R E V I S T A
Nº 117 Jan Fev 2015
ÓRGÃO OFICIAL DO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
o s Bur aco s do sngPc Mobilização derruba MP 653
dengue e chikungunya assustam Brasil
Pág. 6
Pág. 18
índice Pág. 5
Editorial
Pág. 18 tecnologia Farmacêutica Você sabe o que é ensaio de dissolução?
Mudança: mais que uma palavra, uma meta
Pág. 20 saúde Pública
Pág. 6
MOBILIZAÇÃO
Dengue e Febre Chikungunya: um perigo para a população
MP 653/14 “caduca”, mas mobiliza categoria
Pág. 26 MATÉRIA DE CAPA
Pág. 12 Destaque CRF homenageia profissionais que se destacaram
Fórum SNGPC resulta em carta com sugestões de mudança
Pág. 32 Agora é diferente Investimento nas redes sociais aproxima categoria
Pág. 14 Memória da farmácia Conheça a importância do Topázio Imperial
Pág. 15 Ética Princípios de Ética e Cuidado Farmacêutico
2 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
Pág. 35 Empreendedorismo Empreendedores do bem
Pág. 39 qualipharma Qualipharma tem novos cursos e supera expectativas
EXPEdiEntE
agenda EXPoPharMa 13 a 15 de maio de 2015 - Centro de Convenções Sulamérica - rio de Janeiro - rJ
7º congrEsso ciEntÍFico do MErcado FarMacêutico 13 a 15 de maio de 2015 - Centro de Convenções Sulamérica - rio de Janeiro - rJ
iX congrEsso BrasilEiro dE BiossEguranÇa 29 de setembro a 1ª de outubro de 2015 hotel Plaza São rafael - Porto alegre - rS
Conselho regional de Farmácia do rio de Janeiro rua afonso Pena, 115 - Tijuca - rio de Janeiro - rJ CEP: 20270-244 Telefone: (21) 3872-9200 - Fax: (21) 2254-0331 Dúvidas e sugestões: diretoria@crf-rj.org.br Denúncias: fiscalizacao@crf-rj.org.br Curta nossa página no Facebook e acompanhe o que acontece: facebook.com/oCRFRJ www.crf-rj.org.br Diretoria Dr. Marcus Vinicius romano athila - Presidente Dra. Maely Peçanha Fávero retto - Vice-presidente Dr. robson roney Bernardo - Tesoureiro Conselheiros Efetivos Dra. Carla Patrícia de Morais e Coura, Dra. Denise Costa ribeiro, Dra. Fabiana Sousa Pugliese, Dr. Francisco Claudio de Souza Melo, Dr. luiz Fernando Secioso Chiavegatto, Dr. José roberto lannes abib, Dra. Maely Peçanha Fávero retto, Dr. Marcus Vinicius romano athila, Dra. Melissa Manna Marques, Dr. Paulo Oracy da rocha azeredo, Dr. robson roney Bernardo, Dra. Tania Maria lemos Mouço Conselheiros Suplentes Dra. Nilza Bachinski Pinhal, Dra. rejane Maria F. de Oliveira Carvalho, Dra. Silvania Maria Carlos França Conselheiro Federal Dra. ana Paula de almeida Queiroz
8º rioPharMa congrEsso dE ciências FarMacêuticas 15 a 17 de outubro de 2015 - Centro de Convenções Sulamérica - rio de Janeiro - rJ
Conselheiro Federal Suplente Dr. alex Sandro rodrigues Baiense Editora e Jornalista Responsável adriane lopes (MTB – 17195) Editora Chefe Sônia lara (MTB – 16690) Repórter Patrícia Mercês (MTB - 21451) Estagiária de Jornalismo Maria Karolina rodrigues da Silva
X congrEsso BrasilEiro dE FarMácia hosPitalar 12 a 14 de novembro de 2015 - Expo unimed Curitiba - Pr
Para conferir mais informações sobre estes e outros eventos, acesse: http://crf-rj.org.br/eventos.html
Diagramação e Projeto Gráfico Grupo letra Comunicação - Cíntia Fernandes e Jaque Medeiros Comissão Editorial Dr. Marcus Vinicius romano athila Dra. Maely Peçanha Fávero retto Dr. robson roney Bernardo Dr. Carlos alberto Santarém Santos Dra. aline Coppola Napp Dr. Bruno Silva Freire Dra. Elizabeth Zagni Schmied Gonzaga Dr. Fábio lima reis Dr. luiz Fernando Secioso Chiavegatto Dr. Marcos antonio dos Santos alves Dr. alex Sandro rodrigues Baiense 3 l revista rioPharma l jan . fev 2015
Mudança:
Editorial
Os últimos meses abriram novos caminhos para o Conselho regional de Farmácia do rio de Janeiro. rotas que nos levam a um novo cenário onde construímos uma entidade mais compromissada, transparente em suas ações e obrigações, participativa, mobilizadora e, porque não dizer, sã. Saímos de um quadro onde imperavam problemas contábeis, um posicionamento inconstante e uma gestão vertical, adotada pelas instituições há muito tempo e estruturada de forma que a hierarquia é uma das suas principais características. acreditamos que, para conduzirmos o farmacêutico no caminho do sucesso, do reconhecimento e da qualidade dos serviços que presta ao cidadão deveríamos, antes de tudo, trazermos para mais perto esse profissional, justificativa de nossa existência. Para tanto, lançamos nossos compromissos para conhecimento de todos e, passo a passo estamos cumprindo cada um deles. É importante citar o equilíbrio das contas, saindo de um cenário negativo para um positivo; a renovação de nossa frota através da terceirização, o que a mantém renovada e com custos reduzidos; a união com outras entidades, estudantes e farmacêuticos; uma participação proativa nas lutas da categoria, e a convocação e a presença em atos de defesa da nossa profissão. Nunca estivemos tão próximos da categoria. De forma inédita conseguimos exercer força mobilizadora e reunimos farmacêuticos, acadêmicos e até mesmo a população em torno de nossa causa. Enquanto isso, participamos da frente que avançou sobre o Congresso, negociando e pressionando os parlamentares contra a MP nº 653, que graças ao nosso empenho acabou “caducando”, ou seja, perdeu sua efetividade por não ter sido votada nos prazos exigidos pela legislação. Conquistamos, inclusive, grande repercussão na mídia. aproveito este momento para parabenizar a todos que se engajaram nesta batalha e que assim, além de defenderem nossa
Foto: humberto Teski
mais que uma palavra, uma meta
categoria, também comprovaram nossa preocupação constante com a saúde da população. Também nos aproximamos de farmacêuticos e estudantes através das plenárias, da atuação efetiva nas redes sociais, como Facebook, Flickr e Youtube, canais diretos de diálogo. aliás, esta sim é uma palavra que merece destaque: diálogo. Na busca por essa gestão horizontal, descartamos aquilo que não agregava valor e primamos pelas responsabilidades gerenciais de forma a trabalharmos produtivamente. assim, fortalecemos o CrF-rJ, a Farmácia, o farmacêutico, nosso orgulho e, principalmente, o respeito da sociedade à nossa profissão. Que 2015 seja um ano de ainda mais progressos e vitórias, já que as lutas não cessam. a todos os farmacêuticos, todos os dias, principalmente no dia 20 de janeiro, a certeza de que esta profissão merece todos os esforços, apreço e dedicação a ela destinados. um abraço do amigo, Dr. Marcus Athila Presidente do CRF-RJ 5 l revista rioPharma l jan . fev 2015
MoBiliZaÇÃo
da união se faz a força: lugar de farmacêutico é na farmácia
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A publicação da MP nº 653/2014 pela presidente Dilma Rousseff há alguns meses trouxe novamente à tona uma discussão que perdura há décadas: qual a importância do farmacêutico na farmácia comunitária? E a reviravolta aconteceu exatamente quando se comemorava a sanção da Lei nº 13.021/2014, que criou o conceito de farmácia como estabelecimento de saúde. Mas, felizmente, graças ao empenho da categoria, da mobilização da mídia e o apoio da população, a medida provisória não foi votada pelo Congresso Brasileiro em tempo regimental e, portanto, caiu por decurso de prazo. Mas, se por um lado a medida provisória trouxe riscos às conquistas obtidas após décadas de luta, por outro devolveu à classe farmacêutica o espírito de união, demonstrado nas manifestações realizadas em Brasília, acompanhando de perto as votações no Congresso, ou espalhadas por todo o país, como foi largamente divulgado pela imprensa, inclusive no Rio de Janeiro. Na capital fluminense, por duas ocasiões, o ato aconteceu nas escadarias da Câmara de Vereadores, na tradicional Cinelândia, no Centro. Farmacêuticos, acadêmicos e lideranças do setor usaram de palavras de ordem, faixas, cartazes e panfletaram à população, com o objetivo de esclarecer sobre como seria danoso se o usuário de medicamento ficasse sem o serviço de assistência farmacêutica nas farmácias. O apoio foi imediato, inclusive com histórias como a do aposentado Jorge Francisco, de 69 anos, enfático no apoio ao protesto e à presença incondicional do farmacêutico. Ele contou que a esposa teve um problema de saúde, passou por três hospitais públicos, somente conseguindo atendimento no último. Após os procedimentos, o médico prescreveu um medicamento e ao chegar à farmácia, veio o esclarecimento, na pessoa do farmacêutico de uma rede, de que aquele medicamento era destinado à outra enfermidade. O aposentado, afirmou que sua esposa foi salva pelo farmacêutico e concluiu que não quer ficar sem o serviço desse profissional. Segundo Marcus Athila, presidente do CRF-RJ, que esteve presente na manifestação carioca e também em Brasília, “a 653/2014 era um grande golpe para a profissão farmacêutica e deixava a população, já tão abandonada pelo poder público, sem o direito de ter o farmacêutico para lhe prestar seus serviços.” Athila acrescentou ainda que “após a vitória da publicação da
13.021/2014, que reconhece a farmácia como estabelecimento de saúde, a MP 653 descaracterizava toda a assistência ao paciente, que só o farmacêutico é capaz de dar”. Para Maria Letice Couto de Almeida, presidente da ABF – Associação Brasileira de Farmacêuticos, presente na manifestação, “o farmacêutico é o último elo da cadeia que pode detectar um engano, já que ele conhece o medicamento e o seu fim.” Maria Letice disse ainda que, as profissões de médico e de farmacêutico se complementam e não se pode retirar o serviço do farmacêutico das farmácias e drogarias, por conta de redução de custos.” José Liporage, diretor do Sinfaerj – Sindicato dos Farmacêuticos do Rio de Janeiro, disse que “já existe um número imenso de erros e intoxicação por medicamento, imagine o impacto na saúde pública, se a MP 653 fosse aprovada.”
“O farmacêutico capacita a equipe, orienta o cliente, presta serviços de saúde, prescreve, e ainda supervisiona e administra: pessoas, medicamentos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados. Farmacêutico cuida. Farmacêutico dá credibilidade e conquista clientes. A farmácia é mais farmácia com o farmacêutico!” Fernanda Ramos, farmacêutica 7 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
Plenária levou o debate aos estudantes a 534ª Plenária do CrF-rJ aconteceu no dia 26 de novembro, na sede da aBF – associação Brasileira dos Farmacêuticos, no Centro do rio. No encontro, o presidente do Conselho, Marcus athila, parabenizou a participação dos farmacêuticos e acadêmicos nas manifestações contra a MP 653/2014 e reafirmou que esse é um momento difícil, mas “percebe que está nascendo um sentimento de orgulho pela profissão e isso é importante, pois gera a união.” acadêmicos marcaram presença na plenária e também se manifestaram. O universitário luis Filgueiras, do 4º período da Faculdade universo, no município de São Gonçalo, falou da importância da integração entre estudantes e profissionais, pois entende que “a juventude tem força para ajudar na união da classe e lutar por um futuro melhor.”
Já Monique do Carmo, do primeiro período da Faculdade Celso lisboa, pela primeira vez na plenária, se sentiu valorizada em ter sua opinião ouvida por profissionais já experientes e disse que escolheu a profissão por amor e a defenderia “com unhas e dentes”, contra a MP 653. Os estudantes também participaram ativamente nas manifestações. a maioria dos conselheiros presentes parabenizou a iniciativa do CrF-rJ em promover os atos públicos. O coordenador da Seccional de Duque de Caxias, leonardo légora de abreu, defendeu a importância da aproximação da categoria num todo, mas também junto aos acadêmicos e o incentivo a já participarem dos movimentos em prol da profissão. Já o farmacêutico, Jimmy Ogoye, do Quênia, disse que “a MP 653 foi um mal, que se transformou em bem, pois uniu a categoria.”
um recurso muitas vezes desconhecido “acho que a população brasileira desconhece a possibilidade deste recurso, da assistência farmacêutica, o que torna esta prática incomum em nosso país. Em países desenvolvidos, esse profissional desempenha um papel importante na prescrição, elaboração e dispensação dos fármacos, aumentando a segurança deste processo como um todo. Nos hospitais, a presença do farmacêutico clínico na ‘beira do leito’ tem contribuído para uma melhoria do atendimento ao paciente.” a opinião é do médico Tarso lameri Sant anna Mosci (CrM 5270034-7), presidente da regional rJ da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). 8 l revista rioPharma l jan . fev 2015
Presença obrigatória quando o assunto é regulação À frente de uma rede com 70 farmacêuticos e espalhada por diversos municípios do Estado do Rio, o empresário farmacêutico Adriano de Oliveira Santos considera que a presença deste profissional dentro da farmácia comunitária e sua importância já são uma realidade conhecida pela população brasileira. “Embora a lei (5.991) já exista desde 1973, lembra Adriano, o farmacêutico vem conquistando seu espaço e demonstrando sua importância ao longo dos últimos anos, principalmente com a regulamentação da ANVISA, quando as exigências sanitárias para os estabelecimentos ficaram mais rígidas: a venda de medicamentos psicotrópicos, segundo a portaria 344; a intercambialidade de produtos genéricos, em 1999; a inclusão ao controle de produtos antimicrobianos; e o SNGPC, que são tarefas exclusivas do farmacêutico”. No entanto, ele considera que o tempo para estas atividades requer do farmacêutico uma dedicação integral, mas que deve ser muito bem dividida para que consiga ter o melhor aproveitamento, desdobrando-se entre as atividades burocráticas e sua participação na vida cotidiana, no atendimento à população. “Acredito que o Brasil, a exemplo de outros países, tem muito a evoluir sobre o conceito da atenção farmacêutica, mas a boa notícia é que isso vem ocorrendo a passos largos. A população vem se conscientizando sobre a importância da presença do profissional na farmácia, mas também acho que as instituições de ensino devam preparar melhor este futuro farmacêutico para esta atividade que vem ganhando corpo com o processo de evolução”, resume. Monique do Carmo, estudante, nas manifestações
A empresária Fernanda Ramos e o farmacêutico José Ribamar de Souza
Pequena ou grande, mas com farmacêutico Segundo a empresária farmacêutica Fernanda de Oliveira Ramos Lira, também responsável técnica de uma farmácia comunitária, na Zona Sul do Rio, o varejo farmacêutico vem passando por grandes mudanças, sendo algumas delas necessárias para se adequar e atender às necessidades da população de hoje. “A expressão ‘quem manda é o cliente’ é atemporal e os negócios de sucesso têm que mudar e se adaptar às necessidades deles”, teoriza. Hoje, acrescenta ela, a presença do farmacêutico na farmácia não é só importante, é imprescindível. Farmácias e drogarias, que são estabelecimentos comerciais e unidades de saúde, vendem medicamentos, produtos que utilizados de forma inadequada podem trazer mais danos do que benefícios. 9 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
Longe ou perto a palavra é reconhecimento Pirapetinga é um município mineiro, com 15 mil habitantes e a 411km da capital, Belo Horizonte. A cidade possui sete farmácias, uma delas sob o comando de Priscila Machado Ribeiro (CRF-MG 32349), de 26 anos de idade e formada há três. A farmacêutica cresceu envolvida com a drogaria da família, mas já trabalhou, assim que se formou, em duas grandes redes do País, em Macaé, no Rio de Janeiro. Isso trouxe a experiência que, segundo ela, as redes oferecem já que preparam seus funcionários com treinamentos para que melhor atendam seus clientes. “É um aprendizado por dia, nos prestam total apoio, mas nos cobram uma boa conduta, um bom atendimento e nos incentivam a querer mais conhecimento. Já com os pequenos, esse interesse por complementar o aprendizado do farmacêutico nem sempre existe, claro que para toda regra há exceção, mas o proprietário vê o farmacêutico como um gasto e que faz o mesmo que um prático. Não há a valorização do profissional, o que ocasiona a desmotivação”, considera. De volta ao interior, Priscila é firme em dizer que o farmacêutico é imprescindível nas farmácias, porque são
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estabelecimentos de saúde e não um simples comércio. E completa: “A pessoa que vai até uma farmácia é porque está com algum problema de saúde, quer ser bem atendida, quer atenção, esse cliente necessita de todas as informações a respeito de um determinado produto, qual a sua interação com outros medicamentos e ou alimentos, possíveis contraindicações, entre outros fatores. Principalmente no interior, onde, normalmente, há poucos médicos nos hospitais públicos e muitas vezes grandes filas. Isso leva muitos pacientes com problemas de saúde recorrentes a procurarem o profissional farmacêutico para lhe indicar algum medicamento, como analgésicos, antitérmicos e fitoterápicos. Por tudo isso, não há condições de uma drogaria funcionar sem um farmacêutico presente. Estudamos anos para ter uma formação mais qualificada, para melhor prestação do serviço de saúde em relação a um técnico.” Isso inclui a prescrição farmacêutica, que para ela, só traz ganhos para o profissional e o cliente, já que vai desde a identificação da necessidade do paciente em relação à sua saúde e a escolha da melhor terapia, até a eficácia e custo. “Atualmente não prescrevo, mas começarei ainda no primeiro semestre uma pós-graduação nessa área e iniciarei esta atividade aqui. Sei que temos muito a ganhar”, acredita. Em uma análise para os próximos dez anos, Priscila Machado prevê que, com as farmácias e drogarias sendo um estabelecimento de saúde a profissão prosperará, será um grande crescimento para o profissional e a população. Caso contrário, com situações como a MP nº 653, será a decadência da profissão e a desvalorização do profissional farmacêutico. Para ela tudo se resume em uma única palavra: RECONHECIMENTO.
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dEstaquE
Diretoria do CRF-RJ com parte dos agraciados com a homenagem aos 40 anos
Premiações e homenagens
Marcus Athila com as farmacêuticas Elisângela Inez Gonçalves, Nathalia Ferreira Vinagre e Raquel Rodrigues Pereira, vencedoras do prêmio 12 l revista rioPharma l jan . fev 2015
a solenidade do Dia de Orientação Farmacêutica foi marcada pela entrega do Prêmio do Mérito Científico Professor Fernando Gomes Ferreira, edição 2014, na qual as farmacêuticas Elisângela inez Gonçalves (autora principal), Nathalia Ferreira Vinagre e raquel rodrigues Pereira (coautoras), conquistaram a categoria “atuação Farmacêutica no Segmento hospitalar”, com o trabalho “análise da Prescrição de antibiótico na unidade de Terapia intensiva em hospital da rede Municipal de Saúde do rio de Janeiro”. O evento aconteceu no dia 11 novembro, na Casa–de–Trás–os–Montes e alto D’ouro, na Tijuca. Na mesma ocasião, farmacêuticos e autoridades receberam as Comendas do Mérito Farmacêutico-rJ, pelos nobres serviços prestados à ciência e à profissão farmacêutica. uma das homenageadas, Maria
letice Couto de almeida, diretora-presidente da associação Brasileira de Farmacêuticos – aBF, afirmou ter ficado muito feliz por ser lembrada e homenageada. Ela fez questão de ressaltar que a noite reservou muito mais: “encontrei pessoas que não via há muito tempo, de todos os segmentos, antigos e novos, todos se confraternizando.” a noite também ofereceu a oportunidade de homenagear os farmacêuticos que, em 2014, completaram o marco histórico de quatro décadas de profissão. Entre eles, Maria Betânia Vianna do Valle, formada na turma de 1974 da uFrJ. Ela contou que passou pelos setores da indústria, alimentação e análises clínicas e fez questão de ressaltar que ama ser farmacêutica. “Se tivesse que escolher, escolheria de novo a profissão. Tudo valeu a pena”, disse Maria Betânia, que participou das Câmaras Técnicas de Farmácia Comunitária e Plantas Medicinais do CrF-rJ.
Maely Retto entregando a homenagem a Elaine Lazzaroni Moraes
“Vejo que o CrF-rJ tem essa visão de agregar e isso é muito bom.” Maria letice Couto de almeida
Medalha entregue às vencedoras do Prêmio de Mérito Científico
Comenda entregue aos farmacêuticos que se destacaram na profissão
Robson Roney Bernardo entregando o prêmio para Tereza Cristina Leitão
Marcus Athila com a presidente da ABF, Maria Letice Couto de Almeida 13 l revista rioPharma l jan . fev 2015
MEMória da FarMácia
Entenda por que o topázio imperial é importante para o farmacêutico Silicato de alumínio e flúor, com dureza 8 (na escala de Mohs), forma de prismas com estrias longitudinais, clivagem basal, densidade entre 3,4 e 3,6, brilho vítreo e cores que oscilam do amarelo ao vermelho: esse é o topázio imperial. Estudos indicam que “topázio” é uma derivação do vocábulo sânscrito “tapas”, que significa fogo; enquanto o “imperial” seria a designação dada em homenagem a Dom Pedro i, que maravilhou-se ao conhecer o mineral enquanto visitava Vila rica (MG). Entretanto, os antigos gregos o chamavam de “brilho da terra”, e acreditavam que a pedra captava a luz terrestre, trazendo ao seu portador alegria, otimismo e iluminação contra as trevas. atualmente, muitos dizem que o topázio imperial age como uma espécie de “bateria”, recarregando as energias físicas e espirituais, e combatendo o esgotamento emocional, pois fortalece o plexo solar e auxilia na regeneração das estruturas celulares. além disso, ajuda a reconhecer nossas capacidades e 14 l revista rioPharma l jan . fev 2015
a ativar o intelecto, a concentração e a disciplina, auxiliando aqueles que querem superar suas limitações e estabelecer planos ambiciosos. Mas afinal, qual o interesse do topázio imperial para o farmacêutico? Por reunir todas essas propriedades, a pedra foi eleita como símbolo de diversos cursos, entre eles, o de Música, Ciências da Computação, Estatística, Matemática, Física, Comunicação Social e... Farmácia! assim, em 28 de fevereiro de 2008, o Conselho Federal de Farmácia, através da resolução nº 471, estabeleceu que o topázio imperial na cor amarela fosse o mineral oficial do profissional farmacêutico, designando, no 5º artigo, que essa deve ser a pedra do anel de formatura, incrustada em aro de ouro.
Ética
Princípios de Ética e cuidado Farmacêutico O exercício do cuidado é a capacidade de se colocar no lugar do outro e, sobretudo, na capacidade de escutar. a ação de cuidar delineia graves e profundos desafios de caráter ético em relação à liberdade, intimidade, justiça e bem. Quando o paciente procura uma instituição de saúde, por exemplo, a farmácia, ele busca competência e capacidade para resolução de seus problemas, alguém que se envolva e cuide dele e de seus familiares. O propósito da Farmácia é cuidar da pessoa doente e ajudar os cuidadores a exercer a sua função corretamente, na esperança de alcançar os resultados da terapêutica farmacológica. isso não significa que o curar, ou seja, o exercício de restabelecer a saúde à uma pessoa, não seja um propósito da Farmácia. Sua especificidade reside no cuidar, mas o curar constitui também algo muito próprio da Farmácia. No exercício da Medicina, por sua vez, o fundamento e o constitutivo é o curar, contudo, o cuidado, a atenção humana e individual da pessoa enferma é também requerimento indispensável para a boa práxis. Cuidar e curar não devem ser vistos em separado, como processos paralelos, mas complementares e harmônicos. Não parece adequado dividir o processo assistencial em dois tipos de Medicina, uma orientada para curar e outra orientada para cuidar. E, tampouco, parece sensato considerar que existe uma profissão para cada atividade, posto que o médico, ainda que cure, também deve cuidar, e o farmacêutico, ainda que cuide, também deve se preocupar com a cura do paciente. Cuidar significa desvelo, solicitude, diligência, atenção, zelo e ser amável. Sempre ocorre de modo coerente quando a existência do outro passa a ter importância para o cuidado. O cuidado se opõe ao descaso. Cuidar é mais que um ato, é uma atitude de ocupação,
de preocupação, de responsabilidade e de envolvimento afetivo Dr. Arnaldo Zubioli com o outro. O cuidar requer tempo e espaço, dedicação e técnica, ciência e sabedoria, conhecimento teórico e práxis e, ainda, um modelo institucional idôneo com condições estruturais para o exercício do cuidado em que seja possível cuidar de um ser humano. Nesse sentido, o dever ético do farmacêutico não só consiste no bom exercício de sua profissão, mas também na reivindicação de condições adequadas com fundamento para o bom exercício do cuidar e curar. Nisso reside a dimensão técnica, social, política e ética da profissão de Farmácia. Cuidar de outro ser humano de forma ética exige preparo técnico e interativo, requerendo do farmacêutico o estabelecimento de atitudes positivas de afeto e solicitude, até a manutenção deliberada de compreensão, empatia, aceitação e adoção de uma postura flexível que permita reconhecer o outro como totalidade única. Em linhas gerais, os princípios relevantes da relação farmacêutico – paciente são: Beneficência: É um conceito de prática profissional em que o paciente é o principal beneficiário das ações do farmacêutico. O princípio da beneficência é o mais antigo da ética da saúde, pois tem suas raízes no Juramento de hipócrates: “a saúde do meu paciente será a minha primeira preocupação. Não permitirei que fatores de ordem religiosa, nacional, racial, política ou de caráter social se interponham entre os meus deveres e o meu paciente. Mostrarei o máximo respeito pela vida humana, desde o momento da sua concepção; nem mesmo coagido farei uso dos meus conhecimentos médicos para fins que sejam contrários às leis humanas”. 15 l revista rioPharma l jan . fev 2015
O Código de Ética Farmacêutica contém várias disposições em relação ao princípio da beneficência. Vejamos algumas delas: “O farmacêutico é um profissional da saúde, cumprindo-lhe executar todas as atividades inerentes ao âmbito profissional farmacêutico, de modo a contribuir para a salvaguarda da saúde pública e, ainda, todas as ações de educação dirigidas à comunidade na promoção da saúde (preâmbulo). a) O farmacêutico atuará sempre com o maior respeito à vida humana, ao meio ambiente e à liberdade de consciência nas situações de conflito entre a ciência e os direitos fundamentais do homem. b) A dimensão ética da profissão farmacêutica é determinada, em todos os seus atos, pelo benefício ao ser humano, à coletividade e ao meio ambiente, sem discriminação”. Infelizmente, a história da Farmácia e Medicina tem utilizado o princípio da beneficência como justificação para uma atitude paternal ante os pacientes. Ante esta atitude paternal, os médicos e farmacêuticos decidem o que é melhor para os pacientes sem, necessariamente, informá-los e sem o consentimento deles para os procedimentos e terapêutica farmacológica a serem adotadas. Os trabalhos mais recentes de ética farmacêutica e médica têm ressaltado os perigos da beneficência, cujos efeitos ameaçam o âmago de nosso ordenamento jurídico, edificado sobre os direitos individuais e liberdades pessoais. Estes direitos incluem o direito de decidir por si mesmo se o tratamento atende ou não ao interesse próprio. Autonomia: O princípio da autonomia estabelece o direito do paciente para sua autodeterminação, isto é, escolher e avaliar o que será feito com ele. Este direito está acima do julgamento do profissional de saúde mesmo que as decisões do paciente sejam prejudiciais para sua saúde. Desse princípio derivam procedimentos práticos: um é a exigência do consentimento livre e esclarecido, e o outro é o de como tomar decisões de substituição, quando uma pessoa é incompetente ou incapaz, isto é, quando não tem autonomia suficiente para realizar a ação de que se trate. O Código de Ética Farmacêutica afirma que o farmacêutico deve respeitar o direito de decisão do usuário sobre sua própria saúde e bem-estar, excetuando-se o usuário que, mediante 16 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
laudo médico ou determinação judicial, for considerado incapaz de discernir sobre as opções de tratamento e/ou decidir sobre sua própria saúde e bem-estar. Cabe ao farmacêutico garantir a proteção e respeito aos pacientes que apresentarem autonomia reduzida ou não a possuírem. O respeito pela pessoa está focalizado na capacidade do paciente deliberar sobre suas escolhas, ações e pensamentos, sem nenhuma intromissão, livremente escolhido após juízo de consciência. Os profissionais de saúde e os pacientes são sujeitos autônomos, que estabelecem relações interpessoais, partilham decisões sob parceria e em gozo de plenos direitos de cada um. Honestidade: O princípio da honestidade afirma que os pacientes possuem o direito à verdade sobre a sua situação clínica, o desenvolvimento da doença, tratamentos recomendados, e opções de tratamentos disponíveis. O Código de Ética Farmacêutica afirma que o farmacêutico deve assumir, com responsabilidade social, sanitária, política e educativa, sua função na determinação de padrões desejáveis do ensino e do exercício da Farmácia. Vale aqui a máxima de Oliver Wendell Holmes (1809-1894), médico e escritor americano, de proveito análogo para os farmacêuticos: A missão do médico é curar às vezes, aliviar frequentemente e confortar sempre. Consentimento livre e esclarecido: A honestidade e a autonomia servem como fundamentos para o direito do paciente quanto a permitir um tratamento. O princípio do consentimento é a afirmação de que os pacientes têm o direito à verdade sobre todos os aspectos relevantes para a compreensão dos procedimentos de saúde, e deve dar o consentimento explícito para o tratamento antes de ser iniciado. O consentimento livre e esclarecido consiste de cinco componentes: revelação, compreensão, voluntariedade, competência e consentimento. Infelizmente, na prática, o direito do paciente em fornecer consentimento livre e esclarecido tem resultado em ações por profissionais de saúde em que se focaliza mais a revelação do que a compreensão do paciente. O termo “consentimento livre e esclarecido” equiparou-se com o de “forma de consentimento”, quando os pacientes são solicitados a assinar um documento antes
do início de alguns tipos de tratamento. A responsabilidade do profissional de saúde é assegurar a compreensão do paciente, tudo o que ele necessita conhecer para tomar uma decisão sobre a instituição de planos terapêuticos adequados. Os problemas criados por tratamentos inadequados, incluindo as combinações impróprias de fármacos, aliado ao uso indevido de produtos têm chamado a atenção para os riscos envolvidos nestes procedimentos e os farmacêuticos devem assumir e dividir as suas responsabilidades como profissionais de saúde para assegurar que o consentimento livre e esclarecido ocorreu antes do início do tratamento. O Sigilo Profissional: O sigilo é aquilo que não se deve dizer a ninguém. A transmissão do segredo mesmo a uma só pessoa acarreta a quebra do sigilo. Pois, é dever que o segredo é aquele obtido por quem se tornou confidente necessário, em razão de sua profissão. Os médicos têm, no conhecido e tradicional Juramento de Hipócrates, o caminho que devem seguir: Penetrando no interior dos lares, meus olhos são cegos, minha língua calará os segredos que me foram revelados, o que terei como preceito de honra. Como sabemos, o Código de Ética Farmacêutica estendeu o dever de sigilo aos farmacêuticos, quando determina: O farmacêutico deve guardar sigilo de fatos que tenha conhecimento no exercício da profissão, excetuando-se os de dever legal, amparados pela legislação vigente, os quais exijam comunicação, denúncia ou relato a quem de direito. Este comportamento assegura ao paciente que todas as informações sobre seu estado de saúde e as condições de utilização de fármacos não serão transmitidas a terceiros sem a sua permissão. O segredo profissional é a coisa mais importante para a preservação da dignidade humana dos pacientes. O sigilo explica que grande parte de nosso controle pessoal está entrelaçado com a nossa habilidade em escolher as pessoas para as quais revelamos as nossas confidências, e quais as informações que desejamos transmitir a outrem. O segredo é a essência da intimidade em relacionamentos interpessoais e deve ser controlado de forma mais pessoal possível. Fieldade: É o direito que o paciente possui de ter profissionais de saúde interessados na promoção, proteção e recuperação de sua saúde, sem que interesses
de ordem econômica interfiram nesta relação profissional. O farmacêutico que indica o uso de vitaminas e outros produtos não prescritos para o paciente que deles não necessita, para satisfazer os interesses financeiros de empresa, acarretando aumento de custos para o paciente está na contramão da ética profissional. O farmacêutico que se recusa em dialogar com o médico sobre prescrições mal feitas, incompletas e inapropriadas, para que o médico continue a encaminhar pacientes para sua farmácia, é um desvio da conduta e uma perda de responsabilidade profissional. O farmacêutico deve centrar os seus serviços no interesse do paciente, e não na satisfação das necessidades econômicas do estabelecimento que dirige. Eticamente, a responsabilidade de um profissional de saúde, antes de tudo e em primeiro lugar, é com o custo/benefício de tratamentos dos pacientes. A prática de Farmácia é social e deve acompanhar a execução de qualquer procedimento, o farmacêutico tem compromisso fundamental com a vida do paciente e adotará princípios orientados pelo código de ética da sua profissão. No entanto, é necessário que mantenha consciência ética ao exercer a Farmácia. É impossível delimitar, no cuidado executado pelo farmacêutico, onde começa a qualidade ética ou a eficiência técnica, pois estão de tal modo imbricados que, às vezes, a decisão da iniciativa é ética, mas a estratégia é técnica, em outros casos, a decisão técnica descrita em livros ou manuais de rotina é traduzida em uma postura ética de observação e respeito à vontade do paciente. Faz-se necessário que as pessoas que atuam na assistência farmacêutica tenham consciência dos problemas éticos, podendo identificá-los e agir de acordo com os princípios do código de ética. Espera-se, também, que estejam atentas às diferentes orientações contidas na resolução de questões éticas, incluindo o respeito pela vida, pela autonomia individual, pela privacidade e pelas consequências da política pública e, em particular, das decisões das políticas de saúde. Dr. Arnaldo Zubioli Farmacêutico e atual presidente do CRF-PR; Doutor em Ciências Farmacêuticas e Mestre em Farmacologia com aperfeiçoamento em Administração e especialização em Farmácia Clínica. Professor de Farmacologia e Terapêutica, Ética, Deontologia e Legislação Farmacêuticas. Membro Titular da Academia Nacional de Farmácia; foi presidente e diretor tesoureiro do CFF. Tem diversos livros publicados, entre eles, Ética Farmacêutica (2004). Em Publicação: Tratado de Ética Farmacêutica. 17 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
tEcnologia FarMacêutica
o ensaio de dissolução e sua importância O ensaio de dissolução é um dos mais importantes testes de controle de qualidade sendo utilizado, inclusive, no desenvolvimento galênico de formulações farmacêuticas e também na estabilidade destas. Muitas vezes, não só empregado no controle de qualidade, mas também, no controle de processo verificando a uniformidade e produção de um lote e sua reprodutibilidade. ainda podemos utilizar este ensaio para avaliar as mudanças de formulação através de estudos de bioequivalência e na sua correlação in vitro/in vivo. Na década de 50, os ensaios de dissolução ganharam amplo espaço na literatura, pois começaram o estudo sobre a biodisponibilidade de fármacos. atualmente, a avaliação e a comparação da liberação dos fármacos a partir das formas farmacêuticas têm gerado inquietações na indústria farmacêutica e as autoridades de registro. Para a produção ou desenvolvimento de uma forma farmacêutica é necessário garantir que estes fármacos sejam liberados no órgão alvo, no tempo e solubilidade adequados e este ensaio nos permite verificar a questão desta solubilidade predizer o funcionamento da fórmula efetivamente1. Na verdade, a dissolução propriamente dita, é um fenômeno físico-químico onde o fármaco é liberado da sua forma farmacêutica, sendo solubilizado onde 18 l revista rioPharma l jan . fev 2015
será absorvido pelo organismo. Esta solubilidade e a velocidade de absorção dependem de vários fatores como: superfície e tamanho da partícula, ph, solubilidade na camada de difusão, entre outros. a outra aplicação deste ensaio é em relação ao seu perfil de dissolução, na qual pode nos orientar no desenvolvimento de novas formulações, verificando a uniformidade e desempenho destas, aplicando, inclusive, no estabelecimento da semelhança entre uma nova formulação ou genérico existente. No perfil de dissolução, estabelecemos uma retirada de alíquotas do fármaco ao longo do tempo e construímos um gráfico na qual iremos obter o perfil de liberação deste fármaco ao longo do tempo em relação a esta forma farmacêutica, bem como sua formulação. O ponto crítico no perfil de dissolução, além do gráfico de concentração fármaco (%) X tempo é observar os valores mínimos de absorção, bem como a sua cinética. Este ponto é fundamental para o desenvolvimento galênico e também na relação da equivalência farmacêutica.
questão desta classe é a solvatação do fármaco para que tenha uma melhor absorção. É o caso dos fármacos, como ácido mefenâmico, nifedipina, naproxeno, carbamazepina. Na classe III (alta solubilidade e baixa permeabilidade), a permeabilidade é o passo limitante da velocidade para a absorção do fármaco. Aqui estão os casos de Aciclovir, Ranitidina, Cimetidina e Captopril. A classe IV (baixa solubilidade e baixa permeabilidade) apresenta fármacos mais problemáticos para a dose oral. Estes compostos têm uma fraca biodisponibilidade e, geralmente, não são bem absorvidos, apresentando uma alta variabilidade de absorção. São os casos de fármacos, como hidroclortiazida e furosemida. Estes estudos podem ser aplicados à equivalência farmacêutica que poderá nos orientar, por exemplo, em relação à intercambialidade entre medicamento genérico e o seu respectivo de referência (medicamento de marca ou inovador). Por Dr. Robson Roney Bernardo Diretor Tesoureiro do CRF-RJ
A dissolução do fármaco poderá nos orientar em termos galênicos se a formulação está adequada, já que esta depende da solubilidade do fármaco e da liberação deste de sua forma farmacêutica2. Nesta questão entra o Sistema de Classificação Biofarmacêutica3 (SCB), criado em 1995, na qual hoje tem tido um impacto crescente nas práticas de regulamentação e ensaios de equivalência farmacêutica, sendo utilizado, inclusive, nas fabricações dos medicamentos genéricos. Esta classificação permite dividir os fármacos em quatros classes, dependendo da relação solubilidade/ permeabilidade: classe I, os fármacos possuem alta solubilidade e permeabilidade e, em consequência, apresentam um alto grau de absorção. Em geral, a sua taxa de absorção é mais elevada que sua excreção, como é o caso dos fármacos, como propranolol. A classe tipo II (baixa solubilidade e alta permeabilidade), em geral, apresenta uma absorção mais lenta, já que sua dissolução é mais pobre ocorrendo, com isso, uma absorção ao longo de um período mais longo. A
1. MARCOLONGO, R. Dissolução de medicamentos: fundamentos, aplicações, aspectos regulatórios e perspectivas na área farmacêutica. 2003. 127 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. 2. DE SOUZA, J; FREITAS, ZMF.; STORPIRTIS, S. Modelos in vitro para determinação da absorção de fármacos e previsão da relação dissolução/absorção. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, vol. 43, n. 4, out/dez., 2007. 3. LINDENBERG, M.; KOPP, S.; DRESSMAN, J. B. Classification of orally administered drugs on the World Health Organization Model list of Essential Medicines according to the biopharmaceutics classification system. EJPB, v. 58, p. 265-278, 2004. 4. STORPIRITIS,S. ; MARCOLONGO, R.; GASPAROTTO,FS.; VILANOVA, C.M.A equivalência farmacêutica no contexto da intercambialidade entre medicamentos genéricos e de referência: bases técnicas e científicas. Infarma, São Paulo, v. 6, n. 9-10, p. 51-56, 2004. 19 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
saúdE PúBlica
Brasil já registra mais de
mil casos da chikungunya Morar num país tropical nem sempre é razão para poesia e letra de música, a exemplo da antiga melodia que fez sucesso na voz de Wilson Simonal (“Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza...). Muitas vezes, viver entre os Trópicos é sinônimo de ambiente demasiadamente propício a uma enorme quantidade de doenças provocadas por vírus que encontram nas regiões mais quentes do mundo o local ideal para sua disseminação. E os dados sobre a febre chikungunya aqui no Brasil ratificam essa tese. hoje, já temos mais de mil casos registrados, de acordo com a médica infectologista Otília lupi, da Fundação Oswaldo Cruz. Os estados mais atingidos são roraima, amapá, Bahia, São Paulo, Minas Gerais e, até o final desta edição, já tinham sido identificados, no rio de Janeiro, três casos. De acordo com a abordagem da médica, essa febre, na origem, tem relação com infecção proveniente de animais. Geralmente, é transmitida dos mosquitos para primatas ou outros mamíferos. Ela foi identificada, na década de 50, na Tanzânia, no Quênia e no Norte de Moçambique. “ali naquela região, a chikungunya era uma espécie de dengue. E essa transmissão que sai dos animais e chega até o homem, nós chamamos de salto interespécie”, esclarece. Quando apareceram os primeiros casos da doença, ela chamava a atenção, de acordo com os cientistas, pois levava a um quadro agudo de dores articulares, “doença febril aguda”. Esse fator a diferenciava das outras febres ocorridas na região do Continente africano porque deixava o doente curvado devido às dores, por isso o nome “chikun20 l revista rioPharma l jan . fev 2015
gunya”, que significa pessoa que anda curvada. Em outras regiões é chamada “catolotolo”, também por essa mesma característica. Dra. Otília lupi, pesquisadora há anos de doenças dessa natureza, relata que esteve na região próxima de onde surgiu a febre e constatou que ela ficou restrita àquela área durante muito tempo. Mas em toda infecção viral, com o passar dos anos, o vírus se modifica e acaba demonstrando um padrão diferente do encontrado na origem. “Em meados de 2004, aproximadamente, na região de ilha lamur, perto do Quênia a febre chikungunya surgiu com um padrão diferente. até então, havia uma endemia, que é mais comum. a mudança de padrão deu início a uma onda epidêmica. Ela se espalhou pela África Oriental e Oceano Índico com uma taxa de ataque considerada alta para os padrões de pesquisa de epidemia (em torno de 75%)”, esclarece a médica. E quais são as vítimas mais suscetíveis à doença? De acordo com Dra. lupi, as pessoas com maior probabilidade de serem acometidas com a febre são as que nunca tiveram, pois sofrendo do mal uma vez, o organismo já adquire anticorpos, diferente da dengue. E os idosos também são bem vulneráveis se tiverem contato com os vetores: o mosquito aedes aegypti e o aedes albopictus.
“É possível que várias pessoas, além dos números que temos, já tenham sofrido da doença e sequer saibam que a contraíram.”
alpha Vírus Otília lupi relatou que o transmissor da febre chikungunya é uma espécie de alpha Vírus. E o que significa essa insígnia? Segundo os pesquisadores, ele é espécie de vírus rNa, ou seja, tem material genético na sua forma final da proteína e por esta característica é muito mutável. “Qualquer mudança no ambiente ou na região onde está o vetor suscita sua mutação de proteína e, por isso, se adapta facilmente a diversos ambientes”. E essa característica específica foi identificada na itália, quando cientistas descobriram evidências desse vírus por lá, em 2009. Eles compararam o vírus da epidemia, que já tinha passado por mutação genética, e constataram o por quê da doença não ter mais comportamento restrito às regiões de origem, ou seja, deixou de ser uma endemia para se tornar uma epidemia pelo mundo afora.
no Brasil levou 10 anos para chegar No Brasil, segundo a cientista da Fiocruz, o mal levou uma década para chegar. há quatro anos ele foi identificado no Norte do território nacional e acredita-se que seja oriundo da américa Central. Segundo Otília lupi, cientistas do mundo todo já estavam acompanhando a migração do vírus há alguns anos e como ele pode ter chegado à américa do Sul. No Brasil, pode ter entrado através das Guianas Francesas e do amapá. “aqui já há evidência de transmissão autóctone, ou seja, não importada, não oriunda de outras regiões estrangeiras, transmissão ocorrida internamente. isso significa que o mosquito aedes albopictus nacional já picou alguém infectado e propagou o vírus entre a sua espécie, que está transmitindo a doença em larga escala. Como já cogitei, há possibilidade de haver gente que já teve a doença de forma suave e sequer saiba que foi infectado. Mas já temos mais de mil casos registrados aqui no Brasil”.
Bilhões de pessoas podem estar sujeitas à febre Como os vetores do vírus normalmente se instalam em Zonas Tropicais, há grande possibilidade de cerca de 4 bilhões de pessoas no mundo, neste momento, estarem sujeitas à febre chikungunya. “Esse prognóstico se dá por causa de diversos fatores, além do climático. Entre eles, a intensidade do tráfego aéreo. as pessoas hoje viajam muito mais, se deslocam muito mais e uma pessoa infectada chega numa região, é picada e o mosquito vetor vai propa-
gar a doença. a malha aérea faz com que a dispersão da doença aumente muito rápido”, explica. Por enquanto, de acordo com cientistas, com endosso da infectologista, nas américas, o único país ainda protegido da doença é o Canadá, com previsão de aparecimento do vírus em 2020 ou mais tarde, em virtude da questão climática: o vírus não se propaga em regiões muitos frias porque o vetor (o mosquito) também não se adapta a elas. 21 l revista rioPharma l jan . fev 2015
Forma aguda da doença Desde 2010, quando a doença começou a se propagar aqui no Brasil, a agência Nacional de Vigilância Sanitária - anvisa - deflagrou o alerta para que profissionais de saúde dessem atenção a todas as síndromes febris semelhantes à dengue e que apresentassem dores nas articulações. Segundo a Dra. Otília lupi, nos casos mais graves o doente fica com sequelas, como, por exemplo, problemas nas articulações. “a chikungunya é uma doença que não apresenta números alarmantes de óbitos, mas nos casos mais agudos pode deixar o infectado com doenças crônicas nas articulações, como artrite e reumatismo. Os mais vulneráveis são os idosos, que podem ser acometidos da forma crônica, e os neonatos. Os primeiros 28 dias de vida são os mais preocupantes e que inspiram maiores cuidados”, alertou. a febre ainda não tem uma vacina como proteção, mas apenas tratamento terapêutico até que os sintomas cessem por si mesmos. Os estados onde os casos foram confirmados são Bahia, na Cidade de Feira de Santana, e Minas Gerais. aqui no rio de Janeiro, assim como em todo o país, em virtude da chegada do verão, há um monitoramento constante da Vigilância Sanitária, além do controle de vetores que é feito durante todo o ano e intensificado nos meses mais quentes, onde a doença pode se propagar com maior rapidez. 22 l revista rioPharma l jan . fev 2015
Larvas do mosquito Aedes Aegypti
ações combinadas contra dengue
Todo o verão, o medo dos brasileiros se intensifica com a possibilidade de epidemia de dengue no país. Diversas formas de combate à doença, que já matou centenas de brasileiros, estão em estudo incessante, mas a novidade entre as recentes pesquisas, além da vacina que está sendo testada em ratos e só deverá ser usada em humanos a médio prazo, é o combate usando o próprio mosquito transmissor. Nesse sentido há duas fontes de pesquisas que já estão bem avançadas e já foram, inclusive, colocadas à disposição no meio ambiente. a primeira delas é o desenvolvimento do mosquito transgênico. Produzido em laboratório, ele faz parte de uma tecnologia inglesa que está sendo aplicada aqui no Brasil. a princípio começou a ser produzida em São Paulo, pelo instituto de Pesquisa da uSP, com aval do Ministério da Saúde e faz com que o macho, ao copular com a fêmea (transmissora do vírus da dengue), se torne estéril, incapaz de produzir larvas e, portanto, mais vetores no meio ambiente. “Essa técnica já foi devidamente aprovada pelo Ministério da Saúde e também é uma forma de controle vetorial, só que, ao invés de utilizar inseticida, vai usar o próprio vetor no meio ambiente”, esclarece a infectologista Otília lupi. a segunda modalidade de pesquisa tem grande participação da Fiocruz. Trata-se de uma espécie de infecção que acomete o próprio mosquito e se propaga em outros da espécie (fêmeas e filhotes) impedindo a evolução da dengue dentro do próprio vetor. Com isso, o vírus não se desenvolve e nem pode ser transmitido a seres humanos. “Essa técnica de interrupção da transmissão da doença já está sendo utilizada em diversas partes do mundo e tem, inclusive, financiamento do multimilionário norte-americano Bill Gates. Países como austrália e Vietnã estão usando em larga escala o procedimento e aqui no Brasil, a Fiocruz está trabalhando com a técnica. Os vetores estão sendo soltos na atmosfera para que surta o efeito esperado, ou seja: a infecção de outros da espécie pela bactéria que interrompe a transmissão da doença. a estratégia é acabar com a dengue num prazo esperado de 5 a 10 anos”, acredita a pesquisadora.
Brasil na iminência de produzir vacina As formas de combate efetivas ainda estão restritas ao controle de vetores (mosquitos Aedes aegypti), mas a vacina contra o vírus já está prestes a ser produzida em grande escala pela Fiocruz. Segundo os pesquisadores, a vacina, na realidade, já existe, mas ainda está em fase de testes. Até agora a fórmula foi testada em mais de 15 pacientes e o resultado foi considerado ótimo para três sorotipos e ruim para um deles. “Os resultados têm sido melhores a cada dia, mas para um tipo que tem a cepa mais virulenta, que pode acarretar a dengue hemorrágica, o resultado foi ruim e, por isso, continuamos a aprofundar a pesquisa. Esse resultado é de suma importância porque a dengue hemorrágica já levou muitos brasileiros a óbito”, alerta. A primeira experiência do que poderá ser a vacina surgiu há algum tempo e foi proveniente de um estudo multicêntrico que envolveu institutos de outros países e a Fiocruz, com testes realizados em 15 mil pessoas. A expectativa é de que em pouco tempo surja uma vacina capaz de proteger a população do vírus. A vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-
-Manguinhos/Fiocruz) com a GSK, por exemplo, está na fase pré-clínica. Neste estágio, os pesquisadores estão avaliando a segurança e a imunogenicidade em mamíferos primatas. Em 2015-2016 serão realizados os testes em humanos (fase clínica). O maior desafio desta vacina inativada é produzir uma reposta balanceada e contra os quatro sorotipos. Os estudos epidemiológicos estão sendo realizados em Salvador, Rio de Janeiro e Manaus. “Desenvolvida nos laboratórios do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação em parceria com a GlaxoSmithKline (GSK), ainda falta ser submetida à ANVISA para posteriormente ser produzida. Há também outra estratégia de estudos e pesquisas em larga escala que provavelmente, em dois anos, estará disponível”, acredita Otília Lupi. A infectologista afirma que para o Brasil ter uma vacina efetiva e feita em larga escala ainda falta um caminho a percorrer. O material produzido até agora será testado na população e dados nacionais contribuirão para o estudo e o resultado desses testes é que vai mostrar se a vacina será comercializada ou não.
Vacina eficaz contra a dengue na fase de testes com camundongos Na busca de uma vacina contra a dengue, a pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Ada Alves, sempre trafegou na contramão de outros cientistas. Ela lidera, desde 2008, o único estudo no mundo que combina duas estratégias de imunização contra a doença em uma mesma vacina: a abordagem de vacina de DNA e o uso de um vírus quimérico de febre amarela contendo genes de dengue. A proposta da vacina combinada, que inverte o ditado popular ao usar duas cajadadas para acertar o mesmo coelho, tem patentes depositadas em dez países, incluindo o Brasil e a União Europeia. Estudos realizados com camundongos comprovaram que o uso conjugado das duas técnicas conseguiu proteger 100% dos animais testados. Em 2015, serão iniciados os experimentos com primatas.
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Testes Para testar a eficácia da vacina combinada, três grupos de camundongos foram utilizados. Um deles recebeu apenas a vacina de DNA, enquanto o outro recebeu a vacina quimérica. No terceiro grupo, ambas foram utilizadas. Em seguida, os animais foram infectados com o sorotipo 2 do vírus da dengue, utilizado como padrão em estudos, numa etapa conhecida como ‘desafio’. Em sua maioria, os grupos que receberam apenas a vacina de DNA ou apenas a vacina de quimera sobreviveram, mas desenvolveram sequelas. Isso é sinal de que a resposta gerada não foi 100% protetora e de que o vírus conseguiu se estabelecer. Já os camundongos que receberam a vacina combinada não apresentaram qualquer sintoma da doença.
Processo de produção de anticorpos As vacinas contra a dengue, atualmente em desenvolvimento, enfocam o processo de produção de anticorpos como alvo de atuação. Os dados publicados até o momento, porém, têm demonstrado limitações destas abordagens, que envolvem grupos de pesquisa em diversos países. Ada explica que os obstáculos para alcançar a vacina ideal podem estar relacionados à própria dinâmica da doença. Outro desafio é que uma vacina contra dengue precisa imunizar, simultaneamente, contra todos os sorotipos do vírus, pois a cada nova infecção aumentam as chances de quadros graves.
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Próximos passos Para comprovar a eficácia do método inovador, a equipe da pesquisadora já construiu as vacinas dos outros sorotipos de dengue e, atualmente, realiza estudos com células. Em seguida, realizará os testes em camundongos. Já os testes da vacina combinada com primatas estão previstos para o primeiro semestre de 2015. Para isso, foi estabelecida uma parceria entre o IOC e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), por meio do grupo coordenado pelos doutores Marcos da Silva Freire, Ricardo Galler e Renato Sergio Marchevsky.
levantamento do Ministério da saúde é sinal de alerta Os dados publicados pelo Ministério da Saúde, até o fechamento desta edição, através do Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa), revelam que:
135
612
990
municípios brasileiros estão em situação de risco para a ocorrência de epidemias de dengue
estão em alerta
cidades apresentam índice satisfatório
1.737 municípios brasileiros enviaram ao Ministério da saúde informações do liraa.
norte
nordeste
sudeste
centro oeste
sul
abastecimento de água 28,3%
abastecimento de água 76,5%
abastecimento de água 25%
abastecimento de água 40,9%
abastecimento de água 16%
depósitos domiciliares
depósitos domiciliares
depósitos domiciliares
depósitos domiciliares
depósitos domiciliares
lixo 42,5%
lixo 6%
lixo 16,9%
lixo 30,7%
lixo 47,3%
29,2%
17,5%
58,2%
28,4%
36,7
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caPa
Palestra do Professor Carlos Maurício Barbosa
sngPc: Farmacêuticos querem empenho das autoridades e controle rigoroso no Brasil do uso de psicotrópicos e entorpecentes O controle do uso de psicotrópicos é também uma das maiores preocupações dos farmacêuticos brasileiros. após receber um trabalho realizado pelas Câmaras Técnicas de Farmácia Comunitária e Farmácia Magistral sobre o SNGPC; sensível a toda problemática que abraça o tema; em atenção à Convenção das Nações unidas contra o Tráfico ilícito de Entorpecentes e Psicotrópicos em Viena, Áustria; e com o objetivo de cumprir o referido Tratado internacional de 1988, do qual o Brasil é signatário, o Conselho regional de Farmácia do Estado do rio de Janeiro orga26 l revista rioPharma l jan . fev 2015
nizou o “FÓruM SNGPC - PrÓS E CONTraS”. O Fórum aconteceu em novembro, na sede da aBF, para ouvir o parecer de farmacêuticos e de outros importantes nomes, discutir e criar, se assim fosse necessário, medidas drásticas para melhorar radicalmente o sistema e combater o pseudocontrole que é feito no Brasil. após dois dias de intensas discussões sobre as limitações do SNGPC, sobre os mecanismos que poderiam reestruturá-lo ou até refazê-lo, os profissionais presentes ao encontro – colegas do rio de
Janeiro, Brasília, São Paulo, Goiás e do Rio Grande do Sul - chegaram à conclusão de que o sistema deve ser reformulado completamente para que tenha sua efetiva eficácia e cumpra o seu nobre objetivo. A conclusão deu origem à Carta do Fórum, na qual foram inseridas propostas de suma importância para o controle de psicotrópicos e entorpecentes no país. O documento foi apresentado e formalmente entregue ao presidente do CRF-RJ, Marcus Athila, que se propôs a tomar todas as medidas cabíveis e necessárias, no sentido de atender às proposições. “O Sistema, apesar dos seus aspectos positivos, está muito distante do mínimo desejado e sabemos que é falho”, analisou o coordenador do FÓRUM SNGPC, Carlos Santarem. Para Marcus Athila, “essa carta construída por diversos profissionais envolvidos no dia-a-dia do sistema, é o gatilho de inúmeras ações as quais tomaremos num combate acirrado ao uso irracional de entorpecentes e psicotrópicos. Exigiremos das autoridades de Saúde maior atenção ao tema que é uma preocupação mundial.” Uma das maiores críticas está relacionada à questão da confiabilidade do próprio sistema, momento em que uma das farmacêuticas presentes à plateia lembrou que o SNGPC aceita qualquer dado de forma indiscriminada. Exemplificou ela que pode ser inserida uma marca de fralda ou qualquer outra
coisa no banco de dados, sem qualquer restrição. De acordo com os farmacêuticos que compareceram ao Fórum, por apresentar várias limitações e por não cobrir todos os elos da movimentação de psicotrópicos e entorpecentes, o SNGPC é imperfeito. Infelizmente, o Brasil não tem um controle efetivo e, portanto, não cumpre o Tratado. Para a máxima segurança do sistema, os profissionais, em conjunto, apresentaram uma ideia que poderá garantir maior confiabilidade ao SNGPC: a criação de um software único, validado e como forma de aumentar a segurança dos dados e a agilidade das suas transmissões. Além disso, é imprescindível que seja assegurada a rastreabilidade da informação nele inserida. Todavia, os farmacêuticos não querem ficar distantes dessa reformulação e, por isso, estabeleceram na Carta a vontade de participar dessa iniciativa junto aos órgãos reguladores, em todas as esferas. A informatização, segundo esses profissionais, também deverá se estender à inserção de dados, através de uma prescrição informatizada e única, tal como ocorre atualmente em Portugal, de acordo com o relato do bastonário da Ordem dos Farmacêuticos daquele país, professor Carlos Maurício Barbosa, que garantiu usufruir dessa eficiência. O sistema português não afasta o farmacêutico de sua nobre atividade junto à população, como acontece no Brasil.
Rodrigo Adalberto da Silva, membro do grupo de trabalho, fazendo a leitura da carta
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O grupo de trabalho do Fórum concluiu que o SNGPC também está deficiente no que diz respeito às unidades ambulatoriais e hospitalares, públicas e privadas. Outra grande preocupação levantada pelo grupo foi com a abrangência de toda a cadeia do medicamento. Sem ela é impossível obter dados fidedignos e relevantes. O SNGPC deve funcionar de forma global, segura, para todos os atores da cadeia de substâncias e medicamentos controlados, públicos e privados. O evento realmente despertou interesse de representantes de diversos Estados da Federação, a exemplo de Ernestina Rocha, presidente do CRF-GO, que considerou o Fórum de importante relevância e uma forma dos farmacêuticos avaliarem o próprio trabalho. “Detectamos anseios e assim ficamos sempre próximos aos órgãos reguladores, informando as dificuldades do dia-a-dia, para que a regulação aconteça sem prejuízos para o profissional e para o paciente”, disse. O Fórum teve a presença de um convidado internacional que muito contribuiu com as discussões citando exemplo do seu próprio país. O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, professor Carlos Maurício Barbosa, apresentou o Sistema de Gerenciamento de Produtos Controlados português. Segundo ele, a informatização é imprescindível para que o serviço seja eficaz e atenda às exigências dos profissionais de farmácia, que concluem sua tarefa em poucos minutos. “Nós informatizamos as nossas transmissões de dados e instituímos um único software que se tornou uma ferramenta de suma importância para o alto controle que fazemos de psicotrópicos e entorpecentes”, afirmou. 28 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
Abertura do Fórum c A abertura do Fórum foi feita com a presença do presidente do CRF-RJ, Marcus Athila e da vice-presidente, Maely Retto. Sob a coordenação e mediação dos debates pelo vice-presidente da Afaerj, Carlos Santarem, o primeiro dia do evento teve a participação, na mesa redonda, do farmacêutico português, professor Carlos Maurício, do representante da Anvisa, Victor Nolasco, da representante do CFF, Ana Paula Queiroz e do presidente do Sincofarma-Rio, Felipe Terrezo. Ao iniciar o debate, o mediador lançou para os integrantes da mesa redonda o primeiro questionamento relevante do Fórum: prós e contras do SNGPC. O primeiro a responder foi o representante da Anvisa, Victor Nolasco que declarou ser mais favorável do que contra. Segundo ele, houve avanços, pois agora se pode conhecer o mapeamento da escrituração no Brasil. Com relação ao fator contrário, Victor admitiu que o Sistema informatizado, infelizmente, só opera em farmácias e drogarias não atingindo as farmácias públicas e hospitais, e isso prejudica a rastreabilidade. “Vejo um quadro mais positivo do que negativo, mas ainda precisamos ampliar o sistema para o setor público”, admite. Já o presidente do Sincofarma-Rio, Felipe Terrezo,
E como funciona a ver Assim que os integrantes da mesa expuseram os pontos favoráveis e contrários do SNGPC, o mediador concedeu oportunidade para que o convidado internacional relatasse como funciona o serviço de controle em seu país. Carlos Maurício Barbosa, que representa os farmacêuticos de Portugal em eventos internacionais e está acostumado a fazer parte de discussões de tamanha relevância, foi interpelado por Carlos Santarem
om a presença do presidente CRF-RJ
Grupo de Trabalho na elaboração da Carta do Fórum
fez duras críticas ao SNGPC. Ele afirma que a maior e principal falha é que o sistema não atinge toda a cadeia produtiva, mas apenas as farmácias: “Em vez de haver uma distribuição dessa obrigatoriedade de controle desde o fabricante, o trabalho duro e na sua integralidade acaba por ficar com o farmacêutico.” Terrezo disse que o profissional despende horas do seu dia fazendo um trabalho burocrático, que poderia ser realizado por outro colaborador, para que o farmacêutico exerça sua efetiva função de contribuição com o estabelecimento de Saúde
que integra. Além disso, o tempo de atendimento da população que o procura fica reduzido. “Por estes motivos, eu vejo muito mais contras do que prós”, ressaltou. A conselheira federal que representa o Rio de Janeiro, Ana Paula Queiroz, levou para a mesa sugestões no intuito de melhorar o serviço. Para ela, o SNGPC poderia e deveria ser usado também para a farmacovigilância. “Além disso, temos que buscar incluir o Rio de Janeiro no Sistema de Farmácia Notificadora”, sugeriu.
são portuguesa do SNGPC? para falar seu posicionamento sobre o SNGPC exposto a ele durante o Fórum e também para falar como o controle é feito em Portugal. Carlos Maurício afirmou que a diferença entre Brasil e Portugal neste quesito é a uniformidade da informatização. Em Portugal, todas as farmácias e drogarias, além dos hospitais, utilizam, em sua grande maioria (cerca de 95%), um único sistema interligado, tornando o serviço extremamente efi-
ciente, de forma que o profissional não desperdiça seu tempo com excessivo trabalho burocrático, pois o método é avançado, em termos de tecnologia. “O nosso sistema funciona de forma integrada e foi desenvolvido com base na Declaração de Viena, na qual os países signatários firmaram compromisso de combate ao tráfico de substâncias ilegais (entorpecentes e psicotrópicos)”, avaliou professor Carlos Maurício.
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Integrantes do Grupo de Trabalho
Debatedores apresentam falhas e críticas ao atual SNGPC Ao serem questionados a respeito do Sistema, alguns participantes da mesa redonda, realizada no primeiro dia do Fórum, foram categóricos em afirmar que existem inúmeras falhas que precisam ser corrigidas. A posição foi corroborada pelo representante da Anvisa, Victor Nolasco. O presidente do Sincofarma-Rio, Felipe Terrezo, afirmou que o processo poderia ser mais simples. A escrituração está longe, segundo ele, de retratar a realidade brasileira. “Existem brechas na cadeia até o consumidor final. Não há um comparativo do que a indústria vendeu para a distribuição e esta para as farmácias”, acrescentou. Também se uniu ao coro de críticas Ana Paula Queiroz, do CFF. Ela afirmou estar preocupada, pois o Sistema não reflete a verdade: “Infelizmente, a cadeia produtiva não retrata a realidade do que é prestado contas. É de suma importância que o sistema envolva toda a cadeia produtiva. Não dá para responsabilizar só o estabelecimento por esse controle”. 30 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
As críticas dos profissionais que participaram do Fórum SNGPC também se estenderam à questão de inserção de novos medicamentos no Sistema de Controle. E eles questionaram Victor Nolasco sobre esse aspecto de extrema relevância. Contudo, Victor garantiu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária não vai mais inserir classes de medicamentos. “Se, por ventura, ocorrer algum avanço, ele será concentrado no sistema de rastreabilidade. Se um novo entorpecente figurar na lista, aí sim será monitorado”, garantiu. Os advogados Igor Gadaleta, assessor jurídico do CRF-RJ e Gustavo Semblano, consultor jurídico da Ascoferj e da Anfarmag, também participaram do segundo dia de debates. Mesa-redonda, painel e palestra serviram de valoroso apoio ao grupo de trabalho que, durante momentos diferentes nos dois dias de Fórum, se reuniram para elaborar a Carta do Fórum. A seguir, e na íntegra, a Carta:
dução, distribuição, prescrição, dispensação e outras de importância para o controle efetivo do consumo destes medicamentos em todo o país; Nós farmacêuticos, através do Fórum SNGPC: prós e contras, vimos por meio desta carta propor:
1. Que seja reconstruído o SNGPC, pois foi evidenciado neste Fórum que o sistema não é seguro nem confiável e foi mal elaborado à luz dos conceitos de validação de sistemas computadorizados. 2. Que os Conselhos de Farmácia participem, com os órgãos reguladores de Vigilância Sanitária municipal, estadual e federal, com vistas à reconstrução do sistema.
carta do Fórum sngPc: prós e contras Considerando que um sistema nacional de controle de medicamentos é imprescindível para a saúde pública do país; Considerando a importância da assistência farmacêutica para a saúde da população; Considerando que o Brasil é signatário da Convenção contra o tráfico ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicas (Convenção de Viena), de 1988, o que torna necessário adotar medidas para controle efetivo de substâncias e medicamentos entorpecentes e psicotrópicos; Considerando que o SNGPC – Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, após 7 anos de sua implantação ainda funciona de forma inadequada, não refletindo a realidade brasileira; Considerando que o sistema implantado, desde 2007, ainda não atingiu toda a cadeia, a saber, pro-
3. Que o Brasil cumpra o que foi acordado em 1988 na Convenção de Viena quanto a entorpecentes e psicotrópicos, não utilizando o SNGPC para controle de antimicrobianos e/ou outras substâncias. 4. Que seja provocada a integração do prescritor no fluxo de inserção de dados no SNGPC, através da criação de prescrição informatizada e única. 5. Que seja realizado outro Fórum SNGPC para consolidar e acompanhar as ações ora apresentadas. 6. Que o SNGPC insira todas as unidades ambulatoriais e hospitalares de qualquer natureza. 7. Que o sistema abranja toda a cadeia do medicamento, para que se obtenham dados fidedignos e relevantes. 8. Que seja desenvolvido um software único pela própria ANVISA, como forma de aumentar a segurança dos dados e a agilidade da transmissão. 9. Que o SNGPC assegure a rastreabilidade da informação nele inserida. 10. Que o SNGPC abranja de forma global, segura, todos os atores da cadeia de substâncias e medicamentos controlados, públicos e privados. rio de Janeiro, 14 de novembro de 2014. 31 l revista rioPharma l jan . fev 2015
agora É diFErEntE
agora é diferente: redes sociais reconhecemos, hoje, que uma das principais ferramentas de propagação de informação, interação e aproximação com os farmacêuticos são as redes sociais. Porém, um fato nos intrigava já que, até o final 2013, era totalmente nula a presença oficial do CrF-rJ nestes canais. Em 2014, decidimos quebrar as barreiras até então existentes e buscar o diálogo e a aproximação com os profissionais através dos canais que estes já utilizavam amplamente. Desta forma, criamos canais oficiais no Facebook, Youtube, issuu e Flickr, com o intuito de compartilhar 32 l revista rioPharma l jan . fev 2015
conteúdos relevantes, como notícias, comunicados, fotos e vídeos. hoje o profissional farmacêutico, estudantes e a sociedade podem acompanhar de perto, através destes canais, não somente a atuação do Conselho, mas também conteúdos que buscam informar e valorizar o farmacêutico. O Conselho está acompanhando de perto os movimentos e tendências nas redes sociais e a intenção é estar presente e ativo nestes canais junto aos farmacêuticos.
Mobilizações na rede um fato importante no uso das redes sociais é a oportunidade de conseguir rapidamente mobilizar as pessoas para uma ação importante para nossa profissão. a campanha “Não à MP 653/14”, lançada em outubro de 2014, ganhou forças graças às redes sociais. Disponibilizamos imagens para que os usuários pudessem imprimir e tirar uma selfie de protesto contra a medida provisória e, em pouco tempo, farmacêuticos, estudantes e até a população aderiram à campanha e as imagens ganhavam as timelines do Facebook, causando uma grande repercussão. a propagação das manifestações contra a MP 653/14 chegou à imprensa através de uma reportagem exibida na rede Bandeirantes e na Band News. Enquanto no site oficial da emissora o vídeo não alcançava mais que 20 visualizações, através da atua-
ção do CrF-rJ nas redes sociais, em uma semana, foi possível que mais de 100 mil pessoas assistissem à reportagem, permitindo que fossem conhecidos os motivos de nossa mobilização e ganhando adesão à causa. a rede também é um canal de apoio aos nossos profissionais. No dia 26 de agosto, quando ficamos sabendo do caso da farmacêutica ana Carolina Domingos Cassino (publicado na revista rioPharma 115), decidimos divulgar uma nota de luto e repúdio sobre o caso. Esta mensagem alcançou mais de 150 mil pessoas, permitindo que contribuíssemos neste momento tão delicado para que o caso fosse conhecido publicamente e somar forças na cobrança para que as autoridades competentes tomassem as medidas cabíveis.
www.flickr.com/photos/crfrj
www.facebook.com/oCRFRJ 33 l revista rioPharma l jan . fev 2015
Youtube: transparência e informação Com o intuito de buscar maior transparência no Conselho e também disponibilizar um canal para divulgação de informações importantes aos profissionais, percebemos que os conteúdos em vídeos são um grande caminho para demonstrar compromisso e dar amplitude aos acontecimentos da entidade. Desta forma, a partir de janeiro deste ano, passamos a disponibilizar no Canal do CRF-RJ no Youtube os vídeos de todas as reuniões plenárias. Somente em 2014, foram publicados integralmente mais de oito plenárias, do início ao fim. Além das reuniões plenárias, o canal no Youtube possibilita que possamos postar palestras e eventos, contribuindo para a capacitação dos farmacêuticos. Em outubro, o Conselho realizou o “Fórum SNGPC: prós e contras” e seus vídeos podem ser conferidos em nosso canal, permitin-
do que aqueles que não tiveram oportunidade de estar presentes possam também ter acesso a estas informações.
www.youtube.com/user/conselhocrfrj
Compartilhando com os farmacêuticos As revistas RioPharma são distribuídas gratuitamente para os farmacêuticos, porém, pensando em melhorar a acessibilidade, passamos a disponibilizar as revistas no Issuu, a maior rede de compartilhamento de publicações digitais. Assim, farmacêuticos do Rio de Janeiro e de outras regiões e estudantes interessados podem ler as publicações diretamente em seu computador, celular, tablet e compartilhar com seus amigos. Percebemos também que muitos farmacêuticos que participam https://issuu.com
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de eventos do Conselho gostariam de ter acesso aos registros fotográficos, assim, passamos a disponibilizar as fotos em nosso canal no Flickr, onde é possível visualizar, salvar e guardar os registros.
EMPrEEndEdorisMo
Os Natais também são especiais para os Alunos Contadores de História
Empreendedores do bem a atitude de empreender frequentemente é confundida com apenas a busca de lucros, isso porque o termo “empreendedor”, muitas vezes, é visto como sinônimo de “empresário”. Entretanto, o ato de empreender vai além disso: trata-se de mudar a realidade em que estamos inseridos, desafiando a visão tradicional e utilizando modelos de negócios inovadores, podendo ou não visar lucros financeiros. assim, o empreendedor, pode, através de um negócio, gerar lucros para si, seus sócios e acionistas; mas pode também ter um empreendimento que gere benefícios para a coletividade, sem buscar auferir ganhos financeiros. Quando o objetivo é resolver problemas ambientais ou sociais negligenciados tendo um potencial de transformação positivo na sociedade, a atitude é chamada de “Empreendedorismo Social”.
No Brasil, há diversas pessoas e instituições atuando em busca de um negócio social que ajude a comunidade. Dentre os que realizam essa tarefa encontra-se o CrF-rJ, promovendo entre a população o cuidado com a saúde através de suas ações Sociais, que reúnem farmacêuticos voluntários para aferir a pressão arterial e a glicose sanguínea, além de educar as pessoas sobre a questão da automedicação. Outras iniciativas que podemos mencionar são os projetos alunos Contadores de história da uFrJ, no rio de Janeiro; e o Farmacêuticos da alegria, em Sergipe, que se destacam por animar o dia de pessoas internadas em hospitais, especialmente crianças, contando com o apoio de profissionais e estudantes da área de Farmácia. 35 l revista rioPharma l jan . fev 2015
Alunos Contadores de História – um exemplo de empreendedorismo desde cedo Com um livro na mão e boa vontade, alunos de diversos cursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se reúnem no IPPMG (Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, um hospital universitário infantil localizado na Cidade Universitária) para realizar uma tarefa muito especial: contar histórias. “Queremos afastar a tristeza e levar um momento lúdico e alegre para as crianças”, conta Raphael Santana, aluno de engenharia mecânica e apoiador do projeto Alunos Contadores de História da UFRJ. “É desleal. Recebemos muito mais do que doamos”.
Luciano Castro, Raphael Santana e Isandra Meirelles
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E a “contação” de histórias não apenas alegra o dia das crianças que vêm de várias partes do estado, como também estimula o hábito da leitura, inclusive entre os próprios pais que, muitas vezes, têm pouco acesso a livros. “Recebemos cartas de pais relatando que passaram a ler para seus filhos por insistência dos pequenos em querer continuar ouvindo histórias em casa”, explica Regina Fonseca, a coordenadora do projeto. “Para incentivar esta atividade, realizamos durante o ano distribuição de livros doados ao projeto para as crianças.”
A iniciativa surgiu em 2008, quando voluntários da ONG Viva e Deixe Viver, que realizavam a atividade em vários hospitais do Rio de Janeiro e de São Paulo, começaram a ter dificuldades devido ao acesso à Cidade Universitária. “Por este motivo resolvemos abrir espaço para alunos da UFRJ serem contadores de histórias”, conta Regina. O trabalho da equipe já rendeu várias menções honrosas e o Prêmio FUJB de Extensão Universitária na área temática da saúde. “O Alunos Contadores de Histórias foi se adequando não somente às necessidades das crianças atendidas, mas também às rotinas do espaço hospitalar”, explica a coordenadora. “Além disso, incentiva os alunos participantes a terem uma formação cidadã, com um olhar mais abrangente sobre outra realidade social.” Isandra Meirelles tem 21 anos, está no 9º período do curso de farmácia e participa há mais de um ano no projeto. “Sempre quis realizar algum trabalho voluntário e, quando soube do projeto, fiquei muito interessada. Eu estudava em frente ao IPPMG e não sabia da iniciativa”, conta. A estudante ainda diz que o projeto influenciou na escolha do local onde estagia, o Instituto Fernandes Figueira, na Fiocruz. “Depois que comecei no ‘Alunos Contadores de História’, decidi que quero trabalhar em um hospital pediátrico.” A jovem relata que a experiência de contar história para crianças é muito gratificante, além de ensinar uma importante lição: “Nesse projeto, eu aprendi que não temos noção de quantas coisas boas temos na vida. Essas crianças sempre são receptivas, mesmo com problemas de saúde. Precisamos aprender a ser receptivos com o que já temos.”
Farmacêuticos da Alegria –
o que acontece quando os estudantes não querem parar Em 2009, uma proposta inédita surgiu dos alunos do curso de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), na disciplina Estágio Supervisionado: inserir estudantes em um cenário onde o profissional farmacêutico não costuma estar, como as pediatrias hospitalares. Assim, o projeto “Farmacêuticos da Alegria” foi criado: “A ideia era, por meio de atividades lúdicas e da arte do palhaço, humanizar o cuidado e educar o público-alvo (inicialmente crianças) em temas de saúde, em especial sobre o Uso Racional de Medicamentos (URM)”, explica Genival Júnior, farmacêutico fundador da iniciativa. Então, em outubro desse mesmo ano, a primeira ação do grupo foi realizada: em comemoração ao Dia das Crianças, duas semanas foram dedicadas pelos estudantes para apresentar teatro de fantoches, que contava a história de um menino que tomava medicamentos escondido da mãe; ler histórias em quadrinhos narrando as aventuras do Cebolinha em vender medicamentos para seus amiguinhos da Turma da Mônica; ensinar as crianças com perguntas-e-respostas sobre medicamentos; além de outras atividades, como gincanas e campanha de arrecadação de brinquedos. Mas, não eram apenas as crianças que se beneficiavam: “Depois das atividades, uma tarde era definida para conversar em reservado com pais e cuidadores, para dar uma palestra sobre administração de medicamentos pediátricos”, relata o farmacêutico. Entretanto, com o encerramento da disciplina, os “Farmacêuticos da Alegria” também terminariam. Mas, não foi isso o que aconteceu: “Os integrantes que haviam participado da experiência anterior, resolveram, de forma independente, se juntar e realizar a II Semana da Criança no Hospital Universitário em 2010”, conta Genival. “E a 37 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
Farmacêuticos da Alegria – Sergipe
partir daí, o grupo resolveu se estruturar para realizar outras ações com uma periodicidade maior.” Atualmente, além da participação de estudantes e farmacêuticos, o grupo conta com integrantes de outros cursos da área de saúde, como Enfermagem, Odontologia e Medicina, que agem sem fins lucrativos e que não estão vinculados a nenhum órgão público ou qualquer instituição privada. “Trata-se de um grupo de pessoas com objetivos comuns”, orgulha-se o fundador. “As ações são programadas em reuniões periódicas de todos os membros. Nestas reuniões são definidos os locais de atuação. A seleção do local é por indicação de qualquer membro ativo dos ‘Farmacêuticos da Alegria’ ou por convite direto da instituição.” Genival conta ainda que, quando o local é definido, um dos membros vai visitá-lo para decidir o perfil da instituição, para analisar os espaço físico, o público-alvo, e as expectativas e necessidades do lugar. “Já possuímos atividades semielaboradas, visando cada grupo específico. O projeto não lida apenas com crianças, mas com adultos, pais e cuidadores”, diz o farmacêutico. “Também auxiliamos o Hemocentro com campanhas de doação de sangue e medula. 38 l Revista RioPharma l jan . fev 2015
O objetivo principal do ‘Farmacêuticos da Alegria’ é combinar informações científicas do processo saúde-doença-uso de medicamentos com atividades lúdicas. Nossa principal contribuição à sociedade é a educação em saúde.” Futuramente, o grupo pretende se transformar em uma ONG (Organização Não Governamental) com filiais pelo Brasil, atuando em diversos cenários de prática farmacêutica e oferecendo cursos para formação de ‘Farmacêuticos da Alegria’, para que outros profissionais sejam capacitados a desenvolver atividades semelhantes. “Os ‘Farmacêuticos da Alegria’ mostram a cara do farmacêutico, que além de um universo de atribuições, ganha uma roupagem mais humanizada, dando valor a este importante profissional. Já pensou: I Congresso Brasileiro de Farmacêuticos da Alegria?! No futuro teremos um grande evento para que possamos relatar experiências vividas no projeto”, empolga-se Genival, que diz que a maior conquista do trabalho que realizam é o sorriso de várias crianças e adultos hospitalizados. “É um trabalho apaixonante. Por vezes nos questionamos: os ‘Farmacêuticos da Alegria’ fazem bem pra quem: para o paciente ou para a gente?”
caPacitaÇÃo
qualiPharMa se expande oferecendo novos cursos O Programa de Qualificação Profissional Farmacêutica, do CrF-rJ, não para de investir no aprimoramento de sua grade lançando novos cursos, como o de Farmacoterapia da inflamação: aiNES e aiES, Técnicas de redação Científica para Trabalhos de Conclusão de Curso e artigos, Fisiologia do Câncer e Farmácia Clínica. Essa é uma resposta ao sucesso do programa que já certificou 1.385 farmacêuticos desde seu lançamento, em abril, até novembro de 2014. O professor lucas rodrigues Jacques da Silva, formado em Ciências Biológicas, modalidade Biofísica com ênfase em Biotecnologia e com mestrado em imunologia e inflamação, pela uFrJ, vai ministrar o curso “Fisiologia do Câncer” e acredita que a qualificação é o melhor caminho para se destacar profissionalmente, principalmente para o farmacêutico, já que a cada dia surgem novas abordagens, novos compostos, novos fármacos, e é de suma importância o profissional conhecer de forma aprofundada os assuntos relevantes em sua área. No caso do paciente com câncer, o professor ressaltou que, desde a resolução 288/96, do Conselho Federal de Farmácia – CFF, foi estabelecido que a manipulação de medicamentos citotóxicos é privativa dos farmacêuticos. O docente lembrou ainda, que existe também a Portaria 3535/98, do Ministério da Saúde, que determina que todo serviço de alta complexidade no tratamento do câncer, cadastrado pelo Sistema Único de Saúde (SuS), deve contar com um farmacêutico, no caso de manipulação de quimioterápicos e é “nessas horas que ele mostrará o seu devido valor, já que isso é algo que somente os farmacêuticos estão habilitados a fazer.” Em certos tipos de câncer, onde ainda não há
cura, lucas Silva acredita que “é de suma importância um contato mais próximo do farmacêutico com o paciente, para explicar os efeitos colaterais e o porquê destas reações.
1.385
farmac êuticos certific ados
“Ninguém melhor do que o próprio farmacêutico para explicar um pouco sobre os mecanismos de ação de tais drogas, dando força para que estes continuem firmes, pois o quadro psicológico do paciente influencia na resposta do organismo ao tratamento, e com certeza um pouco de atenção faz toda a diferença.” 39 l revista rioPharma l jan . fev 2015