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SEMPRE ATUAL, COM O MELHOR DO CONTEÚDO ESPÍRITA A n o

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ENTREVISTA

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ESPIRITISMO com talento, humor e muito riso O ator e diretor Fábio de Luca fala sobre o sucesso alcançado com o grupo teatral Amigos da Luz, que alia espiritismo e humor e atrai milhares de seguidores nas redes sociais. Leia nas páginas 4 e 5.

A neurociência ea inteligência emocional A tese científica que Bezerra escreveu sobre a loucura Ao se deparar com a loucura do próprio filho, causada por interferência espiritual, Bezerra de Menezes realiza estudo inédito para apresentar no Congresso Espiritualista de Paris. O estudo que se tornou referência na época está completando cem anos. Leia na página 7.

A falta de atendimento aos espíritos O que acontece com os espíritos sofredores enquanto estão suspensas as reuniões de desobsessão? Nena Galves responde. Página 6.

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psicóloga Kátia Flocke traz nesta edição conceitos que explicam como a neurociência tem sido nossa grande aliada na compreensão do comportamento humano, entendendo, por exemplo, como questões físicas interferem em nossas emoções e como tudo isso se processa. Estes estudos compreendem como o cérebro trabalha e quais os caminhos, por exemplo, para tratamentos mais eficazes de doenças neurológicas e psiquiátricas. “Somos como uma orquestra, regida por nossos conteúdos de experiências passadas, tendo como instrumentos nossas atitudes, formas de pensar, sentimentos, emoções e tomadas de decisões. Conhecendo melhor os efeitos dos nossos sentimentos e emoções, melhor gerenciamos nossos conflitos.” Leia nas páginas 8 e 9.

Ontem: ódio, vingança! Hoje: tempos difíceis para o despertar do verdadeiro amor!

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EDITORIAL

CORREIO FRATERNO JULHO - AGOSTO 2020

Alegria, informação

e lazer

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ocê tem conseguido rir ultimamente? O espiritismo, ao contrário do que muita gente pensa, é uma doutrina de liberdade, alegria, satisfação com a vida. Afinal, sabemos que tudo é passageiro e tem sua razão de ser; logo, não haveria motivos para desesperança e tristeza. Mas sabemos que não é bem assim que acontece. Ainda nos prendemos muito às dores, aos sofrimentos pela nossa condição evolutiva, e esquecemos o lado bom da vida, de celebrar tanta abundância que nos cerca, o fato de simplesmente estarmos aqui, encarnados. Nem sempre é fácil conciliar o senso de responsabilidade que a doutrina nos ensina no exercício da nossa liberdade. O grupo teatral Amigos da Luz tem conseguido fa-

zer essa incrível mistura: falar de espiritismo com humor, reunindo milhares de seguidores em suas redes sociais. Para saber um pouco dos bastidores desse trabalho entrevistamos o ator, diretor e roteirista Fábio de Luca. Também, falando sobre a importância de encontrar a alegria para manter o equilíbrio, a página central desta edição traz um texto bastante interessante da psicóloga Kátia Flocke, comentando sobre o que tem descoberto a neurociência sobre a inteligência emocional. Em tempos de torcida por uma vacina que acabe com o isolamento social e o abre-fecha de atividades comerciais, vivemos momentos complicados, também por nos sentirmos afastados das atividades das casas espíritas. E uma leitora nossa nos enviou

FALE COM O CORREIO Um recado à ex-esposa antes de partir Há muitas palavras que só podem ser ditas pelas lágrimas e pelo silêncio, às vezes, muito mais importantes das que podem ser faladas (edição 489). Obrigada pela história sensível e reveladora! Maria Evanilda Mazzini, por email Meu pai, Herminio Miranda Que maravilha, que leveza. Adorei a entre-

vista. Quanto amor e sensibilidade entre pai e filha! Muita paz e luz para ambos. Sueli Bittencourt Oliveira, por email Entrevista com Fernando Porto Parabéns pela entrevista! (O impacto emocional no fechamento das casas espíritas, edição 493). Tive a honra de conhecer esse espírito especial, e vocês foram especiais também ao escolhê-lo. Compartilhei com a casa espírita que

uma pergunta que nos fez pensar: Como ficam os espíritos sofredores que compareciam às reuniões de desobsessão? Quem nos respondeu à questão foi Nena Galves, dirigente espiritual do Centro Espírita União, orientada por Bezerra de Menezes. Prosseguindo nossa homenagem ao centenário de Herminio Miranda, selecionamos um texto incrível de um de seus livros: Autismo. O pesquisador Luciano Klein traz para o Baú de Memórias o centenário do livro A loucura sob novo prisma, de Bezerra de Menezes. Tudo indica que a intenção de Bezerra era de que a tese fosse apresentada na academia. Também o psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, fundador e diretor do Núcleo de Pesquisa de Saúde e Espiritualidade, em Juiz de Fora, MG, nos atualiza sobre a pesquisa que realiza sobre EQM e lembranças de reencarnações passadas. Mais de 600 relatos já chegaram até ele. A edição chega mais uma vez com muita alegria, sempre com a intenção de trazer momentos de lazer e boa informação. Boa leitura! participo, o Grupo de Estudos Espírita Emmanuel, de Martinópolis, SP. Seria muito bom se todas as casas espíritas a compartilhassem, principalmente com seus dirigentes. Um abraço fraterno a todos pelo excelente trabalho. Lucilene Bernardes Longo, por email É importante não esquecermos de que é no convívio mais próximo com outros espíritos que nós evoluímos. Divulgar a importância do convívio é tarefa dos dirigentes espíritas. Os recursos disponíveis para a comunicação terão um papel cada vez mais importante nas nossas práticas diárias, mas não podem ser usados para um comportamento egoísta, comodista. Neilo Marden Cabral, por e-mail

Envie seus comentários para redacao@correiofraterno.com.br. Os textos poderão ser publicados também no nosso site correio.news

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FRATERNO ISSN 2176-2104 Editora Espírita Correio Fraterno CNPJ 48.128.664/0001-67 Inscr. Estadual: 635.088.381.118

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Uma ética para a imprensa escrita Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.

Envio de artigos Encaminhar por e-mail: redacao@correiofraterno.com.br Os artigos deverão ser inéditos e na dimensão máxima de 3.800 caracteres, constando referência bibliográfica e pequena apresentação do autor.


ACONTECE

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Médicos do Bem

Uma rede solidária que deu certo Por IZABEL VITUSSO

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esenvolvido em Juiz de Fora, MG, o projeto Médicos do Bem vem chamando a atenção da cidade e região pela maneira criativa e eficiente de oferecer atendimento médico integral a pessoas que não têm acesso a tratamentos médicos. A ideia surgiu na Comunidade Espírita A Casa do Caminho, fundada na cidade há 46 anos. Envolvida com o trabalho de assistência social há mais de 70 anos, a fundadora, Isabel Salomão Campos, certa vez se perguntou: “Por que tantos profissionais da área médica à minha volta e por que tantos doentes procurando socorro?” A resposta veio pela Espiritualidade, como um empurrão para a nova tarefa: “Ajudem os médicos para que eles possam ajudar outras pessoas”. Iniciado há três anos, o Médicos do Bem já conta com uma rede de solidariedade de 130 profissionais da área da saúde: médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, enfermeiros, farmacêuticos e educadores físicos e também diversas instituições parceiras. A triagem de quem necessita se consultar começa no sítio Recanto do Caminho, ligado à instituição. De acordo com o caso, os pacientes são encaminhados para os especialistas da rede e recebem atendimento gratuito e continuam recebendo acompanhamento no Recanto até o final do seu tratamento. O coordenador do projeto, anestesiologista e clínico da dor, dr. Marcos Mendonça, explica que além das consultas, dos exames, das cirurgias, existe entre médico e paciente um diálogo, com abordagens sobre a realidade do espírito, a influência dos pensamentos, das emoções, e a importância de sua participação na recuperação. “Este trabalho também traz um outro paradigma. Vários colegas se interessam pelo projeto porque estão percebendo que, a partir do momento em que participam, dizem se sentir mais aliviados, tranquilos, mais serenados” – analisa dr. Mendonça.

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É uma honra fazer parte deste projeto – avalia o médico ginecologista e obstetra dr. Didier Castellano. “É uma oportunidade única de podermos doar os nossos talentos, os nossos recursos, o nosso tempo para o nosso próximo. Isso é caridade!” Dr. Mendonça diz que os resultados não poderiam ser melhores. “Pela primeira vez, como médico, percebo uma ação mais profunda na terapêutica médica. Porque a partir do momento que você considera o ser humano não só como corpo, mas como um ser que pensa, que sente, que tem sua dificuldades emocionais, uma história de vida, tudo isso deve ser colocado na conta do diagnóstico” – explica o médico. Lembra o coordenador que é preciso que o médico amplie o seu horizonte de entendimento para que possa atingir camadas mais profundas do ser e a sua ação seja mais efetiva com resultados mais duradouros e profícuos. “O resultado do reparo nesse tipo de

1- Coordenador do projeto, dr. Marcos Mendonça 2- Dr. Didier Castellano 3- Triagem no sítio Recanto do Caminho No atendimento ao paciente, a abordagem sobre o espírito e a influência dos pensamentos na saúde

trabalho é de uma medicina mais integral, serena, mais profunda, mais amiga, ensinando o doente a ser uma pessoa melhor, e a entender que ele faz parte desse processo de melhoria. Não é necessário só o remédio dado pelo médico, mas a ação do doente no dia a dia. A vigilância na forma de pensar, de agir, de se relacionar” – analisa dr. Mendonça. O projeto Médicos do Bem está entre os 11 finalistas para concorrer ao Prêmio Euro de Inovação na Saúde. Ao todo, fo-

ram mais de 1.600 trabalhos inscritos. A iniciativa já se encontra na fase final de votações, abertas somente para a comunidade médica, quando serão escolhidas as criações mais inovadoras e de maior impacto social para o Brasil. Agora é torcer para que cada vez mais ideias transformadoras, que impulsionem o homem para o seu verdadeiro bem, encontrem condições de se tornarem realidade. https://www.youtube.com/watch?v=61k8yQVQ2Eo


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ENTREVISTA

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ESPIRITISMO

com talento, humor e muito riso Por ELIANA HADDAD Como surgiu o grupo Amigos da Luz? Por que “Luz”? Fábio de Luca: No início do grupo, os componentes moravam em sua maioria na cidade de Nova Iguaçu, RJ, terra onde viveu o saudoso professor Leopoldo Machado, grande personalidade do movimento espírita. E nos reuníamos para os ensaios na casa do Fábio Oliviere, no bairro da Luz. O nome Amigos da Luz, embora pareça algo meio transcendental, surgiu por causa do nome do bairro mesmo. Com exceção da Carla Guapyassu (que conheci mais tarde quando foi minha professora de voz da Faculdade de Artes Cênicas) e o Ewerton Oliveira (fã do Canal que se aproximou oferecendo ajuda na produção), todos já nos conhecíamos de trabalhos que havíamos realizado juntos no teatro, até então nenhum com temática espírita. Mas eu, Fábio Oliviere, Alex Moczydlower e Sidney Grillo tínhamos em comum a simpatia pelo espiritismo e resolvemos nos juntar para montar uma peça inspirada na doutrina. Foi quando em 2008 surgiu a comédia Morrendo e aprendendo. Os demais integrantes foram se aproximando em outras peças que montamos, seguindo essa mesma linha de humor e espiritismo, até que fundamos o canal do Youtube em 2015. É dirigido a que público? Nós pensamos em vídeos que atraiam princi-

Acredita que a linguagem para divulgar o espiritismo precisa se ajustar aos novos tempos? Nesse período de transição que vivemos no planeta, em que as instituições, os valores, a própria noção de autoridade, tudo parece desmoronar, não dá pra manter a mesma fórmula de comunicação de antes ao abordar o espiritismo. Diante do universo que a internet descortinou nas telinhas e telonas de todo mundo, somos desafiados a ser bem mais criativos, ou passamos pela timeline completamente despercebidos. Mas essa criatividade não pode descambar para banalização; tem que ser divertido e instrutivo. Então, ao tentar inovar na comunicação espírita podemos tudo, desde

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tor, diretor e roteirista, Fábio de Luca vem ganhando grande notoriedade fazendo humor com a temática espírita, através da mídia digital, pelo YouTube. Iniciado em 2015, o canal Amigos da Luz conta com a participação de pelos menos cinco artistas e já soma mais de 300 mil inscritos, 28 milhões de visualizações e acesso em mais de 80 países. Responsável pelos roteiros e direção de vídeos do canal, Fábio tem mostrado com o canal e também em peças teatrais que é possível tratar de espiritismo com humor sem se desviar da profundidade que o tema exige. Acompanhe a entrevista. palmente o público que ainda não conhece a doutrina espírita, para que através do humor possam assimilar algum ponto importante da Codificação e se interessem em aprofundar mais o conhecimento no espiritismo. Qual o segredo do humor para fixar conceitos importantes sobre o espiritismo? Escolhemos o humor como gênero da maioria dos vídeos porque a comédia é

muito eficiente em aproximar da gente, do nosso cotidiano, assuntos que a primeira vista parecem complexos e distantes. O espiritismo nos traz verdadeiros tesouros que, infelizmente, muitas vezes deixamos só na teoria. E o humor sadio, ao utilizar o exagero como elemento de comicidade, sublinha nossos defeitos e abre assim a possibilidade da reflexão sobre como o conhecimento espírita pode nos ajudar a lidar com eles na prática.

que não percamos de vista o compromisso com as bases da doutrina. Vocês enfrentam críticas, preconceitos, no trabalho que realizam com os vídeos sobre assuntos tão diversos? A receptividade do público espírita com os vídeos sempre foi muito boa, desde o início. A maior parte aprova, ri conosco das nossas próprias mazelas, que servem de tema para


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LIVROS & CIA. Editora EME Telefone: 19 3491-7000 www.editoraeme.com.br

os vídeos, refletem junto. A maioria, quando vê algum equívoco em nosso trabalho, nos traz seu ponto de vista com muito respeito, comentando na página do vídeo ou por outro meio, sempre enriquecendo o debate que cada peça ou vídeo pretende causar. Claro, também já ouvimos coisas como “com espiritismo não se brinca”, “vocês são oportunistas”, “Kardec está se revirando no túmulo por causa de vocês” (se Kardec que é Kardec estiver preso ao túmulo o que será de nós!). Mas quem pensa assim é uma parcela muito pequena do público. Estamos abertos a críticas que nos ajudam a melhorar, estimulamos nosso público a nos alertar, caso desviemos da rota, mas diante de pensamentos daquele tipo apenas deixamos pra lá. Afinal, não dá pra agradar todo mundo.

Como surgem as ideias, a criação? Os textos são seus? Fazemos esporadicamente uma reunião de roteiro onde alguns integrantes dão sugestão de um tema, de uma piada, de algum fato que aconteceu consigo ou presenciou. A partir daí eu escrevo. Temos algumas colaborações de roteiro, mas sempre quem faz a redação final sou eu.

Vocês têm apoio financeiro de espíritas? O único apoio que temos é do público, quando nos prestigiam nas apresentações teatrais que fazemos, de onde vem os recursos financeiros para todas as produções (teatro e audiovisual). Nessa época de quarentena abrimos em nosso site a possibilidade do público nos apoiar financeiramente e a galera tem chegado junto, já que todas as apresentações de teatro foram canceladas este ano (2020).

Qual o grande aprendizado para vocês nesses projetos, com relação ao espiritismo e à própria arte da criação? Cada vídeo ou peça de teatro quem lê, relê, decora primeiro somos nós mesmos. Acreditamos que cada mensagem que tentamos passar deve atingir a nós mesmos primeiro, e é nosso compromisso praticar. Isso acontece sempre? Claro que não! (risos)

Como o público pode apoiar esse projeto? Acessando nosso site www.amigosdaluz. com/apoio. Tem várias opções de apoio financeiro, mas o mais importante é continuar assistindo aos vídeos, curtindo, comentando e compartilhando nosso conteúdo, para que chegue cada vez em mais pessoas!

Qual a relação do grupo com o escritor e educador espírita Leopoldo Machado? Uma inspiração. Fui aluno do Colégio Leopoldo, em Nova Iguaçu, e por lá eu iniciei minha carreira artística. Apesar de ser um colégio bem tradicional, éramos incentivados à arte por todas as disciplinas. Já bati altos papos com um busto dele que tem lá, Acho que começou aí nossa parceria.

Como conciliar a “seriedade” dos espíritas com a licença poética do humor? Uma coisa não exclui a outra. O contrário de seriedade não é sisudez, mas falta de compromisso. Qual o papel do humor em tempos de desafios, crises, pandemia? Acreditamos que quando rimos dos nossos monstros, eles perdem as forças, se tornam menores.

Todos da equipe são espíritas? Não, mas todos acreditam em reencarnação e são ligados de alguma forma à espiritualidade. A Sônia, por exemplo, curte uma parada mais oriental, budismo e etc. A Loeni, um lado mais exotérico. O barato de termos uma diversidade de filosofias juntas é que temos vários olhares diante de um mesmo assunto.

Como tem sido a experiência com as lives sobre O livro dos espíritos? O contato com o público é sempre muito bom e nossas lives é um bate-papo sobre assuntos variados. Lembramos sempre que, mesmo quando nos propomos a ler e comentar O livro dos espíritos, não se trata propriamente de um estudo. É mais um bate-papo despretensioso, leve, pra apresentar o livro a uma boa parcela da nossa audiência que não o conhece. Sempre in-

centivamos o pessoal a procurar uma casa espírita para se aprofundar mais no assunto em um estudo sistematizado. ArteUne é nosso mais novo projeto durante a pandemia, é uma super live de 6 horas de duração, no total, divididas em dois dias. A primeira edição será realizada nos dias 8 e 9 de agosto das 15h às 18 horas, em vários canais espíritas que retransmitirão, além do nosso, é claro. A super live será apresentada pela nossa equipe. Todos artistas convidados são artistas ligados à música espírita. www.arteune.com Vocês fizeram também alguns filmes (Além das janelas e Uma dívida de Natal). Existem novos planos nesse sentido? Pensar, ter ideias é com a gente mesmo; temos muitos projetos engavetados: filmes, séries, webséries, programas, curtas e longas. Sempre esbarramos com a falta de grana para produzir, fazer cinema não é nem um pouco barato, de equipamento a equipe. Mas devagarzinho tem saído algumas coisas legais! Além dos vídeos e filmes, vocês também se apresentam em várias peças de teatro. Como tem sido essa experiência? Na verdade, o teatro veio antes do que os vídeos. Costumamos dizer que somos bichinhos de teatro; levamos para as telas (celulares e computadores) o que já fazíamos nos palcos. Mas sem dúvida a criação do canal deu uma visibilidade e destaque enormes para o grupo. Rodamos o Brasil inteiro com nossas apresentações de teatro. O público das peças é espírita ou é comum a participação de simpatizantes? A linguagem dos nossos espetáculos é bem simples, justamente para qualquer pessoa assistir e entender, evitamos jargões e termos espíritas. A maioria do público é espírita ou simpatizante, mas nosso foco mesmo são os não espíritas. Se conseguirmos atingir esse publico também com um momento de diversão e reflexão, missão cumprida! Saiba mais em https://www.amigosdaluz.com/

Memórias do Padre Germano organizado por Amalia Domingo Soler 368 páginas 15,5x22,5 cm

Correio Fraterno Telefone: 17 3524-9800 www.correiofraterno.com.br/livros Saúde e vida: uma abordagem espiritual sobre emoções e doenças de David Monducci 384 páginas 14x21 cm

Editora Sextante Telefone: 21 2538-4100 www.sextante.com.br Comece pelo porquê – como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir de Simon Sinek 256 páginas 16x23 cm

Editora Lachâtre Telefone: 11 2277-1747 www.lachatre.com.br Paris, setembro de 1793 de Mauro Camargo 296 páginas 15,5x22,5 cm

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QUEM PERGUNTA QUER SABER

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Hospitais de campanha para socorro espiritual Por NENA GALVES

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ssa pergunta eu também me fiz e fiz também ao dr. Bezerra de Menezes, solicitando sua orientação: Estaremos falhando em não conversarmos com esses espíritos tão necessitados? Compartilho com você a resposta dele, que me fez refletir muito e voltar à realidade. Dr. Bezerra carinhosamente nos diz que o mundo espiritual também fez um pronto-atendimento aqui na Terra, com hospitais de campanha, como os que foram montados para os encarnados. Espíritos que ficavam perambulando, dependentes dos trabalhos de atendimento nas casas espíritas estão sendo levados a esses hospitais. Dr. Bezerra está coordenando esses hospitais, dando assistência a esses desencarnes em todo o planeta, através do atendimento coletivo às criaturas que desencarnam tão rapidamente e que precisam de socorro.

Como ficam os atendimentos aos espíritos nas reuniões de desobsessão nos centros espíritas, agora com a paralisação das atividades, por conta da pandemia? Estaríamos nós, espíritas, faltando com o nosso dever de caridade e fraternidade? Camila, por mídia digital Assim, para a alegria do plano espiritual, muitos espíritos que permaneciam décadas indo às casas espíritas, sem reconhecerem que estavam desencarnados,

estão agora trabalhando na enfermagem nestes hospitais espirituais aqui na Terra, ficando assim em contato direto com essa realidade, junto àqueles que também

estão desencarnados. Assistindo de perto esta situação, estão sendo mais sensibilizados. E, nessa assistência do mundo espiritual, esses espíritos estão sendo levados juntamente com os enfermos; trabalhando... E pensarmos que ficaram décadas se comunicando nas casas espíritas! Que aprendizado, minha amiga! Muitas vezes ficamos assim, por décadas, achando que estamos crescendo, mas a lição que fica é que é a realidade que nos faz crescer, no trabalho, defrontados com estas epidemias. Até dr. Bezerra teve que se adaptar às novas necessidades nesses tempos de pandemia! Nena Galves realiza todas as quartas-feiras, às 20h30, pelo canal do Centro Espírita União, no Youtube, a série Plantão de Respostas, onde esclarece dúvidas sobre a atualidade à luz da doutrina espírita.


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BAÚ DE MEMÓRIAS

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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção e em nossas redes sociais. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.

A loucura sob novo prisma completa cem anos Por LUCIANO KLEIN FILHO

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ezerra de Menezes (1831 - 1900) foi, entre seus contemporâneos, aquele que mais se aprofundou e investiu nas análises científicas em torno da fenomenologia mediúnica no Brasil. Desconheço registros de trabalhos equivalentes realizados, durante aquele período, em terras brasileiras. Suas pesquisas equiparavam-se às dos principais investigadores europeus oitocentistas. O principal objeto de estudo delineado por ele, será a problemática da loucura, mostrando que a ciência até então não tinha como fazer o diagnóstico diferencial da loucura provocada por obsessões dos Espíritos. Valendo-nos de conhecida expressão, ainda hoje muito em voga no Nordeste, arriscamos dizer que A loucura sob novo prisma foi o grande “xodó de Bezerra”. Pretendia deixar sua pesquisa como relevante legado à história da medicina. Desde 1886, passou a trabalhar obstinadamente a temática, tendo concorrido para isso o agravamento da saúde de um de seus filhos, diagnosticado como portador de enfermidade psiquiátrica. Estudo da ação dos espíritos na psique humana O estudo de Bezerra passaria por seguidas adaptações. Presumimos pretendesse dedicar a pesquisa ao filho, oferecendo ao mundo os resultados das investigações que fazia, por meio da explicação da problemática do rapaz e de casos congêneres, vista por um prisma diferente daquele apresentado até então pelos alienistas oitocentistas. Bezerra aguardou ansiosamente a publicação dessa obra, o que infelizmente não ocorreu antes de sua desencarnação. Em artigo da série “Estudos Filosóficos”, veiculado no jornal O País, a 13 de fevereiro de 1893, ele cita: “(...) Um dia, publicaremos um tratado, que escrevemos há dois anos, sobre este importante assunto: importante por en-

aprimorá-lo. Pela primeira vez, ele menciona a tese, dando-lhe o título de Loucura por um novo prisma, muito próximo ao título definitivo: “(...) Breve daremos à luz um livro, que denominamos – ‘A Loucura por Novo Prisma’ – em que autenticamos os mais notáveis deles. Até lá, contente-se o leitor com a autoridade do nosso caráter, incapaz de empregar sofismas ou falsidades para dar razões a qualquer de suas opiniões (...)”

tender com a ciência, importante por levar o bálsamo da consolação aos corações que sangram pela perda, pior que a da morte, dos entes que lhes são caros. (...)” Referindo-se ao trabalho em fase de conclusão, declara: “(...) Em nosso livro, consignamos os mais importantes casos deste gênero, perfeitamente autenticados, principalmente quanto à circunstância: de coincidir o desaparecimento da alienação mental com a desistência do perseguidor (...)” A despeito do acima exposto, Bezerra não concluiria seu trabalho naquele ano. Na fase derradeira da série “Estudos Filosóficos”, publicada aos sábados na Gazeta da Tarde, na edição do dia 24 de setembro de 1898, ao responder a um de seus críticos, informa estar finalizando um trabalho científico, sobre o qual se detinha demoradamente com o propósito de

Bezerra levaria sua tese ao Congresso Espiritualista em Paris À vista disso, depreendemos que a pesquisa já se demorava por mais de um decênio. A demora de sua edição deveu-se, pos-

sivelmente, à sua intenção de apresentá-la no Congresso Espírita e Espiritualista Internacional de Paris, que aconteceria entre os dias 15 e 27 de setembro de 1900, na capital francesa. Somente em 1920 foi que veio a lume a primeira edição de A loucura sob novo prisma, graças à extremosa dedicação dos filhos e genros de Bezerra, encarnados à época, em face da celebração do vigésimo aniversário de seu trespasse. A tese de Bezerra tornou-se referência, na década de 1920, como obra de cunho científico, sendo utilizada recorrentemente para responder a ataques contra o espiritismo, classificado pelos seus adversários como “fábrica de loucos”. A década de 1930 foi marcada pelo lançamento de campanhas promovidas por alguns médicos contra o espiritismo, que agiam de modo preconceituoso contra uma doutrina que demonstravam conhecer superficialmente. Acreditamos que o lançamento, de A loucura sob novo prisma, há um século, ocorreu de forma programada pela Espiritualidade, a fim de contra-argumentar (a partir de 1931, ano do centenário de nascimento de Bezerra) as críticas desferidas por alguns cientistas tendenciosos. O nome Bezerra de Menezes, não obstante decorridas três décadas do seu desenlace, ainda impunha grande respeito, devido às suas credenciais na área da ciência médica. Presidente da Federação Espírita do Estado do Ceará e historiador, sócio efetivo do Instituto do Ceará: Histórico, Geográfico e Antropológico.


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ESPECIAL

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A neurociência e a inteligência emocional Por KÁTIA FLOCKE

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vida é um processo evolutivo e todos nós estamos nesta jornada, onde o objetivo é atingir o desenvolvimento de nossas capacidades e aptidões inatas. E é através de sucessivas reencarnações que ocorrem o amadurecimento e o crescimento do indivíduo. Cada um de nós possui uma individualidade e em cada experiência vivencial adquirimos conhecimentos que transformam nosso modo de ver e sentir a vida. Por isso a importância de termos consciência do real sentido de nossas vidas, entender qual a direção que queremos tomar para atingir nossos objetivos. E para isso é preciso fazer mudanças quanto à forma de pensar as leis divinas. Sentir a vida produz uma profunda conscientização de religiosidade sobre a nossa realidade, do que somos e gostaríamos de ser! Somente pela conquista do autoconhecimento é que saberemos como pensamos, sentimos e agimos, e se isso está de acordo com a nossa nova consciência de vida, onde temos como plataforma os ensinamentos pedagógicos de Jesus, esse sol divino que trouxe o verdadeiro tratado de psicoterapia para a cura de todos os males que afligem o homem. Com seus ensinamentos, Jesus nos trouxe uma proposta de libertação pelo conhecimento da verdade e da vivência do amor, com o objetivo de depurar e desenvolver uma nova consciência de vida. Quando o homem aprender a dominar seus impulsos e racionalizá-los, estará apto a desenvolver o amor e praticá-lo. A complexidade humana Aprender a amar é um dos nossos objetivos, pois o amor é uma capacidade a ser desenvolvida, assim como desenvolvemos a inteligência. Amar é uma base para nossa forma de viver. A saúde mental é uma parte essencial do complexo mais abrangente que inclui também o bem-estar físico, social, ecológico e espiritual. Saúde significa um estado muito

mais amplo, portanto, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. Saúde mental e bem-estar são fundamentais para nossa capacidade coletiva e individual, como seres humanos, para pensar, nos emocionar, interagir e viver a vida. As rápidas mudanças sociais, condições estressantes de trabalho, discriminação de gênero, exclusão social, estilo de vida, risco de violência, problemas físicos e violação dos direitos humanos prejudicam muito a saúde psíquica. O homem é um ser muito complexo, um somatório de experiências passadas, registradas em seu arquivo mental, denominado inconsciente. A neurociência estuda o sistema nervoso, seu funcionamento, sua estrutura, seu desenvolvimento e suas mudanças, tendo como objetivo investigar justamente o comportamento humano para entender como questões físicas interferem nas emoções do indivíduo e como isso funciona. Quer compreender como o cérebro trabalha, para melhor tratar doenças neurológicas e psiquiátricas, que de modo geral estão ligadas diretamente ao seu funcionamento, buscando compreender também como as estruturas da ética, moral, política, economia, ciências, etc. interferem no cérebro humano. O cérebro e as emoções O cérebro é a base do comportamento humano, ‘sede’ dos sentimentos, pensamentos e emoções. Uma de suas regiões, chamada de sistema límbico, recebe informações do meio externo e as transforma em emoções, que por sua vez estão associadas a estímulos externos ou internos (conteúdos mentais, ideias que são capazes de provocá-las). Por exemplo: Se você pensar em alguém que você gosta, provocará um tipo de emoção; se pensar em alguém que não gosta, provocará outra reação emocional. Tudo que vivemos fica arquivado na memória. Quando lembrada, essa memória traz uma reação emocional, boa ou ruim, além de provocar também reações no corpo físico, como: taquicardia, sudorese, midríase (dilatação da pupila), etc. Todas essas reações preparam o indivíduo fisiologicamente para enfrentar situações de riscos que incomodam. Assim, as memórias – positivas e negativas – vão causar reações emocionais, que nem sempre, porém, serão percebidas por quem as esteja sentindo. Por isso, muitas vezes, elas aparecem somente em forma de sintomas: a pessoa fica mais introspectiva, nervosa, agressiva, irritada; enfim, com o seu comportamento alterado. É porque as emoções geral-


ESPECIAL mente permanecem inconscientes. Os sentimentos, conscientes, irão envolver a memória armazenada, ideias e programações no futuro. E a autopercepção fará com que se tome alguma decisão, que poderá ser boa ou não, uma vez que dependerá do que já estiver armazenado, se positivo ou negativo. Conteúdo da memória Por isso é tão importante o autoconhecimento, para que se possa compreender melhor esses sentimentos e emoções que trazemos guardados e que interferem o tempo todo em nossas ações e comportamentos. Aliás, pode-se dizer que, muito mais do que imaginamos, vivemos regidos pelos conteúdos de nossa memória, gerando reações emocionais de medo, angústia, tristeza, ansiedade, depressão, insegurança e tantas outras. Somos como uma orquestra, regida por nossos conteúdos de experiências passadas, tendo como instrumentos nossas atitudes, formas de pensar, sentimentos, emoções e tomadas de decisões.

A inteligência emocional promove desta forma bons relacionamentos sociais, porque faz com que se pense antes de agir, colocando-se no lugar da outra pessoa, para saber como você se sentiria numa determinada situação. Auxilia muito a desenvolver a empatia com o próximo. Autoconsciência e controle É fundamental desenvolver a consciência das emoções para ter o controle emocional. A autoconsciência exige um neocórtex ativado, pois assim monitora as emoções. O neocórtex é a parte do cérebro que comanda a razão e o discernimento, controlando os instintos e emoções exageradas. As emoções exercem poderoso efeito sobre o sistema nervoso autônomo, causando grande impacto sobre o sistema imunológico. Vale lembrar que o estresse acaba com nossa resistência imunológica temporariamente, por isso nossas emoções precisam de educação.

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Características que favorecem a programação do cérebro • Ver os problemas como desafios e não como ameaças e acalmar-se; • Cultivar boas amizades; • Desenvolver a autoestima, tratar-se bem, com respeito, reconhecer as próprias qualidades e valorizá-las; • Mudar os hábitos que considere negativos; • Ver o mundo de forma diferente; • Criar hábitos positivos como: – Ter gratidão – valorizar a vida – Orar – entrar em contato com o Divino

Diga sim para você, seja respeitoso com você, com os outros e com a vida. Ela é um grande presente que precisa ser aberto a cada dia, com entusiasmo e carinho” Melhor compreendendo nossos sentimentos e emoções, poderemos melhor gerenciar nossas relações profissionais, afetivas, amizades, estar enfim muito mais aptos a viver a vida de forma construtiva, e não de receios, culpas e medos. Às vezes, nossas emoções, inclusive, atrapalham nosso julgamento, impedindo-nos de agir racionalmente. Elas são ferramentas muito importantes para interagirmos com o meio em que vivemos e podem falhar, levando-nos a tomar atitudes inadequadas. Identificar os sentimentos A inteligência emocional permite que se utilizem as emoções positivamente para atingir objetivos, para que se reconheça e se controle sentimentos e não sejamos controlados por eles. E tem também outro ponto interessante: identificar e nomear os sentimentos é muito importante para que consigamos lidar com eles. Afinal, quem não consegue reconhecer seus sentimentos e emoções está mais propenso a surtar, a ser mais agressivo e até violento. Quando você se reconhece com certas emoções e sentimentos, terá facilidade de controlar e conviver melhor com você e socialmente.

As lições de Jesus Jesus nos ensinou a plantar o bem e esperar a colheita sem desespero. Também, que a felicidade é a colheita de um plantio longo e trabalhoso no bem. Jesus alterou a estrutura da justiça: de punitiva e destrutiva para educativa e reabilitadora. Trouxe a mensagem básica do Amor, que revolucionou o pensamento vigente: o Amor que transforma os alicerces morais do indivíduo e da sociedade. As parábolas por ele trazidas foram através de lições do cotidiano da época, para estimular e desenvolver aspectos psicológicos, sociais e ecológicos no indivíduo, estimulando-o o tempo todo à tomada de consciência, para ter atitudes boas e para o bem comum. Jesus nos ensinou que a fonte de tudo está em nós. E esse é o grande milagre, tendo como alicerce o autoconhecimento, um tratado para a reabilitação do ser em evolução. Por isso esse é o caminho. “Conhece-te a ti mesmo” era a inscrição na entrada do Oráculo de Delfos, que Sócrates tão bem abordou. Autoconhecimento envolve a autoconsciência e o desenvolvimento da autoimagem, ou seja, ser mestre de si

– Vigiar os pensamentos, sentimentos, emoções e ações – torná-los conscientes – Ser alegre e otimista mesmo e consequentemente um ser humano melhor. Necessitamos com urgência de ensinamentos que tenham como objetivo o controle das emoções e resoluções de conflitos de forma pacífica. A auto-observação durante situações de conflito é um grande desafio, mas precisamos praticá-la. Um minuto sozinho, com os olhos fechados, ajuda você a observar seus pensamentos, emoções e sensações e a tranquilizar sua mente. Emoções e reflexões ignoradas, que ficam armazenadas na mente, clamam por atenção e solução, e acabam sendo obstáculos para entendimento de qualquer situação. Temos o poder de escolher nossas atitudes em relação à vida. Precisamos aprender a apreciar tudo ao nosso redor, pois os acontecimentos são como símbolos; precisamos interpretá-los, para deles colher o melhor ensinamento. Temos muito para aprender sobre nós mesmos. Mudamos a cada segundo, muitas vezes sem perceber. Somos seres humanos evolutivos e necessitamos aprender a ser nós mesmos, aceitando-nos, respeitando-nos, para sabermos o que então mudar e transformar. Tudo a seu tempo, nada de pressa, nem correria, pois a calma é e sempre será nossa maior companheira de jornada, para que nenhuma boa observação de nossa vida seja perdida. Diga sim para você, seja respeitoso com você, com os outros e com a vida. Ela é um grande presente, que precisa ser aberto a cada dia com entusiasmo e carinho. Katia Flocke é psicóloga, com especialização em neurociência, expositora da Federação Espírita do Estado de São Paulo.


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FOI ASSIM

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Um recado pelo sonho Por ALVARO BASILE PORTUGUESE

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ive o meu primeiro contato espiritual com a Rita cinco meses após a sua partida. Mulher determinada, cuidou da minha aposentadoria, mesmo estando debilitada pela grave enfermidade. Estávamos de mudança para o sobrado ao lado e os papéis da aposentadoria se perderam. Rita desencarnou em julho de 2004 e em dezembro do mesmo ano viajamos para Brasília, eu, Elaine, minha filha, e a neta Suelen. Fomos para a residência de velhos amigos, onde conversamos, saudosos, acerca dos fatos sobre a nossa querida companheira. Ao me deitar, fiz uma prece de gratidão dirigida à mãe dos meus filhos. Creio que deveria ser por volta das três horas da madrugada, quando alguém se aproximou do meu leito e indagou se

eu estava com saudades da Rita. Sentindo as lágrimas a descer pelas faces, respondi que a falta dela chegava a doer em minha alma. A estranha criatura estendeu uma espécie de telefone muito leve, porém com características de madrepérola, e disse

para o meu espanto: – Tome o aparelho e converse. Ela te espera. – Olá, velho, como está? – a sua voz ecoava como se estivesse fazendo uma travessia em meio a um cânion. Depois que eu respondi com a voz

embargada que eu estava saudoso, ela perguntou sobre os nossos filhos e, ao final, informou que os documentos perdidos encontravam-se atrás da antiga mala de viagens, no interior da pequena pasta verde. Ficamos alguns dias na capital e retornamos a São Paulo. Assim que chegamos, minha filha lembrou-me da necessidade de localizar os benditos documentos. Lembrei-me do contato e subi as escadas, abri o guarda-roupas, puxei a grande mala, retirei a pequena pasta verde, abri o zíper e lá estavam os papéis da minha aposentadoria. Fonte: Aconteceu no meu caminho, Alvaro Basile Portuguese, Clareon. Tem alguma história para contar aqui para o Foi Assim. Mande pra gente: correiofraterno@correiofraterno.com.br


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ATUALIDADES

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Estudo acadêmico reúne mais de 600 relatos de EQM e alegadas memórias de vidas passadas Por ELIANA HADDAD

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azendo parte do programa de pós-graduação em saúde da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, o Núcleo de Pesquisa em Saúde e Espiritualidade (NUPES) já recebeu 220 questionários sobre EQM (experiência de quase-morte) e 428 relatos sobre alegadas memórias de vidas passadas. O trabalho foi iniciado em março de 2019 e tem como objetivo realizar o primeiro estudo acadêmico deste tipo (um levantamento nacional) sobre os dois assuntos no mundo. Criado em 2006 pelo professor de psiquiatria Alexander Moreira-Almeida, o NUPES reúne alunos e professores de diversas áreas com interesse na exploração científica da espiritualidade e suas relações com a saúde.

Para as duas pesquisas que estão sendo realizadas - “Levantamento nacional de casos sugestivos de reencarnação na população brasileira” e “Perfil das experiências de quase-morte no Brasil -, foram feitas solicitações às pessoas que acreditassem possuir memórias de vidas passadas ou que tivessem tido EQM para que participassem da pesquisa relatando suas experiências. A coleta de novos casos ainda continua para os dois estudos e os pesquisadores já iniciaram as análises estatísticas dos dados recebidos e as entrevistas remotas dos casos considerados mais fortes em evidências. Estrangeiros com residência fixa no Brasil também participam das pesquisas. No levantamento sobre

lembranças de supostas vidas passadas, o NUPES recebeu, inclusive, relatos de pessoas da Alemanha, Argentina, Bélgica, França, Irlanda, Portugal e Reino Unido. Alexander acredita que o levantamento nacional de casos sugestivos de reencarnação poderá contribuir para que muitas outras pesquisas surjam com diferentes objetivos e desenhos metodológicos. “Muito pouco se conhece sobre a relação mente-cérebro e as pessoas que alegam possuir memórias de supostas vidas passadas são um desafio científico para o campo”, comenta. Nas análises, além dos dados do perfil dos pesquisados e das experiências, também são considerados dados sociodemográficos (idade, sexo, escolaridade etc.),

níveis de religiosidade/espiritualidade, níveis de saúde e felicidade, dados relativos às experiências, como a idade em que se manifestaram, fatores desencadeantes e o modo como se deu a manifestação. Alexander Almeida enfatiza o grande interesse das pessoas em colaborar com as pesquisas. “Elas nos enviam, de forma espontânea, todo tipo de material que possuem ou que produziram a partir de suas experiências: livros, desenhos, fotos, pesquisas documentais.” E conclui: “O estudo das EQMs permitirá uma maior diversidade geográfica e cultural dessas pesquisas, além da possibilidade de uma melhor exploração das variantes transculturais.”. Para saber mais: www.nupes.ufjf.br


Mednesp 2021 Acontece de 2 a 5 de junho de 2021, no Centro de Convenções, em Vitória do Espírito Santo, o Congresso Nacional da Associação Médico-Espírita do Brasil. O evento terá como tema “A evolução da ciência e a ética do espírito” e contará com a participação de mais de 100 palestrantes. Algumas palestras serão: Malformações congênitas: um projeto de amor; Vida intrauterina e psiquismo fetal; Quando o relacionamento familiar adoece; A criança e os transtornos mentais; Alzheimer e os processos degenerativos; Obsessão midiática na família; Vícios em jogos, redes sociais e pornografia; DIU: é abortivo ou não?; Educação para a morte: perspectiva do espírito. Inscrições: https://www.mednesp2021.com.br/

JUN

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Emmanuel, por Chico Xavier, no livro Seara dos médiuns, FEB,1961

F O P A S T O R E O P O O L P L P R O F E S S O R E S I N P

B G M U O E L F R A T E R N I D A D E M R S R B O I T S I L

U R B N R R A C T P T U R E R U I A O E E T U U T R G S V M

I E E I E N S F U O E T A R S E U O P R B U N I E E B I E T

P A A V I O S C E D R E C S T C A P M V R P I C R A M O R E

M S R D V P O O B T A C N A N O O P B E O M Ã E N A P I S R

N Ã I A A N R L O L I B Ã V O P Q L R R V B O R A T O L I C

V O O S S F E A C O N V E N C I O N A L R D N A R B E D D A

B P U D I U E E Ã N B R A T M C T R A I E E I S E O R A A S

O L V E O E C A M I N H O S A V R C S O T P U L A I C D D T

P B E D N I E E I S I S I I S E E D I S C I P L I N A S E I

L E O A A O S S R V R O O N R R D M T U V O E O O O B S S U

Como o espiritismo torna compreensível a ação da prece? qualquer hora, em qualquer lugar

Resposta do Enigma:

Explicando o modo

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A M R L S L C B B P O P L P O P T V O O C G M R V M O U U A

de transmissão do

Congresso Espírita Paraibano De 8 a 10 de janeiro de 2021 será realizado no Centro de Convenções, no Teatro Pedra do Reino, o 10º Congresso Espírita Paraibano. O evento contará com a participação dos oradores André Trigueiro, Rafael Lavarini, Rossandro Klinjey, Divaldo Franco, Alberto Almeida e Eulália Bueno. Inscrições já abertas: conespb.com.br

JAN

Todas as disciplinas referentes ao aprimoramento do cérebro são facilmente encontradas nas universidades da Terra, mas a família é a escola do coração, erguendo seres amados à condição de professores do espírito. E somente nela conseguimos compreender que as diversas posições afetivas que adotamos na esfera convencional são apenas caminhos para a verdadeira fraternidade que nos irmana a todos, no amor puro, em sagrada união, diante de Deus.

pensamento.

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ENIGMA

A escola do coração

Estamos mergulhados

Seminário online no Ceará A Federação Espírita do Ceará realizará no dia 15 de agosto, das 9h às 16h, o Seminário de Unificação com o tema “Redes, grupos e internet – O Movimento Espírita em tempos de pandemia”, por meio da ferramenta Google Meet. O evento contará com a participação de Jorge Godinho, Marta Antunes, Geraldo Campetti, André Siqueira e Luciano Klein Filho. Inscrições pelo link: https://forms.gle/PQKmBkkEVurkNdyy5

AGO

Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno

no fluido cósmico e a

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CAÇA-PALAVRAS DO CORREIO

prece estabelece uma

Live ao vivo sobre Dolores Bacelar Dia 15 de agosto, às 20 horas, o escritor e pesquisador Jáder Sampaio faz um bate-papo ao vivo com a jornalista Izabel Vitusso. O tema da entrevista será sobre a médium e escritora Dolores Bacelar. A live é promovida pela Associação Espírita Célia Xavier, de Belo Horizonte, MG, e acontece um sábado por mês. Acesso pelo YouTube: bit.ly/celiaxavier.

AGO

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corrente fluídica sob o

AGENDA

CULTURA & LAZER

impulso da vontade.

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O evangelho segundo o espiritismo, cap. 27, item 10.

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Em tempos de quarentena 2...

O Correio Fraterno nas mídias sociais Editora Correio Fraterno @CorreioFraterno @correio.news Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio


ESPECIAL 100 ANOS

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AUTISMO Uma leitura espiritual Por HERMINIO MIRANDA

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autismo apresenta-se, basicamente, como problema de comunicação, uma espécie de exacerbada introversão. O desolador quadro é aflitivo demais para que a gente se deixe ficar à margem, lamentando-o e encarando-o como um problema meramente fisiológico. Ele tem implicações primárias de ordem espiritual. As lesões cerebrais são efeitos e não causas. A causa primária seria uma disfunção comportamental em algum ponto da trajetória da entidade espiritual, a projetar-se como elemento perturbador no processo de elaboração do corpo físico para um novo ciclo de experiências terrenas. Uma postura como essa ainda é radical demais para ser admitida pela ciência contemporânea. O observador desinteressado de motivações de ordem espiritual tende a concluir que as deficiências mentais resultam de insuficiência cerebral. Ocorre, no entanto, que a insuficiência cerebral proveniente de danos à sua estrutura é efeito de outras causas que ainda não mereceram atenção da pesquisa especializada. A pessoa é autista não porque tem o cérebro danificado, mas tem o cérebro danificado porque não quis ou não conseguiu transmitir a ele, no período crítico da formação, os comandos mentais necessários ao seu correto desenvolvimento. Tais comandos não são gerados pelo próprio cérebro. Os impulsos que os suscitam provêm do espírito acoplado àquele corpo físico.

A lei cósmica universal Qualquer ação que atropele o delicado mecanismo ético universal exige inevitável reparação por parte do faltoso. Se a falta é grave e o faltoso ainda não está nem mesmo predisposto a admiti-la, assumir a responsabilidade consequente e reparar o dano cometido, não há como ajudá-lo por processos que tentam sobrepassar o dispositivo cósmico desrespei-

a entidade espiritual, segundo seus planos, seus conflitos, suas necessidades cármicas.

O autista já viveu numerosas existências através dos milênios e traz toda uma riquíssima experiência multimilenária preservada nos arquivos incorruptíveis do inconsciente” tado. A lei não se deixa contornar. Estou perfeitamente consciente de que estes comentários suscitam aspectos que a ciência ainda considera insuscetíveis de considerar. Entende mesmo a ciência, como um todo – ressalvados pesquisadores e estudiosos individualmente –, que aspectos éticos e espirituais sejam da alçada da filosofia ou das religiões. É uma postura compreensível e deve ser respeitada, mas, simultaneamente, contestada, de vez que o ser humano não se reduz a um mero conglomerado celular – é uma entidade espiritual programada para uma destinação superior, tendendo para a perfeição moral. O input da realidade espiritual O modelo de abordagem ao autismo só terá a lucrar com a introdução de conceitos

espirituais. (...) Somente se poderá entender o autismo e dele cuidar eficazmente a partir da adoção de um modelo clínico que leve em conta o fato de que o ser humano é espírito imortal, preexistente, reencarnante e sobrevivente. O autista não é criado autista – o autismo é a resultante de um processo anterior. Ele já viveu numerosas existências através dos milênios e traz toda uma riquíssima experiência multimilenária preservada nos arquivos incorruptíveis do inconsciente. Não é uma folha em branco, sem passado. Não é alma, espírito, psiquismo ou mente criados especificamente para aquele corpo físico ou dele surgido por meio de um jogo sutil de componentes bioquímicos. Ao contrário, o corpo físico gerado no organismo da mãe é que foi construído para

A cura do autismo Mesmo admitindo-se a extrema complexidade do autismo, da dificuldade quase intransponível de conseguir a cura, pelo menos que se faça um esforço honesto de conseguir que os autistas concordem em visitar ocasionalmente o nosso mundo. Se isto acontecer, que sejam bem recebidos com aceitação, com amor. Com um esforço de empatia de nossa parte, é possível imaginar que, para esses enigmáticos seres humanos, nós, os ‘normais’, é que somos estranhos. Não há palavras nos dicionários deles, mas a linguagem universal do amor também não é verbal. O autismo continua sendo um desafio, um enigma, uma esfinge. Estou convencido de que alguns dos seus aspectos nucleares somente se abrirão ao nosso entendimento a partir da introdução da realidade espiritual no modelo com o qual o abordamos. É esperar para conferir. (...)Se você não puder curar a criança autista, ame-a. De todo o seu coração, com todo o seu amor e toda a sua aceitação. Alguma tarefa importante ela está desempenhando junto de você, certamente em proveito de ambos. Cuidando daquela pessoa especial, você estará corrigindo alguma coisa que não ficou bem feita no passado, a fim de que a luz volte a brilhar no futuro. Uma luz transcendental que irá iluminar uma felicidade a qual você nem imaginou que pudesse existir. Confie, trabalhe e espere. E como se costuma dizer em inglês, God bless you all [Deus abençoe a todos]. Muita gente não se dá conta de como Deus faz falta em nossas vidas... Do livro Autismo, uma leitura espiritual, uma das mais importantes obras de Herminio Correia de Miranda. Editora Lâchatre, 1998.


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VOCÊ SABIA?

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Bailarina há 3.300 anos Da REDAÇÃO

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a cidade de Blackpool residia uma inglesa que afirmava ter vivido há 3.300 anos. Em transe, a jovem dizia se recordar de ter sido bailarina em Karmak, num templo egípcio. Apresentava dança e rituais egípcios, cantava hinos a Ísis e Osíris e servia-se unicamente da antiga linguagem egípcia, falada na 18ª dinastia. Por sua fala, muitos egiptólogos verificaram, pela primeira vez, como se pronunciava a língua até então apenas conhecida pelos hieróglifos. O organista inglês Frederic H. Wood e o professor Howard, da Universidade de Oxford, gravaram foneticamente todas as conversas com a jovem, traduzindo-as para o inglês, cujo conteúdo compôs depois o livro O Egito fala, publicado pelo pesquisador em Londres1. Os estudiosos declararam que a inglesa não só falava corretamente o egípcio, como também escrevia hieróglifos e utilizava frases como apenas se fazia na Antiguidade. Quan-

do não estava em transe, a jovem não mostrava o mínimo de interesse pela egiptologia e não suspeitava da sua anterior existência. Estudos Psíquicos, junho,1982. 1

Frederic H. Wood, Ancient Egypt Speaks, 1955.

Karnak é o maior templo do Egito. Construído por inúmeros faraós, entre 2200 e 360 a.C., ele contém em seu interior o grande templo dedicado a Amón-Rá, considerada a mais poderosa divindade da mitologia egípcia. Outras edificações completam o complexo, como capela de Osíris, templo de Ptah, templo de Opeth. Hatsepsut, Seti I, Ramsés II e Ramsés III são alguns dos faraós que intervieram em sua construção. Egiptólogos continuam a estudar as ruínas destes templos, que são riquíssimas fontes informações sobre a antiga sociedade egípcia.


DIRETO AO PONTO

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O poder do hábito Por UMBERTO FABBRI

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harles Duhigg menciona em seu livro O poder do hábito que em 1900 apenas 7% dos americanos usavam pasta de dente. Uma empresa fabricante de pasta dental decidiu colocar em sua fórmula ingredientes químicos que davam uma sensação de frescor. Em dez anos, a porcentagem subiu para 65% de americanos que passaram a escovar os dentes. O que esta empresa fez para alcançar tamanho sucesso? Foi simples: promoveu ações para transformar a escovação dos dentes em um hábito promovendo a recompensa de saúde e limpeza. Os cientistas dizem que 40% das decisões que tomamos diariamente são hábitos. Isto ocorre porque o cérebro automatiza algumas decisões para não sofrer com uma sobrecarga de tarefas e poupar esforço. Um hábito, segundo o dicionário, é um comportamento que alguém aprende e repete frequentemente, e isto nos remete a compreender por que assimilamos determinados comportamentos a ponto de desejar repeti-los com frequência. Desenvolvendo regularmente a vigilância íntima, poderemos identificar os hábitos que devemos manter, os que nos prejudicam e devemos substituir. Imaginemos que beber o café esteja de algum modo afetando nossa saúde e o médico nos recomende diminuir ou eliminar este hábito. Pois bem, o que de fato funciona é mudar a rotina mantendo a recompensa. No caso do café, a vontade vem, mas em vez de beber o café que está nos prejudicando, é preciso buscar outras formas para alcançar a mesma recompensa, substituindo o café

por outra bebida, ou um exercício ou outra situação que traga a recompensa, mas não me prejudique. Segundo Emmanuel, na base de todo hábito está a disciplina, ou seja, para que algo se transforme em hábito em nossas vidas é necessário esforço e determinação, e talvez por isto, tenha recomendado “disciplina, disciplina e disciplina” ao Chico. Allan Kardec, na questão 685-a, nos fala que a educação moral é um conjunto de hábitos adquiridos. Compreender e direcionar nossa vontade para a transformação de nossos hábitos é a base de nosso progresso, pelo processo da autoeducação.

Imaginemos os hábitos negativos adquiridos no decorrer de nossas reencarnações e que automatizamos. Poderiam eles estar no modo ‘piloto automático’, dando replay constante em determinadas situações que conscientemente não conseguimos perceber? Segundo Emmanuel, o hábito é uma esteira de reflexos mentais acumulados, operando constante indução à rotina. Como, então, trazer isto à tona e transformar esta rotina sem um olhar atento e vigilante? A maledicência, a revolta, a ingratidão, a baixa autoestima, o ódio, tristeza, não poderiam ser comportamentos automatizados necessitando mudança?

A boa notícia é que os hábitos se consolidam ou se transformam por nossa vontade, a partir de decisões que tomamos quando, por nossa razão, decidimos o que nos serve ou não. Jesus veio quebrar estas correntes de hábitos e posturas sedimentadas em valores inadequados. Por milênios se criou o hábito do “olho por olho, dente por dente”, isto estava automatizado, não se pensava para se tomar outra atitude. Quando Jesus ensina outra forma de agir, o perdão, mostra outro caminho, outra rotina e outra recompensa. Todavia, muitos até hoje ainda tentam mudar o hábito da vingança, do revide, pois sua razão e vontade ainda não trabalham neste sentido. Mudar hábitos não é algo simples. Uma atitude repetida com regularidade forma uma junção de neurônios, um caminho, um mapa. Para transformar ou criar hábitos precisamos ter disciplina e repetir constantemente esta nova rotina, comportamental, emocional, psíquica, para que se criem outros caminhos e fiquem também registrados e marcados, consolidando o aprendizado. Sabedores do processo podemos decidir e modificar nossos hábitos com a visão de quem desejamos ser. Condicionar nossos reflexos para o bem e o amor é caminho seguro para nosso crescimento espiritual. Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.


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MÍDIA DO BEM

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Este espaço também é seu. Envie para nós as boas notícias que saíram na mídia! Se o mal é a ausência do bem, é hora de focar diferente!

Varal com máscaras para doação

Vizinhos se oferecem para fazer compras para grupos de risco

Cientistas criam luva que converte gestos da língua dos sinais em palavras

Uma moradora de Florianópolis, SC, faz varal com máscaras em terminal de ônibus para distribuir a passageiros A iniciativa da nutricionista Manuela Vieira surgiu após a retomada do transporte público. A ideia é incentivar o uso de máscaras, que é obrigatório nos terminais, pontos de ônibus e dentro dos veículos. “Pegue uma máscara no varal e se proteja e proteja ao próximo. Com responsabilidade individual vamos vencer a luta contra o Covid-19”, diz a placa.

Todo mundo está ciente de que os grupos de risco precisam ficar em casa nesse momento, só assim estarão protegidos. É por isso que, em diversos lugares, uma onda de solidariedade tem ganhado cada vez mais espaço: vizinhos fora dos grupos de risco se oferecem para ir ao supermercado e à farmácia para aqueles que não podem sair de casa. Bilhetes nos condomínios oferecem a ajuda e têm viralizado nas redes sociais.

Especialistas em bioengenharia da universidade UCLA, dos EUA, criaram uma luva capaz de traduzir a língua dos sinais americana. Sensores elásticos envolvem todos os dedos. Por meio de fios elétricos embutidos nos sensores, o aparelho detecta os movimentos que representam letras, frases e números. Os gestos são transformados em sinais elétricos, que são enviados a um circuito que fica no pulso e depois transmitidos a um smartphone, responsável por transformá-los em palavras faladas.

Fonte: Portal G1

Fonte: Portal Ibirapuera

Fonte: Veja


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