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123 NOV > DEZ 2015

RIO

Pharma Revista do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro

A nova Farmácia

Oitava edição do Congresso RIOPHARMA reúne profissionais de saúde do mundo todo para debater a atuação clínica e a prescrição farmacêutica


agenda Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro Rua Afonso Pena, 115 - Tijuca - Rio de Janeiro - RJ CEP: 20270-244 Telefone: (21) 3872-9200 - Fax: (21) 2254-0331 Dúvidas e sugestões: diretoria@crf-rj.org.br

XXII Escola de Verão em Química Farmacêutica e Medicinal 25 a 29 de janeiro de 2016 Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, Bloco N, no Rio de Janeiro (RJ) www.evqfm.com.br/xxii_evqfm

Denúncias: fiscalizacao@crf-rj.org.br Ouvidoria: ouvidoria@crf-rj.org.br Periodicidade: Bimestral Tiragem: 16.600 exemplares Diretoria Dr. Marcus Vinicius Romano Athila - Presidente Dra. Maely Peçanha Fávero Retto - Vice-presidente Dr. Robson Roney Bernardo - Tesoureiro Conselheiros Efetivos Dra. Carla Patrícia de Morais e Coura, Dra. Denise Costa Ribeiro, Dra. Fabiana Sousa Pugliese, Dr. Francisco Claudio de Souza Melo, Dr. Luiz Fernando Secioso Chiavegatto, Dr. José Roberto Lannes Abib, Dra. Maely Peçanha Fávero Retto, Dr. Marcus Vinicius Romano Athila, Dra. Melissa Manna Marques, Dr. Paulo Oracy da Rocha Azeredo, Dr. Robson Roney Bernardo, Dra. Tania Maria Lemos Mouço Conselheiros Suplentes Dra. Nilza Bachinski Pinhal, Dra. Rejane Maria F. de Oliveira Carvalho, Dra. Silvania Maria Carlos França Conselheiro Federal Dra. Ana Paula de Almeida Queiroz

Escola de Inverno de Farmácia 25 de janeiro a 5 de fevereiro de 2016 - Porto, em Portugal http://www.idehia.org/news/ escola-de-inverno-de-farmacia-1

V Congresso de Ciências Farmacêuticas de Ouro Preto 30, 31 de março e 1º de abril de 2016 - Ouro Preto (MG) www.concifop.ufop.br

CoNMSaúde - Congresso Nacional Multidisciplinar da Saúde 19 a 22 de maio de 2016 Goiânia (GO) www.conmsaude.com.br

Conselheiro Federal Suplente Dr. Alex Sandro Rodrigues Baiense Editor-chefe e Jornalista Responsável Rafael Machado (MTB – 24421-RJ) Estagiária de Jornalismo Maria Karolina Rodrigues da Silva Fotografia Uelder dos Santos (Congresso Riopharma) e Rafael Machado Projeto Gráfico e Diagramação Ideorama Comunicação – EIRELI Comissão Editorial Dr. Marcus Vinicius Romano Athila Dr. Robson Roney Bernardo Dr. Carlos Alberto Santarem Santos Dra. Aline Coppola Napp Dra. Elizabeth Zagni Schmied Gonzaga Dr. Fábio Lima Reis Dr. Marcos Antonio dos Santos Alves Dr. Alex Sandro Rodrigues Baiense

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Para conferir mais informações sobre estes e outros eventos, acesse: http://crf-rj.org.br/eventos.html

errata: No artigo ”Conscientização sobre descarte adequado de medicamentos vencidos”, na edição 122, a legenda correta da foto da página 47 é ”Fabiana (no canto à direita) com participantes de uma ação sobre descarte de medicamentos”.


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Editorial Congresso sem precedentes

Capa Congresso RIOPHARMA no rumo certo

Destaque Os desafios da Farmácia Clínica

Atitude A importância do farmacêutico se adaptar

Ensino Um incentivo à pesquisa

Ponto de vista Novo foco para a ciência farmacêutica

Qualificação Cursos vão da prescrição à nanotecnologia

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Social Quem faz o congresso

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Ética Novas atribuições, novas responsabilidades

Voluntariado Haiti: missão cumprida

Homenagem Tributo a quem faz a farmácia

Análise O melhor está por vir

Memória da Farmácia Congresso: 16 anos de história

Empreendedorismo Inspiração para inovar

Câmara Técnica Começo com o pé direito

Ação Social Comemoração com serviços

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Orientações O que fazer quando a empresa é fiscalizada pelo Conselho

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Artigos Os trabalhos premiados no 8º RIOPHARMA



Congresso sem precedentes

editorial

O sucesso do XVIII Congresso da Federación Farmacéutica Sudamericana (Fefas) e 8º Congresso RIOPHARMA foi o ponto alto de um projeto de valorização do profissional farmacêutico que vem se desenvolvendo desde 2014. Com palestrantes nacionais e internacionais, contou com aproximadamente mil congressistas e colocou o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ) novamente como um grande realizador de eventos na área farmacêutica. Por sua relevância no cenário mundial, reuniu profissionais de ponta de países como Argentina, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, entre outros. Também foi palco da assembleia geral ordinária do Foro Farmacêutico das Americas (FFA) e da 436ª reunião plenária do Conselho Federal de Farmácia (CFF). O congresso ainda contou com a presença ilustre da presidente da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP), Carmen Penã Lopez. O evento é um reflexo do caminho trilhado pelo CRF-RJ, que criou o maior programa de capacitação da história do CRF-RJ, alcançando todas as regiões do Estado e capacitando mais de 3.500 farmacêuticos, ultrapassando a soma de todos os programas já realizados pelo conselho, e uniu esforços para tornar as ações transparentes.

Marcus Athila Presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro

Que nos próximos anos possamos continuar investindo na qualificação do profissional farmacêutico, com mais cursos, mais vagas e um congresso cada vez melhor, além de uma gestão transparente, tendo como base a legalidade, a moralidade, a publicidade, a seriedade e o respeito.

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capa

No rumo certo Congresso RIOPHARMA volta a ser referência ao focar na prescrição farmacêutica e trazer especialistas nacionais e internacionais para debater o tema

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A mesa de abertura do congresso: o representante da OPAS/OMS, José Maria Parisi; a presidente da ABF, Elizabeth Valverde; o presidente da Fefas, Carlos Eduardo Jerez; o presidente do CFF, Walter Jorge João; o presidente do CRF-RJ, Marcus Athila; a presidente da FIP, Carmen Penã Lopez; o presidente do FFA, Eduardo Quevedo; o presidente do Congresso, Carlos Santarem; e o secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias, Camilo Junqueira

Foram cerca de mil congressistas, incluindo 127 palestrantes, coordenadores e moderadores de 15 países, 465 trabalhos científicos inscritos, 396 apresentados e 13 cursos ministrados. Este foi o saldo do XVIII Congresso da Federación Farmacéutica Sudamericana (Fefas) e 8º Congresso RIOPHARMA de Ciências Farmacêuticas, que aconteceu entre os dias 15 e 17 de outubro, no Centro de Convenções SulAmérica, no Centro do Rio. O evento teve como tema a ”Prescrição farmacêutica e os novos paradigmas da profissão” e como eixo

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”Já existem redes de drogarias com 120 consultórios farmacêuticos. Esta é a nossa realidade” Walter Jorge João, presidente do CFF

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central a ”Atuação clínica do farmacêutico”, debatendo os rumos da Farmácia em diferentes frentes. Além da atuação clínica, foram abordadas questões envolvendo erros de medicação, nanotecnologia, interpretação de exames laboratoriais, práticas de treinamento na indústria, empreendedorismo, cosmetologia, biotecnologia, entre outros. Presidente da Federação Internacional de Farmacêuticos (FIP), Carmen Peña Lopez fez a conferência de abertura, abordando o tema ”Uma nova farmácia para um novo perfil de paciente”. Em sua apresentação, ela destacou que a farmácia clínica dá uma resposta ao novo perfil do paciente em relação aos medicamentos. ”É uma farmácia clínica, assistencial, cada vez com mais serviços oferecidos. Estamos construindo juntos a melhor farmácia para todos no século 21”, afirmou. A presidente da FIP, Carmen Peña Lopez, fez a conferência de abertura: ”Uma nova farmácia para um novo perfil de paciente”

”As novas tecnologias são mais que úteis, facilitam e são agentes ativos dentro do atual mapa sanitário” Carmen Peña Lopez, presidentwe da FIP

De acordo com ela, o profissional de farmácia deve utilizar as tecnologias em benefício do paciente. ”As novas tecnologias são mais que úteis, facilitam e são agentes ativos dentro do atual mapa sanitário”, completou, anunciando ainda que a FIP deve concluir, nos próximos meses, um trabalho sobre o papel do farmacêutico e os reflexos no meio ambiente. As resoluções 585 e 586 do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que tratam das atribuições clínicas e da prescrição, também foram abordadas por palestrantes e autoridades internacionais. Na solenidade de abertura, o presidente da Federación Farmacéutica Sudamericana (Fefas), Carlos Eduardo Jerez, avaliou as medidas como um avanço. ”As resoluções do CFF são uma importante contribuição para a saúde pública em geral, por estarem conectadas global e regionalmente”, analisou Jerez. Para o presidente do CFF, Walter Jorge João, o congresso mostrou a importância do farmacêutico. ”Já existem redes de drogarias com 120 consultórios farmacêuticos. Esta é a nossa realidade. A farmácia não está fadada ao insucesso. No mundo moderno, não se tolera mais a farmácia sem a presença do farmacêutico”, destacou.

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Os homenageados no Prêmio RIOPHARMA Personalidades: da esquerda para a direita, Tarcisio Palhano, Angelita Melo, o filho do doutor Levy Ferreira, o farmacêutico Guilherme Neves Ferreira, Walter Jorge João, Josélia Frade e Jorge Cavalcanti

Entre os especialistas estrangeiros, o destaque foi a integração do Brasil com as principais questões que envolvem o desenvolvimento da farmácia no mundo. ”Foi realmente um grande congresso. O Brasil quer colaborar e está integrado na discussão sobre a atuação farmacêutica. Tem um desafio de ser sustentável e de integrar o profissional com outras equipes, de preferência em toda a rede. Isto é um processo de criação em relação ao sistema de saúde, onde se aprende com os outros e faz-se uma adaptação a sua realidade. É um processo em que cada país está numa fase”, analisou Ashok Soni, da Royal Pharmaceutical Society, do Reino Unido, presente no congresso. O australiano Charlie Benrimoj, diretor da escola de pós-graduação em Saúde da Universidade de Tecnologia de Sidney, salientou a programação do congresso:

Prêmio RIOPHARMA Personalidades tem seis homenageados A atuação e a contribuição para o desenvolvimento do setor farmacêutico levaram os organizadores do Congresso a homenagearem seis profissionais da área com o prêmio RIOPHARMA Personalidades. A cerimônia aconteceu durante a abertura do congresso. Confira os colegas que foram premiados.

”Foi muito boa. O evento foi bem organizado, com visões de todo o mundo sobre os temas debatidos. Mostra como o Brasil quer aprender”, disse ele, que participou de três simpósios durante o evento.

Angelita Cristine Melo

No mesmo caminho foi a farmacêutica paraguaia Zully Vera: ”Foi um congresso de excelente nível”.

Tarcísio José Palhano

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Jorge Cavalcanti Oliveira Josélia Frade Levy Gomes Ferreira Walter da Silva Jorge João

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destaque

Os desafios da Farmácia Clínica Criação de sistema de atendimento sustentável e integração com demais profissionais de saúde são questões a serem solucionadas

A elaboração de um modelo sustentável para a atuação clínica do farmacêutico e uma maior integração entre os diferentes profissionais de saúde, tendo como foco o paciente, foram apontadas por especialistas como questões cruciais para o desenvolvimento da farmácia clínica, durante o XVIII Congresso da Federación Farmacéutica Sudamericana e 8º Congresso RIOPHARMA. O encontro teve a atuação clínica e os novos paradigmas da profissão como eixo central e reuniu farmacêuticos dos quatro cantos do mundo para debater o assunto.

Ele lembrou que as discussões sobre a farmácia clínica na Austrália começaram nos anos 1980 e 1990, mas o reconhecimento clínico só veio em 2000. No ano seguinte, as pessoas começaram a pagar pelos serviços, o que estimulou as universidades a investirem no tema.

Diretor da escola de pós-graduação em Saúde da Universidade de Tecnologia de Sidney, o australiano Charlie Benrimoj avaliou, em palestra durante o congresso, que as mudanças de práticas foram incríveis nos últimos anos. Para ele, é preciso que o farmacêutico vá até o paciente.

Na Austrália, contou, as verbas do governo para atendimento clínico de farmacêuticos começaram em cinco milhões de dólares australianos, em 1995. Atualmente, o orçamento é de mais de 1,2 bilhão.

”Na Austrália, o principal erro foi montar consultórios em determinados locais. Hoje, no meu país, vamos até a casa do paciente, revisamos o prontuário. Na casa, se vê não apenas o medicamento, mas todo o entorno”, relatou Benrimoj.

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”O que impulsiona é o benefício econômico. O que temos atualmente é uma série de conceitos que gravitam em torno do atendimento, uma combinação de serviços e as pessoas pagando por isso” analisou ele.

”O pagamento era feito pela dispensação e com uma taxa de manuseio. Hoje há um pagamento fixo”, completou. Benrimoj salientou que cada país tem uma situação peculiar. Ele avalia que o processo de implantação da farmácia clínica termina com um projeto nacional.

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”Não há fórmula mágica, é um processo lento. Os países que estão mais à frente atualmente são Reino Unido, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Espanha, mas o desafio é a sustentabilidade”, disse. Já a diretora do Centro de Inovações Farmacêuticas da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, a farmacêutica Magaly de Bittner apresentou o Programa P3, implantado no estado americano. No projeto, os pacientes são orientados por farmacêuticos não apenas sobre medicamentos, mas também em relação ao estilo de vida. ”Um paciente bem informado pode gerenciar melhor sua condição. A proposta é o paciente gerir a doença para melhorar sua qualidade de vida. Isso reduz os recursos médicos necessários”, informou ela, durante simpósio no RIOPHARMA.

Magaly conta que todas as visitas dos farmacêuticos são documentadas e um relatório é encaminhado para o responsável pelo tratamento. Para fazer o atendimento foi criada uma rede de farmacêuticos de âmbito nacional, e estes profissionais recebem pelos serviços prestados. Os farmacêuticos têm ainda um serviço de orientação online. ”Eles podem enviar vídeos dos atendimentos e receber orientação, para saber se estão tomando as medidas corretas”, destacou. Ela lembrou que a saúde no país é incentivada pelo setor privado e que os Estados Unidos vêm passando por mudanças no sistema, com o projeto do presidente Barack Obama de ampliar o acesso à saúde, o Obama Care, que criou opções mais acessíveis, já que a maioria das pessoas tem o plano subsidiado pelos seus empregadores.

Para Benrimoj, a prática clínica avançou muito nos últimos anos

”Hoje, na Austrália, vamos até a casa do paciente, revisamos o prontuário. Na casa, se vê não apenas o medicamento, mas todo o entorno” Charlie Benrimoj, diretor da escola de pós-graduação em Saúde da Universidade de Tecnologia de Sidney

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”Nosso programa enfatiza a relação pacientefarmacêutico. A instituição gerencia esta rede, faz os pagamentos e o controle de qualidade. Como resultado, tivemos a redução nos índices de saúde e nos custos. Fizemos uma pesquisa comparando com o período anterior à implementação e o custo por paciente caiu US$ 1 mil. Os empregadores também viram que pouparam, com mais produtividade”, disse ela, lembrando que o projeto começou em 2006. No Canadá, onde os farmacêuticos podem prescrever desde 2007, a atuação clínica também foi tema de debates no congresso. Segundo Greg Eberhart, do Alberta College of Pharmacists (ACP), o atendimento no país é feito com base no Health Act, e todos têm acesso aos medicamentos necessários. Ele contou que quando a prescrição foi aprovada, a medida causou polêmica.

”Tenho um amigo que diz que o médico recomenda o medicamento para o farmacêutico, que estabelece qual é o adequado. No nosso programa, a ideia era que o médico não interviesse no que o farmacêutico fizesse, mas os médicos não entenderam muito bem e houve resistência. Na maior parte do mundo, nós, farmacêuticos, somos treinados a identificar o problema e encaminhar para outro profissional. Mas a prescrição não é só dar remédio. O farmacêutico também pode fazer planos para o paciente que tem doenças crônicas e fuma, por exemplo”, destaca. Em Alberta foi implantado um projeto piloto, com o foco no paciente, onde o médico não faz o atendimento inicial. Segundo ele, é feita uma triagem, e só depois ocorre o atendimento médico. ”Nossa preocupação é o tratamento do paciente. Não devemos esperar que o sistema mude. A cultura é a coisa mais difícil de mudar, não é de um dia para o outro”, completa.

No Brasil, exemplos isolados Um dos palestrantes do simpósio ”Sistemas de saúde e atuação clínica do farmacêutico”, Cassyano Correr avaliou que a farmácia clínica ainda é fragmentada e isolada no Brasil. Em sua apresentação, ele destacou que existem atualmente dois perfis de farmacêutico. ”Um é o dispensador, que está nas drogarias e no Sistema Único de Saúde, com a prática mais orientada para o produto. O foco é no controle do medicamento e na burocracia. O outro é o farmacêutico com atuação mais clínica, que faz consulta, emite parecer e acompanha o paciente”, afirma ele. De acordo com Correr, o caminho para a farmácia clínica é uma migração do modelo tradicional, dispensador, para o clínico, mas sem abandonar o primeiro.

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”O farmacêutico tem atuado em consultórios nas drogarias, mas ainda é uma questão isolada, fragmentada. Ainda tem muito a ser ampliado neste campo, com atuação em hipertensão, diabetes, emagrecimento, vacinas, entre outros. Também, com testes laboratoriais remotos (TLRs), que são exames rápidos, feitos de forma conveniada entre farmacêuticos e laboratórios, com resultados em 20 minutos”, completou o farmacêutico, destacando os trabalhos realizados pelos hospitais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), além da experiência de consultórios farmacêuticos de Curitiba.

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Orientação é destaque na América Latina Um dos pilares da atuação clínica, a atenção primária foi tema do painel ”Atuação dos Farmacêuticos da América Latina em Atenção Primária”, no RIOPHARMA. Profissionais de diferentes paises da região mostraram projetos desenvolvidos e que vêm apresentando bons resultados. No Equador, o trabalho intitulado ”Educação do paciente com diabetes que busca o serviço farmacêutico do Hospital Carlos Andrade Marín (HCAM) para contribuir com a melhora de estilo e qualidade de vida” ensinou pacientes a gerenciar os cuidados com a própria saúde. O projeto teve o apoio de 93% das pessoas atendidas da unidade e contou com a colaboração de 92% dos familiares. O sucesso foi tão grande que chegou a ser noticiado pela mídia e recebeu sondagens para ser ampliado: ”Há pedidos do governo para que pacientes de insuficiência renal e de oncologia recebam orientações também. O programa incentivou o autocontrole da diabetes, além de gerar maior integração dentro do hospital”, afirma Adriana Paez, integrante do projeto. Segundo Zully Vera, Diretora de Educação Farmacêutica do Fórum Farmacêutico das Américas (FFA) e moderadora do painel, a atenção primária é uma filosofia e uma estratégia em prol da sociedade, centralizada no paciente. ”A proposta é focar nas pessoas, na família e na comunidade como um todo, ao invés dos produtos, dos medicamentos”, destaca Zully. Neste contexto, Nelly Marin apresentou o trabalho ”Marco conceitual de serviços farmacêuticos na atenção primária”, que se baseou nas necessidades de qualificação dos profissionais quanto ao assunto e promoveu o curso ”Serviços Farmacêuticos”. A iniciativa, que incluía 43 participantes em 2010, atualmente reúne mais de 1.100 farmacêuticos de seis países.

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Veras: atenção primária é filosofia e estratégia em prol da sociedade e centralizada no paciente

Na Argentina, a implantação de serviços farmacêuticos a pacientes com pressão arterial elevada ou com tratamento farmacológico para hipertensão nas farmácias de Córdoba contou com o apoio de estabelecimentos para auxiliar a população. Através de formulários de acompanhamento e cartilhas, o projeto diagnosticava pessoas com a pressão arterial em risco, encaminhava-os ao médico e acompanhava o tratamento. A aceitabilidade do trabalho entre a população foi de quase 78%, ou seja, três a cada quatro pacientes notaram os efeitos das orientações farmacêuticas sobre a pressão arterial. Idosos no Hospital Pando, no Uruguai, também puderam contar com o cuidado farmacêutico de forma mais próxima. No país, cerca de 17% da população tem mais de 60 anos, e a expectativa é de que este número cresça nos próximos anos. A carência de informações sobre cuidados com os idosos e a polimedicação afetam este grupo. Baseados nestes fatos, os pesquisadores realizaram o trabalho ”Colaborar na melhora da qualidade de vida do idoso que reside em instituições de longa permanência da cidade de Pando, Canelones”. A iniciativa, após analisar os pacientes, realizou encontro com os cuidadores e elaborou um manual com informações específicas. ”Nosso objetivo é melhorar a qualidade do idoso hospitalizado e tornar os tratamentos mais eficazes”, afirmou a representante do projeto, Andrea Bagnulo.

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atitude

‘A oportunidade vem na forma de problemas’ Lair Ribeiro ressalta a importância de o profissional farmacêutico se adaptar

Se continuar fazendo o que sempre fez, é possível que o farmacêutico obtenha resultados piores. Adequando a máxima de Albert Einstein, que dizia que ”insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”, o cardiologista Lair Ribeiro afirmou, na conferência ”Mudar para permanecer”, durante o 8º Congresso RIOPHARMA, que o farmacêutico vai precisar se moldar a uma nova realidade. ”O papel do farmacêutico mudou. A farmácia que vai sobreviver é aquela que se adapta mais ao que está acontecendo, não é a mais forte, rica ou bem localizada”, explica o médico, com referências à lei 13.021/14, que tornou a farmácia estabelecimento de saúde, e às resoluções do CFF que tratam da atuação clínica e da prescrição farmacêutica.

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Para o médico, o momento atual é de oportunidades. As pessoas estão vivendo mais tempo, mas também, ficando mais doentes. Ele salienta ainda que uma curva descendente na expectativa de vida começou a se formar, pois a geração de 2005 viverá, em média, menos do que seus pais. Neste contexto, o farmacêutico é um profissional fundamental. Segundo ele, de modo geral, os médicos sabem pouco sobre o farmacêutico, mas este fato deve mudar. Afinal, segundo Lair Ribeiro, este profissional não estudou para ficar vendendo, mas para ajudar as pessoas. O cardiologista também apresentou propostas para quem pretende empreender na área da saúde e salientou a importância da competência, de uma boa direção para o negócio e de manter os funcionários sempre motivados.

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”De que adianta eu contratar, por exemplo, uma secretária que fala quatro idiomas, se ela não for usá-los?” Lair Ribeiro

”Não é apenas a questão financeira, há o pagamento psicológico também. O empresariado brasileiro não sabe contratar. Treinamentos não consertam erros de contratação. Estão contratando pessoas erradas para as funções erradas. De que adianta eu contratar, por exemplo, uma secretária que fala quatro idiomas, se ela não for usá-los? Ela ficará frustrada, e isso faz toda a diferença no desempenho de sua empresa”, explica. Para Lair Ribeiro, uma empresa deve ser construída para servir o mundo. O lucro é importante, mas ele alerta que não deve ser a finalidade do negócio. E, quando se trata de crises, o cardiologista é enfático: ”Há a opção de chorar ou vender os lenços. Você decide. Uma pequena alteração em um dos elementos de um sistema complexo pode criar uma enorme diferença no resultado”, explica.

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Lair Ribeiro destacou que o papel do farmacêutico mudou

Segundo o médico, muitas vezes as pessoas não identificam uma oportunidade, pois ela surge na forma de problema. Ele dá o exemplo de uma situação de emergência, em que precisou abdicar de um fim de semana para cuidar de um paciente. Isto acabou levando-o a trabalhar nos EUA, o que alavancou sua carreira: ele atendeu o pai de alguém importante na Havard Medical School, em Boston. Lair executou tão bem seu trabalho que foi convidado, em 1976, para ficar como pesquisador por dois anos na universidade. ”Se você não gosta de resolver problemas, vai perder muitas oportunidades ao longo de sua vida”, alerta Ribeiro, relembrando como o inesperado evento mudou sua vida e lhe abriu portas para o crescimento profissional.

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academia

Um incentivo à pesquisa Prêmio RIOPHARMA de trabalhos científicos contou com 465 trabalhos inscritos

Quatrocentos e sessenta e cinco trabalhos científicos foram enviados ao 8º Congresso RIOPHARMA. O número é o maior desde que o evento começou a ser realizado e supera em 500% o total de trabalhos da sétima edição do congresso, quando foram inscritos 77 artigos. Durante o evento, 396 foram exibidos em painéis nos corredores do Centro de Convenções SulAmérica, no Centro do Rio.

As pesquisas recebidas neste ano foram feitas por farmacêuticos de todo o Brasil e de outros países, e tratavam dos mais distintos assuntos. Farmacologia, homeopatia, farmácia hospitalar e clínica, epidemiologia e fitoterápicos foram apenas algumas das mais de 40 opções de temas que os participantes puderam escolher.

”O aumento no número de participantes demonstra que o evento foi um sucesso acadêmico e que conseguimos colocar o congresso em seu devido lugar. Isto é muito motivante”, comemora Robson Roney Bernardo, presidente da Comissão Científica do 8º Congresso RIOPHARMA.

No fim, seis trabalhos foram selecionados pela Comissão Científica do congresso para receberem o Prêmio RIOPHARMA, que totalizava R$ 15 mil, sendo R$ 7 mil para o primeiro, R$ 5 mil para o segundo e R$ 3 mil para o terceiro. Por decisão da comissão organizadora, seis trabalhos saíram vencedores (confira os resumos dos artigos a partir da página 46).

Para ele, o recorde deve-se à nova fronteira que a profissão farmacêutica começa a atravessar: a prescrição. Roney acredita que o resultado é uma das primeiras manifestações acadêmicas efetivas sobre o assunto.

O farmacêutico Iwson Costa ficou honrado ao ver que seu trabalho se destacou diante das mais de 400 pesquisas de alto nível. Seu estudo, que teve mais nove autores, foi um dos que obteve o primeiro lugar.

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A farmacêutica Georgiane (terceira da esquerda para a direita), com amigos, o presidente do CRF-RJ, Marcus Athila, e o presidente da comissão científica, Robson Bernardo

O farmacêutico, da Universidade Federal do Piauí, se formou há apenas quatro meses e conta que o apoio de seus orientadores, Rivelilson Freitas e Hilris Rocha, foi fundamental. ”Eles acreditaram no trabalho que estávamos realizando e sempre fizeram o máximo para que melhorássemos o padrão. O projeto tem um cunho social gigantesco. O bem e a diferença que podemos fazer na vida desses pacientes foi o que mais me motivou”, emociona-se Costa. O trabalho dele foi o relato da experiência de implantação de um serviço de atenção farmacêutica a pacientes com doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, no hospital universitário da Universidade Federal do Piauí. Ele começou como bolsista do serviço em 2013 e acompanhou todo o processo de implantação do projeto, que uniu diversos profissionais, como assistentes sociais, médicos, nutricionistas e enfermeiros. ”Por se tratar de pacientes de todo o Piauí, tínhamos uma diversidade considerável e precisávamos buscar maneiras de alcançar a todos. Então, nosso carro chefe eram os materiais educativos que preparávamos baseados nos problemas que eles apresentavam na terapêutica. Hoje, dois anos após a implantação, conseguimos perceber nitidamente como a nossa presença vem sendo fundamental, não só para a equipe como para os pacientes”, explica o farmacêutico.

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”Reconhecimento é uma importante ferramenta de estímulo à pesquisa” Georgiane Oliveira, farmacêutica

Georgiane Oliveira, que também ficou em primeiro lugar no prêmio científico, destaca que num congresso com a estrutura do RIOPHARMA é possível conhecer novas visões, debater e conhecer outras pessoas que estão buscando ampliar o conhecimento. A farmacêutica apresentou, ao lado de quatro pesquisadores, um trabalho sobre a avaliação dos resultados clínicos do serviço de Gerenciamento de Terapia Medicamentosa (GMT) no Ambulatório Multidisciplinar de Diabetes da UFMG, onde atua há dois anos. Aluna de mestrado no Programa de Pós-graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica, ela integra o Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica (CEAF) da Faculdade de Farmácia da UFMG, cujo caráter é educacional, científico e de provisão de serviços. ”Como membro do grupo, minha maior motivação para a realização de pesquisas é a possibilidade de ampliar o conhecimento sobre o GTM”, explica a pesquisadora.

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Georgiane conta que a decisão de inscrever o trabalho no congresso partiu do grupo, que submeteu diversos resumos. ”Acreditamos que o RIOPHARMA é um congresso com muita visibilidade e tradição, por isso o escolhemos para apresentar nossos resultados”, comenta. Emocionada com a conquista, a farmacêutica diz estar agradecida pelo apoio da organização do evento e dos companheiros do CEAF e do ambulatório: ”Acredito que é um incentivo muito grande para o pesquisador ver seu trabalho premiado. Reconhecimento é uma importante ferramenta de estímulo à pesquisa e, nesse sentido, acredito que o congresso contribui para impulsionar mais ainda a pesquisa na área farmacêutica”.

Conheça os trabalhos premiados 1º lugar • ”Resultados clínicos do serviço de gerenciamento da terapia medicamentosa e ambulatório multidisciplinar de diabetes”, inscrito por Georgiane de Castro Oliveira (UFMG) • ”Implementation of pharmaceutical care service to patients with inflammatory bowel disease in a university hospital”, inscrito por Iwyson Henrique Fernandes da Costa (UFPI) 2º lugar • ”Caracterização do pensamento crítico em estudantes de graduação em farmácia: um estudo piloto”, inscrito por Franciely Lima da Fonseca (UFS) • ”Gerenciamento de estorno de medicamentos em um hospital de grande porte”, inscrito por Luany Tesedor Barros (UFF) 3º lugar • ”Dispensação de medicamentos na atenção básica à saúde: ênfase na diminuição de erros de medicação”, inscrito por Ana Elisa Prado Coradi (Faculdade de Medicina do ABC) • ”Medicamentos isentos de prescrição médica: análise das suspeitas de reações adversas a dipirona em crianças”, inscrito por Joyce Ferreira Pessanha da Silva Rocha (UFRJ)

Roberta Rocha e Iwson Costa em frente ao trabalho premiado

Os artigos apresentados no Congresso serão publicados na Revista Brasileira de Farmácia (RBF), no site www.rbfarma.org.br 18


ponto de vista

Novo foco para a ciência farmacêutica Robson Roney Bernardo Presidente da Comissão Científica do 8º Riopharma

O 8º Congresso RIOPHARMA foi um sucesso, com cerca de 400 trabalhos aprovados e a visita de vários palestrantes internacionais, o que aumentou, e muito, o nível do congresso, bem como a discussão sobre a prescrição farmacêutica e suas derivações. Nesta esteira, abriu-se discussão sobre o tema, bem como as suas ramificações. Em uma sociedade automedicada e com um arsenal terapêutico vasto, observamos um panorama onde o medicamento tem a sua função principal, esquecendo-se de questões importantes: a segurança, eficácia e acessibilidade aos mesmos. Há um outro ponto importante, que é a humanização

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do atendimento do farmacêutico ao paciente. Há vários vilões nesta história, como a automedicação e o mau uso dos medicamentos de venda livre, que aumentam o risco da ocorrência de reações adversas a medicamentos e de interações medicamentosas, resultando em um aumento da morbidade e da mortalidade relacionadas a estes. As mudanças desta sociedade altamente medicalizada se refletem em mudanças na postura do profissional e isto repercute nas universidades e centros de pesquisas, com mais trabalhos em atenção farmacêutica e gerenciamento de riscos e segurança. Hoje em

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dia, há discussões nas universidades desde a farmacologia clássica, como os antiinflamatórios, por exemplo, e sua abordagem, como as interações farmacológicas e seu uso. Não há mais como abordar uma farmacologia clássica sem levar em conta as questões de interações medicamentosas, bem como a prescrição. Vivemos em um país onde os casos de doenças como hipertensão e diabetes explodem em nossa sociedade sedentária e pobre em termos nutricionais. Os pacientes irão passar por programas, terapias na qual um profissional farmacêutico deverá dispensar de maneira correta e segura para que a terapia funcione. Pudemos observar no congresso um debate sobre a atuação deste profissional, levando a várias discussões, inclusive no âmbito educacional, tanto na atenção farmacêutica, quanto na farmacologia e, de alguma maneira, implicando na prescrição farmacêutica. Há uma questão fundamental da carreira farmacêutica onde as condutas e responsabilidades deste profissional permeiam as mudanças em condutas e responsabilidades na assistência ao paciente, gerando várias dúvidas, inquietações e alguns questionamentos sobre seu papel na sociedade e, muitas vezes, questionando a sua identidade em uma equipe de saúde. Vários trabalhos mostraram a inserção deste profissional neste contexto, como profissional de saúde e o impacto dos trabalhos em áreas de atenção, dispensação, descarte e segurança de medicamentos em vários estados e diversas unidades de saúde sejam privadas ou públicas. Muitos trabalhos refletiram esta tendência científica, dirigindo-se para estas áreas de atenção, dispensação e segurança farmacêutica.

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Os trabalhos premiados abordaram estas áreas, que deverão ser uma tendência para as ciências farmacêuticas. Pudemos ver os trabalhos de atenção farmacêutica em que o farmacêutico assume a responsabilidade pelo acompanhamento da farmacoterapia do paciente. No caso da dispensação, o profissional orienta o paciente sobre seus medicamentos, mas não necessariamente se responsabiliza pelos resultados da farmacoterapia, porém, pudemos observar vários trabalhos interligados entre a atenção e sua dispensação. Nessa linha de raciocínio, pudemos ver uma mudança de foco em relação do medicamento para o paciente na qual o cuidado farmacêutico deverá ter um serviço organizado, documentado, avaliado e validado, como o gerenciamento da terapia medicamentosa (GTM), que visa a aplicação prática da atenção farmacêutica sendo integrada aos demais serviços de saúde, construindo uma equipe multiprofissional visando o bem-estar do paciente. Este talvez seja um futuro próximo da nossa profissão visando integrar várias áreas da atenção farmacêutica e colocando o farmacêutico como profissional de saúde integrado nesta. A consequência do congresso é uma mudança em relação aos pesquisadores, professores e estudantes do profissional farmacêutico em relação à atenção farmacêutica e a questão curricular que irá impactar em práticas futuras deste profissional. O congresso não terminou e migrou-se a discussão para as salas de aula das universidades, discutindo o curriculum e ementas visando uma transformação para este profissional.

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qualificação

Cursos vão da prescrição à nanotecnologia Simpósios e mesas redondas não foram as únicas atrações do 8º Congresso RIOPHARMA. Durante os três dias, mais de 400 farmacêuticos participaram de cursos no Centro de Convenções SulAmérica, no Centro do Rio. Ao todo, foram 13 cursos, a maior oferta desde o primeiro congresso. O foco foi na prescrição farmacêutica e na atuação clínica, mas as aulas também abordaram outras áreas, como nanotecnologia, farmácia forense e radiofarmácia. Entre os professores estavam especialistas como Michael R. Cohen, presidente do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP) nos Estados Unidos; Eduardo Savio, presidente do Foro Farmacêutico das Américas (FFA); Maria Angélica Fiut, membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira de Fitoterapia (ABFIT), entre outros.

Congresso capacita cerca de 400 farmacêuticos

A universitária Lorena Souza participou de dois cursos durante o Congresso: de Farmácia Forente e de Interpretação de Exames Laboratoriais. ”Gostei muito da Farmácia Forense. Foi bom para conhecer mais uma área”, disse ela. Avaliação semelhante teve o estudante Julio César de Oliveira, que está no primeiro período. ”Estou começando o curso e pesquisando as áreas para ver onde me encaixar futuramente. Achei interessante o farmacêutico atuar clinicamente”, ressaltou ele, que fez os cursos de interpretação de exames laboratoriais e atuação farmacêutica na área de cosmetologia. Confira a lista de cursos oferecidos:

Erros de medicação: contextualização e estratégias de maior impacto para minimizar os problemas Coordenadora: Dra. Maria Auxiliadora Parreira Martins (HC/UFMG/MG) Dr. Michael R. Cohen (Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos ISMP/EUA) Radiofarmácia - Aspectos gerais de radiofarmácia, bases jurídicas e Boas Práticas de Fabricação (BPF) Coordenador: Dr. Eduardo Savio (FFA/Uruguai) Dr. Ralph Santos Oliveira (Associação Brasileira de Radiofarmácia/RJ)

Michael R. Cohen, do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos, dos Estados Unidos

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Semiologia para Prescrição Farmacêutica

Comunicação farmacêutico-paciente

Coordenadora: Dra. Aline Coppola Napp (ANFARMAG-RJ)

Coordenadora: Dra. Maria Letice Couto de Almeida (Associação Brasileira de Farmacêuticos ABF/RJ)

Dr. Rinaldo Ferreira (Farma & Farma/SC) Prescrição Nutracêutica e de Fitoterápicos no Tratamento da Obesidade Coordenadora: Dra. Talita Barbosa Gomes (AFAERJ) Dra. Maria Angélica Fiut (Associação Brasileira de Fitoterapia - ABFIT)

Dra. Giselle de Carvalho Brito (UFS/SE) Prescrição Nutracêutica e de Fitoterápicos no Tratamento à Hipertensão Arterial e Diabetes. Coordenadora: Dra. Tatiane Fernandes da Fonseca Gaban (Universidade Iguaçu - UNIG/RJ) Dra. Maria Angélica Fiut (Associação Brasileira de Fitoterapia- ABFIT)

Atuação do farmacêutico na área da cosmetologia: desenvolvimento e avaliação da eficácia de produtos fitocosméticos.

Noções de Semiologia e Cuidado Farmacêutico

Coordenadora: Dra. Ana Lucia Vazquez Villa (UFRJ/RJ)

Dra. Thais Teles de Souza (UFPR/PR)

Dr. Márcio Ferrari (UFRN/RN) Saúde baseada em evidência como suporte para a prática clínica Coordenador: Dr. Rafael Mota Pinheiro (UnB/DF) Dr. Marcus Tolentino Silva (UFAM/AM e Universidade de Sorocaba/SP)

Coordenadora: Dra. Wálleri Reis (UFPR/PR)

Interpretação de exames laboratoriais Coordenador: Dr. José Roberto Lannes Abib (CRF-RJ) Dra. Kioko Takei (IAMSPE/SP) Dra. Solange Lúcia Blatt (UFSC/SC)

Farmácia Forense

Introdução à nanotecnologia associada a produção de medicamentos

Coordenadora: Dra. Grisel Fernández (FEFAS/ Uruguai)

Coordenadora: Dra. Elizabeth Valverde Macedo (Associação Brasileira de Farmacêuticos ABF/RJ)

Dr. Emerson Poley Peçanha (Perito Criminal Federal/RJ)

Dr. Helvécio Vinícius Antunes Rocha (Laboratório de Sistemas Farmacêuticos Avançados de Farmanguinhos/Fiocruz/RJ)

Conciliação de medicamentos Coordenador: Dr. Bruno Corrêa Pereira (CRF-RJ) Dr. Antonio Eduardo Matoso Mendes (UFPR/PR)

Giselle Britto faz pesquisas na área de atenção farmacêutica

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social

Quem faz o congresso Confira cliques de participantes do RIOPHARMA durante os três dias do evento Profissionais, estudantes, delegações estrangeiras, o tradicional boneco do Conselho Federal de Farmácia (CFF), festa com escola de samba e até placas para postar nas redes sociais. Durante o 8º Congresso RIOPHARMA, os corredores ficaram lotados. Confira alguns cliques de congressistas e palestrantes que passaram pelo evento durante os três dias e fizeram deste congresso um sucesso!

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ética

Novas atribuições, novas responsabilidades Ampliação do campo de atuação do farmacêutico leva ao surgimento de diferentes questões profissionais

Erro farmacêutico, conflito de interesses e regulação da propaganda de consultórios. O crescimento da atuação clínica do farmacêutico trouxe novas questões que ainda precisam de normatização e foram debatidas durante o 8º Congresso RIOPHARMA, na mesa-redonda ”Atuação Clínica do Farmacêutico: Responsabilidade ética, civil e criminal”.

que assusta muito. Em breve teremos vários prescritores, mas o que eles poderão fazer? Outra questão importante é que, na Receita Federal, não tem cadastro para farmacêutico. Tem para psicólogo, terapeuta, nutricionista e até terapeuta holístico, mas não tem para farmacêutico. Ficamos escondidos”, afirmou.

Integrante da Câmara Técnica de Prescrição Farmacêutica, Silvio Antão alertou para a necessidade de regulamentação de atividades decorrentes da prescrição.

A prescrição também foi abordada por Gustavo Beraldo, advogado do Conselho Federal de Farmácia (CFF) há 18 anos. Ele destacou que o Conselho Federal de Medicina (CFM) entrou com ações contras as resoluções 585 e 586 do CFF, com os processos tendo as liminares negadas ou sendo encerrados.

”Ainda não existe uma normatização para a propaganda das atividades farmacêuticas, o

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”As resoluções têm como fundamento a lei que permite ao enfermeiro prescrever. Fizemos, inclusive, uma apresentação no plenário do CFM sobre o assunto e parte dos médicos concordou com a nossa explicação”, afirmou, completando ainda que o farmacêutico deve estar atento ao Código de Defesa do Consumidor e ao capítulo do Código Penal que trata sobre os Crimes contra a Saúde Pública, em especial os artigos 273 a 282. Um dos responsáveis pela elaboração das resoluções, o doutor Wellington Barros, da Universidade Federal do Sergipe (UFS), tratou de outras questões relativas às normas. Ele informou que as medidas foram baseadas em princípios éticos e que o conflito de interesses é inerente ao caso. ”Sempre em relações de prestação de serviço de saúde haverá um conflito de interesse potencial, com interesses primários e secundários. São conflitos que envolvem biopolítica e biopoder, medicalização social, medicamentalização, iatrogenia social, invasão farmacêutica, entre outros”, avaliou.

Chefe da Fiscalização do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ), Marcos Alves também fez referências ao assunto e analisou algumas questões que surgirão por conta da prescrição farmacêutica. ”Quando o legislador diz que o médico não pode ser dono de farmácia, é porque ele pode prescrever. E agora, com a prescrição farmacêutica, como fica? Outra questão que vai surgir é em relação ao erro farmacêutico. O CRF-RJ inclusive já se prepara para receber denúncias sobre isto. Daqui a pouco haverá seguro para prescrição farmacêutica”, disse ele, fazendo questão de afirmar que é a favor da prescrição farmacêutica. Para Alves, a atuação clínica do farmacêutico é um paradigma já estabelecido, e aceito pela sociedade, o que se discute a partir de agora é um conjunto de direitos e deveres associados a esta prática.

A ética também foi o tema da apresentação da subcoordenadora de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte, Anna Thereza Gurgel, que destacou o compromisso da fiscalização com a população, com responsabilidade em relação ao estabelecimento e ao farmacêutico.

"A prescrição farmacêutica é uma realidade que já acontece em nosso país” Marcos Alves, chefe da fiscalização do CRF-RJ

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voluntariado

Missão cumprida Farmacêutico argentino conta como foi a experiência de atuar em hospital militar após terremoto no Haiti, em 2010

Robledo ao lado de um enfermeiro paquistanês

Era o dia 11 de janeiro de 2010 e o farmacêutico argentino Jorge Robledo participava de um curso em Buenos Aires para integrar uma missão de paz no Haiti. Ele havia sido convocado em novembro do ano anterior e estava nos preparativos finais. No dia seguinte, um terremoto atingiu o país, destruindo a capital Porto Princípe e deixando 316 mil pessoas mortas. A tragédia só reforçou a vontade de ajudar de Robledo. ”Se o perigo da missão era maior, a necessidade de fazer algo também havia aumentado. Por isso, fiz tudo rapidamente e, no dia 23 de janeiro, peguei um avião Hércules C-130 para o Haiti”, lembra ele, que esteve no 8º Congresso RIOPHARMA apresentando um trabalho sobre controle do colesterol em crianças.

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Crianças posam para a câmera num dos alojamentos

Ele fora chamado para trabalhar como chefe de farmácia no hospital da Força Aérea Argentina, atendendo aos boinas azuis, integrantes das forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, com o terremoto, os dez primeiros dias foram de atendimento ao povo haitiano. ”Neste período, trabalhamos duramente no hospital, num ato heróico voltado para o povo haitiano. O hospital onde eu estava e o da organização Médicos Sem Fronteiras foram os únicos estabelecimentos de saúde que se mantiveram em operação logo após o terremoto”, lembra. Sem experiência na área hospitalar, Robledo contou com a ajuda de um enfermeiro que estava na missão anterior e deu total apoio durante os primeiros meses: ”O maior desafio como farmacêutico foi que não tinha experiência na área hospitalar, mas me haviam dito que isso não era um inconveniente. Porém, isso foi em condições normais de trabalho do hospital. Por conta do terremoto, houve uma mudança drástica”. Por causa do tamanho da tragédia, a ajuda internacional foi muito grande e não faltou remédio. Ao contrário, sobrava. ”Faltava capacidade de armazenamento. Era inverno no Haiti, mas a temperatura ficava em torno de 30 graus, o que exigia que a maior parte dos medicamentos ficasse armazenada

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”Foi a maior aventura e a melhor decisão que tomei na vida” Jorge Robledo

em locais com ar condicionado. Por causa da grande quantidade de medicamentos, meu trabalho durante estes primeiros meses foi muito intenso e tive que improvisar e usar muito a imaginação”, recorda ele, que é diretor do Programa Interinstitucional de Prevenção e Educação em Saúde (PIPES). Durante a missão, Robledo ainda realizou trabalhos voluntários com uma ONG nos dias de folga e manteve um blog (jorgehaiti.blogspot. com) contando o seu dia a dia. As histórias deram origem a um livro, disponível para download de graça no site. ”Se pudesse retroceder no tempo e voltassem a fazer a proposta de participar da missão, diria mil vezes sim. Foi a maior aventura e a melhor decisão que tomei na vida. Não foi a mais linda, porque ver um povo pobre e miserável não é lindo, mas permitiu sensibilizar o coração e dobrar os esforços para fazer deste um mundo melhor”, avalia Robledo.

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homenagem

Tributo a quem faz a farmácia Profissionais que se destacaram recebem a Comenda do Mérito Farmacêutico

Ex-vice-presidente do CRF, Carlos Augusto Peregrino recebe a comenda do tesoureiro do CRF-RJ, Robson Bernardo

Com relevantes serviços prestados à ciência e à profissão, quatro farmacêuticos receberam a Comenda do Mérito Farmacêutico, a mais alta distinção entregue pelo Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ). A homenagem aconteceu durante a solenidade do Dia da Orientação Farmacêutica, comemorado no dia 11 de novembro, mas que, aproveitando o 8º Congresso RIOPHARMA, foi realizado no dia 16 de outubro. Receberam a comenda os colegas Carlos Eduardo Faria Ferreira, Cláudia Garcia Serpa Osório de Castro, Carlos Augusto de Freitas Peregrino e Ana Carolina Domingos Cassino. ”Não costumo me pautar pela emoção, mas tem sido difícil. Neste congresso, tenho tido surpresas gostosas. Quero parabenizar todos os profissionais pelo Dia da Orientação Farmacêutica. É uma profissão que vive um grande movimento em busca do reconhecimento pela sociedade”, salientou o presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Walter Jorge João, presente na cerimônia.

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O conselheiro federal suplente Alex Baiense (à esquerda) com alguns dos farmacêuticos que completaram 40 anos de formado

”É uma profissão que vive um grande movimento em busca do reconhecimento pela sociedade” Walter Jorge João, presidente do CFF

Carlos Eduardo recebe a comenda do presidente do CRF-RJ, Marcus Athila

Viúvo de Ana Carolina Cassino, que morreu após esperar 24 horas por uma cirurgia de apendicite no ano passado, Leandro Farias fez um discurso emocionado.

Na solenidade também foram homenageados 88 farmacêuticos que completaram 40 anos de formados. Presidente do CRF-RJ, Marcus Athila afirmou estar orgulhoso de participar da cerimônia: ”Ser farmacêutico é promover o bem-estar, trabalhar para salvar vidas e amenizar o sofrimento da comunidade. Estas pessoas que completaram 40 anos de profissão devem servir como exemplo para os mais jovens, pois há quatro décadas estão nas farmácias, drogarias, laboratórios, unidades de saúde e empresas ajudando o próximo com esforço e dedicação. É uma entrega e tanto!”

”Saúde é muito mais do que tratar doença, é educação, moradia, meio ambiente e transporte. Saúde e educação vêm sendo tratadas como moeda mercantil. A luta é coletiva. Quero agradecer ao CFF, ao CRF-RJ, aos sindicatos de São Paulo e Minas Gerais, e dizer que o movimento Chega de Descaso segue firme e forte na luta por uma saúde digna. Sejamos a diferença”, destacou.

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Vice-presidente do CRF-RJ, Maely Retto destacou a importância de participar de cerimônias como esta e disse estar emocionada com a solenidade. ”É um prazer homenagear farmacêuticos de renome e outros há bastante tempo na área”, disse Maely Retto.

”É um prazer homenagear farmacêuticos de renome e outros há bastante tempo na área” A vice-presidente do CRF-RJ, Maely Retto, com Claudia de Castro

Maely Retto, vice-presidente do CRF-RJ

Os homenageados Carlos Eduardo Faria Ferreira

Carlos Augusto de Freitas Peregrino

Professor de cursos de Enfermagem, Medicina e Psicologia, atual coordenador da graduação em Farmácia da Faculdade de Medicina de Campos e responsável pelo serviço de farmácia do Hospital Escola Álvaro Alvim.

Diretor do laboratório universitário Rodolpho Albino (Lura), da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde é professor adjunto, e responsável pela criação do curso de farmácia da Universidade Estácio de Sá no Rio. Foi também vice-presidente do CRF-RJ em 2006-2007

Cláudia Garcia Serpa Osório de Castro Pesquisadora titular do Núcleo de Assistência Farmacêutica na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, lider de grupo de pesquisa do CNPQ e assessora da Direção Geral de Medicamentos, Insumos e Drogas do Ministério da Saúde do Peru.

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Ana Carolina Domingos Cassino Especialista em Imunohematologia, atuou no Instituto Nacional da Saúde da Mulher e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fiocruz. Ana Carolina faleceu aos 23 anos, em 2014.

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análise

Carlos Santarem Presidente do XVIII Congresso da Federación Farmacéutica Sudamericana e 8º Congresso RIOPHARMA de Ciências Farmacêuticas

O melhor está por vir Impossível mensurar a importância exata do XVIII Congresso da Federación Farmacéutica Sudamericana e 8º Congresso RIOPHARMA de Ciências Farmacêuticas para a Saúde Pública e para os farmacêuticos das Américas. Os números do congresso, embora hoje evidenciem a ocorrência de um evento internacional de peso, não bastam, por si só, como referência única de todos os benefícios e valores gerados para os acadêmicos, para os profissionais e para a coletividade. Foram as mais variadas atividades científicas envolvendo nomes do continente americano, europeu e Oceania; todos de reconhecido saber. Juntas, as atividades provocaram e continuam a provocar desdobramentos múltiplos, através de ações no campo profissional e político. O melhor do congresso, por incrível que se possa imaginar, ainda está por vir. A oitava

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edição do Riopharma pode reunir verdades já estabelecidas com novas ideias; confrontá-las, estressá-las e, ao mesmo tempo, pode consolidar novos paradigmas. Tais paradigmas que há algum tempo, no meio farmacêutico, estão a se desenhar, tomaram a força de um tsunami depois do congresso. Um tsunami que nos levará a uma verdadeira reconstrução. Podemos dizer que atingimos o objetivo maior do evento. Objetivo este traçado, inclusive, através da expressão da marca do congresso. Uma imagem que expressa o rompimento com uma evolução linear e uma corajosa reconstrução a partir de si mesmo: A figura do Oroboros. Estejamos preparados para as mudanças no campo ético, moral e legal, visto que serão inevitáveis. E que venha o nono congresso!

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memória da farmácia

Dezesseis anos de história Conheça um pouco sobre as edições anteriores do RIOPHARMA, congresso que reúne farmacêuticos, profissionais de saúde e formadores de opinião do Brasil e do mundo 1999 - Qualidade e Integração na América Latina O fim do século XX chegava com diversas transformações no cenário internacional. Na época, a globalização e o surgimento de novos blocos econômicos eram assuntos em voga, assim como o desenvolvimento tecnológico. O setor farmacêutico era um dos mais sensíveis a estas mudanças, devido ao volume de recursos financeiros que movimentava em todo o mundo e a sua importância no campo social. Neste clima, nascia o Congresso RIOPHARMA, idealizado pelo então vice-presidente do CRF-RJ, Jorge Cavalcanti de Oliveira. Foram três conferências, nove palestras, 18 mesas-redondas, oito cursos e vários painéis, reunindo mais de 800 farmacêuticos entre os dias 4 e 7 de junho de 1999 para debater os rumos da profissão como instrumento de cidadania e defesa do interesse público nos países da América Latina.

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2003 - Assistência Farmacêutica: Reconstruindo a Unidade 2001 - Atuação Farmacêutica: Tecnologia e Ética Dois anos depois, em maio de 2001, o Congresso RIOPHARMA teve sua segunda edição. Foram quatro dias, com três conferências magnas, 12 mesas-redondas, 15 palestras, oito cursos e atividades sócio-culturais. Representantes de entidades profissionais e científicas e do poder público marcaram presença no evento, como, na época, a senadora Marina Silva; o presidente da FENAFAR, Noberto Rech; o Diretor da Sociedade de Bioética do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Tavares Rego; e Nikolai Sherapin, Diretor da Faculdade de Farmácia da UFF. ”Dominamos alta tecnologia, mas há gente sofrendo e morrendo de tuberculose, dengue e febre amarela. Já quase dominamos o genoma e proteoma, mas será que teremos água potável daqui a alguns anos? Não aprendemos a fazer chover, mas, com irresponsabilidade, sabemos fazer parar de chover. Nosso desafio é sair com novos direcionamentos para utilizar tecnologia avançada, respeitando o ser humano e o meio ambiente”, dizia Jorge Cavalcanti, o então presidente do Congresso, na abertura do evento.

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A assistência farmacêutica foi o tema do congresso de 2003, que aconteceu em junho. O congresso foi estruturado com três conferências, 12 mesas-redondas, 14 palestras e, pela primeira vez, contou com fóruns: o de Atenção Farmacêutica, o de Assistência Farmacêutica Pública e o de Indústria Farmacêutica e Farmoquímica. Os participantes apresentaram um conjunto de propostas a serem debatidas e inseridas entre as iniciativas da Política de Assistência Farmacêutica no país, para que a população tivesse acesso efetivo a medicamentos adequados, com qualidade, humanização e controle social.

2005 - A transformação do conhecimento As questões éticas, sociais, comerciais e humanas relativas ao uso dos conhecimentos científicos estavam no centro do debate em junho de 2005. Junto ao evento aconteceu o Encontro Nacional de Deontologia e Ensino Farmacêutico e o lançamento de dois livros. Além disso, o Congresso ofereceu aos participantes quatro conferências, oito mesas-redondas, 20 palestras e atividades socioculturais.

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2007 - Humanização e Respeito à Vida A quinta edição foi, segundo o então presidente do CRF-RJ, Carlos Santarem, uma provocação quanto a forma como o conhecimento científico seria manipulado a favor de benefícios reais para a humanidade. O evento, que aconteceu em setembro de 2007, contou com quatro conferências, 12 mesas-redondas, 20 palestras e sete cursos.

2011 - Segurança do paciente: uma questão de todos e de cada um de nós Trinta e oito palestras, oito cursos, dois seminários, duas mesas-redondas, além de fórum, workshop e encontro voltados à segurança do paciente. O tema da sexta edição, que aconteceu em setembro de 2011, veio após sugestões de coordenadores e secretários das Câmaras Técnicas do CRF-RJ, preocupados com os erros de prescrição médica, dispensação e administração de medicamentos.

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2013 - Antigas Práticas, Novos Desafios da Profissão Farmacêutica Serviços e competitividade profissional foram alguns dos temas abordados no sétimo congresso, realizado em agosto de 2013. O evento contou com 29 palestras, seis mesas redondas, quatro cursos, além de conferência e fórum.


empreendedorismo

Inspiração para inovar

Histórias de sucesso foram o destaque da mesa-redonda

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Histórias de farmacêuticos que apostaram nas suas ideias e hoje têm o próprio negócio

Da drogaria à indústria, passando pelos aplicativos, as oportunidades para empreender no ramo farmacêuticos são as mais variadas. No XVIII Congresso da Federación Sudamericana de Farmácia (Fefas) e 8º Congresso RIOPHARMA, o tema foi debatido numa mesa redonda com exemplos dos mais diferentes ramos da farmácia. Confira as histórias destes empreendedores de sucesso.

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Início com uma panela de pressão Ludmar Serrão instalou consultórios nas farmácias da sua rede

Atendimento é o diferencial No ramo de drogarias há 11 anos, o farmacêutico Ludmar Serrão investiu no atendimento para se destacar no mercado. Proprietário da rede Farma Cura, de São Paulo, ele aboliu os balcões para tornar o atendimento mais pessoal e instalou consultório, copa, cozinha e banheiros para os clientes. ”As pessoas vão à farmácia porque estão doentes, é um local de saúde. Então, as farmácias têm áreas exclusivas para os pacientes, com cozinha, copa, trocador para bebês e banheiro”, revela.

Luiz Donaduzzi começou a fazer medicamentos no Recife, em 1990. Como destilador, ele usava uma panela de pressão com um tubo de látex. Hoje, comanda uma indústria com mais de quatro mil funcionários e seus destiladores produzem milhares de litros por hora. ”Comecei com US$ 100, para não dizer que comecei do zero. Tinha voltado da França, onde fiz doutorado, e fabricava mercúrio e mertiolate”, lembra o farmacêutico. Em 1993, ele se mudou para o Paraná, onde comprou uma máquina de compressão. No fim da década de 1990, começou a investir nos genéricos, e hoje entre 20 a 25 milhões de brasileiros por dia usam seus medicamentos.

O empresário só contrata estagiários de Farmácia para fazer o atendimento e mantém os remédios armazenados numa área especial, nos fundos das lojas.

”Empreender é uma ótima opção para os farmacêuticos. Manter uma farmácia dá para levar uma vida legal, criar os filhos etc., mas é possível apostar também no setor de vendas, pesquisa e controle de qualidade. Além disso, ter ideias também é fator de sucesso. Eu, por exemplo, ando com post it no bolso para anotar tudo. Chego em casa e ligo para o vice -presidente. Se a ideia for boa, será implantada”, indica ele, que colocou a Prati-Donaduzzi entre as mil maiores empresas do Brasil e entre as 50 melhores para trabalhar.

”Medicamento é diferente dos outros produtos, pois o paciente não tem poder de escolha. Ele tem que tomar o que precisa. Então, os remédios ficam guardados, armazenados numa área climatizada, que conserva melhor”, destaca, completando que as unidades funcionam 24 horas.

De olho no futuro, ele já se dedica a um novo projeto, o Biopark, um parque científico e tecnológico de biociências na cidade de Toledo, no Paraná. O objetivo é gerar 30 mil empregos e criar uma universidade privada e gratuita na área de saúde.

Ludmar apostou também no atendimento farmacêutico. Hoje, algumas unidades têm filas para consultas: ”O ambiente é como qualquer consultório, com cadeiras e televisão”.

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Muito além da beleza Quando pequena, a farmacêutica Ada Mota costumava fazer misturas e passar no corpo. Ela levou a brincadeira para a profissão e sua empresa, a ADCOS, surgiu de uma pergunta de infância: é possível desacelerar o tempo? Com este questionamento em mente, Ada apostou no ramo de dermocosméticos. Na França, estudou Cosmetologia e Dermofarmácia, além de trabalhar no Hospital San Louis, no setor de doenças dermatológicas. Ao voltar, se associou a outra farmacêutica para abrir sua empresa. ”O dermocosmético fica entre a farmácia e o cosmético, agindo mais profundamente. Deixa de ser o que enfeita para ter ação farmacológica. Por isso o farmacêutico tem um papel importante”, destaca ela A empresária coordena uma rede de 90 lojas, 800 pontos de venda, 27 franqueados e dez distribuidoras. Ela produz 3,5 milhões de unidades por ano e tem um portfólio com 189 dermocosméticos.

Ada Mota coordena rede com 90 lojas e 800 pontos de venda

Conhecimento técnico extraordinário do farmacêutico é diferencial para Evandro Tokarski

Foco na atitude Na vida do empresário Evandro Tokarski não há problemas, mas desafios. Depois de se formar em 1980, ele abriu sua primeira unidade da Farmácia Artesanal em 1981, em Goiânia. Mais de 30 anos depois, Evandro coordena uma equipe com mais de 260 colaboradores, 20 lojas próprias e 24 franquias. ”Um empreendedor de grande impacto sonha grande, enxerga longe, tem brilho nos olhos, inova e é ético. Empreender não é técnica, é atitude. Das pessoas de sucesso, 80% delas têm atitude. E o farmacêutico tem que empreender, pois tem um conhecimento técnico extraordinário” destaca Tokarski, que foi vítima de paralisia infantil aos dois anos. Nas unidades da Farmácia Artesanal, farmacêuticos ficam à disposição em tempo integral. O empresário conta que investiu em planejamento, gestão e qualidade. ”As farmácias têm um ambiente acolhedor. Temos preocupação com as pessoas, tanto clientes quanto funcionários”, completa ele, que desenvolve projetos de responsabilidade social e ambiental na empresa.

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Primeiro consultório de Mateus na farmácia onde trabalhava foi financiado por ele

Aposta na ideia Desde o primeiro emprego, Mateus Reis nunca se conformou com o básico. Recém-formado e contratado por uma drogaria, ele começou a fazer atendimento clínico mesmo a contragosto do chefe. Montou uma clínica com dinheiro do próprio bolso e começou atendendo de graça. ”Deu certo e passei a cobrar R$ 30 por consulta. Continuou aparecendo bastante paciente e subi o preço para R$ 50. E continuava enchendo, mas eu não ganhava nada. Ficava tudo com o dono do estabelecimento”, disse. Foi para outro emprego, com a promessa de continuar com o atendimento, mas acabou frustrado com a falta de apoio. ”Sempre tentei empreender nos lugares onde fui empregado. Trabalhava como se fosse o dono”, lembra. Insatisfeito, entrou na pós-graduação e, em 2014, participou da primeira edição do Startup Weekend Serra, em Friburgo, uma competição de 54 horas onde são apresentadas propostas de startups: ”No dia do evento, estava marcada uma prova na pós-graduação. Não tive dúvidas e investi na minha ideia”. E deu certo. Mateus ficou em 1º lugar com o projeto ”Cadê, Doutor”, uma plataforma digital para celular e internet que busca estimular a relação entre pacientes, profissionais e empresas. Atualmente, ele faz atendimentos clínicos e presta consultorias para empresas.

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”Sempre tentei empreender nos lugares onde fui empregado. Trabalhava como se fosse o dono” Matheus Reis, farmacêutico e empresário

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câmara técnica

Ricardo Lahora assumiu a coordenação da Câmara Técnica

Começo com o pé direito CT de Empreendedorismo apresenta as primeiras propostas e organiza encontro Criada no fim de junho, a Câmara Técnica de Empreendedorismo já começa a apresentar resultados. Em outubro, foram entregues as primeiras propostas para facilitar a vida do empreendedor e foi realizado o 1º Encontro de Farmacêuticos Empreendedores, na Associação Brasileira de Farmacêuticos, no Centro do Rio. O evento reuniu cerca de 30 profissionais e contou com uma apresentação do gerente da Caixa Econômica Federal Thiago Natário, que mostrou linhas de financiamento que a instituição oferece para quem deseja criar ou ampliar seu negócio.

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O farmacêutico Ricardo Lahora foi anunciado como coordenador da Câmara Técnica. Ainda foram apresentadas as propostas elaboradas pelo grupo para o setor, como a redução dos custos de serviços e a emissão de documentos com taxas diferenciadas para empreendedores, como a inscrição e a emissão de certidões para pessoas jurídicas (PJs). ”O encontro foi um marco na história da profissão farmacêutica no estado do Rio, pois foi semeada a ideia de que todos os sonhos de novos empreendimentos farmacêuticos possam germinar e se tornar viavéis com a ajuda do CRF-RJ. Muitos colegas empreendedores e os que desejam empreender puderam expor seus pontos de vista sobre os vários entraves que os afligem, e estas observações foram registradas para que possam ser discutidas com a diretoria”, disse Lahora.

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Presente no encontro, o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ), Marcus Athila, anunciou que as propostas serão analisadas pelos setores jurídico e financeiro. ”As propostas são válidas e serão avaliadas. Precisamos ver se é viável reduzir estes valores. Existem taxas que os conselhos regionais não têm autonomia para alterar, como a anuidade, que tem o valor estabelecido pelo Conselho Federal de Farmácia”, informou Athila. Outra proposta prevê a realização do 1º Simpósio CRF-RJ de Empreendedorismo Farmacêutico. ”O objetivo é suscitar o debate sobre o tema e com a presença de convidados experientes sobre o assunto, num evento voltado para farmacêuticos e universitários. As duas propostas que apresentamos foram realmente para mexer com os participantes, já que entendemos que o farmacêutico empreendedor precisa ser incentivado através de benefícios reais, que façam a diferença no planejamento do seu negócio. Foi um passo muito importante do CRF-RJ, que está proporcionando uma aproximação maior dos farmacêuticos com o Conselho, e mostra que a instituição quer estar presente no desenho dos novos rumos da profissão”, analisou a integrante da Câmara Técnica Adriany Marques.

”As propostas são válidas e serão avaliadas. Precisamos ver se é viável reduzir estes valores”

”As duas propostas que apresentamos foram realmente para mexer com os participantes, já que entendemos que o farmacêutico empreendedor precisa ser incentivado através de benefícios reais” Adriany Marques, integrante da Câmara Técnica

A farmacêutica Adriany Marques durante apresentação na ABF

Marcus Athila, presidente do CRF-RJ

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ação social

Cerca de 90 pessoas foram atendidas durante a ação no Largo da Carioca

Comemoração com serviços Dia Internacional do Farmacêutico foi festejado com exames gratuitos no Largo da Carioca

Pode ser difícil de acreditar, mas a aposentada Irineia Benvindo, de 79 anos, saiu de Niterói para aferir a pressão e a glicose na ação social promovida pelo Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ) no Largo da Carioca, no dia 25 de setembro. Moradora do bairro do Fonseca, ela ainda aproveitou para fazer uma caminhada. Desceu na Praça da Cruz Vermelha e andou até o local do evento, um trajeto de 1,4 km. ”Toda vez que tem uma ação desta eu venho. Os exames estão todos bons”, comemorou ela.

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Dona Irineia foi uma das cerca de 90 pessoas que passaram pelas tendas montadas aos pés da Igreja Venerável Ordem Terceira São Francisco da Penitência. Os pedestres também receberam orientações sobre o uso correto de medicamentos. ”Às vezes, tomamos um remédio que alguém indicou, mas o que faz bem para um não faz para outro”, afirmou a auxiliar de serviços gerais Ivonete Angelo, de 45 anos. A aposentada Joana Santos de Oliveira, de 69 anos, levou o material sobre os riscos da automedicação que estava sendo distribuído gratuitamente: ”É para dar a outras pessoas. É importante repassar estas informações”.

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O farmacêutico José Liporage afere a pressão de um pedestre

Já Robson Guilhermette, de 67 anos, aproveitou que passava pelo Centro para fazer exames. ”Ouvi na rádio e decidi vir, pois trabalho perto. É a primeira vez que participo de uma ação dessas e o atendimento foi bem rápido”, elogiou. O dia 25 de setembro foi escolhido como Dia Internacional do Farmacêutico em 2010, pela Federação Internacional Farmacêutica (FIP), com o objetivo de dar uma unidade à categoria em todo o mundo. Para o farmacêutico José Liporage, que participou da ação, a atividade mostrou a importância do profissional na saúde pública. ”Muitos pacientes precisam de encaminhamentos e outros de instrução. Esta ação mostrou a relevância do farmacêutico na saúde pública e das farmácias como estabelecimentos de saúde”, destacou ele, numa referência à Lei 13.021/2014. Coordenadora do curso de graduação em Farmácia do Centro Universitário de Barra Mansa (UBM), Nilza Tavares também esteve no Largo da Carioca, acompanhada de alunos da faculdade. ”Ações como esta dão visibilidade à profissão e mostram como a população é carente de iniciativas assim”, analisou Nilza. Este tipo de ação social demonstra uma parte dos muitos benefícios que a atuação clínica farmacêutica traz para a população. A atividade contou com o apoio da Medlevensohn, que forneceu os kits para os exames de glicose.

”Ações como esta dão visibilidade à profissão e mostram como a população é carente de iniciativas assim” Nilza Tavares, coordenadora do curso de graduação em Farmácia da UBM

Testes de glicose e orientação sobre uso correto de medicamentos também foram oferecidos


Inspeção Fiscal

Orientações

SIM O fiscal fez apontamentos ou recomendações?

NÃO

SIM O farmacêutico deverá corrigir os apontamentos e considerações

Saiba o que fazer quando a empresa onde trabalha é fiscalizada pelo CRF-RJ 44

* Republicado por haver incorreções no gráfico que saiu na edição 122 da Revista RIOPHARMA.

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O farmacêutico estava presente? NÃO

EMPRESA

FARMACÊUTICO O farmacêutico tem prazo de 5 dias úteis, contados do termo de inspeção, para encaminhar justificativa de ausência ao CRF, no caso de afastamento por motivo de doença, acidente pessoal, óbito familiar ou por outro imprevisível, que exija avaliação pelo CRF. Quando for por motivo de férias, congresso, curso de aperfeiçoamento e atividade administrativa ou outra previamente agendada, a comunicação ao CRF deverá ser feita com antecedência mínima de 48 horas

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A empresa foi autuada?

SIM

NÃO

A empresa tem 5 dias corridos para fazer a defesa, a contar do recebimento do auto de infração, excluindo o primeiro dia e incluindo o vencimento

A empresa apresentou defesa?

SIM

NÃO

Defesa foi deferida por conselheiro relator?

O processo segue ad referendum para homologação

SIM

NÃO

CRF envia comunicado à empresa

Empresa é multada e tem 15 dias corridos para recorrer ao CFF, a contar do recebimento do auto de multa

Empresa tem 15 dias corridos para recorrer ao CFF, a contar do recebimento do auto de multa

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artigos

Resultados clínicos do serviço de gerenciamento da terapia medicamentosa em ambulatório multidisciplinar de diabetes 1º Colocado no Prêmio RIOPHARMA de Trabalhos Científicos Autores: Georgiane de Castro Oliveira¹, Gabriela de Araújo Brum¹, Clarice Chemello¹, Djenane Ramalho de Oliveira¹ & Hágabo Mathyell¹ Centro de Estudos em Atenção Farmacêutica, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, ceaf.ufmg@ gmail.com 1

Resumo: O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de oferecimento de gerenciamento da terapia medicamentosa (GTM) para pacientes com Diabetes Mellitus em um ambulatório multidisciplinar no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A metodologia adotada foi a análise descritiva dos atendimentos realizados entre outubro de 2013 e agosto de 2015, com coleta de dados através de prontuários. O ambulatório multidisciplinar funciona às quartas-feiras à tarde e conta com profissionais médicos e farmacêuticos. Além dos atendimentos, o cenário possui também um espaço de educação em saúde, onde os pacientes são convidados a discutir e a compreender melhor o processo saúde/doença, bem como utilizar ferramentas para o autocuidado. O serviço de GTM permite reconhecer as necessidades farmacoterapêuticas do paciente, através da identificação, resolução e prevenção de problemas relacionados ao uso de medicamentos (PRM), utilizando um processo de tomada de decisão lógico e sistemático1. Dessa forma, os medicamentos são avaliados segundo a indicação, efetividade, segurança e conveniência para cada

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paciente1. Após identificação dos PRM, o farmacêutico constrói, junto ao paciente e à equipe, um plano de cuidado, para cada condição a ser tratada e, em consulta posterior, o paciente retorna para avaliação dos resultados das intervençoes2. Nesse cenário, os pacientes são encaminhados pela equipe de medicina. Trinta e cinco pacientes são acompanhados, atualmente. A média de idade é de 40 anos e 71% são mulheres. A média de condições de saúde foi de 4,7/paciente, sendo que 54% possuem mais de cinco problemas de saúde. Foi observada uma média de 7,9 medicamentos por paciente, sendo que 80% dos pacientes eram considerados polifarmácia (cinco ou mais medicamentos). Já foram feitas 102 consultas, com uma média de 2,9 consultas/paciente. Foram encontrados 81 PRM, sendo 37 resolvidos em colaboração com o médico, 34 resolvidos com o paciente e 10 ainda sem resolução por intervenções não aceitas pela equipe. O serviço de GTM contribuiu para um melhor controle do Diabetes e das outras comorbidades dos pacientes. O número de PRM encontrado mostra a importância do farmacêutico na equipe com o intuito de contribuir no cuidado e na promoção do uso racional de medicamentos. Palavras-chave: Atenção farmacêutica, Resultados clínicos, Diabetes Referências: 1. Cipolle RJ, Strand LM, Morley PC. Pharmaceutical Care Practice. New York: McGraw-Hill; 1998. 2. Ramalho-de-Oliveira D. Atenção Farmacêutica: da Filosofia ao Gerenciamento da Terapia Medicamentosa. São Paulo: RCN Editora; 2011.

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Implementation of a pharmaceutical care service to patients with inflammatory bowel disease in a university hospital 1º Colocado no Prêmio RIOPHARMA de Trabalhos Científicos Autores: Iwyson Henrique Fernandes da Costa¹, Roberta Mayara de Moura Rocha2, Ana Vitoria Martins De Oliveira3 , Geffeson Wytalo de Macedo Ferreira4 , Liana Araujo Silva5 , Lucas Lemos Madeira Araujo6 , Letícia Ximenes Furtado Marques7 , Maria Deusa de Sousa Neta8 , Hilris Rocha e Silva9 & Rivelilson Mendes de Freitas10 Hospital São Paulo, Teresina, Piauí, Brazil, iwyson@gmail.com; 2 Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, robertammrocha@gmail.com; 3 Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, anavitoria_oliveira@hotmail.com; 4 Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, geffeson26@hotmail. com; 5 Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, liana_hellozinha@hotmail.com; 6 Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, lucas_2.2@hotmail.com; 7 Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, leticiaximenesfm@hotmail.com; 8 Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, mrdeusa@gmail.com; 9 Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, hilrisrocha@yahoo.com.br; 10 Universidade Federal do Piauí, Teresina, Piauí, Brazil, rivmendes@hotmail.com. 1

Resumo: Aim of the study: This is an experience report about the implementation of a pharmaceutical care service to patients with inflammatory bowel disease, developed by the Unit of Clinical Pharmacy (UniClinFar) in a University Hospital. Materials & Methods: the service has been provided since 2013 to 91 patients, admitted regularly in the gastroenterology service to receive their Infliximab infusion in the University Hospital at the Federal University of Piaui. In addition to physicians and pharmacists, the multi-disciplinary team includes nurses, social workers and nutri-

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tionists. The UniClinFar includes pharmacists, master degree students, residents and pharmacy undergraduate students, and provides pharmaceutical services to patients every infusion of the monoclonal antibody, which happens twice a week in the hospital. The service is carried out through interviews, when specific pharmaceutical care formularies are filled in with socioeconomic data, life habits, clinical history and pharmacotherapeutic profile. A risk score1 is previously applied to the patients and after being selected to follow up, they have to agree with the service by signing a informed consent form (C.A.A.E. 17587913.9.0000.5214). Monthly consultations are carried out for identification and prevention of drug related problems and negative outcomes associated with medications. During these consultations, the pharmacist monitors blood pressure and glucose levels, and posteriorly, pharmaceutical interventions are taken, when necessary. These interventions are addressed to the multidisciplinary team, finally being presented to the patient as educational materials and so forth. Results: the service developed by the UniClinFar promoted recognition of the pharmacist within the healthcare team, influencing in the therapeutic through interventions regarding since the preparation and administration of infliximab and other medications, as well as drug-drug interactions and adverse drug events. Conclusions: The pharmaceutical interventions highlight the importance of the pharmacist within the team-based care to patients with inflammatory bowel disease, by providing pharmaceutical care services during all the treatment and helping to improve therapeutic outcomes. Keywords: Crohn disease, Inflammatory bowel disease, Infliximab, Pharmaceutical services. References: 1. Martinbiancho JK, Zuckermann J, Mahmud SDP, Santos L, Jacoby T, Silva D, Vinhas M. (2011); Latin American Journal of Pharmacy. 30 (7): 1342-7.

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Gerenciamento da devolução de medicamentos em um hospital de grande porte do Rio de Janeiro 2º Colocado no Prêmio RIOPHARMA de Trabalhos Científicos Autores: Luany Tejedor Barros1, 2, Bruno Barreira Bauso1, 2, Aline Furtado dos Reis1, 2, Flavia Garcia, Laíz Machado da Silva Lebre3, Ranieri Carvalho Camuzi4 Farmacêutico Residente - Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil (luanytegedor@gmail.com, brunobauso22@ gmail.com, afurtadoreis@yahoo.com.br);

1

Discente, Pós-graduação Lato sensu - Residência em Farmácia Hospitalar, Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ, Brasil;

2

Farmacêutica Chefe do Serviço de Farmácia no Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ (laiz_machado@hotmail.com);

3

Docente, Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ (rcamuzi@ id.uff.br). 4

Resumo: Objetivo: Apresentar e comparar os resultados do gerenciamento da devolução de medicamentos não utilizados em um hospital de grande porte do Rio de Janeiro. Metodologia: Estudo observacional, transversal prospectivo realizado durante os meses de junho-julho de 2015. No primeiro mês a devolução aconteceu de modo espontâneo pelos setores de internação e no segundo os residentes farmacêuticos realizaram as buscas. Foram avaliados os medicamentos não utilizados através de inspeção visual e classificados como impróprios ou aptos para utilização. Foram classificados aptos aqueles que apresentaram embalagem inviolada, identificação, lote e validade legíveis e mantidos sob refrigeração, quando necessário, até o momento da devolução. Os medicamentos devolvi-

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dos ainda foram classificados como: em potencialmente perigosos (MPP), sujeitos a controle especial, alto-custo e antimicrobianos. Para cálculo do valor financeiro, considerou-se o preço de aquisição constante no sistema de gestão de materiais institucional no dia 10 de junho de 2015. Resultado: Durante o mês de junho, foram devolvidas 1788 unidades de medicamentos e, em julho, 2103 unidades, por 14 setores de internação. Em junho, 366 unidades (20.47%) eram impróprias, representando R$ 1434,29. As 1422 unidades restantes (79,53%), aptas contabilizaram R$19.428,94 correspondendo a 93.13% do total financeiro movimentado por esses setores de internação em medicamentos no mesmo período. Dentre os medicamentos aptos para utilização, 12,8% foram classificados como medicamentos potencialmente perigosos, 15,40% sujeitos a controle especial, 16,39% alto-custo e 56,49% como antimicrobianos. Nas devoluções do mês de julho, 1.381 unidades (65,67%) eram impróprias, representando R$ 18.616,62. As 722 unidades restantes (34,33%) foram consideradas aptas e contabilizaram R$8.517,27 correspondendo 31,40% do total devolvido no mês de julho. Dentre os medicamentos aptos para utilização, 14,68% foram classificados como MPP, 24,93% sujeito a controle especial, 16,39% alto-custo e 26,73% antimicrobianos. Uma limitação do sistema de informação para gestão de medicamentos impossibilitou a comparação desses dados com o volume de medicamentos distribuídos aos respectivos setores. Conclusão: Esses resultados demonstram que a devolução tem um impacto financeiro positivo e justificam a implementação da rotina de devolução de medicamentos não utilizados, bem como uma melhor gestão da informação sobre movimentação de medicamentos. Palavras-chave: Assistência Farmacêutica, Gestão de recursos, Administração de serviços de saúde, Logística.

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Caracterização do pensamento crítico em estudantes de graduação em farmácia: um estudo piloto 2º Colocado no Prêmio RIOPHARMA de Trabalhos Científicos Autores: Francielly Lima da Fonseca1, Elisdete Maria Santos de Jesus1, Márcio Lima da Conceição Vieira1, Adriana Andrade Carvalho2, Wellington Barros da Silva1 & Ângelo Roberto Antoniolli3 Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS) – Departamento de Farmácia/ Universidade Federal de Sergipe. São CristovãoSergipe- Brasil. E-mail: lepfs.ufs@gmail.com; 2 Departamento de Farmácia - Campus Lagarto/ Universidade Federal de Sergipe. Lagarto- Sergipe- Brasil. E-mail:farmacia.lagarto@ufs.br; 3 Departamento de Fisiologia- Campus São Cristóvão/ Universidade Federal de Sergipe. São Cristovão - Sergipe- Brasil. E-mail: cienciasfisiologicas.ufs@gmail.com 1

OBJETIVO: O presente estudo objetivou caracterizar o pensamento crítico dos alunos de graduação em farmácia a partir do Instrumento Questionário de Pensamento Crítico para Estudantes e Profissionais da Saúde. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo de delineamento transversal, em março de 2015, o questionário foi aplicado após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, nos estudantes de graduação do curso de Farmácia os quais são submetidos a métodos de ensino ativo e tradicional. O instrumento avalia as competências de pensamento crítico: Interpretação, Análise, Avaliação, Inferência e Explicação. Apresenta 25 questões (5 correspondentes a cada escala) e solicita aos participantes que, diante de uma situação clínica, assinalem aquela que consideram mais correta e mais completa (AMORIM 2013). As associações entre as variáveis foram analisadas por meio do teste de Mann-Whitney. RESULTADOS: Ao final do estudo obteve-se uma amostra de 35 alunos, desses 29 (82,8%) eram do sexo feminino, 21

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(60%) estudaram em escola pública e 31 (81%) não possuíam atividade remunerada. Em relação ao tempo médio gasto para responder os questionários os alunos gastaram cerca de 40min. Nas análises por escalas de competência os estudantes submetidos à metodologia tradicional apresentaram 76,9% média demonstração de competência critica e 23,1% elevada demonstração para a competência Explicação. Os estudantes ativos 45,4% média e 45,5% elevada demonstração para a mesma competência. Considerando o valor de P<0,05, pode se observar que a escala de Explicação apresentou diferença significativa com P= 0, 0339. Na análise geral das competências de pensamento crítico, ou seja, na soma de total das escalas foi observado que os estudantes submetidos tanto à metodologia ativa (x¯±77) quanto à metodologia tradicional (x¯±76, 3) possuem alta demonstração de competência crítica comum P= 0, 0439. CONCLUSÃO: Com aplicação do questionário foi possível caracterizar as competências de pensamento crítico, se familiarizar com o instrumento e aprimorar o método de coleta de informações. Quanto aos alunos pesquisados estes apresentam alta demonstração de competência crítica. No entanto, quando se refere às competências de pensamento crítico, foi possível observar diferença significativa nas escalas por competências. Contudo, a utilidade dessas informações possibilitou a construção e aplicação de uma ferramenta que permitirá aos professores avaliar a capacidade crítica dos estudantes. Palavras-chave: Pensamento Crítico, Competências, Estudo piloto, Estudantes de farmácia. Referências: AMORIM, Maria Margarida Paiva. Pensamento crítico nos estudantes e profissionais da área da saúde.Porto: Universidade Fernando Pessoa, 2013, 121p. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal. 2013.

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Dispensação de medicamentos na atenção básica à saúde: ênfase na diminuição de erros de medicação 3º Colocado no Prêmio RIOPHARMA de Trabalhos Científicos Autores: Ana Elisa Prado Coradi1, Sandra Regina Bonfim Rodrigues1, Renata de Almeida Bordim1, Rafael Souza Longo1, Elaine Alves1, Thaís de Jesus da Silva1, Marina Rossi de Camargo Pinto1 & Vandré Mateus Lima1 Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, São Paulo, ana.coradi@fmabc.br 1

Resumo: Objetivo: Investigar erros de medicação identificados nos serviços de saúde e nas residências dos usuários cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) selecionadas. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa farmacoepidemiológica, seccional e prospectiva em 4 UBSs no município de São Bernardo do Campo, entre agosto de 2013 e agosto de 2014, através da análise de 1.167 prescrições médicas, para verificar os erros de prescrição; 916 acompanhamentos na dispensação dos medicamentos, para verificar os erros de dispensação e 308 questionários aplicados aos usuários das UBS, para verificar os erros de administração. Resultados: Das prescrições analisadas, mais de 59% apresentavam algum tipo de erro, dessas 52% apresentaram até 3 tipos de erros diferentes, sendo o mais comum a ausência da via de administração (24%), seguido da duração do tratamento (23,3%); Na dispensação dos medicamentos, o tempo médio do atendimento foi de 2,54 minutos e os usuários não foram orientados a respeito de diversas informações, sendo as mais prevalentes a posologia (46%), horário de administração (31%) e duração do tratamento (15%); com relação aos questionários aplicados, 64% responderam guardar seus medicamentos em armários ou caixas na cozinha, 17% administrar os mesmos muitas vezes com sucos, leite e refrigerantes e 62% descartar os medicamentos vencidos ou que estão inutilizados no lixo comum.

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Conclusão: Os resultados desse trabalho sugerem que se faz necessário instituir medidas de sensibilização aos prescritores sobre a importância de uma prescrição clara, completa e precisa para que se possa imprimir segurança ao uso do medicamento, e também cabe ao farmacêutico informar e orientar o paciente sobre o uso correto do medicamento, pois uma dispensação com qualidade é fundamental para que a terapêutica medicamentosa do paciente alcance bons resultados. Palavras chave: assistência farmacêutica, erros de medicação, unidades básicas de saúde. Referências: Angonesi D.. Dispensação farmacêutica: uma análise de diferentes conceitos e modelos. Ciênc. saúde coletiva, 200;13( Suppl ): 629-640 COSTA, L.A., et al. Erros de dispensação de medicamentos em um hospital público pediátrico. Rev Latino-am Enfermagem 2008 setembro-outubro; 16(5) FERRARI, C.K.B., et al. Falhas na Prescrição e Dispensação de Medicamentos Psicotrópicos: Um problema de Saúde Pública. Rev Ciênc Farm Básica Apl., 2013;34(1):109-116 GALATO, D., et al. A dispensação de medicamentos: uma reflexão sobre o processo para prevenção, identificação e resolução de problemas relacionados à farmacoterapia. Rev. Bras. Cienc. Farm., July/Sept. 2008, 44(3) NERI, E.D.R., et al. Erros de prescrição de medicamentos em um hospital brasileiro. Rev Assoc Med Bras, May–June 2011; 57 (3): 306-314 SILVA, E.R.B; BANDEIRA, V.A.C.; OLIVEIRA, K.R. Avaliação das prescrições dispensadas em uma farmácia comunitária no município de São Luiz Gonzaga – RS. Rev Ciênc Farm Básica Apl, ago. 2012;33(2): 2275-281

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Medicamentos Isentos De Prescrição Médica: Análise Das Suspeitas De Reações Adversas A Dipirona Em Crianças 3º Colocado no Prêmio RIOPHARMA de Trabalhos Científicos Autores: Joyce Ferreira Pessanha1, Ivana Cunha Ribeiro2, Guacira Correa Matos3 e Elisangela da Costa Lima-Dellamora Faculdade de Farmácia – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, Brasil (joycefpsilva@gmail.com); 2 Programa de Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia Farmacêutica - Faculdade de Farmácia – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, Brasil (ivana.rgoncalves@yahoo.com.br); 3 Faculdade de Farmácia – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, Brasil (gcmatos@globo.com); 4 Faculdade de Farmácia – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cidade Universitária, Rio de Janeiro, Brasil (lima.dellamora@gmail.com) 1

Resumo: Objetivo: Analisar os casos de suspeitas de reações adversas (RA) ao medicamento dipirona, notificados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), envolvendo crianças. Metodologia: Dados do Notivisa referentes às suspeitas de RA envolvendo crianças com até 12 anos no período entre os anos de 2008 e 2013 foram disponibilizados em planilha de Excel® pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, após convênio de colaboração com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Todos os medicamentos envolvidos em suspeitas de RA a medicamentos foram classificados segundo o código internacional ATC (Anatomical Therapeutic Chemical). Essa classificação consiste em dividir os fármacos de acordo com o órgão ou sistema no qual eles atuam, considerando, igualmente, suas características

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terapêuticas, farmacológicas e químicas1 para posterior seleção dos casos envolvendo a dipirona. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 931.400. Resultados: A dipirona foi o quinto medicamento mais envolvido (n=140, frequência = 4,2%) em suspeitas de RA em crianças no período estudado. Cerca de 30% das notificações foram realizadas no estado de São Paulo, seguidas por Santa Catarina (18%), Ceará (10%), Bahia e Pará (ambos com 8%). Nenhum evento foi notificado no estado do Rio de Janeiro. Crianças do sexo masculino (66%) com idade inferior a um ano foram as mais acometidas (20% dos casos). As principais reações adversas observadas foram: prurido (11,9%), rash (9,6%) e ulceração cutânea (6,8%). Vinte e dois casos foram considerados graves, sendo que em três ocorreram óbitos. Conclusão: Esta é a primeira pesquisa de âmbito nacional de conhecimento dos autores sobre as suspeitas de reações adversas a dipirona. A base de dados analisada recebe notificações voluntárias. Logo, é possível que o problema tenha maior amplitude, por se tratar de um medicamento isento de prescrição médica com alto consumo pela população brasileira, incluindo a pediátrica. Ressalta-se, portanto, a necessidade e relevância do monitoramento do seu uso por profissionais de saúde e pesquisadores do campo da farmacoepidemiologia. Palavras-chave: Dipirona, Reação adversa, Pediatria Referências: 1. Guidelines for ATC classification and DDD assignment 2015. Disponível em http://www.whocc.no/filearchive/publications/2015_guidelines.pdf. Acesso em 26 agosto 2015, 12h00.

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