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FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 47 • Nº 461 • Janeiro - Fevereiro 2014

ISSN 2176-2104

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Entrevista O médium mineiro Rener da Cunha fala sobre o projeto que está sendo realizado no Nordeste e que olha de frente o problema da dependência química, da depressão e do suicídio. “Estamos atrasados pelo menos 20 anos”. Página 4.

Para onde caminha o espiritismo C

om cerca de 14 mil instituições espíritas, o Brasil é não só o país com o maior número de adeptos, como também a maior potência em formação de divulgadores e fundadores de núcleos espíritas em terras estrangeiras. Tamanha responsabilidade nos convida à reflexão sobre o importante papel da casa espírita. A ela cabe seguir o espiritismo. Simples. Parece óbvio, mas muitos acabamos por esquecer alguns detalhes da mensagem original e passamos adiante informações que nem sabemos de onde vieram, provocando atrasos por não promoverem a transformação pelo conhecimento de todo o arcabouço que envolve a descoberta do mundo do espírito. O espiritismo também é simples. E o simples nem sempre é fácil. Exige esforços. Leia mais nas páginas 8 e 9.

O reconhecimento à Marlene Nobre A despedida de uma das principais lideranças espíritas do país, que desencarnou logo nos primeiros dias de janeiro em Ilhabela, SP, deixou inúmeros amigos e familiares sem palavras, ao serem colhidos pela inesperada notícia. Outros, exatamente pelas palavras, deixaram expressos o carinho e o valor do convívio com a médica e escritora Marlene Nobre. Leia na página 7.

DROGAS Como os espíritos podem nos influenciar, tanto para o consumo como para se resistir a elas?

A Espiritualidade na novela Alto Astral O toque de humor e as cenas engraçadas que fazem a leveza da novela Alto Astral trazem de volta um tema já tão recorrente na Rede Globo. A interferência dos espíritos em nossas vidas, a possibilidade de inúmeras reencarnações e o trabalho de assistência realizado em uma casa espírita são enfoques que ampliam a possibilidade de reflexão dos espectadores. Leia na página 3.

Romance – 200 páginas – R$ 26,90

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eDItoRIAl

Que tendes? D

rogas, depressão, violência e suicídio. Assuntos que normalmente preferimos ficar de fora. São pesados, poucos gostam de falar, mas estão aí presentes, desafiadores e exigindo atenção. Não há dúvida de que os conhecimentos trazidos pela doutrina espírita alargam a compreensão dessas situações comprometedoras por que passa a humanidade que deseja ser feliz a qualquer custo. Tempos em que o materialismo grassa solto, convidando-nos ao prazer fácil, do aqui e agora, afastando-nos de uma reflexão mais profunda sobre o cerne dos conflitos que se nos apresentam diuturnamente. Presos quase sempre aos limites do relógio, esquecemos que alegrias e tristezas,

conquistas e frustrações fazem parte da nossa condição humana ainda com tanto a aprender e experimentar. Vivências que não se perdem na história do espírito imortal. Afinal, não é fácil o exercício do livre-arbítrio. Nesta edição, os temas de quase todas as seções se abrem justamente para a importância do papel social do espiritismo. Sua função de Consolador Prometido ultrapassa as salas de passe e os púlpitos das palestras para transformar-se, através dos homens, como o bom fermento que leveda a massa de tantas dores e sofrimentos, comuns em terras de expiações e provas. Não nos cabe acomodar. Pelo contrá-

jornalístico. Obrigada pela atenção e respeito. Um ‘cheiro’ no coração! Feliz 2015. Maria Izabel Alves Soares, Recife, PE. (Filha do escritor Aureliano) Física quântica e espiritismo Gostaria de parabenizar pela excelente entrevista com Alexandre Fontes da

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

rio, o trabalho convida a arregaçarmos as mangas e seguirmos em frente. Como somos, com o que temos. Hoje. Vale lembrar a recomendação de Marcos: “Em qualquer terreno de nossas realizações para a vida mais alta, apresentemos a Jesus algumas reduzidas migalhas de esforço próprio e estejamos convictos de que o Senhor fará o resto.” (8:5)

Boa leitura!

Fonseca, sobre física quântica e o espiritismo (edição 452). Logo passou a tentação de associar as duas vertentes para dar um toque de sensacionalismo, admito. Nos faz voltar a colocar os pés no chão e ver que não será por outra via a nossa evolução, senão pelo conhecimento, reforma íntima e caridade. Nilce, por e-mail.

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118

Presidente: Adão Ribeiro da Cruz Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br

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em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

CORREIO DO CORREIO Centenário de Aureliano Alves Netto Na despedida do ano, recebemos o exemplar do Correio Fraterno com a matéria do centenário de ‘painho’ (“Centenário de Aureliano Alves Netto”, edição 460), fato que abrilhantou a nossa ‘virada’. O sorriso de ‘mainha’ refletiu todo agradecimento e reconhecimento pela pesquisa que germinou em excelente trabalho

Uma ética para a imprensa escrita

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• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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Acontece

Allan Kardec na TV Globo Da REDAÇÃO

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m 2011, quando foi escrita por Andréa Maltarolli a atual novela das sete da Rede Globo, tinha como título provisório Búu. Depois, pensaram em Supernatural, mas o título que acabou ficando foi Alto Astral, uma referência certamente à característica mais leve e bem-humorada das novelas exibidas nesse horário. Passados mais de 70 capítulos, hoje se percebe que o título também se refere a algo mais sutil, que vai além do plano terreno. A autora desencarnou em 2009 e quem teve o desafio de continuar a história foi a dupla formada pelos novelistas Daniel Ortiz e Silvio de Abreu. O enredo se passa na fictícia cidade de Nova Alvorada, envolvendo um triângulo amoroso formado por irmãos adotivos, médicos e herdeiros de um grande hospital. Caíque (Sergio Guizé) e o ambicioso Marcos (Thiago Lacerda) disputam o amor da jornalista Laura (Nathalia Dill). Ingrediente indispensável em histórias de amor, o triângulo se justifica nesta trama por uma relação tumultuada e baseada em um reencontro de outras vidas. Caíque é médium e é assediado o tempo todo por Castilho (Marcelo Médici), um amigo médico já desencarnado, que vai auxiliá-lo no atendimento de pacientes, provocando curiosidade, aprendizados e cenas engraçadas que dão leveza ao enredo. Marcos sempre faz de tudo para desmoralizar o irmão, diagnosticando-o como esquizofrênico. Para afastá-lo do seu caminho, chega mesmo a querer

mantê-lo em uma clínica para doentes mentais, na qual o próprio Caíque se interna para se afastar das manifestações mediúnicas. Lá, vive dopado, não aceita a sua condição ‘diferente’ e nem a ajuda de Castilho, com quem conversa o tempo todo, como alguém em carne e osso. O impasse é solucionado com um acordo entre os dois: O espírito se compromete a auxiliá-lo a sair da clínica desde que ele não somente aceite a sua companhia, como assuma a tarefa que combinaram no plano espiritual, de trabalharem juntos como médicos no hospital, operando e socorrendo os doentes. Trato aceito: Castilho ‘incorpora’ em uma das médicas, que escreve e assina o laudo de liberação de Caíque, para o espanto dos enfermeiros presentes. Sem faltar o toque de humor, o espírito Castilho faz a médica cometer gafes, como pedir uma máquina de escrever. “Máquina de escrever é uma coisa muito antiga. A senhora usa esse computador aqui, ó”, explica Caíque. A vida do mocinho não é mesmo fácil, cheia de conflitos, até que é convidado a visitar um centro espírita. A cena que foi ao ar em 21 de janeiro (veja no site do Correio), mostra todos os trabalhadores do centro todos vestidos de branco (o que não é orientação do espiritismo, ainda que valha a ‘licença poética’), onde Caíque é recebido com carinho e tem as orientações iniciais: “A casa recebe todo tipo de gente, pessoas de outras religiões, inclusive. Todo

Caíque (Sergio Guizé) e Laura (Nathalia Dill): Citação de trechos de O livro dos espíritos na novela Alto Astral

mundo entende que aqui celebramos a paz e a harmonia”, diz o dirigente André. Caíque quer saber até mesmo sobre os papéis deixados na caixinha de vibrações: “O que as pessoas escrevem naqueles papeizinhos?”, pergunta. “Nomes de amigos, familiares e até de pessoas que já não estão mais entre nós. Aqui se pensa sempre no outro e isso é o que eu acho mais bonito. Tenho certeza de que vai ser muito bom pra você se aproximar da doutrina espírita, ainda mais agora que você resolveu aceitar a sua mediunidade”, completa o amigo. O diretor do centro opina: “Acho que o nosso centro vai te ajudar muito. Aqui você vai poder estudar bastante e conviver com pessoas que formam um corrente do bem e que buscam o mesmo como você”. “É tudo o que preciso e mais quero nesse momento”, responde Caíque. O dirigente inicia a sessão com um comentário, que explica ser de Kardec, falando sobre a alma. “A alma é uma centelha divina emanada do grande todo, fonte universal do principio vital, do qual cada ser absorve uma porção que é devolvida a esse grande todo após a morte. É assim que isso não exclui a ideia de um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade. É a esse ser que se chama de alma e por isso

pode-se dizer que a alma é um espírito encarnado” [Pergunta 139 de O livro dos espíritos]. Caíque sai do centro aliviado e maravilhado. “Foi uma sensação muito boa. Era como se o meu corpo e minha mente entrassem num estado de paz profunda”, comenta. “Eu tentei várias vezes te falar desse centro, mas você sempre lutou tanto quando o assunto era mediunidade...”, responde o amigo. “Quanto tempo perdido, lutando contra uma coisa tão bonita. Eu quero voltar aqui sempre”, finaliza Caíque. Tudo indica que ele terá que aceitar e aprender a conviver com a sua mediunidade. Enquanto isso, outras reflexões sobre o espiritismo vão salpicar a novela, recurso que ganha cada vez mais espaço na teledramaturgia nacional. Aguardemos os próximos capítulos! www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA Rener Leite da Cunha: Os assistidos entendem que estão numa teia de proteção e, se se ligarem através da prece, os espíritos benfeitores irão assisti-los

Drogas, depressão, suicídio Negar o problema não é a solução Por Eliana Haddad e Izabel Vitusso

Depressão, drogas, suicídio estão em grande parte presentes no atendimento nas casas espíritas. O que fazer para ajudar de forma mais eficiente? As casas espíritas precisam ter um assustadora realidade da disseminação das drogas pelo Nordeste nível de entendimento, de comimpulsionou, há cerca de um ano, um grupo de trabalhadores paixão e comprometimento nesespíritas de Uberlândia,MG, que organizaram o “Projeto Camise âmbito, lembrando a questão nhos”, com foco na assistência e na prevenção da dependência química, 793 de O livro dos espíritos, que suicídio e na depressão. Com braços de apoio que conseguiu amealhar diz que enquanto não tirarmos através das Federações Espíritas dos Estados do Maranhão, Piauí, Alaos vícios da sociedade nós não teremos passado pela primeira goas e Ceará, o grupo chega a realizar seis palestras por dia em centros fase da civilização. Somos civiliespíritas, escolas e outras comunidades, além de atendimentos, que têm zados, mas não a ponto de varrer revelado a enorme carência de informação. da nossa sociedade todos os víUm dos idealizadores do projeto, o médium mineiro Rener Leite da cios e tendências que temos. Há Cunha, faz, nesta entrevista, um alerta sobre o quanto a casa espírita dependências químicas de todos tem a contribuir. os tipos, inclusive a medicamentosa. E todos os remédios que levam ao torpor do cérebro vão criar uma O que levou vocês a pensarem nesPor que mudou? dependência, porque a pessoa inicialmente se projeto e irem para o Nordeste? As pessoas hoje não têm resistência e nem se sentirá melhor. O cérebro vai descansar e Rener: Tudo em doutrina espírita começa de resiliência para passar pelos problemas, pelo querer novamente aquela substância. cima para baixo. Somos tocados naquilo que sofrimento. Mais fragilizadas, encontram no temos que fazer. Nós, como médiuns, tramundo atual acesso muito fácil ao álcool, às Como você tem realizado esses balhadores, precisamos ter a atenção voltada drogas... E os números estão aí. Uma pesatendimentos? Há alguma prograa esses níveis de doenças e desequilíbrios de soa que tem desvio na área da sexualidade, se mação específica a seguir? hoje, que não tínhamos 20, 30 anos atrás. você der condições de ela acionar esse camProcuramos deixar claro para os assistidos Não nas proporções atuais. Porque hoje não po, com certeza ela vai desencadear todo um que eles estão sendo tratados, e poderão só os jovens, mas também adultos, frustraprocesso difícil de frear depois. Estando já ficar cada vez melhor, porque seu espírito dos, com conflitos íntimos, com dificuldades com o mundo íntimo desarmonizado, ela enestá se fortalecendo. Temos a prece, palesde relacionamento, têm procurado nas drocontrará no que lhe dá prazer uma saída para tra de vinte minutos, esclarecimento sob gas a compensação para aliviar suas tensões. suprir carências emocionais e sentimentais.

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a luz da doutrina, que é imenso, o passe individual e o diálogo fraterno e a desobsessão, para os desencarnados, que são tão necessitados e dependentes quanto os encarnados. Temos o valor da escuta, do dar a palavra para falarem sobre suas emoções, suas dores! É um conjunto de providências, conduzido habilmente pela própria Espiritualidade, reunião por reunião, em conjunto com os trabalhadores encarnados. Os assistidos entendem que estão numa teia de proteção e, onde estiverem, se se ligarem a esse fio através da prece, os espíritos benfeitores irão assisti-los. Então temos um enorme socorro nas mãos da casa espírita. Viajando pelo Nordeste, o que você vê que mais falta para diminuir o sofrimento e aplacar problemas como as drogas? Falta acessibilidade a recursos. O governo tem programa antidrogas, mas e o acesso a eles? Há grupos que tiram essas pessoas das ruas, ONGs que até as direcionam para tratamento. Nós, na doutrina espírita, temos que receber esses pacientes. E como vamos fazer? O que um espírito amigo nos passou foi que a nossa função é a de amar. Só vamos poder tocar essas pessoas com o amor. E só vamos conseguir ajudar no combate à dependência química disseminando outra linhagem de pensamento, de sentimento. As outras iniciativas que existem não tratam os espíritos. Aqueles que são interna-


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dos e voltam para casa não têm estrutura psicológica e nem espiritual para suportar a abstinência. Porque é na crise de abstinência que os espíritos aproveitam. Isso que é preciso compreender para não julgar. As casas espíritas precisam ter as portas abertas para dar essa estrutura e mostrar para os assistidos que precisam trabalhar a fé, ligarem-se à oração e resistirem, dizer não. Em nossas reuniões trabalhamos o campo emocional e espiritual, os ‘buracos’ interiores, os conflitos que eles trazem, as carências. Se não tratarem isso, não adianta. Vão sair dali e procurar a droga de novo. Como essa atenção atua na prevenção à recaída? Tudo na vida é lei da compensação. Se você não compensar seu cérebro, convencendo-o que existem coisas melhores, ele não vai aceitar simplesmente o argumento. Mas ele aceita substituir. A ‘carência’ é tema de uma das primeiras palestras que realizamos com eles, depois ‘fuga’, ‘depressão’, os ‘níveis de depressão’, a bebida. A maioria dos casos de drogas pesadas e ilícitas começa com a lícita, com a bebida. Precisam entender que a cerveja é legal, mas se houver a predisposição à dependência, ela não será suficiente, vindo as bebidas com maior teor alcoólico e o aumento das doses. Daí passar para droga é um passo. Como você vê as campanhas contra o uso de drogas? Com todo respeito, essas campanhas “Não use drogas”, “Diga não às drogas” não têm força como argumento. Se houver a predisposição à dependência é muito difícil. Mesmo porque, existem as personalidades toxicófilas, que dentro de uma mesma família já trazem a predisposição à dependência. É herança física, obviamente com a ascendência espiritual, que já sabemos, sobre as necessidades daquela doença, como um alerta, um aviso de que já houve aquela dependência no passado. Para muitos, tomar uma cerveja é ficar embriagado. Mas existe o que toma duas, três e vai se sentindo cada vez melhor. A tolerância nessas personalidades toxicófilas é muito maior e elas vão se viciar muito mais rápido. A maioria dos pais não sabe disso e as casas espíritas precisam instruí-los sobre essa questão. Qual o papel do livre-arbítrio da pessoa em ceder ou não a toda

essa influência espiritual? O livre-arbítrio está ali. Posso falar sim ou não. Mas, por experiência nos atendimentos, para quem usa drogas é uma dificuldade enorme. Muitos chegam a relatar que sentem o espírito falando para eles beberem ou fumarem. Por isso é preciso compreender para não julgar. Primeiro é preciso trabalhar com eles essa força mental, para que tenham resistência, para falar não às drogas. Depois entramos com os ensinamentos sobre a fé humana, fé na vida, fé em Deus, fé no futuro. Imaginem que a luta é grande! Qual a melhor conduta da casa espírita hoje diante dessa realidade? As casas têm que entender que devem ter esse departamento de atendimento e apoio diante desta realidade da drogadição, com ambulatório e socorro. Em nosso atendimento, deixamos inclusive número de

que nível está o problema e poder ajudar. Você percebe que com esse trabalho as casas espíritas têm se interessado mais pelo problema? Tivemos um seminário em novembro, em Araguari, MG, na Aliança Municipal Espírita, em que reunimos as casas espíritas. Ao final, três delas já estavam comprometidas em começar o trabalho. Isso numa cidade de 90 mil habitantes. A casa espírita precisa primeiro começar a fazer palestras de orientação sobre o assunto. Se estiverem predispostas a fazer, temos todo o material, orientação, que é muito simples. Não tem nada de especial a não ser amor, mesmo porque você não vai corrigir um vício de um dia para outro. Estou com um caso de crack , em que o menino sai da reunião dos assistidos, vai ao banheiro e usa uma pedra. A gente sabe disso. Agora eu vou até o banheiro, chamo, e ele volta. Você tem que saber que essas situações acontecem.

As casas espíritas precisam ter um nível de entendimento, de compaixão”

telefone disponível, porque no ápice da abstinência, se eles ligam, você consegue ajudá-los a mudarem a frequência mental, consegue incentivá-los, lembrando que eles são mais fortes. Claro que não é fácil. Por isso as casas espíritas têm mesmo muita dificuldade para lidar com esse problema. Seria aí um trabalho de equipe: dos espíritos, do centro, do assistido, da família, da sociedade. Sim. É preciso acima de tudo ter comprometimento com a dor do outro. A dependência química é uma doença como qualquer outra. Mas você não pode virar e falar que é um caso perdido. É preciso mostrar a realidade, mas não fechar a porta para a luta, para a esperança, para a vontade de ser curado. Por que quando Jesus disse “a tua fé te curou” percebeu que quem se aproximava estava pronto, com fé e merecimento. É preciso haver nas casas espíritas muito amor, muito ouvido, estudo específico do assunto. É preciso se conhecer do que se trata, para quando eles falarem, você saber em

Como começar a se engajar nesse trabalho? Querendo. Um espírito nos falou que somente se combate um processo de vício nessa escala de disseminação que está propondo-se tratamento na casa espírita. O Brasil é campeão mundial no uso de crack. Recife, por exemplo, é a capital do crack, ganha de São Paulo e do Rio. No Nordeste, temos uma cidade com 15 mil habitantes, próxima de Teresina onde 90% dos 15 mil habitantes são alcoolistas. Fora as outras drogas. Como você analisa essa corrida das drogas? Espiritualmente, por que estamos perdendo para elas? Porque o dinheiro que se movimenta com o tráfico perde só para a indústria bélica e para a indústria farmacêutica. Tráfico de drogas dá dinheiro. O que os traficantes ganham é um absurdo. Eles pegam crianças, meliantes, de 7, 8 anos, aqui no nosso bairro mesmo, onde estamos trabalhando, dá cinco reais para eles para levar um papelote. Se levarem quatro, ganham vinte reais. Os meninos não querem trabalham mais.

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A casa espírita tem consciência da necessidade desse trabalho? A FEB tem uma apostila antidrogas para ser baixada no site. Se a FEB já tem isso, por que os espíritas vão achar que isso não tem a ver com eles? Realmente falta mais divulgação e mais chamamento. Se você perguntar em qualquer casa espírita no país, no mínimo 4 ou 5 pessoas vão se referir a problema familiar com uso de droga, ou seja, estão na codependência, ou o vizinho, ou o amigo. Só que não há conscientização. O espírita acha que por ter que dar palestra na casa espírita, dar passe, dar água fluidificada, já fez a sua parte. Mas e aí? Então Jesus se equivocou, porque ele disse: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos (...) expulsai os demônios”. E quem são esses doentes? A doutrina espírita tem como fugir disso? Não tem. E a nossa negação tem preço e vai bater dentro da nossa casa, com filho alcoolista, com marido com problema... Qual a melhor forma de reagirmos a isso tudo? “Destruindo o materialismo”, está em O livro dos espíritos, sobre o progresso da humanidade. Um médico, em uma dessas viagens, me perguntou o que fazer com seu filho dependente químico, que não conseguia se adaptar ao voltar do processo de internação. “Mando embora? Interno de novo?” – perguntou-me desacorçoado. “Não existe cura de nenhum ser humano se ele não for tocado no coração, no seu sentimento”, eu disse a ele. E nós estamos cansados de saber que a doutrina espírita tem todo esse arsenal para tocar no coração e provocar a mudança e “trazê-lo de volta para a vida”. Quantas desencarnações acontecem por conta disso? A cada 40 segundos temos um suicídio no mundo. A cada 45 minutos, um suicídio no Brasil. Quantos filhos dependentes químicos que desencarnam entre 18 aos 23 precocemente! Esses espíritos vão voltar para a Terra. E esses pais também vão precisar de ajuda. Porque vão desencarnar amargurados, amanhã, cheios de culpa. É uma corrente. E a doutrina espírita tinha que estar trabalhando com isso há pelo menos 20 anos. Estamos atrasados! Coordenação Regional Nordeste da Área de Atendimento Espiritual da Federação Espírita Brasileira Sub-área Maranhão, Piauí e Ceará. Email: procaminhos@gmail.com www.correiofraterno.com.br


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coISAS De lAuRInHA

Por tAtIAnA benIteS

Plantar e colher –M

ãe, todo adulto tem que saber mexer na terra e plantar? – Mas por que essa pergunta agora? – É que estou com essa dúvida. – Você quer dizer lidar com a natureza? – É que sempre falam que temos que tomar cuidado com o que plantamos, porque depois vamos colher os frutos. – Ah, agora entendi. É sim, filha, mas essa é uma forma figurada de dizer que colhemos o que plantamos no decorrer da vida. – como assim? – Quer dizer que temos que ter

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consciência do que fazemos, observar que semente plantamos no coração das pessoas, quais as nossas ações, que devem sempre ser boas. Isso é o que simboliza o bem ‘plantar’. – Aaaah! – exclamou laurinha, começando a entender. – Para colhermos coisas boas também, isso é ‘colher os frutos’. Porque quando fazemos algo bom para alguém, também recebemos coisas boas. É a lei da vida! – Ahhhhh! Por que os adultos complicam tanto? – Você achou difícil? – claro! tinha plantado um monte de feijão no algodão e estava aqui

pensando como colher tudo isso quando eu crescer, se eles vivem tão pouco. Por isso perguntei se precisava mexer na terra, porque os que eu plantei do vaso até agora não cresceram. – como assim, plantou na terra. Que terra? – no seu vaso da sala. logo imaginando a sujeira, a mãe da laurinha faz uma cara feia e pergunta: – Você sujou alguma coisa, laurinha? – Mãe, não se preocupe, tudo que eu plantei foi coisa boa, vamos colher os frutos depois, quer dizer.... Feijão. Feijão não é fruta, né mãe?

Nos livros Tem espíritos no banheiro? e Tem espíritos embaixo da cama?, de autoria de Tatiana Benites, você encontra outras aventuras de Laurinha (Ed. Correio Fraterno).


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JANEIRO - FEVEREIRO 2015 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

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BAÚ DE MEMÓRIAS ESPECIAL

Marlene Nobre: um sincero reconhecimento Por Maria Heloisa Bernardo

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erde-se na minha memória o período exato em que conheci doutora Marlene Nobre. Provavelmente pelos idos de 1987... Nasci espírita e me afastei da doutrina durante certo período, iniciando há trinta anos trabalho profissional em uma instituição destinada ao tratamento de pessoas portadoras de transtornos psíquicos. À época, encontrava-me em atividade alucinante, no hospital e na vida pessoal, tentando equacionar as atividades do lar, crianças pequenas e quase sem tempo para refletir e meditar. Estava em busca de respostas a questões profissionais e existenciais e minha personalidade onipotente, em franco sofrimento e frustração. Não alcançava eficácia apropriada para o alívio das dores dos pacientes portadores de transtornos emocionais e mentais, principalmente aqueles de quadros mais graves, com abuso e com dependência de substâncias psicoativas. Nessa época, me envolvi intensamente com a doutrina espírita e com os princípios do ‘paradigma médico-espírita’, através da AME São Paulo. À medida que meus níveis de consciência se expandiam, fui percebendo a forte interligação psíquica, afetiva e espiritual entre profissionais, pacientes e a grande teia que envolve todos os seres humanos, encarnados e desencarnados. Naquele período, minha proximidade com a ‘doutora’, como carinhosamente a chamamos, estava mais voltada a admirá-la, e a registrar nas profundezas do meu espírito as lições e os exemplos, nos grandes eventos que ela organizava, juntamente com outros queridos van-

guardeiros do bem ligados à AME SP. A presença da doutora tem sido incomensurável em minha vida. Lampejos inesquecíveis afloram minhas lembranças nos direcionamentos absorvidos em muitos dos encontros pessoais e nos eventos, realizados sob o comando da nobre doutora Marlene. Chamava-me especialmente a atenção sua elegância pessoal, inteligência aguda e as sínteses geniais que construía na articulação entre a ‘doutrina espírita’ e a ciência. Em 2009, após solicitação do Governo Federal para que participássemos de um grupo inter-religioso para definir bases nacionais para amplo Programa de Prevenção ao Abuso e Dependência de Álcool e Outras Drogas, em encontro com a doutora e com os futuros membros, foi-nos revelada a urgência de se fundar a AME ABC, e enfatizado o fato de que sua procrastinação já remontava algumas décadas, do ponto de vista espiritual, nessa importante região, o ABC paulista. Com a fundação dessa instituição, foi possível o reencontro com amigos e tarefas já programadas espiritualmente, abrindo nova fase produtiva em minha reencarnação. Não sabia, àquela época, a crucial dimensão que a proximidade com a ‘doutora’ representaria em minha vida de forma geral, e mais intensamente na esfera espiritual. Indescritível tem sido a sustentação dos amigos espirituais aos membros da AME ABC e ao Conselho Espírita de São Bernardo do Campo. Com a fundação da AME ABC, nossos contatos se intensificaram em muitas horas de aconselhamento

sobre diversos assuntos e em acolhimento, na busca por socorro espiritual a todos nós, dessas instituições e a mim de forma particular. Com clareza, identifico que a influência e o contato com esta “brava guerreira do bom, do bem e do belo” tem contribuído para que eu possa me transformar em uma criatura melhor. Seus exemplos de vida me ensinam a “ser uma mulher da Nova Era” e a amadurecer com elegância, discernimento e bondade. Nesta retrospectiva, percebo que ficará eternamente registrada em minha mente e em meu coração nossa última conversa íntima e pessoal, neste reencontro de almas, adentrando a fria madrugada de outono na Holanda, no ano passado, no imponente salão do hotel em que nos hospedávamos: meu ‘espírito’ aquecido, pleno e feliz no contato com esta grande mulher! A última lição inesquecível e inolvidável após minha solicitação de aconselhamento: “Perdoa e ama sempre!”. Última viagem europeia com a ‘doutora’ encarnada... Saudade agora, gratidão eterna. Paz e luz hoje e sempre! Psicóloga especializada em saúde mental, dependência química e codependência. Diretora do Centro de Tratamento Bezerra de Menezes e vice-presidente do Conselho Espírita de São Bernardo do Campo, SP.

A médica ginecologista e escritora Marlene Rossi Severino Nobre, fundadora e presidente do Grupo Espírita Caibar Schutel, na capital paulista, retornou ao plano espiritual no dia 5 de janeiro último, vitimada por enfarto, quando passava férias com a família em Ilhabela, no litoral Norte de São Paulo. Conferencista e uma das principais lideranças do movimento espírita no país, Marlene deixa sua expressiva contribuição com a consolidação das inúmeras Associações Médico-Espíritas no Brasil e no exterior. Viúva do deputado Freitas Nobre, Marlene perseverou no ideal pela mudança do paradigma materialista da ciência. É autora de vários livros, dentre eles Chico Xavier, meus pedaços do espelho, seu mais recente lançamento, publicado pela editora Fé, da qual era também diretora responsável. (Redação) www.correiofraterno.com.br


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ESPECIAL

Para onde caminha o espiritismo Por Eliana Haddad

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uando Kardec realizou suas viagens pela França, entre 1860 e 1862, tinha como principal objetivo verificar como andava a compreensão do espiritismo em seus vários centros. Para ele, importante era secar lágrimas e reacender esperanças, já que a prática da doutrina não tinha segredos e a caridade, já afirmara ele, era a única senha dos espíritas a ser compreendida de um a outro extremo do mundo. Conta Kardec que em várias localidades visitadas solicitavam-lhe conselhos para a formação de grupos espíritas. Alertava sempre, porém, que as instruções necessárias já se encontravam em O livro dos médiuns, às quais poderia apenas acrescentar poucas palavras. Entre os comentários acrescidos, lembrava Kardec do caráter universal da doutrina, motivo pelo qual não se justificava, por exemplo, o emprego de sinais exteriores de qualquer culto para não “melindrar” convicções de ninguém: “O espiritismo chama a si os homens de todas as

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crenças, para uni-los sob o manto da caridade e da fraternidade, habituando-os a olharem-se como irmãos, quaisquer que sejam suas maneiras de adorar a Deus”, orientava. Interessado muito além dos simples aspectos formais das reuniões espíritas, Kardec priorizava em seus discursos a necessidade da compreensão do mais importante papel do espiritismo: de “acelerador” da reforma social. “O espiritismo, provando de maneira patente a existência de um mundo invisível, leva forçosamente a uma ordem de ideias bem diversa, pois dilata o horizonte moral limitado à Terra”, explicava. Hoje, passados mais de 150 anos dessas viagens, o espiritismo está presente em vários países, sendo o Brasil o que reúne não só o maior número de adeptos como também o maior contingente de divulgadores e fundadores de núcleos espíritas em terras estrangeiras. Segundo Antonio Cesar Perri de Carvalho, presidente da Federação Espírita Brasileira,


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há hoje no Brasil cerca de 14 mil instituições espíritas*. Imensa é, portanto, a responsabilidade dos brasileiros na condução do estudo e prática da doutrina, preservando-se seus postulados. E diante disso fica a dúvida: para onde caminhamos? Os centros espíritas se espalharam e como também não se pode medir o progresso da doutrina espírita simplesmente pelo número de centros ou de adeptos, mas pelo despertar das ideias espíritas no pensamento humano, é preciso lembrar o que disseram os espíritos sobre como se daria a consolidação do espiritismo. Ele passaria por três fases: a primeira fase, a da curiosidade, causada pelo interesse no fenômeno; a segunda, a do estudo, da filosofia; e a terceira, sua aplicação à reforma da Humanidade. Cabe-nos a reflexão, portanto, sobre o ponto em que nos encontramos. O professor, filósofo e jornalista J. Herculano Pires inicia seu livro O centro espírita com uma afirmação que faz pensar. “Se os espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra”. Isso em 1979. Herculano, há quase 40 anos, já citava vários fatos que retardavam o objetivo maior da Terceira Revelação. “A doutrina espírita não chegou ainda a ser conhecida pelos seus próprios adeptos em todo o mundo”, disse. Lembrando o apóstolo Paulo, Herculano salientava que os espíritas estavam no momento exato em que precisavam “desmamar das cabras celestes para se alimentarem de alimentos sólidos” e os que desejassem atualizar a doutrina deveriam antes cuidar de se atualizarem nela. Hoje não é diferente e vale comentar aqui também outro ponto importante, que é o processo da própria comunicação das ideias, condição imprescindível para qualquer trabalho de divulgação. No conceito de comunicação, há elementos fundamentais: o emissor, o receptor, o canal, a linguagem, a mensagem... e o ruído. Como naquela brin-

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cadeira, em que alguém cochicha no ouvido do outro uma mensagem a ser passada adiante para várias pessoas, chegando ao final destorcida, também a propagação do espiritismo corre o risco de se ver atropelada pelos ruídos da comunicação, mal-entendidos, invenções e alterações dos homens. Alguns, sem querer, por ingenuidade e falta de conhecimento, e outros, propositadamente, por interesses diversos. Daí a imensa responsabilidade dos centros espíritas. Assim como na brincadeira citada, a originalidade da revelação espírita será preservada se houver a preocupação de se guardar a fonte. E essa fonte é a própria codificação, que contou com uma grande equipe espiritual, tendo o trabalho hercúleo de Allan Kardec para a sistematização das verdades reveladas e observadas de

veterados que se desesperam, revoltam-se e desistem de Deus. Somente assim traremos para nós a responsabilidade de sermos ou não felizes. Somente assim iremos à casa espírita para o trabalho desinteressado. Somente assim não nos decepcionaremos com nossos pedidos não atendidos. Somente assim compreenderemos as nossas e as falhas do nosso próximo. Somente assim transferiremos as verdades que estão nos livros e nas palestras para o nosso próprio entendimento e para o nosso coração. O espiritismo é simples. E o simples nem sempre é fácil, exigindo esforços. Uma vez compreendidos conceitos básicos, não nos perderemos nos detalhes e estaremos fortalecidos para zelar por nossa maturidade espiritual no embate dos desafios do mundo, nos convívios e relações do dia a dia, estejamos em família, no trabalho, onde e com quem estivermos. Não há como ser espírita sem estudar Kardec e sem ter Jesus como exemplo maior de conduta a seguir. Vale o alerta de Herculano. Vale o alerta de Kardec. Vale o alerta de toda equipe do Espírito da Verdade. “O espiritismo é de ordem divina, uma vez que repousa sobre as próprias leis da natureza... o mundo está abalado... a revolução que se prepara é antes moral que material. A cada um sua missão, a cada um, seu trabalho”. Não nos atrasemos, pois, e colaboremos na compreensão e divulgação do sentido maior de caridade, através das próprias oportunidades que o espiritismo nos oferece ao desvendar o lado espiritual da vida como um novo paradigma, consolando e instruindo, atentos ao fato de que, apesar do muito que já caminhou, ainda não cumpriu sua finalidade: a transformação social através da mudança de olhar dos homens.

Se os espíritas soubessem o que é o centro espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra”. J. Herculano Pires forma lógica e metódica, o que permitiu à doutrina um caráter científico, através das suas cinco obras básicas: O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O céu e o inferno, O evangelho segundo o espiritismo e A gênese. À casa espírita cabe seguir o espiritismo. Simples. Parece óbvio, mas muitos acabamos por esquecer alguns detalhes da mensagem original e – pior – passamos adiante informações que nem sabemos de onde vieram, provocando atrasos por não promoverem a transformação pelo conhecimento de todo o arcabouço que envolve a descoberta do mundo do espírito. Só há uma forma de ser espírita: esforçar-se continuamente para o progresso moral, crer e compreender porque se crê, características da fé raciocinada preconizada por Kardec. Somente assim poderemos compreender a razão da dor, a necessidade do amor, a justiça da lei divina, a misericórdia da reencarnação, a eternidade da vida. Somente assim sairemos da condição de pedintes in-

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LIVROS & CIA. FEB Editora Tel.: (61) 2101-6161 www.febeditora.com.br Contos amigos de diversos espíritos psicografia de Yvonne A. Pereira 156 páginas 16x23cm

Editora EME Tel.: (19) 3491-7000 www.editoraeme.com.br Mães de luto de Cristiane Novais 216 páginas 14x21cm

Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br O pensamento de Herculano Pires de Raymundo R. Espelho 112 páginas 14x21 cm

Editora Allan Kardec Tel.: (19) 3242-5990 www.allankardec.org.br Neuropílulas de Nubor Orlando Facure 192 páginas 10,5x15 cm

Nota *De acordo com Antonio Cesar Perri, não existe um número exato de centros espíritas no País pelo fato de muitos deles não comunicarem mudança de endereço; alguns se organizam e se encontram em processo de união às 26 federativas estaduais e outros são instituições chamadas de ‘contato’, não são unidas oficialmente à FEB, mas participam do movimento espírita. www.correiofraterno.com.br


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VOCÊ SABIA?

SOS de um incrédulo Eusápia Paladino (1854 -1918): a primeira médium de efeitos físicos a ser submetida a experiências pelos cientistas da época

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major Alexander Henry Davis, americano milionário, não admitia a realidade dos fenômenos denominados de espirituais. Em 1903, ele mandou chamar a médium italiana Eusápia Paladino e lhe disse com certa aspereza: – Signora, nós ouvimos falar dos seus dons, como uma movedora de móveis, e por isso convidei-a para que mostrasse a meus hóspedes alguns de seus truques. Paladino, mulher de estatura pequena, frágil, pálida, caminhou para o centro da sala. Olhou para uma grande mesa de mármore que estava à sua frente, estendeu as mãos em direção a ela e sua aparência agora era outra: tornou-se, como num passe de mágica, resoluta, cheia de energia. Em pleno dia, todos viram matéria

esbranquiçada evolar de suas mãos em direção da referida e pesadíssima mesa. Esta então se mexeu. E, logo depois, com rapidez, aproximou-se do major Davis, que, incrédulo, impassível, sugava a fumaça de seu enorme charuto. O móvel, como se tivesse vontade própria, o imprensou contra outra mesa que estava à sua retaguarda. Sem querer dar o braço a torcer à evidência do fato, o major lutou o quanto pôde para se livrar da pressão, mas acabou não aguentando e pediu socorro. Vários homens tentaram afastar a mesa, sem sucesso. O fenômeno só foi revertido quando a médium foi colocada entre a mesa e o major. Ela colocou a mão sobre a mesa e esta se moveu vagarosamente para trás. O espiritismo à luz dos fatos, Carlos Imbassahy, FEB.


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ARTIGO

Mitos da mediunidade Por José Benevides Cavalcante

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requentemente espíritas são procurados por pessoas que pedem um contato imediato com entes queridos desencarnados. Não se dão por satisfeitas, quando são informadas de que não é tão fácil assim. Em vez de permanecerem no centro, acabam buscando outros meios, quase sempre não confiáveis. Existe, muitas vezes, ingenuidade nessas pessoas, mas há também as que preferem ser enganadas. Quando se trata de mediunidade – um tema muito próprio do espiritismo –, a maioria não se acha bem informada e alimenta muitas crendices a respeito. O que é verdade e o que é mentira? Há uma série de mitos sobre mediunidade que precisamos analisar. As considerações que fazemos aqui estão baseadas nas obras de Allan Kardec e também de Chico Xavier, que muitos, infelizmente, não conhecem ou não se deram ao trabalho de conhecer. Vamos aos mitos: Todo médium é espírita e confiável. O simples fato de uma pessoa ser médium não quer dizer que seja espírita e muito menos que conheça o espiritismo. Há honestos e desonestos em todos os setores da sociedade, principalmente no meio religioso, onde muita gente procura levar vantagem, explorando a boa-fé dos menos avisados. O rótulo religioso nunca foi garantia de autenticidade. Os espíritos só falam a verdade. Seria bom se fosse verdade. Mas não é pelo simples fato de a pessoa ser médium e de receber alguma mensagem espiritual que esta seja verdadeira ou bem intencionada. A única garantia de autenticidade e de sinceridade está no caráter dos médiuns como seres humanos, na seriedade do centro espírita e, naturalmente, no teor da mensagem. Honestos e desonestos, verdadeiros e falsos existem – tanto entre os homens, como entre os espíritos – já dizia Allan Kardec.

médiuns casuais, como todo mundo é, e não médiuns com missão específica na tarefa espírita. Obsessão não é mediunidade. A maioria dos obsedados não é médium propriamente dito; tanto assim que, passada a crise obsessiva, eles voltam à condição anterior, sem os sintomas que apresentavam enquanto perturbados. O melhor médium não é o que recebe muitos espíritos e a toda hora, mas é o que revela boas qualidades morais, apresentando comunicações de qualidade.

O que é verdade e o que é mentira sobre mediunidade? Médium não precisa estudar; os espíritos lhe ensinam tudo. Kardec afirma, no primeiro capítulo de A gênese, que “os espíritos só ensinam o necessário para guiar no caminho da verdade, mas eles se abstêm de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo”. Médium que afirma não estudar, pois os espíritos lhes ensinam tudo, demonstra que não entendeu o espírito da doutrina ou não quer assumir o verdadeiro papel de espírita. Chico Xavier era um estudioso da doutrina e sempre se esforçou moral e espiritualmente para ser veículo de espíritos superiores. Toda pessoa que tem alguma percepção mediúnica precisa desenvolver a mediunidade. Allan Kardec afirma, em O livro dos espíritos, que todos somos mais ou menos

médiuns, mas a mediunidade ostensiva e missionária – o que ele chama de mediunato – é uma condição de poucos. Neste sentido, ninguém sabe se é médium ou não antes de submeter-se a uma prova prática e concreta. Quando uma pessoa apresenta sintomas de mediunidade e tem interesse em trabalhar como médium para assumir com dedicação e coragem essa missão, ela precisa submeter-se a uma experimentação dentro de um grupo mediúnico, a fim de que seja conhecida sua capacidade mediúnica. Bom médium é aquele que recebe os espíritos com mais facilidade. As pessoas obsedadas são as que recebem os espíritos com mais facilidade e, no entanto, muitas delas não são médiuns no sentido estrito da palavra. São apenas

Para se obter uma mensagem de um ente querido desencarnado basta procurar um médium. As pessoas que insistem muito em receber mensagens de entes queridos, confiando em qualquer médium, acabam obtendo comunicações falsas. Chico Xavier sempre afirmou que “o telefone só toca de lá para cá”. O médium é apenas um receptor que pode ou não ser utilizado, dependendo das condições espirituais do desencarnado. Milhares de pessoas procuravam o Chico para obter comunicações de entes queridos; uma pequena porcentagem, entretanto, saía de Uberaba com alguma mensagem à mão. A mediunidade serve para convencer os incrédulos das verdades espíritas. Kardec afirma que as pessoas só se convencem da verdade espírita pelo uso do bom senso e da razão. E isso só acontece com aqueles que já alcançaram maturidade suficiente para atingir certo nível de compreensão. Os detratores do espiritismo sempre acham motivos para combater e desautorizar a doutrina, mesmo diante dos mais extraordinários fenômenos e dos médiuns mais admiráveis, como Chico Xavier. Escritor e radialista, coordenador há mais de quarenta anos da rádio “Momento Espírita”, na cidade de Garça, SP. www.correiofraterno.com.br


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cultuRA & lAzeR

Chico Xavier é tema de Simpósio Nacional em Uberaba Será realizado em Uberaba,MG, de 14 a 17 de abril, o XIV Simpósio Nacional da Associação Brasileira de História da Religião e III o Encontro Internacional de Estudos da Religião. O encontro traz o tema: “Chico Xavier, mística e espiritualidade nas religiões brasileiras”. Conta com a organização do Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, PUC SP e apoio da Asociación de Historiadores Latinoamericanos y del Caribe. www.adhilac-brasil.org

ABR

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Churrasco Dia 8 de março de 2015, domingo, às 12:00h. Reúna a família e os amigos e venha saborear um delicioso churrasco! E você ainda ajuda a instituição! Reserve o seu convite: (11) 4109-8938. Local: Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955, B. Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP.

o preço do esforço paciente e corajoso, e a imagem de nossos destinos sem-fim. Ela nos diz que tudo está no seu lugar no Universo; mas, também, que tudo evolui, se transforma, almas e coisas. A morte é apenas aparente; aos mornos invernos sucedem as renovações primaveris, cheias de seivas e de promessas.” Editora CELD, 2011.

o G l E A R R S S n I o L P P I A e E b S A L R S G o z L l

em Mão na cabeça Por que na sala de passe todo mundo fica de olhos fechados?

I A K P S o E A E o V P M P R S D b C u o S M E S U S A o o

E E J o M S T S S S A I E Q e o T I M o R M E B P o n S I D

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E F u n I V E R S o I R P A S l o z A S z B S F c S B R E R

ENIGMA

O que distingue o espírito da matéria? qualquer hora, em qualquer lugar

Solução do Caça-palavras Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma:

o pensamento

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em tudo a beleza da vida,

P P A Z S E D S S I P S o b S n A t U R e Z A U A o n S D A

Fonte: A obsessão –

Curso de extensão sobre Ciência e EspiMAR ritualidade Em parceria com a Associação Médico-Espírita, terá início na Universidade Santa Cecília, Santos, SP, o curso de extensão “Ciência Saúde e Espiritualidade”, dia 7 de março, com aula inaugural do físico e professor André Luiz Ramos. O curso é aberto a todos os interessados e as aulas acontecem na rua Osvaldo Cruz, 266 – 4º andar, Bloco D, todos os sábados, das 14h30 às 17h. www.amesantos.blogspot.com e www.unisanta.br/posgraduacao

“A Natureza nos mostra

A o c A S V A A E t o A E V A u E I A z J S S I V L R A G S

origem, sintomas e

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em 1º de janeiro de 1846 nascia, na França, Léon Denis, filósofo médium e um dos principais continuadores do espiritismo, após a desencarnação de Allan Kardec. encontre no diagrama as palavras em destaque deste trecho de sua obra O grande enigma.

Elaborado por Tatiana Benites e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

cura, de Allan Kardec, o

Web Rádio comemora 6 anos FEV Com programação especial para o mês de fevereiro, a Web Rádio Fraternidade, de Uberlândia,MG abre as comemorações de seu 6º aniversário. Haroldo Dutra Dias (BH) realiza seminário sobre o tema: “Jesus, guia e modelo da humanidade”, dia 7 de fevereiro, das 14h às 18h, na Casa de eventos Acrópole (Rua José Resende, 4090, Custódio Pereira). As comemorações contarão com palestras de Júlio Carvalho, Divaldo Franco, Jorge Alberto Elarrat, Simão Pedro de Lima e Rossandro Klinjey. Informações: http://www.radiofraternidade.com.br

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

clarim.

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eu também! e eles ficam com a mão perto da nossa cabeca!

Acho que é porque se você tentar fugir, eles te seguram!

MAR

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não sei! eu sempre abro!

Roteiro: Tatiana Benites / Ilustração: Hamilton Dertonio


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AnÁlISe

Centro espírita:

o socorro nem sempre levado a sério Por oCTÁVIo CAÚMo SERRAno

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m 25 de setembro de 2014, comemorou-se o centenário de nascimento do lúcido jornalista Herculano Pires, que se destacou também como um dos mais ativos divulgadores do espiritismo no país. Traduziu os escritos de Allan Kardec e escreveu tanto estudos filosóficos quanto obras literárias inspiradas na doutrina espírita. Levando em consideração a citação de Herculano acima, ainda não nos demos conta, nem mesmo o espírita convicto, de que um centro equilibrado que não se afaste um milímetro dos postulados deixados por Kardec assemelha-se ao mais completo e mais bem equipado hospital da Terra. Ali, sem que percebamos ou vejamos, pelo menos os que têm visão comum, está disponível todo o equipamento espiritual necessário para curar tanto as doenças da Terra, que se apresentam no corpo, como as doenças da alma que não são diagnosticadas pela aparelhagem médica. Quando colocamos os pés na casa espírita, somos recepcionados pela espiritualidade que começa a cuidar de nós sem que saibamos ou peçamos, sendo suficiente que ali estejamos com respeito e fé, além de ser levados em conta nossa intenção, merecimento e necessidades evolutivas. Entramos com doenças que nem imaginávamos que tínhamos e de lá saímos curados, se for

O centro espírita é uma faculdade que ensina a ciência do infinito” o melhor para nós e se já chegou a nossa hora. Mais ou menos como afirmava Jesus: “A tua fé te curou. Vai e não peques mais.” Lamentavelmente, o que vemos são pessoas de corpo presente, mas que não estão ali em espírito. Não chegam com qualquer mérito para receber ajuda. É comum os que assistem às palestras com o celular e similares ao lado. Respondendo aos WhatsApps, lendo ou enviando torpedos, conferindo chamadas, quando não aproveitam para navegar na internet ou jogar esses joguinhos tolos que infestam esses aparelhos sequestradores da nossa vontade e do nosso equilíbrio. Foram criados para facilitar a nossa vida, mas hoje mandam nas pessoas. Eles não têm culpa. Os equivocados somos nós! É comum, nos dias de palestra pública, como os centros trabalham de porta aberta, muitas pessoas chegarem quase no final, desde que estejam ali a tempo de receber o passe. Acreditam que aquele passe pos-

sa fazer alguma coisa por elas que não têm o mínimo interesse pela sua própria vida. Não cogitam de sua modificação, deixando por conta dos espíritos transfundirem-lhes, além da energia fluídica, discernimento e inteligência. Pobres iludidos, que acreditam que ali receberam algo. Não respeitam o mínimo, assiduidade e pontualidade, como querem receber? Jesus ensinou também sobre isso: “Faz que o céu te ajuda!” O centro espírita é uma faculdade que ensina a ciência do infinito, conforme definição de Allan Kardec! É lugar de respeito, onde devemos ter pensamentos elevados, concentrar-nos apenas nos assuntos tratados ali, sejamos colaboradores ou assistidos. É local para intensiva meditação sobre a vida eterna com base nas lições organizadas por Kardec e complementadas por outros espíritos superiores que nunca nos abandonam. Não nos esqueçamos da ajuda de Emmanuel, André Luiz, Joanna de

Ângelis, Manoel Philomeno de Miranda, Bezerra de Menezes, Marco Prisco e uma vasta coleção que não caberia neste espaço. Os beneméritos são incontáveis, mas os que desejam modificar-se enquanto encarnados ainda são poucos. Somos agradecidos, também, ao estimado José Herculano Pires que esteve conosco por menos de 65 anos, repetindo o tempo de vida de Kardec, mas deixando-nos igualmente um manancial de lúcidas informações que, se bem aproveitadas, poderão ajudar-nos a compreender melhor este nosso momento planetário. Vejam algumas coincidências entre Kardec e Herculano: Kardec nasceu em 1804 e Herculano em 1914; 110 anos depois. Kardec em 3 de outubro e Herculano em 25 de setembro. Para os astrólogos, o mesmo signo. Kardec desencarnou em 31 de março de 1869 e Herculano em 9 de março de 1979. No mesmo mês, 110 anos depois. Ambos viveram aproximadamente 64 anos e meio. Como dissemos, são simples coincidências; mas ambos com a mesma coerência nas ideias e no bom senso. Os dois devem ser lidos e estudados, porque têm muito a nos ensinar! Escritor e palestrante paulista, residindo atualmente em João Pessoa, PB.

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FOI ASSIM

A “Hora do livro espírita” Por NUBOR ORLANDO FACURE

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az 10 anos que percebo sistematicamente minha esposa levantando às 5 da manhã e se dedicando por uma hora à leitura de obras espíritas. É apaixonada pelos livros da Yvonne Pereira – Sublimação, A tragédia de Santa Maria, Memórias de um suicida, O drama da Bretanha... Tudo começou após o falecimento do nosso filho, José Roberto, em novembro de 2004, aos 48 anos de idade. Fomos abençoados por ouvi-lo 15 dias depois de sua desencarnação. Através de uma comunicação mediúnica, ele nos alertou para a necessidade do estudo. O livro espírita é realmente um bálsamo nessa amarga experiência de se ver privado da presença carnal de um filho que a morte nos rouba da convivência. Não há palavras de consolo suficientes para substituir a dimensão dessa dor.

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O consolo maior que a doutrina espírita nos traz é a descrição reconfortante da sua sobrevivência, da permanência dessa alma querida seguindo sua trajetória evolutiva, amparado por benfeitores espirituais. Eles também nos reconfortam assistindo-nos com o carinho redobrado, com a presença desses filhos queridos, permitindo-nos recebê-los como uma visita espiritual muito aguardada. É assim que a literatura espírita, es-

pecialmente os relatos nas famosas cartas de Chico Xavier, nos faz aceitar como fenômeno natural nossas idas e vindas nas múltiplas dimensões da existência, fazendo-nos perseverar no trabalho que o Céu nos aguardará para todo reencontro que merecermos. Vale a pena retribuirmos o esforço do livro espírita em benefício da nossa evolução. A paz no mundo só será alcançada com a paz de espírito, de cada um de nós.

Acostume-se, também, a essa rotina. Levante uma hora mais cedo para fazer suas leituras e aproveite melhor essa encarnação. Não postergue seu crescimento. As horas passam rápido demais e as oportunidades são fugidias. Acrescente na sua vida a “hora do livro espírita”. Vamos perseverar no trabalho, que o céu nos aguardará para todo reencontro que merecermos. Este fato aconteceu com o conhecido neurocirurgião Nubor Facure, de Campinas, São Paulo. Conte também a sua história para ser publicada aqui no Correio Fraterno. (redacao@ correiofraterno.com.br)


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DIRETO AO PONTO

Reagir, agir e interagir Por UMBERTO FABBRI

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doutrina espírita nos possibilitou reavivar os postulados de amor e fraternidade do Cristo, que por nossos próprios interesses foram se tornando esquecidos ou colocados em segundo plano. Mas não podemos deixar de considerar outro fator de extrema importância trazido à tona pelo espiritismo, que são as revelações pertinentes à existência da dimensão espiritual de forma mais abrangente e das possibilidades de sua interação e atuação com a dimensão material. A comunicação e o intercâmbio que sempre ocorreram, antes considerados sobrenaturais, puderam a partir de então ser mais bem compreendidos, possibilitando seu direcionamento e aplicação para o desenvolvimento e progresso dos espíritos, estando eles encarnados ou não. Hoje, estes conhecimentos trazidos, principalmente pela codificação, nos ajudam a conviver de forma mais harmoniosa com a espiritualidade que não vemos, mas que conosco se relaciona a todo instante. Poderíamos considerar que antes destas informações apenas reagíamos de forma inconsciente às influenciações espirituais, quase mesmo sem percebê-las, como podemos ver na questão 459 de O livro dos espíritos: “Influem os espíritos em

nossos pensamentos e em nossos atos? R: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. Esta frase poderia nos incutir o medo ou o receio, se não tivéssemos o entendimento de que podemos receber influências de vários modos: dos amigos, da mídia, da sociedade, dos espíritos, dos livros, da música, mas somente nos deixamos influenciar quando acolhemos as sugestões, o que ocorre por afinidade com o nosso modo de sentir e pensar ou por pura invigilância. Na realidade, somos donos de nossos destinos, temos o poder da escolha, que vai se depurando e amadurecendo com o tempo. Seremos influenciados pelos bons e pe-

los maus, mas como saber diferenciar? Esta também foi uma dúvida levantada por Kardec aos espíritos: “Como distinguirmos se um pensamento sugerido procede de um bom espírito ou de um espírito mau? R: “Estudai o caso. Os bons espíritos só para o bem aconselham. Compete-vos discernir”, orienta-nos a questão 464 da obra já citada. Sabiamente, Jesus nos alerta para o sempre eficiente e necessário “orai e vigiai”. Podemos e devemos agir de acordo com a lei divina, tomando o devido cuidado para selecionar as influências positivas. Nosso modo de agir repercute em nosso futuro, uma vez que somos cocriadores e responsáveis pelas consequências do uso de nosso livre-arbítrio.

Não podemos nos esquecer de que interagimos com a espiritualidade e, nesta experiência, tanto seremos influenciados como também poderemos influenciar. O pensamento é uma via de mão dupla. As ondas mentais que emitimos têm o mesmo poder que as dos desencarnados, ressaltando que quanto melhor for sua qualidade, maior será o seu alcance. Portanto, interagir de modo a trazer crescimento para nós e para os que conosco convivem exige constante esforço para nosso desenvolvimento e disciplinada vigilância na emissão de nossos pensamentos. Poucas vezes recordamos que, na medida em que melhoramos, podemos também melhorar a nossa influência positiva. Geralmente só nos lembramos dos irmãos espirituais que tentam nos influenciar negativamente. Valorizando o mal damos a ele penetrabilidade em nossas vidas. Estudando e buscando entender a comunicação que desenvolvemos, deixamos de reagir para agir e interagir com o bem e o amor. Profissional de Marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Acaba de lançar o livro O traficante, ditado pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).

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CORREIO FRATERNO

JANEIRO - FEVEREIRO 2015

MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Abraços protegem contra estresse, depressão e gripe

Aplicativo ajuda deficientes visuais

Atletismo no sertão baiano

Pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia (EUA), analisaram 404 adultos saudáveis e verificaram a frequência de conflitos interpessoais e de abraços diários e depois expuseram intencionalmente os entrevistados ao vírus da gripe. Um terço das pessoas pesquisadas não desenvolveu os sintomas da gripe – exatamente aqueles que receberam mais abraços e apoio de pessoas de confiança. “Aqueles que ganham mais abraços estão, de alguma maneira, mais protegidos de infecções”, diz o professor de psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Sheldon Cohen, que coordenou a pesquisa.

Para ajudar pessoas com deficiência visual, o dinamarquês Hans Jorgen Wiberg criou o aplicativo gratuito Be My Eyes, através do qual voluntários podem ‘emprestar’ sua visão para quem necessita. O app funciona com voz e vídeo ao vivo, sendo possível para o deficiente mostrar o que ele quer ler. Para fazer parte desta rede mundial de solidariedade basta baixar o aplicativo, fazer o cadastro e permitir que ele tenha acesso ao microfone e à câmera do celular ou tablet. O voluntário receberá chamadas de deficientes que precisam de auxílio.

A comunidade baiana de Flamengo, em Jaguarari-BA, se transformou em um lugar de superação e persistência, com o empenho do professor Antônio Ferreira, que em 2006, driblando as dificuldades, criou um projeto social voltado para o atletismo. Ferreirinha não só se transformou no grande incentivador esportivo e social da região, como sensibilizou autoridades esportivas. Visitado pelo programa “Um por todos, todos por um”, do Caldeirão do Hulk (TV Globo), o projeto ganhou apoio com instalações apropriadas e recursos que ampliaram o seu alcance, transformando a vida de mais de duzentas crianças daquele sertão.

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