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FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o

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ISSN 2176-2104

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Despede-se Herminio Miranda Aos 93 anos desencarna o pesquisador e escritor, que deixa uma obra memorável e a marca de sua experiência nas relações com o mundo espiritual. Páginas 8 e 9.

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FÍSICA QUÂNTICA O que ela tem a ver com o espiritismo?

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m entrevista ao Correio Fraterno, o doutor e professor de física da Faculdade de Ciências da UNESP, Alexandre Fontes da Fonseca, faz um alerta. A invigilância e a falta de conhecimento sobre o que é ciência e como ela progride têm favorecido brechas no movimento espírita para que teorias e doutrinas pseudocientíficas encantem pessoas, fazendo-as acreditar que têm validade científica. E o pior, essas teorias são consideradas confirmações do espiritismo. O movimento espírita deve se precaver contra isso. Se estudar a fundo o que é ciência, o que é física e, o mais importante, o que é o espiritismo, muitas dessas confusões vão deixar de existir. Não deixe de ler, nas páginas 4 e 5.

Papa Francisco no Brasil Em texto exclusivo ao Correio Fraterno, o doutorando em psicologia social, Yuri Elias Gaspar, analisa a visita do papa ao Brasil, num momento de manifestação social. Leia na página 3.

Belmiro Toneto Nas lembranças de um dos pioneiros do Lar da Criança Emmanuel, as conquistas, os desafios e o valor do trabalho voluntário. Página 7.

Adquira o seu exemplar com desconto! Pelo espírito L’lino, por Michell Paciletti, 344 páginas

www.correiofraterno.com.br


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eDitoriAl

o impulso do

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sta edição traz uma pequena mostra de assuntos que estão palpitando entre espíritas e não espíritas, sugerindo reflexão. A física quântica tem ocupado alvoroçado espaço em conversas informais e nos diversos meios de comunicação, como se a ciência tivesse descoberto o espírito. Isso é verdade? Foi o que buscamos entender na entrevista com o físico Alexandre Fontes da Fonseca. Também a necessidade do diálogo inter-religioso simultâneo à explosão dos protestos no Brasil não foram esquecidos, merecendo a análise do pesquisador Yuri Elias Gaspar. Muito menos o genial escritor Herminio C. Miranda, que desencarnou em 8 de julho, aos 93 anos, deixando saudades. Das suas mais de 40 obras publicadas, algumas são da Editora Correio Fra-

despertar

terno, que também presta sua homenagem ao ‘velho escriba’, como ele mesmo gostava de se identificar. São assuntos que contextualizam mais um momento importante por que passamos: o impulso do despertar. Despertar do Brasil, despertar da religiosidade, despertar do espírito, enfim, em seu processo de evolução individual e coletivo, como bem destaca Léon Denis ao afirmar que o estado social nada mais é do que o resultado dos valores individuais, o que nos pede empenho contra interesses egoístas. Em tempos de manifestações sociais e ainda dos ares de convite à ação, deixados aos jovens pelo papa Francisco em sua recente visita ao Brasil, importante percebermos a observação de Denis sobre a atitude ideal de todos nós: “Enquanto não tiver-

CORREIO DO CORREIO Memória, ciência e atualidade Achei interessante, na edição anterior (n. 451), o encontro de Allan Kardec com a escritora francesa George Sand (Baú de Memórias). Também me surpreendeu a pequena porcentagem de lucro com que as distribuidoras de livros espíritas ficam no final das vendas numa feira, segundo o livreiro Miguel de Jesus: apenas 10%, e tirar disso todas as outras despesas (Entrevista). Igualmente é muito

interessante a matéria sobre materializações. Gostaria muito de frequentar uma reunião dessas. (Destaque). Adriano, por e-mail A questão dos romances espíritas O romance espírita (edição 451, Entrevista) não está sendo escrito somente para os espíritas, mas também para os leigos. Devemos observar que, como espíritas, não fazemos

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas conseqüências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

mos vencido o ódio, a inveja, a ignorância, não se poderá estabelecer a paz, a fraternidade, a justiça entre os homens; e a solução dos problemas sociais permanecerá incerta e precária”. Cabe a cada um dar a sua contribuição. Boa leitura!

proselitismo, mas isso o romance vem fazendo para a doutrina, muito bem feito, aliás. Sem sectarismos, sem cobranças, sem ferir suscetibilidades, e de maneira bastante light. O leitor não percebe que está sendo informado sobre novos conceitos. Tudo isso certamente sobre a coordenação dos espíritos superiores. Acho que este tema deve permanecer em evidência, notadamente nos jornais espíritas, que são os maiores divulgadores da doutrina. Os espíritas precisam ser despertados para os novos horizontes que se vislumbram para a humanidade toda. Almir Palácio, por e-mail.

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 inscr. estadual: 635.088.381.118

Presidente: Adão Ribeiro da Cruz Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br

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Uma ética para a imprensa escrita

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• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. serão um meio de esclarecimento. • se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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Acontece

O relacionamento inter-religioso no Brasil: tensões e possibilidades Por Yuri Elias Gaspar

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olítica e religião não se discutem”. Esse é um ditado popular que vem sendo colocado em xeque nos últimos dias da história brasileira. As manifestações realizadas durante a Copa das Confederações e a vinda do papa ao Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude são grandes eventos que, como a ponta de um iceberg, explicitam uma realidade mais profunda e complexa que constitui o nosso tecido social. Política e religião não se discutem? Esta é a questão. Para muitos, especialmente em meados do século 20, isso nem faria mais sentido, uma vez que a religião tenderia a se extinguir com o avanço da civilização. De modo simplista, a fórmula seria: quanto mais ciência, menos religião. E é verdade que no mundo moderno a Igreja (seja qual for) perdeu espaço, especialmente político. O ateísmo cresce a cada dia e alguns cientistas se mobilizam para provar a inexistência de Deus. São facetas de uma realidade verdadeira, mas parcial. Se muitos projetaram o fim da religião, ela ressurge com uma força surpreendente. Atenhamo-nos, aqui, à realidade brasileira, onde a grande maioria da população crê em Deus, apresentando as mais variadas formas de manifestação religiosa. Percebe-se, inclusive, uma revitalização da adesão religiosa especialmente nos jovens, e até mesmo na política e na ciência essa questão tem sido destacada. A religião, afinal, não só formou o Brasil, mas continua a nos formar. Queiramos ou não, o aspecto religioso faz parte da realidade brasileira. E, aqui não há dúvida, o Brasil é um país plural, também no que se refere à religiosidade. Sincretismo é a marca do Brasil, segundo Pierre Sanchis, grande estudioso de nossa cultura. Sincretismo não necessariamente como mistura, mas como relacionamento

na diferença. A vinda do papa ao Brasil, portanto, não é um acontecimento apenas para católicos, mas um episódio que mexe com muito mais pessoas. Para sermos indiferentes, precisaríamos remar contra a maré, pois sua simples presença e proposta já bastam para estimular a reflexão sobre o desafio da convivência inter-religiosa. Não se trata de um relacionamento fácil. Tensões, dominações, preconceitos, conflitos fazem parte do nosso cenário. Trata-se de situação bastante complicada, a ponto até de muitos pensarem que seria melhor que a religião não existisse, o que evitaria, aliás, as ‘guerras santas’. Mas este é apenas um lado da moeda. Aberturas, trocas, compartilhamentos e diálogos também se apresentam como fato enriquecedor, uma pedra no sapato daqueles que defendem que religião é um mal a ser eliminado. Partindo-se da hipótese de que estamos em um deserto de incompreensão e intolerância, as experiências desses encontros são como oásis que, embora pontuais, mostram uma possibilidade real de compreensão e fé que se torna horizonte daqueles que almejam encontrar vida na aridez. Atualmente, percebo que essa busca por encontros transformadores tem sido cada vez maior nesse momento cultural em que vivemos, onde o desafio da convivência inter-religiosa salutar impõe-se como um dever de todos, pela própria marca his-

A vinda do papa ao Brasil não é um acontecimento apenas para católicos” tórica de diversidade no Brasil. No entanto, enquanto muito se pensa sobre como deveria ser esse relacionamento, vejo que o ponto é outro. Em vez de enfocarmos naquilo que deveria ser, poderíamos perceber e valorizar os encontros inter-religiosos enriquecedores que já estão acontecendo. Essas relações, com seus dramas, potencialidades e conquistas, mostram uma realidade em que pessoas podem conviver e se tornar próximas, mesmo praticando religiões diferentes.

Yuri Elias Gaspar é doutorando e mestre em psicologia social pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente tem como tema de pesquisa o encontro inter-religioso na realidade brasileira. Sua dissertação de mestrado “Ser voluntário, ser realizado: uma investigação fenomenológica numa instituição espírita” será lançada como livro no 9º Enlihpe, pela coleção “Espiritismo na Universidade”, coordenada pelo CCDPE-ECM. Veja mais sobre o livro no site www.correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA Alexandre Fonseca: “A física quântica é uma teoria da matéria e o espiristismo a ciência do espírito”

O que a física quântica tem a ver com o espiritismo? Por ELIANA HADDAD

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á pouco mais de um século, o físico Max Planck tentava compreender o espectro da radiação térmica, calor que todos os corpos

emitem, e chegou a algumas conclusões que balançaram os princípios da física clássica. Nascia assim a física ou mecânica quântica, trazendo novos conceitos, como a não localidade. Mas o que a física quântica tem a ver com espiritualidade? Em entrevista ao Correio Fraterno, o doutor e professor de física no Departamento de Física da Faculdade de Ciências da UNESP, em Bauru, Alexandre Fontes da Fonseca, fala sobre o assunto e alerta para as conclusões apressadas e indevidas ao se falar sobre o tema no meio espírita. O que é física quântica? Alexandre Fontes da Fonseca: Física quântica é o ramo da física que estuda e descreve o comportamento da matéria em escala microscópica (atômica e subatômica). Ela se baseia no fato de que trocas de energia entre sistemas atômicos só podem ocorrer em múltiplos de um determinado valor que é, então, chamado de quantum, daí o adjetivo ‘quântico’. A energia do sistema não pode ter qualquer valor, mas apenas valores associados a determinados ‘estados físicos’. Podemos comparar esses ‘estados físicos’ a prateleiras de uma estante. Os livros só podem se situar em alturas dadas pelas prateleiras, mas nunca entre uma prateleira e outra. A física quântica, é preciso enfatizar, é uma teoria da matéria, isto é, desenvolvida para descrever o comportamento de objetos materiais. O que a física quântica tem a ver com o espiritismo? Precisamos dela para compreendê-lo? Alexandre Fontes da Fonseca: Não tem nada a ver com o espiritismo. Ambas são teorias diferentes, desenvolvidas para descrição de ‘objetos’ de estudo distintos. Enquanto a física quântica é uma teoria www.correiofraterno.com.br

da matéria, o espiritismo é a ciência do espírito. Para apreender e compreender o espiritismo e seus pontos fundamentais, em nada precisamos da física quântica ou de outras teorias modernas da ciência. Percebe-se um alvoroçado interesse dos espíritas pela física quântica, muitas vezes para justificar a existência do espírito. Isso está correto? Alexandre Fontes da Fonseca: Apesar de a intenção ser boa, isso não está correto! Esse interesse decorre de algumas interpretações ‘estranhas’ da teoria quântica (isto é, que estão fora do senso comum) que fazem pensar que os fenômenos espíritas (também considerados fora do senso comum) devam ter relação direta com essas interpretações. Esse tipo de extrapolação ou relação superficial entre conceitos da física e do espiritismo não é uma prática científica! Como assim, interpretações estranhas? Pode dar um exemplo? Alexandre Fontes da Fonseca: Ao tentar entender o comportamento quântico das partículas em nível microscópico, surgem interpretações como: um objeto pode

estar em mais de um lugar ao mesmo tempo; influência da consciência do observador nas medidas experimentais; uma partícula pode se comportar como uma onda e vice-versa; a existência de universos paralelos; ligação não local, etc. Essas interpretações são estranhas, pois decorrem da tentativa de se perceber o comportamento das partículas microscópicas com as impressões que temos do mundo macroscópico, através dos nossos cinco sentidos. Essa é apenas uma das razões para evitar que se façam relações superficiais entre conceitos quânticos e conceitos espíritas. Mas que problemas acarretariam a aceitação desse tipo de relação entre física quântica e espiritismo? Alexandre Fontes da Fonseca: A invigilância e a falta de conhecimento sobre o que é ciência e como ela progride favorecem a abertura de brechas no movimento espírita para a assimilação de teorias e doutrinas pseudocientíficas que, por usarem conceitos da física quântica na sua descrição, encantam as pessoas, fazendo-as achar que se trata de teorias e doutrinas científicas. Como Kardec, em A gênese, propõe que o espiritismo esteja sempre de acordo com

a ciência, alguns companheiros espíritas um pouco apressados e sem entendimento profissional do assunto adotam e propagam algumas teorias e práticas místicas, só porque elas se consideram científicas por usarem conceitos da física. Esquecem-se de que o espiritismo orienta que “é melhor repelir dez verdades do que admitir uma só falsidade” (Erasto, item 230 de O livro dos médiuns). A vigilância, portanto, com relação a esse tipo de assunto deve ser mais que redobrada! E tem gente se aproveitando da ignorância do público leigo para ganhar dinheiro com venda de livros, dvds, seminários, documentários, cursos, congressos, etc., todos utilizando-se o adjetivo “quântico” sem ter respaldo formal e rigoroso da física. O movimento espírita deve se precaver contra isso. Se estudarem a fundo o que é ciência, o que é física e, o mais importante, o que é o espiritismo, muitas dessas confusões vão deixar de existir. Você teria exemplos de teorias e práticas baseadas na física quântica que mesmo bem intencionadas carecem de bases científicas? Alexandre Fontes da Fonseca: Sim. Uma dessas teorias, que tem sido muito divulgada no movimento espírita, como demons-


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entreVistA tração científica de conceitos como Deus, alma, reencarnação e mediunidade, está contida na obra Física da alma, de Amit Goswami. Segundo ele, a alma após o desencarne permanece num estado permanente de sono, que perdura até a próxima encarnação. Para Goswami, o mundo espiritual não tem graça, por permanecerem os espíritos inconscientes. Nosso Lar e André Luiz não existem no mundo espiritual de Goswami. Vê-se que não precisa saber de física quântica para perceber o absurdo doutrinário de suas teorias! Outra teoria que tem atraído alguns companheiros espíritas é a chamada apometria. Ela surgiu como uma técnica de desdobramento destinada a ajudar pessoas com problemas espirituais e de saúde. Suas obras básicas são apresentadas como totalmente baseadas em conceitos e equações da física. Porém, a teoria usa de maneira equivocada os conceitos da física, faz extrapolações no campo da pesquisa de maneira inapropriada e define equações sem nenhuma coerência interna ou com relação à física, não satisfazendo os rigores mínimos de desenvolvimento nessa área. Há também uma teoria baseada na física conhecida e respeitada no movimento espírita. O autor dedicou muitos anos à pesquisa de fenômenos espíritas e foi muito idealista, além de pessoa fraterna e inteligente, deixando inúmeros amigos e seguidores. Trata-se da teoria corpuscular do espírito ou, mais recente, teoria do psi quântico, de Hernani G. Andrade. Hernani propôs uma teoria para a matéria psi similar à teoria quântica da matéria, propondo que o espírito fosse composto por essa matéria. A ideia é interessante, porém a forma como as partículas da matéria psi foram propostas não seguiram metodologia e rigores que se empregam na pesquisa e desenvolvimento de novas teorias na física. A teoria de Hernani contém erros de física, além de extrapolar conceitos sem o devido rigor formal usado na física. Apesar de valer a leitura pelas informações e pela criatividade, o psi quântico não pode ser considerado uma teoria científica legítima. Para o espiritismo, temos na base de tudo Deus, espírito e matéria. Onde a física quântica se encaixaria? Alexandre Fontes da Fonseca: A física

quântica nada mais é do que uma criação humana para tentar descrever alguns fenômenos naturais em escala microscópica. É uma tentativa de entender, utilizando-se uma sofisticada linguagem matemática, algumas leis naturais válidas para a matéria.

Os defensores de uma nova física apenas estão pretendendo valorizar conceitos místicos, usando o status que a física tem na sociedade. Isso é uma forma moderna de enganar o público leigo que não conhece física e não sabe avaliar cientificamente a ‘novidade’” Afinal, existe uma ‘nova física’ que possibilitaria outras vias de acesso ao conhecimento, além dos métodos da ciência atual? Que novidade é essa? Alexandre Fontes da Fonseca: Não existe ‘nova física’ que possibilite outra via de acesso ao conhecimento! “Para coisas novas precisamos de palavras novas”, já dizia Kardec! Quando uma nova via de acesso

ao conhecimento surgir, será preciso dar um nome novo para distinguí-la das vias de acesso conhecidas. Precisará também ser testada e verificada como, de fato, uma “via de acesso ao conhecimento”. Os defensores de uma nova física apenas estão pretendendo valorizar conceitos místicos, usando o status que a física tem na sociedade. Isso é uma forma moderna de enganar o público leigo que não conhece física e não sabe avaliar cientificamente a ‘novidade’. É preciso tomar muito cuidado, lembrando que Kardec sempre apoiou a ciência formal e não movimentos pseudocientíficos. Na sua visão, a física quântica vai identificar a existência do espírito, como inteligência, independente da matéria? Alexandre Fontes da Fonseca: Não! Não é a física quântica a origem da inteligência no espírito! O espírito se revela pelo conteúdo de suas mensagens! E foi assim que o espiritismo identificou e comprovou a existência da alma, sua sobrevivência e a possibilidade de comunicação com os encarnados. No máximo, a física um dia irá contribuir no entendimento de como ocorre a interação entre fluidos espirituais (perispírito, por exemplo) e matéria (corpo físico). Devemos combater a tentação de obter mérito sem o devido aprofundamento no estudo. Espiritismo é uma doutrina ao mesmo tempo simples e robusta. Simples nos seus propósitos de regeneração da humanidade através da regeneração de cada um de nós; e robusta nas suas bases que não são somente científicas, mas também divinas. O espiritismo é a única doutrina conhecida na humanidade que tem um duplo caráter de uma revelação: o caráter divino e o científico (Kardec, item 13 do cap. I de A gênese). Portanto, saibamos valorizar o espiritismo na forma como foi revelado pelos bons espíritos, pois temos um compromisso de estudá-lo e compreendê-lo, para então poder ajudá-lo a se desenvolver dentro dos parâmetros de qualidade e seriedade que o tornarão conhecido e respeitado por todos.

LIVROS & CIA. CCDPE-ECM / Unifran / Capes Tel.: (11) 5072-2211 www.ccdpe.org.br Ser voluntário, ser realizado (Espiritismo na Universidade – volume 5) de Yuri Elias Gaspar 224 páginas 16x23cm

Instituto Lachâtre Tel.: (11) 4063-5354 www.lachatre.com.br Diálogo com o invisível de Ubiratan Machado 184 páginas 16x23 cm

Galuco Adams glaucoadams@gmail.com www.glaucoadams.com Allan Kardec em Paris (e-book) de Galuco Adams 187 páginas

Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br Tem espíritos embaixo da cama? de Tatiana Benites 104 páginas 14x21 cm

Alexandre Fontes da Fonseca participa no Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, SP, e da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. É fundador do Jornal de Estudos Espíritas (JEE), publicação online com artigos de pesquisa espírita. (https://sites.google.com/site/jeespiritas/). Veja entrevista na íntegra no site www.correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br


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coisAs De lAurinHA

Por tAtiAnA Benites

A dança das rodas gigantes A

s crianças estavam aprendendo sobre o início do espiritismo e a professora começou a explicar que as pessoas se reuniam nas casas para conversar com os espíritos, através de batidas nas paredes e mesas que giravam. ela explicou que tudo parecia um espetáculo. Alguns faziam perguntas e os espíritos respondiam através de batidas, e deu um exemplo: – Quando queriam que o espírito respondesse sim ou não eles combinavam. “se a resposta for sim, bata duas vezes, se a resposta for não, bata uma vez.” e assim, eles conseguiam se comunicar. – Mas os espíritos não passam pela parede sem fazer barulho? – perguntou caio. – Ah, sim, mas quando querem também agem sobre a matéria, provo-

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cando ruído. e naquela época, queriam chamar a atenção para provar que eles existiam. – nossa! isso é bem legal. – É sim, mas hoje já não fazemos mais isso, porque temos médiuns que já aprenderam que podem se comunicar com os espíritos de forma mais fácil. os alunos saíram da sala muito empolgados com tudo o que ouviram. uns diziam ter medo, outros demonstravam já conhecer a história. laurinha estava muito entretida com seu estojo novo e quase não prestou atenção a tudo o que foi dito. chegou em casa e seu pai perguntou o que ela havia aprendido na aula, ao que laurinha respondeu: – um negócio de roda gigante. – roda gigante? – É.

– Que roda gigante? – Aquela que, quando começou o espiritismo, todo mundo fazia um espetáculo. – não estou entendendo, filha. – Pai, eu não prestei muita atenção nessa aula, mas vou te contar tudo: “Quando o espiritismo começou os espíritos fizeram uma roda gigante que falava. As pessoas perguntavam e se ela rodava pra um lado era sim, se rodava pra outro era não. então as rodas gigantes falavam com os homens. entendeu?” – são MesAs GirAntes e não ro DAs GiGAntes! – É??? Ah, pai é quase igual. sabia que elas também dançavam? e foi logo falando com voz grossa “a dança das rodas gigantes”... quer dizer “das rodas girantes”. “ops, das mesas girantes”. Que confusão

devia ser, já pensou no tamanho do salão? Nos livros tem espíritos no banheiro? e tem espíritos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Benites, você encontra inúmeras aventuras de Laurinha. Ed. Correio Fraterno.


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JULHO - AGOSTO 2013 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

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BAÚ DE MEMÓRIAS

Lembranças de um bom trabalho

Belmito Toneto: dedicação em mais de 50 anos ao Lar Emmanuel

Por IZABEL VITUSSO

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uem convive no Lar da Criança Emmanuel, como nós da editora espírita Correio Fraterno, sabe do reconhecimento e do carinho de todos pela história da instituição e pelos pioneiros, que encararam de frente o ideal de levantar um lar para acolher crianças órfãs. Muitas delas vinham de famílias sem recursos, que chegavam na cidade de São Bernardo do Campo, no início da década de 1960, com o sonho da prosperidade e do progresso que os ventos das indústrias automobilísticas traziam. No último dia 27 do mês de junho, aos 78 anos, um dos queridos trabalhadores da casa desencarnou por problemas cardiovasculares. Belmiro Toneto recebeu de todos nós, em forma de prece e carinho, justa homenagem por sua dedicação e pelo importante trabalho realizado. Fazia parte do conselho administrativo do Lar Emmanuel e chegou a ser, por dois mandatos, o presidente da instituição. Em 1964, juntamente com seus irmãos – Oripes, Pedrinho e Luzia – e também a esposa, Aparecida Montoro Toneto, ele ingressou nos trabalhos voluntários do Lar poucos meses antes de ser estreado o primeiro bercinho, com a chegada de Roberto, o bebê que de tão grande recebera o apelido de ‘Xerife’. Em 2008, ao serem colhidos diversos depoimentos no Lar Emmanuel para a comemoração dos seus 50 anos de fundação, Belmiro contou-nos detalhes desta história de amor, base do trabalho que continua fazendo a diferença para pelo menos 300 crianças e jovens da Vila Alves Dias e região, em São Bernardo do Campo. Junto aos depoimentos inéditos de Belmiro, que publicamos ao lado, segue o carinho de todos os companheiros do Lar da Criança Emmanuel e da Editora Correio Fraterno.

A chegada no Lar da Criança Emmanuel “No início da década de 60, o Raymundo Espelho [um dos fundadores do Lar] passou em casa entregando um aviso da campanha da sucata para auxílio do Lar. Lá dizia que se juntassem vidros e papéis, um grupo de pessoas passaria no domingo seguinte. Juntamos muita coisa e , uma semana depois, eu já estava no Lar. O prédio estava levantado e com data marcada para a inauguração. A reciclagem 50 anos atrás “Para o Lar, vinham doadas rebarbas de espumas de bancos dos automóveis das indústrias e junto também pedaços de flanelas usadas para limpeza de peças. Daí surgiram os primeiros colchõezinhos e os primeiros pijaminhas, feitos pelas mulheres, que separavam e alvejavam todo o tecido. As crianças começam a chegar “Antes mesmo de ficarem prontos os colchões e o Lar abrir suas portas, as crianças já estavam chegando. Seis delas vieram antecipadas e foram acolhidas nas casas dos diretores. Além do Roberto, João e Marcos chegaram a seguir. O pai era motorista e carregava os meninos no ônibus, por não ter com quem deixá-los enquanto trabalhava. Wilma e Osmarzinho foram crianças acolhidas em seguida. Sem a mãe, o pai não tinha condições de cuidar. Todos ali viviam situações difíceis mesmo! A verdadeira saúde “Tia Ruthi [Manzini] foi a mãe que todos precisavam. Ela veio para o Lar com recomendações dos médicos para trabalhar com crianças, em serviços mais leves, sem descer e subir escadas, pois estava com problemas no coração. Envolveu-se tanto com as crianças que nunca mais se lembrou do coração. Trabalhou no Lar por décadas e quando desencarnou, não foi por conta do coração.

O churrasco “O que mais a gente sentia era a união dos diretores, todos com os mesmos objetivos. Quanto mais trabalho, mais feliz a gente ficava. Fizemos por muito tempo o almoço beneficente. Quando o Lar começou a funcionar, o dinheiro era curto. O churrasco era feito numa parte do galpão construído para separar as sucatas. Era tudo muito simples, em cima de quatro tijolos e uma grelha. Mas vinha gente de longe! O incêndio “Numa noite, eis que chega um telefonema fatídico, dizendo que o Lar havia pegado fogo. Na verdade, o fogo foi no barracão que abrigava o material de reciclagem, com prensa para enfardar, mais dois caminhões. Ficou tudo queimado. Foi muito triste... Mas, no momento em que os jornais noticiaram, a instituição ficou conhecida na cidade e muita gente passou a ajudar. Levantamos um novo barracão e começamos a fazer o churrasco todo mês, para trezentas pessoas, por treze anos seguidos. O trabalho “É gratificante ver o resultado do trabalho. Não só a alimentação, o espaço, mas a formação de todas essas crianças. O bairro cresceu, melhorou, as necessidades são outras, e grande parte das vezes a carência é no campo moral, afetivo. Minha participação aqui no Lar foi a coisa mais gratificante que pôde acontecer em minha vida!” Saiba mais sobre o Lar em www.laremmanuel.org.br www.correiofraterno.com.br


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Herminio Miranda: a genialidade de um escriba Por lYGiA BArBiÉre AMArAl

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mundo físico se despediu de uma de suas mais queridas e notáveis personalidades encarnadas. No dia 8 de julho, aos 93 anos, desligou-se definitivamente a poderosa máquina corporal do escritor Herminio Miranda. Conhecido por toda parte como Professor Herminio [sem acento], foi ele um grande estudioso e divulgador da doutrina espírita, autor de mais de 40 títulos publicados. Debruçou-se sobre estudos da mente, do psiquismo, de doenças da alma e da mediunidade através dos séculos, sempre embasado em extensa pesquisa – que invariavelmente ultrapassava limites e bibliotecas do território nacional. Vasta também é a produção de contos e romances, que incluem desde os bem elaborados casos pinçados da vivência de anos à frente de uma mesa mediúnica, como doutrinador, até a trabalhosíssima tradução de A história triste, baseada em extenso romance psicografado na primeira metade do século 20, porém redigido em inglês arcaico e fora de uso, em estilo shakespeariano, e que precisou ser arduamente burilado pelas mãos hábeis, porém já trêmulas de mestre Herminio, na época beirando os 80 anos de idade, para poder ser publicado em nossa língua, dentro das exigências da ortografia e da gramática atuais. Foi justamente quando o conheci, passeando pelas alamedas do Parque das Águas de Caxambu, MG, ainda meditando se deveria ou não mergulhar em “tão perigosa empreitada”. – Se o senhor não fizer isto, ninguém mais poderá fazer! As gerações futuras ficarão privadas desta história tão maravilhosa que só o senhor teria o conhecimento para traduzir e adaptar! – argumentei, admirada www.correiofraterno.com.br

como alguém dotado de tanta genialidade poderia se expressar de maneira tão sincera, tão humana e humilde com uma escritora novata, escorregando ainda nos primeiros passos da literatura, como era o meu caso. Com muito carinho, Herminio então olhou para o bebê que eu empurrava no carrinho – por coincidência uma menina que nascera no mesmo dia em que ele fazia aniversário; depois olhou para minha filha mais velha, na época com dois anos, que ia catando folhas ao longo do caminho, e disse: – É, talvez você tenha razão... Ao longo desses quase 15 anos de convivência, fomos nos tornando cada vez mais próximos. Uma proximidade respeitosa, diga-se de passagem. Herminio era pessoa sistemática, de horários rígidos e hábitos ingleses. Inês [sua esposa] sabia compreender isso melhor do que ninguém. Todos os dias, ele tinha hora de acordar, hora de escrever, hora de descansar, entre tantas outras. Às 19 horas em ponto, fechava-se em seu quarto para suas preces noturnas e durante 60 minutos não gostava de ser incomodado sob nenhuma hipótese. De maneira geral, era uma pessoa fechada. Não apreciava muito receber visitas com fre-

quência, mas abria lá suas exceções. Só era preciso avisar antes, se possível com relativa antecedência, já que o mestre não gostava de ser pego de surpresa. Todo o seu rigor, porém, jamais impediu que recebesse as pessoas de coração aberto quando se fazia a ocasião. Pessoalmente, visitei-os poucas vezes. Apenas quando algum de nossos amigos editores esteve na cidade, quando então Herminio

Era incrível como o simples falar com ele, estar perto dele, fazia com que a gente se sentisse como que iluminada pela sua amorosidade”

nos recebia contente, em sua cadeira de balanço, entre quadros pintados pela esposa, nos sofás aconchegantes de muitas almofadas. Perdíamos a noção do tempo, enquanto ele nos narrava toda uma sequência de peripécias a respeito de seus anos no espiritismo, seus livros, suas emoções mais genuínas... Eram tardes sem fim pela intensidade do momento ali vivenciado; tardes cor-de-rosa no horizonte azul tingido de sol... Era incrível como o simples falar com ele, estar perto dele, fazia com que a gente se sentisse iluminada pela sua amorosidade. Herminio era assim. Tanto com os encarnados, quanto com os desencarnados. A principal virtude de um doutrinador tem de ser o amor. Se não tiver amor, nada funciona, me ensinou no Diálogo com as sombras. “Trabalho de doutrinação, chamado tão apropriadamente de trabalho de resgate


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em inglês, rescue work, só é possível em clima de total doação, de empatia, de profundo e sincero amor fraterno”, está escrito no livro. Diria que mestre Herminio dedicou não apenas as horas de mesa mediúnica, mas sua vida inteira ao trabalho amoroso, atemporal e constante de resgatar almas, as mais variadas; semear, instruir, doar-se aonde quer que fosse. Ainda que representado apenas pelas palavras impressas de um livro, que reverberavam sinceras de seus pequenos atos do dia a dia. Herminio e eu nos encontramos fisi-

camente pela última vez há pouco mais de um mês, antes de sua viagem para o Rio. Eu estava fazendo as unhas, com os pés de molho numa bacia de manicure, quando o vi, de repente, descer do carro do filho, na calçada em frente. Não tive dúvidas. Literalmente pulei da bacia e, sem sapatos mesmo, corri ao seu encontro, no meio da rua. Depois de um, dois, três abraços apertados, ele me explicou que o filho o estava levando ao dentista: – Fiquei tão feliz em encontrar você!

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Que Deus te abençoe, minha filha! – ele pela oportunidade de estar em meu caminho no dia em que eu tão distraidamente se despediu, como sempre fazia. Naquele momento eu ainda não conestava apenas passando... seguia definir racionalmente o porquê, Escritora e roteirista, autora de romances espíritas, mas voltei para o salão com lágrimas nos dentre eles A luz que vem de dentro, O silêncio do olhos, sentindo um estranho arrepio nos domingos, O sono dos hibiscos, pela Correio Frabraços, no coração... Sei dizer que hoje, se terno. eu o encontrasse agora, Fotos: Wilson GArciA só teria uma coisa a falar: 1989: Herminio – Que Deus para autografando em sempre o abençoe, meu São Paulo amigo querido! E muito obrigada pelo privilégio,

...mas Deus sabe de mim Da reDAÇÃo Herminio Miranda escreveu artigos sobre temas diversos, especialmente publicações relacionadas à imortalidade da alma, reencarnação e mediunidade, dentre as quais o imperdível Diálogo com as sombras, livro que mostra suas recomendações e experiências com o atendimento aos espíritos desencarnados nas reuniões de desobsessão. Deixou obras fantásticas, revelando o âmago dos problemas humanos nas relações espirituais, em experiências colhidas principalmente como dirigente de reuniões mediúnicas. Grande parte desse conteúdo foi reunida pela editora Correio Fraterno na série ”Histórias que os espíritos contaram”, que inclui os títulos A dama da noite, O exilado, A irmã do vizir e As mãos de minha irmã. Ainda presenteou a editora com dois livros surpreendentes, da “série começar”: O que é o fenômeno mediúnico? e – o último livro por ele publicado – O que é fenômeno anímico?, lançado em 2012. com mais de noventa anos, a equipe do Correio ficava encantada com os emails enviados por ele. numa linguagem equilibrada, gentil, mas sem excessos, de uma forma agradável e fraterna, Herminio retratava nas entrelinhas a inevitável dificuldade que enfrentava com os limites do corpo físico versus sua incrível lucidez da alma. e ele expressava todos os assuntos com uma especial característica: parecia estar à nossa frente, num bate-papo informal, mas com direito a todas as vírgulas e concordâncias. conversava, assim, numa escrita perfeita, prazerosa de se ler, referindo-se vez ou outra ao: “sou apenas um velho escriba”. era sempre uma grande alegria um contato dele. em cada um, uma lição de força, trabalho, serenidade, sabedoria e muito carinho. também escrevia para sugerir atitudes, como o fez solicitando-nos publicar uma das histórias que o espíritos contaram

sobre a questão da responsabilidade e dos efeitos perturbadores do aborto (edição 446). recentemente, estávamos com ele reeditando uma de suas obras, que nos reaviva a importância de se falar do espiritismo de uma forma simples, inclusive para não espíritas, mas com todo o cuidado que seus temas merecem. A preocupação de Herminio era a de “dar uma escovada” e não tinha ele o menor receio de compartilhar conosco o desafio de mais um trabalho. “Queria escrever muito mais... mas Deus sabe de mim!”, disse ao telefone com dificuldade há questão de poucos meses. Foi nosso último contato, que nos deixou felizes por ouvi-lo e, ao mesmo tempo, com uma pontinha de saudades dos tempos de seu vigor editorial. imaginávamos o quanto somos egoístas ainda e nos deparamos com desejos infantis de que pessoas como Herminio deveriam viver muito, muito mais entre nós, sem nos darmos conta do presente que já havíamos recebido com sua presença na terra por mais de nove décadas, com um trabalho tão produtivo e exemplar no Bem. Herminio c. Miranda, como gostava de assinar, querido no coração de toda a equipe Correio Fraterno, deixou artigos e livros, muitos livros. Debruçou-se sobre os mais diversos assuntos que envolviam a mente, em sua relação espírito-corpo, relacionou e confrontou bibliografias em vários idiomas para buscar fatos sobre a existência da espiritualidade, como se a provar que contra esses, realmente, não havia argumentos e que a Humanidade precisava romper os dogmas religiosos e científicos e despertar para uma realidade muito mais abrangente que exigia mudanças de paradigmas. Herminio foi mesmo um pesquisador incansável, independente, “um divulgador do cristo”, como tão bem nos definiu sua filha Ana-Maria, logo após a sua desencarnação.

seus escritos trazem nas entrelinhas lições profundas de conhecimento e de amor. lembramo-nos certa vez da sua maior receita para as reuniões de desobsessão. conversando com os espíritos, conforme relatado em seus livros, percebe-se sua sabedoria, uma cultura que lhe possibilitava o diálogo sobre várias realidades no tempo e na história. Mas, muito mais que isso, nota-se sua atitude de acolhimento. Muito mais um bom ouvinte, de coração aberto, do que alguém disposto apenas a explicar e “esclarecer” em situações de tanta dor. “Meu irmão, não quero te convencer de nada. Queria apenas tocar seu coração...”, disse em uma de suas conversas a um espírito mais desafiador. Herminio foi um sábio. Deixa saudades. Mas como já disseram que saudades é o amor que fica, resta-nos agradecer a Deus por tê-lo conhecido, na certeza da boa lembrança de sua presença amorosa entre nós e de que ele continuará a nos estimular com seus estudos e pesquisas. com seu amor. Até breve, grande Herminio. De nossa parte, continuaremos cuidando de manter acesa essa grande chama de amor, carinho, trabalho, amizade e esperança que você acendeu em nós. sempre buscando o melhor, como você também sempre quis e buscou. também dando nossas escovadas: no jornal, no site, nos livros, na vida. Muita paz e luz pra você!

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AnÁlise

O passo seguinte da Humanidade Por GuArAci De liMA silVeirA

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empre é tempo de repensarmos a vida e nela as nossas ações. Estamos num período de grandes mudanças. Daqui a pouco, o processo de espiritualização da Humanidade começará a ser percebido. Numa rápida vista d’olhos na história vemos que o caminho vem sendo preparado de século a século. As sociedades se modificaram. O Renascimento teve como principal objetivo romper com velhas tradições, dando ao homem a opção de modificar-se, modificando seu habitat, seu estado mental. As grandes navegações promoveram descobertas de terras e povos e a integração entre eles. A industrialização. A consolidação da ciência. O Iluminismo, que oportunizou ao homem o estudo da razão e sua conduta perante ela. Max Sheller, filósofo alemão, nascido em Munique em agosto de 1874 e desencarnado em Frankfurt, em 1928, deixou-nos em seu legado uma frase de grande significado: “O homem ocupa um posto no Universo.” Fácil concluir que aquele que ocupa um posto o faz para uma ação constante e progressiva. Este o escopo humano. Sempre ocupando um posto e sempre progredindo por isso. A proposta de Sheller nos indica deveres para com a Criação, enquanto vivemos e nos expandimos. Kardec nos propõe a máxima de que “Fora da caridade não há salvação”. E caridade no sentido de solidariedade. Segundo ele, “Fora da caridade não há salvação é a consequência do princípio de igualdade perante Deus e da liberdade de consciência”.1 Assim, ocupamos um posto no Universo laborando, enquanto libertamos nossas consciências a partir de um projeto solidário, onde quem sabe mais ensina quem sabe menos. André Luiz, no livro Evolução em dois mundos, discorrendo sobre a vida social dos desencarnados, nos indica que um terço dos desencarnados é composto de “espíritos relativamente enobrecidos que se transformam em condutores da marcha ascensional dos companheiros, pelos méritos com que se fazem segura instrumentação das esferas superiores”.

Os outros dois terços permanecem, de alguma forma, jungidos aos interesses terrenos, aglutinando-se em cidades e vilarejos “edificando largos empreendimentos de educação e progresso, em favor de si mesmas e a benefício dos outros”. Vê-se que estamos em intenso labor de aprimoramento. Espíritos superiores nos guiam e com a doutrina espírita tudo se nos torna claro. O passo seguinte da humanidade será, sem dúvida, o perfeito conhecimento destas verdades e a justaposição a elas. Façamos a nossa parte. Tanto a nosso favor quanto daqueles que a Providência nos indicar. Em O livro dos espíritos, Kardec pergunta, na questão 1018, se o reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra. A espiritualidade responde que sim, e isso quando o bem reinar aqui a partir da superação dos bons sobre os maus. “Então eles farão reinar o amor e a justiça, que são

fonte do bem e da felicidade. É pelo progresso moral e pela prática das leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons espíritos e afastará os maus”. Este cometimento está na pauta de Jesus. Ele está transformando gradativamente a Humanidade. É bom pensarmos assim e agirmos em consonância com ele, a partir da nossa perfeita adequação ao seu Evangelho e às propostas nele contidas. Sejamos obreiros do bem e o bem nos levará ao mestre superior, que nos guia desde o princípio das eras. Muitos ainda se encontram em suas eternas ‘zonas de conforto mental’, alardeando que a natureza não dá saltos. Que é necessário seguir com vagar. Sim, de fato a natureza não dá saltos. Contudo, ela cumpre rigorosamente seu papel na Criação. Ela caminha enquanto muitos assentam em poltronas de luxo, paralisados, aguardando não se sabe o quê. Assim, os tempos pas-

sam e mentes ineficazes não acompanham o percurso natural dos eventos. É necessário sair da ‘caverna de Platão’ e ver como estamos, perante os tempos atuais e as propostas que a doutrina espírita nos oferece; doutrina dinâmica e que avança de acordo com os avanços tecnológicos e científicos, oportunizando-nos novas premissas da religiosidade a partir de aprofundamentos filosóficos que nos confortem nesta contemporaneidade. É bom que façamos uma revisão em nossas gavetas mentais, adequando-as para as constantes mudanças que se nos apresentam a partir de estudos e práticas ligadas à espiritualização e à serenidade do ser. Já rompemos a primeira década deste novo século. Certamente as décadas seguintes haverão de modificar sobremodo as práticas sociais a partir dos espíritos renascentes. É bom observarmos tudo isto, projetarmo-nos um tanto mais, indicando-nos opções novas e nos propondo a conquistá-las. O passo seguinte da Humanidade será a busca constante dos voos espirituais. O homem está cansado da mesmice de todos os dias e das falas repetidas daqueles que muito encantam enquanto muito enganam. E com qual alimento nos nutrimos? A mídia deve ser vista com os cuidados dos sábios. Atualmente ela é forte na construção de objetivos. E o é porque permitimos. Há que se pensar na vida após a morte e no retorno ao plano físico. Temos que romper os muros e desvendar os véus, fazendo do agora uma construção eficiente. A doutrina espírita é o nosso bastão de arrimo e nossas consciências a real condutora das nossas vontades. Segundo Léon Denis “É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado”. Que ela seja determinante em nossos avanços no posto que ocupamos neste Universo grandioso e de ganhos permanentes. O evangelho segundo o espiritismo, cap. 15, item 8.

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Guaraci Silveira reside em Juiz de Fora, MG. Escritor e palestrante, autor do livro O refúgio de Laila, do Correio Fraterno www.correiofraterno.com.br


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CARTA ENIGMÁTICA DO CORREIO

ENIGMA

Quem é o autor da frase: “O amor cobre uma multidão de pecados”?

9º Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo Tema: Espiritismo e Ciência Dias 24 e 25 de agosto, em São Paulo. Local: Alameda dos Guaiases, 16 - Planalto Paulista. Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro. Alguns dos trabalhos apresentados serão: Uma investigação estilística sobre uma peça musical atribuída ao espírito Wolfgang Amadeus Mozart (Érico Bonfim), Anália Franco e a “obra” espírita: o nascimento dos primeiros abrigos espíritas para a infância no Brasil (Alexandre R. Azevedo), Terceiro setor e fundamentos da doutrina espírita (Daniella Leite), Espiritismo e métodos de pesquisa em ciências hermenêuticas e fenomenológicas (Jáder Sampaio), Geografia(s) do mundo espiritual (Chrystiann Lavarini), dentre outros. Além de palestras de convidados (Sílvio Chibeni e Ademir Xavier), haverá lançamentos de livros e exposição de pôsteres. www. ccdpe.org.br. Fone: (11) 5072- 2211.

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Simpósio Paulista de Comunicação Social Espírita As Associações de Divulgadores do Espiritismo, de São Paulo e Campinas, realizarão no dia 7 de setembro o 8º Simpósio Paulista de Comunicação Social Espírita, quando será abordado o tema “O espiritismo para todos”. O evento propõe reflexões sobre ideias que facilitem e estimulem a transmissão dos fundamentos espíritas para a sociedade em geral. O evento ocorre na cidade de Campinas. Inscrições e informações: www. adecampinas.org.br/simposio.

SET

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V Simpósio de Saúde e Espiritualidade Tema: Vida sustentável e espiritualidade. De 27 a 29 de setembro, no Teatro Marcos Lindenberg, da Universidade Federal de São Paulo. Rua Botucatu, 862, Vila Clementino, São Paulo. Realização: Departamento de Neurologia e Neurocirurgia e Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade. Inscrição: http://dpdphp.epm.br/acad/siex/index.htm. Informações: nuse.unifesp@gmail.com

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7º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul De 4 a 6 de outubro, com o tema “O evangelho no mundo e nos corações”. Local: Serra Park Centro de Eventos. Viação Férrea, 100 Três Pinheiros, Gramado, RS. Com participação de Alberto Almeida, André Trigueiro, Divaldo Pereira Franco, Sandra Borba Pereira, Sergio Lopes e Haroldo Dutra Realização: Federação Espírita do Rio Grande do Sul. www.espiritismors.org.br.

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Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

qualquer hora, em qualquer lugar

Solução da Carta Enigmática

_____ ______ _ ___ _____ _______ ____ Do livro Justiça divina, FEB

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Resposta do Enigma: Pedro, em sua primeira epístola. Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. (I Pedro, 4:8.)

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QUEM PERGUNTA QUER SABER

Por que há tantos crimes ligados ao sexo? Da REDAÇÃO

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o livro Evolução em dois mundos, explica o espírito André Luiz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, que há espíritos nos mais variados níveis de compromisso em processo de evolução, onde as trocas e sintonias envolvem o instinto sexual. Ele descreve que tudo começou quando, livres para escolherem o próprio caminho, as criaturas humanas desencarnadas começaram a oprimir os companheiros encarnados, disputando afeições e riquezas ou tentando empreitadas de vingança e delinquência, quando desencarnavam em circunstâncias delituosas. Por outro lado, as criaturas foram-se utilizando do instinto sexual de forma atabalhoada, considerando-o apenas como agente de reprodução e prazer, esquecendo-se de que é, acima de tudo, instrumento que permite a reconstituição de forças espirituais entre as criaturas. André Luiz explica que as almas primitivas comumente gastam a força desse instinto em excessos e isso lhes impõe duras lições. “Milhões de criaturas conscientes, viajando da rude animalidade para a Humanidade enobrecida, em muitas ocasiões se arrojam a experiências menos dignas... Se as forças sexuais não se encontram suficientemente controladas por valores morais, surgem, frequentemente, longos pro-

Dificilmente, passa-se um dia sem uma notícia de violência ligada à sexualidade. Abuso sexual, traição, ciúme, vingança, pedofilia... Por que há tantos crimes ligados ao sexo? Valkíria Dias, Campo Grande, MT cessos de desespero ou de delinquência”. Segundo o autor espiritual, há verdadeiras enfermidades do instinto sexual, no sentido de que se essas cargas magnéticas acumuladas não forem canalizadas na direção do bem, acabam por obliterar o discernimento. “Alheia ao bom senso, a criatura lesada em seu equilíbrio sexual costuma entregar-se à rebelião e à loucura em síndromes espirituais de ciúme ou despeito”. “À face das torturas genésicas a que se vê relegada, gera aflitivas contas cármicas a lhe vergastarem a alma no espaço e a lhe retardarem o progresso no tempo. Daí nascem as psiconeuroses, os colapsos nervosos de correntes do trauma nas sinergias do corpo espiritual, as fobias numerosas, a angústia,

os ‘desvios da libido’, a neurose obsessiva, as psicoses e as fixações mentais diversas”. Quando nos deparamos com crimes ligados à sexualidade, é preciso lembrar que estamos mergulhados na lei universal do progresso, entre acertos e desacertos. Situações trágicas no presente têm certamente origens remotas, onde não nos cabe o direito de julgar, uma vez que todos passamos pelas trilhas de enganos diversos. É por isso que explica André Luiz que os problemas ligados à sexualidade originam na ciência de hoje as indagações e os conceitos da psicologia, da psicanálise. “Identificam-se as enfermidades ou desajustes do instinto sexual sem oferecer-lhes medicação adequada, porque apenas o co-

nhecimento superior, gravado na própria alma, pode opor barreiras à extensão do conflito existente, traçando caminhos novos à energia criadora do sexo, quando em perigoso desequilíbrio”. É no terreno da sexualidade, continua ele, que são contraídos múltiplos sofrimentos por nós todos, no decurso dos séculos, forjando inquietações e problemas nos outros... “O amor também está em evolução”, relembra, explicando que à medida que nos afastamos da animalidade, o amor assume dimensões mais elevadas. Quando ainda mais animalizados, a descarga da energia sexual se efetua, indiscriminadamente, através de contatos, quase sempre desregrados e infelizes, que desencandeiam a exaustão e o sofrimento como processos educativos. Segundo analisa, dificuldade maior acontece nos casos de poligamia, quando o espírito traça largo roteiro de aprendizagem a que não escapará pela matemática do destino que criou. O ciclo somente se rompe com o amor. Quanto mais se integra a alma no plano da responsabilidade moral para com a vida, mais apreende o impositivo da disciplina própria, a fim de estabelecer, com o dom natural de amar, os novos programas de trabalho que lhe facultem a transformação.

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FOI ASSIM

A despedida de Herminio Miranda Por ALEXANDRE ROCHA

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onhei que fui procurado por umas senhoras de uma instituição espírita que fazia o trabalho de costura para crianças recém-nascidas. Elas foram me procurar, porque queriam agradecer ao Herminio, pois o trabalho que realizavam era feito a partir dos direitos autorais que o autor doava para a instituição. Então, vendo que ele já estava velhinho, quiseram fazer um pijaminha de flanela para presenteá-lo. E estavam lá para pedir que eu o entregasse e lhe agradecesse. Eu me comprometi a ir visitá-lo. E fui. Tudo em sonho... Quando cheguei à casa dele, foi uma coisa muito estranha, porque me encontrei com dois Herminios ao mesmo tempo: um deitado na cama, já com dificuldade de movimentação, mas para quem eu contei o que estava fazendo lá, entregando o pacotinho. Ele ficou muito feliz... Muito agradecido... Mas ao mesmo tempo, eu conversava com o Herminio que parecia ter cerca de 40 anos, de pé, muito alegre, muito feliz, que começou a me falar sobre a importância da vida, da encarnação, que

“Minha filha, acho que já estou me despedindo…”

ela costuma ser muito menosprezada por nós, que temos a oportunidade maravilhosa de aprender, até entender a angelitude, mas que nós – ele faz uma comparação – acabamos cabulando aulas. Achei inte-

ressante, no sonho ele usar a palavra “cabular”, que é bem da época dele. E aí eu brinquei: “Ah, mas nós aqui, simples mortais, ainda estamos cabulando as aulinhas do primário, mas tem pessoas, como o se-

nhor, que, se cabula, é aula da pós-graduação. Aí ele riu e falou: “De jeito nenhum... Uma coisa que eu tenho muita segurança, que eu tenho muito para dizer, é que nunca cabulei aula na minha vida. A existência é uma coisa muito importante e sempre tive a preocupação de não perder esse tempo.” E na hora, no sonho, me invadiu um sentimento muito forte de que eu estava me despedindo dele. Sua filha, Ana-Maria, também nos contou que dias antes de sua partida, Herminio teve uma espécie de crise. Sua esposa dizia que ele não estava falando coisa com coisa, mas a filha observou: “Ele está falando com muita segurança! Com muita firmeza, como num idioma que a gente não conhece...” Foi um prenúncio de que ele já estava se desligando... Passada a ‘crise’, Herminio virou-se para a filha e disse “minha filha, acho que eu já estou me despedindo...” Alexandre Rocha (Editora Lachâtre) é um dos principais editores de Herminio Miranda, cuja amizade se estendeu por mais de trinta anos.

VOCÊ SABIA? WASHINGTON FERNANDES

Política sagrada e obrigatória B

ezerra de Menezes começou na política aos 29 anos como vereador e aos 36 chegou ao Parlamento Nacional como deputado. Seu conceito de política era uma verdadeira profissão de fé patriótica, uma bandeira desfraldada em defesa dos altos interesses da nação: “A política, eu a compreendo, não é uma especulação dos homens; é uma religião, a religião da pátria, tão sagrada e obrigatória, como o culto das verdades eternas que constitui a religião de Deus”, dizia. Foram vários os discursos enwww.correiofraterno.com.br

tusiasmados que Bezerra proferiu como político atuante. Em 1867 diria: (...) A pátria está principalmente em perigo quando princípios tão perniciosos se insinuam por todo o corpo social; pois eles corrompem-lhe o sangue, gangrenam-lhe todo o organismo, tiram-lhe toda a força de coesão necessária para resistir à exploração produzida pelo choque de interesses sórdidos que tais princípios promovem, com ampla generosidade. (...) Sinto ser obrigado a dizê-lo, mas eu devo toda a verdade

ao meu país: a sociedade brasileira está gravemente doente, as extremidades já estão frias e o coração não tarda. Veja o discurso completo proferido por Bezerra de Menezes na Câmara dos Deputados sobre sua conversão ao espiritismo em www.correiofraterno.com.br Bibliografia Memórias de Bezerra de Menezes, de Eduardo Carvalho Monteiro (Ed. Madras) Perfis parlamentares, organizado por Freitas Nobre (Câmara dos Deputados)


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DESTAQUE

O valor da gratuidade Da UMBERTO FABBRI

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este ensinamento claro e objetivo de Jesus, fica evidente que o trabalho realizado com a ferramenta mediúnica não deve ser pago de forma alguma, tanto nos aspectos materiais, como nas aspirações pessoais que busquem destaque, privilégios e facilidades. Não podemos aceitar a mediunidade como profissão. Mediunidade é recurso divino, possibilitando a atuação do alto para auxílio e orientação da humanidade. Todo profissional recebe remuneração pelo produto de seu trabalho, esforço e especialização. No processo mediúnico, porém, o médium apenas transmite a comunicação, seja ela falada, escrita, inspirada, etc., sendo o espírito comunicante o verdadeiro autor da informação. Alguns companheiros acabam desvirtuando o compromisso assumido na caridade mediúnica e procuram o favorecimento egoísta, explorando a fragilidade e desespero de quem sofre. Sempre que nos desviamos do bem legítimo, nos desconectamos dos mentores e, por mudança de sintonia e afinidade, nos ligamos àqueles que se comprazem deste comportamento. Se Jesus é modelo inspirador, basta observar seu comportamento. Em momento algum buscou vantagens, reconhecimento, elogios, deferências ou mesmo gratidão. Tudo o que realizou foi movido pelo mais puro amor e bondade. Deu ao rico e ao pobre as mesmas opor-

“Dai de graça o que de graça recebestes...” O evangelho segundo o espiritismo, cap. 26

tunidades de ajuda e amparo. A faculdade mediúnica é alavanca de progresso visando nosso adiantamento e oferece o benefício de exercitar a caridade. Dentro de mais um ensinamento do Cristo, de que “a quem muito foi dado, muito será pedido”, encontramos a lógica do compromisso perante Deus e nossa própria consciência. Tendo-se claro o objetivo mediúnico, como oportunidade do trabalho no bem, nosso esforço deverá ser o da atitude disci-

plinada frente à realização desta causa. Mediunidade com Jesus é compromisso de trabalho voluntário e desinteressado, e merecerá todo o respeito e comprometimento daquele que se propõe a realizá-lo. Cabe ao trabalhador fiel que deseja sinceramente servir, e não ser servido, longe de se sentir obrigado ou forçado, trabalhar com alegria e disciplina. Se devemos ser responsáveis pelo nosso crescimento e evolução, pelas conquistas de caráter pessoal que requerem investi-

mentos constantes em nós mesmos, estudos continuados que nos especializem ao trabalho mais produtivo, que dizer então da responsabilidade do médium que se dispõe a trabalhar nas trincheiras da dor? A determinação deverá ser uma constante em relação ao estudo e ao trabalho com a ferramenta do bem. Mediunidade gratuita exige conscientização do ser, que cansado do sofrimento, busca alçar voos mais altos, em busca da sua felicidade, sabendo que a encontrará na felicidade do próximo, no segundo mandamento máximo do Cristo, que ensina que devemos nos esforçar no exercício do amor ao próximo e a nós mesmos. Não podemos colocar preço no amor, não temos como mensurá-lo, e sendo a mediunidade ferramenta do amor, como lhe atribuir custo? A conscientização do médium relativa à questão da gratuidade, daquilo que não lhe é propriedade para comercialização, é a conquista da criatura que se liga a Deus e a Jesus e tem com isso a satisfação de encontrar no serviço em favor do semelhante a alegria da conquista de si mesmo, no processo do autoconhecimento, passando ao gerenciamento efetivo nos padrões do Evangelho, de sua vida e de seu livre-arbítrio. Profissional de marketing, é orador e escritor brasileiro, morando hoje na Flórida, EUA.

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LEITURA Michell Paciletti: pela psicografia, um enredo que evidencia os conflitos nas relações familiares

Quando fala o amor maior po entre meus dedos, e escreveu ‘Bezerra de Menezes’.

O

médium Michell Paciletti acaba de lançar pela Editora Correio Fraterno o livro Amor maior, obra psicográfica que retrata uma emocionante história, onde não faltam suspense e bom entretenimento no entrelaçamento de vidas, cuja origem se prende a um passado comprometedor. Michell também realiza significativo trabalho assistencial no Lar Espírita Irmão Max, no bairro da Lapa, em São Paulo, ligado à Pousada do Sol, em Embu-Guaçu, onde mantém cerca de 40 idosos. Vale conferir sua entrevista: Sendo italiano e tendo sido educado no catolicismo, como foi lidar com a mediunidade desde a infância? Michell Paciletti: Cheguei a São Paulo com quatro anos. Numa tarde, olhando para o céu, vi uma intensa luz, que me causou espanto e temor. Pouco mais tarde, os efeitos mediúnicos se intensificaram, inicialmente através do desdobramento, o que muito me afligia quando se aproximava a noite. Pedia a minha mãe que me ensinasse a orar o Pai Nosso, na tentativa de evitar aquele sofrimento. Com o tempo, outras manifestações foram surgindo, como a premonição de situações familiares. A imediata reação de meus pais foi de tudo atribuir à imaginação infantil. Depois, procuraram ajuda psicológica de um especialista, julgando-me portador de algum distúrbio mental. www.correiofraterno.com.br

Como soube que se tratava de mediunidade? Michell Paciletti: Aos oito anos, matriculado no Internato do Colégio Liceu Coração de Jesus, meus pais acreditavam que a educação, respaldada pela liturgia católica, canalizaria os fenômenos da minha infância e eu me transformaria numa ‘criança normal’. Enganaram-se, pois os episódios de desdobramento se acentuaram. Em certa ocasião, ao cantar um hino, Viva a Jesus, olhando para a cúpula da igreja, novamente tive aquela mesma visão inicial. Não resisti e desmaiei, causando preocupação a todos. Acabei saindo do Colégio, sendo reencaminhado a psicólogos. Mais tarde, em segredo, depois de buscar respostas em alguns centros espíritas e não me satisfazer com elas, resolvi ir a Uberaba para falar com Chico Xavier. Temendo não ser recebido por ele, escrevi em um pequeno pedaço de papel a questão que me afligia desde a infância, deixando um pequeno espaço para que ele escrevesse. Queria saber quem era meu mentor espiritual. Chico recebeu o pequeno pedaço de papel, amassado por ficar longo tem-

E sobre sua sensibilidade mediúnica no campo da música, o que tem a contar? Michell Paciletti: Também desde criança sempre senti necessidade de tocar algum instrumento. Enchia garrafas com água e tocava melodias através delas; posteriormente, em um pente envolto em papel celofane, também tentava reproduzir as melodias que surgiam em meu cérebro, sem que eu compreendesse de onde vinham. Meu pai, vendo a minha inclinação para a música, comprou um piano e me matriculou em um conservatório. Para decepção de toda a família, porém, frequentei apenas uma aula de solfejo e desisti do curso, sendo severamente repreendido pelos meus pais. Debruçava-me no piano para chorar e em minutos eu já estava com as mãos sobre o teclado, dedilhando acordes. Essas manifestações também me trouxeram dúvidas e foi também Chico Xavier que me afirmou serem elas ‘autenticamente mediúnicas’. Comecei então a gravá-las, pois como não sou músico desconheço partituras. Hoje são mais de cem músicas, a maioria ao piano; algumas delas com letra também, permitindo-nos participar de festivais internacionais de música mediúnica. Com relação à mediunidade, o que mais lhe marcou nesses encontros com Chico Xavier? Michell Paciletti: Após ter-me confirmado a mediunidade, retornei à Uberaba, para obter mais esclarecimentos sobre os fenômenos que se somavam a cada dia. Uma verdadeira multidão, previamente cadastrada, permanecia na fila para ser atendida pelo médium e eu, muito triste, por não conseguir uma ficha de cadastro, tentei em vão entrar no pequeno salão. Chico, porém, ao chegar, passando por mim e sem me olhar, disse: “Vamos à luta Michell.”

Duvidando que fosse comigo, sentei-me na soleira da porta, quando, para minha surpresa, a porta se abriu atrás de mim e o secretário do Chico disse-me: “Michell, vamos trabalhar. O Chico mandou lhe chamar para sentar à mesa!”. E sobre o romance Amor maior, quando começaram as psicografias? Michell Paciletti: A psicografia, para mim, sempre esteve mais voltada a poesias. Este romance ficou na gaveta por quase dez anos. A princípio surgiu em minha mente uma pequena história que eu intentava relatar na reunião do Lar Espírita, o qual dirijo há mais de quarenta anos. Certo dia, em meu local de trabalho, num período de descanso, resolvi escrever aquela pequena narrativa e o que parecia ser um pequeno conto foi se transformando em um complexo enredo, com inúmeras tramas simultâneas. Extasiado com a história, comecei a escrevê-la um pouco por dia, sempre atendendo ao que me era ditado pelo autor espiritual que se nomeou L’Lino. Houve momentos em que me vi inserido na história, compartilhando muito de perto os sentimentos, dores e alegrias dos personagens. O romance evidencia os conflitos nas relações familiares. Qual o papel da reencarnação nesse enredo? Michell Paciletti: Observando as leis que regem todos os universos da vida, de ação e reação, de causas e efeitos, fica claro observar que todos os vínculos e relações do presente têm estreitas relações com a história pregressa de cada um. Geralmente as reencarnações se processam na árvore genealógica, sendo este o primeiro educandário, que possibilita a reparação dos desafetos familiares e das controvérsias do passado, somados posteriormente àqueles a quem tenhamos prejudicado no pretérito, quando partilhavam a mesma senda evolutiva de nossa vida. O enredo de Amor maior aborda exatamente essa questão.


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