CORREIO
FRATERNO SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o
5 0
•
N º
4 8 0
• M a r ç o
-
A b r i l
2 0 1 8
ISSN 2176-2104
Entrevista A proteção internacional aos originais de Kardec Promotor de justiça e vice-presidente da Federação Espírita do Amapá, Manuel Felipe Menezes fala sobre as implicações legais no caso das alterações do texto de A gênese de Allan Kardec. Leia nas páginas 4 e 5.
A criação literária e o compromisso com a doutrina
R
omances, novelas e contos preenchem bem o gosto literário dos que vibram com as cenas de amor, vingança e suspenses, que emocionam e sequestram a atenção, apresentando uma realidade quase sempre repleta de fantasias. Mas em se tratando de literatura espírita, todo cuidado é pouco para se deixar claro o que é a verdade e o que pertence à licença poética ou ficção. A vida no estado de erraticidade, por exemplo, deve ser transmitida respeitando a condição fluídica dos Espíritos, para que não se criem falsos conceitos baseados em necessidades da vida física na Terra. A expansão dos horizontes na divulgação do espiritismo vivida hoje exige atenção. Tão importante quanto identificar as características dos gêneros literários, insistir nos estudos constantes da codificação espírita nos garantirá sempre a preservação das obras básicas de Kardec em sua integridade. Leia nas páginas 8 e 9.
Seu Virgílio Almeida No “Baú de Memórias”, a determinação do mineiro espírita que fez a diferença no movimento espírita de Minas Gerais. Leia no texto de Jáder Sampaio, na página 7.
Medicina • Imposição de mãos é aprovada como terapia no SUS. Leia o que diz o neurocientista Sergio Felipe de Oliveira sobre o assunto. Página 11. • O neurocirurgião David Monducci explica: o que a doença tem a dizer para nós? Página 13.
Desconto especial Dia das Mães 20%
www.correiofraterno.com.br
2
CORREIO FRATERNO
MArço - ABrIl 2018
eDItorIAl
Remando
Uma ética para a imprensa escrita
contra a maré
À
s vezes, temos a impressão de estar nadando contra a corrente e que o mundo não combina com nossas aspirações. Desejamos o bem, estudamos o bem, escrevemos sobre o bem, mas o que nos chegam sempre com mais barulho é a violência, a corrupção, o preconceito, a falta de ética nas ações humanas. Se pararmos um instante e respirarmos fundo, veremos que não é bem assim. Há muita coisa boa acontecendo. Mas, se não ficarmos atentos, o Bem se esvai, discreto que é, e o dia passa sem o percebermos. O desafio está justamente no aprendizado de enfrentar as turbulências. Elas nos amadurecem. Quando iniciamos uma nova edição do
jornal, também é assim. Pensamos no que podemos fazer para fortalecer o lado positivo da vida. No que oferecer ao leitor que lhe seja útil e bom. Desta vez, a reunião das matérias publicadas indica quanta gente está voltada ao estudo, ao progresso, ao trabalho de divulgar o espiritismo e trazer um pouco de alento para dias tão sombrios. Seja na pesquisa realizada sobre A gênese, seja no esclarecimento do promotor Felipe Menezes sobre direitos autorais, ou na análise do neurocirurgião David Monducci que aborda o papel das emoções em nossas doenças; nos comentários do neurocientista Sergio Felipe de Oliveira sobre a liberação pelo Sistema Único de Saúde
• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.
de novas terapias complementares, como a imposição de mãos, ou, ainda, nas histórias mineiras do Seu Virgílio, nossa intenção é informar, entreter e esclarecer. Está aí, enfim, a edição, pensada com muito carinho para você. Esperamos que goste! Equipe Correio Fraterno
O acidente com Leo Percovich Li o artigo sobre o acidente que envolveu o técnico do Fluminense e sua família (“Um pouco de alívio para uma grande dor”, edição 479). Apesar de toda a dor que ele sente, seu depoimento nos fala da presença de Deus realmente em nossas vidas e que nada acontece por acaso. João Silveira Cintra, por email
Toucas e perucas para crianças com câncer Gosto bastante da seção “Mídia do Bem”. Sempre que leio, meu coração se enche de esperança. Adorei a ideia das mulheres que se reúnem para confeccionar perucas e toucas coloridas para fazer a alegria de tantas crianças que sofrem, mas que não perderam a ilusão de viver um conto de fadas. Ana Paula Bristol, por email
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br
CORREIO
FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118
Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: José Natal Inácio Tesoureiro: Olímpia Iolanda da S. Lopes Secretário: Vladimir Gutiérrez Lopes Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br
JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/correiofraterno Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: LTJ Editora Gráfica
• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. o estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos espíritos. não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.
CORREIO DO CORREIO A gênese e a entrevista com Alexandre Caldini Adorei a edição 479 do Correio Fraterno. Várias matérias me chamaram a atenção, sobretudo as referentes à A gênese e a entrevista com Alexandre Caldini. Um abraço a toda equipe do jornal e da editora, incluindo certamente os gráficos! A arte de escrever e divulgar as ideias e os ideais agrega todos esses artistas da edição... Parabéns a todos! Magali Oliveira Fernandes, São Paulo, SP
em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:
Telefone: (011) 4109-2939 Whatsapp: (011) 97334-5866 E-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br Site: www.correiofraterno.com.br Twitter: www.twitter.com/correiofraterno Atendimento ao leitor: sal@correiofraterno.com.br Assinaturas: entre no site, ligue para a editora ou, se preferir, envie depósito para Banco Itaú, agência 0092, c/c 19644-3 e informe a editora. Assinatura anual (6 exemplares): R$ 48,00 Mantenedor: acima de R$ 48,00 Exterior: U$ 34.00 Periodicidade bimestral Permitida a reprodução parcial de textos, desde que citada a fonte. As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal.
• confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. e ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
CORREIO FRATERNO
MARÇO - ABRIL 2018
3
Acontece
Simoni Privato explica em seminário as alterações de A gênese Da redação
D
omingo, 4 de março, marcou o movimento espírita com a apresentação do Seminário Resgate Histórico – 150 anos de A gênese, realizado no Teatro Gamaro, em São Paulo, quando a diplomata e pesquisadora espírita Simoni Privato apresentou os fatos apurados na Biblioteca Nacional da França e nos Arquivos Nacionais da França sobre as diferenças encontradas na quinta edição da obra, adotada como base para as traduções em diversos países, inclusive o Brasil. Promovido pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo em parce-
ria com o Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa Eduardo Carvalho Monteiro, Liga dos Pesquisadores do Espiritismo e site Autores Clássicos Espíritas, o evento contou com a presença de 500 pessoas e foi acompanhado ao vivo pela internet através da Rede Amigo Espírita e outras webradios espíritas. Estiveram presentes representantes de federativas de São Paulo, Minas Gerais, Amazonas e Amapá, além da Associação Jurídico-Espírita do Rio de Janeiro e da Bahia, Instituto Espírita de Estudos Filosóficos e Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas.
Texto depositado legalmente em 1868 Texto depositado legalmente em 1872 Cap. 14, item 1: “(...) os fenômenos em que prepondera o elemento espiritual, esses, não podendo ser explicados unicamente por meio das leis da matéria (…)”.
Cap. 14, item 1: “(...) os fenômenos em que prepondera o elemento espiritual, esses, não podendo ser explicados unicamente por meio das leis da natureza (…)”. Esse texto modificado da quinta edição sustenta que os fenômenos em que prepondera o elemento espiritual são sobrenaturais, contrariamente ao que ensina a doutrina espírita.
Cap. 17, item 54: “Esse quadro do fim dos tempos é evidentemente alegórico (…)”. Cap. 17, item 55: “Aqui se acrescenta a queda de estrelas do céu, como que a mostrar às gerações futuras, mais esclarecidas, que se trata apenas de uma ficção, já que agora se sabe que as estrelas não podem cair”. Cap. 17, item 57: “Esses indícios não estarão nem no Sol nem nas estrelas, mas no estado social e nos fenômenos mais morais que físicos (…)”.
Cap. 18, item 10, nota: “(1) A terrível epidemia que, de 1866 a 1868, dizimou a população da ilha Maurícia, foi precedida por uma tão extraordinária e tão abundante chuva de estrelas cadentes, em novembro de 1866, que aterrorizou os habitantes daquela ilha. A partir desse momento, a doença, que reinava desde alguns meses de forma muito benigna, transformou-se em verdadeiro flagelo devastador. Aquele tinha sido bem um sinal no céu e talvez nesse sentido é que se devam entender as estrelas caindo do céu, das quais fala o Evangelho, como sendo um dos sinais dos tempos. (Pormenores sobre a epidemia da ilha Maurícia: Revista Espírita de julho de 1867, pág. 208; novembro de 1868, pág. 321)”. Esse texto incluído na quinta edição, que relaciona uma epidemia com uma “chuva de estrelas”, tem caráter supersticioso. Além disso, ao considerar a “chuva de estrelas” como um sinal dos tempos, contradiz o que foi escrito por Allan Kardec nos itens 54 a 57 do Capítulo 17. Ademais, nos números mencionados da Revista Espírita, Allan Kardec não fez qualquer sugestão de que se deveria admitir a supersticiosa relação entre “chuva de estrelas” e epidemias.
Presença marcante no evento, a escritora e palestrante Heloísa Pires atraiu aplausos, uma vez que simbolizava todo o trabalho realizado pelo seu pai, Herculano Pires (1914-1979), a favor da fidelidade e estudo das obras de Allan Kardec. O que mudou Para ilustrar, a pesquisadora Simoni Privato apresentou alguns exemplos resumidos das modificações na quinta edição, identificadas por Henri Sausse, publicadas no artigo “Uma infâmia” (jornal Le Spiritisme, dezembro/1884), que tem servido como base para vários estudiosos. Henri Sausse se refere aos textos em francês. Lembra a pesquisadora que para um trabalho rigoroso de comparação, é necessário utilizar os textos depositados legalmente em 1868 e 1872 perante as autoridades francesas. Por isso os itens citados no quadro abaixo não podem ser considerados como sendo as principais modificações, pois há muitas outras que, segundo apontam os estudos, afetam significativamente o conteúdo da obra, inclusive do ponto de vista doutrinário. Leia mais sobre o assunto nas páginas 4 e 5.
Pesquisadora Simoni Privato
Texto depositado legalmente em 1868 Texto depositado legalmente em 1872 Cap. 18, item 20: sete parágrafos que tratam do papel do espiritismo na regeneração da humanidade. Conteúdo confirmado pela concordância do ensino dos Espíritos.
Os sete parágrafos do item 20 do Capítulo 18 foram eliminados na quinta edição.
Cap. 1, item 37: “Retirai do homem o Espírito livre, independente, que sobrevive à matéria, fareis dele uma máquina organizada (…)”.
Cap. 1, item 37: “Retirai do homem o espírito livre, independente, que sobrevive à matéria (…)”. Esse texto modificado da quinta edição substitui Espírito (individualidade) por espírito (princípio inteligente do Universo), em contradição com esses conceitos fundamentais da doutrina espírita.
Capítulo 15, itens 64 a 68: apresenta hipótese explicativa para o desaparecimento do corpo de Jesus.
Capítulo 15, itens 64 a 67: três parágrafos suprimidos e um acrescentado. Foi suprimida a hipótese explicativa do desaparecimento do corpo de Jesus, enfraquecendo a coerência do texto. www.correiofraterno.com.br
4
CORREIO FRATERNO
MARÇO - ABRIL 2018
ENTREVISTA
A proteção internacional aos originais de Kardec Por Eliana Haddad
M
anuel Felipe Menezes da Silva Júnior é promotor de justiça da Comarca Macapá e vice-presidente da Federação Espírita do Amapá. No evento sobre os 150 anos de A gênese, realizado em São Paulo, dia 4 de março, ele apresentou um artigo jurídico sobre direitos autorais nas obras em domínio público (veja na página 5). Escrito em parceria com o jurista Auriney Uchôa Brito, o documento abordou em detalhes as implicações legais sobre os fatos relacionados às alterações em A gênese de Allan Kardec. Convidado pelo Correio Fraterno, concedeu-nos esta breve entrevista:
Público Federal para que este aja dentro de suas atribuições legais, como guardião das leis e da Constituição Federal. Você acha que esses fatos podem trazer cisões e atrasar o movimento espírita? E quem for resistente à mudança? Acho que o debate sempre é positivo quando respeitoso. Podemos divergir nas ideias, mas sempre com a fraternidade que deve caracterizar nossas condutas. Precisamos exercitar o pensamento crítico com a alteridade e a liberdade preconizadas na Doutrina Espírita.
Manoel Felipe Menezes: “O debate sempre é positivo, quando respeitoso”
Qual a importância de se preservar a originalidade de uma obra em domínio público como é A gênese? Manuel Felipe: Como qualquer obra literária de relevância, a fidedignidade ao trabalho intelectual de seu autor deve ser observada como direito moral inalienável. A Convenção de Berna regula os direitos autorais da produção literária, inclusive as caídas em domínio público. No caso de uma obra como A gênese, que é uma das que se constituem a base da doutrina espírita, não pode pairar qualquer dúvida sobre sua autoria integral e, como está comprovado, apenas as quatro primeiras edições foram impressas com Kardec vivo e não há nenhum documento escrito ou assinado nos órgãos do governo francês comprovando que ele tenha feito alterações na www.correiofraterno.com.br
obra a partir da quinta edição. Como espíritas, o que devemos fazer? Estudar com profundidade e divulgar as traduções com base nas quatros primeiras edições de A gênese. Muitas vezes somos resistentes a conflitos, processos jurídicos, em nome da ‘caridade’. É um desafio para o espírita, nesse momento, ser fiel a Kardec e ao mesmo tempo não se envolver em contendas? O processo judicial serve exatamente para se discutir a legalidade de um fato ofensivo a uma norma. No caso presente, trata-se de um direito difuso e coletivo. Isso quer dizer que qualquer cidadão pode representar ao Ministério
Além da correção do texto, quais os aspectos positivos para o espiritismo em torno desses fatos envolvendo A gênese? Creio que é o estímulo à leitura e o estudo em profundidade da obra. Esse fato está sendo debatido só no Brasil? Como estão reagindo os outros países? As notícias que nos chegam é que na França, nos Estados Unidos, na Argentina, no Chile, no Uruguai, dentre outros países, ao contrário do Brasil, não houve polêmica e já estão adotando as quatro primeiras edições de A gênese como as definitivas. Juridicamente falando, como fica a questão da publicação de A gênese pelas editoras? Terão que adotar o texto original, presente até a quarta edição? Seria o ideal, pois a quinta edição é duvidosa. Além da possibilidade de um enfrentamento de ação judicial para resolver o caso. Como espírita, como você avalia a
importância de A gênese para a libertação espiritual da Humanidade com relação ao sobrenatural? A gênese foi escrita por Kardec em harmonia com as demais obras da codificação e demonstra que o sobrenatural mais não é que fatos que estão nas leis da natureza. Mostra Deus como criador do Universo e dos seres espirituais. Que sua Providência está sempre presente na vida de suas criaturas. Sem misticismos, demonstra que Jesus é um espírito puro que reencarnou em um corpo real e palpável como o de todos nós. São ensinamentos verdadeiramente libertadores. Um dos pontos mais comentados nas alterações de A gênese se refere à tese do corpo fluídico de Jesus. O que muda afinal da quarta para a quinta edição? Simplificando, a quarta edição é mais contundente ao refutar a tese do corpo fluídico. Você acredita que esse episódio de A gênese possa comprometer a credibilidade das demais traduções das obras de Kardec? Até agora não temos notícias sobre adulteração em qualquer outra obra básica. Aproveitando, quais os desafios do movimento espírita no seu Estado? Este fato, por exemplo, chega ao Amapá com a mesma intensidade? No Amapá, como no Brasil, é um assunto palpitante e atual pela gravidade do tema. Hoje com a internet e as redes sociais não existe mais a barreira da distância. A propagação da doutrina é infinitamente maior. Basta ver a quantidade de vídeos de palestras e seminários que circulam na rede.
CORREIO FRATERNO
MARÇO - ABRIL 2018
5
O que diz o artigo V
eja abaixo o resumo de alguns dos itens abordados:
Quem fez as alterações? Henri Sausse, biógrafo de Kardec, levantou a questão, em 1884. Um ano depois, na Revista Espírita, Desliens afirmou que havia sido o próprio Allan Kardec que fizera as alterações na quarta edição da obra em 1868. A pesquisa de Simoni Privato, porém, comprovou documentalmente que a quarta edição foi depositada por Kardec na Biblioteca Nacional da França em 1868, e era inalterada. Também no Catálogo Racional de Obras Espíritas (1869) Kardec faz referência aos itens 64 a 68 do capítulo 15 de A gênese, todos presentes até a quarta edição. Na quinta, o item 68 foi extirpado. Hoje não há dúvidas de que as quatro primeiras edições de A gênese sejam idênticas, editadas com Kardec vivo, e que houve uma grande alteração na quinta edição, três anos depois de sua morte. Essa edição foi depositada na Biblioteca Nacional da França, em 19 de dezembro de 1872. Não se sabe ao certo quem teria feito tais alterações. E não há prova documental de que Allan Kardec as tenha feito, tampouco a declaração prévia de que pretendia imprimi-la, nem seu depósito obrigatório na Biblioteca Nacional da França. Quem tem direito à obra? Além da legislação brasileira sobre direitos de autor, há a legislação francesa e a Convenção de Berna, assinada em Paris em 1886. Também, A gênese encontra-se em Domínio Público, traduzida em diversos idiomas. Qualquer obra autoral possui dupla proteção: uma de caráter material (patrimonial); outra, de caráter moral (intelectual). Em vida, ou após a sua morte, o autor poderá exigir os frutos decorrentes do uso, reprodução e exposição da sua obra, além de ser protegido contra violações, cópias não autorizadas etc. Após a morte do autor, seu cônjuge, ascendentes, descendentes e irmãos herdam o direito de tutelar a obra, ou seja, o direito de colher os frutos e de protegê-la, mas não se tornam donos da produção, não recebendo o poder de alterá-la. Os familiares, no Brasil ou na França, têm esse di-
reito por até 70 anos, ficando a obra após esse prazo em domínio público, estando livre para uso e reprodução. Um detalhe importante: não são permitidas alterações de conteúdo post mortem, a não ser por expressa e comprovada autorização do autor. Cabe ao Estado o dever de tutelar a integridade intelectual da obra, e, aos utilizadores, o de lealdade ao seu conteúdo, sob pena de sofrer as sanções estatais. Mas a obra não é francesa? Embora a tradução brasileira esteja diretamente ligada à original francesa, o esforço intelectual do tradutor gera uma nova obra regulada e protegida pelo direito brasileiro. É o que a legislação chama de obra derivada. A França foi o berço do direito moral de Allan Kardec entre os séculos 18 e 19. O Código da Propriedade Intelectual francês garante aos autores direitos morais perpétuos, inalienáveis e imprescritíveis sob suas obras. A dimensão da análise da obra A gênese, porém, não pode se resumir à legislação de um ou outro País, pois a codificação espírita tornou-se ‘patrimônio sagrado’ em muitos países. Trata-se, portanto, de questão de direito internacional. O que é o direito moral? Diversos outros tratados e convenções internacionais protegem o direito moral do autor, mas um em especial é necessário ressaltar: A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela diz que todos têm o direito de tomar par-
te livremente na vida cultural da comunidade e, também, à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. Quando colocada como sentimento religioso, cultural ou étnico, sua relevância transcende à esfera pessoal, familiar e territorial do autor mais do que qualquer obra intelectual. A integridade moral de A gênese há muitos anos assumiu o patamar de direito difuso, que diz respeito a um número incomensurável de pessoas em todo o mundo e, embora a sociedade francesa, berço da codificação, seja a titular primeira, cabe ao Brasil e a todos os países comprometidos na reciprocidade da Convenção de Berna. O que pode acontecer? Pode-se pensar que a postura de resgate da quarta edição, assumindo-se a violação histórica como realidade, pode causar um desconforto. No entanto, a judicialização futura ou o controle de convencionalidade com imposição de força internacional contra o Brasil para que se cumpram as normas causarão uma desestabilização muito maior do movimento espírita no Brasil. Um dos princípios que dão autoridade ao espiritismo no mundo, desde o século 18, é a universalidade dos seus ensinamentos. Portanto, embora haja argumentos jurídicos em diversas vias, um problema como este deve ser resolvido não com o certo e errado das leis, mas com a sensibilidade, caridade e segurança do bom espírita. Embora o patrimônio intelectual de Allan Kardec seja mundial, a melhor postura no momento é conduzir a reorganização da universalidade doutrinária a partir do posicionamento dos franceses, como foi outrora, sem querer confrontar com retórica a quem nos apresentou o espiritismo e o direito autoral. Leia o artigo completo, em www.correiofraterno.com.br/artigo-genese
www.correiofraterno.com.br
6
CORREIO FRATERNO
JANEIRO - FEVEREIRO 2018
QUEM PERGUNTA QUER SABER
A garantia futura da unidade do espiritismo Por Cosme Massi
M
uitos acham que controle universal é ficar ouvindo diversos espíritos. Esse é apenas um item do Controle Universal defendido por Allan Kardec. E é secundário. Quando Kardec começa a expor o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos, coloca que o primeiro item a ser observado é de tudo submeter à lógica e à razão. Isso quer dizer que devemos, primeiro, comparar qualquer informação com o conhecimento consolidado. Ou seja, um espírito escreveu algo sobre alguém ou algum fato? É preciso comparar essa proposta com a lógica, com a razão, com o que já existe registrado e estabelecido sobre o assunto. Se passar nesse primeiro crivo, pode ser verdade. Aí, sim, restará submeter à outra etapa. Kardec diz ainda que, se for uma verdade nova – sobre o mundo dos espíritos, por exemplo – não conflitando com a lógica, com aquilo que a ciência já apresentou,
www.correiofraterno.com.br
O que é o Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos? Irene Fujiro, São Bernardo do Campo, SP outros espíritos a revelarão. Pelo critério universal dos ensinamentos, só posso usar a lógica para comprovar uma nova verdade, respeitar a coerência com o já demonstrado e estabelecido. Se outros espíritos forem trazê-la, é importante, depois, observar ainda se há a concordância na informação entre espíritos diferentes por intermédio de médiuns também diferentes e que não se conheçam. Kardec fez exatamente isso quando se
referiu à progressão da alma animal para a alma humana. Quando começou a discussão, – vamos encontrar isso na Revista Espírita e depois em A gênese – havia duas propostas: a alma animal era uma; a do homem, outra. Não havia um elo entre as duas. Kardec aguardou um tempo. À medida que vários espíritos superiores foram se manifestando sobre o assunto, a segunda proposta — de que o espírito humano é uma evolução do princípio inteligente do animal — foi ganhando
consistência. Por isso que, dez anos depois, em A gênese, Kardec defende essa tese. Em O livro dos espíritos ele a deixa em aberto. Isso demonstra que, se a verdade é nova e não entra em contradição com a lógica, os espíritos voltam à temática. Se uma informação, porém, já não satisfez o primeiro critério, da concordância com a lógica, da coerência, da razão e da consistência com o já estabelecido, já se deve colocá-la de lado. Não será preciso ouvir outros espíritos a respeito, se já contrariou o bom senso na primeira etapa do processo. Não se pode abandonar esse controle. É difícil, dá trabalho, mas como aprender sem esforço? É o trabalho de ler, estudar, comparar sempre. E a obra de Kardec deve ser a fonte, o ponto de partida. Fonte: Seminário O mundo dos Espíritos (21/10/2017), (www.kardec.tv)
CORREIO FRATERNO
JANEIRO - FEVEREIRO 2018 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
7
BAÚ DE MEMÓRIAS
A história do mineiro que deixou marcas por onde passou Por Jáder Sampaio
V
irgílio Pedro de Almeida pode ser considerado o maior articulador do movimento espírita mineiro nos anos 1940 a 1970. Uma de suas muitas realizações foi o apoio à construção do Hospital Espírita André Luiz, em Belo Horizonte, que acaba de completar cinquenta anos de fundação. O ex-diretor da Associação Espírita Célia Xavier, Ysnard Machado Ennes, nos contava que as obras se iniciaram fruto de doações de campanha e apoios, mas que os recursos não eram suficientes e corriam o risco de se esgotarem e interromper a construção. Seu Virgílio, então, propôs a criação de um grupo de contribuintes mensalistas para dar continuidade à obra. Distribuiu carnês para os diretores do HEAL. Eram dezenas. A família de Seu Virgílio residia em uma casa na rua Topázio, no Prado, na capital mineira. Ele hipotecou a casa e repassou o dinheiro para dar continuidade à construção do hospital. O dinheiro dos contribuintes era usado para pagar as mensalidades da hipoteca. Vez por outra se via Seu Virgílio chegar junto a algum inadimplente e dizer: “Olha, este mês não conseguimos ainda o suficiente para pagar a hipoteca. Vou perder a casa...” Papai conheceu Seu Virgílio. Ele contou que uma vez uma campanha feita pelo Grupo Espírita Emmanuel, do bairro Padre Eustáquio, em BH, foi um fiasco. Não conseguiam o número de cobertores que precisavam. Ligaram para Seu Virgílio, pedindo ajuda. E ele respondeu, bem-humorado: “Vocês não têm jeito mesmo. Vou ver o que posso fazer.” Passados alguns minutos, ele retornou a ligação: “Procurem fulano do centro tal. Ele tem ‘n’ cobertores. Beltrano, da creche tal, vai doar mais ‘x’ cobertores...”
Seu Virgílio solucionou o problema da campanha em pouco tempo. Em outra oportunidade, fui fazer uma palestra no Centro Espírita Lázaro, na cidade de Formiga, MG. A mocidade também comemorava cinquenta anos de fundação. Acolhido com carinho pelos confrades, ouvi de uma das companheiras que sabia que eu era da Associação Espírita Célia Xavier: “Nossa mocidade foi fundada pelo Seu Virgílio. Ele veio aqui a trabalho, pelo Banco do Brasil. Chegou à nossa casa e assentou-se ao fundo. Daí a alguns meses, sugeriu que fundássemos uma mocidade.” Quem for ao Lar Espírita Esperança, no bairro Salgado Filho, continue até a primeira rua que cruza com a rua Samuel Hahnemann, entre o quarteirão do Lar e o da Fundação Nosso Lar. Esta rua se chama Virgílio Almeida. Mais uma caminhada de duzentos metros, rumo ao Hospital Espírita André Luiz e encontramos o ambulatório Virgílio Pedro de Almeida. De volta ao Lar Espírita Esperança, antes de ir ver as crianças ou fazer sua tarefa, se olhar o nome dos prédios, verá: Virgílio Almeida. Pergunte pelo bazar. O nome? Virgílio Almeida. O seu nome se espalhou por toda Belo Horizonte. A Creche da Sociedade Espírita Maria Nunes se chama Virgílio Pedro de Almeida. No bairro Santa Rosa, há o Centro Espírita Virgílio Pedro de Almeida. No bairro Liberdade também há o Centro Espírita Virgílio Pedro de Almeida. (Seria o mesmo?). Há uma Associação Espírita Virgílio Pedro de Almeida, no bairro Novo das Indústrias. Há um Grupo Espírita com o mesmo nome no bairro Jaraguá. Encontrei no site do Hospital Paulo de Tarso, no bairro São Francisco, o nome dos fundadores: Amarílio Domingos da Costa e Virgílio Pedro de Almeida. Seu Virgílio fundou uma espécie de “pronto-socorro espiritual” na Associação Espírita Célia Xavier, que funcionava to-
dos os dias da semana, pela manhã, com estudos e passes, seguido de uma reunião mediúnica em caráter privativo. Comprou uma vitrolinha e discos de vinil, ainda nos anos 1970, para tocar músicas suaves enquanto se aplicavam os passes. A tarefa recebeu apoio da psicografia de Chico Xavier e de uma médium de Belo Horizonte. Quando desencarnou, a mobilização de pessoas em torno do enterro foi enorme. Braço direito de Seu Virgílio em muitas atividades, Marlene Assis, ouviu perguntarem: — Quanta gente! Morreu algum político? — Não, respondeu ela. — Desencarnou Seu Virgílio, o espírita! Jáder Sampaio é escritor e editor do blog Espiritismo Comentado e membro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo.
Virgílio Pedro de Almeida
A Causa em primeiro lugar Da redação
N
ascido na cidade de Capela, SE, em 1902, Virgílio Pedro de Almeida formou-se em contabilidade na capital, iniciando aos 20 anos sua carreira profissional no Banco do Brasil. Já casado com Maria Zulnária Carvalho, com três filhos e o quarto a caminho, Virgílio recebe o diagnóstico da tuberculose e se muda para Belo Horizonte para tratamento. Naquela ocasião, já se tornara espírita, depois de conhecer um dos pioneiros do espiritismo em Sergipe, Basílio Peralva, pai do conhecido escritor José Martins Peralva. Seu raciocínio rápido e sua integridade moral fizeram com que Virgílio ocupasse cargos de confiança Banco do Brasil, e que o possibilitava viajar e mesmo morar em inúmeras cidades mineiras, passando a ser um grande incentivador do estudo da doutrina e mesmo da fundação de núcleos espíritas por onde passava. Virgílio Pedro de Almeida desencarnou em 1974. Foi membro da diretoria de pelo menos quatorze instituições espíritas em Minas Gerais. www.correiofraterno.com.br
8
CORREIO FRATERNO
AnálISe
A criação literária
e o compromisso com a doutrina Por MIlton FelIPelI
T
endo como origem latina a palavra “litteris”, literatura significa uma instrução ou um conjunto de conhecimento e de habilidades de escrever e ler bem, relacionando-se, portanto, com as artes da gramática, da retórica e da poética. Trata-se, assim, de uma forma artística de representar a realidade. Ao escrever, por exemplo, o escritor apoia-se na técnica de transportar para as letras essa forma de representação, partindo da idealização e seleção do que julga mais relevante e organizando seu texto de modo que possa provocar certo impacto no leitor. Por isso, também, algumas situações que pouco nos afetam em nossa vida diária, chegam a provocar em nós uma forte emoção quando lidas através de obras de literatura. Na obra literária, o que predomina é a imaginação do escritor, que possui a mais ampla e completa liberdade de criação. Para chamar a atenção do leitor sobre determinado aspecto da vida, ele pode até criar uma história em que o absurdo esteja presente. Aliás, a presença do absurdo ou do fantástico dá ao texto uma dimensão altamente simbólica, e esse fato pode possibilitar ao leitor uma reflexão mais apurada sobre o sentido daquela transformação da realidade. Classificadas em três gêneros — lírico, narrativo e dramático —, as obras literárias, seja qual for o escritor, sempre terão como objetivo provocar emoção e reação do público leitor. Compreender essa característica da literatura é compreender por que a verdadeira obra de arte permanece através do tempo, despertando o interesse de muitas gerações de leitores. No gênero lírico o que predomina é a expressão do “eu”, por meio de uma linguagem muito bem trabalhada, sobretudo, no roteiro e nas imagens poéticas. O amor, a saudade, a solidão e a morte estão sempre presentes. O termo vem do latim www.correiofraterno.com.br
“liricu” e faz referência à “lira”, instrumento utilizado para acompanhar as poesias cantadas. No gênero da narrativa, o narrador conta uma história em que há personagens que executam suas ações em certo espaço físico durante certo tempo. As peripécias da história constituem o enredo da narrativa, que pode ser elaborado em verso ou em prosa. O gênero dramático deriva da palavra grega “drama” que originariamente significa “ação”. A palavra prosa, em sentido geral, designa um texto que apresenta um comentário, uma análise, uma descrição ou uma narração, constituindo basicamente uma linguagem denotativa. Exemplos de prosa em forma de narrativa: romance, novela e conto. A competência artística de um escritor pode unir uma narrativa imaginária, irreal (ficção) com uma narrativa factual sobre a realidade. Isso significa que obras ficcionais podem ser parcialmente baseadas em fatos reais, mas sempre contém algum conteúdo imaginário. Na literatura espírita Muitos autores encarnados e desencarnados escrevem utilizando-se dos gêneros aqui mencionados. O importante é que se tenha ciência sobre com que tipo de literatura estamos tendo contato para não confundirmos ficção, licença poética, informação e realidade. Romances, novelas, contos e apólogos preenchem bem o gosto literário da população que vibra com as cenas descritas e que se envolvem com os personagens que assumem papéis da vida física, mas que se encontram desencarnados. No tocante à literatura espírita há que se ter cuidado. Há autores que descrevem a vida em estado de erraticidade como se os personagens fossem dotados de nervos e sangue, num reflexo imediato das neces-
sidades do mundo na matéria. A descrição, nesse caso, é como se os espíritos tivessem necessidade de comer, dormir, descansar, praticar sexo, tal como se estivessem no corpo físico. O estudioso da doutrina deve ficar muito atento às cenas criadas pelo autor encarnado ou desencarnado, que embora possam atender à sua ampla liberdade de criação, muitas vezes fogem da realidade e do bom-senso para se explicar corretamente os fenômenos do mundo espiritual, de acordo com os ensinos reunidos pelos espíritos e por Kardec para a vinda da Terceira Revelação. Muitos romances espíritas, por exemplo, encontram-se repletos de ficção que não devem e não podem ser levadas à conta de uma descrição doutrinária, o que estaria em franca contradição com os ensinamentos da doutrina.
De duas, uma: ou o espiritismo se engana quando descreve como vivem os espíritos desencarnados; ou alguns autores de romances se esquecem de dizer que produzem a ficção literária, apenas para conduzir as histórias dentro do gênero de sua escolha. E a análise crítica pode ser feita confrontando-se todas essas obras com os cinco livros escritos e publicados por Allan Kardec. Escritor e divulgador da doutrina há 60 anos, Felipeli participa dos programas Diálogos Espíritas e Esclarecimentos Oportunos (Rádio Boa Nova.). E, pela internet, do portal Kardec.tv.
CORREIO FRATERNO
MArço - ABrIl 2018
O que diz a Codificação Espírita O sofrimento no mundo espiritual Libertos do corpo, os Espíritos podem sofrer, mas esse sofrimento não é corporal, embora não seja exclusivamente moral, como o remorso, pois que eles se queixam de frio e calor. Nenhuma impressão lhes causa, conseguintemente, a temperatura. A dor que sentem não é, pois, uma dor física propriamente dita: é um vago sentimento íntimo, que o próprio Espírito nem sempre compreende bem, precisamente porque a dor não se acha localizada e porque não a produzem agentes exteriores; é mais uma reminiscência do que uma realidade, reminiscência, porém, igualmente penosa. (O livro dos espíritos, p. 257) Os sentidos dos espíritos Sabemos que no Espírito há percepção, sensação, audição, visão; que essas faculdades são atributos do ser todo e não, como no homem, de uma parte apenas do ser; mas, de que modo ele as tem? Ignoramo-lo. Os próprios Espíritos nada nos podem informar sobre isso, por inadequada a nossa linguagem a exprimir ideias que não possuímos. Eles ouvem o som da nossa voz, entretanto nos compreendem sem o auxílio da palavra, somente pela transmissão do pen-
O estudioso da doutrina deve ficar muito atento às cenas criadas pelo autor encarnado ou desencarnado, que muitas vezes fogem da realidade para explicar corretamente os fenômenos do mundo espiritual
samento. Pelo que concerne à vista, essa, para o Espírito, independe da luz, qual a temos. A faculdade de ver é um atributo essencial da alma, para quem a obscuridade não existe. A alma, ou o Espírito, tem, pois, em si mesma, a faculdade de todas as percepções. Estas, na vida corpórea, se obliteram pela grosseria dos órgãos do corpo; na vida extracorpórea, se vão desanuviando, à proporção que o envoltório semimaterial se eteriza. (O livro dos espíritos, p. 257) A fadiga e a necessidade de repouso Os espíritos não podem sentir a fadiga, como a entendeis; conseguintemente, não precisam de descanso corporal, pois que não possuem órgãos cujas forças devam ser reparadas. O Espírito, entretanto, repousa, no sentido de não estar em constante atividade. Ele não atua materialmente. Sua ação é toda intelectual e inteiramente moral o seu repouso. Quer isto dizer que momentos há em que o seu pensamento deixa de ser tão ativo quanto de ordinário e não se fixa em um objeto determinado. É um verdadeiro repouso, mas que não é comparável ao do corpo. A espécie de fadiga que os Espíritos são suscetíveis de sentir guarda relação com a inferioridade deles. Quanto mais elevados sejam, tanto menos precisarão de repousar. (O livro dos espíritos, p. 254) Os espíritos compreendem a duração do tempo como nós? Não, e é o que faz com que nem sempre nos compreendam, quando se trata de fixar datas ou épocas.” Os espíritos vivem fora do tempo, tal como o compreendemos; o transcurso do tempo, para eles, anula-se, por assim dizer, e os séculos, tão longos para nós, são-lhes apenas instantes que se apagam na eternidade, do mesmo modo que as desigualdades do solo se apagam e desaparecem, para aquele que se eleva no Espaço. (O livro dos espíritos, p. 240) O retorno da criança ao mundo espiritual O incompleto desenvolvimento dos órgãos da criança não dava ao Espírito a liberdade de se manifestar completamente; livre desse invólucro, suas faculdades são o que eram antes da sua encarnação. O Espírito, não tendo feito mais que pas-
sar alguns instantes na vida, não sofre modificação nas faculdades. (...) Com a morte da criança o Espírito deve retomar imediatamente o seu vigor primitivo, pois que está desembaraçado do seu envoltório carnal: entretanto, ele não retoma a sua lucidez, enquanto a separação não estiver completa, ou seja, enquanto não desaparecer toda ligação entre o Espírito e o corpo. Observação: Nas comunicações espíritas, o Espírito de um menino pode, pois, falar como adulto, porque pode ser Espírito adiantado. Se, algumas vezes, adota a linguagem infantil, é para não tirar à mãe o encanto que sempre está ligado à afeição de um ente frágil, delicado e adornado com as graças da inocência. (Ver Revista Espírita, janeiro de 1858, Mãe, estou aqui!.) Podendo a mesma questão ser formulada acerca do estado intelectual da alma dos imbecis, idiotas e loucos depois da morte, encontra-se a solução no que precede. (O que é o espiritismo, cap. 3) O inferno e o paraíso São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e desditosos. Entretanto, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos. A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender. Quando são inferiores e ainda não completamente desmaterializados, os Espíritos conservam uma parte de suas ideias terrenas e, para dar suas impressões, se servem dos termos que lhes são familiares. Acham-se num meio que só imperfeitamente lhes permite sondar o futuro. Essa a causa de alguns Espíritos errantes, ou recém-desencarnados, falarem como o fariam se estivessem encarnados. Inferno se pode traduzir por uma vida de provações, extremamente dolorosa, com a incerteza de haver outra melhor; purgatório, por uma vida também de provações, mas com a consciência de melhor futuro. Quando experimentas uma grande dor, não costumas dizer que sofres como um danado? Tudo isso são apenas palavras, e sempre ditas em sentido figurado.” (O livro dos espíritos, p.1012)
9
LIVROS & CIA. Edições Léon Denis Telefone: 21 2452-1846 www.edicoesleondenis.com.br Um olhar sobre o tempo presente de Léon Denis 136 páginas 13,5x18,5 cm
Instituto Lachâtre Telefone: 11 3181-6676 www.lachatre.com.br Após a chuva de Lygia Barbiére 408 páginas 15,5x22,5 cm
Editora do Conhecimento Telefone: 17 3524-9800 www.candeia.com O espiritismo perante a ciência de Gabriel Delanne 368 páginas 14x21 cm
Correio Fraterno / Paideia Telefone: 11 4109-2939 www.correiofraterno.com.br/loja Educação para a morte de J. Herculano Pires 208 páginas 14x21 cm
Da Redação www.correiofraterno.com.br
10
CORREIO FRATERNO
MARÇO - ABRIL 2018
VOCÊ SABIA?
A visão de Ignácio de Antioquia
Quem foi ele
Da REDAÇÃO
A
o psicografar o livro Ave, Cristo!, de Emmanuel, obra histórica que rememora uma fase do terceiro século, Chico Xavier declara que recebera muitas graças, dentre as quais as de maravilhosas visões. Emmanuel colocava-lhe diante dos olhos os quadros mais emocionantes da perseguição aos cristãos e pedia que os olhasse com atenção. E via, então, em quadros aumentados, as figuras marcantes dos mártires, perseguidos por amor
www.correiofraterno.com.br
ao emissário celeste. Guardou, entre outras, a visão extraordinária de Inácio de Antioquia, chegando a Roma, acorrentado e, à entrada da Cidade Eterna, parar e sorrir... Os guardas, que o acompanham, surpreendem-se e o advertem: — Por que sorri, quando daqui a instantes será martirizado com outros rebeldes? E, ele, calmo e feliz, responde-lhes: — Estou sorrindo pelo que vejo e me conforta, pois chego à conclusão de que Deus
é mesmo bom. Se permitiu que os pagãos levantassem, na Terra, essa maravilha, que é Roma, que não reservará Ele aos seus veros servidores!... E, empurrado pelos guardas, partiu, sereno e grande na fé, a caminho do suplício e onde deveria ganhar as asas da sua libertação e o prêmio de seu testemunho de amor a Jesus! Fonte: Lindos casos de Chico Xavier, Ramiro Gama, Lake.
Inácio foi encontrado por João Evangelista cerca de quatro anos depois da morte de Jesus. O menino tinha então seus oito anos e, vendo-o, o Apóstolo lembrou-se dele no colo de Jesus. Resolveu adotá-lo e levá-lo para sua casa, em Éfeso, onde havia se estabelecido com Maria, a mãe de Jesus. Ali, Ignácio cresceu sob a ternura de Maria, enquanto João lhe cultivava o caráter nos ensinos cristãos. Já adulto, propagador entusiasta da Boa Nova, Inácio de Antioquia foi preso. Tornou-se célebre por sua peregrinação forçada, em cadeias, de Antioquia a Roma. Como Paulo de Tarso, ele foi recebendo a visita de cristãos de outras igrejas em todo o seu percurso. Nas paradas, escrevia às comunidades que o tinham recebido ou que lhe enviavam representantes. São sete as cartas conhecidas, todas de grande valor para o conhecimento da história dos primeiros cristãos. Fonte: www.feparana.com.br
CORREIO FRATERNO
MARÇO - ABRIL 2018
11
ACONTECE ESPECIAL
Imposição de mãos é aprovada pelo Ministério da Saúde como terapia no SUS Por Eliana Haddad
F
echávamos esta edição, quando o Ministério da Saúde anunciou (12/3) a inclusão de dez novas práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde. Agora, o governo passa a oferecer ao todo 29 procedimentos terapêuticos à população. Entre as novas terapias estão: aromaterapia, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia, imposição de mãos e terapia de florais. Para nos esclarecer sobre o assunto, principalmente com relação à questão da ‘imposição de mãos’, consultamos o doutor Sérgio Felipe de Oliveira, médico neurocientista, espírita, pesquisador da Universidade de São Paulo, responsável pela Universidade Internacional de Ciência do Espírito – Uniespírito, que nos elucida: Essas práticas são técnicas usadas no terreno da promoção de saúde, a salutogênese. Em saúde, há duas abordagens terapêuticas – a patogenesia, que é a ação médica que trata da doença, e a salutogênese, que diz respeito à promoção de saúde, que vai possibilitar o desenvolvimento, a capacitação da resiliência do paciente, o que podemos chamar, talvez, de força do espírito. Essa resiliência vai habilitá-lo a lidar melhor com o sofrimento, permitindo-lhe reagir também melhor com relação aos programas terapêuticos colocados pelo médico. No SUS, todas essas abordagens são de promoção de saúde, visando fortalecer interiormente o paciente. E não para tratar de uma doença, o que é de competência do sistema médico. Essas terapias não são consideradas como procedimentos médicos, mas técnicas multiprofissionais, existindo inclusive residência interdisciplinar para essas práticas integrativas. A técnica da imposição de mãos do SUS está qualificada como procedimento normal de enfermagem nas classificações internacionais como “toque curativo” e “toque terapêutico”. Diz respeito à imposição de mãos a certa distância do corpo para se tratar o campo de energia humano e envolve também a captação de forças do Universo. O procedimento é o mesmo
O passe é um patrimônio da atividade espírita, mas com muitos pontos de coincidência com esses modelos de imposição de mãos” do passe, colocado no livro Organon, de Hanhemann, o livro base da fundação da homeopatia. Técnica que, na minha forma de entender, foi trazida por Hanhemann e não por Allan Kardec, que estudou as questões do magnetismo, valorizou-as, sem abordá-las, porém, em sua obra básica de uma forma mais direta. Kardec vai fazer alusão aos magnetizadores e dar espaço para o espírito Hanhemann falar sobre o assunto. O evangelho segundo o espiritismo1 destaca a magnetização mediúnica e anímica, explicando quando é força do terapeuta e quando é força mediúnica ou de um espírito que se manifesta. No passe espírita, há uma particularidade: não se configura uma profissão. Qualquer pessoa de boa vontade está capacitada a aplicá-lo, desde que tenha amor em seu coração, não havendo necessidade de qualquer tipo de titulação acadêmica, nem de formação ou cursos especializados. O passe espírita é uma técnica entregue a todo ser humano de boa vontade. Não disse Jesus: “sois deuses, podeis fazer tudo o que eu faço e muito mais”? O passe
é um patrimônio da atividade espírita e possui muitos pontos de coincidência com esses modelos terapêuticos de imposição de mãos. Estamos vendo o quanto a Organização Mundial de Saúde está se abrindo para questões que o espiritismo vem pleiteando há tanto tempo. Isso reforça a necessidade de o centro espírita, por sua capacidade e pujança, estar atento a esses movimentos na área de promoção de saúde. Não podemos esquecer que a OMS convida e diz que todo cidadão é responsável por isso.
É preciso compreender ainda que o Conselho Federal de Medicina rege a atuação médica, mas não rege todas as atuações de prática de saúde. Como médico, não posso usar esses procedimentos como ato médico. Mas, se integrado numa equipe multidisciplinar, posso empregá-los como ato de promoção de saúde, desde que o paciente já esteja atendido na questão médica. Aproveitando, não é correto dizer tratamentos alternativos, mas complementares e integrativos, mantendo-se assim preservada a atuação médica. Vale deixar claro também que promoção de saúde não é prevenção, nem tratamento de doença, mas é prioridade da Organização Mundial de Saúde, conforme estabelecido na Carta de Otawa (1986). Não é terreno do médico, pois dela participam profissionais de todas as áreas. Por isso não é campo do Conselho Federal de Medicina. Ele pode reger a atividade médica, que trata das doenças, mas não tem o que dizer a respeito de quaisquer atividades desenvolvidas por cidadãos, aprovadas dentro do nosso país ou nos seus respectivos países, e que implicam a promoção de saúde dentro de propostas legalmente constituídas e estruturadas, preservado e salvaguardado o território de ação médica. Capítulo 26, item 10. “O magnetizador dá o seu próprio fluido, por vezes até a sua saúde. Pode pôr-lhes preço. O médium curador transmite o fluido salutar dos bons Espíritos; não tem o direito de vendê-lo.” 1
www.correiofraterno.com.br
12
CORREIO FRATERNO
MArço - ABrIl 2018
cUltUrA & lAZer
Festival de Luz Chico Xavier A Fundação Cultural Chico Xavier, de Pedro Leopoldo, MG, estará realizando, entre os dias 2 a 8 de abril, o II Festival de Luz Chico Xavier, com o tema central “Diversidade e inclusão”. O evento contará com apresentações culturais, exposição de arte e palestras. www.fundacaocultchicoxavier.com.br.
ABR
2
Semana Espírita em Ribeirão Preto Promovida pela USE Intermunicipal da cidade, será realizada de 14 e 21 de abril a Semana Espírita de Ribeirão Preto, homenageando os 161 anos do espiritismo. O evento contará com presença de Cosme Massi, Heloisa Pires, Julia Nezu, Artur Valadares, André Luís Bordini, dentre outros, com palestras em Ribeirão e mais 14 municípios da região. Saiba mais: www.userp.org.br.
ABR
14
Congresso Jurídico-Espírita de São Paulo No dia 5 de maio será realizado o 4º Congresso Jurídico-Espírita de São Paulo, das 9:30h às 19:30h, no Instituto Espírita de Educação, na rua Professor Atílio Innocenti, 669, Itaim Bibi, capital. O tema abordado será: “Igualdade de Direitos - Questões de gênero e sexualidade.” www.secretaria@ajesaopaulo.com.br.
MAI
5
Fórum Espírita de Juiz de Fora Numa promoção do Instituto de Difusão EspíriMAI ta de Juiz de Fora, acontece dia 19 de maio, das 8:00 às 18:30h, o 13º Fórum Espírita da cidade. Local: Sede Social do Tupi Futebol Clube. Com a participação de André Trigueiro, José Passini, Andrei Moreira, Raul de Barros Neto. Inscrições gratuitas a partir de 18 de abril: www.facebook.com/forumespiritajf Email: contato.fejf@gmail.com
19
Mednesp 2019 Será realizado de 19 a 22 de junho, em Teresina, JUN Piauí, o Congresso da Associação Médico-Espírita do Brasil, sobre o tema: “A evolução da espiritualidade nos cuidados de saúde - Ampliando conceitos e vencendo paradigmas”. Participação dos oradores: Alberto Almeida, André Trigueiro, Décio Iandoli, Rossandro Klinjey, Irvênia Prada, dentre outros. Local: Centro de Convenções, Teresina, PI. Inscrições: wwwmedinesp2019.com.br
19
MAI
5
CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO Teste do processo desobsessivo Todos nós, os Espíritos em evolução na Terra, temos a nossa quota de obsessão, em maior ou menor grau. E todos estamos trabalhando pela própria libertação. À vista disso, de quando a quando, é sumamente importante que façamos um teste de nosso processo desobsessivo, a fim de que cada um observe, em particular, como vai indo o seu. Verifique: • Se já consegue dispensar aos outros o tratamento que desejaria receber; • Se adia a execução das próprias tarefas; • Se reconhece que toda criatura humana é imperfeita quanto nós mesmos e que, por isso, não nos será lícito exigir do próximo, testemunhos de santidade e grandeza na passarela do mundo; • Se guarda fidelidade aos compromissos assumidos; • Se cultiva a pontualidade; • Se evita contrair débitos; • Se orienta a conversação sem perguntas desnecessárias; • Se acolhe construtivamente as críticas de que se faz objeto; • Se fala auxiliando ou agredindo a quem ouve; • Se conserva ressentimentos; • Se sabe atrair amigos e alimentar afeições; • Se mantém o autocontrole, na vida emotiva, como base da sua dieta mental. Fonte: Paz e Renovação. André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, FEB.
A I t S ç r B o B S e S S ã o e c l t D l A c r I t I c A S
U o r A Õ B S t J r A o r r l I B e r t A ç ã o I o I A o F
t Q A n e e e A U r D B A Q c I e D A D B o n I n D n l I l
o U B D S r V M I t e S t e B n V A t e I D M S U V I D S H
c e A A D t D o A r A t S A n t I D A D e e P c V S e e A X
o t l D t A A e l A r e S S e n t I M e n t o S e l S M D A
n I H e r D D n o U I l I S o A D G e A o S I A I ç A o A P
t ç A l A A A F e I ç Õ e S A D A e n D P o D D S ã B c D o
Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
r ã n H M D A A S t Õ ã D ç A e D U t M r t A P t S A U e D
o o D A S e D H P o e D o o S r e e o e I D D I e ç D r D A
l A o D S S ç r M D S e D S P t ç M I n e P e r o Õ e e e D
e D ã o r S ã c o n V e r S A ç ã o l t I A V c M e S t J e
A e o U A ã o o A D P o n t U A l I D A D e P e e S F A S J
ENIGMA
Que nome se dá à propriedade que tem o espírito de aparecer em diferentes lugares ao mesmo tempo? qualquer hora, em qualquer lugar
Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br
Resposta do Enigma: Ubiquidade. o perispírito pode tornar-se visível e tangível. o termo pode ser usado também para descrever o fenômeno de bilocação. (O livro dos médiuns)
AGENDA
Dúvidas...
1ª Feira Solidária Lar da Criança Emmanuel
Dia 5 de maio, das 9 às 17 horas. Excelentes opções de presentes para o Dia das Mães: Artesanatos belíssimos, perfumaria, sapatos, bolsas, vestuário e muito mais. Salão de eventos do Lar da Criança Emmanuel Av. Humberto Alencar Castelo Branco, 2955 V. Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP. www.correiofraterno.com.br
Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio
CORREIO FRATERNO
MArço - ABrIl 2018
13
AnálISe
Doença: a mensagem que ela nos traz Por DAVID MonDUccI
O
binômio saúde-doença, se não é o mais relevante em nossas vidas, é um dos mais importantes, ocupando boa parte do nosso tempo e atenção. Mas o que é saúde? E o que é a doença? Mais pertinente ainda é perguntar: se estamos doentes, o que fazer para alcançar a cura? De forma simplória acreditamos que saúde é a ausência de doenças, contudo esta ideia é, pelo menos, inadequada. A Organização Mundial da Saúde define saúde como sendo “um estado de completo bem-estar biopsicossocial”, portanto a doença passa a “ser um estado de mal-estar biopsicossocial”. Outra consequência é que os estados de saúde ou de doença devem ser acompanhados do verbo ‘ser’, e não do verbo ‘ter’. Essa mudança exige que tenhamos consciência de nós mesmos, ou seja, que tenhamos a capacidade de compreender, sentir e vislumbrar a complexidade afetiva do nosso mundo interior, revestido dos valores morais que tangem às noções de bem e mal. É o que nos dá a capacidade de perceber as manifestações emocionais na intimidade do nosso ser, em primeiro lugar, e nas outras pessoas, em segundo lugar. Os sentimentos põem em movimento reações fisiológicas variáveis na intensidade e na forma, acompanhadas de alterações orgânicas, constituindo o corolário físico das nossas emoções. A combinação dos nossos pensamentos, sentimentos e emoções constitui aquilo que nos define, nos caracteriza e o que realmente somos. O desenvolvimento de uma teoria que explicasse a fisiologia das emoções ocupou o tempo de alguns dos
maiores sábios da humanidade. Sigmund Freud descreveu que quando as nossas emoções são reprimidas, elas acabam constituindo-se na fonte de um conflito emocional crônico, que gerará distúrbios físicos ou psicológicos, se não for aliviado mediante os canais fisiológicos competentes. Pouco depois, Hans Selye descreveu a Síndrome de adaptação geral, relatando um conjunto de reações fisiológicas desencadeadas por fatores estressantes contínuos como a causa de lesões teciduais e orgânicas. Adoecemos porque não conseguimos viver em harmonia e em equilíbrio com o meio e com as pessoas à nossa volta, porque estamos repletos de ódios, rancores, mágoas, culpas, remorsos, ressentimentos, medos e frustrações que não queremos enfrentar. Não somos conscientes dos nossos sentimentos e queremos esconder dos outros, e de nós mesmos, os pensamentos de egoísmo, de orgulho e de vaidade em nossa sombra. Parafraseando Sócrates, que recomendava “Conhece-te a ti mesmo”, é necessário que olhemos para dentro de nós mesmos, se quisermos ser pessoas saudáveis. As nossas doenças são o convite que Deus nos faz para que venhamos a ser mais conscientes de nós mesmos e dos nossos papéis na família e na sociedade, conduzindo-nos pela vida de forma amorosa, solidária e caridosa. Cada doença, cada dor, cada sintoma traz uma mensagem única e exclusiva para nós e apenas para nós. Quando estivermos prontos para aceitá-las e compreendermos o que as nossas doenças querem tanto nos dizer, estaremos aptos a trilhar o caminho da nossa perfeição,
que evidentemente passa pela nossa saúde. Na reforma íntima encontraremos o bálsamo para as nossas dores e a cura para as nossas doenças, conquistando a
saúde e a vida que almejamos. Médico neurocirurgião, pós-graduado em medicina psicossomática e mestre em filosofia.
David Monducci estará autografando seu livro Saúde e vida (Correio Fraterno) no Megafeirão de Santo André, dia 7 de abril, às 14 horas.
CONTABILIDADE – ABERTURA E ENCERRAMENTO DE EMPRESA – CERTIDÕES
Tel. (11) 4126-3300 Av. Paulista, 777 I conj. 72 I Bela Vista I São Paulo - SP rua tomé de Souza, 200 I centro I São Bernardo do campo - SP brasilcontadores.com.br www.correiofraterno.com.br
14
CORREIO FRATERNO
www.correiofraterno.com.br
MARÇO - ABRIL 2018
CORREIO FRATERNO
MARÇO - ABRIL 2018
15
DIRETO AO PONTO
Convite à renovação Por UMBERTO FABBRI
P
ara os judeus, na Páscoa, ou Pessach comemora-se a libertação do povo hebreu do cativeiro egípcio. Já para a igreja católica, a Páscoa está inserida na Semana Santa, estabelecida por um decreto no Concílio de Niceia no ano de 325. Na Quinta-feira Santa é celebrada a última ceia de Jesus e a cerimônia do lava-pés. Na Sexta-Feira Santa temos a crucificação de Jesus, e no domingo de Páscoa, celebra-se sua ressurreição e primeira aparição aos seus discípulos. No hemisfério norte, a celebração se dava no fim do inverno e início da primavera. Quando apareciam os animais no campo com seus filhotes, era para este povo a época da fertilidade e elegeram o coelho como representação da Páscoa. O ovo seria também um de seus símbolos por expressar o início da vida. Vários povos presenteavam os amigos com ovos para desejar-lhes uma passagem para uma vida feliz. Respeitando todas as crenças e entendimentos no tocante a esta comemoração, podemos observar um ponto em comum: a renovação, a mudança, a transformação. E este não poderia ser um tema mais oportuno. O mundo pede mudanças urgentes; na economia, na política, nas questões humanitárias, no respeito ao ecossistema, no comportamento humano. Todavia, ainda não compreendemos que somente serão possíveis todas estas transformações coletivas a partir de mudanças
Mude suas atitudes para transformar os resultados” individuais e íntimas. Ninguém em sã consciência poderá almejar mudar o mundo, mas é perfeitamente cabível ambicionar mudar a si próprio e esta mudança acabará por se refletir no todo. Cada ser humano é uma peça importante neste universo infinito de pensamentos, atitudes, palavras e sentimentos, e a melhoria que desejamos ver no mundo
deve se iniciar por uma auto-observação e posterior processo de reformulação comportamental, visando o progresso individual na construção de valores morais e éticos pertinentes ao progresso que ansiamos. Muitas vezes a ética por que tanto reclamamos não existir no comportamento de nossos semelhantes também é falha em nosso modo de agir. Quantas pessoas ainda tentam levar vantagem de alguma forma
em detrimento do direito alheio? Quantos simplesmente não se importam com a dor do outro, com a fome, a injustiça social, a poluição? É preciso que trabalhemos na educação do ser, construindo e exemplificando os valores morais adequados a um país justo, próspero e digno. Um barco onde cada um reme para seu próprio lado, sem um destino estipulado, não sairá do lugar. Os objetivos sociais, que beneficiem a todos, devem ser o foco para a edificação do planeta ideal, onde as diferenças sociais, a miséria, a ignorância e a injustiça não mais existam. Com certeza o mundo já progrediu muito, mas ainda temos um bom caminho a percorrer. Que tal começar agora? Uma grande jornada se faz passo a passo. A transformação de nossos atos se dará aos poucos, isto não acontece de uma hora para outra, mas conscientes e motivados pelo resultado final, poderemos vencer os obstáculos do caminho nos renovando, transformando a vida em uma experiência mais feliz e produtiva para nós e para todos que conosco caminham nesta estrada chamada vida. Mude suas atitudes para transformar os resultados! Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor dos livros O traficante, Amor e traição e Pecado e castigo, ditados pelo espírito Jair dos Santos (Correio Fraterno).
www.correiofraterno.com.br
16
CORREIO FRATERNO
MARÇO - ABRIL 2018
MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!
O bem para ser feliz
Professora conta histórias no YouTube em Libras
Médicos se mobilizam CONTRA aumento de seus salários
O curso mais popular e bem-sucedido da Universidade de Harvard ensina como aprender a ser mais feliz. A aula de Psicologia Positiva chega a atrair 1.400 alunos por semestre. Entre as dicas sugeridas pelo professor Tal Ben-Shahar estão: • Agradeça sempre a Deus por tudo. • Seja assertivo. • Enfrente seus desafios. • Cumprimente e seja bom com as outras pessoas. • Use sempre sapatos confortáveis. • Ouça boa música e leia bons livros. • Cuide-se e sinta-se atraente. • Acredite em Deus. Com suas bênçãos, nada é impossível.
A professora Carolina Hessel, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, criou um projeto para contar histórias infantis para crianças utilizando a Língua Brasileira de Sinais em um canal no YouTube. Lançado há três meses, o canal “Mãos Aventureiras” conta com mais de mil inscritos. Carolina já contou histórias clássicas no canal, como A centopeia e seus sapatinhos, O sanduíche da Maricota, O Natal da bruxinha e O presente do Saci, num lindo trabalho de inclusão.
Médicos da província de Quebec, no Canadá, organizaram uma petição on-online em que protestam por um motivo inusitado: são contrários ao aumento de seus salários. Cerca de 800 médicos, residentes e estudantes assinaram a mobilização organizada pelo MQRP (Médicos de Quebec pela Saúde Pública). Afirmando que acreditam em um sistema público forte, pedem o cancelamento do reajuste e que a verba seja mais bem distribuída, focada na melhoria das condições de outros profissionais da saúde e em mais investimentos na área.
Fonte: Revista Exame
Fonte: Bol Notícias
Fonte: Catraca livre
www.correiofraterno.com.br