Correio Fraterno 485

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CORREIO

Entrevista

SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

ISSN 2176-2104

FRATERNO

O acesso de pessoas surdas à doutrina espírita

Ano 51 • Nº 485 • Janeiro - Fevereiro 2019

Mestra em educação, Heliane Alves Costa fala sobre os projetos de inclusão de surdos no movimento espírita e as diversas frentes que vêm se organizando pelo Brasil. Leia nas páginas 4 e 5.

Magnetismo Tudo em seu devido lugar

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estre e doutor em física, professor da Universidade Estadual de Campinas, Alexandre Fontes da Fonseca analisa a inadequação do uso da palavra magnetismo para expressar fenômenos espíritas: passe, cura, a ação da prece à distância, ou a simples transmissão ou troca de fluidos entre as pessoas. “A palavra ‘magnetismo’ se tornou conhecimento científico apenas em física e com significado bem próprio e distinto daquilo que outrora chamavam por magnetismo animal”. Kardec já sabia que o termo magnetismo era inadequado para denominar o fenômeno. Ele o utilizou em sua época porque a palavra e o conceito eram atuais e conhecidos. Naqueles tempos, o magnetismo animal era uma área do conhecimento com muitos adeptos, promissora para se tornar uma área científica, o que acabou não ocorrendo. Leia mais nas páginas 8 e 9.

Beethoven A comunhão do gênio com a espiritualidade Considerado o maior de todos os compositores musicais, a vida de Ludwig van Beethoven é um exemplo vivo do que é a sublimidade da arte. Traz também inúmeros fatos que revelam a sua sensibilidade mediúnica. Ele dizia que se sentia obrigado a deixar transbordar as ondas de harmonia que lhe vinham. Leia na página 7.

Espiritismo na terra de Confúcio Apesar de representar quase 20% da população mundial, até agora os chineses não podiam contar com nenhuma obra espírita em seu idioma nativo. Esta situação mudou com o lançamento de O livro dos espíritos em chinês. O trabalho pioneiro é resultado do projeto iniciado por Emanuel Dutra, em parceria com o tradutor chinês Wallace Gu. Leia mais na página 3.

O acaso não existe e a vida se encarrega de trazer sempre novas oportunidades!

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EDITORIAL

Divulgação cuidadosa

e inclusiva

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á 150 anos, em 31 de março, Allan Kardec desencarnava em Paris, França, deixando uma obra de imenso valor espiritual para o progresso da humanidade terrena. Trabalhou pelo espiritismo até o último momento de sua vida, quando subitamente, ao entregar um número da Revista Espírita a um caixeiro de livraria, curvou-se sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra. Estava morto. Foram quinze anos de estudo e pesquisas sobre o espiritismo. O legado deixado por Kardec aos espíritas é de enorme responsabilidade para que se processe a transição de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração na Terra, cabendo-nos o esforço mínimo de nos mantermos ao menos fiéis à obra da

Codificação. Parece fácil. Mas não é, pois a obra só estará pronta quando estiver sendo vivenciada por todos nós. É assim que toda divulgação do espiritismo deve ser cuidadosa e inclusiva. Tendo como bandeira a fraternidade, cumpre ao espiritismo acolher a todos em suas dores e seus amores, contribuindo com seus ensinamentos para a formação de uma sociedade mais justa e feliz. Esta edição traz assuntos importantes que se referem a essa visão mais globalizante de divulgação. Da entrevista sobre a inclusão dos surdos nas casas espíritas às dicas sobre a implantação de web rádios, da mediunidade-exemplo de Chico Xavier à edição de O Livro dos espíritos em chinês, tudo nos leva a refletir sobre o quanto

• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros.

ainda temos a desbravar e a caminhar, com esperança, fé, humildade e determinação. As opções de divulgação se ampliam, mas a coerência doutrinária deve permanecer. Sempre. Os desafios são grandes, incluindo o cuidado com as palavras que expressam as ideias espíritas, como destaca o físico Alexandre Fonseca em seu texto sobre magnetismo. Boa Leitura! Equipe Correio Fraterno

Achei muito interessante o artigo “Ser espí-

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118

Presidente: Izabel Regina R. Vitusso Vice-presidente: José Natal Inácio Tesoureiro: Olímpia Iolanda da S. Lopes Secretário: Vladimir Gutiérrez Lopes Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br

• A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos.

• Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento.

piritismo está sempre atual e tão perto de nós. São tantas respostas que a codificação nos dá que chego a ficar emocionada. Parabéns pela reportagem. Excelente. Antonieta, por e-mail

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br JORNAL CORREIO FRATERNO Fundado em 3 de outubro de 1967 Vinculado ao Lar da Criança Emmanuel www.laremmanuel.org.br www.facebook.com/correiofraterno Diretor: Raymundo Rodrigues Espelho Editora: Izabel Regina R. Vitusso Jornalista responsável: Eliana Ferrer Haddad (Mtb11.686) Apoio editorial: Cristian Fernandes Editor de arte: Hamilton Dertonio Diagramação: PACK Comunicação Criativa www.packcom.com.br Administração/financeiro: Raquel Motta Comercial: Magali Pinheiro Auxiliar geral: Ana Oliete Lima Apoio de expedição: Osmar Tringílio Impressão: LTJ Editora Gráfica

• Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas.

• Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.

rita em 2019”. Estou começando no espiritismo. E ele me ajudou a ver o espiritismo aplicado no nosso dia a dia. Valéria R. Soares, Itapevi, SP Sou espírita há mais de 20 anos e fico tão feliz quando vejo textos como o de Alexandre Caldini (Ser espírita em 2019 - edição 484) que tenho vontade de mostrar o jornal pra todo mundo pra dizer como o es-

Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

FALE COM O CORREIO Ser espírita O autor do texto de capa da última edição tocou o meu coração: o texto é um excelente subsídio para se estudar a doutrina. Deu vontade de marcar tudo o que ele acentuou e ir nas obras básicas para ler de novo. Minha gratidão! Que Jesus o fortaleça. Loreni Biriteli, São Paulo.

Uma ética para a imprensa escrita

Telefone: (011) 4109-2939 Whatsapp: (011) 97334-5866 E-mail: correiofraterno@correiofraterno.com.br Site: www.correiofraterno.com.br Twitter: www.twitter.com/correiofraterno Atendimento ao leitor: sal@correiofraterno.com.br Assinaturas: entre no site, ligue para a editora ou, se preferir, envie depósito para Banco Itaú, agência 0092, c/c 19644-3 e informe a editora. Assinatura anual (6 exemplares): R$ 48,00 Mantenedor: acima de R$ 48,00 Exterior: U$ 34.00 Periodicidade bimestral Permitida a reprodução parcial de textos, desde que citada a fonte. As colaborações assinadas não representam necessariamente a opinião do jornal.

• Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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Acontece

O Livro dos Espíritos,

agora em chinês Por Eliana Haddad

O plano espiritual não está parado. Há bons indícios de mudanças no ar: 40% da população da Coreia já é cristã, e em 2030 a China provavelmente já será o país com a maior população cristã do planeta

A

pesar de representar quase 20% da população mundial, até agora os chineses não podiam contar com nenhuma obra espírita em seu idioma nativo. Esta situação mudou com o lançamento de O livro dos espíritos em chinês, primeira tradução de uma obra de Allan Kardec para a língua de Confúcio. O trabalho pioneiro é resultado do projeto iniciado por Emanuel Dutra, que se associou ao tradutor chinês Wallace Gu para a empreitada, além de abrir a editora Luchnos nos Estados Unidos para realizar esta tarefa. Quando o projeto de tradução de O livro dos espíritos foi iniciado, o desafio imediato era descobrir como traduzir as

palavras que ainda não existiam em chinês, a começar pela palavra ‘espiritismo’. “Foi necessário um mês para definirmos o vocabulário específico, como espiritismo, perispírito, erraticidade, médium etc”, explica Emanuel Dutra. Brasileiro, nascido em berço espírita, Dutra morou por oito anos nos Estados Unidos, onde estudou e trabalhou após formar-se. Trabalhando para um fundo de investimentos com sede na Ásia, visitou a China pela primeira vez em 1997. Retornando ao Brasil, passou a estudar chinês a partir de 2002 e, após alguns anos, ‘intuitivamente’ se perguntou: “Por que não trabalhar na tradução de Kardec para o chinês?” Até que em 2017, juntou-se a Walla-

ce Gu, chinês nativo e fluente também em inglês, para dar seguimento ao seu projeto. Pela dificuldade de encontrar um tradutor especializado nesta área que pudesse verter a obra diretamente do francês, o projeto resultou numa nova tradução do livro em inglês, que serviu como idioma intermediário no processo. “Para os chineses, o espiritismo simplesmente não existe, e a melhor forma de torná-lo conhecido é disponibilizando as obras de Allan Kardec em chinês. Penso que os próprios chineses ou seus descendentes residentes no Brasil venham a ser os grandes divulgadores da obra, não somente para o 1,4 bilhão de habitantes na China, como também para os 50 milhões de chi-

neses espalhados pelo mundo. Da mesma forma foram os brasileiros que emigraram para os EUA os maiores responsáveis pela difusão do espiritismo entre os americanos”. Ele ressalta o crescimento do cristianismo no Oriente e a importância da obra de Kardec para a compreensão do Evangelho e das obras da codificação espírita, que permitem um entendimento mais abrangente sobre a espiritualidade, incluindo a reencarnação, a sobrevivência da alma e a existência do espírito. “O espiritismo se adequa perfeitamente à tradição religiosa da China, uma vez que as três grandes correntes religiosas de lá — o confucionismo, o taoísmo e o budismo — são basicamente reencarnacionistas. Some-se a isso o crescimento acelerado do cristianismo. Após ser virtualmente eliminado com a Revolução Cultural nos anos 1960, o cristianismo ressurgiu fortemente, contando hoje com mais adeptos do que o próprio partido comunista chinês. O plano espiritual não está parado, atento às necessidades espirituais do planeta, e há bons indícios de mudanças no ar: 40% da população da Coreia já é cristã, e em 2030 a China provavelmente já será o país com a maior população cristã do planeta. Na China, especificamente, a tradição reencarnacionista aliada à emergente fé cristã faz do espiritismo um caminho natural para muitos chineses”, observa. A Luchnos já se prepara para o período de divulgação. Aliás, Luchnos quer dizer candeia e, como alertou Jesus, a luz deve ser colocada acima do candeeiro para que sua abrangência seja cada vez maior e possa iluminar todas as regiões. Saiba mais em www.luchnos.com www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA

A inclusão das pessoas surdas nas casas espíritas Por Eliana Haddad e Izabel Vitusso 1

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1 - 4º Encontro Nacional de Surdos e Ouvintes Espíritas, realizado em BH, em dezembro de 2018. 2 - Heliane Alves: “A inclusão não se restringe à alocação dos intérpretes de Libras nas casas espíritas”

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evar o cristianismo redivivo para o maior número de pessoas através da divulgação do espiritismo é o que tem

nos movido nesses anos todos de movimento espírita. O

público e as suas particularidades são os mais diversos. E isso é o que levou a psicopedagoga, mestra em educação, Heliane Alves de Carvalho Costa, a ingressar em uma nova frente de trabalho. Intérprete de Libras – Língua Brasileira de Sinais –, ela entendeu a grande demanda nesse quesito no meio espírita. Sobre este assunto, a consultora em educação inclusiva fala sobre as diversas frentes que vêm sendo desenvolvidas nesse grande projeto de inclusão. Conhecendo-os, podemos também ajudar a romper barreiras. www.correiofraterno.com.br

Como você se envolveu com o tema e como foi desenvolvido o projeto de acessibilidade das pessoas surdas à doutrina espírita? Heliane Alves: Em 2007, pela primeira vez, acompanhei uma pessoa surda no Grupo da Fraternidade Espírita Irmã Scheilla, em Belo Horizonte, MG, dando início ao trabalho voluntário de tradução e interpretação de Libras nas reuniões públicas, aos domingos. Nessa época, foi necessário investir na organização dessa tarefa, considerando que se tratava de um assunto desconhecido por muitos. Então, criei dois projetos concomitantemente: “Acessibilidade das pessoas surdas à doutrina espírita” e o “Projeto de inclusão e diversidade nas casas espíritas”. Até então, não era comum que pessoas surdas frequentassem as casas espíritas, talvez pela falta de acessibilidade, considerando que esse público se comunica por meio de uma língua diferente da língua portuguesa, a Língua Brasileira de Sinais, que foi oficializada pela Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e regulamentada pelo Decreto nº 5626, de dezembro de 2005. Os projetos foram acolhidos pelo Grupo Espírita e, aos poucos, apareceram outras pessoas surdas e outras intérpretes voluntárias. Por que um dicionário específico? Por quem foi elaborado? No trabalho, percebemos que muitos sinais em Libras que são utilizados por outros espaços religiosos não se adequavam à nossa realidade, considerando as divergências conceituais e doutrinárias. Além disso, há muitos conceitos expressos pela doutrina espírita (perispírito, consolador, Espírito de Verdade, entre outros) que não apresentam sinais em Libras equivalentes. Surgiu então o desejo de criar um grupo de pesquisa, visando qualificar e ampliar o trabalho. Organizamos um projeto de pesquisa e convidei um grupo de pessoas para participar. No dia 3 de outubro de 2014, criamos esse grupo, denominado Estudos Surdos

Espíritas (GES Espíritas), composto por pessoas surdas e por ouvintes bilíngues. Sua estrutura é formada por uma orientadora/ coordenadora da pesquisa, uma equipe que compõe o colegiado, dez pesquisadores bilíngues e diversos colaboradores espíritas. Essa equipe desenvolveu estudos sistematizados sobre a doutrina espírita, criou e catalogou os sinais da Língua Brasileira de Sinais que estão identificados no Dicionário espírita em Libras (disponível em: www.dicionarioespiritalibras.com.br). Todo trabalho desenvolvido seguiu procedimentos metodológicos sistematizados. Qual a importância da divulgação do espiritismo em Libras? A promoção de acessibilidade da pessoa surda permite que ela tenha conhecimento e informações sobre a doutrina espírita, potencializando-lhe assim a oportunidade de desenvolver a sua evolução espiritual. Se aos olhos de Deus somos todos iguais, é importante considerarmos a individualidade de cada um. A divulgação em Libras permite essa igualdade no acesso à doutrina espírita. É importante lembrar que esse processo de inclusão não se restringe à alocação dos intérpretes de Libras nas casas espíritas. É muito mais. E é importante compreender as especificidades linguísticas, culturais, sociais, educacionais e emocionais inerentes a elas. A demanda por essa divulgação é grande nas casas espíritas? A oferta de acessibilidade para as pessoas surdas nas casas espíritas ainda é recente. São poucos os surdos que conhecem a doutrina, e poucos espíritas estão envolvidos nesse grande projeto de acessibilidade. Em Belo Horizonte, esse trabalho continua, todos os domingos no Grupo da Fraternidade Irmã Scheilla, e ainda desenvolvemos várias atividades com foco na inclusão. Participamos de diversos seminários, congressos, eventos espíritas, tanto em Minas Gerais quanto em outros estados. Promovemos consultorias e


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São poucos os surdos que conhecem a doutrina, e poucos espíritas estão envolvidos nesse grande projeto de acessibilidade .” realizamos diversas gravações em Libras de vídeos espíritas. Além dos trabalhos desenvolvidos pelo GES Espíritas, há outros estados que estão realizando ações inclusivas (Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo,Tocantins) e também desenvolvendo estudos e criações de sinais. Nos últimos quatro anos, esses estados realizaram o Encontro Nacional de Surdos e Ouvintes Espíritas. O último encontro, o 4º ENSOE, foi sediado em Belo Horizonte, com a participação de cerca de 180 pessoas, sinalizando que há um aumento significativo de pessoas interessadas no assunto. Como as casas espíritas podem atuar nesse sentido? Primeiramente é importante investir na forma-

ção e informação sobre o assunto. Buscar parcerias com outras casas para desenvolver trabalhos de oficinas de Libras, divulgar a importância da acessibilidade comunicacional e, caso haja o acolhimento de uma pessoa surda na casa, é importante oferecer o intérprete de Libras. Quais resultados já foram alcançados com esse trabalho na sua casa espírita? Já alcançamos bons resultados, depois de onze anos de promoção de acessibilidade e inclusão, no Grupo Irmã Scheilla. Realizamos traduções e interpretações das reuniões públicas aos domingos, sem interrupção e, com isso, aumentamos o público de pessoas surdas que participam. Aguçamos a curiosidade e o desejo de muitos aprenderem a

Língua Brasileira de Sinais. Já realizamos oficinas de Libras para sete turmas. Atualmente é possível prestigiar a relação fraternal entre surdos e ouvintes que conversam no ambiente da casa espírita. Estamos oferecendo agora o 2o módulo do Ciclo de Estudos Espíritas em uma turma inclusiva (surdos e ouvintes), tendo a presença de intérprete de Libras. Realizamos também consultorias para outras casas espíritas, gravações de vídeos com janela de Libras (espaço delimitado no vídeo que mostra a imagem do intérprete realizando a tradução e interpretação). Legalmente, a casa espírita, em uma palestra, deveria ter um intérprete para atender a esses interessados? Sim. Há vários aportes legais que determinam o direito de acessibilidade comunicacional às pessoas surdas. Os mais recentes são o Decreto nº 5.626, de dezembro de 2005 que regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e a Lei Brasileira de Inclusão nº 13.146, de 06 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Mas há outra lei, que é a mais importante de todas. Trata-se da única lei capaz de transformar a sociedade. É a lei do Amor! www.ensoe.com.br

Rompendo barreiras, fazendo a diferença

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ançado dia 8 de dezembro, na sede da União Espírita Mineira, durante o 4º Encontro Nacional de Surdos e Ouvintes Espíritas, o Dicionário espírita em Libras traz 350 verbetes de termos espíritas em português e sua tradução para Libras. O acesso é gratuito, através de site com visualizações em forma de vídeos. (www.dicionarioespiritalibras. com.br). O projeto obteve apoio da União Espírita Mineira, Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte e da Federação Espírita Brasileira. “O espiritismo ainda tem muitas barreiras com a falta da Libras. Eu, assim como outras pessoas surdas, queremos absorver os conhecimentos do espiritismo, entendê-lo com clareza, perceber e realizar a reforma íntima. Aproveitar a oportunidade de trocar com outros ouvintes que aceitam compartilhar através da Libras. Isso é muito importante para a minha transformação.” Mônica Tintore – Professora surda de Curitiba. “Em algumas igrejas católicas e evangélicas há intérpretes que apresentam uma boa acessibilidade. Aos poucos essa acessibilidade está se iniciando na casa espírita, às vezes uma pessoa ou outra. Por isso, vivo incentivando os ouvintes a aprenderem Libras e também a traduzirem na casa

LIVROS & CIA. FEB Editora Telefone: 61 2101-6161 www.febeditora.com.br O grande enigma de Léon Denis 184 páginas 16x23 cm

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espírita. A evangelização do surdo é muito importante. Porque ele fica perdido, por falta de conhecimento, por falta de amor. A maior parte deles tem dificuldade de entender e aceitar as coisas da vida.” Ronise Oliveira – Professora surda do Rio de Janeiro. “A cada Encontro Nacional abrem-se novas possibilidades para o movimento espírita de surdos. Esse ano já está se compondo uma comissão nacional, além das comissões regionais já existentes em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba. Existem também trabalhos sendo realizados no Amazonas, Mato Grosso do Sul, Amapá, Tocantins e Pará. A cada ano esses encontros nacionais vão alertando as próprias representatividades estaduais, como as federações, para essa realidade. É o momento de consciência para as casas espíritas, que devem se abrir para trabalhar com as diferenças. Não podemos ficar na zona de conforto. Kardec nos mostrou o quanto é possível fazer a diferença na vida das pessoas.” Verônica Lima – Professora e intérprete ouvinte do Rio de Janeiro.

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Assista ao vídeo com os depoimentos acima em Libras no www.correiofraterno.com.br www.correiofraterno.com.br


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LEITURA

O progresso espiritual a cada reencarnação Por Sônia Kasse

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través da reencarnação podemos buscar nosso aperfeiçoamento gradual, com o objetivo de expiar as faltas cometidas em outras vidas. O livre-arbítrio nos foi concedido para que possamos decidir como agiremos no processo evolutivo e se realmente somos capazes de aproveitar essa nova oportunidade para redimir nossas culpas e, assim, elevarmos nosso espírito para o bem. O romance Juntos outra vez, psicografia de Michell Paciletti e L’Lino (espírito), publicado pela Correio Fraterno, elucida muito bem os caminhos trilhados pelos espíritos que estão em busca de aprimoramento. Nesse romance, o autor desvenda o envolvimento dos personagens Paulete e Jean Michel que originaram sua obra Amor maior, publicada em 2013 pela mesma editora, e que agora como Valentina e Martim trazem à tona todas as vivências que marcaram seus personagens. Espírito evoluído, Valentina procura

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com muito amor ajudar os necessitados, que estão em recuperação no hospital espiritual de Aurora Nova. Apesar de tanta dedicação, seu coração pesa por saber que Martim, seu grande amor, encontra-se em zonas umbralinas, rodeado por espíritos trevosos que se tornaram seus algozes, mantendo-o acorrentado a pensamentos de ódio e vingança. Valentina mantém suas orações e, com muita fé, solicita a oportunidade de voltar à vida física, através da reencarnação, com o propósito de auxiliar Martim no seu processo evolutivo. Ela se desdobra entre cuidar dos irmãos e visitar Martim no umbral, no intento de visualizar alguma melhora no seu amado, mas o que vê é um jovem totalmente envolto por espíritos doentios. Mas, o verdadeiro amor enfrenta barreiras e não desiste nunca. Ela consegue levar Martim ao hospital para que inicie seu processo de recuperação e dessa forma

poder trilhar sua nova jornada na Terra. A partir daí o romance segue com os personagens Betina e Guilhermo, pais de Martim; Stefano D’Angelo e Helena, pais de Alicia; e Salvatore e Angelina, pais de Valentina, todos vivendo do trabalho árduo da lavoura em suas terras. Terras essas cobiçadas pelo inescrupuloso Sr. Gilbert, dono de grande parte das propriedades, mas que, ganancioso, insiste em adquirir as terras vizinhas para consolidar o seu império. No decorrer da leitura, muitas situações envolvendo esses personagens ocorrem e uma grande reviravolta mudará todo o rumo da história. Apesar de serem obras distintas, seria interessante, ao leitor, ler as duas obras Amor maior e Juntos outra vez e, assim, acompanhar o processo de reencarnação, onde o amor, a caridade e a fé são o bem maior para o progresso espiritual.


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BAÚ DE MEMÓRIAS

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

Beethoven

A comunhão do gênio com a espiritualidade Por Izabel Vitusso

Beethoven: A música é o único acesso espiritual nas esferas superiores da inteligência”

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onsiderado o maior de todos os compositores musicais, Ludwig Van Beethoven, nasceu na Alemanha, em 1770. Seu talento e sensibilidade impressionavam desde cedo, como pianista, professor e como exímio compositor. Aos 25 anos, ele já vendia sem dificuldades suas composições para os editores musicais da época. Mas ao se aproximar dos 30 anos, os primeiros sintomas da surdez começaram a lhe aparecer, tendo início uma vida intensa de privações. Alma sensível e de extrema bondade, Beethoven tinha a perfeita intuição de que viera ao mundo não para uma vida tranquila, mas para realizar grande obra. “Quero provar que todos os que procedem bem e nobremente podem, por isso mesmo, suportar a desgraça”, dizia. Apaixonado pelas ideias de Platão e Plutarco, costumava se refugiar nos bosques para sentir as vibrações da natureza. Como médium, constantemente recebia inspirações, que anotava em um caderno que

sempre carregava. Em momentos como estes, ao piano, seu rosto se transfigurava, suas veias saltavam e seu olhar se fixava ao infinito. Ao explicar de onde lhe provinha a concepção de suas obras-primas, dizia que se sentia obrigado a deixar transbordar as ondas de harmonia que lhe vinham. Procurava acompanhá-las e delas se apoderar, mas elas lhe escapavam, para retornarem depois, quando ele apreendia com ardor a inspiração. Arrebatado, multiplicando todas as modulações, por fim, se apropriava do primeiro pensamento musical. Quando os críticos observavam que algumas de suas passagens musicais ultrapassavam a capacidade dos instrumentos para os quais tinham sido escritas, ele respondia: “Acreditarão, acaso, possa eu pensar num miserável violino quando converso com o espírito? Seria o mesmo que esperar que um vulcão vertesse as suas lavas em moldes artificiais preparados por mãos humanas.” Debatendo-se diante da surdez, que o levava cada vez mais ao isolamento social e a ser extremamente criticado, Beethoven desabafava: “Quero afrontar o destino; mas há momentos em que sou a mais miserável das criaturas de Deus. Resignação! Que triste refúgio. E é, entretanto, o único que me resta”. Essa tristeza se exprime em várias de

suas obras. Na Quinta sinfonia em dó menor, como escreveu o compositor francês Berlioz, Beethoven desenvolve seu próprio pensamento, e suas mágoas, sua cólera, seus sonhos tão cheios de melancolia, suas explosões de entusiasmo. “É a história da luta do homem contra o destino, e da vitória do homem guiado pelo céu.” Beethoven mesmo reconhece ter nascido com um temperamento ardente e altivo, dado até mesmo às distrações sociais, mas cedo se viu forçado a viver solitário. “Não me era possível dizer aos homens: Falai mais alto, gritai, porque sou surdo! Ah! Como poderia revelar a deficiência de um sentido que deveria em mim ser mais perfeito que nos outros, um sentido que possuí outrora tão apurado, como poucos na minha profissão o tiveram!”. “Perdoem-me, dizia, se me veem viver afastado, quando eu quereria misturar-me convosco. Dupla é a minha infelicidade, pois deve ser desconhecida.” Deixa claro que foi a arte que o ajudou a se manter vivo. “Parecia-me impossível deixar este mundo sem ter realizado tudo o de que me sentia incumbido.” Às vezes arriscava o convívio social, mas se sentia extremamente humilhado, quando alguém ao seu lado descrevia o som de

uma flauta ao longe ou o canto do pastor e ele nada percebia. Durante os anos de surdez total foi quando Beethoven criou suas melhores composições, consideradas verdadeiras obras-primas. E dizia: “Tenho necessidade de viver só comigo mesmo. Sinto que Deus e os anjos estão mais próximos de mim, na minha arte, do que os outros. Entro em comunhão com eles, e sem temor. A música é o único acesso espiritual nas esferas superiores da inteligência.” O compositor pede aos irmãos que, assim que ele morresse, que fosse até o professor Schmidt para que ele descrevesse a sua moléstia e a ela juntasse a carta que ele deixava, a fim de que o mundo se reconciliasse com ele. Agradece ao irmão Garl, por seu devotamento e lhe deseja uma vida feliz. Pede que aconselhe aos filhos a Virtude. “Somente ela, não o dinheiro, pode dar felicidade. Falo por experiência. Foi ela que me susteve na miséria.” Bibliografia: As 100 maiores personalidades da história, Michael H. Hart. Difel. Grandes vultos da humanidade e o espiritismo, Silvio Brito Soares. FEB.

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ESPECIAL

Afinal, o que é

MAGNETISMO? Por Alexandre Fontes da Fonseca

É correto falarmos magnetismo e passe magnético na doutrina espírita?

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assados 160 anos de doutrina espírita, podemos dizer que não é atual usarmos a palavra magnetismo para expressar fenômenos espíritas como o passe, a cura, a ação da prece à distância, ou a simples transmissão, transfusão ou troca de fluidos entre as pessoas. Isso porque a palavra ‘magnetismo’ se tornou conhecimento científico apenas em física e com significado bem próprio e distinto daquilo que outrora chamavam por ‘magnetismo animal’. Magnetismo animal não é um fenômeno magnético como a ciência entende hoje: um tipo de força entre partículas de carga elétrica que estão em movimento ou decorrente de uma propriedade quântica de partículas microscópicas chamada spin1,2. O magnetismo animal é um fenômeno de interação entre as pessoas através de passes e imposição de mãos, cujos mecanismos, hoje, só o espiritismo explica, baseando-se na existência e propriedades do fluido universal. Por essa razão, o Espírito E. Quinemant, na Revista Espírita (junho/1867), afirma que o magnetismo é “uma variedade do espiritismo, na qual Espíritos enwww.correiofraterno.com.br

carnados agem sobre outros Espíritos encarnados.” O espiritismo ensina que a modificação das qualidades dos fluidos se dá através da ação do pensamento, assim explicando a eficácia do que outrora chamavam de magnetismo. Em A gênese Em particular, no item 33, do capítulo 14 de A gênese, o espiritismo define os conceitos de magnetismo humano, magnetismo espiritual e magnetismo misto em termos puramente espíritas. Isso demonstra a excelência da doutrina espírita como teoria capaz de explicar todos os fenômenos psíquicos3,4. Na atualidade, precisamos corrigir o hábito de chamar de magnético o passe ou prática similar, lembrando que Kardec ressalta em A gênese que podemos corrigir, sim, certos conceitos: “Caminhando com o progresso, o espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem que está errado em um determinado ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma

nova verdade se revela, ele a aceita.” O movimento espírita, na verdade, já fez isso. Já corrigimos hábitos de se usar determinadas palavras presentes nas obras fundamentais do espiritismo. Embora tenham sido utilizadas por Kardec na codificação, evitam-se, por exemplo, as palavras ‘punição’ e ‘castigo’, que não refletem o entendimento doutrinário correto em torno dos seus significados. Sabemos que Deus não pune, nem castiga, e só permite o sofrimento e a expiação para educar de forma similar ao remédio amargo que cura. Todos entendemos que essas palavras foram usadas por serem comuns à época de Kardec. Aqui, propomos o mesmo: que se evite a palavra magnetismo no movimento espírita por entendimento que ela não serve mais para explicar nenhum conceito espírita em nossa época atual. Assim como ninguém precisou corrigir as obras de Kardec por causa das palavras punição e castigo, mas apenas evitar de utilizá-las nas explicações espíritas, o mesmo é proposto com relação a palavra magnetismo. Kardec já sabia que o termo magnetismo era inadequado para denominar o fenômeno5. Ele o utilizou em sua época apenas porque a palavra e o conceito eram atuais e conhecidos. Naqueles tempos, o magnetismo animal era uma área do conhecimento com muitos adeptos, promissora para se tornar uma área


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A ação do passe Veja algumas dúvidas sobre o tema, respondidas por Alexandre Fonseca ao Correio Fraterno O que ocorre no passe? O passe é transmissão de fluidos. Os fluidos espirituais obedecem ao pensamento do Espírito encarnado ou desencarnado. Quando impomos as mãos e pensamos e desejamos o bem para o assistido, com ajuda dos bons Espíritos, modificamos o fluido universal ao nosso redor e o movimentamos em direção ao assistido. Trata-se de fenômeno fluídico. E no tratamento espiritual para doenças físicas? O processo é o mesmo. O fenômeno da cura consiste da ação positiva do fluido universal modificado pela ação do pensamento e da vontade no bem, sobre a saúde do doente. Igualmente, o fluido universal modificado pode se propagar e atingir um assistido distante. Na mediunidade de cura, o fenômeno consiste da ação dos bons Espíritos sobre o fluido vital do médium, impregnando-o de qualidades curadoras. Qual a análise da ciência sobre o passe? Por enquanto, a ciência pode analisar apenas empiricamente os efeitos da prece e do passe sobre os doentes. Analisa, por exemplo, como e quanto tempo um grupo de doentes leva para obter a recuperação ao receber, além do tratamento normal, o auxílio da prece ou do passe e compara com grupos de doentes em condições semelhantes que não recebem. A ciência não tem como detectar e medir as propriedades físicas dos fluidos espirituais.

científica, o que acabou não ocorrendo. Não podemos ser simplistas no movimento espírita, a ponto de acharmos que isso tudo não tem importância, sendo apenas uma questão de palavras, podendo-se usar o termo magnetismo sem problemas. Como nem todos conhecem o espiritismo, ao ouvirem a palavra magnetismo sendo usada no meio espírita, estabelecem a referência direta ao conceito de magnetismo da física. E aqui aparece a grande dificuldade: ao notarem que não existe qualquer relação entre o magnetismo da física e aquilo que se pratica no meio espírita, formam uma má opinião a respeito dos espíritas, como se estivessem desatualizados. A razão e o bom senso A doutrina espírita destaca a importância da fé raciocinada. Kardec diz que a base da fé raciocinada “é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer.” (item 7, cap. 19 de O evangelho segundo o espiritismo) Se nós, espíritas, não sabemos direito o que é o magnetismo, segundo o conhecimento da física, como usar uma palavra, cuja inteligência perfeita não temos, para descrevermos um fenômeno que tem explicação apenas pelos conceitos espíritas? Essa é uma prática equivocada. Kardec disse na Revista Espírita (janeiro/1869) que o magnetismo e o espiritismo eram duas ciências

Qual o papel do passista, da equipe espiritual e do assistido? Segundo o espiritismo, passista e equipe espiritual atuam através de seu pensamento e vontade firmes no bem, na modificação do fluido universal, para impregná-lo de qualidades boas, que irão agir de modo positivo sobre o assistido. Este, por sua vez, precisa estar com o pensamento receptivo e ter fé na bondade divina, para absorver e manter esses fluidos com as boas qualidades em seu perispírito. Se o assistido não tiver fé ou não cultivar bons pensamentos, os bons fluidos recebidos no passe, se absorvidos em seu perispírito, serão modificados por ele mesmo em seu desfavor. Há diferença entre o passe espírita e outras técnicas de imposição de mãos? Sabemos pelo espiritismo que no universo existem apenas dois princípios gerais, o ‘princípio inteligente’ e o ‘fluido universal’. Embora descrito por meio de outros símbolos e conceitos, as respeitáveis técnicas de imposição de mãos de outras doutrinas podem também ser entendidas em termos espíritas, isto é, pela ação do ‘princípio inteligente individualizado’ sobre o ‘fluido universal’, impregnando-o das qualidades boas do pensamento no bem, e direcionando-o em favor de quem precisa de ajuda. Vejam questão 628 de O livro dos espíritos. (Baseado no capítulo 14 de A gênese, e questão 27 de O livro dos espíritos).

irmãs gêmeas. Mas é preciso que se leia uma frase à frente, quando ele diz que “são reciprocamente como a física e a química, a anatomia e a fisiologia.” Ninguém nega que essas são ciências irmãs. Mas nunca foram gêmeas! Se o magnetismo e o espiritismo “são reciprocamente como a física e a química, a anatomia e a fisiologia” então certamente não são gêmeas. A palavra ‘gêmeas’ no texto não significa a mesma ideia que temos hoje, de serem praticamente iguais em tudo ou quase tudo. Os pares física e química e anatomia e fisiologia são pares de ciências bem distintas entre si, com teorias, regras, critérios bem diferentes. Às vezes, elas têm em comum alguns objetos de estudo, mas suas abordagens são distintas. Kardec quis apenas dizer que o magnetismo e o espiritismo são ciências que tratam de assuntos semelhantes, que têm alguns objetos de estudo em comum, mas com certeza o espiritismo é uma doutrina muito mais completa que a teoria do magnetismo animal, e vai mais além ao descrever não somente os fenômenos do passe e curas, mas todas as leis morais e que dizem respeito ao progresso da alma. O próprio Quinemant, em trecho de mensagem acima citada, afirma de modo claro que “O magnetismo é, pois, um grau inferior do espiritismo, ...” E verifiquem que Kardec faz elogios ao conhecimento desse Espírito.

Por fim, é preciso esclarecer que a proposta de se evitar a palavra magnetismo não significa evitar a prática espírita do passe (Veja quadro acima). O passe, a cura, a imposição de mãos, as técnicas estudadas até o presente podem e devem ser utilizados, já que independem do nome que se dê ao fenômeno. Em havendo necessidade de dar a esses fenômenos um nome ou um adjetivo, que chamem de ‘espiritismo’ aquilo que no meio espírita costumam chamar de ‘magnetismo’, e chamem de ‘fluídico’ aquilo que geralmente chamam de ‘magnético’.

Bibliografia 1 D. Halliday, R. Resnick e J. Walker, Fundamentos da física, Vol. 3, Eletromagnetismo. LTC, 2009. 2 R. Eisberg e R. Resnick, Física quântica - Átomos, moléculas, sólidos, núcleos e partículas. Campus, 1979. 3 A. F. da Fonseca, Jornal de Estudos Espíritas 6, 010204 (2018). http://dx.doi.org/10.22568/jee.v6.artn.010204 4 A. F. da Fonseca, Jornal de Estudos Espíritas 6, 010205 (2018). http://dx.doi.org/10.22568/jee.v6.artn.010205 5 A. Kardec, Instruções práticas sobre as manifestações espíritas. Pensamento, 1999. Alexandre Fontes da Fonseca é físico, mestre e doutor pela Universidade Estadual de Campinas e pós-doutor pela University of Texas em Dallas. Professor de Física da Universidade Estadual de Campinas. Espírita, atua como 2º vice-presidente da USE-Regional Campinas, membro da LIHPE e editor do Jornal de Estudos Espíritas. www.correiofraterno.com.br


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VOCÊ SABIA?

Os fenômenos de Linda Gazzera Da REDAÇÃO Sessões de materialização com a médium Linda Gazzera. Na imagem à direita, a presença do pesquisador Charles Richet

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inda Gazzera (1890 - 1932), famosa médium italiana, era figura requisitada entre os pesquisadores dos fenômenos mediúnicos do início do século passado, que por seu intermédio eram produzidos em alta escala. O seu nome figura no relatório de pesquisadores, como César Lombroso, Charles Richet, Mme. Bison e Henrique Imoda. Dr. Imoda, médico italiano e infatigável pesquisador, estudou pacientemente, durante dois anos a mediunidade de Linda Gazzera, tendo conseguido, após inúmeras experiências, reunir material de grande valor documental, em que figuram produções telepáticas e materializações notáveis, fotografadas durante as sessões realizadas em Turim, nas residências da princesa de Ruspoli e da senhora Coggiola, com um selecionado grupo que ele organizou. Toda esta valiosa documentação foi publicada, depois da morte do Dr. Imoda em

um livro: Fotografie di fantasmi (Fratelli Bocca), prefaciado por Charles Richet. De caráter impulsivo, habitualmente alegre, a médium passava com facilidade de um estado de ânimo para outro; facilmente se entristecia, como de imediato se controlava. Apreciava dormir durante o dia e velar à noite, quando confeccionava suas roupas, escrevia novelas e historietas sentimentais, enviando-as para jornais. Era de discreta cultura literária; apreciava o estudo das línguas estrangeiras e mostrava tendências para o desenho. O seu transe mediúnico iniciava-se com muita facilidade e rapidez. Em poucos segundos, passava para o transe sonambúlico e no final da sessão, com ligeiro sopro nos olhos e uma chamada pelo seu nome em voz baixa, ela despertava naturalmente,

recuperando toda a lucidez. Em 1909, a médium viajou a Paris para realizar sessões com Charles Richet. O êxito foi completo. Com as experimentações do exímio pequisador, surgiram novos fenômenos de efeitos luminosos, sendo este o período áureo de sua mediunidade. Fonte: Anuário Espírita, 1990, IDE.


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ATUALIDADES

Web Rádio Fraternidade comemora 10 anos Por Eliana Haddad

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e 25 a 27 de janeiro, tendo como tema central “Jesus, caminho para a sua paz e paz no caminho”, realizou-se no Centro de Convenções de Uberlândia, MG, o 4º Congresso Espírita de Uberlândia. Mais de 3 mil participantes comemoraram no evento o 10º aniversário da Web Rádio Fraternidade. Transmitido ao vivo, o encontro reuniu palestrantes, como: Alberto Almeida, Artur Valadares, Divaldo Franco, Haroldo Dutra, Rossandro Klinjey, José Carlos de Lucca e Jussara Korngold, e contou com a participação artística da dupla Tim e Vanessa, Moacyr Camargo e Cacá Rezende. Realizado pela Web Rádio Fraternidade, que já atingiu mais de 8 milhões de visualizações no site (www.radiofraternidade.com.br) e milhares de ouvintes em 150 países, o evento teve como apoiadores a Federação Espírita Brasileira, Aliança Municipal Espírita e da Associação Médico-Espírita de Uberlândia e Rede Amigo Espírita. Criador e coordenador da rádio digital, o jornalista Rubens de Castro fala sobre a alegria de chegar aos 10 anos, num projeto que pediu muito para que fosse concretizado. Atuando em rádio comercial na cidade por quinze anos, com programa ao vivo que levava o espiritismo principalmente a não espíritas, teve encerrada a atividade. “Todas as noites, ao fazer as minhas preces, pedia a Deus e aos amigos espirituais para que pudéssemos ter novamente a oportunidade da divulgação espírita numa rádio. Até chegar o dia em que tudo começou a se materializar. Acordei com a ideia de ter participado de uma reunião no plano espiritual, onde havia sido definida a criação de uma atividade de divulgação

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1: Radialista Rubens de Castro: “A internet chegou para democratizar os meios de comunicação a um custo muito baixo” 2: 4º Congresso Espírita de Uberlândia, MG

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espírita pela internet: Uma rádio espírita pela rede mundial de computadores, que já tinha, inclusive, o nome sugerido: Rádio Fraternidade. Rubens se lembra bem da recomendação: É preciso registrar o domínio www.radiofraternidade. com.br na internet”. O radialista correu atrás de seu so-

nho, incialmente fazendo os devidos registros e, em seguida, debruçando-se sobre pesquisas, procurando entender a rádio espírita do ponto de vista técnico. Em 1º de fevereiro de 2009 a Web Rádio Fraternidade entrava no ar com sua respectiva programação. “Foi a saída mais viável em termos de custo. A inter-

net chegou para democratizar os meios de comunicação a um custo muito baixo. E aí estamos, fazendo a divulgação espírita, com uma programação diversificada, mesclando música, programas, palestras, seminários, preces, transmissão ao vivo. Tudo feito com carinho e responsabilidade”. “É muito fácil criar uma web rádio”, ele orienta. “Há sites especializados que ensinam o processo. Você monta uma rádio, espírita ou não, e ela entra quase que imediatamente no ar. Precisará de um notebook, computador, uma mesa de som, microfone e internet. Vai contratar um servidor de streaming para fazer o seu conteúdo chegar até os ouvintes. Mas, o principal não é só colocar no ar, mas pensar no conteúdo, o que vai levar para os seus ouvintes”, explica. A Web Rádio ultrapassa fronteiras. “Falamos para o mundo todo. Ouvintes não só do Brasil, mas dos EUA, Portugal, Suíça, Alemanha, Espanha, Japão, França, Yemen, Zambia e tantos outros já acessaram a nossa programação. É o espiritismo chegando em todos os cantos do planeta”, revela. “Mas os números pouco importam. Um amigo espiritual já nos alertou que se uma pessoa estiver ouvindo a mensagem, o trabalho já terá valido a pena”. O jornalista aconselha: “Se for montar uma rádio espírita, trate o trabalho como se fosse o de uma casa espírita, com o comprometimento que a tarefa exige. Ter a preocupação com cada departamento. Não se pode brincar ou descuidar da continuidade. A seriedade deve balizar essa tarefa. Se gostar desse trabalho, vá adiante. O Alto sempre abraça tarefeiros que têm o compromisso do bem. www.correiofraterno.com.br


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CULTURA & LAZER

AGENDA Seminário Análise de mensagens mediúnicas A USE Intermunicipal de Campinas, SP, realiza no dia 16 de fevereiro, das 9h às 12 horas, o seminário “Análise de mensagens mediúnicas”. Local: Grupo Espírita Paz e Amor. Rua Taquarituba, 87. Jd. Nova Europa. Campinas SP. assistenciaespiritual@usecampinas.com.br

CARTA ENIGMÁTICA DO CORREIO

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

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ENIGMA

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+ CIL

Encontro de Mocidades Espíritas JAN A Federação Espírita de Rondônia promove de 2 a 4 de março o 26º Encontro de Mocidades Espíritas de Rondônia, que terá como tema: “O céu e o inferno: a escolha é sua”. O evento reunirá jovens de 12 a 21 anos no Carnaval. www.fero.org.br.

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- cora

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Show Beneficente na FEESP A Federação Espírita do Estado de São Paulo realiza no sábado, 23 de março, às 19h, à Rua Maria Paula, 540, o show “A Bahia de Dorival Caymmi”, com a cantora Graça Cunha e banda. A direção musical será do pianista e arranjador Marcelo Ghelfi. www.feesp.org.br.

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Casimiro Cunha Fonte: Luz no Lar, Chico Xavier, por espíritos diversos. FEB.

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Congresso Espírita do Distrito Federal Entre os dias 19 e 21 de abril acontece 5ª edição do Congresso Espírita do Distrito Federal. O evento tem como tema: “Eu e Deus: Como estamos?”. Divaldo Franco e Rossandro Klinjey estão entre as presenças confirmadas na programação, dirigida para adultos, jovens e crianças. www.fedf.org.br e congresso.fedf.org.br.

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Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma:

JAN

Congresso Espírita no Espírito Santo JAN De 5 a 7 de abril, a Federação Espírita do Espírito Santo realiza o seu 14º Congresso, tendo como tema: “A vida no mundo espiritual”. Palestras com André Trigueiro, Andrei Moreira, Divaldo Franco, Décio Iandoli, Haroldo Dutra, Rossandro Klinjey e Alberto Almeida. Local: Arena de Eventos do Shopping Vila Velha. www.feees.org.br/congresso.

- ta

qualquer hora, em qualquer lugar

Simboliza o trabalho do Criador. E foi utilizada na codificação por orientação dos espíritos a Kardec. “Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o Espírito adquire conhecimentos.” - Prolegômenos. O livro dos espíritos.

Encontro Paulista de Evangelizadores e JAN Educadores Será realizado dias 16 e 17 de março, no Instituto Espírita de Educação, o 4º Encontro Paulista de Evangelizadores e Educadores Espíritas com o tema: “Parábolas de Jesus na Evangelização”. Realização: Departamento de Infância da USE-SP. Local: R. Prof. Atílio Innocenti, 669. Itaim Bibi, São Paulo, SP. Infancia.usesp.org.br/eventos/iv-encontro-paulista.

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O que simboliza a cepa (ramo da videira) colocada no início de O livro dos espíritos??

Idiomas de outras vidas

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Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio www.correiofraterno.com.br


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ARTIGO

A sabedoria está na

flexibilidade Por Lauro F. Carvalho

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nteressante verificar a coincidência das verdades, mesmo quando procedentes das mais diferentes origens. O espiritismo prega a necessidade de o homem empreender sua reforma íntima, adquirindo as qualidades que lhe abrirão as portas da espiritualidade superior, quando conclua seu estágio neste plano de lutas terrenas. Parte importante dessas qualidades está na tolerância, boa vontade e perdão para com os semelhantes, pois a grande maioria dos problemas com que se veem a braços as criaturas neste plano está ligada direta ou indiretamente à maneira como estas relacionam com o próximo. A flexibilidade para se tornar capaz de conviver com situações conflitantes, sem resvalar para os extremismos e as soluções de violência, é, com efeito, parte fundamental desse aprendizado. Vejamos, a propósito, dois exemplos. Um homem que foi considerado o mais forte do Japão, um dia percebeu que a velhice o atingiria também, e que ele seria fatalmente derrotado, mais cedo ou mais tarde, por outro competidor em sua arte marcial. Então, refugiou-se para meditar nas montanhas e concebeu um novo sistema de luta e domínio do corpo, o aikidô, arte marcial semelhante ao jiu-jítsu. A motivação inicial de sua descoberta

foi a partir da observação de um recém-nascido. Verificou que a criança é toda solta, maleável, flexível, ao passo que, quando o homem vai envelhecendo, vai se tornando rígido. Notou até que a rigidez nas ideias e conceitos acompanha o emperramento do corpo ou vice-versa. Concebeu, então, o novo método de exercício, dentro do diversificado campo das artes marciais japonesas, que ajudasse

o homem a conservar e a recuperar sua flexibilidade, capacidade de soltura, relaxamento. De forma semelhante, o idealizador do judô foi outro japonês que, num dia muito frio, por trás da janela envidraçada de sua casa, contemplava a neve caindo sobre as plantas lá fora. E deteve-se a observar um forte galho de árvore sobre o qual caía uma porção de neve. Ele resistia,

sem sequer envergar-se; vinha mais neve e ele, impassível; caiu mais neve e ele, não resistindo ao peso, partiu-se. Em seguida, dirigiu seus olhos para um pequeno junco. E notou que o ramo, ao receber uma porção de neve, curvava-se, despejava-a e voltava à sua posição normal, assim fazendo várias vezes, à medida que a neve se assentava... O ponto fundamental do judô está no aproveitamento da própria força do adversário para vencê-lo. Baseia-se no princípio da não resistência, ou seja, do hábil aproveitamento do impulso do opositor para, acentuando-o e direcionando-o, lograr o resultado desejado. Se bem observamos, esse princípio, que tem algo a ver com a recomendação do Mestre “não resistais ao mal...”, aplica-se a várias situações da vida. Nos diálogos, por exemplo, sempre que alguém nos diz algo contundente, despropositado, em vez de revidarmos, nervosos, de imediato, é melhor dar um pequeno tempo, nos asserenarmos e, em seguida, começarmos a ponderar, mais ou menos nestes termos: – Sim, você tem razão, no sentido de que... Mas é importante considerar também... Dessa forma suave, poderemos obter resultados muito melhores do que com a reação brusca e exaltada.

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FOI ASSIM

Chico Xavier e o perfume da alma Por MARIVAL VELOSO DE MATOS

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o cair da noite, quando prestes a iniciar as atividades da Comunhão Espírita Cristã, por feliz coincidência, assim que cheguei ao portão de entrada, Chico e Valdo, que moravam ao lado em casinha bem simples, também estavam prestes a alcançá-la. Trocamos efusivas saudações e caminhamos juntos até o salão principal. Naquele local nos deparamos com um senhor que se aproximou, cumprimentou-nos e de chofre indagou ao Chico: — Seu Chico, e os perfumes? Buscava satisfazer sua curiosidade acerca de um fato que se tornou corriqueiro, em se tratando do Chico: o de se sentir agradável perfume que vinha das suas mãos, quando nos cumprimentava, muitas vezes chegando a contagiar nossas mãos ou então chegando até nós, à medida que nos falava, através de seu hálito. Já dizia o apóstolo Paulo que reconhe-

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ceríamos os homens que praticam a máxima: “Fora da caridade não há salvação”. Diz ele em O evangelho segundo o espiritismo, no capítulo 15: “Reconhecê-los-eis pelo perfume da caridade que espalham em torno de si.” Era proverbial a simplicidade e a modéstia de Chico, o que fez com que, diante daquela pergunta feita tão à ‘queima roupa’, ele sabiamente se manifestasse: – Meu filho, devemos buscar os perfumes da alma! O interlocutor, na sua simplicidade, afastou-se como quem se dá conta da impropriedade de sua indagação.

Aquietou por alguns segundos, e em seguida retornou humilde, com nova indagação: – Seu Chico, é errado perguntar? E Chico lhe respondeu de pronto, mas com muita doçura e humildade na inflexão da fala:

– “Não, meu filho, é impróprio”. O inusitado episódio nos ofertou inesquecível lição de humildade e amor ao próximo. Escritor, palestrante e ex-presidente da União Espírita Mineira.


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DIRETO AO PONTO

A transitoriedade da vida Por UMBERTO FABBRI

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s ensinamentos e apontamentos de Jesus são tão profundos e abrangentes que uma simples frase sua pode nos levar a várias reflexões. Em Matheus 24:35, quando ele nos diz que o céu e a Terra passarão, temos um exemplo de sua incrível capacidade de resumir grandes verdades em poucas palavras. Além do contexto já amplamente discutido e conhecido sobre acontecimentos futuros pelos quais a humanidade passaria, na questão de guerras, dores e sofrimentos, podemos observar ainda um alerta sobre a temporalidade da vida, onde nenhuma circunstância material é definitiva. Ensina-nos Jesus que somente suas palavras, que resumem a grande verdade da vida, o amor, ficariam. O céu e a Terra significariam o cenário de nossas encarnações, onde somente o ator, ou Espírito, sobrevive; todo o restante se transforma. A vida é dinâmica e as mudanças, às quais quase sempre resistimos, são necessárias para nossa evolução, que somente se dará com novas vivências. A própria reencarnação está baseada neste processo. O grande desafio é o de nos desapegarmos do conhecido, do confortável, de situações que dominamos ou desejamos e até mesmo de quem amamos. No decorrer de nossa imortalidade mudaremos de corpo, de nacionalidade, de sexo, de agregação familiar, de condição social, cultural, financeira e religiosa, e todas estas mudanças e transformações visam pura e tão somente nosso cres-

cimento e amadurecimento espiritual. Destruindo e reconstruindo a exterioridade fundamentamos nossa interioridade. A parte teórica do desapego é lógica, razoável e compreensível, mas quando partimos para a parte prática percebemos que mudar, ou aceitar que parte de nossas vidas se transforme não é um processo simples e muitas vezes nada fácil. Quantas pessoas adoecem pela não aceitação das alterações comuns da vida, como o envelhecimento e

suas consequências naturais? Ou a partida dos filhos que precisam construir suas próprias vidas? A perda do poder, do dinheiro, da beleza ou ainda a separação física dos afetos constituem grandes provas e cedo ou tarde, nesta ou em outra existência, todos nós passaremos por estas situações, entretanto o mundo íntimo edificado por nosso esforço e trabalho se manterá, melhorando sempre por meio destas

mesmas temidas mudanças. Erramos em acreditar que nossas raízes ou estabilidade estão alicerçadas na materialidade, fora de nós, pois na verdade o reino de Deus, segundo Jesus, está dentro de cada criatura, e é nele que realmente habitamos, no mundo íntimo que construímos, e esta será nossa morada efetiva. A conscientização da transitoriedade dos bens transferíveis que nos rodeiam garante nossa saúde emocional. Com este processo educacional, Deus deseja que valorizemos nossas conquistas íntimas e intransferíveis, nossos verdadeiros tesouros. Certa feita um mentor nos elucidou que Deus deu ao homem o Universo a conquistar, a conhecer, mas na maioria das vezes ele perde grande parte de sua existência tomando conta e tentando possuir um único grão de areia deste mesmo Universo. Dentro destas experiências é imprescindível a fé raciocinada, que fortalece, motiva e encoraja as superações necessárias. Sempre importante relembrar que somos os filhos amados do Criador, que tudo pelo que passamos é fruto de sua misericórdia e amor. Relembrando nosso querido Chico: “tudo passa...” Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor dos livros O traficante, Amor e traição e Pecado e castigo, (ditados por Jair dos Santos) e O político (por Adalberto Gória), ed. Correio Fraterno.

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MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Tatuador cria projeto gratuito para mulheres com mastectomia

Bisavó inicia escola primária aos 105 anos

O tatuador Rodrigo Catuaba criou o projeto Florescer, em Nova Friburgo, RJ. Seu objetivo é ajudar na autoestima de mulheres que tiveram que passar pela mastectomia, a cirurgia de remoção total da mama. “Eu faço o desenho do mamilo e tenho outro profissional que cobre a cicatriz causada pela cirurgia. Muitas vezes a mulher não quer ter tatuagem, ela quer ter só o corpo dela de volta “, explica Rodrigo. “A gente atende desde mulheres carentes até pessoas com muito dinheiro e todas precisam da mesma coisa: saúde”, conta o tatuador.

O jovem alagoano Ronaldo Tenório está na lista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) dos 35 melhores inventores com menos de 35 anos no mundo. Ele criou um aplicativo que traduz mensagens em português para libras, permitindo que pessoas surdas tenham um intérprete à mão sempre que precisarem. O aplicativo já foi baixado por mais de um milhão de pessoas. Ao ser aberto, o Hand Talk exibe um avatar, o Hugo, que traz uma frase: falar para traduzir. A partir daí quem quiser se comunicar com um deficiente auditivo, só precisa falar. O Hugo traduz o que acabou de ouvir em libras e traduz de libras para mensagens de texto ou de voz.

Ermelinda nunca pôde frequentar o ensino fundamental. Agora, aos 105 anos está tendo a oportunidade de enfrentar esse desafio. Ela tem aulas duas vezes por semana junto com outros colegas do Lar para Idosos Elena Herbert de Estefanell, em Chascomús, Buenos Aires. Ela, porém, é a única centenária do grupo. Aliás, Ermelinda tem bisnetos que estão na mesma série que ela. “Eu adoro ler. A minha mãe, Etelvina Álvarez, me ensinou. Não posso ficar sentada sem fazer nada. E não sinto a minha idade. Se eu tivesse que dar um número, diria que me sinto no máximo com 60 anos”.

Fonte: Portal G1

Fonte: Universia.net

Fonte: Revista Pazes

Reprodução/Via Brasil GloboNews

Brasileiro cria aplicativo para surdos

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