FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 47 • Nº 460 • Novembro - Dezembro 2014
Os operários Tarsila do Amaral
ISSN 2176-2104
CORREIO
Entrevista Doutoranda em direito penal, Érica Babini analisa o sistema carcerário brasileiro e explica por que acredita na justiça restaurativa. Página 4
O que compete a cada um A
Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo realizou em Campinas, SP, o seu terceiro congresso anual, reunindo profissionais e interessados em raro momento, que possibilitou o olhar sobre questões jurídicas atuais e inadiáveis: o preconceito, homoafetividade, sustentabilidade, política de prevenção às drogas, realidade carcerária, assuntos que dizem respeito a você, a mim. Poucos dias se passaram e o CONDEQ, Congresso de Dependência Química, abre outra torrente de informações, desta vez pela internet, através de depoimentos e palestras com múltiplas abordagens em torno da drogadição, um dos problemas mais desafiadores da atualidade. Momentos muito oportunos para uma reflexão sobre o papel de cada um na construção de um mundo melhor. Não basta estar bem sozinho. A infelicidade do outro também nos incomoda. Páginas 8 e 9
Evento inter-religioso para a paz Com muita arte, cultura, campanhas de conscientização e presenças de segmentos religiosos, o “Dia de Amor pela Paz” é realizado em praça pública em São Bernardo do Campo e valoriza iniciativas que também ajudam transformar o mundo. Página 3
Pescadores de homens trabalham em rede Vários discípulos eram pescadores e a rede, o instrumento de vida. Jesus os conclamou a serem pescadores de homens. É momento de se reforçar a grande malha espiritual que une todos nós. Página 11
Novo romance pela médium Lourdes Marconato
Só o amor pode dar novos rumos às nossas vidas!
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EdIToRIAl
A sociedade doente M uitas vezes nos deparamos com o pouco entusiasmo. Ao vermos o mundo como está, com os olhos ingênuos, que só enxergam o aparente e o imediato, a sensação é de impotência e de incredulidade. Falta fé? Conhecimento? Esperança? As dificuldades são múltiplas em todas as áreas: saúde, político-financeira, ética, familiar... E não se pode conceber um trabalho de divulgação espírita que não se contextualize, sob o risco de se fechar em si mesmo, separando-se aquilo que se sabe daquilo que acontece e não se compreende. O drama vivido por famílias que lutam com parentes viciados em crack retratam a longa e difícil trajetória humana para se en-
tender as necessidades no mundo de hoje. Por que tantos estados de dependência? E, em meio a isso tudo, o maior dilema: não se está feliz. Momentos difíceis, mas muito oportunos para uma reflexão sobre o papel de cada um na construção de um mundo melhor. Não basta estar bem sozinho. A infelicidade do outro também incomoda. Esta edição reúne, dentre outros, três assuntos importantes: drogas, paz e justiça. E o Correio acompanhou de perto o que pensam e o que estão fazendo profissionais, Ongs e pessoas que de alguma forma tiveram (ou têm) suas vidas envolvidas com esses temas, eventos importantíssimos que representaram a urgência da pauta sobre a participação social. Promotores, advoga-
Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.
dos, médicos, psicólogos, especialistas em drogadição, ex-traficantes, músicos, bailarinos, pais e filhos deram sua contribuição para a implantação de um mundo melhor. Eles estão aqui dando o seus recados, num espaço democrático, como toda imprensa séria exige e tem por dever acompanhar. Ano que vem tem mais! Equipe Correio Fraterno
CORREIO DO CORREIO Adorei a edição 459 Recebi o jornal e quero dizer que adorei. Uma pena que os mais velhinhos do movimento espíritas estejam partindo! (“De volta à pátria espiritual”, edição 459). Achei emocionante a história do Foi assim “Minha filha entregue em um sonho”) ...Óbvio que chorei! . Um superbeijo. Tatiana, por email.
Mídia do Bem Adorei a nova coluna Mídia do bem, porque ela incentiva as pessoas a fazer coisas boas e também a ler o que é mais construtivo. Quem sabe não é isso que está faltando para o mundo ser um mundo melhor? Luísa Ribeiro Pacheco, Tietê, SP.
Conhecendo Herculano Pires Fiquei conhecendo um pouco mais sobre o autor Herculano Pires no Simpósio do seu centenário [em São Paulo] e depois lendo o jornal (edição 459). Ouço falar de muitos autores espíritas da atualidade, mas percebi que seus livros vão me ajudar a cortar caminho e chegar no que ando buscando. Berenice Almeida, São Paulo, SP.
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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118
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• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
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ACoNTECE
Um encontro para a paz
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Por IZABEl VITUSSo
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evados pelo ideal de mobilizar a população para ações pacificadoras, no dia 15 de novembro foi realizado em São Bernardo do Campo o “Dia de Amor pela Paz”, uma iniciativa do Centro Espírita Obreiros do Senhor e Instituição Assistencial Meimei, com apoio de casas espíritas, como o Grupo Espírita Emmanuel, Grupo de Estudos Espíritas Lírio Branco, e participação de outras lideranças religiosas. O evento contou com atividades durante todo o dia no Parque Municipal Engenheiro Salvador Arena, Rudge Ramos, com stands com triagem oftalmológica, campanha de prevenção ao uso de drogas (com apoio da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas) e atendimento em diálogos fraternos para pessoas com perdas de entes queridos. Entremeando apresentações artísticas com corais, bandas musicais e danças, mensagens de estímulo à paz foram pronunciadas durante a programação por jovens e adultos dos segmentos religiosos ali representados, dentre eles a irmã Adriana, do Centro Comunitário Nossa Senhora de Guadalupe, ministro Jayme Bertolin, da Legião da Boa Vontade, padre Renato da Silva Fernandez, da paróquia Santa Edwiges, a estudante Aline Oliveira, representante da Igreja Evangélica Videira, de Diadema, e dr. Sérgio de Oliveira, médico e coordenador da Escola de Medicina e Espiritualidade, representando a doutrina espírita. O plantio pela manhã de uma muda de oliveira no Parque fez alusão ao “Poste da Paz”, um projeto iniciado em 1955 no Japão pelo filósofo e poeta Masahisa Goi que encabeça a campanha “Que a Paz Prevaleça na Terra”. A iniciativa já está presente em 180 países e conta com mais de 200 mil postes.
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“Que o amor faça a diferença e que todos possamos perceber que não há caminho para a paz. A paz é o caminho”, lembrou na abertura do evento Miltes Apparecida Soares de Carvalho Bonna, presidente da Instituição Assistencial Meimei, que desde 1999 realiza ações de sensibilização para a valorização da vida, com o projeto “Um convite à vida. Sem armas. Sem violência. Sem aborto. Sem alcoólicos. Sem tabaco. Sem drogas.” Além de evidenciar que projetos culturais junto às crianças e jovens encontram eco no meio social, a programação artística cativou o público, com apresentações como a banda da ONG Casa dos Curumins, do bairro Pedreira em São Paulo, com afinado vocal e foco nas raízes da cultura popular. Atividades realizadas na Instituição Assistencial Meimei, através do Centro de Educação Scheilla também foram apresentadas, através do coral infantil que embalou a plateia entoando Mude o mundo, uma versão da música cantada por um milhão de crianças da Tailândia, numa ação que conclama às boas ações por um mundo de paz. Os pré-adolescentes também fizeram bonito, ao apresentarem por meio de expressão corporal “A luta do bem contra o mal”. Desenvolvendo já por 35 anos um apurado trabalho social, desde 2008 a IAM é
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reconhecida pelo Ministério da Cultura como um Ponto de Cultura, num concorrido projeto da Secretaria de Programas e Projetos Culturais que seleciona as melhores iniciativas culturais nas instituições pelo país. Convidado a deixar a mensagem de paz, representando o movimento espírita, o médico pesquisador das áreas de neurociências, medicina e espiritualidade de São Paulo, dr. Sérgio Felipe de Oliveira, lembrou que uma simples brincadeira de criança que veicula a violência, como um videogame, já é o patrocínio da violência, assim como numa reunião de família, onde se contam piadas racistas, ou se falam de forma discriminatória sobre pessoas ou assuntos. Todos somos cúmplices de tudo o que está havendo e que não é a paz, na medida em que não nos articulamos para promovê-la. O médico lembrou a necessidade de se transformar cada palavra, cada ação, em propósitos compromissados com a paz, a começar com o perdão dentro de casa. “Viemos ao mundo para exercitar o amor entre todos nós.” Com leveza e graça, Aline Fávaro encerrou a programação da amanhã dançando
1. Coral infantil entoa a música cantada por um milhão de crianças na Tailândia 2. Apresentação da bailarina Aline Fávaro 3. Banda da ONG Casa dos Corumins 4. Público presente 5. Miltes Bonna e irmã Adriana: união pela paz
sob a melodia de Aquarela do Brasil. Portadora da síndrome de Down, ela não se intimidou, tornando-se um exemplo de superação ao ser a única bailarina com a síndrome a dançar com sapatilhas de ponta no Brasil. A expressão superação permaneceu ao longo do evento, como um eco a retumbar a necessidade de cada um se engajar na construção do mundo mais ético e mais pacífico com que todos nós sonhamos. Eco que reverberou em frases com potencial de transformação: “Não adianta combater a violência. É preciso estabelecer uma cultura de paz na sociedade” – Jayme Bertolin, LBV “Se eu estiver bem comigo, conseguirei transmitir a paz ao mundo” – Nelson Mendes – Coordenador geral da Campanha permanente de valorização da vida “Que a paz permaneça na Terra, formando uma ciranda de amor” – Miltes Bonna www.correiofraterno.com.br
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ENTREVISTA
O caminho da justiça restaurativa Por Eliana Haddad Érica Babini: A responsabilização é uma demanda humana, mas a punição como a praticamos é resultado dos nossos orgulhos
Chico Xavier cita que o criminoso é qualquer um de nós que foi descoberto. O que é o crime? Érica Babini: As palavras de Chico Xavier são as conclusões que o labeling approach ou teoria da rotulação, como ficou nossa tradução brasileira, também apresenta. A definição do fato criminoso é, tão somente, um enquadramento jurídico de elementos que chamamos de teoria do crime, cujos conteúdos foram elaborados numa perspectiva universalizante e importado da Alemanha para a realidade brasileira, sem as devidas adaptações. Então crime é uma definição – uma ‘caixinha’ teórica que recorta um fato ocorrido na vida real e leva para a apreciação judicial. Porém, a análise desse fato não recai sobre todos igualmente. A pergunta que o labeling formulou foi exatamente esta: por que a conduta de uns, e não de outros, é mais observável pelo Sistema de Justiça Criminal (SJC)? Ou de outro modo: por que são algumas pessoas mais vulneráveis ao SJC do que outras?! Então, para responder o que é crime, não basta somente o enquadramento legal, em termos abstratos, mas a www.correiofraterno.com.br
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restes a entregar sua tese de doutorado na Universidade Federal de Pernambuco, a mestre em ciências criminais e professora de criminologia e direito penal da Universidade Católica de Pernambuco tem se dedicado intensamente a um tema desafiador: a população carcerária. Érica Babini Amaral Machado apresentou em outubro, no Congresso Jurídico-Espírita realizado em Campinas, SP, a realidade da política criminal no Brasil e a necessidade de se pensar um novo paradigma: a prática de uma justiça restaurativa, considerando cada ser como um espírito em evolução. Solicitada pelo Correio Fraterno, Érica Babini nos concedeu esta entrevista:
reação social sobre aquela conduta. Qual o retrato da população carcerária e do sistema penal brasileiro? Considerando que a definição do crime é dinâmica, depende da reação social, informal (sociedade civil) e formal (agências de controle), ela se dá sobre as situações e pessoas que representam tipos sociais com os quais não se quer travar a convivência coletiva. Quero dizer, estão presas as pessoas que espelham os nossos “ismos” – egoísmos, individualismos, niilismos, hedonismos, racismos, consumismos, machismos, feminismos... – todas as formas de intolerância que temos. Por isso, no automatismo, reagimos mais às condutas de alguns que consideramos indesejados e menos às condutas de outros que não causam tantas impressões, ainda que tudo seja tipificado no Código Penal. Daí que a população carcerária é constituída de negros(as), pobres, que praticaram, em sua maioria, delitos relacionados à renda (crimes contra o patrimônio e tráfico de entorpecentes) e que violam os perfis sociais esperados.
A dignidade do homem, como direito constitucional, é respeitada na gestão pública do crime? Infelizmente, o preso não é considerado pessoa humana e sim inimigo público, e se assim o é, nenhuma proteção ou direito pode a ele ser concedido. Pelo contrário, o estado das condições carcerárias no nosso país, verdadeiras masmorras medievais, tratam essas pessoas como animais. Locais onde surtos de tuberculose, aids, fome, violência física, sexual e emocional prevalecem, mortificando a subjetividade. Não concebem que ali estão homens, mas sim objetos. Espiritualmente, como analisar a vítima e o criminoso? É difícil elaborar respostas prontas e acabadas, como seria mais prático. Dizer que devido à lei de causa e efeito essas pessoas se reencontraram, etc, poderia ser o caminho mais fácil. Porém, essa pode ser uma reflexão parcial, um dado a ser levado em conta, jamais uma explicação suficiente. Não podemos reduzir os acontecimentos a deduções causais, somente pela lupa
da causa e efeito. Lembremos o que nos disse o Espírito de Verdade, na questão 78 de O livro dos espíritos, que há ‘mistérios’ que ainda não temos capacidades de compreender. Como espíritas, quais ações você considera importantes, diante dos internos no sistema prisional? A primeira questão que me parece evidente, não só para com o sistema prisional, mas com a vida como um todo, é tentar abandonar a pedagogia da punição como uma regra da nossa vida social. É saber que a responsabilização é uma demanda humana. Por isso devamos obedecer as leis humanas, porém a punição em si, tal como a praticamos, é resultado dos nossos orgulhos e do nosso egoísmo. O segundo passo é a mudança da linguagem. Não precisamos estigmatizá-los com expressões como – meliante, bandido, marginal e tantas outras derivações – uma vez que essas denominações são violentas e denegrirem a pessoa a quem nos dirigimos, que antes de qualquer coisa é filho de Deus e, juntos, caminhamos no processo evolutivo. Além disso, conforme a teoria da rotulação, sobre a qual já nos referimos, nós nos construímos também com o olhar do outro. Então, na medida em que definimos alguém como tal, passamos a nos reconhecer conforme essa identidade e passamos também a incorporá-la, agindo conforme se espera dessa identidade. Na prática, como funcionaria a justiça restaurativa? A justiça restaurativa é um novo paradigma criminológico que surge para facilitar a recuperação da paz social, conclamando a participação não só governamental, mas, principalmente da sociedade civil”. A justiça convencional diz: você fez isso e tem que ser castigado. A justiça restaurativa volta-se para o futuro e pergunta: o que você pode fazer agora para restaurar? “Só a educação poderá reformar os homens, que, então, não precisarão mais de leis tão rigorosas.” – O livro dos espíritos.
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A superação do ex-traficante
Chinaider Pinheiro: “Existe sim uma luz no final do túnel”
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O motivo que me levara para o crime não existia mais, porém eu já me encontrava seduzido pela facilitação do crime em relação a dinheiro, status, poder”
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hinaider Pinheiro, 39 anos, nasceu e foi criado em Vigário Geral, no Rio de Janeiro. Acabou se envolvendo com o crime organizado, chegando a ser chefe do tráfico de drogas do Comando Vermelho em cinco favelas. Hoje, estudante de direito e coordenador da agência de emprego Segunda Chance, em São Paulo, convida outros egressos ao bom ânimo num incrível depoimento sobre sua história de superação, como um dos palestrantes do Congresso de Dependência Química (Leia n a página 9). “Fiquei dez anos e quatro meses preso. Obtive a liberdade e uma oportunidade de emprego. Saí no dia 24 de dezembro de 2008 do sistema prisional de Bangu, RJ, e no dia 16 de janeiro de 2009 já me encontrava dentro do Afroreggae de carteira assinada. Comecei a trabalhar como agente de projeto, voltei a estudar, conclui o ensino médio, e hoje faço o quinto período de direito. Já fumei maconha, já usei cocaína. Não sou um adicto e cheguei a me acostumar com aquela vida errônea, com o dinheiro que dizem ser fácil, e que não é. Mas tive apoio da minha família, que lutou para me ajudar, para que eu não voltasse para a criminalidade. E deu certo. Venho de uma família superbacana, meu pai e minha mãe sempre foram trabalhadores e tiveram três filhos. Na década de 1990, meu irmão caçula estava com 14 anos, quando passou a frequentar a noitada e conheceu as drogas. Começou a utilizar maconha e bancava esses gastos com a mesada que meu pai dava. Até que não conseguia mais bancar o seu uso. Começou a utilizar também cocaína e, quando percebemos, já estava envolvido com o tráfico de drogas local. Trabalhava para três pessoas, sócias de uma comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro. Destas uma somente continua viva. Como em todo território, existia na adolescência uma rixa, uma brigazinha de garotos de determinadas ruas, e um desses tinha o desejo de matar meu irmão. Em 1995, quando descobri, eu já era casado, tinha uma filha, um bar dentro da comunidade. Eu era conceituado como um cara boa praça, a comunidade me respeitava e os traficantes também, porque tinham sido criados comigo. Meu irmão já estava com 17 anos e pensei como
poderia evitar aquele fato. Procurei esse cara que ainda continua vivo e ele disse “Não, pode ficar tranquilo”. Mas, como diz o ditado, ‘coração de bandido fica na sola do pé’, aquelas palavras não me garantiam que meu irmão não viria a ser assassinado. Vivia usando droga, vivia dopado, e eu comecei a andar com ele, tentando intimidar quem quisesse matá-lo. Aconteceu que andei tanto com o meu irmão, que acabei me envolvendo com o tráfico e, rapidamente, consegui chegar à gerência. Entrei em janeiro de 1996 e, no dia 25 de março de 1997, nos envolvemos num tiroteio com a Polícia Militar, na favela de Vigário Geral. Houve três mortes: dois meninos de 15 anos, cada um portava um fuzil AR-15, e outro, que acabara de completar 18 anos, com uma AK-47. Esse era o meu irmão. O motivo que me levara para o crime que era defender a vida dele não existia mais, porém eu já me encontrava seduzido pela facilitação do crime em relação a dinheiro, status, poder. Continuei na criminalidade e, no ano seguinte, fiz a prova para sargento do exército. Tinha uma intenção de infância de ser militar. Mas fui preso em 5 de agosto de 1997. Uma semana depois, saiu o resultado da prova. Eu havia passado, porém os meus sonhos estavam destruídos. Não imaginava que pudesse ser reconstruída a minha vida, depois de cumprir a minha pena. O sistema prisional é totalmente falido, faculdade do crime. Eu acredito que existe sim uma luz no final do túnel. Nós devemos ter a concentração, a meta de que iremos achar essa luz. Para você que acha que realmente não existe a oportunidade, busque, acredite! Eu tenho certeza de que você vai conseguir. Eu consegui. Eu não sou diferente. Eu apenas tive força de vontade, apoio da minha família e consciência de que Deus pode nos ajudar. Apenas digo para você não desistir dos seus sonhos. Busque a oportunidade e com certeza isso vai ser possível. E, se aconteceu comigo, vai acontecer com você também. Leia mais sobre essa emocionante história no site www.correiofraterno.com.br Agencia Segunda Chance www.afroreggae.org/segunda-chance/ www.correiofraterno.com.br
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CoISAS dE lAURINHA
Por TATIANA BENITES
Depende…
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aurinha resolve perguntar à evangelizadora no centro espírita: – o que acontece quando uma pessoa morre? – depende – responde a professora. – Por que depende? – depende de como a pessoa viveu, se ela se esforçava para ser melhor. – Se ela era uma pessoa boa, o que acontece com ela? – Ela receberá ajuda dos espíritos bons que estarão ao lado dela. – E se for uma criança? – Depende também. O que importa é a sua evolução. O espírito que anima o corpo de uma criança pode até ser mais evoluído que de um adulto. – E se for um idoso?
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– Também vai depender de seu progresso como espírito. – E se for professora? – Depende também de seu progresso espiritual em outras e nessa vida. – Se for uma pessoa... A evangelizadora interrompe, pois sabe que isso não terá fim. – Tudo depende, laurinha. Fomos criados por deus todos iguais, mas cada um escolhe o seu caminho na vida e responde por ele. – Por que tudo depende? Como dependemos! dependemos de um monte de coisas. – Por isso precisamos nos esforçar para sermos pessoas boas, voltadas para o bem, valorizando a vida e tudo o que temos de bom. Você é uma pessoa boa, Laurinha? – depende – reponde laurinha
com ar de sapeca. – Mas depende do quê? – depende da opinião da minha mãe, do meu pai e da versão que os espíritos vão querer ouvir. Se ouvirem a do meus pais, talvez eu não seja lá tão boa, porque nem sempre lavo a louça ou faço a lição. – Entendi. – Mas, se eles ouvirem a minha versão, vão ver que ser boa ou não depende da minha vontade, depende da brincadeira, depende do momento... e depende de mim. – Laurinha, não é bem assim. Você não está falando sério... – Estou sim, mas já que tudo depende... DEPENDE também de como você vai entender isso que eu estou falando agora.
Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíritos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Benites, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).
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NOVEMBRO - DEZEMBRO 2014 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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BAÚ DE MEMÓRIAS ESPECIAL
Centenário de
Aureliano Alves Netto Por Raymundo R. Espelho
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onheci Aureliano Alves Netto no Rio de Janeiro, durante a prévia para o Congresso Brasileiro de Jornalistas Espíritas que seria realizado no Centro de Convenções em Brasília, em 1986. Aureliano foi o coordenador do evento, no qual também colaboramos. Reencontramos-nos quatro anos depois, no Congresso de São Paulo, onde ele também brilhou como um dos organizadores. Lembro-me da figura enigmática de Aureliano. Elegante no falar, além de sereno e profundo conhecedor da doutrina. Orador, jornalista e escritor, publicou mais de vinte livros, alguns em parceria com escritores e amigos, como Celso Martins, António Fernandes Rodrigues, Maria Thereza C. Oliveira, Cristóvão Marques Pessoa, Américo D. Nunes Filho, J. C. Moreira Guimarães, dentre outros. Durante os congressos e outros eventos espíritas Aureliano era figura inseparável do escritor e jornalista também baiano Deolindo Amorim (1906 –1984), com quem igualmente eu me encontrava nessas ocasiões. Ambos tinham ideias muito alinhadas e análises sobre o movimento espírita muito parecidas. Comumente eram eles que dirigiam os eventos de maior vulto no meio espírita. Aureliano nascera em Condeúba, na Bahia, em 1914, mas foi no Rio de Janeiro, para onde se mudou, que conheceu o espiritismo. De família católica, interessou-se pela doutrina aos 12 ou 13 anos, por influência de um professor que lhe emprestava obras espiritualistas, a exemplo de O espiritismo à luz dos fatos, de Car-
los Imbassahy, o que o ajudou a solidificar a sua crença. Autodidata e apreciador de boas leituras, fez carreira no serviço público e participou como membro ativo de diversas instituições espíritas. Aposentado em 1966, na cidade pernambucana de Caruaru, dedicou-se à escrita e colaborou com mais de vinte periódicos, tanto no Brasil como no exterior, incluindo a Revista Evolucion, de Caracas; La Idea, de Buenos Aires; Vita Nuova, de Milão; Divulgacion Espírita, de Madrid e Revista Estudos Psíquicos, de Lisboa. Sua dedicação pela leitura e escrita fez com que reunisse uma vasta biblioteca, com mais de 2 mil livros, que foram doados posteriormente para o Centro Espírita Chico Xavier, em Candeias, bairro de Jaboatão dos Guararapes, PE. Por ocasião do lançamento de seu último livro, Aureliano nos enviou um exemplar com fraterna dedicatória, registrada por sua esposa, Maria Cândida de Souza e Silva, uma vez que ele já se encontrava praticamente sem visão e acometido pelo mal de Alzheimer. A passagem pelo centenário de seu nascimento não poderia deixar de ser aqui reportada. Tivemos a felicidade de ter as páginas o Correio Fraterno enriquecidas por suas crônicas por muitos anos, desde o início da década de 1980, até quando sua saúde o permitiu. Nos correspondíamos frequentemente. Num de seus textos, publicado em junho de 1981, Aureliano comenta a boa notícia sobre a prática, nas dependências
Todo o poder provém de Deus, não por uma manifestação sobrenatural de sua vontade, mas pela direção providencial dos acontecimentos e das vontades humanas” da Câmara dos deputados e senadores, em Brasília, de os políticos se reunirem para prece e leitura diária de trecho do Evangelho. No texto, o amigo manifesta seu desejo que ver aquela ação se perpetuar e contagiar os demais representantes públicos. “Todo o poder, toda a autoridade provém de Deus, não por uma manifestação sobrenatural de sua vontade, mas pela direção providencial dos acontecimentos
e das vontades humanas”. Trabalhador do primeiro escalão, que Aureliano continue sendo o arauto da esperança para que o bem se instale definitivamente na Terra, por apoio de Deus e ação pela ética dos homens. Correio Fraterno, edição 126, junho de 1981, “A prece no parlamento”. Colaboração: Maria Izabel Alves Soares www.correiofraterno.com.br
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ESPECIAl
Justiça em debate Por ElIANA HAddAd E IZABEl VITUSSo CAMIlA HAMPARIAM
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Associação Jurídico-Espírita do Estado de São Paulo (AJE-SP) realizou de 17 a 19 de outubro, em Campinas, SP, o seu terceiro congresso, reunindo participantes da capital e cerca de dez cidades paulistas, além de outros cinco estados. Tendo como tema central “Direitos contemporâneos e espiritismo”, o evento incluiu palestras e apresentação de teses, cujo conteúdo foi marcado pelo alto nível dos estudos e discussões. Temas como preconceito, homoafetividade, sustentabilidade, política de prevenção às drogas e realidade carcerária foram apresentados e discutidos pelos participantes. “Sabemos que a nossa presença aqui não é motivo de júbilo, mas muito mais de aprendizado e renovação de compromisso”, destacou o juiz José Valter Chacon Cardoso, representando o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo na abertura do evento. “Tentamos criar aqui um pensamento crítico que nos permita agir de forma que a justiça e a fraternidade não sejam apenas palavras, mas condições reais para que os espíritos imortais possam dar cumprimento na Terra a seus planejamentos reencarnatórios”, expressou-se o presidente da AJE-São Paulo, Eduardo Ferreira Valerio. Para ele, embora seja fundamental, não basta apenas a transformação íntima, é preciso contribuir na construção de instituições que permitam a transformação e evolução de todos, indistintamente, sem egoísmo, sem preconceitos. “Justiça reacionária” Allysson Mascaro, professor universitário, www.correiofraterno.com.br
filósofo e doutor em direito, mostrou em sua palestra “O direito e o espiritismo em face dos dilemas do mundo contemporâneo” o quanto o ódio, o conservadorismo e a indiferença têm feito em nome de uma “justiça reacionária” associada ao universo jurídico contemporâneo. “Se Cristo voltasse à Terra hoje, seria morto pela maioria esmagadora dos juristas”, afirmou, ao demonstrar que ele teria sido julgado pela sua posição social, por ter nascido num ‘chiqueiro’, por ser ‘negro’, por enfrentar a ordem estabelecida, como um bandido. Para ele, o espírita também acaba por manter essa legitimação das injustiças. Sabe que não foi Deus quem fez a desgraça do mundo, mas transfere a causa de haver o pobre, o miserável, o explorado à vida passada. “Isso é um problema filosófico. A única possibilidade que se tem, racionalmente, é ver no mundo a pobreza para ser libertada, a fome para ser dado o pão, a sede para ser combatida com a água”, justificou. Reforma psiquiátrica O médico sanitarista Ademar Arthur Chioro, ministro da Saúde, discorreu sobre o tema “Dependência química: políticas públicas e propostas espíritas” enfatizando que só se substitui a droga na vida da pessoa quando, apoiada, ela autonomamente resolve construir um uma nova vida que substitua o espaço da droga de vida que ela mesma construiu”. Chioro pontuou que os hospitais psiquiátricos, inclusive os espíritas, vão na contramão da legislação da própria Organização Mundial de Saúde, contrariando a liberda-
de, assegurada como um dos direitos humanos da própria ONU. Novas teses e novas famílias “Novas famílias e o valor do afeto na perspectiva espírita” foi o assunto abordado pelo médico homeopata Andrei Moreira que discorreu sobre o tema assinalando as mudanças na família contemporânea, com seus mais variados arranjos. “A garantia de direitos a qualquer pessoa ou categoria atende aos pressupostos constitucionais de igualdade para todos, independentemente de sua orientação sexual, condição econômica, partido político ou religião”, destacou. Segundo ele, as conquistas são inegáveis, no entanto os desafios sociais derivados do preconceito e da ignorância ainda fomentam a violência e a exclusão, explicou, tratando de separar em sua palestra o sexo biológico, a identidade, a orientação e os papéis sexuais. Por uma justiça restaurativa Érica Babini Amaral Machado, doutoranda em ciências criminais pela Universidade Federal de Pernambuco, analisou o instigante tema “Política criminal, realidade carcerária e evolução do espírito”, defendendo a justiça restaurativa, relacionando-a às leis morais, especialmente à lei de progresso. “A justiça restaurativa é um novo paradigma criminológico que surge para facilitar a recuperação da paz social, conclamando a participação não só governamental, mas, principalmente da sociedade civil”. (Veja também a entrevista das páginas 4 e 5). Saiba mais em www.ajesaopaulo.com.br
Somente moral pode a homens a felici
Allan Karde
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e o progresso assegurar aos idade na Terra”
ec – A gênese
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Congresso inédito reúne 36 especialistas
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LIVROS & CIA. FEB Editora Tel.: (61) 2101-6161 www.febeditora.com.br Correio Fraterno de diversos espíritos psicografia de Francisco Cândido Xavier 154 páginas 14x21cm
Por ELIANA HADDAD
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U
ma iniciativa inédita, realizada de 10 a 16 de novembro, marcou com grande sucesso a importância da participação social na prevenção ao uso de drogas no Brasil e no mundo. Totalmente gratuito e realizado pela internet, o CONDEQ – Congresso de Dependência Química – foi acompanhado por mais de 12 mil participantes, que assistiram a 36 palestras com especialistas de diversos setores. Foram 26 horas de conteúdo útil, ágil e necessário, com palestras e depoimentos emocionantes, que permitiram ainda a participação dos internautas através das redes sociais e do próprio portal do congresso. Com a participação de cerca de 1.300 pessoas por palestra, o congresso foi acessado em 16 países: (Brasil, Estados Unidos, Uruguai, Portugal, Argentina, Bahamas, Suíça, Noruega, Equador, Inglaterra, França, Alemanha, Chile, Espanha, Itália e Japão, por ordem de acesso), com o público, em grande parte, na faixa de 41 a 60 anos (em 62% dos acessos); de 26 a 40 anos (em 21%); mais de 60 anos (14%) e até 25 anos (3%), sendo 46 % homens e 54% mulheres. Todos os palestrantes participaram gratuitamente do evento. Diversos e-books, de autores como padre Haroldo Rahm, a psicóloga Maria Heloisa Bernardo e os psiquiatras Içami Tiba e Augusto Cury, foram também distribuídos gratuitamente. Conhecendo o potencial da internet, cada vez mais acessível à população, o especialista Cristian Fernandes e Letícia Camargo, idealizadores do evento, explicam que a ideia surgiu quando perceberam que os problemas relacionados ao uso e abuso de álcool e outras drogas são hoje um dos mais sérios em todo o mundo, com informações ainda muito desencontradas. “As pessoas sofrem com esses problemas e os profissionais e a academia, apesar de
conseguirem grandes avanços no tratamento, ainda enfrentam muitos desafios para auxiliar e tratar. As iniciativas de prevenção existem aos montes, mas muito pulverizadas e as que mais produzem efeito não são conhecidas de forma ampla”, explica Cristian. Letícia Camargo comenta que o CONDEQ contou com centenas de comentários em todas as palestras, nas postagens das mídias sociais, e milhares de e-mails com dúvidas, agradecimentos e depoimentos emocionantes (o do ex-traficante Chinaider Pinheiro está na página 5), deixando claro o quanto a iniciativa pôde auxiliar pessoas que enfrentam dificuldades nas suas casas, nos ambientes de escola e de trabalho, bem como profissionais da área com um conhecimento mais abrangente e organizado num único lugar. “Muito conhecimento, muito amor e muita dedicação envolveu este evento online, que com certeza multiplicou a ideia de que a dependência química é realmente uma doença, que existe tratamento, é possível para um dependente viver sem drogas e para a família reconquistar a tranquilidade e a alegria dentro do seu lar”, analisa Letícia. O CONDEQ certamente cumpriu seu objetivo, usando de forma útil e solidária a ferramenta da internet para levar o bem e incentivar a participação da sociedade num problema sério que bate às portas de todos nós. Às vezes, parece estar longe. Mas pode estar muito mais perto, sem que o percebamos, justamente por falta de conhecimento, atenção e – o mais importante – atitude. Cristian Fernandes encerrou o ciclo de palestras do CONDEQ com o tema “Como evitar a recaída”, citando 49 sinais de aviso. O e-book Fases e sinais de aviso de recaída pode ser baixado gratuitamente.
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QUEM PERGUNTA QUER SABER
Por onde anda José de Anchieta? Por JOSÉ HERCULANO PIRES
Por que não se ouve falar no padre Anchieta? Não era ele contemporâneo de Manuel da Nóbrega, o espírito Emmanuel? pergunta de Alfredo, ouvinte do programa de rádio No Limiar do Amanhã para o professor Herculano Pires1
O
senhor Alfredo pergunta por que não se ouve falar no padre Anchieta. Ora, eu compreendo, o senhor quer dizer por que não se ouve falar do padre Anchieta quanto a uma possível reencarnação dele ou coisa semelhante. Não se ouve porque não há notícia de nenhuma comunicação dizendo que ele houvesse reencarnado, como aconteceu com o padre Nóbrega. Se nós falamos que Emmanuel é a reencarnação do padre Nóbrega é porque ele mesmo nos fez essa revelação, através de uma
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linda mensagem recebida psicograficamente por Chico Xavier. Entretanto, posso lhe informar que o padre Anchieta aparece recentemente numa bonita antologia de poesia mediúnica, no livro Antologia do mais além, de Jorge Rizzini2. O autor recebeu uma infinidade de poemas ditados por espíritos e é muito interessante que começou por um poema do padre Anchieta, que realmente identifica o espírito comunicante, não só pelo estilo, que é o mesmo do padre Anchieta, como também pelo tema e pela maneira
como ele encara os problemas com que se defronta no plano espiritual. O programa No Limiar do Amanhã ia ao ar aos sábados, entre os anos 1971 a 1974, obtendo sucesso imediato em São Paulo, sendo retransmitido também em outros estados com expressiva audiência. 1
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Publicado pela editora Lake, em 1973.
A referência sobre a ligação entre o padre Manoel da Nóbrega e José de Anchieta ganhou notoriedade no meio espírita quando, ao receber o título de cidadão paulistano, o médium Chico Xavier relatou em seu discurso aspectos espirituais sobre a Fundação de São Paulo, citando o importante trabalho realizado em parceria pelos dois.(N.E)
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ANÁlISE
Pescadores de homens trabalham em rede Por SIdNEy ARIdE
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m dos maiores desafios de um centro espírita é a integração de seus colaboradores, para que possam se desenvolver espiritualmente e ao mesmo tempo manter viva a fraternidade. Um relacionamento coeso entre os trabalhadores pode beneficiar sobremaneira a harmonia espiritual da instituição. No entanto, se em casas pequenas esse propósito já é um desafio, o que dizer daquelas que cresceram para algumas centenas de frequentadores? Sem falar na integração entre as próprias casas espíritas. Na década de 1940, noite de Natal, um grupo espírita estabeleceu com seus pares um projeto para abrigar crianças abandonadas e conseguiu envolver dez casas nesta iniciativa. Um de seus integrantes era Leopoldo Machado1, que costumava chamar esse network espírita de unificação social. Este é um exemplo do que podemos conseguir com o estreitamento dos laços que nos ligam aos irmãos, dentro e fora do centro espírita, adotando um pensamento em rede. Cada vez mais temos o apoio de redes sociais, que são instrumentos valiosos de interação, mas os meios virtuais devem refletir a vibração real de sintonia nas relações fraternas dentro da instituição. A construção da rede de espiritualidade entrelaça os companheiros e reforça o feixe de varas: exemplifica o modelo solidário da família universal. Em O livro dos médiuns, Allan Kardec já percebia a importância da necessidade de entrelaçar os espíritas formando a malha de fraternidade, dizendo: “... esses grupos, correspondendo entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita”. Por experiência, a casa espírita deve promover, permanentemente, a formação de grupos de educação com práticas espíritas, incentivando os frequentadores no aprofundamento de sua espiritualidade, do
amor e dos laços de afeto. Os diferentes grupos podem estabelecer projetos comuns de caridade, assim como realizado por instituições que há mais de meio século construíam, com limitados recursos, escolas e hospitais espíritas, entre outras ações de caridade. Como nem sempre isso é possível, afinal a diversidade de atividades no bem é imensa, não há problema em cada grupo ‘adotar’ um projeto próprio de solidariedade, inclusive apoiando projetos existentes. É importante o centro espírita organizar encontros mensais temáticos como oportunidade para compartilhar essas ideias, dividir casos de sucesso ou de necessidades. Essas assembleias produzem efeito extremamente benéfico de ligação entre os membros dos grupos, além de ampliar a transparência das ações realizadas. O conhecimento com sentimento fraternal é ferramenta que reforça a rede do bem. Outra iniciativa que produz estímulo e compartilhamento entre grupos é a possibilidade de utilizar a tribuna como ins-
trumento de divulgação e estudo, onde os conteúdos elaborados pelos grupos, além de divulgar o progresso realizado pelas equipes, amplia a sensação de pertencimento na casa, sentimento vital na teia de relacionamento. Eventos de arte, seminários e confraternizações contribuem para o entrelaçamento de corações, entretanto, haverá melhor resultado se trabalhadores da casa puderem
atuar como coautores, da concepção à produção. A rede reforça sua malha quando há comprometimento e um processo participativo intensifica a sensação de unidade e o engajamento. Por fim, o movimento de unificação, é a consagração deste processo. Um dos benefícios é a possibilidade de exercitar a técnica de ‘melhores práticas’, um método simples que aprofunda a parceria, onde aquele que possui maior experiência, resultado ou inovação, compartilha conhecimento com os demais. Não custa lembrar Bezerra de Menezes: “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros seremos pontos de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos”. Vários discípulos eram pescadores e a rede, o instrumento de vida. Jesus os conclamou a serem pescadores de homens. Portanto, precisamos meditar sobre como reforçar na atualidade essa malha espiritual em nossa casa. A rede invisível de espiritualidade é um belo símbolo, da desejável e necessária união dos irmãos em Cristo. 1 Jornalista baiano, um dos grandes incentivadores das mocidades espíritas no Brasil (1891-1957).
Mestre em sistemas de gestão pela Universidade Federal Fluminense. Foi dirigente do Centro Espírita Fé, Esperança e Caridade, Nova Iguaçu, RJ.
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CUlTURA & lAZER
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Congresso Espírita do Estado de Goiás FEV Será realizado de 14 a 17 de fevereiro de 2015 o 31º Congresso Espírita de Goiás. O evento acontece no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia e terá a participação de Divaldo Franco, Alberto Almeida, Haroldo Dutra Dias, Décio Iandoli, José Carlos de Lucca, Irvênia Prada e Ana Tereza Camasmie. Tema central: “Céu e inferno: mito ou verdade?” Realização: Federação Espírita do Estado de Goiás. http://comunicafeego.wix.com/feego
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Confraternização dos Jovens Espíritas de Mato Grosso De 14 a 17 de fevereiro de 2015, a Federação Espírita do Estado de Mato Grosso promove mais uma edição da Conjemat – Confraternização dos Jovens Espíritas de Mato Grosso. O evento acontece na cidade Cuiabá e tem como tema: “O real sentido da vida”. http://www.feemt.org.br
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Confraternização das Mocidades Espíritas do Amazonas “Nasceste de novo. E agora, o que farás?”. Este será o tema da 33ª Confraternização das Mocidades Espíritas do Amazonas, que será realizada de 14 e 18 de fevereiro de 2015 em Manaus, AM. A organização é da Federação Espírita Amazonense. www.feamazonas.org.br
FEV
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Congresso Estadual de Espiritismo em Santos Será realizado de 18 a 21 de abril de 2015 o 16º Congresso Estadual de São Paulo. O evento esse ano acontece na cidade de Santos, SP e tem a realização da USE Estadual de São Paulo. www. usesp.org.br. Para descontos em diárias em hotéis na cidade é necessário fazer a reserva através da USE. Fone: (11) 2950-6554 ou 16congresso@usesp.org.br.
ABR
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Mednesp 2015 Acontece de 3 a 6 de junho de 2015 mais uma edição do Congresso Médico-Espírita, que será realizado na cidade de Goiânia, GO, numa realização da Associação Médico-Espírita AME Brasil. Tema: “Ciência saúde e espiritualidade: desafios e transformações no século 21”. www.mednesp2015.com.br
Encontre as palavras em destaque que compõem esta música e se inspire para o verdadeiro Natal, com Jesus.
Encontro Marcado Ao anoitecer, em Cafarnaum A casa de Pedro tão simples, casinha comum Se enchia de paz, repleta de luz Ouvindo as palavras eternas do mestre Jesus. Vou me imaginar, sentado ali Entre João, Pedro, Thiago, André e Levi Na beira do lago de Genesaré Lançando na alma pra sempre, sementes de fé. E eu tão criança ainda, naquele lugar Quem sabe Jesus me levasse para passear No quintal da casa de Pedro, à luz do luar Sentindo a brisa da noite, o perfume do mar Dissesse pra mim: “Já é hora de você voltar A gente se encontra de novo no seu Evangelho no lar A gente se encontra de novo no seu Evangelho no lar”. Letra e música: César Tucci, Franca, SP
Q T o C d S N C C G B A E A M A N d R E T G S d o Z E N R V o
U A E V A N G E l H o B V V A G A R H H R E T A P l N o E E P
A d l F o R U T S l S B A E l o R o o I A N A B M U C R S R F
I E M R P E M R d H E R N N A E P N I H C S l I N E o A A A E
N R E U A P C A E A A I l B E R o A F A E T M S E R N J S M R
A C R M d E A E P E I S H U S T l U A l N E A P I T R o o A R
S I T A S d G N d B F A o A Z o M M R G C R S l U o A Ã I o A
E C A F A R N A U M A U A I R M V F N o E S E M E P S o U E E
R M B o T o o T o o R A d o E A d A C I N N I E C V T Ã V l R
em Lavando pratos Você sabia que não se pode cobrar para usar a mediunidade?
Sabia! Você sabe o que acontece?
não! Minha mãe sempre diz que somos cobrados por nossa consciência quando chegamos no plano espiritual!
Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
I U V P E E P R G U E N C o N T R A A o C R E A A B I N B P I
o T C l S R E M E I U E o E H R A o F P T E K S Ã E A o E X P
P A d V M A R o S E M E S T R E P U A A R T B Z A R C P R A E
A E A E G l M P A Q P o I o T o E M R E A R l U A R o U o A C
R A E C E U F d R U A N N E E U T H I A G o A o P I E I P E o
ENIGMA
Que nome se dá ao objeto munido de um lápis que é posto em movimento pela influência de certos médiuns? qualquer hora, em qualquer lugar
Solução do Caça-palavras Veja em: www.correiofraterno.com.br
Resposta do Enigma:
Espiritógrafo
Meditação pela paz mundial Será realizado dia 31 de dezembro, às 10 horas, no auditório da Federação Espírita da Bahia, o evento Meditação pela paz mundial. A realização é do Instituto Politécnico da Paz, com apoio da FEEB. Informações: fone: (71) 3351- 3220 3359-3323. www.feeb.com.br
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CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO
Fonte: Definições espíritas, por Allan Kardec.
Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br
ViXE! então tem gente que vai ter que lavar pratos lá pra caramba!
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Roteiro: Tatiana Benites / Ilustração: Hamilton Dertonio
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ARTIGO
Lições políticas aos espíritas Por Marco Milani
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s últimas eleições brasileiras contribuíram para a constatação de algo muito relevante para o movimento espírita: Verificamos no período pré-eleitoral a manifestação, em redes sociais ou em outros ambientes, de pessoas com certa evidência no movimento espírita – palestrantes e dirigentes – posicionando-se a favor deste ou daquele candidato. Ora, quem se manifesta nesse momento não é o representante espírita, mas o cidadão, o que nem sempre fica claro. Enquanto cidadãos, temos o direito e a obrigação de participarmos dos debates e das escolhas dos gestores públicos, mas em momento algum qualquer manifestação de um eleitor espírita poderá representar o espiritismo! As divergências de opiniões, nas últimas eleições, apenas demonstraram que não há homogeneidade de preferências partidárias e isso é esperado em um contexto democrático, com indivíduos que se encontram em diferentes níveis de maturidade moral e intelectual. Ao menos esse fato serve para justificar aos adeptos mais afoitos por que é incompatível a criação de um partido espírita. A polarização política não deveria desagregar ou gerar indisposições entre os espíritas, pois o que nos une não é uma sigla partidária, mas os conhecimentos sobre a realidade espiritual e os ideais de caridade e fé raciocinada.
A polarização política não deveria gerar indisposições entre os espíritas. O que nos une não é uma sigla partidária, mas os conhecimentos sobre os ideais de caridade e fé raciocinada
Diante das responsabilidades assumidas nesta encarnação, certamente desejamos realizar o melhor em prol de nós mesmos e do próximo. Assim, quando acreditamos que o melhor caminho a ser trilhado para a construção de uma sociedade ideal segue uma determinada direção, é natural mobilizarmos força e vontade para a realização de nossas expectativas e interesses. A passividade não é uma característica do espírita consciente. É a atuação coerente com os princípios e valores nos quais acreditamos que proporcionará a consciência tranquila e colaborará para o nosso próprio desenvolvimento. A lei de causa e efeito é natural, logo, tudo o que fizermos ou deixarmos de fazer refletirá em nosso processo evolutivo, e não podemos compactuar com situações que colidam com o que consideramos ético e correto. Igualmente, devemos exercitar o respeito e contribuir com quem pensa diferente, mas sem nos omitirmos diante do que supomos estar em erro. Estamos em um país carente por cidadãos e mandatários éticos e, independentemente das cores partidárias, cabe a nós o bom combate, começando por nós mesmos. Contribuamos para formar o Brasil em que gostaríamos de viver. Afinal, quem pode afirmar que nossa próxima reencarnação não será novamente aqui? Marco Milani é Economista e professor universitário. Diretor do Depto. do Livro da USE Regional, SP.
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FOI ASSIM
Tarefa legítima com a mediunidade Por WILSON FRANCISCO
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r. Manoel de Aquino Resende é um grande amigo e personagem que faz parte da história do espiritismo em São Paulo. Eu o conheci no Centro Espírita Jesus é o Caminho, no Tatuapé, médium de rara qualidade, homem íntegro. Nos anos de 1970, com palestras, apoiou as atividades em prol dos hansenianos que eu, Walter Venâncio1 e Nércio Antonio Alves realizávamos em todo o Brasil e que resultou na criação da Caravana da Fraternidade Jésus Gonçalves. Dos fatos que guardo no coração, e foram muitos, destaco um. Eu estava me recuperando de uma pneumonia. Ele foi me visitar e não sabia dos projetos que tínhamos com Wilson Garcia, Raymundo Espelho e o Cirso Santiago, o de iniciar uma editora, além das edições do jornal Correio Fraterno.
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Inspirado, dr. Resende me disse: Caibar Schutel (espírito) está me dizendo que vocês podem criar a editora, porque ele dará todo apoio. De fato, até hoje está em atividade e com êxito a Editora Espírita Correio Fraterno. Aposentando-se na Santa Casa (era formado em odontologia), dr. Resende foi morar em Ibiúna,SP, e lá iniciou um encontro espiritual, na casa/fazenda do senhor Guilherme Derhagen2. Participei dessas reuniões memoráveis, com dr. Paulo, sr. João, nossas mulheres e outros amigos. Os espíritos orientadores diziam que os processos energéticos ali desenvolvidos iam servir principalmente para dissolver campos vibracionais na região, causados por um matadouro já desativado. Os trabalhos serviriam também para desligar, orientar e
redirecionar espíritos vampirizadores que se valiam daquela atmosfera energética para saciar seus impulsos grotescos e afetar a vida das pessoas que viviam na região. O carisma do dr. Resende, sua exuberante e positiva mediunidade e o apoio de amigos da espiritualidade e da sociedade transformaram um simples grupo espiritual doméstico no Centro Espírita Casa do Caminho. O casal, Guilherme e Inês, doou um amplo terreno, onde foi construído o centro que hoje abriga, apoia e ilumina os caminhos de espíritos, homens, mulheres, jovens e crianças. Na Penitenciária do Estado, suas palestras encantavam e davam coragem para os detentos. Ele sempre gostava de contar histórias e falar sobre Jesus com rara beleza. Foi e é até hoje um arauto, um verda-
deiro regenerador de almas, dando esperança e propiciando renovação e paz para todos. Minha gratidão a este amigo de todos os tempos. 1 Do C.E. Dr. Alfredo, na zona norte de São Paulo. 2 Holandês naturalizado brasileiro. Dr. Manoel Resende é sobrinho de Eurípedes Barsanulfo, um dos expoentes do movimento espírita no Brasil, que viveu em Sacramento, MG. (de 1880 a 1918) (N.E.)
Este fato aconteceu com Wilson Franscisco, de São Paulo. Conte também a sua história para ser publicada aqui no Correio Fraterno. (redacao@ correiofraterno.com.br)
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DIRETO AO PONTO
Festa sem o homenageado Por UMBERTO FABBRI
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s festas de final de ano trazem sempre certo encantamento. Aguardamos os presentes, reunimos a família e os amigos em torno de uma mesa farta. Enfeitamos as casas e as ruas e ficamos na expectativa do novo ano que está para começar, que, sempre esperamos, nos traga dias melhores. Assim é o Natal na maioria das casas em que se comemora o nascimento de Jesus. Fico imaginando o olhar do mestre observando nossas ações e atitudes nessa data em que supostamente deveríamos tê-lo mais presente em nossos corações, onde deveríamos comemorar seu aniversário como o de um irmão mais velho, dedicado, que está sempre nos ajudando nos momentos mais difíceis de nossas vidas, que tanto fez, faz e fará por cada um de nós. Sempre que um familiar ou amigo querido faz aniversário, nos preocupamos em agradá-lo, em surpreendê-lo. Tentamos descobrir seus desejos para presenteá-lo com algo que lhe agrade. Reunimos as pessoas para mostrarmos nosso carinho, admiração e gratidão por fazer parte de nossa vida, de nossa história. Mas com Jesus não é bem isto o que ocorre. Vivemos ainda o mundo das aparências, das ilusões; Jesus, de fato, ainda
está fora de sua própria festa de aniversário. O que poderíamos fazer para que ele estivesse realmente entre nós, para demonstrar por ele o nosso carinho? Seria dar presentes caros ou estar mais presentes, mais próximos de nossa família e das pessoas que amamos? Preparar uma mesa farta de alimentos ou buscar mais o alimento espiritual? Enfeitar a casa, as ruas ou adornar nossos pensamentos, atitudes e palavras com a amizade, a simpatia, a boa vontade? Aguardar que uma data no
calendário mude nossa vida, ou trabalhar, transformando-nos, para que efetivamente semeando o bem colhamos o bem? Estamos desatentos para o outro e suas necessidades. Nosso egoísmo ainda não nos permite baixar as armas. Defendemos nossos interesses, despreocupados com o sentimento alheio. Conforme encontramos no O evangelho segundo o espiritismo, o presente mais agradável a Deus é que vivamos em paz com nossos irmãos, perdoando, retirando de nossos
corações a mágoa, o ódio, a má querença. Com certeza, com Jesus não é diferente. Quer presentear Jesus? Perdoe, compreenda, seja mais paciente, coloque-se no lugar do outro, busque entender seus sentimentos. Se o outro ainda não está pronto para fazer o mesmo, não importa, faça sua parte. Dê o seu melhor e não espere retribuição, ela virá de Deus, da vida. Emmanuel no livro Pão nosso, lição 138, nos diz: “Quando Jesus penetra o coração de um homem, converte-o em testemunho vivo do bem e manda-o a evangelizar os seus irmãos com a própria vida e, quando um homem alcança Jesus, não se detém, pura e simplesmente, na estação das palavras brilhantes, mas vive de acordo com o mestre, exemplificando o trabalho e o amor que iluminam a vida, a fim de que a glória da cruz se não faça vã”. Desejamos a todos um Feliz Natal com Jesus. Que possamos crescer para alcançá-lo e com ele comemorar o seu aniversário, refletindo em nossos semelhantes o seu amor, através de nossas atitudes. Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Acaba de lançar o livro O traficante, ditado por Jair dos Santos (Correio Fraterno).
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MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!
Mudanças para um novo dia
Caçadores de bons exemplos
Ciclistas salvam bebê abandonado
A campanha “É bom ser do bem” teve início depois de uma virada na vida de Reinaldo Luz Santos. Tudo começou a se tornar realidade com a ajuda das pessoas que acreditaram que a vida pode ser melhor através da gentileza. Essa semente foi lançada no coração de algumas pessoas que hoje ajudam a distribuir o convite à campanha em forma de adesivos, respondem às mensagens e publicam conteúdos no site e redes sociais.
Cansado de ouvir notícias ruins, um casal brasileiro resolveu vender seu apartamento e saiu em viagem por cinco anos pelo mundo (2011/2015) em busca de bons exemplos. Os mineiros Iara Xavier, 33 anos, e Eduardo Xavier, 45 anos, já rodaram mais de 220 mil quilômetros, reunindo mais de mil boas iniciativas. “Acreditamos que existem muito mais ações positivas do que negativas no mundo. Precisamos saber quem está construindo um mundo melhor. Olhar o lado luminoso do ser humano”.
Um grupo de ciclistas salvou um bebê recém-nascido que foi abandonado no esgoto, em Sydney, na Austrália. Diversas pessoas ajudaram a levantar a pesada tampa de concreto do bueiro para salvar o menino, que caiu de pelo menos 2,5 metros de altura. “Era muito alto o choro do bebê”, diz David Otte, um dos ciclistas., citado pelo jornal Sydney Morning Herald. “Nós não conseguíamos vê-lo, mas conseguíamos ouvi-lo. Foi angustiante.”
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