ISSN 2176-2104
CORREIO
DÉCIO IANDOLI
O médico e pesquisador traz uma visão espiritualista sobre o comportamento das células e o desenvolvimento do câncer. Pág. 3
FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o
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oBSeSSÃo
O esforço moral para a liberdade
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em sempre é fácil diagnosticar a obsessão. Pelos graus de sutileza de seus processos, espíritos encarnados e desencarnados exercem sua influência nos quadros mais variados, de um simples desajuste momentâneo a perseguições e desequilíbrios sérios que levam a doenças de difíceis diagnósticos. O assunto merece atenção e respeito, sem que o estigma do medo obscureça a luz do conhecimento de seus conceitos. Diz respeito a todos nós, direta ou indiretamente, seres imperfeitos, em constante atividade, envoltos pela sintonia de sentimentos e intenções. Uma vez conhecido o conceito, como lidar com essa realidade quando nos bate à porta? O que fazer para neutralizar a carga de influência espiritual para não perder o equilíbrio temporariamente abalado? Leia mais nas páginas 8 e 9.
Entrevista Professor da Universidade de Salamanca fala ao Correio Fraterno sobre a imortalidade da alma e a reencarnação em textos da Grécia antiga. Páginas 4 e 5
Professor São Marcos Uma fonte fecunda Ele repensou a história do pensamento humano e enalteceu a obra de Léon Denis, Humberto Mariotti e Herculano Pires para destacar a importância da filosofia espírita. Página 7
Não perca as novas aventuras da Laurinha De Tatiana Benites
Divirta-se
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CORREIO FRATERNO
JAneIRo - FeVeReIRo 2013
eDItoRIAL
novidades em
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echada esta edição, chegava a nós informação de artigo postado pelo amigo Jáder Sampaio em seu blog Espiritismo comentado sobre “A identificação dos espíritos”. Em meio à correria, não resistimos ao primeiro impulso de clicar logo no link. Afinal nossa matéria de capa trazia a obsessão e a influência exercida pelos espíritos em nossas vidas. O artigo postado esclarecia tudo sobre o assunto. Simples e informativo, alertava inclusive sobre os possíveis enganos e ilusões de falsas conclusões. Tirava todas as dúvidas e respondia às questões necessárias para o entendimento básico sobre a influência dos espíritos. O autor? Allan Kardec. O livro? Obsessão. Ficamos pensando como é realmente necessária a divulgação das bases da dou-
Kardec
trina espírita para que sua essência seja conhecida. Quanto tesouro escondido e despercebido sobre assuntos que continuam e continuarão sendo abordados, até que atinjamos o conhecimento intelectual e moral necessários para sua compreensão. E aí está a modesta tentativa desta edição de auxiliar o leitor nesse caminho, abordando como matéria principal um assunto tão corriqueiro, falado e temido, mas que necessita da iluminação dos conceitos básicos e precisos do mestre lionês. São esclarecimentos baseados na universalidade da razão, trazidos pela equipe do espírito da Verdade que encontraram nos esforços do pesquisador Allan Kardec o terreno adubado para que pudessem ser analisados e agrupados metodicamente, resumindo as inúmeras experiências por ele empreendi-
CORREIO DO CORREIO Mercado editorial Junto-me aos demais leitores do Correio para destacar a perfeita entrevista do excelente colaborador Richard Simonetti, com igual destaque para as inteligentes perguntas formuladas pela ‘dupla dinâmica’ Izabel/Eliana. Fomos todos premiados com a edição 448. Giovanni Scognamillo, por e-mail Parabenizo o Correio Fraterno pela divulga-
ção da matéria sobre a análise do mercado editorial espírita. Simonetti está certíssimo em suas conclusões, principalmente sobre a falta de incentivo à leitura e também o cuidado na proteção ao futuro das livrarias espíritas, seus objetivos e riscos. Luiz Carlos Mallet, por e-mail Abraham Lincoln Já tinha o conhecimento sobre as sessões
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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118
Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br
em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.
das, quando se debruçou sobre a seriedade dos fenômenos anímicos e mediúnicos. Boa leitura! Equipe Correio Fraterno
mediúnicas na Casa Branca (edição 449), através de uma palestra com Raul Teixeira. Pergunto a vocês: será que esse espírito não poderia ser Martin Luther King Junior e hoje o presidente atual dos Estados Unidos? Desculpe a viagem. Parabéns pelo artigo! Carmem, Caxias do Sul, RS Longe da casa espírita Moro em Israel e gostaria de ter informações de quando virão para cá divulgar o Evangelho. Sou espírita e não tenho possibilidade, aqui tão longe, de participar de algum trabalho. Patrícia, por e-mail
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Revisão: (apoio) Fabiana Almeida Xavier Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Comunicação e marketing: Tatiana Benites Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio
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• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
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Acontece
Pesquisador aborda o câncer por uma visão espiritualista Da REDAÇÃO
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ara dar início aos seminários mensais de 2013 do Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade na Universidade Federal de São Paulo, o gastrocirurgião, doutor pela UNIFESP, Décio Iandoli Junior foi convidado a falar sobre as conclusões a que chegou ao estudar a formação do câncer sob a ótica espiritualista. Paulista, dr. Décio mora há quatro anos em Mato Grosso do Sul, onde é professor universitário e presidente da Associação Médica Espírita de Mato Grosso do Sul. Tem publicado quatro livros, com estudos que dão sempre um passo à frente do paradigma da ciência materialista. Abaixo um resumo da palestra apresentada para cerca de duzentas pessoas, entre alunos, profissionais da área médica e simpatizantes de maneira geral: Atualmente não me considero um cientista, mas um estudioso da ciência no aspecto da espiritualidade. Dou-me o direito de levantar hipóteses. Para falar sobre câncer tem-se que falar sobre células, e as definições encontradas quase sempre são incompletas. A melhor delas está no livro Evolução em dois mundos (André Luiz, por Chico Xavier, FEB). Há 60 anos a obra já trazia definições à frente do tempo, como a que o ‘cérebro’ da célula estaria no citoplasma e não no núcleo, como apregoava a ciência, que só agora admitiu o engano. A definição para a célula no livro é: “Animálculos infinitesimais que se revelam domesticados e ordeiros na colmeia orgânica, assumem formas diferentes, segundo a posição dos indivíduos e a natureza dos tecidos em que se agrupam, obedecendo ao pensamento simples ou complexo que lhes comanda a existência.” Essa definição é fantástica e dá uma explicação plausível sobre o seu comportamento, uma vez que enquanto estão no corpo biológico demonstram seguir uma
Dr. Décio Iandoli em seminário na Unifesp em São Paulo
ordem. Ao serem retiradas e analisadas, demonstram perder a especificidade para cumprirem sua função. Ou seja, elas necessitam receber o tempo todo instrução que as organizem em estrutura e função. Para a embriologia, até hoje o grande mistério está em se saber como ocorre a diferenciação celular, já que todas possuem uma mesma origem. A grande pergunta a se fazer é quem organiza a estrutura deste organismo, que não só diferencia os elementos celulares como os coloca em um local específico. Essa estrutura não só existe como há pelo menos 45 nomes diferentes pelos quais ela é chamada, o que o engenheiro e pesquisador Hernani Guimarães denominou modelo organizador biológico, também conhecida como perispírito, corpo fluídico, corpo espiritual, corpo etérico. Só este fato já demonstra que sua existência é uma necessidade teórica. O metassistema ou o espírito seria essa inteligência. E se ele age sobre o corpo biológico, cabe pesquisar até que ponto ele consegue também interferir manipulando, bloqueando ou mesmo gerando processos patológicos. Existem inúmeros exemplos de interferências voluntárias, como a feita por alguns
budistas, que conseguem sob comando ficar por longo tempo com o coração parado. Isso mostra que a mente continua controlando as funções biológicas. Por que então não podemos utilizar esse nosso potencial para melhorar nossa saúde? Existe ainda muito o que se pesquisar. Ninguém sabe, por exemplo, de onde vem grande parte das malformações. E o câncer? As neoplasias, ou novas formas, seriam células desorientadas que perderam a orientação estrutural e o comando de suas funções. O câncer benigno se daria quando as células perderam a informação de estrutura, mas não a função. O metassistema (espírito) faz essa orientação através do campo biomórfico (perispírito) que determina uma espécie do molde formado de matéria de transição (ectoplasma) que coabita duas dimensões diferentes. A própria física já considera essa hipótese. O ectoplasma formaria as ligações estruturais em ambas as dimensões. Como a atuação da energia na matéria densa é mais lenta e quem organiza o perispírito é a inteligência (espírito), ao se mudar a forma de pensar, muda-se quase que automaticamente o padrão de influência no perispírito (menos denso), para só depois impactar no corpo físico. Assim, todas as doenças se-
riam comandos errôneos do meu espírito. Se eu descubro qual o equívoco e corrijo, o câncer vai desaparecer. Só é preciso ver se daria tempo disso se refletir no corpo físico. Nesse caso, você pode não corrigir o corpo, mas pode morrer curado. O perispírito pode ser comparado a uma malha que dá forma ao meu corpo. Se eu provoco traumas ela poderá esgarçar, soltar fibras ou romper. No momento em que se rompe, as células por ela contidas perdem a informação, vão extravasar e, interrompido o comando, vão parar em qualquer ponto do organismo físico. É preciso acompanhar a ideia considerando-se as duas dimensões. E o que são os traumas da alma? Aquilo que lhe faz mal, que lhe faz sentir-se culpado ou o que fez você se arrepender, sem, entretanto, ter dado o braço a torcer. Quanto mais grave o trauma, maior a lesão, mais grave e maior número de células atingidas que, descontroladas, gerariam os tumores. Quantas vezes por dia não agredimos o nosso perispírito? Toda doença seria um somatório de fatores predisponentes, genéticos, mas que vão depender do fator desencadeante a ser acionado pelas nossas interferências, nossas agressões a nós mesmos. Ao nascer já trazemos nossa malha com algumas falhas. É o nosso genoma espiritual. Essa desordem obedece a um mecanismo natural de regulação que vai sempre levar o ser a manter-se numa condição estável. Ou seja : é da própria lei a reparação. Por isso considero saúde como a perfeita harmonia da alma. O corpo está lesado para eu me curar. O tumor funcionaria como um coágulo que está estancando uma hemorragia que eu venho trazendo há algum tempo por ter lesado a malha do perispírito, sob o comando do espírito, e que precisa se recompor. É preciso compreender a forma como eu penso, o que me causa danos e mudar. www.correiofraterno.com.br
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ENTREVISTA
A imortalidade da alma e a reencarnação na Grécia Antiga portanto há uma distância temporal significativa entre eles, o que permite supor que esses autores refletiram algumas tradições. Portanto, não se tem segurança para se afirmar sobre a origem dessas fontes e é um ponto que ainda necessita ser desvendado.
Por MARCO MILANI
Poderia uma experiência pessoal ter dado origem à crença propagada por Ferécides, ou seja, uma situação ter gerado o ato cognitivo da descoberta , sem que ele tivesse tido a necessidade de se basear em ideias anteriores para a construção das relações entre os homens, deuses, a morte e a sobrevivência da alma? Marco Santamaría: É possível que os ensinamentos de Ferécides sobre a alma provenham de experiências pessoais, mas não temos dados suficientes sobre a sua vida e sua obra para nos assegurarmos disso. Nesse aspecto, sabe-se que a postura e a experiência pessoal foram condições necessárias para seguir determinadas escolas, como nos órficos e pitagóricos, ter acesso aos ensinamentos sobre os mistérios relacionados às questões ontológicas. Na Universidade de Salamanca, o professor Santamaría é entrevistado por Marco Milani
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o início de janeiro de 2013 tive a oportunidade de conhecer e conversar com dr. Marco Antonio Santamaría Álvarez, professor titular de filologia grega no Departamento de Filologia Clássica e Indoeuropeo da Universidade de Salamanca, Espanha. Autor de diversos artigos científicos sobre a cultura e os pensadores da Grécia Antiga, Santamaría também é um dos organizadores, junto com os professores Alberto Bernabé Pajares e Madayo Kahle, do livro lançado em 2011 na Espanha, intitulado Reencarnación: La transmigración del alma entre Oriente y Occidente1. O livro reúne trabalhos inéditos de destacados acadêmicos espanhóis e vem encontrando ótima recepção, tanto pelo público acadêmico quanto pelo leitor em geral, já se cogitando uma versão inglesa da obra. Destaco aqui alguns trechos de nossa conversa sobre o livro e a temática reencarnação. www.correiofraterno.com.br
Em um dos capítulos de sua autoria, aponta-se que Ferécides de Siro foi o primeiro grego a divulgar que a alma é imortal e a tratar da ideia da transmigração da alma, mas não se tem certeza sobre a origem das fontes de Ferécides. Quais são as principais dificuldades para conhecê-las? Marco Santamaría: As informações que temos hoje relacionadas às fontes de Ferécides, o qual supõe-se que viveu no século VI a.C., são de origem tardia, encontradas principalmente em autores cristãos e neoplatônicos dos séculos IV d.C. e V d.C.,
Há pensadores que defendiam a sobrevivência e imortalidade da alma e que afirmavam que uma das fontes de conhecimento era originada nas almas dos desencarnados? Marco Santamaría: Sócrates, segundo alguns diálogos de Platão, tinha um gênio protetor um tanto misterioso que lhe transmitia conhecimentos e lhe advertia sobre determinados fatos, mas não se considera exatamente que essa teria sido a sua fonte. De forma geral a fonte dos filósofos não se situava na relação com almas desencarnadas. Pode-se dizer que a comunicação entre os homens e seres divinos estava presente na sociedade grega por intermédio das pitonisas, porém esse tipo de conhecimento relacionava-se à magia e aos seus mistérios.
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entReVIStA Era importante para os filósofos uma experiência individual para a confirmação dessas crenças? Marco Santamaría: Isso é muito claro nos casos de Pitágoras e Empédocles. Sobre Pitágoras não se conservaram textos específicos, mas há testemunhos antigos de que ele se apresentava como alguém em contato com os deuses e com uma capacidade de se recordar de vidas passadas e reconhecer almas, parecido com a figura de um sacerdote. Empédocles se apresentava de maneira semelhante, com a capacidade de recordar vidas anteriores e considerando-se um personagem com capacidades divinas entre os homens com dotes especiais de curar e oferecer oráculos. Pode-se considerar o orfismo e o pitagorismo como escolas que abraçavam a imortalidade e a transmigração da alma em suas crenças e que influenciaram muitos pensadores, tais como Empédocles, Parmênides, Sócrates e Platão. Supõe-se que Ferécides tenha sido o mestre de Pitágoras. Qual seria a relação de Ferécides com o orfismo? Marco Santamaría: Esta é uma questão complexa e muito debatida, pois há inúmeras informações dispersas. Certamente existem pontos em comum entre os órficos e o pensamento de Ferécides, assim como ocorre com os pitagóricos, mas não se pode afirmar, com segurança, que as crenças órficas decorreram de Ferécides em sua origem e vice-versa. O que se pode afirmar com certeza é que todas essas correntes disseminavam a crença da imortalidade da alma e da transmigração e esse fato é muito interessante e revolucionário, pois na Grécia Antiga existia uma clara distinção entre os homens mortais e os deuses imortais. Logo, as crenças órficas, pitagóricas e de Ferécides contrapuseram-se, de certo modo, à concepção vigente na época entre os homens e a divindade. De maneira geral, pode-se afirmar que tanto para os órficos e pitagóricos a alma preexiste ao corpo, participando de um ciclo de transmigrações, com recompensas e castigos, objetivando a sua purificação e, nesse processo, ela manteria a sua individualidade sem se
confundir ou se perder no todo? Marco Santamaría: Exatamente. Para todas essas correntes a alma manteria a individualidade, não havendo uma fusão com o todo nem extinção. E nesse processo, o corpo seria apenas o cárcere de uma alma preexistente para ser utilizado durante determinado período e depois a alma o abandonaria na morte. A reencarnação seria uma espécie de castigo para a alma pagar alguma culpa e conseguir se purificar e depois disso não mais teria que voltar em um outro corpo. Alguns poemas da época tratam da questão paradoxal entre morrer no corpo e viver na alma livre, simbolizan-
Sócrates, segundo alguns diálogos de Platão, tinha um gênio protetor um tanto misterioso que lhe transmitia conhecimentos e lhe advertia sobre determinados fatos, mas essa não teria sido a sua fonte.” do a morte na tumba de carne e a vida, ao se deixar o corpo e obter-se a liberdade. A recompensa para a alma depois do período cíclico transmigratório seria estar junto aos deuses em uma região feliz ou em um mundo celeste, como exposto pelo pitagorismo. Atualmente, no âmbito acadêmico, a discussão sobre a sobrevivência da alma e sobre a reencarnação não se limita aos círculos filosófi-
cos, mas também está presente em outras áreas do conhecimento científico. Cito, por exemplo, os trabalhos de Ian Stevenson e seus continuadores, como Jim Tucker, da Universidade de Virginia nos Estados Unidos. Assim, temos atualmente estudos que podem apresentar evidências empíricas sobre a sobrevivência da alma e a reencarnação. Como você percebe o impacto destes estudos empíricos nos debates filosóficos sobre esses temas? Marco Santamaría: Parece-me muito interessante esses estudos, mas não os conheço em profundidade, portanto não posso comentar apropriadamente. Certamente todo o conhecimento decorrente de estudos empíricos enriquecem os debates e permitem novas abordagens. De maneira geral, como o tema reencarnação é tratado atualmente pelos espanhóis? Marco Santamaría: É um contexto um tanto paradoxal, porque temos aqui na Espanha um paradigma religioso relacionado ao catolicismo, mas a ideia de reencarnação está um tanto generalizada. Percebe-se uma difusão do conhecimento da reencarnação, ainda que exista a oposição de representantes católicos, mas acho isso muito compreensível diante da complexidade do ser humano com um conglomerado de crenças. Chama-me a atenção a grande semelhança existente entre crenças atuais e crenças antigas! Depois dessa agradável conversa, presenteei o professor Santamaría com um exemplar de O livro dos espíritos, de Allan Kardec, em versão espanhola. Uma vez que o professor Santamaría não conhecia o trabalho de Kardec, quem sabe poderemos voltar a conversar, em futuro próximo, sobre a sobrevivência da alma e a reencarnação considerando especificamente a perspectiva espírita? 1 Pajares, A.B; Kahle M.; Santamaría Álvarez. M.A. (Org). Reencarnación: La transmigración del alma entre Oriente y Occidente. Madrid: Abada Editores, 2011.
LIVROS & CIA. Instituto SER Tel.: (31) 3273-6601 www.portalser.org Seminário LíteroMusical Paulo e Estêvão de Haroldo Dutra Dias com diversos artistas 377 minutos DVD duplo
Editora EME Tel.: (19) 3491-7000 www.editoraeme.com.br O sono e os sonhos de Severino Barbosa 144 páginas 14x21 cm
Azul Music Tel.: (11) 5181-0610 www.estiloazul.com.br No grão de areia, o sol de Ana Ariel 48 minutos CD com 11 canções
Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br O sono dos hibiscos de Lygia Barbiére Amaral 432 páginas 14x21 cm
Marco Milani é economista, professor na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em viagem à Espanha, realizou esta entrevista para o Correio Fraterno. www.correiofraterno.com.br
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JANEIRO - FEVEREIRO 2013
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JANEIRO - FEVEREIRO 2013 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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BAÚ DE MEMÓRIAS
A desafiadora proposta de São Marcos
FOTO DE ACERVO
Professor São Marcos e sua filha Maria Lívia
Por Astrid Sayegh
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ossa ligação com Portugal vem de muito longe. De lá partiram o descobridor da terra do cruzeiro e muitos outros missionários lusitanos desde então cruzaram os oceanos. Nesse intercâmbio magnífico entre países irmãos estreitaram-se laços, amizade e o amor por esta terra encantadora chamada Brasil. Em pleno século 20, ganhamos mais um presente de Ilhavo, seu nome: Manoel Pelicas São Marcos, nascido em 24 de novembro de 1909.
A música Violonista, em 1978 São Marcos funda a Camerata Violonística de São Paulo, uma das suas grandes paixões, que apresentou-se pela primeira vez em público em 1980. Em 1986 seu projeto assumiria personalidade jurídica como associação cultural. Seu talento foi reconhecido em forma de inúmeros troféus, como o da Ordem dos Músicos do Brasil (1981) e da Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, que premiou a Camerata Violonística como o melhor conjunto instrumental de 1984. “É motivo de orgulho para mim ter participado desde o início desta empreitada, tanto como violonista, organizador da entidade, como promotor de eventos ao longo de 28 anos”, avalia Paulo Bastos Lacerda, hoje responsável pelo grupo musical. A filosofia O Professor São Marcos, como já era carinhosamente chamado pelos alunos de música, passou a integrar a Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1950, assumindo a direção do departamento editorial e administrativo, a livraria e procedendo à edição do jornal O Semeador. Alguns anos depois passou a dirigir o de-
partamento de ensino, empenhando-se até o seu desencarne, em 13 de novembro de 2004, no processo didático-pedagógico à frente das aulas de Filosofia Espírita. Também foi conselheiro da FEESP e diretor do curso de expositores. Em 1986, Manoel São Marcos empreendeu seus esforços em pesquisas para fundamentar a parte filosófica do curso Introdução ao Conhecimento do Espiritismo. Um ano depois, seus estudos e observações culminaram na formulação de uma apostila específica. Nascia assim o Curso de Filosofia, inaugurando os cursos sistematizados de Filosofia Espírita na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Escreveu a apostila denominada Noções de história da filosofia e editou os livros-textos Filosofia espírita e seus temas, vols. I e II, trazendo reflexões importantes sobre assuntos palpitantes, como a realidade existencial, a reencarnação, a mediunidade, os princípios inteligência e matéria, a evolução das formas biológicas, o caminhar do ser metafísico, o espírito. Repensou a história do pensamento humano e enalteceu a obra de Léon Denis, Humberto Mariotti e Herculano Pires para analisar o aspecto filosófico do espiritismo, trazido por Allan Kardec na codificação como caminho libertador para o encontro da religiosidade em espírito e verdade tão destacada e vivenciada por Jesus. Hoje os cursos criados pelo Professor São Marcos continuam sendo ministrados no IEEF - Instituto Espírita de Estudos Filosóficos, instituição que tem como meta exaltar a sua obra, estudando e divulgando a doutrina dos espíritos, que teve nesse educador amoroso e idealista um verdadeiro mestre da Filosofia Espírita. A trajetória de Manoel Pelicas São Mar-
cos enfocou a prioridade do conhecimento para a libertação do ser e a ratificação dos ensinamentos de Jesus. “O conhecimento – dizia ele – não ocupa espaço e amplia os limites do ser. Repensar o pensamento já pensado é um caminho para a solidificação do conhecimento.” Por sua familiaridade com a música, buscou muitas vezes comparações para a compreensão da própria filosofia espírita, “um instrumento musical maravilhoso que temos à mão, mas que não sabemos tocar; olhamo-lo com enlevo, como a um amor que nunca se realizou em definitivo. Não temos o condão que o faz vibrar, que o faz transformar-se em infinitas melodias, em perene encantamento. Só temos uma imensa e grande vontade! E isso é o quanto basta e chega para começar”, incentivava. Salientando em seus textos o valor do saber filosófico, São Marcos convida a um
esforço válido para novas descobertas. “A filosofia é o meio, o processo único que ilumina a ignorância e a transforma em relativa sabedoria, mas só em íntima convivência com ela mesma, vivendo-a abundantemente, é que se pode conhecê-la”, ensina. Espírito de vanguarda, Manoel São Marcos soube articular a Filosofia Espírita com brilhantismo e substancialidade. Que possa sua obra ser considerada no universo espírita como fonte fecunda de reflexões sobre esta farta temática. Ele soube conciliar um rico conteúdo em um conjunto harmônico, que consola, convida à reflexão e à liberdade de pensamento para saciar a nossa sede de verdade e de transcendência. Filósofa e coordenadora do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos. O texto contou com a colaboração e pesquisa das alunas Sissi Costa e Vitória Lopes da Silva. www.correiofraterno.com.br
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OBSESSÃO
Alguém precisa cortar esse laço Por Umberto Fabbri
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efinida por Allan Kardec como o domínio que alguns espíritos inferiores exercem sobre certas pessoas, tendo em vista que os bons não exercem nenhum constrangimento, a obsessão é analisada de maneira magistral em O livro dos médiuns, no seu capítulo 23, mostrando ser o assunto um problema mesmo sério. Os quadros obsessivos, dos mais simples aos mais complexos, chegam a destruir a vida do obsediado, quando não envolvendo sua família, parentes e amigos em um drama de origens muitas vezes obscuras e tratados por alguns especialistas como simples problema de ordem cerebral, onde a criatura por vezes é considerada como máquina, e como tal, necessita de ajustes. Olvida-se totalmente a condição do ser espiritual, com os seus erros e acertos, e por vezes envolvido com outras criaturas, nos dramas mais diversos, onde o sentimento aviltado, a falta de perdão e tantas outras situações, a título de prova ou expiação, podem a qualquer momento aflorar em suas vidas. Caminheiros que somos de milhões de anos no trabalho incessante de construção de nossa consciência, tendo as razões mais sérias ou as mais pueris, considerando a condição que nos encontrávamos ou podemos nos encontrar ainda em relação aos nossos sentimentos e valores, quanto nos equivocamos e quanto ainda nos equivocaremos?! Por isso o assunto refere-se a todos nós, que ainda não somos senhores de consciência plena, havendo portanto a possibilidade de estarmos inseridos nos quadros obsessivos de forma direta ou indireta por nossos enganos e descaminhos, frutos do exercício natural do uso da nossa liberdade, exercida através das escolhas mais diferenciadas conforme nossa moral, intenção e conhecimento. Como os quadros são variados, quando falamos em classificar esses processos obsessivos, vale ressaltar a importância de se saber reconhecê-los. Afinal o conhecimento das etapas do caminho obsessivo permite ações mais direcionadas, barrando-se o agravamento das obsessões. Nem sempre é fácil diagnosticá-las, pelos graus de sutileza de que dispõem esses quadros, nas principais etapas. São elas: Obsessão simples Geralmente caracteriza-se por influência mental discreta e persistente. Temos, por exemplo, ideias de derrotismo durando horas, tristeza, pessimismo, depressão, etc. Quando começa, pode ser à distância, com simples insinuação mental. Geralmente são espíritos zombeteiros, mistificadores, que produzem barulhos, manifeswww.correiofraterno.com.br
tações físicas, podendo causar desconforto ou dores. Na mediunidade, podem interferir nas comunicações com os bons Espíritos, buscando atrapalhar a sintonia e a concentração do médium. Fascinação Um quadro mais pernicioso, em que os espíritos obsessores buscam utilizar-se de técnicas hipnóticas ou também telepáticas, envolvendo de forma mais abrangente a sua vítima, buscando aprofundar a sua influência para poderem manipular mais facilmente a pessoa. O espírito obsessor, utilizando-se dessas técnicas, faz sugestões de grandeza, falso poder, pseudo-sabedoria e, se assimiladas pelo orgulho ou vaidade, pode haver desestabilização psíquica, levando o obsediado a situações comprometedoras e perigosas. Para o médium, apresenta-se por vezes com grandes nomes, incluindo mensagens ridículas que o médium acredita serem divinas. Estes espíritos falam também de Deus e tentam fazer o médium se afastar de pessoas de bom senso, que podem alertá-las sobre a influência a que estão sendo submetidas. Destaque-se, aqui, a citação de alguns outros exemplos de perniciosa atuação, sem que ainda possa ser levada à classificação de subjugação. São casos de obsessão simbiótica, vampirismo, ou ainda as questões relacionadas às atuações de caráter oportunista. Na obsessão por simbiose, há uma total dependência entre os envolvidos. André Luiz, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, em seu livro Evolução em dois mundos, classifica a simbiose de mentossíntese, por tratar-se da troca de fluidos mentais, através dos quais os envolvidos emitem e recebem ideias e vibrações. Por causarem esses processos profunda dependência entre os envolvidos, é difícil a condição para a cura, devido à dependência que se aprofunda. Geralmente os espíritos vinculados nesses dramas necessitam de reencarnação conjunta. No vampirismo, ocorre o processo psicofísico, que pode levar ou comprometer ainda mais o paciente (leia-se obsediado) com o alcoolismo, toxicomania e vários outros vícios. Outro ponto não menos importante é o oportunismo, gerado por qualquer um de nós, pela liberdade que nos assiste como manifestação da Justiça Divina, onde como exemplo, podemos a qualquer tempo nos tornar dependentes químicos e atrair, via de regra, não sempre, espíritos sem consciência de sua condição de desencarnados, em extrema penúria, dependentes também que continuam na sua ignorância, buscando satisfazerem-se através de um vampirismo não calculado, mas extremamente prejudicial à criatura encarnada, que por
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seu livre-arbítrio se enredou nas condições da dependência. Um exemplo é o caso do espírito que busca o companheiro de bar para não beber sozinho. Vale sempre lembrar que os aspectos das obsessões aqui apresentadas não têm nenhuma relação com situações fantásticas de temas hollywoodianos, que servem bem para apresentar pessoas como simples vítimas, como cordeiros no meio de lobos. Todo processo obsessivo tem uma razão de ser, alertada por Emmanuel, mentor de Francisco Cândido Xavier, que nos ensina: “Precisamos ver quando a vítima é vítima mesmo, ou quando a vítima não passa de um algoz disfarçado”. Dessa forma, não ocorrem obsessões, sejam de condições vivenciadas no passado ou no presente, sem que se procure e se permita que tal influência se processe. Lembramos o ensinamento de Jesus (Mateus 7) “Procura e acharás...”. Subjugação O paciente tem a vontade paralisada e o obsessor o faz agir contra a sua vontade, levando-o a comportamento mental e físico que não lhe é próprio. Através do perispírito, utilizando-se dos centros de força coronário e frontal ou ainda outros, subjuga o pensamento e também os plexos nervosos específicos, que envolvem atividades motoras ou postura física, colocando o obsediado em situação sempre comprometedora. Sendo a subjugação de caráter físico, encontramos em O livro dos médiuns, no capítulo 23, o exemplo doloroso de um senhor de idade bastante avançada, que pedia em casamento, de joelhos, moças que encontrava pelas ruas. Em outras oportunidades, beijava o chão em lugares públicos, etc. As pessoas o tachavam de louco, porém ele sofria terrivelmente. No caso de subjugação moral, o paciente, como que privado do senso crítico, é constrangido a tomar resoluções e atitudes absurdas e comprometedoras, por vezes falando coisas escusas. Nas ocorrências dessa natureza, com médiuns, temos também considerações interessantes no mesmo capítulo 23 da mencionada obra de Kardec, informando-nos sobre a subjugação nos psicógrafos, quando o espírito produz uma necessidade incessante de escrever, mesmo nos momentos mais inoportunos. “Vimos subjugados que na falta
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de caneta ou lápis, fingiam escrever com o dedo, onde quer que se encontrassem, mesmo nas ruas, escrevendo em portas e paredes”. Possessão É a subjugação no auge. Costuma ser rara e, tendo o espírito subjugador prendido por afinidade espiritual o perispírito do paciente, coloca-se como dono de suas faculdades psíquicas e estruturas nervosas , controlando o organismo e neutralizando a vontade daquele que está submetido. Encontramos em Obras póstumas, de Allan Kardec, que o paciente chega a ter consciência do que faz e sabe que é ridículo, mas é como se um homem forte o obrigasse a tomar as atitudes contrárias à sua vontade. Todavia a possessão é temporária e intermitente. Cada um é dono do seu corpo, molecularmente, desde o seu reencarne. Como leitura complementar, podemos recorrer à obra de André Luiz, psicografia de Chico Xavier, Nos domínios da mediunidade, no seu capítulo 9 – Possessão. Acrescentamos ainda outras intercorrências que podem ocorrer na subjugação: • Crises intermitentes, controlando ou descontrolando o sistema nervoso central. • Informações utilizadas dos registros cerebrais do paciente, buscando aquelas que produzam medo, terror e fobias. • Agressões ou provocações a terceiros. • Vampirismo de seu fluido vital, visando seu esgotamento e minando a resistência imunológica. Podemos ainda colocar outro ponto não menos importante, que se refere a nós mesmos, Espíritos que somos, em um processo que se denomina como auto-obsessão, que é um distúrbio psíquico, desencadeado pela mente doentia do próprio enfermo que gera um estado permanente de desequilíbrio emocional, tais como: constante impaciência, irritação frequente, mágoa prolongada, inveja, ciúme patológico, egocentrismo acentuado, medos excessivos, aberrações sexuais, comportamentos obsessivo-compulsivos e outras atitudes desajustadas.
Por que a obsessão ocorre? Emmanuel novamente vem em nosso auxílio nos esclarecer em sua obra Leis de amor: São espíritos a quem ferimos ou nos acumpliciamos para praticar o mal, podendo ocorrer a obsessão também entre desencarnados, encarnados, etc, não existindo uma regra fixa em relação à patologia. (...) O pensamento é a base de tudo. Sendo o pensamento um agente energético que colocamos na corrente da vida, ele volta para nós, enriquecido do bem ou do mal que nós desejarmos. Logo, nas correntes mentais, nós assimilamos o que damos de nós e, tendo pontos vulneráveis, cada vez que pensamos mal, nós o temos de volta, com agravamento de doenças, fraquezas, obsessões, paixões, etc. Buscando simplificar, todas as vezes que pensamos bem, atraímos para nós bons Espíritos, mantemos o equilíbrio e a saúde e abrimos as portas do bem e do amor. O contrário também é verdadeiro, porque com os maus pensamentos vamos atrair maus espíritos, nos desequilibramos, prejudicamos a nossa saúde e abrimos as portas do mal e do ódio.
Então, como modificarmos a nossa situação? A doutrina espírita, que é o cristianismo redivivo, traz o roteiro para a modificação necessária: aplicação do Evangelho de Jesus em nossas vidas e o consequente perdão das ofensas. Evidente que encontraremos o amparo necessário dentro da casa espírita, através das atividades assistenciais, fluidoterápicas e tantas outras à nossa disposição. Porém o mais importante será a nossa disposição para a mudança, objetivando a nossa transformação moral. Pensamentos, palavras e ações são iguais a poderosos eletroímãs. Semelhante atrai semelhante. E a cura definitiva está na prática incessante do bem ao próximo, tendo sempre em mente o ensinamento do Cristo: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”. (Mateus 24, 42-51). E, se popularmente conhecemos a frase, “dize-me com quem andas e te direi quem és”, com o nosso avanço dentro da escalada evolutiva, os amigos espirituais nos ensinam: “Dize-nos o que pensas, que te diremos quais as tuas companhias...” www.correiofraterno.com.br
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LeItURA
Outros tempos
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Por SÔnIA M.c.KASSe
livro O processo, de J. W. Rochester, psicografia de Arandi Gomes Teixeira – Editora Correio Fraterno –, reporta-nos à França do século 18, governada por Luís XIV, conhecido como o Rei-Sol, o maior dos reis absolutistas da França que sempre manifestou seu desejo de governar sozinho. A ele se atribuiu a frase “L’état c’est moi!” (O Estado sou eu). A corte, na maioria das vezes, era formada por pessoas que, visando interesses pessoais e a manutenção das benesses conseguidas junto ao rei, não mediam esforços para arruinarem e destruírem todos os desafetos do reino e os seus próprios. Os nobres que caíssem no desagrado do rei ou da nobreza eram traídos, encarcerados ou mortos e os seus bens confiscados. Imperava o clima de desconfiança e de medo
em que qualquer um, sem exceção, poderia ser vítima da injustiça oficialmente instalada. O povo vivia em extrema pobreza e, constantemente, pessoas inocentes eram jogadas em porões malcheirosos, submetidas a toda sorte de crueldade, castigos físicos e morais sem ao menos terem conhecimento das razões de tamanha atrocidade ou de seus mandantes. Nesse cenário de riqueza e miséria a história vai sendo construída e seus personagens vão ganhando forma. Alguns desses personagens, ávidos pelo poder, planejam maquiavelicamente novas maneiras de ganhar dinheiro mesmo à custa de atos mentirosos, cruéis e nefastos. Destroem sonhos, ideais, amizades, amores e a vida dos que são alvos de sua ganância. Outros integram o grupo de pessoas dotadas de intensa bondade, compaixão e amor ao próximo, exemplificam suas vidas auxiliando, medicando e confortando aqueles que são açoitados, abandonados e
coISAS De LAURInhA
deixados para morrer. Pretendem com isso minimizar a dor e reanimar os que se acham desesperados e desiludidos. Nessa viagem entre passado e presente é que vamos descobrir os motivos e as justificativas que levaram o personagem Juan Gadelha aos tribunais e ver sua vida transformar-se num pesadelo, caindo por terra todas as suas chances de defesa, pois, até mesmo os seus advogados o abandonaram, assim como seus próprios amigos. Juan sempre levou uma vida digna e pautada nos bons costumes. Resignado, ele bem sabe que as acusações que lhe são atribuídas são falsas. Sua consciência está tranquila e sua alma em paz. Mas então, qual a razão de tamanho sofrimento? Por que está sendo declarado culpado, se tem certeza de sua inocência? Leia o livro e acompanhe a trajetória desse personagem que se encontra frente a frente com suas escolhas do passado, ações que lhe pedem agora os ajustes no processo de evolução.
Por tAtIAnA BenIteS
Vida em outros mundos? A
professora explicava sobre a existência de outros mundos, sobre sua evolução e também a existência de outros seres no Universo. As crianças se mostravam cada vez mais curiosas e alvoroçadas, começando um burburinho: – então é verdade que os ets existem – afirmou Guilherme. – Será que eles são mesmo verdes? – indagou Ana. – Professora, então os ets existem e são verdes? – resolveu perguntar Guilherme. – Podemos afirmar que temos outros habitantes em outros mundos, seres que podem ser mais e também menos evoluídos do que nós, mas não posso afirmar de que cor eles são. – Mas quem já viu um deles para fa-
lar? – perguntou Laurinha. – Quem viu o et de Varginha! – rapidamente se manifestou Aninha. – Mas ninguém tirou foto! – constatou Laurinha. – Acho que é lenda! – Guilherme concluiu. – crianças, nós não vimos o et de Varginha, não sabemos como ele é e se ele realmente existiu, mas sabemos que outros mundos são habitados, sim. – como você sabe? os espíritos te contaram? – refletiu Laurinha. – na verdade, muitos espíritos já contaram, sim, como é a vida em outros planetas. Isso é lógico. o Universo não seria tão belo e imenso só para que nós o admirássemos! – Quer dizer que seres de outros planetas podem se comunicar aqui no
centro espírita? – perguntou Guilherme. – É muito difícil, mas pode ocorrer. no século 19, Allan Kardec recebeu em Paris uma comunicação do compositor Mozart. ele morava em Júpiter! – Legal, professora! Podemos fazer uma comunicação agora só pra saber como é Marte? – empolgada, Ana emendou. – então... – tentou explicar a professora. – não, podemos perguntar sobre netuno? – falou Guilherme empolgado. – Ah, vamos falar com alguém de Plutão – Vitor manifestou. e começou o falatório, antes que a professora pudesse explicar mais alguma coisa. nesse momento, Laurinha levanta a mão e diz:
– o jornal de ontem falava que a Lua ia ‘entrar’ em Júpiter. Acho que a gente podia conversar com alguém de Júpiter mesmo; assim já perguntava sobre os dois mundos! Além de poder trocar e-mails, fotos e jogos de computador! Podemos começar ou será que nesta hora eles estão dormindo, como as pessoas do Japão? – Laurinha, não é tão simples assim... Interrompendo novamente ela acrescenta: – como não, professora? Se eles forem mais evoluídos, os jogos de computador de lá devem ser muuuuito mais legais. Além do que, são dois de uma vez, se o pessoal de Júpiter não for legal, falamos com o pessoal da Lua. Vamos tentar falar logo! www.correiofraterno.com.br
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Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br Seminário Espiritismo e Ciência O uso (in) adequado da terminologia científica em livros espíritas. Participação de Alexandre Fonseca, Marco Milani e Pedro Nakano. Dia 13 de abril, das 9 às 12 horas. Local: Sociedade de Estudos Espíritas 3 de Outubro. Rua Clélia, 669, Lapa, São Paulo, SP. Apoio: Liga dos Pesquisadores do Espiritismo e USE Regional São Paulo e Distrital Lapa.
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Chamada de trabalhos para o 9º EnconMAI tro de Pesquisadores Termina em 15 de maio o prazo para envio de trabalhos de pesquisas sobre a temática espírita para apresentação no 9º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. O evento acontece em São Paulo, dias 24 e 25 de agosto e conta com a participação de pesquisadores de todo o Brasil. Local: CCDPE - Centro de Cultura do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro. Rua Guaiases, 16- Planalto Paulista São Paulo, SP. Informações: www.lihpe.net ou e-mail: contato@lihpe.net.
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Programa de viagem “Nos passos do Mestre” Abertas as reservas para o programa de viagem com roteiro de visita e estudos sobre os principais pontos das passagens bíblicas em Israel e Egito. Com orientação do professor Severino Celestino. De 16 de maio a 6 de junho. RW Viagens, Turismo e Eventos. Fone: (11) 3667-3506 www.rwturismo.com.br.
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Mednesp 2013 - IX Congresso Nacional da MAI Associação Médico-Espírita do Brasil. Desafios do paradigma médico-espírita no ensino, na pesquisa e na prática clínica. De 29 e maio a 1 de junho, no Centro de Convenções de Maceió, AL. Participação de Marlene Nobre, Alberto Almeida, Décio Iandoli, Haroldo Dutra, Irvenia Prada e outros 50 palestrantes. Promoção AME-Brasil, realização AME- Alagoas. Informações:http://www.amebrasil.org.br.amealagoas.com.br
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Bacalhoada beneficente
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Dia 14 de abril, das 12h às 15 horas Venha saborear um delicioso bacalhau, preparado com muito carinho, em prol do projeto de restauração do piso e equipamentos da quadra de esportes.
Local: Salão de eventos do Lar da Criança Emmanuel. Rua Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955. B. Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP. Informações: (11) 4109-8938, www.laremmanuel.org.br www.correiofraterno.com.br
CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO FÉ E CARIDADE Emmanuel Sem fé, a caridade muitas vezes se transforma em virtude fragmentária nos caminhos do tempo. Ora luz, ora sombra, hoje auxílio, amanhã reprimenda. Sem a base da confiança, assemelha-se, quase sempre, à planta de raiz frágil que o furacão arrebata ao solo, convertendo-se em deserto. A bondade, porém, que se nutre da fé viva sabe agir em termos de Vida Eterna. Reconhece a maldade por estado de ignorância e dispõe-se a ensinar, sem cansaço e sem queixa. Observa o transviado por doente infeliz e oferece-lhe ao passo o remédio preciso. Sabe, assim, que os irmãos infiéis a si mesmos exigem tolerância e vê que todo mal espera por silêncio para regenerar-se, ante o brilho da Lei. Saibamos, desse modo, erguer ao bem constante no nosso culto diário, convictos de que a morte é outra face da existência em si mesma. Não vale confiar, desconfiando sempre. Lembremo-nos, assim, de que Cristo de Deus, em sua fé nos homens, renova a cada dia o nosso vivo ensejo de aprender a servir, e apliquemos em nós esse mesmo padrão de socorro incessante, perdoando e auxiliando, sem qualquer restrição, porque somente assim, na base da fé pura, que jamais desfalece, a nossa caridade encontrará na vida o alicerce do amor para a bênção da luz. Do livro: Fé, paz e amor, psicografia: Francisco Cândido Xavier, Ed. GEEM
Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
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ENIGMA
Quem encomendou a Allan Kardec livros espíritas para serem vendidos na Espanha, e que acabaram na fogueira do Auto-de-Fé de Barcelona em 1861? qualquer hora, em qualquer lugar
Solução do Caça Palavras Veja em: www.correiofraterno.com.br
Resposta do Enigma: Maurice Lachâtre
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QUEM PERGUNTA QUER SABER
Sentimentos ruins provocam doenças? Por João Batista Kosmiskas
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odos nós já presenciamos queixas de pessoas quanto a problemas físicos resultantes de seus próprios desequilíbrios emocionais. São exemplos corriqueiros as alterações da pressão arterial de ‘fundo’ nervoso, as irregularidades do batimento cardíaco diante das boas ou más notícias, os desarranjos intestinais diante do medo ou na antecipação de provas, viagens e muito mais. Menos corriqueiros, infelizmente não raros, são consequências desastrosas dos destrambelhamentos nervosos, onde vemos os quadros agudos dos ataques cardíacos, dos derrames cerebrais e muito mais. A medicina procura explicar esses fatos através dos mecanismos fisiológicos da tempestade dos neurotransmissores cerebrais e do sistema nervoso autônomo que, num momento de descontrole emocional do ‘morador’ do corpo físico, pode determinar lesões funcionais ou até a morte. Mais ainda, a medicina hoje tem a certeza de que determinadas patologias têm como origem os desequilíbrios comportamentais, denominadas doenças psicossomáticas. Longa fila de sofrimentos está incluída nesse grupo: gastrites, colites, alergias, arritmias, lúpus, tireoidites, alergias...
Gostaria de saber mais sobre as funções do perispírito, principalmente no que diz respeito à somatização de nossas angústias que geralmente produzem as chamadas ‘doenças’ no corpo físico Marcelo Filippo, por e-mail
Observam que pessoas dadas à tristeza, à depressão, à irritabilidade, à agressividade, à cólera, à menos-valia de si mesmas, os críticos, os desesperançados... são dados a determinados quadros de adoecimentos mais comuns que aqueles que, contrariamente, são alegres, compreensivos, resignados, equilibrados. Apesar das pesquisas, tímidas, ainda limitadas aos fatores orgânicos, não explicam como isso ocorre. Então a ciência espírita, com fundamentos filosóficos e com consequências morais, a qual estuda a relação entre os es-
píritos, incluindo os encarnados, também estuda as relações dos nossos comportamentos, positivos e negativos, sobre nosso corpo físico, na chamada fisiologia transdimensional. Os livros da coleção Nosso lar1 trazem abundante material de estudo àqueles que se interessarem. O benfeitor esclarece que “toda perturbação mental é fonte de graves processos patológicos e afligir a mente é alterar as funções do corpo. Por isso, qualquer inquietação íntima se chama desarmonia e as perturbações orgânicas chamam-se enfermidades”.2 “Todo estado de cóle-
ra, ressentimento, desânimo ou irritação ocasiona desarranjo, desequilíbrio e doença na comunidade celular, pois a vida orgânica é baseada na célula e cada célula é um centro de energia.”3 Salienta que produzimos pensamentos terríveis e destruidores, que segregam matéria venenosa, que impregna o corpo perispiritual, intermediário entre a mente e o corpo físico, que é imediatamente atraída para o nosso ponto orgânico mais frágil, o chamado pela medicina oficial de ‘órgão de choque’, determinando doenças funcionais ou lesionais. Também sugiro a leitura da mensagem de Joaquim Murtinho, no livro Falando à Terra, intitulada “Saúde”, também de psicografia de Chico Xavier.4 (Leia a mensagem no site www.correiofraterno.com.br) Nosso lar, André Luiz, psicografia de Chico Xavier, FEB. 2 Missionários da luz, cap. 19, psicografia de Chico Xavier, FEB. 3 Livro da esperança, lição 54, Emmanuel, psicografia Chico Xavier, CEC. 4 Espíritos diversos, FEB. 1
João Batista Kosmiskas é ginecologista, orador e expositor espírita. Dirige grupos de estudos das obras de André Luiz no Centro Espírita União, em São Paulo.
Zanutto, Rodrigues & Cia Ltda Materiais para construção
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4121 3774
zr.vendas@uol.com.br R. José Benedetti, 170 • B. Santa Terezinha • São Bernardo do Campo • SP • CEP 09770-140
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FoI ASSIM
As saudades do bisavô e a menina do parque Por MARIA AUGUStA MeneZeS
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eu filho, Renato, de 5 anos, é uma criança bastante sensível à espiritualidade. Ele sempre teve adoração pelo tio, meu irmão, sentimento aliás recíproco em conjunto com a minha cunhada, que sempre dedicaram muito carinho a ele. Dois anos depois que ele nasceu, também tiveram um menino e as duas crianças hoje são a grande alegria da família. Um dia, ele tinha três anos, estávamos
assistindo a um filme, relaxados, bem abraçadinhos, ele me olhou profundamente e disse: “mamãe, eu podia escolher entre você e a tia, e eu escolhi você. Fui eu que te escolhi...”. Fiquei emocionada e imaginando que ele se referia ao seu planejamento reencarnatório no mundo espiritual. Tempos depois, numa outra tarde, em casa, percebi que ele estava chorando baixinho. Perguntei-lhe o que havia acontecido e ele me respondeu. “É que eu estou com muitas
saudades do meu bisavô! Eu gostava muito dele”. Fiquei surpresa, pois quando ele nasceu, o bisavô já havia falecido há mais de cinco anos. “É, mamãe, você sabia que ele é quem cuidava de mim?”, disse. Agora, há pouco mais de um mês, ao mudá-lo de escola, veio com outra. “Mãe, sabia que é a terceira vez que mudo de escola e tem uma menina que sempre muda também?”. Perguntei como ela era e ele me disse que era maior que ele, “uma ado-
VocÊ SABIA?
Por cAIRBAR SchUteL
Os cães da Cruz Vermelha L amarck achava que o cão e o cavalo estavam mais próximos do homem do que o macaco. Darwin sustenta a teoria de que o macaco é o último degrau a subir para a Humanidade. Mas não há dúvida de que o cão e o cavalo são animais superiores, os companheiros do homem. Os cães da Cruz Vermelha prestaram relevantes serviços por ocasião da guerra. Um oficial francês conta que, uma noite, numa trincheira avançada, os cães começa-
ram a dar sinais de grande inquietação. Os soldados, ao verem o que se dava, telefonaram para a retaguarda pedindo reforço; vinte minutos depois deste haver chegado, os alemães descarregaram um ataque! Os “cães enfermeiros”, como os chamavam, auxiliavam os cirurgiões; internavam-se nos bosques para descobrir os feridos e, quando encontravam um soldado imobilizado e ferido, acercavam-se dele, acariciando-o e tomando na boca um objeto qualquer do doente, levavam-no às barra-
Melissa Castro Tavares Psicóloga Clínica CRP 06-73121
Adultos e adolescentes Rua Dr. Dupré, 441 - Nova Petrópolis São Bernardo do Campo - SP Tel.: (11) 98205-2153 - e-mail: me_castr@hotmail.com www.correiofraterno.com.br
lescente” e que sempre estava no parque. Percebo que sua sensibilidade espiritual continua. Afinal, em todas as escolas que frequentou não há adolescentes. São escolas de educação infantil, onde apenas há crianças de até sete anos de idade. Percebo que as crianças que têm visões pouco se impressionam com elas. Como mãe, vejo que minha reação não deve ser diferente, diante de um fato até bem corriqueiro entre elas.
cas da Cruz Vermelha: imediatamente os cirurgiões e enfermeiros aprestavam as ambulâncias e seguiam, guiados por esses mesmos cães, aos lugares onde estavam feridos. Era tal o serviço prestado que os soldados estimavam-nos extremamente, pois, na verdade, eles eram os seus fiéis amigos nos momentos de dores. Todo o espírito de preconceito, de negação, desaparece em vista da dedicação, da inteligência, do raciocínio desses animais. Assim como acontece com os cães, em menor escala sucede com todos os animais e a ciência, a filosofia, o romanismo e o protestantismo, todas as religiões sacerdotais, todos os filósofos e filosofias, são incapazes de provar a ausência de um espírito que os anima. Fonte: Gênese da alma, Editora O Clarim, obra lançada originalmente em 1924 e publicada em sua 7ª edição em 2011.
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ARTE EXPRESSÃO
A perseguição de Chorão Por ELIANA HADDAD
E
pisódio recente e que deixou dúvidas foi a morte do cantor e compositor Chorão, líder da banda Charlie Brown Jr. Encontrado sem vida no apartamento em que residia em São Paulo, o artista deixou marcas de desequilíbrio e desespero que impressionaram: a casa revirada, móveis quebrados e indícios de uso de cocaína. Mais tarde, família e amigos comentavam sobre seus tormentos emocionais, desencadeados provavelmente por sentimentos de tristeza, saudades e depressão. “Chorão sentia-se perseguido”, revelou inclusive um dos componentes da banda. Poderíamos atribuir esses tristes quadros à obsessão? Doença? Difícil fechar questão sobre o que ocorreu, mergulhar nas profundezas das causas de foro íntimo do cantor, mesmo porque por mais lógicas que sejam as teorias, impossível será conhecer a história de cada um, aqui considerando-se Chorão como um ser espiritual, único, com suas milenares experiências e desafios. Não nos cabem, claro, análises apressadas e superficiais, afinal a ninguém é dada a condição de perfeição para julgar as atitudes ou adivinhar a sorte do próximo. Cada caso é um caso e, muito além das nossas observações e deduções pelo fato aparente, já nos ensinaram os espíritos, quando nos trouxeram através de Allan Kardec a codificação, que a análise dos fatos sob a ótica da lei divina não deve estar propriamente na ação, mas na intenção. Seja lá, portanto, qual tenha sido o
desvios que praticar como pelas conquistas realizadas, afinal a Criação é justa, sábia e harmônica. Quando nos distanciamos do caminho do amor, a própria lei nos recon-
duz a ele, porque aprender e amar é a nossa destinação. De todos nós. E do Chorão. Leia mais no site www.correiofraterno.com.br
A música como instrumento de elevação Por CRISTINA ABEL
fator desencadeante que levou Chorão à desencarnação, sabe-se que a influência espiritual pode, sim, provocar desequilíbrios e até mesmo a verdadeira perseguição, mas antes é preciso lembrar de que não somos inocentemente, como vítimas, lançados a uma situação assim. Nada acontece por acaso, e a obsessão é uma estrada de duas mãos, onde obsessor e obsediado criam um ambiente de codependência, comungando a mesma sintonia de sentimentos, pensamentos e ações, como resultantes de afinidades espirituais, estabelecidas no presente ou no passado. (Leia nas páginas 8 e 9) Em meio a isso tudo está a oportunidade das inúmeras reencarnações, com o esquecimento do passado, para que as arestas se aparem e a conquista se faça de ambos os lados. Importante é perceber que, mesmo em meio a tantos tropeços, nada está perdido. Nada acaba para o espírito, no seu exercício constante da liberdade de escolhas, de acertos e desacertos, mas que será sempre o responsável por si mesmo, tanto pelos
A arte está em todo lugar, pode ser um quadro, uma imagem, um som ou um gesto de amor e caridade. O espiritismo vem abrindo espaço para a arte em suas diferentes faces e a música é uma das principais manifestações da arte na atualidade, inclusive por atingir um público maior. O maestro Rossini, em espírito, usou a expressão arte espírita como sucessora da arte cristã, imaginando um mundo onde os princípios espíritas estariam razoavelmente assimilados como cultura para a Humanidade. E é o que se começa a vislumbrar atualmente na formação de vários grupos musicais espíritas, que convidam através da música a uma reflexão sobre a existência de um mundo além da matéria, onde os espíritos se comunicam e dão continuidade às suas tarefas de amor para seu progresso, que pode ser realizado tanto como encarnados quanto em nova condição na dimensão espiritual. Independentemente de qualquer aspecto religioso, ela é instrumento de elevação do espírito. No espaço – relata Léon Denis no livro Espiritismo na arte – tudo se traduz em vibrações harmônicas usando certas classes de espíritos ondas sonoras para se comunicarem. Porém na Terra, cita o autor, elas não são mais que ecos deformados dos concertos celestes. “Nossos instrumentos sempre têm qualquer coisa de mecânico e de áspero, enquanto os sistemas de emissão do espaço produzem sons de uma delicadeza infinita. Eis por que, em todos os graus da escala dos mundos e da hierarquia dos espíritos, a música tem um lugar importante nas manifestações do culto que as almas rendem a Deus. Nas esferas superiores, ela se torna uma das formas habituais da vida do ser, que se sente mergulhado em ondas de harmonia de uma intensidade e de uma suavidade inexprimíveis.”
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