Correio Fraterno 484

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CORREIO

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA Ano 51 • Nº 484 • Novembro - Dezembro 2018

EDUCAÇÃO:

ISSN 2176-2104

FRATERNO

Entrevista Ex-presidente da Federação Espírita do Estado do Rio Grande do Sul, a pedagoga Gladis Pedersen de Oliveira fala sobre a educação e o potencial da doutrina para ajudar as pessoas a se tornarem melhores e mais felizes. Leia nas páginas 4 e 5.

SER ESPÍRITA

O que pensar e como agir em 2019

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ultidão de refugiados foge da miséria. O crime corre solto. Políticos fazem negócios e negociantes fazem política. Afinal, estamos mesmo progredindo? Como a Terra está evoluindo, se no passado tudo era melhor? O escritor e palestrante Alexandre Caldini analisa o momento por que passamos, com todos os seus desafios, incluindo questões políticas e econômicas que afetam mais diretamente nós brasileiros. Alguns assuntos são espinhosos, polêmicos. Dividem opiniões. Mas o autor nos lembra: está tudo certo! Acompanhe uma a uma de suas reflexões, que de maneira encadeada nos leva a fazer um balanço e a nos preparar para mais um ano que se inicia. Páginas 8 e 9.

Richard Simonetti

Os 70 anos do Congresso de Unificação Foi realizado nos dias 20 e 21 de outubro, em São Paulo, o encontro comemorativo para marcar os 70 anos do 1º Congresso Brasileiro de Unificação Espírita. Nesta mesma época do ano, em 1948, reuniram-se na capital paulista representantes espíritas de 14 estados brasileiros. As decisões ali tomadas tiveram grande repercussão na história do movimento espírita. Leia na página 3.

Eles fizeram a diferença Esta última edição do ano chega cheia de homenagens aos que fizeram a diferença, aos que deixaram sua contribuição para que o espiritismo fosse melhor compreendido. Tanto os pioneiros Cairbar Schutel, Eurípedes Barsanulfo e Fernández Colavida são lembrados, como três nomes da atualidade que partiram recentemente. Leia nas páginas 10, 13 e 14.

Em frente ao casarão, lembranças repentinas irão impactar e transformar a vida Dom Carlos Lupe!

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esperança e M

ais um ano está chegando ao fim. 2019 vem com ares de mudança e mais uma vez é hora de respirar fundo e confiar no futuro. Esta edição reúne assuntos que prometem estar em evidência, convidando-nos à reflexão e também à insistência no amor para a construção de um mundo melhor. Alexandre Caldini escreveu com muita clareza sobre o que é ser espírita. Baseado em Kardec, analisa o momento atual por que passa a humanidade terrena. Afinal, estamos mesmo progredindo? Diante de tanta teimosia em permanecermos muitas vezes desatentos, o que nos compete afinal como espíritas? Também a educadora Gladis Pedersen comenta sobre a importância da compre-

gratidão

ensão do espiritismo como obra de educação. O tema também ronda o texto do Direto ao Ponto, de Umberto Fabbri. Quando lembramos dos pioneiros do espiritismo, o sentimento é de muita gratidão, por terem permitido que os ensinamentos espíritas chegassem até nós, como enaltece Simoni Privato, no Baú de Memórias, sobre Fernández Colavida. Tudo isso pode ser encontrado também na história do movimento espírita no Brasil, que comemorou em São Paulo os 70 anos do Primeiro Congresso Brasileiro de Unificação. Estão também nesta edição Eurípedes Barsanulfo e Cairbar Schutel. E, para fechar, não poderia faltar a busca por Jesus, com um ensaio emocionante do jornalista Rubens Toledo sobre sua experiência no pro

Olá, Jáder! Minas entrou em peso na edição. Em eventos como esse é que se vê quantas pessoas se interessam pelo tema e o imenso campo de pesquisa que o espiritismo oferece. Esqueceram de mim Olá amigos: Eu também lancei o meu livro no Encontro da Liga dos Pesquisadores de Espiritismo. Luiz Fernando Bandeira de Melo, Uberlândia, MG

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

jeto “Nos Passos do Mestre”. O Correio, enfim, chega até você com nossas vibrações de paz. Feliz Natal e que 2019 seja de muita ação no Bem e esperança no coração. Boa leitura! Equipe Correio Fraterno

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno cnPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. estadual: 635.088.381.118

Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: José Natal Inácio Tesoureiro: Olímpia Iolanda da S. Lopes Secretário: Vladimir Gutiérrez Lopes Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br

• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.

Oi Luiz! Lançou sim. E o livro é Sócrates e a influência dos cultos de mistério no Êutifron (CRV). Acabou não sendo citado no texto sobre o ENLIPHE na última edição do Correio. O espaço foi pouco para falar de tanta coisa boa que aconteceu no encontro, realizado desta vez em BH. Vale o registro aqui! Desejamos sucesso!

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/correiofraterno Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: LTJ Editora Gráfica

em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

FALE COM O CORREIO O Encontro da Liga dos Pesquisadores no Correio Recebi hoje a primeira edição do Correio Fraterno de “Minas Gerais”. Já devorei quase todo o jornal. Parece que o Enlihpe foi bem proveitoso para vocês! Agradeço a divulgação e parabenizo pela entrevista com Marcos Meigre e pelo caso do Chico contado por Marival Veloso. Um abraço. Jáder Sampaio, Belo Horizonte, MG.

Uma ética para a imprensa escrita

Telefone: (011) 4109-2939 Whatsapp: (011) 97334-5866 E-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br Site: www.correiofraterno.com.br Twitter: www.twitter.com/correiofraterno Atendimento ao leitor: sal@correiofraterno.com.br Assinaturas: entre no site, ligue para a editora ou, se preferir, envie depósito para Banco Itaú, agência 0092, c/c 19644-3 e informe a editora. Assinatura anual (6 exemplares): R$ 48,00 Mantenedor: acima de R$ 48,00 Exterior: U$ 34.00 Periodicidade bimestral Permitida a reprodução parcial de textos, desde que citada a fonte. As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal.

• Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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Acontece

Os 70 anos do Congresso de Unificação Da redação

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romovido pela USE-SP, foi realizado nos dias 20 e 21 de outubro, no Instituto Espírita de Educação, em São Paulo, o encontro comemorativo para marcar os 70 anos do 1º Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, que ocorreu na capital de 31 de outubro a 5 de novembro de 1948, reunindo representantes espíritas de pelo menos 14 estados brasileiros. Pedro de Camargo, Edgard Armond, Carlos Jordão da Silva, Júlio de Abreu Filho, Jaime Monteiro de Barros, Leopoldo Machado, Camilo Chaves, Francisco Spinelli, Ary Lex, Noraldino Mello e Castro são apenas alguns dos grandes nomes representativos do meio espírita que estiveram presentes 70 anos atrás. O Congresso de 1948 teve grande repercussão na história do movimento espírita brasileiro, com desdobramentos como a organização da União das Sociedades Espíritas e, um ano depois, a assinatura do Pacto Áureo, acordo celebrado entre a Federação Espírita Brasileira e as Federações e Uniões estaduais, com o objetivo de unificar o movimento espírita em âmbito nacional. A comemoração da passagem dos 70 anos do evento contou com a participação de representantes e ex-presidentes das federativas, como: Francisco Ferraz Batista (PR), Olenyr Teixeira (SC), Gladis Pedersen de Oliveira (RS) Júlia Nezu, Aparecido José Orlando, Antonio César Perri (SP), Hélio Ribeiro Loureiro (RJ) e Marta Antunes de Oliveira (DF), da Federação Espírita Brasileira. Ao abrir o evento, o ex-presidente da FEB, Antonio César Perri, lembrou que a mensagem que deu título ao encontro “Para que todos sejamos um” é uma reflexão que devemos fazer, no sentido de pensarmos num movimento espírita sólido, coeso e adequado aos momentos que estamos vivendo hoje”. Por meio de duas rodas de conversas, os representantes abordaram tanto o legado do 1º Congresso como propuseram

uma reflexão para o futuro. E foi refletindo sobre o futuro que Marta Antunes, vice-presidente da FEB, comentou que é preciso trabalhar em favor da união dos espíritas, aprendendo a construir pontes de entendimento. “Temos sido frágeis na construção dessas pontes, colocando nossos pontos de vista, interpretações pessoais, mas não estendemos a mão, como nos ensina o Evangelho há mais de 2 mil anos.” Renunciar para unificar Ao narrar a história do movimento espírita no Rio de janeiro, Hélio Ribeiro lembrou a importância do congresso realizado há 70 anos para nortear também o processo de unificação no Rio de Janeiro. Ele mesmo, como ex-presidente da Federação Espírita do Rio de Janeiro, anos depois renunciaria ao cargo e entregaria a sua ação federativa, juntamente com a antiga União das Sociedades Espíritas do Rio de Janeiro, ao Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro, constituído para integrar as ações das duas federativas. O presidente da USE-SP, Aparecido José Orlando, avaliou que o movimento espírita precisa estar atento a outros aspectos relevantes, característicos da nossa fase evolutiva. “Todos nós, antes de buscarmos unificação, precisamos de união. Vivemos um mundo muito polarizado, a favor ou contra alguma coisa, e agrupamos pessoas de acordo com os nossos conceitos. Precisamos aprender a dialogar, a ouvir, a oferecer oportunidades de se caminhar lado a lado.” Muitos desafios Outra questão foi a abordada pela educadora Gladis Pedersen de Oliveira. (Veja entrevista na página 4.) “O problema da confusão entre as interpretações, as várias denominações religiosas, só será vencido com muito estudo. No IBGE, o espiritismo nem aparece entre as religiões cristãs, mas como religião esotérica. Até o próprio espírita ao responder o Censo não sabe o

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que vai dizer porque não se encaixa nas respostas. Essa posição tem que ser clara. Isso existe ainda por omissão nossa”. Segundo Aparecido José Orlando, o evento permitiu maior interação entre os participantes, com muita troca de ideias. “Quando estamos juntos, esses momentos

1- Aparecido Orlando, presidente da USE-SP, com os representantes espíritas: Análises e reflexões para o futuro 2- Marta Antunes: “É preciso trabalhar em favor da união dos espíritas” 3- Francisco Ferraz Batista, Olenyr Teixeira, Gladis Pedersen, Hélio Ribeiro e Aparecido Orlando 4- Julia Nezu e Gladis Pedersen 5- Antonio César Perri

de reflexão são primordiais para que realmente todos sejamos um”. Durante o evento foi lançada a edição digitais dos Anais do Congresso Brasileiro de Unificação Espírita, de 1948. Link: https://bit.ly/2DLSK6B www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA

O papel da educação no desafio da atualidade Por eliana haddad Gladis Federsen: ”As crianças não estão sendo frustradas. Irão enfrentar, no futuro, os desafios naturais da vida e as contrariedades”

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x-presidente da Federação Espírita do Estado do Rio Grande do Sul, Gladis Pedersen de Oliveira é graduada em Pedagogia e pós-graduada em Ciências da Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua larga experiência como educadora, diretora e supervisora pedagógica ajudou a lapidar o seu talento e sua percepção sobre como despertar nas crianças e jovens os melhores valores, baseados nos ensinos do Evangelho e nas bases do espiritismo para que se tornem pessoas melhores, adultos mais felizes. É autora e organizadora do projeto Coleção Conte Mais (Feergs) Ao ser convidada pelo Correio, Gladis faz uma importante reflexão sobre a educação do espírito na atualidade. www.correiofraterno.com.br

O espiritismo está cumprindo seu papel de educação social? Gladis: Allan Kardec previu que a última etapa da divulgação do espiritismo seria atingir a sociedade como um todo. Este processo está acontecendo gradativamente através da divulgação nos centros espíritas para as pessoas da comunidade onde ele está inserido e também pelo livro, pela imprensa e pelas redes sociais. Primeiro, é preciso que haja o conhecimento das bases doutrinárias para ser assimilado; no segundo passo, vem a aplicação do conhecimento em nossas vidas. A aprendizagem só se verifica quando a pessoa aplica em sua vida o que aprendeu. Os espíritas deveriam ser menos acomodados e investir mais na propaganda da doutrina espírita como o Consolador Prometido por Jesus, para acelerar a influência do espiritismo na educação social. O que é, afinal, educar? Educação deriva de educar que, na sua origem latina, era composta por duas palavras: ex e ducere. ‘Ex’ significa tirar de dentro e conduzir para fora, extrair; ‘ducere’ significa conduzir, o que pode ser entendido como extrair do educando todo o potencial divino que ele traz em germe dentro de si. Assim, educar, no verdadeiro sentido, é estimular o desabrochar de tudo de bom que a pessoa traz em si, desde a mais tenra infância. Esta grande tarefa compete, primeiramente, aos pais, à família; depois, à escola e à sociedade organizada. Tantos conflitos familiares, violência e desentendimentos na Terra. A educação dos homens está sendo falha? A educação, de um modo geral, privilegia mais o desenvolvimento do intelecto, da instrução racional em detrimento da educação emocional, moral e espiritual. A família é o grupo especial para começar a vivência da fraternidade e do respeito. Para

tal, os pais têm que dar o exemplo, serem os primeiros educadores dos filhos, corrigirem os erros de forma firme, mas amena, serem a representação da autoridade moral. Seja o dizer dos pais: sim, sim; não, não. Evitar gritar, mas conversar, esclarecer, sem mudar o tom de voz, não impor, mas propor. O hábito da prece em família, do Evangelho no Lar, do diálogo, vai ajudar a amenizar os conflitos e desentendimentos. O que podemos fazer para educar melhor nossos filhos? Começar a educar o filho desde a gestação e intensificar a educação nos primeiros anos de vida. A fase infantil é a mais propícia para o aprendizado do bem. O que se aprende no lar fica gravado, indelevelmente, no psiquismo. A mente infantil absorve todas as informações que recebe, tanto o que é certo quanto o que é errado. A identidade moral é construída desde a infância e deve ser consolidada até por volta dos catorze anos. Os pais não devem perder este período e é preciso que eles tenham um plano claro de educação moral, emocional e espiritual para os filhos com o objetivo de formar uma pessoa de bem. A alma da criança precisa ser nutrida de amor e exemplos do bem, com base no Evangelho de Jesus. Orar com a criança, falar em Deus, mostrar a natureza. O espírito da criança precisa aprender o caminho de volta para Deus, ser cultivado como um solo fértil. Há quem diga que no passado éramos mais educados e preparados para os desafios da vida. Você concorda? Sim, concordo, pois no passado, os meios de comunicação de massa eram mais restritos. O lar era a base e todos tinham que colaborar de alguma forma para mantê-lo. A mãe ficava em casa com a família, mais numerosa. Havia mais diálogo e os papéis eram mais definidos. Hoje há mais


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individualismo, silêncio, falta de diálogo e de aconchego no lar. Precisamos contar histórias para nossas crianças, olhá-las nos olhos, perceber suas emoções, orar com elas, passear de mãos dadas junto à natureza, apreciando os espetáculos que ela apresenta. Nesses momentos mágicos é que se é genuinamente feliz. Hoje vemos pessoas mais preparadas intelectualmente, mas também com muito mais crises existenciais, depressões, suicídio, etc. Como educar para a felicidade? As pessoas podem estar mais preparadas intelectualmente, pois desenvolvem, preferentemente, a dimensão intelectual da inteligência. As dimensões moral, emocional e espiritual estão sendo desenvolvidas de forma precária. Atualmente, na infância, as crianças não estão sendo frustradas ou contrariadas, sendo atendidas em todas suas exigências.

to ou o idoso poderá ser despertado para o verdadeiro sentido da vida e modificar sua percepção sobre as leis divinas, no estudo da doutrina e na vivência de seus postulados. O que esperar da educação no futuro para o progresso espiritual do planeta? Nós somos muito otimistas sobre o futuro. O espiritismo, no Brasil, deu um grande passo com a Campanha Permanente de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil da FEB, desde 1977. Em 2000, quando a UNESCO lançou os quatro pilares para a educação do Terceiro Milênio – aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a conviver e apreender a ser – percebemos que o trabalho de evangelização no Brasil tinha se antecipado nesta linha de ação. Surge agora o quinto pilar: aprender a crer. A Evangelização sempre trabalhou este pilar, ou seja, o desenvolvimento da espiritualidade e da fé.

Precisamos contar histórias para nossas crianças, olhá-las nos olhos, perceber suas emoções, orar com elas, passear de mãos dadas junto à natureza, apreciando os espetáculos que ela apresenta” Irão enfrentar, no futuro, os desafios naturais da vida e as contrariedades. Tornar-se-ão pessoas infantilizadas que não cresceram emocional e espiritualmente. Educar para a felicidade significa criar o filho dentro da realidade, mostrando o verdadeiro sentido da vida, que somos espíritos imortais criados por Deus e estamos juntos enfrentando as dificuldades para evoluirmos. A educação moral é obra de trabalho individual? Como estimular esse processo dentro de nós? A identidade moral é construída desde a tenra infância, até por volta dos catorze anos. O processo reencarnatório começa antes da gestação e se consolida na adolescência. É neste período que se educa moralmente. Se isso não acontecer pela educação, vai ocorrer pela dor, pelo sofrimento, nas outras fases da vida. Neste ponto, a doutrina espírita tem um papel preponderante; o jovem, o adul-

Assim, temos que investir mais nesta linha de ação para melhorar nosso futuro. Como educar a família para que haja menos conflitos e mais felicidade nos lares? O Evangelho no Lar é um recurso especial para evangelizar a família; aprendemos a tolerar, respeitar, aceitar o outro como ele é. Os pais têm que se autoeducar, corrigir seus defeitos, dar exemplos para os filhos, dialogar mais, oportunizar momentos simples de reunião na família, de forma descontraída, sem cobrança de nada, com camaradagem. Ouvir mais e falar menos. Qual o limite entre a liberdade e a responsabilidade? Toda a liberdade tem limites; não há liberdade absoluta, só a de pensamento. Como somos seres sociais, dependemos uns dos outros. Por isso temos a responsabilidade de respeitar o

outro, assim como queremos ser respeitados em nossos direitos. Saber usar o livre-arbítrio envolve o dever de não ultrapassar o limite entre a liberdade pessoal e o direito do próximo. Para isso é preciso se autoeducar. Como os ensinamentos de Jesus podem ser divulgados mais adequadamente para a época atual? Temos o dever de divulgar, cada vez mais, o Evangelho de Jesus no lar, no centro espírita, na vida social. O evangelho segundo o espiritismo deve ser o livro básico para isso. Dentro do possível, deve ser colocado à disposição das pessoas, presenteado, estudado na tribuna do centro espírita, nos congressos espíritas, esquecido nos bancos das praças, dos ônibus... Muitas vezes a pessoa, por sua maneira equilibrada de agir, demonstra a vivência do evangelho e serve de exemplo para muitos. Como vê o futuro do espiritismo no Brasil e no mundo como obra de transformação moral para a Humanidade? Vemos este futuro com muita esperança. O acervo de boas obras espíritas, começando com as básicas, é muito grande. Percebemos que o tempo que nos resta nesta encarnação não será suficiente para abarcarmos todo esse conteúdo. Estamos despertando para a busca do conhecimento espírita sério, consciencioso, individual e em grupo. Temos em mãos um tesouro inestimável. Poderia citar algumas recomendações para que o ano de 2019 seja mais proveitoso para todos nós? Agradeçamos a Deus a oportunidade de estarmos encarnados no Brasil. Temos que aproveitar o novo ano para estudar mais e trabalhar no bem, procurar viver de acordo com o “amai-vos uns aos outros”, como ensinou Jesus. Suas considerações finais. Evangelizemos a criança e o jovem. Se eles forem deixados à margem da mensagem de Jesus terão muitas dificuldades no futuro. Fiquemos em alerta quanto às comunicações nas redes sociais pois, atualmente, muitos estão ficando tecnodependentes do uso dessas mídias, principalmente crianças e jovens. As pessoas estão cada vez mais individualistas, isoladas, com dificuldades de se comunicarem normalmente, olho no olho, expressarem suas emoções e sentimentos, mesmo dentro do lar. Estranhos uns aos outros, dentro do mesmo teto.

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LIVROS & CIA. Instituto Lachâtre Telefone: 11 3181-6676 www.lachatre.com.br Os ‘obsessores’: gente como a gente de Herminio C. Miranda e Pedro Camilo 96 páginas 12x21 cm

Editora Paideia Telefone: 11 5549-3053 www.editorapaideia.com.br Curso básico de espiritismo de J. Herculano Pires 192 páginas 21x28 cm

Correio Fraterno Telefone: 11 4109-2939 www.correiofraterno.com.br/loja Escritores e fantasmas de Jorge Rizzini 352 páginas 16x23 cm

Editora Record Telefone: 11 3286-0802 www.record.com.br País mal educado de Daniel Barros 308 páginas 16x23 cm

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Os interesses nos casamentos aristocráticos Por SÔnIA KASSe

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e acordo com a definição, dote é um costume antigo que consiste no estabelecimento de uma quantia em bens e dinheiro oferecida a um noivo pela família da noiva para acertar o casamento entre os dois. Existem culturas onde o noivo entrega um dote à família da noiva ou à própria noiva. Quanto maior o dote mais chances uma mulher teria de se casar. Em contrapartida, a que não possuísse dote não era escolhida por nenhum pretendente, correndo o ‘risco’ de ficar solteira. Esses atrativos de enriquecimento eram cobiçados pela maioria dos noivos, salvo raríssimas exceções de casamentos sem interesses financeiros que eram frutos do verdadeiro amor. Em algumas regiões da Ásia e da África, ainda hoje, se pagam dotes pelo casamento. O curioso é que o cônjuge que recebe o dote terá de devolvê-lo, caso ocorra o fim do enlace, sendo esse um dos motivos que

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impede muitas separações de casais, mesmo que o lar esteja desfeito. Continuam a viver juntos por não tem como devolver o dote recebido. Nesse ambiente suntuoso de luxo, riqueza, de famílias tradicionais, milionárias, de condes, barões, príncipes e princesas, o autor J.W. Rochester (espírito) constrói um fascinante enredo e o descreve no livro A feira dos casamentos, com psicografia de Vera Kryzhanovskaia e tradução de Herminio C. Miranda, publicação da Editora Correio Fraterno. A história se passa na Rússia Imperial e tem como pano de fundo a elite social que transita pelo enredo com todas as suas vaidades, cinismo, egoísmo, falsidade e vícios, retratando a miséria moral, onde o dinheiro e o enriquecimento à custa de dotes milionários dominam a personalidade da maioria dos personagens. O amor, sentimento maior na união dos casais, não existe para os noivos inte-

ressados num casamento que lhes renda ótimos ganhos e uma fortuna incalculável. Nessa perspectiva, não importa quem seja a noiva, o que importa são os milhões que ela trará de dote. Assim como para a noiva não importa o caráter do seu pretendente. O que interessa é se ele carrega um título de nobreza do qual ela irá desfrutar. Nesse romance, altamente elaborado, conheceremos personagens que se manifestarão totalmente contrários a essas ideias imorais e se mostrarão dignos, corretos e com a verdadeira expressão do amor puro, sincero, complacente, abundante em generosidade e auxílio ao próximo. Uma narrativa empolgante, difícil de interromper a leitura, tal a criatividade com que o autor conduz o desenrolar da história. Ótima leitura!


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JAneIro - FeVereIro 2018 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

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BAÚ De MeMÓrIAS

A perseverança de Fernández Colavida na divulgação do espiritismo na Espanha Por SIMONI PRIVATO GOIDANICH

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escassez de material de estudo e de divulgação do espiritismo era uma limitação importante na Espanha. Para amenizá-la, um dedicado espírita em Barcelona chamado José María Fernández Colavida decidiu importar uma grande quantidade de livros e jornais espíritas da França. Para isso, contou com a colaboração de Maurice Lachâtre, escritor e editor francês, que, naquela ocasião, também residia em Barcelona. Lachâtre foi, pois, um intermediário na importação. Era Fernández Colavida o destinatário dessas obras, segundo os relatos de Amalia Domingo Soler, Miguel Vives y Vives, Bernardo Ramón Ferrer, bem como dos jornais espanhóis Luz y Unión e El Diluvio, analisados na pesquisa que realizamos e publicamos, em 2013, no livro Divulgación del Espiritismo: enseñanzas del ejemplo de José María Fernández Colavida. A importação cumpriu com os requisitos legais. Contudo, por ordem do bispo de Barcelona, Antonio Palau y Térmens, as obras importadas foram queimadas, no dia 9 de outubro de 1861, por um sacerdote com o auxílio de funcionários da alfândega, na Cidadela de Barcelona – o mesmo lugar onde eram executados os criminosos. O episódio ficou conhecido como o Auto de Fé de Barcelona. Muito mais que um fato histórico, o Auto de Fé de Barcelona é um símbolo dos ataques que o espiritismo, na pessoa dos trabalhadores espíritas, especialmente os que se dedicam à divulgação, podem sofrer. Diante de uma prova de fogo, várias reações são possíveis. Uma delas é o desânimo, que nem sempre necessita de uma fogueira para instalar-se. Às vezes, basta um fogo de palha para consumir o entusiasmo no trabalho no bem. Outra reação é a rebeldia, o contra-ata-

Colavida: primeiro tradutor para o espanhol das obras de Allan Kardec

que, que desperdiça valiosos recursos que deveriam ser destinados ao trabalho edificante e envolve em trevas o trabalhador que teria como tarefa difundir a luz. Também é possível o medo, que pode produzir a paralisação das tarefas, a fuga das responsabilidades e até a deserção com relação ao espiritismo. No entanto, Fernández Colavida não teve essas reações. Ele não se desanimou com o Auto de Fé de Barcelona, mas se sentiu estimulado. Tornou-se o primeiro tradutor para o espanhol das obras de Allan Kardec. Passou a publicá-las na Espanha e a divulgá-las naquele país e em muitos outros, sobretudo da América. Também fundou um jornal espírita de alcance internacional. Ficou conhecido como o “Kardec espanhol” por ser o maior líder e divulgador

do espiritismo em língua castelhana. Com relação aos agressores, a resposta de Fernández Colavida foi o perdão e a reconciliação. Nove meses após o Auto de Fé de Barcelona, o bispo Antonio Palau

faleceu e, pouco depois, arrependido, manifestou-se em Espírito na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e no centro espírita dirigido por Fernández Colavida. Desde então, Antonio Palau passou a trabalhar com o “Kardec espanhol” na divulgação do espiritismo. Também anunciou que a Cidadela, onde haviam sido queimadas as obras espíritas, seria transformada em um jardim, o que ocorreu poucos anos depois. Fernández Colavida sabia que os ataques não devem ser temidos. A agressividade mediante a qual se manifestam, em lugar de ser uma demonstração de força, é, na verdade, uma confissão de debilidade, de impotência, diante do espiritismo e de todos aqueles que lhe são fiéis. Jamais poderão aniquilar nem o espiritismo nem os espíritas. De fato, o Auto de Fé de Barcelona, cuja finalidade era reprimir o espiritismo, teve uma repercussão tão intensa na população, nos meios de imprensa e até nas altas esferas do governo que serviu para divulgá-lo amplamente. Diplomata e pesquisadora brasileira, residente em Montevidéu, no Uruguai.

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eSPecIAl

2019 se inicia. Viveremos momentos conturba-

dos e caóticos. Ou seriam momentos de fascinantes oportunidades? O modo como vemos o mundo depende de nosso olhar. E nosso olhar depende de onde estamos e de quem somos. Mas, independentemente do olhar, parece mesmo que, de repente, tudo virou no avesso: • O desemprego cresce e a miséria aumenta. • O crime se organiza em poderosas facções e a criminalidade nos mantém tensos. • Multidões fugindo da miséria e violência se deslocam dos países africanos e da Síria para a Europa; dos países centro-americanos para os Estados Unidos; e da Venezuela para o Brasil. • Os gêneros crescem exponencialmente passando de dois – masculino e feminino – para mais de cinquenta. • As chamadas minorias – étnicas, sexuais, religiosas e de origem – são acolhidas por uns e perseguidas por outros. • A riqueza está concentrada na mão de poucos. • Líderes religiosos mercantilizam os templos. Religiosos de quase todas as religiões são acusados de abuso sexual por quem precisa de apoio. • Políticos fazem negócios e negociantes fazem política. E muitos enriquecem ilicitamente. • Cresce vertiginosamente a incidência das doenças da alma: depressão, síndrome do pânico e suicídio. Por que de repente tudo mudou? Por que Deus permitiu tamanha mudança? Estaria a Terra, e estaríamos nós que aqui vivemos, involuindo? Para tentar compreender mais sobre eles, o melhor é sempre consultar a literatura básica da filosofia espírita – os livros organizados por Allan Kardec –, sobretudo O livro dos espíritos e O evangelho segundo o espiritismo. São assuntos espinhosos, contundentes e polêmicos que dividem opiniões. Vale buscar as respostas em Kardec. Por que Deus permite que o mal prospere e os bons sofram? Deus nos deu o livre-arbítrio e a eternidade para melhorarmos e, junto dela, a dor para que percebamos onde erramos. Se ainda sofremos, é porque ainda agimos no mal. O mal não prospera; o que acontece é que ele surge mais viçoso quando os homens por ele se encantam e lhe dão força. Mas, quando olhamos no longo prazo, vemos o quanto a humanidade já ‘se humanizou’. O bem é, inexoravelmente, o destino de todos nós. (Veja: O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 5, item 7). Como pode a Terra estar evoluindo se no passado tudo era melhor? Quem disse que o passado era melhor? Recauchuta-

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mos o passado para que pareça doce e belo. Não era. Nunca foi. Basta assistir a algum documentário sobre o Império Romano e a Grécia antiga para que se vejam ali paixões vis, traições, crueldade e corrupção. Basta ver o quanto Cristo sofreu, para percebermos a parcialidade interessada, a ganância, o preconceito e a tortura. Por que será que as cidades medievais da Europa eram muradas? Por que os castelos eram no topo de montanhas e carcados por fossos? Será que a vida por ali era de respeito e tranquilidade? Nos iludimos! Hoje a lei proíbe que se escravize, não há canibalismo, não se faz mais sacrifício humano e os direitos humanos, se ainda não são plenamente respeitados, ao menos já são objeto de atenção. O presente é muito melhor e, se quisermos acelerar o passo, também já sabemos como são os mundos felizes. (Veja: O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 3, item 10).

SER ES

o que pensar e co

Por AleXAnD

Por que alguns têm tanto e outros tão pouco? Porque ainda somos obtusos, mesquinhos e egoístas. Achamos que ter importa mais que ser. Quantos há que nem água têm? Muitos. No Brasil, inclusive. Muitos passam o mês com o Bolsa Família enquanto outros de nós, sem a menor cerimônia, gastamos o mesmo valor numa garrafa de vinho. Segundo a ONU, 30 mil seres humanos morrem de fome no mundo...todos os dias! Muitos de nós somos obesos por comer além do necessário. Outros somos obesos de bens, por ter além do necessário. Obesidade de bens nos mata por dentro, mata nossa alma. (Veja: O livro dos espíritos, questões 705, 717 e 806). Qual deve ser a postura do espírita diante da violência? Sabemos da existência de Deus. Sabemos também que a morte existe apenas para o corpo. Então por que tememos a violência? Porque no fundo não confiamos nem na justiça divina, nem na imortalidade do espírito, e pior: nem confiamos em Deus! É certo que devemos preservar a encarnação, mas o apego ao que é material só nos causa medo e angústia, que podem levar à más ações. A postura do espírita deve ser de combate ao que causa a violência: a ignorância, o egoísmo, a ganância, a miséria e a falta de amor. E, claro, enquanto caminhamos para o bem, o homem ainda rude que afronta a existência do outro, tem que ser impedido de seguir agindo mal. Mas devemos sempre agir dentro de padrões de civilidade, longe da violência e da crueldade, para que a autoridade não se iguale ao meliante. (Veja: O livro dos espíritos, questão 738 e 752). Chocados com a violência e a impunidade, alguns espíritas defendem a pena de morte. Outros, uma medida ainda mais radical: a execução sumária, sem julgamento. Que pensar a respeito? Nós espíritas não deveríamos nos surpreender com a violência, pois sabemos do estágio ainda bastante

rudimentar de todos nós, espíritos encarnados na Terra. Em vez de ficarmos chocados e falando sobre o assunto, deveríamos dirigir nossa atenção para que, ao longo do tempo, a violência diminua até que finalmente se extinga. Somos espíritos imortais, portanto importa pouco se esse progresso demorar centenas ou milhares de anos. Agora, claro, para nosso bem-estar e felicidade, devemos agir para que atinjamos um melhor estágio evolutivo o mais rapidamente possível. Quanto à impunidade que muitos usam tentando justificar uma violência injustificável, os espíritas o sabem: Ninguém segue impune. Os que causam o mal recebem o mal. Suas vidas são de tristeza em tristeza, de sobressalto, insegurança e dor. Vivem atormentados por ver a felicidade dos outros sem conseguir atingi-la. Precisam ficar vivos, encarnados, entre nós, para que, por meio da dura experiência de vida, sintam as dores que causaram aos outros e, exaustos de tanto sofrer, se modifiquem. Matar um inocente ou um criminoso, lembremos, é a mesma coisa: é matar um ser criado por Deus. Quem promove essa ideia é corresponsável por esse crime, e responderá por isso. (Veja: O livro dos espíritos, questões 760, 761, 764 e 880).


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SeteMBro - outuBro 2018

SPÍRITA

omo agir em 2019

Dre cAlDInI

Como resolver a questão da segurança? Segurança é trabalho de longo prazo que não se resolve com o armamento do homem, mas sim com o desarmamento do espírito. Segurança tem a ver com nossa ganância que é derivada de nossa pouca sofisticação como espíritos: ainda achamos que o ter importa mais que o ser. Infelizmente parece que ainda precisaremos de bons anos, talvez séculos, talvez milênios até que os ataques violentos desapareçam da Terra. De nada adiantarão carros blindados, casas fortificadas e armas. Enquanto imperar a ganância e a brutal desigualdade, haverá conflito e violência. Ela, a vio-

lência, é a espora pontiaguda a nos exigir a mudança de atitude. (Veja: O livro dos espíritos, questões 742 e 799 e O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 11, item 12). E as questões da homossexualidade e de gênero? O espírito encarna no corpo que necessita para sua vivência naquela encarnação. Recusar-se a viver aquela experiência, é exatamente isso: uma perda de oportunidade, uma perda de um conhecimento que importa àquele ser. Mas todos temos o nosso livre-arbítrio. Se Deus respeita nosso livre-arbítrio, será que nós temos o direito de desrespeitar o livre-arbítrio do outro? Teria Jesus uma postura diferente? Recomendou ele o ódio ou o amor? Além do mais, todos nós encarnados na Terra pertencemos a um único gênero: o gênero humano. Quanto à homossexualidade pergunto: uma pessoa obesa pode casar-se com outra pessoa obesa? E um portador de alguma deficiência física, pode casar-se com outro portador de deficiência? Claro que sim, pois os corpos não fazem diferença alguma no amor. Por que seria diferente com dois corpos de homem ou de mulher? Pode ser que nesta encarnação dois espíritos que se amam se apresentem um como homem e outro como mulher. Ou esses mesmos dois espíritos que se amam podem estar em dois corpos de mulher, ou em dois corpos de homem. Se esses espíritos se amam, se cuidam de se apoiar mutuamente em seu crescimento no bem, se constituem família, se auxiliam outros espíritos – seus filhos – em seu progresso espiritual, moral e intelectual, que diferença faz como seus corpos se apresentam? (Veja: O livro dos espíritos, questão 822). E sobre o preconceito com pessoas de outras etnias, origens e religiões? Na pergunta 803 de O livro dos espíritos se lê: “Deus não deu a nenhum homem, superioridade natural nem pelo nascimento nem pela morte: todos são iguais perante Deus.” Já na pergunta 799 aprendemos que devemos: “Destruir os preconceitos de seitas, de castas e de raças, ensinar aos homens a grande solidariedade que deve uni-los como irmãos.” Lendo Kardec e ouvindo a espiritualidade superior, fica claro como nós, espíritas, devemos entender o mundo e nos comportar, não? (Veja: O livro dos espíritos, questões 799 e 803). Multidões de miseráveis se deslocando de países pobres para países ricos. Como o espiritismo prega a caridade, entendo que devemos acolhê-los. Mas será justo ter mais gente a competir com os habitantes do país pelos já escassos empregos? Quem é brasileiro? A maioria de nós descende de imigrantes europeus, africanos, árabes ou asiáticos. Somos todos imigrantes acolhidos nesta terra. Somos cidadãos do universo. Encarnamos aqui. Depois em outro país. Depois em outro planeta. Nosso amor é grande o suficiente para abarcar o universo e não apenas as acanhadas fronteiras do país onde vivemos. A

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nós espíritas interessa o bem de todos e não apenas dos que vivem mais perto, que falam a nossa língua ou que têm a mesma quantidade de melanina na pele. (Veja: O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 17, item 3). Com todas essas enormes mudanças que passa a Terra, como se vacinar contra a angústia e a depressão? Nós sabemos que todos somos iguais perante Deus. Sabemos que já praticamos barbaridades em nossas encarnações anteriores. Sabemos que ainda estamos longe da perfeição e que vimos reencarnando justamente para nos aperfeiçoar. Fica fácil então compreender que estamos no local adequado (Terra), no país adequado, na família adequada, no emprego adequado, com as responsabilidades adequadas e no momento histórico adequado. E o chamado “tudo isso que está aí”; aí está justamente para nosso crescimento. Este é nosso laboratório de aperfeiçoamento. É como se estivéssemos numa academia: quanto mais nos exercitarmos mais fortes ficaremos. Um exercício após o outro. Do mais simples ao mais elaborado, vencendo todas as barreiras e fortalecendo nossa musculatura moral e intelectual. Depressão, síndrome do pânico e suicídio são doenças também do corpo físico e que requerem tratamento médico. Compreender quem somos, onde estamos, porque estamos e para onde vamos, no entanto, pode nos ajudar muito na nossa recuperação ou ainda, o que é melhor, nos ajudar a evitar entrar nesses estados patológicos. E em 2019? O espírita em 2019 deve ser melhor do que foi em 2018. E mesmo sendo melhor do que foi em 2018, ele será pior do que será nos anos seguintes. Em uma palavra: progridamos! Busquemos nos melhorar. Que tal dirigir todo aquele esforço que fazemos para mudar o outro para mudar a nós mesmos?! O espírita, pelo que lemos em Kardec, usa o que observa para melhorar a si mesmo (veja: O evangelho segundo o espiritismo, capítulo 17, item 3), sendo uma pessoa mais inteligente, menos preconceituosa, mais compreensiva, mais caridosa, mais aberta, mais sincera, mais calma, mais carinhosa, menos agressiva, mais justa e absolutamente honesta. Vivamos como espíritas, compreendendo a vida como algo muito maior e mais importante e belo, que os poucos anos que passamos encarnados na Terra, nesta nossa vida material. Ampliemos nosso horizonte e nossa visão. Assim fazendo, tudo toma nova perspectiva. Tudo fica menos urgente, menos grave e mais leve. Calma. Em 2019, e sempre, está tudo certo. Feliz Ano Novo! ALEXANDRE CALDINI é formado em administração de empresas pela PUC/SP com cursos de educação executiva em Harvard e no M.I.T. (EUA), no INSEAD na França, e na London Business School e na Universidade de Cambridge na Inglaterra. Foi presidente da Editora Abril e do Jornal Valor Econômico. Autor dos livros A morte na visão do espiritismo e A vida na visão do espiritismo (Sextante). www.correiofraterno.com.br


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VOCÊ SABIA?

Cairbar Schutel e o burrinho feliz Por SÉRGIO LOURENÇO

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a época de Cairbar Schutel, nas primeiras décadas do século 20, era muito comum verdureiros percorrerem as cidades vendendo os seus produtos diariamente. O povo já estava acostumado com a compra direta. O seu nome era quase sempre ignorado. Era o verdureiro! Na cidade de Matão não era diferente. Lá também existia um verdureiro, que todas as manhãs, bem cedinho, já estava com sua carroça pelas ruas da cidade. Certo dia esse verdureiro parou com sua carroça em frente da farmácia de Cairbar Schutel e entrou para comprar medicamentos. Enquanto ele era atendido pela funcionária, Schutel vai até a porta e fica contemplando o animal atrelado à carroça. Era um burro velho maltratado, magro, que, muito ofegante, suportava parado o varal com todo o peso da carroça e seu arreamento. O animal tinha um aspecto feio. Não demonstrava nenhuma condição para o serviço.

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Atendido, o verdureiro sai da farmácia com um pequeno pacote e, na porta, cumprimenta gentilmente Cairbar Schutel. Este responde à saudação e pergunta: – O senhor não quer vender o seu burrinho? – Não, sr. Schutel. Preciso dele. E de que lhe serviria este animal? Volta a insistir Schutel: – Eu preciso dele. Diz o preço. Quem sabe nós faremos um negócio? O verdureiro continuou argumentando que não venderia o animal e Schutel delicadamente insistindo em comprá-lo. O verdureiro fecha a questão. – Pois bem, sr. Schutel. Eu vendo. Fique certo de que o senhor vai pagar o que o animal não vale. E deu o preço. Uma quantia muitas vezes acima do preço real. Era mesmo para não vender. Cairbar Schutel olhou para o animal

que ainda estava ofegante. Entrou para o interior da farmácia, pegou o dinheiro na gaveta, entregou ao verdureiro e disse: – É meu. Pode levar a carroça e trazê-lo aqui para mim. O verdureiro ficou assustado. Recebeu na transação o suficiente para comprar cinco animais muito melhores do que aquele. Agradeceu e saiu quase não acreditando no acontecido. Pouco tempo depois retorna o verdureiro puxando o burrinho por um pedaço de corda. Entrega ao Schutel a sua nova propriedade. Este afaga o animal, leva-o até um pasto próximo e o solta. A notícia da compra do burrinho correu a cidade. Chegou aos ouvidos dos companheiros mais íntimos. Perguntado para que queria aquele animal, velho, maltratado, quase morrendo, Schutel respondia: – Não preciso do animal para nada. Está

ISMAEL TOSTA

Em 22 de setembro completaram 150 anos do nascimento de Cairbar Schutel, um dos grandes pioneiros do espiritismo no Brasil (Rio de Janeiro, 22/09/1868 Matão, 30/01/1938) aposentado. Vai viver seus dias usufruindo desse direito. Merece porque está velho e já trabalhou muito. Só isso! Sem nada fazer, viveu aquele animal feliz sua aposentadoria no pasto, solto, a qual lhe proporcionou o nobre coração de Cairbar Schutel. Do livro Passagens de uma grande vida, de Sérgio Lourenço, Correio Fraterno.


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enSAIo

Minha busca por Jesus Por ruBenS toleDo

Procurei-o em Nazaré, Cafarnaum e junto ao Mar da Galileia. Fui a Jerusalém, Betânia, Emaús... Depois de percorrer milhares de quilômetros, eu o encontrei.

Cesareia Marítima - Israel

S

aindo da Cesareia Marítima, próxima ao Porto de Haifa, na costa mediterrânea, partimos de ônibus para Jerusalém. Caía a noite. Da janela do último assento, eu contemplava o céu estrelado, imaginando como teria sido a caminhada do Mestre até a Cidade Santa, na sua derradeira Páscoa com os discípulos.

quase toda a Galileia, desde Nazaré às ruínas de Cafarnaum e Magdala, incluindo Caná e o Monte das Bem-Aventuranças. Mas eu ainda ansiava por encontrá-lo na intimidade do ser... Da janela do hotel, em Tiberíades, contemplei as águas do grande lago, que faiscavam ao sol. Ao anoitecer, elas começaram a refletir a luz prateada do luar, e eu imaginei a figura do Nazareno caminhando às suas margens. Mas não era ele.

reunir teus filhos, como uma galinha reúne sob as asas os seus pintainhos, e não o quiseste...” Ali, chorei também. De volta à capital religiosa do mundo, entramos na Cidade Velha e seguimos os passos do Cordeiro de Deus pela Via Dolorosa. David, nosso guia, apontou a fachada do que teria sido o Palácio de Herodes. Lembrei-me então do instante em que os soldados o apresentaram a Pilatos: “Ecce Homo!” Seguimos pelas vielas apertadas, tomadas pelo comércio ambulante e abarrotadas de peregrinos. Vi a garota judia, de olhos azuis, e num átimo recordei o menino que, aos 12 anos, já falava aos rabinos do templo com a autoridade de um rei...

Ruínas de Cafarnaum

Nazaré Não pude resistir às lágrimas. Era como se me transportasse no tempo, sentindo em mim toda a intensidade daquelas horas extremas: “Crucifica-o! Crucifica-o!” A caravana já havia percorrido

Seguimos pelo Vale do Jordão e subimos o Tabor, a fim de recordar o momento sublime da transfiguração. No ponto culminante da Galileia, oramos sob uma figueira, elevando nossas almas a Deus, enquanto outros exploravam as altitudes em voos de asa-delta e paraglides. Estranha visão aquela... No Jardim das Oliveiras, testemunhas milenares da noite em que o Mestre chorou em solidão, recordei-lhe as proféticas palavras: “Ah, Jerusalém, Jerusalém... Quantas vezes quis

Rio Jordão Descendo a Jericó, paramos num trecho da estrada para refletir sobre a parábola do bom samaritano, que Jesus transformou em símbolo por excelência da fraternidade universal. E à entrada da antiga cidade, contemplamos árvore frondosa que bem poderia ter sido aquela escalada por Zaqueu para ouvir o divino chamado: “Desça-te daí, porquanto importa que eu me hospede em tua casa ainda hoje”.

Morro das Olive iras A caravana continuava seu roteiro. E eu ainda ansiava por encontrá-lo. Quem sabe, em Emaús? Naquela estrada ele reaparecera a dois viajores e sentara-se com eles, numa taberna, dividindo o mesmo pão... Por fim, na Cisjordânia cercada por muros e arame farpado, visitamos Belém, a fim de rever o céu que, numa noite de Nizan, iluminara-se por uma corte de anjos entoando hosanas nas alturas... A singela estrebaria, hoje um santuário para cristãos, judeus e muçulmanos, não pode mais ser reconhecida. A paisagem nos arredores, porém, ainda guarda o mesmo bucolismo e simplicidade de antes, com humildes pastores conduzindo suas ovelhas pela relva rala das encostas pedregosas. Mas tampouco ali o encontramos... Hora de voltar! Antes, um último olhar sobre Jerusalém, onde faríamos as malas de retorno ao Brasil... Já em casa, depois de milhares de quilômetros buscando Jesus, retomei a velha rotina de lutas no esforço da minha renovação íntima. E diante do primeiro irmão com quem deparei pelo caminho, foi como se Jesus mesmo falasse diretamente à minha alma: – “Por que me procuraste tão longe?” O jornalista Rubens Toledo se inspirou em sua experiência em excursão realizada através projeto “Nos Passos do Mestre”, pela agência RW Turismo, que leva brasileiros a conhecerem de perto os marcos da história do cristianismo com uma abordagem espírita.

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culturA & lAzer

Peça teatral Está em cartaz, de 30 de novembro a 14 de dezembro, a peça teatral Emmanuel - a luz de Chico Xavier. O espetáculo acontece às 21 horas no Teatro Fernando Torres, na rua Padre Estevão Pernet, 588, Tatuapé, São Paulo. Ingresso: R$ 60,00, com desconto de 50% na compra antecipada na bilheteria do teatro, com doação de 1 kg de alimento não perecível. Informações: 11 2227-1025. Bilheteria: de terça a quinta, das 14h às 20h. www.facebook.com/emmanuelaluzdechicoxavier. NOV

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Congresso Espírita Paraibano JAN De 4 a 6 de janeiro acontece o 8º Congresso Espírita Paraibano. Tendo como tema central “Entrega-te a Deus”, baseado na obra de Joanna de Ângelis. O evento terá como palestrantes: Alberto Almeida, Anete Guimarães, Divaldo Franco, Haroldo Dutra, Rossandro Klinjey, Simão Pedro, Suely C. Schubert e Suzana Simões. O congresso contará com intérpretes para LIBRAS – (Língua Brasileira de Sinais) e contará com espaços especiais para participação de crianças e jovens. Local: Teatro Pedra do Reino, no Centro de Convenções João Pessoa. Inscrições: http://fepb.org.br/evento/1419

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Congresso em Uberlândia, MG De 25 a 27 de janeiro, será realizado o 4º Congresso Espírita de Uberlândia, MG, tendo como tema central “Jesus, caminho para a sua paz e a paz do mundo”. Palestrantes: Alberto Almeida, Artur Valadares, Haroldo Dutra, José Carlos de Lucca, Jussara Korngold, Ivana Raisky, Rossandro Klinjey, Simão Pedro dentre outros. Apresentação artística: Tim e Vanessa e Moacyr Camargo. A realização do evento é da Web Radio Fraternidade, que está completando 10 anos. Local: Center Convention. Center Shopping, Uberlândia, MG. Inscrições: https://www.ceu2019.com.br/ JAN

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CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO BILHETE DE NATAL Meu amigo, não te esqueça, pelo Natal de Jesus, de cultivar na lembrança a paz, a verdade e a luz. não olvides a oração cheia de fé e de amor, por quem passa, sobre a Terra, encarcerado na dor. Vai buscar o pobrezinho e o triste que nada tem... o infeliz que passa ao longe sem o afeto de ninguém. consola as mães sofredoras e alegra o órfão que vai pelas estradas do mundo sem os carinhos de um pai. Mas escuta: não te esqueças, na doce revelação, que Jesus deve nascer no altar do teu coração. Do livro Antologia mediúnica do natal, de Casimiro Cunha, por Francisco C. Xavier.

A P S u P I l o n F u J e A F P o c o r A ç Ã o I F A o V P

e o S I o O o z h e t S o F r e D o r A S A O o l e S P e o

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Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

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ENIGMA

Qual a mais difícil caridade a ser praticada? qualquer hora, em qualquer lugar

Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma:

A caridade moral. Allan Kardec, evangelho segundo o espiritismo, cap. 13, item 9.

AGENDA

Passeio na Chácara

Congresso Mundial Espírita 2019 Já se encontram abertas as inscrições para o 9º Congresso Mundial Espírita, que será realizado de 4 a 6 de outubro de 2019 na Cidade do México. Organizado pelo Conselho Espírita do México, o evento terá como tema principal “Edificando o ser espiritual do futuro”. Mais informações: https://9cem.com. OUT

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Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio www.correiofraterno.com.br


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HOMENAGEM

Os que se foram Por izabel vitusso

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rês personalidades de expressão no movimento espírita brasileiro retornaram ao plano espiritual no mês de outubro e não poderiam deixar de ser lembradas nesta edição. Merecem o nosso reconhecimento e gratidão pelo que deixaram!

Richard Simonetti

definições que o autor dá aos mais variados assuntos em sua extensa obra. Como articulista, Richard colaborava assiduamente com jornais e revistas, tendo seus textos publicados no Correio Fraterno, Reformador, RIE, O Clarim, Folha Espírita, e outros. Dentre seus livros estão: Quem tem medo da morte, Depressão: uma história de superação, Suicídio, tudo o que você precisa saber, O plano B e o último livro por ele lançado: O melhor é viver, todos pela editora CEAC, de Bauru.

Zíbia Gasparetto

No dia 3 de outubro, Richard Simonetti, um dos nomes mais conhecidos entre os autores e escritores espíritas da atualidade, desencarnou, depois de lutar bravamente contra um câncer. Richard tinha 82 anos, e em mais de 50 deles trabalhou pela divulgação da doutrina e dedicou-se intensamente ao trabalho de promoção social, principalmente através do Centro Espírita Amor e Caridade, em Bauru, SP, cidade onde nasceu. Como escritor espírita, Richard deixou a sua marca inovando na forma de abordar assuntos delicados, como o medo da morte, dos espíritos, aproximando principalmente os jovens do conteúdo espírita por meio de uma linguagem leve e de muita descontração. Ao todo, publicou 65 livros. Pela Correio Fraterno, lançou em 1983, a obra Temas de hoje, problemas de sempre, enfatizando abordagens espíritas para os desafios da atualidade. E pelo reconhecimento de suas explicações claras, o escritor Raymundo Espelho fez uma homenagem a Simonetti, publicando o livro O pensamento de Richard Simonetti (Correio Fraterno, 2009), com mais de duzentas

anunciou que redirecionaria o seu trabalho para além das fronteiras espíritas, abrangendo também o espiritualismo e passou a publicar suas obras através da editora fundada pelos familiares na época, a Vida e Consciência. Por mais desafios que a médium possa ter passado, envolvendo as críticas que recebera por suas escolhas no campo de sua mediunidade, uma coisa é certa: Zíbia Gasparetto foi quem popularizou o romance espírita e ajudou a difundir a cultura espírita através de seus livros, fazendo chegar até os leitores de forma muito natural conceitos sobre a existência do espírito, as consequências de nossos atos, a realidade da vida após a morte, o porquê da vida, a força do amor, a perfeição das leis divinas e muito mais.

Nazareno Tourinho

Aos 92 anos, Zíbia Gasparetto desencarnou em São Paulo, no dia 10 de outubro, também vitimada pelo câncer. Nascida em 1926, em Campinas, SP, mas residente em São Paulo, assinou como médium 58 obras, entre romances, crônicas e pensamentos. Seu primeiro livro, o romance O amor venceu (1958), tornou-se grande fenômeno de vendas, com mais de meio milhão de cópias vendidas. Em 1980 a Correio Fraterno republicaria a sua obra Entre o amor e a guerra, editada originalmente em 1975, pela editora Lake. Até a década de 1990, 27 livros foram ditados para a médium pelo espírito Lúcius, que a acompanhava em sua tarefa da divulgação do espiritismo através da literatura. No período seguinte, Zíbia

Escritor espírita e dramaturgo, Nazareno Tourinho nasceu em Belém, no Pará, e desencarnou dia 18 de outubro, aos 83 anos. Conhecido no meio espírita por sua vasta cultura e também pela ela maneira contundente de defender os seus pontos de vista, Nazareno era conhecido no campo da dramaturgia. Autor de inúmeras peças teatrais premiadas, teve pelo menos duas delas levadas ao público por nomes conhecidos das artes cênicas: o diretor Cláudio Correia e Castro, com a peça Nó de quatro pernas, e Wolf Maia, com a peça Fogo cruel em lua de mel. Autor de mais de vinte obras espíritas, gostava de defender suas ideias com ardor. Ao prefaciar uma das obras de Nazareno Tourinho, A ética espírita sem misticismo, um dos seus quatro livros publicados pela Correio Fraterno, o escritor Deolindo Amorim escreveu que “sua escrita retrata o seu ímpeto de jornalista, e não propriamente o estilo leve de um homem de letras, que escreve apenas por diletantismo”. Membro da Academia Paraense de Letras desde 1969, Nazareno era presença marcante nos Congressos Brasileiros de jornalistas e Escritores Espíritas. Alguns de seus livros são: Edson Queiroz: o novo Arigó dos espíritos; Relações humanas nas casas espíritas; Carlos Imbassahy: o homem e a obra; Saudade de Deus; Kardec, Jesus e a filosofia espírita.

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VOCÊ SABIA?

Cem anos da desencarnação de EURÍPEDES BARSANULFO Por RAYMUNDO R. ESPELHO

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o dia 1º de novembro completaram-se 100 anos da desencarnação de um dos grandes líderes espíritas, que viveu na cidade de Sacramento, no Triângulo Mineiro, e como espírito preparado que foi, realizou profícuo trabalho na divulgação da doutrina dos espíritos, pelo seu exemplo, e principalmente pela assistência a tantas pessoas que buscavam nele o socorro, entrando, assim, em contato com o espiritismo. Nascido no dia 1º de maio de 1880, Eurípedes Barsanulfo foi brilhante como professor, orador e escritor e um médium de excelentes potencialidades. Psicografia, psicofonia, curas, efeitos físicos, vidência, receituário, uma gama de fenômenos por seu intermédio atraíam

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para a cidade de Sacramento centenas de pessoas. Sua capacidade de desdobramento era tão comum que o médium frequentemente atendia, de onde estivesse, enfermos em outras localidades. Ao retornar, narrava o que tinha visto e feito, sendo confirmado pelos socorridos. Eurípedes Barsanulfo converteu-se ao espiritismo quando tinha 25 anos de idade. Buscou pelo estudo da homeopatia, nos livros de um amigo chamado Ormênio, a cura para a enfermidade de sua mãe, dona Meca. Graças à sua inteligência privilegiada, além da bagagem que já possuía em espírito, muito se destacou no campo da medicina e do direito. Também dissertava sobre astronomia, filosofia, matemática,

ciências e literatura com extraordinária segurança, sem possuir nenhum diploma de nível superior. Após seus estudos e anotações dos livros de Ormênio, Eurípedes criou uma pequena farmácia homeopática, com seus próprios recursos, onde atendia aos necessitados da periferia da cidade, sem deixar de prestar socorro a quem quer que o procurasse. “Bastava o primeiro ‘toc’ à sua porta a qualquer hora da madrugada, para prontamente atender o pedido de urgência”, lembra Miguel Domingos de Oliveira, o ‘Tio Miguel’, uma referência no movimento espírita de Uberlância, MG, através do Centro Espírita Joana d’arc. Ele foi não apenas paciente de Eurípedes, como também testemunha ocular de seus feitos, pois quando criança acompanhava seu pai, no carro-de-boi, na entrega dos queijos à venda do sr. Mogico, pai de Eurípedes Barsanulfo.

Comprometido com a verdadeira cura da alma, passados cem anos de sua desencarnação, Eurípedes continua no trabalho do despertar da humanidade. Em mensagem ditada ao médium Francisco Cândido Xavier, em Ribeirão Preto, SP, no dia 14 de novembro de 1965, ele deixa o recado: “O Mestre espera que façamos do coração o templo destinado à sua presença divina. Enche-vos o mundo de sombras? Verificam-se deserções, dissabores e tempestades? Continuemos sempre. Atendamos ao programa do Cristo. Que ninguém permaneça nas ilusões venenosas de um dia. Deste ‘outro lado’ da vida, nós vos estendemos as mãos fraternas. Unindo-nos mais intensamente no trabalho, em vão rugirá a tormenta. Jamais vos entregueis à hesitação ou ao desalento, porque, ao nosso lado, flui a fonte eterna das consolações com o amor de Jesus Cristo.”


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DIRETO AO PONTO

Educar para evoluir Por UMBERTO FABBRI

A

progressão de nosso planeta só será possível mediante o avanço que seus habitantes, ou seja, quando ouvimos dizer que a Terra está em fase de transição, equivale dizer que seus habitantes passam por um momento de transformação em que buscam sua melhoria. Apesar das manchetes e notícias calamitosas amplamente divulgadas pela mídia, nós progredimos, não só intelectual, mas moralmente também e para que esta era de regeneração avance de forma mais efetiva precisamos investir mais na educação. Segundo Allan Kardec, “é pela educação, mais do que pela instrução que se transformará a humanidade.” Podemos citar ainda o educador, pedagogo e filósofo Paulo Freire, que diz que “a educação muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo”, não bastando nos instruir, mas nos educar moralmente. O sonho dos pais é o de que seus filhos sejam felizes. Hoje entendemos que a felicidade é mais do que ter um bom emprego, constituir uma família, ter sucesso financeiro e conquistas que nos coloquem em local de evidência na sociedade. Felicidade tem relação com o nosso íntimo, com aquilo que valorizamos e principalmente com a forma com a qual nos relacionamos com o outro, com a vida e conosco mesmos. A habilidade de viver em harmonia, vivenciando a paz que decorre do bem-

-estar das relações equilibradas e saudáveis é algo extremamente desejado. Todavia, para isso, necessitamos de esforço, controle emocional e fraternidade legítima. Um dos nossos grandes desafios é a formação de nossos filhos, dentro da primeira célula da sociedade que é a família, em bases sólidas, com valores morais adequados, onde o respeito, a generosidade, a responsabilidade e a boa vontade imperem. Para isso, precisamos para fundamentar a teoria do bem vivenciar estes mesmos valores. Sendo assim, para educar, precisamos nos educar. E é desta

forma que o mundo se transforma... Trabalhar nossos hábitos contraproducentes, automatizados e não refletidos é a chave para a mudança tão necessária, pois nossos filhos terão como referência o que vivenciaram em seu núcleo familiar, reproduzindo quase sempre os mesmos hábitos. Sempre salientamos a importância de apresentarmos Deus aos nossos filhos. Mesmo que não frequentemos assiduamente uma casa religiosa, podemos ensinar a eles sobre os preceitos de amor e bondade que devem nortear nossos passos e que verdadeiramente nos trazem a felicidade.

Se for um mundo novo o que desejamos, precisamos agir de modo diferente. E cada família recebe do Pai a grande oportunidade de empreender esta mudança por meio dos corações pequeninos que recebe na figura dos filhos, pois eles são o futuro e por seu intermédio podemos semear o amor e a paz. Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor dos livros O traficante, Amor e traição e Pecado e castigo, (ditados por Jair dos Santos) e O político (por Adalberto Gória), ed. Correio Fraterno.

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MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Cabeleireiros trocam cortes por alimentos

Brasil assume meta para reduzir quantidade de açúcar em alimentos

Cerca de 250 pessoas formaram uma corrente humana para ajudar uma livraria comunitária em Southampton, na Inglaterra, a mudar para uma nova loja, depois que um aumento de aluguel tornou caras demais as antigas instalações do estabelecimento. Eles transportaram mais de 2 mil livros para o novo endereço, a 150 metros. A nova loja fica numa antiga agência bancária que foi comprada com recursos arrecadados com doações e empréstimos. “É incrível. O poder da comunidade se unindo e alcançando algo assim”, comentou Jani Franck, que participou da corrente humana.

O Ministério da Saúde anunciou uma meta para reduzir a quantidade de açúcar em alimentos industrializados produzidos no Brasil. O plano prevê uma diminuição de até 144 toneladas na utilização do ingrediente até 2022. Achocolatados em pó, bebidas adoçadas, biscoitos, bolos e mistura para bolos e produtos lácteos são as categorias que entram na meta. O brasileiro consome, em média, 30 quilos de açúcar por ano, quantidade muito acima dos 18,2 quilos recomendados pela OMS. De acordo com o Ministério da Saúde, o número de brasileiros com diabetes aumentou 61,8% entre 2006 e 2016.

No último fim de semana de novembro, uma “Ação entre amigos” reuniu 62 cabeleireiros de Brasília para uma causa nobre: ajudar neste Natal crianças carentes e com algum tipo de deficiência. A ideia era trocar corte, nutrição e modelagem de cabelos por alimentos não perecíveis. Com o preço único de 5 kg de alimentos para cada um dos serviços, em sete horas de trabalho, eles arrecadaram mais de 2,5 toneladas de alimentos para crianças carentes em 468 serviços executados.

Fonte: Portal G1

Fonte: Veja

Fonte: Portal TNH1

FERNANDO CASTRO FOTOGRAFIA

Voluntários fazem corrente humana para transportar livros

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