não faz alusão à Terra, nosso planeta, mas à terra (com minúscula), à “terra prometida”, a sempre sonhada Canaã prometida por Deus a Abraão, e entre os judeus de então o símbolo mais difundido de paraíso terrestre. E por isso ele afirmou que a “terra” seria herdada, não pelos bravos de espada,

mas pelos bons, pelos mansos, cuja mansuetude os tornaria felizes, e mais que isso, bem-aventurados. Tanto é assim que dessa transição ideal já falavam os antigos, entre os quais Davi, autor do “Salmo 37”, versículo11, em que se lê: “Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância e na paz”. No celebérrimo Êxodo, Moisés e seus seguidores perambularam durante quarenta anos pelo deserto na esperança de achar a “terra prometida” que, ao final, não acharam. Ora, se a bem-aventurança em que Jesus repete o salmista se refere à propala-

da “terra prometida”, e não à Terra (com maiúscula), prejudica-se o conceito atual de transição planetária a que se referem os supracitados autores de artigos, estudos e livros. A Terra, cada vez mais aperfeiçoada pelo progresso técnico-científico, certamente continuará na sua feição cósmica de mundo destinado às experiências evolutivas dos espíritos, sujeitos, por isso, às injunções do sofrimento determinado pela inexorável lei de ação e reação. Ubiratan Rosa é escritor e orador espírita de Caçapava, SP

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MUNdO SUStENtÁVEL

Novos rumos para um planeta em crise Por ANdRÉ tRIGUEIRO

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or que o país campeão mundial de água doce necessita de investimentos urgentes para evitar o colapso no abastecimento? Quais os principais desafios do Brasil na era da Política Nacional de Resíduos Sólidos? É possível ser feliz sem se render aos apelos da sociedade de consumo? Onde o planejamento urbano faz a diferença em favor da saúde e do bem-estar? Onde a economia de baixo carbono já é realidade? Como medir o valor monetário dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas? Qual o papel da comunicação na construção de uma sociedade sustentável? Essas e outras questões estratégicas e urgentes para nosso bem-estar coletivo e de nosso planeta estão presentes no novo livro que estamos lançando neste mês de fevereiro chamado Mundo sustentável 2: novos rumos para um planeta em crise. Era para ser uma versão revista e atualizada do livro Mundo sustentável – abrindo espaço na mídia para um mundo em transformação, lançado em 2005 e que mantinha-se vivo no mercado editorial com sucessivas reimpressões. Mas o projeto foi além, alcançou vida própria e se transformou em um novo livro recheado de reportagens, artigos e comentários que resumem o que nos parece mais importante no universo socioambiental da atualidade. Reunimos no livro os principais aspectos da maior crise ambiental da história da Humanidade e os caminhos que já estão sendo trilhados na direção de um novo mo-

delo de civilização. Energia, biodiversidade, água, lixo, planejamento urbano, meios de produção e de consumo, saúde, educação e comunicação são alguns dos temas em destaque. A característica-chave da publicação é a convergência de diferentes mídias no formato de um livro. Comentários feitos pelo rádio, artigos publicados em jornais ou na internet e reportagens de TV convivem lado a lado, transcritos com o cuidado de se respeitar os diferentes tons de linguagem originalmente adotados em cada veículo. Em cada um dos oito capítulos temáticos, há textos de convidados muito especiais, entre eles, Adalberto Veríssimo,

Marcos Terena, Miriam Leitão, Paulo Saldiva, Roberto Schaeffer, Roberto Smeraldi, Samyra Crespo, Sérgio Abranches e Suzana Khan. Por decisão do autor, 100% dos direitos autorais foram cedidos para o CVV (Centro de Valorização da Vida) que está completando 50 anos de serviço voluntário de apoio emocional e prevenção do suicídio (www.cvv.org.br) Recomendo a leitura aos amigos do

Correio Fraterno, sempre muito generosos na atenção dispensada neste espaço aos assuntos inerentes à qualidade de vida em nossa casa planetária. Será um honra encontrá-los pessoalmente nos lançamentos agendados no Rio de Janeiro e São Paulo. Rio de Janeiro: Dia 6 de fevereiro, às 19h, na Livraria da Travessa – Shopping Leblon. São Paulo: 13 de fevereiro, às 19h, na Livraria Cultura – Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073) Talk-show ao vivo sobre o livro para a Rádio CBN

Compromisso com as causas sociais Por ter abraçado a causa em defesa do meio ambiente, da vida, o jornalista André Trigueiro há 20 anos realiza um trabalho específico de palestras sobre suicídio, um tema ainda repleto de tabus. Daí sua homenagem ao CVV – Centro e Valorização da Vida, que comemora 50 anos de fundação e a quem está direcionando os direitos autorais do novo livro. Interesse em sustentabilidade e formação acadêmica em Gestão Ambiental possibilitaram a trigueiro um verdadeiro mergulho investigativo, inclusive da relação do tema com o espiritismo, o que desencadeou outro sucesso editorial, Espiritismo e ecologia (Ed. FEB). Em entrevista concedida em 2009 ao correio Fraterno, a partir da qual começou a assinar carinhosamente a coluna “Mundo sustentável” do jornal, André lembra que a educação para a sustentabilidade encerra princípios éticos e morais,

valorizados pela doutrina espírita. Segundo ele, a posição assumida pelo espiritismo em favor da vida– condenando o aborto, a eutanásia e o suicídio – alcança também a dimensão planetária na condenação do ecocídio. ou seja, a capacidade de a Humanidade realizar escolhas que reduzam nossas possibilidades de existência nesse plano. “O mundo de regeneração, como confirma Santo Agostinho, é a condição de orbe mais evoluído ética e moralmente, entretanto, não há qualquer menção às qualidades ambientais deste mundo. Ou seja, podemos deduzir que os suprimentos de água limpa, solo fértil, ar puro, biodiversidade e as condições climáticas serão definidos a partir das escolhas que realizarmos agora.” Tudo é uma questão de equilíbrio, de usar e não abusar”. Leia a entrevista e os textos completos de André Trigueiro publicados no jornal no nosso site (www.correiofraterno.com.br)

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