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SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o
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Entrevista Adoção: a confiança no amor e na verdade O pediatra e homeopata Marco Antonio Pereira conta com sua esposa, Maria Cristina, sobre os aspectos importantes de suas experiências como pais adotivos. Entre irmãos, tios, filhos, sobrinhos, netos e bisnetos, eles já perderam a conta do número de adotados da família. Leia nas páginas 4 e 5.
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FELICIDADE
nspiradas em matérias de sucesso já ofertadas nas universidades norte-americanas de Harvard e Yale, a Universidade de Brasília passa a oferecer a partir deste semestre uma nova disciplina em sua grade curricular, chamada ‘Felicidade’. Isso mesmo! E com a aquiescência dos alunos. Tal interesse descortina um cenário mais promissor, num palco já tão desgastado pela incredulidade, com o bombardeio diário de tantas histórias desanimadoras. A proposta é se trabalhar o tema tendo como principais estratégias o diálogo, as vivências e dinâmicas de grupo, leituras e construção coletiva de textos, teatro, música, sites, games ou vídeos. A verdade é que, independentemente de interesses, idades ou condições, na universidade ou não, a felicidade sempre foi uma busca natural do ser humano. E hoje vivemos tempos complexos, mergulhados numa visão intensamente materialista em que o ‘ter’ sobrepuja o ‘ser’, estando a felicidade ligada a uma visão materialista, de posses e conquistas transitórias, situações momentâneas que nos iludem, enganam. Leia nas páginas 8 e 9.
Muito além dos desejos e frustrações
Um emprego para Antoninho O escritor Álvaro Basile descreve suas lembranças do dia em que o menino Antoninho o procurou para lhe pedir emprego. Enquanto prestava atenção nos olhinhos brilhantes daquele menino, lembrou do que tinham conseguido na Campanha do Quilo e que talvez pudesse ajudá-lo. Mas se surpreendeu com o que garoto tinha a lhe dizer. Leia na página 11.
Os filhos adotivos de Divaldo A primeira vez que o orador Divaldo Franco viu uma criança abandonada na lata do lixo à frente da Mansão do Caminho experimentou um sentimento inusitado e não teve dúvidas. Pegou a criança no colo e correu para o tabelião para registrá-la em seu nome. Só não imaginava ser interrogado sobre um pequeno detalhe. Leia na página 14.
A obra de J. Herculano Pires que desperta para a realidade da vida e o transcender!
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EDITORIAl
Quem não quer
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sta edição traz exemplos interessantes de gente que resolveu sair do conforto de ser feliz sozinho e escolheu viver pensando no bem coletivo, obedecendo ao impulso natural da lei divina de simplesmente amar. Apesar de termos sido criados para o bem, dotados de promissoras sementes para o amor, para a justiça e a fé no futuro, muitas vezes sufocamos esse terreno tão fértil que trazemos na essência do nosso ser, e nos perdemos em labirintos de desespero, tristeza e desconfiança, retardando a boa colheita. Os entrevistados desta edição mostram que a plantação não está pronta e que viver dá trabalho, estando longe de ser um conto de fadas, onde a felicidade cai do céu. Ao contrário, o existir é dinâmico e colher flores ou espinhos é mesmo uma questão de
ser feliz?
semeadura de cada um. Marco Antonio dos Santos e sua esposa, Maria Cristina, são pais de nove filhos, sete dos quais adotivos. A família tem uma história surpreendente e reúne cerca de 50 adotados. A saudosa enfermeira, jornalista e socióloga Nancy Puhlmann Di Girolamo, que desencarnou recentemente, é merecidamente lembrada no Baú de Memórias. Há várias décadas à frente da Instituição Beneficente Nosso Lar, ela também transcendeu o individualismo, acolhendo, orientando e inovando em tratamentos para portadores de deficiências. A felicidade, tema central dessa edição, vem sendo agora ainda mais discutida, procurada, com cursos em universidades inclusive. Importa ser feliz a qualquer custo, até mesmo pelo sonho do corpo perfeito,
Quem pergunta quer saber Parabenizo o Correio pela maneira in-
teressante de comunicar e esclarecer pontos importantes da doutrina, como o Controle Universal (“A garantia futura da unidade do espiritismo”, edição 480). Antonio Coelho Filho, São Paulo, SP. Na horta da instituição Hoje completamos 100 dias de ter sido instalado os painéis fotovoltaicos na
esculpido à base de silicone industrial. Que felicidade é essa que estamos buscando? O espiritismo ensina que ela é algo muito mais que as ilusões e sonhos de consumo. Trazemos aqui um humilde conteúdo acerca do tema, afinal a escola da vida é imbatível em exemplos de pessoas comuns, que permitiram através de muito trabalho que suas sementes germinassem para isso realmente acontecer. Vamos refletir juntos sobre isso? Boa leitura! Equipe Correio Fraterno
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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118
Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: José Natal Inácio Tesoureiro: Olímpia Iolanda da S. Lopes Secretário: Vladimir Gutiérrez Lopes Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br
• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.
OSCL [Organização Social Célio Lemos]. Já foram gerados 676 kWh, o que significa uma redução de 500 reais na conta de energia nesse período. (“A horta autossustentável e os recursos para a instituição”, edição 481). Carlos Villarraga, São José dos Campos, SP
Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/correiofraterno Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: LTJ Editora Gráfica
Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.
FALE COM O CORREIO Rainha Vitória Queridos, como sempre a edição do Correio Fraterno chegou cheia de coisas boas. Adorei o Você Sabia (edição 481) sobre os conselhos da rainha Vitória junto ao príncipe Alberto. O meu abraço para todos. Heloisa Pires, São Paulo, SP.
Uma ética para a imprensa escrita
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• Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.
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ACONTECE
São Paulo ganha a 1ª Mostra de
Teatro Espírita Da REDAÇÃO
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e 3 de agosto a 2 de setembro, os paulistanos e interessados de toda a grande São Paulo poderão assistir a peças teatrais com temática espírita vindas de diversas partes do país. É a 1ª Mostra São Paulo de Teatro Espírita, que reúne oito espetáculos diferentes em 15 apresentações, no Teatro Fernando Torres, no Tatuapé (Veja programação). As peças teatrais abordam temas como: reencarnação, a valorização da vida e também reflexões sobre a solidariedade, o perdão, a caridade, reunindo grandes nomes das artes cênicas espíritas. O evento é promovido pela produtora paulista ER Arte Produções, em parceria com Teatro Fernando Torres, e pretende alcançar um público estimado de 6.000 espectadores no mês. Além de divulgar a doutrina espírita através das artes cênicas, a Mostra abre caminho para uma
Emmanuel, a luz de Chico Xavier
INFORMAÇÕES: Teatro Fernando Torres (687 lugares). Rua Padre Estevão Pernet, 588.Tatuapé, São Paulo, SP Ingressos: R$ 60,00. Compra antecipada na bilheteria do teatro acompanhada de um quilo de alimento não-perecível tem 50% de desconto. Horário de bilheteria: Terças a sábados, das 14h às 20h. Domingo, das 14h às 19h. Em dias de apresentações, até o início do espetáculo. Informações: (11) 2227-1025.
nova vertente de encontros, segundo Cristiane Marques, produtora e organizadora da Mostra. “A arte tem grande potencial para sensibilizar as pessoas e a temática espírita encontra aqui uma forma bem apropriada de despertar o público para as importantes questões sobre a vida”, avalia. Um olhar para a eternidade, que tem a direção da consagrada atriz Ana Rosa, encerra a Mostra no dia 2 de setembro. Sucesso de público pelo Brasil há 17 anos, a peça já teve 900 apresentações, alcançando mais de 350 mil espectadores. Em cena, o ator Rogério Fabiano revive a trajetória do educador, escritor e tradutor francês Hippolyte León Denizard Rivail, que no século 19, sob o pseudônimo de Allan Kardec, se dedicou à observação e ao estudo dos fenômenos espíritas que mudaram a realidade sobre o entendimento da vida após a morte.
PROGRAMAÇÃO: André Luiz – A vida após a vida Dia: 3 de agosto (Sexta-feira, às 21h) O semeador de estrelas Dias: 4 e 5 de agosto (Sábado, às 21h, domingo, às 19h) Lições do pequeno Chico Dia: 10 de agosto (Sexta-feira, às 21h) A morte é uma piada 2 – Se a vida continua, a morte é uma piada Dias: 11 e 12 de agosto (Sábado, às 21h, domingo, às 19h) Laços eternos Dias: 17, 18 e 19 de agosto (Sexta e sábado, às 21h, domingo, às 19h) Violetas na janela Dias: 24, 25 e 26 de agosto (Sexta-feira e sábado, às 21h, domingo às 19h) Emmanuel – A luz de Chico Xavier Dia: 31 de agosto (Sexta-feira, às 21h) Allan Kardec – Um olhar para a eternidade Dias: 1 e 2 de setembro (Sábado, às 21h, domingo às 19h)
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ENTREVISTA
Adoção
Uma construção de amor e verdade Por eliana haddad O casal Marco Antonio e Maria Cristina: uma caminhada de grande parceria
do, já que não existe amor pronto, será um ideal frustrado. Adoção não termina no processo legal, quando você recebe a certidão de nascimento e leva a criança para casa. Ela apenas começa. Como vocês se decidiram pela adoção? Casamos em 1980. Tivemos um casal de filhos. Felizes, quisemos agradecer a Deus pela bênção recebida. Dissemos a Ele que, se estivesse no nosso projeto espiritual, gostaríamos também de ajudar outras crianças. E elas foram chegando.
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onvidado para uma entrevista ao Correio Fraterno sobre adoção, o pediatra e homeopata Marco Antonio Pereira dos Santos, 64 anos, foi logo perguntando: Só eu? E a minha esposa? Pai de nove filhos, sete adotivos, fez questão de ressaltar que esse era um projeto de grande parceria. Entre irmãos, tios, filhos, sobrinhos, netos e bisnetos, já perdeu a conta do número de adotados da família. São cerca de 50 e a história vem se repetindo a cada nova geração. Da experiência familiar, em 1993, surgiu a ideia do Projeto Acalanto, um grupo de apoio à adoção na cidade de São Paulo. Abraçando a causa em várias frentes, foi deles também a iniciativa da criação do Dia Nacional da Adoção, comemorado no Brasil em 25 de maio. Quando chegamos para a entrevista em seu consultório, lá também estava a pedagoga Maria Cristina Ferreira dos Santos. Espíritas desde o berço, juntos há mais de 45 anos, desde os tempos de mocidade no Grupo Batuíra, o casal abriu o coração e esclareceu aspectos importantes sobre a experiência adotiva.
Como tudo começou? Marco: Minha mãe, aos 50 anos, adotou uma criança. Eu tinha 6 anos quando o Paulo Sérgio chegou em casa. Depois, ela adotou mais três, uma delas com deficiência. Somos quatro irmãos biológicos e quatro adotivos. Aos 89 anos, ela tem mais de 50 netos, cerca de 20 bisnetos e já tem trineta. Meu pai já é falecido. E o preconceito na época? Éramos crianças, não tínhamos uma ideia muito clara sobre isso. Fomos sentindo o www.correiofraterno.com.br
preconceito à medida do convívio, porque o Paulo Sérgio estudava na mesma escola, íamos aos mesmos lugares. Era nem tanto pela adoção, mas por ele ser negro. Não havia legislação. Muita gente tinha ‘filhos de criação’. Tudo muito velado, evitando-se inclusive de contar para a criança sua história. Essa situação mudou? Hoje é exatamente o contrário. Desde o primeiro momento, orientamos que a adoção deve ser uma relação baseada em amor e verdade. Se não houver amor, construí-
Como analisam essa experiência? A experiência adotiva transcende. Começamos a fazer palestras dentro do movimento espírita e passamos a ser convidados a falar sobre o tema em congressos e na tv. Também o meu trabalho em salas de parto favorecia o contato com médicos, que ao se depararem com crianças abandonadas nos hospitais, logo me ligavam. Sabiam que eu as encaminharia para outros casais, o que era possível na ocasião. Além de todas essas crianças na família, temos pelo menos 20 casos de adoção entre amigos, que vieram dessas situações. Surgiu então a ideia de formalizarmos este trabalho e iniciamos o Projeto Acalanto. Alugamos uma casa, disponibilizamos um telefone e atendíamos presencialmente aos sábados. Havia os que queriam adotar, mas não entendiam o processo, e os que já estavam decididos, mas precisavam de informações sobre os trâmites, documentação etc. Financeiramente, como vocês criaram nove filhos? Quando começamos a nossa vida, eu ganhava dois salários mínimos como residente do Hospital das Clínicas e a Cristina ganhava outro, como professora da Prefeitura São Paulo. Quando pedimos, Deus nos concede alguns problemas e espera que saiamos em busca da solução. Diante
das adversidades, nossas potencialidades aparecem. Há quatro pontos importantes na reforma íntima: confiança em Deus, coragem nas adversidades, prática constante do bem e gratidão. Sem o esforço para desenvolvê-los, não vou saber passar pelas dificuldades, inclusive a econômica. O que leva as pessoas a buscarem a adoção? Um quarto dos casais tem problema de esterilidade. Há ainda as laqueaduras, as vasectomias, o segundo casamento etc. A idade avançada da mulher também é um grande fator, hoje levadas primeiramente a pensar na sua formação e profissão e depois em constituir família. A lei biológica acaba influenciando, mas não podemos esquecer que a lei espiritual é soberana e muito mais importante do que tudo isso. Existiria assim um projeto divino antes do projeto humano na adoção? Olha, muitas vezes a adoção nem se realiza. Mas há casos também em que este projeto pode estar previsto para você. De repente, você acorda para essa possibilidade. Isso não existiria, se não houvesse algo mais que um projeto idealizado de vida. Em matéria de adoção, não basta querer. E sobre as mães que doam seus filhos para adoção? No livro que publiquei em 1996, O evangelho da adoção, há uma oração destinada a elas (veja no site do Correio). Certa feita Chico [Xavier] a leu, gostou, e me escreveu uma carta, convidando-me para ir a Uberaba. Chegando lá, ele me perguntou: “foi você, meu filho, quem escreveu isso?” E eu disse: “acho que não”. Aí ele me respondeu: “então, está tudo certo. Isso é Maria Dolores.” E o que vocês têm a dizer sobre o fato de se idealizar a adoção? Há a idealização de crianças brancas e recém-
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-nascidas, mas a realidade do nosso país é outra. São crianças maiores, pardas ou negras, com algum comprometimento leve de saúde: uma anemia, por exemplo, plenamente tratável. Muitas vezes, essa criança vai ser completamente o contrário do que se sonha, mas é a que você precisa, é a que você tem lá algum ajuste a ser realizado e, se não pôde tê-la biologicamente, nada impede que tenha com ela uma relação de amor construída nas adversidades. Cristina: Isso acontece tanto com o filho adotivo como com o biológico. Tem a ver com a maturidade do projeto família e com o que realmente se pretende. É preciso entender que a criança é um espírito encarnado e, adotiva ou biológica, traz uma história. O ideal é muito relativo e nem sempre se realiza. E a ideia de que filho adotivo vai trazer problema mais tarde?
menos fácil, dependendo do que se projeta. Se você quer uma menina, recém-nascida, loira, de olhos azuis, vai ficar muito tempo na fila, se conseguir. Se quiser um menino, de 4 anos, pardo, talvez com algum probleminha orgânico, suave, conseguirá em bem poucos anos. Pode-se fazer uma relação entre as crianças para a adoção e o número de interessados na fila? Mais de 80% das crianças que estão acolhidas não estão liberadas para a adoção, que requer um processo jurídico, que demora em média dois anos, pois é preciso destituir o poder familiar para serem transferidas ao Estado, para que o Estado possa transferi-las a outros. Essas crianças ficam aguardando... Mais que isso: 40% delas são negras, de 12 a 14 anos. Vejo a adoção como
Quem adota, confia mais no amor e na verdade do que na carga genética que aquela criança possa trazer” Hitler era filho biológico e trouxe a morte para no mínimo 6 milhões de pessoas. Moisés, adotivo, abandonado no rio, trouxe a primeira revelação de Deus à humanidade. Nossos filhos são espíritos e só estão crianças. Realmente, adotivos têm uma carga de sofrimento maior, pela rejeição que sofreram desde a sua concepção. Mas isso tudo pode ser trabalhado em outros contextos, através do amor e dedicação. No futuro, ela pode usar drogas, ter transtorno psicológico, uma esquizofrenia? Sim. Assim como sua mãe biológica pode ter também geneticamente passado a você alguma predisposição, que aguarda o momento certo de eclodir. Quem adota confia mais no amor e na verdade do que na carga genética que aquela criança possa trazer. Quem pode adotar uma criança? É fácil? Qualquer brasileiro, de qualquer sexo, independentemente do estado civil, maior de 18 anos, com uma diferença mínima de 16 anos entre o adotante e o adotado. Tem que se inscrever na vara de infância e juventude da região em que reside. Será mais ou
um reflexo tardio da miséria, porque pais, com boas condições de saúde e educação do Estado, com proteção social adequada, não abandonam um filho. A maternidade é lei divina, situação natural de amor. São laços biológicos muito fortes que Deus criou para serem rompidos.
acertos e desacertos. É isso mesmo? Sim, temos também dificuldades, como toda família. A adoção é um processo de construir uma família de uma forma diferente, mas com todos os problemas ou até mais que a família biológica. Não existe nada mágico, felicidade pronta. Cristina: Depende muito da relação da criança com as vidas passadas. Se é um filho que vem por laços de amizade, amor, a conversa é bem diferente do que a com aquele que vem por resgate. Se é um espírito amigo nosso, que nasceu em uma comunidade, por exemplo, foi abandonado, e a espiritualidade consegue fazer uma ‘reengenharia’ para que nos aproximemos, a gente se reconhece facilmente. Pego no colo e em um minuto eu falo: ele é meu filho! Não podemos esquecer também que há influências contrárias., espíritos que não querem que esse reencontro aconteça. Tudo deve ser colocado em pauta, com trabalho espiritual de passes e desobsessão para ajudar o processo. A adoção é mesmo oportunidade de reajuste entre espíritos? Eu diria mais. A adoção é a última fase do tratamento desobsessivo. Pela dificuldade, muitas vezes o espírito vai reencarnar longe, sendo depois trazido para que você transfira a ele os laços de amor, afetividade, para recomeçar nova história. Família não é um conto de fadas, mas um laboratório de experiências. Às vezes, precisa de várias tentativas para dar certo. A vida é linda.
E adotar uma criança para ser feliz? É aconselhável? Na mulher, em uma certa idade, explode o desejo de ser mãe. É como um grito biológico das suas células. Ela traz em seus cromossomos a mensagem dessa condição incrível que Deus lhe deu. É natural querer realizar isso.
Sinceramente, na hora do conflito, vocês sentem alguma diferença entre os filhos biológicos e os adotivos? Cristina: Não, porque sempre os assumi como filhos. É para com todos uma relação de muito amor, graças a Deus. Divaldo Franco sempre responde sobre adoção: “São os filhos que você largou no caminho, caminho que agora está sendo retomado.” Marco: Acredito também que há casos de carona. Você está passando no lugar, tem uma vaga no seu carro, e diz: Você vai para lá? Eu te levo. Não vejo a adoção somente como resgate. Deus não quer a morte do pecador, mas a mudança de comportamento e para isso nos dá várias oportunidades. Quanto mais penso em devedores, mais crio relações de culpa, medo e insegurança, quando elas têm que ser proveitosas, de felicidade. Precisamos parar com isso.
Ambos passam a ideia de terem construído uma família normal, com
Adoção Passo a Passo: www.adocaopassoapasso.com.br Angaad – Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção: www.angaad.org.br
Adoção tem a ver com caridade? A noção de caridade nem sempre é a adequada. Pensamos muitas vezes que sempre o outro é o devedor, o pobre, o que tem que ser ajudado, quando na verdade nós é que somos os necessitados.
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LIVROS & CIA. Juruá Editora Telefone: 41 3352-1200 www.jurua.com.br Adote com carinho – um manual sobre aspectos essenciais da adoção de Lidia Weber 156 páginas 14,7x21 cm
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Astipalea Telefone: 17 3524-9800 www.candeia.com/astipalea Mãos de amor – passes: uma visão teórica e prática de Matthieu Tubino e Cláudia Ramos Tubino 160 páginas 16x23 cm
Letra Mais Telefone: 11 2369-5377 www.letramais.com Eu escolho ser feliz de Rossandro Klinjey 160 páginas 16x23 cm
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Retrato de um cenário político Por SÔNIA KASSE
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egundo definição, político é quem se ocupa de política. É um homem público que cuida dos negócios públicos, do governo de um Estado. Pessoa que quando empossada em um cargo público tem o dever de zelar e governar para o bem de todos, utilizando o dinheiro público de maneira correta e sem desvios, fazendo jus ao cargo que ocupa, graças aos votos dos seus eleitores. Mas, infelizmente, em alguns casos, não é isso que acontece. Basta ver e ouvir as notícias relativas ao cenário político atual, que não goza de boas interpretações, haja vista a quantidade de operações realizadas pelo Ministério Público no combate à corrupção envolvendo agentes públicos, empresas e particulares. Uma verdadeira contradição, pois, aqueles que deveriam lutar e legislar em prol do bem comum, quando dominados pela sede do poder e ganância financeira, agem de forma inescrupulosa,
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visando seus próprios interesses. Quando encarnados, esses maus representantes do povo são incapazes de gerir o dinheiro público e alguns realizam verdadeiras ‘farras’, como se o dinheiro não fosse de ninguém. Então, o que acontece quando eles desencarnam? Descubra a resposta lendo o livro O político de Adalberto Gória (espírito) e psicografia de Umberto Fabbri, publicado pela Editora Correio Fraterno. A história contada por Adalberto Gória descreve sua trajetória terrena com uma próspera carreira política e também sua pós-existência como desencarnado. Os relatos se iniciam na sua infância, junto a seus pais e irmão. Pais amorosos, que primam pelos bons costumes e honra familiar, têm em seus filhos dois opostos: Juvenal, rapaz idôneo, seguidor dos bons conselhos, e Adalberto, rapaz intempestuoso, orgulhoso, que adentrando à universidade logo se agrupa
com jovens de má índole. Alheio às súplicas do irmão para se afastar desse grupo, ele não lhe dá atenção. Com a milionária ajuda financeira que seus comparsas lhe propiciam, Adalberto rompe com seu círculo familiar e envereda pelos piores caminhos. Consegue, com a intervenção de espíritos nefastos e seu poder de oratória, se eleger para vários cargos públicos, cuja investidura nesses cargos será traduzida como o exemplo do péssimo político, em que tudo é permitido e possível para seu próprio benefício e manutenção de atividades duvidosas e ilegais. Nesse cenário, muitas coisas acontecem, até o dia em que ele é encontrado sem vida para espanto e surpresa de todos. Para saber mais, leia o livro, e se emocione com o tratamento espiritual reservado a esse político desonesto, oferecido pelos espíritos de luz do Complexo Hospitalar Bezerra de Menezes. Ótima leitura.
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JANEIRO - FEVEREIRO 2018 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
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BAÚ DE MEMÓRIAS
Nancy Puhlmann
Agora eu vou... Por IZABEl VITUSSO
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anhã de 23 de junho, o movimento espírita paulistano foi surpreendido pela notícia da desencarnação de Nancy Puhlmann Di Girolamo. Aos 95 anos intensamente vividos, ela se despediu da vida terrena com gratidão e muita lucidez, a que sempre a caracterizou. Algum tempo antes de sua partida, riu de sua condição, com a saúde a lhe exigir incontáveis atendimentos hospitalares: “Eu me sinto diferente. Penso que vou... Eles pensam que eu vou e me levam para o pronto-socorro. Eu não vou!” – resumiu à sua grande amiga Jacira Cruz. O nome Nancy Puhlmann esteve sempre muito atrelado à história da IBNLInstituição Beneficente Nosso Lar, fundada por sua mãe em 1946, na Aclimação, em São Paulo. Maria Augusta Puhlmann também marcou a história do movimento espírita brasileiro. Com a mãe católica e o pai alemão e luterano, Nancy encontrou no próprio lar o estímulo para olhar de frente as diferenças e não ter medo de romper barreiras, em tempos em que o lar era o reduto mais provável para as mulheres. Inteligente e perspicaz, dedicou-se intensamente aos estudos. Formou-se enfermeira neuropediatra, pela Universidade Federal de São Paulo, socióloga, pela Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo, e jornalista, pela Cásper Líbero. Tinha mestrado em antropologia cultural, e era pós-graduada em reorganização neurológica na Filadélfia (EUA). Movida por seu interesse no trabalho com as crianças com deficiências, Nancy organizou o Método de Desenvolvimento Integral das Potencialidades da Criança Excepcional, que aplicava principalmente junto às crianças do Nosso Lar, onde também dirigia equipes interdisciplinares para o tratamento biopsicosocioespiritual. Foi casada com Roberto Di Girolamo,
nascido em Milão, na ItáNancy Puhlmann lia, com quem teve três fi(1924-2018): uma lhos, a primeira Florence, vida de muito portadora de Síndrome de aprendizado e dedicação Down — um importante incentivo para a sua tarefa —, Fabiano e Maria Augusta. Pelo menos em duas ocasiões, em 2003 e em 2015, Nancy Puhlmann nos recebeu calorosamente em sua residência, quando nos contou fatos curiosos sobre o movimento espírita de São Paulo. Lembrou que não tinha mais do que 9 anos quando já acompanhava seus pais à Federação Espírita do Estado de São Paulo. Contou que a missão do Nosso Lar teve um ajuste de rota, ao acolher um bebê deixado à porta da instituição com grave vejo quantas coisas fiz por personalismo. lesão cerebral. Não mais a orfandade, mas Ele traz uma oportunidade maravilhosa o trabalho junto a crianças com paralisias de se fazer uma revisão, sem artifícios, sem cerebrais seria a meta. o selo do ‘faz de conta’. Você começa reFez referência ao valor das três Marias almente a se descobrir e a achar graça de — Maria Janoni de Novais, Maria Máximo si. Estou à procura de mim mesmo. E me e Maria Augusta Puhlmann — no trabalho desbravador do movimento espírita de 70 anos atrás. “Todas estiveram à frente de instituições. Não trabalharam juntas, mas tiveram em comum o não-personalismo. Elas impulsionaram um novo estilo de assistência, baseado na promoção humana”. Ao término de sua jornada na Terra, Nancy fez a sua passagem liberta, feliz, pela sede que demonstrou ter para aproveitar cada minuto de suas experiências para a sua verdadeira superação. “O envelhecimento não é absolutamente o final de tudo. Ele nos traz a ponderação que nos fez falta a vida inteira. Faço hoje com muita alegria retrocessos e
pergunto sempre: quem sou eu agora? Isso é uma bênção.” Alguns livros de sua autoria: O castelo das aves feridas, É preciso saber viver, Theóphilos, As aves feridas na terra voam http://www.ibnossolar.org.br/
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FELICID
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o final de julho, em meio às preocupantes notícias de crimes, corrupção e crises político-econômicas no Brasil e no mundo, a informação de que a Universidade de Brasília iniciaria a partir desse segundo semestre um curso sobre felicidade trouxe uma boa dose de esperança, ao descortinar um cenário mais promissor num palco já tão desgastado pela incredulidade com o bombardeio diário de tantas histórias desanimadoras. Muito além de grades curriculares para tantos saberes, a iniciativa acena para a necessidade de se discutir caminhos para uma vida pessoal e acadêmica mais equilibrada. Feliz. Tudo partiu de uma pesquisa realizada com alunos dos cursos de engenharia, tão habituados a fórmulas matemáticas: Você cursaria uma disciplina da grade curricular regular chamada ‘Felicidade’? A resposta foi unânime: Sim! Inspiradas em matérias de sucesso já ofertadas nas universidades norte-americanas de Harvard e Yale, as aulas serão oferecidas a qualquer aluno da graduação da Universidade que estiver interessado, tendo como principais estratégias o diálogo, vivências e dinâmicas de grupo, leituras e construção coletiva de textos, teatro, música, sites, games ou vídeos. É claro que não se trata de um modelo fechado, uma porta para a tão sonhada felicidade, evidenciando-se que não se ensina ninguém a ser feliz, mas uma interessante troca de experiências, como possibilidades de se atenuar a ansiedade, a solidão e o desconforto quando se percebe invariavelmente que não se consegue ser feliz o tempo todo. A verdade é que, independentemen-
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Muito além dos de
Por Eliana te de interesses, idades ou condições, na universidade ou não, a felicidade sempre foi e será uma busca natural de todo ser humano, embora nem sempre saibamos o que realmente significa ser feliz. Vivemos tempos complexos em que o ‘ter’ sobrepuja o ‘ser’, estando a felicidade ligada, portanto, a uma visão materialista, de posses e conquistas transitórias, situações momentâneas que nos iludem, enganam. Basta dar uma passada rápida de olhos nas campanhas publicitárias ou nas redes sociais para que fotos e mais fotos de pessoas sorrindo, brindando, satisfeitas em atividades diversas nos transmitam a incômoda sensação de que a felicidade – a dos outros – é uma constante, assim como deveria ser também a nossa, merecendo por isso ser sempre ‘compartilhada’. Será? Como então lidar com as dificuldades comuns da vida, conflitos existenciais que raramente aparecem nessa exposição onde cabe tão somente aquilo que é bom, que se idealiza como ‘feliz’? Temos milhares de amigos, seguidores, mas quantas vezes nos deparamos com a solidão de nossos pensamentos e sentimentos? Viver não é um conto de fadas e os
Aprendendo sobre a felicidade
rofessor formado em filosofia pela Universidade de São Paulo, o expositor de filosofia espírita Carlos Simões ministrará gratuitamente a partir de agosto um curso modular sobre o tema ‘Felicidade’, no Núcleo de Filosofia Espírita, em São Paulo1. Perguntado sobre o tema, professor Simões destaca que falar sobre felicidade requer cuidado. “É necessário que o rigor filosófico seja acessível à compreensão de todos, evitando-se ao mesmo tempo o simplismo diluidor e condicionante do modismo da autoajuda, em seu teor perigosamente individualista”. Para ele, refletir sobre a felicidade é fundamental, no que se refere à filosofia espírita. “Com ela se constrói o edifício ético-moral da compreensão e a necessiwww.correiofraterno.com.br
relacionamentos também não são modelos do “viveram felizes para sempre”. Em busca do idealizado, deixamos de admirar a beleza da luta do dia a dia. A felicidade,
dade do conhecer-se a si mesmo, mediante o modo de vida adotado pelo ser em evolução, e em conformidade aos ditames divinos inscritos em sua consciência.” A felicidade supõe uma transformação que implica a vida de relação com o outro”, explica. Para a filosofia espírita, amar a Deus acima de todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo equivale a conhecer a Deus acima de todas as coisas e conhecer ao próximo como a si mesmo. Somente assim se é feliz. A compreensão da felicidade estaria, assim, ligada à evolução do espírito, sendo sua construção realizada paulatina e progressivamente. Informações: www.nef.net.br
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assim, torna-se algo distante, que frustra o presente e se esvai por entre nossos dedos, sem percebermos que ela não é o fim, mas sim o caminho. E estava ali, bem junto de nós, com todos os seus desafios e tropeços. Ao longo do processo histórico da humanidade, a felicidade sempre foi um tema constante da filosofia, da literatura, da religião, da ciência, etc. Pensar sobre a felicidade e o que ela significa é, no mínimo, desafiador. Isso porque ser feliz ou não sempre será uma condição de foro íntimo, muito além das coloridas postagens compartilhadas – com filtros ou não. O espiritismo nos chama a atenção para o fato de que a felicidade verdadeira não é algo que se deva buscar externamente, mas construção interior, intransferível, trabalho do espírito imortal que somos. Elaborando-nos pouco a pouco, desde a nossa criação, somos tutelados pela própria imanência da lei divina, que nos
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DADE
esejos e frustrações
iana Haddad
lança amorosamente na incrível jornada do processo evolutivo do ser, que vai conhecendo não somente o que o cerca, mas suas reais potencialidades, que se revelam a cada nova experiência num descobrir infinito de si mesmo. Isso é natural, é divino e, tão perfeito projeto que é, exige esforço, um constante trabalho intelectual e moral, para que possamos desfrutar das nossas conquistas. Viver é desafiar-se. Por isso a lógica da existência da reencarnação: é preciso progredir. E a felicidade nesse progresso? Ora, no século 19, para desenvolver os postulados espíritas na incrível obra que ofereceu à humanidade terrena, perguntou Kardec aos espíritos se o homem poderia gozar de completa felicidade na Terra1. A resposta foi clara. “Não, pois a vida lhe foi dada como prova ou expiação. Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra.” Não
satisfeito, continuou Kardec: Concebe-se que o homem será feliz na Terra, quando a Humanidade estiver transformada. Mas, enquanto isso não se verifica, poderá con-
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seguir uma felicidade relativa? A resposta veio, também, repleta de lógica: “O homem é quase sempre o obreiro da sua própria infelicidade”. Isso significa que a compreensão do nosso grau evolutivo nos permite apenas a felicidade relativa, mas não quer dizer que não possamos alcançá-la. Compreender a nossa atual condição e ter a certeza da nossa finalidade, do nosso destino futuro, podem nos trazer grande alívio para nossas aflições, fazendo com que consideremos a felicidade não apenas como algo a ser atingido, mas como um presente, que já está acontecendo agora, aproveitando da melhor forma essas oportunidades. É mesmo consolador o simples fato de sabermos que estamos a caminho, fazendo o possível para bem ‘curtir’ as nossas passadas – nem sempre rápidas, muitas vezes bem trôpegas, mas caminhando sempre. Com a noção da imortalidade, da responsabilidade dos nossos atos e das novas chances de aprendizado, a vida se torna mais leve, pois sabemos que não poderemos exigir de nós mais do que somos capazes atualmente de fazer, diante da nossa própria condição evolutiva. Aprendendo a
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ser e a conhecer, podemos caminhar melhor, sem o peso da culpa e do desânimo, trocando-os pela esperança, pela persistência e alegria de servir. “Aquele que se acha bem compenetrado de seu destino futuro não vê na vida corporal mais do que uma estação temporária, como parada momentânea numa hospedaria de má qualidade. Facilmente se consola de alguns aborrecimentos passageiros de uma viagem que o levará a tanto melhor posição, quanto melhor tenha cuidado dos preparativos para empreendê-la”, esclarecem os espíritos2. Fica evidente assim quanta infelicidade podemos atrair para nós pelo simples fato de não compreendermos a lei natural, divina, que nos impulsiona amorosamente para a realização, porque essa é a sua finalidade. É por isso que nos tornamos mais felizes quando nos aproximamos dela e infelizes e aflitos quando dela nos afastamos. Nesse raciocínio, observou sabiamente Kardec que a felicidade terrestre era relativa à posição de cada um e o que bastaria para a felicidade de um, constituiria a infelicidade de outro. Ele quis saber, então, dos espíritos se haveria algum critério de felicidade comum a todos os homens. A resposta, aparentemente simples, constitui-se num verdadeiro convite a todos nós à disciplina, reflexão e mudança de hábitos, se quisermos ser felizes mais depressa: “Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.” O livro dos espíritos, p. 920, FEB.
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idem, p. 921.
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FELICIDADE para Léon Denis
objetivo da evolução, a razão de ser da vida, não é a felicidade terrestre, mas o aperfeiçoamento de cada um de nós, e esse aperfeiçoamento devemos realizá-lo por meio do trabalho, do esforço, de todas as alternativas da alegria e da dor, até que estejamos inteiramente desenvolvidos e elevados ao estado celeste. Se há na Terra menos alegria do que sofrimento, é que este é o instrumento, por excelência, da educação e do progresso, um estimulante para o ser, que sem ele permaneceria retardado nos caminhos da sensualidade. A dor física e moral forma nossa experiência. A sabedoria é o prêmio. (...) Assim, a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e de liberdade. A lei de justiça requer que todas as almas sejam emancipadas, libertadas da vida inferior. Cada ser que chega à plena consciência deve trabalhar para prepa-
rar aos seus irmãos uma vida suportável, um estado social que apenas comporta a soma de males inevitáveis. Esses males, necessários para o funcionamento da lei de educação geral, nunca deixarão de existir em nosso mundo. Eles representam uma das condições da vida terrestre. A matéria é o obstáculo útil; ela provoca o esforço e desenvolve a vontade, contribui para a elevação dos seres, impondo-lhes necessidades que os obrigam a trabalhar. E como poderíamos conhecer a alegria sem a dor? Como poderíamos apreciar a luz sem a sombra? Como poderíamos saborear o bem adquirido, a satisfação alcançada, sem a privação? Eis por que as dificuldades são encontradas de todas as formas em nós e ao nosso redor. A luta do espírito contra a matéria é um grande espetáculo. Fonte: O problema do ser, do destino e da dor, FEB. www.correiofraterno.com.br
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QUEM PERGUNTA QUER SABER
Retornar da morte cerebral Por DAVID MONDUCCI
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leitor questiona sobre notícia veiculada na mídia a respeito do adolescente americano, Trenton McKinley, de 13 anos, vítima de acidente, que entrou em coma e obteve posterior recuperação. O caso apresenta dificuldades para uma análise precisa e confiável dos eventos que realmente se desdobraram. Chama a atenção o fato de que em nenhum momento foi afirmado que o jovem teve um diagnóstico médico de morte cerebral, sendo apenas descrito como uma lesão neurológica, não especificada, e que se mantinha em estado de coma. A morte cerebral implica uma lesão severa e irreversível do cérebro, com incapacidade funcional do órgão e posterior morte orgânica. Os estados de coma, por sua vez, dizem respeito a múltiplas condições neurológicas que se manifestam por um rebaixamento do nível de consciência, acom-
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Como explicar o caso do garoto americano que teve morte cerebral e ressuscitou poucas horas antes de os médicos desligarem os aparelhos?
Joílson Alves, Diadema, SP
panhado de distúrbios das funções vegetativas, que podem ou não ser revertidas. As informações do caso indicam um paciente em estado de coma prolongado com algum tipo de suporte artificial para manutenção das condições de necessárias à preservação da vida. Nesse contexto, a discussão orbita em torno do conceito de ortotanásia. Em relação aos fenômenos que envolvem a terminalidade da vida, três são os possíveis caminhos: a eutanásia, mais conhecida e que implica uma escolha lúcida e livre por
parte do paciente para encerrar a existência cheio de dores e sofrimentos de forma ativa; a distanásia, ou obstinação terapêutica, que é a manutenção artificial e ostensiva de todos os recursos médicos disponíveis para manutenção da vida do paciente a todo custo; e a ortotanásia, que é a opção de meio termo, que implica a adoção de medidas paliativas de cuidados para conforto e bem-estar do paciente sem a adoção de medidas médicas intervencionistas para suporte artificial da vida, configurando a ideia de uma morte natural.
Em relação às dúvidas do leitor, é possível e factível a recuperação de pacientes em estado de coma prolongado, sem nada de milagroso ou fantástico. A morte não é um evento cronológico, com hora marcada, mas um processo natural que decorre do esgotamento dos órgãos.1 Por fim, supondo o desligamento dos aparelhos de suporte artificial de vida, a conduta médica seria de observação e monitoramento dos sinais clínicos do paciente para uma visão da evolução do caso. Se os dados obtidos evidenciassem alguma atividade cerebral, os procedimentos para transplante de órgãos estariam impedidos, e o caso seguiria outro curso. O livro dos espíritos, Allan Kardec, p. 154. FEB.
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Médico neurocirurgião, pós-graduado em medicina psicossomática e mestre em filosofia. Autor do livro Saúde e vida: uma abordagem espiritual sobre emoções e doenças, ed. Correio Fraterno.
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FOI ASSIM
O emprego de Antoninho Por álVARO BASIlE PORTUGhESI
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os idos de 1970 eu, casado, já possuía três filhos e da pequena alfaiataria retirava recursos para o sustento da casa, cuja moradia se limitava a um quarto, cozinha, uma lavanderia, situada na parte externa, e um poço de água, que era explorado pela famosa bomba pistão da época. Despertei naquela manhã de terça-feira envolvido por um entusiasmo inexplicável, como se tivesse recebido um aconchego amigo dos irmãos espirituais, enquanto meu corpo repousava. As crianças dormiam. Tomei café, dei um beijo na minha Rita, sentei no Dauphine e, em poucos minutos, estava lá eu, na minha máquina de costura, presente que havia ganhado dos meus avós. Tentava ainda adivinhar a razão de tamanho bem-estar, quando entrou um menino que aparentava 11 anos me perguntando se eu era o Seu Álvaro, frequentador do centro espírita. Respondi que sim e ele, após me fitar esperançoso, disse sem rodeios: – Chegamos eu e minha mãe, minhas irmãs, de Caraguatatuba faz alguns dias. Lá a chuva foi tão forte que praticamente arrasou a cidade, e nós, que perdemos tudo. Viemos buscar abrigo em São Paulo, mas estamos morando numa cocheira, onde chove muito... Enquanto prestava atenção nos olhinhos brilhantes daquele menino, voltei a mente para os recursos que conseguimos durante a Campanha do Quilo e pensei que aquele material arrecadado pudesse ajudar a pequena família infortunada, porém confesso que me surpreendi quando Antoninho disse: – Então, eu vim pedir ao senhor para que me arrume um emprego, pois eu preciso comprar uma casa que abrigue minha mãe e minhas duas irmãs. Desconcertado, fiquei olhando para o magro menino sem saber o que dizer. Não sei se estava buscando um tempo para me refazer do inesperado, ao solicitar ao garoto para que me procurasse no dia seguinte. Ao fim do expediente, retornei à minha casa, e quando me encontrava na lavan-
deria junto ao tanque, me limitei a olhar para a lata de graxa que era utilizada para lubrificar a bomba do poço, e me ocorreu uma ideia... Me vali de uma pequena espátula e a fixei na ponta de um cabo de vassoura e assim que encerrei essa etapa, tratei de limpar um pincel que amarrei na extremidade de uma velha vara de pescar. Juntei esses apetrechos à lata de graxa e os coloquei no porta-malas do Dalphine. Na manhã seguinte, levei e os coloquei no interior da alfaiataria, para caso Antoninho resolvesse voltar, o que não demorou: – Bom dia, Seu Álvaro! E, então, o senhor arrumou o meu emprego? – Antoninho, não se trata propriamente de um emprego, mas não deixa de ser um trabalho honroso... Mostrei a ele as ferramentas que eu havia preparado no dia anterior e expliquei em detalhes quais seriam as suas funções. Sugeri para que em visitas aos armazéns se prontificasse a engraxar as portas por um determinado valor. – E quanto eu cobro? – Você pode cobrar quinhentos contos por porta engraxada, mas tome cuidado para não fazer uso de bebidas ou cigarros, pois você encontrará eventualmente alguém que possa oferecer a você. Costurei uma pequena sacola de pano onde coloquei a lata de graxa, e o Antoninho foi à luta todo feliz. O dia transcorria normalmente e no
fim da tarde Antoninho entrou na alfaiataria, dizendo enquanto mostrava os bolsinhos refertos: – Eu vim dividir a féria com o senhor! – Parece que deu bom resultado – exclamei. – Mas coloque o dinheiro sobre o balcão para que possamos contá-lo. Contei e disse admirado: – Quatorze contos e quinhentos! Você engraxou vinte e nove portas? – Sim, Seu Álvaro. Alguns não queriam, mas assim que eu contava a minha situação, eles diziam: Ô raios, pode engaxare... Antoninho, esse dinheiro é todo seu e de sua família, você não tem que dividi-lo comigo. O menino me beijou e se foi. Aproximadamente dezoito meses se passaram, até que uma jovem senhora entrou no meu pequeno estabelecimento e disse, após a saudação.
– Sou mãe de Antoninho e vim agradecê-lo pelo emprego que o senhor arrumou para ele! – Muito prazer, minha senhora, mas eu não arrumei um emprego para o menino. Fiz a ele apenas uma sugestão de trabalho que viesse aliviar um pouco as carências da família. – Mas o senhor não vai nos negar a alegria de tomar um café com a gente! Dê-me essa honra! Fechei a porta da alfaiataria, convidei a senhora para entrar no automóvel e segui na direção indicada. Não demorou a entrarmos numa casa simples, pintada em caiação e cercada de arame farpado. O piso todo em vermelhão brilhava, cheirando limpeza. Convidado a sentar, a senhora afirmou que iria passar um café. Vocês não imaginam o aroma delicioso que invadiu o ambiente e, então, a mulher retirou o bolo de fubá que ela afirmou ter feito em minha homenagem. Não me contive e perguntei se o aluguel que eles pagavam por aquela moradia era muito elevado, ao que ela respondeu: – Não, Seu Álvaro, esta casa foi construída com o dinheiro ganho no serviço que o senhor arrumou para o Antoninho... Quando ouvi o relato do menino sobre a enchente em Caraguatatuba em 1967 nem fui checar. Hoje procurei no Google e encontrei: Enchentes e deslizamentos de terra em Caraguatatuba em março de 1967. Adaptado do livro Aconteceu no meu caminho, Álvaro Basile Portughesi. Ed. Clareon, 2017.
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CUlTURA & lAZER
Encontro Nacional de Pesquisadores do AGO Espiritismo em BH Acontece dias 25 e 26 de agosto, na capital mineira, o 14º Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. O evento já se consagrou pela qualidade dos trabalhados apresentados nas diversas áreas do conhecimento, sobre a temática espírita, e atrai pesquisadores de todo o Brasil. Tema central:”Sobrevivência da alma”. Local: União Espírita Mineira: Avenida Olegário Maciel, 1.627 – Lourdes, BH, com transmissão ao vivo pela internet: www.lihpe.net.
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Encontro Anual Cairbar Schutel SET Será realizado dias 22 e 23 de setembro o 8º Encontro Anual Cairbar Schutel, com foco na comemoração os 150 anos de nascimento do importante pioneiro do movimento espírita brasileiro. O evento, numa realização do Instituto Cairbar Schutel, acontece na Sociedade Recreativa Matonense. Rua José Artimonte, 337, Matão, SP. http://institutocairbarschutel. org/eventos/inscricoes_eac2018.php
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Semana do Livro Espírita da Penha Promovida pela Associação Espírita Beneficente Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, acontece de 1 a 6 de outubro a 40ª Semana do Livro Espírita no bairro da Penha, em São Paulo. Haverá palestras com oradores como: Heloisa Pires, Aldeniz Leite da Silva Jr, Orlando Nussi, Mario Mas, e apresentações artítiscas com Coral Bezerra de Menezes, Paula Zamp, Grupo Nascente, dentre outros. Rua Omachá, 182, Penha, São Paulo. Informações: (11) 2164-1839 www.abrigobezerrademenezes.org.br
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Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro OUT Será realizado de 12 a 14 de outubro o 5º Congresso Espírita do Rio de Janeiro, tendo como tema os “150 anos de A gênese” – Iluminando novos tempos. O evento conta com a participação de: Rossandro Klinjey, André Trigueiro, Cezar Said, Henrique Fernandes, Sandra Borba, Suely C. Schubert, dentre outros. Local: Centro de Convenções Sul América. Av. Paulo de Frontin, 1, Cidade Nova, Rio de Janeiro. Acessível a Libras. Informações: (21) 3293-6700. www.ceerj.org.br/portal/congresso.
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4ª Mostra Nacional de Dança Espírita Com o tema “Dança, educação e evangelho”, será realizada em Florianópolis, SC, de 15 a 18 de novembro, a 4ª Mostra Nacional de Dança Espírita. O objetivo é difundir a dança como veículo de integração, sensibilização e autoconhecimento para a reforma íntima. www.mostranacionaldancaespirita.wordpress.com. Local: Sociedade Espírita Entreposto da Fé. Rua Servidão Marcelino Gonçalves, 71 - Monte Verde, Florianópolis. Fone (48) 3238-6012.
PASSATEMPO DO CORREIO
Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
Coloque as datas nas faixas e determine a ordem cronológica dos fatos que marcaram a vida de Allan Kardec e a história do espiritismo.
Casamento de Allan Kardec e Amélie Boudet
Primeira edição de O livro dos espíritos
Primeira edição da Revista Espírita
1 Primeiro contato de Kardec com as mesas girantes
Nascimento de Allan Kardec
Segunda edição de O livro dos espíritos
1804
Lançamento de O livro dos médiuns
Primeiro livro didático de Rivail
Lançamento de A gênese
Livros espíritas entram no Index da Igreja
Lançamento de O espiritismo em sua mais simples expressão
Lançamento de O céu e o inferno
ENIGMA
Qual o nome do espírito que se manifestou em 1848, em Hydesville (EUA), travando um diálogo através de batidas com Katie Fox? qualquer hora, em qualquer lugar
Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br
Resposta do Enigma: 1857 • 1860 • 1861 • 1868 • 1865 • 1804 • 1832 • 1862 • 1858 • 1823 • 1855 • 1864
Charles B. Rosma
AGENDA
Mesas Girantes
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Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio
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ARTIGO
Supergeneralização na imprensa espírita Por Jáder Sampaio
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ecordo-me da minha professora de psicologia do desenvolvimento, ensinando a psicologia da infância. Uma das características do desenvolvimento cognitivo na infância é a chamada supergeneralização. Trata-se de tornar geral um evento particular. Ela deu um exemplo muito claro: Uma criança sai com a mãe e vê que está chovendo. Ela comenta: – Mamãe, sempre que nós saímos chove, não é mesmo? Óbvio que não é o caso, mas a criança ainda tem dificuldades com a noção de passado, presente e futuro, e comete o erro. Vez por outra, cometemos esse tipo de avaliação na idade adulta, especialmente quando não precisamos de ter rigor na avaliação, porque estamos com amigos, em situação de conversa informal, e não há problemas em corrigir o que se fala. Há pessoas, no entanto, para as quais a supergeneralização é um dos sintomas de algum transtorno mental. Um exemplo claro são os portadores de transtorno de ansiedade que não conseguem entrar em um avião, porque acreditam que ele vai cair. Nesse caso, não é um erro de operação cognitiva, mas um pensamento que foi associado a uma patologia das emoções, se é que a podemos descrever assim. No meio espírita, pelo menos nas casas que frequento, em espaços de estudo é muito comum a discordância e a crítica. Aqui em Minas há uma espécie de forma cortês de fazê-lo. Em vez de dirigir a crítica a um objeto, a uma determinada instituição ou pessoa, usa-se a primeira pessoa do plural, por exemplo, ou se critica o todo pela parte, ou seja, diz-se que o movimento espírita faz isso ou aquilo. É muito diferente dizer que há casas espíritas que mantêm políticas assistencialistas de ação social e dizer que algumas casas espíritas fazem tais ações. Um frequentador
novato, que ouve a primeira análise, vai concluir que todos os espíritas são assistencialistas. Recentemente vi uma articulista escrever que: “Desconectados da realidade política, cultural e social e da subjetividade inerente aos humanos, os espíritas vivem num falso nirvana, apregoando um amor que são incapazes de sentir, enrodilhados pelas questões emocionais que se recusam a olhar.” [...] “Dividem-se então entre aqueles que sequer cogitam nas questões emocionais e aqueles que cogitam, mas que acham que boa intenção, prece, passes, água fluidificada e ‘trabalho na seara’ são suficientes para curar ou mesmo aliviar, muitas vezes, uma infância negligenciada, desprovida de afetos saudáveis, vítima de violência doméstica, sexual ou de abandono.” Observe o leitor que o texto é generalizante. O fenômeno a que a autora se refere existe, com certeza, mas não tem a amplitude que ela atribui nas casas que conheço. Há todo um esforço para se distinguir, no atendimento fraterno, os problemas de ordem espiritual e os problemas de ordem psicopatológica, embora ninguém seja profissional. Na formação dos colaboradores dos serviços de passes, explica-se que não se
trata de substituição do tratamento médico convencional, mas de apoio. Faz parte do que se chama, na literatura atual de “medicina complementar” e não de “medicina alternativa”. Em Belo Horizonte há o Hospital Espírita André Luiz, direcionado para o tratamento das psicopatologias, mas com outros serviços médicos e psicológicos, parcialmente mantido com o apoio de um grande número de voluntários espíritas. Só dispensa passes, ou leva os casos de internos para reuniões mediúnicas especializadas com autorização por escrito do paciente ou da família. Seu trabalho é essencialmente multidisciplinar e atende a todas as exigên-
cias do funcionamento de um hospital. Do ponto de vista do movimento espírita organizado, existem a Associação Médico-Espírita do Brasil e a Associação Brasileira de Psicologia Espírita, ambas reconhecidas pelos órgãos federativos. Em Minas vejo todo o esforço do pessoal da AMEMG, médicos e psicólogos, para ‘combater’ a ideia de que todos os problemas psi são de ordem espiritual e, que, portanto, deveriam ser tratados apenas espiritual e doutrinariamente. Como se pode ver, além de todas essas ações, as afirmações pecam por sua gratuidade. Como não foram fruto de pesquisa, não podem afirmar ao certo se a atitude é do movimento espírita, ou originalmente da sociedade, ou seja, pessoas criadas com muita resistência à psicologia e psiquiatria que entram no meio espírita ou que tiveram problemas solucionados ou amenizados após sua inserção na casa espírita, passam a acreditar que o espiritismo resolve tudo, assim como Mesmer acreditava que havia descoberto um ‘tratamento universal’. Jáder Sampaio é psicólogo, escritor e editor do blog Espiritismo Comentado, além de membro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo e atuante na Associação Espírita Célia Xavier, em Belo Horizonte, MG.
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VOCÊ SABIA?
Os filhos de Divaldo Franco Por IZABEl VITUSSO
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entre tantas histórias que o orador Divaldo Franco conta em sua larga experiência à frente da obra social Mansão do Caminho, uma delas diz respeito a uma das quase setecentas crianças órfãs sociais ou sem pais que para lá foram levadas. Algumas chegaram pela lata do lixo, onde foram deixadas à porta da instituição. Divaldo conta que, na primeira vez, quando viu a criança ali abandonada, experimentou um sentimento muito estranho. Pegou a criança afrodescendente no colo e correu para o tabelião, dizendo, assim que chegou: – Vim registrar o meu filho. O tabelião, então, disse estranhando-me: – Seu filho? – Sim, afirmei convicto. – Qual o nome dele? – perguntou-me. – Jaguarassu Pereira Franco. – E o nome da mãe?
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Eu, entusiasmado, disse: – Não tem. Ele sorriu-me e insistiu: – Mas deve ter. Quem é a mãe? – Não sei. – Mas, como não sabe? A mãe pode não saber quem é o pai, mas o pai tem que saber quem é a mãe! Então, diante daquele conflito, eu vi entrar um espírito que, acercando-se, me sugeriu: – Ponha o meu nome: Auta de Souza. Tratava-se da poetiza potiguar que havia morrido em Natal, em 1901, vítima da tuberculose. – Coloquei, como sugerido, o nome da mãe: Auta de Souza. – O tabelião, sorrindo, me disse: – Curioso, esse nome me é familiar. E eu respondi: – A mim também. E assim veio o segundo filho, o terceiro, o quarto filho.
Graças à situação em que vieram, sem qualquer identificação, registrei-os como filhos biológicos. Na época não era permitindo e eu ignorava. Mas mesmo que soubesse das consequências, talvez não positivas, eu me esforçaria para levar adiante. Na adoção, o amor não é menor do que ao filho biológico. Creio que seja até maior, porque o biológico nós temos porque temos, e o adotado temos porque queremos. Nós vamos buscá-los. Feliz é quem é capaz de adotar o amor – reflete Divaldo. O sentimento de amor que eles nos inspiraram e nos inspiram, hoje através de netos e bisnetos, deu-nos uma plenitude e ajudou-nos a amadurecer interiormente. Porque o amor só é válido quando vivenciado através dessas experiências – finaliza o orador. Fonte: Programa Transição, entrevista com Divaldo Franco. Adoção, parte 1.
Quem foi Auta de Souza Auta de Souza foi destacada poetisa brasileira, órfã de pai e mãe em tenra idade. Ainda jovem, iniciou-se na escrita. Seu único livro publicado, Horto, é caracterizado por uma fé ardente e um profundo sentimento de compaixão pelos humildes. Desencarnando aos 24 anos, veio depois a se manifestar pela mediunidade de Chico Xavier, transmitindo poesias, que constam na obra Parnaso de além-túmulo e em várias outras obras.
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DIRETO AO PONTO
A importância do trabalho e da disciplina P
ara a maioria de nós, a ideia do trabalho já foi associada a pessoas com certo grau de inferioridade. Hoje encontramos os ‘inferiores’ do passado como mentores, por vezes nossos. A questão do trabalho foi colocada de forma esplendorosa pelo próprio Jesus, quando nos ensinou: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. (João 5:17) Deus, em sua infinita sabedoria, constituiu o trabalho como uma lei natural. Com ele, garantimos nossa sobrevivência, buscamos melhor qualidade de vida e maior conforto. E para estas conquistas materiais precisamos desenvolver a inteligência, que por sua vez nos move em direção ao progresso. Ao labor devemos a condição de aperfeiçoarmos nossas potencialidades espirituais, pois em busca de nosso sustento, segurança e bem-estar é que nos relacionamos, ora ofertando-o, ora necessitando do trabalho alheio e é nessas relações que despertamos para mudanças, aprendizados, desenvolvendo aspectos dos valores espirituais. É nessa relação, tendo o trabalho como elemento disciplinador, que exercitamos a paciência, a tolerância, a criatividade, a honestidade, a responsabilidade e outras virtudes que se encontram no íntimo de cada um em potencial. Segundo os Espíritos, mesmo nas dimensões mais evoluídas, o trabalho é uma realidade e sua natureza é relativa ao aprendizado essencial para cada um. Quanto
Por UMBERTO FABBRI
Aquele que negligencia a lida, cria para si mesmo paralisia, desencanto, apatia, vibrando em desequilíbrio” menos materiais as suas necessidades, menos braçal o seu labor. Diferentemente do que muitos acreditam, os seres angelicais, que conquistaram as asas da sabedoria e do amor, não se tornam ociosos e inúteis, o que, longe de uma vitória, seria para eles um verdadeiro suplício. A diferença é que os seres mais primitivos e egoístas trabalham para si; os mais evoluídos e fraternos, para o próximo. Aquele que negligencia a lida, cria para si mesmo paralisia, desencanto, apatia, vibrando em desequilíbrio, porque se posi-
ciona de maneira contrária às suas próprias forças interiores, que demandam progresso e dinamismo. Várias vezes, a enfermidade surge somatizada, exigindo mudanças rápidas. Estar fora da realidade do movimento, é estar fora da vida. E não falamos aqui da vida material, que é curta e transitória, mas da vida espiritual, que não acaba nunca. Dentro do ensinamento do Cristo, na valorização das atividades realizadoras e criadoras, vemos um paralelo com a própria natureza. A semente tem potencialmente a
árvore em si, com flores e frutos, mas necessita do esforço continuado para alcançar esse objetivo superior. O ser humano que não observa a semente divina em si mesmo gasta tempo demasiado, vivendo isolado da sua realidade de colaborador direto na constante construção de Deus. As tarefas não serão iguais para todos; cada ser é único, com seus limites e peculiaridades, mas mesmo que fisicamente mais frágil, ou sem a necessidade do trabalho remunerado, podemos e devemos trabalhar, sendo úteis de alguma forma à sociedade, a todos aqueles que nos rodeiam. Importante lembrar que devemos buscar sempre o equilíbrio, utilizando o bom senso. O trabalho deve ser realizado na medida de nossas forças. O repouso para repor as energias é necessário, e assim como a ociosidade causa prejuízos à nossa escalada espiritual, o excesso de afazeres, além do limite de nossas forças, também é prejudicial. Estamos hoje mais esclarecidos, a respeito da valorização de nossas atividades. O ponto não é onde ou o que fazemos, mas como e por que fazemos. O importante é lembrar que com boa vontade e consciência alerta, estaremos caminhando rumo às transformações efetivas e necessárias para o nosso desenvolvimento e crescimento espiritual. Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor dos livros O traficante, Amor e traição e Pecado e castigo (ditados por Jair dos Santos) e O político (por Adalberto Gória), ed. Correio Fraterno.
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CORREIO FRATERNO
JULHO - AGOSTO 2018
MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!
Catadora de lixo monta sua primeira exposição
Jogador doa dinheiro da Copa do Mundo para instituições beneficentes
Crianças acham e devolvem carteira com 700 dólares
A ex-catadora de lixo, Ercília Stanciany, conseguiu entrar na Universidade Federal do Espírito Santo em 2012, depois de estudar madrugadas a fio com livros que também encontrou no lixo. Artista plástica, montou agora sua primeira exposição. Pedaços de camas e armários encontrados no lixo acabaram ganhando espaço nobre na galeria. “Se você acredita que é capaz, você corre atrás. A minha arte está mostrando isso”, diz Ercília.
O jogador francês Kylian Mbappé, 19 anos, está mandando bem dentro e fora de campo. Campeão do mundo, o atleta foi o exemplo de solidariedade, doando 20 mil euros para uma instituição de caridade, segundo o jornal L’Equipe. Esse é o valor que cada jogador ganha por partida na Copa do Mundo, o equivalente a R$ 90 mil. O camisa 10 da França considera que não é necessário ser pago para defender seu país, e defende a ideia de que seus prêmios podem ser revertidos em causas humanitárias.
Haylie Wenke, 13, seu irmão Reagan, de 6 anos, e sua amiga Ashley Dayton do Colorado, nos Estados Unidos, encontraram uma carteira fora de um carro, em uma garagem e a devolveram, deixando-a na porta da residência do proprietário. A câmera da casa gravou a ação e a mensagem deixada. “Encontramos sua carteira do lado de fora do seu carro e pensamos em devolvê-la. Vou deixar aqui”, disse Ashley. Agradecido, Jamie Carlton, postou um vídeo no facebook, dizendo: “Se isso não renovar ou pelo menos refrescar sua fé na humanidade, você precisa de ajuda”, escreveu James.
Fonte: Jornal Nacional (Globo)
Fonte: A Tribuna
Fonte: Notibras
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