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“ Comunidade prestigiada”

Novo embaixador troca Teerão por Caracas Página5

Ordenação em Caracas

Igreja ganha mais um padre lusodescendente. Página 10

www.correiodecaracas.net

O jornal da comunidade luso-venezuelana

ano 06 - n.º 103 - DePósito LegaL: 199901DF222 - PubLicação semanaL

caracas, 19 De maio De 2005 - VenezueLa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:

Filhos da Venezuela com adaptação difícil RUI mAROTE

Na Madeira, em quase todas as freguesias nota-se o regresso de lusodescendentes. A integração nem sempre tem sido fácil Página 3

Sporting deita tudo a perder em 5 dias

Benfica precisa de um ponto para festejar

Leões perdem final da UEFA para os russos do CSKA Página 31

Encarnados jogam cartada no Estádio do Bessa Página 31

1,50

Aveiro, "Veneza" de Portugal tem encantos por descobrir Página 16-17 Três portugueses detidos com droga antes de deixarem aeroporto da capital venezuelana Página 4

O seu CORREIO passa a semanal e lança suplemento no El Nacional Página 32


2 eDitoriAl Director: Aleixo Vieira

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Uma tremenda falta de senso

a semana Virgem de Fátima: um fenó meno Por toda a Venezuela, os portugueses celebraram a sua devoção à Virgem de Fátima com uma intensidade bastante notória. Paralelamente, a efeméride teve um destaque nunca visto na generalidade da Comunicação Social, de que se destaca o suplemento editado pelo CORREIO no jornal El Nacional. As autoridades municipais também revelaram uma grande atenção.

Subdirector (DN-Madeira) Agostinho Silva Coordenadora (Caracas) Délia Meneses Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez e Noélia de Abreu Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: Olga de Canha (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Secretariado: Glória Cadavid

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futebol é, provavelmente, o maior factor de união e ligação das comunidades portuguesas com a sua Pátria. Por esse mundo fora, cada vitó ria ou desaire de uma equipa portuguesa, ou mesmo de jogadores lusos a actuarem em grandes equipas da Europa, é vivido com uma intensidade indescritível. Mesmo quando em causa não estão títulos nem grandes disputas, é o sob o pretexto de ver um jogo de futebol, com protagonistas portugueses, que se reú ne m compatriotas por todo o lado. Na Venezuela, o fenó meno do futebol também tem esta mesma importâ ncia.

E agora que se aproxima o final dos campeonatos e das provas europeias, o frenesim sobe de tom. No entanto, por incrível que pareça, numa Venezuela que visona jogos de todos os campeonatos, alguns deles com maior prestígio que o português, faltam as imagens da I Liga nacional. Consta que as verbas exigidas são astronó micas, comparadas com a Liga Inglesa ou espanhola. Em relação à RTP-I, também falta bom senso: quando todos querem ver um determinado jogo, decisivo, a RTP-I passa outro. Quando tem tudo, tecnicamente, para fazer a alteração que se impõe. Só falta o tal bom senso.

Academia do Bacalhau A Academia do Bacalhau prossegue a sua missão. Agora celebrou mais um aniversário, que serviu para mostrar a sua vitalidade e capacidade para unir. O jantar-convívio com a participação das famílias demonstrou, uma vez mais, que as boas causas têm sempre bons seguidores. Destaque especial para o apoio prestado por diversas empresas e restaurantes, uma colaboração que se vem repetindo todos os meses. Só assim este tipo de iniciativas, altamente meritórias, podem prosseguir.

o CaRToon Da semana

Desentendimentos em Punto Fijo

Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas.

A emigração para a Venezuela acabou há umas décadas...

Nem por isso! Então e os tripulantes do avião da Air Luxor?

Os sinais de desunião entre membros da comunidade nunca é uma boa notícia. Quando esses desentendimentos tomam as proporções verificadas em Punto Fijo, então temos mais razões para um grande desapontamento. Até ameaças de morte ocorreram, depois da troca de acusações de eventual corrupção. É muito feio!

Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

Dia de Portugal com jantar espanhol

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA

ILUSTRÇÃO: PAULO ABREU

O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

Para todos los

Aproxima-se o Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas. O 10 de Junho é já ali e a preparação das comemorações já está em marcha. Este ano Valencia centra as atenções, que servirá de estreia ao novo embaixador de Portugal em Caracas. No entanto, as divisões e as guerras de protagonismos já aí estão outra vez. Se as cerimónias oficiais têm lugar no Centro Social de Valencia, é uma provocação gratuita organizar um jantar num clube espanhol. Ou não será?

bue -

gustos

El mejor Bodegón de Caracas con la mayor variedad en vinos Nacionales e Importados C.C.C.T. P.B. (cerca al Banco Provincial) Telfs.: (0212) 959.73.77, 959.67.28 - Caracas - venezuela


CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

Venezuela 3

Filhos de ex-emigrantes sofrem com adaptação Um pouco por toda a ilha vemos venezuelanos filhos de portugueses fazerem um grande esforço para se adaptarem à ilha, ao seu povo e à sua cultura RUI mAROTE / DN mADEIRA

Disputa entre representaç õ es Na Madeira, há várias organizações que representam os lusodescendentes que nasceram na Venezuela. Quando há iniciativas, há uma "guerra" de procura de protagonismo que desanima quem se envolve nos projectos apenas por amor à camisola. Para além do Centro das Comunidades Madeirenses, há a Casa de la Cultura Bolivariana, um grupo denominado "Venezuela.com.pt" e uma associação de beisbol. Conforme nos comenta a direcção do grupo "Venezuela.com.pt", que tem como sede um site na Internet,

de. Foi, talvez, por isso que recentemente um jovem natural do Curaçao, a resiasta um passeio pela ilha, dir na Santa do Porto Moniz, terá deciuma ida ao supermercado dido pô r fim à vida. Os pais não aceiou uma paragem num café tam a tese de morte voluntária, mas os qualquer para nos deparar- indícios levantam algumas suspeitas. mos, quase sempre, com uma ou outra Mas, segundo os pais, João França, de voz diferente que emite um português 21 anos, não deu sinais de descontentamarcado pelo sotaque castelhano. Facil- mento e tinha projectos futuros. « Pormente nos apercebemos que se trata de que ele ia fazer uma coisa dessas?» , queslusodescendentes que vieram da Vene- tiona-se a mãe, que nos conta que o filho zuela. vinha todos os anos de férias à Madeira Alguns chegam à Região e conseguem e que foi ele mesmo que decidiu há ceradaptar-se facilmente, mas outros têm ca de um mês vir para ficar. de fazer um grande esforço para tentar No entanto, João não tinha emprego e integrar-se. Porque geralmente regres- o contraste entre a vida que encontrou sam para a terra dos pais (muitas vezes na pacata Santa do Porto Moniz e nas no campo), o contraste é grande: em vez movimentadas ruas do Curaçao, onde das grandes avenidas e dos centros co- tinha um negó cio por conta pró pria, merciais, encontram caminhos rurais e fizeram-no ponderar viajar novamente, pequenas vendas. Em vez de pessoas ex- mas desta vez até aos Estados Unidos, trovertidas, encontram "bilhardeiras" e onde tinha família. vizinhos com mentalidades diferentes... Já o pai, Gregó rio França, explicaPor isso, muitas vezes, os venezuela- nos que João veio definitivamente de linos, assim como os filhos de ex-emi- vre vontade. grantes de outras nacionalidades, não se adaptam à Região e, em meses, decidem ADAPTAÇÃO É DIFÍ CIL, MAS POSSÍ VEL regressar para o seu país. O desespero que pode ter afectado o FICAR CONTRA jovem da Santa do Porto Moniz felizA VONTADE mente não chega a todos os filhos de exPara outros, quando há imposição pa- emigrantes descontentes, mas as difira ficarem longe da sua terra natal, é um culdades de adaptação são grandes. verdadeiro desespero aceitar a realidaFoi assim com Luísa Pestana, de 28 Sónia Gonçalves (DN Madeira) sgoncalves@dnoticias.pt

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anos. Veio da Venezuela com o seu esposo há um ano, foi morar para a casa dos pais no Seixal e passou de técnica de vendas numa empresa de informática a empregada de balcão num restaurante. Quando saiu de Caracas, trocou a sua vida de trabalhadora-estudante (faltavam-lhe dois anos para concluir a licenciatura em Economia) por uma vida muito mais pacata, passada das 7h00 às 22h00 num restaurante da Santa do Porto Moniz, que ela e o marido – venezuelano – gerem. Luísa e o marido admitem que só a segurança e a tranquilidade da ilha os mantêm por cá. Se a Venezuela não estivesse na situação em que está, de certeza que eles nunca se sujeitavam a tal coisa, asseguram. Contudo, fazem o balanço positivo e têm uma certeza: antes na Madeira do que no meio da violência em que a Venezuela está mergulhada. Como Luísa, outros jovens vivem com uma saudade constante da sua terra natal, mas, aos poucos, habituam-se à nova vida que encontram na Madeira e, alguns, garantem que não querem voltar. MADEIRENSES SÃO "FRIOS" Para Sílvia Pestana (18 anos), outra lusodescendente natural da Venezuela que veio há dois anos, pior do que mudar de estilo de vida foi adaptar-se ao carácter dos madeirenses.

as diferentes organizações tiveram que sentar-se e chegar a entendimento nalguns aspectos. Assim, ficou quase deliberado que as actividades para os menos jovens se realizam no Centro das Comunidades e as iniciativas relacionadas com moda, teatro, animação e outras são para o grupo "Venezuela.com.pt" ou para a Casa de la Cultura Bolivariana. Por sua vez, os jogos beisbol têm de ser organizados pela associação específica desta modalidade. De referir, é que aos sábados, se transmite um programa de rádio em castelhano sobre a Venezuela.

Em poucas palavras, Sílvia – que trabalha com a família no bar "Académico", junto ao Liceu – e os amigos descrevem os europeus como pessoas mais secas, frias, fechadas e pouco comunicativas. E, a estas características que contrastam em muito com as particularidades dos venezuelanos, juntam o que para eles é um verdadeiro defeito: a "bilhardice". A viver e a trabalhar no Funchal, quando veio do estado Guarico, a jovem desistiu da universidade, onde estava a tirar o segundo ano de Odontologia. Hoje, gosta de estar na Madeira e sabe que o pai não quer regressar à Venezuela. Por isso, vai ficar por cá, onde já encontrou muitos amigos. Como estes filhos de ex-emigrantes, há muitos outros que não ponderam sequer regressar. Não por falta de vontade, mas por uma questão de sensatez, pois preferem viver com a família em segurança do que arriscar-se aos perigos diários que a Venezuela lhes oferece. Se para muitos venezuelanos que residem na Madeira o argumento da insegurança lhes dá força para ficar por cá, outros vêm aquele país como um espaço que não oferece as mínimas condições. « Se analisarmos bem, depois de se ver a Europa, sabe-se que a Venezuela não tem condições dignas» , assegura-nos Nelson Rodrigues, de 21 anos.


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CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

BREVEs Valencia recebe cerimónias oficiais As autoridades diplomáticas, em sintonia com a Federação de Centros Portugueses e com os clubes representativos da comunidade na Venezuela, decidiram que as cerimónias oficiais para a comemoração do Dia de Portugal, em 10 de Junho, vão ter lugar este ano em Valencia. O ano passado a cerimónia oficial decorreu em Acarigua, no Estado Portuguesa. A celebração deste ano marca a estreia do novo embaixador de Portugal em Caracas, José Manuel da Costa Arsénio, que já manifestou a intenção de continuar a descentralizar as celebrações. Para além das cerimónias oficiais, todos os centros e clubes portugueses estão a preparar os seus próprios programas para o Dia de Portugal.

Atrair os jovens para o CPC Papaia Criativa é uma actividade que surgiu graças à criatividade e o engenho de Nelson Jardim Goncalves, Samia Camara Gomes e Daniela Laya. O principal objectivo é salvar os espaços para os jovens maiores de 21 anos que são sócios do Centro Português de Caracas. "Este é o momento para atrair os jovens que vão ser necessários para assumir as futuras direcções do Clube e que agora não estão muito ligados ao CPC", assegura Samia. I love Red foi o primeiro evento organizado pela Papaia Criativa, no passado dia 14 de Maio, com um estilo Chill Out , nas mãos do DJ Tony Escobar.

Mais portugueses detidos por tráfico de drogas Os três cidadãos naturais do Porto preparavam-se para entrar num voo da TAP com sete quilos e meio de cocaí na Liliana da Silva

Lilianadasilva19@hotmail.com

rês cidadãos de origem portuguesa foram detidos por transportar drogas, no aeroporto internacional de Maiquetía, em La Guaira, quando se preparavam para entrar no voo 130 da TAP. Os implicados, cujos nomes são Amadeu Paulo Lopes Azevedo, de 36 anos, Carlos Alberto Almeida Rodrigues, de 28, e Maria Jú lia da Silva, de 30, estão em prisão preventiva desde o dia 18 de Abril na cadeia de Los Teques, Estado Miranda. O Terceiro Juízo de Controlo do Estado de Vargas, que tem a jurisdição de La Guaira, foi responsável pela medida de privação de liberdade a aplicar aos três portugueses que são naturais do Porto. No entanto, segundo fontes pró ximas ao processo, conseguimos apurar que os lusitanos transportavam sete quilos e meio de droga. Cada um deles levava amarrado no corpo dois

T

quilos e meio de cocaína, que foi detectada pelo sistema de segurança do aeroporto. Na primeira audição que tiveram com as autoridades venezuelanas, Amadeu Lopes e Carlos Almeida declararam-se culpados do delito. Ambos declararam que Maria Jú lia da Silva tinha sido enganada e utilizada como "mula", sem estar ao corrente da operação. Carlos Almeida estava na Venezuela desde Janeiro, na zona de Charallave, no Estado Miranda. No entanto, Amadeu Lopes e Maria Julia da Silva tinham só dez dias no país. O julgamento não tem data marcada porque ainda não se designou um juiz para este caso, razão pela qual os portugueses continuam detidos. De referir, é que este não é o primeiro caso de tráfico de drogas que envolve cidadãos portugueses. O recente caso do avião da Air Luxor ainda não tem data definida para o seu fim e deverá arrastar-se por mais algum tempo, pois o juiz que está com o processo foi suspenso.


CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

VeNezuela 5

Novo embaixador preparado para uma nova experiência social". Apesar de estar há pouco tempo em Caracas, o embaiosé Manuel da Costa xador realça o facto da coArsénio é o novo munidade portuguesa ser "exembaixador de Por- tremamente valiosa e prestitugal em Caracas. O giada em termos nacionais, o diplomata transita de Teerao, que contribui de forma decino Irao, para uma capital de siva para o bom nome e digum país que ainda nao con- nificação de Portugal". hece bem. O novo embaixaJosé Manuel Arsénio assedor está em Caracas há pou- gura que a boa imagem dos cas semanas e ainda nem teve portugueses facilita a sua funoportunidade de apresentar ção diplomática. "Esta é tamas suas credenciais ao presi- bém uma comunidade com dente Chávez. ¨ A primeira um bom nível educacional e impressao é extremamente cultural e esse é um factor favorável e positiva¨ , confi- que me apraz registar", disse. denciou José Manuel ArséAs diferenças entre a Venio ao CORREIO, acrescen- nezuela e o Irão, onde esteve tando que Caracas ¨ é uma recentemente a exercer a sua grande metró pole onde en- função diplomática, são gricontramos uma populacao tantes. "Venho de um país muito diversificada, sob o que tem uma problemática de ponto de vista econó mico e cariz político, interno e interAgostinho Silva (DN-Madeira) asilva@dnoticias.pt

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nacional, totalmente diverso da Venezuela. Por outro lado, ambos os países são produtores de petró leo e têm um bom entendimento. Basta ver as ú ltimas duas visitas do presidente Chávez", recorda, acrescentando que teve oportunidade, numa dessas visitas, de trocar algumas impressões com o líder venezuelano. José Manuel Arsénio também já foi cô nsul em New Bedford, nos EUA, uma região com forte emigração de açorianos. Agora volta a encontrar uma comunidade marcadamente ilhéu, desta vez maioritariamente oriunda da Madeira. "Não, não é uma fatalidade. É um prazer. Um gratíssimo prazer!", conclui o novo embaixador.

San Cristóbal

Barcelona

Padaria Gran Avenida

Padaria Pan París Manuel Dos Santos

Luis Guerreiro

Valencia

Padaria Manción de Víctor Gabriel Pinho

está a premiar a fidelidade dos seus clientes

Pto Ordaz

Padaria Santa María Joao Andre Batista de Macedo

Desta vez, os padeiros foram os escolhidos, sobretudo por serem empreendedores que têm transformado o conceito de servir o consumidor diário, como anunciamos na edição anterior da Plumrose, empresa distribuidora de embutidos que realizou o sorteio de 18 viagens de ida e volta a Portugal. Neste sorteio, participaram todas as padarias que cumpriram o compromisso de vender fiambres comercializados pela Plumrose Latinoamericana. Esta actividade é uma das que esta empresa tem para continuar a estreitar laços comerciais com tão importante grémio comercial do país. E, desta forma, pode oferecer ao consumidor produtos de excelente qualidade. As padarias vencedoras deste primeiro sorteio de quato que se realizaram em 2005 são as seguintes:

Cagua

Padaria Gran Mariscal José Avelino Di aguiar

Padaria La Cascada del Pan Albino Peralta

Valencia

Caracas

Padaria Gran Duque de La India

Fernando Rodrigues de Ponte

Pto La Cruz

Padaria Pan Factory Grupo Nro 2 de Padarias Vencedoras

Avelino Golcalves Dos Remedio


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Mais mulheres na política Geraldine de Sousa é a secretária geral do novo partido que quer aumentar a participação feminina « Criamos este partido por causa da situaçã o que a maioria das organizaçõdeliameneses@gmail.com es políticas apresentam, pois os homens são os que impõem candidaturas e nunca Actualmente, a percenta- deixam espaço para que as mulheres togem de mulheres na Ve- mem decisões» , explica Geraldina, que nezuela que estão em car- é doutorada em Ciências da Educação gos políticos de represen- e tem uma vasta carreira política que tação não é superior a 20%. E isto num iniciou aos treze anos de idade. Actualpaís onde o sexo feminino constitui cer- mente, para além de ser a secretária geca de 51,7% da população. A escassa pre- ral do novo partido, é a vice-presidente sença das mulheres em cargos pú bli- da Federação Camponesa de Venezuela cos ou com funções de destaque em par- e a secretária agrária do partido tidos políticos, segundo a dirigente “ Unió n” . política lusodescendente, Geraldine de O partido “ Cidadãs e cidadãos livres Sousa, é uma realidade que deve ser al- de Miranda” foi constituído a 17 de terada. Com este propó sito surge o par- Março. Actualmente, estão a tratar das tido “ Cidadãs e cidadãos livres de Mi- coisas necessárias para que se realizem as randa” . eleições. Geraldine de Sousa definiu o Esta organização é a primeira na Ve- carácter da organização: « somos um parnezuela em cujos estatutos está presen- tido de centro esquerda democrata, com te a cláusula do 50% de alterabilidade. Is- um pensamento de justiça social, equito garante que homens e mulheres po- dade, alterabilidade e com um programa dem ocupar tanto cargos principais de acção social econó mica e política. como suplentes, como costuma aconte- Temos postura de género para o benecer nas outras organizações. fício da mulher e a família de MiranDelia Meneses

D

da» . Esta organização política, que tem cerca de sete mil pessoas e cujo â mbito de acção é o estado Miranda, tem outra lusodescendente entre os seus membros. Fátima Andrade, educadora, tem cerca de 29 anos na política e ocupa o cargo de secretária de organização do partido. « Vamos fazer actividades para que esse 50% de alterabilidade se cumpra em todas as instâ ncias pú blicas ao nível nacional e regional. Para além disso, temos vindo a trabalhar numa lei contra a fome e a má nutrição do venezuelano e da venezuelana, assim como noutros projectos como o da cooperativa nacional da vivência rural e o da formação de escolas agrícolas para as crianças da vivência rural e a formação de escolas para as crianças da rua» , precisou Sousa, que deixou um apelo às mulheres lusodescendentes para que integrem a nova organização. « São bem-vindas e podem receber o nosso apoio para melhorar as suas faculdades de liderança» .


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pUBLICIDADE 7


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Compadres de todo o mundo reú nem-se em Caracas car ideias, partilhar com outras academias do mundo e reforçar os aspectos noeliadeabreu@gmail.com positivos conseguidos até à data. Na Venezuela, a Academia do Bacale 6 a 8 de Outubro, a Aca- hau foi fundada em 1996, mas começou demia do Bacalhau de Ca- a ter actividades em Maio de 1997. Acracas vai organizar na Ve- tualmente, tem 500 compadres inscritos nezuela o seu congresso e se tem destacado pela sua ajuda aos anual, um encontro que vai reunir com- idosos e às famílias de baixos recursos padres de diferentes academias dos cin- que carecem de ingressos suficientes paco continentes. Vêm ao evento que tem ra custear despesas com medicamentos, lugar em Caracas representantes de Lis- comida ou intervenções cirú rgicas. boa, Brasil, Canadá, África e Estados UniO principal objectivo que uniu este dos. grupo de compadres foi ajudar aos comEsta é a primeira vez que este con- patriotas da comunidade lusa, através gresso se realiza na Venezuela. O en- de "tertú lias de amigos". Durante estes contro espera reunir mais de 1.100 pes- agradáveis encontros, consegue-se os soas e conta com a presença do presi- fundos requeridos para as obras sociais dente honorário que vem da destinadas aos mais necessitados. academia-mãe, Johannesburgo, África do José Luís Ferreira, actual presidente Sul. Este evento de gala tem lugar no da Academia do Bacalhau de Caracas, Salão Nobre do Centro Português de Ca- explica que na instituição os recursos são racas e o seu principal objectivo é fazer administrados e distribuídos consoante as um balanço dos trabalhos que se têm necessidades ou carências mais visíveis feito nas academias durante todo o ano. na comunidade lusa. Por isso, a acadeA oportunidade serve, também, para tro- mia de Moçambique se encarrega de dar Noelia de Abreu

D

assistência a crianças ó rfãs e desamparadas. Em Lisboa, os recursos destinamse, na sua grande maioria, aos que são afectados com problemas de drogas. O trabalho mais notó rio que a Academia do Bacalhau de Caracas tem feito é a construção do lar de terceira idade "Padre Joaquim Ferreira". Embora os contributos das diferentes academias tenham sido significativos, a ajuda ao pró ximo nunca termina, pois a ideia é continuar a melhorar a qualidade de vida dos imigrantes lusos, estejam eles onde eles estiverem, independente do país. Os compadres tencionam criar uma rede cada vez maior de academias em todo o mundo. A 1 e 2 de Outubro deste ano, vão inaugurar-se na Venezuela duas novas sedes no interior do país, mais especificamente em Maracay e em Valencia. Tudo isto com o principal intuito de conseguir uma maior integração e comunicação com os compadres desta zona, assim como com quem deseje fazer parte desta associação.

José Luís Ferreira, presidente da Academia do Bacalhau, em Caracas.


CORREIO DE CARACAS - 26 DE MAIO DE 2005

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CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

San Cristó bal já tem cô nsul honorário tuguês de Táchira por ter organizado a iniciativa e agradeço a oportunidade cô nsul-geral que me deram de pô r a de Valência, primeira pedra nesta consRui Monteiro, trução» , disse. juntamente O cô nsul honorário de com o cô nsul honorário de San Cristó bal, Armindo San Cristó val, Armindo Fe- Ferreira, informou-nos que rreira, inauguraram a sede enquanto que no Estado de do consulado honorário de Táchira há cerca de 2.500 San Cristó bal, que vai ser- portugueses, entre Mérida vir uma população de 5.000 e Barinas há o mesmo nú portugueses que vivem nos mero. Graças à abertura da Estados de Mérida, Táchira nova sede consular, estão a e Barinas. aproximar-se um maior nú Na inauguração, esteve mero de lusos que habitam presente Nely Potilis, di- nos povos vizinhos. rectora de Relações e AsAntes, a comunidade suntos Internacionais do portuguesa radicada nos EsGoverno bolivariano das re- tados andinos via-se obrigiões de Colô mbia, Itália e gada a viajar à sede do ConEspanha, assim como várias sulado Geral de Valência. personalidades da coló nia Dependendo da procura, as portuguesa, que aplaudiram pessoas deviam ir pelo mea vitó ria desta estrutura nos três dias e os custos dos consular que vem colmatar transportes é cada vez uma carência na região an- maior. O cô nsul deu-nos dina venezuelana. conta da existência de quaO cô nsul-geral de Va- tro casos de portugueses lência, Rui Monteiro, re- nesta região que estão em sicordou aos presentes a ne- tuação crítica por causa dos cessidade de ter em dia o escassos recursos. Por isso, seu bilhete e passaporte, as- arranjou um grupo de mulsim como a importâ ncia heres que estão a trabalhar de estar recenseado. Logo para ajudar estas famílias. depois da inauguração do A nova sede em San novo consulado, a comuni- Cristó bal vai receber os dade portuguesa do Estado utentes de segunda a sexta, Táchira ofereceu um jantar na oficina situada na Rua 4 para cerca de cem pessoas. Bis, Edifício Concó rdia, 1º A coló nia portuguesa andar, oficina nº ~103, La do Estado Táchira é cons- Concó rdia, San Cristó bal, tituída por uma média de Edo. Táchira. Telefax 02762.500 pessoas. Monteiro en- 3478068, telemó vel 0414controu uma populaç ão 3761620, e-mail consulamuito organizada. « Felici- dosc@cantv. net. to a direcção do Clube PorCarlos Balaguera

O

Momento da ordenação do padre lusodescendente David Rodrigues Alfonso.

um novo sacerdote lusodescendente A ordenação de David Rodrigues, de pais naturais do Arco da Calheta, realizou-se na Missão Católica Portuguesa Jean Carlos De Abreu

deabreujean@hotmail.com

o passado dia 13 de Maio, teve lugar a ordenação do agora padre lusodescendente David Rodrigues Alfonso. O acto realizou-se na igreja "Nossa Senhora de Coromoto e de Fátima", na paró quia San Bernardino de Caracas. A cerimó nia eclesiástica foi presidida pelo Monsenhor Pedro Nicolás Bermú dez, juntamente com o padre Alexandre Mendonça, director da Missão Cató lica Portuguesa. Ao acto, assisti-

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ram fiéis da comunidade portuguesa e venezuelanos. A família de David, natural do Arco da Calheta (Madeira), veio de Portugal para assistir à cerimó nia de ordenação. O novo padre, de 27 anos, cumpriu com os requisitos essenciais impostos pela igreja para dispor da sua nova condição. Antes da sua ordena-

David Rodrigues celebrou a primeira missa, em português, no domingo 15 de Maio, na Missão Católica

A cerimónia seguiu todos os rituais que marcam a ordenação de novos padres.

ção, era levita na zona de "Plan de Manzano" e trabalha também na área de comunicação como locutor e apresentador de rádio e de televisão. Também era assessor do padre Alexandre em trabalhos pastorais. No evento, esteve presente o cô nsul geral de Portugal, Fernando Teles Fazendeiro, e o grupo coral do Centro Português de Caracas, que se encarregou de entoar junto do coro da ermida melodias em honra da virgem de Fátima. Antes da ordenação sacerdotal, rezou-se o terço devido à data festiva. A mãe do padre Alexandre entregou ao Monsenhor Pedro Nicolás Bermú dez uma imagem que foi trazida da cidade de Fátima para representar a devoção dos portugueses pela virgem. Depois, realizou-se a despedida da virgem de Fátima, com lenços brancos e, finalmente, fez-se uma saudação ao novo sacerdote luso com o ritual de beijar a mão ao novo pastor da igreja. David Rodrigues realizou a sua primeira missa em português no domingo 15 de Maio, na Missão Cató lica, no â mbito das comemorações de Fátima.

Armindo Ferreira, Nely Potilis e Rui Monteiro na inauguração da nova sede do consulado.


CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

VenezuelA 11

Abó bora, amuleto para dar sorte A presença desta verdura nos estabelecimentos é uma velha tradição contra as energias negativas Liliana da Silva

lilianadasilva19@hotmail.com

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onforme reza a histó ria, os romanos antigos utilizavam a abó bora mexida com mel para conseguir digerir melhor as abundantes carnes e outros alimentos que comiam com fartura nos banquetes. Os cristãos usaramna para comemorar o Dia dos Mortos e, mesmo que o hábito se tenha perdido, foi adoptada pelos ingleses como emblema da noite de bruxas (Halloween). Hoje, as abó boras estão em muitas das prateleiras de estabelecimentos comerciais da Venezuela, são símbolos de boa sorte e serve de amuleto para afastar más influências e energias que podem "voar" à volta dos negó cios. Este é já um costume que tem muitos anos e foi adoptada inicialmente pela coló nia portuguesa que, devido às infinitas qualidades mágicas que se atribui a esta hortaliça, deixaram-se atrair pelas qualidade de protecção que - segundo muitas culturas - a abó bora tem. É, pois, normal vermos em diferentes comércios, quer sejam padarias, supermercados, talhos, restaurantes ou outros, as famosas Wu Lou, como são conhecidas na cultura chinesa. Juan de Abreu, proprietário de Batidos La Cigarra, em Sabana Grande, reconhece que a abó bora o tem acompanhado no seu negó cio há muitos anos. "É difícil encontrar um negó cio que não tenha numa esquina uma abó -

Este é um costume que tem muitos anos e foi adoptado pela colónia portuguesa , devido às infinitas qualidades mágicas que se atribui à "auyama" bora. Eu tenho-a por duas razões: primeiro porque está associada com a boa sorte, segundo porque me faz lembrar a minha terra, Vale de Lobos". Aproximadamente de três em três semanas, este comerciante muda a abó bora que tem em cima da prateleira. "Algumas duram mais do que outras, mas há que mudá-las constantemente". Juan de Abreu também faz o mesmo na sua casa, onde tem outra abó bora que o "protege das más energias". FÉ E SupErStiçãO Em Altamira, a Este de Caracas, também é possível ver mostras desta crença. "Desde que inaugurámos a padaria (La Cocosset Deli) pusemos aqui a abó bora. Não podemos dizer se nos ajuda ou não a atrair a boa sorte, mas pelo sim, pelo não mais vale ela estar ai", comentou Lori da Silva. Só cia do estabelecimento. Esta dualidade entre

tradição e superstição está presente na coló nia portuguesa e se reflecte perfeitamente neste local onde a Virgem de Fátima e a abó bora partilham a mesma vitrina. "A comunidade lusa é sempre crente, ou pelo menos respeitadora daquilo que tem a ver com superstições e má sorte. Mas isto não quer dizer que não somos cató licos, mas que também nos interessamos por outras coisas", ressalva Antó nio de Barros, proprietário do restaurante "Las 3B", no Silencio. Este português não utiliza só a abó bora para a comida que serve como também para espantar energias negativas que travam o desenvolvimento pró spero do estabelecimento. "Desde que comecei a escutar quais eram os poderes que tinha esta verdura decidi colocar uma no meu estabelecimento, sobretudo porque culturas tão milenares como as japonesas, através do Feng Shui, lhe atribuem propriedades protectoras", sublinhou.Há quem diga que as abó boras penduradas na porta principal outorgam protecção contra o feitiço, que se andarem com sementes desta no bolso ou na carteira conseguem afastar o mal. também se houve dizer que uma abó bora seca se for cortada na parte superior e se enche de água, servindo como uma bola de cristal que serve para afastar espíritos malignos. todas estas faculdades não podem ser comprovadas, mas há quem prefira tê-las na sua casa e trabalho porque ninguém acredita em bruxas, mas "de que voam, voam"!

Batidos La Cigarra

Padaria La Cocosset Deli


12 Venezuela

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Instituto Camões continua Mendes, lisboeta de 26 anos, veio à Venezuela em substituição de outro professor que ficou doara Mendes, especia- ente uns dias antes de vir. Apesar lista em Linguística, do azar da sua chegada, esta licenchegou a despertar a ciada em Linguística trabalha em incerteza de alguns. projectos de investigação do Grupo Segundo informações obtidas pelo de Computação do ConhecimenCORREIO, o Instituto Camões tin- to Léxico Gramatical da Universiha deixado de cumprir as suas fun- dade de Lisboa. Afirma que a sua ções na Venezuela. Contudo, a pre- experiência como oradora da pasença e a realização de uma série lestra sobre "Tó picos de Semánde conferências sobre a língua e a tica Lexical y Recursos Linguísticultura portuguesas promovidas e cos Computacionales" foi bem-vinpatrocinadas por esta instituição da porque tanto professores como demonstram que a sua iniciativa alunos têm demonstrado um grande divulgação da cultura lusa se de interesse pelo tema. mantém de pé no país. A partir do ano 2002, Mendes A presença de Mendes é só o começou a fazer um doutoramencomeço de uma série de confe- to. Esteve um ano em Toulouse rências quinzenais que serão pro- (França) a fazer uma parte da sua feridas por outros dois especialis- especialização e agora continua a tas que vêm de Portugal a convite estudar na cidade capital de onde é do Instituto Camões e com a cola- natural. Nunca tinha vindo à Veboração da Escola de Línguas da nezuela e, por isso, ficou bastante Universidad Central de Venezuela. surpreendida ao ver tantos edifíO objectivo é dar cursos para pro- cios modernos, se os comparar com fessores e alunos de português so- as construções antigas que existem bre linguística e sobre o ensino do na Europa. "Há uma vasta gama de português como língua estrangeira cores que se conjugam. Estas vão e literatura. do cinzento ao verde da vegetação Nathali Gómez

nathaligomez@correiodecaracas.net

S

tropical", expressou a especialista, quando falava da cidade de Caracas. Antes de vir, Sara Mendes só tinha referências da insegurança de Caracas e a da alta incidência de sequestros a comerciantes portugueses. Contudo, manifestou que - embora não estivesse exposta ao perigo - não viu que o problema fosse assim tão eminente. "Talvez porque sempre me traziam e me levavam ao hotel. Aqui estive numa espécie de pequeno oásis", disse. Sobre a comunidade portuguesa, disse que apenas numa semana no país não teve a oportunidade de conhecê-la a fundo, pelo menos o suficiente para formar uma opinião. Contudo, ficou impressionada com o facto de no Centro Português de Caracas se falar espanhol. Mendes acha que isto acontece porque nalgumas casas de imigrantes não se fala português. Contudo, manifesta que foi testemunha do interesse que suscita o ensino e a aprendizagem da língua lusa nos diferentes sítios por onde passou.

Sara Mendes é uma das 3 professoras a enviar pelo Instituto de Camões.


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pUBLICIDADE 13


14 VEnEzuElA

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Camões e a mú sica volta ao mercado obra, de João de Freitas Branco, que saiu a pú blico editada pela Comissão da Academia das Ciências de Lisboa, no "IV Centenário da Morte de Camões", em 1982, regressa ao mercado, nesta véspera de uma nova comemoração do Dia de Camões, agora numa reedição do Instituto Superior Técnico, cujo lançamento decorreu no Instituto Camões, em Lisboa. A sala foi pequena para o exército de camonistas, musicó logos e responsáveis culturais - entre eles os professores Jorge Calado e Joaquim Moura Ramos, aos quais o autor do prefácio - o filho de Freitas Branco - endereçou sensíveis palavras de gratidão alusivas "ao generoso empenho neste empreendimento cultural". O Prof. Hermano Saraiva, o mesmo de Horizontes da Memó ria, esteve presente na sessão, para a qual contribuiu com novos traços biográficos menos conhecidos do poeta.

A

Alexandre Herculano, o historiador que fez histó ria assou há poucos meses, no dia 28 de Março, um ano mais do nascimento do fundador da historiografia moderna no nosso país, que foi, ao mesmo tempo, poeta, dramaturgo e criador do romance histó rico, apesar de que não pô de, por razões econó micas, seguir estudos superiores. De facto, não passou além de alguns anos de Humanidades e Ló gica no Colégio dos Oratorianos, onde recebeu aulas do padre Vicente da Cruz. Contudo, foi "um dos poucos escritores - diz Vitorino Nemésio - que projectam uma grandeza ao mesmo tempo civil e literária na histó ria do seu país". Em 1820 presencia, com a distâ ncia que impõe os seus 10 anos, o rebentar da Revolução Liberal. Mais tarde, tomará parte activa nas lutas contra os absolutistas, colocando-se no bando de D. Pedro contra o de D. Miguel, príncipes e filhos do mesmo rei. Ao dobrar os 21 anos, vê-se envolvido numa conspiração fracassada contra o absolutismo e, para fugir à forca, não lhe fica outro caminho que o exílio, primeiro na Inglaterra, depois na França. Exílio de ouro não é, e entretêm a fome estudando e lendo autores de ambos os países. Em pleno período de guerra civil

P

A propósito de mais um aniversário do nascimento do fundador da historiografia moderna de Portugal, evocamos hoje Alexandre Herculano (1828/1834), toma parte no Cerco do Porto. No ano 36, para não jurar fidelidade à Constituição de 1822, deixa a comodidade fecunda que representa um lugar na Biblioteca Pú blica do Porto e segue para Lisboa para dar cara a outra conspiração absolutista. Na capital funda várias publicações, A Voz do Profeta entre elas, colabora em muitas outras e por onde passa deixa textos que, tomarão depois a forma de livros. No ano 40, encontramo-lo no parlamento como deputado pelo Porto, mas antes já tinha estado à frente da Câ mara Municipal de Belém. Pouco a pouco, afasta-se da política - é certo, tem algumas recaídas - e avança na produção literária, que será outro campo de batalha. Assim, por volta de 1853, temo-lo a dar a volta pelo país à cata de documentos histó ricos, muitos dos quais estão nos arquivos episcopais e nos mosteiros, onde não encontra facilidade para avançar com os Portugaliae

Monumenta Historica. Desalentado por esta situação e contrafeito pela nomeação do guardamor da Torre do Tombo, termina por renunciar e abandonar os estudos de natureza histó rica. Superado este impasse, debruça-se de novo sobre este trabalho e colabora na redacção do Có digo Civil, defendendo nessa altura o casamento civil a par do religioso. A proposta é inovadora mas suscita forte reacção do clero, o mesmo com o qual terá uma feroz discussão quando põe em dú vida o Milagre de Ourique, que perto de cem anos já tinha sido questionado pelo teó logo e educador Antó nio Verney com muito menos escâ ndalo. Hermano Saraiva explica: "… nesse momento, não se vivia a situação de explosiva confrontação cultural que se seguiu ao liberalismo e a impiedade não causou protestos". A partir de 1867, o autor de Eurico, o Presbítero, O Monge de Cister, O Bobo, Lendas e Narrativas II, O Pároco de Aldeia, A Harpa do Crente, Histó ria de Portugal e Histó ria da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, entre vários outros livros, realizava por fim o seu sonho: afastar-se para Vale de Lobos, onde morrerá, em 1877, pouco depois de receber a visita do rei.

Informaçao cedida pelo "Boletim de Artes e Letras do Instituto Português de Cultura"

Presença Portuguesa em encontros por uma Europa da Cultura

ecorreu recentemente, na capital francesa, uma série de reuniões cuja finalidade foi dar uma ""verdadeira ambição cultural" à Europa, esse defendeu que "não compete só aos Estados, mas também ao empenho dos profissionais da cultura" lutar por este objectivo". Nelas participou uma delegação portuguesa composta por 12 artistas e intelectuais, entre os quais se destacam o filó sofo José Gil, a fadista Kátia Guerreiro e o produtor Paulo Branco, junto a representantes dos vários países da União Europeia.

D

O evento responde ao empenhamento do subcontinente na valorização da cultura europeia, nas suas diferentes e ricas componentes, num momento em que se impõe a sua defesa contra qualquer tipo de hegemonia a que não é alheia a situação de que, segundo a UNESCO, "85 por cento dos bilhetes de cinema vendidos em 2002 foram para filmes produzidos em Hollywood e metade da ficção na TV europeia é dos EUA." Não se tratou de nada em contra de nada, mas sim em defesa da multiculturalidade.


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CULTURA 15

Biblioteca do consulado já abriu ao pú blico ta enquanto o utilizador espera a sua vez para ser atendido pelos funcionários. Contudo, também vai ser poss pessoas que frequen- sível levar os livros para casa. tam o Consulado Geral Para além dos cinquenta quilos de Portugal em Caracas, de livros que chegaram de Portugal, situado em Bello Cam- mais propriamente da Câ mara Mupo, têm agora a possibilidade de con- nicipal do Funchal, da Casa de Culsultar livros de leitura, de investiga- tura de Santa Cruz e da Câ mara ção ou educativos. E isto graças à ini- Municipal da Ponta do Sol, o contriciativa da Associação Cultural Abril, buto de empresários da comunidaque abriu uma biblioteca, que fica de portuguesa e de empresas como a em frente da sala de espera da sede Editorial Liberal e o Millennium consular. Banco Comercial Português foi imDurante vários meses, a bibliote- portante. Também colaboraram a tíca ficou inactiva porque não tinha li- tulo individual alguns membros da vros suficientes para ser inaugurada. comunidade, como Manuel dos SanAgora, os exemplares, ordenados em tos, que fez muito para tornar possíduas estantes, estão disponíveis para vel esta iniciativa da Associação Abril, serem consultados pelas cerca de 200 que visa essencialmente promover a pessoas que diariamente visitam o cultura lusa na Venezuela. Consulado. Maria helena Camacho de CoA consulta de textos pode ser fei- rreia, presidente da Associação CulNoelia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

A

tural Abril, explica que a ideia de criar uma biblioteca aberta ao pú blico que visita o Consulado de Portugal em Caracas é uma forma de resgatar essa literatura que, de alguma maneira, estava espalhada dentro da comunidade portuguesa, mas não acessível a todos. "Actualmente, esperamos a resposta do Centro Português de Caracas, que nos poderia doar vários exemplares da sua biblioteca", disse a presidente de Abril, uma fundação que existe desde 2003 e que tem como principal finalidade estreitar laços culturais entre a Venezuela e Portugal. Maria Helena Camacho é responsável por velar pelo bom uso dos livros e os respectivos empréstimos. Os que pretenderem consultar as obras podem fazê-lo todas as quartas-feiras das 10h30 às 13h30.

Escultor lusodescendente expõe na UCV Roberto dos Santos apresenta uma parte dos seus trabalhos em cerâmica na Galeria de Arte desta instituição. A exposição vai estar aberta ao público até ao próximo dia 2 de Junho Liliana da Silva

Lilianadasilva19@hotmail.com

N

a Galeria de Arte da Universidade Central de Venezuela, em Caracas, os membros do Vitrum Grupo de investigação, actualmente presidido pelo arquitecto e escultor lusodescendente Roberto dos Santos, inauguraram a exposição Vitrum Vitae. A mostra vai apresentar trabalhos de 28 artistas de vidro que transmitiram, através da sua obra, a sua visão sobre a vida. Os membros deste grupo de investigação têm participado noutras iniciativas em salões de arte e exposições colectivas, sempre com a liberdade de es-

colher a temática dos seus trabalhos. Contudo, desta vez, decidiram imporse um argumento de trabalho, que cada um deles devia manobrar consoante a condução de técnicas que têm desenvolvido ao longo de anos de experiência artística. O tema escolhido foi a forma como cada um destes participantes interpreta a vida. O reto foi expressá-lo através da cerâ mica. O horário sw visitas da mostra é de segunda a sexta-feira, das 10h00 às 16h00, e aos sábados e domingos das 11h00 às 14h00. A exposição é acompanhada de actividades complementares que incluem conversas e de-

monstrações de alguns dos artistasque participam na exposição e que mostram aos visitantes algumas das técnicas que utilizam para fazer as suas obras. Roberto dos Santos Gonçalves será, ainda, o representante da Venezuela no pró ximo Festival nternacional Pó s-moderno de cerâ mica, que se realiza na Croácia, entre 27 de Agosto e 30 de Outubro, no museu da cidade de Varazdin. Este lusodescendente será um dos 106 concorrentes, que foram escolhidos por um juri internacional que avaliou a qualidade das suas criações e que vai eleger o vencedor deste festival.


16 TRAÇOS DE PORTUGAL

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Um testemunho Na Venezuela, existem ainda alguns emigrantes que vieram do distrito de Aveiro. É o caso de Rainer de Sousa, que actualmente trabalha como professor de português no Fuerte Tiuna. «Vivi em Aveiro cerca de 23 anos. É uma cidade muito bela e uma das mais prósperas de todo Portugal, sobretudo porque tem uma grande concentração de indústrias. Os inúmeros canais que a cruzam constituem uma característica desta cidade», comenta.

Rainer de Sousa

Ao longo de todos estes anos, Rainer de Sousa desfrutou da arquitectura e dos monumentos deste distrito. «A arquitectura em Aveio é ambígua. Temos a típica arquitectura portuguesa nos “bairros” da cidade, como o Barroco e o São Gonçalino. A arquitectura moderna é fruto dos investimentos feitos por industriais e emigrantes portugueses que têm estado a viver em países como a África do Sul, o Canadá, a Venezuela, a França, etc. Estes, com as suas poupanças, têm investido na sua terra natal. O clima é ameno, não faz muito calor no Verão nem muito frio no Inverno, embora para um corpo “crioulo” o Inverno seja muito rigoroso, pois esta é uma cidade costeira e está perto do Oceano Atlântico», explica-nos. Desde 2003 que Rainer de Sousa não visita Portugal, onde passou a sua infância e juventude. Estudou na Universidade de Aveiro, que é – para ele – uma das mais modernas do país.

Aveiro

A Veneza portuguesa

transporte do moliço e outra vegetação existente na Ria. Ainda que tenha vindo a perder a importâ ncia que já teve om mais de setenta mil na economia aveirense, a produção de habitantes, o Distrito de sal, utilizando técnicas milenares, é, Aveiro é uma das cidades ainda, uma das actividades tradicionais portuguesas privilegiadas mais características de Aveiro. pela formidável natureza. É a capital A Ria de Aveiro e o mar têm, tamde uma região contemplada com dife- bém, condições excepcionais para a rentes paisagens que combinam a prática de desportos aquáticos. Dotada montanha e os profundos vales, alia- de equipamentos modernos, a cidade dos ao mar que envolve toda a sua cos- proporciona um vasta gama de oferta e que convida a desfrutar os seus tas de modalidades desportivas muito atractivos. Esta cidade fica na região variadas. O novo estádio é o exemplo centro de Portugal Continental e está das infra-estruturas desportivas de quadividida em 14 freguesias que escon- lidade que Aveiro dispõe. Este novo dem os encantos duma zona propícia complexo desportivo foi construído para as actividades náuticas. em 2004, no Europeu de futebol. Os encantos desta terra concertam No ano 2001 começaram as obras as construções modernas e os típicos que custaram perto de 62 milhões de bairros da beira-ria. Conserva as tra- euros e que resultaram num desenho diç ões duma época passada, com os arquitectó nico insuperável. O Estádio mais futuristas desenhos que fazem tem capacidade para acolher 30.127 deste distrito uma combinação perfei- pessoas, possui dezanove bares, dois ta entre o ontem e o amanhã. Estas ca- restaurantes, um auditó rio, seis posracterísticas pró prias das zonas de tos de primeiros socorros, quatro balpraia e o facto de estar edificada so- neários, quatro ginásios, várias lojas e bre uma planície convidam os tran- um centro de media para 700 pessoas. seuntes a percorrer os seus caminhos em bicicleta, sendo esta uma das prin- NÃO É SÓMAR As tradiç ões gastronó micas de cipais razões para considerar Aveiro Aveiro não só misturam a qualidade como a "Amsterdão lusitana". Uns dos atractivos mais conhecidos dos seus pratos em carnes e peixes coda Região é a Ria de Aveiro, que tem mo também investem numa boa douma largura de 11 km e se desdobra çaria que foi desenvolvida por muitos em quatro importantes canais ramifi- habitantes da região. Um caso exemcados que circundam um sem nú mero plar é o das freiras do Convento de Jede ilhas e ilhotas. Rica em peixes e aves sus, que “ criaram” os típicos ovos aquáticas, tem contribuído para enri- moles, símbolo de Aveiro por excequecer a gastronomia e a economia lência. Os ovos moles são servidos em deste distrito. Nestes canais circulam barraquinhas de madeira decoradas os conhecidos Barcos Moliceiros, uma com coloridas pinturas de temática reembarcação destinada à colheita e ao gional ou em revestimento de pão a

leitão assado, a chanfana de borrego ou de cabrito, o chouriço com grelos ou, ainda, uns apetitosos rojões.

Liliana da Silva lilianadasilva19@hotmail.com

C

UM POVO DE FESTAS

Dotada de equipamentos modernos, a cidade proporciona um vasta gama de ofertas de modalidades desportivas muito variadas imitar formas marinhas. Viajando um pouco mais pela doçaria aveirense, encontramos outros legados de conventos religiosos da região como são as conhecidas raivas, ovos em fio, castanhas doces, bolos de vinte e quatro horas, fatias hú midas e barrigas de freira. Não entanto, os pratos de carne e de peixe, sobretudo este ú ltimo, que se encontra em grandes quantidades na Ria de Aveiro, fazem parte importante da mesa aveirense. As sugestões são a caldeirada de enguias ou as enguias de escabeche, a raia em molho pitau, as espetadas de mexilhão e as caldeiradas de vários peixes da ria e do mar. Quanto às carnes, o suculento carneiro à lampantana, o

Aveiro tem algumas festas importantes que combinam os santos padroeiros dessa região com as comemorações das actividades mais típicas. A Festa de São Gonçalinho, por exemplo, é uma das mais apreciadas pelas pessoas de Aveiro, em especial pelos habitantes do bairro da beira-mar. Um dos costumes mais arraigados desta cerimó nia é o pagamento de promessas ao padroeiro, atirando quilos de cavacas doces da cú pula para o pú blico. A festa da ria, outra mostra da variedade de celebrações, realiza-se em Julho ou Agosto, dependendo das marés, e o ponto alto da festa é uma regata de barcos Moliceiros desde a Torreira até Aveiro, onde participam normalmente cerca de duas dezenas de equipas. As tradicionais festas do município têm lugar durante o mês de Maio e são compostas por manifestações culturais, desportivas recreativas e religiosas. Um dos pontos altos das festividades é a afamada procissão em honra da padroeira Santa Joana Princesa. Não sendo cerimó nias religiosas, as feiras e exposições são, no entanto, encontros festivos que se organizam nesta cidade por excelência. Aveiro promove-os com frequência ao longo do ano, sobretudo porque alberga no seu centro urbano um parque propício a estas realizações, o Parque de Feiras e Exposições de Aveiro, sempre muito concorrido cada vez que se enche de stands subordinados a um tema.


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TRAÇOS DE PORTUGAL 17 Locais a visitar São muitas as obras importantes que se situam na “Veneza portuguesa”. No entanto, apresentamos-lhe alguns dos lugares que podem ser desfrutados nesta região. Estação dos Caminhos de Ferro: Revestido com um grande número de painéis de azulejos da Fábrica da Fonte Nova. Este belo e luminoso edifício possui o mais importante conjunto de azulejos exterior de Aveiro. Indústria artesanal do Sal: em Aveiro existe um interessante conjunto de construções relacionadas com a presença próxima das salinas. Se bem que hoje em dia muitos deles se encontram em deficiente estado de conservação, são parte fundamental da história desta cidade. Jardim e Parque Municipal Infante D. Pedro: oferece à cidade o colorido dos jardins que se multiplicam e a frescura do seu lago. Mercado do Peixe: é o maior exemplo da tradição aveirense. Construído em ferro, mostra a importância do passado no meio da modernidade. Museu de Aveiro: Fundado em 1458, o Museu de Aveiro, uma obra-prima de estilo Barroco, situado no antigo Mosteiro de Jesus, é um dos mais importantes museus de Arte Sacra. Avenidas novas: aqui, onde o comércio é rei, sente-se a vivacidade de uma zona urbana, onde não faltam gentes que com o seu dinamismo dão vida às ruas nas várias horas do dia. A Universidade de Aveiro: Quando edificado ofereceu à cidade um novo dinamismo. Trouxe consigo o desenvolvimento urbanístico, mas também uma nova vida cultural, muito mais activa, bem como a alegria da juventude e a criação de novos espaços de animação.


18 PERFIL

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As primeiras portuguesas que chegaram ao Táchira Joaquina de Carvalho e Maria Isabel de Fisteus, naturais do Porto, foram as primeiras mulheres registadas na Direcção de Identificação e Estrangeiros (DIEX) do Estado andino Táchira quina. Esta emigrante é muito querida em Táchira porque acolheu a muitos emigrantes portugueses e de outros heoaquina Baptista de Car- misférios que chegavam à sua pensão. valho e a sua filha Maria "A ideia da minha mãe ao abrir a pouIsabel Da Silva Carvalho sada era ganhar dinheiro para voltar de Fisteus, naturais de Pe- para Portugal. Naquele tempo, não se droso, Vila Nova de Gaia, Porto, che- pensava em partilhar com os compagaram à Venezuela em Outubro de triotas, só se trabalhava de manhã à 1956, durante o governo do ditador noite para regressar com mais dinMarcos Perez Jimenez. Mas, ao con- heiro para Portugal. Mas, curiosatrário da maioria dos emigrantes, não mente, todos os que pensavam em rese tornaram residentes em Caracas, gressar acabaram por ficar por aqui... foram directamente para Táchira, um Este país tem um encanto que não saEstado que fica na região andina da bemos explicar", confessa Isabel. AcVenezuela, onde estava o marido de tualmente, mãe e filha trabalham no Joaquina, Francisco Carvalho. atendimento da Padaria Virgem de Maria Isabel conta-nos que, quando Fátima no Estado Mérida, local basforam registar-se na Direcção de Identificaç ão e Estrangeiros (DIEX), os funcionários ficaram surpreendidos Ambas lavavam, engomavam pelo facto de serem "as primeiras mul- e cozinhavam para todos os heres de origem portuguesa a residir inquilinos. Contudo, já estavam em Táchira". Actualmente, neste Estado, vivem mais de 220 portugueses, habituadas às rotinas cheias sem contar com os lusodescendentes. de trabalho. "Em Portugal As figuras masculinas desta famí- andávamos muito a pé em lia foram as responsáveis pela criação calçadas, com um cesto de pão das infra-estruturas mais importantes de Táchira, pois Francisco Carvalho na cabeça e suportando as e o seu pai, ambos a trabalhar no sec- adversidades do clima" tor da construção civil, ergueram o Círculo Militar, o Hotel Tama, o Seminário de Palmira, A Pastificadora tante concorrido na zona. Táchira e o Edifício Santa Cecília, que Joaquina, que desde os seus oito foi o primeiro edifício que se fez em anos não regressou a Portugal, coSão Cristobal, entre outras grandes mentou com orgulho que nunca adedificações de muitas organizações. quiriu a nacionalidade Venezuela. O seu marido morreu há nove anos, mas ENTrEGADAS AO TrABAlHO quando estava vivo foi proibido de Enquanto o seu marido trabalhava viajar de avião devido a problema que na construção, Joaquina decidiu abrir tinha no coração. Por isso, nunca mais uma pensão no centro da cidade on- regressou ao Porto. de havia muitos portugueses, espanIsabel, que tem hoje 57 anos, contahó is e italianos. Foram dias de tra- nos que quando chegaram de Portugal balho árduo para Joaquina e a sua fil- choravam todos os dias porque a zona ha Isabel, que na altura só tinha oito lhes parecia horrível e despovoada. anos. Foi neste local que nasceram os seus Ambas lavavam, engomavam e co- filhos, Francisco, que é arquitecto, e zinhavam para todos os inquilinos. Alejandra, estudante da UniversidaContudo, já estavam habituadas às ro- de de los Andes e uma grande detinas cheias de trabalho. "Em Portu- fensora dos direitos de muitos bachagal andávamos muito a pé em calça- réis como ela. O marido de Isabel, Jodas, com um cesto de pão na cabeça aquim Fisteus, é um colaborador do e suportando as adversidades do cli- Consulado Geral de Portugal em Vama". Foram tempos de muita fome e lencia e tem muito boas relações com guerra", recorda a octogenária Joa- os portugueses e os lusovenezuelanos. Carlos Alberto Marques

J

Da esquerda à direita: Joaquina Baptista de Cavalho, Maria Adelaide Ferreira e Maria Isabel de Fisteus.

Joaquina e seus filhos em Portugal

A entrada da Padaria.


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PORTUGAL 19

BREVES

Plano para as ondas de calor O Plano de Contingência para Ondas de Calor entrou em vigor no dia 15 de Maio e irá prolongar-se até ao dia 30 de Setembro. A Madeira está abrangida.

Alerta amarelo em 2004

Pastilhas e férias não bastam

No Verão de 2004, a Região registou apenas uma situação de "alerta amarelo", quando, no dia 25 de Julho, se registou a temperatura máxima de 37.7 graus centígrados. Esta data foi assim identificada como o dia mais quente do ano transacto. Recorde-se que o Plano de Contingência para Ondas de Calor compreende 4 diferentes níveis de alerta: o azul, o amarelo, o laranja e o vermelho.

«Vamos todos ter que pagar e vamos todos ter que receber menos», assegura o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim. O governante falava aos jornalistas na segunda-feira. Mas antes de resumir a resolução da "questão nacional" da forma já citada, Jardim fez questão de frisar que «não é vendendo pastilhas nos supermercados e mudando as férias judicias que se resolvem os problemas do País», numa crítica implícita a José Sócrates.

Madeira é a linha mais lucrativa A linha da Madeira é o destino da TAP que mais passageiros transporta e consequentemente a mais lucrativa da companhia. A constatação é de António Monteiro relações públicas da TAP, na abertura de uma exposição em Lisboa.

Menos produção de uva na ilha da Madeira Governo Regional garante escoamento das uvas mas os produtores dizem que o ano será mau

Taxistas denunciam concorrência desleal Patrí cia Gaspar (DN-Madeira) pgaspar@dnoticias.pt

oncorrência desleal, entre colegas, transporte de turistas sem autorização e inércia das entidades fiscalizadoras. A denú ncia é do porta-voz da Associação dos Industriais de Táxi da Região Autó noma da Madeira (AITRAM). Miguel Pereira diz que as irregularidades sucedemse há tantos anos que fazem da Região uma « autêntica América Latina» . Cansado de assistir à inoperâ ncia da PSP, que « nem chega a levantar o auto de notícia» , e da Direcção Regional de Transportes Terrestres, o representante da AITRAM põe fim ao silêncio, em nome, garante, da qualidade do turismo regional. De acordo com Miguel Pereira, existem carrinhas particulares a transportarem turistas, sem alvará, e taxistas das zonas rurais, cerca de 25, a trabalharem em praças do Funchal. Uma si-

C vaguardar a produção dos efeitos do tempo, sobretudo nesta altumcaires@dnoticias.pt ra, essencial ao amadurecimento enha ou não os nove das uvas. Agostim Gonçalves, engraus regulamentares, genheiro do Instituto do Vinho, todo o mosto será es- acredita que, com estas acções e coado. Tal como acon- com o estado do tempo, a colheiteceu em relação à colheita das ta será melhor que no ano passauvas do ano passado, o Instituto do. do Vinho Madeira assegura a A qualidade poderá ser maior, compra da produção aos viticul- mas entre os produtores que astores. A garantia foi dada por sistiram à acção de formação o tePaulo Rodrigues, presidente do mor é outro. Em comparação com Instituto, em declarações à TSF- o ano passado, há metade dos caMadeira. chos de uvas nas videiras e, sePelo sim, pelo não, o Instituto gundo dizem, o que há não está iniciou uma série de acções de for- nas melhores condições. É certo mação a fim de melhorar a quali- que, quando há menos produção, dade das uvas. Ontem, no salão a colheita costuma ser melhor. Os paroquial do Estreito de Câ ma- agricultores deitam contas à vida ra de Lobos, os técnicos trouxe- e não sabem como vão pagar ferram até projectores para mostrar tilizantes e remédios de trataaos viticultores as formas de sal- mento para evitar a mangra. Nem Marta Caires (DN-Madeira)

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como pagarão ao pessoal contratado para as vindimas. Entre uma produção fraca e a garantia do Governo que todo o mosto terá escoamento, os viticultores temem ainda que o tempo, sobretudo no mês de Junho, lhes troque as voltas. Se vier nevoeiro e chuva, as uvas apodrecem. Se for vento, nem as estacas aguentam as videiras de pé. « O pior é se vier mau tempo neste mês que vai entrar. Aí, dá descaminho aos poucos cachos das uvas que estão na vinha» , confessou, ontem, uma produtora do Estreito de Câ mara de Lobos, pouco antes de se iniciar a acção de formação no salão paroquial. Os técnicos, no entanto, acreditam que, com esta formação, os agricultores poderão enfrentar melhor os rigores do clima.

tuação que tem gerado um forte descontentamento entre os associados, alguns dos quais se recusam, mesmo, a pagar as quotas. « Dou o exemplo do Curral das Freiras que fica sem táxis porque as quatro viaturas da praça local estão no Funchal, dentro dos quintais dos hotéis» , refere.

«Esta é uma actividade liberal. Naturalmente que os taxistas passam o dia agarrados ao volante e têm pouco acesso a estas informações»,reclamam Mais grave, acrescenta, são os cartazes que anunciam, em algumas zonas da capital, uma volta ao Funchal por dez euros. « É tudo mentira, são esquemas para vender apartamentos» , acusa Miguel Pereira. O dirigente da AITRAM garante, ainda, estar cansado de alertar as entidades fiscalizadoras que « pura e simplesmente não fazem nada» .


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BREVEs Proposta para doces sem anúncios Uma das formas de lutar contra o aumento da obesidade infantil em Portugal passa pela proibição da publicidade a alimentos durante as horas de programação infantil. A sugestão é da nutricionista Isabel do Carmo, segundo a qual "os produtos anunciados são praticamente todos hipercalóricos". A ideia foi apresentada ontem, em Lisboa, no decurso do seminário "Obesidade infantil - uma nova epidemia", organizado pela associação de defesa dos direitos dos consumidores Deco. Oportunidade para a associação retomar as conclusões de um estudo publicado na edição de Fevereiro da sua revista "Proteste" "Um terço dos anúncios (em horário de programas infantis) recorre a desenhos animados para promover produtos que devem ser consumidos com moderação".

Mulher portuguesa ainda é penalizada As mulheres portuguesas ainda estão longe de se equipararem aos homens em questões fundamentais como o acesso à educação, poder político e igualdade salarial. O primeiro estudo comparativo sobre o acesso à participação social com base na diferença de sexos colocou Portugal em 23.º lugar entre os 58 países participantes. Os países nórdicos - como a Suécia, Noruega, Islândia, Dinamarca e Finlândia - foram,por esta ordem, os mais capazes de reduzir, embora não de eliminar, o fosso que separa os dois sexos.

Grupo Grão-Pará tem de pagar ao Estado Grupo presidido por Abel Pinheiro vai ser executado em 13 milhões de euros. Alegado crédito do Estado foi utilizado para protelar pagamentos gem Fresca. O juiz relator do TCAS decidiu agora que a Grão Pará (proprietária, entre outras, Grão-Pará vai mes- da Interhotel, Autodril e Mamo ter de pagar os tur) não pode compensar as dí13,2 milhões de eu- vidas que mantém com o Estaros em dívidas ao do alegando eventuais créditos Fisco e à Segurança Social, que de um negó cio que remonta a se vêm acumulando pelo me- 1997. O que significa que fonos desde 1999. A decisão do ram confirmadas as execuções Tribunal Central Administra- fiscais, que correm em vários tivo Sul (TCAS) foi tomada no juízos naquele tribunal, e que mesmo dia em que o seu admi- ascendem a 10 milhões de eunistrador, Abel Pinheiro, o ex- ros. Uma dívida a que acrescem, dirigente do CDS/PP respon- ainda, juros de 3,2 milhões de sável pelas finanças do partido, euros. O Tribunal Central Adera detido para primeiro inte- ministrativo Sul voltou ainda a rrogató rio judicial, por suspei- confirmar (já em resposta a um tas de corrupção e tráfico de in- recurso do grupo) a legalidade fluências, envolvendo vários do contrato estabelecido em negó cios do Estado, entre os 1997 entre a Grão Pará e o Estaquais o caso da herdade da Var- do português. Tânia Laranjo

Jornal de Notícias - Portugal

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pUBLICIDADE 21


22 OpiniãO

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Olho crítico

Visões da Histó ria António de Abreu Xavier

Miguel Rodrigues o surgir a oportunidade de expressar a minha opinião num meio de comunicação social tão importante para a Comunidade Portuguesa, como é o Correio de Caracas, e tendo eu chegado a Venezuela por motivos profissionais há menos de um ano, dáme a possibilidade de ver as coisas de uma maneira diferente, coisas que estão bem e outras que estão muito mal. As criticas quando são construtivas têm o intuito de melhorar o que está errado; melhor, o que está menos correcto, não sejamos orgulhosos e deixemos que as opiniões sirvam para dar um valor acrescentado ao bom que tem sido feito. Assim posso analisar o bom e o mau de um modo imparcial e justo. A primeira critica " construtiva ", vai para o Correio de Caracas, numa fase tão importante da vida deste jornal, que passará a semanal, é necessário que exista a sensibilidade de que Portugal não é só a Madeira, sei que 90 % da Comunidade é oriunda desta linda ilha do meu pais, mas não fiquemos por aqui, a nossa realidade vai mais alem da Pérola do Atlâ ntico. Outra critica vai directamente para o Centro Português de Caracas, este espectacular local que tanto gosto e frequento, mas um sentimento de tristeza e revolta apodera-se de mim, pois quando entro no Centro PORTUGUÊ S , a língua oficial é o castelhano, tal como todos os avisos, noticias, festas. Existe também um boletim informativo que de português tem muito pouco, e o que tem está cheio de erros ortográficos, pergunto eu, se não existe no Centro professores de Português capazes, que possam rever o pouco português escrito antes de o

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È necessá rio també m que a mú sica portuguesa, a nova mú sica portuguesa seja dada a conhecer aos imigrantes espalhados no Mundo. Já nã o vivemos no Portugal da Amá lia e do Eusé bio. mesmo ser impresso !? 180 milhões de pessoas falam a língua de Camões , é a 6ª mais falada no Mundo, faço um apelo aos dirigentes e entes culturais , para que não deixem morrer a língua Portuguesa na diáspora. Não tenham vergonha de serem Portugueses. Nunca ! Outra das criticas que faço é a um empresário que teve a brilhante ideia de trazer a Venezuela um cantor muito apreciado pela Comunidade, de seu nome Jorge Ferreira, agora esses senhores não podem é anunciar um espectáculo para as 14h e o mesmo começar as 21h, houve pessoas que vieram de longe, de outros estados para verem um bocadinho do seu Portugal e que se foram embora apesar de terem adquirido as suas entradas, nada baratas, por sinal. Falta de Respeito!! Não pensem só no negó cio! È necessário também que a musica portuguesa, a nova musica portuguesa seja dada a conhecer aos imigrantes espalhados no Mundo, já não vivemos no Portugal da Amália e do Eusébio, actualizemo-nos, não fiquemos pelo folclore e pelo nosso muito querido fado. Esta minha nova experiência ; estar longe da minha família, do meu pais, ensinou-me que a palavra Saudade é ú nica e linda. Não vejo só coisas más como é obvio, surgirão outras oportunidades para falar das boas, que são muitas, em pró ximas edições.

Cinismo à portuguesa Jean Carlos de Abreu ostuma dizer-se que a raça lusa em geral é colaboradora e amiga com as pessoas que o necessitam. É verdade, os lusitanos estão sempre a disposição dos seus amigos e familiares quando as circunstancias o exigem. No entanto, é possível depararmo-nos com a outra face da moeda, quando a rivalidade e a concorrência se transformam numa "pedra no sapato" que impede cordial e sã convivência entre os compatriotas. É um paradoxo que isto ocorra precisamente nos centros portugueses da Venezuela, que deveriam ser espaços onde os portugueses pudessem conviver como uma "família". Bem pelo contrário, tive a infelicidade de presenciar

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uma disputa irracional, até selvagem, entre pessoas que compartem o mesmo recinto, por receio de perder privilégios antigos. Embora não se possa generalizar estas situações a todos os clubes, a atitude discriminató ria de muitos portugueses dá lugar a violência e até corrupção ao nível eleitoral já se verificou entre as "claques" de alguns dirigentes que querem conservar o seu poder e não ceder espaço as novas gerações, que poderiam trazer novas iniciativas. Sempre se disse que o poder envelhece e aqueles que têm cargos muitas vezes gostam de evidenciar a tendência para discriminar os outros grupos, apenas "porque o que eu tenho é melhor do que tu tens". Nestes centros de convívio da comunidade, muitas vezes se expõem as diferenças sociais e econó micas. É um mito crer que todos os portugueses radicados na Venezuela são ricos. Mas a condição econó mica não pode nem deveria marcar a diferença entre pessoas, e muito menos entre cidadãos com a mesma Pátria.

Historiador

História éparte vital da construção da identidade lusitana. O Estado Novo ajudou muito nesta construção mediante o emprego manipulado da consciência histórica. Então, a invocação do passado foi um culto cí vico quase sagrado. Mas hoje em dia, que tão forte é o sentido da história entre os residentes e entre os emigrantes? Esta pergunta ronda na cabeça de muitos políticos conservadores. Eles têm manifestado preocupação ante a perca da unidade cultural dentro das fronteiras mais também na diáspora. Vamos láver porque os senhores não pregam o olho. A história de Portugal continua a ser honrada nas comunidades emigrantes com a mesma forma que o tradicionalismo da cultura popular impõe. Basta sóver as comemorações que nossa gente organiza: quando uma pessoa fala de actos polí ticos, fala logo de cerimónias públicas cheias de solenidade que quando passam aos espaços privados dos clubes adornam-se com os cores dos trajes dos grupos folclóricos. O mesmo acontece com os homenagens a padroeiros católicos que, muitas vezes, terminam em festas ao som de cantigas populares. Em ambos casos, a rapaziada nova estásempre presente ainda que não éna quantidade desejada. Muitos receiam o poder do meio social venezuelano. Mas a nossa juventude estáconsciente da sua dupla pertinência e honra as duas culturas. Cáentre nós, a defesa da lí ngua éa forte preocupação, tanta que obrigou ao nosso redactor chefe a classificar de 'mau' o esforço dos clubes. Se existe uma maior preocupação esta está em Portugal. Lembro-me agora de ter lido no ano 1986 no Boletim da Associação de Professores de História como os candidatos presidenciais faziam uso do discurso histórico que me fez lembrar o clássico estilo salazarista: Eanes falava do exemplar herói que foi Nuno Alvares Pereira, Freitas de Amaral prometeu adornar o monumento do primeiro rei de Portugal en Guimarães; Mário Soares, a excepção, quando ganhou rendeu homenagem ao ministro do Interior da Primeira República, António José de Almeida, e a Camões. A mesma Associação tem feito outros estudos ao longo dos anos. No mesmo Boletim, já com Portugal na Comunidade europeia, encontra-se uma mostra. Os professores fizeram um inquérito para a 'Memória do Século XX português'. As datas históricas dadas foram: Começo da 1a. República (5-10-1910), os anos da primeira e da segunda guerra mundial, chegada da televisão a Portugal (1956), começo da guerra colonial (1961), a revolução do 25 abril 1974. Não deram com a aparição de Virgem en Fátima en 1917 nem com a visita papal na comemoração dos 50 anos. Isto mostra uma tendência a separar a Igreja da História do Estado Português. Quiçáos polí ticos conservadores têm de se preocupar mais de viver na diáspora que em Portugal. Dá-lhes mais jeito.

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OpiniãO 23

caRTas dOs leITORes Emigraram por curiosidade?

Família que reza unida permanece unida

Gosto de ler o vosso jornal e obrigado pela oportunidade que nos dão para expressar e dar a conhecer parte da realidade da emigração na Venezuela. Leio com frequência cartas onde as pessoas falam e criticam os emigrantes mais velhos por não terem ensinado os filhos a falar português, por não lhe terem falado da sua infâ ncia, da sua família e da sua terra. No meu caso em particular – e penso que como eu muitos emigrantes viveram o que eu vivi – pergunto-me o que poderia eu contar aos meus filhos sobre a minha infâ ncia, se só tenho recordações tristes da mesma. Trabalho duro no campo, com chuva e com sol estava na fazenda à beira de precipícios… Os meus brinquedos eram uma “ foice” , uma “ enxada” , as cabras, os cabritos e a bola era a bexiga do porco que matávamos no natal uma vez por ano. Da família, éramos muitos em casa, vivíamos com medo, porque o meu pai só fazia asneiras: bebia muito e maltratava a minha mãe e a nó s. Do ensinar a falar Português aos filhos, ainda bem que não o fiz senão

No domingo 24 de Abril fui à capela do Centro Português de Caracas, à missa das 11h30, como faço habitualmente. Só que nesse dia cheguei e fiquei com vontade de escrever esta carta ao Correio de Caracas. Quero felicitá-los e desejar-vos sorte, para que continuem o bom trabalho, com â nimo e força porque nó s, comunidade portuguesa, precisamos de vocês para expressar as nossas inquietações. Obrigada por publicar a minha carta e por nos permitir estar informados sobre o que acontece nas duas pátrias, Portugal e Venezuela, os meus dois amores. A carta que escrevo serve para apresentar o meu ponto de vista sobre um assunto. Vejo com muita tristeza que sempre vai muito pouca gente à missa e que é raro ver uma família completa. Vemos mães só s com os seus filhos pequenos, juventude nem vê-la. Pares de meia-idade só s, mesmo que tenham filhos. Às vezes, senhores também só s. Pergunto-me, então, se estará a perder o costume de ir à missa ao domingo, que é um dia pró prio para reunião familiar. Ir à missa, almoçar em família e à tarde passear, ir ao cinema ou o que quisermos… porque durante a semana, devido aos horários de trabalho, de escola e da universidade, não podemos ficar em família, até porque estão sempre com pressa: ou é tarde, ou há filas de trâ nsito… não tomam o pequeno-almoço, não jantam juntos durante a semana e, muitas vezes, nem vêm. O pai sai muito cedo para o trabalho, os filhos estão a dormir e à noite, quando o pai chega, os filhos estão a dormir novamente. E os adolescentes estão a estudar na casa dos amigos ou na “ rumba” (“ night” ),

hoje teriam aprendido tudo errado, porque nunca fui à escola na Madeira e o pouco que sei ler e escrever aprendio na Venezuela. Quanto a falar da terra onde nascemos, de que ia eu falar se saí da Madeira com 16 anos de idade? Conheci o Funchal quando passei na ida para o porto, na pontinha, para embarcar no barco para a Venezuela. Penso que as gerações mais novas devem estar agradecidas e orgulhosas pelo que fizeram as primeiras gerações. Sem estudos e sem preparação preocuparam-se em preparar os seus filhos dando-lhes educação, estudos etc. O Correio de Caracas deveria fazer uma reportagem de como viviam os madeirenses antes de emigrar para a Venezuela nos anos 40,50,60. Não faltará aquele emigrante que, como eu, passou dificuldades e enfrentou problemas de infâ ncia, mas diz que emigrou por curiosidade porque na Madeira vivia muito bem... Mas isso não é verdade! Agostinho B. Teixieira

Que bela surpresa!... Descobri o site do vosso jornal e fiquei gratamente surpreendido pela dinâ mica deste, assim como por saber que os portugueses na Venezuela têm uma dinâ mica extraordinária. Parabens! Vivo no Canadá e sou filha de pais portugueses. No entanto, a emigração neste país não tem nada a ver com a vossa no que diz respeito a iniciativas, culturais, festas, desporto, etc. Noto também que as gerações mais novas sentem muito orgulho nas suas origens e não se limitam em falar de Portugal. Ao contrario dos filhos de

INQUéRITO

emigrantes canadenses, não parece que têm vergonha de se manifestarem como lusitanos de origem. Outras das coisas que me surpreendeu gratamente foi o facto dos pró prios lusodescendentes mostrarem tanto interesse em aprender a língua, o português. Parabéns pelo jornal e pelo site na página Web! Sobre a Venezuela, não perco a esperança de um dia conhecer essa terra maravilhosa de que tanto falam os meus pais. SusanaR.Teixeira

como dizem os “ chamos” . O que estão a ensinar aos filhos é a serem independentes e a se habituarem a sair só s com os amigos. E quando lhes dizem que há uma reunião familiar, um aniversário ou qualquer coisa ficam logo de mau humor e ficam chateados porque lhes estragaram os planos. E os pais não se apercebem que é isso que ensinam aos filhos… Alguns nem sabem como estão os seus filhos e outros sabem através do telemó vel. Para colmatar, dão-lhes tudo o que querem e precisam e o amor, o calor da família… onde ficam? Ao sair da igreja, chego a “ La Fuente Soda” e ao olhar vejo os salões de jogos cheios, as piscinas a abarrotar… Ao ver isto, pergunto-me novamente se não haverá uma hora do seu tempo para ir à missa, para agradecer a Deus por tudo o que de bom nos dá, pela saú de, pela sorte que temos. Entristece-me ver a capela onde o padre Alexandre dá a missa tão vazia. Será que nalgum clube de Turumo acontece o mesmo? Teremos que perguntar-lhe ao padre, ou será que vão à missa quando morre alguém da família? Será que só se lembram de Deus quando ficam doentes? Outra coisa que notei e que me deu igualmente muita tristeza foi ver que no sábado da Semana Santa na igreja da Missão Cató lica a igreja estava cheia, mas estava lá bem poucos portugueses. O nosso templo é tão bonito e estava tão bonito, o altar (…). Os costumes estão a perder-se, os filhos se habituam a não ir à missa e vai chegar a uma altura em que ninguém vai ir. Ou vão, melhor que se diga, ao baptizado, à primeira comunhão, ao crisma e ao casamento. Mas lembrem-se que só se colhe o que se semeou. (...) Filomena Sousa Barros

Sente-se isolado por viver num Estado do interior da Venezuela? O que caracteriza a comunidade portuguesa de Punto Fijo?

Roberto Rodrigues "Actualmente, sinto-me afastado porque não há a união que havia antes no Centro Português de Punto Fijo. Os portugueses que vivem aqui ajudam-se muito em termos comerciais e industriais, mas estão muito afastados. Em Punto Fijo devia haver mais eventos sociais e festas para as nossas comunidades. Só assim poderia haver mais integração e contacto com outros centros sociais lusos".

Anselmo Soares "Alguns dos portugueses desta zona são pessoas que estão um pouco afastadas e não mantêm vínculos entre si. Mostram-se, contudo, interessadas em socializar. O que caracteriza a comunidade portuguesa em geral é o trabalho e a colaboração de alguns grupos para realizar as festas dos padroeiros de Punto Fijo, a pesar de todos os inconvenientes que estas apresentam".

Ricardo R. Freitas "Sinto-me afastado da comunidade portuguesa de Paraguaná porque se têm perdido os costumes e as amizades, em muitos casos. Penso que o que nos caracteriza como comunidade aqui é a excelente integração que conseguimos na comunidade venezuelana".

António Jardim "Sinto-me muito vinculado à comunidade portuguesa. Sou lusodescendente e apesar de ter nascido nesta terra a minha alma é também portuguesa. Há um grupo de portugueses unidos e motivados, embora nos últimos anos paire no ar uma certa rivalidade entre dois grupos".


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“ Venezuela y Portugal” , 13 anos no ar em AM tem agradado bastante o interior do país, essencialmente o Oriente da Venezuela, onde o programa é retransenezuela y Portu- mitido por Rádio Anzoátegui 1210 AM gal” é o nome mais aos domingos, entre as 8h00 e as 9h00. apropriado para um A possibilidade que oferece a Inprograma de rádio ternet hoje em dia também tem conque veio recompilar o melhor de am- tribuído para o êxito de “ Venezuela y bas as culturas. Em Maio, o programa Portugal” no exterior, pois através de que vai para o ar todos os sábados en- www.radiosintonia1420.com.ve, este tre as 20 e as 22h00 e aos domingos programa pode ser escutado por qualdas 8 às 9h00 vai fazer treze anos, sen- quer pessoa, em qualquer parte do do transmitido em Radio Sintonia 1420 mundo. « Temos recebido e-mails de AM. ouvintes da Croácia, estados Unidos, Desde 1992, data em que o progra- França, entre outros. Uns felicitamma saiu pela primeira vez numa rádio nos e outros dão sugestões que agradedo Estado de Vargas, “ Venezuela y cemos sempre» , relatou-nos Maia. Portugal” não tem tido grandes alteO criador do programa já tinha exrações na sua estrutura. O seu locutor, periência de rádio, pois esteve a trahá mais de três anos Mario Maia, co- balhar com os seus primos no programenta-nos que este programa tem ma “ Domingo Desportivo” . Para sempre a mesma estrutura, apresen- além do seu trabalho como locutor, tando-se secções de desporto, eventos foi também funcionário do Consulado noticiosos de ambos os países, temas Geral de Portugal em Caracas durante culturais, mú sica “ llanera” e portu- mais de vinte anos. guesa, entre outros. A sua aceitação Maia sublinha que o seu programa Noélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

“V

Centro Portugues de Caracas PROGRAMA DO MES DE MAIO 2005 Sábado 21

Eventos a destacarno Mês de Junho.

Eleição da Madrinha do Desporto. Hora: 19.30

Sexta-Feira 03

Lugar: Salão Nobre Exposição da Câmara Sexta-Feira 27

Luso Venezuelana até o dia 06 Lugar: Área Estacionamento.

Ceia do Clero - Padre Alexandre. Hora: 19:30 Lugar: Salão Nobre. Domingo 29

Sexta-Feira 03 Eleição da Rainha do Centro Português 2005 Hora: 19.30 Lugar: Salão Nobre

Comunhões

Domingo 05

Lugar: Capela do C. P.

Festival Folclórico Infantil.

serve para recordar certos dados que se têm esquecido ou que nem toda a gente conhece, como por exemplo que houve um Papa português chamado João XXI. Também explica que « este espaço não é um rio onde se lava roupa suja» fazendo referência ao trabalho de boa vontade que se faz. Para ele, isto é um hobbie, pois é uma actividade que o apaixona e atrai. Uma das suas grandes satisfações é poder ajudar as pessoas necessitadas, através da sua voz na rádio, quando faz contactos com famílias ou instituições que podem dar uma mão amiga a quem não tenha dinheiro. Cada programa culmina com uma frase em que Maia transmite toda a paz e a alegria que tem o seu espaço de rádio. No seu programa, tem tido grandes figuras do mundo do espectáculo, como Carlos do Karmo, e do desporto, assim como personalidades como o campeão olímpico, medalha de outro, Carlos Ló pez.


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“Nova Geração ” no folclore O apoio das empresas locais e nacionais tem permitido a promoção do grupo na região ocidental.

Jean Carlos De Abreu

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s saudades dos portugueses pelas suas tradições e comemorações fez com que muitos emigrantes e lusodescendentes da Península do Paraguaná (a Norte do Estado Falcó n) ficassem motivados pela criação de grupos musicais. Inicialmente, a emigração europeia que se estabeleceu nesta zona marcou o territó rio como centro de comercialização e, depois, as actividades culturais e de recreação foram postas de lado. Há mais de doze anos, em Punto Fijo, existiu um grupo folcló rico chamado “ Estrela do Mar” , mas este acabou depois por desaparecer. Contudo, há um ano, durante as festas de Fátima, José Manuel Oliveira deu vida à ideia de criar um grupo musical constituído por crianças e adolescentes da localidade. Foi assim que surgiu o grupo “ Nova Geração da Península de Paraguaná” , que tem 46 membros, contando com a direcção, mú sicos e pares de baile, dos quais 43 são portugueses e lusodescendentes, dois são venezuelanos um descendente de colombianos. O seu presidente, José Manuel Oliveira, comentou

que « o grupo está aberto para todas as pessoas que têm interesse pela cultura portuguesa. Os venezuelanos, mesmo que não compreendam totalmente a língua, apreciam, dançam e divertem-se com as melodias» . Lídia Gouveia é a professora de dança dos jovens. A letra e a mú sica das canções que interpretam são tiradas da Internet e de discos que os membros do grupo têm nas suas casas. Os fatos foram fei-

tos na Venezuela, sobretudo porque traze-los de Portugal sairia mais caro. Os jovens ensaiam semanalmente no salão juvenil do Centro Português de Punto Fijo. Actualmente, o grupo prepara-se para participar no festival anual de folclore que se vai realizar a 3 de Julho, em Valencia. Ali vão actuar apresentando também danças típicas dos Açores, pois nenhum grupo folcló rico português na Venezuela tem este tipo de dança.

BAPtIzAdO à POrtuGuEsA à eucaristia do baptizado do grupo, comemorada pelo padre Alexandre Mendonça, assistiram representantes do Conac (Conselho Nacional da Cultura) de Caracas, da Câ mara Municipal de Los taques de Punto Fijo e delegados do governo português na Venezuela. O grupo folcló rico foi apadrinhado pelo cô nsul de Portugal em valencia, rui Gonçalves onteiro, e o empresário português Juan dos santos. Ambos manifestaram orgulho de serem “ padrinhos” desta nova geração de adolescentes e meninos que vão espalhar o folclore português pela região. A direcção do Centro Português de Punto Fijo não marcou presença na primeira actuação do grupo folcló rico no clube. também não se reuniu com o cô nsul de Valencia, rui Monteiro, para trocar impressões sobre as necessidades dos portugueses dessa zona. Já é a segunda vez que este funcionário viaja até Punto Fijo e vai embora sem ser recebido pelo presidente do Centro ou algum delegado.


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Notí cia Acordo com a Varig

TAP Carga avança on line A

área de Carga e Correio da TAP implementou em Portugal, desde a ú ltima segunda-feira, dia 16 de Maio, o GF-X Exchange, o sistema de reservas de carga aérea através da Internet líder a nível mundial. Apó s o sucesso alcançado no Reino Unido - mercado - piloto em que a TAP lançou, pela primeira vez, esta nova ferramenta informática, em meados de Dezembro do ano

passado -, e tal como então anunciado, é agora a vez de a mesma passar a estar disponível para a efectivação de reservas de carga on-line no mercado português, acessível a todos os Agentes aderentes ao sistema GF-X - Global Freight Exchange. Como inicialmente previsto, a TAP Carga e a GF-X vão prosseguir o seu trabalho conjunto, com vista ao futuro alargamento dessa tecnologia a outros importantes mer-

cados de carga aérea em que a TAP detém forte presença, como sejam, nomeadamente, o Brasil e França, entre outros. Referindo-se à importâ ncia da sua implementação agora em Portugal, Américo Costa, Director de Carga e Correio da Companhia, afirmou: " A boa experiência adquirida com o GF-X no mercado inglês encoraja-nos ainda mais a encarar a sua utilização em Portugal como muito positiva e promissora."

Fernando Pinto, administrador-delegado da TAP, confirmou segundafeira em Lisboa que a companhia portuguesa subscreveu com a FRB - Par Investimentos S.A. um memorando de entendimento com objectivo de conduzir negociações que levem à capitalização, directa ou indirecta, das empresas Varig S.A., Varig Participações em Transportes Aéreos S.A., e Varig, Participações em Serviços Complementares S.A.. Este memorando permite avançar na concretização do detalhe da operação e nas negociações necessárias para a sua viabilização. No âmbito do processo agora iniciado, a TAP poderá participar em até 20 por cento do capital da Varig, máximo permitido pela legislação brasileira Estas informações foram transmitidas em reuniões internas destinadas a informar a estrutura da TAP sobre a operação. O administrador-delegado da TAP revelou ainda que a decisão de apresentar uma proposta de recuperação da Varig foi tomada na medida em que a Fundação Ruben Berta – que controla a Varig – anunciou a intenção de ceder o controlo accionista da empresa. Para Fernando Pinto, “abriase, assim, uma janela de oportunidade para tentar estabelecer uma dimensão estratégica no Atlântico Sul, reforçando-se, por outro lado, a aliança já existente entre as duas companhias no âmbito da Star Alliance”. Ainda segundo Fernando Pinto, está “fora de questão” qualquer cenário de fusão, devendo as duas companhias “manter-se independentes, embora tirando partido das inúmeras sinergias que podem ser criadas”. Não foram adiantados outros pormenores da proposta da TAP, não só porque ambas as companhias estabeleceram um acordo de confidencialidade, mas também pela complexidade e delicadeza do processo agora iniciado.


CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

ANSA organiza quarta conferência anual Quarta-feira, a Junta Directiva deslocou-se a Maracaibo para um encontro com a AZUSA (Associação Zuliana de Supermercados)

Este ano, o evento vai realizar-se a 12 e 13 de Outubro, no Centro de Convenciones da Universidad noeliadeabreu@gmail.com Metropolitana, lugar que até à data já conta com mais Há três anos que a Associação Nacional de cem stands, superando em quantidade os stands de Supermercados e Autoserviços (AN- que estiveram presentes no ano passado no centro SA) agrupa as principais cadeias de ven- comerical Concresa. da de bens essenciais do país e de serNaquela oportunidade, os representantes da Asviços auto de farmácia, licorerias e perfumarias. A sociação Nacional de Supermercados e Autoserviços organização realiza, com êxito, uma conferência anual aproveitaram a oportunidade para indorporar novas onde os seus afilhados mais distintos mostram as suas empresas de serviços e ampliar o seu campo de acção. novidades e melhorias que se têm feito na indú sQuarta-feira, a Junta Directiva deslocou-se a Matria alimentar. Assim, permitem ao cliente e ao em- racaibo para um encontro com a Azusa, Associacao presário ter um contacto directo. Zuliana de Supermercados. Noelia de Abreu

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ECONOMIA 27 BREVEs

Madeira: Guerra à concorrência desleal A Mesa do Sector Automóvel da ACIF (Madeira) mudou de caras, mas mantém o mesmo princípio: dar cabo do mercado paralelo. O combate à concorrência desleal e «aos clandestinos que vendem automóveis usados» na Região encabeça a lista de prioridades da equipa liderada por Alfredo Mendonça. Tudo em nome da protecção das marcas, do prestígio do sector e da qualidade exigida pelos consumidores. Aliás, mais do que a fiscalização e policiamento – cuja a eventual cumplicidade com os infractores será apurada nos próximos tempos –, a ACIF entende que cabe aos compradores regularizar o mercado, optando por adquirir viaturas nos concessionários que dão garantias e não nos prevaricadores sem escrúpulos.

Portugal inspecciona lojas chinesas A Inspecção-Geral das Actividades Económicas (IGAE), em Portugal, desencadeou segunda-feira uma operação nacional de vistoria junto de lojas de produtos asiáticos, que durará toda a semana e que envolve cerca de 30 brigadas, ou seja, 60 inspectores na rua. Os resultados provisórios do dia de ontem apontam para a apreensão de 40 141 artigos, com um valor de 83 104 euros. Trata-se sobretudo de artigos têxteis (75%), material eléctrico (13%), brinquedos (7%) e 5% de outros (calçado, cintos, coletes retrorreflectores).


28 DESPORTO

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Equipas da III Divisão Nacional disputam ú ltimas jornadas III Div. - Série A

III Div. - Série B

33ª jornada

33ª jornada

Merelinense - Cabeceirense Cerveira - Maria da Fonte Monção - Neves Mirandela - Ponte Barca Santa Maria - Joane Esposende - Bragança Sandinenses - Valpaços Vianense - Oliveirense Caç.Taipas - Torcatense

Canelas - Aliados Lordelo 1-1 Valonguense - São Pedro Cova 3-1 Tirsense - Torre de Moncorvo 0-1 S. M. Penaguião - Ermesinde 1-3 Padroense - Canedo 0-0 Cinfães - Rio Tinto 6-1 Leça - Vila Real 1-0 Mogadourense - Famalicão 1-3 Pedrouços - Rebordosa 2-2

P 62 60 59 57 53 49 48 47 46 45 43 42 42 41 39 33 30 13

Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18.

Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18.

Clube SANDINENSES TORCATENSE OLIVEIRENSE MONCAO ESPOSENDE BRAGANCA VIANENSE MERELINENSE JOANE MIRANDELA CERVEIRA MARIA FONTE VALPACOS SANTA MARIA CABECEIRENSE CAC. TAIPAS PONTE BARCA NEVES

J 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33

Valecambrense - Satão Social Lamas - Tocha Poiares - Águeda Souropires - União Coimbra Milheiroense - Arrifanense Gafanha - Cesarense São João de Ver - Avanca Santacombadense - Anadia Nelas - Castro Daire

Classificação Clube AL. LORDELO FAMALICÃO REBORDOSA T. MONCORVO LEÇA S.PEDRO COVA CINFÃES CANEDO RIO TINTO TIRSENSE VALONGUENSE VILA REAL PADROENSE ERMESINDE S. M. PENAGUIÃO PEDROUÇOS MOGADOU. CANELAS

33ª jornada

33ª jornada

3-2 1-0 3-0 0-1 3-0 2-0 2-1 1-0 0-1

Classificação

III Div. - Série E

III Div. - Série C

J 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33

Santana - Lourinhanense Benfica "B" - Vialonga Cacém - 1º Dezembro Elvas - Fazendense Estrela da Calheta - Loures Cartaxo - Malveira Câmara de Lobos - Real Machico - Tires Carregado - Sintrense

2-1 1-3 1-2 3-0 1-1 0-1 1-2 0-1 4-0

Classificação

Classificação P 71 70 62 60 58 54 53 50 48 47 44 44 39 39 29 28 13 6

Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18.

Clube UN. COIMBRA NELAS CESARENSE ANADIA VALECAMBREN. SOCIAL LAMAS AVANCA SÃO JOÃO VER SOUROPIRES SATÃO ARRIFANENSE MILHEIROENSE GAFANHA TOCHA ÁGUEDA CASTRO DAIRE SANTACOMBAD. POIARES

J 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33

2-1 2-1 2-1 3-0 1-1 0-2 1-1 2-1 0-0

P 64 62 55 54 50 49 49 46 45 45 45 44 44 41 41 30 29 16

Série Açores Apuramento do Campeão 10ª e última jornada

Santiago - Velense Angrense - Santo António Folga: Madalena

2-0 3-2

Classificação Cl. 1. 2. 3. 4. 5.

Clube Madalena Santiago Velense Santo António Angrense

J 8 8 8 8 8

P 60 45 44 44 43

Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18.

Clube J BENFICA B 33 REAL 33 CÂMARA LOBOS 33 CACÉM 33 MACHICO 33 CARREGADO 33 EST. CALHETA 33 LOURES 33 SANTANA 33 O ELVAS 33 VIALONGA 33 SINTRENSE 33 1.º DEZEMBRO 33 TIRES 33 MALVEIRA 33 CARTAXO 33 LOURINHANENSE 33 FAZENDENSE 33

P 72 67 62 62 56 54 51 50 48 43 43 42 40 40 39 19 17 10


CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

DESPORTO 29

II Liga portuguesa define despromoções II Divisão com muitas indefinições 36ª jornada

Feirense Naval E. Amadora Portimonense Maia Leixões Marco Desp. Chaves Felgueiras

0-0 Varzim 0-0 P. Ferreira 4-1 Santa Clara 1-0 Desp. Aves 4-2 Ovarense 0-0 Olhanense 3-4 Gondomar 2-0 Sp. Espinho 2-1 Alverca

Clube P. Ferreira Naval E. Amadora Leixões Maia Desp. Aves Marco Feirense Varzim Felgueiras Olhanense Ovarense Portimonense Gondomar Desp. Chaves Alverca Sp. Espinho Santa Clara

Pts 68 62 60 49 49 48 48 48 42 41 41 40 38 38 37 36 36 36

4-2 Trofense 2-1 Valenciano 1-0 Vizela 2-0 Sp. Braga B 2-2 Freamunde 2-2 Salgueiros 1-2 Lousada 1-0 Paredes 1-0 Fiães 1-3 Lixa

Ac. Viseu 3-2 Oliveirense 1-1 Torreense 1-0 Mafra 1-2 Abrantes 2-2 Esmoriz 0-0 B. C. Branco 2-1 Tourizense 2-3 Caldas 1-0 Fátima - (Folga)

Classificação J 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33

Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20.

Clube Vizela Infesta Dragões Sand. Freamunde Vilaverdense FC Porto B Sp. Braga B Lixa Fafe Lousada Fiães Pedras Rubras Ribeirão Valdevez Trofense Paredes U. Lamas Valenciano Vilanovense Salgueiros

II Div. B - SUL

34ª jornada

36ª jornada

Infesta FC Porto B Vilaverdense Valdevez Fafe Vilanovense U. Lamas Pedras Rubras Dragões Sand. Ribeirão

Classificação Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18.

II Div. B - CENTRO

II Div. B - NORTE

Liga de Honra

Pts 82 70 67 64 63 63 58 56 52 50 50 49 48 47 46 44 39 32 25 5

Sp. Covilhã Ol. Hospital Pampilhosa Sp. Pombal Ol. Bairro Estarreja Vilafranq. Sanjoanense Pen. Castelo

36ª jornada

Portosantense Amora Casa Pia Operário Oriental Barreirense União Rib. Brava Odivelas Vasco Gama

Classificação

Classificação J 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36

Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19.

Clube Sp. Covilhã Ac. Viseu Mafra Fátima Esmoriz Sanjoanense Torreense Benf. C. Branco Tourizense Abrantes Pen. Castelo Oliveirense Ol. Bairro Ol. Hospital Sp. Pombal Pampilhosa Estarreja Caldas Vilafranquense

Pts 66 62 61 54 50 50 49 49 48 48 47 47 44 42 42 40 31 31 16

1-1 Atlético 2-2 Lusitânia 0-1 Pontassolense 0-0 Micaelense 2-2 Pinhalnovense 0-0 E. V. Novas 1-0 Louletano 2-0 Marítimo B 1-0 Ol. Moscavide 2-4 Camacha

J 34 34 34 34 35 34 34 34 34 35 34 34 34 34 34 34 34 34 34

Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20.

Clube Barreirense Pinhalnovense União Portosantense Operário Casa Pia Ol. Moscavide Camacha Marítimo B Odivelas Pontassolense Micaelense Oriental Lusitânia Louletano Rib. Brava Atlético E. Vendas Novas Amora Vasco Gama

Pts 70 66 60 59 57 55 52 51 50 49 49 48 47 47 46 44 44 42 25 25

J 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36 36


30 dEsporto

CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

Excelsior Gama organizou caminhada Noélia de Abreu

noeliadeabreu@gmail.com

N

o Dia da Mãe, o Excelsior Gama Plus, em Santa Eduvigis, foi a sede que recebeu 600 pessoas que se inscreveram na primeira caminhada Excelsior Gama de cinco quió metros. O percurso iniciou-se às 7h30, na sede do supermercado, passando pela Av. Francisco de Miranda, indo até ao Centro Lido e retornando ao ponto de partida. Durante a caminhada, os participantes contaram com o apoio e o resguardo da polícia das câ -

maras municipais de Sucre e Chacao. No roteiro, houve pontos de hidratação das marcas Gatorade e Minalba, assim como ambulâ ncias prontas a socorrer as pessoas em caso de acidente. Os participantes receberam

uma camisa e um boné com um nú mero identificativo que lhes permitia participar num sorteio que deu aos vencedores vários prémios, como compras no valor de cem mil bolívares, cabazes de produtos, etc. Cada participante recebeu, também, uma medalha no momento da chegada. Mães, famílias e amigos participaram, juntos, num evento em benefício do Hospital Ortopédico Infantil. Os organizadores do evento anunciaram que esta foi a primeira de uma série de caminhadas que se vão realizar para colaborar com diversas instituções que requerem apoio econó mico.


CORREIO DE CARACAS - 19 DE MAIO DE 2005

DESPORTO 31

E tudo o Sporting perdeu! Juventus, Roma e... Sporting O Sporting tornou-se a terceira equipa a perder uma final de uma prova europeia em casa, ao "cair" face aos russos do CSKA de Moscovo por 3-1, no jogo decisivo da Taça UEFA em futebol. A formação "leonina" juntou-se à Juventus, que em 1964/65 perdeu por 1-0 com o Ferencvaros na final da Taça UEFA (então Taça das Cidades com Feiras), e à AS Roma, batida na "lotaria" das grandes penalidades pelo Liverpool (2-4, após 1-1 nos 120 minutos) na final da Taça dos Campeões de 1983/84. Estas são, no entanto, as excepções, já que Real Madrid (1956/57), Inter de Milão (64/65), Anderlecht (75/76), FC Barcelona (81/82) e Feyenoord (2001/2002), as outras equipas finalistas a uma "mão", não desperdiçaram o "factor casa". O primeiro a ganhar em casa foi o Real Madrid, que, na final da Taça dos Campeões de 1956/57 (segunda edição da prova), venceu os italianos da Fiorentina no Estádio Santiago Bernabéu por 2-0, com tentos dos "míticos" Alfredo Di Stefano e Francisco Gento.

CSKA de Moscovo imitou hoje a Grécia do Euro2004 e conquistou a Taça UEFA de futebol em pleno Estádio José Alvalade, em Lisboa, batendo o Sporting, depois de a equipa portuguesa ter estado em vantagem. Aleksey Berezoutski (57), Yuri Zhirkov (66) e Vágner Love (75) apontaram os golos russos, todos a passe de Daniel Carvalho, tornando insuficiente o tento apontado na primeira parte por Rogério (29) e deixando Portugal afastado do terceiro título europeu conse-

O

cutivo. Numa semana negra, o Sporting perdeu um novo título, depois da derrota de sábado com o Benfica, que o afastou definitivamente da conquista da Superliga, ficando com o travo amargo de perder a final no seu recinto, à semelhança do que aconteceu a Portugal no Euro2004. O treinador do Sporting, José Peseiro, introduziu alterações no "onze" inicial, colocando uma defesa composta por Miguel Garcia na direita, Enakarhire e Beto no eixo e Tello na esquerda, Rochemback a "trin-

co", com Rogério - não jogava há um mês -, Moutinho e Barbosa à frente, no apoio aos avançados Liedson e Sá Pinto. O Sporting chegou ao intervalo em vantagem e o segundo tempo começou de novo com a formação portuguesa ao ataque. Aos 56 minutos, o CSKA acabou por restabelecer a igualdade num lance de bola parada, graças a um cabeceamento de Alexey Berezoutski. O Sporting lançou-se em busca da vantagem, mas o domínio no terreno não se traduzia em perigo para a baliza da

equipa russa, que foi quem chegou ao segundo golo aos 66 minutos. No momento decisivo do jogo, o Sporting esteve àbeira do empate, num lance em que Rogério atirou ao poste e, na resposta, Vágner Love (75) apontou o terceiro do CSKA, culminando um contra-ataque mais uma vez conduzido por Daniel Carvalho, que fez a terceira assistência no encontro. O CSKA veio a Lisboa vencer a Taça UEFA, deixando incrédulos os cerca de 45.000 adeptos "leoninos” .

Falta um ponto ao Benfica... SuperLiga 33ª jornada 0-2 2-0 2-2 1-0 1-3 1-0 2-0 1-1 0-4

Rio Ave Marítimo V. Setúbal Gil Vicente Nacional Benfica V. Guimarães Sp. Braga Académica

F.C. Porto U. Leiria Estoril Belenenses Penafiel Sporting Boavista Beira-Mar Moreirense

Classificação Cl. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18.

Clube Benfica FC Porto Sporting Sp. Braga V. Guimarães Boavista Marítimo Belenenses Rio Ave V. Setúbal Penafiel U. Leiria Nacional Académica Gil Vicente Moreirense Estoril Beira-Mar

Pts 64 61 61 58 53 49 46 45 44 43 43 38 38 37 37 31 30 29

J 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33 33

V 19 17 18 16 15 13 11 13 9 11 13 8 11 9 10 6 8 6

E 7 10 7 10 8 10 13 6 17 10 4 14 5 10 7 13 6 11

D 7 6 8 7 10 10 9 14 7 12 16 11 17 14 16 14 19 16

GM-GS 50-30 38-25 64-32 44-26 36-27 38-42 38-32 38-34 32-35 46-45 38-50 29-33 42-46 28-40 31-39 28-42 38-54 28-54

Agostinho Silva (DN-Madeira)

Bessa para recuperar um título que lhe escapa há 11 anos, enquanto que o F. C. Porto tem de vencer a Académica e esperar por uma derrota benfiquista para conortugal está ao rubro, futebolisticamente fa- quistar a terceira vitó ria consecutiva no campeonato. O lando. O principal campeonato chega ao fim Sporting recebe o Nacional, em Alvalade, e o Braga este fim-de-semana, com o Benfica muito desloca-se a Moreira de Có negos. O restante programa da ú ltima ronda da SuperLiga pró ximo de festejar mais um título. Para tal basta empatar ou ganhar. O FC Porto está a espreita de está agendado para as 11 horas (em Caracas) de domingo, tal como a derradeira jornada da Liga de Honra, um deslize encarnado para poder sagrar-se campeão. Os dois jogos do título, Boavista-Benfica e F. C. Por- que só servirá para apurar as três equipas despromoto-Académica, foram adiados para as 14.15 horas de do- vidas à 2.ª Divisão B. O Paços de Ferreira já assegurou as mingo (hora de Caracas), tal como os desafios do Spor- faixas de campeão, enquanto que Naval 1.º de Maio e ting e do Braga, as outras duas equipas do quarteto da Estrela da Amadora acompanham os pacenses na sufrente. O Benfica precisa de, pelo menos, um ponto no bida. asilva@dnoticias.pt

P


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