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SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o

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Felicidade:

onde eu compro uma?

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Entrevista Transformação interior A psicóloga Ercília Zilli fala sobre os recursos que o espiritismo e a psicologia proporcionam para o processo evolutivo da humanidade. Leia nas páginas 4 e 5.

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llan Kardec pergunta aos Espíritos se podemos desfrutar de felicidade completa na Terra. A resposta é categórica: a felicidade completa não dá. Mas, na resposta também é dito que depende de nós sermos tão felizes quanto se pode ser na Terra. Então está nas nossas mãos sermos, ao menos um pouco, felizes! Mas... como? Muitos poderão achar que o que atrapalha a nossa felicidade são os problemas! É tanto problema, tanta coisa complicada para resolver, que é impossível ser feliz. Bom, nesse caso, a solução está fácil: basta acabar com nossos problemas e seremos felizes, certo? O texto é de Alexandre Caldini. Leia nas páginas 8 e 9.

Mistérios na literatura inglesa do século 19 No ano de 1890, o nome Fiona Macleod explodiu junto à crítica literária da Inglaterra. Havia um estranho encanto em sua criação. Mas quando lhe pediram seus dados, Fiona respondeu ter nascido há mil anos, de um pai chamado “Sonho” e de uma mãe que se chamava “Romance”. E o mistério de que se cercava a escritora ficou guardado por muito anos. Leia mais na página 7.

O envelope secreto para um PAI O escritor Hermínio Miranda divide com o leitor a emoção de se ver pai, reproduzindo o texto de sua filha sobre um suposto diálogo que ele teria tido com Deus antes de reencarnar, quando teria recebido as recomendações para desempenhar com êxito a desafiadora tarefa da paternidade. Acompanhe. Leia na página 13.

Quem já procurou Deus e não obteve respostas, aqui vai encontrá-lo.

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EDITORIAL

Peixinhos corajosos É

incrível a quantidade de material disponível sobre felicidade. Só não tem acesso quem não se preocupa com isso. Ela está presente em livros, blogs, filmes, novelas, revistas, músicas, mensagens, poesias, numa infinidade de meios e desde os tempos mais remotos. Todo mundo quer ser feliz! O escritor Alexandre Caldini faz nesta edição do Correio uma análise bastante interessante sobre a felicidade na visão do espiritismo. Afinal, dá para ser feliz aqui e agora? É o que você vai ler nas páginas centrais. E é até engraçado, muitos já sabem, como os outros assuntos abordados nas demais seções acabam se complementando e podem trazer dicas valiosas para quem de-

seja ser feliz. Nada de receita pronta, apenas pequenas iscas que podem provocar – quem sabe? – insights que levem à reflexão sobre o rumo da vida. Afinal, quem não deseja a felicidade? A entrevista com a psicóloga Ercília Zilli, por exemplo, também nos conscientiza sobre a responsabilidade que temos pela nossa transformação, burilando o autoconhecimento, desenvolvendo o esforço que devemos empreender para utilizar nossas tendências em favor do progresso agora, já nesta encarnação. Outro exemplo é a análise do incrível Hermínio Miranda sobre a felicidade de tantas emoções e incertezas de uma grande tarefa na Terra: ser pai. Ainda há a reflexão de nosso articulista

Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação:

Umberto Fabbri, também sobre a arte da convivência. A Mídia do bem com notícias que acendem a nossa esperança para um mundo melhor. Quer se divertir um pouco? Veja o tema do Passatempo: “Esquema de luz”, uma linda mensagem de Maria Dolores, psicografada por Chico Xavier. Enfim, o jornal chega alegre e está recheado de coisas boas para a gente se sentir feliz, com bom ânimo, como peixinhos corajosos que enfrentam bravamente a correnteza e saem dela mais espertos e fortes para enfrentar novos desafios. Afinal, assim é a vida. Boa leitura! Equipe Correio Fraterno

Lição com Chico Xavier Li o Correio Fraterno de maio/junho e dei

umas boas gargalhadas sozinho com o caso do gato e o passarinho. Obrigado! (Direto ao ponto, edição 487). Pedro Raymundo, São Bernardo do Campo, SP.

Que inspire outros espíritas a considerar a possibilidade de atuar no bem por meio da política. Obrigado. (Entrevista com o senador Luís Eduardo Girão, edição 487). Alexandre Caldini, por whattsap.

Para que o mal triunfe, basta que os bons cruzem os braços Que máximo a entrevista com nosso querido amigo Girão! Boa! Oportuna! Parabéns!

Agradeço de coração essa entrevista. Espírita como esse nos faz crer que nem tudo está perdido. Sueli Bittencourt Oliveira, por email.

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118

Presidente: Tania Teles da Mota Vice-presidente: João Sgrignoli Júnior Secretário: Ana Maria Coimbra Tesoureiro: Adão Ribeiro da Cruz Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955 Vila Alves Dias - CEP 09851-000 São Bernardo do Campo – SP www.correiofraterno.com.br

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• Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos.

FALE COM O CORREIO Bombardeio de notícias Gostei do artigo sobre o prazer de propagar o escândalo (Edição 486). Levarei para o grupo de pais como tema para discussão. Muita Paz e alegria! Tereza Canuto, Rio de janeiro, RJ.

• A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências.

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• Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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ACONTECE

A vida de Divaldo Franco nos cinemas

Guilherme Lobo interpreta Divaldo Franco jovem

Por IZABEL VITUSSO

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Bruno Garcia representa o médium já adulto FOTOS: DIVULGAÇÃO

hega aos cinemas Regiane Alves é a mentora em 12 de setemJoanna de Ângelis bro o longa Divaldo – O mensageiro da paz, que traz a trajetória do médium, conferencista e filantropo Divaldo Pereira Franco desde a infância até a fundação da Mansão do Caminho, obra social do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador. Baseado na biografia elaborada pela jornalista Ana Landi, o filme conta com cenas gravadas em Salvafamília, com o objetivo dor, no Rio de Janeiro e também no de aprender a lidar com interior de São Paulo: em Itu, Salto, sua mediunidade. Aos Santana de Parnaíba e Pirapora do poucos vai se adaptando Bom Jesus. até que descobre sua voCom coprodução da Fox Film do cação filantrópica, acaBrasil, Cine e Estação Luz, o longa bando por inaugurar em tem no elenco Bruno Garcia, Gui1952 a Mansão do Calherme Lobo, Regiane Alves e Marcos minho, instituição que Veras, dentre outros. presta serviços voltados à Segundo Sidney Girão, diretor saúde e à educação de miexecutivo da Estação Luz Filmes, lhares de pessoas na capitrata-se da história de um “grande tal baiana. A obra hoje humanista, uma pessoa que é um reúne mais de cinquenta exemplo para a humanidade, que nos prédios e atende cerca de motiva a sermos melhores”. 5 mil pessoas por dia, enNascido em Feira de Santana, tre crianças, adolescentes, no interior da Bahia, Divaldo desde adultos e idosos. cedo enxergava os espíritos, sofrenDivaldo, 92 anos, do por isso intensa rejeição dos amitornou-se um dos mais gos da escola, da igreja e do próprio importantes líderes espípai. Já adolescente, ele se muda para ritas, reconhecido não só Salvador, levado por uma amiga da no Brasil como em outros

Marcos Veras, no filme, é o obsessor

países, sendo um dos responsáveis pela popularização do espiritismo internacionalmente. Publicou 270 livros e proferiu mais de 13 mil palestras, tendo sido nomeado Embaixador da Paz no Mundo pela Embassade Universalle Pour la Paix, em Genebra, na Suíça. Vale conferir o trailer e aguardar o lançamento. Acesse: www.youtube.com/watch?v=ipCUG6jmFb8 www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA

A psicologia e o espiritismo em nossa transformação Por ELIANA HADDAD O espiritismo propõe um código de evolução pautado em princípios morais e um processo constante de transformação interior. A psicologia oferece a oportunidade de autoconhecimento e de escolhas responsáveis e, portanto, também de transformação interior. O auxílio que o espiritismo pode oferecer à psicologia é o entendimento do psicólogo espírita, de que somos todos espíritos em evolução. Não se pode transformar uma sessão de psicoterapia numa discussão religiosa e proselitista. Mas, pode-se, e é desejável, criar um ambiente propício e acolhedor para que o paciente se sinta à vontade para tratar dos assuntos de seu interesse, inclusive da sua religiosidade.

Ercília Zilli, presidente da ABRAPE

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undadora e presidente da Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas, Ercília Zilli defendeu sua tese de mestrado em Ciência da Religião, na PUC-SP, em 2001, comparando a teoria do psicanalista Leopold Szondi (1893-1986) e a doutrina espírita, principalmente nas obras de André Luiz, no que se refere às questões da hereditariedade, do destino e da fé. À frente do 3º Congresso Brasileiro de Psicologia e Espiritismo que acontece dias 17 e 18 de agosto na FEESP, em São Paulo, Ercília fala, em entrevista ao Correio Fraterno, sobre as conquistas e os desafios ainda a serem enfrentados pela psicologia em função da existência do espírito e a importância do autoconhecimento para o processo evolutivo da humanidade. Como você analisa hoje a psicologia como ciência? Ercília Zilli: A psicologia é uma profissão regulamentada há mais de 50 anos. Conta com pesquisas realizadas em diversas partes do mundo. Se consultarmos os artigos publicados por pesquisadores, encontraremos as mais diversas áreas de interesse científico, muitos estudos comparativos e análise de grupos específicos. www.correiofraterno.com.br

Hoje, a psicologia é uma ciência consolidada. Como o espiritismo pode auxiliar a psicologia? O espiritismo tem como base a ciência, a filosofia e a religião. Kardec elaborou os livros que são as bases da doutrina espírita por meio de pesquisas, conforme podemos comprovar analisando o seu método.

Qual é o papel do psicólogo espírita? Não existe uma psicologia espírita ou uma biologia religiosa. O psicólogo espírita tem o entendimento de que a pessoa que o procura em busca de alívio de algum sofrimento, de um processo de autoconhecimento, é um espírito que, entendendo ou não, verbalizando ou não, leva o seu projeto reencarnatório para discussão na psicoterapia. Deixamos claro que esta linguagem não é a do psicólogo no trato com o paciente, mas é frequente que pacientes espíritas utilizem esses conceitos no seu processo de psicoterapia. No caso da ABRAPE – Associação Brasileira de Psicólogos Espíritas, a atividade-fim é uma atuação profissional gratuita, voltada a pessoas de baixa renda. Portanto, todos somos voluntários. Os psicólogos são espíritas, mas o atendimento é laico. Unem-se em formato de associação por terem uma visão de trabalho pautada no que Emmanuel diz em Pensamento e vida1: o diploma é uma carta de crédito e a sociedade é o nosso lar coletivo.

Qual é a sua visão sobre a hereditariedade? Até que ponto nossos comportamentos e emoções têm a ver com a genética. Como psicóloga, minha visão sobre hereditariedade é aquela preconizada pelo autor Leopold Szondi, de que o homem nasce com tendências que deverão ser canalizadas de forma socialmente aprovada e produtiva. Como espírita, compartilho a visão do espírito André Luiz, que em sua obra Missionários da luz2 coloca que nascemos com tendências que deverão ser transformadas em qualidades. Vemos que são conceitos muito semelhantes. A genética é uma ferramenta da qual o espírito se serve para crescer e evoluir e, ainda em Pensamento e vida, temos a orientação de que herdamos características psicológicas. Vemos a importância da família onde reencarnamos, que nos oferece além de um corpo físico com características físicas, um certo modo de ver a vida. É como dizer: “até aqui foi feito assim. Agora você faz as suas escolhas e deixa o seu legado, o seu aprendizado”. Não significa que tenhamos um destino fatalista, mas um eixo reencarnatório, com alguns aspectos a serem equilibrados e conduzidos de forma a alcançarmos, gradativamente, a tão almejada evolução. Como a psicologia pode nos auxiliar ou até mesmo acelerar o processo evolutivo? A psicologia propõe o autoconhecimento, que nos leva ao reconhecimento dos nossos padrões de funcionamento em nossos contatos. A busca do bem-estar emocional leva à correção de padrões que se repetem, por vezes por reencarnações sucessivas. O autoconhecimento nos leva a reconhecer o ‘outro’ de forma empática, portanto, nos sensibiliza. Ninguém evolui sozinho. Cada mudança, cada transformação, cada con-


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quista, tem um impacto nas suas relações e no mundo onde vive. Seus estudos contemplam que o gene a serviço do espírito seria a chave para a compreensão da evolução. Por quê? Pelas questões que abordamos acima, quando nos referimos à hereditariedade, cada reencarnação precisa de um conjunto de tendências para que o espírito tenha os apontamentos e sinalizações necessários para a sua evolução. Nosso corpo, em que pese o início da nossa jornada evolutiva, é um tesouro de possibilidades. Em Evolução em dois mundos3, André Luiz nos aponta que a “célula é um campo mental”. É um conceito profundo e que nos leva a refletir que, mesmo entre parentes próximos, vamos encontrar trajetórias semelhantes em alguns aspectos e diferentes em outros, o

daquela em que um cirurgião a utiliza para salvar. A tendência seria a faca; o espírito, aquele que a utiliza conforme o seu grau de evolução. Importante ressaltar que, antes da reencarnação, nós espíritos, participamos da elaboração do nosso projeto reencarnatório, escolhendo as provas que fazem parte da vida na matéria, com o objetivo único de crescermos e evoluirmos. Como você analisa o intenso crescimento da depressão? Existe uma definição muito antiga, de tribos primitivas, de que a depressão é a ‘perda da alma’. Parece-me uma definição muito atual, principalmente, quando vivemos um momento de transição planetária de grande importância. É fundamental ter e viver uma vida de significado, empática, amorosa e solidária. A educação tem um papel relevante nessa construção. Para Pes-

A psicologia propõe o autoconhecimento, que nos leva ao reconhecimento dos nossos padrões de funcionamento em nossos contatos. A busca do bem-estar emocional leva à correção de padrões” que sinaliza a especificidade do equipamento físico elaborado e destinado a cada um de nós. Como lidar melhor com as nossas tendências na encarnação? Podemos modificá-las? O ponto máximo do nosso processo de conscientização e da evolução é a livre-escolha, algo ainda impossível de ser alcançado neste estágio da humanidade. Consta no nosso livro O espírito em terapia4: “livre-escolha significa conhecer-se a tal ponto que o processo de eleger os nossos objetos de afeto, e que refletem a nossa autoestima, seria feito sem compulsão e sem neurose”. Não podemos modificar as nossas tendências, mas transformá-las em qualidades faz parte das nossas escolhas evolutivas. Esse nos parece ser o objetivo da reencarnação. A faca nas mãos de um assassino é utilizada de maneira diferente

talozzi, em Na escola do mestre5, “educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do indivíduo”. Portanto, educação é um processo pedagógico de tirar de dentro, o que significa que estamos equipados com todas as possibilidades e qualidades divinas. Então, a depressão não é uma novidade, porém a vida de significado precisa ser oferecida e vivenciada. Relações humanas não podem ser substituídas por aparelhos, jogos. Ausências importantes na construção da personalidade da criança não podem ser substituídas por presentes ou entretenimentos. Voltando às tendências, a depressão é uma ‘ferramenta’ que nos habilita a sermos empáticos, fraternos diante do sofrimento do ‘outro’. E o comportamento egocêntrico, individualista, tão comum na atualidade?

Novamente, surge a questão da educação. É preciso aprender a conviver com o ‘outro’, aprender com o não, a nos tornarmos criaturas resilientes. Aprender a compartilhar é algo que se oferece desde a mais tenra idade. Para isso, é fundamental que as pessoas se preparem para o exercício sagrado da maternidade e paternidade. Acredito que o mundo das relações poderia ser bem melhor se as crianças frequentassem a evangelização oferecida nos centros espíritas e participassem, de acordo com o seu grau de entendimento, do Evangelho no Lar. Filho dá trabalho e é para sempre! Pais e mães, família, enfim, também! O que fazer para conviver com as nossas dores e desafios? Acho importante reavaliarmos a nossa relação com Deus, inteligência suprema e causa primária de todas as coisas. Se ele é todo amor e bondade, não faz sentido pensarmos que nos pune e castiga. Fomos criados simples e ignorantes, não maus. Ignorantes das Leis de Amor Infinito. Ignorantes de quem somos. Quando a dor surge, é fundamental nos perguntarmos o que foi que não entendemos. Sem revolta! Certos de que somos dotados Dele dentro de nós. Tem uma coisa que Deus não pode: criar algo imperfeito ou errado. Logo, a perfeição já está dentro de nós, espiritualmente. Cabe a cada um trazer à tona as maravilhas divinas de que somos portadores. Cada obstáculo pode ser visto como um degrau na escada da evolução inevitável, que é o nosso único destino. O tempo e o jeito é que depende de cada um. Como ter uma vida emocionalmente saudável? Não tenho uma fórmula, mas penso que a humildade é uma condição importante, pois nos permite reconhecer os nossos erros, aprender e traçar estratégias de crescimento espiritual. É preciso querer evoluir e trabalhar seriamente nesse sentido. A perfeição é a nossa meta. Com sabedoria, humildade e amor podemos construir uma vida emocionalmente saudável. Depende de não exigirmos o ‘ótimo’ neste momento e reconhecermos e agradecermos o ‘bom’.

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LIVROS & CIA. Editora Record Telefone: 21 2585-2000 www.record.com.br Kardec: a história por trás do filme de Wagner de Assis e Marcel Souto Maior 140 páginas 16x23 cm

Editora Lachâtre Telefone: 11 2277-1747 www.lachatre.com.br Tal pessoa, tal médium! – influência das qualidades morais na prática mediúnica de Herminio C. Miranda e Pedro Camilo 112 páginas 12x21 cm

Edições Léon Denis Telefone: 21 2452-1846 www.edicoesleondenis.com.br Léon Denis fala aos jovens de Adeilson Salles prefácio de André Trigueiro 224 páginas 14x21 cm

Companhia das Letras Telefone: 11 3707-3500 www.companhiadasletras.com.br 21 lições para o século 21 de Yuval Noah Harari 432 páginas 14,6x21 cm

1 Psicografia: Chico Xavier, FEB. 2 Psicografia: Chico Xavier, FEB. 3 Psicografia: Chico Xavier, FEB. 4 Editora Mundo Maior. 5 Vinicius. Editora FEESP. www.correiofraterno.com.br


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LEITURA

O aprendizado na dimensão espiritual Por SÔNIA KASSE

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spíritos desencarnados são acolhidos por orientadores. Eles os instruirão nos princípios da benevolência, solidariedade, amor ao próximo e socorro às almas que se encontram desesperadas buscando soluções para seus problemas e inquietações. Vários cursos serão realizados buscando o aprimoramento desses espíritos voluntários que migrarão entre o plano espiritual e o terrestre, para participarem de reuniões em centros espíritas, sempre acompanhados de mentores que os ajudarão nos casos que se apresentem. Bastidores de uma casa espírita, com psicografia de Umberto Fabbri e Luiz Carlos (espírito), publicado pela Correio Fraterno, é um romance que elucida claramente a dinâmica que envolve as casas espíritas e os espíritos que lá se encontram. Alternando entre os estudos na Colônia Recanto Azul e as visitas às instituições no plano terrestre, os alunos entram em contato com várias situações envolvendo os dirigentes e pessoas voluntárias que trabalham nessas casas.

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Constatam que sentimentos egoístas, de inveja, soberba, maledicência se apoderam dessas pessoas, o que ocasiona descrença e dúvidas quanto à verdadeira obra que ali é realizada. Por outro lado, dirigentes e voluntários com sentimentos nobres de respeito, solidariedade, amor ao próximo, atuam como verdadeiros obreiros na divulgação do espiritismo. A responsabilidade atribuída a esses alunos é imensa. Cabe a eles a tarefa de pesquisar, preparar temas e assuntos que auxiliem os oradores e expositores das instituições terrestres a realizarem seu trabalho em prol dos que ali estão, da melhor maneira possível, pois a tarefa é solidária, e cabe a todos agirem de acordo com as orientações de Cristo. Leitura interessante. E nos adverte sobre os perigos de sermos dominados por sentimentos prejudiciais à verdadeira divulgação do espiritismo e ajuda ao próximo, cabendo vigília e esforço para agirmos de acordo com os ensinamentos de Jesus.


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JULHO - AGOSTO 2019 O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

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BAÚ DE MEMÓRIAS

O estranho caso de William Sharp Da REDAÇÃO

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ão é pequeno o número dos escritores que escreveram sob a influência dos espíritos. A maioria sem se aperceber das entidades, como Dostoievski ou Allan Poe. Outros, porém, escreveram conscientes da participação espiritual. É o caso de William Sharp, escritor inglês, crítico, biógrafo e autor de peças dramáticas que marcaram época. Nos primeiros meses de 1890, o mundo literário inglês foi surpreendido com a publicação de um romance e de uma coleção de versos que traziam o nome de Fiona Macleod. Embora este nome fosse desconhecido, logo mostrou se tratar de uma estrela de primeira grandeza que surgia no horizonte das letras. O sucesso desta série de obras literárias era de um estranho encanto, que prendia e entusiasmava críticos e leitores. Quando lhe pediram seus dados, Fiona Macleod disse ser nascida há mil anos, de um pai chamado “Sonho” e de uma mãe que se chamava “Romance”, numa residência situada lá onde o arco-íris tomava a sua forma. E o mistério que cercava a escritora ficou bem guardado até a morte do autor, em 1905. Foi aos 7 anos de idade que Sharp viu pela primeira vez o espírito resplandecente Fiona Macleod, que o acompanharia pelo resto da vida. O fato se deu nos jardins da residência de seus pais quando, de súbito, ele se deparou com a lidíssima jovem, a quem ele chamou de ‘fada dos bosques’. Os anos se passaram. Já casado e com um nome a zelar pelas produções na literatura inglesa, Sharp começou a ser tomado pelos transes mediúnicos.

Em carta que escreveu para sua esposa em 1895, William Sharp registra a presença espiritual de Fiona Macleod: “Que coisa bizarra e eletrizante é o fato de existirem em mim duas pessoas, ainda que íntimas! E, entretanto, elas são tão diferentes! Sinto, às vezes, como se Fiona estivesse adormecida no quarto ao lado e eu me surpreendesse em atitude de escutar para lhe perceber os passos ou ver abrir a porta e Fiona aparecer. Quando, porém, ela se comunica comigo, é falando, interiormente, em voz baixa. Espero, agora, com ansiedade, saber como desenvolverá ela o assunto do novo romance The mountain lovers. Como é estranha esta impressão de sentir-me aqui sozinho com ela! Os romances e poesias de Fiona ditados a William Sharp por ‘inspiração’ alcançaram sucesso retumbante junto à crítica literária e ao público. Eram romances e poemas “saturados de graça feminina, de fantasias, de sonhos, de reminiscências célticas de há mil anos”, registra o pesquisador italiano Ernesto Bozzano em um de seus estudos. Nenhuma semelhança de estilos. Literariamente, Fiona Macleod superava William Sharp. Escreveu um crítico que ambas as personalidades “produziram obras literárias de uma beleza especial, embora Fiona ultrapassasse muito a outra em originalidade, em poder descritivo e em imaginação”. Durante dez anos escreveu Fiona Macleod romances e poesias através da mediunidade de Sharp sem que os críticos descobrissem. Cinco anos após a morte de Sharp, um amigo fez as seguintes declarações:

“Há vários anos fiquei conhecendo William Sharp e tornei-me seu amigo. Ele não era ainda casado e morava em um pequeno apartamento, perto do nosso. Certo dia, aconteceu-me fazer referências, em conversa, ao neoespiritualismo e ele declarou que nunca assistira a experiências dessa natureza e que as veria com prazer. Convidei-o então para tomar parte do nosso círculo familiar. Alguém perguntou: “Quem são os guias espirituais do sr. Sharp?” A mesa respondeu, lentamente, um nome da família escocesa: Macleod. Alguns anos mais tarde, convidei-o para ir à minha residência, por ter necessidade de um conselho, a respeito do título de um livro de versos que desejava publicar e confiei-lhe que havia escrito vários poemas do volume por ‘inspiração’. Ele exortou-me a ocultar isto, se não quisesse me comprometer perante os críticos... Em outra ocasião e a propósito dos poemas de Fiona, ele me exprimiu a mesma preocupação: “Fiona morre se descobrem o segredo da sua existência”. Sharp era médium inspirado, mas temia que o descobrissem. As admiráveis coleções de versos que publicou constituíam impressões de uma inteligência espiritual que era seu ‘espírito-guia’; seu nome devia

William Sharp: Só depois de sua morte houve a revelação dos mistérios de Fiona

ser realmente aquele que tinha sido transmitido pela primeira vez, em nosso círculo familiar: Macleod – o que se verificou vários anos antes que Fiona Macleod se manifestasse a Sharp. Com a publicação de Memórias após a morte de William Sharp, e escrita pela sua viúva, todo o mistério em torno de Fiona Macleod foi desvendado e só então os críticos literários souberam que a literatura dos mortos pode superar a dos vivos... Baseado no livro Escritores e fantasmas, Jorge Rizzini. Ed. Correio Fraterno.

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ESPECIAL

FELICIDADE:

onde eu compro uma? Por ALEXANDRE CALDINI NETO

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primeira pergunta da quarta parte do O livro dos espíritos fala sobre a felicidade. Kardec pergunta se podemos desfrutar de felicidade completa na Terra. A resposta é categórica: a felicidade completa não dá. Mas, na resposta também é dito que depende de nós sermos tão felizes quanto se pode ser na Terra. Opa! Então está nas nossas mãos sermos, ao menos um pouco, felizes! Já é alguma coisa. Mas...como fazê-lo? Felicidade e alegria Vale começarmos pensando na diferença entre felicidade e alegria. Confundimos os dois conceitos. Alegria é algo efêmero. Gostosinho, necessário, mas que não dura. Já a felicidade é algo mais duradouro e mais profundo: um estado de espírito. Ficamos alegres ao encontrar um amigo, ao sermos promovidos, ao ganhar um dinheiro inesperado e ao comprar uma roupa bacana. A alegria tem sua função: ela é como um pico de glicose a nos energizar. Alegres, seguimos mais confiantes. A alegria nos reabastece de boníssimo ânimo. Mas como a glicose, depois de um tempo, parece que consumimos a alegria e ela se esvai. E voltamos a ficar aborrecidos e enfastiados, em busca de nova pico de alegria para que possamos seguir adiante. Parece que nos viciamos em alegria! A felicidade é algo menos eufórico que a alegria. Ela não é de picos, de altos e baixos. A felicidade é algo mais constante e sereno, mais equilibrado e longevo. É algo que se demora para se conquistar, mas que uma vez conosco, se mantém estável. A felicidade talvez seja um modo de enxergar o mundo, as pessoas, os desafios, os problemas e as belezas da vida. Uma pessoa feliz também tem suas alegrias, mas ela é menos dependente de picos de alegria. Ela tampouco sofre com os vales, as chamadas depressões. A pessoa feliz compreende melhor o mundo que a cerca e por isso encara tudo com maior naturalidade e sem paixões. Felicidade tem a ver com compreensão. Quanto melhor compreendermos tudo, menos nos iludiremos e menos sofreremos, pois nada será inesperado ou destituído de lógica. Quando compreendemos, aceitamos e trabalhamos o fato; e desse modo não sofremos, mas ao contrário, nos animamos por conseguirmos dar bom encaminhamento ao assunto. www.correiofraterno.com.br

O sucesso traz a felicidade. Ou seria o inverso? Outra confusão que fazemos é na dupla sucesso e felicidade. Certa vez li sobre uma pesquisa de uma universidade californiana que respondia a seguinte pergunta: o sucesso traz a felicidade ou a felicidade traz o sucesso? A descoberta é surpreendente pois contraintuitiva: a felicidade vem antes e facilita o sucesso. Muitos de nós achamos que precisamos ser famosos e ter muito sucesso na vida – na vida afetiva, no trabalho, na saúde, nas finanças – para só então, sermos felizes. A pesquisa provou o contrário: as pessoas que alcançavam o sucesso eram as que já eram as mais felizes antes do sucesso. Em outras palavras: quem gosta mais de si (autoestima, não arrogância), quem ama os demais, quem se interessa pela vida, quem está melhor com seu corpo e com seu papel na sociedade, quem se dedica a ser uma pessoa melhor a cada dia; essa pessoa tem equilíbrio e tranquilidade que são requisitos para atingir o sucesso em qualquer campo de nossas vidas. Então que tal focar na felicidade genuína e generosa invés de buscar o sucesso a qualquer custo? Albert Einstein, sábio, dizia: Não tentes ser bem-sucedido, tenta antes, ser um homem de valor. Dinheiro e felicidade E dinheiro: traz felicidade? Dinheiro é importante, mas ele sozinho não garante a felicidade. Quantos ricos você conhece que são infelizes? O rico pode comprar o que quer, e isso o alegra. Mas isso é insuficiente para mantê-lo feliz e logo depois ele cai novamente na falta de algo, no vazio. Então, o caminho para a felicidade é ser pobre, desfazer-se de todos os bens, certo? Não. A pobreza também não garante a felicidade. O que importa aqui é compreender que a felicidade não se compra, mas se constrói. Com o dinheiro é possível comprar conforto e alegrias, mas as alegrias não sustentam a felicidade. Um sapato novo, uma bolsa linda, um carro do ano, tudo isso nos alegra, mas não nos tira dos problemas, não nos resgata da angústia e da depressão. Dinheiro sozinho não nos traz felicidade e paz. Problemas e felicidade O que atrapalha a nossa felicidade então são os problemas! É tanto problema, tanta coisa complicada para resol-


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ver, que é impossível ser feliz. Bom, nesse caso, a solução está fácil: basta acabar com nossos problemas e seremos felizes, certo? Ilusão. Nossos problemas nunca acabarão. Somos espíritos ainda muito novos, com muito a experimentar, aprender e progredir. Ainda teremos muitos problemas pela frente. Eles, os problemas, creia, são nossos amigos! Entendamos os problemas como desafios, provas. Estamos criando musculatura moral e intelectual ao trabalharmos nossos problemas. Cada problema resolvido é um aprendizado adquirido. É exatamente por isso que encarnamos, na Terra: para que encaremos situações desafiadoras e, usando nossa inteligência, nos desenvolvamos como espíritos, em sabedoria e moral. Assim compreendendo, os problemas deixam de ser uma barreira à nossa felicidade e se apresentam como são: um atalho à conquista da felicidade. Infeliz por querer ser feliz Uma pergunta: será que a busca frenética por felicidade não nos causa infelicidade? Queremos todos ser felizes. Mas queremos ser felizes agora, neste momento, imediatamente e não depois. E não queremos ser apenas felizes, mas queremos ser muito, muito felizes. E não apenas agora e muito, mas queremos ser felizes o tempo todo. É possível isso? O espiritismo na pergunta 920 de O livro dos espíritos diz que não. Vivemos num mundo de provas e expiações. Somos espíritos ainda pouco sábios que cometem injustiças e toda sorte de erros a todo momento. Num ambiente desses, com colegas iguais a nós – gente ainda barra pesada – é impossível ser feliz o tempo todo. Então esqueça o hedonismo. Ser tão feliz quanto se pode ser Mas, e aquela estória de ser tão feliz quanto se pode ser na Terra? A resposta à pergunta 920 diz que depende de nós amenizarmos os males para sermos tão felizes quanto se pode ser na Terra. Opa! Ai está a dica preciosa: amenizarmos os males! E que males são esses? Os conhecemos todos. Eles são nossos companheiros de longa data, nós os alimentamos a todo momento, estão conosco há várias encarnações. São a vaidade, o egoísmo, o orgulho, a soberba, a inveja, o ciúme, a ganância, a parcialidade, o sectarismo, o elitismo... todos filhos do ego avantajado. Então, se quisermos a felicidade, a chave é nosso progresso moral e intelectual. O segredo é nos livrarmos desses espinhos todos que nos causam tanto desgosto e nos afastam da felicidade viável já aqui, na Terra. A boa notícia é que isso, afastarmos de nosso dia a dia esses nossos defeitos, está ao nosso alcance. Só depende de nós. Depende de nosso compromisso conosco, de nosso autoconhecimento, de nossa honestidade para conosco, enfim, da reforma íntima, tão conhecida dos espíritas. A quantas anda a sua? A felicidade nas nossas mãos Trabalhemos nossa felicidade. Construamos nossa felicidade.

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Cuidemos de nossos pensamentos que são o terreno onde nossa felicidade florescerá. Usemos da gentileza que o melhor adubo para a felicidade. Busquemos compreender o próximo, aquele que pensa diferente de nós, pois esse ele é a nossa sabatina para a conquista de nossa felicidade. Não reforcemos comportamentos que nos afastam da felicidade e causam tanto sofrimento a nós e a tantos. Evitemos dar força ao ódio, ao separatismo, à crueldade, à tortura e à xenofobia. Promovamos a paz e não o armamento e as disputas. Combatamos em nós qualquer preconceito, seja de etnia, de classe, de geografia, de origem, de orientação sexual ou de crença. Nós, espiritas inclusive, não somos os únicos bacanas. Deus não elegeu um modelo único de humano. Todos, os diferentes de nós inclusive, são espíritos criados por Deus. Lembremos do exemplo de Jesus que a todos acolhia. Jesus, aquele que apenas tinha palavras e atos de compreensão e amor para os doentes do corpo, da alma e do espírito. Lembremos desse bom exemplo, desse espírito superior, que sempre acolheu com amor a todos.

Cuidemos de nossos pensamentos que são o terreno onde nossa felicidade florescerá” Nossa felicidade é a felicidade do outro Talvez a chave para a felicidade possível enquanto estamos encarnados na Terra esteja expressa na belíssima definição que o espiritismo nos oferece do que seria o homem de bem. Em determinado trecho diz: Ele “encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos.” Troque a palavra satisfação pela palavra felicidade e veja se não faz todo sentido. Como não ser feliz levando o alívio ao próximo? Essa é a felicidade possível na Terra! E ela não é pouca. Ela é a felicidade real pois de essência divina. É profunda. Fala à alma do ser. Encanta e acalma. Aproxima. Fornece esperança e paz. É serena e contínua. Essa felicidade, a possível na Terra, não se vende em lojas. Tampouco é conquistada com o sucesso. Mas ela está logo ali, ao nosso lado, em nosso relacionamento, em nossa família, em nosso trabalho e com todos os que nos cercam. Sejamos felizes, fazendo outros felizes. Alexandre Caldini Neto é autor dos livros A morte na visão do espiritismo e A vida na visão do espiritismo. www.correiofraterno.com.br


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VOCÊ SABIA?

O transporte espiritual de um caramujo Da REDAÇÃO

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ra década de 1950. A sessão mediúnica estava em andamento no Centro Espírita André Luiz, em Pedro Leopoldo, MG. O médium Chico Xavier estava de pé aplicando passes nas pessoas que faziam parte da reservada reunião. Ao seu lado permanecia, também de pé, o médium Joaquim Alves. De repente, em torno do conhecido médium Jô, surge um ruído, como se um pequeno objeto tivesse sido arremessado ao chão. Chico Xavier logo então trouxe a notícia: – Scheilla lhe deu um presente! Irmã Scheilla é um espírito muito devotado que começava a se manifestar em algumas reuniões de efeitos físicos. Viveu na Alemanha na época da Segunda Guerra Mundial,

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onde trabalhou como enfermeira. Joaquim Alves olhou ao redor e viu que havia no chão um grande caramujo. Ele se abaixou e pegou-o, admirado por ver que ele ainda permanecia molhado com água salgada e gelada e impregnado com restos de areia fresca. O caramujo era estriado com delicadas cores. Emocionado, o médium disse: “Scheilla o transportou para nós”. E acrescentou depois: “Estávamos a centenas de quilômetros de uma nesga de mar, em manhã de sol abrasador que crestava a vegetação e, em nossas mãos, o caramujo que o Espírito Scheilla nos ofertara, servindo-se da mediunidade de Chico Xavier!1

Fenômeno raro

O fato que se deu é conhecido como fenômeno de transporte, uma subdivisão do que no espiritismo é chamado de manifestações físicas, ou seja, ações que se desenvolvem no nosso plano físico movidas pela vontade de um espírito. Trata-se do transporte espontâneo de objetos que não existem no lugar da reunião. Geralmente flores, frutos, confeitos, joias. Essas ações acontecem quase sempre da boa intenção de um espírito, pela natureza dos objetos e pela maneira suave e delicada como são transportados. É tido como fenômeno muito raro, que necessita da presença de um médium dotado no mais alto grau das faculdades mediúnicas de expansão e de penetrabilidade. Esses fenômenos são ainda mais difíceis de serem vistos em público, onde quase sempre se encontram vibrações refratárias, que paralisam os esforços do Espírito, e influenciando também a ação do médium.2 Chico Xavier foi um notável médium de efeitos físicos, mas por orientação de Emmanuel, restringiu-a para não prejudicar sua tarefa com os livros. Chico Xavier: 40 Anos no mundo da mediunidade. Roque Jacinto. Luz no Lar. O livro dos médiuns, cap. 5. Allan Kardec. FEB.

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ARTIGO

Não há espiritismo sem espíritos Por ELTON RODRIGUES

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llan Kardec demonstrou em sua vasta obra que o espiritismo é uma doutrina prática. O estudante espírita que se limita ao estudo teórico não compreendeu o objetivo primordial dessa ciência: a evolução moral dos seres. Antes mesmo de pensarmos na prática diária dos preceitos morais, objetivando superar os exercícios que nos levarão à melhor condição dos sentimentos para com o outro, é preciso notar que não há espiritismo sem espíritos. E isso nos leva à conclusão de que é preciso compreender os mecanismos que permitem a relação entre encarnados e desencarnados. Se é tão difundida a necessidade de realizarmos estudos profundos acerca das informações organizadas por Allan Kardec, por que não o faríamos justamente no quesito sobre a nossa relação com os espíritos? O que isso significa? Que o espírita não deve enxergar os espíritos e suas manifestações como fenômenos sobrenaturais. Quando é realizada uma reunião de pessoas de boa vontade, com estudos sérios e com objetivos elevados, espíritos bondosos são atraídos e, encontrando ambiente adequado, podem entrar em contato. Isso é motivo de pânico? De receio? Não. E qual deve ser a postura do grupo de estudantes? Analisar o conteúdo de forma fraterna e verdadeira, sem o fantasma do melindre. Por isso, um grupo mediúnico deve ser baseado na amizade e na comunhão de sentimentos, visando ao crescimento coletivo. Um dos grandes entraves à análise de conteúdo mediúnico é a deturpação acerca do termo animismo. O animismo, segundo o autor Palhano Jr., é “neologismo para significar que a alma do médium pode comunicar-se como a de qualquer outro, pois, se há certo grau de liberdade, recobra suas qualidades de espírito”.1 De forma alguma isso significa que animismo seja sinônimo de mistificação. Em muitos casos, talvez a maioria, a linha entre mediunismo e animismo é bem tênue. Sempre existirá

a influência do médium nas manifestações mediúnicas. E isso não significa nenhum problema, caso os grupos mediúnicos realizem análise de conteúdo com frequência. Também, essas análises não existem para pressionar o médium, ou algo similar, com olhares inquisitoriais, mas têm como objetivos imediatos o acompanhamento da maturação mediúnica, para se conhecer, aos poucos, as características e potenciais daquele que é analisado. Se forem bem feitas, elas levarão ao crescimento de todo o grupo: médiuns ostensivos ou não.

A comunicação com os espíritos gera ricos aprendizados para os grupos. O movimento espírita, com suas características multifacetadas, não deve se privar desse contato. Não estamos aqui defendendo que as reuniões mediúnicas sejam realizadas sem o preparo devido. Mas esse cuidado não tem relação com posturas ritualísticas ou engessadas. A comunicabilidade com os espíritos é algo natural, e assim deve ser tratada. O livro dos médiuns, de Allan Kardec, é o melhor manual para os grupos interessados em iniciar e aprimorar suas reuniões.

Estudemos Allan Kardec e façamos como ele, seguindo os seus passos, para obtermos resultados positivos em nossas reuniões. Estudo e prática, com método, são essenciais para estarmos mais próximos daquilo que foi organizado pelo mestre de Lyon. 1 Lamartine Palhano Jr., Dicionário de filosofia espírita. CELD, 2008.

Licenciado em física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Cofundador da Associação Física e Espiritismo da Cidade do Rio de Janeiro (AFE-RIO). www.correiofraterno.com.br


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CULTURA & LAZER

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Encontro Nacional dos Pesquisadores de Espiritismo JUN Será realizado nos dias 24 e 25 de agosto, na Federação Espírita do Estado do Ceará, em Fortaleza, o 15º Encontro da Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo. Alguns dos trabalhos apresentados serão: Reuniões mediúnicas voltadas à pesquisa espírita conforme orientações de A. Kardec; Comparando informações mediúnicas após Allan Kardec: o caso de Camilo Castelo Branco; A atuação feminina nos primórdios do espiritismo do Amazonas. Oficinas: Busca e tratamento das fontes da história do espiritismo e A cientificidade do trabalho de Allan Kardec. Inscrições: feec.org.br

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Congresso Espírita Mundial O Conselho Espírita do México, em coordenação com o Conselho Espírita Internacional realiza, de 4 a 6 de outubro, o 9º Congresso Espírita Mundial. Com o tema central “Edificando o homem espiritual do futuro”, o grande evento, que acontece na cidade do México, contará com a presença de Divaldo Franco, André Trigueiro, Rossandro Klinjey, Haroldo Dutra, dentre outros. Inscrições: https://9cem.com/

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Setembro Amarelo Agenda do jornalista André Trigueiro no mês da prevenção do suicídio, sobre o tema Viver é a melhor opção: Araguari, MG SET 1 Às 9 horas, no Cine Teatro Odette. Av. Nicolau Dorazio, 359, B. Industrial. www.radiofraternidade.com.br Uberlândia, MG SET 1 Seminário, das 14 às 18 h. Salão de Eventos da Câmara dos Dirigentes Logistas. Av. Belo Horizonte, 1290. www.radiofraternidade.com.br Rio de Janeiro, RJ SET Às 19 h, no Teatro Vanucci, Shopping da Gávea. Rua 5 Marquês de São Vicente, 52, 3º andar. SET Às 10 h, Café Literário. Centro Espírita Léon Denis. 8 Rua Abílio dos Santos, 137, Bento Ribeiro. (21) 24521846.www.celd.org.br. Cabo Frio, RJ SET 23 Das 9h às 12 h. Centro Espírita Trabalhadores de Jesus. Rua Teixeira e Souza, nº 448, Centro. (22) 2645-4468. www.cetj.org.br. Niterói, RJ SET 29 Palestra: Força, coragem e fé: a arte de seguir em frente. Horário: 17 às 19h. Grupo Espírita Leôncio de Albuquerque. Rua Oscar da Fonseca, 58, Fonseca. (21) 2625-8743. www.correiofraterno.com.br

Esquema de luz Não condenes. Abençoa. Não te revoltes. Perdoa. Cultiva o amor fraternal. Não te detenhas. Prossegue. Não reclames. Confia. Busca a celeste alegria doando o Bem pelo Mal. Não te lastimes. Espera. Não combatas. Colabora. Serve e serve, hora por hora no ideal que conduz. E encontraremos mais cedo, no amor unida à verdade, a luz da felicidade Em nosso esquema de luz. Fonte: A vida conta. Maria Dolores, Psicografia: Chico Xavier. Editora CEU.

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

ENIGMA E R T U O P A E R I O B A P O I U C P O M Ç Ã O P S S S O P R O S S E G U E A U I O A Q U E L C E A P O P O R R C B M O I U R A E I C A Ç G A V A Ã O Q P L L O V N H O B Z L B P E P O N Ç Ç O Z I E I C E S P N F X Z A R O P N A R P I F I A P O B E I L Ç D A O U A B R A Ç O O C I O T A J S E S P L O N U E A A P E O I Z I L L I H C N F E A P O E F E A O S O N T C F E Ç S U Ç A A Ç L O Ç A P E O B E R M X E A S E T O R O F R B O C B B Z L R C O A L E G R I A O O I T B Ç M A Ç L O A E R T P R E A E L T U I O C A T A C M L J R V Z F C I O L E M Ç O P C E V R T I A L T I Ã O T N R G R S E D J U B O O E O D E U D B V A A T I L M T A T R V A S E D E F E A C D Ç O A R C Ç Ã E A S C R E T U O M N E R Z O P N H F D C N H O S U Z V N Ç O A B E A B E C N I P O L C E A R T I D E A L

Qual a principal diferença entre as duas primeiras revelações espirituais para a Humanidade e a Terceira Revelação, o espiritismo? qualquer hora, em qualquer lugar

Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma: A gênese, capítulo 1, item 45.

Congresso Brasileiro de Psicologia e Espiritismo Nos dias 17 e 18 de agosto acontece na Federação Espírita do Estado de São Paulo o 3º Congresso Brasileiro de Psicologia e Espiritismo, com o tema “Psicologia espiritualidade e ética nas relações humanas”. Contará com a participação de Ercília Zilli, Jáder Sampaio, João Lourenço Navajas, José Carlos de Lucca, dentre outros. Realização: ABRAPE. (11) 3898-2139.

JUN

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

As duas primeiras foram individuais, trazidas por Moisés e Jesus, e a terceira foi coletiva. Não foi feita ou dada como privilégio a pessoa alguma; foi espalhada por sobre a Terra a milhões de pessoas.

AGENDA

Filosofando...

Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio


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ARTIGO

O envelope secreto para um

PAI Da REDAÇÃO

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escritor Hermínio C. Miranda (1920-2013) dedicou às mães um de seus livros de maior sucesso, Nossos filhos são espíritos. Ele inicia e termina a obra, porém, falando justamente sobre a desafiadora tarefa de ser pai, quando ainda não compreendia com precisão o dever que a paternidade lhe impunha. “O dr. Pimentel cortou o cordão umbilical, enrolou a criança em uma toalha – era uma menina. Eu tinha 23 anos e pela primeira vez na vida agitavam-se em mim as poderosas emoções da paternidade”, conta. Nascia Ana-Maria e, segundo Hermínio, vários pensamentos transitavam por sua mente. “Acho mesmo que tinha tantas perguntas quanto ela, talvez mais, não sei. Minha dúvida era: de onde vinha aquele ser? Aprendera na infância que Deus criava uma alma novinha em folha para cada criança que nascia, mas eu tinha já minhas dificuldades com essas e outras informações. Não poderíamos ter criado aquela pessoinha a partir do nada”. Hermínio não queria apenas respostas. Era um turbilhão de emoções. “Tudo quanto eu podia ver é que, de alguma forma, havia um pouco de mim naquele tépido bolinho de gente, à espera de que a tomássemos nos braços e, depois, pelas mãos, lhe mostrássemos como era nosso mundo. E já sentia, nas profundezas da memória do futuro, aquele dia em que ela não mais precisasse das nossas mãos e partisse para viver a sua vida. Não tinha palavras, eu confiava em Deus e na menina dos atentos olhinhos. Como também confiaria em duas outras pessoas que, sem eu saber, estavam à nossa espera, do outro lado do véu...” Depois de abordar vários temas importantes relacionados às programações reencarnatórias, Hermínio encerra Nossos

filhos são espíritos com o capítulo “Diploma de pai”, confessando ter sido também Ana-Maria quem acabou por lhe trazer a resposta que tanto buscava. “Ela assinou o meu Diploma de Pai, respondendo a uma das perguntas que li nos seus olhos, quando, pela primeira vez, nos encontramos do lado de cá da vida: ‘Será que esse sujeito vai ser um bom pai para mim?’” Hermínio divide com o leitor a emoção, reproduzindo no livro um texto de Ana-Maria sobre um suposto diálogo que ele teria tido com Deus antes de reencarnar, quando teria recebido as recomendações para desempenhar com êxito sua tarefa de pai. Acompanhe. Diploma de pai – Você vai primeiro ser filho. Depois, vai ser afilhado, depois, irmão, depois aluno, e... – Aluno, Senhor? – É, aluno e tio, primo, funcionário, e assim por diante, até ser namorado, noivo e esposo, pra depois ser... pai. Esta é a mais importante de todas as categorias citadas. (...) Você pediu três filhos; duas meninas e um menino. – Sei... – Naturalmente, que isto só vai começar a acontecer daqui a 23 anos. De tudo o que você pediu pra ser, ser pai é o mais difícil lá na Terra. – Entendo, Senhor... – Não, meu filho, você não entende. Mas quando chegar a hora você saberá o que fazer. – Estou muito receoso, Senhor. Ser pai, como o Senhor... Não vou conseguir. – Quem sabe? Daqui a muitos anos, vamos nos encontrar de novo e assim retomaremos esta conversa... – Sim, Senhor... Mas, vejo dois envelo-

pes em suas mãos. São para mim? – Ah, já ia chegar lá. Neste aqui contém minhas instruções para a sua vida de pai. Aqui estão as soluções para todas as situações que vai enfrentar com Ana-Maria, Marta e Gilberto. Aqui está o que lhes dizer, fazer, aconselhar, ensinar, repreender, tudo. Vou instalar estas instruções no computador do seu espírito! – Computa... o quê, Senhor? – Computador? Um dia você vai saber. Quando chegar a hora de resolver o problema com um dos rebentos, é só você chamar a memória e já virão todas as minhas instruções. – Obrigado, Senhor, mas deve haver algum engano, aqui só há uma folha de papel em branco! – Não é engano não, meu filho. É que só os pais podem ler o que está aí. – Ah, entendi, Senhor. E o outro envelope? – Este contém uma única palavra. E você só vai poder abrir este envelope no dia em que sentir necessidade de saber uma

coisa muito importante: o que eles três pensam a teu respeito como pai. – Ah... – Se pelo menos um deles três te chamar da palavra escrita aqui, nesta folha, você terá se aproximado ainda mais de mim, como... pai. – Sim, Senhor. – Vai, Hermínio. Minha bênção e boa sorte. – Obrigado, Senhor. Vou sentir sua falta. Até a volta... Após reproduzir o diálogo, Hermínio conta que o segundo ato dessa história se passaria na Terra, em 1991, quando o casal comemorava 49 anos de união, e ele recebe de Ana-Maria, o seguinte recado: – Pai, abra aquele envelope hoje. Veja se a palavra escrita pelo Senhor não foi ... AMIGO. – Era. Nossos filhos são espíritos. Hermínio C. Miranda. Lachâtre.

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QUEM PERGUNTA QUER SABER

Fanatismo religioso Da REDAÇÃO

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m 1964, o Anuário espírita publicou uma interessante entrevista com o escritor e jornalista J. Herculano Pires. Grande estudioso e pesquisador da doutrina espírita, Herculano deu esclarecimentos importantes sobre o assunto, dizendo: “Do ponto de vista espírita, um fanático-espírita é uma aberração, porque o espiritismo é uma doutrina racional, que não comporta fanatismos. Já vimos que a fé, no espiritismo, está sujeita ao exame crítico. Onde se fala de crítica, no sentido exato do termo, que é o exame aprofundado e sereno das coisas, não há lugar para manifestações

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Vejo muitas manifestações de fanatismo religioso. Isso acontece também no espiritismo? Lélia Alcântara, Mauá, SP

de fanatismos. Kardec já dizia, porém, que o entusiasmo excessivo é mais prejudicial à doutrina que as campanhas dos adversários. Se entendermos por fanatismo o exagerado entusiasmo de certas pessoas, não há dúvida que isso é mais prejudicial à doutrina do que o fanatismo que combatem. Porque o entusiasta exagerado dá motivos à desconfiança, como o sr. Carlotti o deu ao próprio Kardec, quando pela primeira vez lhe falou sobre as mesas girantes. Num sentido geral, entretanto, o entusiasta exagerado do espiritismo não é pior e nem melhor do que os de outras doutrinas.”


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DIRETO AO PONTO

A difícil arte da convivência Por UMBERTO FABBRI

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arte de viver é simplesmente a arte de conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é

difícil!”. Com esta frase, o poeta Mário Quintana traduz em poucas palavras a grande dificuldade de se viver em sociedade. O mundo é repleto de pessoas completamente diferentes entre si, mas que necessitam direta, ou indiretamente, umas das outras. Aceitar as diferenças é fundamental para que a sociedade elimine o preconceito, a violência e a intolerância, sejam elas religiosas, étnicas, de orientação sexual ou social. Aceitar o outro como ele é traz como consequência uma coletividade mais tolerante, fraterna e humana. As guerras que vemos hoje pelo mundo têm suas raízes justamente na intolerância e na indiferença. Para efetivarmos uma convivência feliz, ou pelo menos satisfatória, é preciso desenvolver certa habilidade para “viver com” todos os que nos cercam. Partindo da premissa de que, constitucionalmente, todos nós temos os mesmos direitos, uma atitude fundamental para que haja justiça e harmonia é a de se respeitar os direitos de nossos semelhantes. Isso sem falar na questão de que somos todos irmãos, cria-

dos gêneros musicais, mas nossos vizinhos também têm o direito de não gostar e de não serem incomodados com nosso som nas alturas. Isso nos faz lembrar que os nossos direitos acabam quando começam os direitos do outro. Existe outro ponto ainda muito importante para observarmos e que está ligado com os sentimentos que criamos e alimentamos intimamente diante das relações com as pessoas que nos cercam. Sabiamente se diz que “colhemos o que plantamos”. Se desejamos colher os frutos da boa convivência, que busquemos viver em harmonia. Praticar atos de bondade, tolerância, gentileza, paciência e boa vontade nos faz bem e consequentemente torna mais leve a vida de quem conosco convive. E quando idealizamos um mundo muito melhor para vivermos, não podemos nos esquecer de que somos nós, cada um de nós, os responsáveis por materializarmos essa transformação a partir da melhoria do nosso comportamento. dos pelo mesmo Pai, motivo que deveria inspirar sempre em nós a fraternidade. Mas de nossa parte, o que existe, via de regra, é a tendência de supervalorizarmos

os nossos direitos em detrimento dos direitos alheios. Um exemplo banal é o hábito de se ouvir música em volume alto. Temos o direito de gostar de determina-

Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor dos livros O traficante (ditado por Jair dos Santos), O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos) ed. Correio Fraterno.

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MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Inter abre ginásio para moradores de rua fugirem do frio

Netflix corta cena de suicídio em 13 reasons why DIVULGAÇÃO

Kardec estreia na Netflix em agosto

A Netflix comprou os direitos de Kardec, filme com direção de Wagner de Assis, mesmo diretor de Nosso Lar. A superprodução nacional será lançada no serviço de straming no dia 30 de agosto. O filme conta a história do educador francês Hypolite Leon Denizard Rivail, reconhecido mais tarde como Allan Kardec. O elenco conta com Leonardo Medeiros, Sandra Corveloni e Genézio de Barros. Fonte: Cinepop

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Katherine Langford como Hannah Baker na série ‘13 reasons why’

Sob uma temperatura de 5 graus, a direção do Sport Club Internacional abriu no dia 5 de julho os portões de seu ginásio para pessoas em situação de rua, com direito a uma noite de sono com colchão, cobertor e agasalhos, além de um sopão produzido pelo grupo de voluntários Cozinheiros do Bem e de um café da manhã. Torcedores do rival Grêmio ajudaram nas doações e como voluntários. O clube também coletou donativos no local. A inspiração para a iniciativa veio do clube argentino River Plate, que já havia realizado ação semelhante.

Dois anos após o lançamento da primeira temporada de 13 reasons why, a Netflix editou o último episódio da série e cortou a cena de suicídio da protagonista Hannah Baker. Em nota, a empresa revelou que tomou a decisão após receber conselho de grupo de médicos especialistas em prevenção de suicídio. Agora, o episódio mostra a personagem, interpretada por Katherine Langford, se olhando no espelho e logo corta para o momento em que os pais a encontram desacordada na banheira.

Fonte: UOL

Fonte: G1


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