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SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA

Ana Landi e a história de Divaldo Franco A biógrafa que inspirou o filme Divaldo, o mensageiro da paz conta quais foram suas descobertas e surpresas ao entrevistar o médium baiano. Leia nas páginas 4 e 5.

ISSN 2176-2104

FRATERNO

Entrevista

Ano 52 • Nº 489 • Setembro - Outubro 2019

Reunião mediúnica

Em busca do melhor atendimento aos espíritos

ESPÍRITOS

no Ao se acidentar gravemente e permanecer por meses emeircoma o? no banh hospital, o espírito de um jovem vai a uma sessão mediúnica e envia importante recado para a mãe de sua filha. Leia na página 14. ioso, inovador, que Um projeto editorial audac ca de se falar sobre a temáti inaugura uma nova forma s bom humor. São diversa com tudo de acima espírita, . pensar que o histórias que vão dar Deus, se Ele é tudo!? Como Como eu vou falar sobre sei o o sobre Ele, se eu nem eu vou fazer um trabalh s palavras difíceis... que Ele é e nem sei aquela

aula umas coisas para minha Eu estava pesquisando mais legal perguntar tudo na internet, mas seria bem bem Se ele tivesse e-mail seria direto ao meu mentor. tem tecnologia? mais fácil. Será que lá não

A médium que agitou o mundo da pesquisa no século 19 nascer o “Tenho esperança de fazer seres, pois sorriso no mais triste dos vida que não na dia há não que creio s para dar tenhamos muitos motivo do no ao menos um sorriso aperta ” lábios. canto dos Tatiana Benites

Maltratada pela avó, abandonada na infância, Eusapia Palladino se submete às mais rigorosas pesquisas dos cientistas da época. Sua rara mediunidade de efeitos físicos rompeu barreiras e trouxe um novo capítulo para a história do espiritismo. Página 7. ndd 1

Capa_Laurinha_final.i

ISBN 978-85-98563-57-2

banh eiro ? Tem ESPÍ RITO S no

. também através da escrita social, Formada em comunicação Cásper professora da Fundação desafio e Líbero, Tatiana aceitou o assuntos sobre r escreve a passou sua espíritas, baseando-se em à tona os própria vivência, trazendo tários questionamentos, os comen sala de e tantas descobertas de histórias aula. Assim nasceram as astuta agem person ha, de Laurin todos que, garante a autora, de uma forma ou de outra É aquela carregam dentro de si. pelas que personifica nossa ânsia e de descobertas, pela vontad perguntas, fazer s, expor as dúvida e sempr criticar, e que nem se expor. encontra coragem para de Laurinha participa das aulas que educação espírita no centro a, seus pais frequentam. Curios s nem esforço poupa inteligente, não estão que o er palavras para entend er lhe ensinando. Ela quer aprend grande de verdade e aí faz uma de uma confusão, até absorver tudo desde que forma que lhe satisfaça, nada lhe seja imposto. a da criança A espontaneidade caricat de humor inteligente traz o toque s nas narrativas de Tem espírito significa no banheiro?, o que não na obra que os assuntos tratados ou ância tenham pouca import contrário, menos profundidade. Ao estudar demonstra que podemos smo sem os fundamentos do espiriti humor. bom o e alegria a perder

Tatia na Beni tes

Um recado à ex-esposa antes de partir TEM

S

entirem-se respeitados. Perceberem-se num diálogo com acolhimento, de irmão para irmão, sem grau de superioridade, onde a franqueza e o amor chancelem o momento. As orientações vindas da espiritualidade por Allan Kardec parecem óbvias, mas a importância do trabalho e todas as sutilezas que envolvem o atendimento aos espíritos merecem a nossa atenção mais detalhada e espaço para mais trocas de ideias. Tudo para que aquele espírito que chega para o atendimento não perca a chance de se abrir para o próximo passo, rumo à melhora da sua condição no mundo espiritual. O convite está feito! Leia nas páginas 8 e 9.

Um jeito novo de aprender espiritismo. De forma simples. Sem mistérios!

tária O envolvimento da publici s com paulistana Tatiana Benite quando jovens e crianças começou trabalhar tinha apenas 15 anos, ao infantis. como palhaço em festas receber o Fez isso por dez anos, até s com convite para entreter criança das aulas de brincadeiras logo depois educação espírita. responsável Pouco tempo depois, era mas educar, não apenas por entreter, s passar os fundamentos espírita poucos dias para as crianças que até tros ela apenas divertia. Em encon ção, motiva e recheados de alegria possível Tatiana descobriu que era música, educar divertindo. Teatro, des dança, jogos e outras ativida de aula. eram bem-vindas nas salas iam aprend er, perceb E todos, sem smo. sempre mais sobre o espiriti um encontro Mas foi participando de , que a sobre comunicação espírita editora do autora foi convidada pela colaborar jornal Correio Fraterno a smo espiriti do com a propagação

9/15/11 12:45 PM

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EDITORIAL

Outubro,

mês de Allan

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m 1848, ruídos, pancadas e deslocamentos de objetos sem causa conhecida chamaram a atenção nos Estados Unidos, com as Irmãs Fox. Hoje, 171 anos depois, fenômenos como esses ainda acontecem e continuam chamando a atenção em todo o mundo, mas não mais portando as mesmas dúvidas do século 19 para os que desejam conhecer suas causas. Quem as revelou, indicando a existência e a atuação dos espíritos, foi Allan Kardec, em 1857, em Paris, com a publicação do O livro dos espíritos. Nascido em 3 de outubro, em Lion, na França, o ainda Professor Rivail, aos 53 anos de idade, iria entregar uma obra de enorme importância, fundamental para o progresso da Humanidade.

Kardec é sempre homenageado por ocasião da passagem de seu aniversário, mas poucos ainda compreendem os postulados espíritas que ele, de forma lógica e metódica, tão bem divulgou. Temas como a sobrevivência da alma, a mediunidade, leis divinas e a gênese do Universo, material e espiritual, são sempre assuntos palpitantes que despertam a curiosidade e a criatividade de artistas, escritores, poetas e cineastas. Mas somente estudando a obra de Allan Kardec é que se poderá compreendê-los em verdade e sem misticismos. Esta tem sido sempre a preocupação do Correio, que traz nesta edição estudos, entrevistas, artigos e curiosidades sobre o espiritismo de uma forma leve e contex-

FALE COM O CORREIO Idosa faz sucesso ao oferecer mudas de acerola Só queria falar que eu vi e adorei a ideia da dona Maria fazer mudas de plantas e oferecer para quem passa pela sua varanda. Achei uma forma de chamar a atenção das pessoas para a natureza e também é um gesto de atenção e carinho. Deve fazer um bem danado pra dona

Maria. (“Mídia do bem”, edição 487). Ivanilda Soares, por e-mail. Infeliz por querer ser feliz Não é fácil a gente lutar pelas coisas, não conseguir e ainda se culpar por isso. Esse artigo me ajudou a tirar um peso sobre mim! Queria lembrar sempre disso. Muito

Uma ética para a imprensa escrita

Kardec tualizada. Dos desafios da tarefa de Divaldo Franco, contados pela biógrafa Ana Landi, e do cuidado com a conversa com os espíritos desencarnados, às pesquisas – no século 19, com Eusapia Palladino e, hoje, com meio milhão de visualizações à TV Nupes, da Universidade de Juiz de Fora, MG – a intenção é apenas uma: divulgar Kardec, a quem mais uma vez parabenizamos, pelo 215º aniversário, com a gratidão de sempre e desejos de amor e luz! Boa leitura!

obrigada. (“Felicidade, onde eu compro uma?”, edição 488). Joana Alves, pelo site. Herminio Miranda em homenagem aos pais Encontrei em meu computador a linda mensagem sobre papai. Fiquei muito emocionada. Foi tão “à propos” sua homenagem! Não é porque falamos de papai, mas ele é realmente uma pessoa extraordinária... Sou e serei eternamente grata ao Correio, por tudo. (“Um envelope secreto para um pai”, edição 488) Ana-Maria Miranda.

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site www.correiofraterno.com.br

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118

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Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


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ACONTECE

O ator Alexandre Galves, como Paulo, contracena com Caio Blat, no papel de Estevão

Paulo de Tarso chega aos cinemas Da REDAÇÃO

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á está nos cinemas do Brasil o filme Paulo de Tarso e a história do cristianismo primitivo (A2Filmes), produção Mar Revolto, produzido e dirigido por André Marouço (O filme dos espíritos, Causa e efeito e Nos passos do mestre). O filme apresenta a vida e obra do Apóstolo dos Gentios através da interpretação espírita dos fatos e contextos que envolveram esse grande personagem.“Trata-

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-se de um docudrama, que trafega entre a linha documental e a dramatúrgica”, explica Marouço, ressaltando que esse tipo de filme permite mudanças profundas no psiquismo de quem o assiste. “É que, além de emocionar, informa; e contra fatos não há argumentos”, justifica. A obra é resultado dos estudos do professor, doutor em Ciências da Religião, Severino Celestino, que assina a curadoria. O

longa-metragem conta com dramatizações de Paulo interpretadas pelo ator Alexandre Galves e, como Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo, está o ator Caio Blat. O filme conta com as colaborações do médium André Luiz Ruiz, do ex-presidente da FEB, Cesar Perri, do escritor Jorge Damas, e do médium e escritor José Carlos De Lucca. Prestigiar o filme nos cinemas, principalmente quem mora em Capital e região

metropolitana, será fundamental para o maior interesse na exibição por outras redes de cinema e para manter o filme por mais tempo em exibição, para o acesso a um número maior de pessoas. As casas espíritas fora das Capitais ou regiões metropolitanas poderão pleitear a exibição do filme no centro ou local apropriado. Informações: marrevolto@marrevolto.art.br ou (11) 98185-7465.

A ciência no interesse popular

oi-se o tempo de achar que assuntos da ciência não têm apelo popular. Há cinco anos, o Núcleo de Estudos Saúde e Espiritualidade investiu na ideia de criar a TV Nupes para levar a um público maior conteúdo sobre medicina, psicologia, neurociência, física, teologia, sociologia e educação, dentre outros, com abordagem mais clara e aberta, acessível a pesquisadores, alunos e para as pessoas que se interessam pela interface da ciência, espiritualidade e saúde. Com mais de 6 mil inscritos, a TV

Nupes, pelo canal do YouTube, já disponibilizou cerca de 250 vídeos, que geraram quase meio milhão de visualizações. O projeto vem ganhando notoriedade ao trazer temas da pesquisa científica considerando questões como espiritualidade, religiosidade, transes, oração e suas relações com a saúde. Os vídeos têm a participação de mais de 70 pesquisadores, muitos deles líderes de pesquisas na área de espiritualidade e saúde, de oito países, 31 universidades e centros de pesquisa, incluindo as principais universidades mundo.

Alexander Moreira, um dos idealizadores do projeto

“O Nupes se subdivide nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. No âmbito da extensão é que surgiu com a ideia de levar notícias e conclusões das pesquisas ao público em geral, explica Alexander Moreira-Almeida psiquiatra e pesquisador, um dos idealizadores do projeto.” O núcleo foi fundado em 2006 e faz parte do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora. TV NUPES: www.youtube.com/nupesufjf www.correiofraterno.com.br


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ENTREVISTA

A biografia que virou

filme Por ELIANA HADDAD

ROSANA SOUZA

Ercília Zilli, presidente da ABRAPE

Ana Landi e Divaldo Franco, na pré-estreia do longa-metragem

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m 2009, a jornalista e historiadora Ana Landi fundava em São Paulo a editora Bella Letra para publicar livros de não ficção, principalmente os que contassem histórias de vida e que transitassem pela religiosidade. Depois de alguns sucessos editoriais, Ana decidiu, em 2013, escrever sobre a vida do médium Divaldo Pereira Franco. O livro agora ganha novo destaque, ao inspirar o longa-metragem que está em cartaz nos cinemas Divaldo, o mensageiro da paz. Em entrevista ao Correio Fraterno, Ana Landi revela os bastidores desse trabalho e conta suas descobertas e surpresas sobre o homem Divaldo Pereira Franco, sua mediunidade e sua obra de caridade, a Mansão do Caminho, que atende a milhares de pessoas diariamente, em Salvador, Bahia. Como e por que surgiu a ideia de biografar Divaldo Franco? Como espíritas, não acreditamos em acasos. Acho que eu tinha que chegar a este trabalho. Vejo como algo que eu sempre soube que tinha de desenvolver. Em 2012, eu havia acabado de editar um livro que fez muito sucesso, a biografia de Eliana Zagui. Ela chegou ao Hospital das Clínicas de São Paulo aos dois anos de idade com polio-

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mielite, paralisada do pescoço aos pés e quase incapaz de respirar. Mais de 40 anos depois, ela ainda vive na UTI do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC, onde aprendeu a ler e escrever, concluiu o ensino médio, estudou idiomas. Quer cursar a faculdade de psicologia. Com a boca, escreve, pinta, usa celular e notebook. O livro Pulmão de aço relata sua trajetória dentro de um quarto de hospital. Eu a descobri

por acaso e viramos muito amigas. O livro impactou a sua vida, pessoas apareceram. Ela se tornou conhecida. E eu me sentia com uma dívida de gratidão. Pelo que ela também fez por mim: uma pessoa melhor, mais corajosa e com coragem para seguir com a editora. Fiquei com essa sensação de que eu deveria descobrir uma história que fosse tão impactante quanto a dela. Um assunto que eu pudesse escrever e que servisse para algo positivo. Um dia, pensando nisso, o nome dele veio à minha mente. Eu pesquisei rapidamente e vi que, apesar de conhecê-lo superficialmente, eu não tinha ideia do que ele havia feito e construído. E, naquele ano, ele faria 85 anos, a Mansão do Caminho, sua obra social em Salvador, BA, também comemorava uma data redonda... Eu pensei: é ele! Como o livro virou filme? Havia um projeto para que um filme sobre Divaldo fosse realizado há anos. Quando o livro surgiu, a ideia ganhou força. Ao mesmo tempo, os primeiros idealizadores, os produtores da Estação Luz, fecharam com a Fox Film e a Produtora Cine. Passamos, assim, a fechar os detalhes de minha colaboração. Você gostou dos recortes que foram feitos na história? Sim. Gostei do tratamento dado por Clovis Mello. Ele foi muito feliz. Eu tinha muito medo de cometer algum erro doutrinário e, talvez por isso, o filme até esteja sendo considerado bastante voltado aos espíritas. Mas foi uma decisão dele. De passar a mensagem. Em sua opinião, qual a principal mensagem que a vida de Divaldo passa para espíritas e não espíritas? Perseverança. Não desistir fácil. Acreditar e insistir. Ele é muito otimista. Tem muita fé.

O que mais a surpreendeu na série de entrevistas que realizou com o médium para realizar esse projeto? Sou suspeita... Vejo tantas coisas lindas e nobres nele. Mas acho que o que mais me surpreendeu foi descobrir o ‘homem’ Divaldo. Eu tinha aquela visão do palestrante, do ególatra. Da pessoa que busca termos científicos, etc. Mas ele é, na convivência íntima, a pessoa mais engraçada, doce e afetuosa que eu conheço. E uma das mais inteligentes também. Eu o imaginava muito diferente antes de conhecê-lo bem. Fica evidente no filme a perseguição de obsessores. Qual era o sentimento de Divaldo ao contar-lhe essas histórias? Ele é muito bem-humorado. Mas dá para notar que passou por coisas terríveis. Ele nunca se fez de vítima. Sempre contou de forma muito leve. Mas sabemos pelo que passou e ainda passa. Há uma força muito grande interessada em desmoralizar todos os que trabalham pelo bem e desestabilizar as casas espíritas ou que trabalham por algum ideal. Segundo ele, os ataques agora são ainda mais pesados. E muitas vezes se utilizando dos mais próximos. Como analisa a reação do público em relação a Divaldo Pereira Franco? Vivemos tempos conturbados. As pessoas andam extremistas. Desaprenderam a relativizar. Ou as pessoas são maravilhosas ou devem ser achincalhadas. Realmente eu não sei como o público avalia. Sei o que meus amigos pensam. Mas também nunca me preocupei com isso. Eu queria fazer um livro sobre o homem e a obra. Que não fosse elogioso. Eu não sabia mesmo o que esperar. Sabia que teria muitas resistências no movimento espírita, onde existem muitos grupos que são ‘donos’ e amigos de certos expoentes. Mas tudo isso foi muito tranquilo.


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O que diferencia a biografia que você realizou sobre Divaldo das demais, já que você optou por um perfil jornalístico? Acho que, pela minha formação, foi natural. E foi legal de fazer. Tinha muito, muito material. Eu adorava as entrevistas. Quando apresentei a Divaldo a proposta de fazer um livro sobre sua vida, ele não concordou em gravar os depoimentos. Perguntei então se podia fazer entrevistas com ele. Fiquei anos só fazendo isso. Porque não queria que acabasse nunca. Uma hora tive de parar e escrever. E fiz em três meses. Como historiadora, como vê o papel de Divaldo no espiritismo? Fundamental como divulgador, fundador

de núcleos e também exemplo de uma existência que tenta, dentro de todas as possibilidades e desafios, ser fiel ao que acredita. Desde muito novo.

Eu queria fazer um livro sobre o homem e a obra. Que não fosse elogioso”

Como foi viver Joanna de Ângelis O Convite Fui convidada, ou melhor, convocada, para fazer o personagem da Joanna de Ângelis de uma forma muito especial. Eu já conhecia o Clovis Mello [roteirista e diretor]. Minha formação era católica e sempre acontecia de alguém espírita ter algum bom ‘recado’ pra me dar. Um dia ele me disse: “eu tenho um outro desses recados para você: Divaldo Franco te escolheu para fazer o personagem de Joanna de Ângelis, a mentora espiritual dele, no filme que iremos gravar sobre sua história”. Surpresa, agradeci, dizendo que aceitava e que ele podia contar comigo. Clovis havia levado para o Divaldo fotos de várias atrizes e mais algumas minhas. No entanto, Divaldo falou, apontando para uma das minhas fotos: “É ela quem vai fazer o personagem Joanna de Ângelis”. Quando o encontrei, ele me olhou e deu o maior sorriso do mundo. A gente se abraçou e falei da minha gratidão, pela oportunidade e honra de ter sido escolhida. E ele respondeu: “Eu e Joanna que escolhemos, não é minha filha? E você sabe disso”. Apenas sorri, porque nem soube o que dizer... A emoção der ser Joanna No primeiro dia das filmagens, quando coloquei o hábito, fiquei muito emocionada! Eu me senti muito abençoada! Ali, naquele exato instante, eu vivi um momento de compreensão e clareza sobre o porquê da minha própria vida aqui na Terra, de ser atriz, Senti uma profunda gratidão de estar naquele lugar. Em seguida, quando entrei no set para gravar a primei-

E sobre o episódio referente aos conflitos editoriais envolvendo livros/mensagens de Divaldo e Chico Xavier? Como você sentiu Divaldo em relação a isso? Ele ficou extremamente magoado. Mas nunca reclamou em público. Afinal, quem é Divaldo Pereira Franco? Para mim, um amigo. Um amigo especial. De séculos. Não o idolatro. Só o amo. E até esqueço que ele é ‘famoso’....

LIVROS & CIA. Infinda Telefone: 17 3524-9801 www.infinda.com A força do um: uma ideia, um sentimento, uma ação de André Trigueiro 224 páginas 15,7x22,5 cm

Tim e Vanessa Telefone: 31 3201-3038 www.timevanessa.com.br Cântaro de Tim e Vanessa CD gravado ao vivo 82 minutos

A atriz Regiane Alves, como mentora do médium

ra cena, percebi imediatamente um silêncio diferente, que se fez espontaneamente naquele local, seguido da expressão que eu ia vendo aparecer no rosto de cada pessoa que estava ali. Assim que me viam como Joanna, ficavam realmente muito emocionadas. Achei muito lindo! Gostaria de ter tido uma câmera na mão para filmar aquele momento. O próprio Clovis ficou muito tocado. Foi muito especial aquele dia! O caminho da paz e do amor Não me esqueço das coisas que foram acontecendo na minha vida pessoal. O quanto eu estava passando por um momento difícil, e a forma como este convite chegou. Depois, à medida que eu ia lendo um capítulo de cada livro de Joanna, lembro o quanto fui sendo nutrida. Sinto que esse caminho eu não posso perder nunca mais. O caminho da paz, de a gente estar bem consigo mesmo e de sempre buscar fazer o bem para o outro. Temos que internalizar isso. Desejo que as pessoas compreendam o recado maior do filme, que é saber que tudo depende do amor: que a gente tem que acreditar nele, e que qualquer ato de amor vale, pois é o amor o que nos move!

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FEEGO Editora Telefone: 62 3281-0200 www.livrariafeego.com.br A peregrinação do verbo de Eurípedes Velloso prefácio de Haroldo Dutra Dias 240 páginas 16x23 cm

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Fonte: Bastidores do filme Divaldo, o mensageiro da paz, Intelítera.

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LEITURA

Amor sem limites Por SÔNIA KASSE

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amor é o sentimento mais sublime que envolve os seres humanos. Por amor, as pessoas agem com solidariedade, respeito, bondade e paciência. Não medem esforços para cuidar daqueles que amam e vê-los felizes. Esse é o verdadeiro amor. Por outro lado, o sentimento egoísta, individualista, transforma esse amor puro, sincero, num emaranhado de acontecimentos, nos quais pessoas inocentes são vítimas de verdadeiras atrocidades. Basta ver e ouvir os noticiários, cujas reportagens, não raramente, nos informam sobre pessoas sendo agredidas verbal e fisicamente, e até mortas, por aquelas que deveriam amá-las e protegê-las. E é esse amor intenso, profundo e sem limites que vamos conhecer na leitura do livro Amor e resgate de Janaína Farias pelo espírito Jean Lucca,

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publicado pela editora Correio Fraterno. Um romance contundente em que os personagens Miriel e Kevin, amantes nessa encarnação, têm toda a sua história desvendada na volta ao passado, onde viveram como Eileen e Nean, e cujo amor intempestivo ocasionou uma série de contratempos, causando rancor e ódio em Fynn MacDoubret, pretendente oficial de Eileen e que fora abandonado por ela, jurando vingança eterna. Nessa atual encarnação, vivendo como Miriel e Kevin, os acontecimentos não são diferentes e muitas desgraças ocorrerão. Somente a leitura desse belo romance trará os esclarecimentos necessários do porquê de tantos dissabores e tragédias. Leitura que reforça a necessidade do amadurecimento espiritual através do resgate de erros cometidos em encarnações passadas.


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BAÚ DE MEMÓRIAS

O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o Espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

Os fenômenos extraordinários de

Eusapia Palladino Por IZABEL VITUSSO

Com Eusapia, a levitação de um bandolim

Eusapia, aos 41 anos, ao lado do filósofo e economista Henry Sidgwick, em Cambridge

A

médium italiana Eusapia Palladino causou agito no mundo da ciência na Europa vinte anos depois de o espiritismo começar a ser conhecido, através do lançamento de O livros dos espíritos em Paris, em 1857. Não que fosse por vontade dela! Eusapia era pessoa discreta, muito simples, mas tinha o potencial de proporcionar os fenômenos espirituais com tamanha intensidade que chegava a causar espanto as notícias que circulavam a seu respeito na época. O momento era de grande ceticismo. Nascida na cidade de Murga, em Nápoles, em 1854, desde o seu nascimento a vida não lhe foi fácil. Ao completar oito anos de idade, já era órfã de pai e mãe.

Na infância, recebeu poucos cuidados e praticamente nenhum acolhimento. Maltratada pela avó e abandonada nas ruas, chegou a procurar, no começo da adolescência, uma família conhecida de seus pais. Lá, foi abrigada, enquanto aguardavam a sua internação em um convento.

Desabrochar da mediunidade Mas, tendo notícias sobre os experimentos que algumas pessoas estavam fazendo com as mesas girantes, a temporária ‘família’ de Eusapia, por divertimento, se pôs a realizar sessões de fenômenos em casa, sem conseguir qualquer êxito. E eis que lembraram de chamar a jovem hóspede. Fazendo parte da roda em torno da mesa, como médium de rara capacidade, Eusapia deu condições para que ela começasse a levitar, saindo do chão. Não só isso. Intenso fenômeno começou a rodopiar cadeiras, chocar copos no ar, trazendo uma nova realidade, que mudaria sua vida, que não seria num convento. A partir daquele momento, amparada pelo professor Ercole Chiaia e o professor

Damiani, Eusapia Palladino, iletrada e de modestíssima condição social, iniciaria a sua educação mediúnica. E foi o professor Chiaia quem primeiro a apresentou ao mundo científico europeu, através de uma carta publicada no Jornal de Roma, em 1888, dirigida ao renomado pesquisador Cesare Lombroso. Nela, ele expõe suas experiências e convida-o a investigar o que ocorria em torno da médium. Mas o convite foi aceito apenas três anos depois. Pesquisa do meio científico Ao comprovar a veracidade dos fenômenos, Cesare Lombroso escreveu: “Estou confuso e lamento haver combatido com tanta persistência a possibilidade dos fatos chamados espíritas”. Esta nova posição do professor sobre a realidade que invadia o universo da ciência levou muitos pesquisadores de renome a investigar os fenômenos através da médium italiana, dentre eles Charles Richet, Alexandre Aksakof, Dunglas Home, Ernesto Bozzano, Oliver Lodge, Albert De Rochas, Victorien Sardou, Gabriel Dellane, Camille Flammarion e muitos outros. Por anos, Eusapia submeteu-se aos mais rigorosos exames para provar a legitimidade de sua capacidade mediúnica. A diversidade mediúnica Além de levitação e deslocamento de

objetos, instrumentos musicais tocavam sem a sua aproximação, vento e frio repentinos mudavam a temperatura do ambiente, sons de vozes ecoavam pelos ares, escritas diretas apareciam sem a ação da mão da médium. Na sala, também surgiam objetos transportados de longe: como flores, moedas e pedras. Eusapia também fazia leitura de pensamento, tinha visão à distância e no escuro absoluto, além da compreensão de idiomas desconhecidos para ela. Sua influência alcançava eletroscópio, que mesmo à distância se descarregava. Apesar disso, Eusapia nunca deixou-se levar pela vaidade. Era extremamente franca e muito generosa. Tinha o prazer de ajudar e de agradar. Ela desencarnou em 1918, aos 64 anos, depois de quase 50 anos à disposição dos pesquisadores. Sua dedicação, juntamente com o apoio incondicional do professor Chiaia, criaram condições para que a pesquisa e o estudo sistemático dos poderes psíquicos dessem um grande salto no conhecimento científico nesse setor. O reconhecimento sobre a mediunidade, a imortalidade do espírito e a possibilidade da comunicação entre vivos e mortos ganharam um novo capítulo na história, depois de Eusapia Palladino. Bibliografia: Eusapia, A “feiticeira”. L. Palhano Jr, Celd.

Contabilidade – Abertura e encerramento de empresa – Certidões

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ESPECIAL

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arefa das mais desafiadoras das casas espíritas, as reuniões de desobsessão exigem equipe sintonizada no Bem, instrutores amorosos e esclarecidos, médiuns disciplinados, estudo, humildade e muito, muito amor. Talvez seja a atividade que mais retrate a relevância da máxima de Allan Kardec: “fora da caridade não há salvação”, por exigir todos os sentimentos que a envolvem: a humildade, a compaixão, a benevolência, a atenção, a escuta fraterna. Trata-se de trabalho espiritual de extrema seriedade e reponsabilidade, onde cada um dos participantes da reunião desempenha papel essencial, principalmente na comunhão de pensamentos, na sintonia com a equipe espiritual, para que possa se estabelecer uma ponte de confiança, para que todos se coloquem em posição de auxílio. Exige experiência? Sim. Mas, muito mais que isso, exige amor. “Obsessores encarnados que eram, são obsessores desencarnados e agem sem serem vistos. Afastá-los pela força não é fácil, visto que não se pode lhes apreender o corpo. O único meio de dominá-los é o ascendente moral, com cuja ajuda, pelo raciocínio e sábios conselhos, chega-se a torná-los melhores, ao que são mais acessíveis no estado de Espírito que no estado corporal”, explica Allan Kardec. Gente como a gente Obsessores não são demônios, criados para fazer o mal. Não são pessoas más, mas pessoas que – como todos nós – se enganam, se decepcionam e se revoltam, por resistências morais e falta de conhecimento das leis divinas. E ainda: muitos até conhecemos as leis, mas temos enorme dificuldade em praticá-las. Por isso, Kardec observa também que não nos devemos admirar mais das obsessões do que das doenças e outros males que afligem a humanidade. Elas fazem parte das “provas e das misérias” devidas à inferioridade do meio onde vivemos, atraídos ainda que somos por nossas imperfeições, até que estejamos suficientemente melhorados para merecer dele sair. Ou seja,

se há imperfeições, há obsessões, e as reuniões mediúnicas são umas das formas de socorro e atendimento. O papel da reunião mediúnica Várias dúvidas, no nosso meio, são levantadas em função da necessidade das reuniões de desobsessão. Por que o espírito desencarnado não pode ser atendido diretamente no plano espiritual? Primeiramente, é preciso lembrar que quanto mais ligado à matéria, maior o sofrimento do espírito. Por isso, o contato com o mundo material permite um ambiente mais propício para quem, por exemplo, nem percebeu ainda que já não está mais com seu corpo físico entre os ‘vivos’. Fica mais fácil compreender o ‘choque’ da transição. Outro aspecto importante é que eles também acabam por auxiliar os membros da reunião, despertando-lhes a compaixão, mostrando-lhes a consequência de enganos que também cometemos, em função do grau evolutivo em que se encontram. A desobsessão, assim, seria muito mais uma oportunidade de troca, do que a submissão de inferiores a superiores. Estudo sobre casos de obsessão Casos que esclarecem e emocionam foram comentados por Allan Kardec na Revista Espírita e por seus contemporâneos ao estudarem os problemas das obsessões. (Veja o quadro abaixo) Também foram temas amplamente analisados por Bezerra de Menezes, Herminio C. Miranda, André Luiz (Chico Xavier), J. Herculano Pires, Yvonne Pereira e tantos outros expoentes espíritas. Recentemente, o psicólogo, também espírita, Jáder Sampaio, desenvolveu um trabalho sobre o tema, reunindo suas experiências de mais de 30 anos de reuniões mediúnicas em Belo Horizonte, MG, em seu livro Conversando com os espíritos (Lachâtre), no qual compartilha os

Casos de desobsessão em Allan Kardec Protagonistas

Ano

Ações realizadas

Charles Dupont (Castelnaudary)

1859

Orar pelos Espíritos endurecidos Maior proveito dos que se arrependem

Possessos de Morzine

1862

Entendimento de obsessões coletivas (médiuns)

Julie (Saboia) 23

1864

Prece da obsediada pelo obsessor Instrução do espírito obsessor

Tereza B. (Marmande) 13

1864

Evocação e diálogo com o obsessor Não evocar durante as crises Abster de pregar moral ao obsessor Conversar familiarmente para obter confiança Franqueza e benevolência Foco na libertação da menina e melhora do obsessor

Rosa N. ? (casada em 1850)

1865

Falar com doçura, sentimento Conduzir ao bem

Obsediada de Cazères 22

1866

Sem relatos

Publicados por Allan Kardec na Revista Espírita, com orientações dadas pelos espíritos ou questionadas por Kardec sobre como lidar com os obsessores www.correiofraterno.com.br

Reun

mediú

Para um atendimen

Por ELIANA


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nião

única

ento bem-sucedido

A HADDAD

conceitos de Carl Rogers (1902-1987) como instrumentos que podem auxiliar o atendimento aos espíritos. Psicólogo americano, Rogers traz uma abordagem diferente, recusando identificar a pessoa em terapia como paciente ou doente e apontando a importância da relação sem posição de hierarquia. No final de sua vida, Rogers teve experiências pessoais com a mediunidade. E ele entendia que havia três pontos-chave para uma relação de ajuda bem-sucedida: a compreensão empática, a aceitação positiva incondicional e a congruência, passos para o sucesso no diálogo também com os Espíritos, que nos lembram da importância de reconhecermos os sentimentos, emoções e desejos do espírito, da necessidade de nos colocarmos no lugar dele para sabermos melhor sobre a sua dor, de criarmos um espaço para que ele possa falar o que pensa e sente, sem medo de ser advertido, para que repense a sua situação e deseje mudá-la. (Veja quadro) Herminio C. Miranda em Diálogo com as sombras destaca que ainda há muito por se fazer e aprender nesse intercâmbio com os espíritos. “Há um universo a explorar.

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A desobsessão seria muito mais uma oportunidade de troca, do que a submissão de inferiores a superiores.” Há uma humanidade inteira clamando por ajuda, esclarecimento, compreensão e caridade no chamado mundo espiritual. Seus dramas e suas angústias não são apenas individuais. Os erros que cometemos prendem-nos a uma cadeia de fatos e de seres que se estende pelo tempo afora. Nunca o drama de um Espírito é apenas seu”.

Para a eficiência no atendimento Empatia Empatia não é a mesma coisa que simpatia. Significa entender como o espírito vê a forma de funcionamento do mundo e tentar colocar-se em seu lugar. Com isso, temos que ter um bom contato com nosso mundo interior, e perceber que talvez estivéssemos na mesma condição dele, se tivéssemos passado pelo que ele passou. Aceitação incondicional Não somos juízes, nem estamos conversando para avaliar a conduta deles. Tentamos criar um espaço para que possam falar o que pensam e sentem, sem medo de serem advertidos. Possivelmente, outras pessoas e eles próprios já se culpabilizaram por sua conduta, mas

Durante o esclarecimento: • Colocar-se no lugar do espírito • Acolher sem julgamento • Compreender o papel da dor • Ouvir mais e falar menos • Obter a confiança dele • Observar suas defesas e brechas • Conduzi-lo à história • Descongelar suas concepções • Perceber a época referida • Observar a base do conflito emocional • Incentivar a retomada do projeto de vida • Pensar na consequência futura dos seus atos • Voltar ao passado em busca de sentido • Amar, amar e amar

isso não foi suficiente para que se dispusessem a agir de forma diferente. Congruência Que reações o espírito comunicante provoca em nós, atendentes? Que sentimentos ele nos desperta? Pena? Medo? Ser capaz de reconhecer o que ele nos provoca é como ele age com as pessoas. E isso possibilita sinalizarmos como ele aparenta ser, como se mostra. Ao sermos capazes de conversar sobre a realidade, sem cobranças, ele poderá reavaliar o que vem fazendo. Isso serve para a maioria dos espíritos em condição de sofrimento ou os que agem a partir do ódio ou da vingança, seja com humor alterado ou friamente.

O psicólogo e escritor Jáder Sampaio, em simpósio realizado no último 21 de setembro, no Centro Espírita Pátria do Evangelho (Lar da Criança Emmanuel), em São Bernardo do Campo, SP. Durante o evento, o pesquisador explicou como as teorias da psicologia humanista podem auxiliar as conversas com os espíritos nas reuniões mediúnicas. Referências Bibliográficas Jáder R. Sampaio. Conversando com os espíritos. Lachâtre. Allan Kardec. Obsessão: Origens, sintomas e curas. O Clarim. Herminio C. Miranda. Diálogo com as sombras. FEB. www.correiofraterno.com.br


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ARTIGO

Os que têm fome e sede de justiça F Por RICARDO BAPTISTA MADEIRA

ome e sede são sensações de desconforto orgânico motivadas, em geral, pela necessidade do organismo inserir alimentos ou líquidos para a continuidade do seu funcionamento. A sensação de se estar farto, ao contrário, corresponde a um estado de ‘satisfação’ orgânica, de não carência referente a nutrientes indispensáveis à manutenção da vida. Jesus traça um paralelo entre essas condições orgânicas e a vida moral das criaturas. Ao invés de alimentos ou líquidos cuja ingestão pode saciar o corpo, se propõe a justiça como o que plenamente satisfaz a alma. O estar farto é, assim, relacionado ao se encontrar pleno de justiça, saciado no que diz respeito a ela. O que é, para um ser humano, a justiça? Se estivermos falando em termos gerais, não espiritualistas ou não espíritas, ela consiste na aplicação das leis conforme a sociedade as prescreve. Essa forma de justiça, imperfeita, provisória, relativa ao que se conheça dos fatos ocorridos em cada caso e ao estado evolutivo da sociedade em pauta. Do ponto de vista no qual Jesus se coloca, entretanto, não é essa justiça apenas. Jesus sempre primou por enxergar mais profundamente as

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“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.”

coisas e, quando se referia a alguma lei, normalmente, fazia menção a leis reguladoras da vida em toda parte, em qualquer tempo e lugar, como por exemplo: “Aquele que com ferro fere com ferro será ferido”; “O amor cobre a multidão dos pecados”; “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, “Não julgueis, para não serdes julgados”, “Pedi e dar-se-vos-á”. Nova ideia sobre justiça A justiça, posta nesses termos, enquanto necessidade fundamental do espírito humano, essencial à existência e condição de auto-satisfação, de realização pessoal, é algo absolutamente inédito na história do pensamento humano àquela época em que falava Jesus. E ainda hoje permanece incompreendida da maioria daqueles que, neste mundo, buscam a satisfação dos seus interesses imediatos. A mensagem cristã é também uma súplica para se viver em harmonia com as leis diretoras da vida em geral. Quem aprende a ouvir o

clamor da justiça em si mesmo, não da pseudojustiça a que se costuma chamar de vingança, mas daquela justiça que nos manda sermos pacientes para com os erros dos outros, uma vez que nós também temos cometido outros tantos erros semelhantes ou muito piores até. A justiça que compreende, educa, ampara, encaminha, que nos envia a dor, corrigenda necessária, mestra de tantas horas, mas que nos recomenda a caridade como lei maior de todos os momentos, quem aprende o amor da justiça e nela se compraz é, este sim, um verdadeiro cristão, um verdadeiro espírita, um autêntico ser humano. A justiça não é algo que se recomende somente aos inimigos, enquanto aos amigos se faça distinções e benesses. Ser justo é julgar-se a si mesmo em cada ação e tentar realizar o melhor a ser feito, em detrimento até dos nossos interesses pessoais. Ser justo é saber encontrar o bem em cada situação da vida, pois cada momento é presidido pelo amor infinito de Deus.

Estar farto de justiça é ser suficientemente sábio, amoroso e desprendido de si mesmo para sentir o que seja necessário ao outro e fazê-lo da melhor forma que se puder. Ser justo, segundo Jesus nesse sermão, deve ser algo equivalente a se empregar todos os instantes na construção diuturna do bem, contribuindo para o advento de um mundo melhor, onde impere a paz, o amor, a educação do espírito em consonância com a verdade, com o amor, com a caridade. Quem disser que anseia por essa justiça, anelando-a do fundo do seu coração, não necessita, ademais, ser visto ou compreendido como alguém justo – a justiça em si mesma já lhe é bastante. Essa justiça divinamente exercida no universo nunca há de faltar. O conhecimento do espiritismo, de fato, nos esclarece a respeito da sabedoria de tantas leis morais vigentes no cosmos. O enfoque dado por Jesus a esse tema, no entanto, é outro: a necessidade posta por ele é a de amar a justiça tão intensamente que a sua falta corresponda à ausência de algo vital à sobrevivência do espírito. Vivenciar em todos os dias essa justiça é o desafio colocado por Jesus a cada um de nós, se nos quisermos corretamente chamar de cristãos.


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ACONTECE

Pesquisadores e historiadores espíritas se reúnem em Fortaleza Por APARECIDO JOSÉ ORLANDO

E

m dois dias ensolarados na capital cearense, pesquisadores e historiadores espíritas se reuniram na Federação Espírita do Estado do Ceará para o 15º Enlihpe - Encontro Nacional da Liga dos Pesquisadores do Espiritismo. O encontro deste ano aproveitou a comemoração dos 150 anos de desencarnação de Allan Kardec, na França, para voltar às origens. A programação, que contou com a apresentação de quatro trabalhos, teve foco em temas históricos, proporcionando reflexão do desenvolvimento do movimento e da doutrina espírita no período. Nas apresentações, Luís Jorge Lira Neto, de Recife, trouxe a análise comparativa entre as 1ª a 16ª edições de O livro dos espíritos. De Vitória, ES, Luana de Souza e Raphael Carneiro apresentaram o tema “Reuniões mediúnicas voltadas à pesquisa espírita conforme orientações de Allan Kardec”. Também com base em informações mediúnicas, Jáder dos Reis Sampaio, de

Memória da Federação Espírita do Estado de Goiás, através da edição de livros: Os primórdios do espiritismo em Goiás; Raízes espíritas: região metropolitana e 100 anos depois ... Kardec em Goiás. Marcelo Gulão, de Juiz de Fora, apresentou o livro Espiritismo em perspectivas, com textos de autores da Universidade Federal de Juiz de Fora. Também foi feita a apresentação do livro Os monumentos gêmeos: Allan Kardec entre Niterói e Lyon, de Paulo Sérgio Manhães Peixoto e Olivier Geneviève. A obra O Espiritismo da França ao Brasil: estudos escolhidos, contendo todos os trabalhos do do 15º Enliphe, que foi publicada em parceria da USE e do Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa do Espiritismo Eduardo Carvalho Monteiro, foi lançada no evento. O próximo Enliphe acontece em Vitória, ES, e terá como tema “Psicopatologia e Espiritismo”, em homenagem a Bezerra de Menezes, em seus 120 anos de desencarnação.

Sete estados brasileiros representados no Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo

Belo Horizonte, deu foco no trabalho que realizou, comparando e analisando informações do espírito Camilo Castelo Branco através das psicografias de Fernando de Lacerda, de Yvonne do Amaral Peixoto e de Francisco Cândido Xavier. Lenara Paula Nunes, de Manaus, apresentou sua pesquisa sobre a atuação feminina no início do espiritismo no Amazonas. Duas oficinas também foram realizadas: sobre “A cientificidade do trabalho de

Allan Kardec” (por Maurício Mendonça), e sobre a “Busca e tratamento das fontes da história do espiritismo” (por Luciano Klein Filho e Samuel Nunes Magalhães). Estudioso sobre a vida da médium, Pedro Camilo, do Rio de Janeiro, abordou o tema “Em busca de Yvonne Pereira: o trabalho de recuperação da memória da médium fluminense”. Eurípedes Velloso apresentou os projetos que vem realizando pelo Centro de

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CULTURA & LAZER

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Encontro Nacional de Surdos e Ouvintes Espíritas Acontece de 15 a 17 de novembro, em Londrina, PR, o 5º Encontro Nacional de Surdos e Ouvintes Espírita — ENSOE. O evento deseja ampliar o diálogo entre federativas, instituições espíritas e a comunidade surda. Local: Sociedade Espírita Amor e Esperança. Rua Serra Formosa, 206, Jardim Bandeirantes. Libras.espirita@gmail.com. WhatsApp (41) 99283-0101 (Nika).

NOV

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Encontro Espírita de Juiz de Fora Será realizado, dia 30 de novembro, no Trade Hotel JF , o 1º Encontro Espírita de Juiz de Fora, MG sobre o tema “As curas da alma”. O evento conta com a participação de Raul Teixeira, Alberto Almeida, André Trigueiro, Armando Falconi, Paulo César Fructuoso, dentre outros. Realização: Associação Espírita Paz e Amor. Informações: (32) 99126-6048.

NOV

30

Congresso Estadual de Espiritismo Será realizado de 26 a 28 de junho de 2020 o 18º Congresso Estadual de Espiritismo, na cidade de Atibaia, SP. Com o tema “Evolução do ser: consciência e livre-arbítrio”, o evento contará com a presença de conferencistas como: Alberto Almeida, André Luiz Peixinho, Artur Valadares, Eulália Bueno, Haroldo Dutra, Rossandro Klinjey, Sandra Della Pola e Simão Pedro. Mais informações e inscrições http://www.congressousesp.org.

ENIGMA

Que nome se dá às pessoas suscetíveis de pressentir a presença dos espíritos? qualquer hora, em qualquer lugar

Solução do Passatempo Veja em: www.correiofraterno.com.br

Resposta do Enigma:

Médiuns sensitivos ou

Confraternização Espírita de São Carlos De 9 a 10 de novembro será realizado o Conesc 2019 - Confraternização Espírita de São Carlos. Com o tema: “Ética espírita e atualidade”, o evento conta com a participação de Otacílio Rangel, Eulália Bueno e Artur Valadares. Local: Cenacon – Hotel Nacional Inn. Av. Getúlio Vargas, 2330, Recreio São J. Tadeu. www.conesc.org.br

NOV

R R Y T U N B G O U T U A S S Ã O B S S O R R O P A M A D A D E H M U I D A D O B S N O A R P L Z R T U U D E S A I S S Ã O S P O T I S T O P I R I P E R I U D E A S I D P O L M E R B D A G B I E M O I P L C R S P E R I S P I R I T O O P L N C A A S S Ã O R R A Ç Ã O I D A D E C A R E M O P S S Ã O M I S S O E B S E S S O Ç Ã O B S S N R I L D P L U R O I O P C I M O R P L A L I D A D A P O O L B E R Ç Ã E L A R M R R B I D E D A I I A N C T O O S A D L O A Ã O A P A E F R E B U I S A E Ç S L R E E N S S Ã O E M Ã S I R M P S Z S Ç Ã O L O U D I D A D S M Ã D I A S S A Ã O Ç Ã O O S O C I D L D C L S S E U R O P A E L E P S E I O M U R A S T S H U M A N I D A D E P A A O I E V N M P O R E V J O B S R S S Ã O I O V E R A N M E D I U N I D A D E O P E L B E R S U V D S S

impressivos.

19

Outubro, mês em que Allan Kardec (3 de outubro de 1804) é sempre lembrado no meio espírita. O professor que se debruçou para entender o que havia por trás das sessões de mesas girantes que divertiam nobres e burgueses na Europa e que descortinou um mundo novo para a humanidade. Novas ideias chegaram, novas expressões, até então desconhecidas ou com um novo sentido: plano espiritual, reencarnação, perispírito, mediunidade, obsessão, pluralidade dos mundos, leis divinas, livre-arbítrio, provas e expiações, imortalidade, espiritismo, espírita.

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

Allan Kardec, Obras Pós-

Reflexão sobre o movimento espírita em São Paulo A União das Sociedades Espíritas de São Paulo USE realiza no dia 19 de outubro, às 15 h, momento de reflexão e de avaliação do movimento espírita. O evento acontece na sede da USE, rua Gabriel Piza, 433, em Santana, com a participação de dirigentes, trabalhadores de centros espíritas e de órgãos de unificação. Participação de Antonio Cesar Perri, Julia Nezu, Aparecido José Orlando. www.usesp.org.br

OUT

CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

tumas, 1ª parte.

AGENDA

JUN

26

Comunicação por WhatsApp

Chá-Bazar beneficente 10 O evento mais esperado do ano!

NOV

Dia 10 de novembro, a partir das 14h00 Artesanatos belíssimos, peças exclusivas e preços especiais. Av. Humberto de Alencar Castelo Branco, 2955, Vila Alves Dias, São Bernardo do Campo, SP. Fone: 11 4109-2939. www.laremmanuel.org.br Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio www.correiofraterno.com.br


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ARTIGO

E a história chega ao fim Por HELOISA PIRES

“Sois deuses e luzes; podeis fazer o que eu

faço e muito mais...”,

E

m pleno século 2, surgia a doutrina denominada docetismo, que negava a existência de um corpo material a Jesus, numa tentativa de apresentar um Jesus mágico, com um corpo fluídico, não de carne, sangue e ossos. Não aceitamos a ideia na Igreja católica. O tempo passou e eis que novamente apresentou-se a ideia infundada, depois do intenso trabalho do codificador Allan Kardec. Ele já havia desencarnado. A sociedade fundada por Kardec para estudar espiritismo, em Paris, passou a ser dirigida por seu amigo Pierre-Gaëtan Leymarie. Aproveitando a desencarnação do mestre lionês e já estando a sua esposa, Amélie Boudet, idosa, Leymarie afastou-a da Sociedade e passou a ter procedimentos impróprios, como, por exemplo, cobrar por palestras ali realizadas. Nessa época, Jean-Baptiste Roustaing também já havia desencarnado, mas seus seguidores pagavam pelas palestras e conseguiram, depois, transformar A gênese, uma das importantes obras da codificação, segundo seus interesses, imputando alterações e apresentando, inclusive, a ideia de Jesus ter desfrutado na Terra de um corpo fluídico. José Herculano Pires começou a esclarecer a ideia inconsistente, através de palestras e artigos, inclusive escrevendo o livro O verbo e a carne, assinado em parceria com Júlio de Abreu, que na época já havia desencarnado. Herculano foi corajoso, idealista, num tempo em que as grandes instituições rejeitavam os que não seguiam suas cartilhas. É necessário ler esse livro para se compreender a gravidade do fato, que

Jesus

acabou se tornando tabu no meio espírita. Quem não concordava, calava com medo de perder prestígio. Não Herculano, nem Nazareno Tourinho, Jorge Rizzini, Izabel Salomão. Lembro desses. Talvez existam outros, mas serão raros. Nestor Mazotti, quando presidente da FEB, bem que tentou retirar as considerações sobre as obras de Roustaing do estatuto, mas em vão. Nessa ocasião, Herculano já havia desencarnado. E, no mundo espiritual, cercado de amor por sua coragem em colocar Jesus e seus ensinamentos acima do poder pequeno da Terra, deve ter continuado o trabalho de respeito a Jesus e Kardec na apresentação dos ensinamentos sem deturpações. No começo do ano passado, uma jovem diplomata, Simoni Privato, nos surpreendeu com a publicação de seu trabalho sobre as mutilações que acabaram

sendo realizadas em A gênese após a desencarnação de Kardec. Fui a sua apresentação e fiquei encantada com seu trabalho, estranhando apenas por não ter apresentado em sua palestra a questão do corpo fluídico de Jesus, o ponto-chave da deturpação. Na mesma época, na TV Mundo Maior (FEAL), André Marouço organizou uma entrevista para esclarecer sobre o corpo fluídico, convidando a mim e ao Milton Felipelli da USE para falarmos sobre o tema. Feliz, pela primeira vez falei sobre o assunto, assim como Felipelli, e com muita propriedade. As perguntas permitiram a compreensão da gravidade da aceitação da questão do corpo fluídico, esclarecendo-se o problema à luz do desenvolvimento da ciência. A gênese explica no capítulo sobre Jesus que o que o tornava capaz de curar, de filosofar acima da compreensão da sua época,

nada tinha a ver com seu corpo, mas com sua grandeza espiritual, sua autoridade moral. E que o corpo físico de Jesus, portanto, era igual ao nosso. Seu perispírito é que era diferente, formado pelo o que há de melhor na energia cósmica universal da Terra, ou seja, dos melhores fluidos desta morada. Agora, Lian Duarte, neto de Canuto de Abreu (18921980), trouxe através do pesquisador Paulo Figueiredo as anotações do avô que ficaram guardadas. Novamente coube à FEAL (Casas André Luiz) auxiliar, publicando-as em um livro, tendo o apoio da família de Canuto de Abreu. Enquanto participávamos do evento do lançamento do livro, veio a notícia de que a FEB havia finalmente retirado de seus estatutos a referência aos estudos das obras de Roustaing, ficando a obra de Allan Kardec como a principal. Finalmente, a razão vencera! Aqueles que desejarem colocar o mito acima do irmão nosso, Jesus, podem fazê-lo. Apenas precisam mudar o nome do movimento, pois isso nada tem a ver com espiritismo. E que possamos compreender e praticar os ensinamentos indispensáveis de Jesus, reapresentados por Kardec, também no O evangelho segundo o espiritismo... “É hora de transparência na Terra”, como disse Felipelli na entrevista. Sim, amigo, vamos erguer bem alto a luz, como dizia Jesus, não permitindo por motivo algum que ela possa ser escondida no cobertor do orgulho ou do egoísmo. Heloisa Pires é escritora e palestrante espírita, filha de Herculano Pires. www.correiofraterno.com.br


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VOCÊ SABIA?

Um recado à ex-esposa antes de partir Da REDAÇÃO

A

o se acidentar gravemente e permanecer por meses em coma no hospital, o espírito de um jovem vai a uma sessão mediúnica e envia recado para sua ex-esposa. Na mensagem ele diz: “É com muito esforço que aqui venho para fazer um pedido. Peço que conversem com a mãe da minha filha e digam a ela para vir onde me encontro, pois preciso pedir desculpas pelos acontecimentos que provocaram nossa separação. Queria ter falado muitas coisas, que fui deixando para depois, analisando fatos e criando coragem para um diálogo. Mas agora me encontro impossibilitado de dizer qualquer palavra audível, e preciso do seu perdão para que minha consciência fique em paz. Ela é a mãe da nossa filha, que foi gerada com muito amor. Sei que sentirei sua

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presença junto a mim, assim como percebo a daqueles que me cercam com muito carinho. Sua presença será para mim a confirmação do seu perdão. Agradeço pelo auxílio.” Assinado (o nome do espírito) Na sessão seguinte, o grupo mediúnico solicitou à equipe espiritual orientação sobre a mensagem. Ela havia sido recebida em decorrência de um pedido de assistência, vindo por uma senhora, dizendo ser ele

amigo de sua família. A mensagem teve sua origem confirmada, sendo o grupo informado de que o jovem teve a ajuda do seu anjo guardião e de seu avô, que o levaram onde pudesse se socorrer, uma vez que o assunto era de grande preocupação para ele e lhe causava perturbação. Percebendo que o estado de seu corpo físico era precário, ele quis reparar suas faltas enquanto era tempo.

Atendendo ao pedido feito, a senhora procurou a mãe da menina, leu para ela a mensagem. O convite para ir até o hospital onde estava o pai da sua filha foi aceito. Ao vê-la, o jovem, em espírito, talvez quisesse dizer tantas coisas, pedir perdão, relembrar os momentos bons que passaram juntos, solicitar que cuidasse bem da filha amada. Mas as palavras audíveis aos ouvidos físicos não lhe eram mais possíveis. Então um efeito do sentimento sincero se fez notar nas faces daquelas duas almas, em forma de lágrimas... A antiga companheira entendeu, tocou com carinho a mão do enfermo, e encerrou-se assim aquela conversa silenciosa, mas talvez mais convincente do que mil palavras, das quais o coração não participasse. Baseado em publicação do Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec.


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DIRETO AO PONTO

O sentido da vida Por UMBERTO FABBRI

Q

ual não foi minha surpresa, há alguns dias, saber que um amigo espírita, em momento de grande desespero, suicidou-se. Meu pensamento inicial de grande pesar foi substituído pelo assombro, destituído de qualquer julgamento, pelo fato de que meu amigo, grande conhecedor da doutrina, mesmo sabendo de todas as implicações de seu ato, decidira abreviar seu tempo aqui entre nós. Tentei imaginar o tamanho de sua dor... E esta mesma dor leva uma pessoa suicidar-se a cada quarenta segundos no mundo, sem falar das outras vinte que tentaram e não conseguiram. Aproximadamente 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. Ele é a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos. E 78% dos suicídios ocorrem no mundo em países de baixa e média renda. Embora a relação entre distúrbios suicidas e mentais – em particular, depressão e abuso de álcool – esteja bem estabelecida em países de alta renda, vários suicídios ocorrem de forma impulsiva em momento de crise, com um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida, tais como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças. Os que sofrem abusos, violências e vítimas de preconceitos, lideram a lista. O sentido da vida é o amor e na falta dele mergulhamos no abismo de nossas dores. O olhar atento, a disponibilidade, o apoio, o saber ouvir, o abraço podem salvar uma vida.

A problemática é tão gigantesca que a Organização Mundial da Saúde elegeu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e com certeza o modo mais eficaz de combate seja a empatia com o sofrimento de nossos semelhantes e o cuidado com nossos pensamentos. Em todas as situações, o ‘orai e vigiai’ é valioso medicamento, mas frente aos pensamentos de aniquilação é indispensável! O que não desafia não transforma, todavia cada um de nós, em algum momento, diante destes chamados transformadores,

pode chegar ao seu limite. Buscar ajuda, vencendo o orgulho, o medo, as angústias, alimentando a fé em Deus, no próximo, e acima de tudo em si, pode mudar o cenário sombrio de algumas situações. É importante lembrar que somente nós mesmos podemos controlar e eliminar os monstros íntimos que criamos, ou eles nos acompanharão onde quer que estejamos. Não conseguimos fugir do que está dentro de nós. O mais forte não é o que não sofre, mas sim o que continua caminhando,

apesar do sofrimento. O evangelho segundo o espiritismo1 nos ensina que a calma e a resignação, aplicadas em nosso modo de ver a vida, dão ao Espírito uma serenidade que o preserva de pensamentos suicidas. 1

Capítulo 5, item 14.

Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de livros como, O traficante (ditado por Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.

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MÍDIA DO BEM Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Cuiabá distribui 10 mil berços sustentáveis

Jovem baiana ganha prêmio global da ONU

Abraço dos pais desenvolve mais rápido cérebro de bebês

Lançado há um ano pelo Hospital Beneficente Santa Helena, em Cuiabá, em parceria com a Unimed, o projeto Primeiro Berço já beneficiou cerca de 10 mil bebês. Entregues às mães ao receberem alta, juntamente com um kit de primeiras necessidades, ele é feito com caixa de papelão forrada com colchão especial e funciona como uma barreira mecânica, que impede o bebê de virar-se, ou ter de dormir na cama com os pais, o que pode provocar sufocamento. O projeto foi criado pelo cardiologista Marcelo Sandrin, presidente do hospital.

A baiana Anna Luisa Beserra, 21 anos, acaba de ganhar o prêmio Jovens Campeões da Terra, principal premiação ambiental das Nações Unidas para jovens entre 18 e 30 anos. Acostumada a laboratórios e termos científicos desde a adolescência, ela explica com simplicidade a invenção: “Em humanos, a radiação ultravioleta causa câncer de pele. Mas, para vírus e bactérias, ela é letal. A gente aproveita a mesma radiação ultravioleta para fazer o tratamento na água, que passa a ser potável”, diz. “Agora, estamos abrindo portas para expandir a tecnologia para África, Ásia e outros países da América Latina”, destaca.

Um estudo do Nationwide Children’s Hospital, em Ohio, EUA, demonstrou que quanto mais você abraça um bebê, mais rápido o cérebro dele se desenvolve. Pesquisadores analisaram as respostas cerebrais de 125 bebês, recém-nascidos e prematuros, e como eles reagiram ao toque físico e descobriram que os prematuros são particularmente receptivos à resposta do cérebro quando são abraçados ou gentilmente tocados. “É essencial garantir que recebam um toque positivo e favorável, como o cuidado pele a pele dos pais”, diz a dra. Nathalie Maitre.

Fonte: Portal Rosa Choque

Fonte: BBC Brasil

Fonte: Portal Lifestyle

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