ENTREVISTA
ISSN 2176-2104
Psicografias de Chico Xavier como evidências de vida após a morte
Ano 54 • Nº 503 • Janeiro - Fevereiro 2022
Os pesquisadores Alexandre Caroli, Marina Weiler e Raphael Casseb falam sobre a premiação no concurso mundial de que participaram com um ensaio sobre as evidências de vida após a morte a partir das psicografias de Chico Xavier. Leia nas páginas 4 e 5.
O que há por trás do ‘cancelamento’ nas redes sociais
O
filósofo e neurocirurgião David Monducci aborda os diversos aspectos que envolvem o comportamento cada vez mais comum nas redes sociais, a cultura do cancelamento, que tem como foco denegrir a imagem de pessoas ou de grupos, prejudicando a sua posição de influência ou fama por atitudes tidas como inadequadas. Qual o limite para as nossas inconformações e até onde comportamentos como esses adiariam a nossa conquista pelo mundo melhor? Allan Kardec traz uma interessante explicação sobre isso. Leia no Especial, páginas 8 e 9.
A amizade de Yvonne Pereira com o músico Chopin Pelas sutilezas da mediunidade, a escritora Yvonne Pereira conta como iniciou sua amizade com o espírito Frédéric Chopin, um dos grandes gênios da música clássica, num convívio que durou mais de 30 anos entre os dois planos. Leia na pág. 13.
Desencarna o radialista Éder Fávaro O radialista e expositor que abriu novos caminhos para a divulgação do espiritismo pelo rádio retorna ao plano espiritual. Éder Fávaro recebe nossa homenagem através da manifestação de amigos que trabalharam com ele na Rádio Boa Nova, em Guarulhos. No Acontece, pág. 3.
A beleza da reencarnação como possibilidade de progresso.
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EDITORIAL
CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2022
Cortar o mal
E
m Obras póstumas, uma frase de Kardec, ao comentar sobre as causas e os efeitos do orgulho e do egoísmo, retrata muito bem a necessidade constante de maior atenção que devemos ter para analisar nossos conflitos pessoais e sociais. Diz ele que “não podem os homens ser felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os animar um sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocas; numa palavra: enquanto procurarem esmagar-se uns aos outros”. Ressaltando que a caridade e a fraternidade resumem todas as condições e todos os deveres sociais, alerta ainda que ambas pressupõem abnegação. “A abnegação é incompatível com o orgulho e o egoísmo; logo, com esses vícios, não é possível a verdadeira fraternidade, nem, por conseguinte, igual-
pela raiz
dade, nem liberdade, dado que o egoísta e orgulhoso querem tudo para si”, explica. Esta edição chega com esse convite à reflexão. No Especial, traz o comportamento tão atual dos ataques e “cancelamentos” nas redes sociais, indicando em suas várias nuanças a inferioridade ainda dos nossos sentimentos e o desequilíbrio das nossas ações, mostrando que ao espiritismo cabe o despertar do homem pela conscientização da sua imortalidade e das vidas sucessivas, o que consequentemente cuidará de nos auxiliar no extermínio do orgulho e do egoísmo, a raiz de todos os males. Na Entrevista, jovens pesquisadores relatam a atual visão materialista na academia e o trabalho científico paciente para abordar o lado espiritual da vida nas universidades.
FALE COM O CORREIO Uma sessão com Herculano Pires Talvez a preferência do espírito em dar a comunicação pela telepatia e não pelo ‘transe mediúnico’ tenha sido uma forma de posterior reconhecimento da sua identidade pelo filho, que conhecia a opinião do pai a respeito (apesar de ser necessário algum nível de transe também para a telepatia). [Edição 500, jul. ago, 2021] Curta Espírita
O impacto dos documentos inéditos de Kardec Que maravilha. Parabéns às equipes e muito obrigado por dispor o acesso a todos. [Edição 500, jul. ago, 2021] Ubiratan Documentário sobre Chico Xavier Grande Chico! Que Jesus abençoe o cineasta Wagner de Assis no trabalho de
Neste desafio, no Baú de memórias, está a trajetória de Nancy Puhlmann, pioneira em seu trabalho com pessoas com deficiência. Também abordamos a “Escala espírita”, que se revela como guia certeiro para a compreensão e identidade dos Espíritos. Em Análise, resgatamos as confissões de Chopin à médium Yvonne Pereira, e em Direto ao ponto, Umberto Fabbri nos traz as boas-vindas para o ano que se inicia. Ao fecharmos a edição, recebemos a notícia da desencarnação do radialista Éder Fávaro, que está sendo homenageado no Acontece por seu incansável trabalho na comunicação espírita. A ele, nossa gratidão e vibrações de muita luz na nova caminhada. Boa leitura. Equipe Correio Fraterno.
revelar um pouco mais de nosso irmão Chico! Ansioso por ver! [Edição 501, set. out, 2021] Zaldo Borges, Brasília-DF Carlos Imbassahy com lógica e senso de humor Carlos Imbassahy foi um dos símbolos da independência de pensamento no mundo espírita. Soube arriscar e assumiu plenamente a consequência de seus atos e, em razão disso, pôde utilizar-se plenamente dos seus talentos, e com acerto, a favor da doutrina espírita. [Edição 502, nov. dez, 2021] Abel Sidney
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Uma ética para a imprensa Em dois artigos, escritos por Allan Kardec e publicados na Revista Espírita, em 1858, estão encerradas as diretrizes que o Correio Fraterno adota como norte para o trabalho de divulgação: • A apreciação razoável dos fatos, e de suas consequências. • Acolhimento de todas observações a nós endereçadas, levantando dúvidas e esclarecendo pontos obscuros. • Discussão, porém não disputa. As inconveniências de linguagem jamais tiveram boas razões aos olhos de pessoas sensatas. • A história da doutrina espírita, de alguma forma, é a do espírito humano. O estudo dessas fontes nos fornecerá uma mina inesgotável de observações, sobre fatos gerais pouco conhecidos. • Os princípios da doutrina são os decorrentes do próprio ensinamento dos Espíritos. Não será, então, uma teoria pessoal que exporemos. • Não responderemos aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, contra seus partidários e mesmo contra nós. Aliás, nos absteremos das polêmicas que podem degenerar em personalismo. Discutiremos os princípios que professamos. • Confessaremos nossa insuficiência sobre todos os pontos aos quais não nos for possível responder. Longe de repelir as objeções e as perguntas, nós as solicitamos. Serão um meio de esclarecimento. • Se emitirmos nosso ponto de vista, isso não é senão uma opinião individual que não pretenderemos impor a ninguém. Nós a entregaremos à discussão e estaremos prontos para renunciá-la, se nosso erro for demonstrado. Esta publicação tem como finalidade oferecer um meio de comunicação a todos que se interessam por essas questões. E ligar, por um laço comum, os que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral: a prática do bem e a caridade do evangelho para com todos.
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ACONTECE
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Carinho e reconhecimento a
Éder Fávaro Por IZABEL VITUSSO
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der Fávaro, o radialista e expositor que marcou presença na história da radiodifusão do espiritismo, desencarnou no dia 21 de janeiro, acometido por um enfarto, aos 91 anos de idade. Nascido em 1930 em Nova Itapirema, região de São José do Rio Preto, SP, Éder ingressou na doutrina espírita já morando na capital paulista, em 1956. Passou pela Federação Espírita do Estado de São Paulo, foi vice-presidente da USE-SP, esteve à frente da Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo - ABRADE, da Associação de Divulgadores do Espiritismo de São Paulo - ADE-SP, mas foi na comunicação pelo rádio que ele encontrou a sua grande paixão. No início de 1980, foi convidado para trabalhar na Rádio Boa Nova, da Fundação Espírita André Luiz, em Guarulhos, SP, e não parou mais. Lá ele idealizou e dirigiu inúmeros programas, dentre eles Diálogos Espíritas e Ação 2000, até hoje no ar, e que levam a sua marca inconfundível: a certeza de que é preciso dinamizar a comunicação, dar descontração ao conteúdo e levar o espiritismo para fora das casas espíritas. “Éder soube transformar os desafios em oportunidades, para que pudéssemos ter a Rádio Boa Nova, uma emissora espírita, desde 1980”, comenta o radialista José Damião, seu parceiro de mais de 30 anos de projetos. Sob a coordenação de Éder, o programa Diálogos Espíritas, exibido aos domingos às 9 horas, soma hoje mais de 400 entrevistas, com nomes consagrados no movimento espírita, como Herculano Pires, Freitas Nobre, Chico Xavier, e tantos outros, relembra Damião, despedindo-se do parceiro: “Eu convivi com esse amigo e aprendi muito. Saudade e gratidão”. “A partida do nosso irmão Éder Favaro tem um significado especial, para quem o acompanhou desde 1963”, diz Milton Felipeli, seu parceiro inseparável na Boa Nova. “Estou certo de que ele foi recebido por outros irmãos, como o Amílcar Del Chiaro Filho, Osvaldo Sibinelli, Natalino
D’Olivo, Hamilton Saraiva, Osmar Marsilli e outros, que se somam aos familiares queridos. Éder Favaro abriu para todos nós um novo caminho para a comunicação social espírita.” Também da equipe dos radialistas da Boa Nova, Américo Sucena relembra as principais característica de seu amigo de mais de 25 anos de emissora: liderança nata e o gosto por trabalhar em equipe e, como bom otimista, foco no lado bom das coisas. Para nós da comunicação, que continuamos a nos desafiar para encontrar a melhor maneira de servir à divulgação, Éder ainda deixa uma ‘palhinha: “Você tem que trazer para a vida o que o espiritismo nos traz.”
Frases que o definem “Sempre fui um amante do rádio.” “Todos os instrumentos precisam ser movimentados para que a cultura espírita possa permear a cultura humana, fora do reduto interno da casa espírita.” “As pessoas que chegam à casa espírita já não vão com o intuito de ouvir apenas a prece de olhos fechados. Estão de olhos e ouvidos bem abertos, perguntando o que o espiritismo pode oferecer para eles e melhorarem como cidadãos do mundo.” “Não existe possibilidade de viver em qualquer lugar, mesmo no centro espíritaz, sem saber trabalhar com as diferenças. Cada um é cada um. Não existe espírito padronizado.” “Não faço crítica nenhuma. Kardec deixa claro: você pode até não concordar, mas tem que respeitar.” “No centro espírita dinâmico, o indivíduo entra uma vez, duas vezes e não se tenta laçá-lo. Se a pessoa assitiu apenas a duas palestras, mas dali já consegue despertar para ser um pai melhor, melhor companheiro, ou conseguiu se corrigir, o espiritsmo já cumpriu sua função.” Eder Fávaro: uma vida voltada à comunicação social espírita junto a dedicados parceiros, como Milton Felipeli
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ENTREVISTA
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Como a obra de Chico Xavier baseou pesquisa premiada sobre vida após a morte Por ELIANA HADDAD Na sua visão, qual a importância desse concurso? Alexandre: Como foi divulgado no mundo todo, ele serviu para mobilizar boa parte dos pesquisadores que têm investigado temas que incluem a hipótese da sobrevivência da mente após a morte do corpo. Os ensaios, já integralmente divulgados, ajudam a dar visibilidade às evidências disponíveis sobre o assunto e às atuais tentativas de compreendê-las. Marina: Acho que posso destacar alguns pontos aqui. Primeiramente, com esse concurso, conseguimos saber quem são os principais pesquisadores do mundo envolvidos na área. Também foi importante para termos conhecimento da variedade de fenômenos que foram levantados para responder à pergunta do ensaio – ou seja, as evidências para a sobrevivência. Nesse sentido, mostra para o público que diversos fenômenos, como a mediunidade mental, a mediunidade física, experiências de quase-morte, lembranças de vida passada, entre outros, podem ser usados como evidência para o tema. Por último, esse concurso proporciona o contato e a interação entre os pesquisadores da área, um aspecto muito importante dentro da pesquisa acadêmica. Essa “troca de figurinhas” entre os pesquisadores possibilita que o campo se desenvolva de maneira crítica e transparente. Você acredita que esteja havendo uma mudança de paradigma na compreensão do mundo, no âmbito acadêmico, incluindo a espiritualidade? Alexandre: Não sei. Acho muito difícil detectar esse tipo de mudança antes de ela ocorrer. Raphael: É uma pergunta muito interessante, mas difícil de responder por vários motivos. Primeiro, porque precisaríamos entender bem como é essa situação de forma ampla para fazermos uma boa avaliação. E esse não é meu caso. Segundo, porque, em geral, esse tipo de mudança não é imediato. Em geral as mudanças marcantes nas ciências levam anos para serem debati-
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om um ensaio sobre a obra psicográfica de Chico Xavier, os pesquisadores brasileiros Alexandre Caroli Rocha, Marina Weiler e Raphael Fernandes Casseb foram premiados no final do ano passado no concurso promovido por Robert Bigelow, magnata norte-americano, sobre as melhores evidências que comprovariam a existência da vida após a morte. Em entrevista exclusiva ao Correio Fraterno, eles analisaram aspectos importantes e desconhecidos do público em geral sobre os caminhos e o papel da ciência com relação às investigações sobre a espiritualidade e os desafios acadêmicos em função do predominante paradigma materialista da atualidade. Acompanhe.
das e compreendidas e, por isso, imagino que seja o mesmo caso aqui também. Pode resumidamente falar sobre o trabalho que apresentaram? Alexandre: Fizemos um ensaio sobre livros psicografados pelo Chico Xavier, levando em conta estudos a respeito de sua obra e,
também, sua biografia. Algumas pesquisas – entre as quais, as que realizei nos últimos anos, na área de letras – evidenciam que existem conteúdos e habilidades, apreensíveis em livros do médium, que não correspondem a seu provável repertório cultural; por outro lado, são condizentes com o repertório cultural de autores a quem são
atribuídos. Mostramos que a hipótese da fraude, consciente ou inconsciente, é fraca, pois ela implica admitir, entre outras coisas, que o médium possuiria uma rara habilidade para produzir inúmeras imitações literárias e que ele teria pesquisado um número muito grande de livros e outros documentos. Os registros biográficos de Chico Xavier não sugerem essa possibilidade. Raphael: Complementando a resposta do Alexandre, encontramos nas cartas supostamente escritas por pessoas falecidas, através da psicografia de Chico Xavier, informações particulares concernentes aos falecidos e seus familiares. Existem datas, nomes, endereços e uma variedade de informações validadas pelos amigos e parentes que parecem endossar a hipótese da sobrevivência. Marina: É importante salientar que, no domínio do método científico, é relevante legitimar a evidência. O ser humano tem uma tendência natural para procurar explicações para os fenômenos, e tentamos fazer o mesmo no nosso ensaio – levantamos algumas das explicações mais comumente usadas para o caso do Chico Xavier (entre elas, a fraude consciente, inconsciente, a função super-psi e a sobrevivência da mente). Confrontando cada uma dessas hipóteses explicativas com as circunstâncias e o contexto do médium, e mostrando que a hipótese da sobrevivência é a que possui melhor poder explicativo, estamos de certa forma legitimando as nossas evidências. No momento em que só conseguimos explicar os fatos que descrevemos através da hipótese da sobrevivência, mostramos que temos fortes evidências. E as outras propostas apresentadas sobre a sobrevivência da alma após a morte, o que falavam? Alexandre: Do material que li até agora, a tendência foi apresentar uma seleção de vários tipos de evidências que sugerem atividade mental de forma independente do funcionamento cerebral e, ao comentá-las, defender a hipótese da sobrevivência como a explicação mais plausível para o conjunto dos dados. Chamou-me a atenção a grande
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presença das experiências de quase-morte entre os eventos mais comentados nesses trabalhos. Raphael: Existem, inclusive, alguns relatos pessoais de experiências anômalas, como o de Jeffrey Mishlove, autor do ensaio que ficou em primeiro lugar, que relata ter sonhado com um tio que acabara de falecer, e o de Elizabeth Krohn, outra autora premiada, que foi atingida por um raio e passou por uma experiência de quase-morte. Marina: Alguns trabalhos tentam ir além da descrição das evidências da sobrevivência, especulando sobre as possíveis explicações de como esses fenômenos podem ocorrer, como o ensaio do Leo Ruickbie, o terceiro colocado. Esses ensaios tendem a ser mais densos no seu conteúdo, pois apresentam ideias bastante abstratas do domínio da física, por exemplo.
ENTREVISTA aberta à sobrevivência da mente, apresentaria mais estudos sobre esse tema. Curiosamente, porém, a maior parte dos ensaios premiados veio dos Estados Unidos, que não têm uma tradição de crença na vida após a morte tão forte quanto a do Oriente, mas se destacam na produção de pesquisas em geral. Raphael: Apenas a título de curiosidade, fizemos um levantamento dos ensaios premiados e identificamos que quase 70% dos autores provêm dos EUA ou do Reino Unido. O espiritismo foi considerado por outros pesquisadores? Alexandre: Além do nosso trabalho, que tratou da obra de um médium espírita, encontrei somente no ensaio do Jeffrey Mishlove breves menções a Chico Xavier e a Allan Kardec.
Encontramos nas cartas supostamente escritas por pessoas falecidas, através da psicografia de Chico Xavier, informações particulares dos falecidos e seus familiares” Foram inscritos trabalhos de 38 países. Como foi a participação dos orientais? Alexandre: Não tivemos acesso aos dados gerais do concurso. Antes do resultado, porém, foi divulgada uma entrevista em que o Robert Bigelow comentou que, entre os concorrentes, havia trabalhos escritos por orientais. O único selecionado faz parte do terceiro grupo, que ganhou menção honrosa. Foi um ensaio do Akila Weerasekera, que atualmente faz pesquisa nos EUA, mas é natural do Sri Lanka. Ele apresentou um estudo sobre um caso sugestivo de reencarnação em contexto budista. A propósito, o país com maior número de ensaios premiados foram os Estados Unidos, seguidos pela Inglaterra. O grupo de pesquisa que mais se destacou foi o da Society for Psychical Research (Sociedade de Pesquisas Psíquicas), de Londres. Marina: Essa pergunta é interessante, porque intuitivamente esperaríamos que o Oriente, por abrigar uma cultura mais
Como pesquisador(a), como você analisa a relação corpo e mente atualmente? Quais avanços a pesquisa científica já realizou em relação ao espírito? Poderia citar alguma pesquisa específica sobre isso? Raphael: Por mais que tenhamos interesse sobre essa interação mente e corpo, nenhum de nós trabalha diretamente com este aspecto. Esse tema normalmente é tratado de forma indireta, avaliando-se a evidência que sugere a independência ou não desses dois domínios (o mental e o cerebral). Foi isso que fizemos, por exemplo, no nosso ensaio. Existem alguns pesquisadores que se alicerçam neste mesmo princípio, isto é, que investigam a evidência indireta relacionada ao assunto. Podemos citar, por exemplo, o trabalho desenvolvido pelo psiquiatra Ian Stevenson, que estudava principalmente casos de crianças com memórias de supostas vidas passadas. No Brasil, temos o trabalho desenvolvido pelo também psiquiatra Alexander Moreira-
-Almeida, que lidera diferentes linhas de pesquisa nessa área. A que você atribui a falta de interesse por assuntos ligados à espiritualidade pela maioria dos cientistas? Raphael: Minha impressão é que isso se deve ao referencial fisicalista adotado pela maioria dos pesquisadores. Vale lembrar que, para muitas linhas de pesquisa, essa questão é irrelevante para o desenvolvimento do trabalho. Por exemplo, para um pesquisador que estuda propriedades das cerâmicas, sua postura quanto a este tema não impacta diretamente seu trabalho, sendo, portanto, uma questão de foro íntimo. Isso não quer dizer que o tema não seja importante; longe disso, é uma das questões mais antigas e debatidas da história humana. Marina: Eu não acho que exista uma falta de interesse por parte dos cientistas; pelo contrário, esse assunto é fascinante para a maioria. Eu acho que existe, de maneira geral, certo receio por parte dos cientistas não-fisicalistas de exporem suas opiniões e se envolverem na área da espiritualidade. Como o Raphael mencionou, muitos cientistas se enquadram no grupo de pessoas que não acreditam na independência da mente. Essa divergência é natural e saudável. O problema surge quando existem desrespeito e dogmatismo frente a uma opinião divergente. E, infelizmente, isso tende a ocorrer com maior frequência e intensidade especialmente na área de estudos da consciência humana, pois ela envolve todo um conjunto de crenças existenciais que enraízam o estilo de vida que temos. Quais serão os próximos passos? Raphael: Embora não tenhamos recebido nenhuma informação até o momento, parece que o grupo de Robert Bigelow tem interesse em seguir trabalhando na investigação da vida após a morte. Imagino que, de alguma forma, eles colocarão os premiados em contato para discutirem ideias e sugerirem formas de abordar o tema em novas pesquisas. Marina: Segundo Robert Bigelow, o concurso foi um primeiro (e importante) passo para dar visibilidade e incentivo aos pesquisadores. Esperamos que agora o Instituto Bigelow continue dando suporte às pesquisas nessa área. Alexandre: De fato, é preciso muito empenho para que o desenvolvimento desse tipo de pesquisa seja possível. Os ensaios premiados estão disponíveis em: https://www.bigelowinstitute.org/contest_winners3.php
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LIVROS & CIA. Editora Paideia Telefone: 11 5549-3053 www.editorapaideia.com.br Conversa sobre mediunidade + curas, obsessões e sonhos de J. Herculano Pires 350 páginas 16x23 cm
FERGS Editora WhatsApp: 51 98400-3219 www.editora.fergs.org.br FERGS: 100 anos de histórias e memórias organizado por Maria Elisabeth da Silva Barbieri 348 páginas 16x23 cm
Correio Fraterno WhatsApp: 17 99736-9800 www.correiofraterno.com.br/livros
O exílio de J. W. Rochester (espírito) psicografia de Arandi Gomes Teixeira 496 páginas 16x23 cm
Editora Lachâtre Telefone: 11 2277-1747 www.lachatre.com.br Vida, morte, vida de Rodolfo Jacarandá 144 páginas 14x21 cm
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LEITURA
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Retrato de amor e superação Por SÔNIA KASSE
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perda de um ente querido causa muita dor e sofrimento. A morte, inesperada ou não, pode causar problemas emocionais gravíssimos aos familiares, que necessitarão de ajuda apropriada para amenizar a dor da perda. Cada um reage de maneira diferente ao luto, por isso, precisamos aceitar o tempo e como cada pessoa lida com o sofrimento causado. A orientação consoladora pode ser obtida nas leituras e reuniões espíritas. A autora Juliana Ferezin Heck descreve com profunda emoção a trajetória de dor sofrida com a perda de sua filha primogênita
Helena, narrada em seu livro O perfume de Helena, publicado pela editora Correio Fraterno. A autora continua sua narrativa, agora, no livro As cores de Alice, da mesma editora. Nessa obra ela conta sua história e a de seu marido na continuidade do luto, tristezas, dores, angústia, aflição que se prolongam. Na luta constante para continuar a vida, sem a presença de sua amada filhinha Helena, os princípios do espiritismo se fazem presentes na vida do casal: a imortalidade da alma, a possibilidade de se comunicar com os mortos e a reencarnação abrandam seus corações e trazem um grande alento. A morte nada mais é que a finalização de mais um ciclo, uma passagem para outra dimensão, e aceitar que sua primogê-
nita estaria feliz e em um corpo saudável trouxe conforto. O casal se empenha em ter outro filho e o nascimento de Alice faz renascer a alegria na vida da família. Leitura recomendada a todas as pessoas e em especial às famílias que passaram ou estão passando por situação semelhante à da autora. Encontrarão mensagens de esperança, alegria, fé e muito amor e a certeza de que o conhecimento da realidade espiritual ajudará a aceitar as provações a que estamos sujeitos, consequências de nossos atos em vidas passadas. As cores de Alice traduz a paz encontrada após a tormenta. Ótima leitura.
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BAÚ DE MEMÓRIAS
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O BAÚ DE MEMÓRIAS PODE SER FEITO POR VOCÊ! Envie para nós um fato marcante sobre o espiritismo em sua cidade. Ele pode ser publicado aqui nesta seção e em nossas redes sociais. E-mail: redacao@correiofraterno.com.br.
Nancy Puhlmann Di Girolamo A mulher que soube defender as ‘aves feridas’ Por RITA CIRNE
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oucas mulheres foram tão sintonizadas com as causas em favor da reabilitação e da inclusão social de pessoas com deficiência como Nancy Puhlmann Di Girolamo. Ela se referia a eles como ‘aves feridas’ e dizia que “mesmo feridas, elas voam”, pois “voar é capacidade do espírito. Mas só dos fortes”! Ela mesma foi capaz de grandes voos numa encarnação que teve início em 21 de março de 1924, em São Paulo, onde cresceu numa família espírita, formou-se em enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo com especialização em neuropediatria e fez sociologia pela Escola de Sociologia e Política da Universidade de São Paulo. Nancy desencarnou em 23 de junho de 2018, deixando um legado de amor e dedicação ao próximo e pessoas com deficiências, num trabalho que floresceu na Instituição Beneficente Nosso Lar, fundada por sua mãe, Maria Augusta Ferreira Puhlmann e por sua tia Nair Ambra Ferreira, em 1946. Ali, naquela instituição que foi um orfanato e que abrigou e educou mais de 300 crianças, muitas delas abandonadas na porta, como era comum na época, teve início o seu trabalho em favor das crianças com deficiências. Em entrevista ao Batuíra Jornal, em dezembro de 1999, Nancy contou que a direção da casa nunca tinha pensado em trabalhar com crianças com deficiências, mas um bebê abandonado nas portas da instituição em 1967, com grave lesão neurológica, mudou o rumo da história. Quando a criança ricamente vestida foi desembrulhada, um bilhete transmitia o recado: “Mãe desesperada conta com vocês”. Isso causou um grande impacto nos diretores: Sempre atribuíram a rejeição a questões da pobreza, nunca por conta de uma deficiência. Para Nancy, começava ali um grande desafio, procurando aliar a ciência ao espiritismo para poder proporcionar o desenvolvimento das crianças com deficiências,
não esquecendo de trabalhar também a rejeição. Estudou as teses espíritas sobre a importância das reencarnações difíceis na Terra como processos evolutivos. Foi buscar na antropologia uma explicação orgânica e antropológica para esta realidade. Naquela época, nascia sua filha, com síndrome de Down, o que acabou impulsionando o Nosso Lar a atender pessoas com deficiência intelectual e outras deficiências associadas. Anos depois, seu filho mais velho, com 17 anos, tornou-se tetraplégico, após acidente na piscina, o que levou a institui-
ção a ampliar novamente os atendimentos, incluindo agora deficiências motoras. Através de seus estudos na literatura espírita, Nancy concluiu sobre a importância de se estimular o sistema nervoso central – quando ainda não se acreditava na capacidade de regeneração – e foi conhecer de perto o método de reorganização neurológica desenvolvido na Philadelphia. Confiando que com passes, terapêutica espírita, bom ambiente, estímulos, medicação seria possível mudar aquela realidade, ela desenvolveu um programa de desenvol-
vimento integral interligando os aspectos bio-psico-social-espiritual, sendo incentivada pelo médium Chico Xavier para que confiasse e colocasse em prática o método que chamou de Desenvolvimento Integral das Potencialidades da Criança Excepcional. Aplicado no Nosso Lar, na assistência a crianças com deficiências, a maioria carente, a nova metodologia transformou a instituição numa referência em reabilitação nesse setor. Sempre atuante no meio espírita, Nancy analisou a história e o papel do espiritismo nas transformações sociais numa entrevista ao Correio Fraterno em março de 2015. Ao comentar o futuro da humanidade frente aos conflitos em que vivemos, ela respondeu que para a doutrina espírita só há um caminho: o progresso intelecto-moral. Mas lembrou que não é pelo desenvolvimento intelectual que o moral se desenvolve. “Na questão da inclusão, Nancy reforça que é sempre uma bênção, quando as oportunidades são mais amplas, porque se num primeiro momento ela chega confundindo, miscigenando tudo, na sequência vem a organização. Precisamos refletir e perceber que a lei divina está acima de ideias pessoais, grupos, instituições. “Querendo ou não, estamos progredindo e é reforçando-se o bem que enfrentamos o oponente. É como ensinou Jesus na parábola do joio e do trigo. Eles crescem juntos e somente quando estão bem grandes é que se consegue separá-los. Para curar a sociedade é preciso também sanear a forma de pensar, ter noção de que o pensamento e a mente são nossos grandes colaboradores, se soubermos direcioná-los adequadamente. Nesse sentido, devemos nos trabalhar interiormente na procura do bem. É preciso achar o bem. E se procurar, acha”, concluiu. Jornalista, colaboradora do Grupo Espírita Batuíra e do jornal Valor Econômico.
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ESPECIAL
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ivemos uma época muito conturbada de esgarçamento dos valores morais e de padrões comportamentais estabelecidos, em função de mudanças sociais rápidas. Nesse cenário, de alguma forma caótico, presenciamos um ‘apagar’ dos limites entre o certo e o errado, o bem e o mal, o normal e o anormal, o lícito e o conveniente (1 Co 10:23). Simultaneamente, vivemos o período da imposição do politicamente correto e da pós-verdade, representada por declarações pessoais, com forte apelo emocional e apoiada exclusivamente em um conjunto de crenças, impostas no grito e na força, como uma suposta verdade alternativa para influenciar a opinião pública e o comportamento social. Isso tudo cria um pano de fundo desafiador, no qual os indivíduos ou grupos que não se amoldam a um determinado perfil ou modelo, são vistos como nocivos e perniciosos, e por isso, passíveis de serem desprezados, excluídos e cancelados. Em cenários complicados assim, de tantos ‘cancelamentos’, fica evidente a falta de tolerância dos que se enrijecem em torno de um discurso e de ideias naturalmente falíveis, agindo de modo a cancelar, ou eliminar, as vozes dissonantes, erroneamente imaginando que silenciando os mensageiros podem cancelar as ideias.
A visão espírita O livro dos espíritos (782 e 783) traz uma interessante explicação sobre essa questão. Kardec pergunta se não há homens que de boa-fé entravam o progresso, acreditando favorecê-lo porque o veem segundo seu ponto de vista. “Assemelham-se a pequeninas pedras que, colocadas debaixo da roda de um grande carro, não o impedem de avançar”, respondem os Espíritos, complementando logo a seguir, sobre a marcha progressiva e lenta do aperfeiçoamento da humanidade, que “há o progresso regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém, um povo não progride tão depressa quanto deveria, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um abalo físico ou moral que o transforma”. Allan Kardec comenta ainda que “o homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se esclarece pela força das circunstâncias. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco, dormitam durante séculos; depois, irrompem subitamente e
Por trás do
‘cancelamento’ nas redes sociais Por DAVID MONDUCCI produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações. Nessas comoções, o homem muitas vezes não percebe senão a desordem e a confusão momentâneas que o ferem nos seus interesses materiais. Aquele, porém, que eleva o pensamento acima da sua própria personalidade admira os desígnios da Providência, que do mal faz sair o bem. São a tempestade e o furacão que saneiam a atmosfera, depois de a haverem revolvido”. Distúrbio mental, emocional? A dominação da organização psíquica por uma única ideia ou associação mental, configurando um estado prolongado de
monoideísmo (ideia fixa), pode ser incluído como um sintoma em alguns transtornos psicológicos. Isso, se pensarmos em um distúrbio como aquilo que atrapalha ou perturba alguma coisa. Se pretendermos, porém, uma interpretação biológica, equiparando com uma enfermidade orgânica, não. Segundo a doutrina espírita, é plausível argumentar que quando o psiquismo se acha fixamente dominado por uma ideia, ele cria as condições para o desenvolvimento de um quadro obsessivo autoinduzido, cenário que foi muito bem representado recentemente no desenho animado Soul (Pixar, 2020). Por si só, o radicalismo e a intolerância por mais nefastos que possam ser, não
configuram um estado doentio. Mas é interessante termos em mente a possibilidade de um distúrbio social como nos resultados do experimento social da “Terceira Onda”, conduzido pelo professor de história americano Ron Jones, em 1967, e transformado no filme alemão A onda de 2008. A experiência de Jones evidenciou como a diversidade e a pluralidade de ideias e visões enriquecem o mundo, a vida das pessoas e os contextos sociais. A história é farta de registros de épocas e contextos sociais nos quais as divergências de ideias e comportamentos foram suprimidas em nome de uma (pseudo) uniformidade. Os contrários da vida Os intolerantes não percebem que suas
ESPECIAL
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próprias vidas ficam pobres, monocromáticas, enfadonhas e monótonas quando cancelam os que pensam diferente. A vida pode ser comparada com os brinquedos em um parque infantil. Quer na gangorra ou no balanço o que se tem é uma alternância entre pontos divergentes e opostos, para frente x para trás, em cima x embaixo, mocinho x bandido, quem pega x quem esconde. Se suprimimos um dos lados, a brincadeira acaba e só resta o tédio, o vazio de um espaço não preenchido. Toda necessidade advém de uma ausência, carência ou insuficiência. No esforço de tentarmos preencher um vazio, buscamos alguma coisa que nos dê motivo e uma razão significativa para nos movermos. A percepção, mais ou menos consciente, de uma sensação de vazio existencial pode funcionar como a força motriz que leva os indivíduos a se identificarem com uma ideia ou grupo que lhes dê significado de vida ou que os acolha. O fato de nos identificarmos com um grupo ou um sistema de ideias propicia-nos o sentimento de pertencer a algo maior e mais importante do que a nós mesmos. O prazer pelo mal Freud propôs uma teoria sobre o funcionamento da energia psíquica que se mostra suscetível a aumentos, diminuições e equivalência, de modo que poderíamos falar em prazer, sofrimento e substituição. Para evitarmos a angústia e o sofrimento do vazio existencial, quando não temos uma vida repleta de amor e ternura, buscamos algum tipo de prazer ao pertencermos a um
grupo ou a um movimento mesmo que ele gere algum ônus. Uma metáfora famosa pode ser vista no conto de Claude Steiner Uma história de carícias com a paródia entre carinhos quentes e espinhos frios. Numa visão simplista, podemos interpretar o prazer pelo mal, segundo a teoria freudiana da economia psíquica, pleiteando alcançar um estado de prazer pessoal ou coletivo impondo uma dor ou castigo ao outro. Seriam os traços de personalidade sádica descritos na literatura. Para melhor lidarmos com esses desafios é preciso buscar a serenidade, o equilíbrio e algum distanciamento. Serenidade para não nos deixarmos envolver em um torvelinho de emoções e paixões que impeçam uma visão clara e lúcida do momento e dos movimentos da sociedade na qual estamos inseridos (Jo 17: 15-23). Equilíbrio para discernir o bem do mal, a verdade da impostura, o certo do errado, a luz das trevas, a essência da aparência, o eterno do passageiro (Mt 10: 16-23). Distanciamento na higiene mental que permite ir até os ímpios sem se fazer como eles (Mt 16: 6). David Monducci é neurocirurgião, mestre em filosofia e autor do livro Saúde e Vida, uma abordagem espiritual sobre emoções e doenças, Correio Fraterno, 2016.
A representação pela arte Soul, uma comédia dramática da Pixar (2020) sobre o significado da vida, ganhou o Oscar de melhor filme de animação em 2021. O desenho conta a história de Joe Gardner, um professor de música em Nova York que sonha em ser um famoso pianista de jazz. Ele consegue ter uma chance para tocar em um show, mas, numa queda acidental, cai num buraco e se vê preso entre a Terra e o além. Por engano, vai parar num mundo onde as almas se preparam para uma nova vida. Neste universo, são abordadas características da condição humana, buscando-se respostas para dúvidas como: nascemos com um propósito? A vida tem sentido? Precisamos encontrar esse significado? Soul apresenta uma pequena sequência que representa o que acontece com pessoas que ficam presas em um pensamento único.
A liberdade de pensar
O orgulho e o egoísmo
Cada um é livre de encarar as coisas à sua maneira, e nós, que reclamamos essa liberdade para nós, não podemos recusá-la aos outros. Mas, porque uma opinião é livre, não se segue que não se possa discuti-la, examinar o seu lado forte e o fraco, pesar suas vantagens e inconvenientes. – Allan Kardec – Revista Espírita janeiro 1866
Qual o maior obstáculo ao progresso? “O orgulho e o egoísmo. À primeira vista, parece mesmo que o progresso intelectual duplica a atividade desses vícios, desenvolvendo a ambição e o gosto das riquezas, que, a seu turno, incitam o homem a empreender pesquisas que lhe esclarecem o Espírito. Assim é que tudo se prende, no mundo moral, como no mundo físico, e que do próprio mal pode nascer o bem. Porém esse estado de coisas não durará para sempre; mudará à medida que o homem compreender melhor que além do gozo dos bens terrenos existe uma felicidade infinitamente maior e infinitamente mais duradoura.”
A paz e a espada Analisando os ensinamentos de Jesus, em O evangelho segundo o espiritismo, no capítulo 23, Estranha Moral, Allan Kardec pergunta se seria mesmo possível que Jesus, a personificação da doçura e da bondade, que não cessou de pregar o amor do próximo, haja dito: “Não vim trazer a paz, mas a espada; vim separar do pai o filho, do esposo a esposa; vim lançar fogo à Terra e tenho pressa de que ele se acenda”? Não estarão essas palavras em contradição flagrante com os seus ensinos? Conclui Kardec, à luz da razão, não haver contradição nessas palavras, que dariam, aliás, testemunho da alta sabedoria de Jesus, não podendo ser interpretadas literalmente. E explica; “Toda ideia nova forçosamente encontra oposição e nenhuma há que se implante sem lutas. Ora, nesses casos, a resistência é sempre proporcional à importância dos resultados previstos, porque, quanto maior ela é, tanto mais numerosos são os interesses que fere. (...) Assim, pois, a medida da importância e dos resultados de uma ideia nova se encontra na emoção que o seu aparecimento causa, na violência da oposição que provoca, bem como no grau e na persistência da ira de seus adversários.
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O comentário de Allan Kardec
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á duas espécies de progresso, que uma a outra se prestam mútuo apoio, mas que, no entanto, não marcham lado a lado: o progresso intelectual e o progresso moral. Entre os povos civilizados, o primeiro tem recebido, no correr deste século, todos os incentivos. Por isso mesmo atingiu um grau a que ainda não chegara antes da época atual. Muito falta para que o segundo se ache no mesmo nível. Entretanto, comparando-se os costumes sociais de hoje com os de alguns séculos atrás, só um cego negaria o progresso realizado. Ora, sendo assim, por que haveria essa marcha ascendente de parar, com relação, de preferência, ao moral, do que com relação ao intelectual? Duvidar seria pretender que a humanidade está no apogeu da perfeição – o que é absurdo –, ou que ela não é perfectível moralmente – o que a experiência desmente. – Allan Kardec, O livro dos espíritos, p.785.
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FOI ASSIM
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Ao pé do ouvido Por HILÁRIO SILVA
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atuíra [António Gonçalves da Silva, 1839 – 1909], o apóstolo do espiritismo na capital paulista, instalara o seu grupo de estudo e caridade na rua do Lavapés, quando numa reunião social foi abordado pelo dr. Cesário Motta, grande médico e higienista, então deputado federal, com residência no Rio de Janeiro. Conversa vai, conversa vem, disse-lhe o dr. Cesário ao pé do ouvido: – Você, meu amigo, precisa precaver-se. Não sou espírita, mas lhe admiro a sinceridade. E tenho ouvido lamentáveis opiniões a seu respeito. Dizem por aí que você adota o nome de médium para explorar a bolsa pública; que você está rico de tanto enganar incautos e dizem também que você se isola com mulheres, em gabinetes, para seduzi-las, em nome da prece. Tudo calúnias, bem sei... – E que sugere o senhor? – perguntou o amigo, sereno. – É importante que você se abstenha
do espiritismo... – Mas, doutor – falou Batuíra com humildade –, o senhor é médico e tem sido o nosso protetor na extinção da febre amarela e da varíola em São Paulo... Já vi o senhor tocar as feridas de muita gente... Enfermos para quem pedi seu amparo receberam a sua melhor atenção, embora vomitassem lama em forma de sangue... Nunca vi o senhor desanimar... Pelo fato de o senhor encontrar tanta podridão nos corpos, poderia desistir da medicina? O dr. Cesário sorriu, satisfeito, e falou: – Sim, sim... Não seria possível... Você tem razão... Esquecia-me de que há podridão também nas almas... E, batendo nos ombros do velho amigo, encerrou a questão, afirmando, alegre: – Vamos continuar... Almas em desfile, de Hilário Silva, por Francisco Xavier e Waldo Vieira, FEB.
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ARTIGO
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Escala Espírita
Um guia preciso para as relações com os espíritos Por ELIANA HADDAD
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m fevereiro de 1858, Allan Kardec publicou na Revista Espírita a escala espírita, um guia que traz a classificação dos espíritos com relação ao seu progresso moral e intelectual. À primeira ordem, pertencem os espíritos puros; à segunda, os espíritos bons, e à terceira, os espíritos imperfeitos. “De todos os princípios fundamentais da doutrina espírita, um dos mais importantes
é, incontestavelmente, o que estabelece as diferentes ordens de espíritos”, diz Kardec. A escala mostra que os espíritos têm “caracteres distintivos” nos diversos graus, o que nos facilita perceber com quem estamos lidando. Também nos interessa por revelar em que ponto nos encontramos no processo evolutivo e qual caminho seguir. “Esse estudo requer uma observação atenta e constante: são precisos tempo e expe-
riência para aprender a conhecer os homens; e não são necessários menos para aprender a conhecer os espíritos”, observa Kardec. Para efeito didático, ele dividiu as três ordens principais em classes, lembrando que essa classificação nada têm de absoluto e que às vezes as posições se confundem em suas passagens “como as cores do arco-íris”. Estudo interessante e obrigatório para todos os espíritas, a escala espírita é por-
Terceira ordem Espíritos imperfeitos
Segunda ordem Bons Espíritos
(Impuros, levianos, pseudossábios, neutros)
(Espíritos benévolos, sábios, de sabedoria, superiores)
Principais características:
Principais características:
to seguro para sanar dúvidas sobre o teor das comunicações e nos guiar no exercício contínuo do autoconhecimento. Diferentemente das teorias de autoajuda, as características mencionadas se referem ao estado evolutivo do ser espiritual, cuja felicidade se liga à fraternidade, nas relações de amor entre os homens, e não apenas às satisfações momentâneas e desejos particulares ligados à matéria.
Primeira ordem Espíritos puros Principais características:
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Predominância da matéria sobre o espírito. Propensão para o mal.
•
Predominância do espírito sobre a matéria. Desejo do bem.
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Nula a influência da matéria. Superioridade intelectual e moral.
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Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões consequentes.
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Uns têm ciência, outros sabedoria e bondade.
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Possuem intuição de Deus, mas não o compreendem.
Os mais adiantados reúnem o saber às qualidades morais.
Percorreram todos os degraus da escala e se despojaram das impurezas da matéria.
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Nem todos são essencialmente maus. Há mais leviandade, inconsequência e malícia.
Conservam mais ou menos os traços de sua existência corpórea.
Não têm mais que passar por provas ou expiações.
•
Compreendem Deus e o infinito e já desfrutam da felicidade dos bons.
Não estão mais sujeitos à reencarnação em corpos perecíveis.
•
Gozam de uma felicidade inalterável.
•
São os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para a manutenção do equilíbrio universal.
•
Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam a se aperfeiçoar e lhes confiam missões.
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• •
Uns não fazem o bem nem o mal; denotam inferioridade por não fazerem o bem.
•
•
Independentemente do desenvolvimento intelectual, suas ideias são pouco elevadas.
Sentem-se felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem.
•
•
Conhecimentos limitados sobre o mundo espírita, e ainda os confundem com as ideias da vida corpórea.
O amor que os une é fonte inefável de felicidade.
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Todos ainda deverão passar por provas até atingirem a perfeição absoluta.
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O caráter se revela pela linguagem.
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•
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A felicidade dos bons é sempre um tormento incessante.
Sugerem bons pensamentos e desviam os homens do caminho do mal.
Designados por vezes como anjos, arcanjos ou serafins.
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Encarnados, são bons e benevolentes; não são movidos pelo orgulho, egoísmo, ambição, ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
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Os homens podem entrar em comunicação com eles; entretanto, estão longe de pensar em tê-los às suas ordens.
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Conhecidos como bons gênios, protetores, Espíritos do bem.
•
As angústias produzidas pela inveja e pelo ciúme os atormentam.
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A lembrança e a percepção dos sofrimentos da vida corpórea é por vezes mais penosa que a realidade.
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Pelo sofrimento demorado, creem sofrer sempre.
AGENDA FEB inicia atendimento online A Federação Espírita Brasileira deu início ao atendimento fraterno online ao público, com atividades de irradiação, diálogo fraterno e explanação do Evangelho, realizadas por meio da plataforma Zoom ou por telefone. Diálogo Fraterno: De segundas às sextas-feiras, fone: (61) 2101-6161, nos ramais 6 ou 8. Explanação do Evangelho: Às quartas-feiras, das 18:15 às 18:45h. O acesso é feito diretamente no link das salas, no dia e horários indicados. (Youtube/canalFEP). Irradiação: todas as terças-feiras, das 19h às 20h (Youtube/canalFEP).
CULTURA & LAZER CRIPTOGRAMA DO CORREIO
Conferência Estadual Espírita Será realizada de 11 a 13 de março a 24ª Conferência Estadual Espírita, através da Federação Espírita do Paraná. Sobre o tema “Esperanças e consolações”, o evento reúne palestrantes como Divaldo Franco, Alberto Almeida, Alessandro Viana, Jorge Godinho Nery e Sandra Borba Pereira. A conferência será realizada no formato virtual, através do Youtube/canalFEP. Informações: Feparana.com.br. Fone (41) 3223-6174.
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ENIGMA
Descubra as palavras que faltam nas frases, usando letras iguais para símbolos iguais.
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Que nome se dá ao grau máximo de emancipação da alma?
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Elaborado por Izabel Vitusso e Hamilton Dertonio, especialmente para o Correio Fraterno
Janeiro, mês da Revista Espírita
Cursos online de estudos filosóficos O Instituto Espírita de Estudos Filosóficos dá início aos cursos regulares de estudos filosóficos para a turma de 2022: • 17 de fevereiro: “O espiritismo e os filósofos”. AuFEV 17 las às quintas-feiras, às 9h, 14h e 19h e aos sábados, às 10:30h. • 5 de março: “Curso de expositor em filosofia espíMAR 5 rita”. Aos sábados, às 9h, com duração de 2 anos. Informações: instituto@ieef.org.br Seminário sobre Atendimento Fraterno FEV Acontece no dia 20 de fevereiro, das 15 às 17 horas, o Seminário virtual “Atendimento Fraterno – Como implantar no centro espírita”, destinado a dirigentes e trabalhadores de casas espíritas. O evento, que conta com a participação de Chris Munhos, Karina Rafaelli e Donizete Pinheiro, é uma realização da USE Regional de Marília, SP e acontece ao vivo, a partir das 15 horas, pelo Youtube, através do canal da USE Regional de Marília.
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Em 1º de ..... de 1858, em Paris, a Revista Espírita começava a circular. A publicação era ...... por Allan Kardec. Ele a usava para sondar a reação das pessoas sobre a ...... realidade dos espíritos. Ele a usava também para saber a impressão dos espíritos superiores sobre assuntos ainda ..... Muitos capítulos dos ...... da codificação tiveram na Revista a sua origem. Kardec publicou assuntos dos mais variados: sobre as ..... dos espíritos. Também sobre a .... , A justiça da .... A bondade e a .....de Deus, A vida no mundo ..... e muito mais. Muitos textos são cartas que Kardec recebia de pessoas contando suas ..... obre fatos espíritas. Eram relatos que chegavam de toda parte confirmando a .....dos ensinos que os espíritos transmitiam. Kardec sentiu a ..... do trabalho pela unicidade das ideias, pela forma ordenada e sistemática com que se revelavam. Ele dirigiu a publicação até março de 1869, sem qualquer ..... , quando veio a desencarnar. Os 11 anos de publicação .... uma coleção de 12 volumes, que valem muito a pena serem lidos.
Resposta do Enigma: Êxtase. No sonho e no sonambulismo a alma anda em giro pelos mundos terrestres; no êxtase, penetra num mundo desconhecido, no mundo dos Espíritos etéreos.
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Obras póstumas, 1ª parte, item 29.
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Encontro de Pesquisadores Espíritas em Franca O Núcleo de Pesquisadores Espíritas Agnelo Morato, da cidade de Franca, SP se prepara para realizar o 4º Encontro de Pesquisadores Espíritas, com o tema central: “O espiritismo à luz da literatura: desafios, limites e possibilidades”. O encontro, que visa promover e fomentar o desenvolvimento de pesquisas sobre a temática espírita, será realizado no dia 7 de maio, por meio de videoconferência, no canal <youtube.com/c/NúcleodePesquisadoresEspíritasAgneloMorato>. Informações:nucleo.de.pesq.espiritas@gmail.com>
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Roteiro e Ilustração: Hamilton Dertonio
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As revelações de Chopin através da mediunidade Por IZABEL VITUSSO
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ma das mais respeitadas médiuns do movimento espírita brasileiro que ganhou reconhecimento por sua dedicação e rara capacidade mediúnica, Yvonne do Amaral Pereira (1900-1984) escreveu grandes clássicos da literatura espírita, trazendo histórias marcantes, muitas delas envolvendo suas próprias experiências em outras vidas, sob a inspiração de grandes nomes da literatura, como Camilo Castelo Branco, Léon Tolstói, Victor Hugo, dentre outros. Em um de seus livros, Devassando o invisível (FEB, 1963), Yvonne fala sobre as sutilezas da mediunidade e também sobre os anseios de grandes espíritos e suas relações com o plano terrestre. Frédéric Chopin (1810-1849) é um desses grandes nomes, com os quais a médium estabeleceu uma grande amizade por mais de 30 anos de convívio entre os dois planos. Polonês de nascença, Frédéric Chopin viveu na França na época de Allan Kardec, quando tornou-se um dos grandes gênios da música, como compositor e pianista. O primeiro encontro Yvonne Pereira relata sobre a emoção que sentia ao perceber a presença do artista, pela ternura e pela confiança que os envolviam. Conta que se viu surpreendida por ele pela primeira vez em 1931 e que o prenúncio da sua chegada se fazia sempre com um perfume de violeta, mais precisamente com o cheiro de folha de violeta apanhada na chuva, como certa vez ele explicou para a médium. Os encontros eram sempre promovidos e acompanhados por Charles, um dos mentores da médium, – quando Chopin falava de seus sentimentos e anseios, como o fato de se sentir intensamente atraído para os planos terrestres pelas “intensas forças telepáticas”. Dizia que, naquele tempo, estavam reencarnadas no Brasil personalidades que lhe eram muito caras, que ele viveu em várias épocas na Terra servindo
pelo mentor Charles de que espíritos como Chopin, Beethoven, Mozart, Bellini, Rossini etc, “embora ainda não santificados ou plenamente redimidos, não têm grande necessidade da reencarnação, porque progredirão mesmo no Espaço, e que vêm à Terra quando o desejam e por uma especial solidariedade para com os humanos, a fim de estimularem entre estes o amor pelo Belo, pois que esse atributo é tão necessário às almas em progresso quanto o Amor”.
às belas artes, à arquitetura, à pintura, e finalmente à música, o ponto culminante da manifestação artística em nosso planeta. Atenta para tecer comentários instrutivos, Yvonne lembra que grandes artistas não se tornam espiritualmente superiores só por sua genialidade. “Como homens, cometeram muitas vezes deslizes graves. Por isso é que muitos retornaram a reencarnações obscuras após curto estágio no além”. Isso aconteceu também com o espírito Chopin, que se submeteu a uma rápida existência na Terra, humilde, apagada, porém triunfante. Vínculos com o Brasil Falando sobre sua relação com os planos terrestres, Chopin contou em um dos encontros – que se davam em estado de desdobramento da médium ou por mate-
rialização do próprio espírito — que sabia ser muito amado pelos brasileiros, o que o deixava muito enternecido, mas que às vezes sentia falta de preces dirigidas a ele, que serviriam de estímulo para as tarefas que empreenderia na próxima reencarnação. Tinha planos de servir a Deus e ao próximo, o que não havia feito ainda por meio da música. Pretendia reencarnar no Brasil, um país que “futuramente muito auxiliará no triunfo moral das criaturas necessitadas de progresso”, mas que tal só aconteceria a partir do ano 2000, quando desceria à Terra brilhante falange de espíritos com o compromisso de moralizar e sublimar as artes, sob a tutela de Victor Hugo, espírito capaz de executar missões dessa natureza, a quem Chopin se achava ligado por afinidades espirituais seculares. Yvonne traz informações asseguradas
O exercício do amor Yvonne reproduz no livro o diálogo que teve com o gênio da música quando este lhe disse que estava aprimorando seus estudos no campo da medicina psíquica, preparando-se para a próxima encarnação: – Quer dizer que... ao voltar à reencarnação será médium curador, talvez receitista? – interroga Yvonne. Chopin sorriu satisfeito e sacudiu a cabeça, afirmativamente. – Então, não virá mais como artista? – ela insiste. – Por que não poderei aliar as duas qualidades, se os artistas, muitas vezes, não passam de médiuns? Nada me impede de continuar como artista nas reencarnações vindouras, pois não profanei as artes nem cometi quaisquer deslizes nesse setor. Mas, no momento, o que me preocupa mais é o desejo de servir aos pequeninos e sofredores, aos quais nunca protegi. Em minhas passadas existências, apenas servi aos grandes da Terra. Não desejo nem mesmo auferir proventos monetários, pessoais, da música. As artes, em geral, deverão ser praticadas gratuitamente, com amor e unção religiosa – explica o artista. Yvonne Pereira busca com Frédéric Chopin o aval para dividir com os encarnados todos aqueles fragmentos de vida a ela contados, de alguém muito querido, um artista que encantou o mundo e até hoje arrebata nossa alma com sua genialidade.
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sse problema é bastante curioso. Lendo O livro dos espíritos, encontrará a explicação total desse assunto. Há mesmo um capítulo de O livro dos espíritos que tem por título “O laboratório do mundo invisível”, em que vemos que existe uma espécie de laboratório espiritual, onde são elaboradas muitas coisas que devem aparecer na Terra. Um espírito que quer aparecer aqui na Terra serve-se de recursos desse laboratório invisível para se apresentar como ele era. Por exemplo, se ele viveu em uma determinada família, em que todo mundo o conheceu em um determinado tempo, e portanto em uma idade certa, ele aparece com aquela idade, vestindo as roupas que costumava vestir e com seus modos. Se ele fumava cachimbo, aparece fumando cachimbo, e assim por diante. Por quê? Porque ele se reveste de todas as condições necessárias para se identificar perante as
QUEM PERGUNTA QUER SABER
Quando a gente morre não tem mais corpo material. Como pode um espírito aparecer com roupas? Por que não aparece nu? pessoas. Se ele aparecesse nu, seria uma espécie de fantasma assustador e não seria reconhecido. Claro que ele pode aparecer nu, mesmo porque o corpo espiritual é resplandecente, maravilhoso. Quem já viu o corpo espiritual sabe que o espetáculo de um espírito nu não é semelhante ao de um homem nu,
é um esplendor. Então ele poderia aparecer assim. Naturalmente um esplendor quando se trata de um espírito bastante desprovido dos elementos materiais. Mas ao invés de parecer assim, que não daria nenhum resultado para o que ele deseja – que é comunicar-se com os outros, mostrar que ele continua vivo, que ele não morreu – e
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assim também dar uma esperança àqueles que pensam que a morte é um momento de dissolução completa do ser, ele se mostra nas condições mais apropriadas para isso, identificando-se com suas vestimentas, os objetos de que se serve, seu corpo exatamente igual àquele que ele deixou. É um processo que a própria ciência terá de investigar, como já está investigando – tanto nos Estados Unidos como na Rússia, na Inglaterra, na França, na Alemanha, já há muitos cientistas investigando esse processo. Naturalmente, temos de compreender que a maneira pela qual os espíritos se manifestam tem de se condicionar às nossas condições terrenas, pois do contrário a comunicação entre nós e eles se tornaria difícil ou impossível. Série “No limiar do amanhã”, livro 1: Conversa sobre mediunidade: curas, obsessões e sonhos, de Herculano Pires, org. Wilson Garcia, Candeia.
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DIRETO AO PONTO
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Planeje e semeie bem N
este início de ano cabe muito bem falar sobre o semear, uma vez que o Ano Novo representa simbolicamente um recomeço, embora saibamos que é possível recomeçar a qualquer momento que desejarmos. Virarmos a página do calendário parece nos fazer desligar o automatismo instaurado em nosso cotidiano, de forma a simplificar as coisas. Nos diz a ciência que nosso cérebro automatiza certas atividades para não se sobrecarregar em tomar decisões o tempo todo. Se isto funciona nas atividades simples que repetimos sempre, como escovar os dentes, por exemplo, o mesmo não se aplica às questões complexas, ligadas ao nosso crescimento espiritual e até mesmo material, pois é impossível evoluir fazendo tudo sempre igual, sem corrigir, aprimorar, transformar. Parece simples, mas não é assim tão fácil como parece. Mudar hábitos, reprogramar o cérebro, transformar sentimentos leva tempo, requer constância, esforço, cuidado com as novas sementes. Sim, antes de colher é preciso semear. O mais curioso é que desejamos colher o que não semeamos. Desejamos realizações sem disciplina e esforço, relacionamentos felizes que não foram construídos com dedicação e renúncia, saúde física sem hábitos saudáveis, felicidade sem autoconhecimento, empenho em aparar as arestas e observar nossas necessidades espirituais buscando supri-las. Desejamos também ter paz, alimentando conflitos, mágoas e ressenti-
Por UMBERTO FABBRI
O tempo é algo fundamental no processo de frutificação das novas sementes, mas esquecemos que este tempo precisa ser respeitado” mentos esquecendo do perdão libertador. Sementes novas precisam ser semeadas, todavia é preciso conhecer o solo de nossa intimidade para trabalhá-lo adequadamente e possibilitar o desenvolvimento das sementes. Os espinhos estão lá, os pássaros, as
pedras a aridez também, mas, em contrapartida possuímos a capacidade para trabalhar cada parte destes solos improdutivos, respeitando o tempo de cada estação de nossas almas. O tempo é algo fundamental no processo de frutificação das novas sementes,
mas esquecemos que este tempo precisa ser respeitado e que para cada um de nós ele é diferente, pois somos únicos em nossas experiências, dores, desejos, entendimento e capacidade de percepção objetiva. No quesito tempo, enfrentamos os desafios de nossa época. O excesso de informações que bombardeiam nossa mente dificulta muitas vezes nosso foco, dispersa nossa atenção, e podemos facilmente deixar de semear para apenas observar a fantasia da realidade virtual. A boa administração de qualquer ferramenta nos traz o equilíbrio necessário para extrairmos o que realmente nos interessa de forma proveitosa. Para este início de ano escolha boas sementes, aquelas que trarão os frutos que você deseja, trabalhe com afinco o solo de sua alma, de forma possível, com equilíbrio e bom-senso. Tenha foco, determinação no cultivo, semeie com amor e cuidado; aguarde o tempo necessário, compreendendo que cada semente tem o tempo certo de frutificar, algumas são rápidas, logo florescem e dão frutos, outras são como as oliveiras: demoram décadas, mas são árvores fortes e abundantes em seus frutos. Planeje e semeie bem, estes são nossos sinceros desejos para os nossos amigos leitores! Profissional de marketing, Umberto é orador e escritor brasileiro, morando atualmente na Flórida, EUA. Autor de diversos livros espíritas, dentre eles: O traficante (pelo espírito Jair dos Santos) O político (Adalberto Gória) e Bastidores de uma casa espírita (Luiz Carlos), ed. Correio Fraterno.
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CORREIO FRATERNO JANEIRO - FEVEREIRO 2022
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Menina que treina em laje ganha bolsa do Flamengo
Pesquisadores brasileiros encontram molécula que pode combater o câncer
Projeto de estudantes da USP utiliza caixas de leite para revestir moradias
A jovem Ana Luísa, de 12 anos, que viralizou em redes sociais treinando ginástica em uma laje no Morro do Borel, na Tijuca, foi aprovada no Flamengo e receberá uma bolsa para se aperfeiçoar na Gávea. As imagens que se espalharam na internet mostram a garota debaixo de sol, usando trave improvisada. Aos 9 anos, ela começou a treinar ginástica artística assistindo vídeos na internet. “Em 2021, comecei a procurar vídeos no Youtube para aprender os movimentos que podia fazer. Foi quando vi os vídeos da Rebeca Andrade, Flávia Saraiva e Jade Barbosa e comecei a fazer”, contou Ana Luísa.
Pesquisadores da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) encontraram uma molécula inédita que pode contribuir no tratamento de pacientes com câncer. A descoberta foi publicada no periódico Scentific Reports, do grupo Nature. Segundo os cientistas, a molécula está localizada em um complexo do elemento cobre, funciona de forma seletiva contra células cancerígenas, tem capacidade de divisão do DNA e propriedades capazes de causar morte celular no tumor. Essas informações significam que a molécula pode atacar mais as partes tumorais do que as saudáveis.
Iniciativa de estudantes da USP buscou meios sustentáveis para auxiliar famílias que residem em moradias precárias. Ao visitarem a comunidade Capão das Antas, em São Carlos, SP, eles notaram as frestas nas casas feitas de madeira e tiveram a ideia de usar embalagens longa vida para fechá-las, evitando a entrada de vento, chuva, insetos, luz e ainda melhorar a temperatura interna. Feitas com papel cartão, polietileno e alumínio, as embalagens formam uma excelente barreira resistente. As embalagens longa vida são doadas por pessoas físicas e instituições.
Fonte: Portal G1
Fonte: Portal UOL
Fonte: Observatório do Terceiro Setor
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