FRATERNO
ISSN 2176-2104
CORREIO
Entrevista
Richard Simonetti
Um dos criadores do clube de livro espírita analisa a dinâmica do mercado editorial. Págs. 4 e 5
SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 45 • Nº 448 • Novembro - Dezembro 2012
Livro espírita Uma conversa necessária
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iante das mudanças que rapidamente vão surgindo em plena era digital, o convite é para reflexão. As informações chegam abarrotando nosso dia. Tudo tem pressa, enquanto milhões de dados podem ser acessados em segundos através da internet. É neste momento que perguntamos: Qual o papel da comunicação espírita e como ela vem se adaptando aos novos tempos? Grande difusor das ideias espíritas, o livro também vive momentos especiais. Entre obras de estudo e romances, cresce o número de editoras e clubes de livros. Os downloads gratuitos de obras que ainda não estão em domínio público também invadem as comunidades espíritas. A divulgação se faz, mas muitas questões ainda estão em busca de respostas, num ajuste de mercado que assinala grandes desafios. Autores, editores e livreiros espíritas abordam os diversos aspectos do tema que, longe de estarem aqui concluídos, levantam apenas a ponta do véu em forma de análise para que você, leitor, principal razão disto tudo, também tire suas conclusões. Págs. 8 e 9
Pesquisa sobre mediunidade desafia cientistas
UM CLUBE PARA EXERCITAR O ESPÍRITO
Estudos realizados na Universidade da Pensilvânia com médiuns brasileiros revelam que a comunicação com os mortos não é uma hipótese científica a ser descartada, como muitos céticos acreditavam. Este estudo é um marco e abre caminho para novas pesquisas. Pág. 3
“Eu começaria tudo de novo” Conheça a história de uma das fundadoras das Casas André Luiz, em Guarulhos, SP. Há mais de sessenta anos colaborando na instituição, dona Jandyra Tidon recorda a trajetória do grande trabalho que viu despontar ainda bem jovem. “Quando a espiritualidade nos comunicou que receberíamos crianças órfãs, não podíamos imaginar o que viria pela frente.” Pág. 7
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eDItoRIAL
As diversas faces de um
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uando iniciamos a primeira reunião de pauta, nosso desafio era descobrir qual seria o principal assunto a ser abordado nesta última edição do ano. Refletíamos sobre como o Correio poderia ser útil ao leitor, numa época em que as luzes do Natal se acendem, os corações ficam mais sensibilizados e o estresse toma conta pedindo um tempo de descanso. Analisávamos a velocidade com que as informações chegam abarrotando nosso dia a dia, pensando como isso tudo poderia ser visto à luz do espiritismo. Ou melhor, qual seria o papel da comunicação espírita e como estava ela se adaptando aos novos tempos. Uma chamada para nós “ao acaso” do pesquisador Jáder Sampaio, pela internet, acabou fazendo parte de nossa reunião e
definindo a necessidade de pautarmos algo sobre o mercado editorial espírita. Também um email do GEEM chegava para nossa divulgação, alertando para o fato dos prejuízos dos downloads gratuitos de obras espíritas fora do domínio público. Marco Milani, responsável pela área do livro da USE, enviara-nos um texto sobre livrarias espíritas. Um encontro com Richard Simonetti, numa palestra, nos permitiu uma bela entrevista sobre clube de livros. E a participação da editora Correio Fraterno no Feirão de Livros de Araras selou também uma conversa com Ricardo Carrijo, presidente da Adeler. Pronto, a edição se formou. E, agora, abordando os diversos aspectos da questão, todos estão aqui presentes para analisar o que você, leitor, está lendo. Afinal você é a principal razão disto tudo.
CORREIO DO CORREIO Joia no acervo do Correio “Canuto Abreu visita Léon Denis” (edição 447): verdadeira preciosidade! Fiz um post a partir da matéria e espalhei por aí. Assim, não só se divulga – e se relembra essa pessoa fantástica que foi Léon Denis, mas também o Correio, graças a Canuto Abreu. Um abraço, bom trabalho. Paulo Santos, por e-mail
Edição comemorativa Agradecemos a lembrança dos nomes de nossos pais (edição 447): Jorge Rizzini, que dedicou toda sua vida ao trabalho de divulgação da doutrina espírita, e Iracema Sapucaia Rizzini, que amorosamente facilitou o entendimento dos conceitos espíritas às crianças através de seus livros infantis. Ambos encontraram neste jornal e editora o apoio necessário e indispensável para que
fato
Outro assunto um tanto quanto interessante também surgiu: a recente descoberta científica sobre mediunidade, que mereceu capa da revista Época. A cada edição temos a certeza de que não estamos sozinhos, que a sintonia com o Bem é mesmo a grande fonte para nosso trabalho da comunicação espírita e que numa atitude liberta ninguém pode se colocar como dono da verdade. E aí está o papel do bom jornalismo: mostrar as diversas faces que compõem o fato, deixando que o leitor tire suas conclusões. Nessa última edição do ano, nossa gratidão a todos os que contribuíram com seus textos, suas opiniões, suas leituras. Feliz Natal e que o Ano Novo seja repleto de amor e paz! Equipe Correio Fraterno
pudessem atingir seus objetivos. O espiritismo no Brasil tem no Correio Fraterno o aliado sincero, destemido, que valorosamente tem divulgado com exatidão seus conceitos que tanto nos confortam. Parabéns! M. Angélica Rizzini, São Paulo Jornal, site, livros em mais um ano, tudo foi feito com muito carinho e respeito a todos aqueles que aguardam, leem, apreciam e ainda mandam recadinhos de incentivo. Valeu a pena! Ano que vem tem mais! Sempre o nosso muito obrigado!
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br
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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118
Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br
JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Comunicação e marketing: Tatiana Benites Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: Lance Gráfica
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Uma ética para a imprensa escrita em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
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Acontece
Pesquisa sobre mediunidade desafia cientistas
Julio Peres, no laboratório da Universidade de Pensilvânia, analisando as imagens dos exames: paradoxo científico
Da REDAÇÃO
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o último 16 de novembro, foi publicado importante artigo científico revelando os resultados de pesquisa com médiuns psicógrafos. Depois de vasculhar seus cérebros com equipamentos de neuroimagem, os cientistas descobriram que durante o transe mediúnico há uma nítida alteração do funcionamento cerebral dos psicógrafos experientes. Entre as hipóteses plausíveis para os motivos da alteração cerebral, figura a de que a comunicação entre vivos e mortos pode ser um processo real. O estudo não é conclusivo, porém. Nada, neste campo, ainda pode ser festejado como uma comprovação científica da comunicação espiritual. Mas já é um grande passo dado neste sentido. Afinal, a pesquisa demonstra que a comunicação com os mortos não é uma hipótese científica a ser descartada, como muitos céticos acreditavam. Este estudo é um marco e abre caminho para novas pesquisas. Em reportagem à revista Época (nº 757) a jornalista Denise Paraná, que acompanhou de perto as experiências, relatou os bastidores da investigação. Tudo começou em 2008, na Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, onde dez médiuns brasileiros, psicógrafos, colocaram-se à disposição de um grupo de cientistas para serem monitorados por equipamentos de alta tecnologia durante e fora do transe mediúnico. A experiência, pioneira no mundo, foi realizada segundo critérios e métodos rigorosamente científicos, sendo os pesquisadores de instituições de prestígio e competência no meio acadêmico: Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Goiás e Universidade da Pensilvânia.
Para os pesquisadores brasileiros envolvidos no projeto, o psicólogo clínico e neurocientista Julio Peres, autor principal do artigo, os médicos Alexander Moreira-Almeida, Frederico Camelo Leão, Leonardo Caixeta e para o cientista americano Andrew Newberg, o interesse sobre o tema não é recente. Em sua tese de doutorado, em 2005, Alexander demonstrou que um grupo importante de médiuns que ele estudou não era esquizofrênico; Frederico Leão, em 2004, analisou em dissertação de mestrado o impacto de práticas espirituais na evolução clínica e comportamental de pacientes portadores de deficiência mental, e Julio Peres vem se dedicando há vários anos à regressão de memória, ao estudo e trabalho relacionados à psicoterapia e espiritualidade. A conclusão inicial dos cientistas na pesquisa é de que a mediunidade pode ser considerada uma manifestação saudável. “É conhecido o fato de experiências religiosas afetarem a atividade cerebral. Mas a resposta cerebral à mediunidade, à prática de supostamente estar em comunicação com ou sob o controle do espírito de uma pessoa morta, até então nunca tinha sido investigada”, disse à Época o cientista Andrew Newberg, especialista em neuroimagem de experiências religiosas e referência mundial em documentários que tratam de ciência e religião. Os médiuns voluntários pesquisados foram selecionados após uma longa triagem para preencherem os requisitos exigidos. Os pesquisadores queriam observar o mapeamento cerebral nas duas condições de escrita, em transe mediúnico, quando os pesquisados escreviam como psicógrafos, e
em estado “normal”, quando elaboravam textos de sua própria autoria. Através das imagens obtidas da irrigação sanguínea do cérebro no momento da escrita, seria possível a comparação da atividade nas duas diferentes situações. “Os resultados causaram espanto”, descreve a jornalista, pós-doutora pela Universidade de Cambridge. O que se constatou foi que durante a psicografia o cérebro dos médiuns apresentava menor atividade, ainda que os textos gerados fossem bem mais complexos. Outro dado interessante revelado pela pesquisa foi que nos médiuns mais experientes a atividade cerebral era ainda menor. Para os cientistas, isso seria “compatível” com a hipótese de que os médiuns não teriam mesmo sido os autores dos textos psicografados e sim os espíritos comunicantes. O estudo sugeriu também que há semelhanças entre a ativação cerebral dos médiuns nos momentos de psicografia e a de pacientes esquizofrênicos, sendo que os primeiros gozam de saúde mental, o que leva os cientistas a reconhecerem a necessidade de se dar mais importância a pesquisas nesta área em que a dissociação (processos em que as ações e os comportamentos fogem da consciência) não é doentia. A
mediunidade seria, portanto, uma expressão comum à natureza humana. Para Denise Paraná, apesar de a linha de pesquisa sobre espiritualidade ter sofrido forte oposição materialista, onde “experimentos com mediunidade se tornaram uma mácula nos currículos oficiais de eminentes cientistas”, o cinema, a TV e a literatura cada vez mais se apropriam das questões do espírito. “Cientistas laureados com o Nobel consagraram parte de sua vida buscando respostas para os mistérios da alma e a possibilidade de comunicação com os mortos. Pesquisas que hoje seriam consideradas assombrosas, como materialização de espírito e movimentação de objetos à distância, foram realizadas na passagem do século 19 e 20, mas experimentos frustrados e comprovação de fraude de alguns médiuns lançaram um manto de ceticismo e silêncio sobre o tema... A questão tem sido esquecida, mas não totalmente”, disse Denise Paraná. “Ainda há muito a se explicar. Muita coisa não cabe dentro o discurso que prevalece hoje na ciência”. Para acessar a matéria da Revisa Época e o artigo científico completo acesse: www.correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br
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ENTREVISTA
Um retrato do mercado editorial espírita Por IZABEL VITUSSO e ELIANA HADDAD Falta de cultura doutrinária e o gosto por fantasias atrasam a divulgação do espiritismo
Como está o mercado do livro? Richard: Há um problema sério: a concorrência. Há muita gente escrevendo, muitas editoras produzindo livros espíritas, não raro sem qualidade, sem conteúdo doutrinário. Médiuns psicografam algumas mensagens e entendem que devem ser publicadas, confundindo exercícios de psicografia com material para um livro. Em sua opinião qual o maior desafio do mercado editorial espírita? Richard: Sustentar a pureza doutrinária. Depois que Chico Xavier desencarnou “soltaram a tampa da revelação”. Médiuns transmitem fantasias sobre a vida espiritual, situando-as como desdobramentos do conhecimento espírita. Livros assim vendem bem, fazem mal ao movimento.
Com 53 livros publicados, Richard Simonetti, 77anos, nasceu em Bauru. Filho de duas tradicionais famílias de descendência italiana, conviveu desde cedo com atividades sociais. Sua mãe, Adélia, dirigiu por várias décadas uma oficina de costura, no Centro Espírita Amor e Caridade, atendendo migrantes e famílias pobres da região. Casado com Tânia Regina Simonetti, é pai de Graziela, Alexandre, Carolina e Giovana e avô de Rafaela. Com mais de dois milhões e duzentos mil exemplares vendidos, é membro da Academia Bauruense de Letras. Simonetti foi funcionário do Banco do Brasil. Desde que se aposentou, em 1986, passou a se dedicar inteiramente às atividades espíritas, particularmente no Centro Espírita Amor e Caridade, ao qual está ligado desde a infância, que desenvolve importante trabalho no campo social – albergue, triagem de migrantes, atendimento à população de rua, creche, assistência familiar e cursos profissionalizantes – beneficiando anualmente cerca de 25 mil pessoas. Expositor espírita nacional e internacional, com centenas de artigos publicados em jornais, revistas e portais, é de opinião que a imprensa espírita hoje está comportada “até demais”, nela faltando um espaço para críticas e resenhas literárias. Em 1970, articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita no Brasil. E é justamente sobre esse mercado editorial que ele fala nessa entrevista. Acompanhe. www.correiofraterno.com.br
Por que o senhor acha que vendem tanto esses livros? É o pessoal que não sabe escolher ou é o que se está oferecendo a eles? Richard: Falta de cultura doutrinária. Gostam de fantasia, principalmente quando romanceada. Aceita-se tudo sem a pergunta essencial: é compatível com a doutrina? Como fazem a escolha de romances em seu centro? Richard: Impossível analisar tudo o que é publicado. Um bom recurso é selecionar editoras sérias, que publicam livros observando o conteúdo doutrinário. O senhor acha que essa situação de mercado é consequência apenas da parte comercial, de ser preciso ganhar dinheiro, ou pode ser um movimento das trevas?
Richard: Ingenuidade atribuir tudo às trevas. O problema maior é a falta de compromisso com a doutrina, superada pelo empenho de vender mais, ter mais associados, lucrar mais. O senhor, como autor, presidente do Ceac, foi também o grande incentivador do clube do livro. Como avalia esse projeto hoje? Richard: Em 1976 realizamos, sob os auspícios da USE-Bauru, um amplo movimento de divulgação do clube do livro espírita. Conseguimos contabilizar perto de 200 CLEs. Hoje há um número bem maior, realizando o mais importante trabalho de divulgação do livro espírita. Os CLEs vendem muito. Qual foi a dinâmica pensada para o funcionamento do clube? Richard: O CLE é muito simples. Organiza-se uma lista de adesões. Em seguida é feita a compra do livro junto à editora, com distribuição ao associado que paga a mensalidade e recebe o seu exemplar. Quando fizemos a campanha de instalação do CLE o slogan era “O Ovo de Colombo” da divulgação espírita. Fizemos inclusive no Correio Fraterno. Muito simples, prático e objetivo. A ideia era fazer um livro vendendo-o bem mais barato antes de ele sair para as distribuidoras, ganhando-se no volume das vendas, é isso? Richard: Sim e, o mais importante: todos ganham. A editora, que publica mais livros, o CLE, que vende muito, e o leitor, que paga mais barato o livro.
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entReVIStA LIVROS & CIA. Mas sabe-se que algumas pessoas não honram o compromisso de vender exclusivamente para clubes o que compram com grande desconto, e acabam prejudicando a própria dinâmica do mercado. Richard: Normalmente não deve acontecer, porquanto um CLE costuma ter no mínimo 50 associados. Nenhuma livraria compra tantos livros de um mesmo título. O que o senhor mudaria se tivesse que lançar o clube do livro hoje? Richard: Tentaria mudar a mentalidade dos dirigentes de clube de livro. Hoje temos um problema sério. Para fazer publicar um romance, a editora vai desembolsar, por exemplo, cinco reais e cinquenta centavos. Os clubes cobram do associado cerca de vinte reais. Mas eles querem comprar da editora por no máximo 6,50. A editora vai receber um real de lucro bruto em cima do custo do livro, que não inclui o custo de manutenção da própria editora. Já escrevi sobre isso. É preocupante como os dirigentes de clube lidam com isso, interessados sempre no lucro. Muitos querem preço, o livro barato. E nem sempre estão preocupados com o conteúdo nem com a sobrevivência das editoras. Há casos de trabalhadores em casas espíritas que, entusiastas na divulgação da doutrina, vendem livros em porta de centros pelo preço que conseguem nas distribuidoras, o que tem causado problemas com livrarias espíritas há muito estabelecidas nas cidades. Vale tudo em nome da divulgação? Richard: Vender livros nas portas do centro até abaixo do preço de custo pode ser um belo ideal, mas não é compatível com o bom senso. É preciso cuidado para preservar as livrarias. Elas têm despesas, precisam de uma margem de lucro para se sustentar. Considere-se, ainda, que o leitor pode comprar apenas porque está barato. Será que irá ler? Comenta-se que 60% das pessoas que assinam o clube de livro espíri-
ta não são espíritas, gostam de ler romance por prazer. O senhor tem alguma informação sobre isso? Richard: Provavelmente isso acontece. Segundo o IBGE apenas 2% da população brasileira dizem-se espíritas. Certamente haverá muita gente associada ao CLE sem vinculação ao Espiritismo. Os CLEs fazem um excelente trabalho de divulgação entre os simpatizantes, mas seria conveniente uma dosagem quanto ao conteúdo, não ficando apenas em romances, que nem sempre são de conteúdo legitimamente espírita.
Ingenuidade atribuir tudo às trevas. O problema maior é a falta de compromisso com a doutrina” E sobre os temas abordados nos livros? O que poderia se fazer de novo em termos de conteúdo? Richard: Pela minha experiência como escritor, acho que a literatura espírita deve ser clara, objetiva, agradável, bem-humorada. Procuro fazer isso, tanto que há pessoas usando os meus livros para fazer palestras e citações. Não há necessidade do uso de dicionário. É fácil escrever fácil? Richard: Mario Moacyr Porto diz que é fácil escrever difícil; difícil é escrever fácil.
Posso escrever um artigo em rápidos minutos, mas é provável que o leitor tenha dificuldade para entender. É fundamental fazê-lo de forma objetiva, eliminar termos de difícil entendimento, demonstrar clareza de linguagem. Isso dá muito trabalho. O público hoje compra muito mais os lançamentos e deixa de comprar os livros básicos, as obras subsidiárias, se assim podemos dizer, como Kardec, Emmanuel, Denis, Yvonne Pereira, Herculano. O que acontece? Richard: As obras de Allan Kardec vendem bem. Outros autores talvez careçam de maior divulgação. Herculano Pires escreveu muitos livros, mas quase não os vemos, edições esgotadas. É um autor dos mais importantes. O senhor acha que o público mudou ou continua precisando das mesmas coisas? Richard: Há uma elevação do nível cultural do brasileiro. Natural que hoje se exija mais dos autores. O que deve ter um bom romance espírita? Richard: Deve ter história envolvente, que prenda a atenção, mas com temática legitimamente espírita que ofereça ao leitor subsídios para uma visão doutrinária da existência humana. Vemos isso na obra de André Luiz. Histórias que fluem bem, mas em cada página há algo para pensar. Alguns editores têm se manifestado sobre a questão de livros, como o caso dos de Chico Xavier, que ainda não estão em domínio público, mas já estão sendo disponibilizados para serem baixados na internet. É esse o caminho para a divulgação? Richard: Se não houver autorização do autor ou da editora, é uma desonestidade, incompatível com os princípios espíritas. Ressalte-se, porém, que esse movimento não tem grande repercussão. Ler em monitor de computador não é convidativo.
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QUEM PERGUNTA QUER SABER
As crianças veem espíritos? N
a Revista Espírita (fevereiro de 1865), tendo como médium o próprio sr. Dellane, pai de Gabriel Dellane, um espírito protetor esclarece que a infância propriamente dita é uma longa série de efeitos mediúnicos e que, se as crianças não temessem as manifestações espirituais naturais do período, esses efeitos seriam constatados de uma forma muito melhor. Sob o título de “Mediunidade na infância”, o texto traz ainda as seguintes explicações: Quando, após ter sido preparado pelo anjo guardião, o Espírito reencarna, começam a se estabelecer os laços misteriosos que o unem ao corpo, para manifestar sua ação terrestre. A ação do espírito sobre a matéria, nesse tempo de vegetação corpórea, é pouco sensível. Assim, os guias espirituais procuram aproveitar esses instantes, em
se diz vulgarque a parte carmente, expresnal não obriga a são mais justa participação da do que se peninteligência do Espírito, a fim sa. Com efeito, sorriem aos de preparar este Espíritos que último e o encoos cercam e derajar às boas revem guiá-los... soluções de que sua alma está Como Deus jamais abandona impregnada. É nesses momenas suas criaturas, Marcelo Bastos Silveira, Vitória, ES esses mesmos estos de desprendimento que o píritos lhes dão Espírito, saindo mais tarde boas e salutares instruções, quer durante o sono, da perturbação que teve que passar para quer por inspiração, em estado de vigília. a encarnação presente, compreende e se Daí podeis ver que todos os homens poslembra dos compromissos contraídos para suem, ao menos em germe, o dom da meo seu adiantamento moral. Assim, estudai diunidade. o rosto de criancinhas que dormem e que Em outra ocasião, comenta Allan Karmuitas vezes “sorriem como anjos”, como
Por que os bebês parecem sorrir quando estão dormindo. Eles veem espíritos?
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dec sobre um correspondente da Revista Espírita que lhe relata o caso de uma criança que ele deduzira fosse um médium vidente. “É lamentável que o nosso correspondente não tenha tido a ideia de interrogar essa menina quanto às pessoas com quem conversava”, lembrando que a mediunidade vidente é muito comum, se não mesmo geral nas crianças. Ele explica ser este fato “providencial”, pois ao saírem da vida espiritual, os guias da criança acabam de conduzi-la ao “porto de desembarque para o mundo terreno”, como vêm buscá-la em seu retorno. A elas se mostram nos primeiros tempos, para que não haja transição muito brusca; depois, se apagam pouco a pouco, à medida que a criança cresce e pode agir em virtude de seu livre-arbítrio. Então a deixam às suas próprias forças, desaparecendo aos seus olhos, mas sem as perder de vista.
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noVeMBRo - DeZeMBRo 2012 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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1 Casas André Luiz, em Guarulhos. 2- Dona Jandyra na juventude. 3- Dona Jandyra e Ana Gaspar, fundadoras. 4- Dona Jandyra em foto recente. 5. Trabalhadores da casa na inauguração de uma das unidades de trabalho na Vila Galvão.
Ninguém disse que seria fácil Por MAGALI BISCHOFF
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uem nunca ouviu falar das Casas André Luiz na cidade de Guarulhos, em São Paulo? Instituição reconhecida pela qualidade do atendimento prestado a pacientes com deficiência intelectual, surgiu como Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz, em 28 de janeiro de 1949. De caráter filantrópico, sem fins lucrativos, há 63 anos, tem como missão,
atender gratuitamente a pessoas com todos os graus de comprometimento intelectual: leve, moderado, grave e profundo, com ou sem deficiência física associada. Quem conhece a história da instituição fica sensibilizado. Em 1959, foi adquirido um terreno de 70 mil m², onde foram construídas as quatro unidades hoje existentes. Atualmente são atendidos cerca de
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BAÚ De MeMÓRIAS
1.600 pacientes, dos quais 600 são residentes numa unidade de longa permanência, necessitando de cuidados por toda a vida, e os demais em regime ambulatorial, onde são realizados aproximadamente 2 mil atendimentos por mês aos pacientes da comunidade. Juntamente com Osmar Marsili e Gastão de Lima Neto, Jandyra Delgado Tidon, 83 anos, foi uma das fundadoras da instituição. Ativa nas atividades da FEAL- Fundação Espírita André Luiz, ela recorda com carinho a trajetória de um grande trabalho que viu despontar ainda bem jovem. Nascida em berço espírita, seus pais frequentavam a casa da família Castaldelli, que realizava reuniões espíritas no lar. Após a morte do filho João Castaldelli, a família cedeu o andar de cima da casa para efetivar o início das atividades do centro espírita. Tempos depois, a família fez a doação da casa, na rua Ezequiel Freire, em Santana, que se tornou a sede da primeira unidade do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz. Envolvida nas atividades mediúnicas desde o começo, dona Jandyra se preparou no curso sobre espiritismo, colaborou com as escolas, trabalhou no atendimento às famílias carentes, gestantes e funcionários, participou das atividades do passe, fez palestras, formou novos trabalhadores, preparando voluntários que muitas vezes seguiam para outras instituições que se formavam. “É preciso levar a doutrina espírita para dentro dos lares, já que as pessoas não saem de seus lares para buscar a doutrina”, costuma analisar. E isso lhe foi possível realizar muito bem, ao desempenhar atividades diversas, sustentada pela formação espírita que recebeu da família e por sua vontade constante de ajudar o próximo. “Quando a espiritualidade nos comunicou que receberíamos crianças órfãs, não podíamos imaginar o que viria pela frente. Conforme as mensagens chegavam, íamos descobrindo que tínhamos que cuidar de crianças com deficiência, mesmo sem preparo algum para isso”, conta, ao lembrar a forma pela qual foram assumindo seus postos de trabalho. “As crianças chegavam de toda parte, encaminhadas por órgãos estaduais e pela prefeitura ou abandonados pelas famílias”, acrescenta. Segundo dona Jandyra, a responsabilidade da tarefa foi crescendo junto com
a quantidade de crianças que chegavam, pois a qualidade do atendimento prestado exigia esforços para sua manutenção. “Por diversas vezes, acreditamos que as crianças não tinham recuperação, mas aos poucos íamos descobrindo que o tratamento apresentava um resultado eficiente na qualidade de vida dos pacientes”, explica. Novas necessidades surgiram e outras unidades foram construídas, oferecendo-se oportunidades variadas de trabalho e permitindo o exercício de inúmeras atividades voluntárias ao longo de décadas na instituição. Ela destaca também que a sociedade paulistana muito colaborou para a construção do projeto, através da doação de móveis e objetos usados, que eram comercializados a baixo custo, sendo seus valores revertidos para a instituição. “Buscávamos as doações em cima de caminhões e depois separávamos o que se podia vender e o que seguia para doação”. Foi assim que se formou o popular Mercatudo, que passou a comercializar também objetos e móveis novos e seminovos, além dos objetos antigos sempre muito procurados por decoradores e pessoas que reciclam ou que têm uma visão sustentável. Sobre seu trabalho como voluntária, dona Jandyra esclarece que sempre dividiu as intensas atividades no centro espírita e na Unidade de Longa Permanência com sua vida pessoal. Esposa, mãe de quatro filhos, costurava para ajudar nos ganhos da casa para sustento da família. ”As necessidades batiam à porta a todo o momento”, destaca. Hoje, permanecendo ativa, há mais de seis anos colabora na revisão dos programas da Rede Mundo Maior de Televisão, a convite de Onofre A. Baptista, presidente do conselho diretor da FEAL. Exemplo de vida e dedicação, sustentada por uma contagiante boa vontade, lucidez e disposição, dona Jandyra é uma daquelas figuras pioneiras do movimento espírita que, mobilizadas no grande ideal pelo Bem, demonstram a importância da responsabilidade da tarefa voluntária e a satisfação do dever cumprido. “Trabalho é alegria. Nunca nos disseram que seria fácil. Com certeza, eu começaria tudo de novo”, garante. Visite o site: http://www.casasandreluiz.org.br www.correiofraterno.com.br
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eSPecIAL
Livros, tablets, download e pirataria
Uma conversa necessária Por JÁDeR SAMPAIo
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o início do milênio, estava às voltas com o doutorado em São Paulo. Como a família ficou em Belo Horizonte, optei por ir e vir semanalmente, em princípio de ônibus, que esperava pacientemente na estação rodoviária Bresser, hoje extinta. Às vezes ficava horas assentado nas desconfortáveis cadeiras do terminal, e ainda cheio de energia, resolvi aproveitar o tempo e fazer avançar o projeto de tradução de O aspecto científico do sobrenatural (Editora Lachâtre). Após alguns anos havia conseguido um exemplar em língua inglesa, importado dos Estados Unidos, de um livro que apresentava os principais trabalhos de Alfred Russel Wallace sobre o espiritualismo e a pesquisa dos fenômenos espirituais (Miracles and the modern spiritualism). O texto de Wallace, difícil, também pela distância do tempo, exigia cuidados, pois vez por outra lançava mão de conceitos próprios da filosofia e das ciências naturais. No terminal rodoviário eu podia passar para o português apenas as frases e expressões mais fáceis, deixando os trechos mal compreendidos do texto para uma pesquisa posterior. Para não cansar o leitor, posso dizer que o trabalho demorou mais de um ano. Envolveu pesquisa, internet e, no final, uma revisão criteriosa que exigiu mudanças e discussões amigáveis entre autor e editor, até que o livro ficasse pronto. Pensei que o movimento espírita não se interessaria pelo trabalho, mas estava enganado. Para um livro de pesquisa, a demanda tornou-se contínua, e embora não tenha se tornado nenhum best-seller, esgotou-se. Já estava empenhado na publicação de outra tradução do mesmo autor, ainda mais técnica, que saiu com o título Diálogo com os céticos, quando recebi a notícia desalentadora. Talvez o Aspecto científico do sobrenatural não fosse reimpresso porque havia sido pirateado e disponibilizado na internet. Imediatamente fui pesquisar a procedência da afirmação, e qual não foi a minha surpresa quando encontrei o livro em sites espíritas. Ao examinar o texto, descobri ainda que havia pelo menos duas versões. Uma delas devia ter sido digitada e inseriu uma quantidade enorme de erros no livro. Eles ocultavam todas as informações editoriais, deixando apenas o texto do autor britânico. Fiquei abismawww.correiofraterno.com.br
do. Por que alguém cometeria tão claro desrespeito à lei de direitos autorais no nosso país? A tradução é uma produção intelectual tão protegida quanto um romance autoral, uma música ou um software. Passei a entrar em contato com os supostos pirateadores, uma vez que os considero potenciais homens de bem. Eles estariam abertos a um diálogo. Alguns retiraram o livro de suas listas, mas o estrago já estava feito, com os diversos textos espalhados pela internet, com traduções desfiguradas e equivocadas. Lembrei-me dos evangelhos cristãos. Nós espíritas conhecemos o trabalho de São Jerônimo, que foi convocado pelo poder eclesiástico a selecionar, dentro de uma enormidade de textos e cartas atribuídas aos apóstolos e primeiros cristãos, aqueles que comporiam o Novo Testamento. Ele lamentou-se, dizendo que ao final de seu trabalho, ninguém reconheceria sua seleção, que se tornou a base da vulgata e proscreveu inúmeros documentos à condição de apócrifos. Acho que em breve teremos este tipo de discussão no movimento espírita, com o avanço dos tablets e outros meios digitais. Qual texto será confiável? Esta é uma das consequências que não apenas antevejo, mas que já percebo estar acontecendo pontualmente. Outra questão que estamos vivendo, nesta transição do mercado editorial espírita, é um efeito indesejado dos clubes do livro espíritas. Eles foram criados para disseminar o livro espírita e viabilizar a edição de obras de qualidade de autores novos, de livros clássicos, de livros de estudo e outras iniciativas nobres, ou seja, na contramão da economia de mercado. Todavia, parece que a criatura se voltou contra o criador. Os leitores, em vez de se interessarem por este traçado, aos poucos foram demandando a transformação dos clubes em uma espécie de indústria de entretenimento. Querem romances. E o apelo é tão grande, que as editoras passam a ter que editar romances e mais romances, para tornarem-se viáveis e talvez editar um livro de estudos ou pesquisas. Nada tenho contra a literatura e o romance é um gênero importante, mas, uma vez banalizado, lembra os livretos vendidos em bancas de jornal para passar o tempo. Da edição de livros de má qualidade aos centros espíritas o efeito se faz perceber. As livrarias cedem às políticas de lança-
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mento das distribuidoras e resolvem adquirir livros que vendem, em vez de priorizarem a divulgação do espiritismo como sua meta primordial. Em pouco tempo, o grande público começa a consumir livros publicados para “fazer caixa” e a trazer para os centros espíritas confusões elementares, ocultas sobre autorias que se tornaram notáveis por fazerem best-sellers. Autores muito respeitados, que alimentaram as gerações de espíritas que nos antecederam, começam a ser esquecidos, porque não têm como concorrer com os lançamentos divulgados a torto e a direito para sustentar as editoras. A situação torna-se ainda mais crítica, quando o funcionamento das sociedades espíritas depende da renda da livraria, em vez das contribuições dos sócios. Por uma questão de autonomia, o dinheiro dos livros deveria ficar entre os livros. As livrarias deveriam manter um acervo mínimo para que os leitores pudessem ter acesso ao livro, folheá-lo. Isso é tão importante quanto assistir a uma palestra. O lucro poderia ser revertido às
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bibliotecas para atender a um número ainda maior de interessados, e se houver uma política de aquisição de acervo, auxiliar a viabilizar aqueles livros de estudos, que são de baixa vendagem. É assim que funciona nas universidades, visto que os livros técnicos são de baixa procura e muitas vezes apoiados por fundos do estado, dada a sua importância. Como reverter este processo? Alguns acreditam que não há como. Outros, mais radicais, querem acabar com o mercado editorial e colocar tudo de graça da internet. Eu espero que os diversos atores sociais, como lideranças, editores, livreiros e outros se mobilizem para que tenhamos livros de qualidade nos centros espíritas, pelo menos, e para fazermos escolhas que possibilitem o uso das novas mídias que estão surgindo, como o livro digital. Jáder dos Reis Sampaio é psicólogo, professor do Departamento de Psicologia (UFMG) e doutor em Administração. Autor de dezenas de projetos editoriais (como tradutor, organizador e escritor). Coordenador do blog Espiritismocomentado.blogspot.com.br
VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS
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nfelizmente, tem sido comum, em alguns sites, a disponibilização para downloads de obras de Francisco cândido Xavier, que não são de domínio público, sem autorização ou ao menos consulta prévia aos titulares dos direitos autorais. De modo geral são disponibilizados sem a capa, sem o nome da editora e alguns são apresentados resumidamente, descaracterizando totalmente a obra do chico e dos autores espirituais. O GEEM, titular do direito autoral de várias obras, por cessão expressa de Chico Xavier, discorda desta prática, pois a divulgação da doutrina espírita deve ser feita em total respeito às leis do País. Note-se, a esse respeito, que o GEEM, entidade religiosa sem fins lucrativos, há quase 50 anos divulga a obra de chico Xavier. Editamos até o momento em torno de dois milhões e meio de exemplares sem qualquer objetivo de lucro. toda a diretoria e os participantes do grupo são voluntários, sem qualquer remuneração. No entanto, na estrutura da máquina administrativa há evidentemente funcionários remunerados, cuja folha é custosa.
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Nossos livros têm uma longa preparação, pré-edição com despesas significativas no que tange às capas, à diagramação, à qualidade gráfica e não nos parece justo que deles se apossem terceiros, mesmo com a melhor das intenções, como se tivessem nascido do nada. Por que razão chico Xavier nos teria cedido os direitos? Para cuidarmos dos livros com atenção e respeito. Parte significativa de nossos livros é distribuída gratuitamente a centros, instituições, bibliotecas, pessoas físicas e percentual significativo das vendas é dirigido à população mais simples a preços inferiores ao custo dos livros. e o eventual resultado na comercialização dos livros não é utilizado em benefício do GEEM, mas, sim, nos respectivos projetos de divulgação e obras de caridade. Quando é o caso, temos concedido, gratuitamente, respeitadas determinadas condições, autorização para a utilização das obras, às pessoas que o desejam, com equilíbrio e ponderação. Mas não podemos aceitar a utilização indiscriminada, sem qualquer autorização ou consulta prévia. GEEM — GRUPO ESPÍRITA EMMANUEL
Público leitor existe
reocupado com as questões de cunho mais comercial, o presidente da Associação de editoras, Distribuidoras e Divulgadoras do Livro Espírita, Ricardo Carrijo, enfatiza que público leitor existe. Mas a dificuldade está em como fazer o livro espírita chegar até ele. “As livrarias leigas estão reduzindo cada vez mais o espaço. São muitas editoras, não há somente as espíritas, sendo preciso muita “briga” para se conseguir uma área espírita”. Ricardo também salienta que os centros poderiam trabalhar melhor as livrarias. “Muitos não têm livraria e precisavam ter. Sei que é preciso de apoio, estrutura, mas trata-se de um local importante, porque é ali que está o nosso público-alvo”. Outro ponto importante é a qualidade da divulgação. “Temos que profissionalizar e
conciliar isso com o ideal. Hoje o público está mais exigente, quer produto bom, capa bonita, bom conteúdo. e tudo isso custa.” Quanto à qualidade de conteúdo, o presidente da ADELER lembra que “há de tudo no mercado”. Para ele, algumas coisas são aceitáveis, outras não. “Sem contar que cada um tem seu gosto, sua preferência, não sendo fácil conseguir um equilíbrio”. A ADELER foi fundada em 1996, para fortalecer e defender a divulgação do livro espírita junto aos órgãos públicos da área do livro, ao público em geral e à imprensa, sendo um de seus principais trabalhos a organização de um estande nas bienais de livro, reunindo várias editoras espíritas. Saiba mais em www.adeler.com.br. www.correiofraterno.com.br
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coISAS De LAURInHA
Por tAtIAnA BenIteS
Papai Noel e Jesus L
aurinha pergunta à sua mãe: – Mãe, quando você era pequena existia Papai noel? – existia. – e como ele era? – Como é hoje. – Impossível. – Por que impossível? – Porque hoje ele é um velhinho que usa roupas vermelhas. – E antes também era assim. – Mãe, não dá pra ser. Porque senão o Papai noel ia ser muuuuuuito mais velhinho. – Mas Papai Noel é assim mesmo, ele existe há muuuuito tempo, lá no Polo norte. – Onde fica o Polo Norte? – no norte! – Ah! eu vi num livro de mapas. o norte fica pra cima. Se o norte fica pra cima... Papai Noel mora no céu?
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– não, Laurinha. É norte do nosso planeta, lá onde tem muita neve. – Ah, entendi. – Laurinha faz uma pausa, pensa e pergunta: – Mãe, Papai noel existe mesmo? – essa história vem desde muito tempo. O Papai Noel que vemos hoje é só uma representação da bondade de um senhor que se chamava nicolau e gostava de presentear as pessoas. – no natal a gente comemora o aniversário de Jesus, não é? – É sim, filha! – Jesus e Papai noel são amigos? – Ué, Laurinha, Jesus é amigo de todos... Antes que sua mãe terminasse a frase, Laurinha respondeu: – Já sei, já sei, Jesus é quem fala para o Papai noel se a gente se comportou o ano inteiro pra merecer presente ou não.
– não foi bem isso que eu quis dizer, mas... – Eu entendi. Vou rezar direitinho até o Natal pra ficar beemmmmmmmmm amiga de Jesus. Mas sabe, pensando melhor, ter um amigo como este já é um presentão, né mãe?
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LEITURA
O leitor iniciante sabe discernir o que é um bom livro? Por MARCO MILANI
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que livrarias e bibliotecas espíritas têm em comum? Livros, claro. Porém nem todo livro que está nas livrarias se encontram nas bibliotecas e vice-versa. E isso tem uma razão muito simples. Livrarias e bibliotecas são ambientes com características próprias e devem ser estruturadas e administradas considerando-se essas peculiaridades. Allan Kardec, em 1869, ao propor um catálogo de obras relacionadas ao espiritismo para se montar uma biblioteca temática, recomendou cerca de duzentos livros de sua época, mas tomou o cuidado de classificá-los em três grupos: as obras fundamentais, as diversas e aquelas realizadas fora do espiritismo, incluindo algumas de contraditores. Kardec sinalizou, assim, a necessidade inicial de se conhecer as obras fundamentais para compreender a cosmovisão espírita e, adicionalmente, propôs obras que pudessem contribuir para o estudo dos adeptos sobre como determinados assuntos de interesse eram tratados em obras correlatas e populares. Kardec também demonstrou ser relevante a refle-
xão sobre os argumentos de que os contraditores se serviam para atacar a doutrina. Sinteticamente, ele indicou que o papel da biblioteca espírita era o de suporte ao estudo metódico do espiritismo. Esse conceito permanece válido nos dias de hoje, destacando-se que modernamente os livros também podem ser disponibilizados em formato eletrônico, favorecendo a consulta e o acesso a muitas obras. E a livraria não teria o mesmo papel de suporte ao estudo? Certamente que ela também tem essa finalidade, agregando-se o fato de que, aos olhos de qualquer potencial consumidor, uma livraria espírita oferece livros espíritas! Chega a ser redundante explorar esse ponto, mas lamentavelmente esbarramos em algo muito sério e que vem prejudicando a própria proposta de divulgação doutrinária em alguns centros espíritas, que é a malfadada suposição de que o leitor deve ler de tudo e cabe a ele a responsabilidade de separar o joio do trigo, ou seja, identificar o que é coerente ou não com a doutrina... Ora, mas se é
um leitor iniciante ou sem muitos conhecimentos doutrinários, como ele conseguirá fazer isso? E não adianta perguntar para o vendedor se o livro é bom, interessante etc, pois seria péssimo para a imagem da livraria se o atendente dissesse que esse ou aquele livro não é adequado, apesar de estar ali sendo oferecido ao público. Para o consumidor, se o livro está exposto em uma livraria espírita é porque, logicamente, trata da temática espírita e passou por algum critério de escolha. Em outras palavras, os potenciais usuários, principalmente os iniciantes, confiam nos serviços e nos critérios de seleção da livraria do centro espírita. O apelo comercial, por outro lado, vem fazendo com que muitos gestores de livrarias priorizem a quantidade de títulos vendidos e não a respectiva seleção pela qualidade oferecida. Ninguém duvida de que a livraria possa ser uma importante fonte de receitas para a manutenção da instituição espírita. Mas será que se justifica a ausência de critérios doutrinários para a disponibi-
lização de alguma obra ao leitor? Supõe-se que alguém que compre um livro deseja gastar os seus recursos em algo útil e não para, ao final da leitura, lamentar a insensatez da obra. O problema é maior quando o leitor não consegue perceber a incoerência conceitual de que pode estar sendo vítima em suas leituras... Uma comparação pertinente é a seguinte: que mãe, propositadamente, ofereceria alimentos contaminados aos filhos? Pois então, que dirigente espírita, consciente de suas responsabilidades, ofereceria livros com inconsistências doutrinárias ao público de sua livraria? Trata-se de uma relação de confiança e bom senso. Bibliografia Kardec, Allan. Catálogo racional: obras para se fundar uma biblioteca espírita. São Paulo: Madras, 2004. Professor universitário e economista, responsável pelo Departamento do Livro, USE Regional, SP.
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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br Feira do Livro em Itabira Dias 17 e 18 de dezembro, das 9:00 às 17 horas, na Creche Nosso Lar – rua Madre Maria de Jesus, 139, Amazonas, em Itabira, MG, numa promoção da Aliança Municipal Espírita de Itabira, com apoio da União Espírita Mineira.
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Congresso Espírita Paraibano Será realizado de 4 a 6 de janeiro de 2013, no auditório da Federação Espírita Paraibana (FEPB) – avenida Gal. Bento da Gama, 555, João Pessoa, PB – o V Congresso Espírita Paraibano. “Amanhecer de uma Nova Era” será o tema do evento, que contará com a participação de Divaldo Franco, Haroldo Dutra, Severino Celestino e Sandra Borba. Informações e inscrições pelo site www.fepb.org.br. Fone: (81) 3221-3590.
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Encontro Nina Arueira FEV Acontece de 9 a 12 de fevereiro de 2013 o 5º Encontro Fraternal Nina Arueira. Local: Mansão do Caminho, Salvador. Rua Valdomiro Pereira Lima, 104 - Pau da Lima Salvador, BA. Palestra com o orador Divaldo Franco sobre reencarnação, mediunidade e caridade à luz do espiritismo. Informações: www.mansaodocaminho.org. br. Fone (71) 3409-8320.
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Confraternização de Mocidades Espíritas no Rio Com o tema “No teu coração, uma semente. Que fruto dará?”, será realizada de 9 a 13 de fevereiro de 2013 a 34ª Confraternização de Mocidades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro (COMEERJ), numa realização do Conselho Espírita do Estado do Rio de janeiro. Mais informações: www.ceerj.org.br e fone: (21) 2424-1244.
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A Caminho da Luz Acontece de 10 a 12 de fevereiro de 2013, promovido pela Federação Espírita de Mato Grosso do Sul, o Encontro Jovens Espíritas a Caminho da Luz. As inscrições poderão ser realizadas até 15 de dezembro pelo site http://fems.org.br. Contato: (67) 3324-3757
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Vida de Kardec ganha as telas dos cinemas A Conspiração Filmes, produtora que acaba de levar aos cinemas Gonzaga - de pai para filho, vai produzir uma nova biografia. Ninguém menos que o francês Allan Kardec será foco da nova produção. A notícia foi publicada em novembro pelo jornal O Globo. Agora é esperar! www.correiofraterno.com.br
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CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO ALGO MAIS NO NATAL
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glória na manjedoura, nós te agra-
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Senhor Jesus!
decemos: a música da oração;
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Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
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o regozijo da fé;
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a mensagem de amor;
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a bênção do trabalho;
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a confiança no bem;
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o tesouro da tua paz;
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a palavra da Boa Nova;
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e a confiança no futuro!... Entretanto, oh! divino mestre, de corações voltados para o teu coração,
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da humildade para que tenhamos
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a precisa coragem de seguir-te os
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nós te suplicamos algo mais! Concede-nos, senhor, o dom inefável
exemplos! Luz do coração, Emmanuel, Francisco Cândido Xavier, Clarim.
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ENIGMA
Que nome se dá ao fenômeno da comunicação verbal e direta dos espíritos sem o auxílio dos órgãos da voz de um médium? qualquer hora, em qualquer lugar
Solução do Caça Palavras
Veja em: www.correiofraterno.com.br Resposta do Enigma: PNEUMATOFONIA Pneumatofonia, vem do grego pneuma (ar, sopro, vento, espírito) + phoné (som,voz). Trata-se de um fenômeno que depende da atuação de ao menos um médium de efeito físico para doação de ectoplasma.
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CORREIO FRATERNO
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ARTIGO
Caminhar, acrescentar, repensar Por PAULO R. SANTOS
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em sempre o hábito faz o monge. É fato! Uma crença não é garantia de qualidade, e tudo que é humano está impregnado das imperfeições humanas, basta olhar mais de perto. O chamado movimento espírita pressupõe estruturas organizadas, instituições, algum tipo de hierarquia funcional com metas e métodos definidos. Mas o movimento espírita é fruto dos interpretadores da doutrina espírita. A doutrina espírita é a essência e a própria ‘substância’, digamos assim, das questões espirituais; estas sim, sujeitas aos equívocos dos interpretadores e opinadores. Não é errado pensar sobre a doutrina espírita, já que esse é o caminho do aprendizado. Contudo, pensar e firmar posições sem os cuidados com a experiência passada, com a própria história da doutrina e com o que o tempo ensinou e legou como ‘coisa testada’ e confirmada, é assumir uma postura de quase infalibilidade. Afinal, quem é dono da verdade? Vivemos tempos de medos e incertezas que se transmitem às nossas formas de pensar a vida e de pensar o mundo. Diante da enorme dificuldade de vislumbrar o que vem depois do nevoeiro, é comum as pessoas retornarem aos fundamentos de suas crenças em busca de segurança emocional, com consequências que podem chegar facilmente à intolerância e ao dogmatismo. O dogma sempre foi confortável, pois ajustamo-nos a ele e não é mais preciso questionar, duvidar e principalmente mudar, se necessário. O espiritismo, como fenômeno pessoal e social, não tem como escapar a esses mecanismos de autoproteção e dos efeitos de uma sociedade ou do humano em crise. Não é difícil ver e ouvir, ler e observar pessoas (espíritas no caso) assumindo posturas conservadoras e bem perto daquelas crenças dogmáticas e, por isso, aparentemente seguras e
duradouras. Trata-se de uma falsa segurança. O apego à letra, como se houvesse um dogma ou norma de que ‘fora da codificação não há salvação’ pode levar a erros não apenas na interpretação de uma doutrina livre pensadora, libertadora por natureza, como também dar origem a cismas,
dissidências e divergências que criam ressentimentos e desentendimentos, principalmente por parte daqueles que não discutem ideias, mas pessoas. Ser espírita não é seguir normas ou ritos, pois esses não existem no corpo doutrinário. Apesar disso, é verdade que existem
aqueles que assumem comportamento policialesco, de patrulhamento ideológico, semelhante aos vigilantes da fé de outros tempos. Assim como aqueles que acreditam, de boa fé, que sua forma de pensar é a melhor, a ideal, a que condiz com a literatura fundamental. O fundamentalismo, sob qualquer vestimenta, sempre será um perigo para qualquer crença, seja política ou religiosa. Se a sociedade é dinâmica, e se cada ser humano é singular, não existe possibilidade de formar rebanho a não ser pela força, pela coerção física ou psicológica. Esse cerceamento das buscas de novas formas de interpretar a vida e o mundo, impedir o aperfeiçoamento pessoal ou coletivo através de uma nova cosmovisão sempre significará estagnação, pois o retrocesso é impossível em termos absolutos e definitivos. O espiritismo vem experimentando um sensível aumento no número de adeptos e simpatizantes, seja pela sua atraente literatura, pela sua história ou pelos filmes bem sucedidos que estão hoje à disposição dos interessados. Isso estabelece o cuidado de o movimento espírita não tentar existir como uma comunidade fechada, fora da sociedade em seu conjunto. Os espíritas são parte integrante da sociedade, visível e invisível, influenciando e sendo influenciados por ela com todos os seus bons e maus momentos. A doutrina espírita se mantém inteira como ponto de partida, como nos alertou o próprio codificador, Allan Kardec. Mas é preciso caminhar, acrescentar, repensar, pois o conhecimento doutrinário, como qualquer outro, é cumulativo e progressivo e não repetitivo e circular como na Idade Média. Paulo R. Santos, é sociólogo, professor e expositor em Divinópolis, MG.
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FoI ASSIM
Um pequeno reparo Por SÍLVIA PALHANO BRAGA
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os 90 anos já passei por muitas experiências. A vida continua me ensinando muito. Sempre tive a sorte de ter bons vizinhos que se tornaram amigos queridos. Pouco tempo depois de vir para São Paulo, passei por uma fase muito difícil, que me deixava muito triste, triste e abatida. Mas eu tentava esconder minhas preocupações de todos, sem imaginar que o problema era mediúnico. Afinal eu era protestante presbiteriana e não acreditava em espíritos. Numa tarde eu estava sozinha em casa (coisa rara) e minha vizinha apareceu lá. Trazia um vestido bem velho de uma das filhas, pedindo que eu ajudasse a consertá-lo. Estranhei, porque não tínhamos intimidade. Também a roupa era muito velha e a menina andava sempre muito bem vestida. Mas isso não era da minha conta. Comecei a costurar e, de repente, tive uma crise de choro e o que eu não contava para ninguém, contei para uma estranha. Ela me ouviu, depois pegou a roupa da minha mão e disse: “Pode parar, essa roupa é muito velha. Minha filha não a usa mais.”
Tentava esconder minhas preocupações, sem imaginar que o problema era mediúnico”
VocÊ SABIA?
Um nome para os seguidores de Jesus O apóstolo Lucas foi quem sugeriu o uso da expressão “cristão” no lugar de “caminheiros” para designar os discípulos de Jesus. Ele estava com Barnabé e Saulo de Tarso e a sugestão foi aprovada com geral alegria. “O próprio Barnabé abraçou-o, enternecidamente, agradecendo o acertado alvitre, que vinha satisfazer a certas aspirações da comunidade inteira. Saulo consolidou suas impressões
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excelentes, a respeito daquela vocação superior que começava a exteriorizar-se. (…).”, relatou Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no romance Paulo e Estevão. Lucas justifica a sugestão do novo nome, dizendo não ver na palavra “caminho” uma designação perfeita que traduzisse os esforços dos seguidores de Jesus. “Os discípulos do Cristo são chamados viajores, peregrinos, cami-
Começou a me contar que ela estava em sua casa, quando sentiu uma vontade muito forte de conversar comigo, como se fosse uma ordem. Contou-me ainda que era espírita e frequentava um grupo onde havia um médium muito bom e que naquele mesmo dia iria conversar com ele sobre o assunto. Conversaram e ele sugeriu que eu fosse ao centro o mais rápido possível, o caso era de obsessão. Fui desconfiada, mais por curiosidade, pensando que nunca mais voltaria lá. Isso em novembro de 1968 e até hoje continuo no Batuíra [Grupo Espírita Batuíra], que foi e tem sido uma bênção na minha vida e da minha família. Sou grata à bondade dos vizinhos Douglas Bellini e Rosalina, que me levaram a conhecer o sr. Spartaco [Ghilardi]. Através dele entrei em contato com os bons amigos espirituais que me amparam sempre.
nheiros. Mas há viandantes e estradas de todos os matizes. Não seria mais justo chamarmo-nos – “cristão” – uns aos outros?”, perguntou, lembrando que também o mal tinha os seus caminhos. Segundo o apóstolo, o título “cristão” sempre traria a recordação da presença do mestre e caracterizaria as atividades dos seguidores em concordância com seus ensinos.
Esta história aconteceu com dona Sílvia Palhano Braga, de São Paulo. Conte sua história também. Escreva para Foi Assim, e-mail: redacao@correiofraterno.com.br
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ENSAIO
Símbolo da eternidade Por DORIS M. GANDRES
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e analisarmos com atenção a frase ao lado, concordaremos com a verdade nela expressa. Todos nós, quando em relação com uma pessoa amada, não sentimos o tempo passar, as horas transcorrem sem peso, não nos damos conta do tempo despendido na companhia daquele ente querido, às vezes até nos surpreendemos quando constatamos que anos e anos se passaram – “Puxa! Já completamos 25 anos de casados!” Ou ainda: “Filho, você já está um homem, credo!” Isto para citar apenas alguns exemplos mais próximos do nosso cotidiano... Mas também nestes últimos meses do ano, com a proximidade das comemorações de Natal, muitos de nós exclamamos: “Céus, o Natal já está chegando!” E a partir daí começa a correria, a preocupação com todos os detalhes que envolvem essa data: as listas disso e daquilo, os itens da ceia, a relação de pessoas a reunir, a presentear, aquelas a quem enviar cartões natalinos e assim por diante. E então o tempo voa... Perdemo-nos em meio a todos esses “quesitos convencionais sociais” e, de repente, percebemos que o Natal já passou, deixando-nos esgotados
outra, o que também não importa, porque o que realmente importa é o ele veio vivenciar entre nós: a prática da lei maior e melhor, a lei do amor. Em O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 11, item 8, o espírito Lázaro nos assegura que “O amor resume toda a doutrina de Jesus, porque é o sentimento por excelência (...). A lei do amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais.” E é justamente lembrando de Jesus, de seus ensinamentos e de seu exemplo, que compreendemos o que quis dizer a companheira com a sua assertiva: na verdade, “o amor é o símbolo da eternidade”, porque supera tempo e distância; vence obstáculos que sem ele seriam intransponíveis; corrige defeitos, cura dores e sofrimentos onde nada mais pode surtir efeito – essa a lição desse querido irmão, que não podemos esquecer na data que estabelecemos para seu aniversário aqui na Terra.
O amor é o símbolo da eternidade; ele nos faz perder a noção de tempo” Anna Louise de Staël
e, muitas vezes, até endividados... Entretanto, apesar disso tudo, inclusive da euforia consumista de todo tipo, em nosso íntimo, em dado momento, abre-se inevitavelmente uma porta, por onde se escapa um foco de luz intensa que nos envolve inexoravelmente – é esse amor que fulge de
toda eternidade e que nos faz perder a noção de tempo. E então nós, cristãos de todas as denominações do mundo ocidental, além de alguns outros espalhados pelo mundo afora, nos lembramos daquele irmãozinho, o Jesus lá de Belém, ou de Nazaré, tanto faz, nascido nessa época, ou quem sabe em
Carioca, articulista de diversos jornais e revistas espíritas. Autora do livro A felicidade ao nosso alcance, DPL Editora.
Fonte: Histórias para aquecer o coração, de Jack Candield e Mark Victor Hansen
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LeItURA
O auxílio pode estar numa leitura Por SÔnIA M. c. KASSe
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iariamente ouvimos e vemos no noticiário casos de pessoas que morrem vítimas de brutalidades, crimes hediondos, enfermidades e até mesmo naturalmente, causando sofrimento e aflição aos seus familiares e amigos que, surpreendidos pela fatalidade, muitas vezes demoram a acreditar no que aconteceu. Em outras ocasiões as pessoas permanecem por muito tempo internadas em alas hospitalares em situação de extrema gravidade, sendo acompanhadas pela equipe médica e contando com a presença e solidariedade de parentes e amigos. É nesse momento que o ser humano vivencia diversas emoções e deixa aflorar os seus mais íntimos sentimentos. Não consegue disfarçar o nervosismo, a agonia, o medo e a incerteza da recuperação da saúde de seus entes queridos. Acompanhar o dia a dia do doente desestabiliza, altera o emocional dos que lhe são próximos e, infelizmente, na maioria das vezes, muitos acabam se perdendo em grande consternação, melancolia e angústia de não mais conviverem com aquele que está enfermo e, assim, indiretamente impregnam o ser que está acamado com uma gama de sentimentos, pensamentos e energia negativa. Como, então, podemos auxiliar a estas pessoas?
Bem faz bem
O
Lar da Criança Emmanuel, instituição filantrópica a que o jornal Correio Fraterno está vinculado, agradece a todos que colaboraram para que este ano de 2012 pudesse ser mais um período proveitoso, importante, para nossas crianças, jovens, educadores, famílias e comunidade. Que a educação pelo amor possa ser sempre a estrela maior a iluminar os nossos caminhos. Feliz Natal e que o Ano Novo seja repleto de boas realizações! Funcionários da Volkswagen, empresa tão próxima, que sempre acompanhou a história do Lar Emmanuel nesses seus 52 anos, em São Bernardo do Campo, mais uma vez fizeram a alegria e encheram de emoção o Natal de nossas crianças. www.laremmanuel.org.br www.correiofraterno.com.br
A resposta se encontra no livro O sono dos hibiscos, de Lygia Barbiére Amaral – Editora Correio Fraterno –, em que a autora relata situações de morte e quase-morte vivenciadas na rotina de uma UTI hospitalar. Nesse romance os personagens vivem experiências que transitam entre o presente e o passado, formando uma cadeia de elos que os une nesta e em outras encarnações, construindo, dessa maneira, um enredo comovente que nos impulsiona a continuar a leitura sem interrupções, até seu ápice final. Os relatos de dor e tristeza dos personagens são acompanhados por espíritos iluminados que a todo momento inspiram e formam uma corrente vibratória, enchendo o ambiente com energias harmônicas e benéficas em prol dos que necessitam. Obra belíssima, pois, transmite a mensagem de que aqui estamos para cumprir mais uma trajetória evolutiva com vistas a corrigir nossas imperfeições e erros passados. Ao término de nosso tempo nesse mundo, passamos para outro plano onde, auxiliados por espíritos mentores, prosseguimos nos aprimorando na espiritualidade até o momento de uma nova reencarnação. Ótima leitura.