Correio Fraterno 465

Page 1

ISSN 2176-2104

CORREIO

FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano

47

465

Setembro-Outubro

2015

Entrevista

Reconhecido por sua lógica na interpretação da doutrina e em sua divulgação, Cosme Massi fala sobre ciência, atualidades do espiritismo e a importância do papel de Allan Kardec. Leia nas páginas 4 e 5.

Setembro Amarelo alerta sobre prevenção do suicídio

A

cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, um motivo forte o suficiente para que a prevenção do suicídio tenha toda a atenção do Centro de Valorização da Vida, que dia 11 de setembro realizou no Rio de Janeiro simpósio internacional, reunindo especialistas e voluntários no atendimento. A escuta amorosa por telefone, chat ou e-mail tem feito a diferença para milhões de pessoas. Prédios públicos e monumentos em vários estados do Brasil foram iluminados com a cor amarela, traduzindo a situação de alerta para o tema, para que a informação substitua o tabu, principalmente quanto à sua abordagem pela mídia. Leia mais nas página 8 e 9.

Despede-se o cineasta Edson Audi No último mês de agosto, o cineasta Edson Audi saiu de cena no palco da vida terrestre. Ele colocou a sua sensibilidade em forma de arte a serviço da divulgação do espiritismo e trouxe imagem e movimento à reprodução da sua história. “Audi foi um grande profissional, mas não deixou de assumir o trabalho com sua mediunidade”. Leia mais na página 7.

Porque nenhuma ação fica esquecida na grande harmonia que rege o Universo.

Lá vem a Laurinha!

Menina esperta, não perde por nada uma aula no centro. Tem interesse por tudo, mas na hora de concluir e contar o que aprendeu sempre acaba fazendo confusão. Desta vez ela quer saber se os espíritos comem. Leia mais na página 6.

wwwcorreiofraterno.com.br 11 4109-2939

www.facebook.com


2

CORREIO FRATERNO

seteMbro - outubro 2015

edItorIAl

Valorizando a

S

e perguntarmos qual foi a reação de Jesus, com relação ao pecado da mulher adúltera, logo vamos responder: “Que atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado”. Porém, há pouco tempo, em uma reunião de pauta do jornal, um dos participantes lembrou que Jesus primeiro silenciou, pensou, escreveu na areia... e só depois respondeu ao que lhe fora perguntado. Isso nos fez lembrar a importância do silêncio para se emitir qualquer opinião e a importância da escuta nos momentos de crise. Afinal, diante de tantos problemas humanos, qual tem sido nossa primeira reação? Opinar. Sobre isso, também, muito fez refletir

Uma ética para a imprensa escrita

vida

o simpósio internacional realizado pelo CVV – Centro de Valorização da Vida, em setembro, no Rio, participando das comemorações do Dia Mundial de Prevenção de Suicídio. Um milhão de pessoas são atendidas pelo CVV por ano! Em tempos de compartilhamentos de sorrisos, vitórias e festas nas redes sociais, há muita gente sofrendo de solidão, passando por transtornos emocionais, pensando em atentar contra a própria a vida. Desabafar pode ser uma grande saída para momentos em que o mundo pesa nas costas, sem qualquer lembrança de alívio. No desespero, uma escuta amorosa faz toda a diferença, quem sabe indicando

em dois artigos, escritos por Allan kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

um outro horizonte mais promissor. Este é o principal assunto desta edição. É preciso desabafar... e ser ouvido. Há 53 anos, sem interesse religioso ou partidário, o CVV faz isso, preservando a vida, evitando suicídios. Em silêncio. Boa leitura Equipe Correio Fraterno

que deve e precisa da sua meridiana clareza expositiva e do seu lúcido raciocínio lógico.” Parabéns pela matéria. Nelson Moya, São Paulo A editora foi de uma imensa felicidade ao reeditar o livro do grande Herminio C. Miranda, Os procuradores de Deus.

Livro maravilhoso. Fácil de ser entendido, o que nem sempre acontece com os livros do autor, que são em grande parte bastante complexos, devido ao grande conhecimento de que era portador. Todo leitor espírita deveria agradecer pela felicidade dessa publicação. Ricardo Orestes Forni, Tupã, SP

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

CORREIO

FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118

Presidente: Adão Ribeiro da Cruz Vice-presidente: Tânia Teles da Mota Tesoureiro: Vicente Rodrigues da Silva Secretária: Ana Maria G. Coimbra Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br

JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/correiofraterno Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Comunicação e marketing: Tatiana Benites Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: Gráfica Mar Mar

• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. discutiremos os princípios que professamos.

CORREIO DO CORREIO Os procuradores de Deus Adorei a matéria sobre o Herminio Miranda e o livro Os Procuradores de Deus. Me chamou muito a atenção a resposta à pergunta: “Se essas informações já chegaram até nós, por que há tanta resistência em se aceitar a vida espiritual?” R. “O leitor irá a ele (Kardec) quando sentir

• discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

Telefone: (011) 4109-2939 E-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br Site: www.correiofraterno.com.br Twitter: www.twitter.com/correiofraterno Atendimento ao leitor: sal@correiofraterno.com.br Assinaturas: entre no site, ligue para a editora ou, se preferir, envie depósito para Banco Itaú, agência 0092, c/c 19644-3 e informe a editora. Assinatura anual (6 exemplares): R$ 42,00 Mantenedor: acima de R$ 42,00 Exterior: U$ 28.00 Periodicidade bimestral Permitida a reprodução parcial de textos, desde que citada a fonte. As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal.

• confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. serão um meio de esclarecimento. • se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

3

Acontece

Inclusão social é tema de simpósio sobre espiritualidade na Unifesp Por Izabel Vitusso e Eliana Haddad

N

os dias 25 e 26 de setembro, o Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade realizou no Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo o VI Simpósio de Saúde e Espiritualidade, e teve como tema central: Inclusão social e educação. Realizando a abertura, pacientes da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), junto aos seus familiares, fizeram apresentação de dança e capoeira, trazendo exemplos de possibilidades e novos horizontes em matéria de inclusão e terapêutica. Carregado de relatos de importantes experiências sobre o tema, houve na sequência a apresentação dos neurocientistas Sissy Veloso Fontes, criadora do Curso de Cuidados Integrativos da Unifesp, e o professor Acary Souza Bulle Oliveira, diretor deliberativo do NUSE – Núcleo Universitário de Saúde e Espiritualidade da instituição, entidade criada no final de 2006, por um grupo de acadêmicos, profissionais das áreas da saúde, da educação e administração de diversos setores da Unifesp, com o objetivo principal de estudar a interface da saúde, doença e espiritualidade.

O neurologista Acary Oliveira, com especialização em comunidades indígenas do Xingu, lembrou que a Unifesp é uma universidade aberta e permite “oportunidades maravilhosas” para se compreender que o paciente não pode ser apenas um objeto de protocolo. Em sua palestra sobre “Papel da sociedade frente às doenças neurodegenerativas” explicou que a espiritualidade já está dentro do contexto saúde, mas é preciso demarcar essa situação. “Somos todos iguais”, assinalou, lembrando que quando perdemos as funções do corpo físico, ainda nos resta o lado emocional e espiritual. “Há trabalhos fantásticos que mostram o quanto a espiritualidade melhora a condição do paciente”, citou a reitora Soraya Soubhi Smaili, comentando não ser mais possível dizer-se que espiritualidade seja algo fora da ciência. “O que nós precisamos é ser mais

1

3 1- AACD: Inclusão social pela dança e capoeira 2- Painel de debates 3- Prof. Acary Oliveira e a reitora prof. Soraya Smaili

humildes como cientistas e assumirmos que sabemos muito pouco.” No sábado (26), sob a coordenação de Rafael Latorraca e Camila Picollo, foram realizadas palestras referentes a cuidados integrativos na inclusão social (Sissy Veloso Fontes), sobre o acolhimento ao idoso nos serviços de saúde (Naira Dutra Lemos), inclusão sob o ponto de vista legal (Eduardo Ferreira Valério), reintegração da espiritualidade na saúde (Liggiane Monteiro e Aroldo Cardoso). Houve também oportunidade de o frei Volney Berkenbrock e o lama Rinchen Khyenrab falarem sobre a contri-

Temática espírita reúne pesquisadores

A

doutrina espírita é um rico manancial de possibilidades. E nela é possível perceber um forte teor de ciência empírica, um conteúdo filosófico marcante e um vasto repertório de conceitos morais, que a tornam uma doutrina sui generis. Uma dessas oportunidades aconteceu nos últimos dias 29 e 30 de agosto, na cidade de São Paulo, com a realização do 11º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, quando reuniu cerca de 130 participantes de diversas regiões do país. O evento foi realizado na sede da

Por Marcelo Stanczyk União das Sociedades Espíritas de São Paulo – USE/SP e contou com a parceria também do Centro de Cultura Documentação e Pesquisa do Espiritismo, Eduardo Carvalho Monteiro – CCDPE-ECM. Com o tema central “Panorama atual das pesquisas científicas sobre a reencarnação”, foram apresentados 13 trabalhos científicos, produzidos por mais de 15 pesquisadores, dentre eles oito relativos à reencarnação, dois de cunho histórico e sociológico, uma pesquisa sobre filosofia, uma ligada à educação e um estudo de caso ligado à assistência social.

2

Na oportunidade, também foram lançadas duas obras. Dá-me de comer: A assistência social espírita, obra da coleção “Espiritismo na Universidade”, onde o pesquisador Pedro Simões levanta as peculiaridades da interpretação do que seja ação social, no meio espírita. Em nome de Kardec, de Adriano Calsone (Vivaluz) traz fatos inéditos sobre o pós-Kardec e os movimentos que levaram ao desaparecimento do espiritismo na França. Todo ano, o Encontro da Liga traz também a oportunidade para que seus membros possam se encontrar presencialmente para

buição da religião para a compreensão de saúde e inclusão e sobre expressões da espiritualidade humana. O psicólogo Júlio Peres encerrou o evento com a palestra “Deve a psicologia considerar a reencarnação?”, trazendo sua experiência profissional e de pesquisa acadêmica com a mediunidade e a regressão de memória. Encerrando o simpósio, a apresentação do coral Sua Voz, do Hospital A. C. Camargo, formado por pacientes laringectomizados (que tiveram remoção total da laringe), deixou emocionante mensagem de superação, alegria e celebração da saúde.

discutir assuntos importantes e os desdobramentos das atividades da entidade virtual, fundada por Eduardo Carvalho Monteiro, em 2002, voltada a aproximar estudiosos e pesquisadores da temática espírita com o foco no intercâmbio de informações e na preservação da memória do movimento espírita. Ao encerrarem o evento, Júlia Nezu, presidente da USE estadual e uma das fundadoras do CCDPE, e também o coordenador do encontro deste ano, Adilson José de Assis, manifestaram a satisfação pelo sucesso do evento, informando ser a “Mediunidade” a temática para o encontro do ano que vem em São Paulo. Site: www.lihpe.net Marcelo Stanczyk é palestrante, membro da Lihpe, cofundador do CCDPE-ECM. www.correiofraterno.com.br


4

CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

ENTREVISTA

Cosme Massi

Lógica, ciência e filosofia para melhor entender Kardec Por Eliana Haddad Qual o objetivo do seu trabalho para a divulgação do espiritismo? Cosme: Explicar as obras e o pensamento de Allan Kardec. Usamos a lógica, as ciências e a filosofia como ferramentas para explicar os principais conceitos utilizados por Kardec. O espiritismo, disse Kardec, é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. A publicação de Kardec é um modelo de simplicidade e profundidade. Nosso objetivo é contribuir para evidenciar a riqueza, o rigor científico-filosófico, a coerência lógica e a atualidade dessas publicações.

D

outor e mestre em lógica e filosofia da ciência pela Unicamp, graduado em física pela UFRJ, Cosme Massi é hoje reconhecido no meio espírita por ser um grande estudioso da ciência e da filosofia espírita. Carioca radicado em Curitiba, ele dedica grande parte de seu tempo para difundir o espiritismo não só através de livros e palestras, mas pela mídia digital. A fundação do Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec,em 2008 encabeçada por ele junto ao um grupo de estudiosos, é a base para frentes de interação, via site, com quem deseja estudar e entender a fundo o espiritismo. Ao participar em agosto em São Paulo, do Encontro da Liga dos Historiadores, Cosme Massi concedeu ao Correio Fraterno esta reflexiva entrevista: www.correiofraterno.com.br

Foi isso que o levou a criar o Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec e o Clube Kardec ? Sim. Criamos o IPEAK, e com um grupo de amigos, colocamos todos os textos de Kardec relacionados entre si. Neste site é possível estudar toda a produção de Kardec, inclusive nos originais franceses. Por outro lado, muitas pessoas enviam-me questões sobre a obra de Kardec, que expressam dificuldades de leitura e interpretação. Assim, resolvemos criar o Clube Kardec, um site para explicar o pensamento e a obra de Kardec, onde o estudioso conta com vídeos que explicam, inicialmente, O livro dos espíritos, com seus itens ordenadamente aprofundados e também com diversos temas filosóficos para a compreensão do pensamento de Kardec. Em sua opinião, o espiritismo corre perigo se não lhe forem preservadas as bases? O espiritismo, tal como formulado nas

obras de Kardec, é uma genuína ciência da alma. Seus textos apresentam de forma lógica e completa os princípios fundamentais dessa ciência. O texto de Kardec é tão claro e completo que não deixa espaço para deturpações. Enquanto continuarem sendo estudados e divulgados, o espiritismo, como qualquer ciência bem formulada, não tem nada a temer. As verdades que expressa, como todas as leis naturais, são eternas e cedo ou tarde se impõem. O que você nota de mais conflitante do espiritismo do século 19 e o de hoje? A falta de estudos profundos e metodicamente bem conduzidos como aqueles que eram realizados na Sociedade Espírita de Paris, sob o comando de Allan Kardec. Hoje, de uma forma geral, muitas pessoas enfrentam dificuldades para estudar, ou ler e interpretar adequadamente, as obras de Kardec. Essas dificuldades são consequências da baixa qualidade da educação do país. Os nossos índices de leitura e de interpretação adequada de textos estão entre os mais baixos do mundo. A Revista Espírita, por exemplo, é pouco estudada de forma metódica e profunda. Nem tudo o que está na Revista Espírita está nas obras da codificação. Ao estudá-la não há risco de tomarem-se suas afirmações por universais? O conteúdo da Revista Espírita é totalmente consistente com o conteúdo das cinco obras mais conhecidas de Kardec . Kardec, no seu pequeno livro Catálogo racional das obras para se fundar uma


CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

biblioteca espírita, denomina todas as suas obras, incluindo a Revista Espírita, de obras fundamentais do espiritismo. Ele recomenda o estudo da Revista Espírita simultaneamente com o estudo das suas outras obras. Ela é fundamental para se entender com mais detalhes e profundidade vários dos princípios e dos fenômenos estudados nas outras obras. Claro que nela há textos que não se encontram nas outras obras, mas não são textos que entram em contradição com elas. Kardec não é repetitivo, quando não há necessidade de sê-lo. A Revista Espírita complementa e explica as suas outras obras e os princípios fundamentais do Espiritismo. Se não a estudarmos, corremos o risco de ter uma visão incompleta e deturpada do espiritismo. Por que não se fala mais em magnetismo, por exemplo, se Kardec disse que as duas eram ciências irmãs? O magnetismo, que foi investigado também por Kardec no século 19, é o estudo da ação dos espíritos, encarnados ou desencarnados, sobre os chamados fluidos magnéticos humanos, elementos sutis e de natureza material desconhecida. Kardec, em A gênese, faz uma análise desses fluidos, mostrando como refletem as qualidades morais dos espíritos que os manipulam. O estudo desses fluidos se relaciona diretamente com o estudo do perispírito, por isso a estreita ligação do magnetismo com o espiritismo. O magnetismo investiga uma parte do conjunto dos fenômenos espíritas estudados pelo espiritismo. Neste sentido é que se pode dizer que o magnetismo e o espiritismo são ciências irmãs. Há nas obras de Kardec importantes referências e contribuições para o estudo do magnetismo. No século 19, tais estudos eram mais comuns do que hoje, principalmente na Europa. Não estudei a razão porque são mais raros hoje. As duas grandes guerras mundiais e o progresso tecnológico têm favorecido os estudos e desenvolvimentos das ciências que se apoiam diretamente na física e na química modernas. O paradigma materialista determina, no presente, os investimentos para os estudos e pesquisas. Aguardemos o futuro. Existe uma ciência espírita? Em

que ela difere da ciência “oficial”? Sim, a ciência contida nas obras de Kardec. A ciência espírita é a ciência que trata do espírito como elemento independente da matéria. As chamadas ciências oficiais estudam a matéria e suas propriedades. A diferença essencial está, portanto, no objeto de estudo. Claro que as chamadas ciências humanas estudam o homem e o seu mundo mental, mas o fazem com o pressuposto de que o pensamento é uma propriedade do cérebro, não a de um espírito imortal. Assim, os objetos de estudo são bem distintos. O estudo do espírito, como ser independente da matéria, foi elaborado por Kardec de forma rigorosamente científica,

Há algo na teoria espírita que já tenha sido superado por outras pesquisas? Desconheço. Tenho estudado as obras de Kardec por mais de trinta anos e até agora não fui apresentado a algum novo conhecimento espírita que possa, com fundamento racional e científico, superar o que ele apresentou nas suas diversas obras. Claro que estou falando dos conhecimentos a cerca dos objetos de estudos do espiritismo: os espíritos, sua natureza, origem e destino, bem como suas relações com o mundo corporal. Informações que Kardec tenha utilizado das ciências oficiais de sua época podem ter sido alteradas. Mas isso não se trata de espiritismo.

O indivíduo educado segundo o espiritismo se torna um cidadão melhor, transformando para melhor a sociedade em que vive.”

segundo as mais modernas concepções de ciência. O espiritismo é, sem sombra de dúvidas, uma genuína ciência da alma imortal. O espiritismo é uma ciência completa? Nos seus princípios fundamentais, sim. O paradigma, o programa de pesquisa ou a teoria fundamental se encontram formulados nas obras de Kardec. Uma ciência é o resultado da interação harmoniosa da razão com a experiência. O desenvolvimento da ciência espírita deve ser conduzido seguindo a estrutura lógica e experimentalmente comprovada dos conceitos e princípios elaborados por Kardec e pelos espíritos superiores, e que se encontram claramente nessas obras. O progresso de uma ciência não pode ser confundido com a aceitação de propostas sem fundamentos e que entram em contradição com os princípios já estabelecidos e comprovados.

A terceira revelação está completa? Se denominarmos, como fez Kardec na obra A gênese, o espiritismo como a terceira revelação, já respondemos que o espiritismo é uma ciência completa, no que diz respeito aos seus princípios fundamentais. Mas, se a pergunta se refere à possibilidade de uma quarta revelação, não creio. Pois como nos disse o Espírito de Verdade, no capítulo VI, do Evangelho segundo o espiritismo: “Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações por meio do espiritismo.” A expressão ‘supremo apelo’ pode ser interpretada como uma indicação de que uma nova revelação seja completamente desnecessária. Sendo o espiritismo uma ciência muito bem construída e com a sublimidade de sua moral, não vejo o que poderia surgir de mais racional, convincente e consolador. Um dos pontos mais incompreendidos é a reencarnação, tida por

5

muitos como castigo. Por que isso acontece? Kardec nunca deixou dúvidas sobre o que é a encarnação ou a reencarnação e seus objetivos. Muitas das perguntas que recebo refletem uma incompreensão de algum conceito ou lei proposta pelo espiritismo, decorrência da falta de estudos das obras de Kardec. A reencarnação é uma necessidade para o progresso do espírito, não é necessariamente um castigo ou punição. Existem reencarnações que são, ao mesmo tempo, provas e expiações e que, como expiações, são consequências do mal anteriormente praticado. Mas, nem toda reencarnação é uma expiação ou uma punição. Os espíritos bons da Escala Espírita, que só desejam o bem, reencarnam até atingirem o estado de espírito puro, mas suas reencarnações não são punições, pois nenhum mal praticaram como espíritos bons para serem punidos. Os espíritos imperfeitos, ao praticarem o mal, reencarnam em situações de expiação ou punição. Arrependimento, expiação e reparação expressam ao mesmo tempo a justiça e a misericórdia de Deus. A misericórdia divina concede sempre novas oportunidades aos espíritos imperfeitos de repararem o mal praticado. Ninguém fica perdido no reino de Deus. Todos têm oportunidades de recomeçar e refazer um caminho mal percorrido. Nenhum mal fica impune, mas, também, todo aquele que pratica o mal terá a oportunidade de repará-lo. Qual seria o papel das casas espíritas para a melhoria da sociedade? Ensinar o espiritismo conforme se encontra nas obras de Kardec. O indivíduo educado segundo o espiritismo se torna um cidadão melhor, transformando para melhor a sociedade em que vive. A casa espírita deve ser antes de tudo uma escola de educação espírita. A vida em sociedade só se tornará equilibrada e feliz com a transformação moral dos seus indivíduos. O ensino bem conduzido produz a crença e esta é a base para a prática da caridade. Só a caridade possibilita uma vida social verdadeiramente feliz, conforme observa Kardec: “Nós reconhecemos que a base da caridade é a crença; que a falta de crença conduz ao materialismo, e o materialismo ao egoísmo.” (Viagem espírita, 1862, Discurso III) IPEAK: www.ipeak.com.br, Clube Kardec: www.clubekardec.com.br. www.correiofraterno.com.br


6

CORREIO FRATERNO

seteMbro - outubro 2015

coIsAs de lAurInHA

Por tAtIAnA benItes

Espírito come? L aurinha chega da casa espírita toda empolgada e seus pais perguntam o que ela aprendeu naquele dia. – Aprendi como os espíritos vivem no plano espiritual – responde. – e como eles vivem? – pergunta sua mãe, curiosa para ver o seu raciocínio. – depende. se ele foi bonzinho, não fez maldade com as pessoas quando estava na terra, vive feliz, de bem com sua consciência, num lugar bom. – Muito bem – elogia seu pai. laurinha se sente motivada e continua explicando.

www.correiofraterno.com.br

– e quando a pessoa não é boa, não vai chegar bem no plano espiritual. e vai ficar junto de quem não foi bom também. – nossa, laurinha, quanta coisa você aprendeu! Parabéns – incentiva a mãe. empolgada com a evolução da conversa, ela segue: – só faltou mesmo entender uma coisa: espírito come? – não come exatamente como comemos aqui, porque não sentem a necessidade do corpo físico. Por que pergunta isso? – interroga o pai. – Porque aprendi hoje que tem espírito que vomita. Mas sem co-

mer, pai? – como é isso, laurinha? – pergunta o pai espantado. – É sim, pai. – não, laurinha, será que você não se confundiu? – É verdade, pai. A professora falou que os espíritos podem ir de um lugar para outro, andar tudinho lá no plano espiritual, mas para isso eles têm que vomitar! só não entendi por quê! – VolItAr, laurinha! VolItAr... se deslocar do chão, como num voo, pela ação do seu pensamento. – ufa. beeeeem melhor assim!


CORREIO FRATERNO

seteMbro - outubro 2015 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

7

bAÚ de MeMÓrIAs

despede-se o cineasta Edson Audi Por IzAbel VItusso

N

o último mês de agosto o cineasta Edson Audi saiu de cena no palco da vida terrestre. Em silêncio, sem confidenciar nem mesmo aos familiares que lutava contra um câncer. Audi colocou a sua sensibilidade em forma de arte a serviço da divulgação do espiritismo e trouxe imagem e movimento à reprodução da sua história. Formado na escola de cinema em Paris, cidade em que viveu e trabalhou por mais de 20 anos, ele deixou marcas por onde passou. Como cineasta, fotógrafo, jornalista e editor, realizou diversos trabalhos, inclusive na extinta TV Manchete, e fez também carreira no Mato Grosso do Sul. Um dos seus últimos trabalhos foi vinculado à cultura da região, em 2014: o

documentário Paulo Simões – Todos os trilhos da Terra, que conta a história de uma nova linguagem poética e musical através das canções do compositor regional e suas parcerias com Almir Sater, Zeca Baleiro, Renato Teixeira. Mas como espírita e comprometido com a divulgação, Audi jamais deixou de lado a vontade de expressar no papel ou registrar pelas lentes o que seu olhar captava, desde quando vivera em Paris, berço do espiritismo. No ano 2000 lançou pela editora Lachâtre o livro fotobiográfico Vida e obra de Allan Kardec, que chegou a ser um dos finalistas do Prêmio Jabuti daquele ano. “Edson impressionava por sua genialidade artística. Ele já tinha pronto, o livro

todo editado”, diz Alexandre Rocha, diretor da editora Lachâtre, lembrando de quando foi procurado pelo autor. “Tanto no cinema, como nas fotos, Edson conseguia incrível luminosidade pela lente.” O cineasta chegou a visitar a ilha de Guernesey, no Canal da Mancha, onde o escritor e personagem da história do espiritismo, Victor Hugo, ficou exilado. Audi vinha realizando trabalhos de pesquisa e filmagens sobre ele. Assim também o fez quando pesquisou sobre o codificador, visitando lugares frequentados por Kardec, até mesmo o apartamento onde ele morou em Paris, com Amélie Boudet. A vida do codificador também foi levada à tela através do documentário Allan Kardec, o educador, pela Versátil Home

Vídeo, e pouco antes de desencarnar, o cineasta finalizou o longa-metragem Herculano Pires – Um convite para o futuro, uma iniciativa da Fundação Maria Virginia e J. Herculano Pires, em São Paulo. Audi passou cerca de dois anos trabalhando nesse filme, seis meses só mergulhado nas obras do autor, comenta Antonio Carlos Molina, diretor executivo da Fundação. “Este projeto foi a síntese da carreira do cineasta. Ele fez o roteiro, as entrevistas, a engenharia do som, a edição. Ele amava a doutrina e tinha compromisso com ela.” O documentário Herculano Pires – Um convite para o futuro participará da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, que acontece de 21 de outubro a 4 de novembro, e será depois distribuído aos cinemas pela Paris Filme. “Audi foi um grande profissional, um grande cineasta, mas não deixou de assumir o trabalho com sua mediunidade”, reconhece Molina, com quem conviveu intensamente para a realização do projeto Herculano. Inspirado ou intuído, não há como não reconhecer que ele foi fonte que jorrou com intensidade e há de continuar fazendo a diferença por sua sensibilidade, onde estiver. “É uma viagem, pelas mesmas calçadas, respirando as mesmas esquinas, as mesmas janelas, dos vidros, dos livros, da biblioteca, da memória, memória de Rivail, de Kardec, de Lyon, de Yverdon, de Paris. Uma outra história. Procurei te encontrar, te entender, compreender. Olhei o teu olhar, tela, clics solitários, você nascia no ruído do pensamento. Eu te vi, te observei, procurei passar aos outros aquilo que encontrei; é uma parte. É a que me cabe.” (Edson Audi, ao apresentar o livro Vida e obra de Allan Kardec) www.correiofraterno.com.br


8

CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

ESPECIAL

CVV

Escuta amorosa que salva vidas Por IZABEL VITUSSO e eliana haddad Dinâmica de integração com a plateia

Os especialistas: Humberto Corrêa, Neury José Botega, Roberto Gellert, Jeppe Kristen e Carlos Felipe D’Oliveira

A

prevenção do suicídio foi tema de um simpósio internacional realizado em 11 de setembro, no Rio de Janeiro, reunindo especialistas e voluntários do CVV – Centro de Valorização da Vida, que há 53 anos presta à população um serviço de apoio emocional de 24 horas, absolutamente gratuito e sigiloso, através de atendimento telefônico, e-mail e chat. Responsável pelo lançamento da campanha Setembro Amarelo, o CVV participou ativamente da comemoração do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro). Prédios públicos e monumentos em vários estados do Brasil foram iluwww.correiofraterno.com.br

André Trigueiro: “O mundo é um lugar melhor com o CVV”

minados com a cor amarela, traduzindo a situação de alerta para o tema, para que a informação substitua o tabu, principalmente quanto à sua abordagem pela mídia. Afinal, a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo e absolutamente nada é falado em termos da realidade desses números. “Prevenção se faz com informação”, lembrou o escritor e jornalista André Trigueiro, mediador do debate “A dificuldade da abordagem do suicídio na mídia”, um dos mais importantes momentos da programação do simpósio e que reuniu os profissionais Flávia Oliveira (Globo News), Luis Fernando Correa (Rádio

CBN), Fernando Molica (O Dia e Portal IG) e Rodolfo Schneider (Bandeirantes). Autor do livro Viver é a melhor opção – A prevenção do suicídio no Brasil e no mundo, lançado em maio deste ano pela editora Correio Fraterno, André Trigueiro também encerrou o simpósio com palestra sobre o tema, enaltecendo o corajoso trabalho da entidade, a quem destinou a totalidade dos direitos autorais do seu livro. “O suicídio é prevenível em 90 % dos casos”, lembrou, valorizando a importância da “escuta amorosa”. “A prática do CVV resume uma das mais elevadas expressões de amor sincero e desinteressado. O mundo é um lugar melhor com o

CVV”, assinalou o jornalista. Um dos palestrantes do evento, o educador e diretor Jeppe Kristen Toft, do Livslinien Institute, entidade dinamarquesa de 20 anos, semelhante ao CVV, comentou que a solidão é o fator predominante nos atendimentos e que 80 % das pessoas que são atendidas por meio de chat, por exemplo, têm menos de 30 anos. O instituto conta com apoio do Ministério da Saúde da Dinamarca e desde o ano passado também presta atendimento por meio do bate-papo eletrônico, apresentando resultados positivos com a população mais jovem. Também aqui no Brasil, o trabalho tem tido bons resultados. Dos que se comuni-


CORREIO FRATERNO

seteMbro - outubro 2015

cam através de chat com o CVV, 70% são mulheres e metade está na faixa dos 13 aos 20 anos. “Pela comunicação escrita, jovens têm maior facilidade de exprimir seus sentimentos, mas o que notamos é que escrevem o que não falam. São muito diretos, 50% escrevem as palavras “morte” e “suicídio”. Por telefone, podem até pensar, mas não falam”, diz Antonio Carlos Braga, membro do Conselho Diretor do CVV. Destoando tal quadro da vida aparentemente feliz, postada nas redes sociais, de muitos amigos e escancarados sorrisos, Antonio Carlos sugere que esse seja um fenômeno social que precisa ser estudado. “Por que todos estão felizes nas fotos? Por que tanta festa? Por que ninguém está sozinho em casa nos finais de semana? A vida não é só felicidade, é também frustração, escolhas – certas e erradas.” O presidente do CVV, Robert Gellert Paris Junior, destacou a importância de se conseguir expressar os sentimentos sem censuras. “O objetivo do atendente do CVV é fazer com que a pessoa considere outra perspectiva de vida, que adie, por exemplo, a intenção suicida”, explicou, lembrando ser este um dos motivos que levam 80 % dos atendidos voltarem a ligar para o CVV. Muitos retornam até mesmo para agradecer. O programa de atendimento do CVV por chat já funciona há cinco anos e atende a cerca de 60 mil pessoas por ano. Segundo Robert, disponibilizar meios para que os jovens possam falar de seus sentimentos, dizer que não estão se sentindo bem, é o primeiro passo, enquanto não se descobre por que a taxa de suicídios tem aumentado entre eles. “Na última década, 83% dos países no mundo conseguiram reduzir os números de suicídio. O Brasil está incluído nos 17% que não obtiveram sucesso nesse quesito, e ainda apresenta um crescimento de 30% nos últimos 25 anos”, explicou o psiquiatra Neury José Botega, professor da Unicamp, pesquisador do comportamento suicida e autor do livro Crise suicida. Também o professor Humberto Corrêa, da Universidade Federal de Minas Gerais, vice-presidente da Associação Latinoamericana de Suicidologia, lembrou que quanto maiores os laços sociais, menores os números de suicídios. “Estamos passando por uma fase muito individualista, onde a troca, a qualidade do contato pessoal é cada

vez menor”. Já Carlos Felipe D’Oliveira, coordenador da Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, coordenador de saúde no Mercosul, ao discorrer sobre pesquisa realizada sobre episódios suicidas em comunidades isoladas, assinalou que muito ainda precisa ser estudado. “É preciso dar uma maior visibilidade ao suicídio na mídia. Parece já haver alguma mudança. Temos recebido comunicados de pessoas que querem compartilhar suas histórias”. O Plano de Ação de Saúde Mental da OMS (Organização Mundial de Saúde) definiu para o período 2013-2020 a meta de reduzir em 10% os índices mundiais de suicídio, uma ação necessária, visto que em 2012, último ano do levantamento contemplado no Relatório Global para Prevenção do Suicídio (2014), 800 mil pessoas no mundo desistiram de viver. O CVV recebe, por ano, 1 milhão de pedidos de ajuda de pessoas que possivelmente não tenham um confidente ou

amigo, oferecendo a atenção na escuta, para que possa compartilhar suas alegrias e tristezas e continuar a viver. Para Antonio Carlos Braga, membro do Conselho Diretor do CVV, algo de “mágico” teria ocorrido em setembro de 2015, em que o amarelo chamou a atenção e até iluminou a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. O suicídio começa a ser mais abordado na mídia e na sociedade. “É essencial deixar os preconceitos de lado e conferir alguns dados sobre o assunto”, destacou, comunicando a fundação, também em setembro e com participação do CVV, da Associação Brasileira de Estudos sobre Prevenção do Suicídio. Outra boa notícia salientada por Antonio Carlos é que já começa a funcionar a linha gratuita do CVV -188, no Rio Grande Sul. “Depois de tantos anos de pedidos, a população do Rio Grande do Sul vai poder ligar gratuitamente para o CVV, começando por Santa Maria”, avisou.

9

LIVROS & CIA. CCDPE-ECM / LIHPE Tel.: (11) 5072-2211 www.ccdpe.org.br/livraria Dá-me de comer: a assistência social espírita (espiritismo na universidade – volume 6) de Pedro Simões 264 páginas 16x23 cm

Vivaluz Editora Tel.: (11) 4412-1209 www.vivaluz.com.br Em nome de Kardec de Adriano Calsone 288 páginas 16x23 cm

Juntos, vencendo a depressão FEB Editora Tel.: (61) 2101-6161 www.febeditora.com.br Os caminhos do amor de Dalva Silva Souza 200 páginas 14x21 cm

com o slogan “Juntos vamos vencer a depressão”, o cVV lançou durante o evento o Movimento conte comigo. o objetivo é informar a sociedade sobre o assunto e melhor habilitá-la, através de conteúdo específico reunido no site, para que possa lidar mais efetivamente com o problema, não somente reconhecendo-o pelos seus sintomas, mas também para que todos possam ser agentes de prevenção, tratando-se e conversando sobre o assunto sem preconceitos, de modo seguro, amoroso e eficiente. A depressão é hoje um dos maiores motivos de suicídios e precisa ser devidamente diagnosticada e tratada. A doença atinge 350 milhões de pessoas em todo o mundo e, no brasil, segundo dados do Ministério da saúde (2014), em 16 anos, o número de mortes relacionadas à depressão cresceu 705%, passando de 58 pessoas em 1996 para 467 pessoas, em 2012, estando aqui incluídos os casos de suicídios e de outras mortes motivadas por problemas de saúde decorrentes de episódios depressivos.

Editora Correio Fraterno Tel.: (11) 4109-2939 www.correiofraterno.com.br/loja Tem espíritos embaixo da cama? de Tatiana Benites 104 páginas 14x21 cm

www.correiofraterno.com.br


10

CORREIO FRATERNO

seteMbro - outubro 2015

QueM PerGuntA Quer sAber

Sobre nossas escolhas Por JÁder sAMPAIo

Pode uma pessoa ter afeto por duas religiões, o catolicismo e o espiritismo? Sei que não se pode adorar a dois deuses. Porém, não consigo saber em qual me sinto melhor e qual devo seguir. Maria, por email

M

aria, os afetos brotam em nossa alma, são reações internas que podem evoluir com o tempo, são emoções. Podemos sentir afetos (e desafetos) por pessoas que acabamos de ver, por animais, por instituições, por tudo aquilo com que nos deparamos na vida. O próprio Kardec resolveu perguntar aos espíritos sobre as simpatias e antipatias que sentimos por outras pessoas (O livro dos espíritos, questões 386 a 391) e eles falam em ligações oriundas de vidas passadas, afinidades entre eles no presente e até de uma visão preconcebida que se modifica com o tempo e a convivência. Sentimos, por exemplo, afeição por diversas pessoas, mas há uma diferença muito grande entre sentir afeição e optar por casar-se ou separar-se de

www.correiofraterno.com.br

alguém. Essas decisões nos afetam mais profundamente, porque envolvem vincular-se ou desvincular-se. Elas envolvem nosso dia a dia, nossos valores, nossa família, os amigos que fazemos na comunidade religiosa. Da mesma forma, para que a religião não seja apenas um lugar que frequentamos semanal ou quinzenalmente, para que ela se torne um espaço de realização pessoal e coletiva, a escolha seria importante, pois evitaria que ficássemos “borboleteando” entre grupos e entre doutrinas, às vezes até mesmo contraditórias entre si. Jáder Sampaio é psicólogo, escritor e pesquisador espírita. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais.


CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

11

ANÁLISE

Pesquisa inédita revela o que pensam os espíritas Por Ivan Franzolim

C

om o objetivo de auxiliar as instituições espíritas a realizarem ações comunicativas para melhorar o entendimento da doutrina e direcionar práticas construtivas, foi finalizada em julho de 2015 uma pesquisa de opinião, oferecida ao público espírita pela internet e por e-mail, a partir de formulário eletrônico, que acabou obtendo 1.204 respostas de 232 municípios e 23 estados. Apesar de a pesquisa tecnicamente ser considerada “não probabilística”, sua estrutura, critérios e distribuição permitem concluir sobre vários itens, cujos resultados mostram semelhanças com o Censo 2010. Todos os que responderam à pesquisa leram pelo menos um dos livros que seguem. O evangelho segundo o espiritismo, que não foi lido por 7% das pessoas, O livro dos espíritos não foi lido por 13% e O livro dos médiuns, por 30%. Apenas 4,2% leram todas as obras. As obras do codificador menos lidas são: O espiritismo em sua expressão mais simples, Viagem espírita de 1862 e Revista Espírita (12 volumes). Deles, 37,2% disseram que não concordam com alguns pontos ou não concordam com vários aspectos lidos. Também, 45% dos entrevistados disseram que nunca fizeram um curso espírita e do total, 67 % afirmaram ter conhecimento básico da doutrina, 27% conhecimento mediano, 24% apenas os princípios morais ou evangélicos e apenas 15% reconhecem ter conhecimento avançado. Pouco mais da metade (54,1%) está entre 40 e 59 anos de idade. Acima de 60 anos são 16,2% e com 39 ou abaixo, 29,7%. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho Essa afirmação contida no livro do mesmo nome (F. C. Xavier por Humberto de Campos) é aceita pela maioria (73,3%) dos espíritas, que concordam parcial ou

Jesus teve evolução reta

Sim 42,3%

440 509

Não 36,5%

Não sei 21,2%

255

Chico foi Kardec

Não 43,4%

443 522

Não sei 36,8%

Sim 19,9%

239

Atuação do Centro Espírita Ruim 1,8% Razoável 14,3%

Vazio 3,2%

22 39 172 629

Ótima 28,4%

Boa 52,2%

342

totalmente com essa afirmação. Quanto maior é o grau de estudo, menor é a aceitação dessa afirmação. Segundo a lei de causa e efeito, todos irão passar pelo sofrimento que impuseram a outros Mais da metade das pessoas (59,4%) concordam com essa afirmação, tendo o restante optado por “Não sei” (4,3%) e “Não” (36,3%).

As diferenças dos sexos A maioria dos espíritas são mulheres com 52,3% e 47,7% dos homens. O sexo feminino estuda um pouco mais, com 40,3% de ensino superior contra 38,3% dos homens e 41,6% de pós-graduação, especialização, mestrado e doutorado, contra 40,6% do sexo oposto. Outro aspecto importante detectado é que apenas 19,2% assinam jornais e revistas espíritas, menos que os homens, que são

27,5%. Em contrapartida, elas navegam mais por portais e grupos espíritas nas redes sociais, 80,2% contra 77,9%. As mulheres não trabalham como voluntárias nas casas espíritas tanto como os homens: 77,9% versus 82,2% dos homens e, quando trabalham 9,7% desejam mudar de atividade, contra 6,6% dos homens. Os voluntários espíritas Quase um terço dos espíritas é voluntário no centro espírita em pelo menos uma atividade (28,3%). Isso significa que a maioria apenas frequenta as casas e ainda não se engajou nos ideais para contribuírem diretamente. Mais da metade (53,9%) trabalha entre duas a cinco atividades diferentes. Os homens mais que as mulheres: 58,5% contra 49,7%. Entre 6 a 9 atividades diferentes 5,6%. Grupos identificados Comparando-se as respostas fornecidas, foi possível identificar pessoas que possuíam conjunto de respostas semelhantes, constituindo perfis diferentes, podendo ser subdivididos em: os frequentadores [33%], os dirigentes [26%], os convertidos [24%], os pensadores [17%] e, dentro desse último, o grupo dos contestadores [7%]. Conclusão Mais pesquisas devem ser feitas para melhor compreensão do pensamento e das ações dos espíritas. As instituições espíritas carecem de indicadores que são a base para o planejamento e uma boa gestão. Centros espíritas deveriam pesquisar a satisfação dos voluntários, dos frequentadores, o correto entendimento das suas atividades e a satisfação com os serviços prestados, para promoverem mudanças produtivas. Essa pesquisa foi realizada pelo autor e pode ser vista na íntegra em: http://franzolim.blogspot.com.br/ www.correiofraterno.com.br


12

CORREIO FRATERNO

seteMbro - outubro 2015

culturA & lAzer Acesse a Agenda Eletrônica Correio Fraterno e fique atualizado sobre o que acontece no meio espírita. Participe. www.correiofraterno.com.br Festa de Rua típica francesa OUT Dia 18 de outubro, das 10 às 20h, a Federação Espírita do Estado de São Paulo realiza a 11ª Festa Beneficente de Rua, com shows e comidas típicas. Rua Dona Maria Paula, 140 - Bela Vista, São Paulo - Telefone: (11) 3115-5544 www.feesp.org.br

18

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Seis princípios adequados ao ensino, segundo o Professor Rivail: 1º - Cultivar o espírito natural de observação das crianças, dirigindo-lhes a atenção para os objetos que as cercam 2º - Cultivar a inteligência, observando um comportamento que habilite o aluno a descobrir por si mesmo as regras 3º - Proceder sempre do conhecido para o desconhecido, do simples para o composto 4º - Evitar toda atitude mecânica, levando o aluno a conhecer o fim e a razão de tudo o que faz 5º - Conduzi-lo a apalpar com os dedos e com os olhos todas as verdades 6º - Só confiar à memória aquilo que já tenha sido apreendido pela inteligência Encontre, no diagrama abaixo, as palavras que simbolizam o texto acima. INTELIGÊNCIA - OBSERVAÇÃO - ATENÇÃO - SIMPLES - ATITUDE - RAZÃO - NATURAL - REGRAS

Congresso na Bahia OUT O 16º Congresso Espírita da Bahia será realizado de 30 de outubro a 2 de novembro, em Salvador, sobre o tema “Ampliando a consciência de imortalidade”. Organização: Federação Espírita do Estado da Bahia. Entre os palestrantes estarão Divaldo Pereira Franco, Charles Kempf, Haroldo Dutra e Margaret Áquila. www.feeb.ogr.br

30

Simpósio de Filosofia Espírita O Instituto Espírita de Estudos Filosóficos (IEEF) realiza, dias 17 e 18 de outubro, o V Simpósio de Filosofia Espírita, com palestras de Franklin Leopoldo Silva, David Monducci, Carlos A. Simões, Tiago Castro e Astrid Sayegh. Haverá ainda o workshop “Análise lógica e ontológica do aspecto religioso do espiritismo”. Local: Centro Espírita Nosso Lar/Casas André Luiz, na Rua Duarte Azevedo, 691, Santana. Informações (11) 4324-1846 instituto@ieef.org.br www.ieef.org.br

OUT

17

AGO

16

Chá Beneficente O evento beneficente mais aguardado da casa Lindos artesanatos em tecido, prêmios e muito mais! Dia 8 de novembro de 2015, a partir das 14h30 Local: Salão do Lar, na Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955, Vila Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP – fone: (11) – 4109-2939 www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/lardacriancaemmanuel www.correiofraterno.com.br

t o b P P G Ç Ã o n o d e r s A u A o

u Q e o A r à o P e c e A A I o o e P

o u A Q c s o Ç A t e n Ç Ã o P P r A

P e c u e r n n e A M d o t s A e Ç r

A t u A o Ç s t r t P r n u l z r o e

G o o I I Ã e P t I l I I n P M A Ã t

t P I P n A o o u r e A o A e u t o I

u c e c e t Ç Ã V I s V I o t e u c u

I t P V r I e Ç A t o à z A r r o P o

o u M r u t I l M u M r P e e o n o c

M I n e o u M r I d P t l r G P I I n

b A t b b d b P l G e o s Ç r A o M I

presidente espiritual da

c o e X A e s l e P Ê I o à A s b b A

e I c t e A r A t M e n e o s t s e s

r A A u o Ç V e o c o A c Ç o P e A e

y e d o c à A u s e I A n I b o r c r

u b o I e o o e I A A Q A t A n V r t

n A t u r A l z u s s u e e e e A e u

M M c A o P l A M u u I A r r A Ç A V

A e A P M P A I u o P o P r P r à t o

e r r I I o s o A I M o o z o I o I n

o P s e t A t b P A V P r o I o A n A

Espírita de Paris? qualquer hora, em qualquer lugar

Solução do Passatempo

Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma: espírito são luís

20

Quem foi o

Sociedade

Texto extraído do livro Vida e obra de Allan Kardec, de Edson Audi (LAchâtre)

Congresso gratuito sobre drogas OUT 2º CONDEQ – Congresso de Dependência Química acontecerá de 20 a 26 de outubro, com mais de 35 palestrantes, especialistas (entre eles expositores espíritas) apresentando informações relevantes e conteúdos de qualidade sobre o assunto. Será pela internet, todos podem assistir às palestras gratuitamente. Inscreva-se agora e compartilhe. www.condeq.com.br

ENIGMA

Telefone de Jesus Não, Jesus, não precisamos de sua ajuda hoje, Obrigada!

Mãe, você estava falando com Jesus? Eu quero falar com ele! Tenho um montão de provas na escola e...

Era Jesus, o jardineiro!


CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

13

ANÁLISE

A arte que nos sensibiliza Por Guaraci de Lima Silveira

E

como anda a arte em nossos dias? Milenar, esta manifestação, via de regra, grava para as posteridades um momento civilizatório, perpetuando usos, costumes e ideologias de um povo. Assim, passeamos sobre nosso passado histórico quando adentramos um museu ou folheamos um grande compêndio policromático das diversas manifestações da arte através dos séculos. Por sermos imortais e trazermos gravados no inconsciente parte daqueles momentos, há um deliciamento que nos abstrai do agora, levando-nos ao passado e aos êxtases anteriormente vividos. Assim acontece quando algo nos toca a intimidade, retratado por um belo admirado, cultuado e guardado com carinho em nossas intimidades espirituais. Isto se constitui num alimento para o espírito, que busca outras paragens numa viagem, na qual vamos curtindo nossas lembranças de feitos do passado que estamos deixando. E é tão bom sermos tocados na intimidade por boas e justas lembranças que, invariavelmente, trazem consigo o som de um instrumento, a visão de uma tela, o volteio de uma dança, o cantar de alguém, o primor de uma manifestação performática que de alguma forma nos marcou. Contudo, nos dias de hoje “... a beleza e a harmonia, quando surgem, seriam as grandes e inesperadas exceções. Momentos de admiração numa realidade grotesca, ou seja, a beleza seria rara e breve no mundo. Sua construção demanda esforço...”, como nos diz Walter Addeo, filósofo pela USP. Nestes tempos e na correria na qual vivemos, praticamente estamos impedidos de um olhar mais investigativo sobre o que se rotula como arte. Assim, vamos aceitando tudo o que a ‘pressa de fazer’ nos coloca como manifestação do belo. Grafites, garranchos, pornografias, sensualismos etc. são admirados como o máximo de uma performance. Os grandes temas da dramaturgia cederam lugar a folhetins pífios, onde a miséria humana

é retratada com os requintes de uma televisão ultramoderna, que encanta com os apelos do HD. E vamos sendo torturados diariamente pelas indecorosas propostas sob a capa do belo flutuante através dos elétrons soltos num plasma. Músicas com letras de baixo teor e sem a poesia que as tornam imortais. Danças de corpos seminus enquanto a arte é encapsulada pelo sensual imoral, gerando formas-pensamento de perigosas manifestações para quem as assiste ou faz. E assim vamos. A liberdade de expressão garante e os expectadores aceitam. Sim, a liberdade de expressão é uma conquista da qual não se deve abrir mão, contudo, em nome dela podemos fazer, falar e escrever o que nos aprouver sem um critério ético-moral que nortearam os pensamentos dos filósofos ao longo dos

séculos? Quem nos dá a liberdade para o expressamento de contingentes escárnios sob o título de ‘belo’? Será que o nosso tempo perdeu a vocação dos antigos artistas que deixaram suas marcas através dos belos reais que enlevam consciências? Noel Rosa, espírito, nos diz que “a

música é a maior expressão do sentimento humano”. Emmanuel no livro O consolador, questão 161, nos informa que “a arte pura é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas... O artista verdadeiro é sempre ‘o médium’ das belezas eternas e o seu trabalho, em todos os tempos, foi tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano alçando-o da Terra para o infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia dos corações para Deus, nas suas manifestações de beleza, de sabedoria, de paz e de amor”. Retornando a Walter Addeo, diz ele em artigo recentemente publicado numa revista de filosofia: “O grotesco sempre se mostrou um tema intratável para as realizações estéticas, pois coloca em questão algo que seria do universo do mau gosto, da aberração. Ao mesmo tempo, ele coloca em xeque o domínio das belas artes que sempre cultivaram os cânones da beleza clássica, da proporção, da harmonia, enfim, do bom gosto artístico”. O artista produzirá sempre o que for consumido. E, como consumidores voluptuosos da arte, devemos sempre desejar aquela que “tange nossas cordas mais vibráteis do sentimento, alçando-nos da Terra para o infinito”. Este é mais um apanágio da transição planetária e disto não tenhamos dúvidas. Guaraci de Lima Silveira é escritor e articulista espírita, autor do livro O refúgio de Laila, Ed. Correio Fraterno.

Zanutto, Rodrigues & Cia Ltda Materiais para construção

11

4121 3774

zr.vendas@uol.com.br R. José Benedetti, 170 • B. Santa Terezinha • São Bernardo do Campo • SP • CEP 09770-140 www.correiofraterno.com.br


14

CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

VOCÊ SABIA

O ateísmo do dr. Zerbini Da REDAÇÃO

O

dr. Eurycledes de Jesus Zerbini [1912– 1993], pioneiro dos transplantes de coração no Brasil, nunca escondera o seu ateísmo. No final da década de 1940, recém-formado, ele atendia no consultório de conhecido cirurgião, dr. Alípio Corrêa Neto, em São Paulo. Certa vez, lá entrou um senhor que se dizia diretor da revista A Centelha, com a informação de que um espírito lhe recomendara uma cirurgia de hérnia na virilha. Mas, segundo o espírito, ele não poderia receber anestesia tradicional e deveria procurar o dr. Zerbini, que havia descoberto um novo recurso anestésico (protóxido de azoto) indicado para o caso. Dr. Zerbini, coerente com sua humildade, aconselhou-o a procurar outro cirurgião mais experiente. Mas o cliente insistiu e ele acabou concordando em operá-lo. Aceitou ainda que certa senhora permanecesse na sala

www.correiofraterno.com.br

de cirurgia, em prece. No dia marcado, a operação foi realizada. Atento ao seu trabalho, dr. Zerbini lembrou-se da senhora apenas ao terminar a cirurgia, quando lhe perguntou: – Por acaso a senhora viu alguma coisa? – Vi, sim senhor. Dois espíritos, médicos, à sua retaguarda conversavam sobre o sucesso da cirurgia e comentavam o método usado de anestesia. – A senhora poderia me dizer os nomes deles? – Um diz chamar-se Batista [Dr. João Benjamim Batista] e o outro, Werneck [Dr. Fabio Leoni Werneck]. Os dois médicos eram nada menos que os autores da obra Semiologia cirúrgica, frequentemente utilizada pelo dr. Alípio Corrêa em seu próprio consultório médico. Fonte: Anuário Espírita, 1993.


CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

15

DIRETO AO PONTO

Educação, o melhor presente para nossos filhos Por UMBERTO FABBRI

N

o cenário moderno podemos observar a grande luta da maioria das famílias para oferecer aos filhos uma boa educação. É natural supor que em um mundo extremamente competitivo somente os melhores obterão o triunfo. Diversas aulas compõem a agenda lotada de muitas crianças e jovens: informática, línguas, atividades físicas, entre outras, tentam formar os futuros homens e mulheres vitoriosos. Todavia, nós, pais, precisamos refletir sobre algumas questões importantes e pontuar adequadamente o que seja o “vencer” – o bem almejado – e a educação – a ferramenta para atingi-lo. A sociedade dita e estimula um perfil de êxito vazio e materialista. As posses, o dinheiro, o poder e a influência são tidos como fatores que definem as pessoas bem-sucedidas. É evidente que não iremos desmerecer as conquistas materiais, que nos trazem conforto e progresso, entretanto, o que representa verdadeiramente o sucesso é “o que somos” e não “o que temos”. Theodore Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, (1958-1919), disse que “o ingrediente mais importante na fórmula do sucesso é saber

como se relacionar bem com as pessoas”, o que se encaixa perfeitamente com os ensinamentos doutrinários. Estamos encarnados, objetivando nosso crescimento moral, e para tanto necessitamos construir o equilíbrio no relacionamento com Deus e com nosso próximo. Os laços de amizade e bem-querer que edificamos hoje serão nossos tesouros do amanhã. Pedro Camargo, grande educador e divulgador da doutrina espírita, mais conhecido como Vinícius, em seu livro O mestre na educação, faz importante diferenciação entre instrução e educação. Segundo ele, a educação está relacionada com o caráter, e a instrução com o intelecto. O saber é realmente importante, mas a consolidação do caráter, da moral, é fundamental. E este é o grande erro que a maioria de nós, pais, comete; acreditar que educamos quando ofertamos aos nossos filhos o conhecimento. Devemos, além da instrução, despertar e aprimorar as potencialidades dos seres que estão sob nossa responsabilidade, com exemplos de conduta pautada em valores sólidos e verdadeiros.

Educar para o amor não é tarefa fácil. Exige dos responsáveis atitudes adequadas, que venham motivar um comportamento sadio e correto, que reflita as leis divinas. O educador valoroso é aquele que desperta no educando a vontade de assimilar o aprendizado, a incorporar em sua vida as lições aprendidas. Dosar o amor e a disciplina é um fator importantíssimo dentro do processo educativo. Amar é educar nossos filhos para o mundo, para a vida. Há algum tempo um psicólogo americano escreveu que os pais deveriam preparar os filhos para a estrada da vida e não a estrada da vida para os filhos. Arcar com as responsabilidades de nossas escolhas é método pedagógico divino, no qual aprendemos que receberemos da vida o que doarmos a ela, e que o mais inteligente e lógico é doar o nosso melhor às pessoas, à natureza e a Deus. Eduquemos nos educando e conseguiremos assim transformar o mundo a nossa volta, melhorando-o e humanizando-o. Profissional de Marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Acaba de lançar o livro O traficante, ditado pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).

Contabilidade – Abertura e encerramento de empresa – Certidões

Tel. (11) 4126-3300 Rua Aral, 123andar I São Bernardo do Campo I SP | SP Rua Índico, 30 | 13º | São Bernardo do Campo jdcontabil@terra.com.br www.correiofraterno.com.br


16

CORREIO FRATERNO

SETEMBRO - OUTUBRO 2015

MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Fazer sorrir traz mais felicidade

Não é novidade que o segredo da felicidade está em fazer o bem para alguém. Mas uma pesquisa realizada pela Universidade de Houston mostrou que fazer uma pessoa sorrir pode provocar mais bem-estar ainda em você. No estudo, a professora Melanie Rudd desafiou um grupo de 50 adultos: em 24 horas, um grupo teria que fazer pessoas felizes, enquanto o segundo teria de fazer alguém sorrir. No dia seguinte, aqueles que fizeram pessoas sorrir se disseram mais felizes e confiantes do que os do primeiro grupo, evidenciando que objetivos que são pequenos, mas concretos, parecem resultar em maiores realizações sobre sua própria felicidade. “Se você pode atender ou exceder suas expectativas de alcançar um objetivo, você será mais feliz ”, explicou ela. Fonte: Jornal Zero Hora (RS)

www.correiofraterno.com.br

Tampinhas que se transformam em lazer

Desde 2012, o Lar da Criança Emmanuel, em São Bernardo do Campo, SP, promove uma campanha entre alunos e comunidade de arrecadação e reciclagem de tampinhas de plástico. Já foram arrecadadas milhares de tampinhas e a renda é revertida em momentos de lazer e materiais pedagógicos para crianças e adolescentes. Segundo Tatiana Benites, uma das responsáveis pela arrecadação, essa iniciativa já proporcionou passeios, filmes e materiais didáticos para os alunos. “Conto com a ajuda de amigos para arrecadar. Por onde passo, faço a campanha” – revela satisfeita a voluntária.

http://blogdalaurinha.com.br

Iniciativa combate o desperdício recolhendo alimentos de restaurantes

Aproximadamente 40 mil toneladas de alimentos são desperdiçadas por dia, no Brasil, uma quantidade suficiente para alimentar 20 milhões de pessoas diariamente. Através desses dados, a agência África Rio, em parceria com a ONG Make Them Smile e a empresa sobre rodas Truckvan criaram o projeto ‘Feed Truck’, que recolhe alimentos que seriam desperdiçados em restaurantes e transforma em novas refeições, servidas a moradores de rua todas as noites. Só no primeiro mês de experimentação do projeto, a ação serviu duas mil “quentinhas”, reaproveitando mais de uma tonelada de alimentos e beneficiando mais de 400 moradores de rua. Taí uma bela iniciativa!

http://www.mundosustentavel.com.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.