Jornal do Brique junho 2017

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JORNAL do BRIQUE da Redenção Porto Alegre - RS - Brasil

Ano I - Número 2

Junho 2017

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ARTESANATO

ARTES PLÁSTICAS

ANTIQUÁRIOS

GASTRONOMIA

8ºFestival Internacional de Teatro de Rua de Porto Alegre

Brique da Redenção, onde Porto Alegre pulsa todos domingos

AQUI A POPULAÇÃO ESTÁ SEMPRE EM CENA

Cristiane Löff

Tendência: Orgânicos p.6 Ensaio fotográfico p.7 Eluiza Maio

Fábio Löff Chagas

A Poesia de Nei Duclós p.7 Feiras no Mundo p.8


E.D.I.T.O.R.I.A.L

Sempre é tempo de Brique

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ais um inverno, tempo rigoroso nos

VISITANTES NA CENA

por Fábio Löff Chagas

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Brique da Redenção é um lugar que reúne toda a semana um público bastante diversificado, pessoas de todas as idades e etnias que vêm dos mais diferentes lugares da cidade, do estado, do país e do mundo. Aqui sempre abrimos um espaço de fala para todos que quiserem contar um pouco de suas experiências nesse lugar tão querido por todos.

nossos pagos. E tempo ruim para

atividades ao ar livre, como o Brique – que já vem sofrendo um “mau tempo” há muito. Com o abandono do poder público, descaso das autoridades, invasões, descaracterização

Gosto de vir no Brique para passear e encontrar os parentes nos domingos de sol.

Frequentamos o Brique há mais de vinte anos. Não tem como não vir!

e desrespeito, com o público, com o Parque e com a própria cidade. Mas, como cantava o compositor Gonzaguinha, "com tempo ruim todo mundo também dá bom dia". E o Brique vem enfrentando tempo bom ou ruim

Casal de namorados que se conheceram na Lituânia. Ele é brasileiro e ela iugoslava.

há quase 40 anos e no fim sempre prevalece a luz e o céu azul. Não sabemos que tempos são esses que virão para uma das maiores referência de Porto Alegre, mas muitas coisas estão sendo programadas para a sua resistência e qualificação. Estamos de volta, com mais uma edição, depois de muitas turbulências, às

Sílvio GanJah e Marga Pramud são vizinhos do Brique, moradores da João Telles no Bom Fim

Miriam de Fátima com seu pai Juarez Chagas

quais estamos todos expostos. Mas, com certeza, um novo tempo vem aí. Boa leitura!

Editor: Emílio Chagas Editora de Arte: Cristiane Löff Correspondente (EUA): Heloiza Golbspan Herscovitz Fotografia: Cristiane Löff, Eluiza Maio, Fábio Löff Chagas, Maria Inez Gelatti Design e Editoração: Proforma Design e Comunicação Ltda. Estagiário de Jornalismo: Fábio Löff Chagas Jornalista R: R. Oliveira DRT/178SC Conselho Editorial: AABRE Redação: (51) 32736467 Comercial: (51) 982519699 jornaldobriquepoa@gmail.com

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O Brique é um lugar com muita gente que gosta dos cães e gatos. Trazemos os bichos para adoção, pois o melhor é o contato direto!

A família vem todo domingo da Zona Norte para aproveitar o domingo, confraternizar e vender doces.


O BRIQUE DA REDENÇÃO NÃO É UM, É MUITOS

Anselmo Cunho/PMPA

QUE BRIQUE É ESSE?

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uitos não sabem, mas o Brique da Redenção é divididos em quatro segmentos: o dos Antiquários, do Artesanato, das Artes Plásticas e da Alimentação. Veja aqui um pouquinho cada uma área delas que, juntas, formam o conjunto do nosso Brique.

Antiquários em busca do tempo perdido

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nspirado no famoso brechó parisiense Marché aux Puces, o Brique da Redenção foi criado, tendo como expositores, principalmente, aqueles voltados para as antiguidades. Dos mais simples, aos mais sofisticados, todos têm um significado especial: a raridade, lembrando tempos mais antigos, de valores mais elevados, talvez? Delicados chapéus franceses, requintados móveis das décadas de 30, inesquecíveis discos de vinis, moedas antigas, livros, pequenos objetos que nos fazem viajar no tempo. E muito mais: este é o mundo das antiguidades.

Artesanato a arte manual e imaginativa

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ão dezenas de bancas com as mais inspiradas criações. O artesanato do Brique da Redenção tem um leque variadíssimo de produtos e opções, mostrando toda a criatividade dos seus expositores, verdadeiro artistas. São 180 bancas, levando aos olhos do público jóias, bijouterias, brinquedos, sapatos, bolsas, mantas artesanais, facas, móbiles, produtos gauchescos, arte em metal, produtos para utilidades domésticas e muito mais. O importante é reconhecer o verdadeiro artesanato. No mundo todo, cada vez mais valorizado.

Artes Plásticas a arte está na praça

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omo dizia o poeta Ferreira Gullar, a arte existe para dar sentido à vida. E um espaço como o Brique da Redenção, que se caracteriza pela sua diversidade cultural, não poderia deixar de contemplar um espaço para a cultura e para as artes. Assim, o Brique conta com 40 espaços para as artes plásticas. Em cada box, a mostra do talento de seus artistas. Óleos sobre tela, telas acrílicas, esculturas, cerâmica, entalhes, desenhos em bico de pena e naquim, fotografia e outras plataformas estão aqui, a cada domingo, levando mais sensibilidade para todos

Gastronomia comida de rua pré food truck

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o Brique, tem os que vão de manhã, ao meio-dia e à tarde. Mas em qualquer hora, vão encontrar opções de lanches, sucos, caldo de cana, mate gelado e outras delícias; São dez bancas, distribuídas ao longo do canteiro da Avenida José Bonifácio, com as mais atrativas e convidativas gostosuras; empadas, quibes, krepes,bolinho de bacalhau, mel, própolis, pão de queijo, pastel, bolos, bolinhos de batata, pão de queijo e até comida baiana, com seus famosos acarajés e tapiocas. Então, bom apetite!

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QUEM FAZ O BRIQUE BA

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Cecílio J. Goulart

Aquela deliciosa paradinha

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e manhã, ou de tarde, ao passar pelas bancas de alimentação do Brique, que resiste aos aromas que delas emanam? Uma das mais concorridas é a de Cecílio, que há 26 anos está no local. “Comecei vendendo somente empadas, e depois fui acrecentando outros produtos”, diz. Seus principais produtos são bolinho de bacalhau, caldo de cana, sucos naturais, e mais recentemente, kibe. Ele lembram que naquele tempo eram poucas bancas. Com o tempo, o número de banca aumentou. Define como uma relação harmoniosa a relação com

o público, tendo muitos clientes fieis nessas quase três décadas. Contribui um pouco para isso, acredita, ter sempre mantido o padrão de qualidade dos produtos. “É um público exigente, formador de opinião Amo o que faço, desde que comecei a expor aqui, sempre procurei qualificar o meu trabalho.” Como vê o Brique? “O momento do Brique sempre é bom, mas acho que algumas melhorias deveriam serem feitas, tais como mais segurança, que quase não existe, fiscalização da SMIC que, no momento, está deixando a desejar e mais recolhimento do lixo.” Com Cecílio trabalham sua esposa e, quando necessário, os filhos. Para ele, o importante é oferece qualidade nos produtos, assim como no atendimento e estar sempre feliz e de bem com a vida.

A esposa trabalha com Eduardo na única banca de plantas do Brique.

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Eduardo Perillo Veiga

Sementes que cresceram. E deram frutos

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uruguaio Eduardo, do setor de antiquários, é um dos fundadores do Brique. "Restam poucos, o Ari, o Farias e eu, que me lembre", diz. Ele chegou no Brique em 1978. Lembra que no início o projeto não conseguia decolar, então muitos expositores externos foram convidados a participar para que o Brique ganhasse vida. O setor do artesanato, por exemplo, chegou cinco anos mais tarde, com esse objetivo. "Quando começou, ninguém queria vender aqui." Eduardo é uma exceção: mesmo estando no segmento dos Antiquários, o

COMPRE DE QUEM FAZ Valorize o artesanato do Brique ASSOCIAÇÃO DOS ARTESÃOS DO BRIQUE DA REDENÇÃO

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NCA

produto dele é plantas. O único, aliás. Como a maioria, diz que o Brique caiu muito nos últimos anos "por falta de interesse da administração pública". Registra a falta de segurança ("não se vê um brigadiano"), de fiscalização. "Asssim como o Centro, o Brique também está abandonado." O simpático Eduardo sempre foi produtor. Desenvolve seu trabalho no bairro Agronomia, onde tem mais de 400 espécies. Cactus, samambaias, capim de gato (muito procurado ultimamente), flores, mudas e "plantas que nem se vê mais."


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Magda Solange Moroso Guilhão

Yes, nós temos bananeira...

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rtesã há mais de 20, ela está porém, no Brique só a partir de 2012 – que, apesar dos pesares, considera ainda a mais importantes das feiras da cidade. “Era melhor ainda, e antes de eu entrar, era mui-

to melhor. Teve muita gente saindo ultimamente. Pessoas que entraram com muita expectativa de vender, pelo nome e imagem do Brique, e viram que a situação ficou muito difícil de uns tempos para cá.” Outro aspecto que ela destaca é que o Brique é, também, o lugar onde muitos artesãos vivem realmente do que fazem – e não apenas como diletantismo, ou porque se aposentaram e buscam novas alternativas. O seu trabalho é voltado exclusivamente ao que a bananeira pode produzir. E, para Magda, a planta oferece possibilidades infinitas. “A bananeira não tem limites. Tudo depende da criatividade.” E os trabalhos que Magda criam mostram isto: são diversas criações a partir desta rica matéria-prima: redes, tapetes, objetos, esculturas, crochês. Confira!

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Sílvio dos Santos Sheuca

Arte na praça

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u comecei a expor no Brique da Redenção em 1987, quando fiz triagem e comecei com o Artenapraça, onde estou até hoje.” Nesses 29 anos, diz, o Brique teve muitos momentos que marcaram muito, como shows, manifestações artísticas, políticas, feiras de Natal. “São fatos que trazem saudades. O Brique representa para Porto Alegre uma grande oportunidade para as pessoas entrarem em contato com artistas e artesãos e conhecerem os seus trabalhos. É um lugar único na cidade, um verdadeiro patrimônio cultural.” Define o público como muito especial, “sempre com palavras

carinhosas, muitos elogios, incentivos para a gente continuar. E quando compram, fica melhor ainda, pois o artista depende dessas vendas para poder continuar seu trabalho.” Assim como outros expositores, ele aponta os problemas do Brique, como falta de fiscalização e invasões, além da poluição sonora. Sílvio começou a trabalhar com arte em 1982, quando fez vários cursos no SESC como pintura, cerâmica, tecelagem, tapeçaria e entalhe em madeira. Depois disso, estudou cerâmica no Atelier Livre da Prefeitura. Ele expõe painéis e esculturas tridimensionais, usando diversos materiais. E muita criatividade.

Av. Venâncio Aires, 876 Bairro: Farroupilha Telefone: (51)3332-0063 Rua Sarmento Leite, 811 Bairro: Cidade Baixa Telefone: (51)3221-9390 Porto Alegre - RS - Brasil

www.bardobeto.com.br

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EVENTOS

Lançamento da 1ª edição do Jornal do Brique

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Maria Inez Gelatti

Maria Inez Gelatti

qui o registro do lançamento da 1ª edição do Jornal do Brique, agora com a proposta de manter regularidade bimestral. Um veículo aberto a todos - expositores e o público. No lançamento foi estabelecida uma parceria com SMTUR para distribuição em todos os postos de informação turísticas de Porto Alegre desde o aeroporto ao ponto de embarque do ônibus turístico no largo Zumbi. O lançamento foi transmitido ao vivo pela rádio web Putzgrila que entrevistou a equipe do jornal e alguns convidados. A Associação dos Artesãos do Brique da Redenção, apoiadora do jornal, providenciou o espaço, uma barraca para o lançamento, que ficou durante todo o domingo. Nos outros domingos o jornal fica a disposição do público gratuitamente nas barracas do pagamento em cartão de crédito ao longo de todo Brique.

Cenas do lançamento do Jornal do Brique

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TENDÊNCIA: ORGÂNICOS

O mundo caminha para a alimentação saudável e sustentável

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conceito da sustentabilidade está muito inserida no nosso cotidiano, fazendo parte da vida de todos nós nas salas de aulas, no ambiente de trabalho e na nossa atividade social. A ingestão de alimentos com alto residual de agrotóxico, em percentuais maiores que o permitido, é divulgado sistematicamente pela Organização Mundial de Saúde. Sendo o Brasil um dos campeões no mundo da utilização de agrotóxicos nos modelos de produção agropecuários em especial frutas, verduras e legumes. Cada brasileiro(a) consome, em média, segundo dados, 5,3 litros de agrotóxicos por ano. Em contrapartida a demanda por alimentos orgânicos tem aumentado nestes últimos anos. As estatísticas mais recentes sobre a agricultura orgânica no mundo trazem números surpreendentes. Já estão sendo cultivados atualmente cerca de 42 milhões de hectares. Os destaques são a Austrália e a União Européia com respectivamente 17 e 14 milhões de hectares. No Brasil a agricultura orgânica é cultivada em apenas 940 mil hectares. O Brasil tem hoje 240 milhões de hectares dedicados à agropecuária convencional e uma reserva de terras agricultáveis ainda a ser explorada de aproximadamente 55 milhões de hectares. Com esses números temos a maior disponibilidade de terras agricultáveis e a maior possibilidade de conversão para a agricultura orgânica no mundo. Portanto, ha muito que avançar. E isso já está acontecendo! Enquanto a produção mundial de alimentos orgânicos cresce a uma taxa média de 4,5% ao ano, o Brasil vem registrando nos últimos cinco anos um crescimento de 30% ao ano. A razão pelo crescente incremento de produção com certeza, é a demanda. E ninguém

Milton Bernardes produz aquilo que não se vende. Em 2015, os números oficiais indicavam que o faturamento bruto global envolvendo produtos orgânicos atingiram U$80 bilhões e no Brasil R$2,5 bilhões. No dia 29 de maio, foi realizado o seminário de lançamento da Semana do Alimento Orgânico, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, no Centro de Porto Alegre. Você sabe que tipo de alimento come? Como ele foi produzido e qual a sua procedência? Esses foram alguns questionamentos, reflexões, que foram feitos no lançamento do seminário para podermos melhor entender a produção e o consumo de alimentos orgânicos. A alimentação saudável é uma das principais responsáveis pela melhora da qualidade de vida e aumento do bem-estar das pessoas. Os produtos orgânicos são consumidos por quem deseja aprimorar suas refeições com ingredientes ricos em nutrientes e menos nocivos à sua saúde e a do planeta. Porto Alegre, há algumas décadas, vem sendo vanguarda nesta tendência com espaços consagrados aos produtos saudáveis, além das já tradicionais feiras ecológicas da Rua José Bonifácio e do Bairro Menino Deus, já tem várias empresas, lojas e sites especializados em venda de produtos orgânicos. Vamos rever nossos habitos alimentares? Vamos pensar juntos?

Milton Bernardes é En-

genheiro Agrônomo, formado pela UFPEL. Mestre em Ciência do Solo, pela École polytechnique fédérale de Lausanne – Lausanne/ Suiça.


POESIA

FOTOGRAFIA

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partir deste número o JB vai trazer um ensaio temático a cada edição, com um fotógrafo convidado. Para dar início aos trabalhos, nossa fotógrafa Eluiza Maio mandou ver com o tema juventude, essencial para a renovação do público e imagem do Brique. Aí estão Fábio Löff Chagas, Giulia L. Buonocore K. , Maria Eduarda Przybilski e Pietra Przybilskibi que percorreram o Brique e o parque num belo domingo. Também visitaram lojas de antiguidades do entorno.

Outubro Nei Duclós

Eluiza Maio - fotógrafa

Trago a nova: eu mudo lento, e é tudo Sinto ser assim por estações: aos turnos Posso voltar ao ponto de partida mas luto Sei que vem outubro Flores, fruto de seiva romperão no mundo (Trabalho duro: sugar de pedras rasgar os caules colher ar puro) Lento e bruto eu mudo Sei que vem outubro

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ei Carvalho Duclós, poeta gaúcho, nascido em 1948, em Uruguaiana, hoje radicado em Florianópolis/SC. Mais de 20 livros, e apontado por Mario Quintana como um dos poetas gaúchos que mais gostava. No Festival Literário Internacional Catarinense, relançou o seu clássico Outubro, depois de 40 anos da sua primeira edição

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FEIRAS NO MUNDO

De Repente, California “Na Califórnia é diferente, irmão É muito mais do que um sonho” (Lulu Santos)

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Heloiza Golbspan Herscovitz*

heloiza@journalism.com

vaiano Duke Kahanamoku. Duke se apaixonou por Huntington e Huntington se rendeu ao surfe. Os poços de petróleo foram secando, e a cidade ficou conhecida por seus campeonatos mundiais de surfe ao lado do pier. Nunca virou metrópole como Los Angeles ou San Diego. Às 9 horas da noite, a comida já acabou. Os artesãos desmontam as barracas e os músicos guardam os instrumentos enquanto conversam com os fãs. Temos uma página no Facebook, anunciam; dá um like. Em menos de duas horas tudo está limpo, o lixo recolhido, e a Main Street pronta para a vida normal do dia seguinte. Tem como não amar esse lugar, onde a temperatura é amena e o mar regula as emoções dos moradores enquanto a maré avança e recua no seu ciclo perpétuo? Esqueci de contar das aulas de yoga de manhã cedo ou no fim de tarde no posto 14; cada grupo contribui para o cachê da instrutora como puder. Sob a brisa do mar, as posições do cachorro, da cobra, do arco, do vagalume, do camelo, da criança, da árvore, do peixe, do guerreiro e tantas outras se sucedem até o relaxamento final. Todos terminam adomercidos na areia. Sem música, só com o barulho do mar. Namasté!

* Heloiza Golbspan Herscovitz é gaúcha, jornalista e professora de jornalismo da California State University Long Beach, vivendo nos Estados Unidos há mais de 20 anos. Fotos: Heloiza Golbspan Herscovitz

oda terça-feira uma parte da rua principal de Huntington Beach, conhecida como cidade oficial do surfe, se transforma numa feira de artesanato, música, comida, flores e frutas. Às 3 da tarde, enquanto a praia segue cheia de gente usando biquinis não tão minúsculos como os do Brasil, no asfalto os carros se retiram sem alarde e os artesãos começam a montar suas barracas coloridas ao longo do meio fio dos dois lados da Main Street. Os músicos vão chegando e instalando seus equipamentos em cada esquina. Cada um no seu território com uma caixinha para o cachê. Anotem: todo mundo que passa deixa sua contribuição. Numa esquina tem uma banda de rock, noutra uma banda de hip hop, e na última quadra uma futura pop star em fase de gestação com sua voz e violão acústico. De vez em quando aparecem engolidores de fogo, skatistas profissionais e break dancers. Toda terça é diferente e imperdível. Oficialmente, a feira abre às 5 da tarde e só termina às 9 da noite. A feirinha de rua é uma tradição nesta pacata cidade-praia à beira do Pacífico, localizada entre Los Angeles e San Diego. Em outros dias da semana, feiras similares acontecem em outras cidades da California. Em cada uma, brilham os artistas locais e os produtos da terra, como os buquês de lavanda colhidos no vale de Ojai, cidade famosa por seus retiros espirituais, ou os cristais místicos de Palm Springs, no deserto, onde Frank Sinatra viveu seus melhores dias com Ava Gardner. Em Huntington tem um pouco de tudo: de um lado, jóias artesanais em prata ou banhadas em ouro assinadas pelo autor, quadros mal neste lado da California. E se- dias muito especiais, golfinhos fade pintores locais, roupas de de- guro: ninguém bate carteira nem zem um show a caminho de Seal signers hippies, pranchas de surfe rouba celular. Os ciclistas deixam Beach ou Newport-- as duas cidafeitas à mão, sabonetes e perfumes as bicicletas na praia sob o pier des vizinhas a Huntington. Terra original dos índios Gaartesanais e posters das décadas de com os capacetes pendurados e 1940 e 1950. Do outro lado, pães e vão dar um mergulho nas águas brielinos, dizem que parentes dos bolos integrais, frutas e legumes geladas do Pacífico – único defei- Aztecas, Huntington Beach foi coorgânicos, e flores da estação. Lado to desse paraíso em perfeito esta- lônia espanhola como toda a Calia lado, uma barraquinha de mas- do de conservação. Pode ser que fornia até o século 18, e só passou às sagem na cadeira (1 dolar por mi- uma ou outra bicicleta desapareça, mãos dos americanos no século 19 nuto) e um hipnotizador que ainda mas é raro. A segurança é discreta. com o fim da guerra entre Mexico Os policiais atléticos, alguns com e Estados Unidos. A cidade tomou não atraiu clientes. As barraquinhas de comida cabelos grisalhos, que cruzam a corpo em 1909 e ganhou o nome de localizadas nas esquinas dos três Main Street (rua principal) vesti- seu criador, o magnata de estradas quarteirões que terminam no pier dos em seus uniformes engomados de ferro Henry Huntington. Ainmar adentro vendem comida ára- mais parecem extras de filmes de da uma vila adormecida, a cidade be, mexicana, peruana, chinesa e Hollywood. Em geral, tem curso explodiu com o descobrimento de petróleo à beira do mar em 1920 americana. A combinação de aro- superior e ganham bons salários. A Main Street termina na Pa- trazendo muito dinheiro aos donos mas e cores da feira se mistura ao cheiro e à cor do mar. Quando o cific Coast Highway, estrada clás- dos poços e uma enorme dor de casol se põe tudo conspira para um sica que liga o litoral da California beça aos moradores e turistas, que grande momento de paz interior de norte a sul. Do pier iluminado amavam a enorme faixa de areia e exterior. As pessoas comem sen- dá prá assistir as manobras do sur- branca e o mar azul da cidade. Por sorte, na mesma época, tadas nos bancos, no meio-fio das fistas de todas as idades, homens calçadas ou em pé, caminhando e e mulheres navegando nas ondas desembarcou em Huntington o conversando. Tudo é muito infor- brancas e altas até o anoitecer. Em legendário nadador e surfista ha-


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