O tio da Venezuela
Inversão de papéis
Os emigrantes aos olhos da “ Madeira Velha” Páginas 10 E 11
Cada vez mais venezuelanos em Portugal. Página 6
www.correiodecaracas.net
O jornal da comunidade luso-venezuelana
ano 06 - n.º 124 - DEPósito LEgaL: 199901DF222 - PubLicação sEmanaL
caracas, 15 DE sEtEmbro DE 2005 - VEnEzuELa: bs.: 1.000,00 / PortugaL:
15 famílias pedem ajuda ao Governo português Junta de Beneficência do Estado de Vargas apresentou ao Consulado de Portugal a situação crí tica de membros da comunidade que voltaram a perder tudo o que estavam a reerguer depois da tragédia de 1999 . Página 3
Sporting derrota Benfica
Faleceu pai de Cristiano Ronaldo
Campeão em tí tulo continua a não somar nenhuma vitória Página 29
CORREIO publica entrevista recente a Dinis Aveiro Páginas 30 E 31
1,50
Comunidade denuncia “ desleixo” das autoridades policiais de Maracay. Página 4 Evento “ Estudar e Estagiar em Portugal” realiza-se a 23 de Setembro no Centro Português. Página 24 E 25
Presidente Hugo Chávez visita Portugal e Espanha Página 32
2 EDITORIAL
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
O destino da emigração a inverter-se... Director: Aleixo Vieira Subdirector Agostinho Silva Coordenação em Caracas Délia Meneses Coordenação na Madeira Sónia Gonçalves Jornalistas: António da Silva, Carlos Orellana Jean Carlos de Abreu, Liliana da Silva Nathali Gómez, Noélia de Abreu, Victoria Urdaneta Correspondentes: Briceida Yepez (Valencia) Carlos Balaguera (Maracay e Valencia) Carlos Marques (Mérida) Sandra Rodriguez (La Victoria) Trinidad Macedo (Barquisimeto) Colaborações: António de Abreu, Arelys Gonçalves Janette Da Silva, Luís Barreira e Miguel Rodrigues Gerente de Publicidade e Estudos de Mercado Oswaldo Carmona Publicidade e Marketing: Carla Vieira Preparação Gráfica: João Santos (DN-Madeira) Produção: Franklin Lares Fotografia: Paco Garret, Farith Useche Distribuição: Enrique Figueroa Impressão: Editorial Melvin C. A Calle el rio con Av. Las Palmas Boleita Sur - Caracas Venezuela Endereço: Av. Los Jabillos 905, com Av. Francisco Solano, Edif. Torre Tepuy, piso 2-2C, Sabana Grande - 1050 Caracas. Endereço Postal: Editorial Correio C.A. Sabana Grande Caracas - Venezuela Telefones: (0212) 761.41.45 Telefax: (0212) 761.12.69 E-mail: correio@cantv.net URL: www.correiodecaracas.net Tiragem deste número: 10.000 exemplares
S
e um dia os nossos pais e avó s decidiram emigrar, atravessando o oceano e começando uma vida nova na América do Sul, hoje constatamos um fenó meno precisamente inverso: muitos filhos de emigrantes optam por se aventurarem numa viagem à Europa, à procura de qualidade de vida. É estar atento. Na Madeira sobretudo, em cada esquina vemos um lusodescendente que decidiu fazer vida na terra dos pais ou avó s. São jovens e não dominam bem a língua, mas nada os impede de tentar a sorte num espaço por descobrir, como já os seus antepassados fizeram na terra de Bolívar. Contudo, nem só os lusodescendentes escolheram a Região Autó noma da Madeira para refazer a vida. Há muitos ve-
nezuelanos de "pura cepa" que se deixaram embalar pelas histó rias dos lusodescendentes e dos emigrantes. Atrás de um "sonho europeu", vieram de malas feitas e com uma meta: conseguir sucesso e, quem sabe, regressar um dia à sua terra natal, um país cheio de insegurança, mas alegre. Nesta edição, reportamos o caso de um emigrante venezuelano na Madeira e transmitimos aos nossos leitores o que hoje acontece com a geração de lusodescendentes e venezuelanos. Como os portugueses na Venezuela, o coração dos venezuelanos que residem em Portugal palpita de saudades das tradições, do desporto e da gastronomia da terra natal. Por isso, unem-se para comer uma "hallaca", jogar basebol ou "rumbear" durante toda a noite com um pouco daquele sabor latino que tanto apreciam.
O CARTOOn DA seMAnA Há falta de professores de português na Venezuela.
E em Portugal há mais de 40 mil no desemprego!!!
A seMAnA MUITO BOM É bom constatar que a solidariedade da comunidade lusa vem ao de cima quando se verificam momentos dramáticos para outros conterrâneos. Recentemente, um emigrante que morreu em condições de extrema pobreza teve um funeral digno graças à generosidade de várias famílias portuguesas e de algumas instituições que deram o seu pequeno contributo para suportar os custos do ritual fúnebre. Acções como estas enaltecem a comunidade, mas o mérito seria maior se situações problemáticas fossem detectadas com antecedência.
BOM A Exposição Industrial e Artesanal que se vai realizar de 16 a 25 deste mês em Los Altos Mirandinos é uma excelente oportunidade para dar a conhecer os produtos e os serviços que se fabricam e distribuem nesta zona onde fazem vida uma importante comunidade lusa. Utilizar este tipo de iniciativas como "montra" para futuros negócios nacionais e internacionais é a melhor forma de promover o alto dinamismo empresarial e comercial de portugueses e lusodescendentes.
MAU Em Agosto, o CORREIO elogiou a atitude do Centro Português, em Caracas, ao se mostrar solidário com o Centro Luso de Turumo, cedendo-lhe instalações para fazer uma acção de recolha de fundos. Até à data, esta iniciativa ficou-se apenas pelas palavras, pois não se disse mais nada sobre a realização do evento. Gostávamos de pensar que a ideia não foi abortada e que esperam a altura mais apropriada para anunciar a data concreta.
Fontes de Informação: DIÁRIO de Notícias da Madeira Jornal de Notícias Agência de Notícias LUSA
MUITO MAU
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O tratamento que alguns funcionários públicos dão aos representantes da imprensa pode ser, muitas vezes, um reflexo da seriedade com que esses mesmos cidadãos encaram o trabalho e o público em geral. Se não há disposição para ajudar os meios de comunicação social com dados básicos, como pode o povo esperar eficiência? Assim, não inspiram muita confiança...
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CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
Fátima de Quintal
Fernando Corte
José Fernando de Castro
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Ana Maria Corte
Maria Zita Rodrígues Gomes
Quinze famílias de Vargas solicitaram ajuda ao Governo português apartamento reservado à gestão de condomínio de um bloco de apartamentos. No entanto, pediram-lhe que desocupasJunta de Beneficência do se o espaço. Estado de Vargas, graças Em 1999, não pediu ajuda ao Consuà iniciativa de Yolanda de lado nem às autoridades portuguesas porSousa e Manuel Sardinha, que não estava bem informada, mas agocomeçou há cerca de três meses a re- ra, com a iniciativa da Junta de Vargas, colher dados sobre as quinze famílias vê uma luz ao fundo do tú nel e tem esque foram novamente afectadas com peranças de poder ter a sua pró pria casa, as enxurradas que voltaram a ator- onde tenciona ir morar com a filha e os mentar o Estado em Fevereiro deste netos. ano. Fátima de Quintal foi também afecDepois de fazer um exaustivo trabalho tada pela segunda vez pelas enxurradas no terreno, a Junta procurou o Consula- que afectaram Vargas. Antes, vivia em do de Portugal em Caracas para pô r es- Carmen de Uria, numa casa emprestada, te organismo a par da situação. Apresen- mas depois da tragédia de 1999 ficou sem tou ao cô nsul Francisco Teles Fazen- nada. Mudou-se, então, para uma casindeiro o caso concreto de cada uma das ha humilde em Naiguatá que fica em famílias e solicitou ajuda econó mica. O frente do rio. Mas agora, a vaga de chupedido foi enviado para Lisboa e foi apro- vas fez com que a água inundasse a casa e vado pelas autoridades portuguesas. Con- a deteriorasse por completo. Só tem, por tudo, o apoio econó mico ainda não che- isso, um quarto pequeno onde dormem gou. todos os membros da família. Algumas destas quinze famílias já soJá várias vezes pediu ajuda ao Goverfreram as consequências da tragédia de no português, mas nunca obteve os reVargas em 1999 e, até ao momento, não sultados esperados. No entanto, mostra-se receberam qualquer tipo de empréstimo agora muito entusiasmada e espera conou apoio. Segundo Yolanda Sousa, a presidente da Junta de Beneficência de Vargas, desta vez as pessoas afectadas vão receber ajuda monetária e não apenas a possibilidade de contraírem um empréstimo. a eSPeRanÇa É a ÚlTIMa a MORReR Na zona de Naiguatá, Estado de Vargas, um lugar que ainda continua em ruínas, estão quatro das quinze famílias que pediram ajuda ao Governo de Portugal, as quais têm grandes necessidades, mas se mostram esperançadas de que a situação vai melhorar, pois actualmente vivem em situações bastante precárias. María Zita Rodrígues Gó mes é uma das emigrantes que integra a lista. Nasceu na Madeira e pertence ao concelho da Ribeira Brava. Há 32 anos que chegou à Venezuela e, desde então, reside no Estado de Vargas. Em 1999, foi vítima da tragédia e teve que abandonar a sua casa e ir viver com a filha e os netos num Yamilem Gonzalez
yamilemcorreio@hotmail.com
A
seguir a ajuda prometida. "Nó s não temos nada, só um pequeno quarto onde dormimos e, sinceramente, espero que o Governo de Portugal investigue todas as famílias e nos ajude, pois estamos mesmo necessitados", diz. Por sua vez, Fernando Corte e a sua mulher Ana Maria Corte são duplamente vítimas. Em 1999, a sua casa e os seus negó cios (uma lavandaria e uma mercearia) ficaram completamente inundados. Começaram novamente a erguer-se e, em Fevereiro, o rio e os saques voltaram a fazer das suas, dando novamente cabo de tudo. Pela terceira vez, abriu uma pequena venda na garagem de uma casinha que lhe emprestaram e onde vive e trabalha. A situação desta família é mais difícil ainda porque Fernando Corte tem graves problemas de saú de e necessita de fazer uma cirurgia, pois tem graves problemas cardíacos. A intervenção é muito cara e, devido às suas condições econó micas, não a pode suportar. "Pedimos ajuda ao Governo de Portugal porque, na verdade, é muito difícil passar pela mesma situação duas vezes.
O que mais queria era poder arranjar um dinheirinho para poder ir para Portugal e passar lá o resto da minha vida", sublinha Corte. Também José Fernando Castro, natural do Funchal, era dono de um estabelecimento comercial em Naiguatá que lhe permitia sobreviver. Na tragédia de 1999, perdeu o seu restaurante e ficou desempregado. Começou então a trabalhar como empregado num talho perto da sua casa, onde ainda continua. Em Fevereiro, o rio levou tudo o que tinha dentro da sua vivenda e, agora, está muito deteriorada. Pediu uma ajuda de 60 milhões para reparar a casa. Está por isso à espera da ajuda do Governo português para poder concretizar as suas pretensões. Cada uma destas famílias apresentam necessidades urgentes. A Junta de Beneficência ofereceu-lhes uma esperança para que a vida destes emigrantes e famílias seja um pouco melhor, pois todas estas pessoas trabalharam durante muitos anos na Venezuela e, de uma forma ou de outra, têm colaborado com o país.
4 Venezuela
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Vantagens de um consulado em Maracay A média de atendimento diário é de 20 a 30 pessoas, sendo que nos últimos meses cerca de 200 pessoas regularizaram os seus documentos Jean Carlos De Abreu Tábita Barrera
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e acordo com Joel Rodrigues, supervisor de procedimentos legais no consulado honorário de Maracay, a média de atendimento diária é de vinte a trinta pessoas e, nos ú ltimos três meses, cerca de duzentas pessoas regularizaram a sua documentação. No que se refere ao processo consular, o cô nsul honorário, Marcelino Canha, afirma que existe em Arágua pouca informação sobre as razões que levaram à criação do consulado nesta localidade. Sublinha que é uma questão de proporcionalidade, pois o Governo de Portugal avaliou a quantidade de portugueses existentes na zona e determinou que era importante a criação desta sede. A criação do Consulado Honorário de Maracay trouxe consigo diferentes opiniões. Há quem defenda que, estando tão perto o Consulado de Valencia, não era necessário criar esta entidade consular no Estado Aragua. Outros, contudo, entendem que devido à grande
procura da comunidade portuguesa da zona e à impossibilidade de transferirse para outro sítio, era importante ter mais uma sede. Este é, por exemplo, o caso de José Marques, membro da comunidade, que felicitou o Governo de Portugal por ter decidido abrir um Consulado Honorário no Estado de Aragua. Pensa que este é uma grande ajuda para a população lusa, que pode agora tratar de papelada e solicitações através deste organismo, que agora está tão perto. Por outro lado, Marques fez um apelo às autoridades portuguesas sobre a falta de informação e apoio às necessidades dos lusos do Estado Aragua no que se refere a saú de, economia e educação. "A coló nia portuguesa está abandonada pelos serviços do Governo português e dá-se muito pouca atenção às nossas necessidades e problemas. Há pessoas que não têm fundos de pensão porque não têm os seus documentos em dia. Devia-se fazer um estudo socioeconó mico para prestar ajuda aos mais necessitados", comenta. FalTa InICIaTIVa PaRa
Centro Portugues de Caracas PROGRAMA DO MES DE SETEMBRO 2005 Sexta-feira 16 Obra Cinematográfica IPC, "A Selva" Lugar: Salão Nobre Domingo 25 Festa das Vindimas Lugar: Esplanada / Area da piscina Sexta-feira 30 Festa do Regresso às aulas Lugar: Parque infantil, Organizada pelo Comité de Damas Sexta-feira 30 Festa do Regresso às aulas Lugar: Salão Nobre Organizada pelo Comité Juvenil A destacar, no mês de Outubro: Domingo 02 Grande Quermesse Hora:Organizada pelo Comité de Damas Lugar: Esplanada / Area da piscina
O enSInO DO PORTuGuÊS Maria Antonieta Martins é uma emigrante portuguesa do Algarve que chegou há mais de 50 anos à Venezuela, juntamente com os seus pais. Desde que chegaram, se fixaram em Maracay, onde tiveram diferentes estabelecimentos comerciais. Com o passar dos anos, os lusos que chegaram à Venezuela "esqueceram-se de ensinar a língua portuguesa aos seus filhos, ou por vergonha ou porque não acreditaram que poderia vir a ser ú til futuramente", expressou-nos esta comerciante e locutora de um programa de rádio. A iniciativa de aprender a língua de Camões, conforme nos afirma Martins, nasceu da hipó tese dos filhos dos emigrantes estudarem em Portugal. É que conhecendo a língua será mais simples ponderar a hipó tese de viajar à terra dos pais. Se não houver interesse por parte dos lusodescendentes, "a nossa língua vai morrer, mesmo que o português seja uma língua com potencial para a comercialização com o país vizinho que tem como língua oficial precisamente o português, o Brasil", diz. "DeSleIXO" DaS auTORIDaDeS POlICIaIS Maracay, Estado Aragua, está localizada a 120 quiló metros de Caracas e conta com um população de 1.481.453 habitantes, segundo os censos de 2000. Segundo estatísticas do Consulado Honorário, é uma das regiões que possui uma das comunidades lusas mais fortes, com cerca de 50 mil lusos, incluindo lusodescendentes. A falta de dinamismo e a apatia da comunidade tem feito com que os lusos se afastem dos seus paisanos e que a visita "social" a um clube não seja uma
prioridade. Alguns queixam-se de que não têm tido a devida atenção por parte das autoridades portuguesas. A insegurança é um dos problemas que mais afecta a comunidade lusa de Maracay e os seus arredores. David Alçaria, advogado e lusodescendente de pais portugueses do Algarve, comentounos que as autoridades policiais venezuelanas não têm ajudado muito a comunidade em casos de extrema emergência. MeDO e InTIMIDaÇÃO A comunidade portuguesa do Estado de Aragua também não consegue fugir da problemática dos sequestros. Conforme nos explica o cô nsul honorário, a lei venezuelana actual não contempla um castigo específico para esse tipo de crimes. "O Governo venezuelano devia tomar medidas de penalização e estudar uma lei que desse garantias aos cidadãos nesta matéria. Mesmo que isto não solucionasse o problema na sua totalidade, seria um bom princípio", acrescentou Marcelino Canha. Por outro lado, o advogado David Alçaria assegurou-nos que a comunidade portuguesa está a mercê dos bandoleiros: "muitas vezes há cumplicidade por parte dos funcionários policiais, os empregados bancários e os pró prios empregados que trabalham connosco", disse. De acordo com Alçaria, a corrupção está presente em todos os níveis e a polícia reconhece que os cabecilhas muitas vezes fazem parte do organismo policial. Para este luso, a depuração destes corpos é vital para que a população recupere a confiança. "Lamentavelmente, os pró prios portugueses têm tido que se cuidar a si pró prios, pois são muitas vezes vítimas de assaltos e de sequestros. Muitos casos não são tornados pú blicos, mas são uma constante os actos criminosos que se verificam contra a comunidade lusa desta cidade", acrescentou.
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Emigrar para a Madeira Aleixo Vieira
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uan José Pérez é um dos muitos emigrantes venezuelanos que optam por ficar em terras madeirenses. Uma coisa que, há algum tempo, seria difícil de imaginar. Este jovem, como outros, procurou a ilha para tentar progredir na vida. E o que não faltam são histó rias sobre a forma como se adaptaram à terra que um dia viu os pais saírem, à procura do "sonho americano". Sentem-se, na sua maioria, bem e admiram a tranquilidade, a segurança e a organização do país. Mas têm saudades da sua pátria, dos seus costumes, da alegria do povo, do basebol, da mú sica, etc. "Se algum dia houvesse tranquilidade na Venezuela, regressava", disse Juan José Pérez. Um regresso que, afinal, es-
tá nos horizontes de quase todos os que um dia deixaram a Venezuela. É um cenário semelhante ao da emigração portuguesa que outrora também deixou a sua terra natal cheia de problemas e dificuldades. Juan José é um jovem venezuelano que optou pelas terras portuguesas para viver e trabalhar. O sotaque é facilmente reconhecível e a simpatia também. Cozinheiro de profissão, foi induzido pelo seu patrão na Venezuela a trabalhar também com ele na Madeira. Aceitou e já lá vão três anos em Portugal. Não esquece a sua terra, a família os amigos e o "vecindario" onde vivia em Barquisimeto. Fala-nos de "malandros" e conta histó rias de assaltos. Mas também nos fala da Madeira, elogiando a limpeza, a organizaç ão e o tráfico: "em trinta minutos estamos em qualquer lado", diz, destacando a importâ ncia da segurança
nas ruas, nas casas e em todas as partes. "Vou à praia e deixo as coisas em qualquer parte. Às vezes até me esqueço que levei uma mochila comigo, pois ninguém toca em nada", refere. Nas ruas, todos os dias encontramos alguém da Venezuela e alguns até são de "pura cepa" (originais, não descendentes de lusos). O ambiente de diversão, esse sim, é bem diferente, pois "festas boas são as venezuelanas, com merengue e salsa. E duram até ao amanhecer". SE CONHECESSEM O BASEBOL, O FUTEBOL SERIA RELEGADO O basebol também é um pretexto para reunir venezuelanos. "Aqui fala-se muito de futebol, mas os madeirenses não conhecem ainda bem o basebol" refere. "É bom apreciar o ambiente dos jogos, a alegria, a cerveja no campo, os locuto-
res a puxarem pelas pessoas, etc." Juan José conhece bem o Funchal, onde passeia nos seus dias livres. O porto é ponto obrigató rio de visita. "Gosto de ver entrar e sair os barcos de recreio", conta-nos. Nas ruas, diverte-se ouvindo as pessoas a falar e conhece ao longe um venezuelano: "desde a forma de andar à de vestir, e por ú ltimo o sotaque. Basta que diga "mira" e sabemos que aí está mais um paisano", refere. Não se queixa dos hábitos alimentares portugueses, até porque aqui há de tudo, desde "harina pan", até "diablitos", malta e a famosa polarcita, embora seja cara, pois custa 1 euro e 20". Por isso, acha que "devia haver um subsídio para a polar", diz com ar de brincadeira. A televisão ainda é o seu passatempo favorito. Vê sempre o canal Globovision - que é transmitido na Região - e adora o programa de Leopoldo Lo-
pes, "Aló Ciudadano". Sobretudo porque considera que em linha geral os políticos na Venezuela falam demais e trabalham pouco, lamenta a ausência da transmissão de jogos de basebol venezuelano e de grandes ligas. "Se passassem os jogos aqui isto seria uma loucura", assegura. Uma lágrima no cantinho do olho espelha o carinho e as saudades da família e, por isso assegura-nos que "um dia vou trazê-los cá para que conheçam a beleza desta ilha". O diálogo interrompe-se com a chegada do humorista venezuelano, o "Conde del Guácharo". "Sou venezuelano", diz o jovem, cumprimentando com alguma confiança o comediante. Pede para tirar uma fotografia ao seu lado "para mostrar à minha família", justifica-se. Derrete-se em simpatia e desata gargalhadas com as brincadeiras do artista. "Somos assim: alegres", conclui.
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Caracas assombrada por "esqueletos" Jean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
N
a madrugada do passado dia 8 de Setembro, pendurados em diferentes pontos da cidade capital venezuelana, foram encontrados vários esqueletos, feitos com cartolina branca e com uns envelopes cheios de pó tó xico. Ao tentar retirar as referidas figuras brancas, foram intoxicados dois funcionários da Polícia Municipal de Baruta. Eram na Venezuela cerca de 4h30 da madrugada quando, segundo nos comentou o director da polícia municipal de Baruta, Luis Godoy, uma comissão de guardas que estava a rondar entre a zona de Caurimare e Los Ruices avistou um esqueleto de papel branco que continha um envelope branco também. Quando os agentes verificaram o conteú do do envelope, começaram a sentir um mal-estar tremendo e fica-
ram com suores frios. O comissário da polícia de Baruta deu conta do acontecimento ao Corpo de investigações Científicas, Penais e Criminais (CICPC) para iniciar as investigações pertinentes e determinar que tipo de substâ ncias foram utilizadas, assim como para que fossem imediatamente localizados os restantes "esqueletos" que tinham sido espalhados pela cidade.
Embora não se saiba o motivo específico, os bonecos de papel que foram colocados em diferentes pontos das ruas servem, provavelmente, para protestar contra o Governo nacional. Os "esqueletos", informaram fontes oficiais, foram colocados nas zonas mais movimentadas como Santa Fé, San Martín, Caricuao, Los Dos Caminos e a estação de metro Parque del Este, entre outros.
As figuras vinham acompanhadas de umas frases que diziam: "Chávez é um terror" e "Chávez é miséria". O grupo "Cambio", a quem se atribuiu a autoria dos acontecimentos, negou através de um comunicado que os envelopes tivessem substâ ncias tó xicas. A carta enviada à comunicação social expressa que o cidadão comum está farto de ver como o país se perde e que, como tal, decidiu
fazer qualquer coisa para combater o ó cio e o conformismo do Governo. Esta é a segunda vez que este grupo se manifesta, pois há alguns dias colocaram placards semelhantes, sem químicos, para manifestarem o seu descontentamento pela morte de quatro pacientes no Hospital de los Magallanes de Catia, localizado também em Caracas.
8 VEnEzuEla
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Emigrantes revivem a tradição da vindima Jean Carlos De Abreu
deabreujean@yahoo.com
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uito antes da ilha da Madeira ter sido oficialmente descoberta, já era conhecida por ser uma área vinícola. O licor que se fazia no século XIII no arquipélago foi escolhido como a bebida "vitoriosa" que era consumida pelos mais ricos norte-americanos, em 1776, e por outras personalidades que o catalogaram como um "autêntico tesouro". A elaboração do vinho em Portugal é uma tradição que se realiza anualmente, sendo que embora já não tanto como antes o ensino desta preparação passa de geração em geração. Pisar as uvas para depois guardá-las em pipas é um processo seguido pelos vinicultores portugueses. Não há data exacta para identificar a festa tradicional que se realiza no Estreito de Câ mara de Lobos, Madeira, mas há pelo menos mais de cinquenta anos este evento passou a ser um costume muito procurado tanto pelos seus habitantes como por tu-
No Centro Português, em Caracas, vai ser recriado o cenário de um lagar para fazer vinho ristas de outros países que vão ao local para ajudar a vindimar, ajudar a fazer e degustar o vinho. Muitos madeirenses que chegaram à Venezuela trouxeram
consigo esse costume. Alguns mantêm a tradição de fazer mais de cinquenta litros de vinho tinto por ano. Este líquido precioso serve não só para consumo pró prio, mas também para oferecer aos familiares e a convidados. No pró ximo dia 24 de Setembro, no Centro Português, em Caracas, realiza-se as comemorações da Festa das Vindimas. Esta actividade vai contar com
uma nova atracção: vai levar-se para o local uma charola de uvas que serão pisadas pelo vinicultor, como nos explicou José Manica, o mesmo emigrante que recriou recentemente o cenário das tosquias, como se fazem no mês de Julho na Madeira. O evento vai contar com a animação do Grupo Folcló rico "Danças e Cantares do Centro Português", que actua enquan-
to Manica segue o ritual da pisa das uvas com os pés ao ritmo da mú sica. Com ele, vai estar também o presidente do Centro Português, André Pita. "Esta ideia de fazer vinho no clube e comemorar a festa das vindimas tem como principal objectivo reavivar as tradições portuguesas para que as mesmas sejam conhecidas pelos lusodescendentes", destacou Manica.
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10 REPORTAGEM
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O tio da Venezuela dever nada à beleza. Eram obrigató rios os beijos dos mais pequenos aos "tios (DN - Madeira) da Venezuela", que a maioria nunca tinha visto e que tinham uma particulariinham quase sempre no Ve- dade: eram quase todos gordos, tinham rão ou no Natal, traziam bigodes e estavam muito queimados pemalas enormes, apertadas lo sol. com cordas e que nunca No fim da década de sessenta a vipercebi como eram aceites nos aviões. da não era fácil, na Madeira. O país vivia A sua chegada comparava-se às tole- numa ditadura em que os mais pobres râ ncias de ponto de hoje, porque to- tiravam o chapéu ao senhor doutor, os dos queriam estar presentes à chegada e jovens combatiam em África, numa gueinventavam uma desculpa para fugir ao rra que poucos percebiam e em que o serviço. Até havia verdadeiras excursõ- inimigo era pintado como terrorista sanes ao aeroporto, ou à Pontinha, onde o guinário, mesmo que estivesse a lutar "Santa Maria" terminava uma viagem pela sua terra. Os que conseguiam emique ligava os dois lados do Atlâ ntico. grar escapavam às dificuldades e não Das portas dos aviões e das escadas tinham que vestir farda e aprender a do navio, desciam o que, para os mais disparar uma G-3. Quando voltavam, pequenos, eram autênticos ET's, seres faziam questão de mostrar o seu sucesso, vestidos com roupas vindas directa- mesmo exagerando e pintando o "El mente de Marte, mas com um sorriso Dourado" de onde vinham com cores que aquecia meio mundo. Traziam con- que nem sempre eram as mais fiéis. sigo o brilho do sucesso e, logo à cheNa Venezuela, na África do Sul, no gada, já faziam despertar aquela inveja Curaç au, ou na Austrália, tudo era envergonhada de quem vivia numa te- maior que aqui. As estradas tinham cinrra onde pouco havia e as esperanças co faixas e eram difíceis de imaginar não eram muitas. Mas era tudo uma fes- para quem não acreditava que algum dia ta e a garantia de que um pouco da for- haveria vias-rápidas nesta terra. Os catuna daqueles familiares desconhecidos rros eram umas "banheiras" enormes, ira chegar a todos. comparados com os modestos, mas fiáA primeira cerimó nia, ainda no cais, veis, Datsun 1200 e NSU que começaera a recepção. Não podiam faltar lágri- vam a aparecer nas nossas estradas. Tumas, abraços que partiam as costelas aos do era melhor, ou pelo menos parecia. mais fracos e a afirmação solene de que Depois de ouvir as mil e uma histó o rebento mais pequeno, que não tinha rias dos negó cios, dos baptizados dos vindo na ú ltima viagem, era a carinha primos - umas crianças ainda mais eschapada do pai, mesmo que fosse rapa- tranhas que os pais e que só falavam riga e isso significasse que não ficaria a línguas que ninguém percebia - e do diJorge Freitas Sousa
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vó rcio (pecado mortal!) de um familiar afastado, vinha a melhor parte: a abertura das malas. Tio da Venezuela, ou de outro sítio qualquer, que vinha de férias à Madeira, não podia esquecer as prendas para toda a gente. A qualidade dos "regalos" é que variava, seguindo o bom gosto, ou ausência total dele, de quem oferecia. Muitos ainda se recordam daquelas malas de navio, de madeira, parecidas com as arcas do tesouro dos piratas, que tinham de tudo lá dentro. Para os mais pequenos, o importante eram os brinquedos. Independentemente da origem do "tio", eram sempre diferentes do que havia por cá, porque nas lojas do Funchal havia muito pouco por onde es-
colher e no resto da Região ainda era pior. A maioria dos miú dos daquele tempo, que hoje andam na casa dos 40, viu o seu primeiro carro a pilhas na mão de um tio da Venezuela ou do Curaçau. Eram quase todos vermelhos e de modelos norte-americanos. Havia os Ford Mustang, os carros de bombeiros de um qualquer "Fire Department" e carros da polícia do "sheriff" de uma cidade dos Estados Unidos, Mais tarde fiquei a saber que vinham todos de Miami. Era melhor que o Natal, mas para muitos de nó s não batiam uma boa joeira, ou um carro de rolamentos. Para as raparigas ainda era mais espectacular. As bonecas falavam, canta-
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
vam, abriam e fechavam os olhos e até havia bebés que choravam. A mala dos tios era um baú de fantasias que povoava o imaginário infantil, uns meses antes da chegada dos emigrantes. Além dos brinquedos, traziam guloseimas. Para perceber a importâ ncia destas prendas é importante lembrar que, naquele tempo, não havia chocolates da Nestlé, bolachas das mil e uma marcas que hoje entopem as prateleiras dos supermercados, nem sequer havia Coca-cola. Os chocolates da Venezuela e da África do Sul ganhavam a todos os rebuç ados de arraial e chupa-chupas. É deste tempo o meu primeiro contacto com uma coisa que, hoje, considero intragável: manteiga de amendoim. Um produto tipicamente americano, que vinha das Antilhas Holandesas. Depois da comida vinham as roupas. Das imensas malas saíam as camisas mais coloridas que se possam imaginar, vestidos com mais flores que um jardim e um grande sortido de lenços, cintos e bonés. As calças de ganga também tinham marcas "made in Venezuela" e vinham acompanhadas de uns cintos à cowboy com a inicial à frente. Alguns adereços identificavam a origem dos "tios". Um boné de basebol, daqueles que hoje são distribuídos por todo o lado, até nos comícios, era coisa rara e tinha a marca do Panamá. Como a maioria dos emigrantes madeirenses naquele país eram oriundos do Paul do Mar, os bonés foram chamados, durante muito tempo, "chapéus dos pauleiros". Muita gente andou com bonés dos "New York Yankees", sem fazer a mínima ideia do que representavam. Ainda mais características eram as camisas da Venezuela e do Brasil, as mais tropicais que se possam imaginar e em tecidos brilhantes. Mais discretas eram as da África do Sul que lembravam os safaris e eram muito boas para ir para a serra.
Algumas vezes também vinham pequenos electrodomésticos, torradeiras, batedeiras e outras peç as que ainda eram raras nas lojas madeirenses. O presente habitual para o chefe de família era uma máquina de barbear. O ú nico problema era que estes equipamentos funcionavam, quase sempre, a 110 volts e não traziam transformadores. Muitos arderam na primeira utilização, ou nunca chegaram a funcionar porque tinham umas fichas muito diferentes das nossas. Mas valia a intenção. Quando andavam nas ruas, os emigrantes também eram imediatamente identificados pela indumentária e até havia indícios do local de trabalho. Os que vinham do Curaçau, quase sempre andavam com uns macacões de caqui, com o símbolo da "Shell" nas costas, indicação clara de que trabalhavam nas plataformas de petró leo, ou nas refinarias. Estes parentes mais abastados também tinham um efeito positivo para as comunidades. Tal como hoje, eram os festeiros dos arraiais de Verão e faziam doações importantes para a paró quia. Com o passar dos anos inverteram-se situações. Os países de acolhimento dos emigrantes madeirenses passaram por crises importantes e muitos viram-se obrigados a moderar as visitas à terra. Mesmo assim, sempre mandavam umas malas cheias de roupa, que pretendiam ser o contributo para melhorar a vida dos que cá ficaram. Mas os tempos eram outros e as prendas que antes eram uma maravilha, passaram a não brilhar tanto e a ser recebidas com alguma indiferença. Portugal mudou e a Madeira ainda mais. Os tios da Venezuela continuavam simpáticos, mais velhos e agora com netos. Aos poucos foram deixando de trazer coisas, porque cá já havia de tudo, até estradas com várias faixas. Mas ficou a nostalgia de abrir um baú de onde podia sair de tudo.
REPORTAGEM 11
12 HISTÓRIA DE VIDA
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Os pesos do sr. Granito mérito ao emigrante. Um emigrante que agora não é nem venezuelano nem português. ara mim, o desporAs vivências de um emito sempre foi uma grante tornam-no forte, ensiaventura. Como nando-o a apreciar as coisas de desportista, encon- outra forma. Lembro-me que, trei e fiz muitos amigos no gi- quando trabalhava como "bilnásio do Veló dromo, em El heteiro" num autocarro, nas Paraíso. Mas eu comecei a trei- épocas festivas a empresa fazia nar pesos muito antes. Desde umas viagens fora de horas paque cheguei, em 1955. Era tão ra cobrir as necessidades de bom que me queriam enviar às transporte das pessoas. Este Olimpíadas de México e co- "desdobramento" de horário mecei a conta disso a tratar das permitiam-me alguns momenpapeladas para me regularizar tos de diversão e de canto, encomo venezuelano. Treinava às quanto trabalhava a comer cetardes depois de sair do trabal- rejas. Era uma diversão ocasioho e muitas vezes prolongava nal comprar um cesto de os treinos até bem tarde da cerejas. Já na Venezuela, pernoite. cebi o que diziam os mais velTambém ajudei a treinar hos sobre a importâ ncia de outros portugueses. Isso foi no poupar cada escudo quando Centro Português, que funcio- fosse possível. Percebi também nava na mesma urbanizaç ão que era importante dar valor desde 1958. Nunca o encarei co- ao dinheiro e à vida. Mas tammo um emprego, foi pelo con- bém nem tudo devia ser tratrário um passatempo, uma for- balho. Muitas vezes comparei ma de confraternizar, inter- aquelas cerejas com as pequecambiar e encontrar-me com nas coisas que desfrutava aqui, os meus conterrâ neos. Por- na Venezuela, como as noveque a vida de emigrante é dura. las e os filmes mexicanos de E digo isto porque nas pes- Pedro Infante. soas que nunca saíram de PorNos primeiros quatro anos, tugal reina uma grande igno- dormi numa pequena lancha. râ ncia sobre o que tem de enfrentar um emigrante e do que vive na Venezuela, por exemplo. Quando chegámos cá, encontramos pessoas muito boas, como também havia em Portugal. Não diferentes no sentido de serem melhores, mas diferentes porque nos olhavam com alguma discriminação. E isso conseguimos aguentar e superar. Os que ficaram em Portugal nunca passaram por isso, não conheceram a discriminação - o que até dá algum Martí n Granito
La Vega, Caracas.
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Depois, comprei uma caminha de ferro. Éramos quatro a dormir no mesmo quarto. Em La Guaira, cheguei à casa de um tio e no mesmo dia me levaram para La Veja, onde outro tio que era condutos de autocarros me recebeu. Trabalhava e poupava para pagar a viagem, pois quando vim nem tinha dinheiro para o bilhete. Como era bo-
nita Caracas! Eu tinha 19 anos. Não vim por ambição. Tinha muita vontade de sair de Santo Antó nio, Madeira, e queria navegar. Isso está no sangue. Sempre alternei alguns passatempos com o meu trabalho. Primeiro foram os pesos e o desporto. Agora, é a cerâ mica e a pintura, um dom artístico que descobri com um barbeiro
do meu povo que fazia figuras de argila. Na minha humilde casa, tenho o meu atelier mecâ nico e numa esquina um atelier de arte. Trabalho com moldes e torno, sem levantar muitos pesos. 69 anos, juntamente com a minha senhora, vejo tudo com mais serenidade e as coisas sabem-me mais se forem feitas com tempo.
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A fugir da guerra Silvestre Costa vive na Venezuela há 40 anos e há quinze que o destino de férias é sempre o mesmo: a Madeira dor e a vontade de regressar para a Madeira foi grande. Mas tinha feito uma viagem ra uma criança de tão longa e estava decidido a 15 anos quando de- lutar para conseguir uma vida cidiu sair da Ma- melhor. deira com o irmão Para além disso, a principal de 14. Foi ter com o pai, um causa da sua saída de Portugal emigrante que já estava na continuava a ser uma ameaça. Venezuela há um ano. Lem- Não queria ir para a guerra, cobra-se perfeitamente da an- mo foram três dos seus doze siedade e do medo que sentiu irmãos. Por isso, aguentou-se durante a viagem de barco e e hoje, 38 anos depois, vê a conta-nos que ele e o irmão Madeira como um local ideal combinaram que, se o pai não para passar férias e, em simulestivesse no porto, não saíam tâ neo, reencontrar a família. do barco. Foi viver para o trabalho Silvestre Cova tem 55 anos, do pai, uma oficina de carros, é natural de Santo Antó nio, e cedo começou a trabalhar Madeira, e chegou à terra de como distribuidor de leite. Bolívar em 1967, dois dias deSete ou oito anos depois, já pois de um grande terramoto tinha poupado dinheiro sufiter destruído algumas zonas de ciente para comprar, com o irCaracas, principalmente Los mão, uma oficina mecâ nica. Palos Grandes e Altamira. O negó cio ia bem, mas nunca Como tal, o cenário que en- tão bem como esperava, o que controu não foi nada motiva- veio a acontecer, aliás, só Sónia Gonçalves
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quinze anos depois de ter chegado à Venezuela. E foi só nessa altura que visitou a sua terra natal e, desde então, quase todos os anos vem à Região de férias. Hoje, é um grande empresário. Tem uma fábrica de automotriz (calços, travões e embraiagens) e não só se dedica à venda como também à distribuição. Silvestre Cova tem três filhos e é tesoureiro da Academia do Bacalhau, em Caracas, uma associaç ão que integra desde a sua fundação. Sobre a Madeira, diz que nos ú ltimos anos tem notado uma transformação como nunca viu "em lado nenhum". Sente-se orgulhoso de ser madeirense e gosta da ilha, mas não prevê por agora regressar definitivamente, pois a sua vida agora é do outro lado.
PERFIL 13
14 CULTURA
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Macau: cidade Patrimó nio da Humanidade Esta ex-colónia portuguesa acaba de ser nomeada pela UNESCO "Património da Humanidade", uma forma de reconhecer o papel que desempenhou na ligação entre a Europa e o Oriente durante mais de quatro séculos. qual só se conserva a fachada, são a principal imagem turística de Macau. A inclusão desta cidade na lista dos UNESCO anunciou re- patrimó nios da humanidade permite centemente a sua decisão fortalecer ainda mais o turismo, que de converter Macau em está a crescer graças ao auge dos casiPatrimó nio da Humani- nos, mas que espera um arranque meldade em Durban (África do Sul), fa- hor no pró ximo ano. Noélia de Abreu
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zendo referência a uns vinte monumentos, entre os quais se inclui a sede do antigo Senado, as ruínas de Santo Domingo ou a praç a da Companhia de Jesus, que foram identificadas como jó ias da arquitectura europeia na Ásia.
Esta cidade faz fronteira com a localidade chinesa de Zhuhai e é uma das cidades mais ricas do país e um dos destinos favoritos dos chineses que têm encontrado ali um paraíso dos jogos de azar. Desde o ano que a ex-coló nia regressou à China (1999), o Governo da região tem gasto quase vinte milhões de dó lares em cem programas de protecção dos seus sítios histó ricos. A arquitectura de Macau testemunha a presença portuguesa durante muitos séculos e representa uma das primeiras mostras da arquitectura europeia da China. As ruínas da Igreja de São Pedro, destruída por um incêndio em 1835, da
através de uma extensa rede de portos comerciais que lhe permitiam transferir bens exó ticos e caros para os seus portos na África e dali para a Europa. Evidentemente, o tempo sob o controlo português deixou a sua marca na comida, arquitectura, religião e vidas e costumes quotidianos dos habitantes de Macau.
UMA CAPITAL EUROPEIA NA CHINA Macau era até 1999 uma coló nia portuguesa em chão chinês. Foi oficialmente fundado em 1957, durante a era do colonialismo entre a Europa e o longínquo Oriente. Em 1887, Macau foi reconhecida pelos chineses como uma coló nia portuguesa e se manteve sob o controlo português até ao golpe de Estado por parte da esquerda, em 1974. Em 1976, Portugal outorgou-lhe uma administraç ão e economia independentes. O territó rio foi devolvido à China em 1999, em condição de "região de administração especial". Desta maneira, Macau converteu-se, durante séculos, na principal capital europeia da Ásia. A partir dali, o Império português geria o seu comércio com a China, o Japão e com o resto das praças do longínquo Oriente, essencialmente
Morreu Fernando Távora Noélia de Abreu
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ernando Távora, decano dos arquitectos portugueses e fundador da Escola do Porto, faleceu este mês de Setembro no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, aos 82 anos de idade.
Além de inú meras obras de raiz, o arquitecto assinou diversos projectos de remodelação, com destaque para o Palácio do Freixo e o Museu Soares dos Reis, tendo sido pioneiro na recuperação do centro histó rico de Guimarães, hoje Patrimó nio da Humanidade. Para além da obra física, Fernando Távora destacou-se como pedagogo, tendo influenciado uma nova geração de arquitectos, como Álvaro Siza Vieira ou Souto Moura, lançando as bases da Escola do Porto, uma das mais influentes correntes da arquitectura moderna portuguesa. Fernando Luís Cardoso Meneses de Tavares nasceu no Porto a 25 de Agosto de 1923. Em 1952, licencia-se em Arqui-
Língua: português e chinês (cantonês). Religião: budismo, catolicismo, taoísmo e confucionismo. Moeda: yen Gastronomia: Há uma grande variedade de pratos portugueses, chineses, japoneses, coreanos e indonésios. A comida local é muito condimentada e caracteriza-se pela combinação das cozinhas chinesa e portuguesa. Os pratos incluem bacalhau de lentilhas, feijoadas e "dim sum" (snacks chineses servidos em cestos de bambu), entre outros. Atracções: Macau é também a capital asiática dos jogos de azar. Mais de 40 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) depende dos impostos dos casinos.
Távora foi pioneiro na recuperação do centro histórico de Guimarães
tectura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, vindo a ser mais tarde convidado para integrar o inovador corpo docente da instituição, então dirigida por Carlos Ramos. Como arquitecto, Fernando Távora é um dos primeiros a lançar as bases do modernismo em Portugal, mas rapidamente compreende a necessidade de integrar os valores da arquitectura local e tradicional na construção do novo, de que o Mercado de Vila da Feira (1954) e a Ca-
sa de Ofir (1956) são exemplo. Nasce desse sentido de unidade, a premiada intervenção no Convento de Santa Marinha, em Guimarães, transformado em pousada, uma obra que lhe valeu em 1985 o Prémio Europa Nostra e dois anos mais tarde o Prémio Nacional de Arquitectura, dois dos muitos galardões que lhe foram atribuídos em vida. Além de inú meras intervenções no centro histó rico do Porto (de que foi um dos principais defensores), Aveiro e Guimarães, Fernando Távora assinou ainda trabalhos tão emblemáticos como a Casa dos 24 (Porto), a Escola do Cedro (Gaia), ou as intervenções na Quinta da Conceição (Matosinhos) e no Convento dos Refó ios, adaptado para albergar a Escola Superior Agrária em Ponte de Lima. Destaques ainda para os vários ensaios que publicou ao longo de meio século de actividade, como "O Problema da Casa Portuguesa" (1947) ou "Da Organização do Espaço" (1996), bem como a sua participação no projecto que culminou no "Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa".
BREVES Criado maior prémio artí stico da Pení nsula Ibérica
Responsáveis dos dois governos ibéricos anunciaram a criação de um prémio hispano-português bianual para distinguir um criador cultural reconhecido por ambos os países. O galardão terá um valor de 120 mil euros.
Mafalda Arnauth na World Music
É a voz portuguesa que nos vai representar na World Music, uma colectânea de artistas femininas a editar pela Blue Flame, uma discográfica alemã. "Ó Voz da Minh'alma", da autoria da fadista e retirado do álbum "Encantamento", é o tema que vai integrar o quinto volume da edição, um projecto que nasceu há cinco anos e no qual já apareceu Cesária Évora. Nesta ocasião, Arnauth estará acompanhada por outra lusófona, a cabo-verdiana Maria de Barros. Tomado do Boletim de Artes e Letras do IPC
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Pianista portuguesa promove experiência artística inédita Noélia de Abreu
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pianista portuguesa Maria João Pires, juntamente com um grupo de mú sicos, actores, artistas plásticos e bailarinas de vários países que constituíam a equipa “ Art Impression", dirigida por Judite Da Silva Gameiro, desenvolveram um projecto baseado numa fó rmula inédita de diálogo entre as artes, assistida pela fundação espanhola Caja Duero. O cenário escolhido para este inovador espectáculo foi o Palácio de
Maria João Pires, considerada uma das melhores pianistas do mundo, realizou em Espanha um espectáculo inédito de música, dança, teatro e circo. Carlos V da capital granadina, onde se levaram a cabo cinco actuações com a participação de cinco pianistas de diferentes gerações, incluindo os irmãos holandeses de 9 e 12 anos, Arthur Jussen e Lucas Jussen. Os concertos continuaram com umas actuações ao ar li-
vre e com a participação do pú blico, o que serviu para iniciar e sensibilizar os espectadores quanto ao seu papel participativo. Para cada um dos concertos, a directora do espectáculo, Judite da Silva Gameiro, concebeu uma entrada em cena específica, baseada no programa musical interpretado, que serve de tela para as imagens em movimento. A dança e o jogo teatral e corporal compõem uma série de universos cénicos. A novidade do contexto e da experiência artística rompem com a percepção tradicional e permitem ao espectador implicar-se mais no acontecimento.
A directora do espectáculo Judite da Silva Gameiro (Portugal, 1957), a directora do espectáculo, emigrou para a França, onde obteve o título do Colégio Nacional de Artes e Técnicas do Espectáculo. Autora, encenadora e desenhadora, a artista regressou ao seu país natal em Fevereiro de 1998 para criar Teatro KA, uma experiência de intercâmbio cultural franco-portuguesa.
CULTURA 15 Perfil da artista Maria João Pires, nascida em Lisboa em 1944, é considerada por muitos críticos a melhor pianista do mundo. Apresentou-se perante o público pela primeira vez com apenas quatro anos e aos cinco deu o seu primeiro recital. Dois anos depois, interpretava já concertos de Mozart em público. Entre 1953 e 1960, Maria João Pires estudou no Conservatório Nacional de Lisboa com o professor Campos Coelho, tendo frequentado também os cursos de Composição, Teoria e História da Música com Francine Benoît. Os seus estudos prosseguiram na Alemanha, primeiramente na Academia de Música de Munique e depois em Hanôver. Desde os anos 70, se dedica à reflexão da influência da arte sobre a vida, a comunidade e a escola. O reconhecimento internacional de Maria João Pires teve lugar depois da intérprete obter o Primeiro Prémio do Concurso do Bicentenário de Beethoven, em 1970. Em 1987, apresentou-se em Hamburgo, Paris e Amsterdão, por ocasião da digressão inaugural da Orquestra Juvenil Gustav Mahler.Pires apresenta-se regularmente na Europa, Canadá, Japão, Israel e nos Estados Unidos. Fez a sua estreia no Festival de Salzburgo em 1990, com a Orquestra Filarmónica de Viena.
Brasil cumpre 183 anos de independência Noélia de Abreu
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Brasil comemorou a 7 de Setembro a dia em que Pedro I, regente do Brasil, proclamou em 1822 a independência da Nação de Portugal. Muito ligada às instabilidades políticas da Europa, a autonomia do Brasil não se deu graças a apaixonadas contendas nem lutas internas, mas foi pelo contrário uma con- sequência ló gica e directa dos acontecimentos do Império francês, mandatado por Napoleão Bonaparte, e incidiu directamente sobre a coló nia portuguesa.
Em 1807, Napoleão ameaçou invadir Portugal se este não fechasse os seus portos na Inglaterra,
A história deste paí s dá conta da influência que deixou impregnada a cultura portuguesa durante os anos em que era uma colónia de Portugal Na sua vez, a Inglaterra ameaçou também Portugal de afundar toda a sua frota se os Bragança, a família real portuguesa, não se transladassem interinamente para o Brasil. Cercados entre as duas ameaças e sem margem para manobra, os Bragança embarcaram até à América. Foi assim que, a 22 de Janeiro de 1808, a família real portuguesa, integrada pela rainha Maria I e o seu filho João IV, desembarcaram no Brasil, acompanhada por um contingente de 1500 pessoas, de entre os quais
Influência
O contacto do português com o índio fundiu-se para formar duas vertentes culinárias no Brasil. As "yucas", as frutas, as pimentas, a caça e a pesca foram se misturando ao azeite de oliva, ao bacalhau seco, aos guisados e à confeitaria. Cerca de 55% da população brasileira é composta por europeus de origem portuguesa, italiana e alemã. tinha membros da corte, escravos e parentes. Ainda quando, anos depois, Portugal foi libertado da ocupaç ão francesa, a sua realeza continuou fixada no Brasil, que a 16 de Dezembro de 1815 foi convertido em reino. Devido à morte da sua mãe, João IV converteu-se no rei João de Portugal e do Brasil. Em Portugal, em Outubro de 1820, a burgue-
sia se revoltou em Lisboa e no Porto, reclamando por causa das más condições político-econó micas. Ainda, a Junta de Governo provisó ria exigia, entre outras coisas, o regresso a Lisboa de João IV e restituição do Brasil à condição de coló nia. Sem alternativa perante o risco de perder a sua coroa em Portugal, a 26 de Abril de 1821, o rei regressou a Lisboa, deixan-
do o seu filho Pedro como regente do Brasil. O chefe do governo brasileiro, José Bonifácio de Andrade e Silva, convocou então uma assembleia constituinte, incorporou um maior nú mero de brasileiros no seu gabinete e propus uma monarquia independente, que ajudou a preservar a ordem política, social e territorial. Foi assim que, a 7 de
Setembro de 1822, o regente Pedro renunciou ao domínio português e proclamou a independência do Brasil. A 12 de outubro desse ano, Pedro adoptou o título de "imperador", com o qual foi coroado pelo bispo do Brasil, adoptando o nome de D. Pedro I. E a 1 de Dezembro foi nomeado, no Rio de Janeiro, "Imperador Constitucional do Brasil".
16 LAZER
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Grupo folcló rico "Alegria da Nossa Terra" continua vivo Trinidad Macedo Yamilem Gonzalez
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Directora Ana Pestana desmentiu rumores que surgiram sobre a desintegração do grupo de Barquisimeto
legria da Nossa Terra" é um grupo independente constituído na cidade de Barquisimeto que tem Festival de Folclore Madeirense, em Los Valles del uma ampla tradição de família, Tuy e no Festival de Folclore Português de Valencia. pois é constituído por três gerações portuguesas e venezuelanas, as quais se têm dedicado à divul- TRÊS GERAÇÕES gação do folclore português. Ana Pestana, nascida na cidade de Lara, é filha de
Recentemente, houve rumores que davam conta do desaparecimento deste grupo e, a este respeito, Ana Pestana, directora de dança, confirmou que estes comentários são falsos pois, pelo contrário, o grupo está mais activo do que nunca, trabalhando sempre no duro em cada apresentação. Admite que se fizeram algumas reestruturações no que se refere ao nú mero de membros, pois por razões diversas onze pessoas abandonaram o grupo” , mas sublinha que para colmatar este vazio entraram cinco novos membros, com os quais está a trabalhar actualmente. "Estamos vivos e no dia em que cheguemos a desaparecer, nó s mesmos vamos divulgar junto de toda a comunidade. Por enquanto, contamos com o apoio de todos, pois nó s, enquanto grupo, vamos manter-nos até que Deus nos permita", destaca Pestana. Este grupo folcló rico apesar do seu trajecto curto - fez um ano em Fevereiro de 2005 - já participou no
pais madeirenses e continua a seguir os passos do seu pai Manuel Pestana. Decidiu formar um grupo contagiada pela inquietude de uma amiga também lusodescendente. A ideia ganhou forma e o grupo surgiu logo com cinco pares de dança. A maioria dos membros são comerciantes, outros são estudantes universitários, amas de casa e há sete jovens em idade escolar, que são filhos dos membros do grupo. Grande parte dos trajes que usam foi feita pelos pró prios membros do grupo. Desde criança, Ana Pestana sempre esteve rodeada das tradições musicais portuguesas, pois o seu pai é professor de acordeão e pertenceu a vários grupos folcló ricos. Agora, o seu filho de dez anos de idade também já segue os passos da mãe e do avô , pois não só dança no grupo "Alegria da nossa Terra" como é também vocalista e dançarino do grupo "O jardim das crianças", que pertence ao Centro Atlâ ntico Madeira Club.
Ana Pestana com o pai, o filho e o sobrinho: tres gerações no folclore
Como mulher jovem, casada e com dois filhos, que trabalha no comércio, Ana tem entre as suas metas levar o grupo à Madeira e, um dia mais tarde, poder gravar um CD. "Peço à comunidade portuguesa que não hesitem em colaborar com a cultura e ensinem os seus filhos a desfrutar das nossas tradições, pois isso se leva no sangue".
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Kimberly dos Ramos troca a animação pela actuação venezuelanas, a jovem animou também até bem pouco tempo o programa infantil "La Meactriz lusodescen- rienda", no qual teve a oportudente Kimberly nidade de partilhar com outros dos Ramos re- jovens lusodescendentes, como gressa ao palco no Andy Pita e Ângelo Gonçalves.
Carlos Orellana
corellanacorreio@hotmail.com
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novo projecto de RCTV denominado "Amor a Palos", uma produção em que a jovem de treze anos de idade vai encarnar a personagem de "Julieta", com quem sente uma grande afinidade e consegue mesmo identificarse. "Não me custa muito interpretar esta personagem porque ela é como eu: vaidosa, esperta e uma pessoa que adora dançar", disse-nos.
Dos Ramos estreou-se ainda criança na televisão venezuelana. Com a pouca idade que tem já conseguiu actuar em várias telenovelas, nomeadamente em "Hechizo de Amor", "Las González", "Frenesi", "Cuando hay Pasió n" e "La Cuaima". A par do papel que desempenhou em várias telenovelas
"Sai da animação por uns tempos, contudo, se precisarem de mim vou estar aqui". "É bom que o artista seja integral e consiga provar que sabe fazer um pouco de tudo. Gosto de desfilar e de animação, mas prefiro o mundo da actuação", comenta. Kimberly transmite ternura e subtileza. Não se deixou ainda cativar pelo mundo da vaidade excessiva e, pelo contrário, mantém uma simplicidade e cordialidade espantosa. Na casa da família Dos Ramos, ela não é a ú nica artista, pois os seus irmãos Lance e Lenny também são actores de televisão e a sua mãe, Marisol de Sousa, é modelo de propagandas televisivas. Os primeiros passos de Kimberly começaram no Centro Português, quando ganhou o consurso de Miss Princesinha, em 1999. Agora, é considerada uma das mais talentosas artistas do país e uma das mais belas.
LAZER 17
Leyzmarth dos Santos em Mini Globe Venezuela 2005
A primeira finalista foi a também lusodescendente Stefany Gonçalves
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as instalações da Casa do Artista, com apenas nove anos de idade, Leyzmarth Daniela Dos Santos, filha de Idarmin Rodriguez e Leonel dos Santos, lusodescendente, conseguiu obter a coroa de Mini Globe Venezuela 2005, no passado dia 8 de Setembro. A primeira finalista foi a também lusodescendente Stefany Gonçalves, de oito anos de idade, que é filha de Irene Pestana e Jaime Gonçalves, um ca-
sal de madeirenses naturais do concelho de Câ mara de Lobos. "Producciones Simmerer". Como todos os anos, realizou um espectáculo no qual o talento das jovens lusodescendentes brilhou. Tiffany da Silva, Mini Globe Venezuela 2005, conseguiu encantar ao imitar a cantora Olga Tañó n. Mesmo assim, o evento contou com a animaç ão de Laura Vieira, que conduz o programa "Salve-se quem puder", transmitido pela Venevisió n.
18 TRAÇOS DE PORTUGAL
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Ponta do Sol: uma terra solarenga Sónia Gonçalves
sgoncalves@dnoticias.pt
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amosa pelo seu bom clima ao longo de todo o ano, a Ponta do Sol, situada a 18 Km do Funchal é uma terra solarenga. Tem paisagens deslumbrantes e é composta por três freguesias: Ponta do Sol, Canhas e Madalena do Mar. No passado dia 8 de Setembro, este concelho comemorou os seus 504 anos de histó ria e de vida e destacou-se sobretudo o facto do sector turístico estar agora a atingir proporções importantes, sendo que este é ainda um concelho predominantemente agrícola. Nos ú ltimos anos, a Ponta do Sol ganhou melhores acessos, uma reestruturação da praia e uma recuperação do histó rico Palacete dos Zinos. Numa vasta área florestal, destaca-se neste município o planalto do Paú l da Serra. O concelho da Ponta do Sol oferece aos locais e aos visitantes condições balneares razoáveis, benefício de uma costa marítima aberta. Os locais estão conscientes das potencialidades turísticas da Ponta do Sol, não só dos pontos de vista climatérico e humano, mas principalmente por causa da acessível e magnífica área costeira. Na Madalena do Mar, foi inaugurado no ano passado um complexo balnear excelente que tem atraído muitos visitantes a esta pacata freguesia. Com um restaurante e três bares, o grande estacionamento faz que com que normalmente seja fácil estacionar.
A praia da Vila da Ponta do Sol, já regularizada e com o enrocamento pronto, é servida pelo bar-restaurante do cais e pelo bar do hotel. Esta praia é ó ptima principalmente para crianças, dada a protecção oferecida pelo enrocamento. No lugar de Baixo a praia do Canário deu lugar a duas piscinas na Marina do Lugar de Baixo, um local onde as ondas têm causado alguns estragos, mas que agora se prevê uma solução rápida para o problema. UM POUCO DE HISTÓ RIA Localizada na costa Sul da Ilha da Madeira, é limitada a Oeste pelo concelho da Calheta, a Norte pelos concelhos de São Vicente e Porto Moniz e a Leste pelo concelho da Ribeira Brava. Como está publicado no site da Câ mara Municipal, o topó nimo surge porque Gaspar Frutuoso refere que em 1420, João Gonçalves Zarco, em viagem de reconhecimento da costa da Madeira, atingiu uma ponta que entrava no mar e sobre a qual se avistava uma rocha que, de tão polida pela rebentação do mar, parecia iluminada pelo reflexo dos raios solares. Desta constatação lhe advém o nome de Ponta do Sol. A extensão deste concelho viu-se reduzida ao longo dos anos. Em 1511, com a criação da vila da Calheta e em 1914, depois da criação do novo concelho da Ribeira Brava. Hoje, a sua área distribui-se por 3 freguesias: Canhas, Madalena do Mar e Ponta do Sol.
Não há dú vidas de que este povoado apareceu ainda no século XV e que devido ao seu porto e terras férteis, progrediu tão rapidamente que se pode afirmar com segurança que, antes de 1486, já a população tinha a sua igreja, atribuindo-se a construção a Rodrigo Enes, um dos primeiros colonos da Ponta do Sol. Esta igreja de invocação a Nossa Senhora da Luz foi sede da paró quia, na segunda metade do século XV. Depois de Machico, e por alvará de D. Manuel datado de 2 de Dezembro de 1501, esta povoação é elevada à categoria de vila e concelho municipal, ao que não foi alheio o progresso verificado neste nú cleo populacional. Na base desta prosperidade econó mica estiveram plantações de cana sacarina, embora a cultura de cereais, nomeadamente, do trigo, representasse um rendimento significativo. O açú car foi a principal moeda de troca com o reino que, desde o início, era solicitado pelos mercadores nacio-
nais e que por ele trocavam uma grande variedade de produtos necessários ao consumo e ao uso quotidianos (ferramentas, panos, tecidos, telha, louça, ferro, sal, azeite). Sabe-se que ao findar a era de quatrocentos, já o "ouro branco" era bastante para o consumo das ilhas e do reino, e ainda suficiente para exportar para o estrangeiro. Para o progresso da população da Ponta do Sol, e à semelhança do que aconteceu em toda a parte Sul da ilha, mais densa e mais visitada, contribuíram, para além de portugueses, elementos estrangeiros. O orago desta freguesia é Nossa Senhora da Luz. Presume-se que esta santa teve como primeiro templo a "Capela do Coxo", que inicialmente foi construída na igreja matriz, em honra de Nossa Senhora do Patrocínio. Esta capela sofreu uma grande alteração no século XVII, sendo nela que ainda hoje se venera a Nossa Senhora da Luz, padroeira da freguesia.
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PORTUGAL 19
Museu retrata emigrantes Lusodescendente fundou museu e está a criar um centro documental da história da Madeira Teresa Florença (DN - Madeira)
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oseph Sousa, o fundador do "Museum of Madeiran Heritage" (Museu da Herança Madeirense), em New Bedford, visitou recentemente a Madeira, onde esteve pela décima vez. Filho de emigrantes naturais de Santa Cruz, nasceu em 1926 em Central Falls, no Estado de Rhode Island, mas é evidente a sua paixão pela ilha, pelas suas gentes e tradições. O sonho da criação de um museu surgiu em 1956, quando um grupo de emigrantes mais velhos lançou a ideia. O descerramento deste mural ocorreu em 1957, no dia da Festa do Santíssimo Sacramento, que se realiza desde 1915, em New Bedford, no primeiro fim-de-semana de Agosto e constitui o maior arraial madeirense nos EUA. Desde então nunca mais parou. Sem dinheiro para concre-
tizar o projecto do museu, promoveu jantares para angariar fundos e em 1999, com permissão do Clube Madeirense Santíssimo Sacramento, colectividade que organiza a referida festa, o sonho tornou-se realidade. Devido à importâ ncia da criação do museu naquela cidade, a edilidade de New Bedford decidiu, em 2001, alterar o nome da rua onde ficava situado, de "Hope Street", para "Funchal Place". Esta é a segunda referência toponímica insular existente naquela cidade. A primeira é "Madeira Avenue" que já existe desde 1977. "Tem tudo da Madeira", diz com orgulho Joseph Sousa sobre o museu. Fotografias, filmes, diapositivos de todas as freguesias, calçada e artefactos madeirenses, antigos instrumentos musicais, trajes, um carro de bois, uma canga, uma colecção de figuras típicas da ilha, executadas em madeira por Arnaldo Joaquim de Sousa, natural de São Vicente".
Em suma, um espó lio que retrata a vida de uma comunidade de emigrantes aos longo de 100 anos. De 1917 a 1922 ali funcionou a igreja independente do Santíssimo Sacramento, onde por alguns anos esteve o bispo cató lico Antó nio Rodrigues, natural de Gaula. A partir de meados de 1922 até 1924 foi sede do Club Sport Santa Cruz-Madeira, colectividade vocacionada para a prática de futebol criada por pessoas oriundas daquele concelho. Desde 1935 a meados dos anos 50 funcionou no local a Escola Fé e Pátria, instituição de ensino fundada por uma madeirense naquela cidade, em 1929. Por isso, Joseph Sousa defendeu que o museu deveria surgir ali e disse "não", quando responsáveis pela cidade de New Bedford propuseram outro espaço. Conservador actual do museu, está a criar um centro documental sobre Histó ria da Madeira, que irá funcionar nas mesmas instalações. Há mais de quarenta anos que recolhe informações sobre a presença de madeirenses nos Estados Unidos,
Recordistas na recolha de lixo Sónia Silva Franco (DN - Madeira)
Em quatro anos, a Madeira conseguiu duplicar os nú meros referentes à recolha de lixo. Elementos fornecidos ao DIÁRIO pela Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais indicam que desde o ano 2000 a Região duplicou a quantidade de resíduos que é enviada para reciclagem para a Sociedade Ponto Verde. Cada madeirense envia, em média, 48,11 quilos de lixo, ao passo que a média de um habitante do continente situa-se nos 17,38 quilos. Nú meros que, naturalmente, deixam o secretário regional muito satisfeito, apesar de Manuel Antó nio Correia querer elevar os nú meros a breve/médio prazo. Explicando a actual situação da recolha selectiva, este governante especificou que quanto ao plástico enviado para o continente, houve um aumento na ordem dos 196,4 por cento, o que co-
Os madeirenses mandam para reciclagem cerca de 48 Kg de lixo quando a média nacional se situa nos 17 Kg
to da "conciliação de uma forte aposta pú blica na recolha selectiva, em particular da parte dos municípios da Região que têm feito um extraordinário trabalho também nesta matéria". O secretário regional confessa que esta sirresponde a 352,10 tonela- tuação também se deve "à das em 2004. Manuel An- forte adesão das populaçõtó nio Correia também es, dado que sem elas não mostrou a sua satisfação é possível implementar poquanto à recolha de papel e líticas de sucesso nestas macartão que, segundo nos diz, térias". aumentou em 88 por cenPara além do esforço to. Para o secretário regio- das câ maras e da populanal, os nú meros não men- ção, Manuel Antó nio Cotem. Enquanto que em rreia também quis desta2000, a Madeira enviou car a importâ ncia das in4.527 toneladas, já no ano fra-estruturas construídas passado esse nú mero su- na Região e que, segundo biu para as 8.526 toneladas. o nosso interlocutor, tamManuel Antó nio Cor - bém contribuíram para dureia não tem dú vidas de plicar os nú meros da reque estes resultados são fru- colha selectiva.
pelo interesse manifestado por muitos luso-descendentes em conhecer as suas raízes. Com colaboradores em todos os Estados norte-americanos, ajuda a estabelecer ligações perdidas, a descobrir parentescos. "Cresci ouvindo histó rias do meu pai e da minha mãe sobre a Madeira. Falavam das montanhas e que passeavam entre as flores. Cresci com a comida e as tradições da ilha", conta Joseph Sousa. E com emoção relembra o seu pai, José de Sousa, natural de Gaula, que partiu em 1915, então com 17 anos, rumo aos Estados Unidos. No primeiro quartel do século XX, cerca de 17 mil madeirenses procuraram encontrar uma vida melhor naquele país.
"O meu pai desejou sempre regressar, mas isso nunca aconteceu. Morreu com 51 anos. Foi então que fiz uma promessa: que viria à Madeira. E vim pela primeira vez em 1980, quando já tinha os meus filhos crescidos. Gostei muito". Desde então tem visitado a ilha e organizado viagens para outras pessoas conhecidas. Joseph Sousa tem 79 anos. Foi desenhador de cartazes publicitários numa firma comercial, mas quando recorda o passado diz que teve sempre dois trabalhos, pois conciliava a sua actividade principal com o trabalho na sua quinta em Dartmouth, junto de New Bedford, onde criava vacas, galinhas, coelhos, etc.
20 PORTUGAL Mulher mais velha do país Fadista comprou celebrou 112 anos castelo em ruínas CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
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Helena Silva
(JN - Portugal)
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unca bebeu vinho nem café e não gosta de carne. Come apenas peixe e legumes. Esses poderão ser alguns dos segredos para a longevidade de Maria de Jesus, de Tomar, que completou, ontem, 112 anos. Com um olhar ausente e um sorriso quase permanente no rosto, Maria de Jesus vai fazendo uma vida praticamente normal. Acorda cedo e faz os seus exercícios físicos, que hoje em dia praticamente se resumem a movimentos largos dos braços. Anda com dificuldade e, ultimamente, passa muito tempo sentada num cadeirão, à entrada da casa. A filha com quem vive, Maria Madalena, de 80 anos, contou, ao JN, que, este ano, a ouviu dizer, pela primeira vez, que se sentia cansada e que "estava a chegar a hora dela". Mas numa breve conversa, a centenária acaba por revelar até alguns projectos para o futuro. "Gostava de voltar a visitar Fátima", assegura, confidenciando que sempre acreditou que o seu tempo de vida tem sido "uma graça de Nossa Senhora".
Há dois anos, Maria de Jesus experimentou a realização de um dos seus grandes sonhos aprender a ler e escrever. Durante algum tempo, foi auxiliada por um professor que se deslocava a sua casa. Mas outros afazeres levaram-no a ter que interromper as aulas, com pena da aplicada aluna. Maria de Jesus não esquece algumas das letras que então lhe foram ensinadas e assegura que "ainda gostava de continuar a aprender". A casa da sua filha encheu-se, ontem, com alguns dos muitos familiares - não todos, até porque não caberiam. A centenária tem três filhos vivos (dois já faleceram), 11 netos, 16 bisnetos e um trineto.
amília de fadistas, mú sicos e políticos monárquicos, os Câ mara Pereira acabam de "conquistar" o seu primeiro castelo, um monumento em ruínas na zona fronteiriça de Elvas que resistiu aos ataques espanhó is na Guerra da Restauração. Mico, um dos quatro irmãos cantores, comprou o castelo de Barbacena e vai recuperá-lo com as receitas das festas que tenciona realizar. O mú sico e cantor disse à agência Lusa que comprou o castelo, datado do século XVI, a José Luís Sommer de Andrade, antigo cavaleiro tauromáquico, por 225 mil euros, depois de ano e meio
de negociações. Promete transformar o monumento num "espaço de lazer", uma unidade vocacionada para o divertimento, para eventos e espectáculos, onde poderão realizar-se também festas de casamentos e baptizados e feiras medievais Contudo, para mexer no castelo, Mico terá de ter "a devida autorização" do Instituto Português do Patrimó nio Arquitectó nico (IPPAR), depois das negociações para a sua aquisição demorarem ano e meio, visto que a Câ mara de Elvas e o IPPAR tiveram de se pronunciar e não exercer o seu direito de preferência.
BREVES Casas ardidas em recuperação Uma habitação na freguesia dos Casais e outra em Vale de Água, na freguesia de Marmelete, mereceram a visita do ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, José Vieira da Silva, que ontem esteve no concelho de Monchique. As duas habitações foram afectadas pelos incêndios que atingiram o município serrano em Julho do ano passado. Na contas da câmara, são 42 as habitações danificadas pelos fogos no últimos dois anos que estão abrangidas pelo programa de reconstrução. Das 39 afectadas em 2003 está uma por concluir e duas, das três atingidas o ano passado, estão em fase de execução, prevendo-se que fiquem prontas até ao início de 2006.
Ruí nas romanas serão restauradas A Câmara de Penela vai investir perto de 100 mil euros na conservação e restauro das ruínas da Villa Romana do Rabaçal, primeira fase de um projecto que culminará na cobertura da estação arqueológica. Em Novembro de 2004, a Villa Romana do Rabaçal recebeu um financiamento de 50 mil dólares do World Monuments Fund, instituição de carácter privado com sede em Nova Iorque, que incluiu aquele sítio arqueológico na sua lista dos 100 locais em
perigo.
Mais voos regulares
entre Continente e Madeira A companhia aérea PGA - Portugália Airlines iniciou segunda-feira ligações regulares entre Lisboa e a Madeira, utilizando aviões Fokker 100, com capacidade para 98 passageiros. O primeiro voo chegou ao aeroporto depois das doze horas, saindo de regresso a Lisboa pelas depois da uma da tarde. Aquando da entrada na placa de estacionamento, os bombeiros do Aeroporto fizeram o tradicional baptismo da companhia, com o lançamento de água sobre a aeronave com agulhetas dos seus carros-cisterna. Na programação da companhia até final de Março do próximo ano estão previstos dois voos diários Lisboa-Madeira-Lisboa durante toda a semana. Aos sábados e domingos o horário de um dos voos será diferente dos dias de semana.
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
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22 OPINIÃO
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
Torre de Belém ao chão! João da Costa L.
A
lgumas razões para demolir a Torre de Belém: Está ali especada há quase 500 anos. Não tem nenhuma utilidade prática. Impede-nos de ver o Tejo. Foi masmorra durante a ocupação filipina (e também durante o reinado de D. João IV). Aquela escadinha interior é íngreme e incomodíssima. É uma velharia. É só Patrimó nio Cultural de Toda a Humanidade. Deitá-la abaixo e construir ali um condomínio de lixo - perdão, de luxo - virado para aquele rio que parece um mar, é que dava mesmo jeito. Disparate? Com o tempo, talvez haja quem pense que não. Vejamos... O Convento dos Inglesinhos, uma bela construção do século XVII situada em Lisboa, no Bairro Alto. Faz parte do inventário do Patrimó nio Arquitectó nico e está a ser demolido sem dó nem piedade, apesar da sua protecção estar, até há pouco, em estudo por parte da Direcção-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Mesmo com as manifestações dos vizinhos, que se opuseram ao projecto, as máquinas de destruição já estão a trabalhar e Lisboa vai perder, outra vez, parte da sua histó ria. E não vai ganhar futuro. Construído no século XVII, o imó vel, de desenho ma-
neirista e pombalino, era, até há pouco, propriedade da Santa Casa da Misericó rdia de Lisboa que, em parceria com a Caixa Geral de Depó sitos, pensava instalar ali um lar para idosos com boa reforma. De repente, mesmo sem o entusiasmo do Patriarcado de Lisboa nem da Misericó rdia, ao ritmo de um slogan enganador - para quem ama Lisboa - uma parte da cidade vai sendo destruída de forma implacável, para dar prioridade à construção de apartamentos de luxo de uma a oito assoalhadas. Fonseca e Costa, cineasta, e Abel Manta, pintor, são alguns dos habitantes do Bairro Alto que já levantaram a sua voz contra este novo ataque inclemente à capital. Ainda que ali se respire histó ria - talvez por isso mesmo - o realizador da 30ª queixa-se de que não foram nem consultados. Ele e outros vizinhos já solicitaram uma reunião com a Câ mara, um grupo de moradores enviou uma carta ao cardeal-patriarca de Lisboa e representantes do Fó rum Cidadania Lisboa foram a uma audiência parlamentar, mas tudo em vão. O Convento dos Inglesinhos vai mesmo abaixo - talvez se salve a igreja - mas os jardins já lá foram. O atentado não é só contra a histó ria. É também contra os moradores actuais do bairro, que já vivem numa zona com uma taxa de habitação bastante superior à média da capital. Uma construção que data de 1621, que teve os seus primeiros alunos e professores, vindos de Flandres, que superou com graves danos o terramoto de 1755, não vai resistir às "picaretas do progresso". Não tarda será um condomínio de luxo. Um luxo que a histó ria da cidade não se devia permitir. E se um dia destes acontecer o mesmo à Torre de Belém?
Portugal! 1580 ou 1640?... Luis Barreira
C
ada vez que regressamos das férias gozadas em Portugal e, independentemente do ar fresco ou bronzeado e da sensação de "baterias carregadas" para mais um ano de intenso trabalho, trago igualmente uma sensação amarga na bagagem, como se uma nuvem de insatisfação cobrisse a felicidade de umas férias bem passadas. E o mais grave é que essa sensação aumenta, ano apó s ano! Naturalmente que isto acontece porque sentimos que o país é nosso e achamos, por isso, que tudo o que de mal lhe observamos são como nó doas na nossa pró pria toalha de mesa. Além disso, as nossas observações são, muitas vezes, influenciadas pela análise comparativa que fazemos com o país em que vivemos e pelas nossas pró prias experiências de vida. Razão da muita "violência" verbal, na nossa análise crítica de Portugal e dos portugueses que lá vivem. Somos de facto muito críticos de nó s pró prios. Exageramos de pessimismo, de dú vidas, de fados tristes, de resignação fácil e de desconfiança. Flagelamo-nos tantas vezes de insultos, de escárnio, de piadas mordazes, de combates estéreis e de invejas incontidas. No entanto, ao longo da nossa histó ria e apesar de todos os defeitos que nos caracterizam, fomos capazes, em dados momentos, de desafiar o destino que nos impunham, renovar as esperanças, mobilizarmo-nos em torno de grandes ideais e lutar, voluntária e desinteressadamente, pelo bem colectivo. Mais recentemente e apesar das dificuldades em que o país tem estado mergulhado, o povo exibia com orgulho a Expo 98, como a sua jó ia da coroa e gritava a plenos pulmões, com as bandeiras despregadas, a vitó ria da equipa nacional no Euro 2004, reforçando o seu auto-estima e os símbolos da sua unidade, mesmo que os motivos evocados não fossem autênticas causas nacionais!... Nunca fomos, enquanto povo, "gente rica", mas sempre soubemos fazer das "tripas coração" para vencer os obstáculos que nos
surgiam e que, algumas vezes, nó s pró prios engendrámos. Mas, independentemente do passado longínquo ou pró ximo, o que se passa agora, começa a preocupar-me profundamente! A democracia, uma das nossas conquistas mais recentes, proporcionou-nos a abertura essencial ao Mundo, ao desenvolvimento econó mico e cultural do nosso país e, necessariamente, a alterações do nosso tecido social. De um país marcadamente dividido entre ricos e pobres, nasceram várias camadas intermédias, a que alguns chamam: "classe média baixa"; "classe média" e "classe média alta", quando se aproximam do estatuto de ricos. Estes extractos sociais têm-se desenvolvido através da diversificação da economia portuguesa e da necessidade da gestão qualificada, nos mais diversos domínios e são, naturalmente, consequência das novas condições de vida, que têm permitido a formação de milhares e milhares de universitários (o que antes era, quase e só , para os filhos dos ricos...). E é exactamente uma parte dessa camada intermédia, envolvida na política, na economia e na vida social do País, que me preocupa cada vez mais! Habituados a grandes carros de marca, casas com piscina, excelentes restaurantes e férias no Brasil ou no México, impulsionados pelas políticas de soluços tecnoló gicos sem base econó mica sustentada e aculturados por estilos de vida falsos e supérfluos, esta parte cada vez mais importante da nossa sociedade, alimentada pelo fácil protagonismo televisivo português, está-se inteiramente nas "tintas" para as dificuldades estruturais do país e para os necessários sacrifícios a realizar. E empreende uma política pessoal do "salve-se quem puder", mesmo que isso implique uma atitude "mercenária", relativa à sua identidade nacional, à sua pertença a uma cultura e a um povo, ou à sua dignidade e verticalidade pessoais. "Entreguem 'isto' aos espanhó is!", "Precisamos é de um novo Salazar!" e "Ponham um Comissário europeu a gerir esta 'histó ria'...", são frases que correm cada vez mais soltas, na boca desta gente, não porque estejam a pensar no necessário desenvolvimento do País e do seu povo, mas sim na continuidade do dinheiro que tem circulado nas suas bolsas. Penso que já ninguém, no seu perfeito juízo, acredita no "orgulhosamente só s", mas custa-me pensar que, a geração que nos substitui, possa desejar a alternativa de um futuro "servilmente acompanhado".
Selos António de Abreu
Historiador aindax1@yahoo.com
Só os que sonham com evocações patriotas, os fãs por colecções e os investidores fanáticos de raridades falam de estampas nesta época de cibernautas. Mas, com a invasão de "spams", "emoticons" genéricos e "spot" publicitários na Internet, é melhor ser consumidor passivo do que leitor de estampas? Uma colecção motiva a leitura e a diversão familiar. Primeiro, contêm muita informação por selo que pode ser reconhecida por qualquer um. Não são textos "pesados", mas pelo contrário acessíveis a qualquer participante. Segundo, porque a informação nunca é suficiente, desperta a curiosidade e faz com que queiramos saber mais. Para além do mais, os desenhos chamam a atenção das crianças. Um selo serve para que elas formulem perguntas fáceis aos pais: que pai não sabe quem é o senhor de barrete e o olho direito fechado? Como explicar essa figura sem falar dos descobrimentos portugueses? Este não é um bom pretexto para passar para os filhos alguns conhecimentos de histó ria? Portugal tem a sua histó ria em selos desde 1853, quando apareceu o perfil de D. Maria II em selos que era preciso cortar. Quando em 1984 se comemorou o 5º centenário do nascimento de D. Enrique, treze estampas mostravam ao Infante em Sagres, na primeira expedição e outras actividades. Em 1898, com o 4º centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Í ndia, viram-se titões e outros seres fabulosos, caravelas de vela protegidas contra os ventos perigosos. Isto é só o começo desta revelação. No selos descobre-se o pagão e o sagrado português. A Ceres, a deusa romana da fertilidade, protectora das colheitas, e o templo de Diana, em Évora. A rainha Santa Isabel e São Teó tonia. Santo Antó nio de Lisboa e a Virgem de Fátima. Heró is como Joana de Gouveia na independência de Portugal ou Gago Coutinho na famosa travessia. Estão grandes obras como 2Os lusíadas", personagens de novela, como Mariana e João da Cruz, de "Amor de Perdição", de Camilo Castelo Branco. Os costumes e as aldeias continentais alternam-se com as comemorações da população da Madeira e da Ilha Terceira. Cidades como Setú bal, Tomar, Bragança e outras reflectem um Portugal do passado e do presente. Os cientistas portugueses, cujo máximo representante é o Nobel Egas moniz, mostram o avanço em direcção ao futuro. As rosas dos ventos das antigas cartas náuticas inspiram pela navegação em velhas rotas de aventura. A lei das sesmarias faz falar os professores de histó ria sobre o sentido de justiça em Portugal. Pode-se falar de moinhos e barcos, esculturas e pinturas, flora e fauna, desportos e ofícios, carros e carruagens, ourivesaria, faiança e outros tantos temas. Dos ú ltimos selos portugueses, a série dos 500 anos do nascimento de Pedro Nunes encanta. Mostra quatro dos doze sítios Patrimó nio da Humanidade que tem Portugal. Alguém nega que os selos portugueses dão que falar? Dá para aquecer o "chat"!!!
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
OPINIÃO 23
caRTas dOs leITORes Tráfico infernal de 9 carros
Entradas mais baratas para o ano Sou emigrante na Madeira, embora filho de pais Madeirenses. Sou também leitor do CORREIO pela Internet e fiquei com muita pena de não poder ter assistido à festa que organizaram com o Conde del Guacharo, por motivos de trabalho. Disseram-me que esteve muito boa que se divertiram que se fartaram. Acho que deveriam organizar esta festa sem comida pois esta opção encareceu as entradas e, no
meu caso, impossibilitou-me de ir, pois à hora que saí do meu trabalho, o que queria era ver o conde e os seus "chistes", mais nada. Também gostaria de saber quem posso contactar para me incorporar no ambiente do basebol na Madeira. Parabéns pelo jornal. Agora, sempre que posso, compro-o aos sábados no aeroporto. Luí s Filipe Caldeira.
Morrer em Paz Sou leitora do Correio e estou fascinada com as histó rias de vida que publicam. Penso que deveriam ser de leitura obrigató ria para os mais novos que estão acostumados a facilidades, luxos, viagens, etc. Não imaginam o difícil que foi nos inícios a vida dos emigrantes na Venezuela. Tenho 72 anos e posso contar histó rias sem fim de pessoas, de famílias que aqui chegaram, os seus primeiros anos de trabalho que apenas dava pagar o dinheiro que pediram em Portugal para embarcar para a Venezuela, etc. Foram anos de sacrifício, de trabalho intenso. Não era como agora. Cuidei e criei cinco filhos com a ajuda econó mica do meu marido porque a presença dele em casa era apenas para dormir. Coitado, trabalhava das seis da manha até às onze da noite, todos os dias sem descanso, e fez isso durante mais de quinze anos. Não viu os filhos crescerem e apenas acompanhou as datas mais comemorativas (baptizados e outras cerimó nias religiosas). Faleceu jovem, aos 52 anos, carregado de orgulho porque os seus filhos todos estudaram e tinham tecto pró prio, produto do seu trabalho honesto. Dias antes de morrer, quando já estava muito doente, disse-me que mo-
INQUéRITO
rria "descansado" porque fez o que prometeu à sua mãe quando deixou a ilha da Madeira em 1949 comigo: Que seria honesto, que nunca se ia esquecer da família em Portugal (que ajudou bastante) e que ia fazer feliz a filha da sua comadre (que sou eu), a melhor amiga da sua mãe e que a pedido desta me entregou ao seu filho para o acompanhar nos bons e maus momentos da vida. Disse-me também que sentia orgulho da família que tinha, dos estudos que deu aos seus filhos e da casa que compramos com um quarto para cada filho. Voltando ao principio da carta, penso que é importante que se transmita aos filhos dos portugueses que triunfaram na vida as dificuldades que os seus pais passaram para terem aquilo que têm hoje em dia. Os meus filhos também gostam de ler o jornal e até uma nora venezuelana já percebe o português, pois às vezes o CORREIO serve de pretexto para lhe contar histó rias das dificuldades que passamos nos inícios da nossa vida. Somos uma família unida, nos problemas e nas alegrias, e orgulhamonos muito do chefe da casa, que tivemos junto a nó s, mas que agora partiu. Pena que esteve muito pouco tempo connosco por causa da grande dedicação que tinha ao trabalho. Maria Caldeira
Sou emigrante e gostaria de comentar um assunto de grande importâ ncia relacionado com a mais importante fonte de ingresso do nosso país, o Turismo e a boa imagem que temos que transmitir. Este caso especificamente tem a ver com os serviços pú blicos de táxi na ilha da Madeira, que são, quanto a mim, a imagem da ilha. São por isso muito importantes para os turistas e não só . De facto, não são todos - felizmente e ainda bem - mas alguns taxistas têm comportamentos incorrectos. Por isso, penso que convém deixar um recado e alertar as autoridades competentes, pois uns denigrem a imagem da classe, o que é profundamente injusto. Tenho verificado, nalguns casos, a antipatia de alguns taxistas que deveriam no mínimo mostrar simpatia pelos turistas, pelos emigrantes e enfim por qualquer cidadão que solicite os seus serviços, ou não? No caso concreto que exponho, a atitude do taxista em questão torna-se ainda mais grave, pois a "vítima" foi um homem mudo que não respondia às perguntas que fazia e transmitia mau humor pelas veias. O destino era o Funchal, junto ao Bazar do Povo, mas passando a rotunda das Minas Gerais o homem por fim falou "isto aqui está um tráfico infernal. Daqui para a frente é impossível seguir nesta cidade, já não se pode an-
dar com tanto tráfico, é melhor ir a pé e vou deixá-lo aqui para voltar para trás" (em frente ao café do teatro). Tudo bem… desci do carro e "por supuesto" não lhe dei gorjeta. Segui em frente. Contei os carros do "tráfico infernal" que me falou o homem que iam numa só fila até ao café do Golden Gate e que aguardavam a mudança de luz do semáforo para avançar. A partir dai, constatei que a via estava livre. E qual não foi a minha surpresa ao constatar que nove carros era o grosso do tal "tráfico infernal". Enquanto caminhava, ria comigo mesmo e pensava: este senhor deve ser daqueles que nunca saiu da Madeira primeiro pela antipatia segundo pela falta de auto-estima que deveria ter em desta ilha, que é tão privilegiada em vários aspectos, desde a segurança até aos problemas de tráfico. Pensei que deveria visitar a Venezuela para conhecer o tráfico e o ambiente de insegurança em que trabalham os taxistas. Por ultimo, um conselho: desfrutem do vosso trabalho, das paisagens e mesmo no tal "tráfico" desfrutem do ambiente que os rodeia, desde a limpeza das ruas, até às pessoas bonitas que circulam a pé pelas ruas da cidade. Ás vezes não damos valor ao que temos e isso não está bem. J . A. M.
O que acha da viagem que vai fazer o presidente da Venezuela a Portugal e Espanha? Que ajuda deveria solicitar Chávez às autoridades portuguesas?
José de Abreu Penso que a viagem é bastante positiva sempre que seja para concretizar assuntos econó micos que tragam melhorias para o país. Se chegam a um acordo, pode ser produtivo para ambos países, pois a Venezuela tem os recursos econó micos necessários e Portugal a organização. O presidente devia pedir investimentos neste país e ajuda social para a comunidade lusa da Venezuela que tem dificuldades econó micas. Se não for para fazer algo em prol das comunidades, a viagem não é mais do que uma perda de dinheiro e de tempo.
Marí a Araújo Parece-me muito boa a ideia de que os presidentes dos dois países estabeleçam contactos. Acho que ambos devem ter benefícios e aumentar a comunicação. A Venezuela devia, de alguma forma, adoptar o sistema de segurança que têm os portugueses, seguindo um modelo que tem dado resultados no país luso. Deviam pensar no intercâ mbio do petró leo, pois os custos da gasolina na Madeira e no resto de Portugal são elevados. Em contrapartida, na Venezuela, pode-se receber acessó ria em termos de sistemas de saú de e segurança. A viagem é pertinente se surtir algum efeito.
Marlyn De Sousa Parece-me que essa viagem não é necessária porque não temos visto quais são os benefícios de outras viagens semelhantes. Tudo não passa de contactos diplomáticos… São viagens de prazer e representam uma despesa importante. Espero que ao menos pudesse ver o que fazia quanto às papeladas necessárias para obter a dupla nacionalidade.
Maria Fátima De Sousa Vai-se gastar mais dinheiro sem necessidade nenhuma. O seu dever é estar na Venezuela a melhorar a situação do país. Contudo, vai depender das decisões que tome e da intenção que tenha de melhorar a situação do país e de todos os venezuelanos e emigrantes desta terra. A ajuda social e a saú de são elementos principais que devem ser tidos em conta. Devia aproveitar a visita para fazer um acordo com Portugal para garantir combustível a preços mais reduzidos.
24 UNIVERSIDADES
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
"A Universidade de Évora é uma (Com)Unidade" Alda Da Silva Sousa
No marco do evento "Estudar e Estagiar em Portugal", que decorrerá no próximo dia 23 de Setembro no Centro Português de Caracas, o CORREIO apresenta-lhe a quinta edição de reportagens especiais dedicadas às oportunidades de estudo e formação nas universidades portuguesas. Desta vez, a Universidade de Évora mostra porquê defende o lema "honesto estudo com longa experiência misturado". Acompanhe-nos.
A
Universidade de Évora tem duas datas de nascimento. Apresenta-se assim: "Sou a Universidade de Évora. Sou ao mesmo tempo jovem e antiga. Esta é a segunda vida que estou a viver. Vivi a primeira entre 1559 e 1759 - de meados do século XVI a meados do século XVIII. Vivo a segunda desde 1973, data em que o Estado português me reinstaurou. Recolho, portanto, um passado rico. Estou, por outro lado, solidamente enraizada no presente e apostada na construção do futuro". A Universidade de Évora foi a segunda universidade a ser fundada em Portugal. Apó s a fundação da Universidade de Coimbra, em 1537, fez-se sentir a necessidade de uma outra universidade que servisse o Sul do país. Évora, metró pole eclesiástica e residência temporária da Corte, surgiu desde logo como a cidade mais indicada. Actualmente, a UE é constituída por uma comunidade de mais de 7300 estudantes, 560 docentes e 400 funcionários. Este ano lectivo abre 1064
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TRABAJAMOS
PARA BRINDARLE MAS
vagas, repartidas entre 39 cursos de formação inicial, 49 mestrados, 16 pó sgraduações e 44 programas de doutoramento. BOA RECEPÇÃO "Esta Casa é fundamentalmente a Casa dos Estudantes, porque é para a sua formação que existe e está ordenada. É também, evidentemente, a Casa dos Professores. Como o é dos Funcionários, das Famílias e da Sociedade a que pertencemos. A Universidade é uma (Com)Unidade", afirma o Reitor da UE, Ferreira Patrício. A Universidade de Évora caracteriza-se por ter uma estrutura de apoio ao estudante muito completa. Em particular, o Nú cleo de Apoio ao Estudante intervém EM VÁRIOS SECTORES, nomeadamente nas áreas de estágios e saídas profissionais, apoio ao estudante deficiente e apoio ao trabalhador-estudante. Mais informações podem ser consultadas em www.nae.uevora.pt A UE aposta no apoio econó mico aos estudantes, quer de licenciatura, quer de pó s-graduação, incluindo a participação em actividades de investigação ou em congressos internacio-
nais. O Nú cleo oferece informação permanente e actualizada sobre bolsas de estudo e subsídios com o objectivo de contribuir para a melhoria do nível cultural, científico e profissional do país. Um outro pú blico que dispõe de atendimento particular é constituído por alunos com necessidades especiais, nomeadamente os deficientes visuais e outros com dificuldades de aprendizagem. Para apoiar estes alunos, criou-se a Unidade de Apoio ao Estudante Deficiente, com computadores, sintetizadores de voz e software de leitura de ecrã e impressoras Braille, entre outros. A Universidade de Évora organiza-se em Departamentos, através dos quais nos oferece inú meras licenciaturas e estudos de pó s-graduação. O modelo organizacional da Universidade de Évora tem um cariz interdisciplinar, que mistura os conhecimentos das diversas áreas. ENGENHARIA É A FORTALEZA As diversas engenharias ditadas na Universidade de Évora formam um corpo forte e variado. O aluno interessado pode cursar estudos de en-
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
genharia nas seguintes especialidades: Agrícola, Alimentar, Biofísica (Ordenamento e Gestão Ambiental), Civil, Recursos Hídricos, Geoló gica, Informática, Mecatró nica, Química e Zootécnica. A Universidade pretende a actualização da proposta para dar resposta aos tempos histó ricos actuais, pelo que se empenha na oferta de licenciaturas relacionadas com a problemática ambiental e a informática. Os cursos de engenharia da UE visam formar profissionais de nível universitário com preparação científica e técnica que lhes permita desempenhar funções em diferentes áreas das ciências. O ensino da engenharia pretende assegurar uma formação base só lida nas áreas tradicionais dos cursos de engenharia (matemática, física, química e biologia), bem como nas áreas pró prias de cada especialização. ENSINAR A ENSINAR A Universidade de Évora oferece seis licenciaturas relacionadas com a Educação: Educação de Infâ ncia, Educação Física e Desporto, Ensino Básico - 1º Ciclo, Ensino de Biologia e Geologia, e ainda os Complementos da Formação Científica e Pedagó gica para Professores do 1º Ciclo do Ensino Básico e para Educadores de Infâ ncia. Os cursos de complemento de formação para professores permitem realizar estudos ao longo de dois anos para aprofundar em matérias como pedagogia e didáctica. Mas disponibiliza também outras licenciaturas, algumas com longa tradição dentro da universidade e outras de recente criação. Na área das belas artes e a cultura, a oferta passa por licenciaturas em Estudos Portugueses-Espanhó is, Estudos Teatrais, Filosofia, Histó ria, Línguas e Literaturas -Português e Francês, Português e Inglês-, Mú sica, Psicologia, Sociologia, Tradução e Artes Visuais. As ciências também têm o seu espaço na Universidade de Évora, com licenciaturas em Física e
UNIVERSIDADES 25 A tradição do traje
As universidades portuguesas destacam-se pelo orgulho que têm dos seus símbolos. E a Universidade de Évora não é excepção. O uso de um traje específico é reservado aos professores, investigadores, graduados e às autoridades da UE. O chapéu e a roseta são exclusivas do reitor, ex-reitores e vice-reitores, sempre que seja necessário representar a universidade ao mais alto nível. Cada departamento da Universidade de Évora utiliza uma cor diferente para identificar a sua origem. Consoante os graus, o símbolo da UE vai suspendido no pescoço por um cordão castanho simples e é obrigatório usar o traje de tecido preto. O símbolo da Universidade de Évora é uma pomba branca estilizada sobre um fundo circular de cor castanha com a legenda que dita "Universidade de Évora". As tunas ou agrupamentos musicais de estudantes são também elementos tradicionais nas universidades lusas. A Universidade de Évora conta com duas tunas: a feminina e a masculina, ambas na Internet (www.taue.uevora.pt e www.tafue.uevora.pt).
Cultura não só por fruição
Química, Geografia, Matemática e Ciências da Computação, Medicina Veterinária, Química, Biologia, Bioquímica, Ciências do Ambiente e Ciências Físicas. Por ú ltimo, têm-se incorporado algumas licenciaturas relacionadas com o mundo empresarial. É assim que é possível cursar as licenciaturas em Gestão, Informática e Gestão, Turismo e Desenvolvimento Arquitectura e ainda Arquitectura Paisagista.
A actividade cultural faz parte integrante do carácter da Universidade de Évora e da vida de quem nela trabalha. Espectáculos teatrais, seminários, exposições, colóquios, filmes, concertos, congressos, encontros científicos de todo o tipo têm lugar neste estabelecimento de ensino superior. No mês de Setembro a UE prepara-se para a recepção dos caloiros, assim como no Dia da Universidade que se comemora a 1 de Novembro. Outras datas que destacam no calendário como a realização do Prémio Virgílio Ferreira, no mês de Março, e a Semana Académica, a decorrer em Maio. Dia para dia, aumenta o número de entidades autónomas que pretendem dar vida à cultura na UE, nomeadamente o Coro da Universidade (CORUE), o GATUE e as Tunas Académicas.
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CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
TAP mantém interesse na Varig
A
TAP desistiu de apresentar para já uma proposta à Varig para a entrada no capital da companhia aérea brasileira apesar de manter o interesse na companhia brasileira, revelou à agência Lusa fonte da transportadora portuguesa. A TAP abandona assim a in-
BREVES TAP é top de marketing no Brasil A TAP conquistou o TOP de Marketing 2005, com um case sobre o seu Programa de Passageiro Frequente VICTORIA. Atribuído pela ADVB, trata-se do mais importante galardão na área do Marketing no Brasil. O Programa de Passageiro Frequente da TAP desde que foi lançado naquele País, em Janeiro de 2003, teve um crescimento de 140%, conferindo vantagens especiais aos seus membros, agora acrescidas com a entrada da TAP na Star Alliance. É a terceira vez que a TAP conquista o TOP de Marketing, pois já em 2002 e 2004, recebeu o prestigioso reconhecimento da ADVB que premeia estratégias corretamente implementadas e bem sucedidas em Marketing. O prémio será entregue em sessão a realizar no próximo dia 20 de Maio em S. Paulo.
Voa mais alto Com a campanha "A TAP voa mais alto", a companhia aérea quer reforçar a ideia de uma empresa moderna e dinâmica, que tem a simpatia dos portugueses. Visualmente todas as peças são dominadas por pessoas que olham para o céu para, no horizonte, encontrarem a nova TAP. Conceitos como confiança, rigor, simpatia, paixão e profissionalismo são dominantes na comunicação publicitária e através da qual a TAP reafirma valores como empenhamento, orgulho e missão de servir melhor. TAP Portugal. Voa mais alto é a assinatura do trabalho.
tenção inicial de apresentar uma proposta antes da administração da Varig apresentar o plano de reestruturação no tribunal a 12 de Setembro. Numa entrevista à edição de Agosto do jornal interno da TAP, o administrador-delegado da transportadora afirmou que a proposta deveria ser apresentada "à Varig no início de Se-
tembro". "Se a Varig a assumir [a proposta] deverá entregá-la ao tribunal", acrescentou Fernando Pinto. Fonte da TAP afirmou ontem à agência Lusa que a transportadora portuguesa "mantém o interesse, mas não vai tomar nenhuma iniciativa antes de conhecer o plano de reestruturação que
a Varig vai entregar no tribunal". Depois da Varig entregar o plano no tribunal, este terá de aprovar e só depois pode ser formalmente aceite pelos credores, num prazo de 90 dias. Só depois destes procedimentos se poderá passar para a fase seguinte. A situação agravou-se no final do mês passado, quando a
empresa foi impedida de vender a sua participada VarigLog, depois da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro ter determinado o arresto dos bens mó veis e imó veis, incluindo as marcas da empresa de carga. A TAP contratou a JP Morgan para a representar neste processo e elaborar a proposta à companhia aérea brasileira.
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Safari Bakery abriu as suas portas
ECONOMIA 27 Millenium BCP eleito "Banco do ano" pela revista "The Banker"
O
N
o passado dia 8 de Setembro, teve lugar a inauguração de Safari Bakery, um estabelecimento localizado na Candelária que oferece um conceito inovador que reú ne padaria, pastelaria, pizzaria, restaurante e café num mesmo sítio. Em Safari Bakery, o cliente é que decide o que quer, entre uma variada gama de opções que vão desde tomar um café, provar um bom doce ou desfrutar de pequenos-almoços completos, almoços ou jantares. Um elemento que marca a diferença é a sua decoração que evoca o ambiente natural de um safari, que se completa com a panorâ mica de um aquário colorido. Entre outros dos seus serviços, oferecem comidas em "self-service", assim "à la carte", com uma sala VIP onde se podem fazer eventos ou festas privadas. Safari Bakery é uma alternativa diferente para os paladares que desfrutam a variedade. O local está localizado em Alcabala a Cruz. Edif. 202. PB. La Candelaria. Tlf. (0212) 577 79 76
Millenium BCP acaba de ser distinguido como "Bank of the Year" em Portugal pela prestigiada revista "The Banker", uma publicação do grupo Financial Times, que divulga na sua edição de Setembro os "Awards" para os Bancos do Ano. A revista "The Banker" reconhece a forte performance e os esforços realizados pelo Banco, num ano em que aumentou o nú mero de Bancos candidatos a receber um prémio. Na edição de Julho, a revista publicou a lista dos 1000 maiores Bancos Mundiais, na qual o Millenium BCP, classificado em 101º lugar em Tier I Capital, surgia como o maior Banco em Portugal, a subir quatro posições relativamente ao ano anterior. A selecção da revista premeia a excelência entre as instituições que lideram mundialmente a Banca Comercial, reflectindo o reconhecimento da comunidade financeira internacional.
28 DESPORTO
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Sporting vence Benfica por 2-1 O
Sporting venceu no sábado passado o Benfica num Estádio de Alvalade quase lotado, na terceira jornada da Liga portuguesa de futebol, num "derby" em que os encarnados jogaram reduzidos a dez elementos desde os 53 minutos. Numa altura em que os "leões" já venciam por 1-0 - golo de Luís Loureiro, aos 39 minutos - sobretudo mercê da boa organização do meio campo da equipa de José Peseiro, o central Ricardo Rocha foi expulso, com vermelho directo, por Paulo Costa, apó s uma entrada muito dura sobre Rogério. Mesmo reduzida a dez unidades, a equipa de Ronald Koeman criou dificuldades ao Sporting, quando aos 65 minutos Simão Sabrosa na marcação de um livre directo fez o golo da igualdade, com preciosa ajuda da barreira. Os "leões" instalaram-se depois no meio-campo do Benfica, e apó s minutos de grande pressão chegaram ao justo golo da vitó ria, com Liedson a concluir de cabeça, aos 75 minutos, um excelente cruzamento de Tello na esquerda. O técnico holandês voltou a apostar no esquema três centrais (Anderson, Luisão e Ricardo Rocha), tal como tinha acontecido na derrota caseira frente ao Gil Vicente, com João Pereira a fechar na direita
e Nelson na esquerda. No miolo, o jovem Manuel Fernandes, pareceu demasiado só para contrariar a boa organização do Sporting, enquanto o reforço grego Karagounis, não foi, nem parece ser o "nú mero 10", o organizador de jogo que os encarnados precisavam. O lado esquerdo do ataque ficou entregue a Simão Sabrosa, um pouco apagado, enquanto na direita, Koeman apostou em Carlitos, mas o extremo esteve bastante inconsequente. Na frente de ataque esteve o italiano Miccoli - relegou Nuno Gomes para o banco de suplentes -, mas o pequeno avançado esteve só e mal apoiado e mais do que isso, foi sempre bem anulado pelos centrais do Sporting, Polga e Tonel, este ú ltimo no lugar do lesionado Beto. Na equipa de José Peseiro a baliza continuou entregue a Nelson, tal como era esperado, a lateral direita ao brasileiro Rogério, enquanto o lado esquerdo do sector mais recuado esteve entregue a Tello, em substituição do lesionado Edson. No meio-campo, e pareceu que foi ai que o jogo foi ganho, sobretudo no primeiro período, Luís Loureiro e João Moutinho ganharam a Manuel Fernandes, enquanto Douala e Liedson iam alternando na esquerda e direita. Lá na frente, o brasileiro Deivid com Sá Pinto nas costas.
Classificações dos Campeonatos portugueses Liga Betandwind 3ª Jornada Académica - V. Setúbal Boavista - P. Ferreira E. Amadora - Naval 1º Maio FC Porto - Rio Ave Gil Vicente - Nacional Penafiel - Belenenses Sporting - Benfica U. de Leiria - Marítimo V. Guimarães - Braga
0-1 3-1 2-1 3-0 0-1 0-3 2-1 0-0 0-2
Classificação
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
FC Porto Braga Sporting Nacional Belenenses Gil Vicente Rio Ave Boavista E. Amadora V. Setúbal Naval 1º Maio P. Ferreira Académica Marítimo U. de Leiria Benfica V. Guimarães Penafiel
J V E
D G
P
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
0 0 0 0 1 1 1 0 1 1 2 2 1 2 2 2 3 3
9 9 9 7 6 6 6 5 4 4 3 3 2 1 1 1 0 0
3 3 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0
0 0 0 1 0 0 0 2 1 1 0 0 2 1 1 1 0 0
7-2 4-0 6-3 4-2 7-3 3-1 5-4 4-2 3-3 1-1 5-5 2-4 2-3 1-3 1-4 1-4 1-7 0-6
4ª Jornada (18-09)
II Divisão - Série B 2ª Jornada
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º
V 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0
1-1 3-0 2-1 1-0 Não Jogado Descansou 0-2 2-0
E 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0
D 0 0 0 1 0 1 0 1 1 0 0 1 2 2 2
G 3-0 3-0 2-1 5-3 2-0 2-1 2-1 2-2 4-5 1-1 0-0 0-1 0-3 0-3 0-5
3ª Jornada (25-9) "A Designar III" - Ali. Lordelo Dragões Sand. - P. Rubras FC Porto B - Descansa Lousada - Fiães Marítimo B - Ribeira Brava Paredes - Esmoriz Pontassolense - Espinho Sanjoanense - Infesta
2-1 2-0 2-1 2-3 1-0 2-0 0-1 2-2 0-0
Classificação
J 3 1º Covilhã 3 2º Leixões 3 3º Beira-Mar 2 4º Estoril 3 5º Vizela 2 6º Barreirense 3 7º Varzim 3 8º Olhanense 3 9º Ovarense 1 10º Gondomar 3 11º Santa Clara 2 12º Marco 3 13º Maia 3 14º Moreirense 15º Portimonense 3 2 16º Desp. Aves 1 17º Chaves 18º Feirense 3
V 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
E 0 1 1 0 2 1 1 1 1 0 3 2 1 1 1 0 0 0
D 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 2 2 2 2 1 3
At. Valdevez Fafe - Vilaverdense Freamunde - Famalicão Lixa - "A Designar" Ribeirão - Braga B Sandinenses - Camacha Torcatense - Portosantense União - Trofense
P 6 6 4 3 3 3 3 3 3 1 0 0 0 0 0
P 9 7 7 6 5 4 4 4 4 3 3 2 1 1 1 0 0 0
4ª Jornada (18-9)
União Coimbra - Benfica Castelo Branco 1-3 Tourizense - Rio Maior 1-1 Portomosense - Nelas 1-1 Penalva Castelo - Pampilhosa 0-0 Oliveirense - Oliveira Hospital 3-0 Oliveira Bairro - Sporting Pombal 2-2 Abrantes Descansou Fátima Descansou
Classificação
1º Tourizense
J V E D G P 2 1 1 0 4-1 4
2º Rio Maior
2
1 1 0 3-2 4
3º Pampilhosa
2
1 1 0 2-1 4
4º Penalva Cast. 2
1 1 0 1-0 4
5º Sp. Pombal
2
1 1 0 3-2: 4
6º Abrantes
1
1 0 0 2-1 3
7º Oliveirense
2
1 0 1 3-1 3
8º Benfica C. B.
2
1 0 1 4-3 3
9º Portomosense 2 0 1 1 2-3 1 10º Nelas
2 0 1 1 1-4 1
11º Oliveira Bairro 1 12º Fátima
0 1 0 2-2 1
0 0 0 0 0-0 0
13º União Coimbra 2 0 0 2 2-5 0 14º Oliv. Hospital 2 0 0 2 0-4 0
3ª Jornada (25-9) Abrantes - União Coimbra Benfica Castelo Branco - Tourizense Rio Maior - Portomosense Nelas - Penalva Castelo Pampilhosa - Oliveirense Oliveira Hospital - Oliveira Bairro Sporting Pombal - Fátima
Descansou 3-2 2-2 Não Jogado 1-0 2-1 1-2 0-2
Classificação
G 6-2 4-1 2-0 6-2 4-1 3-2 5-5 5-6 4-6 1-0 1-1 3-3 4-6 3-5 1-5 2-4 0-2 3-6
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º
Portosantense Trofense Famalicão Sandinenses Vilaverdense Camacha Ribeirão Fafe Freamunde Braga B "A Designar" At. Valdevez Lixa União Torcatense
J 2 2 2 2 2 2 1 2 2 2 0 0 1 2 2
V 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0
E 0 1 1 1 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0
D 0 0 0 0 1 1 0 1 0 1 0 0 1 2 2
G 5-1 3-1 3-2 3-2 5-3 5-4 1-0 5-6 3-3 1-2 0-0 0-0 0-3 0-3 1-5
P 6 4 4 4 3 3 3 3 2 1 0 0 0 0 0
3ª Jornada (25/9) "A Designar" - Torcatense At. Valdevez - Lixa Braga B - Descansa Camacha - União Famalicão - Ribeirão Portosantense - Fafe Trofense - Freamunde Vilaverdense - Sandinenses
II Divisão - Série C 2ª Jornada
Classificação
J Fiães 2 Pontassolense 2 FC Porto B 2 Dragões Sand. 2 Lousada 1 Rib. Brava 2 Espinho 1 Sanjoanense 2 Esmoriz 2 Ali. Lordelo 1 "A Designar III" 0 Infesta 1 P. Rubras 2 Paredes 2 Marítimo B 2
Barreirense - Desp. Aves Covilhã - Olhanense Estoril - Moreirense Feirense - Ovarense Gondomar - Portimonense Leixões - Chaves Maia - Beira-Mar Marco - Varzim Vizela - Santa Clara
Beira-Mar - Covilhã Chaves - Gondomar Desp. Aves - Vizela Moreirense - Leixões Olhanense - Marco Ovarense - Maia Portimonense - Barreirense Santa Clara - Feirense Varzim - Estoril
Belenenses - V. Guimarães Benfica - U. de Leiria Braga - FC Porto Marítimo - Penafiel Nacional - Sporting Naval 1º Maio - Boavista P. Ferreira - Académica Rio Ave - E. Amadora V. Setúbal - Gil Vicente
Ali. Lordelo - FC Porto B Esmoriz - Marítimo B Espinho - Sanjoanense Fiães - Paredes Infesta - "A Designar III" Lousada P. Rubras - Pontassolense Rib. Brava - Dragões Sand.
II Divisão - Série A 2ª Jornada
Liga de Honra 3ª Jornada
II Divisão - Série D 2ª Jornada Torreense - Pinhalnovense Odivelas - Operário Vitória Setúbal B - Casa Pia Oriental - Louletano Real Massamá - Olivais Moscavide Micaelense - Imortal Silves - Benfica B Mafra - Madalena
0-2 0-1 2-3 1-3 2-2 2-2 2-2 5-0
Classificação
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º
Casa Pia Operário Mafra Pinhalnovense Benfica B Ol.Moscavide Setúbal B Madalena Louletano Imortal Real Silves Micaelense Odivelas Oriental Torreense
J 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
V 2 2 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0
E 0 0 1 1 1 1 0 0 0 2 2 1 1 0 0 0
D 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1 1 2 2 2
G 6-3 3-0 6-1 3-1 3-2 3-2 6-5 2-6 5-5 3-3 3-3 3-4 2-3 1-4 1-4 0-4
3ª Jornada (25-9) Abrantes - União Coimbra Benfica Castelo Branco - Tourizense Rio Maior - Portomosense Nelas - Penalva Castelo Pampilhosa - Oliveirense Oliveira Hospital - Oliveira Bairro Sporting Pombal - Fátima
P 6 6 4 4 4 4 3 3 3 2 2 1 1 0 0 0
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
III Divisão - Série B 1ª Jornada
III Divisão - Série A 1ª Jornada Oliveirense - Merelinense Bragança - Valpaços Mirandela - Esposende Valenciano - Correlhã Vianense - Cerveira Amares - Monção Maria Fonte - Vinhais Mondinense - Brito Joane - Cabeceirense
4-0 2-0 4-0 0-2 1-0 3-1 5-1 2-3 1-0
Classificação J V E
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Maria da Fonte 1 Mirandela 1 Oliveirense 1 Amares 1 Bragança 1 Correlhã 1 Brito 1 Joane 1 Vianense 1 Mondinense 1 Cabeceirense 1 Cerveira 1 Monção 1 Valenciano 1 Valpaços 1 Vinhais 1 Esposende 1 Merelinense 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
D G
P
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1
3 3 3 3 3 3 3 3 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5-1 4-0 4-0 3-1 2-0 2-0 3-2 1-0 1-0 2-3 0-1 0-1 1-3 0-2 0-2 1-5 0-4 0-4
2ª Jornada (25-9) Merelinense - Joane Valpaços - Oliveirense Esposende - Bragança Correlhã - Mirandela Cerveira - Valenciano Monção - Vianense Vinhais - Amares Brito - Maria Fonte Cabeceirense - Mondinense
União Lamas - Estarreja Tondela - Milheiroense S. João Ver - Valecambrense Avanca - Tocha Anadia - Gafanha Souropires - Valonguense Os Marialvas - Fornos Algodres Cesarense - Sátão Social Lamas - Arrifanense
0-0 1-1 1-2 0-0 0-0 1-1 1-0 1-0 4-2
Classificação J V E
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Padroense 1 Torre Moncorvo 1 Cinfães 1 TTarouquense 1 Valonguense 1 Vila Real 1 Reborosa 1 Vila Meã 1 Vilanovense 0 Ataense 0 Ermesinde 0 Vilanovense 0 S. Pedro Cova 1 Lus. Lourosa 1 Rio Tinto 1 Canedo 1 Tirsense 1 Leça 1
1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
D G
P
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1
3 3 3 3 3 3 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3-0 3-1 2-0 3-2 1-0 1-0 1-1 1-1 0-0 0-0 0-0 0-0 2-3 0-1 0-1 1-3 0-2 0-3
2ª Jornada (25-9) Canedo - Tarouquense Vila Meã - Torre Moncorvo Vilanovense - Rebordosa Ermesinde - Ataense Rio Tinto - Cinfães Lusitânia Lourosa - Valonguense Leça - Vila Real S. Pedro Cova - Padroense
III Divisão - Série C 1ª Jornada União Lamas - Estarreja Tondela - Milheiroense S. João Ver - Valecambrense Avanca - Tocha Anadia - Gafanha Souropires - Valonguense Os Marialvas - Fornos Algodres Cesarense - Sátão Social Lamas - Arrifanense
0-0 1-1 1-2 0-0 0-0 1-1 1-0 1-0 4-2
Classificação
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Social Lamas Valecambrense Cesarense Fornos Algodres Milheiroense Souropires Tondela Valongunese Anadia Avanca Estarreja Gafanha Tocha União Lamas S. João Ver Os Marialvas Satão Arrifanense
III Divisão - Série D 1ª Jornada
J V E
D G
P
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1
3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
4-2 2-1 1-0 1-0 1-1 1-1 1-1 1-1 0-0 0-0 0-0 0-0 0-0 0-0 1-2 0-1 0-1 2-4
2ª Jornada (25-9) Milheiroense - Social Lamas Valecambrense - Tondela Tocha - S. João Ver Gafanha - Avanca Valonguense - Anadia Estarreja - Souropires Fornos Algodres - União Lamas Satão - Os Marialvas Arrifanense - Cesarens
III Divisão - Série E 1ª Jornada
Caldas - Amiense 4-0 Mirandense - Bidoeirense 1-0 Riachense - Sertanense 2-4 Alcobaça - Marinhense 0-0 Eléctrico - Beneditense 1-0 O Vigor Mocidade - Caranguejeira 2-0 Monsanto - Idanhense 1-0 Peniche - Sourense 2-1 Fundão Descansou
Classificação
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º
Caldas Sertanense Vig. Mocidade Peniche Eléctrico Mirandense Monsanto Alcobaça Marinhense Fundão Sourense Beneditense Bidoeirense Idanhense Riachense Caranguejeira Amiense
J V E
D G
P
1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1
3 3 3 3 3 3 3 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
4-0 4-2 2-0 2-1 1-0 1-0 1-0 0-0 0-0 0-0 1-2 0-1 0-1 0-1 2-4 0-2 0-4
2ª Jornada (25-9) Amiense - Peniche Bidoeirense - Caldas Sertanense - Mirandense Marinhense - Riachense Beneditense - Alcobaça Caranguejeira - Eléctrico Idanhense - Fundão Sourense - Monsanto Folga: O Vigor Mocidade
DESPORTO 29
Cacém - Vialonga Santana - Carregado Atlético - Câmara Lobos Montijo - Caniçal Machico - Alcochetense Futebol Benfica - O Elvas Vilafranquense - Ouriquense 1º Dezembro - Loures Tires - Sintrense
1-1 1-1 8-0 0-2 2-1 0-0 1-1 1-3 2-0
Classificação J V E
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Atlético 1 Loures 1 Caniçal 1 Tires 1 A. D. Machico 1 Cacém 1 Carregado 1 Ouriquense 1 Santana 1 Vialonga 1 Vilafranquense 1 Futebol Benfica 1 O Elvas 1 Alcochetense 1 1º Dezembro 1 Montijo 1 Sintrense 1 Câmara Lobos 1
1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0
D G
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0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1
3 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0
8-0 3-1 2-0 2-0 2-1 1-1 1-1 1-1 1-1 1-1 1-1 0-0 0-0 1-2 1-3 0-2 0-2 0-8
2ª Jornada (25-9) Vialonga - Tires Carregado - Cacém Câmara Lobos - Santana Caniçal - Atlético Alcochetense - Montijo O Elvas - Machico Ouriquense - Futebol Benfica Loures - Vilafranquense Sintrense - 1º Dezembro
III Divisão - Série F 1ª Jornada Aljustrelense - Vasco Gama Lusitano Évora - Sesimbra Almansilense - Messinense Ferreiras - Beira-Mar Lusitano VRSA - Desp. Beja Lagoa - Farense Amora - Juventude Oeiras - Monte Trigo Estrela Vendas Novas - Castrense (*) Falta de comparência do Farense
2-2 (*) 0-0 (*) 1-0 (*) 0-0 (*) 1-1 (*) 3-0 (*) 1-2 (*) 3-0 (*) 2-0 (*)
Classificação
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º
Lagoa Oeiras Estrela V. Novas Juventude Almansilense Aljustrelense Vasco Gama Desp. Beja Lusitano VRSA Beira-Mar Ferreiras Lusitano Évora Sesimbra Amora Messinense Castrense Farense Monte Trigo
J V E
D G
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1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1
3 3 3 3 3 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0
1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0
3-0 3-0 2-0 2-1 1- 0 2-2 2-2 1-1 1-1 0-0 0-0 0-0 0-0 1-2 0-1 0-2 0-3 0-3
O Farense conta com uma derrota, por 3-0, devido à falta de comparência no jogo da 1ª jornada com o Lagoa.
2ª Jornada (25-9) Vasco Gama - Estrela Vendas Novas Sesimbra - Aljustrelense Messinense - Lusitano Évora Beira-Mar - Almansilense Desp. Beja - Ferreiras Farense - Lusitano VRSA Juventude - Lagoa Monte Trigo - Amora Castrense - Oeiras
30 DESPORTO
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
Dinis Aveiro era o pai mais feliz do Mundo O pai de Cristiano Ronaldo tinha enorme orgulho no filho. Numa entrevista antes de falecer, demonstrou-o com gestos que merecem ser repetidos pessoa humilde, "demasiado até", como diziam os pai do famoso amigos mais pró ximos, jogador de fu- apenas disfarçado pelo tebol portu- profundo orgulho que nuguês Cristiano tria pelo filho e pela sua Ronaldo, Dinis Aveiro, fa- família. Cristiano Ronaldo leceu na semana passada, cresceu, tornou-se famoso, vítima de doença prolon- um ídolo em Portugal, mas gada. a vida de Dinis Aveiro O jogador madeirense pouco mudou, a não ser o soube da notícia quando facto de ter passado a ser estava em Moscovo, onde conhecido na rua como "o está ao serviço da selecção pai do Ronaldo". nacional. Dinis Aveiro trabalhou Antes da sua morte, Di- como cantoneiro, ao servinis Aveiro, natural de San- ço da Câ mara Municipal to Antó nio, deu uma en- do Funchal, e como parttrevista ao CORREIO. A time exercia as funções de morte surpreendeu-nos e roupeiro, hoje em dia conveio ainda antes da publi- hecido com técnico de cação do artigo neste se- equipamentos, no Clube manário. Futebol Andorinha, clube Dinis Aveiro era uma que viu nascer a coqueluAleixo Vieira
O
che do futebol português. O pai de Cristiano Ronaldo sentia orgulho no trabalho que desempenhava no clube e um orgulho ainda maior, imenso mesmo, no filho que sempre apoiou o pai, dandolhe do bom e do melhor. No entanto, confessava sempre que, apesar de não faltar nada em casa, era na mercearia que sentia a vontade para tomar um copo. Era ali que Dinis Aveiro passava boa parte do tempo a falar do filho, sem nunca o gabar. "Não gosto de gabar o meu filho, prefiro que sejam as outras pessoas falem nele" dizia, ao mesmo tempo que aproveitava para recuar a
infâ ncia do jogador do Manchester United. "Não parava em casa, era meio traquinas porque só queria bola e de vez em quando até fugia às irmãs para ir para o campo do Marítimo", explicava. Destacava também e sempre a humildade e generosidade do filho. "Sempre foi amigo de todos os seus amigos, e quando vem a Madeira reú ne-se no campo da Ribeira Grande, às vezes para jogar bilhar no salão. Até chamava os amigos da infâ ncia para alguns petiscos embora não beba" referia com orgulho. Dinis Aveiro não perdia um jogo do filho sempre que transmitidos pela televisão. Assistimos a um dos jogos na sua companhia, onde procurou evidenciar uma conduta tranquila, sem conseguir disfarçar nítidas emoções com algumas jogadas do seu menino, e rindo-se sempre que o filho fazia dribles mágicos. "Onde é que ele aprendeu a fazer aquilo?" questionava-se de vez em quando, com um largo sorriso. Findo o jogo, Dinis Aveiro mostrou com orgulho a nova casa, que o filho comprou para a família e até o Mercedez novo que está na garagem. Durante a visita aproveitou para falar de Inglaterra, da grandeza do Man-
chester, dos contactos com o treinador do Manchester, com os colegas do filho e com a massa associativa do clube. "Fui sempre bem recebido mas não conseguia lá viver, apesar do meu filho ter pedido para ir com ele. Prefiro a minha terra", justificou. Questionado se não o estrelato do filho não tinha mudado a sua vida, sorriu e disse: "Sou o mesmo de sempre e não me assusto facilmente. Já estive em Angola como antigo combatente militar", registou. Enquanto fã nú mero um de Ronaldo, Dinis Aveiro acompanhou de perto a ascensão do filho, a sua carreira, desde a convocação à selecção principal de Portugal, ao jogo com o Manchester e ao fantástico jogo que realizou com o Moreirense, ainda com a camisola do Sporting. "Tinha apenas 17 anos", recordou. Também falou dos momentos tristes, da tristeza e as lágrimas que derramou ao ver o filho a chorar, apó s a final do Euro'2004. "Ronaldo sentiu muito esse jogo. Foi difícil para mim ver o meu filho assim tão triste, nem consegui dormir e s s a noite", disse a finalizar.
BREVES Mike Tyson quer ir a Lisboa para conhecer Eusebio Lisboa, 5 set (EFE).Mike Tyson, ex-campeão mundial de pesos pesados, quer ir a Portugal para conhecer o famoso jogador de futebol Eusebio e para visitar o Estádio da Luz, do Benfica, divulgou hoje o jornal desportivo A Bola. O jornal destaca que a hipotética visita de Tyson a Lisboa responde ao interesse despertado no pugilista americano por Mario Costa, um português residente nos Estados Unidos há mais de 30 anos e grande fã da equipa do Estádio da Luz. Costa, que conheceu Tyson em 1983, falou muitas vezes ao pugilista sobre Eusebio, o "Pantera negra", lenda da equipa lisboeta nos anos sessenta, época de ouro do clube português. Tyson, após ver videos de jogos de Eusebio, confessou a Costa que o exjogador do Benfica era o melhor do mundo, superior a Maradona, outro de seus grandes ídolos.
Mourinho terá cópia de cera em Londres O treinador português José Mourinho continua a obter reconhecimentos pelo seu trabalho como treinador de futebol. Desta vez, a distinção está longe dos diversos títulos desportivos com os que tem sido homenageado o preparador português até ao momento, pois se trata de uma cópia de cera no famoso Museu Madame Tussaud de Londres. Mourinho vai converter-se assim no primeiro treinador da Liga de Futebol inglesa a ter esta condecoração. O treinador foi a personalidade escolhida para marcar a época de Outono do Museu porque esta instituição costuma acrescentar todos os anos cerca de dez cópias de cera à sua colecção. A eleição do Mourinho, por parte da direcção do Museu, devese ao facto de que este goza duma incrível popularidade não só por parte dos fanáticos do Chelsea, como também em toda a Inglaterra.
CORREIO DE CARACAS - 15 DE SETEMBRO DE 2005
DESPORTO 31
Adeus sentido ao amigo Dinis Aveiro Filipe Sousa
(DN - Madeira)
C
entenas de anó nimos e várias personalidades do futebol e da política fizeram questão de estar ao lado de Cristiano Ronaldo, no dia do funeral do seu pai, Dinis Aveiro, falecido na terça-feira semana passada, vítima de doença prolongada. O presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, quis dar uma palavra de conforto ao craque português e foi uma das presenças mais significativas no dia mais triste da vida de Cristiano Ronaldo. O vice-presidente para a área desportiva da Federação Portuguesa de Futebol, Carlos Silva, o director desportivo, Carlos Godinho, e os técnicos Luiz Felipe Scolari e Flávio Teixeira estiveram também presentes nas cerimó nias fú nebres do pai de Cristiano Ronaldo, que voltou a demonstrar uma maturidade fora do vulgar, apesar do ar muito comovido, mas sempre contido. O empresário do jogador, Jorge Mendes, acompanhado pela esposa e colabo-
radores directos não deixaram Ronaldo um ú nico minuto, como também Rui Marote, presidente da Associação de Futebol da Madeira, e Marcelino Andrade, presidente da Junta de Freguesia de Santo Antó nio. Paulo Bento, actual treinador dos juniores do Sporting, em representação do clube lisboeta, passou pelo cemitério de Santo Antó nio, ainda antes do início do funeral, para dar um abraço de solidariedade ao antigo colega. A ausência de responsáveis do Manchester United, Nacional e Marítimo fi-
zeram-se sentir, por entre um mar de populares e amigos de Dinis Alves, pessoa muito querida na freguesia de Santo Antó nio, que primou sempre pela humildade. Saliência final para o esquema de segurança posto em marcha, muito apertado, com a família a evitar fotografias ou registo de imagens da cerimó nia, facto que ocasionou alguns desentendimentos entre repó rteres de imagens e segurança. Valeu a prudência de outros para evitar males maiores num dia muito triste na vida de um ídolo.
BREVES Tiago Monteiro confia em ficar na Formula 1 em 2006 O piloto português de Formula 1 Tiago Monteiro aproveitou a sua última visita a Portugal para falar sobre o seu futuro na máxima categoria do automobilismo. Tiago, oriundo da cidade do Porto, acredita poder continuar na Fórmula 1 no próximo ano, partindo da boa actuação que tem tido ao longo dos dezasseis grandes prémios disputados nesta época. Neste momento, são poucas as equipas sem pilotos para 2006, tendo já começado a surgir muitos nomes com possibilidades de entrar para a F1, mas o bom rendimento de Tiago Monteiro e o facto deste ter estabelecido um novo um recorde ao terminar, até agora, todos os grandes prémios disputados, garantem, de alguma maneira, a sua permanência na Formula 1. Se continuar a somar bandeiras axadrezadas nos últimos três grandes prémios do ano, Tiago Monteiro vai ficar como o único piloto da história que consegue tal proeza, depois de se ter tornado no único português que conseguiu içar a bandeira lusa num pódio da Formula 1 e mais recentemente ter conseguido outro ponto com o seu oitavo lugar na pista belga de Spa-Francorchamps.
Quem quer um banco vai ao totta CORREIO DE CARACAS -15 DE SETEMBRO DE 2005
Chávez visita Portugal e Espanha em Outubro
D
epois de um debate intenso de mais de duas horas e 27 intervenç ões parlamentares, a maioria dos deputados que pertence ao oficialismo da Assembleia Nacional autorizou na semana passada as viagens do presidente Hugo Chávez, que visita Nova Iorque e a Europa. O primeiro mandatário venezuelano vai assistir à assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e à reunião plenária dessa organização, que se realiza entre os dias 13 e 19 de Setembro. Depois, visita Portugal, Espanha, a Rú ssia e a França, estando integrada estas visitas numa volta pela Europa que se realiza entre 11 e 25 de Outubro. Enquanto que os parlamentares adeptos do Governo defenderam a importâ ncia desta ron-
da pela Europa, assim como por todo o Mundo, os adversários do Governo alertaram o governante e os parlamentares para os grandes custos dessas viagens e os seus escassos resultados. A deputada Liliana Hernández sentenciou que "estas viagens não têm nenhuma utilidade. Se tivessem, na petição de autorização teria sido apresentada a agenda, para informar as personalidades que se vão reunir com o presidente, os contactos que vão ser feitos e os temas que serão debatidos. Mas isso não está aqui", critica. Por sua vez, os deputados Luis Tascó n e William Lara do MVR defenderam a importâ ncia das visitas pelos diferentes países do Mundo, argumentando que estas traziam grandes benefícios para o país.
A visita do presidente da Venezuela à Europa realiza-se de 11 a 25 de Outubro
Seniat fecha 83 padarias em Caracas Carlos Orellana
corellanacorreio@hotmail.com
U
m total de 83 estabelecimentos comerciais que se dedicam à venda de pão foi encerrado por funcionários do Serviço Nacional Integrado de Administração Aduaneira e Tributária (Seniat), que actuou juntamente com a Guarda Nacional, mediante operações que permitiram detectar desrespeito pelos deveres formais que estão estipulados no Có digo Orgâ nico Tributário (COT). A operação especial, denominada "Plano de Evasão Zero", foi coordenada no passado dia 9 por Selma Rendó n Álea, gerente de
Nas inspecções que foram feitas apenas cinco padarias cumpriam os requisitos exigidos Fiscalização do Seniat e, nesta, apenas cinco padarias cumpriam os requisitos exigidos pela equipa de fiscais do organismo cobrador. Os motivos que levaram ao encerramento dos 83 estabelecimentos comerciais estiveram relacionados com irregularidades nos deveres formais que são impostos pela Administração Tributária Nacional e, em especial,
nos livros de compra e venda do Imposto de Valor Agregado (IVA). "Comprovámos que há muita reincidência no sector das padarias", destacou Rendó n Álea, acrescentando que brevemente vão visitar mais 174 padarias da grande Caracas, sendo que assim concluem a operação especial dedicada à investigação neste sector. "Também encontrámos algumas padarias que vendem produtos como se fossem isentos do pagamento de impostos. Quando isso acontece, há uma forte evasão fiscal. E isto para não falar nas condições infra-humanas em que trabalham os empregados de alguns destes estabelecimentos. Pa-
ra além do mais, os empregados disseram-nos que os patrões normalmente não lhes paga os dias que estão fechados por coimas nossas, e isso é totalmente ilegal", assegura. No Estado de Miranda, os funcionários do Seniat também fizeram algumas inspecções. Visitaram 16 padarias, das quais se-
te foram encerradas por não estarem em dia com o Fisco Nacional. Por isso, as portas foram encerradas durante dois dias e foram-lhes aplicadas multas de 25 unidades tributárias. Mesmo assim, soubemos que o procedimento vai continuar em negó cios de outras áreas, nomeadamente nos locais nocturnos.