ISSN 2176-2104
CORREIO
FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o
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Entrevista
Atualíssima, a entrevista com Herminio Miranda revela o ponto de partida do pensamento do escritor que mostra o que o levou a escrever o seu primeiro livro espírita, em 1967. Herminio fala sobre o homem, sua busca por Deus e sua religiosidade. Leia nas páginas 4 e 5.
A opinião no
movimento espírita
É
comum no meio espírita pessoas reconhecidamente importantes pelo trabalho social que realizam serem respeitas também como fontes fidedignas do conhecimento espírita, passando assim a ser formadoras de opinião. Seus comentários são tidos como válidos e certos, independentemente de se avaliar um pouco mais a fundo o que é dito. Mas como fica a questão quando, avaliando-se o conteúdo, nos deparamos com um conceito que se contradiz como conhecimento científico ou doutrinário? Leia nas páginas 8 e 9.
Divertida mente O desenho animado que levou muita criança no cinema nessas férias ganhou também o público adulto, falando sobre o intrincado mecanismo das emoções em nossas vidas. Leia na página11.
Umbral é o inferno dos espíritas?
Muitos neófitos tendem a dar ao umbral o antigo conceito de inferno, apreendido em outras religiões. Mas um conceito interiorizado de maneira indevida pode comprometer todo o conhecimento que será armazenado em suas bases. Leia mais na página 3.
SUICÍDIO: É preciso falar mais sobre este tema
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eDItoRIAL
esquecimento ou
incompreensão?
“S
e a doutrina espírita fosse uma concepção puramente humana, não teria como garantia senão as luzes daquele que a tivesse concebido. Se os espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a apenas um homem, nada lhe garantiria a origem. (...) O espiritismo não tem nacionalidade, independe de todos os cultos particulares, não é imposto por nenhuma classe social. Era necessário que assim fosse, para que ele pudesse conclamar todos os homens à fraternidade. Esta universalidade do ensino dos espíritos faz a força do espiritismo, e é ao mesmo tempo a causa de sua tão rápida propagação. (...) As revelações que alguém possa obter são de caráter individual, sem
autenticidade, e devem ser consideradas como opiniões pessoais deste ou daquele espírito, sendo imprudência aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas. (...) A única garantia segura do ensino dos espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, através de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares. (...) Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura do espiritismo, e anulará todas as teorias contraditórias. É nele que, no futuro, se procurará o criterium da verdade e poderoso critério do controle universal”. As palavras acima são de Allan Kardec e estão em O livro dos médiuns. Se lembrar-
os passatempos do jornal. Alice da Silveira, Magé, RJ Muitas matérias deste prestigioso jornal têm servido para os nossos estudos, motivo pelo qual muitos agradecimentos enviamos aos seus diretores, como também aos articulistas. Dr. Célio Trujillo Costa. Curitiba, PR
• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.
mos delas, muitas dúvidas cessarão e muitas polêmicas se mostrarão desnecessárias. Foi pensando justamente na importância do critério da universalidade dos ensinos dos espíritos que elaboramos com carinho essa edição. Afinal, já sabemos separar espiritismo de opinião? Boa leitura! Equipe Correio Fraterno
Nós é que agradecemos todo o carinho recebido a cada edição. Isso é o que nos alimenta e nos impulsiona. Nos faz pensar muito antes do tempo sobre a infinidade de temas que poderão ser pinçados, debatidos e aqui compartilhados. Que essa troca liberta nos inspire e nos alimente sempre. Um abração bem grande a todos. A redação
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br
CORREIO
FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118
Presidente: Adão Ribeiro da Cruz Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br
JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/correiofraterno Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Comunicação e marketing: Tatiana Benites Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: Lance Gráfica
em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.
CORREIO DO CORREIO Título da carta Fiquei emocionada quando li no Correio uma nota dizendo que o livro Pão Nosso (Emmanuel) foi eleito o melhor livro cristão do ano nos Estados Unidos (Caça-palavras do Correio, ed. 463). É uma coleção maravilhosa! Pena que a boa notícia foi pouco divulgada na imprensa. Aproveito para dizer que adoro
Uma ética para a imprensa escrita
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• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
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Acontece
Umbral é o inferno dos espíritas?
Evento realizado na USE Regional São Paulo debate tema recorrente em palestras
Da REDAÇÃO
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erca de 100 dirigentes e colaboradores de centros espíritas estiveram no dia 18 de julho na sede da União das Sociedades Espíritas de São Paulo para debater um tema que vem sendo recorrente em palestras, artigos e livros, causando polêmica: “Umbral: inferno dos espíritas?”. O evento foi organizado e conduzido pelos Departamentos do Livro e de Orientação Doutrinária da USE Regional SP e integrou as atividades comemorativas dos 150 anos do livro O céu e o inferno. O assunto mereceu esclarecedoras exposições, permitindo a interação entre os participantes, incentivando-os à reflexão sobre os princípios doutrinários apresentados nas obras de Allan Kardec. Destacou-se nos debates a necessidade de serem justamente esses os princípios a nortear qualquer interpretação de informações contidas em obras que supostamente descrevem as características do mundo dos espíritos. Um dos coordenadores do encontro, Marco Milani, lembrou que a palavra ‘umbral’ foi popularizada por autores como André Luiz, porém não implica região geográfica ou determinada no mundo espiritual, mas em reflexo psíquico dos próprios seres. Também foi destacado o esforço que todos os dirigentes devem ter para esclarecer e orientar, de forma fraterna, sobre os contrastes existentes entre a doutrina espírita e os conceitos e práticas de outras filosofias e religiões que concebem o céu, inferno e o purgatório com concepções próprias. “Alguns adeptos, principalmente os neófitos, tendem a adaptar práticas e posturas adotadas na religião anterior para o ambiente espírita. Por exemplo, não há santos e idolatria no espiritismo, porém há vários adeptos que substituíram a devoção a santos pela devoção a Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo etc. Assim também o umbral é, para muitos, a simples substituição do inferno (ou purgatório) católico por um novo nome, mas com o an-
tigo conceito. Essas adaptações sincréticas são incoerentes sob a perspectiva doutrinária”, explica Milani. Perguntado sobre a compreensão dos dirigentes espíritas a respeito do critério da universalidade dos ensinos adotado por Kardec, Milani assinala que somente entendem essa questão aqueles que estudam seriamente o espiritismo, sejam eles dirigentes ou não. “Por sinal, esse é um dos problemas de alguns adeptos, que se deparam com informações fornecidas por uma ou poucas fontes sem a devida validação e saem por aí reproduzindo inconsequentemente o que leram ou ouviram. Por exemplo, segundo o espiritismo, o ser não retroage em sua evolução espiritual, mas há livros vendidos em livrarias supostamente espíritas que afirmam que o ser pode involuir espiritualmente. Ora, se a pessoa quer acreditar na involução, é uma opção dela, mas não deve considerar que esse seja um ensinamento espírita, pois não é. Igualmente há outros desvarios conceituais que colidem frontalmente com os princípios doutrinários e são aceitos afoitamente e sem qualquer evidência por aqueles que não são muito afeitos ao estudo das obras fundamentais do espiritismo de autoria de Allan Kardec”, afirma. Pautados pela diretriz da coerência doutrinária adotada pela USE Regional São Paulo, o objetivo desses encontros, abertos ao público, realizados sempre nos terceiros sábados do mês, às 15 horas, é fomentar a troca respeitosa de ideias e contribuir para o esclarecimento de maneira doutrinariamente coerente. Para Julia Nezu, reeleita em 14 de junho para a presidência estadual da USE
O céu e o inferno de Kardec
até 2018, o papel da entidade é justamente trabalhar como um fórum onde as casas espíritas (1.450 afiliadas e 2.500 cadastradas) possam discutir questões administrativas e doutrinárias. “Fomentamos a discussão, a troca de experiências e decisões são tomadas com base no posicionamento do conselho deliberativo, composto pelos dirigentes das casas espíritas”, explica. No próximo encontro, em 15 de agosto, a USE Regional São Paulo abordará questões relacionadas às redes sociais e aos conteúdos espíritas e pseudoespíritas.
Lançado em Paris, em agosto de 1865, o livro O céu e o inferno, que compõe as obras básicas da codificação,traz o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual. Allan Kardec aborda na obra estudos e reflexões sobre as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas etc, incluindo exemplos sobre a situação real da alma durante e após a morte. Há depoimentos de espíritos em diversos graus de evolução: felizes, sofredores, suicidas, criminosos, endurecidos, dentre outros.
Para saber mais acesse www.usesp.org.br www.correiofraterno.com.br
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ENTREVISTA
À procura de Deus Por Eliana Haddad*
Herminio Miranda: Queremos agora uma discussão franca de problemas que tão profundamente nos interessam: a majestosa equação da vida
Como surgiu esse seu primeiro livro espírita? Herminio: Escrevi numa praça, de férias, em Caxambu,MG. Trata-se de uma conversa informal acerca do problema da vida e da morte. Não me preocupou na sua elaboração o desenvolvimento de um plano muito metodizado, numa sequência rígida, pejada de citações eruditas e obscuras. Deixemos essas virtudes austeras aos sisudíssimos tratados de teologia. Estamos cansados de erudição e obscuridade. Queremos agora uma discussão franca de problemas que tão profundamente nos interessam: a majestosa equação da vida. Como analisar o conflito histórico entre ciência e religião? É preciso ver onde acaba a ciência – se é que acaba – e onde começa a religião; ou se aquilo que nos parece uma linha demarcatória não resulta de mera deficiência dos métodos de observação. É preciso que se discuta tudo isso em linguagem desataviada daquilo que teologias milenares têm procurado explicar a seu modo.
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um exercício criativo, fiel aos escritos do seu primeiro livro espírita, Os procuradores de Deus, de 1967, o Correio Fraterno entrevista o autor Herminio C. Miranda, no intuito de registrar em forma de perguntas (de hoje) e respostas (da obra) o incrível conteúdo da pesquisa histórica do “velho escriba”, como ele se autodenominava. O livro é um guia seguro para quem busca a verdade sobre a existência de Deus, do espírito, da vida. Raridade, é atual em seu conteúdo original, apresentado em roupagem moderna e com todas as ‘escovadas’, como quis Herminio, que também se viu surpreso diante da notícia sobre a descoberta da obra num sebo, visitado por Raymundo Espelho, fundador do Correio Fraterno. Com gratidão, esta edição homenageia esse incansável pesquisador, que desencarnou aos 92 anos, em 2013, deixando uma obra necessária a todos nós, espíritas e não espíritas, com seus 42 títulos publicados em português e cinco traduzidos e comentados. Aqui estão suas reflexões em Os procuradores de Deus. Esperamos que ele também possa celebrar conosco a consolidação desse grandioso projeto. www.correiofraterno.com.br
O estudo sobre a morte e sobre Deus é da alçada da ciência? A morte tem sido através dos tempos um dos principais objetos das cogitações teológicas, desde as religiões mais primitivas até as sofisticadas discussões da moderna teologia. Nesta, tanto se especula em torno da ideia de Deus que se esquece de praticar as virtudes que levam a Ele. O que não se pode, entretanto, é admitir que o assunto seja da alçada exclusiva da religião. Não estamos ainda equipados intelectual e moralmente para uma abordagem, mesmo primária, do assunto. E acho tão perniciosa à evolução do espírito a descrença pseudocientífica, como o exagerado misticismo que atribui a Deus condições humanas.
Muitos ainda ridicularizam a ideia da existência do espírito. Como essa obra pode auxiliar esse entendimento? Se o leitor estiver entre aqueles que duvidam da existência do espírito é de mais fácil recuperação. Se, não obstante, é dos que negam enfaticamente essa realidade, está com um atraso de pelo menos um século na sua formação filosófica. Para ambos há uma grande novidade a oferecer: o espírito existe de fato e não apenas como abstração filosófica para ocupar o tempo dos que escrevem tratados de metafísica e o daqueles que os leem. Aliás, a novidade é ainda mais ampla, porque não apenas ‘temos um’ espírito, senão que ‘somos’ espíritos. Por que tanta dificuldade em se aceitar a imortalidade? São ilusões. Apenas o corpo físico desmorona, desintegra-se e se apaga na superfície da Terra. O espírito não. Ele aqui vem como visitante, como escafandrista que veste a sua armadura para descer ao fundo do oceano, mas um dia sobe à tona, abandona o casulo e regressa à sua verdadeira condição. O modelo materialista seria o principal fermento do ceticismo? Na adolescência experimentei também a doença do ceticismo. Recém-egresso de uma fase de misticismo religioso, sentia-me um homem livre de crenças e de crendices. Julgava-me um ser emancipado e também dava graças a Deus por não mais acreditar Nele. É uma curiosa emoção essa. Eu era livre para cometer qualquer deslize e fazer do meu destino o que bem entendesse. Não havia ninguém para tomar conta dos meus atos e nem eu tinha de responder por eles jamais. A morte seria o simples dobrar de uma página em branco de um livro inútil. A vida, um jogo não menos inútil e incompreensível de emoções e de can-
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seiras, com algumas alegrias aqui e acolá. Mas o espírito que abandona uma crença religiosa, porque não mais lhe acalma os anseios e nem lhe satisfaz às especulações do intelecto, acaba por sentir-se também insatisfeito com o dar de ombros do negativismo. Quando procura respostas claras, diretas, objetivas às suas inquietações não se dá por satisfeito dentro das estreitezas do materialismo, como não se sente à vontade no acanhamento do dogmatismo religioso. O senhor comenta em seu livro sobre as complicações advindas dos dogmas, do inferno e dos castigos eternos. Isso nos afastou de Deus? Poucas coisas neste mundo são tão perniciosas quanto uma ideia mal assimilada. O aspecto mais lamentável dessa doentia criação humana que é o inferno é o caráter verdadeiramente blasfemo da punição eterna. Se admitirmos a existência de um Deus justo e bom, compassivo e puro, como é que vamos conciliar a ideia de Deus com a do castigo eterno? A questão é que esse samburá teológico parece não ter fundo. A gente começa a remexer e vai retirando dele novas dúvidas e novos problemas a resolver. Com sua vasta experiência em reuniões mediúnicas, tem observado esses enganos nas histórias espirituais? O católico e o protestante, cumpridores de suas obrigações religiosas, sofrem tremendas decepções ao morrer, porque não encontram do ‘lado de lá’ as instituições e a acolhida que lhes foram anunciadas. Como é que sabemos disso? É fácil. Basta ouvir os que já se foram para lá.** Outro ponto interessante é sua análise sobre a condição humana de Jesus. Pode nos falar a respeito? Não se pode deixar de observar na obra de Jesus indícios dos mais evidentes da sua inegável condição humana. Nas suas irritações, no seu temor, nas suas angústias, em certas mudanças de atitude. Às vezes se aborrece e se impacienta com o que ouve ou presencia. Numa das passagens, repreende asperamente a Pedro, por lhe ter assegurado que as desgraças que anunciou não chegariam a ocorrer. Aos escribas
e fariseus são constantes as suas censuras, chamando-os de hipócritas, geração de víboras. Outro gesto de incontida irritação é a cena de explosão com os mercadores. A cena da expulsão – a ser legítima – só pode ser atribuída a um momento de profunda irritação. Dos seus temores e angústias não há passagem mais eloquente do que o drama de Getsemani, onde implora ao Pai que se estivesse na vontade dele, Pai, que o poupasse ao tormento que pressente. Também a cena da última ceia tem uns laivos sombrios de melancolia e apreensão. E sobre a pesquisa científica com relação ao espírito. Afinal, já não existem essas provas?
mediante determinadas condições, como qualquer outro fenômeno natural. E sobre a justificativa de que tudo não passa de simples resposta fisiológica? Se o fenômeno resulta de uma simples operação fisiológica, por que não a pode executar igualmente bem um cadáver? Ali estão as mesmas células, os mesmos órgãos, os mesmos sistemas. Ah!, mas falta a vida, dirá o cético. É verdade, falta a vida e o que será essa coisa a que chamamos vida? Qual o papel do espiritismo nessa caminhada do conhecimento?
A verdade é que todos têm idênticas oportunidades de aprendizado e evolução. A escola da vida está igualmente aberta a todos nós (...). Caminhamos espiritualmente à medida que vamos sendo promovidos”
Queremos a prova da maneira inadequada, à nossa maneira, sem cogitar de que para cada sistema de fenômenos há um conjunto específico de testes e provas. Quando se trata, porém, da existência do espírito, nada disso se aplica. Queremos ver essa ‘coisa’, encerrada numa jaula, sob as lentes de um microscópio eletrônico, no fundo de uma proveta. Queremos que ele faça para nós algumas mágicas, nos deixe examinar suas impressões digitais, nos mostre a língua, deixe-se pesar e medir pelos nossos toscos e ridículos instrumentos. Não adianta que homens da mais elevada reputação pessoal, científica e intelectual, tenham já nos assegurado a existência do espírito. O fenômeno é realmente de delicada natureza e só ocorre
A história da humanidade registra a eclosão de muitas crenças espiritualistas. Infelizmente, porém, foram ‘crenças’ e não um conjunto de fatos que a inteligência pudesse tomar para exame e a razão aceitar sem degradar-se e sem fazer concessões. Provavelmente impacientados ante a cegueira espiritual do homem, os próprios espíritos desencadearam um movimento destinado a revelar certas verdades singelas e naturais que até então se achavam encobertas pelo véu do mistério. Se essas informações já chegaram até nós, por que ainda há tanta resistência em se aceitar a vida espiritual? Fatos sustentam na parte experimental
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um majestoso edifício filosófico, que pouco a pouco foi-se revelando aos olhos daqueles que há mais de um século vêm estudando o fenômeno com os “olhos de ver” de que falava o Cristo. Fora da literatura espírita há também trabalhos sérios de autores aos quais não assentam os rótulos costumeiros de leviandade, ingenuidade ou partidarismo. O leitor interessado busque Lodge, Conan Doyle, William Barrett, Aksakof, Ernesto Bozzano, Camille Flammarion, Gustave Geley, Epes Sargent – a escolha é ampla. Deixo à margem os que, não menos dignos que esses, nem menos brilhantes, inclinaram-se desde o início pela chamada hipótese espírita: Léon Denis, Paul Gibier, Gabriel Delanne. Também não pretendo impingir Kardec a ninguém. O leitor irá a ele quando sentir que deve e precisa da sua meridiana clareza expositiva e do seu lúcido raciocínio lógico. Cabe a você decidir. Minha função aqui não é fazer proselitismo, pois entendo que conceituação doutrinária é questão de maturidade. Seria uma questão de dar tempo ao aprendizado da vida? A verdade é que todos têm idênticas oportunidades de aprendizado e evolução. A escola da vida está igualmente aberta a todos nós, em todos os graus, desde o jardim da infância até os mais avançados cursos universitários. Caminhamos espiritualmente à medida que vamos sendo promovidos. Às vezes, repetimos determinadas séries, especialmente nas mais elementares, porque ao alcançarmos as superiores já temos mais desenvolvimento e senso de responsabilidade. De outras, simplesmente paramos, indiferentes ao fantástico ritmo evolutivo que vibra por todo o Universo à nossa volta. Jamais recuamos, porém. O que dizer para quem não se convence de que a vida continua? Você terá a sua prova definitiva, irrefutável, com a sua própria morte. (...) O espírito existe, preexiste e sobrevive. (*) Respostas transcritas do livro Os procuradores de Deus, reeditado pela Correio Fraterno. (**) Leia mais nos livros da coleção “As histórias que os espíritos contaram” – A dama da noite, O exilado, A irmã do vizir e As mãos de minha irmã (Ed. Correio Fraterno). www.correiofraterno.com.br
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COISAS DE LAURINHA
Por TATIANA BENITES
Bagagem de coração A
professora explicava sobre o acúmulo de bens na Terra e as crianças da evangelização prestavam atenção, quando Pedro levantou a mão: – Professora, quando a gente cresce, não tem que trabalhar pra ser rico? – Pedro, não trabalhamos para sermos ricos, mas para nos realizarmos, desenvolvermos, para sermos felizes. Aninha considera: – Mas quem não tem dinheiro também não é feliz! – Ser feliz não está atrelado a ter dinheiro, Aninha, embora ele seja hoje tão valorizado na Terra. E mais: quando desencarnamos, não levamos nenhuma riqueza para o plano espiritual. Laurinha entra na conversa: – É porque não dá para o espírito pegar!
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– Rindo, a professora orienta: Sim, Laurinha! O espírito não vai pegar o dinheiro, porque não há valor para ele no plano espiritual. O importante para nós é acumularmos riquezas no coração. – Vixiiiii! Agora tem operação para fazer coração de ouro? – comenta Jorginho. Toda a sala começa a rir, fazendo com que a professora retome a ordem entre eles. – Quis dizer que a maior riqueza que temos são as nossas virtudes e que... – O que é virtude? – pergunta Aninha, interrompendo. – São as nossas qualidades. Com elas somos pessoas melhores, agimos cada vez mais no bem, trazendo coisas boas ao próximo e a nós mesmos. O que vocês fazem de
bom para vocês e para os outros? – Recolho o lixo e reciclo! – gritou Jorginho. – Eu tomo banho rápido – disse Pedro. – Eu ajudo minha avó – apressou-se Aninha. – Eu beijo e abraço meu cachorro – disse Laurinha. Novamente a agitação toma conta da sala, com todos comentando que abraçar o cachorro não era exemplo de virtude. – Como não, orienta a professora! Isso é afeto, amor. Demonstração de carinho para com os outros, sejam pessoas ou animais. Demonstra que Laurinha tem coração bom. E tudo que é bom volta para nós também. Os alunos começam a falar o que também fazem para demonstrar
que são carinhosos em casa, com os pais, amigos e avós. – Isso é a riqueza do coração! A única que levamos conosco. As que fazem nos sentirmos bem. Nossos mentores saberão que temos uma bagagem muito boa para carregar. Entenderam? – Siiiiiiim! – respondem as crianças. Laurinha então completa em voz alta: – Se não podemos levar coisas materiais, só quero ver meu mentor carregando minha bagagem de coisas boas! – Laurinha, não são bagagens como as de viagem. Laurinha sorri e pisca para professora dizendo: – Professora, não se preocupe, todas as minhas malas são de coração!
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JULHO - AGOSTO 2015 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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BAÚ DE MEMÓRIAS
Espiritismo
em ambientes simples Por Antonio Cesar Perri de Carvalho
Em Manaquiri, AM, a duas horas de barco de Manaus: reuniões da casa espírita na completa simplicidade
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onheci o espiritismo na infância, acompanhando minha mãe e um tio em reuniões mediúnicas públicas. Eram comuns na época as reuniões informais de estudos espíritas. Também participava de atividades de visitas a instituições e hospitais, quando levávamos lanches. Nos idos de 1961, adolescente ainda, acompanhei o início de funcionamento da Instituição Nosso Lar, num bairro nascente e periférico em Araçatuba, SP, onde morávamos. Frequentava a reunião pública dos domingos, com explanações doutrinárias e passes. Lembro que era num salão bem simples, onde havia também a oferta de sopa aos frequentadores. Três anos depois,
passei a colaborar na “Aula de Moral Cristã Neio Lúcio”, o que foi um grande incentivo para fundar depois a Mocidade Espírita da instituição. O lugar era mesmo bem singelo, com suas salas sem forro e mobiliário recebido por doações. Nas décadas seguintes, visitei outros ambientes que também me marcaram bastante. Um deles foi um grupo espírita dirigido por Gedeão Fernandes de Miranda, pioneiro do espiritismo em Araçatuba, então nonagenário. Localizava-se em um sítio, no Bairro do Goulart. Outra experiência foi assistir às reuniões de Chico Xavier, no Grupo Espírita de Prece, e participar dos atendimentos da chamada “pe-
regrinação”, em Uberaba. Também vêm à minha lembrança o centro dirigido por Langerton Neves, num sítio de Peirópolis, MG e o Centro Espírita Fé e Amor, fundado por Sinhô Mariano – tio de Eurípedes Barsanulfo –, na Fazenda Santa Maria, em Sacramento, MG. Esses e outros locais não somente fazem parte da minha experiência de vida como espírita como contam parte da história do espiritismo no Brasil. Essas recordações e experiências foram em mim reativadas com as releituras em torno da vida dos primeiros cristãos, relatadas por Emmanuel em seus romances históricos. Na maturidade, depois da trajetória profissional e de tempos passados na colheita de experiências no movimento espírita, passei a refletir, fazendo um cotejo entre a realidade espírita inicial e a que conhecemos na vastidão do imenso e diverso território brasileiro. Passamos a pensar em novos projetos, relacionados ao apoio a centros espíritas considerados mais simples, até que, em 2008, chegamos a apresentar um trabalho para ações direcionadas, incluindo o “Projeto Interiorização”1. Foi assim que, em parceria com entidades federativas, visitamos vários centros do interior dos Estados e, mais uma vez, a simplicidade ficou em evidência, como a que encontramos no grupo espírita de Manaquiri, AM, localizado a duas horas de barco de Manaus, e que se reunia em um ambiente tipo choupana indígena, sem energia elétrica, às margens de um pequeno rio. Dois anos depois, uma nova proposta: o seminário integrado “Ações de acolhimento, consolo e esclarecimento no Centro Espírita”2, implantado em 2012. Essas vivências já se refletiam no artigo “Acolhimento aos simples”3, onde se
enaltecia a importância de se incentivar a criação de centros espíritas em bairros e cidades, ponderando-se a necessidade de esclarecimentos evangélicos à luz do espiritismo direcionados a pessoas simples, com livros que trazem as lições ensinadas pelo Mestre para o entendimento da mensagem cristã”.4 Hoje, sem proselitismos e com base em dados do Censo do IBGE, preocupa-nos o fato de o espiritismo não estar tão presente nas faixas sociais que apresentam renda e escolarização mais baixas. Diante de tantas lembranças queridas de locais e pessoas onde justamente a simplicidade prevalecia, penso que nos encontramos em um momento crucial para definições de ações e estas devem ser repensadas para que o espiritismo chegue e se espraie levando sua contribuição espiritual a todos os segmentos da sociedade, não apenas na relação socioassistencial. É assim que me permito recordar também as experiências do cristianismo primitivo como meios de incentivo a essas reflexões e adequações em todas as áreas da atuação espírita. Entre elas, as recomendações do Doutor da Lei que se transformou em homem do povo: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador dele” (I Coríntios, 9:22-23). Referências: 1 Reformador. Ed. especial, maio, 2009. 2 Reformador. Ed. especial, maio, 2012. 3 Carvalho, Antonio C. Perri. Acolhimento aos simples. Reformador, fevereiro, 2011. 4 Carvalho, Antonio Cesar Perri. Orientação aos órgãos de unificação. FEB, 2010. Antonio Cesar Perri presidiu a Federação Espírita Brasileira e o CFN até março de 2015. www.correiofraterno.com.br
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CORREIO FRATERNO
ESPECIAL
Opinião do espírita no movimento espírita “O que é que todo mundo tem e ao mesmo tempo todo mundo gosta de dar? R. Opinião!”
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omo fazer para discernir conhecimento de opinião? Platão definiu conhecimento como “toda crença verdadeira e justificada.”1 Tudo que acreditamos ser verdade e que possui justificativas baseadas em métodos criteriosos de validação pode ser chamado de conhecimento. Embora essa definição contenha brechas para sofismas, ela permite entender a diferença entre uma mera opinião e um conhecimento. Por exemplo, ninguém diz que acha que a Terra gira em torno do Sol. Isso já é um conhecimento certo. Já opinião é uma crença pessoal que não foi validada por explicações ou justificativas conhecidas e respeitadas. Isso nos faz lembrar que o espiritismo trouxe uma www.correiofraterno.com.br
Por Alexandre Fontes da Fonseca das maiores contribuições para a sociedade: tornou as crenças a respeito da existência e sobrevivência da alma, bem como dos processos de comunicação entre ‘mortos’ e ‘vivos’, em conhecimento plenamente justificado através do emprego de métodos de análise dos fenômenos espíritas.2 No meio espírita é comum ouvir dizer que “se fulano disse ou se saiu em tal livro ou revista, trata-se de uma verdade”. Isso é chamado de “argumento de autoridade”, ou seja, quando uma pessoa é reconhecida pela sociedade pela importância de suas obras, torna-se respeitada e suas palavras passam a formar opinião. Seus comentários são tidos como válidos e certos independentemente
de se avaliar sua veracidade. E no movimento espírita, temos vários formadores de opinião. Pessoas que pela dedicação ao bem, à caridade e à divulgação do espiritismo, conquistaram o respeito público. Mas, como reconhecer uma opinião no movimento espírita? Utilizemos a definição de conhecimento, dada por Platão acima mencionada. Quando uma novidade é divulgada nos meios espíritas, procuremos suas explicações. Se a novidade não possui explicações, será uma mera opinião. Se as possui, analisemo-las. Quais as bases apresentadas para justificá-las? Conheço o conteúdo e o seu valor? Sou capaz de compreender as justificativas apresentadas? Se
a resposta for “não” a alguma das questões acima, se não temos conhecimento aprofundado das bases usadas para defender a novidade, de duas uma: ou as estudamos para avaliar melhor ou, simplesmente, consideramos a novidade uma opinião. Um exemplo típico de novidades em nosso meio que representam apenas a opinião de seus interlocutores são aquelas que frequentemente usam conceitos e fórmulas da física quântica para explicar as novidades. Há quem justifique as novidades argumentando que o espiritismo é uma doutrina aberta ao conhecimento e ao progresso. Kardec, no item 55 do capítulo I de A Gênese3 afirmou que “Caminhando de par
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com o progresso, o espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” Portanto, realmente, o espiritismo é aberto ao progresso. Porém, ele não é aberto a qualquer coisa e de qualquer modo. É o próprio Kardec quem faz ressalva nesse mesmo item, quando diz que o espiritismo “assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam desde que hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria.” Para uma novidade assumir “o estado de verdades práticas” e abandonar “o domínio da utopia”, é preciso que deixe de ser uma crença (isto é, mera opinião) para ser tornar um conhecimento, através de trabalhos de estudo e pesquisa que a justifiquem plenamente. Então, não basta alegar que o espiritismo é aberto ao progresso: tem que demonstrar que a novidade é, de fato, um progresso! E nesse aspecto, como ninguém é perfeito, é natural que, de vez em quando, os formadores de opinião no movimento espírita se equivoquem. Como proceder quando isso ocorre? Como fica, nesses casos, a “fé raciocinada” ensinada e estimulada pelo espiritismo? Devemos aceitar uma informação somente por ter sido trazida por um formador de opinião (médium ou não) respeitado (ou o mais respeitado) no movimento espírita? Como o espiritismo ensina a proceder diante de informações que distoam do conhecimento científico e/ou doutrinário? Felizmente, o espiritismo oferece orientações bem seguras. Uma delas é a conhecida afirmação de Erasto (item 230 do capítulo 20 de O livro dos médiuns4): “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.” Outra, menos conhecida, é a orientação de Santo Agostinho: “Observai e estudai com cuidado as comunicações que recebeis; aceitai o que a vossa razão não rejeita; repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aí a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, (...), as verdades que distinguireis sem dificuldade de seu cortejo inevitável de erros.”5 Erasto e Santo Agostinho deixam claro que aquilo que a razão não aprova, devemos rejeitar. Podemos, também, pedir esclarecimentos,
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mas enquanto isso não ocorre, a novidade não merece crédito. Agora, mudemos o foco das questões para nós. Que valor damos ao que é revelado por médiuns ou pessoas reconhecidas no movimento espírita? Qual deve ser a nossa postura perante essas novidades? Há algum exemplo do próprio Kardec? Isso é importante pelo caráter de dependência que se cria para com a opinião de certas pessoas em detrimento do exercício da fé raciocinada. Quando os nossos companheiros mais respeitados desencarnarem, como formaremos nossas opiniões a respeito das novidades? Quais serão nossos critérios de aceitação do que dizem encarnados ou desencarnados? E, mesmo que surjam companheiros cuja moral e esforços no bem e na divulgação do espiritismo mereçam o nosso mais profundo respeito e estima, vamos continuar a transferir para eles a responsabilidade de discernir no que devemos ou não crer? Não criticamos essa postura em outros meios religiosos? Kardec como referência Vejamos um exemplo significativo do próprio Kardec sobre uma opinião que ele acreditava estar correta (mas que hoje se sabe que não estava), e que, por prudência, ele evitou inseri-la no corpo da doutrina espírita por ser apenas uma opinião própria:6 “A questão da geração espontânea está neste número. Para nós, pessoalmente, é uma convicção, e se a tivéssemos tratado numa obra comum, tê-la-íamos resolvido pela afirmativa; mas numa obra constitutiva da doutrina espírita, as opiniões individuais não podem fazer lei; não se baseando a doutrina em probabilidades, não podíamos decidir uma questão de tal gravidade, apenas despontada, e que ainda está em litígio entre os especialistas. Afirmando a coisa sem restrição, teria sido comprometer a doutrina prematuramente, o que jamais fazemos, mesmo para fazer prevalecerem as nossas simpatias.” Como se vê, não se deve tomar opiniões individuais como verdades e serem propagadas em nome do espiritismo. Há quem justifique que o formador de opinião é criatura tão bondosa, culta e dedicada ao bem e à divulgação do espiritismo que jamais divulgaria uma ideia equivocada. Mas, para isso, temos em Kardec outro exemplo significativo. Ele levava a compreensão das ideias tão a sério que foi capaz
de questionar até mesmo algumas palavras de Jesus! Veja, por exemplo, o conteúdo do capítulo 33 de O evangelho segundo o espiritismo7, intitulado “Estranha moral”. Não foi porque Jesus disse que devemos “odiar” pai, mãe, esposa e filhos (S. Lucas, cap. 14, vv. 25 a 27) que de fato era para isso ser feito! Teria encarnado entre nós alguém mais bondoso, culto e dedicado ao bem que Jesus? Se isso fosse razão suficiente para aceitar certas palavras de Jesus, não teríamos o capítulo “Estranha moral” em O evangelho segundo o espiritismo. Como ninguém está acima do Cristo, ninguém pode clamar perfeição para suas opiniões. Portanto, analisemos as novidades, sejam elas de quem for, e rejeitemos tudo o que não estiver de acordo com os conhecimentos da ciência e do espiritismo, ou que não puder ser verificado por ambos. Isso não significa desrespeitar a pessoa que apresenta a novidade, nem reprimir a chegada delas. Os cuidados mencionados aqui visam apenas destacar a postura prudente, ensinada pela doutrina espírita, de não aceitar uma ideia só porque pessoas em quem confiamos as veiculam. Isso seria agir com fé cega, além da propagação, em nome do espiritismo, de conteúdos que não sabemos estar certo ser falta de responsabilidade. A Doutrina tem nos ajudado a sair da “fase” onde aceitamos e fazemos o que nossos mestres dizem, para aceitarmos e fazermos o que a nossa consciência, iluminada pela razão, consente. Meditemos que, talvez, quando irmãos respeitados no movimento espírita propagam ideias controversas, a espiritualidade esteja justamente nos convidando a exercer a fé raciocinada para despertar em nós, cada vez mais, o sentimento da responsabilidade espírita. Referências 1 Conhecimento – Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/ wiki/Conhecimento, acessado em 21 de março de 2015. 2 A. F. da Fonseca, “Como o espiritismo contribui para a sociedade?”, Jornal de Estudos Espíritas 1, artigo número 010203,2013. 3 A. Kardec, A gênese, FEB, 36 ed.,1995. 4 A. Kardec, O livro dos médiuns, FEB, 62 ed.,1996. 5 A. Kardec, “Dissertações espíritas”, Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos, julho p. 20,1863. 6 A. Kardec, “A geração espontânea e a A gênese”, Revista Espírita Jornal de Estudos Psicológicos, julho, p. 285, 1868. 7 A. Kardec, O evangelho segundo o espiritismo, FEB, 112 ed.,1996.
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Doutor e professor de Física do Instituto de Física da UNICAMP, em Campinas, SP. www.correiofraterno.com.br
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LeItURA
O retrato da criança abandonada Por SÔnIA KASSe
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onstantemente vemos e ouvimos notícias de crianças que são abandonadas pelas próprias mães e deixadas à mercê da sorte. Na maioria dos casos, esse abandono deve-se à gravidez precoce, ao baixo rendimento salarial e ao desemprego. Muitas dessas crianças crescem num ambiente totalmente inadequado e desestruturado, perambulam pelas ruas, dormem pelos cantos, pedem dinheiro nos faróis e acabam se envolvendo com drogas, furtos, violência e muitos outros delitos; algumas, inclusive, são exploradas por adultos inescrupulosos. A obra A reencarnação de uma rainha de J. W. Rochester (espírito); psicografia de Arandi Gomes Teixeira publicada pela editora Correio Fraterno, aborda esse tema que atinge a personagem principal Panderva, que logo após o seu nascimento foi abandonada nas ruas de Florença e deixada para morrer.
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Resgatada por pessoas de má índole, a menina cresceu entre maus-tratos e fome constante, até o dia em que conseguiu fugir e passou a viver nas ruas, realizando pequenos serviços em troca de algumas moedas. Mas o destino é inexorável e colocará no caminho de Panderva pessoas de caráter ilibado que a farão retornar à sua posição na realeza como nos tempos de outrora, quando reinava como rainha. É a Providência Divina dando-lhe uma chance de redenção dos atos praticados numa outra vida. Com um enredo cativante, o autor vai construindo a trama de amor, ódio, ganância e vingança que envolverá todos os personagens, conduzindo o leitor a uma compreensão das oportunidades que temos de nos redimir ou não diante de nossos enganos. Leitura prazerosa com um final surpreendente. Sônia Kasse é educadora aposentada do Ensino Fundamental.
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ANÁLISE
Divertida mente: o desenho que reacende o valor dos sentimentos Por Eliana Haddad
Raiva, Nojinho, Alegria, Medo e Tristeza: conflito das emoções que geram aprendizados
É
complicado falar sobre as emoções no longo aprendizado da vida. Ainda que escondidos por algum tempo, sentimentos como o amor, a tristeza, a alegria, o medo e a raiva são realidades presentes na caminhada de todos nós e vêm à tona em situações diversas, muitas vezes nos momentos mais inesperados. Ousado, ao tentar personificar esses sentimentos, o filme Divertida mente1, aplaudido e premiado como melhor animação no consagrado Festival de Cannes ((junho/2015), estreou em telas brasileiras nas férias de julho, deixando não somente às crianças um convite à observação sobre o intrincado mecanismo das emoções na vida, como estimulando a reflexão dos adultos sobre os verdadeiros valores da educação, da família, do trabalho e do convívio social.
O desenho, centrado na menina Riley, mostra como é difícil amadurecer e que crescer gera conflitos. De mudança com a família do meio-oeste americano para São Francisco, onde o pai arrumara novo emprego, Riley é guiada pelas emoções Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho, numa relação que retrata o que acontece com cada um de nós, com nossos sentimentos importantes, que quase sempre não combinam entre si e, num descuido, levam-nos facilmente a situações de desequilíbrio. No filme, as emoções estão criativamente instaladas num centro de controle dentro da mente de Riley. É dali que saem os ‘conselhos’ dos sentimentos para as várias circunstâncias de sua vida. E aí vem a parte mais interessante do roteiro: as emoções se esforçam para se adaptar às mudanças e fazer valer o seu domínio. Na
fase de adolescência da menina, cria-se uma louca agitação, onde cada sentimento tem seus argumentos para entrar em ação nos momentos de pânico e encontrar a melhor solução para a garota se adaptar à nova vida. Além dos sentimentos, há também ilhas de segurança que sustentam o equilíbrio das emoções, como a ilha da família, a ilha da bobeira, a ilha da amizade, a ilha do hobby etc, todas elas perdendo seu colorido e importância, à medida que os sentimentos entram em crise, quando as emoções não conseguem mais conviver harmoniosamente. Na verdade, vários conceitos se apresentam nesse desenho aparentemente infantil. Os sonhos, as fantasias, a saudade, ilusões, a memória, a personalidade e ... a depressão. No caso, é de grande importância a contri-
buição do roteiro ao mostrar a tristeza não como algo ruim, ameaçador, que deve ser arrancado abruptamente, mas como um sentimento normal, delicado até, e que também tem o seu valor, desde que não seja duradouro e que leve a iniciativas que se constituirão em progressos. Afinal, nem sempre há como se fugir dela; ao contrário, é preciso em algumas situações prestar muita atenção sobre o que ela está dizendo, escutá-la com carinho como um alerta amigo, um aviso de necessidade de transformações. Chorar também, sugere o filme, é necessário. Tudo se soma no autoconhecimento como poderosa alavanca nos impulsionando a tentativas de solucionar o que nos incomoda e a não repetir o que nos fez sofrer. Trazendo-se o tema para a visão espírita, é bom lembrar que sentimento, vontade, pensamento e memória são atributos do espírito. E que nele, portanto, está o controle. Tudo está ali, na essência espiritual, mas acontece que nada está pronto, necessitando-se de experiências, vivências particulares e intrasferíveis, para que esses aprendizados possam solidificar as diversas “ilhas” da individualidade e pautar a caminhada em forma de alegria e paz de consciência pelo dever cumprido. Vale lembrar, como ilustração para o tema, o que apontou o filósofo e escritor Léon Denis sobre os sentimentos, em O problema do ser, do destino e da dor. “Não há progresso possível sem observação atenta a nós mesmos. É necessário vigiar todos os nossos atos impulsivos para chegarmos a saber em que sentido devemos dirigir nossos esforços para nos aperfeiçoarmos”. É justamente nessa caminhada, na luta das nossas emoções, assim como no filme, que está o maior segredo da vida. Não há outra forma de conhecer as nossas emoções. Atentemos, pois, a todas elas – alegres e tristes. Elas fazem parte do processo de superação. Sempre há o que aprender. 1- Disney, Pixar Animation Studios. www.correiofraterno.com.br
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cULtURA & LAZeR
Festival de Música Espírita em São Bernardo O Conselho Espírita de São Bernardo do Campo realizará 2º Festival de Música Espírita e está com inscrições abertas até o dia 18 de agosto. As dez músicas mais votadas na internet serão apresentadas na final, no dia 17 de outubro, no Teatro Cacilda Becker, às 17h, com entrada franca e entrega voluntária de alimentos. O evento tem o apoio da Prefeitura Municipal, da Associação Brasileira de Artistas Espíritas, dentre outros. www.femesbc.com.br.
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1º Encontro de Magnetizadores EspíriSET tas da Bahia Será realizado em 20 de setembro, na sede da Federação Espírita do Estado da Bahia o Encontro de Magnetizadores Espíritas, dirigido a representantes de casas espíritas atuantes na área de fluidoterapia. Realização: C. F. Noélia Rodrigues Duarte, Grupo Espírita Paz e Caridade, dentre outros. Rua Cel. Jayme Rolemberg, 110, Salvador. Informações: (71) 9968- 0496. Email: eme.ba33@gmail.com.
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8º Congresso Espírita Mundial – Portugal Estão abertas as inscrições para o 8º Congresso Espírita Mundial, que será realizado de 7 a 9 de outubro de 2016 em Lisboa, Portugal, sob a coordenação da Federação Espírita de Portugal e Conselho Espírita Internacional. Inscrições no site www.8cem. com. A empresa RW Turismo mantém promoção por tempo limitado para os que apresentam comprovante de inscrição na compra do pacote de viagem. Fone: (11) 3667-3506 - 3664-9600 Site: www.rwturismo.com.br
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DOMINOX DO CORREIO
Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
Escreva nos diagramas, respeitando os cruzamentos, alguns dos importantes nomes do Novo Testamento. 4 letras João 5 letras Jesus Silas Maria Jonas Jairo Lucas Paulo
J
o n A
S
6 letras Aquila Isaias Simeão Marcos Felipe Mateus
ENIGMA
A que ordem de fenômenos pertencem os fatos considerados milagrosos no Evangelho? qualquer hora, em qualquer lugar
7 letras Ananias Batista Pilatos Barnabé
Veja em: www.correiofraterno.com.br
8 letras Jeremias
Resposta do Enigma:
Solução da Cruzada
À dos fenômenos psíquicos A gênese, cap. 15.
Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br
9 letras nicodemus
em Meu pai ou meu irmão? Eu rezei para Jesus e disse “Pai, me ajude...”
não, laurinha...
...é por isso que ele não te escuta! Deus é nosso Pai e Jesus é nosso irmão!
Vou lá conversar com meu irmão, então!
Feijoada com música ao vivo (Samba, MPB e Bossa Nova) com o Grupo Enaltece Dia 16 de agosto, domingo, das 12:00 às 15:30h Reúna a família e os amigos e venha saborear uma deliciosa feijoada! Reserve o seu convite: (11) 4109-8938. Local: Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955, B. Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP. Roteiro: Tatiana Benites / Ilustração: Hamilton Dertonio www.correiofraterno.com.br
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Rezo tanto... Por Suely Venturini
“N
ão me conformo! Procuro ficar o tempo todo em oração, com bons pensamentos, não mato uma mosca e mesmo assim sou vítima de sensações ruins, perco o controle e me sinto fraca. Nesses momentos, me sinto impotente e me pergunto: “até quando vou depender dos outros para me socorrer?”. Queixas como essas são recorrentes no centro espírita e dizem respeito ao grau de autocontrole do indivíduo diante das influências espirituais. Muitas pessoas procuram ajuda terapêutica e acham que o caminho mais fácil e rápido é o recurso medicamentoso, com o auxílio do psiquiatra. Quando a pessoa tem alguma noção das questões espirituais e aceita buscar ajuda nesse âmbito, fica mais fácil. Porém, quando existe o desconhecimento, a resistência ou negação, muitas vezes por preconceito, o caminho é mais árduo. Normalmente a própria pessoa justifica o seu mal-estar como “uma energia que não entende”. Certa vez uma moça de apenas 23 anos ressaltou para mim que se sentia melhor ao tomar o passe, o que não ocorria ao tomar medicamentos. Falei a ela sobre a importância da oração e dos bons pensamentos para a manutenção do equilíbrio, mas que por si só não seriam suficientes. Além disso, destaquei ser necessário entender o que causa a oscilação do equilíbrio interno, que desencadeia pensamentos e emoções relacionados com o passado, que por sua vez, trazem sentimentos de revolta, rejeição, tristeza, raiva e outros possíveis. Com isso, vem a diminuição do seu padrão vibratório, deixando a pessoa suscetível a energias similares, que acabam por ampliar essas emoções e o mal-estar. Este exemplo nos elucida como é importante nos conhecermos cada vez mais, observando nossos mecanismos e reações, pois são eles os principais desen-
cadeadores de nossos descontroles. Para as interferências espirituais negativas se instalarem e conseguirem nos atingir necessitam encontrar uma “brecha” em nossas defesas. O importante é estar sempre vigilante para perceber quando se está começando a perder o frágil autocontrole. Quando nos descontrolamos e cometemos agressões, fica muito mais difícil restabelecer o equilíbrio emocional e a partir daí reconhecer erros, pedir perdão e buscar a reconciliação com os envolvidos. É claro que essas reflexões terapêuticas não levam uma hora ou um dia apenas, pois elas nos obrigam a recuperar acontecimentos do nosso passado e vivenciá-los, e dar-lhes uma nova conotação, a partir de uma releitura, com
um raciocínio mais elaborado e amadurecido. Nesses momentos, ficamos surpresos como tais acontecimentos do passado ainda marcam nossa personalidade e possuem carga energética
suficiente para provocar reações inesperadas e assim “abrir uma janela” àqueles espíritos que esperam esta oportunidade para influenciar nosso psiquismo e destruir nossas relações afetivas, nossas produções profissionais e, enfim, nossa autoestima. Por que depois de tudo isso, pensamos: “quem vai nos amar?”. Enquanto buscamos nos melhorar como seres humanos, podemos pedir ajuda aos nossos amigos, tanto espirituais quanto encarnados, que, para minimizar nossas aflições, poderão encontrar inspiração nas preces contidas em O evangelho segundo o espiritismo, suplicando: “...Deus de infinita bondade, digna-te de suavizar o amargor que se encontra esse meu irmão querido, se assim for a tua vontade. Bons espíritos, em nome de Deus Todo-Poderoso, eu vos suplico que o assistais nas suas aflições. Se, no seu interesse, elas lhe não puderem ser poupadas, fazei que compreenda que são necessárias ao seu progresso. Dai-lhe confiança em Deus e no futuro que lhes tornará menos acerbas. Dai-lhe também forças para não sucumbir ao desespero... e encaminhai para ele o meu pensamento, a fim de que o ajude a manter-se corajoso”. Psicóloga, Suely participa do Instituto de Estudos Espíritas Dr. Wilson Ferreira de Mello e da Associação dos Divulgadores do Espiritismo, em Campinas,SP.
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FOI ASSIM
A atitude inesperada Por ANTONIO CARLOS TARQUÍNIO “... O menor é abençoado pelo maior.” Paulo (Hebreus, 7:7)
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ratava-se de professor emérito. Lecionava há muito tempo naquela notória instituição de ensino. Na altura dos sessenta e poucos janeiros, talvez mais, não se lhe notava no semblante quaisquer rugas de expressão que indicasse mágoa ou ressentimento. Eu estava nervoso, pois sabendo quem ele era, temia não atendesse minha solicitação. Meu temor envolvia também certa expectativa de maltrato, fruto da petulância com que pessoas assim costumam tratar seus subordinados – no meu caso, aluno. Não muito tempo antes, havia tido o desprazer de conviver com uma pessoa assim. Ao invés de ensinar, desensinava. Em vez de fornecer luzes, o que devia ser o seu papel, escurecia. Colocava a si mesma num pedes-
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tal tão alto que em vez de compartilhar conhecimentos, fazia exigências. E muito embora exteriormente parecesse uma pessoa tranquila, era possível surpreender-lhe na face um certo ar de crueldade. Não era pessoa em que se pudesse confiar. É porque todos os seus ‘empregados’, digo – alunos ligados diretamente a ela –, sofriam com as incertezas típicas de uma relação assim. Enfim, por tudo isso, eu estava aflito e esperando por humilhação e descaso. Falei-lhe ao telefone e ele me pediu que fosse encontrá-lo lá no grande educandário. Enquanto o procurava, avistei um senhor muito simpático vindo pelo corredor cercado de alunos em conversa deveras animada. Quando percebeu que eu olhava para ele – confesso um pouco ansioso –, ele me disse: Você é o Antonio
Carlos? Eu respondi, sim. Como precisava ir ao banheiro, me pediu que o acompanhasse, e, ali mesmo, conversando comigo como se fosse um velho amigo, atendeu prontamente o meu pedido. Nunca vi tanta simplicidade numa pessoa assim tão importante. Foi quando aprendi o que era a grandeza real e verdadeira – a da alma. Este fato aconteceu com Antonio Carlos Tarquínio, filósofo e articulista de São Paulo. Conte também a sua história para ser publicada aqui na seção Foi Assim, do Correio Fraterno. (redacao@correiofraterno.com.br)
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DIRETO AO PONTO
O céu e a Terra passarão... O
s ensinamentos e apontamentos de Jesus são tão profundos e abrangentes que uma simples frase sua pode nos levar a várias reflexões. Quando Matheus (24:35) nos diz que o céu e a Terra passarão, temos um exemplo de sua incrível capacidade de resumir grandes verdades em poucas palavras. Além do contexto já amplamente discutido e conhecido sobre acontecimentos futuros pelos quais a Humanidade passaria na questão de guerras, dores e sofrimentos, podemos observar ainda o seu alerta sobre a temporalidade da vida, onde nenhuma circunstância material é definitiva. Ensina-nos Jesus que somente suas palavras, que resumem a grande verdade da vida, o amor, ficariam. O céu e a Terra significariam o cenário de nossas encarnações, onde somente o ator, ou espírito sobrevive, todo o restante se transforma. A vida é dinâmica e as mudanças, às quais quase sempre resistimos, são necessárias para nossa evolução, que somente se dará com novas vivências. A própria reencarnação está baseada neste processo. O grande desafio é o de nos desapegarmos do conhecido, do confortável, de situações que dominamos ou desejamos e até mesmo de quem amamos. No decorrer de nossa imortalidade mudaremos de corpo, de nacionalidade, de sexo, de agregação familiar, de condição social, cultural, financeira e religiosa, e todas estas mudanças e transformações visam pura e
Por UMBERTO FABBRI
tão somente nosso crescimento e amadurecimento espiritual. Destruindo e reconstruindo a exterioridade, fundamentamos nossa interioridade. A parte teórica do desapego é lógica, razoável e compreensível, mas quando partimos para a parte prática, percebemos que mudar, ou aceitar que parte de nossas vidas se transforme, não é um processo simples e muitas vezes nada fácil. Quantas pessoas adoecem pela não acei-
tação das alterações comuns da vida, como o envelhecimento e suas consequências naturais? Ou mesmo a partida dos filhos que precisam construir sua própria vida? A perda do poder, do dinheiro, da beleza ou ainda a separação física dos afetos constituem grandes provas e cedo ou tarde, nesta ou em outra existência, todos nós passaremos por estas situações, entretanto o mundo íntimo edificado por nosso esforço e trabalho se manterá, melhorando sempre
por meio destas mesmas temidas mudanças. Erramos em acreditar que nossas raízes ou estabilidade estão alicerçadas na materialidade, fora de nós, pois, na verdade, o reino de Deus, segundo Jesus, está dentro de cada criatura, e é nele que realmente habitamos, no mundo íntimo que construímos, e esta será nossa morada efetiva. A conscientização da transitoriedade dos bens transferíveis que nos rodeiam garante nossa saúde emocional. Com este processo educacional, a lei divina, assim, nos incentiva a valorizar nossas conquistas íntimas e intransferíveis, nossos verdadeiros tesouros. Certa feita um mentor nos elucidou que Deus deu ao homem o Universo a conquistar, a conhecer, mas na maioria das vezes ele perde grande parte de sua existência tomando conta e tentando possuir um único grão de areia desta grande imensidão. Dentro destas experiências é imprescindível a fé raciocinada, que fortalece, motiva e encoraja as superações necessárias. Sempre importante relembrar que somos os filhos amados do Criador, que tudo pelo que passamos é fruto de sua misericórdia e amor. Relembrando nosso querido Chico, tudo passa... Profissional de Marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Acaba de lançar o livro O traficante, ditado pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).
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MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!
Um novo aroma pela cidade
Idosos e crianças trocam afetos em espaço que une asilo e pré-escola
Um grupo coletivo chamado Escala Humana criou em São Paulo o que chamam de poste parade. A ideia é aproveitar os postes, colocando estruturas que acomodem vasos de plantas. “A gente queria que as pessoas saíssem da rotina e reparassem na cidade”, explica a arquiteta Dayana Araújo, 28, integrante do grupo. São hortaliças básicas e resistentes, que deixam um cheiro agradável. “Sabíamos que algumas mudas poderiam ser levadas. Vamos recolocá-las”, comenta Dayana. O poste-horta que fica na esquina da Paulista com a rua Maria Figueiredo não foi o primeiro feito pelo grupo. A estreia do projeto foi no largo da Batata, em Pinheiros e nos próximos meses, outros cinco postes da cidade também terão mais esta utilidade.
Pequenas mãozinhas brincam com as mãos marcadas pelo tempo e de movimentos lentos em Seattle, nos Estados Unidos. A ideia de interação e vivência entre crianças e idosos partiu do projeto Intergenerational Learning Center (Centro de Aprendizagem Intergeracional), que mantém a estrutura física para os dois segmentos distintos, mas estimula a troca de afeto entre gerações, com crianças de até cinco anos que realizam atividades cotidianas com os mais de 400 idosos atendidos no espaço. A iniciativa já é um sucesso. De um lado, as crianças aprendem a se relacionar com diferentes gerações, a respeitar os mais velhos e a conviver com pessoas com limitações físicas. Já os idosos recebem carinho e são estimulados intelectual e fisicamente pelos exercícios com os alunos.
Na Avenida Crozet, em Genebra, na Suíça, os jardins das casas foram transformados em hortas. Todos os vizinhos podem desfrutar dos alimentos colhidos nas plantações. Cada família planta determinado alimento no jardim de sua casa. Depois, esses alimentos são trocados por outros, plantados em jardins vizinhos. O bairro se tornou uma grande horta comunitária que oferece alimentos para todos os seus moradores.
Fonte: jornaldeboasnoticias.com.br
Fonte: http://aboanoticiadodia.tumblr.com
Fonte: catracalivre.com.br
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Jardins viram hortas comunitárias