Correio Fraterno 472

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FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 49 • Nº 472 • Novembro - Dezembro 2016

ISSN 2176-2104

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Entrevista O biógrafo Adriano Calsone fala de sua pesquisa sobre Amélie Boudet e da incrível luta da viúva de Allan Kardec para preservar a obra da codificação. Leia nas páginas 4 e 5.

Por que adoecemos?

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onsequência de uma luta emocional entre o querer, o poder e o dever, que reverberam em nós como conflitos interiores, a doença é tida como a grande vilã, na abordagem materialista, o encalço a nos atrasar a marcha de nossas conquistas. Mas não é bem assim. O neurocirurgião David Monducci, autor do livro Saúde e Vida, numa visão espiritualista da medicina, analisa o papel das nossas emoções para tantos distúrbios, alertando-nos para a necessidade de nos conhecermos de forma integral para aproveitarmos as oportunidades dos recados que o corpo nos oferece como espelho daquilo que somos, sentimos e pensamos. Leia mais nas páginas 8 e 9.

A mensagem de otimismo de Divaldo Franco em São Bernardo do Campo

Uma abordagem espiritual sobre emoções e doenças

Cerca de 3 mil pessoas de São Bernardo e região assistiram à palestra do orador Divaldo Franco, em comemoração ao cinquentenário de três instituições espíritas da cidade. “Nós temos tudo que pode nos propiciar a felicidade”. Leia mais na página 3.

A carta de amor de Allan Kardec para Amélie Boudet “Aceita, senhorita, as homenagens mais cordiais desse que tem a honra em estar em total devoção. Vosso mais humilde e obediente servidor”. Leia mais na página 7.

384 páginas R$ 39,90

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eDItorIAL

Um mergulho pela

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história

uma época em que a alteridade é valorizada como meio imprescindível para a tão sonhada fraternidade na Terra, a entrevista sobre Amélie Boudet mostra o quanto o mundo pode se atrasar e se complicar em função dos preconceitos. Mulher, idosa, inteligente, ativa, vivendo na França do século 19, Amélie certamente não conseguiu atuar como gostaria na Sociedade Espírita de Paris, pós-morte de Kardec, exposta a assédios morais, que não a impediram de realizar a mais importante tarefa como viúva de Kardec. Graças ao cuidado de Amélie, conhecemos Kardec hoje. E é impressionante verificar que as mesmas dificuldades

e em nós mesmos

por ela enfrentadas, como as infiltrações de crenças místicas, ainda pululam no espiritismo contemporâneo, tornando-o como já afirmara o filósofo Herculano Pires “um ilustre desconhecido”. A verdade é que nós todos, espíritos sujeitos à perfectibilidade, estamos mergulhados num processo histórico, onde nada se perde e nenhuma luta é em vão. E o espiritismo muito nos consola, por nos permitir o acesso aos enigmáticos “mistérios” da vida. Isso também se reflete na nossa relação corpo-espírito, como mostra a interessante matéria do neurocirurgião David Monducci, que desvenda o papel das nossas emoções nas doenças. Nosso desejo é que a leitura seja praze-

CORREIO DO CORREIO Do Velho Continente Achei curioso o texto sobre Portugal. (“Uma história luso-brasileira”, ed. 471). Sempre ouvi falar na influência da França no espiritismo. Nunca havia pensado na ligação dos portugueses no espiritismo nascente no Brasil. E o mais interessante: o texto é escrito por um irmão patrício, do além-mar. Vivendo e aprendendo! Romualdo Campos, por email

Domingos Montagner Me chocou muito a morte do artista Domingos Montagner. A matéria do jornal (“Morte, a necessidade de se preparar para ela”) me passou uma ideia diferente do que todo mundo fala e pensa sobre o nascer e o morrer. Priscila Andrade, por email

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118

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Uma ética para a imprensa escrita em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

rosa, consoladora. Afinal, o ano se acaba e é hora de respirar fundo, agradecer por mais um tempo de experiências e aprendizados, renovando-se a certeza de que nossas forças serão sempre calibradas no trabalho do Bem. Gratidão por 2016, esperança e trabalho para 2017! Feliz Natal! Equipe Correio Fraterno

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• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

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Acontece

Divaldo Franco

celebra o cinquentenário de instituições espíritas de São Bernardo do Campo Da redação 1

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o dia 17 de novembro foi a vez do público de São Bernardo do Campo e região ter a oportunidade de assistir à palestra do baiano Divaldo Pereira Franco, marcando a comemoração à passagem do cinquentenário de três instituições espíritas da cidade: Lar da Criança Emmanuel, Centro Espírita Obreiros do Senhor e Associação Espírita Beneficente Maria Amélia. Com o auditório do Cenforpe (Centro de Formação dos Profissionais da Educação Ruth Cardoso) lotado, a mensagem de otimismo e de confiança transmitida pelo orador transformou o aniversário das instituições em presente para quase 3 mil pessoas . Com um tom de alegria e leveza em sua mensagem, Divaldo narrou a história do próprio homem, passando por todos os desafios da evolução, sensibilizando o público para a necessidade do autoaperfeiçoamento. Citando o psicoterapeuta Gustav Jung, enfatizou que “uma vida que não tem uma meta psicológica é uma carga nas costas da sociedade. Amar é o ápice do processo evolutivo ético-moral. Quando amamos, somos felizes; quando desejamos ser amados, somos crianças psicológicas.”

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Divaldo lembrou que vivemos tempos em que o desencanto, a desilusão, a existência vazia tomam conta e que é preciso preenchê-la com ideais de beleza para que a vida tenha um sentido, considerando a necessidade de nos entregarmos a uma ação de benemerência. Valorizando o otimismo, lembrou que nunca houve tanto amor na Terra como hoje, destacando que o mal é aplaudido com veemência e o bem calça sandálias de veludo para não chamar atenção. “Cabe a nós, que somos convidados a reflexionar sobre a imortalidade da alma, tornar os dias de amanhã, num mundo de regeneração, melhores que os dias de hoje. Não mais amargura, nem queixa, nem reclamação. Nós temos tudo que pode nos propiciar a felicidade” — sintetizou. Ao finalizar a conferência, Divaldo

deixou sua mensagem de ternura e de esperança às três instituições cinquentenárias: “São doces lares abertos à caridade, ao amor, acendendo luz na treva da ignorância, crendo na misericórdia de Deus para tornar a humanidade melhor.” Divaldo destacou a importância do trabalho de ação na caridade. “Somos os braços de Jesus. A nossa é a voz que pode cantar a melodia da esperança. Que tenhamos a coragem de sermos diferentes para melhor, dentro da nossa canção viva do Evangelho”, afirmou . Em entrevista à imprensa presente, perguntado pelo Correio Fraterno sobre sua visão a respeito das obras sociais no movimento espírita, Divaldo Franco lem-

1. Orador Divaldo Franco. 2. Cerca de 3 mil pessoas presentes no auditório do Cenforpe. 3. Os presidentes das instituições homenageadas: Ricardo Marcos Campos (Associação Espírita Beneficente Maria Amélia) Adão Ribeiro da Cruz (Lar da Criança Emmanuel) Nair Custódio do Silva (Centro Espírita Obreiros do Senhor)

brou que “felizmente” o espiritismo não é paternalista e que suas obras devem ser de dignificação e promoção da criatura humana. “A visão hoje é libertar o indivíduo para que ele adquira sua cidadania e possa ser útil a si mesmo, transformando-se para melhor”, declarou. www.correiofraterno.com.br


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entreVIStA

Madame Kardec

A história que o tempo quase apagou Por eLIAnA hADDAD e IZABeL VItUSSo Adriano Calsone: Um mergulho na história de Amélie Boudet

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pesquisador Adriano calsone mergulhou na história de Kardec e Amélie Boudet na França do século 19. Pesquisou a história do espiritismo pós-Kardec e lançou em 2015 o livro Em nome de Kardec. Ampliando suas pesquisas, resgata agora a grande personalidade que foi Amélie Boudet, em Madame Kardec (Vivaluz). calsone relata a grandeza do trabalho de Amélie e como ela foi à luta para preservar a originalidade das obras fundamentais do espiritismo. Por que você resolveu pesquisar a vida de Amélie Boudet? Adriano: Trabalho com pintura mediúnica há mais de uma década. Sempre ouvi falar que ela foi artista e tinha alguns livros sobre belas artes, poesias, contos. Daí, pensei: “Não é possível que os espíritas não tenham mais dados biográficos sobre essa mulher!” O que temos de registros brasileiros sobre ela, desde o início do século 20, são dados pífios, replicados. Encontrei muita dificuldade de localizar novas informações. Repensei: “O caminho é a França e a Revista Espírita, a partir de 1869”. Como você conseguiu resgatar www.correiofraterno.com.br

esses dados? Por obras espíritas e não espíritas, pela internet, por meio da Biblioteca Nacional da França, e tenho também um amigo francês espírita que muito me ajudou nas pesquisas. Ao contrário do que imaginávamos, existiam muitas menções sobre as contribuições de Amélie no meio espírita francês da época. Depois da morte de Kardec, ela continuou a Revista Espírita com Pierre-Gaëtan Leymarie. Ele, mais intensamente, mas ela também permaneceu ativa, trabalhando com discrição nos bastidores, até desencarnar em janeiro de 1883. Como foi morar na Villa Ségur, ficava reservada e longe do escritório da Revista, mas elegeu Leymarie como manda-

tário para representá-la na livraria espírita e na Revista. E aí vem a grande questão: Ele não era só espírita... Acreditava, incentivava e financiava outras crenças místicas como o roustainguismo, a teosofia, a pneumatologia universal, que se tratava de mais uma doutrina secreta. O livro conta todas essas passagens? Sim. Ele (Leymarie) estava passando por dificuldades financeiras por causa da Comuna de Paris. Tinha filhos pequenos e pais doentes, e foi pedir ajuda à Amélie, que socorreu toda a família, inclusive cedendo-lhes morada gratuita em uma de suas casas de aluguel. Amélie, aliás, não era filha única, como dizem. Quando seu pai morreu, herdou uma extensa lista de patrimônios junto ao irmão. Uma matéria que saiu num jornal jurídico, na década de 1830, explica um calote que Rivail tomou em função de um empréstimo que fez para Julien François Boudet, irmão de Amélie. O que você descobriu de mais interessante? O que me chocou bastante foi a questão do assédio moral que Amélie sofreu depois da morte do marido. Há depoimentos da época publicados no formato de denúncias veladas, feitas por espíritas que conviviam no círculo parisiense do escritório da Revista Espírita. Havia grande resistência do grupo dos espíritas sincretistas, em torno de Leymarie, em aceitar suas opiniões por ela ser mulher, empreendedora, artista e também uma espírita já de idade. Mas ninguém a defendia? Em 1884, um ano depois da morte dela, uma amiga do casal chamada Berthe Fropo deixou um documento publicado, um verdadeiro desabafo, uma brochura,

Beacoup de Lumiére (Muita Luz). Impressionou-me, também, o fato de Amélie ter deixado muitas realizações espíritas. Fundou a respeitável Sociedade Anônima e, anos mais tarde, inaugurou outra Sociedade para a continuação das obras espíritas de Allan Kardec. Pode-se afirmar, sem receios, que ela foi pioneira na organização e valorização do que hoje conhecemos por Comunicação Social Espírita. Era muito inteligente, lúcida e ativa. O que fez Amélie tão logo Kardec desencarnou? Já no primeiro semestre de 1869, colocou em prática a Constituição Transitória do Espiritismo, sugerida por Kardec como medida expressa, principalmente para derrubar qualquer ideia de um “chefe do espiritismo”. Ela tinha uma visão inovadora das Sociedades que fundou, administrava mais de 30 imóveis próprios, herdados do pai, não só em Paris. Percebeu também que os livros espíritas do marido podiam ser muito mais acessíveis, baratos. Há passagens na Revista Espírita que demostram que ela viveu muitas situações de privação, repensando os rumos do trabalho deixado por Kardec, preservando com grande cuidado a literatura espírita nascente. Em sua análise, por que o espiritismo não conseguiu ter a continuidade como Kardec queria, através da Amélie? Em 1868, Kardec já vinha pressentindo vários cismas entre os fundadores da Sociedade. Ele queria prezar os ensinamentos espíritas pela exemplificação da moral, mas muitos acreditavam que o caminho deveria ser o fenomenológico, defendendo que a Sociedade deveria ser aberta não apenas para os societários, mas para que outras pessoas pudessem frequentá-la à


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constatação das experiências de efeitos físicos. Kardec não concordava com isso e chegou a pedir o seu afastamento da presidência, inclusive, por sondar os rumos sincréticos que a linha editorial da Revista Espírita poderia tomar. E foi o que, infelizmente, acabou acontecendo, após sua morte. A viúva fez de tudo para evitar essa incorporação obscura, orquestrada pelos próprios “amigos espíritas” do casal, de um espiritismo esotérico na França. Uma das provas desse desdém está numa declaração de 1884: “Eu parei de ir às reuniões do Comitê de leitura da Revista Espírita porque os senhores Leymarie e Vautier não tinham respeito por mim. Sempre que eu queria colocar as minhas opiniões, eles me faziam dura oposição, por isso eu tive que me retirar.” Por que Amélie permitiu na época que isso acontecesse? Distante, ela confiou muito em Leymarie e, quando Berthe Fropo percebeu que a Doutrina estava em perigo, a Sociedade já perdia seus rumos espíritas. Madame Fropo veio do círculo dos Kardec, conheceu o codificador e sabia muito bem da existência de ações corruptíveis que ocorriam nos bastidores do espiritismo francês. Ela documenta que Amélie não queria destruir a própria Sociedade que ela ajudou a fundar com o marido. Décadas depois, a espírita Sociedade Anônima virou a sincrética Sociedade Científica do Espiritismo. Amélie muito se entristeceu com isso, ficou recuada, doente e acabrunhada, mas a amiga Berthe sempre a incentivava a não desistir da coerência doutrinária. Inclusive, aconteceram muitas reuniões na Villa Ségur, conforme narrado na brochura Beacoup de Lumiére, nas quais o suposto espírito Kardec se comunicava para dar-lhe orientações. Ela era muito discreta e tomou atitudes importantes contra o sincretismo na Doutrina, incentivando, por exemplo, a fundação da União Espírita Francesa (1882) e participando das refutações ao lado da família Delanne. Como era a relação de Amélie com a família Delane? Foi ela quem chamou às pressas Gabriel Delanne e sua esposa, quando as mensagens do suposto espírito Allan Kardec começaram a chegar, alertando-os que, se nada de emergencial fosse feito, a Dou-

trina seria engolida por um misticismo praticado pelos “espíritas da primeira hora”. Foi assim que juntamente com Madame Fropo e a família Delanne fundou a União Espírita Francesa. Delanne inaugurou o periódico Le spiritisme (O espiritismo), como meio de divulgação dos ideais espíritas de Kardec, bem como para as refutações da Revista Espírita que, no início da década de 1880, já estava totalmente fora do seu propósito espírita inicial, veiculando artigos da Teosofia de Blavatsky, d’Os quatro evangelhos de Roustaing, da Sociedade da Pneumatologia Universal, etc.

Berthe Fropo “não houve nem inventário, nem escritura pública, salvo as coisas fora de serviço que eles venderam aos sucateiros. (...)Mas o que me fez tremer de indignação foi assistir a um verdadeiro auto-de-fé. O senhor Vautier caminhava no jardim entre pilhas de papéis e cartas. Quantas comunicações interessantes, quantas anotações deixadas pelo mestre. Tudo foi destruído”. Você descobriu algo mais pontual sobre a influência que teve Amélie na vinda do espiritismo? Ela financiou a primeira edição d’O livro

Pode-se afirmar, sem receios, que Amélie foi pioneira na organização e valorização do que hoje conhecemos por Comunicação Social Espírita. Era muito inteligente, lúcida e ativa“ Qual o destino do material conservado por Amélie? Em 1871, ela promoveu uma organização em sua casa, selecionando textos, extratos, manuscritos, cartas de Kardec, etc. Reuniu-se com o pessoal da Sociedade Anônima e pediu a Leymarie que os guardasse. Ele resguardou os originais kardecianos, publicando-os na Revista Espírita, como notas e artigos, até 1874. Por fim, em 1890, ele publicou parte do volumoso material na coletânea Obras Póstumas. Bom lembrar que na semana que Amélie morreu (janeiro de 1883), os senhores Leymarie e Valtier, esse último diretor da Revista, promoveram uma “seleção” daquilo que consideravam interessante deixar para a história do espiritismo. Romperam os lacres da casa da falecida viúva e separaram o joio do trigo, apagando Amélie da historiografia espírita. Segundo

dos espíritos (1857) e o primeiro fascículo da Revista Espírita (1858) com sua renda de professora e das casas alugadas. Mas o seu maior legado talvez seja a vigilância e o cuidado que teve na preservação das obras espíritas, além de muito zelar pela memória de Allan Kardec. Foi dela também a iniciativa de se criar o monumento druida no cemitério Père-Lachaise, onde os despojos mortais de Kardec foram enterrados. Outra descoberta interessante foi a de que Amélie permaneceu de luto pelo menos até 1874. De seus dois retratos existentes nos Anais do Espiritismo, notam-se seus típicos trajes de luto. Mas, ao contrário de uma postura de recrudescimento, enfrentou a dor e foi à luta. Que lição fica para o movimento espírita hoje, da atuação da Amélie? Primeiro que ela, em nenhum momento,

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deixou de cuidar do legado espírita do marido. Autorizou os seus assistentes da Sociedade Anônima a ir às tipografias insalubres para resgatar os clichês das obras fundamentais – que estavam quase se perdendo, seja por desgaste natural, seja por descuido mesmo. Madame Fropo afirma que ela gastou em torno de 10 mil francos, uma pequena fortuna à época, para recuperar os clichês das cinco obras fundamentais. Escrevendo o livro, sentiu alguma presença espiritual mais marcante? Sim. Já vinha sentindo a intuição de resgatar esses fatos, inicialmente pelo viés artístico de Amélie. Depois, fui sentindo muito envolvimento espiritual com algumas coisas que escrevia, resultados das pesquisas realizadas. Senti muito a vibração espiritual delas, sempre ajudando, incentivando-me e trazendo forças para que eu continuasse o trabalho. Tudo o que você relatou nesse livro é verídico? Sim. A obra não é literatura de ficção. Citamos todas as fontes primárias e secundárias pesquisadas, além da bibliografia. Interessante observar que o próprio Canuto Abreu teceu algumas curiosas passagens sobre Amélie e hoje sabemos da existência de cartas trocadas entre ela e Rivail. Ela morava com o pai na comuna de Thiais, a 19 quilômetros de Paris, numa mansão, para onde Kardec remetia suas cartas, uma delas com pedido de consentimento do casamento ao senhor Boudet, o pai de Amélie. (Leia na página 7) Como você analisa o espiritismo hoje, em função desse processo histórico que pesquisou? Fiquei impressionado por constatar que toda a ruidosa história desse sincretismo espírita francês do século 19, de certa forma reaparece viva aqui no nosso espiritismo contemporâneo. Se tivermos a consciência coletiva de que a literatura espírita é o nosso maior legado, fácil será compreender que precisamos dar mais valor ao livro genuinamente espírita, ler primeiro as obras de Kardec, utilizar sempre o bom-senso e a fé raciocinada. Somos os atuais responsáveis por esse patrimônio. Vamos cuidar desse bem precioso, como bem fez Amélie! www.correiofraterno.com.br


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coISAS De LAUrInhA

Por tAtIAnA BenIteS

Filmes de terror A

s crianças estão conversando e Pedro sugere: – Vamos assistir a um filme lá em casa? – oba! – respondem todos. – mas a gente vai de quê, hoje? – já se adianta Jorginho. – Podemos assistir a um de terror. – Que legal! mas clara logo interfere: – Só se for de dia, porque tenho medo de filmes assim de noite. – tem medo? – pergunta Jorginho, sendo já interrompido: – tenho todos esses filmes, diz Pedro, mostrando os filmes. Laurinha pega um deles e sugere: – Vamos ver esse, que é engraçado. Jorginho insiste no de terror e cada um acaba puxando um filme de sua preferência da caixa. começam então a fazer uma votação, quando a mãe de Pedro chega com suco e pipoca para todos. – eu não quero ver esse filme, porque tenho medo do escuro — insiste clara.

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— medo de escuro ou filme de terror? — diz Jorginho, sem entender. ouvindo, a mãe de Pedro intervém: – o medo é uma resposta natural a determinadas situações, uma defesa, por exemplo, quando entendemos que corremos algum perigo. no caso do filme, há sim pessoas mais sensíveis, como é o caso da clarinha. Já comentei da outra vez com vocês. Dependendo de nossos sentimentos, baixamos a sintonia em que vibramos. De felizes, passamos a ficar tristes, com medo. – tia, tenho medo, porque sempre penso que tem espíritos no escuro. A mãe de Pedro continua sua explicação: – os espíritos estão em todo lugar, no claro e no escuro, clarinha. mas se estamos bem, ligados às coisas boas, só vamos nos conectar com espíritos bons. Vocês já aprenderam sobre isso, lembram? — diz a mãe de Pedro, antenada no que as crianças vinham estudando nas aulas no centro espírita. – entendi – diz clara.

– então podemos ver esse filme de terror – apressa-se Pedro. – Por que vocês não assistem a um filme para dar boas risadas? A alegria e a descontração são excelentes para melhorar a nossa energia. Vai deixar todo mundo em alto-astral! — sugere a mãe. – Pode ser – diz Pedro ainda com dúvida. – Assim ninguém fica com medo. – Já entendemos, tia – diz Laurinha. – Vamos assistir a esse que eu escolhi, que é para rir. – Pode ser – diz Pedro. Laurinha sorri e diz: – obrigada, tia! Agora entendi por que minha avó falava que “rir é o melhor remédio”. – Isso mesmo. e Laurinha dá o filme na mão de Pedro e completa: – Vamos assistir ao remédio! Tatiana Benites é autora dos livros tem espíritos no banheiro e tem espíritos embaixo da cama (Ed. Correio Fraterno)


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noVemBro - DeZemBro 2016 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

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BAÚ De memÓrIAS

A primeira carta de Kardec à Amélie Boudet Por IZABeL VItUSSo

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ntre os documentos originais que foram salvos do saque que a Maison des espirites sofreu na invasão dos nazistas, em 1940, consta a primeira carta que Allan Kardec escreveu para a sua namorada, com quem ele viria a se casar no ano seguinte. Amélie Boudet morava com os pais em cidade a cerca de 19 quilômetros de Paris. Nela, feliz, Kardec se manifesta, agradecendo pela permissão de poder trocar cartas diretamente com sua namorada. Sua franqueza e a forma direta de lidar com suas questões mais íntimas será a marca registrada que o acompanhará no intenso trabalho, que dará corpo à codificação da doutrina espírita anos depois. Quando Kardec escreveu esta carta, estava com 27 anos de idade e Amélie com 36. Casaram-se em 9 de fevereiro de 1832, e permaneceram 37 anos unidos, até a desencarnação do codificador, em 31 de março de 1869. “Minha mãe acabou de receber a resposta do senhor vosso pai, à solicitação feita por mim, através dela. Apresso-me em aproveitar dessa permissão, que ele me concedeu, para vos exprimir diretamente toda a alegria que esse consentimento me proporcionou e quanto feliz eu seria que a vossa determinação pessoal corresponda à minha expectativa; confesso-vos, que ouso um pouco acreditar nisso, através da carta do senhor vosso pai e também pelo que me foi relatado pelas senhoras Musset e Boisset; essa esperança, senhorita, apressa ainda mais os meus votos para a chegada do momento em que eu poderei exprimir-vos, de viva voz, as esperanças de felicidade que eu deposito nessa união. Embora só tenha tido o prazer de ver-vos uma só vez, essa única entrevista

me convenceu de que essas senhoras em nada exageraram, ao pintar-vos com cores tão gentis. Anseio vivamente que nenhum obstáculo venha retardar a realização dos meus desejos. Sem dúvida, não ser-vos-á uma surpresa de não encontrar nesta carta o estilo muitas vezes empregado para tais ocasiões. Confesso-vos não ter nenhuma experiência nisso e não ter disposição para fazer demonstração enfáticas, cuja realidade repousa, muitas vezes, num sentimento demasiadamente fugaz. Prefiro, a essas vãs maneiras de demonstrações, a expressão de uma estima recíproca, a única capaz de assegurar uma felicidade duradoura, ao abrigo do tempo e das vicissitudes, e eu ouso acreditar que vós compartilhais desse meu sentimento e que os nossos pais verão, com maior satisfação, uma união fundada nessas bases. Eu gostaria de assegurar-vos, senhorita, que vós encontrareis em minha mãe e em meu tio, parentes que vos afeiçoarão como uma filha e que aguardam igualmente ansiosos que seus votos se concretizem, com sua chegada entre eles. A sra. Musset me convida a anexar a esta carta dados referentes a meu nome, idade etc. para seu pai possa ter acesso às informações necessárias para as formalidades que ele será levado a preencher em sua região. (Hypolite, Léon Denizard Rivail, nascido em Lyon, no dia 3 de outubro de

Imagem da carta que Kardec escreveu à sua futura esposa, Amélie Boudet

1804, filho de Jean Baptiste-Antonie Rivail, advogado e de Jeanne Louise Duhamel). Pedir-vos-ia senhorita, ser a intérprete junto a vossa mãe e ao vosso pai dos sentimentos de mais elevada consideração, de minha mãe, do meu tio e de mim mesmo, expressando-lhe o quanto essa resposta foi motivo de alegria para todos nós. Aceita, senhorita, as homenagens mais cordiais desse que tem a honra em estar em total devoção. Vosso mais humilde e obediente servidor.” H.L.D. Rivail, Paris, dia 13 de agosto de 1831. www.correiofraterno.com.br


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eSPecIAL

A relação entre emoções Por DAVID monDUccI

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binômio saúde-doença, se não é o mais relevante em nossas vidas, é um dos mais importantes, ocupando boa parte do nosso tempo e atenção. Mas o que é saúde? E o que é a doença? Mais pertinente ainda é perguntar: Por que nós adoecemos? De forma simplória, acreditamos que saúde é a ausência de doenças. Contudo, esta ideia é pelo menos incompleta, se não errada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como sendo “um estado de completo bem-estar biopsicossocial”. Portanto, quando pensamos em saúde como sendo a ausência de doenças, estamos observando apenas o aspecto biológico da definição proposta. Quando estamos tristes e depressivos por uma desilusão amorosa, ou quando estamos ansiosos e irritados por causa de dívidas, também estamos doentes. A primeira consequência da definição proposta pela OMS é a necessidade de adquirirmos uma nova maneira de ver e de compreendermos o que seja a doença. Nesta nova perspectiva, a doença passa a “ser um estado de mal-estar biopsicossocial”. Outra consequência, um pouco mais difícil de ser assimilada, é que os estados de saúde ou de doença devem ser acompanhados do verbo ‘ser’, e não do verbo ‘ter’. Uma mudança tão paradigmática de perspectiva exige que alcancemos um nível mais elevado de consciência de nós mesmos. Ao pensarmos em quem e o que somos, não basta considerar que ser consciente seja simplesmente a intuição dos eventos mentais que formam o nosso senso íntimo, o conhecimento de alguma coisa comum ou o estado fisiológico normal do sistema nervoso, permitindo aos indivíduos a sua plena identificação no tempo e no espaço, um comportamento adequado frente ao meio ambiente e a posse das faculdades sensitivas (ver, ouvir, falar, cheirar, degustar, pensar). Todavia, esta interpretação do que

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seja consciência não é a mesma coisa que um estado de perfeito conhecimento de si próprio e do ambiente. Numa visão mais sofisticada e evoluída, consciência indica o conhecimento que habilita ao homem compreender, sentir e vislumbrar a totalidade do seu mundo interior, revestido com valores morais que tangem às noções de bem e mal. No livro No mundo maior, ditado por André Luiz, através de Francisco Cândido Xavier, o instrutor Calderaro apresenta os níveis de consciência como se fossem um castelo ou uma casa de três andares. O nível mais inferior é o que abriga os impulsos automáticos representados pelos instintos. Neste nível de consciência a atenção do indivíduo está centrada em satisfazer os seus instintos de preservação e de reprodução. O segundo andar da casa mental é onde residem o esforço e a vontade do hoje, aqui e agora, preocupado tão somente em ser, em fazer e em acontecer no momento atual. Não olha para trás, isto quando não faz de tudo para apagar o passado e esquecê-lo, e quando pensa no futuro, este quase sempre é imediato e de curto prazo. No terceiro andar, ou no terceiro nível de consciência, residem o ideal ético-moral e o senso do dever a ser cumprido, é onde vivemos uma preocupação construtiva com o futuro e a compreensão da necessidade do próximo e da coletividade. Nesse nível de consciência, os indivíduos olham para o futuro e trabalham para edificar obras perenes. São os idealistas (não sonhadores) que laboram para construir uma sociedade melhor, mais fraterna e solidária. Como precisam subir, degrau a degrau, a escada que os leva para o mais alto, aprenderam que não devem carregar coisas inúteis que dificultem a sua marcha e que os impeçam de evoluir. Para chegar a este nível de consciência tiveram de se desfazer das emoções

negativas dos ódios, rancores e mesquinharias que os mantinham presos nos níveis inferiores. Libertaram-se do egoísmo e do orgulho, despiram-se de qualquer vaidade e aprenderam que pelo trabalho edificante no bem e na caridade conseguem avançar a passos largos rumo ao “reino dos Céus”. Sermos conscientes de nós mesmos implica a capacidade de reconhecermos os nossos sentimentos e emoções. Nossos sentimentos formam um estado afetivo complexo inato, caracterizado por uma combinação de elementos emotivos e imaginativos estáveis em relação a coisas de ordem moral ou intelectual. É o que nos dá a capacidade de perceber as manifestações emocionais na intimidade do nosso ser, em primeiro lugar, e nas outras pessoas, em segundo lugar. Dos sentimentos derivam as nossas emoções, ou seja, a capacidade de pôr em movimento reações orgânicas variáveis na intensidade e na forma, e que se fazem acompanhar de alterações orgânicas, constituindo o corolário físico das nossas emoções. A combinação dos nossos pensamentos, sentimentos e emoções constituem a nossa mente, a nossa consciência, aquilo que nos define, nos caracteriza, o que realmente somos. Nós somos aquilo que pensamos, como foi colocado por René Descartes. Joanna de Ângelis, no livro Episódios diários, diz que “o homem se torna o que pensa” e a escritora Suely Caldas Shubert registra que “pelo pensamento nós nos libertamos ou nos escravizamos”1. O desenvolvimento de uma teoria que explicasse a fisiologia das emoções ocupou o tempo de alguns dos maiores sábios da humanidade. Até o século 18, as teorias existentes eram fruto da mais pura elaboração filosófica. A dificuldade para se formular uma teoria única para as emoções decorre da nossa incapacidade em compreendê-las satisfatoriamente


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e nossas doenças

É necessário olhar para dentro de nós mesmos, se quisermos ser pessoas saudáveis”

numa perspectiva fisiológica e filosófica a um só tempo. Sigmund Freud foi, talvez, o primeiro pesquisador a descrever que quando as nossas emoções são reprimidas, elas acabam se constituindo na fonte de um conflito emocional crônico, que gerará distúrbios físicos ou psicológicos, se não for aliviado, mediante os canais fisiológicos competentes. Ele teria afirmado “que estava consciente da existência de fatores psicogênicos nas doenças”. As teorias para uma origem emocional das doenças desenvolveram-se a partir de 1936, com os trabalhos do médico Hans Selye (1907-1982), que descreveu um conjunto de lesões teciduais e orgânicas produzidas por vários agentes nocivos sem potencial letal, mas que geravam altos índices de estresse nas cobaias. Selye descreveu a síndrome de adaptação geral, relatando um conjunto de reações fisiológicas desencadeadas por fatores estressantes contínuos. A doença começa quando o indivíduo vive em um estado de conflito emocional, agudo ou crônico, entre os seus desejos e as suas possibilidades de ação. Ao reprimir a livre manifestação das suas emoções, o indivíduo cria um estado de tensão íntima, na maioria dos casos, inconsciente. Quando o bloqueio imposto ao fluxo emocional torna-se crônico, ele determina uma paralisação das manifestações do sistema nervoso em um padrão tônico específico. O resultado desse processo será traduzido por uma condição de desequilíbrio funcional dos nossos órgãos e sistemas. O paciente estará constantemente segurando as suas emoções, o que equivale dizer que ele estará represando as expressões vegetativas que dariam vazão àquele conteúdo emocional. A manutenção prolongada de um estado tônico desequilibrado vai se constituir no fator gerador da doença, o que levará o paciente a buscar atendimento médico. O dito popular que postula que “o hábito do cachimbo deixa a boca torta” cai aqui como uma luva. Temos que nos conscientizar de que somos doentes. Em O homem integral, Joanna de Ângelis afirma que “há doenças, porque

há doentes”, mas, por que somos doentes? Somos doentes porque não conseguimos viver em harmonia e em equilíbrio com o meio e com as pessoas à nossa volta. Adoecemos porque estamos repletos de ódios, rancores, mágoas, culpas, remorsos, ressentimentos, medos e frustrações que não queremos enfrentar. Não conhecemos as nossas próprias emoções e queremos esconder dos outros, e de nós mesmos, os pensamentos e os sentimentos de egoísmo, de orgulho e de vaidade. Não queremos e não gostamos de ver a sombra, o lado feio da nossa personalidade; é por isso que quando nos deixamos fotografar apresentamos o nosso melhor ângulo. Parafraseando Sócrates, que usava por lema a inscrição da entrada do templo de Apolo, em Delfos, que recomendava “Conhece-te a ti mesmo”, é necessário que olhemos para dentro de nós mesmos, se quisermos ser pessoas saudáveis. Todos ansiamos poder apaziguar o coração aflito e cansado por causa das doenças, por isso é conveniente podermos fazer uso de novos conhecimentos, de modo a vermos o mundo à nossa volta e a nossa própria vida com outros olhos, os olhos da consciência. As nossas doenças são o convite que Deus nos faz para que venhamos a ser mais conscientes de nós mesmos e dos nossos papéis na família e na sociedade, conduzindo-nos pela vida de forma amorosa, solidária e caridosa. No livro A doença como caminho2, os autores nos dizem que as nossas doenças são o meio para nos conduzir à perfeição. Cada doença, cada dor, cada sintoma traz uma mensagem única e exclusiva para nós e apenas para nós. Quando estivermos prontos para aceitá-las e compreendermos o que elas querem tanto nos dizer, estaremos aptos a trilhar o caminho da nossa perfeição, que evidentemente passa pela nossa saúde. Obsessão, desobsessão – profilaxia e terapêutica espíritas. FEB, 2015. 1

Dethlefsen, T.; Dahlke, R. A doença como caminho. Cultrix, 1983. 2

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LIVROS & CIA. CCDPE-ECM / LIHPE / USE Telefone: 11 5072-2211 www.ccdpe.org.br/livraria Novos estudos sobre a reencarnação (Série “Pesquisas Brasileiras sobre o Espiritismo”) de autores diversos 152 páginas 14x21 cm

Casa Editora O Clarim Telefone: 16 3382-1066 www.oclarim.org Epístolas de Paulo à luz do espiritismo de Antonio Cesar Perri de Carvalho 176 páginas 14x21 cm

Vivaluz Editora Telefone: 11 4412-1209 www.vivaluz.com.br Madame Kardec de Adriano Calsone 288 páginas 16x23 cm

Editora Comenius Telefone: 11 98155-2788 www.editoracomenius.com.br Gandhi, o homem da paz de Dora Incontri 24 páginas 21x29 cm

Médico, neurocirurgião, pós-graduado em medicina psicossomática. Expositor do Instituto Espírita de Estudos Filosóficos – IEEF, em São Paulo. Autor do livro Saúde e Vida, uma abordagem espiritual sobre emoções e doenças, Correio Fraterno, 2016. www.correiofraterno.com.br


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LeItUrA

Uma história de resgate dos valores humanos Por SÔnIA KASSe

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ornalistas que cobrem histórias em primeira mão em zonas de conflito e guerra, aproximando-se o suficiente para conseguirem reportagens que também são acompanhadas pelos leitores através de textos, fotos, gravações de áudio e vídeo. Profissionais que colocam a vida em risco para mostrar ao mundo as barbáries de um conflito armado. São eles que chegam perto dos tiros e do combate, acompanham toda a ação e lutam sem armas. Levam uma vida dura com privações e perigos constantes. Acompanham o sofrimento da população civil e as atrocidades que lhes são cometidas por aqueles que defendem a sua posição e não respeitam nem leis e nem regras quando o conflito aflora. Não existe guerra sem mortes, sem sangue, sem dor, sem luto. O desafio desses profissionais é sobreviver para contar ao mundo o que viram e vivenciaram. O livro Amanhã será outro dia do autor Marcus De Mario, publicado pela Editora Correio Fraterno, retrata a difícil vida que Peter Zoldan e outros correspondentes de guerra, jornalistas internacionais, estão levando, sitiados numa cidade em conflito que sofre constantes bombardeios.

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Apesar das credenciais de jornalistas, eles são vítimas da hipocrisia humana, onde os tiranos dominadores ignoram essa condição e os mantêm ilhados, sem contato com o mundo exterior, e até mesmo seus equipamentos de trabalho foram confiscados. Nas fugas para realizarem o trabalho em campo, deparam-se com as atrocidades que são cometidas contra a população civil, que não respeitam idosos, mulheres e em especial as crianças. E é em prol dessas crianças que perderam seus pais que esse grupo vai se dedicar. Como o próprio autor escreve: “Este romance não se insere na forma comum de uma história de amor. É antes uma história reflexiva, com profunda carga filosófica, discutindo a própria vida diante de um cenário real de guerra entre os homens”. Uma história de resgate dos valores essenciais à condição e valorização do ser humano, em que o amor ao próximo, a solidariedade, a compaixão, a fé e o poder da oração ultrapassam os interesses políticos e econômicos que existem por trás das guerras e conflitos. Ótima leitura!


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AnÁLISe

Os limites do encantamento Por mArco mILAnI

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a Parábola do Semeador, identificamos as diferentes maneiras pelas quais os ensinamentos do Evangelho podem ser aproveitados. Variando daqueles que nada se servem da Boa Nova, até aqueles que a compreendem e aplicam a si mesmos, beneficiando-se do progresso realizado. A mesma analogia pode ser feita aos adeptos do espiritismo, passando por aqueles que nada mais fazem do que admirar as manifestações espirituais e se deter na atitude mística e contemplativa, até aqueles que depreendem as profundas consequências morais e seguem a orientação do Espírito da Verdade para amarem-se uns aos outros e instruírem-se. Um dos pilares da doutrina espírita é a fé raciocinada, ou seja, aquela que se sustenta pela lógica, diante da análise crítica dos fatos. Sabe-se, porque efetivamente conhece-se e não porque se reproduz argumentos aceitos sem a necessária ponderação. Assim como as sementes espargidas pelo semeador da parábola necessitam de boa terra para frutificarem, os ensinos dos Espíritos de escol que contribuíram diretamente para a construção do corpo teórico-doutrinário do espiritismo pressupõem a fé raciocinada para a plena compreensão e aplicação. A essência desses ensinamentos é simples e totalmente acessível. Porém, quanto mais nos aprofundarmos no conhecimento de nós mesmos e da realidade em que estamos inseridos, mais teremos elemen-

tos para planejar e agir adequadamente em prol de nossa melhoria e felicidade. A jornada evolutiva é uma conquista interior, mas necessariamente implica aprender a amar a si mesmo e ao próximo, além de Deus. Certamente esses ensinamentos podem tocar o coração de cada um em diferentes momentos, conforme esforço nesse sentido, mas se torna cada vez mais premente nos desvencilharmos da inércia contemplativa e abraçarmos a atitude libertadora dos grilhões da ignorância. Ninguém absorve conhecimentos, como equivocadamente alguns supõem, mas os obtém por méritos próprios. No movimento espírita encontramos muitos que acreditam estar absorvendo sabedoria, ao deixarem-se encantar pela oratória eloquente deste ou daquele palestrante. Preocupantemente, o conteúdo pode passar a ser secundário, diante da envolvente forma como é expresso. Que

oratória fantástica, dizem, ainda que não se lembrem exatamente do que foi abordado, nem como isso pode fazê-los progredir moral e intelectualmente. Locupletam-se emocionalmente e quanto mais famoso o palestrante, mais afortunados se consideram. Muitas casas espíritas convidam notórios expositores, buscando lotar os seus salões, sem conhecerem, muitas vezes, o teor do que será dito. Basta o nome do palestrante. O título da palestra é “tema livre”, pois vindo de quem vem, creem que será ótima. Obviamente, as boas palestras atuam como poderosos elementos disseminadores dos princípios e valores espíritas e devem ser incentivadas. O que poderíamos refletir é: até que ponto o carisma pessoal de terceiros estimula o próprio potencial de crescimento interior? O encantamento provocado por palestrantes carismáticos favorece o pensa-

mento crítico ou a dependência intelectual? Determinados autores de livros espíritas também provocam encantamento para um público específico de leitores. Foi o fulano quem psicografou ou escreveu, alegam alguns, portanto é verdade. Será? Para identificar o grau de dependência ou emancipação de algum autor ou palestrante, pode-se fazer o seguinte questionamento: se ele(a) afirmar algo que eu tenho dúvidas ou discordo, a partir desse momento passarei a aceitar a ideia dele(a), porque confio mais nele(a) do que em mim? Se a resposta for “sim”, então a dependência é grande. O próprio Kardec insiste na necessidade de tudo ser confrontado racionalmente, mediante fatos e argumentos válidos, então, por que acreditar cegamente em um palestrante ou escritor? Se tal afirmação contrariar os ensinamentos dos Espíritos que Kardec validou, servindo-se de rigoroso método, mais um motivo para redobrar a cautela e analisar as evidências que são apresentadas. Diante de incerteza, não se pode aceitar ou refutar algo, a priori, mas aprofundar-se no que já se sabe por diferentes fontes, nunca por uma ou poucas pessoas somente. Que possamos nos encantar pelo verdadeiro conhecimento, sempre valorizando a fé raciocinada. Economista e professor da Unicamp. Diretor do Departamento do Livro da USE Regional SP.

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cULtUrA & LAZer

MEDNESP no Rio Entre os dias 14 a 17 de junho de 2017 será realizado o 11º Congresso da Associação Médico-Espírita do Brasil, que terá como tema “Ciência, saúde e espiritualidade: Construindo prática e desenvolvendo saberes”. O evento acontece no auditório do Riocentro e terá a participação dos oradores Alberto Almeida, Andrei Moreira, Décio Iandoli, Divaldo Franco Irvênia Prada, dentre outros. Inscrições: http://www.mednesp2017.org.br

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

JUN

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Congresso Estadual de Espiritismo Abertas as inscrições para o 17º Congresso Estadual de Espiritismo em Atibaia, SP, entre os dias 23 a 25 de junho de 2017, no Tauá Hotel Atibaia. O evento marcará os 70 anos da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo e contará com a presença de oradores expoentes do movimento espírita. Além das conferências, haverá rodas de conversa, palestras alternativas, oficinas, momentos de confraternização e arte. www.usesp.org.br/congresso.

JUN

23

Manhã de Estudos com André Trigueiro Dia 18 de dezembro acontece no Centro Espírita Irmão Clarêncio, no Rio de Janeiro, RJ, manhã de estudo com o jornalista André Trigueiro, quando ele abordará o tema: “A importância do amor na transição planetária”. Local: Rua Begônia, 98, Penha Circular. Fone: (21) 3252-1437.

DEZ

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Congresso Espírita de Uberlândia Dia 27 de janeiro de 2017 será realizado o 2º Congresso Espírita de Uberlândia, tendo como tema “Jesus, Evangelho e Família”. O evento acontece no espaço Acrópole e terá a participação de Alberto Almeida, Sandra Borba, Rossandro Klinjey, dentre outros. Realização: Aliança Municipal Espírita. Local: Rua José Resende, 4090, Custódio Pereira, Uberlândia, MG. E-mail: acropole@acropoleonline.com.br

ENIGMA

Prece pelo Natal

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Congresso Espírita do Estado de Goiás FEV De 25 a 28 de fevereiro de 2017 acontece o 33º Congresso da Federação Espírita de Goiás, com programação específica também para jovens e crianças. O evento tem como tema “Vida: Desafios e soluções” e acontece no Centro de Convenções de Goiás. Haverá Feira de livros. www.feego.org.br

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

emmanuel

“A estrela sublime ainda brilha no céu de nossas consciências, indicando o berço divino. Essa estrela é o Evangelho. Sua claridade nos conduzirá à simplicidade de nosso próprio mundo interior, a fim que aí se opere o novo nascimento de Cristo. Na manjedoura antiga nasceu o Salvador, na manjedoura íntima deve surgir o Mestre. Sejamos seus discípulos em espírito e verdade. Outrora, celebramos o acontecimento com os hinos de louvor. Celebremo-lo, agora, com o devotamento e a compreensão de cada dia.” Saudação do Natal, Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier Livro

A I I Q c A r r D I S c e B J A A o c A

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Qual a religião de Allan Kardec, antes de conhecer o espiritismo? qualquer hora, em qualquer lugar

Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma: Protestante

AGENDA

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Região do ABC retirada de doações para o Bazar Permanente ligue (11) 4109-8938 www.correiofraterno.com.br

As batidas na carteira Hoje aprendemos que os espíritos se comunicavam por batidas na parede…

…Aprenderam direitinho.

O Pedro bate na minha carteira pra pedir cola! A gente já conhecia esse método!


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ARTIGO

O atacado e o varejo Por Richard Simonetti

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ostumo dizer que devemos, em relação aos princípios espíritas, estabelecer uma diferença entre o atacado e o varejo. No atacado, podemos afirmar que a doutrina espírita é perfeita, baseada em princípios que exprimem leis morais de caráter universal. No varejo, digamos no detalhamento, usando uma expressão bem-humorada, “há controvérsias”. Creio que por isso mesmo Kardec recomendou que passemos pelo crivo da razão tudo o que venha da espiritualidade, a fim de mantermos fidelidade aos princípios e não entrarmos pelo terreno da fantasia. É sempre oportuna a recomendação de Erasto, em O livro dos médiuns: “Preferível rejeitar dez verdades a aceitar uma só mentira”. É imperioso, portanto, passar tudo pelo crivo da razão, até mesmo, perdoem-me os fundamentalistas, os textos da codificação. Não podemos dizer que semelhante ideia seja um sacrilégio, porquanto estaríamos ferindo a liberdade de consciência que deve caracterizar nossos raciocínios, buscando fidelidade à própria consciência. Estou fazendo este arrazoado introdutório para abordar duas questões de O livro dos espíritos que me causam perplexidade. “Algumas pessoas só escapam de um perigo mortal para cair em outro. Parece que não podiam escapar da morte. Não há nisso fatalidade?” (p. 853) Resposta: “Fatal, no verdadeiro sentido do termo, só o instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, não podeis livrar-vos dele”. “Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morreremos, se a hora da morte ainda não chegou? (853-a) Resposta: “Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, chegar a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe com antecedência qual o gênero de morte que te levará da Terra e muitas vezes teu

inquestionáveis, atente à questão abaixo, ainda em O livro dos espíritos: O assassínio é um crime aos olhos de Deus? (p.746) Resposta: Sim, um grande crime, pois aquele que tira a vida ao seu semelhante corta uma existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal. Opa! O mentor espiritual está dizendo que podemos, sim, morrer antes da hora, quando assassinados, o que invalida a afirmativa contida na questão. (853-a) ***

Espírito também o sabe, já que isso lhe foi revelado ao fazer a escolha desta ou daquela existência”. Não obstante o aspecto enfático dessas afirmativas, poderíamos evocar milhares de exemplos a sugerir que pessoas morrem sem que tenha chegado o seu momento. Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, morreram perto de sessenta milhões de pessoas. Chegara sua hora? Não creio que Hitler tenha sido inspirado a cometer seus desatinos para que tanta gente desencarnasse de forma trágica, na maior de todas as tragédias humanas. E as bombas atômicas que os americanos jogaram em Hiroshima e Nagasaki, matando duzentos mil japoneses? Fico

imaginando a logística para retirar daqueles locais pessoas que não deviam morrer, porque não chegara sua hora, e para lá levar os destinados a “bater as botas”. E os que provocam essas mortes? Os americanos foram inspirados a jogar as bombas exatamente naquelas cidades, no exato momento em que deveriam ocorrer aqueles desencarnes? Onde entra, nesses eventos, a recomendação de Jesus (Mateus, 10:16): “Sede, pois, prudentes como as serpentes, mas simples como as pombas”? Se tudo acontece atendendo a desígnios divinos, com hora marcada, por que esse cuidado? Antes que o prezado leitor me situe por um desatinado a contestar princípios

Acredito, sim, que exista a “hora certa de morrer”, não com determinação de ano, mês, dia, hora, minuto, segundo, mas como o imperioso momento em que o corpo para de funcionar, o que acontecerá conosco, inelutavelmente. Mas esse momento não está registrado no cartório do destino, porquanto depende de uma série imensa de fatores, a começar pelo que estejamos fazendo de nosso corpo, de nossa vida. O suicida consciente, que elege a morte para furtar-se aos males da vida, e os milhões de suicidas inconscientes que destroem o corpo com vícios e sentimentos negativos, estão simplesmente partindo extemporaneamente, antes da hora. Para terminar, trago a leitura textual do quarto mandamento, na revelação de Moisés, conforme transcrição de Kardec, em O evangelho segundo o espiritismo: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o senhor vosso Deus vos dará”. Kardec está concordando que podemos viver muito, se respeitarmos o nome de nossos pais, não fazendo nada que possa envergonhá-los. Isso implica uma vida digna, voltada para o bem e a verdade, habilitando-nos a um comportamento equilibrado e a uma proteção ampla do mundo espiritual, para pleno aproveitamento do tempo que o Senhor nos concede para viver na Terra. www.correiofraterno.com.br


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VOCÊ SABIA?

A promessa cumprida de Jésus Gonçalves a Chico Xavier Da REDAÇÃO seguiram para Pirapitingui, levando em mãos a mensagem de Jésus, recebida em forma de poesia, para todos os amigos do hospital-colônia. De lá, escreveram imediatamente ao Chico, comunicando que Jésus havia desencarnado alguns dias antes da reunião em Uberaba. Palavras do companheiro aos meus irmãos de Pirapitingui I Irmãos, cheguei contente ao Novo Dia E ainda em pleno assombro de estrangeiro Jubiloso, saltei de meu veleiro No porto da Verdade e da Harmonia. Bendizei, com Jesus, a dor sombria Na romagem de pranto e cativeiro, Nele achareis o Doce Companheiro Para as rudes tormentas da agonia...

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hico Xavier era um dos muitos espíritas com quem Jésus Gonçalves trocava correspondência. O poeta e músico espírita já era reconhecido pelo intenso trabalho que realizava na divulgação do espiritismo, principalmente na fase mais crítica de sua doença, a hanseníase. Os dois não tiveram oportunidade de se conhecerem pessoalmente, mas reiteradas vezes o poeta afirmara em suas cartas que ao desencarnar, iria visitar o amigo. Havia anos que Jésus Gonçalves mantinha-se em tratamento no Hospital-Colônia de Pirapitingui, em Itu, SP. No livro No mundo de Chico Xavier, de Elias Barbosa, o médium descreve: “Habituei-me a receber o conforto que as palavras dele me traziam. Edificavam-me ao receber-lhe as observações otimistas. Conquanto vítima de moléstia pertinaz, era um exemplo de coragem, de resignação, de tranquilidade e fé viva. Dava-me tantas lições de paciência e compreensão que, muitas vezes, os recados e as missivas dele para mim representavam mensagens de vida superior. Em muitos dos pequenos avisos que me enviava, dizia

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que, ao partir da Terra, pretendia ir ver-me em espírito.” Chico conta que, algumas vezes, Jésus enviara-lhe retratos e, porque a moléstia trazia-lhe alterações fisionômicas, costumava escrever sempre com bom humor: “Irmão Chico, se você notar alguma diferença de uma fotografia para outra, isso é da máquina, porque continuo sempre o mesmo”. Depois da última carta que recebeu, Chico não teve mais notícias. Era março de 1947 e o médium estava em tarefa, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Uberaba, MG e terminada a mensagem que recebera de Emmanuel, viu a porta de entrada iluminar-se de suave clarão. “Um homem-Espírito apareceu aos meus olhos, mas em condições admiráveis. Além da aura de brilho pálido que o circundava, trazia luz não ofuscante, mas clara e bela, a envolver-lhe certa parte do rosto e da cabeça, ao mesmo tempo em que uma das pernas surgia vestida igualmente de luz.” O médium conta que profunda simpatia ligou-o à entidade e mentalmente per-

Jésus Gonçalves (3º da direita para a esquerda) junto aos amigos do hospital-colônia de Pirapitingui)

Não desdenheis a chaga que depura, Nossas horas de amarga desventura São dádivas da Lei que nos governa!...

guntou se não podia saber de quem se tratava. O visitante aproximou-se mais e disse: “– Chico, eu sou, Jésus Gonçalves! Cumpro a minha promessa... Vim ver você!” As lágrimas subiram-lhe do coração aos olhos, percebendo que o amigo mostrava mais intensa luz nas regiões em que a moléstia mais o supliciara no corpo físico. Entretanto, Chico não conseguia articular palavra alguma, nem mesmo em pensamento. Dado aos versos, Jésus disse ao médium que gostaria de escrever por ele, enviar notícias aos irmãos que ficaram e agradecer a Deus as dádivas recebidas... Mas Chico permanecia confuso, por ignorar que ele houvesse desencarnado. Jésus recitou um poema que Chico ouviu e depois, debruçando-se sobre seu braço, passou a transmitir os versos, que o médium registrou. No dia seguinte, visitantes de São Paulo que estavam com Chico na reunião

As escuras feridas torturantes São adornos nas vestes deslumbrantes Que envergamos ao sol da Vida Eterna! II Ave, maravilhosa madrugada Que desdobra a luz no céu aberto Além das trevas, longe do deserto Onde a esperança geme incontentada! Salve, resplandecente e excelsa estrada Sobre o mundo brumoso, estranho e incerto Que acolhe, em paz, o Espírito liberto Na vastidão da abóbada estrelada! Oh! Meu Jesus, que fiz na noite densa, Por merecer tamanha recompensa Se confundido e fraco me demoro?! Recebe, ante a visão do Espaço Eleito, A alegria que vaza de meu peito Nas venturosas lágrimas que choro... Fonte: A extraordinária vida de Jésus Gonçalves, de Eduardo Carvalho Monteiro, Correio Fraterno


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DIreto Ao Ponto

O amigo Jesus Por UmBerto FABBrI

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época do Natal tem o poder de trazer às nossas mentes a figura de Jesus, de recordarmos suas lindas histórias, não só contadas por parábolas que traduzem grandes ensinamentos, mas também e principalmente as vividas por ele, que marcaram para sempre nossos corações, com seus imorredouros exemplos de amor, bondade e amizade. Muitas são as lições, entretanto, uma sempre se destacou aos meus olhos: a história de sua amizade com Judas Iscariotes, por representar plenamente o significado da verdadeira amizade, este sentimento nobre baseado no amor, carinho, respeito e cumplicidade que deveria nortear nossos relacionamentos de uma forma geral. Judas foi um discípulo próximo, um amigo com quem generosamente dividiu seus ensinamentos e amor. E apesar de conhecer suas limitações e más tendências, nunca o afastou ou discriminou, ensinando, na prática, que a verdadeira amizade não se detém nos defeitos, mas sim na valorização das qualidades e potencialidades do ser amado, que necessita de auxílio e tempo, assim como as sementes, para germinar e florescer. Deixando-se levar por suas ilusões políticas, Judas, mesmo não desejando efetivamente ferir o Mestre, o vendeu por trinta moedas. Logo após, assiste ao martírio de Jesus e desolado, culpando-se pelas consequências de seus atos, comete o suicídio, de certo, tentando aplacar a dor

João

Mateus

Judas Iscariotes Pedro André

Jesus Cristo

Judas Tadeu

Tomé

Tiago Maior

Tiago Menor

Bartolomeu

Felipe

de sua consciência. O quadro é triste, mas infelizmente banal. Amigos que se enganam e por conta do egoísmo ou vaidade, fazem escolhas erradas, que acabam por prejudicar quem amam.

Simão

Mas, se a história é comum, seu desfecho não poderia ser mais original e surpreendente. No livro Coração e Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, encontramos um relato em forma de poema trazido pelo Espírito Maria Dolo-

res que narra o encontro de Jesus e Maria Madalena, quando o Mestre conta à jovem que ele havia ido em busca de Judas após seu suicídio. Diz o poema: “Maria, um amigo não esquece a dor de outro amigo que cai. Antes de me altear a celeste alegria, ao sol do mesmo amor a Deus em que te elevas. Vali-me após a cruz, das grandes horas mudas, e desci para as trevas, a fim de aliviar a imensa dor de Judas.” O bom amigo Jesus, havia se deslocado, logo em seguida ao seu desencarne, à procura de seu amigo Judas, por quem nutria verdadeira afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo. Ficara ao seu lado, até que se acalmasse e adormecesse... Agir como o Mestre pode parecer impossível, ou muito difícil, mas não nos esqueçamos de que ele é o modelo, o caminho, a verdade, a vida e de que não chegaremos a lugar algum enquanto não seguirmos seus passos e transformarmos nossas atitudes e sentimentos. Neste Natal desejo a todos o Amigo Jesus, mas acima de tudo, desejo que nos tornemos amigos como Jesus, pois quando isto acontecer, nada mais nos faltará, a não ser a felicidade de todos, sem exceção. Feliz Natal com Jesus! Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro e mora atualmente na Flórida, EUA. Autor dos livros O traficante, Amor e traição, e lança agora Pecado e castigo, pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).

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CORREIO FRATERNO

NOVEMBRO - DEZEMBRO 2016

MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Feira de troca de brinquedos reúne mais de mil pessoas

Campanha combate atitudes que levam à violência

Luz do sol alivia o sofrimento emocional

Crianças e adultos participaram em Sorocaba, SP, da Feira de Troca de Brinquedos e Livros, com objetivo de estimular o consumo consciente entre as famílias, às vésperas do Dia das Crianças. Muito mais do que trocar um brinquedo que não interessa como antes, a experiência é enriquecedora, por dar novos significados a objetos antigos e afirmar que as relações não precisam ser pautadas na compra. De acordo com a organização do evento, os brinquedos que não foram trocados foram doados à brinquedoteca do Conselho Tutelar de Sorocaba e ao Grupo Teens.

Com o slogan “Machismo. Já Passou da Hora. #PodeParar”, o Ministério da Justiça e Cidadania, em parceria com a ONU Mulheres, propõe à sociedade uma reflexão sobre o enfrentamento à violência sexual, por meio da desconstrução de práticas cotidianas que reproduzem comportamentos machistas, vivenciados por homens e mulheres. “Precisamos desconstruir essa cultura do machismo, do sexismo e da superioridade masculina”, disse a secretária especial de Políticas para as Mulheres, do Ministério da Justiça e Cidadania, Fátima Pelaes, durante lançamento da campanha, em 25 de novembro, em Brasília.

Pesquisas dos cientistas da Universidade Brigham Young (BYU) confirmaram o impacto que a luz solar tem sobre nossa saúde mental e nosso bem-estar. Eles descobriram que os problemas de saúde mental da população aumentam nas épocas do ano em que há menos horas de luz e melhora nos meses de maior tempo de claridade. Eles sugerem que tal constatação se aplica à população como um todo, e não apenas às pessoas com diagnóstico de transtorno afetivo sazonal.

Fonte: agencia.sorocaba.sp.gov.br

Fonte: Agência Brasil

Fonte: Superinteressante

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