Correio da Venezuela 121

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O jornal da comunidade luso-venezuelana

ANO 06 - N.º 121- DEPÓSITO LEGAL: 199901DF222 - PUBLICAÇÃO SEMANAL

CARACAS, 25 DE AGOSTO DE 2005 - VENEZUELA: BS.: 1.000,00 / PORTUGAL:

0,75

Clube divide comunidade portuguesa em Punto Fijo Actual direcção do Centro Português está envolvida numa nuvem de descontentamento. Presidente nega discórdia e anuncia novas iniciativas e a criação de um grupo folclórico. PÁGINA 3

Agricultores lusos no coração da capital Uma família de lusodescendentes dá continuidade ao negócio do pai, trabalhando a terra e vendendo legumes e hortaliças ao pé do Parque del Este, à beira da auto-estrada.

Universidades portuguesas: saiba as ofertas do ensino superior na Madeira. PÁGINAS 24 E 25 Prestação portuguesa no Voleibol analisada à lupa. PÁGINAS 28 E 29

PÁGINA 10

Primeira Feira Internacional de Turismo na Venezuela Ministério de Turismo oferece espaços de exposição gratuitos para todos os países interessados. PÁGINA 27

Efrén Marín substitui Rengifo na Divisão de Antiextorsão e Sequestro PÁGINA 6


2 EDITORIAL

CORREIO DE CARACAS - 25 DE AGOSTO DE 2005

Sinais de boa vontade Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez e Noélia de Abreu Correspondentes: Ana Pita Andrade (Maracay) Bernardete de Quintal (Curaçau) Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Publicidade e Marketing: Carla Vieira

iniciativa do Ministério de Turismo venezuelano, que vai realizar a I Feira Internacional, é de louvar sobretudo pelo facto de oferecer aos interessados espaços de exposição gratuitos. Parece ser um sinal da boa vontade deste país no que se refere à entrada de potenciais investidores. A verdade é que várias vezes autoridades portuguesas já manifestaram a intenção de mostrar as potencialidades da Venezuela, e não só na vertente turística. Recentemente, o presidente da Câmara Municipal do Funchal mostrou-se determinado em trazer uma comitiva de empresários a este país, tendo em vista possíveis investimentos. Agora, também o secretário de Estado das Comuni-

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dades Portuguesas anunciou que vem acompanhado de possíveis investidores, que esperam encontrar uma boa recepção na Venezuela. Como o Conselho das Comunidades já vincou várias vezes a importância de estabelecer uma ponte de ligação entre os empresários de cá e os de lá, provavelmente, com este esforço de entidades governamentais e camarárias, as estruturas da ponte já começam a ser desenhadas. E, a continuar assim, perspectiva-se um futuro próspero, até porque o interesse de Portugal vai mais longe: este país lusitano espera de braços abertos os empresários, portugueses ou lusodescendentes, que perspectivem a criação de bons negócios neste país europeu.

Preparação Gráfica: Olga de Canha (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia Paco Garret, Farith Useche Distribuição: Juan Fernandez Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela

O CARTOON DA SEMANA Agora toda a gente quer trazer empresários portugueses para a Venezuela.

A SEMANA MUITO BOM

Já não era sem tempo. Começa a haverajudas para a construção do Lar de Maracay. Recentemente, o presidente da Câmara Municipal de Mariño ofereceu um donativo que, sem dúvida, vaipermitir a continuidade das obras que têm estado paralisadas por falta de verbas. Aorganização portuguesa AMI também manifestou a sua solidariedade com o projecto. Até agora a maior parte das ajudas têm chegado do Continente português e paradoxalmente 80% dos portugueses que residem em Maracay são naturais daMadeira. De que é que estão à espera?

BOM

Festas portuguesas na Venezuela

Já é uma tradição. Vários clubes e associações da comunidade portuguesa que reside na Venezuela comemoram as festas portuguesas. Há pouco tempo, foram ascomemorações do Dia de Portugal e recentemente foi a Festa de Nossa Senhora do Monte e a Festa do Livramento. Para o próximo mês, prepara-sea Festa da Vindima. Todas estas manifestações mantêm vivo Portugal na Venezuela e permitem estreitar laços entre a comunidade que nestes eventos se reúne para partilhar e confraternizar com os seus conterrâneos.

MAU Convém ficarem alguns em Portugal!!!

Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares

Rivalidades em Punto Fijo

O ambiente tenso, marcado pela rivalidade que se vive entre a comunidade portuguesa que reside em Punto Fijo impede uma sã convivência no centro português naquela zona. Esperemos que a recente iniciativa de constituir um grupo folclórico, ideia que deve ser reconhecida e aplaudida, não seja mais um motivo de rivalidade. Preferimos acreditar que os dois grupos folclóricos vão conseguir transparecer uma imagem de unidade.

MUITO MAU

Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA

Donativos

Sem cônsul

Os portugueses que residem no interior da Venezuela são sempre os "parentes pobres". Actualmente, Puerto Ordaz e Maracaibo são duas localidades que têm um importante número de emigrantes lusos, mas que continuam sem Consulado Honorário activo. O que é de lamentar, pois sabemos as implicações disto para a comunidade, que tem dificuldades em ir à capital para resolver problemas muitas vezes urgentes.

O Correio de Caracas não se responsabiliza por qualquer opinião manifestada pelos colaboradores ou assinantes nos artigos publicados, garantindo-se, de acordo com a lei do jornalismo, o direito à resposta, sempre que a mesma seja recebida dentro de 60 dias. El Correio de Caracas, no se hace responsable por las opiniones manifestadas por los colaboradores o firmantes, garantizando, de acuerdo a la Ley, el derecho a respuesta, siempre que la misma sea recibida dentro de 60 días.

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Folclore não quer morrer No início deste ano, a comunidade portuguesa de Punto Fijo comemorou o aparecimento do grupo "Nova Geração", que encheu um vazio na área da música folclórica tradicional naquela zona. Recentemente, criou-se outro grupo no Centro Português de Punto Fijo, chamase "Os filhos dos emigrantes". Este grupo nasceu há dois meses pela iniciativa de lusodescendentes daquela cidade do Ocidente da Venezuela. O grupo é constituído por trinta

luso-venezuelanos e as suas danças representam as regiões da Madeira, Minho e Nazaré. O director do grupo, Victor de Freitas, e vice-directora, Lucy Gomes, são os responsáveis por levar a tradição folclórica lusa para toda a Península de Paraguaná. A primeira apresentação pública do grupo realizou-se na sede do Centro Português de Punto Fijo a 10 de Junho deste ano, no âmbito das comemorações do Dia de Portugal.

Discordia em Punto Fijo Jean Carlos De Abreu e Délia Meneses ctualmente, a comunidade portuguesa que reside em Punto Fijo não é um exemplo de convivência sã. O Centro Português desta cidade tem um clima tenso por causa das discussões que se têm verificado entre os conterrâneos que convivem no clube. Os portugueses que se mostraram disponíveis para falar sobre o assunto disseram que o principal motivo das brigas era o controle sobre o centro social português da zona, que em vez de ser um espaço que permitisse fortalecer as amizades e unir a comunidade, converteu-se na "maçã da discórdia" entre os conterrâneos. Confrontos entre portugueses e lusodescendentes têm sido o tema principal de uma cidade pouco povoada e onde todos se conhecem. Várias fontes garantiram ao CORREIO que a actual direcção do centro não promove a par-

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O clima pesado no clube da comunidade é visível, mas a direcção nega tudo ticipação e, pelo contrário, insiste em manter os seus privilégios, recusandose a abrir o clube a novos dirigentes. As provas do pouco entendimento se tornaram evidentes com aspectos visíveis: brigas, ameaças de morte, golpes, desinteresse dos sócios para frequentar o clube, cansaço das pessoas e falta de espírito de continuidade". "Há muita intransigência por parte dos membros da direcção que ocupam os cargos há mais de dois anos", comentou-nos um emigrante. Nesta cidade, são muitos os portugueses que se sentem à parte da comunidade por falta de entendimento. Várias pessoas consultadas acham que a melhor forma de retomar a harmonia seria com a mudança da actual direcção e com a participação mais activa dos jovens lusodescendentes, que

deveriam propor novas ideias para ajudar a unir a comunidade. Inácio Rodrigues, presidente do Centro Português de Punto Fijo (CPPF), foi confrontado com a notícia. O dirigente focou que não há qualquer tipo de inconveniente na comunidade portuguesa. "Pelo contrário, estamos mais unidos do que nunca, tanto na vertente comercial como na social", disse. Rodrigues explicou que foi criado outro grupo folclórico um tempo depois do baptizado da "Nova Geração", dirigido por José Manuel Oliveira. Para o actual presidente, as festas comemoradas no clube são bastante concorridas pelos próprios portugueses e por pessoas de outras nacionalidades. O Centro Português de Punto Fijo foi fundado em 1985, pela mão de Juan dos Santos e outros emigrantes lusos que tinham como principal finalidade ter um lugar onde pudessem partilhar e relembrar os costumes das suas terras natais.

Actualmente, o centro tem 450 sócios inscritos. 90% são portugueses e o resto dos accionistas são de diversas nacionalidades. Os projectos futuros do clube são construir uma piscina para crianças e uma capela em honra de Nossa Senhora de Fátima. A população lusa que mora em Punto Fijo ronda os mil, entre naturais e lusodescendentes. Na cidade existe uma associação de comerciantes chamada ASOMAPA (Associação de Venda ao Maior e Supermercados) que tem um peso importante dentro da economia da zona. O presidente actual desta corporação é Guido Madonna e os restantes membros da direcção são também portugueses da zona. Três imagens enfeitam a entrada principal do clube: Portugal continental, as ilhas da Madeira e o Porto Santo e os arquipélagos dos Açores. Esta imagem significa a união entre as diferentes comunidades que existem na Venezuela. Uma união que os emigrantes da zona não têm conseguido manter.

Semana Cultural no Clube das Comunidades ecorre na Madeira a IV Semana Cultural do Clube Social das Comunidades Madeirenses, que começou a 20 e acaba a 26 de Agosto. No primeiro dia da semana de conferências, emigrantes, ex-emigrantes, luso-descendentes e madeirenses tiveram a oportunidade de ouvir o historiador Tarcísio Moreira, que

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defendeu que o património regional (estrutural e linguístico) está a perder-se e esta perda lamentável não se fica pela descaracterização das casas e dos edifícios na Região. Durante a semana, vários oradores apresentaram diferentes temas. Francisco Cardoso, um psiquiatra licenciado também em Medicina Tradicional Chinesa

falou sobre "o que fazer para ser saudável". Também Sílvio Costa, gestor do PROPRAM II, falou no Clube Social das Comunidades Madeirenses, assim como o director regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e, hoje, o historiador Alberto Vieira, que aborda os "Factos Históricos da Emigração Madeirense".


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Lar de Maracay recebeu donativo da Câmara Carlos Balaguera ontando com a presença do presidente da Câmara Municipal de Mariño, Francisco Guerratana, e o secretário do Governo do Estado de Aragua, José Gregório Martines, a Academia do Bacalhau de Maracay realizou a sua 36ª tertúlia no restaurante Rodeo Grill, um evento que reuniu 137 compadres. O presidente da Academia do Bacalhau, Nelson Coelho, e a sua direcção receberam por parte do autarca e secretário do Governo um montante de doze milhões de bolívares como doação para o lar de Maracay. Para além disto, o Comité de Damas do lar doou também dez milhões de bolívares, completando assim um total de 130 milhões de bolívares que este comité já conseguiu

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Doação foi feita durante a 36ª tertúlia da Academia do Bacalhau doar para a criação do lar. O presidente da Academia informou-nos que a organização AMI de Portugal ofereceu ajuda, contribuindo com um montante respeitável, sendo que esta semana chegou o primeiro depósito de 7.500 dólares. Nelson Coelho comentou aos presentes que era curioso o facto de toda a ajuda ter vindo do continente, embora desde que se iniciaram as obras de construção tenha visitado várias vezes a Madeira, onde inclusive várias autoridades lhe prometeram ajuda, mas que até agora não passaram de promessas. É preciso destacar que neste Estado, cerca de 85% dos portugueses são naturais da Madeira.


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Divisão de Antiextorsão e Sequestro tem novo chefe Efrén Marín substitui Joel Rengifo, que esteve quatro anos à frente desta comissão Carlos Orellana

ÅçêÉää~å~ÅçêêÉáç]Üçíã~áäKÅçã

urante o mês de Agosto, o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) sofreu uma série de reestruturações. Uma destas mudanças envolveu o nome de Joel Rengifo, que durante quatro anos desempenhou o cargo de chefe da Divisão de Antiextorsão e Sequestros. Rengifo assume agora o cargo de chefe da Divisão de Roubo e Furto de Veículos e o comissário Efrén Marín assume

D

o cargo na área dos sequestros onde já trabalha há algum tempo. O novo chefe da Divisão de Antiextorsão e Sequestros, Efrén Marín, assegurou, em

entrevista ao CORREIO, que durante a sua gestão vão manter-se as mesmas políticas que têm vigorado até ao momento. Assim, vai continuar a evitar a todo o custo o pagamento de

resgates das vítimas, reduzir o número de sequestros à sua mínima expressão e utilizar novas técnicas de investigação dentro da instituição judicial para desmantelar os bandos de sequestradores. "Vamos trabalhar ainda com mais dedicação", assegura. Marín disse que continuam os esforços para resgatar os dois comerciantes portugueses que foram raptados em Ocumare del Tuy no passado 26 de Julho. "Mas desta vez não contamos com a colaboração dos familiares, pois não nos contactam por medo de que matem os seus parentes. Contudo, continuamos a fazer o nosso trabalho", comentou-nos. O novo funcionário também se pronunciou sobre a captura de um bando de sequestradores chefiada por um activo da Polícia Metropolitana

que teriam sequestrado ao comerciante português Agostinho Rodrigues. "Neste processo, actuou directamente o corpo policial de Polisucre, e não nós. Eles montaram um operativo onde se pagou pelo resgate e, de seguida, o bando foi apanhado. Mas isto é uma coisa que tentamos sempre evitar, pois esforçamo-nos para conseguir libertar a vítima sem que seja pago nenhum resgate". Efrén Marín trabalhou durante três meses na Divisão de Antiextorsão e Sequestros com o cargo de supervisor de investigações. Também foi chefe da brigada da divisão contra homicídios e drogas, um departamento contra o crime organizado. Foi também chefe de investigação nas comissões de Simón Rodriguez e chefe de investigação da divisão contra Homicídios e Roubos.


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"Não sou amigo de Ribeiro da Costa" O comissário Joel Rengifo responde às acusações feitas pelo cidadão português acusado de sequestro Délia Meneses a versão dos factos que o cidadão português Joaquim Ribeiro da Costa, acusado de sequestro, apresentou à Fiscalia, funcionários policiais e o comissário Joel Rengifo eram acusados de o terem sequestrado. "Nas horas que estive com as polícias (os meus sequestradores) perguntaram-me se tinha dinheiro para me porem em liberdade e pediram-me duzentos milhões de bolívares", disse o emigrante natural de Aveiro na declaração. Sobre esta acusação, Joel Rengifo, que era até a bem

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pouco tempo chefe da Divisão de Antiextorsão e Sequestro do CICPC, declarou ao CORREIO que ao arguido foram garantidos todos os seus direitos na altura da apreensão. "Ele podia ter declarado isto no momento em que foi apresentado ao juiz. Se o juiz tivesse visto que os seus direitos tinham sido violados, não o tinha privado da sua liberdade", disse. Ribeiro da Costa refere-se ao comissário como "amigo íntimo que dirigiu toda a operação e que me conhece suficientemente para saber que sou incapaz de sequestrar ninguém". Sobre isto, o comissário da polícia respondeu não

ter amizade com o cidadão de origem portuguesa: "Eu não sou amigo dele. Estava a fazer o meu trabalho, estudando os movimentos dele. E ele também estudava os meus porque é muito astuto e inteligente". De acordo com Rengifo, Ribeiro da Costa aparecia em vários expedientes como negociador em diferentes casos de sequestros. "Numa conversa que tivemos, ele culpou outro cidadão português com um nome parecido ao dele. Por isso dei-lhe o meu número de telefone para qualquer eventualidade", diz. "O único sequestrador é ele. Foi apanhado em flagrante e não tem saída. Ele sabe que eu me dedico ao meu tra-

balho, que consiste em combater o delito de sequestro", assegura. Rengifo pergunta-se porque é que Ribeiro da Costa esperou tanto tempo para contar a sua versão dos factos. "Não entendo porque é que quando esteve em frente da imprensa nacional e internacional não falou dessa versão dos factos. Porque é que só faz isto um mês depois de estar preso no refém de La Planta?", questiona-se. O funcionário policial assegura que este caso foi tratado com transparência: "os seus direitos não foram violados, de tal forma que o juiz de controlo o privou da sua liberdade".


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Reconhecido trabalho de um venezuelano em prol da cultura lusa Noélia de Abreu

åçÉäá~ÇÉ~ÄêÉì]Öã~áäKÅçã

o passado dia 11 de Agosto, o actual director e fundador da Escola Professor Hernâni dos Santos, em Valencia, Carlos Balaguera, venezuelano, foi homenageado pelo Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas. A Escola Professor Hernâni dos Santos, em Valencia, é uma instituição que se dedica à formação de lusos, venezuelanos e luso-venezuelanos que queiram aprender a língua de Camões. O seu actual director e fundador, Carlos Balaguera, tem trabalhado em prol da cultura portuguesa durante os cinco anos que tem nesta instituição educativa. Depois deste tempo, acha que já está na hora de ceder algum espaço às novas gerações. "Este ano quero deixar o lugar para novas pessoas, com novas ideias. Eu sou democrático e, por isso, quero que mais alguém se encarregue da direcção da escola. Mas o problema é que não me

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deixam. Todos querem que eu continue no cargo. Terei que esperar até que recomecem as aulas em Setembro para ver o que me vai acontecer", explicou Balaguera. A verdade, assegura-nos, é que nem todas as pessoas estão dispostas a cumprir o horário que tem: tem três horas nocturnas, das seis às nove da noite, três dias por semana. "Para além do mais, o cargo que tenho tem que ser ocupado por uma pessoa que pertença à associação", afirma Balaguera, que confessa que, de preferência, seja uma pessoa jovem que impulsione de uma forma dinâmica o bom trabalho que está a ser levado a cabo. O trabalho que tem desenvolvido desde 2000, quando juntamente com o professor Hernâni dos Santos se propuseram criar esta escola de português, foi merecedor de reconhecimento por parte de comunidades portuguesas através da imposição de uma medalha entregue pelo secretário das Comunidade Portuguesas, Inácio Pereira. Este reconhecimento teve lugar no ac-

to de entrega de diplomas aos estudantes da instituição, a 11 de Agosto do presente ano, e foi feito na Câmara Municipal, contando com a presença do cônsul geral de Valencia, Rui Monteiro; o cônsul honorário de Maracay, Marcelino Canha; e a representante da Fundação Cultural Camões, entre outras personalidades. "A homenagem que me fizeram não estava prevista no programa de actividades desse dia e realmente não esperava ser homenageado. Foi uma grande honra receber essa medalha. O padre Alexandra, uma grande colaborador da comunidade portuguesa, também recebeu a medalha e eu acho que o meu trabalho tem sido demasiado pequeno quando comparado com o deste sacerdote. Por isso, não esperava, pois eu me tenho dedicado essencialmente a actividades associativas", disse Balaguera que destaca que tudo o que faz o faz por amor à camisola. GERAÇÃO PROMETEDOURA Balaguera destaca que quem devia ser reconhecido pelos seus esforços e dedi-

cação deviam ser os estudantes. "Este ano tivemos alunos de 18 e 20. Na verdade, a média geral é de 18,3, o que evidencia um alto nível de interesse pela língua, que não se limita à comunidade lusa, mas abrange também os venezuelanos, que representam uma grande parte do curso. “A aluna Quintana, venezuelana, foi a que teve uma nota mais alta: vinte pontos", sublinhou o director da escola que é um engenheiro químico natural de San Cristóbal com 60 anos.


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Verduras plantadas na capital Num terreno cercado pela auto-estrada, a família Rodrigues cultiva e vende hortaliças há já 22 anos Tábita Barrera e Délia Meneses a Zona do "Parque del Este", em pleno coração de Caracas, uma família madeirense, oriunda dos Canhas, começou há mais de quarenta anos uma experiência pouco comum na capital. Quando se chega ao terreno, cercado pela auto-estrada e não identificado, tem-se a impressão de estar fora de Caracas. O cheiro a verdura e o verde dos campos fazem a diferença. Quatro homens morenos limpavam a terra cultivada e Ana Rodrigues os supervisionava. Ela e quatro irmãos herdaram o negócio de família. O chefe de família, Manuel Rodrigues, era já agricultor na sua terra natal e desde que chegou à Venezuela começou a trabalhar este terreno, que lhe foi cedido pela família Díaz. Cultivou primeiro flores: dálias, crisântemos, girassóis e cravos. Contudo, porque o clima não era o mais indicado, optou por começar a plantar morangos. Finalmente, decidiu-se pelas verduras e a ideia tem dado bom resultado, pelo menos até agora. De tal forma que o cultivo e venda de verduras é o negócio que sustenta cinco dos filhos de Manuel Rodrigues, que decidiu regressar há vários anos aos Canhas. O dia de trabalho começa às sete da manhã e acaba às seis da tarde. As quintas e os sábados são dias em que a propriedade está aberta para a venda das hortaliças ao público. Nesses dias chegam a ter entre 150 a 200 pessoas interessadas em

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Muitas pessoas preferem comprar legumes a estes lusodescendentes que cultivam verduras e hortaliças na zona este de Caracas, dando continuidade a um negócio de família. consumir vegetais "mais frescos e mais tenros". Os europeus são os compradores mais fiéis, especialmente italianos e portugueses. "O venezuelano não gosta muito de comer vegetais. Para eles todo o verde é “monte”, a menos que estejam casados com um português e se tenham habituado aos seus costumes", comenta Ana. "Basicamente produzimos tudo o que é utilizado para saladas: alface, chicarola, escarola, chicória, agrião e couves, entre outros. Vendemos os produtos a preços mais baixos do que no supermercado". Na plantação, também se encontra: acelgas, espinafres, brócolos, salsa, aipo, erva doce e outros. Ana Rodrigues explica que o processo de cultivo e colheita é feito de forma natural. "Não colocamos químicos. Utilizamos veneno apenas para evitar que os animais destruam as plantas. A água que usamos é pura porque tiramo-la de um tanque subterrâneo". É por isso que as pessoas que compram neste lugar consideram que os vegetais são mais frescos e duram mais tempo no frigorífico. Os irmãos - que nasceram todos na Venezuela - aprenderam as técnicas utilizadas para

o cultivo e colheita com o pai, que durante vários anos trabalhou os terrenos, e também com a experiência que foram acumulando. A plantação está dividida em duas partes. Uma delas encontra-se a cargo de Ana e das suas irmãs Laura e Lídia. A outra é do irmão Adelino, que, com a cooperação de oito empregados, distribui a mercadoria ao Excelsior Gamma, a vários restaurantes da zona e à rede de supermercados Plan Suárez. Segundo Ana Rodrigues, "esta terra sempre foi muito boa para a colheita. Em Dezembro as nossas fileiras de gente interessada em comprar são famosas". Os clientes vêm à procura das famosas couves que se comem com bacalhau e papas, no Natal. "Vem muita gente buscá-las porque dizem que aqui são mais tenras." Não se queixam da insegurança pois não há notícia de assaltos. "Já fomos roubados algumas vezes, mas foi de madru-

gada e para tirarem coisas de dentro dos carros". Raras vezes se "metem" com as verduras. "Mas quando há bastantes maçarocas junto da protecção alguns se aproveitam", diz. Problemas com as autoridades só tiveram uma vez. Foi durante o Governo de Jaime Lusinchi, "quando tentaram tirarnos daqui para ampliar o Parque del Estelos". Mas a intenção não se concretizou.

A produção semanal deverá situar-se entre oitocentos mil e um milhão de bolívares, aproximadamente. Produzem durante todo o ano. O terreno, para além de ser o local de trabalho, é também o sítio onde os irmãos construíram as suas casas. Ali nasceram duas das irmãs de Ana, que chegaram ao mundo graças a Manuel Rodrigues: "O meu pai foi o parteiro", conta-nos.


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Folclore de Turumo: uma tradição de 32 anos O Grupo Folclórico do Centro Luso de Caracas já começou os preparativos para o encontro do próximo ano, que será realizado em homenagem à região de Apulia

Preparativos do próximo festival l=Öêìéç=ÇÉ=qìêìãç=ÇÉÇáÅ~êˇ=ç=?uuf cÉëíáî~ä=^åì~ä=ÇÉ=cçäÅäçêÉ?=˛=êÉÖáłç ÇÉ=^éìäá~I=Éã=~Öê~ÇÉÅáãÉåíç=éÉä~ ?ëçäáÇ~êáÉÇ~ÇÉ=éêÉëí~Ç~=éÉäç=áåëíáíìíç Åìäíìê~ä=é~ê~=~=ÅçåÑÉÅžłç=Ççë=íê~àÉë èìÉ=ìëˇãçë=åç=ÑÉëíáî~ä=èìÉ Ö~åܡãçë?I=ÅçãÉåíçì=cˇíáã~ `~êêÉáê~K bñáëíÉã=Çì~ë=Ç~í~ë=éêçîˇîÉáë=é~ê~=~ êÉ~äáò~žłç=Çç=ÑÉëíáî~äK=q~åíç=éçÇÉêˇ ëÉê=~=PM=ÇÉ=^Äêáä=Åçãç=~=OQ=ÇÉ=gìåÜç Çç=éê³ñáãç=~åçK=aÉîáÇç=~çë éêçÄäÉã~ë=ÇÉ=áåëí~ä~žıÉë=Çç=`Éåíêç iìëç=ÇÉ=qìêìãç=~áåÇ~=åłç=Ñçá

Jean Carlos De Abreu

ÇÉ~ÄêÉìàÉ~å]ó~ÜççKÅçã

música é a forma de representação mais importante que têm os emigrantes em zonas desconhecidas, já que simboliza a evolução cultural de uma nação. Faz mais de 30 anos, em 1973, que Joaquim Motinho formou o Grupo Folclórico Internacional "Centro Luso Turumo" para continuar com uma tradição que trouxe consigo da Madeira e que nunca esqueceu porque fazia parte das suas raízes e da sua vida. Vários participantes do grupo deslocaram-se ao Club Turumo, anteriormente Associação Desportiva Luso Venezuelana, para pedir uma sede como

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lugar de ensaio. O pedido foi concedido mas com a condição de que "os mesmos accionistas constituíssem o grupo". O grupo foi formado com 24 pares para baile, além do corpo de músicos que tocavam ao vivo. O G.F.I - Centro Luso Turumo adquiriu fama como um dos primeiros agrupamentos portugueses no país. O tempo passou e Motinho teve que abandonar o grupo. Este passou para as mãos de Guillermo Valente, que o dirigiu durante 18 anos. Com este novo director, o grupo viajou por várias partes do Mundo. Visitou Portugal, Bonaire e Curaçau, bem como todo o território nacional venezuelano. Actualmente, é dirigido por Maria Fátima Carreira, que foi eleita pelos elementos do grupo. A paixão desta por-

tuguesa é dançar: "sinto-me melhor no palco do que na direcção, mas agora sou a directora". As danças representadas pelo grupo representam as regiões do Minho, Nazaré, Ribatejo, Madeira e Açores e os trajes que usam pertencem às mesmas zonas. A letra da música é obtida pela Internet, através de CD's, cassetes ou vídeos enviados de Portugal. "Algumas vezes mudamos a letra ou o ritmo para adaptarmos ao nosso estilo", comentou a directora do grupo. TRAJES DO ANONIMATIO Os primeiros oito trajes que usou o grupo folclórico foram doados por parte de Portugal à Venezuela por um senhor de "proveniência desconhecida." A TAP trouxe-os para o país, quando in-

ÉåÅçåíê~Çç=ìã=äìÖ~ê=é~ê~=~ êÉ~äáò~žłç=Çç=ÉîÉåíçK=?kłç=íÉãçë=~ë ÅçåÇážıÉë=åÉÅÉëëˇêá~ë=~ç=åÞîÉä=ÇÉ Éëé~žç=é~ê~=~äÄÉêÖ~ê=í~åí~ë=éÉëëç~ëI ÉãÄçê~=ç=áÇÉ~ä=ÑçëëÉ=åç=åçëëç=ÅäìÄÉ éçêèìÉ=Ð=~=åçëë~=ëÉÇÉ?K cˇíáã~=`~êêÉáê~=~Ñáêãçì=èìÉ=íÉåí~ê~ã íê~òÉê=˛=sÉåÉòìÉä~=~äÖìã~=~ìíçêáÇ~ÇÉ ÇÉ=^éìäá~=é~ê~=~ëëáëíáê=˛=êÉ~äáò~žłç=Çç ÑÉëíáî~äK=l=ÉëÑçêžç=Ççë=ê~é~òÉë=î~äÉì ~=éÉå~I=ëÉÖìåÇç=êÉáíÉêçì=~=ÇáêÉÅíçê~ Çç=`ÉåíêçI=éçêèìÉ=?Éåë~á~ê~ã Åçåíáåì~Ç~ãÉåíÉ=É=íáîÉê~ã=~ áåáÅá~íáî~=ÇÉ=é~êíáÅáé~ê=åç=ÑÉëíáî~ä?K

augurou a linha aérea. Os restantes trajes foram confeccionados na Venezuela pelos próprios elementos do grupo, com os moldes que chegaram de Portugal. Os tecidos foram comprados na Madeira para que a textura fosse igual às usadas pelos grupos daquela região. Este ano foi estreado no Festival de Folclore Português em Valência o traje típico da região de Apulia, inspirado nos pescadores do século XVI dessa localidade lusitana. Actualmente, o grupo de Turumo é constituído por 40 pessoas, desde bailarinas, a músicos, monitores e júris. Par além disso, integram-nos dois venezuelanos e um espanhol, como sinal de unidade e amizade com a comunidade portuguesa na Venezuela.


12 HISTORIAS DE VIDA

CORREIO DE CARACAS - 25 DE AGOSTO DE 2005

Quando chegou a Venezuela o emigrante foi para La Pastora, no sector chamado El Polvorín

"Não abandonem o país da abundância" Arturo Pinto `~ê~Å~ë

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uando Arturo Pinto saiu do Curral das Freiras, Madeira, tinha 17 anos. Decorria o ano de 1957. Chegou com uma ideia errada. Na sua terra, quando falavam de Caracas, confundiam o porto com a cidade. Poucos sabiam que existia na entrada de Caracas uma subida pela estrada regional, por entre as montanhas e pelos "ranchos" (favelas). Arturo não viu a paisagem de pobreza que desanimava os outros viajantes. Ele ficou-se pelos comentários que tinha ouvido porque desembarcou de noite. O que parecia grandioso transformou-se em abundância logo na primeira noite. Foi levado a um depósito de um minimercado, em La Pastora, no sector chamado El Polvorín. Estava cheio de garrafas e bananas. Recordou que na sua terra quando havia bananas era uma por pessoa e ali estas estavam aos montes sobre a sua cabeça. Essa recordação perdura. A

Venezuela só poderia trazer coisas boas. Até a surpresa de levar a sua futura mulher até à porta da mercearia onde trabalhava. A mãe tinha ficado no Curaçau e ela tinha ido a Caracas visitar uns amigos do seu sócio, que viviam justos num apartamento do mesmo edifício onde Arturo trabalhava. Foi amor à primeira vista. O mais difícil foi esperar para voltarem a encontrar-se e não perder a oportunidade de ir atrás dela para a missa de domingo, de modo a poder falar-lhe. O romance terminou em casamento, em 1968, do qual nasceram dois filhos, uma rapariga e um rapaz. Ela é agora técnica de turismo, ele estudou aviação é piloto comercial. Arturo sempre se esforçou pelo bemestar da sua família. Por ela moveu céus e terra. Para que o filho conseguisse emprego pediu ajuda à Missão Católica, à TAP e até ao presidente do Governo Regional da Madeira, numa visita deste à Venezuela. O seu maior valor pessoal é o trabalho e a preserverança, pelo que recomenda aos venezuelanos que não abandonem a sua pátria. "Não há mal que dure cem anos. Emigrar não é fácil. Para

mim, também não o foi, mas eu tinha vontade de progredir". Em 1965, Arturo era sócio de três negócios: café-abastos Unión, abastos Blandín e Tostadas el 11. Neste último substituiu o cozinheiro que tinha sido detido. Recorda como os bifes eram duros. Dava-lhes a volta e golpes de um lado e do outro. Nessa altura, uma sopa custava um real e meio e dois pães e uma pepsi-cola 1, 25. "MIRA" PORTUGUÊS Arturo Pinto trabalha actualmente no mini-mercado "Cafeteria Union" em Sabana Grande, o mesmo lugar ao qual chegou em 1957. O que Pinto mais recorda dessa Caracas limpa e rural é a dificuldade que teve para começar a trabalhar. "Era muito difícil arranjar trabalho. Quando cheguei estive 15 dias sem emprego e um mês trabalhando de borla. Nessa época muitos portugueses dormiram debaixo de pontes", recorda. Pinto conta que 90% dos portugueses que chegaram à capital da Venezuela não tinham a instrução escolar básica. A maioria dedicava-se à agricultura e a outras ac-

tividades, como limpar mesas, arrumar mercadorias e verduras. "Era o que nos calhava porque o venezuelano nunca gostou de fazer esses trabalhos, pois não queria sujar as mãos. Trabalhávamos de 18 a 15 horas diárias, não havia tempo para descansar. Os únicos dias livres que tínhamos eram o 25 de Dezembro, 1 de Janeiro e a Sexta-Feira Santa". Em 1959, a "Cafeteria Unión" era conhecida como a Embaixada Portuguesa, pois naquele pequeno lugar chegaram a dormir até oito homens, enquanto as suas esposas permaneciam em Portugal. Naquela Caracas onde os terrenos se vendiam "a uma "locha" ao metro" os portugueses muitas vezes foram tratados com desprezo. ""Mira português", diziam-nos e essa era uma forma de ofender-nos que eu considerava uma falta de educação e até uma humilhação", conta. Mas os tempos mudaram e "os que antes comiam pão com mortadela agora podem dar-se ao luxo de comer "jamón serrano"", expressa Pinto. Também agora os jovens e os adultos deixaram de tratá-lo por "esse português". Pelo contrário, agora chamam-no senhor Arturo.


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14 TRAÇOS DE PORTUGAL

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Guimarães

Dois locais a visitar

O Berço de Portugal Liliana da Silva

iáäá~å~Ç~ëáäî~NV]Üçíã~áäKÅçã

uimarães é considerado o "berço da nacionalidade portuguesa", pois, para além de, segundo a tradição, aqui ter nascido o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, foi também neste local que se deram os acontecimentos mais marcantes que conduziram à independência de Portugal. Esta cidade histórica prende a atenção do turista pela singularidade da sua fisionomia de cidade antiga, coroada pelo venerando roqueiro afonsino, um dos mais perfeitos que a Península Ibérica possui, e de cidade actual, com enorme fulcro industrial e comercial. De facto, Guimarães e Famalicão são dois dos concelhos mais industrializados de Portugal. Ligados por uma estrada coalhada de importantes fábricas têxteis, têm outras de grande importância no domínio das cutelarias, couros, etc. Concretamente, parece ter existido em Vizela a primeira fábrica de papel da Europa. Rio de Couros, ainda dentro de Guimarães, foi um importantíssimo centro de tratamento de peles. Embora esteja hoje em ruínas, felizmente foi classificado como imóvel de interesse público, tornando-se assim o primeiro complexo industrial de Portugal merecedor de tal distinção. Em Santiago da Cruz (Famalicão) existe a maior fábrica têxtil de Portugal. Esta predominância tão forte do sector terciário não invalida um concreto tratamento agrícola dos campos (milho, vinho, batata e feijão), um cuidado muito especial na doçaria e uma forte alegria de vida, traduzível em múltiplas festas e romarias de in-

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A cidade, situada no noroeste de Portugal, está localizada num vale que domina toda a paisagem e oferece uma vista que se estende até ao Oceano Atlântico. tenso colorido e vibração. O berço de nacionalidade portuguesa situa-se no Baixo Minho, região onde o verde se espraia sobre a terra, cobrindo os seus montes com extensos pinheirais, e os vales com altos vinhedos e frescos milheirais, que dão à terra uma característica única no conjunto do território português. Tanto é assim que a província do Minho, onde Guimarães está inserida, é considerada o "Jardim de Portugal" pelas suas belezas naturais. FESTAS E TURISMO São muitos os visitantes que, nos meses de Verão e, sobretudo, durante as festas gualterianas, acorrem a Guimarães vindos de todas as partes do país ou do estrangeiro para visitar a cidade onde, a 24 de Junho de 1128, se escreveu verdadeiramente a primeira página da história de Portugal com a Batalha de S. Mamede. Para além das Festas gualterianas em honra de São Gualter, são também famosas as nicolinas, que são festas de estudantes de Guimarães, acompanhadas de um característico som de fundo: o troar dos bombos e caixas, executando

os característicos "toques nicolinos". Estas iniciam-se a 29 de Novembro e terminam a 7 de Dezembro. A Colina Sagrada, com os seus monumentos ligados à Fundação da Nacionalidade - Castelo, Igreja de S. Miguel e monumento ao Rei Fundador, bem como o Paço dos Duques de Bragança, são o principal chamariz turístico para quem nada mais conhece de Guimarães senão o que os primeiros elementos da história pátria ensinam. PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE O concelho de Guimarães, com 258Km² e cerca de 170.000 habitantes, é rico em património natural e cultural, pelo que se impõe, a quem visita a cidade, um olhar demorado sobre o interior rural, com as suas matas, ribeiros, quintas e uma população cuja linguagem representa ainda reminiscências vocabulares que denunciam afinidades com os termos latinos usados no início da evolução do idioma. É do domínio público, e ultrapassou as suas fronteiras, uma ideia de qualidade associada com o nome e a imagem do "Centro Histórico" da Cidade de Guimarães. Nacionalmente e internacionalmente foi-se construindo o reconhecimento e o interesse pelo rigor dos critérios e os discretos cuidados com que durante alguns anos a autarquia vimaranense, como antigamente era o nome desta localidade, foi processando e patrocinando uma intervenção que, suscitando formas e renovando, reabilitou para a cidade e para o presente antigas e esquecidas estructuras, fazendo com que o centro histórico de Guimarães fosse considerado Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.

A penha: O monte da Penha situa-se a cerca de 7 quilómetros do centro de Guimarães e a 607 metros de altitude. De lá podemos desfrutar de uma vasta panorâmica impressionante. Destacam-se quatro pontos de interesse, nomeadamente o Santuário da Senhora da Penha, a Gruta do Ermitão, a capela da Senhora do Carmo e uma escultura consagrada aos aviadores portugueses, que realizaram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Teleférico: Inaugurado em 24 de Junho de 1995, o teleférico constitui uma antiga aspiração dos vimaranenses. Este aparelho tem uma extensão total de 1.629 metros. Está equipado com quarenta cabinas de seis lugares que lhe conferem um fluxo máximo de mil passageiros por hora, constituindo assim uma alternativa interessante à rede viária existente. Este tipo de telecabinas, largamente difundido e testado nos países com desportos de Inverno, está preparado para receber os passageiros com toda a segurança e conforto.


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497 anos de história hegaram os primeiros homens a terra. A ilha da Madeira era, assim, descoberta. Tratou-se logo de criar um núcleo populacional no local a que hoje chamamos Funchal, e que se desenvolveu, inicialmente, na zona ribeirinha. Abriram-se ruas. Umas paralelas ao mar, que tudo trazia e levava; e outras perpendiculares às ribeiras que de Inverno não poupavam esforços para chegarem ao oceano. Agricultura, comércio, açúcar ou vinho. Barcos, marinheiros. Homens, mulheres e crianças. Era um reboliço no Porto do Funchal. Uns chegavam e poucos partiam. Afigurava-se uma terra repleta de oportunidades à espera de quem as aproveitasse. E foram essas oportunidades que fizeram o presente. Aos poucos cimentou-se uma economia consistente e capaz de enfrentar, pelo menos, cincos séculos, chegando aos nossos dias com a força que lhe reconhecemos. O seu desenvolvimento foi notável. Com um crescimento planeado e estruturado, a vila, que se afigurava próspera, "reivindicava" outro estatuto. Reconheceram-lhe esse estatuto as "forças" da altura e, no ano de 1508, no dia 21 de Agosto, o Funchal era elevado à categoria de cidade. Ao sabor dos tempos, do açúcar e do vinho, a cidade foi sofrendo alterações. Os senhores tinham posses. Com dinheiro as habitações eram outras. O materiais eram mais requintados. Os espaços eram mais amplos. Em todas as casas senhoriais havia uma torre, de onde se avistava o movimento do porto, que não parava. Barcos carregados. Pipas. Vinho. Cada dia que passava era mais um dia de história, mais um momento que ficava gravado na memória de uma colectividade. Pela nobre e ilustre cidade do Funchal passavam inúmeras pessoas, de inúmeras nacionalidades. O cosmopolitismo começa-

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va a fazer parte dos hábitos e dos costumes. A CIDADE COMEÇAVA A CRESCER... A determinada altura a cidade parecia pequena. As suas gentes exigiam mais. Nos finais do século XVIII as casas pareciam querer subir a encosta. A vida social estendeu-se e chegou, por exemplo, até ao Monte. Aí, os grandes senhores, abastados pela riqueza que mantinham, construíram pequenas habitações de luxo. Os parques com flores e árvores de outros mundos davam um tom mais exótico à neblina que por ali se instalava. Os mirantes sobre os caminhos, as casinhas de prazer docilmente decoradas e engalanadas com as trepadeiras, eram convidadas a assistir ao surgimento de algo que tanto caracteriza a nossa Ilha: a quinta. Um pouco por toda a cidade foram surgindo quintas, locais de descanso, locais onde muitos males se curavam. E as casas que esses senhores tinham no centro da cidade, muitas delas, viriam a ser utilizadas para funções comerciais. Com o crescimento da cidade e com o crescimento das suas relações com o exterior, as formas de contactar com os "outros mundos" tiveram de ser aprimoradas. E isso mesmo foi o que aconteceu em finais do século XIX, inícios do século passado. O porto do Funchal foi remodelado, foram construídas novas instalações para receber os que chegavam e dizer adeus aos que partiam. Logo depois deu-se a construção do Aeroporto que viria a transformar-se numa verdadeira porta para o Mundo. A FORMA QUE LHE CONHECEMOS Carros de bois passeavam-se pelas artérias, não muito planas, da cidade. Turis-

tas divertiam-se com passeios de rede. Ruas estreitas. Sempre com muita agitação. A pouco e pouco a cidade do Funchal ganhava as formas que hoje lhe (re)conhecemos. Melhoramentos e remodelações. Modernidade que acompanha os tempos idos. E não podemos negar que o Funchal é uma cidade predominantemente turística. São muitos aqueles que vêm das suas terras à procura de algo diferente. O clima, a segurança, o conforto. Os hotéis aprimoram as suas ofertas. O romantismo dos jardins cruza-se com a adrenalina de uma viagem de teleférico ou de balão. A cultura não é deixada de lado e entrelaça-se com diversão. Praias. Serra. Ambiente. São boas razões para se acreditar que a cidade é uma verdadeira capital. APROXIMAM-SSE OS 500 ANOS 1508. Contam-se quase 500 anos desde a elevação do Funchal a cidade. Até ao dia 21 de Agosto de 2008, o grande dia, ainda muito nos espera. Foi com o intuito de tornar esta data inesquecível, proporcionando aos funchalenses e a quem os visita, uma série de eventos de grande qualidade, que a Câmara Municipal do Funchal nomeou, em Janeiro deste ano de 2004, uma Comissão Executiva para coordenar as comemorações dessa efeméride que se vão realizar até 2008. Aprofundar as memórias dos funchalenses é o que a Comissão preconiza. Nessas memórias estão certamente cada momento de várias vidas. Pois, século atrás de século, muitos foram aqueles que lavraram a terra e que deitaram à terra a semente que hoje colhemos. Festejemos todos juntos. Comecemos já, para chegarmos aos 500 anos da cidade do Funchal ainda com mais força.


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Funchal... cidade florida Funchal é, sem dúvida alguma, uma cidade onde as flores marcam uma presença constante, não só pelos seus inúmeros jardins públicos e privados, mas também pelas muitas floreiras que têm sido distribuídas pelas ruas da cidade nos últimos dois anos, essencialmente. A criação de novos espaços verdes tem sido uma prioridade da Câmara, por forma a poder proporcionar à população espaços de lazer e de convívio, ao mesmo tempo que se procede à criação de um certo equilíbrio e harmonia dentro da cidade. Nos últimos dois anos podemos dar como exemplo o Jardim de Santa Luzia, o Jardim Panorâmico, ou, mais recentemente, o Jardim Público da Ajuda. Estas são infra-estruturas que se afigu-

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ravam indispensáveis para a harmonia paisagística e ambiental das zonas onde estes jardins de inserem. As obras que se realizaram para dotar o Funchal de mais espaços verdes rondaram os 6 milhões e meio de euros, e perfazem um total de 48 mil metros quadrados de espaços verdes da capital madeirense. A cidade conseguiu arrecadar importantes prémios nacionais e internacionais como o de Cidade Mais Limpa a nível nacional, na categoria de cidades com mais de 50 mil habitantes, nos anos de 94, 96/97 e 99/2000, e o Galardão de Ouro Europeu no concurso Europeu de Cidades e Vilas floridas em 2000. JARDIM PÚBLICO DA AJUDA O Jardim da Ajuda é o mais

recente espaço verde público criado pela Câmara Municipal do Funchal. Este espaço vem complementar um projecto de quatro parques urbanos para o Funchal, entre os quais se contam o do Almirante Reis, o da frentemar ou Jardim Panorâmico, e o Jardim de Santa Luzia. Uma das grandes novidades deste jardim, que conta 12.000 metros quadrados, é que os moradores da zona vão ter a possibilidade de disporem de sete talhões para agricultarem ou ajardinarem à sua maneira. Foram muitos os interessados em "ficar" com uma das hortas, mas a limitação de espaço não permitiu que a autarquia satisfizesse todas as inscrições. A quem foi sorteada a terra, terá direito a nela plantar o que entender, tendo à disposição um abrigo de apoio para guardar os utensílios

agrícolas bem como a cedência de água. Esta obra custou cerca de 500.000.00 de euros e vem contribuir para os 540 hectares de zona verde que fazem parte do espaço urbano da cidade. Com áreas de lazer e de recreio, o Jardim Público da Ajuda conta, também, com uma Praça dos Dragoeiros, circundada por diversas zonas de estadia. Há, ainda, um parque infantil, apetrechado com o material transferido do jardim do Almirante Reis, onde o espaço de lazer para as crianças foi substituído por outros motivos de interesse. JARDIM DE SANTA LUZIA OU TORREÃO O Jardim de Santa Luzia, também conhecido por Jardim do Torreão ou do Hinton, é outro dos espaços verdes criados no úl-

timo ano, pelo Governo Regional em colaboração com a Câmara e que foi objecto de muita polémica, mas não restam dúvidas de que se trata de uma mais valia para os munícipes, em particular para a população que vive das imediações daquele espaço. Construído no espaço da antiga fábrica de açúcar e de aguardente do Hinton, este jardim representa mais dezassete mil metros quadrados de área verde sob a gestão actual da Câmara Municipal do Funchal.


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Cidade “afora”... sempre a crescer Zonas Altas da Cidade do Funchal. Sempre que ouvimos esta terminologia lembramo-nos de lugares perto da serra, de estradas íngremes, de casas com construção duvidosa e por pintar. s referidas Zonas Altas englobam as seguintes freguesias: São Gonçalo, Santa Maria Maior, Monte, São Roque e Santo António, que representam cinco realidades diferentes mas com características sócio-económicos e urbanísticos comuns. Estas zonas começaram a ser densamente povoadas a partir da década de 50, altura em que a cidade do Funchal teve de receber as gentes que vinham dos restantes Concelhos da Região em busca de emprego e consequentemente melhores condições de vida e que tinham fracos recursos económicos. Como se pode depreender, o factor "fracos recursos" pesa, claramente, quando se pensa no porquê da fixação destas populações nos terrenos limítrofes da cidade. São muitas as ideias formatadas que temos das Zonas Altas do Funchal. Mas uma grande parte delas já está ultrapassada, e muito graças à acção da Câmara Municipal do Funchal e do Governo Regional. Durante muito tempo imperou a lei do desenrasque, que nos últimos dez anos tem sido travada pela acção dos técnicos do Gabinete das Zonas Altas,

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em prol de uma cidade mais organizada e mais "limpa" do ponto de vista paisagístico. Na verdade, o melhoramento das habitações e do "aspecto" das Zonas Altas tem sido conseguido graças ao trabalho incansável de toda a equipa que trabalha para que o Gabinete Téc-

Quem olha de cá de baixo tem a sensação de que as casas sobem a montanha, numa verdadeira corrida contra a falta de espaço que se sente na "Zona VIP". nico das Zonas Altas possa receber os munícipes, dar sugestões, fazer os projectos das moradias, acompanhar as obras e tratar/encaminhar todos os processos relativos aos apoios públicos. Ainda há muito por fazer, mas as entidades públicas, e os cidadãos em geral não se coíbem de se referir as melhorias que se fazem sentir e notar desde o início da aplicação das políticas da Autarquia para estas zonas. O saneamento básico, os acessos e as infra-estruturas sociais têm sido uma prioridade.

ERAM MAIS DE 500... No sentido de se melhorar as condições de habitabilidade das populações que vivem acima da Cota 200, a Câmara mandou fazer, no ano passado, um levantamento das casas sem telha e com necessidade de pintura para, a partir daí, poder agir com dados mais precisos no tocante à recuperação das habitações e para poder concorrer aos fundos comunitários que se destinavam a esse efeito. Concedido o apoio pelas entidades comunitárias, o Programa de Recuperação e Reabilitação Urbanística das Zonas Altas do Funchal já fez com que cerca de 300 famílias vissem melhoradas as suas condições de habitabilidade. Todas as famílias abrangidas pelo programa tiveram de assinar um protocolo com a Câmara do Funchal, comprometendo-se a usarem o material cedido num período de seis meses. UM GABINETE ACTIVO Muitos destes casos que foram, na altura, diagnosticados, fazem parte do número de processos que anualmente dão entrada nos serviços camarários e são analisados pelo Gabinete Técnico das Zonas Altas.

Além dos casos de aconselhamento, o Gabinete concebe, gratuitamente, projectos para novas construções, quando o proprietário é dono de um terreno, mas apresenta fracos recursos. São também em grande número os projectos para a legalização de habitações e os projectos de ampliação. É tudo feito com base na análise dos casos apresentados pelos munícipes. Em cerca de dez anos de trabalho, o Gabinete Técnico das Zonas Altas analisou cerca de 1.146 processos, números que correspondem a cerca de 96 projectos mensais. Durante o mesmo período foram elaborados 549 projectos e construídas ou iniciadas 362 obras. Ao longo de 2004 foram efectuados 63 pedidos e elaborados 32 projectos de arquitectura e 21 de especialidade. Para o sucesso de todas estas acções têm contribuído as Juntas de Freguesia, a Câmara do Funchal, através do Gabinete das Zonas Altas, a ASA e a ADECOM, associações criadas para apoio social em localidades mais carenciadas no Funchal. Em conjunto, estas entidades têm prestado um excelente apoio às populações com dificuldades económicas e que necessitam de uma habitação mais condigna.


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Ambiente: no presente a pensar o futuro

acção da Câmara Municipal do Funchal, no que toca a políticas ambientais, é claramente uma das melhores do país, os números assim o indicam. A fama de cidade limpa que os turistas e os locais atribuem ao Funchal não é deixada por mãos alheias. De vassoura em punho, é frequente encontrarmos, pelas ruas da cidade, os cantoneiros que, três vezes ao dia, passam a "pente fino" as ruas do centro. Além de varridas, as ruas são, também, lavadas com regularidade. Para este processo de lavagem é usada água não potável, proveniente da nascente da estação de transferência dos Viveiros. Recentemente a Câmara adquiriu vários equipamentos mecânicos de varredura - auto-varredoras - que, além de virem aumentar para dez a sua frota, vêm melhorar o desempenho da autarquia neste domínio. No que toca ao lixo e aos resíduos sólidos, a quantidade produzida pelos funchalenses tem estabilizado nos últimos dois anos, tendo sido, no ano de 2004, de 78.663 toneladas. Apesar de ainda se continuar a produzir muito lixo, não deixa de ser positivo o facto de se ter verificado um aumento da recolha de resíduos recicláveis, ao mesmo tempo que se verificou um decréscimo do lixo indiferenciado. A Câmara Municipal do Funchal é um exemplo para o resto do país no que respeita à taxa de reciclagem por habitante, taxa essa que, no ano passado foi de 18,63 Kg. As políticas desenvolvidas e postas em prática pelo Departamento de Ambiente têm dado frutos, e prova disso são os números que anualmente se tor-

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nam mais satisfatórios. A taxa actual de reciclagem do Funchal situa-se nos 20%. PONTOS DE SEPARAÇÃO Apesar das críticas feitas pelos "eternos descontentes", que acusam a Câmara Municipal do Funchal de falta de condições para a recolha selectiva, de atraso na implementação de ecopontos com contentores amarelos - "embalões", o processo de recolha selectiva de resíduos tem registado um franco crescimento. Segundo nos disse o Vereador do Ambiente e Saneamento Básico, Henrique Costa Neves, o Funchal tem vindo a diminuir a quantidade de lixo indiferenciado, e, se compararmos os valores de 2004 com os de 2003, facilmente nos apercebemos dessa evolução. Segundo as estatísticas mensais, a Câmara pode orgulhar-se de, em 2005, esta tendência para a redução na produção de lixo indiferenciado continuar. Paralelamente, os números referentes à recolha selectiva têm vindo a aumentar, o que denota que os munícipes têm, cada vez mais, consciência de que é necessário separar os resíduos que diariamente produzem. Enquanto o lixo indiferenciado, depois de feita a triagem, é enviado para a incineradora ou para os aterros, os resíduos recolhidos selectivamente seguem um percurso específico, de acordo com as suas características, e que completam o processo de re-utilização desses materiais. No total foram já colocados um conjunto de 270 ecopontos, espalhados por todas as freguesias do concelho, separando-se o vidro, o papel, as pilhas e outras embalagens. O hábito deve come-

Já não basta termos um ar limpo, bebermos água pura ou termos a possibilidade de apreciáramos uma paisagem paradisíaca. Problemas: o imediatismo que muitas vezes as questões sugerem não é, normalmente, o percurso a se seguir. çar em casa e fará parte do quotidiano de cada cidadão, de modo a que a recolha selectiva de resíduos sólidos urbanos seja uma realidade cada vez mais notória. Para que os ecopontos existentes na cidade ficassem devidamente apetrechados, a autarquia completou-os, em Abril último, com "embalões", recipientes destinados à recolha selectiva de embalagens. Estes números perfazem uma média de um ecoponto por cada 410 habitantes, valores que se encontram muito acima da média europeia, que recomenda a existência de um ecoponto por cada 500 habitantes. Como nos referiu Costa Neves, "os ecopontos são estruturas fundamentais para a selecção dos resíduos e para a sensibilização e educação das pessoas". Há o cuidado, por parte da autarquia, de manter os ecopontos devidamente limpos, pois são locais onde devem ser colocados e depositados materiais a reutilizar e não lixo. SEPARAR PARA REUTILIZAR Em 2004, foram recolhidas, na cidade do Funchal, 7.505 toneladas de papel com um volume mensal que cresceu das

261 toneladas recolhidas em Janeiro, para 283 toneladas em Dezembro. Na recolha selectiva de vidro tem-se registado um aumento significativo e totalizou 3.206 toneladas no ano de 2004. No sentido de dar seguimento ao trabalho que já vem sendo realizado, a Câmara do Funchal lançou, recentemente, uma campanha de promoção e divulgação da recolha do vidro porta a porta, disponibilizando aos seus munícipes contentores de 50 litros por apenas 5 euros. Os números apresentados pela autarquia demonstram o empenho que tem vindo a ser desenvolvido pelos seus serviços de ambiente, que têm promovido, constantemente, campanhas de sensibilização ambiental junto dos vários grupos etários. Devemos ter em atenção que todo este processo de reutilização de materiais passíveis de reciclagem traduz-se, como é evidente, num maior retorno financeiro para a autarquia. Com a implementação da recolha porta-a-porta de todos os resíduos, a Câmara prevê que estes valores subam substancialmente. Esta recolha vai, dentro de pouco tempo, ser estendida a todo o concelho do Funchal, pelo que não deixam de ser realistas as aspirações da Câmara de subir três por cento ao ano na taxa de reciclagem. Para o mês de Setembro está prevista a aquisição de uma viatura que possibilite a recolha de dois tipos de resíduos - viatura bifluxo - neste caso, o vidro e as embalagens. Além de ser um projecto pioneiro em Portugal, este é uma grande passo para que o Funchal se torne, cada vez mais, numa cidade ecológica.


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Lusodescendentes com Mega Cartão jovem Megacartão surge em Janeiro e fará com que os jovens tenham descontos nas viagens

Férias cada vez mais repartidas pelo ano todo Francisco José Cardoso Eak=J=j~ÇÉáê~F

á cada vez mais gente a puxar pela carteira para gozar mais uns dias de férias no paraíso! Com as facilidades oferecidas pelos programas de férias, o que parecia difícil hoje fica mais em conta, dando a quem pode a oportunidade de, por mais algumas centenas de euros, ter duas semanas inteirinhas fora do rebuliço da sua vida quotidiana na ilha. De acordo com Luciano Jardim, "as pessoas têm procurado os programas de férias de duas semanas e com maior antecedência", salienta. "O planeamento das férias já não é feito tanto em cima da hora. Mas, também há quem prefira repartir as férias, viajando para fora da Madeira uma ou duas vezes ao ano. O Porto Santo continua a ser muito procurado para uma semana extra de férias. Isto justifica-se obvia-

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ntónio Braga esteve no oitavo Encontro Europeu de Lusodescendentes, organizado pela Coordenação das Colectividades de França (CCPF). No uso da palavra, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas anunciou o lançamento, no mês de Janeiro de 2006, de um Mega Cartão jovem para as comunidades portuguesas. O governante português explicou aos jovens, muitos deles filhos de madeirenses, que esta iniciativa será realizada em parceria com a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto e visa oferecer aos jovens um conjunto de vantagens. A título de exemplo, António Braga referiuse a descontos em produtos ou

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em serviços que sejam mais procurados pelas comunidades portuguesas no estrangeiro, como é o caso das viagens aéreas. Os jovens participantes neste evento, que decorreu em Leiria, ficaram satisfeitos com o anúncio do governante português e já o publicitaram em meios de comunicação social das comunidades onde estão inseridos. Além do mais, aproveitaram a presença de António Braga para manifestarem algumas preocupações que se prendem com a difusão da língua portuguesa. O secretário de Estado aproveitou ainda este encontro para ouvir algumas preocupações dos jovens luso descendentes e para enaltecer a importância de iniciativas que visam a troca de ex-

periências de diferentes países e o conhecimento de realidades diversas. A importância da difusão da língua portuguesa através de uma plataforma de e-learning que funcionará a partir de Outubro deste ano; a alteração à lei reguladora do Conselho das Comunidades Portuguesas com vista à existência de um número maior de jovens neste órgão consultivo do Governo e a elaboração de um blog em www.juventudelusodescendente.blogspot.com, com o objectivo de promover programas de apoio juvenil, foram algumas das medidas referidas no âmbito da juventude pelo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas neste evento.

Sidónio Silva faz documentário da Região magens da Madeira, das suas festas e de figuras ligadas a diversas actividades fazem parte do documentário que Sidónio Silva está a realizar para posterior exibição no "Portugal na Venezuela", espaço que o cantor apresenta na Orbivision em Maracay. "É um programa que mostrando a vida dos por-

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tugueses na Venezuela tem sido acolhido com agrado pela colónia portuguesa nesse país e também por italianos e espanhóis que têm a oportunidade de conhecerem as belezas do nosso país" explicou Sidónio Silva sobre o seu espaço televisivo que, como disse , "apresenta também a vida dos portugueses nos clubes".

Transmitido, semanalmente, às segundas feiras das 22.00 às 23h00 (horas locais), "Portugal na Venezuela" irá apresentar, em breve aspectos da vida madeirense. "A nossa ideia é a de registar, nestes dois meses, um pouco de cada freguesia, as paisagens e as flores, as tradições e os melhoramentos que a Madeira nos oferece”, diz.

mente pelo nível de vida cada vez mais alto das pessoas, mas também pela sempre presente necessidade ou obrigação dos ilhéus saírem do território", finaliza o director do MundoVip Madeira. Já António Cruz confirma que tem variado entre "uma e duas semanas", com destaque para "as duas semanas finais de Julho e a primeira semana de Setembro". Segundo o responsável da Agência Abreu na Madeira, "as pessoas têm tentado antecipar a época das enchentes de Verão e, por esse motivo, planeiam as suas férias com a devida antecedência". Continua a haver, no entanto, os habituais retardatários. Este facto é confirmado por Francisco Gonçalves que salienta que "a grande aposta da Madvia é nas sete noites, o que tem sido plenamente correspondido pelos nossos clientes". No entanto, tem-se notado que uma grande fatia de pessoas procura os programas à sua disposição para os 15 dias de férias.


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Ajuda aérea internacional já está a combater fogos Alexandra Serôdio e Hugo Silva gkJmçêíìÖ~ä

ajuda internacional para o combate à vaga de incêndios que assola o país começou a chegar a Portugal no final da semana passada. Dois aviões Canadair enviados por França e um outro proveniente da vizinha Espanha já estiveram a apagar incêndios. De acordo com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, chegaram na segunda-feira mais reforços: um avião italiano, outro espanhol e três helicópteros pesados alemães, que deverão trazer a bordo 25 especialistas na luta contra incêndios. O pedido de auxílio à União Europeia obteve resposta, numa altura em que o país continuava a ser fustigado por uma vaga de incêndios. Em Viana do Castelo, viveram-se os momentos de maior

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Itália, França, Espanha e Alemanha deram resposta positiva ao apelo do Governo português, que pediu ajuda para combater fogos. aflição. A pousada da Enatur foi evacuada e, com as chamas a rondar o hospital, foram proibidas as visitas. Mais abaixo no mapa, em Pampilhosa da Serra, as chamas foram finalmente controladas. Mais de três mil bombeiros, 800 viaturas e 30 aviões e helicópteros voltaram a participar nas operações de combate aos fogos. Que, apesar de muito problemáticos, atraem a curiosidade de centenas de pessoas. No diomingo, na zona de Abrantes, uma verdadeira multidão, crianças incluídas, juntou-se em romaria para ver o fogo com vários quilómetros de frente. E nem os pedi-

dos da GNR para que fossem embora parecia demover os curiosos. O esforço no combate às centenas de fogos espalhados pelo país tem deixado os bombeiros à beira de um esgotamento. António Costa, ministro da Administração Interna, admitiu que os efectivos estão a "trabalhar no limite" e que, por isso, são necessários mais voluntários para render os que estão nas operações há vários dias.

Monção valoriza aldeias históricas alorizar aldeias históricas com vista ao seu futuro aproveitamento turístico é o objectivo de medida desenvolvida pela Câmara de Monção, em três localidades do concelho Lapela, Ponte do Mouro e Paçô do Monte (situada junto a Sistelo, em Arcos de Valdevez, com quem partilha o lugar de Portela de Alvite). Apoiada pelo Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, dinamizado pela tutela, a proposta visa a criação de um plano de pormenor para cada um dos aglomerados, documentos esses que, segundo o presidente da Câmara de Monção, José Emílio Moreira, encontram-se já concluídos, aguardando, apenas, pelas respectivas aprovações. Segundo o autarca, os planos vão "condicionar a intervenção dos privados, evitando-se, dessa forma, asneiras urbanísticas cometidas no passado".

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Em Paçô do Monte, a área de intervenção restringe-se ao núcleo central, abrangendo o património edificado, tendo a Câmara já requalificado o espaço da feira de Portela de Alvite, certame conhecido pelo comércio de espécies autóctones, caso do gado cacheno e de garranos. Entretanto, em Lapela, pretende-se que o plano conceda particular atenção à torre de menagem e espaços envolventes, contemplando, também, a reformulação da rede viária e eléctrica, passando outra das medidas pela abertura da torre ao turismo, uma vez que as visitas à estrutura de defesa encontram-se actualmente condicionadas devido ao estado de degradação do imóvel. No tocante à Ponte do Mouro - onde, em 1386, se deu o encontro de D. João I com o Duque de Lencastre -, o programa prevê a valorização dos aglomerados de Barbeita e Ceivães.


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22 OPINIÃO

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Leis de aqui e leis de lá: Sucessões na Venezuela e em Portugal Miguel Monteiro ^ÇîçÖ~Çç

uero, antes de mais, agradecer aos leitores a aceitação que teve esta coluna jurídica, sobretudo às pessoas que nos têm contactado para colocar dúvidas. Como já tinha referido, vamos hoje aqui falar de sucessões. E antes vamos definir o termo. Segundo o artigo 2.024 do Código Civil Vigente em Portugal (C.c.V.P.), "diz-se sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas à titularidade das relações jurídicas e patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequente devolução dos bens que a esta pertenciam". Seguindo a tradição lusa, elegeu-se um regime de conciliação, intermédio, procurando consenso, um ponto de equilíbrio entre o princípio da liberdade de testar e o de protecção da família. A sucessão "mortis causa" de que tratamos pode ser legítima ou testamen-

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tária (das quais falaremos no próximo artigo). Neste momento, só tocaremos o ponto do Código Civil português, nos termos do art. 2.133, que se refere a ordem por que são chamados os herdeiros. E é a seguinte: cônjuge e descendentes; cônjuge e ascendentes; irmãos e seus descendentes; outros colaterais até ao 4° grau; e o Estado. Em Portugal, a partilha entre o cônjuge e os filhos faz-se por cabeça, dividindo-se a herança em tantas partes quantos forem os herdeiros. Mas a quota do cônjuge não pode ser inferior a uma quarta parte da herança. Se o autor da sucessão deixar cônjuge e ascendentes, ao cônjuge sobrevivo pertencerão duas terças partes e aos ascendentes uma terça parte da herança. Uma regra de partilha irregular, na falta de cônjuge, descendentes e ascendentes, são chamados à sucessão os irmãos e, representativamente, os descendentes destes. Em seguida, não havendo herdeiros das classes anteriores, são chamados os restantes colaterais, até o 4° grau, preferindo sempre os mais próximos. Finalmente, na falta de cônjuge e de todos os parentes sucessíveis, é chamado à herança o Estado,

Regionalismos que fica equiparado aos outros herdeiros. Para que o cônjuge sobrevivente participe da sucessão é necessário que não tenha havido divórcio, nem tenha existido contra ele julgamento de separação de corpos. A separação de facto do casal não extingue o direito sucessório recíproco dos cônjuges. Mesmo que o casal estivesse separado de facto há muito tempo, o cônjuge sobrevivente será sempre herdeiro. No próximo artigo, vamos continuar a falar de sucessões na Venezuela e em Portugal. Para os interessados, o nosso correio electrónico é advogadosasociados@sapo.pt e o telemóvel 0414.320.0799.

Portugal - Venezuela: relação político-económica António de Abreu Xavier (Historiador) ~áåÇ~ñN]ó~ÜççKÅçã

s relações entre Portugal e a Venezuela consolidaram-se tarde. Apesar da relação histórica, só a meados do século XX foi aprofundada a cooperação oficial. Joaquim Ferreira, defensor da independência desde 1817, festejou a República Venezuelana. Faleceu perto de Barcelona em 1831. Portugal foi o primeiro país a reconhecer a Venezuela. Juan Manuel Figueiredo, representante real português em Buenos Aires, depois de o ter feito com o Chile, reconheceu a Grande Colômbia em 1821. Santander disse na altura: "Sua Altíssima Majestade o Rei de Portugal abriu a porta na Europa para o reconhecimento dos governos americanos. O comércio entre os dois países, embora reduzido, permitiu a nomeação de cônsules "ad-honorem" de Portugal na Venezuela. É o caso dos funcionários designados

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para Puerto Cabello, La Guaira e Ciudad Bolívar até ao final do século XIX. Em 1915, começa verdadeiramente o protocolo diplomático com a presença de Simón Planas Suárez em Lisboa, como plenipotenciário pela Venezuela. O delegado luso provinha do seu cargo na América Central. A representação em Caracas cessou as suas actividades durante vários anos, à espera de uma solução para a crise republicana em Portugal. O primeiro acordo entre os dois países não chegou a ser assinado. Foi oficializado em 1974 através da troca de cartas entre Gonzalo Barrios e Carlos de Liz Banquinho. Mais do que um acordo sobre a crescente emigração para a Venezuela, este foi um convénio comercial. No ano seguinte, o mesmo representante português e Andrés Eloy Blanco acordaram o "Modus viviendi". Os quatro acordos seguintes foram também comerciais. Os primeiros convénios sociais foram concluídos em 1978: o Acordo desportivo, o Convénio básico de intercâmbio cultural e o Convénio operacional sobre migração. Todos assinados por Victor Sá Machado em nome de Portugal. Em 1982, foi assinado o do Turismo. Já o da Segurança Social só teve lugar em 1987, mas só foi instituído administrativamente em 1990 e só começou a ser aplicado desde Novembro de 1991. Para ambos os países o carácter comercial prevalece, sem dúvida, nas relações que mantêm.

Janette Da Silva D. e acordo com o dicionário "Priberam" da Língua Portuguesa um regionalismo é um "termo ou locução peculiar de uma determinada região". Não pretendo (nem poderia, pois não estou qualificada para tal) fazer juízos se linguisticamente estes termos são ou não correctos. Só quero expressar um ponto de vista muito pessoal e perdoem-me os letrados e entendidos nestas coisas do idioma português se por acaso a minha opinião é simplesmente um disparate ou um ataque de ignorância… No meu modo particular de ver, usar regionalismos não implica ter uma educação de segunda. Pode significar que num determinado contexto essas palavras fazem mais sentido que outras "importadas" que se repetem muitas vezes por inércia, imitação ou moda. Será que estou dando um "pontapé" na língua quando peço um quilo de "semilhas" na praça? Ou quando "patinho" as uvas no lagar? Ou quando caminho pelo "tratoário"? Ou quando passo o "furado"? Ou quando apanho a "camioneta" ou o "horário"? Serei mais "educada" se estou no passeio à espera do autocarro? Ou se estou a guiar dentro do túnel? Ou se no mercado compro batatas? Ou se vejo como pisam as uvas para transformá-las em mosto? Pode ser, não sei… Mesmo assim acho muita graça nestas expressões que são tão características, tão autóctones e acho sinceramente que não deveriam simplesmente morrer, muito menos por complexos de inferioridade de alguns que pensam, por exemplo, que é demasiado madeirense dizer "semilha" e que é mais fino e socialmente aceitável só dizer batata. Eu cá devo confessar-lhes que tanto posso cozinhar em casa umas "semilhinhas" com casca como posso também sair e comprar umas batatas fritas num fast food…

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OPINIÃO 23

CARTAS DOS LEITORES Os tempos mudaram Escrevo desde Portugal onde vivo há mais de vinte e cinco anos, apesar de ter nascido na Venezuela. Como todos aqueles que nasceram nesse lindo país, sinto sempre qualquer coisa quando me falam, falo ou leio sobre a Venezuela . Descobri o vosso site na Internet por indicações de um familiar que vive em Caracas e fiquei contente. Não sabia que os portugueses na Venezuela eram tão dinâmicos. Impressiona-me tantas festas, comemorações e sobretudo tantas actividades tradicionais portuguesas. Atrevo-me mesmo a dizer que na Venezuela celebram mais Portugal que nós mesmos aqui. Agora sou fiel leitor do vosso site na Internet e aguardo todas as sextas feiras a edição mais recente. Impressiona-me também o facto de terem tantos lusodescendentes a escreverem

Fim dos actos consulares?

sobre Portugal e os Portugueses. No meu tempo em Caracas, onde vivi até aos 17 anos, tínhamos até vergonha de dizer que éramos filhos de Portugueses. Parabéns! Manuel Garces V.

Há privilegiados? Através de comentários de várias pessoas, fiquei a saber de diversos casos de portugueses idosos e carenciados que gostariam de ter um lugar para passar os últimos anos da sua vida, nomeadamente no Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira. Eu considero necessário que aquelas pessoas que tomam conta dessa obra maravilhosa que se conseguiu erguer, em parte, com a esmola de muitos portugueses, clarifiquem quais são os requisitos que precisa um cidadão português da terceira idade para poder ingressar nesse lar. É que tenho ouvido queixas de familiares e conhecidos de alguns velhinhos que deixam a dúvida de se realmente esse é um lugar para idosos privilegiados por um grupo, ou se pelo contrario está aberto de maneira

INQUÉRITO

transparente a aqueles que mais necessitam. A comunidade portuguesa sabe que esse lugar não é um hospital, mas também é normal que naquelas idades tão avançadas a saúde não seja como a que gozamos aos 20 anos. Que um idoso tenha problemas de saúde normais para sua idade não deveria ser um impedimento para poder ser acolhido no lar, menos ainda se a pessoa não tem família no país que lhe possa oferecer um apoio mínimo. É de louvar o trabalho de todos aqueles que fazem parte daquela casa, mas também o tratamento deve ser justo para com os que têm maiores necessidades. Não pode ficar a dúvida de que há privilegiados. Agostinho Fernandes

O plano do secretário de Estado das Comunidades, António Braga, de acabar com a prática de actos consulares nos postos honorários de Portugal foi recebido com "surpresa" e "incredulidade" por vários Estados que contam com esta figura como uma ponte fundamental onde não existe a sede consular principal. No caso específico da Venezuela, por exemplo, os portugueses encontram-se espalhados por todos os Estados do país. A ideia de eliminar a figura dos cônsules honorários traria inconvenientes básicos de tempo e dinheiro para muitos emigrantes. Nesse discurso, o representante do governo disse que a intenção era

eliminar os subsídios que recebiam estes funcionários consulares. É incompressível e contraproducente pensar que essa ideia poderia concretizar-se porque em muitas ocasiões e em vários países os que decidem aceitar as funções de cônsules honorários o fazem sem receber por isso nenhuma remuneração. De qualquer maneira, a existência destes funcionários, ao meu modo de ver, nunca será uma carga para o governo, mas sim uma grande ajuda nos lugares onde residem inumeráveis de emigrantes que precisam resolver todo tipo de trâmites consulares. Neste caso, os benefícios superam muito as "despesas". Rui Andrade F.

Uma recomendação Sou lusodescendente e procuro todas as semanas o CORREIO para estar informada do que acontece com a comunidade luso-venezuelana. Gosto das reportagens e dos trabalhos que são dirigidos aos mais jovens. Pensando nisso, gostava de fazer uma sugestão para uma nova secção. Gostava de ler o horóscopo no semanário português e acho que muita gente gostaria, sobretudo os mais jovens. O que também seria boa ideia

destacar era o talento lusodescendente, e não só aqueles que aparecem na TV, pois há muitos filhos de portugueses que estão a ter sucesso com projectos de diferente índole e que também merecem ser destacados nos jornais. Desportistas, músicos, professores, profissionais em todas as áreas, etc. Um abraço e parabéns. Sandra Costa

O secretário de Estado das Comunidades traz empresários à Venezuela. Que proposta faria a este grupo de potenciais investidores?

José Luis Ferreira ^Å~ÇÉãá~= Çç=_~Å~äÜ~ì

"É muito importante qualquer esforço que se faça para incrementar as relações comerciais entre a Venezuela e Portugal. A proposta que eu teria para a comitiva de empresários portugueses seria que estabelecessem maiores convénios bilaterais para que exista competência e Portugal possa investir capital no país. Da mesma forma, a Venezuela pode oferecer, principalmente, produtos petroleiros e os seus derivados. O campo turístico pode ser altamente explorado".

António de Freitas `Łã~ê~=ÇÉ=`çãÐêÅáç ÇÉ=dì~êÉå~ë

"A reunião vai ser proveitosa. É de extrema importância para o fortalecimento das relações comerciais entre Lisboa e a Venezuela. A minha principal proposta seria aumentar o fluxo de produtos portugueses na Venezuela, pois são muito poucos os artigos portugueses que chegam cá. Parece-me que há um problema com a política de Estado, de tal forma que as comunidades portuguesas do continente não se têm preocupado muito em investir no país. A Venezuela pode oferecer a Portugal combustíveis e metais”.

Anaclet Teixeira

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"Parece-me simplesmente maravilhosa a iniciativa. Os apoiaria no que se refere a investimentos cá. Venezuela é um país de oportunidades. A minha proposta seria antes um apelo para que Portugal aumente o intercâmbio com esta terra. A Venezuela está a ficar bem outra vez e há possibilidades de crescimento. Penso que, inclusive, eles podem fabricar aqui vários produtos, pois a mão-deobra é muito mais económica. Talvez o que nos aflige é a segurança, mas isso acontece em toda a América Latina."

João Marques

^ëëçÅá~žłç=ÇÉ=jÐÇáÅçë= iìëçJîÉåÉòìÉä~åçë

"Acho que as aproximações entre as nações são sempre proveitosas e, nesta caso, ainda mais porque na Venezuela há uma grande comunidade portuguesa. Na vertente médica, posso dizer que os dois Estados têm debilidades e pontos fortes. Contudo, há muitos profissionais que podem partilhar os seus conhecimentos e experiências. É importante poder incentivar não só as relações de comércio como também dar destaque ao âmbito educacional, concretamente nas universidades".


24 UNIVERSIDADES

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UMa: Mais do que um projecto científico-cultural Alda Da Silva Sousa Universidade da Madeira (UMa) foi criada com um objectivo claro: "constituir-se num novo projecto científico-cultural contraposto ao modelo napoleónico de universidade". A UMa é, sobretudo, um modelo de ensino superior adaptado à realidade da Região Autónoma da Madeira. Nasceu a 13 de Setembro de 1988 e no período lectivo 2004-2005 já atingiu um total de 2718 alunos, com uma oferta de perto de 40 licenciaturas e mais de 15 mestrados. Os primeiros passos da maioria dos cursos dados nesta Universidade datam de 1990, quando começaram as

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actividades académicas em Biologia, Física, Matemática, Química, Linguas e Literaturas Modernas, nas suas variantes de Estudos Portugueses, Estudos Portugueses e Franceses, Estudos Portugueses e Ingleses, Estudos Portugueses e Alemães, Estudos Portugueses e Espanhóis, Estudos Ingleses e Alemães e Estudos Franceses e Ingleses. A seguir vieram os cursos de Gestão e de Engenharia de Sistemas e Computadores, assim como a integração do Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira (ISAPM) à Universidade da Madeira sob a denominação de Instituto Superior de Arte e Design. A Universidade da Madeira não pára de crescer. A oferta académica diversifica-

se constantemente. OFERTA ACADÉMICA As disciplinas oferecidas na Universidade da Madeira abrangem áreas puramente científicas, como as licenciaturas em Matemática, Física, Biologia, Economia, entre outras. Mas vai até aos cursos relacionados com o turismo, as relações empresariais e a gestão. Os cinco cursos mais procurados actualmente são os de Gestão; Engenharia Informática; Comunicação, Cultura e Organizações; Educação Física e Desporto; e Biologia. GESTÃO A 100% O Departamento de Gestão e Economia da UMa oferece a Licenciatura em Ges-

tão. Pretende-se que o profissional adquira perícia nas áreas comercial, financeira, de serviços, de pessoal e administrativa, assim como a formação de futuros empresários. O regime estende-se por quatro anos, com cadeiras obrigatórias, outras optativas e períodos de estágios, tendo disponíveis uma média de 40 vagas por ano.

Conhecer as universidades

TRÊS ENGENHARIAS NA ILHA Na Universidade da Madeira pode-se estudar Engenharia Informática, Engenharia de Telecomunicações e Redes e Engenharia Civil. O curso de Engenharia Informática visa dinamizar e promover a criação de uma indústria de software na Re-

No marco do evento "Estudare Estagiar em Portugal", que decorrerá no próximo 24 de Setembro em Caracas, o CORREIO apresenta uma série de reportagens especiais dedicadas às oportunidades de estudo e formação nas universidades portuguesas. Pretendemos com isto dar-lhe a conhecer algumas instituições de ensino superior por dentro: a sua oferta académica, a sua história e património, asactividades culturais e os programas de acolhimento a estudantes estrangeiros. Acompanhe-nos.


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UNIVERSIDADES 25 Acesso dos alunos estrangeiros

gião Autónoma da Madeira, com vista a modernizar os sectores estratégicos como o turismo, a cultura, a cooperação e o entretenimento. As saídas profissionais do engenheiro informático da UMa passam pelos serviços (banca, seguros, turismo), pela indústria e pela criação do próprio emprego, com ênfase no empreendedorismo. Mais informações em www.uma.pt. POLIDISCIPLINARES NA COMUNICAÇÃO Actualmente, a Universidade da Madeira admite por ano cerca de 40 alunos na licenciatura de Comunicação, Cultura e Organizações. O curso é uma mistura de diversas disciplinas onde o aluno estuda comunicação, relações públicas, gestão de recursos humanos, jornalismo, marketing e produção de conteúdos na Internet. As saídas profissionais passam por diversos campos de acção desde organismos europeus, estatais, autarquias até os domínios do turismo e da hotelaria. O curso tem uma duração de quatro anos e estão disponibilizadas mais informações através do correio electrónico lic.cco@uma.pt. MAIS OFERTA ACADÉMICA Para além dos cursos atrás mencionados, a Universidade da Madeira conta com uma oferta de licenciaturas e mes-

trados diversificada Na UMa há alunos a tirar licenciaturas em: Design/Projectação, Biologia, Bioquímica, Ciclo Básico de Medicina, Ciências da Cultura, Ciências da Educação, Economia, Educação Física e Desporto, Educação de Infância, Educação Sénior, Enfermagem, Engenharia de Instrumentação e Electrónica (R. Astronomia), Engenharia Sistemas e Computadores, Ensino Básico 1º Ciclo, Estudos Ingleses e Relações Empresariais, Ensino de Informática, Física, Gestão, L.L.M.- variante Est Franceses e Ingleses, L.L.M.- variante Est Ingleses e Alemães, L.L.M.- variante Est Portugueses e Alemães, L.L.M.- variante Est Portugueses e Espanhóis, L.L.M.- variante Est Portugueses e Franceses, L.L.M.- variante Est Portugueses e Ingleses, L.L.M.- variante Estudos Portugueses, Línguas e Literatura Clássicas e Portuguesa, Matemática, Química, Psicologia e Sistemas Informáticos.

Os mestrados também são muito variados, nomeadamente o Mestrado em Ciências da Vida e da Terra para o Ensino, Mestrado em Ciências do Desporto, Mestrado em Cultura e Literatura Anglo-Americanas, Mestrado em Educação - Área da Inovação Pedagógica, Mestrado em Educação - Área de Supervisão Pedagógica, Mestrado em Educação Física e Desporto, Mestrado em Engenharia Informática, Mestrado em Ensino da Língua e Literaturas Portuguesas, Mestrado em Gestão Estratégica e Desenvolvimento do Turismo, Mestrado em História e Cultura das Regiões, Mestrado em Matemática, Mestrado em Matemática para o Ensino, Educadores de Infância (Complemento Formação), Enfermagem (Compl Formação), Ensino Básico (1º Ciclo) (Compl Formação), Ensino Básico (2º Ciclo) Mat Ciênc (Compl Formação), Ensino Básico (2º Ciclo) Port His Geo (Compl Formação), Prof do 2º Ciclo do Ens Bás 4º Grupo (Compl Formação).

A Universidade da Madeira permite o acesso perante concurso a estudantes que tenham estado matriculados e inscritos em instituição ou curso de Ensino Superior estrangeiro. Só é preciso terem estado inscritos num curso superior em, pelo menos, dois anos lectivos ou dois anos curriculares de um curso superior e ter aproveitamento em, pelo menos, 50% das disciplinas que integram o plano de estudos desses dois anos curriculares. Ainda são abrangidos por este concurso os estudantes de ensino superior estrangeiro que o tenham concluído, excepto se já forem titulares de equivalência ou de reconhecimento do mesmo. As condições podem ser consultadas na página da Universidade da Madeira (www.uma.pt).


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Voos mais baratos para os Estados Unidos TAP Portugal e a sua parceira da Star Alliance, United Airlines, estabeleceram um acordo de code-share, em vigor a partir de 12 de Setembro, que oferece agora aos clientes a possibilidade de viajarem para um conjunto alargado de destinos nos EUA, em voos operados em code-share. "Para a TAP este acordo revela-se da maior importância, dada a dimensão do mercado americano e da própria United na América do Norte", salientou José Guedes Dias, director de Relações Internacionais e Alianças da TAP. "A partir de agora, a TAP passa a dispor de um parceiro local com uma das maiores redes de serviços, quer domésticos quer internacionais, que acrescenta um sem número de opções de encaminhamento com maior grau de conveniência em itinerários combinados das duas companhias. Brevemente, a TAP e a United introduzirão Bilhetes Electrónicos (sem necessidade de bilhete impresso), que aumentarão a facilidade e a comodidade das viagens dos seus Passageiros", diz.

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TAP dinamiza linha Madrid - Madeira ATAPvai promover o segmento de congressos e incentivos da Madeira em Espanha. O objectivo é ocupar os seus voos para a Madeira durante o ano inteiro, ao mesmo tempo que ajuda a Região a divulgar aquele segmento turístico no mercado espanhol. Segundo uma informação emanada da Direcção Regional de Turismo da Madeira, "com o objectivo de incrementar o número de turistas espanhóis para a Madeira, aTAPdecidiu apostar no mercado de congressos e incentivos em Espanha. O projecto visa combater a sazonalidade, permitindo uma ocupação das linhas durante todo o ano". Para cumprir este objectivo, a companhia aérea lançou recentemente um programa especial no sentido de captar este segmento de mercado, nomeadamente em Madrid eem Barcelona, cidades a partir de onde a TAPassegura cinco voos semi-directos por semana com destino à RegiãoAutónoma da Madeira. ATAPestá igualmente a estudar o lançamento de um voo directo entre a Madeira e Frankfurt.

Ambas as companhias compartilharão os seus códigos nos voos transatlânticos, oferecendo assim aos clientes uma variedade de opções entre Portugal e os Estados Unidos, através de Newark, Londres (Heathrow), Frankfurt, Munique, Amesterdão, Bruxelas e Zurique.

Com o presente acordo de code-share, a TAP passa a disponibilizar voos para um conjunto de novas cidades nos EUA além Newark, designadamente, para Chicago, Denver, Los Angeles, São Francisco e Washington, enquanto os clientes da United passam a ter acesso a novas cidades

em Portugal - incluindo Lisboa, Faro, Porto e Funchal - e em África, nomeadamente, Sal (Cabo Verde), Dakar (Senegal) e Maputo (Moçambique), em voos operados pela TAP. Os Membros do Victoria, o Programa de Passageiro Frequente da TAP, usufruem já dos

benefícios da Star Alliance, não só acumulando milhas em viagens com a United ou com qualquer outra parceira da Aliança, mas também convertendo as suas milhas em viagens prémio para mais de 800 destinos em todo o mundo.


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ECONOMIA 27

Primeira Feira Internacional em Caracas com espaços de exposição gratuitos Sónia Gonçalves

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e 5 a 8 de Outubro, realiza-se na Venezuela a I Feira Internacional de Turismo de Caracas. O evento, organizado pelo Ministério de Turismo daquele país, oferece espaços para exposição nacionais e internacionais totalmente gratuitos. A feira (FIT Car 2005) procura impulsionar o turismo como "factor de desenvolvimento económico, de progresso social e de aproximação entre os povos", como define a nota enviada à nossa Redacção pelo Consulado Geral da Venezuela. No espaço, vão ser expostas diversas actividades produtivas e de negócios relacionadas com a promoção da indústria nacional, assim co-

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Evento tem lugar de 5 a 8 de Outubro e pretende evidenciar as potencialidades turísticas da Venezuela mo projectos de investimento para eventuais interessados internacionais em áreas estratégicas, tanto no campo turístico como em actividades similares. Com a criação da feira, o Ministério de Turismo venezuelano pretende propiciar um fórum onde expositores, visitantes e autoridades de diversas regiões do Mundo vão poder definir o marco adequado para garantir o desenvolvimento de um turismo sustentável e um desenvolvimento endógeno das comunidades locais. Dentro da feira, vai haver várias secções, nomeada-

mente uma dedicada à realização de uma cimeira de autoridades de turismo, que se realiza a 5 e 6 de Outubro e um seminário internacional sobre o turismo como desenvolvimento endógeno (a 7 e 8). Nos pavilhões de exposição, serão expostos produtos de várias áreas, nomeadamente turísticos, de moda, de investimentos, de telecomunicações e culturais, entre outros. Depois da feira, a 9 e 10 de Outubro, realizam-se viagens de familiarização aos destinos turísticos que serão feitas pelos convidados empresariais, os meios de comunicação social e outras entidades. Refira-se que os visitantes profissionais podem adquirir também entradas gratuitas, estando disponíveis no site da feira (www.fitcar.com.ve) mais informações adicionais.


28 DESPORTO

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Voleibol português visto com lupa venezuelana Victoria Urdaneta Rengifo

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ecentemente, na ronda intercontinental da Liga Mundial de Voleibol 2005, a selecção de Portugal confrontou-se com a Vinotinto. Ambos países integravam o Grupo B, juntamente com o Brasil e o Japão. No início da contenda mundialista de voleibol, as selecções lusas, categoria sénior, e a venezuelana avivaram o fogo do voleibol tanto em terras ibéricas como crioulas: Poliedro de Caracas, Complexo Municipal Desportivo de Almada/Lisboa e Vila do Conde. Felizmente, essa chama não se extinguiu e, apesar de terem terminado em Julho as provas desportivas, continua o interesse em conhecer mais de perto as equipas lusas. Como tal, o CORREIO entrevistou diversos protagonistas da equipa tricolor, que ficou no décimo lugar entre 217 selecções do Mundo e intitulou-se ven-

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cedora da medalha de ouro na categoria de voleibol masculino nos Jogos Bolivarianos que se realizaram na Colômbia. A selecção venezuelana já está a preparar-se para o "Sul-americano" de sénior, que se realiza no Brasil de 12 a 15 de Setembro, segundo a programação da presidente da Federação Venezuelana de Voleibol, Judith Rodríguez. Devido ao elevado conhecimento do jogo e à intensidade das "batalhas" contra a equipa portuguesa, os jogadores da selecção venezuelana têm legitimidade suficiente para expressarem as suas opiniões sobre o trabalho luso. De seguida, vemos as opiniões dos jogadores. JOGADORES MAIS BEM PREPARADOS Ernando "Harry" Gómez é capitão da selecção e estrela do Mundial, na posição de rematador. Sobre os jogadores, diz: "O que mais me surpreendeu na selecção lusa foi que melhoraram muito o seu nível e isso apenas num ano, porque os jogadores com quem jogámos

agora são os mesmos que vimos há 12 meses, mas desportivamente vieram diferentes". Acrescenta que, na altura, ganharam Portugal, em casa, por 3 a 0, num jogo pré-olímpico, na presença de cinco mil espectadores. "No geral, a equipa portuguesa jogou de forma equilibrada, cometeu poucos erros e durante todos os jogos manteve-se sincronizada. Esta foi a chave para conseguir os trunfos, independentemente da nossa equipa não ter estado nas melhores condições físicas e técnicas para esse Mundial", dissse. Para Andrés Manzanillo, dos Açores, Portugal demonstrou que a sua liga tem um bom nível, tanto para os próprios portugueses como para os estrangeiros que contratam, entre os quais estão muitos brasileiros. E acrescenta: "Conhecia os jogadores e sabia que eles eram capazes. Contudo, a experiência de jogar contra Portugal foi estranha, pois estava habituado a jogar com eles e não contra eles".

Ernando "Harry" Gómez

Por sua vez, Max Rancel, jogador na categoria de juvenil, opina que o português que mais se destacou foi Valdir Sequeria, o número 16, um jogador com 23 anos que pertence à divisão lusa Associação Académica de Coimbra.


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DESPORTO 29

Treinos, público e organização justificam prestação lusa Victoria Urdaneta Rengifo

îáÅíçêá~ìêÇ~åÉí~]ó~ÜççKÅçã

ara além de recolhermos as opiniões de jogadores venezuelanos sobre o desempenho das equipas lusas que representaram Portugal no Mundial de Futebol, quisemos saber o que fez os portugueses terem uma boa prestação. Os treinos, o público e a organização contribuíram. O director técnico da selecção masculina venezuelana, Argemiro Méndez, diz que Portugal fez um bom jogo por três aspectos: reuniu um grupo de atletas de alto nível; foram bem preparados durante cinco anos e tiveram a pujança internacional necessária, pois têm viajado para competir com outros países como a Alemanha e a Itália, que é a liga de voleibol mais desenvolvida. Para além do mais, opina, têm sempre a sorte de contar com vários jogos de preparação com toda a selecção reunida. Pelo

P

contrário, a Venezuela, por exemplo, não pôde jogar com toda equipa nem uma única vez. "Enfrentamos Portugal depois de ter feito apenas os jogos mais básicos com o Brasil. Mas precisávamos de ter pelo menos vinte jogos preparatórios. Portugal fez isso e é por isso que a sua "team work" funciona mais eficiente", sublinha. O técnico da selecção crioula José Mejías entende que os portugueses não defraudaram as suas expectativas. Conduziram o serviço estrategicamente consoante as nossas deficiências. Para isto, acha, contribuiu a altura dos jogadores e o muito tempo que treinaram juntos, o que os favoreceu nas jogadas e na eficácia das suas tácticas. Ainda para mais, como refere, os lusos tinham a vantagem de pertencerem a equipas profissionais que, na temporada, jogavam em níveis considerados elevados. Falámos também com Alejandro Terenzani, o delegado da Venezuela em Portugal que é secretário-geral da Federação Venezuelana de Voleibol. Entende que o

público português é uma peça importante dentro do voleibol, que se desenvolve naquele país. "Quando jogámos lá, tivemos uma barra muito animada de venezuelanos que residiam em Portugal e de luso-venezuelanos. Eles encheram-nos de ânimo com palmas, bandeiras e cartazes. Isso é, definitivamente, muito importante para animar o espírito do jogo", assegura. Já o coordenador de logística para a selecção de Portugal, Brasil, Japão e Venezuela opina que a selecção de Portugal enfrentou a Venezuela com uma excelente disposição, a qual se observou desde a sua chegada ao Aeroporto Internacional, em Maiquetía, onde o IND e a embaixada os receberam com muito orgulho. "Os desportistas portugueses mantiveram sempre um clima de harmonia muito favorável com a selecção venezuelana e os dirigentes federativos. E para ter êxito numa disciplina é preciso ter um bom plano para desenvolver em campo e, ao mesmo tempo, ter alguma humildade. E esse

Alejandro Terenzani

foi o ponto mais favorável dos portugueses", nota. Finalmente, o vice-presidente da Federação Venezuelana de Voleibol, Luís Carvalho, defende que Portugal progrediu muito no âmbito do voleibol, de tal forma que já não deixa de marcar presença em qualquer evento desportivo. "Isto conseguiu-se tanto pela qualidade dos jogadores e dos seus treinadores como pela grande quantidade de recursos que tem esta disciplina.


30 DESPORTO

CORREIO DE CARACAS - 25 DE AGOSTO DE 2005

O desporto rei de Portugal atinge outro patamar com o afecto venezuelano, mas desta vez entre os bebés

"Baby Fútbol"na Venezuela Victoria Urdaneta Rengifo

îáÅíçêá~ìêÇ~åÉí~]ó~ÜççKÅçã

geração de relevo no futebol venezuelano é um tema abordado com insistência nos últimos cinco anos e, quando se fala dos "professionais do futuro", a atenção vira-se para as selecções infantis e juvenis. Contudo, uma das mais gratas iniciativas da bola ao nível nacional é a do professor Néstor Ramírez, que dirige uma escola desportiva que se dedica ao ensino de futebol a crianças com idades entre os três e os seis anos que passam a fazer parte do "Clube dos Rapazes de Nova Casarapa". O "Baby Fútbol" está bem posicionado em vários países da América Latina e na Europa. Contudo, na Venezuela são poucas as instituições que o praticam. Por isso mesmo, a experiência de Ramírez torna-se ainda mais valiosa e pertinente. "A ideia nasceu depois de muitas investigações sobre casos de êxi-

A

to internacional sobre as características comuns entre os melhores jogadores mundiais. E destaca-se o facto de terem começado muito cedo, pois praticamente começaram a interagir com a bola desde que gatinhavam", explica o treinador, que também é delegado da Liga Nacional de Futebol Menor do Estado Miranda. A receptividade desta categoria por parte dos pais dos pequenos jogadores é significativa, não só porque a maioria deles é apaixonado pela disciplina futebolística, mas porque percebem o enorme contributo que o desporto traz para a educação das crianças, desde os seus primeiros anos de desenvolvimento. Segundo a opinião de Ramírez, "o futebol nessa idade ajuda a estimular a motricidade da criança, é muito eficaz para melhorar ou garantir aspectos como o equilíbrio, a concentração e as habilidades físicas. Para além do mais, é muito estimulante para a criatividade e fomenta o com-

panheirismo e a constância. Mas tudo isto deve fazer-se mediante uma atenção especial e com um nível de exigência de acordo com a idade. "Queremos formar a próxima selecção venezuelana, temos que ser exigentes, mas não queremos que se sintam pressionados. O ob-

jectivo é que encarem este desporto como um entretimento que vale a pena, que é aliás como deve ser encarado o futebol naquela idade". E se os bebés de três anos já experimentaram esse desporto com um sentido lúdico, não cai por terra a esperança de sermos

um país verdadeiramente futebolístico, como Portugal. Para além do mais, segundo os entendidos, o "Baby Fútbol" é uma maravilhosa oportunidade para que os homens de amanhã dêem os seus primeiros passos num ambiente que promove o desporto, a saúde e a diversão.


CORREIO DE CARACAS - 25 DE AGOSTO DE 2005

I Liga arranca com quatro vitórias fora FC Porto sentiu muitas dificuldades ante o Estrela da Amadora, domingo à noite no Estádio do Dragão, mas garantiu a vitória e os três pontos em disputa na Liga de futebol, não perdendo terreno para o Sporting. Os "leões" ganharam sexta-feira ao Belenenses e também começaram com sinal positivo a Liga 2005/2006, ao contrário do Benfica, campeão em título, que cedeu um "nulo" no sábado em Coimbra. Um golo de Ricardo Costa chegou para a equipa azul-e-branca ganhar, com o resultado a ser lisonjeiro para a produção do "dragão", que nunca se superiorizou ao adversário, vindo da Liga de Honra. Tal como Sporting e FC Porto, também Rio Ave, Gil Vicente, Nacional e Naval começaram o campeonato com o "pé direito",

O

com os três pontos em disputa. Destaque para a equipa da Figueira da Foz, outro dos promovidos, vencedora por 2-0 em Guimarães, num jogo que dominou por completo, mesmo actuando muito tempo em inferioridade numérica. Marcaram para a Naval o brasileiro Bruno Fogaça e o cabo-verdiano Lito, ajudando a que a jornada chegasse aos dez golos. Em Leiria, no último jogo da ronda inaugural, o Braga impôs-se por 0-1. Em Penafiel o Rio Ave também teve "entradas de leão" e bateu a equipa da casa, com golos do brasileiro Cleiton e de Milhazes, de grande penalidade. André Pinto marcou na vitória tangencial do Nacional em Paços de Ferreira, enquanto Marcos António deu a vitória ao Gil Vicente, sobre o Marítimo.

DESPORTO 31 LIGA 1ª Jornada

Sporting - Belenenses Boavista - Vit. Setúbal Académica - Benfica Penafiel - Rio Ave Gil Vicente - Marítimo Paços de Ferreira - Nacional FC Porto - Estrela Amadora Vit. Guimarães - Naval U. Leiria - Sp. Braga 1º Naval 2º Rio Ave 3º Sporting 4º FC Porto 5º Gil Vicente 6º Nacional 7º Sp. Braga 8º Académica 9º Benfica 10º Boavista 11º Vit. Setúbal 12º Belenenses 13º E. Amadora 14º Marítimo 15º P. Ferreira 16º União Leiria 17º Guimarães 18º Penafiel

J 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

V 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

E 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0

D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1

2ª jornada - 28/08

Naval - FC Porto Belenenses - Leiria Benfica - G.Vicente Rio Ave - Guimarães Braga - Penafiel Nacional - Académica Setúbal - P. Ferreira Marítimo - Sporting Amadora - Boavista

2-1 0-0 0-0 0-2 1-0 0-1 1-0 0-2 0-1 P 3 3 3 3 3 3 3 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0

26/08 - 16:30 27/08 - 14:15 27/08 - 16:15 28/08 - 11:00 28/08 - 11:00 28/08 - 11:00 28/08 - 11:00 28/08 - 14:00 29/08 - 17:30


Quem quer um banco vai ao totta CORREIO DE CARACAS - 25 DE AGOSTO DE 2005

Boca de Uchire votada ao abandono Jean Carlos De Abreu

ÇÉ~ÄêÉìàÉ~å]ó~ÜççKÅçã

as imediações de Caracas, a 212 quilómetros do Estado de Miranda, está Boca de Uchire. Uma ampla zona de praias e um reservatório de avifauna como flamencos, "camacutos", "lebranches", "lisas" e "mojarras" - caracterizam o local que se converte no destino de muitos veraneantes desta época de férias. É um povo tranquilo, habitado por emigrantes de distintas nacionalidades, que chegaram ali há mais de 25 anos com a finalidade de fazer progredir uma região com muito potencial turístico. A comunidade portuguesa que emigrou para a Venezuela integrou-se naquela zona seduzidos pela tranquilidade do local. Dez famílias portuguesas estabeleceram-se em Boca de Uchire nas décadas de 50 e 60, mas actualmente há mais de vinte, entre portugueses mesmo e lusodescendentes. A hospitalidade da maioria dos portugueses no oriente do país faz com que Boca de Uchire seja uma área receptiva que permite o convívio com os turistas que chegam a este local à procura da tranquilidade que não conseguem na capital. Os lusos que se instalaram na zona costeira são pessoas que trabalham "de sol a sol" para poder progredir juntamente com a sua família, permitindo aos filhos estudar e obter um título universitário.

N

TAMBÉM HÁ POBRES O mito de que todos os portugueses têm negócios e bens é falso. A escassez de

oportunidades afecta tanto os emigrantes como os nativos da zona. Maria Lourdes Henriques Carlos é uma portuguesa de Câmara de Lobos, Madeira, que chegou à Venezuela há 28 anos e, logo de seguida, se mudou para Boca de Uchire com a sua família. A vida desta lusitana não tem sido fácil. Sobretudo porque as fontes de trabalho são mínimas numa vila tão pouco habitada. Lourdes é a encarregada de limpeza da igreja San José de Capistrano, de Boca de Uchire. Ela, juntamente com um grupo de pessoas, mantêm em ordem a capela para que os crentes locais ou visitantes possam admirar essa construção que foi elevada por portugueses da zona. A relação entre conterrâneos, comentou-nos Lourdes, "não é muito boa porque há um interesse mais além da relação diária de amizade", pois as pessoas têm o factor económico como ponto inicial de uma relação amistosa e familiar. A vida de Lourdes tem passado por muitas vicissitudes, mas "é preciso continuar em frente e não deixar de trabalhar para poder ter um futuro melhor", afirma. O seu marido é empregado de um restaurante em Caucagua, Estado de Miranda, e o ordenado que ganha não é suficiente para viver com determinadas comodidades. Para esta emigrante, a relação entre os portugueses e os venezuelanos que vivem na zona é "maravilhosa", porque há compreensão de parte a parte. VIVER PARA SERVIR OS OUTROS Teresa Abreu é portuguesa, natural da Lombada, Ponta do Sol, Madeira, e chegou à Venezuela há 48 anos directa-

Maria Lourdes Enriques

Beatriz Pestana

mente para Boca de Uchire porque gostou muito da paisagem. Por detrás dos balcões das suas duas farmácias, Teresa passa todo o dia a atender clientes e a sua relação com eles vai muito mais além da comercial: fia aos que não têm dinheiro suficiente para comprar a medicação. A única coisa que esta emigrante pede é que a comunidade da zona seja mais unida e que os portugueses que estão fora do Estado de Anzoátegui se preocupem mais com a comunidade de fora da capital, pois ele também têm necessidades de todo o tipo. VENEZUELA: SEGUNDO LAR Há 40 anos, Beatriz Pestana de Correia, natural da Ponta do Sol, mudou-se para Venezuela depois do casamento. O seu marido já tinha sete anos no país como empregado e conheceram-se numa das suas férias a Portugal. Só cinco anos depois do casamento é que ela veio para a Venezuela viver com o seu marido. Estabeleceram-se em La Pastora, Caracas, durante dois anos, e de-

Teresa Abreu

pois foram viver para Boca de Uchire, onde estão há 38 anos a viver. "Mudamonos porque gostei muito deste local logo na primeira vez que estive aqui. Vim de passeio visitar a minha irmã e o meu marido disse que gostava muito do povo por ser quentinho". "O processo de adaptação no início não foi fácil", comentou-nos Beatriz Pestana. Tinham saudades da sua família e da sua pátria, mas pouco a pouco se acostumaram, pois foram bem aceites. Chegaram cá com uma filha e depois tiveram mais duas, pelo que sente que os seus vínculos com a Venezuela não se limitam ao âmbito laboral, pois vê o país como o seu lar e o da sua família. Uma vez na Venezuela, visitou Portugal umas quatro vezes. A primeira foi 26 anos depois de ter chegado. Depois, passaram cerca de nove anos e regressou porque o seu pai tinha falecido e voltou no ano seguinte por causa da morte da sua mãe. Já se passaram cinco anos desde a sua última visita ao país luso, onde encontrou tudo diferente.


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