FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o
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ISSN 2176-2104
CORREIO
Entrevista
Zica vírus e a microcefalia Membro do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos e neurocirurgião das secretarias municipal e estadual de saúde de São Paulo, David Monducci explica a questão da microcefalia e suas relações espirituais. Leia nas páginas 3 e 4.
Suicídio
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o socorro nas casas espíritas
dúvida que se abateu sobre a médium Yvonne Pereira quanto à validade de publicar sua psicografia Memórias de um suicida realmente pertence ao passado. Além de trazer por mais de 60 anos notícias sobre a realidade do ‘lado de lá’ dos que partiram em tão tristes condições, a obra acaba de inspirar um novo projeto no meio espírita: a fundação de um grupo de apoio aos espíritos que passaram por mortes traumáticas. A ideia é formar uma rede de socorristas, apta a auxiliar as equipes do Alto e surge num momento em que o suicídio aumenta exponencialmente em todo o mundo, fazendo com que o assunto comece a sensibilizar a sociedade. “Sabemos que no plano espiritual muitos se encontram em profundo sofrimento. Também sabemos que os dois planos estão intimamente entrelaçados. É urgente e necessário solicitar o apoio de todas as casas espíritas para que unam suas forças e possam também levar socorro a eles, através de um trabalho sistematizado de vibrações e assistências”, explica Antonio Carlos Braga dos Santos, um dos organizadores do projeto. Leia mais nas páginas 8 e 9.
A reencarnação de Santos Dumont no Rio de Janeiro Uma revelação feita na década de 1940 pelo médium Chico Xavier à família do escritor Clóvis Tavares contou por muito anos com a discrição de todos. Quase 70 anos se passaram e a bela história do escritor é tema agora de documentário que resgata inúmeras facetas do núcleo familiar. Uma delas sobre o grande inventor Santos Dumont. Leia no Você Sabia, página 10.
Crises e seus reflexos em nós Difícil vivermos momentos tão intensos como nos últimos dias no país sem nos deixar envolver. As incertezas povoam o nosso pensamento. A fé num futuro melhor muitas vezes fraqueja. Mas, ao nos distanciarmos da efervescência coletiva, é importante pensarmos na busca da serenidade, que nos restabeleça para seguirmos adiante. Lembrar que é justamente nos momentos de crise que devemos colocar em prática o que aprendemos e acreditamos. Leia mais na página 3.
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eDItorIAl
A arte de
colorir
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amadurecimento espiritual não é algo rápido, nem se dá no mesmo tempo para todos. Somos muitos, mas somos únicos e nada se perde em nós. As experiências felizes e as mais dolorosas, tudo serve na Natureza. Dotados de livre-arbítrio e de responsabilidade, passamos assim por um processo lógico que se encadeia, da infância à maturidade espiritual. O mesmo se dá com a sociedade, que nada mais é do que a união desses indivíduos. Embora em seus diversos níveis de aprendizado e evolução, se considerarmos a sociedade terrena, será fácil perceber que o nosso planeta, a nossa morada atual que nos recebe para tais vivências, é justamen-
te o retrato dessa diversidade, mas com uma moldura que a todos une e sintoniza: espíritos imperfeitos. Há muito ainda a colorir nesse quadro, onde cada um de nós colabora com as pinceladas de seus sentimentos, pensamentos e ações. E assim vamos formando essa iluminada (ou entristecida) obra de arte coletiva, onde cabem todas as cores. Bom lembrar que momentos de crise são oportunidades de revisão desse nosso desenho, momentos de acertar detalhes, aprimorar as cores. O nosso trabalho não é dispensável na manutenção da harmonia do todo – os que aqui estão no corpo físico podem auxiliar os que dele já se desligaram. E vice-versa.
Uma ética para a imprensa escrita em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.
Nesta edição fica o convite: Faça a sua parte! E também a garantia do Mestre, de que onde duas ou mais pessoas estivessem reunidas em seu nome, ele ali estaria presente. Não podemos perder essa oportunidade de fazer o Bem, na certeza de que justamente nos momentos em que tudo parece sem sentido, há uma lei de amor que chancela toda a Criação. E nenhuma ovelha será perdida. Boa leitura!
do artista, na instituição C. E. Eurípedes Barsanulfo. Dona Pequena era evangelizadora e participava do teatro amador da cidade. É bom destacar que a arte pode ser hereditária. Nelson Firmino, São Paulo. Edição 467 Parabenizo o Correio Fraterno, não só
pela qualidade dos artigos da última edição, como pelo jornal como um todo. O Correio tem dado a sua grande contribuição, principalmente em momentos como estes, de desafios, por que passa a humanidade. Fraternidade Servidores de Jesus, São Paulo.
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br
CORREIO
FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118
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JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/correiofraterno Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Comunicação e marketing: Tatiana Benites Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: Gráfica Mar Mar
• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.
CORREIO DO CORREIO A mãe de Lima Duarte Quero parabenizar o Correio Fraterno pelo artigo escrito por Raymundo Espelho sobre o Lima Duarte na última edição (ed. 467, Você Sabia). Morei em Ribeirão Preto, quando criança, e convivi com dona Pequena, a mãe
• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.
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Acontece
Os reflexos da atualidade em nós Da redação
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ão dá para viver momentos importantes como o político por que passa o Brasil sem sentir o coração palpitar, sem nos envolver, independentemente de partido ou simpatias políticas. Queiramos ou não, o momento é histórico. Acompanhamos os fatos reproduzidos instantaneamente pela mídia. As incertezas nos rodeiam. Além de procurarmos saber sempre mais, para um desempenho mais qualificado de nosso papel como cidadãos, nós podemos e devemos ajudar muito mais, vibrando pelo Brasil, numa prece sincera e direta em favor dos que levam consigo a responsabilidade de representarem politicamente uma nação, lembrando do quanto a legião dos bons espíritos tem trabalhado para o estabelecimento da fraternidade, da moral, da ética não só no Brasil, mas em todo o mundo. Além da prece pelo Brasil, vale lembrar da imperiosa necessidade do equilíbrio de nós mesmos. É preciso que pelo menos em alguns instantes nos distanciemos da efervescência coletiva que o momento histórico enseja para pensarmos em nosso mundo íntimo, na busca da serenidade que nos restabeleça para seguirmos adiante. Lembrar que é justamente nos mo-
mentos de crise que devemos colocar em prática o que aprendemos e acreditamos. Quando o aprendizado já estiver consolidado, se a última notícia ruim da economia ou da política nos surpreender, juntamente com a violência urbana, guerras, abusos, lembraremos que as crises estarão sempre como grandes lições para o progresso e não serão mais erroneamente consideradas como sinais de ‘fim do mundo’. Por mais que um momento desperte em nós revolta, medo, insegurança ou indignação, é bom não se esquecer da responsabilidade de cuidar de si mesmo, auxiliando no Bem, como o bom fermento que leveda a massa, atentos para o fato de que o mau ingrediente também pode colocar tudo a perder. Respirar fundo, tranquilizar o coração e lembrar quem somos e o que somos: espíritos que ainda estão a caminho, na senda da perfectibilidade. Muito ainda a amar, muito ainda a conhecer e aprender. Sem derivas. Estar em prece é sempre importante, mesmo que não se esteja orando. Afinal, já nos disseram os Espíritos: a forma nada vale, o pensamento é tudo. E um bom pensamento vale mais que mil palavras que não saiam do coração.
As crises, as dificuldades, os desregramentos do mundo... De modo habitual, referimo-nos às provações terrestres, mormente nas épocas de transição, como se nos regozijássemos em ser folha inerte nas convulsões da torrente. Em verdade, o mundo se encontra em renovação incessante, qual sucede a nós próprios, e, nas horas de transformações essenciais, é compreensível que a Terra pareça uma casa em reforma, temporariamente atormentada pela transposição de linhas e reajustamento de valores tradicionais. Tudo em reexame, a fim de que se revalidem os recursos autênticos da civilização. Natural que a existência em si mesma, nessas ocasiões, se nos afigure como sendo um painel torturado de paixões à solta. Costumamos olvidar, porém, que o mundo é o mundo e nós somos nós. Entre o passageiro e o comboio que o transporta, há singulares e inconfundíveis diferenças. Se o veículo ameaça desastre, é possível que o viajante, dentro dele, se converta em ponto de calma, irradiando reequilíbrio. Assim também, no planeta... Cada qual pode assumir as rédeas do comando íntimo e estabelecer com a própria consciência o encargo de calafetar com a bênção do serviço e da prece todas as brechas da alma, de modo a impedir a invasão da sombra no barco de nossos interesses espirituais. Que o mundo se encontra em conflitos dolorosos, à maneira de cadinho gigantesco em ebulição para depurar os valores humanos, é mais que razoável, é necessário. Entretanto, acima de tudo, importa considerar que devemos ser, não obstante as nossas imperfeições, um ponto de luz nas trevas, em que a inspiração do Senhor possa brilhar. Do livro Encontro marcado, Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier, FEB.
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ENTREVISTA
O lado espiritual da microcefalia Por Eliana Haddad
Neurocirurgião David Monducci
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scritor e membro do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos, em São Paulo, o neurocirurgião David Vieira Monducci traz nesta entrevista uma cuidadosa abordagem sobre a microcefalia e suas relações espirituais.
Qual a possível relação entre a epidemia das doenças transmitidas pelos Aedes aegypti e a lei moral? David: Toda ação deliberada por um ser humano implica uma consequência. A causa está na ação e intenção que a originou, as consequências resultantes são o efeito. Daí falarmos em uma lei de causa e efeito. No cenário da microcefalia perceberemos como efeito um grupo de indivíduos conectados por um conjunto de sinais e sintomas caracterizados por graus diferentes de retardo mental. No livro Obras póstumas, parte I, no item ‘Perguntas e problemas’, Allan Kardec apresenta rica análise sobre os casos de expiações coletivas. Podemos entender que esse grupo www.correiofraterno.com.br
de indivíduos ‘pode’ ter estado encarnado em um determinado momento da história humana no qual tenham corrompido os valores da inteligência, como falsos profetas que induziram seus semelhantes a comportamentos que contrariaram a lei de Deus; como políticos que inflamaram paixões menos nobres em grupos sociais promovendo crises e revoluções sangrentas; como escritores que corromperam a mente de jovens leitores com fantasias sexuais levianas e promíscuas, como cientistas que venderam razões e verdades científicas para interesses comerciais escusos. É possível o espírito reencarnante, gestado por uma mãe que tenha o vírus, não nascer com microcefa-
lia e ‘anular’ o efeito do vírus? Ele pode interferir nessa causa? O livro dos espíritos esclarece que um Espírito pode recuar ante uma prova escolhida e, neste caso, romper os laços que o prendem ao corpo em gestação (LE- 345). Todavia, como a prova é escolhida previamente pelo Espírito reencarnante (LE334) a desistência ante a prova acarretaria maior ônus ao Espírito (LE- 335 e 335a). Por outro lado, ‘anular’ o efeito do vírus é uma impossibilidade física, pois implicaria em alterar uma programação espiritual previamente estabelecida, bem como alterar o desenrolar de fenômenos que estão na ordem natural dos processos inerentes ao mundo fenomênico. Assim sendo, se fizer parte da programação reencarnatória de um determinado Espírito nascer com tal condição patológica, ele não poderá mudar esse processo durante a gestação, podendo, no máximo, fugir à provação. Todavia, importa termos em mente que essa é uma discussão totalmente especulativa. Qual o papel da deficiência física num planeta de provas e expiações como o nosso? Toda deficiência tem o poder de despertar nos indivíduos afetados, direta e indiretamente, a percepção do valor e da importância das faculdades prejudicadas. Posto que todos os nossos dons e faculdades são dádivas divinas, convém aprendermos a ser gratos e reconhecidos ao Pai, pelas benesses que nos foram graciosamente ofertadas pela bondade infinita do Altíssimo. O que significa, espiritualmente, o aumento de casos de microcefalia? Será preciso aguardar o tempo passar para termos uma visão mais abrangente dos
fatos. Até o presente momento, considerando a população brasileira, o aumento dos casos de microcefalia é estatisticamente insignificante, em que pese o impacto social, econômico e biomédico para as famílias afetadas. Entretanto, se em um segundo momento os dados mostrarem que a ocorrência desviou-se muito da curva esperada e alcançou relevância estatística, teremos um novo cenário que exigirá, por parte da coletividade, uma mudança de comportamentos visando ampliar medidas de inclusão social. Há tantos espíritos que precisam reencarnar ainda nessa condição? Em relação à necessidade de tantos Espíritos estarem reencarnando nessas condições, precisamos considerar que, como coletividade, estamos nos distanciando da barbárie e da violência de uma sociedade moralmente primitiva e migrando para uma sociedade onde os valores culturais e morais são dominantes. Numa sociedade mais moralizada e educada a corrupção e a perversão da inteligência, posta a serviço do mal, lesando, ofendendo e prejudicando o próximo, exige ajustes na aplicação da lei de causa e efeito. Vale a pena recordarmos a mensagem constante no O evangelho segundo o espiritismo que chama a atenção para o papel do homem inteligente na sociedade (Cap. VII). A microcefalia é uma doença ou uma síndrome? A microcefalia pode ser uma doença específica e limitada em si mesma, como também pertencer a um conjunto sindrômico maior. Literalmente, microcefalia significa cabeça pequena (kephalé + micrós). É definida como uma condição neurológica na qual o tamanho da cabeça, ou perímetro cefálico occipito-fron-
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tal, é dois ou mais desvios-padrão abaixo da média para a idade e sexo. O cenário começa a ficar mais complexo na medida em que esta condição pode ser familiar, determinada por fatores constitucionais, e não necessariamente patológicos. O acompanhamento do desenvolvimento psicomotor dessa criança nos primeiros anos da infância permitirá diferenciá-la dos casos anormais. As crianças que apresentarem um quadro de microcefalia patológica terão que ser submetidas a exames e avaliações médicas para distinguir os casos congênitos (ou primários) dos casos adquiridos (ou secundários). Casos de microcefalia congênita podem ocorrer em função do uso abusivo de álcool, cocaína, heroína ou outras drogas por parte da mãe na fase inicial da gestação, por diabetes materna mal controlada, desnutrição materna, hipotireoidismo materno, insuficiência placentária e anomalias genéticas. Por outro lado, infecções durante a gestação ou logo no início da vida extrauterina, diminuição da oxigenação do cérebro fetal durante o parto ou nos primeiros dias de vida (hipóxia), traumas obstétricos com hemorragias intracranianas, desnutrição infantil com anemia crônica e intoxicações podem ser causas secundárias de microcefalia. As evidências científicas acumuladas desde o ano passado permitem incluir as infecções por zika vírus nesse grupo. Contudo, ainda não foi demonstrado de forma inequívoca como o zika vírus agride o tecido cerebral embrionário e por que ele causaria a microcefalia. O espírito pode reencarnar com microcefalia por tarefa, para ajudar a ciência, por exemplo? Sim. Ao lado da prova-expiação há, também, a possibilidade da encarnação como tarefa na qual o Espírito reencarnante aceita o desafio de colaborar com os cientistas, a fim de juntos buscarem superar os limites do conhecimento humano. Na microcefalia, em função da grande diversidade de manifestações clínicas, há muito a ser estudado e descoberto; diferente do cenário como a anencefalia, que não oferece as mesmas possibilidades no âmbito da ciência. Nos casos de prova-expiação precisamos atentar para o fato de que a justiça divina
pressupõe equilíbrio e proporcionalidade entre a falta cometida e o reparo que redime o faltoso. De maneira geral, como encarar a doença para a evolução do espírito? O que compete à ciência? A doença, assim como qualquer outra provação, fornece ao indivíduo a oportunidade de mostrar o quanto ele já conquistou em termos de paciência, obediência e resignação perante a Lei de Deus. À ciência compete trabalhar para aquilatar o conhecimento humano convertendo-o em recursos que facultem à humanidade melhores condições de vida física.
tado de positiva fraternidade voltada para o bem do próximo. Além disso, como o nível de retardo mental é muito variável de uma criança para outra, todo dia pode ser o dia de uma nova descoberta e de uma nova conquista, o que deixa ao futuro um que de novidade e de surpresas. Como considera a questão do aborto nos casos de microcefalia? Totalmente injustificado perante a lei divina. Essas crianças, embora venham a apresentar quadros de deficiência mental, serão passíveis de educação e treinamento, como outros casos de deficiência mental que ocorrem na sociedade atual.
A doença, assim como qualquer outra provação, fornece ao indivíduo a oportunidade de mostrar o quanto ele já conquistou em termos de paciência, obediência e resignação perante a lei de Deus Melhores condições de vida física propiciam ao usufrutuário dedicar mais tempo e esforço no estudo, no aprendizado e na reforma íntima. O que dizer para as mães que já estejam passando por essa situação? O cenário clínico da microcefalia é pontuado por um retardo do desenvolvimento psicomotor com graus variáveis de retardo mental para cada caso em particular. Esse cenário proporciona para as mães, em especial, e para o restante da família de uma criança com microcefalia a oportunidade de colimarem esforços aprendendo a trabalhar de forma integrada e harmoniosa para a construção de um ambiente doméstico onde impere um es-
Como fica diante da lei divina a mãe que opta por abortar um filho com microcefalia? Conforme a resposta da questão 358 de O livro dos espíritos, sempre que transgredimos a lei de Deus assumimos responsabilidades pelas consequências resultantes da nossa ação. A provação nesta circunstância, um filho com microcefalia, não é apenas para o Espírito reencarnante, mas para todo o grupo familiar. A desistência e fuga de um dos membros do grupo acarreta prejuízos para todos. Faz-se, então, necessário fortalecer os laços de família para que seus membros possam apoiar-se mutuamente. Uma realidade como esta afeta inúmeros segmentos sociais. É
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também papel das casas espíritas se prepararem para esta demanda? Em O livro dos médiuns, Kardec afirma que a finalidade precípua das casas espíritas é a educação para a reforma íntima de todos nós. Com essa orientação em mente, é preciso que as casas espíritas se preparem para receber os membros dessas famílias com palavras de consolo, fortalecimento e orientação para que os irmãos em prova perseverem na luta de cada dia e não percam a fé em Deus. Por que os cientistas nem sempre conseguem desenvolver uma vacina em tempo hábil? A espiritualidade não poderia ajudá-los? A espiritualidade superior ajuda os verdadeiros cientistas empenhados em buscar respostas e soluções para os desafios que estão postos sobre a bancada dos experimentos, intuindo-os sobre os caminhos que devem percorrer. Entretanto, é necessário cautela e prudência, respeitando-se as exigências e os protocolos dos métodos de investigação científica, percorrendo todas as etapas exigidas no processo de desenvolvimento de novas vacinas e terapias para evitarmos erros, como foi o caso do escândalo da talidomida nos anos 50. Qual a responsabilidade das autoridades de saúde, saneamento, com relação a essas epidemias? Poderiam tê-las evitado? As epidemias de saúde pública fazem parte de fenômenos naturais que, por ora, encontram-se muito além da nossa possibilidade de controle. Todavia isso não exime as sociedades dos deveres de trabalharem de forma consciente e responsável na prevenção de desastres e flagelos que podem ter seus impactos minimizados pela ação preventiva das autoridades responsáveis e da sociedade como um todo. Que aprendizado tudo isso traz para o homem do século 21? Em O livro dos espíritos aprendemos que os flagelos que assolam as sociedades humanas proporcionam a oportunidade para que a humanidade exercite a inteligência buscando soluções para os desafios que se apresentam, além de oferecer as condições para o desenvolvimento do amor ao próximo e do desinteresse pessoal. www.correiofraterno.com.br
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coISAS De lAurInHA
Por tAtIAnA benIteS
Espírito e espírita? A
s crianças estavam reunidas na casa espírita e conversavam: – Gustavo comentava que viu um fantasma no quarto quando foi dormir. Dizia que teve muito medo e se escondeu debaixo das cobertas. – Fantasma? – perguntou Pedro. – é, fantasma. – é espírito, não fantasma. Fantasmas não existem! – disse Pedro. – é tudo a mesma coisa. Você entendeu o que eu disse! – está bem, mas tem que falar certo; é espírito. num burburinho, e em roda, as meninas também comentavam sobre o acontecido: – Se ele viu um espírito é porque ele é médium – argumenta Aninha.
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– Isso não tem nada a ver. ele viu espírito porque o espírito apareceu – retruca laurinha. – e agora ele está com medo – emenda Paula. – ele viu direitinho. Disse que era uma mulher – comentou Aninha. – então não era um espírito, era uma espírita! – diz Paula, toda confusa. – nããão, nós somos espíritas, por sermos mulheres – diz laurinha. – Sim, porque somos meninas – endossa Paula. – não, somos espíritas porque estamos no espiritismo – Aninha tenta esclarecer. – então, como falamos quando o espírito é mulher? – indaga Paula.
– espírito de mulher! – responde laurinha. Vendo o agito da meninada, a professora, que entrara há pouco na sala, interagiu: – Muito bem. Vejo que estão animados hoje... e... – Professora, está sabendo que o Gustavo viu um espírito? – Pedro entrega logo a novidade. – De mulher – emenda rapidamente laurinha. – uma espírita – comenta Paula. – A é? Mas vamos lá. espírito e espírita são coisas diferentes. Alguém sabe me explicar a diferença? laurinha levanta a mão e diz: – claro! é muito simples, um termina com “o” e o outro termina com “A”.
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MARÇO - ABRIL 2016 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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BAÚ DE MEMÓRIAS
Por Izabel Vitusso
A força de um ideal Por IZABEL VITUSSO
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ssim como histórias em quadrinhos, um bom filme de amor, histórias de lutas e superações com final feliz merecem sempre ser contadas. O ápice do primeiro ato desta grande epopeia, a fundação do Lar da Criança Emmanuel, acontece em março de 1960. Mas ela começa muito antes. As idealizações para se erguer o primeiro projeto social da cidade de São Bernardo do Campo tiveram início em meados da década 50. No único centro espírita da cidade, o Centro Espírita Emmanuel. Um dos pivôs de tudo foi seu Manoel Romero, o fundador desse centro, um dos idealizadores do projeto do Lar, do Abrigo de Idosos em Santo André, hoje Instituição Assistencial Nosso Lar, do então Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes, em São Bernardo, e provavelmente de inúmeras outras instituições, cujas informações, sem registros e memórias, provavelmente já sofrem no apagar das lembranças terrestres.
Eu mesma me lembro do seu Manoel Romero, já grisalho, e com um tique de subir e baixar as sobrancelhas enquanto falava. Criança observa tudo! O Lar Emmanuel nascera antes de mim. Mas sua história se entrelaça com a do nosso núcleo familiar: de minha mãe, de meu pai e seus cinco filhos. Meu pai sequer era casado quando começou a fazer parte da comissão que viria a dar origem à instituição. “Aos sábados, domingos e feriados, sr. Manoel, com seu caminhãozinho surrado, estacionava logo cedo na praça central da cidade, praça Lauro Gomes, para aguardar os trabalhadores [diretores, conselheiros e outros colaboradores, espíritas e simpatizantes] que iriam ajudar a arrancar os tocos de árvores e limpar o terreno, parte de uma chácara que conseguiram como doação. Mas para se chegar lá nem sempre era fácil. Entrar na avenida, antiga Linha Camargo, que depois viraria avenida Humberto Alencar Castelo Branco, era
muito difícil em dia de chuva. Não havia calçamento. O grande bairro Assunção de hoje era zona rural da cidade. Não havia ônibus que chegasse. E mesmo veículos, de modo geral, eram raríssimos. O caminhão patinava. Todos desciam para ajudar a empurrar, mas o jeito sempre era mesmo fazer o resto do percurso a pé”— lembra meu pai, Raymundo Espelho. “Durante um ano, aproximadamente, os diretores, conselheiros e colaboradores [grande parte deles pouco acostumados a trabalhos físicos tão pesados] permaneceram retirando terra, troncos de árvores e pedras gigantescas para que pudessem iniciar o alicerce. Pedreiros e serventes nós contratamos bem depois” – lembra meu pai. Nesses 56 anos — comemorados em evento na casa no dia 3 de abril, com palestra da presidente da USE estadual, Julia Nezu —, um sem número de colaboradores, pessoas compromissadas com o Lar da Criança Emmanuel, deixaram a
Raymundo R. Espelho, Walker Barbosa, o primeiro promotor público da cidade, e Manoel Romero
sua marca e grande contribuição. E outros tantos profissionais, voluntários, anônimos, ajudam hoje na continuidade desta grande frente, que trabalha para transformar possíveis histórias tristes de crianças e jovens em finais mais felizes. Um pedaço de terra, um papel em branco, uma película virgem sempre serão convites para escrevermos uma nova história. Se ela for boa, ótimo. Se for com união, melhor ainda. Se for pelo amor e com desinteresse, haverá de encontrar eco em muitos corações e se multiplicar. www.laremmanuel.org.br www.correiofraterno.com.br
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ESPECIAL
SUICÍDIO
O que ainda podemos fazer quando mais nada pode ser feito
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endo em vista a necessidade de ampliar os trabalhos não só de prevenção, como também de socorro espiritual aos suicidas, o Grupo de Auxílio aos Espíritos em Sofrimento acaba de lançar em São Paulo o projeto Suicídio, uma epidemia silenciosa. A iniciativa recebe o apoio da Federação Espírita Brasileira, Associação Médico-Espírita do Brasil, União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, Aliança Espírita Evangélica, editoras IDE e Correio Fraterno, e tem como meta agora sensibilizar grupos espíritas por todo o Brasil. A proposta, ancorada em argumentos da obra clássica Memórias de um suicida, pela médium Yvonne Pereira, tem como principal recurso de divulgação uma cartilha, que também pode ser baixada gratuitamente pela internet. Ela traz esclarecimentos relevantes sobre a situação do suicídio no Brasil e no mundo e orienta como grupos espíritas podem estruturar um trabalho de socorro específico aos espíritos que desencarnaram por morte violenta. O livreto é prefaciado pelo jornalista e escritor André Trigueiro, autor do já consagrado Viver é a melhor opção (Ed. Correio Fraterno), que alcançou a marca de 30 mil exemplares vendidos em seis meses. “Nunca houve tantas evidências de que a melhor maneira de enfrentar o problema do suicídio é falando sobre o assunto, entendendo os fatores de risco, compartilhando de forma responsável as informações que sustentam as campanhas de prevenção, não sendo exagero dizer que essas informações podem salvar vidas, especialmente quando sabemos da elevada intercorrência dos suiwww.correiofraterno.com.br
Por Eliana Haddad Segundo a Organização Mundial da Saúde, somos o oitavo país em números absolutos de suicídio no mundo. Isso significa que, diariamente, 32 pessoas se suicidam, ou uma pessoa se mata a cada 45 minutos no Brasil. As estatísticas mostram que o suicídio cresce não somente por questões demográficas e populacionais, mas também pelos problemas sociais que prejudicam o bem-estar e estimulam a autodestruição. “Nossa sociedade vive com diversas situações de agressão, competição e insensibilidade, campo fértil para que transtornos emocionais se desenvolvam”, observa Antonio Carlos.
cídios (90% dos casos) com patologias de ordem mental diagnosticáveis e tratáveis”, destaca o jornalista. Ele lembra que, sob a ótica espírita, evitar o cometimento de suicídios tem outros desdobramentos importantes. “Como a morte não existe, o primeiro grande choque se dá quando o suicida percebe-se vivo, e constata que a dor que o afligia foi potencialmente agravada pelas consequências de seu ato, percebendo que tomou a decisão errada”. Certamente, quando um suicídio é evitado, livra-se o Espírito de padecimentos que podem se estender por vários anos, às vezes por séculos, sendo ainda possível, também, reduzir a irradiação desequilibrada desses tormentos. Afinal, uma única decisão – precipitada e infeliz – produz múltiplos efeitos, todos eles negativos e lamentáveis, nos dois planos da existência.
“A proteção da vida é tarefa de todos”, assinala Trigueiro. Embora seja considerado um problema de saúde pública, porque pode ser prevenido, o suicídio teve suas taxas aumentadas nos últimos 45 anos em 60%. “Se não for tomada uma atitude abrangente, que mude drasticamente a mentalidade e o ambiente em que estamos inseridos, o índice dessas mortes terá dobrado em 2020 – e haverá, a cada 20 segundos, em algum lugar do mundo, alguém tirando a própria vida”, calcula Antonio Carlos Braga dos Santos um dos idealizadores do projeto e também membro do Centro de Valorização da Vida. Ele comenta ser o suicídio uma questão relevante e que toca profundamente a todos que se permitem senti-la. “É preciso falar sobre isso abertamente, pois ainda é um tabu entender as causas e providenciar o apoio necessário”, acrescenta.
A visão espiritual A informação de que 90% dos casos de suicídio podem ser evitados é alentadora. Mas, e quando o ato infeliz já se consumou? O que podemos fazer para ajudar? Nos últimos dez anos, só do Brasil partiram para o plano espiritual cerca de 120 mil espíritos pelas portas do suicídio, 10 milhões no mundo todo. Além de mostrar que pessoas que tentam o suicídio pedem por socorro, a cartilha assinala também que há muito a se fazer, inclusive por aqueles que, infelizmente, já tiraram a própria vida. Afinal, o suicídio consumado acarreta um dos maiores tormentos que a criatura humana pode sofrer, porque continua viva, apesar do corpo sem vida. No mundo espiritual, o suicida encontra-se atormentado, perdido, anestesiado, incapacitado de prosseguir a sua trajetória pessoal, bruscamente interrompida pelo ato do suicídio. Necessita, enfim, ser ajudado, pois sozinho é muito difícil superar
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o que sente e vivencia, pela falta de condições psíquicas. Uma simples lembrança de sua pessoa, com afeto, pode dar início a um processo de mudança do estado de prisioneiro, de si mesmo, em que se encontra. A visão espírita possibilita um trabalho objetivo nesse sentido. Evidente que, no plano da vida após a morte, incontáveis grupos de resgate e socorro atuam no encaminhamento dos suicidas. Eles frequentemente também necessitam da colaboração amorosa dos encarnados. São trabalhos conjuntos que exigem esforços de participação de ambos os lados. As vibrações dos encarnados são indispensáveis para que a ajuda seja consumada. Esses trabalhos com as equipes espirituais que se dedicam a socorrer os Espíritos sofredores foram bem relatados no livro Memórias de um suicida, através da psicografia de Yvonne Pereira, que relatou detalhes dessa condição espiritual, os dramas vividos quando ainda encarnados e o complexo trabalho empreendido para socorrê-los. No capítulo 6, “A comunhão com o Alto”, a obra citada apresenta essa proposta de trabalho conjunto entre os dois planos de existência. De um lado, os serviços a serem prestados pelos médiuns encarnados, de outro, os Espíritos especializados nos cuidados daqueles que tiraram a própria vida e se encontravam em inalterável estado de inércia mental. Como os grupos espíritas podem ajudar Trabalhadores da seara espírita dispostos a auxiliar, em conjunto com as equipes espirituais envolvidas no socorro aos suicidas, podem criar um grupo de trabalho da casa para socorrê-los. Esse grupo, cuidadosamente selecionado, ficará à disposição de uma equipe espiritual encarregada de trazer esses Espíritos para receberem as vibrações amorosas e revigorantes, tão necessárias, emitidas pelo grupo dos encarnados. É preciso que esse grupo, pelas características do trabalho, seja exclusivo. As reuniões devem seguir uma agenda preestabelecida pelos seus integrantes e autorizada pelo dirigente da casa. Da união com outros grupos, formar-se-á, em pouco tempo, uma legião de socorristas que auxiliará as forças do bem,
atentas ao saneamento dessa esfera espiritual. Esse trabalho pode ser realizado uma vez por mês. A emanação de fluidos e vibrações amorosas pelos participantes são a matéria-prima fundamental para o trabalho de socorro e auxílio dos Espíritos em sofrimento, não havendo, portanto, a necessidade da incorporação. O intercâmbio com a equipe espiritual, que dará o apoio e o suporte ao grupo e encaminhará os Espíritos necessitados de socorro, deve anteceder a constitui-
ção do trabalho, de forma a permitir que ele seja estruturado concomitantemente nos dois planos da vida. Lembrando, o estudo sobre o tema é fundamental. A cartilha traz ainda sugestões de leitura para o preparo dos componentes do grupo e da dinâmica para a assistência a ser estabelecida. Através do e-mail apoio.gaes@gmail. com, as casas espíritas podem receber outras informações e esclarecimentos, agendar palestra, tirar dúvidas e solicitar material impresso ou eletrônico para divulgação. Acesse também: facebook.com/apoio.gaes e o site do jornal Correio Fraterno: www. correiofraterno.com.br.
O trabalho de socorro espiritual Preparação (até 10 minutos) • Iniciar com leitura do Evangelho ou textos edificantes com teor de esperança e consolo. • Procurar sintonia, através da prece de abertura, com a Legião dos Servos de Maria, que darão sustentação ao grupo e ao trabalho. • O ambiente do trabalho deve ser sereno, com luz suave e música revitalizante. • Mentalizar sempre a limpeza espiritual e a proteção energética do local. • Atenção ao preparo individual para o dia do trabalho, evitando pensamentos desarmoniosos e estando atento, inclusive, a uma alimentação mais leve. • Pessoas que estejam enfermas, emocionalmente abaladas ou com depressão não devem participar do trabalho. • Um grupo de 4 a 5 pessoas é o suficiente, devendo ser uma delas a responsável por dirigir os trabalhos. • Vigilância de pensamentos e atitudes, evitando conversas e assuntos não pertinentes ao trabalho no ambiente. Assistência (20 a 30 minutos): • O dirigente deve comandar o início, colocando-se à disposição da equipe espiritual. • Não há necessidade de incorporação. Somente o choque anímico do contato energético entre o Espírito desencarnado e o Espírito encarnado é o suficiente para auxiliá-los. • Também serão assistidos, neste trabalho, além dos suicidas, muitos Espíritos que desencarnaram de forma violenta.
Yvonne Pereira
[...] não obstante a eficiência de métodos tão apreciáveis, mesmo no recinto do hospital e, mais ainda, entre os asilados do isolamento e do manicômio, existiam aqueles que não haviam conseguido reconhecer ainda a própria situação com a confiança que era de se esperar. Permaneciam atordoados, semiconscientes, imersos em lamentável estado de inércia mental, incapacitados para quaisquer aquisições facultativas de progresso. urgia despertá-los. urgia chocá-los com a revivescência de vibrações animalizadas, a que estavam habituados, tornando-os capazes de algo entenderem através da ação e da palavra humanas! (Memórias de um suicida, do capítulo 6 “A comunhão com o Alto”).
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VOCÊ SABIA
A reencarnação de Santos Dumont no Rio de Janeiro Da redação
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erto dia, em uma viagem de ônibus para Uberaba, Clóvis Tavares, fundador da Escola Jesus Cristo, em Campos de Goytacazes, RJ, pensava com carinho na figura do aviador Santos Dumont. O escritor já havia recebido do amigo Chico Xavier a informação de que o aviador era um dos irmãos espirituais mais de-
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dicados no trabalho de seu educandário. Mas foi naquela mesma noite, 20 de julho de 1948, em reunião íntima com Chico, que Clóvis ficou ainda mais emocionado. Em prece, ao recordar a data de natalício de Santos Dumont, Chico percebe a presença do aviador naquele círculo íntimo. Ele transmite palavras de carinho e refere-se a observações particulares que provocaram em Clóvis profundo impacto, pois nada havia comentado com o médium com relação às suas cogitações sobre Santos Dumont durante a viagem. Dumont dizia que muito se sensibilizara. Comovido, agradecia as lembranças afetuosas, dizendo que desejava escrever algumas palavras (veja no site), em que dizia: “Não há voo mais divino que o da alma. Não existe mundo mais nobre a conquistar, além do que se localiza na própria consciência, quando deliberarmos
converter-nos ao bem supremo. Alcemos corações e pensamentos ao Cristo”. Clóvis continuou participando por muitos anos de reuniões mediúnicas com Chico, que lhe revelara, certa vez, que Santos Dumont havia reencarnado na cidade de Campos de Goytacazes, em março de 1956, como seu filho e de Hilda Mussa Tavares. O nome, Carlos Vitor, o primeiro filho do casal. Carlinhos nascera sadio, embora aos nove meses de idade tivesse levado um tombo do carrinho de bebê, deslocando a vértebra cervical e ficando tetraplégico. Segundo Chico, a marca já estava em seu períspirito, em função da lesão adquirida pelas experiências do suicídio no passado, quando deprimiu-se ao presenciar mineiros e paulistas a digladiarem-se pelo céu, usando o avião, obra de sua invenção, como arma de guerra para matar e destruir.
A família de Clóvis Tavares guardou a revelação feita por Chico Xavier. Carlinhos viveu até os 17 anos, desencarnando em fevereiro de 1973. Mas a bela história deste núcleo familiar ganhou destaque no documentário que acaba de ser lançado pela produtora Versátil Digital Filmes, Luz da escola1, que tem como foco a história dos inicialmente materialistas Clóvis Tavares e de sua noiva, Nina Arueira. Desencarnada aos 19 anos nos braços de Clóvis Tavares, Nina encoraja o ex-noivo, em espírito, a fundar uma escola para acolher crianças pobres em Campos dos Goytacazes, o que se deu meses depois de sua morte, em outubro de 1935, recebendo o nome Escola Jesus Cristo. 1 Luz da Escola será lançado no mês de julho em formato DVD e também em TV por assinatura.
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E para onde vamos? Por GuArAcI De lIMA SIlVeIrA
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esempregado e abatido, o homem caminha trôpego pelas ladeiras da sua cidade. Há pouco perdera o emprego e, em casa, muitas bocas aguardam pelo sustento. Podia ser o fim. A desgraça total. O escatológico individual que transtorna existências. Mas ele não pensa em desistir. É forte o suficiente para prosseguir. Acredita. Sim, ele acredita que tudo pode mudar de um instante para o outro. Ele é apenas filho e está absolutamente certo de que há um Pai que o criou e o ama. Eis que, de repente, surge à sua frente um cidadão que procurava alguém para ajudá-lo num novo empreendimento. Pessoas certas se encontram em locais adequados e onde a coragem de viver e vencer faz parte das vidas de quem procura e de quem necessita. Pode ser até uma cena de cinema ou da teledramaturgia, ou ainda dos romances que se leem ao pé do leito. Mas, quem sabe não é uma cena real? Não estamos sozinhos. Não estamos à deriva, num barco em bancarrota num mar de tempestades. Erroneamente, pensamos que somos punidos por Deus, pelos nossos desvios éticos e morais, impetrados nalgum tempo e lugar. Mas para quê então, Deus nos criou? Simples, ignorantes, com possibilidades de errarmos e não termos caminhos de volta aos acertos? Sim, já acertamos muito. Provavelmente acertamos mais do que erramos.
Carl Seagan, o eminente astrônomo do século passado, nos disse que em nossas memórias individuais há o equivalente a duzentos mil livros de quinhentas páginas cada um, escritos por nós em nossas epopeias diuturnas, desde o princípio. Um fabuloso arquivo que nos capacita a sermos homens e mulheres que caminham eretos, em busca de algo que satisfaça nossos interesses pessoais ou coletivos, criando maravilhas e globalizando conhecimentos. Mesmo a psicologia nos indica que somos 10% consciência e 90% inconsciência. Também inúmeras vezes o espírito Joanna de Ângelis nos transmite belas lições sobre o nosso inconsciente e os registros de nossas experiências vividas em existências passadas. E são muitas! Podemos ainda dizer que somos ver-
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dadeiras bibliotecas ambulantes em busca de um caminho; o Tao como nos indicam os orientais, que dizem que, quando o encontramos, não desejamos mais retornar aos volteios das incertezas e inseguranças. O Tao é o nosso caminho consciente para Deus. Caindo, levantando, acertando, errando, mas... Caminhando! E para onde vamos nessa jornada? Há citações na Bíblia e nos compêndios acadêmicos que falam sobre os grandes filósofos da humanidade. Muitos deles dizem que o homem é a capacidade de se autotransformar, de se reinventar, de se autoproduzir e capacitar-se para as escaladas do cume. Saídos da infância espiritual, necessitamos chegar à maturidade. É um caminho longo, às vezes doloroso, às vezes pra-
Livros a partir de em homenagem a
zeroso. O importante, contudo, é que é um caminho inusitado e palmilhado por todos os seres, estabelecido democraticamente pela lei divina. Certamente nos “encontraremos” um dia com o Criador e diremos, como Jesus: “Eu e o Pai somos um”. Por isso não vale desanimar ou dizer que ainda se está muito longe. Problemas, todos nós os temos. Mas nossa consciência no Pai deve permanecer acima do ângulo superior, do grande triângulo: eu, minha vontade e minhas vitórias. Chegaremos todos um dia a patamares superiores, mas o faremos par e passo e ditosos por existir. Felizes por termos sido criados pela inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, como nos esclarece a questão primeira de O livro dos espíritos. Chegaremos a Deus, através do pleno conhecimento e vivência de suas leis. Certamente que sim. Não há volta, penas eternas ou qualquer outro obstáculo criado pela mente humana, muitas vezes indecisa, soturna, desinformada. Assim, vamos caminhando e evoluindo com alegria, força e gratidão. Com a atitude dos grandes vencedores. Para onde vamos? Ora, vamos para Deus! Guaraci Silveira reside em Juiz de Fora, MG. Escritor e palestrante, autor do livro O refúgio de Laila (Correio Fraterno).
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Até sempre Chico Xavier Relata aspectos da história da amizade que une Chico Xavier ao casal Nena e Francisco Galves. Apresenta episódios do cotidiano da vida em família, entrevistas inéditas, lições e orientações.
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VI Jornada AME-ABC Acontecerá no dia 14 de maio, sobre o tema “Saúde do espírito”, a VI Jornada da Associação Médico-Espírita do ABC. Local: Anfiteatro do Hospital Estadual Mário Covas. Rua Dr. Henrique Calderazzo, 321, B. Paraíso, Santo André, SP. Participação de Décio Iandoli, Heloísa Bernardo, Pedro Gregori e Hugo Mizukami. Inscrições: ameabccontato.wix.com/ameabc Fone: 2897- 0267 (parte da manhã).
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Congresso Espírita Alagoano Será realizado de 3 a 5 de junho o 3º Congresso Espírita Alagoano, sobre o tema “No rumo do amanhã, que fazeis de especial?”. O evento com a participação dos oradores: Simão Pedro, Sandra Della Pola, Marcel Mariano, Adeilson Salles e Geraldo Campetti. Realização: Federação Espírita do Estado de Alagoas. Informações: (82) 3022-0325. www.feeal.org.br.
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Congresso Estadual de Espiritismo 2017 A União das Sociedades Espíritas já iniciou a organização do 17º Congresso Estadual de Espiritismo, que se realizará de 23 a 25 de junho de 2017, na cidade de Atibaia, SP. Com o tema “Prossigo para o alvo”, o evento comemorará a passagem dos 70 anos de fundação da USE. www.usesp.org.br/congresso.
Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
Este livro foi escrito por ordem e sob ditado dos Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, livre dos prejuízos do espírito de sistema. Eis os termos em que nos deram, por escrito e por meio de muitos médiuns, a missão de escrever este livro: “Ocupa-te, com zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com o nosso concurso, porque esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases do novo edifício que se eleva e um dia deverá reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade; mas, antes de o divulgares, revê-lo-emos juntos a fim de controlar todos os detalhes. Estaremos contigo sempre que o pedires, para te ajudar nos demais trabalhos, porque esta não é mais do que uma parte da missão que te foi confiada e que um de nós já te revelou.” Allan Kardec, O livro dos espíritos. Homenagem aos 159 anos de seu lançamento, em Paris, 18 de abril de 1857.
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Flagelos são provas vocês trouxeram algo que representasse um desastre natural?
eu trouxe um bolo que minha vó fez!
e por que o bolo da sua avó é um desatre natural?
V Q V o o c e S P I r I t o S b M z o e
ENIGMA
Qual o conceito de caridade para o espiritismo? qualquer hora, em qualquer lugar
Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br
Resposta do Enigma:
benevolência para com todos; indulgência com as imperfeições alheias; perdão das ofensas.
Palestra sobre Prevenção do suicíABR dio em Porto Alegre Acontece no dia 16 de abril palestra com o jornalista André Trigueiro, sobre o tema “Viver é a melhor opção”. O evento ocorre na Sociedade Beneficente Espírita Bezerra de Menezes, Av. Nova York, 686, Auxiliadora, Porto Alegre, RS, das 14:30 às 16:00h. Fone: (51) 3343-0625 - http://www.sbebm.org.br.
CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO
(resposta dos espíritos a Kardec no item 886 de O livro dos Espíritos)
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porque sempre que eu como quente minha avó fala que pode doer a barriga e acontecer um desatre natural!
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ARTIGO
Sábios conselhos de Kardec Por Pércio Bresler ... Sua missão é de combater a incredulidade, a dúvida, a indiferença; não se dirige, pois, àqueles que têm uma fé, e a quem essa fé satisfaz, mas àqueles que não creem em nada, ou que duvidam. Ele não diz à pessoa para abandonar a sua religião; respeita todas as crenças quando elas são sinceras. A liberdade de consciência é a seus olhos um direito sagrado; se não a respeitasse, falharia em seu primeiro princípio que é a caridade. Neutro em todos os cultos, ele será o lugar que os reunirá sob um mesmo pavilhão, aquele da fraternidade universal; um dia todos se estenderão as mãos, em lugar de se lançarem anátemas...” 1 É autêntica a indignação que sentimos quando percebemos que determinados irmãos, que se dizem religiosos, utilizam o nome de Deus para satisfazer seus próprios interesses. Ficamos perplexos ao observarmos ensinamentos que conduzem à mistificação ou então ao desvirtuamento das palavras de Jesus. É um processo natural do espírito que se liberta do peso esmagador dos conceitos dogmáticos criados pelos homens. Ao atingir uma consciência que lhe permite utilizar a razão em vez da simples credulidade, agita-se em si mesmo para logo lançar seus novos parâmetros aos que ainda estagiam em outros movimentos religiosos, do qual um dia pertenceu. Surgem os ataques desprovidos do bom senso, de tolerância e caridade, gerando cizânia e falso sentimento de superioridade espiritual. O espiritismo fundamenta-se na mais pura moral ensinada aos homens na face da Terra: a moral do Cristo. De origem divina, tem o objetivo de esclarecer e apontar o caminho da redenção para toda a humanidade. Também o Cristo se referiu aos falsos
religiosos, chegando a dizer que “são sepulcros caiados por fora, mas cheios de podridões por dentro”. Em outro momento disse que “são cegos que conduzem outros cegos”. E vai mais adiante, quando diz que “toda árvore que meu pai celestial não plantou será arrancada”. Entretanto, nunca disse que deveríamos utilizar da força física ou das palavras para atacar aqueles que não professam nossa crença ou que utilizam da credulidade alheia para encher seus cofres. Como disse Kardec, a missão do espiritismo é de esclarecimento para aqueles que têm dúvidas e que desejam se esclarecer. Não se aplica àqueles cuja religião encontra-se inteiramente satisfatória para sua vida. Sendo assim, devemos deixar de observar os abusos e conceitos desvirtuados sendo ventilados diariamente em nossa face, através das mídias? É claro que não! Pois, o espiritismo, sendo fundamentado na razão, deve cuidar para que não caia nos mesmos erros alheios. Todavia, não nos cabe bater nos
templos e apontar os erros. Muito menos tem o espiritismo um porta-voz que possa anunciar com o dedo em riste o que os outros devem fazer. Sua voz é a universalidade do ensino dos espíritos, encarnados e desencarnados. Prudência e bom senso devem aninar o falar e o agir de cada espírita que deseja seriamente contribuir para sua implantação e divulgação. E ainda uma vez recorremos a Kardec: “... O espiritismo é uma fé íntima; está no coração e não nos atos exteriores,
não prescreve nada que seja de natureza a escandalizar aqueles que não compartilham dessa crença, recomendando disso se abster por espírito de caridade e de tolerância...”. 2 1 2
Revista Espírita, 1868, p. 92. Revista Espírita, 1864, p. 235.
Técnico de enfermagem e graduando em direito, Pércio Bresler é palestrante e vinculado à Sociedade Beneficente Obreiros do Bem e ao Centro Espírita Firmina de Oliveira, em Araraquara, SP.
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DIRETO AO PONTO
Pactos, talismãs e feiticeiros Por UMBERTO FABBRI
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esus, há mais de dois mil anos, ensinou sobre a divindade que habita em nós: “Vós sois deuses”, lembrou o mestre. Esta afirmativa diz respeito às potencialidades inerentes a todos os filhos do criador e não como alguns relacionam supostamente a poderes especiais. Na História da Humanidade encontramos várias culturas politeístas (polis, muitos, Théos, deus: muitos deuses) que acreditavam em divindades com vontade e personalidade independentes, voltadas para o bem ou para o mal. Na realidade, conforme nos orienta o mestre em sua conversa com Pedro, “o homem do mundo é mais frágil do que perverso”. Não se conhecendo, imagina que o mal esteja ‘fora’. Por isso a criação fantasiosa de tantos personagens, como Lúcifer, por exemplo, um anjo caído que se rebela e passa a competir com Deus, o Criador. Também o termo ‘pacto’ tem sido usado no decorrer da história para designar um acordo ou contrato irrevogável com Espíritos maus, o que, segundo a codificação, trata-se na realidade de uma ligação de Espíritos que se unem para a prática do mal. Semelhante atrai semelhante e, se minhas intenções são negativas e prejudiciais, vou me unir mentalmente a Espíritos que se afinam com meus desejos. A questão 549 de O livro dos espíritos diz que se uma pessoa quer atormentar seu vizinho e não sabe como fazê-lo,
poderá solicitar o auxílio de Espíritos inferiores que também se comprazem no mal. Estes ajudarão no intento, mas cobrarão pelo ‘auxílio’ no futuro. Isto, porém, não significa que o vizinho não possa se livrar deles por sua vontade, o que vai ocorrer se suas intenções e desejos estiverem em sintonia mais elevada, na vibração do bem. Estas ligações ocorrem em vários graus, de mente a mente, desde que sincronizadas pela mesma intenção. E o ‘acordo’ não é irrevogável, mas transitório, extinguindo-se com a evolução e melhoria dos envolvidos.
Outra preocupação de muitas pessoas está relacionada aos ‘trabalhos’ ou ‘feitiços’. Será que isto ‘pega’? Tudo depende de nosso comportamento, desejos e atitudes. Se desejamos e realizamos o bem, construímos uma defesa natural, vibrando em outra sintonia. Realmente somos deuses... Em grande número, porém, somos ainda de barro tosco, demonstrando a rusticidade das almas a serem lapidadas, apesar da riqueza de seu interior, que aguarda o burilamento vindouro. Alguns se utilizam do próprio magnetismo, manipulando
os fluidos do ambiente, influenciando os crédulos e ignorantes, sendo por eles considerados poderosos feiticeiros. O livro dos espíritos, questão 552, nos diz que não devemos acreditar nestes pretensos poderes, que só existem na imaginação de pessoas supersticiosas que ignoram as leis da natureza. Segundo Kardec, na questão 555 de O livro dos espíritos, o espiritismo e o magnetismo trazem as explicações sobre uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu várias fábulas. Da mesma forma que não existem seres especiais capazes de ações sobrenaturais, não podemos admitir a existência de talismãs, ou fórmulas capazes de proteger ou prejudicar as criaturas, mas sim a força do pensamento que projetamos nestas peças, podendo atrair Espíritos afinados com as intenções boas ou más que alimentamos. Tudo o que desejamos, atraímos para nossas vidas. Os pactos também podem ser positivos, de almas que se unam para realizar o bem, e não como erroneamente se conceituou, apenas para o mal. Façamos um pacto de amor com Jesus e sejamos felizes, buscando a divindade em nosso íntimo. Profissional de Marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor do livro O Traficante e Amor e Traição, ditados pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).
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MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!
Bailarina com perna amputada volta a dançar Um ano depois de passar por complicações na perna afetada em acidente automobilístico e sofrer amputação, Melina Reis conseguiu o que mais precisava para voltar a dançar. “Eu fiz uma varredura na literatura e não tem nada publicado em relação a confecção de pé para uso em sapatilha de ponta para a realização de balé clássico”, conta o médico especialista em próteses José André Carvalho, diretor do Instituto de Prótese e Órtese de Campinas. Mas o esforço para o desenvolvimento de uma prótese inédita, somado à força de vontade e esforço da bailarina garantiram à Melina o retorno às aulas de balé em menos de uma semana após o fim dos testes com o novo pé. “Eu vou poder voltar a dançar? Foi a primeira coisa que eu perguntei”...
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Crianças autistas em alto-mar
Gentileza gera mais que gentileza
O americano Israel, “Izzy” Paskowitz, tinha seis anos quando o pai, o lendário surfista Dorian Paskowitz o levou para surfar pela primeira vez. Foi amor à primeira vista. Pai de uma filha e um filho, sonhava que transmitiria a tradição e paixão do avô pelo esporte para os filhos. Porém, a história mudou quando Izzy viu o filho ser diagnosticado com autismo. Aos cinco anos de idade, Isaiah estava tendo um ataque incontrolável de raiva quando Izzy o levou para o mar, onde remaram juntos na mesma prancha. Naquele momento, o americano soube que poderia sonhar em ver o filho surfista. Juntos eles criaram o Surfer’s Healing, um acampamento de surfe sem fins lucrativos em que os melhores surfistas profissionais do mundo levam crianças com autismo para o mar. O projeto calcula que leva cerca de três mil crianças autistas por ano para o mar em 22 acampamentos nos EUA.
Ser gentil é melhor do que se pensa! Além de melhorar o dia das pessoas, provoca benefícios para a saúde e para a beleza! Você sabia que as pessoas que são amáveis produzem 23% menos cortisol (hormônio do estresse) e envelhecem mais lentamente do que a média da população? E que engajar-se em atos de bondade reduz a pressão arterial e o estresse? Pois é! A ciência também mostra que ser gentil recompensa a todos com o aumento da energia e do bem-estar, inclusive outras pessoas que ficam apenas olhando atos de bondade de terceiros são envolvidas nesse clima positivo.
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Fonte: Só Notícia Boa