REVISTA TÉCNICA #27 (FEVEREIRO/MARÇO)

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O Futuro do Trabalho
Quais são as competências críticas e como se podem alcançar?

EDITORIAL

Num mundo em constante evolução, onde a tecnologia e a sustentabilidade moldam o futuro, apostar na capacitação das pessoas, assume um papel determinante na competitividade das empresas e na consolidação de um setor industrial mais forte e resiliente, mais preparado para enfrentar os desafios. O contexto global, desafia a indústria a encontrar soluções que respondam aos reptos da tripla transição – ambiental, digital e social, com a mudança demográfica a pressionar ainda mais a Europa para que otimize e qualifique a sua força de trabalho.

Na apresentação realizada no Open Day da Agenda Ecocerâmica, no passado dia 5 de fevereiro, num painel liderado pelo CTCV sobre o Futuro da Força de Trabalho, Pedro Brinca, economista e professor na Nova SBE, citando o macroeconomista americano Robert Barro, refere que um ano de estudo corresponde a +0,44 p.p na taxa de crescimento do PIB, sendo que se acrescentarmos a variável “qualidade do ensino”, esse valor cresce para 1.1 p.p.

Ainda, segundo dados da EU (skills shortages in the EU), a falta de competências revela-se um obstáculo à inovação, enquanto a dificuldade em encontrar pessoas com as competências adequadas cresce a cada dia, o que revela o quão importante é investir na qualificação do capital humano, na qualidade dos programas formativos e na forma como se transfere o conhecimento para as empresas.

Num estudo desenvolvido pela Nova SBE, e liderado pelo CTCV no âmbito da agenda Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, a digitalização de processos assume-se como uma alavanca para a evolução tecnológica destas empresas, estimando que mais de 50% das funções serão fortemente impactadas pela automação nos próximos 5 anos, o que obriga a que os quadros técnicos e os engenheiros de processo, se especializem em automação, robótica e digitalização de processos, para otimizar e aumentar os níveis de eficiência dos processos industriais. Ao mesmo tempo a pressão regulatória em matéria de ambiente, e a exigência dos mercados, exige das empresas modelos de produção mais sustentáveis. Este novo paradigma de produção pode ser visto numa primeira abordagem como um desafio complexo, mas terá de ser visto como uma oportunidade essencial para conseguir uma vantagem competitiva significativa.

No CTCV acreditamos que investir no conhecimento é investir no crescimento sustentável da indústria e nesta edição da revista Técnica, trazemos contributos de especialistas e casos de sucesso que ilustram como a aposta no capital humano é um pilar estratégico para a modernização e inovação da indústria. Exploramos programas inovadores, alianças estratégicas entre a academia e a indústria, bem como

as tendências tecnológicas para os novos formatos na capacitação de pessoas.

Reafirmamos o nosso compromisso no apoio à indústria através de iniciativas que promovam o desenvolvimento de competências essenciais para o futuro, convidando todos a refletir sobre a importância deste tema e a explorar as oportunidades que dele emergem.

Jorge Marques dos Santos Presidente do Conselho de Administração do CTCV

SUMÁRIO

Editorial

O novo mundo do trabalho

Capacitação e Qualificação: Um Pilar da Transformação na Indústria da Cerâmica e Cristalaria

Gamificação em MOOCs: Revisão Sistemática da Literatura

A inovação ao serviço da capacitação e qualificação

Qualificar e capacitar para uma sociedade em rápida mudança

Realidade aumentada em contexto formativo na indústria cerâmica e na cristalaria

O UC Factory Lab e a importância da capacitação e qualificação: o novo espaço da Universidade de Coimbra

A importância da Aliança entre Academia e Indústria na Formação de Engenheiros do Futuro

Atrair Talento, Motivar Equipas, Alcançar Excelência: a Fórmula de Sucesso da Costa Verde

A importância da Capacitação e da Requalificação: Impulsionando o Futuro com o PRO_MOV e a NCN - New Career Network

A oferta formativa no DEMaC - Universidade de Aveiro no âmbito da indústria cerâmica

A Transformação “Inteligente” da Indústria

Pense Indústria já arrancou e vai continuar nos próximos dois anos letivos

DIGITALBUILT e o papel do STONECITI na capacitação digital do setor dos Recursos Minerais

Aliança de Centros de Excelência Profissional para um Habitat Sustentável

Propriedade, Edição e Redação

CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro Rua Coronel Veiga Simão, 3025-307 Coimbra (T) 239 499 200 (E) comunicacao@ctcv.pt (W) www.ctcv.pt NIF: 501632174

Diretor

António Baio Dias

Subdiretor

Sandra Carvalho

Coordenador

Nuno Nossa

Colaborações

Ana Alves, Anabela Gomes, Arabela Fabre, Assimagra, Augusto Lopes, Carlos Costa, Cristina Albuquerque, Cristina Acal Quirós, Eduardo Santos, Francisco Silva, João B. Duarte, Luís Fernando Guerrinha, Maria Paula Seabra, Marta Cunha, Miguel Neves, Miguel Mira da Silva, Nuno Ferreira, Nuno Mendonça, Paulo Jorge Ferreira, Raquel Faria, Rodrigo Rodrigues Major, Romeu Vicente, Rui Silva, Sérgio Almeida, Sílvia Sotero, Sofia Pelayo, Victor Ferreira

Design e Arte Final

José Luís Fernandes

Capa

Projetada usando recursos da IA Gemini

Impressão

Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalistica, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29, 2350-909 Torres Novas (T) 249 830 130 (E) geral@grafica-almondina.com (W) www.grafica-almondina.com

Tiragem

250 exemplares

Publicação Periódica inscrita na ERC (Entidade para a Comunicaç 127420

Estatuto Editorial disponível em https://www.ctcv.pt/estatuto-editorial.pdf

É proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a dos veiculam as posições dos seus autores. 2025

O novo mundo do trabalho

Os últimos anos mudaram tudo no mundo do trabalho. Aparentemente de uma só vez, mais pessoas do que nunca começaram a repensar não apenas como e onde trabalham, mas também porque trabalham. Estamos a viver momentos de mudança económica e comportamental sem precedentes, levando a uma redefinição completa na relação entre empregadores e empregados, com expectativas de trabalho mais altas do que nunca.

“Gig economy”: a ascensão do “trabalho” e o declínio do “emprego”

A ideia de “O homem da organização”, um termo popularizado por William H. Whyte, no seu livro de1956, que descreve a subordinação do individuo ao serviço de uma grande corporação, está a dar lugar a empreendedores, criadores, freelancers e trabalhadores independentes. Estes, por sua vez, utilizam plataformas digitais para ganhar a vida, alavancando as suas competências e conhecimentos, na ausência de uma relação empregador-empregado tradicional.

Para milhões de pessoas, trabalhar das 9h às 18h para uma única entidade empregadora já não é uma realidade. Em vez disso, equilibram vários fluxos de rendimentos e trabalham de forma independente. Muitas destas mudanças e equilíbrios entre a vida pessoal e profissional devem-se, em parte, à “gige conomy”. Hoje utilizamos uma App para chamar uma viatura, para reservar um apartamento/hotel, encomendar comida, se alguma vez já o fez, então é um “gig user”.

A ascensão das empresas de plataformas digitais mudou profundamente as regras de emprego. Empresas como a Uber criaram oportunidades de trabalho para cerca de cinco milhões de motoristas, em todo o mundo, sem assinar um único contrato de trabalho de motorista. A economia “gig” abriu oportunidades para indivíduos e empresas terem acesso a um conjunto diversificado e global de talentos para realizar tarefas, alterando assim muitas das estruturas que sustentavam a segurança do emprego.

De acordo com a OCDE, “globalmente, a maioria dos trabalhadores do ‘gige conomy’ estão satisfeitos com o seu emprego e trabalhar com estas plataformas parece refletir principalmente escolhas voluntárias e não a falta de outras opções”.

Este modelo, também conhecido por “business-in-a-box”, assenta em

novas plataformas que ampliam o acesso ou criam, potencialmente, um tipo de trabalho totalmente novo, em que as empresas fornecem ferramentas individuais para construir um negócio de propriedade independente. Este é um modelo inerentemente vertical, com exemplos como Dumpling, para empresas de entrega de alimentos e Wonderschool, para creches em casa.

Os desafios para os líderes e organizações

Perante todas estas mudanças no conceito de “trabalho” e “emprego”, colocam-se novos e complexos desafios aos líderes e às organizações. Nesse sentido, vale a pena mergulhar no interessante estudo desenvolvido pela Gartner sobre “As nove tendências do futuro do trabalho em 2023”. Depois da onda da “demissão silenciosa” (“quiet quitting”), que teve grande expressão no segundo semestre de 2022 e que significa a existência de colaboradores que se recusam a ir “acima e além” do necessário, fazendo apenas o mínimo exigido nas suas funções, nesta situação e quando colaboradores “desistem silenciosamente”, as organizações mantêm as pessoas, mas estas perdem habilidades e capacidades. De acordo com a Gartner, os líderes deverão virar essa prática ao contrário, com a “contratação silenciosa” (“quiet hiring”), permitindo aos atuais colaboradores desenvolverem novas habilidades e capacidades sem a necessidade

de contratar. Esta nova visão na gestão do talento deverá ser alicerçada nos seguintes pilares: Foco na mobilidade interna do talento para garantir que os colaboradores atendam às prioridades da empresa, sem mudanças no quadro; ampliar e melhorar as oportunidades para os colaboradores existentes, atendendo às necessidades organizacionais em evolução; abordagens alternativas, como alavancar redes de ex-alunos e trabalhadores temporários, para integrar talentos de forma flexível, apenas quando necessário.

Uma das tendências reveladas tem a ver com as lacunas de competências da Geração Z (aqueles que nasceram a partir da segunda metade da década de 1990), revelando a erosão das suas habilidades sociais e também das organizações no seu todo. O isolamento social causado pela pandemia atingiu, duramente, os jovens: 46% dos colaboradores da Geração Z dizem que a pandemia tornou mais difícil conquistarem os seus objetivos educacionais ou profissionais e 51% dizem que a sua educação não os preparou para entrar no mundo trabalho. Estes jovens da Geração Z diminuíram as suas habilidades interpessoais, como negociar, fazer networking, falar com confiança em frente a multidões e desenvolver a resistência social e a atenção necessárias para trabalhar longas horas num ambiente laboral.

Mas não foi apenas a Geração Z que sofreu, o decréscimo das competências sociais que diminuíram de uma forma transversal desde 2020. Burnout, exaustão e insegurança profissional, fatores que se intensificaram durante a pandemia, afetam negativamente o desempenho de colaboradores em todo o mundo.

A necessidade de resultados rápidos

De acordo com o World Economic Forum, perante a necessidade de entregar resultados a curto e médio prazo, muitas empresas estão a mudar a forma de contratar, fazendo-o cada vez mais por competências baseadas na experiência, e menos pelo potencial de desenvolvimento do colaborador. Esta situação levou a um declínio no recrutamento de colaboradores licenciados, muitos empregadores estão a eliminar a formação académica dos seus critérios de contratação, em favor da experiência e competências adquiridas, que permitem obter rápidos resultados.

Segundo um estudo da Gallup, apenas 11% dos líderes empresariais “concordam fortemente” que os alunos se estão a formar com as competências necessárias, esta situação tem levado a pedidos de reforma do ensino superior norte-americano, onde mais de quatro em cada cinco empregadores acreditam que os estágios podem preparar melhor os recém-licenciados para o sucesso nas suas empresas.

Este é o novo mundo do trabalho, incerto, veloz, cada vez mais digital, global e complexo, quiçá um reflexo de toda uma sociedade que mudou muito rápido nos últimos anos, e perante todas estas mudanças só nos resta um caminho: trabalharmos juntos, com um propósito em mente e a favor de um mundo melhor.

Artigo originalmente publicado no semanário Vida Económica, 6 de abril de 2023.

Capacitação e Qualificação: Um Pilar da Transformação na Indústria da Cerâmica e Cristalaria

A indústria da cerâmica e cristalaria encontra-se num ponto de inflexão. A crescente digitalização, as exigências da sustentabilidade e a necessidade de inovação colocam desafios complexos para as empresas do setor. Neste contexto, a capacitação e qualificação dos profissionais emergem como elementos fundamentais para garantir a competitividade e a resiliência da indústria. De acordo com o estudo "O Futuro do Trabalho nos Setores da Cerâmica & Cristalaria: Mapeamento das Necessidades dos Setores em Termos de Perfis Profissionais e de Competências", a formação contínua e a adaptação às novas realidades tecnológicas são imperativos para enfrentar os desafios e oportunidades da transição energética, digitalização e sustentabilidade cerâmica e do vidro nacionais, alavancando a qualidade dos produtos, a modernização dos processos produtivos, a produtividade, a eficiência energética e a sustentabilidade ambiental.

A Digitalização como Alavanca para a Eficiência

A transformação digital é uma realidade incontornável. A automação, inteligência artificial e análise de dados tornaram-se indispensáveis para otimizar processos, reduzir desperdícios e aumentar a produtividade. No entanto, a implementação destas tecnologias exige um nível elevado de competências digitais, tanto ao nível da operação como da manutenção e desenvolvimento.

O estudo destaca que 70% das funções da indústria da cerâmica e cristalaria poderão ser impactadas pela automação até 2030. Entre as profissões emergentes, destacam-se os técnicos de manutenção de sistemas robotizados, modeladores 3D, técnicos de robótica e engenheiros de processos especializados em automação.

Com base nas competências digitais e industriais identificadas nos inquéritos e focus groups, o desenvolvimento destas áreas é fundamental para preparar o setor da cerâmica e cristalaria para os desafios da modernização tecnológica. No âmbito das competências digitais, destaca-se a necessidade de análise e tratamento de dados, operação de dispositivos com interfaces digitais, e a aplicação de códigos de conduta no ambiente digital. Estas competências permitem aos profissionais lidar com grandes volumes de informações e implementar tecnologias de ponta. Já nas competências industriais, é essencial o fortalecimento de capacidades em robótica e automação, manutenção mecânica e elétrica, bem como na integração e reconversão de sistemas. Estas aptidões garantem uma operação eficiente e adaptável aos avanços tecnológicos, colocando a indústria em posição de liderar a inovação e responder de forma competitiva às exigências do mercado. A automação, inteligência artificial e análise de dados tornaram-se indispensáveis para otimizar processos, reduzir desperdícios e aumentar a produtividade. No entanto, a implementação destas tecnologias exige um nível elevado de competências digitais, tanto ao nível da operação como da manutenção e desenvolvimento.

A Sustentabilidade Como Fator Competitivo

A pressão regulatória e as exigências dos consumidores levam as empresas do setor a adotarem modelos de produção mais sustentáveis. A transição energética é uma das maiores preocupações, com a substituição gradual de fontes fósseis por energias renováveis e a otimização do consumo energético.

Neste contexto, as competências e conhecimentos ambientais que emergem como cruciais para enfrentar os desafios da sustentabilidade, segundo as empresas, são: saber usar ferramentas e técnicas para avaliação de sustentabilidade, conhecer a legislação sobre fabricação sustentável e saber avaliar e medir a pegada de carbono. Também se tornam indispensáveis a interpretação de relatórios de sustentabilidade e o entendimento do impacto ambiental ao longo do ciclo económico dos produtos. Ao integrar estas competências e conhecimento no dia a dia, a indústria da cerâmica e cristalaria pode não apenas cumprir as metas regulatórias, mas também destacar-se como líder em responsabilidade ambiental. A transição energética é uma das maiores preocupações, com a substituição gradual de fontes fósseis por energias renováveis e a otimização do consumo energético.

Empresas que investirem na capacitação de suas equipas para operar dentro destes novos paradigmas terão uma vantagem competitiva significativa nos mercados globais.

Promover Culturas de Inovação

A inovação não se limita à adoção de novas tecnologias, mas exige uma mudança cultural dentro das empresas. Equipas preparadas

para experimentar, errar e aprender rapidamente são essenciais para o desenvolvimento de novos produtos e processos. A implementação de práticas de aprendizagem contínua e formação técnica especializada é essencial para estimular a criatividade e a capacidade de adaptação.

O estudo revela que, além das competências técnicas, as competências socioemocionais, as frequentemente chamadas soft skill, também se tornam cada vez mais essenciais na indústria. Competências como trabalho em equipa e colaboração, liderança e gestão, criatividade e inovação, bem como análise e resolução de problemas, são indispensáveis para enfrentar os desafios atuais do setor. Além disso, a resiliência e adaptação são cruciais para garantir que os profissionais consigam atuar de forma eficaz em ambientes em constante transformação. A combinação destas competências com conhecimentos técnicos promove um ambiente de trabalho mais dinâmico, criativo e preparado para liderar inovações no setor. Equipas preparadas para experimentar, errar e aprender rapidamente são essenciais para o desenvolvimento de novos produtos e processos. Profissionais capazes de integrar conhecimentos técnicos com uma visão estratégica e inovadora terão um papel central na transformação da indústria.

Em um dos focus groups, um supervisor de produção destacou: “A inovação surge da colaboração entre diferentes áreas e da partilha de conhecimento”. Este depoimento reforça a importância de capacitações que integrem múltiplos conhecimentos, promovendo uma cultura organizacional mais dinâmica e inovadora.

Propostas e Recomendações para Capacitação

Diante dos desafios identificados, o estudo aponta algumas iniciativas e recomendações concretas para o desenvolvimento de programas de capacitação eficazes:

• Requalificação Contínua: Implementar cursos generalistas focados em competências transversais, como as digitais, soft skills, de sustentabilidade e em tecnologias emergentes, incluindo inteligência artificial, robótica e automação. Além disso, desenvolver formações especializadas e customizadas para técnicos de manutenção, engenheiros de processos e áreas industriais críticas.

• Formação Mista: Criar programas de ensino híbrido que combinem o formato presencial e à distância, com a utilização de ferramentas como realidade virtual e gamificação para tornar o ensino mais imersivo e atrativo. Simulações de ambientes industriais reais devem ser incluídas para fortalecer a formação prática.

• Parcerias com Universidades: Estabelecer colaborações com instituições de ensino superior e escolas profissionais para o desenvolvimento de currículos alinhados às necessidades específicas das indústrias da cerâmica e cristalaria.

• Criação de uma Academia de Formação: Implementar uma academia que ofereça flexibilidade e inovações pedagógicas, promovendo uma ligação direta entre instituições de ensino e

empresas. Esta academia também deve centralizar as necessidades do setor e facilitar a angariação de fundos públicos para financiar a formação da força de trabalho.

Estas recomendações, quando colocadas em prática, garantirão a infraestrutura necessária para que as empresas se adaptem às novas exigências do mercado e permaneçam competitivas no cenário internacional.

Conclusão

A capacitação e qualificação profissional são os alicerces para enfrentar os desafios tecnológicos da indústria da cerâmica e cristalaria. O setor deve adotar uma abordagem estratégica na formação dos seus

profissionais, investindo em iniciativas de formação, feitas pelo setor para o setor, que proporcionem as competências digitais, ambientais e socioemocionais necessárias. Apenas desta forma será possível manter a competitividade, responder às exigências do mercado e consolidar a posição da indústria no cenário global.

O estudo "O Futuro do Trabalho nos Setores da Cerâmica & Cristalaria" deixa claro que a transformação do setor não pode ser vista apenas como um desafio, mas também como uma oportunidade de diferenciação. Empresas que adotarem uma abordagem proativa na qualificação de sua força de trabalho estarão melhor posicionadas para liderar a indústria rumo a um futuro mais sustentável e digitalmente integrado. A transformação já começou, e a qualificação será o fator determinante para o sucesso desta nova era.

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Gamificação em MOOCs: Revisão Sistemática da Literatura

Introdução

Os MOOCs (Massive Online Open Courses) enfrentam desafios como baixas taxas de retenção, pois os alunos podem ter dificuldade em manterem-se empenhados ao longo do curso. A gamificação é uma potencial solução para lidar com esse problema. Ao incorporar elementos de jogo na experiência de aprendizagem, a gamificação pode melhorar a motivação do aluno e aumentar a participação, melhorando assim a taxa de retenção.

No entanto, a implementação da gamificação em MOOCs traz tanto benefícios quanto desafios. Do lado positivo, a gamificação pode impulsionar o empenho do aluno, criar uma sensação de realização e promover um ambiente de aprendizagem mais interativo e agradável. No entanto, surgem desafios em termos de encontrar o equilíbrio certo entre elementos de aprendizagem e gamificação, garantir uma implementação eficaz e a disponibilidade limitada de frameworks de gamificação estabelecidos especificamente para MOOCs.

Este artigo é apenas um resumo de uma revisão sistemática da literatura que teve como objetivo iluminar o estado atual e identificar lacunas na investigação sobre gamificação em MOOCs. Essa revisão da literatura foi publicada como artigo científico na revista Cogent Education em 2023, e está disponível aqui: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/2331186X.2023.2275820

RQ1: Benefícios

Tabela 1: Benefícios

Aumento da motivação do aluno

Estímulo da participação do aluno

Aumento das taxas de retenção dos MOOCs

Aumento da satisfação do aluno

Aumento do envolvimento do aluno

Aumento das taxas de conclusão dos MOOCs

Aumento da taxa de matrícula dos MOOCs

Aumento do desempenho dos alunos

Aumento do relacionamento entre alunos

Melhoria dos resultados da aprendizagem

Aumento da autonomia do aluno

Processos de aprendizagem personalizados

Os benefícios dos elementos de gamificação em MOOCs foram identificados através de uma análise abrangente da literatura. Os benefícios mais proeminentes estão resumidos na Tabela 1, organizados do mais mencionado para o menos mencionado nos artigos.

O benefício mais frequentemente citado da gamificação em MOOCs é o aumento da

motivação dos alunos, como observado em 14 artigos. A motivação do aluno desempenha um papel crucial na sua disposição para participar e envolver-se com as atividades e objetivos do MOOC. A participação e o aumento das taxas de retenção também foram benefícios significativos identificados, com 12 e 9 artigos mencionando-os, respetivamente. Outros benefícios incluem aumento da satisfação do aluno, envolvimento, taxas de conclusão, matrícula, desempenho, relacionamento, resultados de aprendizagem, autonomia e processos de aprendizagem personalizados.

RQ2: Desafios

Os desafios associados à integração de elementos de gamificação em MOOCs foram identificados através de uma análise aprofundada da literatura. Os desafios mais proeminentes estão resumidos na Tabela 2, ordenados do mais aos menos mencionado nos artigos.

O desafio mais frequentemente citado é o tempo e esforço adicionais exigidos pelos instrutores para implementar estratégias de gamificação, mencionado em 5 artigos. Encontrar o equilíbrio certo entre elementos de aprendizagem e de gamificação e garantir a eficácia desses elementos também foram desafios significativos, cada um mencionado em 5 artigos. Outros desafios incluem a adequação dos elementos de gamificação para todos os participantes de MOOCs, a consideração das características dos MOOCs nas estratégias de gamificação e possíveis obstáculos apresentados pelas plataformas de MOOCs.

Tabela 2: Desafios

O tempo extra e o esforço adicionais exigidos pelos docentes para implementar estratégias de gamificação

Encontrar o ponto de equilíbrio para a combinação entre elementos de aprendizagem e de gamificação

A eficácia de alguns elementos de gamificação depende de como são implementados.

Alguns elementos de gamificação não são adequados para todos os participantes de MOOCs

As estratégias de gamificação devem levar em consideração as características dos MOOCs

As plataformas de MOOC podem dificultar a aplicação dos elementos de gamificação

RQ3: Elementos de Gamificação

Os elementos de gamificação mais utilizados para melhorar os resultados de aprendizagem em MOOCs foram identificados através de

uma revisão extensiva da literatura. Os principais resultados estão resumidos na Tabela 3, ordenados do mais ao menos mencionado nos artigos.

Tabela 3: Elementos de Gamificação

Recompensas

Placares de líderes

Avatares

Níveis

Barra de progresso

Feedback

Storytelling

Avaliação entre pares

Points

Ferramentas sociais

Missões

Mapas virtuais

Vidas

O elemento de gamificação mais utilizado são as recompensas, mencionado em 15 artigos. Recompensas, como medalhas, pontos e itens virtuais, são eficazes para reconhecer as conquistas e o progresso dos alunos. Placares de líderes, avatares, níveis e barras de progresso também foram frequentemente utilizados. Outros elementos de gamificação incluem feedback, storytelling, avaliação entre pares, pontos, ferramentas sociais, missões, mapas virtuais e vidas.

RQ4: Frameworks de Gamificação

Três frameworks de gamificação existentes utilizados em MOOCs foram identificados através de uma extensa revisão da literatura, e estão resumidos na Tabela 4.

Tabela 4: Framework de Gamificação

MARC framework

PAGE model

GaDeP framework

A framework MARC foca em melhorar a motivação intrínseca do aluno através de estágios relacionados à aprendizagem observacional, retenção, contexto, estados mentais e progressão de desafios. O modelo PAGE estende os MOOCs fornecendo experiências de aprendizagem personalizadas. A framework GaDeP aborda os aspectos teóricos e empíricos do design de gamificação através de fases como análise, definição de problema, seleção de framework teórico, seleção de elementos de jogo, implementação e avaliação.

RQ5: Plataformas MOOC

As plataformas MOOC adequadas à gamificação foram identificadas através de uma análise minuciosa da literatura, e estão resumidas na Tabela 5.

Tabela 5: Plataformas MOOC

Moodle

Coursera

edX

Canvas Network

NanoMOOCs

Openlearning.com

openHPI

Udacity

O Moodle destacou-se como a plataforma mais identificada, oferecendo um ambiente versátil para a entrega de cursos e implementação de gamificação. EdX e Coursera também são plataformas proeminentes que oferecem diversas opções de

cursos e elementos de gamificação. Outras plataformas incluem Canvas Network, NanoMOOCs, Openlearning.com, openHPI e Udacity, cada uma oferecendo características únicas e oportunidades para integração de gamificação.

Discussão

Esta secção aborda os resultados relacionados com as cinco questões de investigação (RQ1 a RQ5) exploradas na revisão sistemática da literatura.

Observámos que o benefício mais citado da gamificação em MOOCs é o aumento da motivação dos alunos, seguido da participação estimulada dos alunos e das taxas de retenção melhoradas. Em relação à RQ2, os desafios mais frequentemente citados incluem o tempo e o esforço adicionais necessários pelos instrutores para implementar estratégias de gamificação, encontrar o equilíbrio certo entre elementos de aprendizagem e gamificação, e a dependência da eficácia dos elementos de gamificação na sua implementação. Esses desafios podem ser atribuídos à disponibilidade limitada de frameworks de gamificação, como identificado na RQ4, onde apenas três frameworks foram encontrados (framework MARC, modelo PAGE e framework GaDeP). Além disso, as dificuldades em alcançar instrutores, dada a natureza académica das publicações, também podem contribuir para esses obstáculos. Alguns desafios, como encontrar o equilíbrio entre elementos de aprendizagem e gamificação, também podem resultar da falta de esforço por parte dos instrutores para pesquisar gamificação em MOOCs. A plataforma MOOC mais identificada como adequada à gamificação é o Moodle, como destacado na RQ5, com recompensas e classificações sendo os elementos de jogo mais utilizados. No entanto, o uso excessivo desses elementos, devido à sua facilidade de implementação e à prevalência do Moodle no ensino superior, pode levar a consequências não intencionais, como desmotivar os alunos e aumentar as taxas de abandono.

Os nossos resultados estão alinhados com as revisões anteriores em vários aspetos. Aumento da motivação foi consistentemente identificado como o benefício mais frequente. Resultados semelhantes foram relatados no artigo “Systematic literature review about gamification in MOOCs” de Marta Jarnac de Freitas e Miguel Mira da Silva que foi publicado na revista Open Learning em 2023, onde o aumento do envolvimento dos alunos foi o benefício mais citado, seguido pelo aumento da motivação. No entanto, algumas diferenças foram observadas, como o desafio de aplicar abordagens de gamificação a grupos específicos não sendo identificado nos nossos resultados da RQ2.

Em termos de elementos de gamificação específicos, recompensas foram consistentemente mencionadas como o elemento de jogo mais identificado em revisões anteriores, seguido por classificações. No entanto, nenhuma das revisões anteriores abordou frameworks de gamificação como a RQ4, nem discutiu plataformas MOOC adequadas à gamificação como a RQ5.

Conclusão

Nesta revisão, os efeitos da gamificação em MOOCs foram analisados através da revisão de 32 artigos e 3 revisões. A literatura enfatiza o aumento da motivação dos alunos como o benefício mais citado da gamificação em MOOCs, seguido pela participação estimulada dos alunos e pelo aumento das taxas de retenção. Desafios identificados incluem o tempo e o esforço adicionais necessários pelos instrutores para implementar estratégias de gamificação, encontrar o equilíbrio certo entre elementos de aprendizagem e gamificação, e a eficácia dos elementos de gamificação dependendo da sua implementação.

O Moodle foi identificado como a plataforma MOOC mais passível de ser gamificada, com uma disponibilidade limitada de frameworks de gamificação, já que apenas três foram encontrados.

No entanto, foram encontradas algumas limitações durante esta revisão. A pesquisa foi conduzida apenas com o motor de busca EBSCO, e alguns artigos não puderam ser incluídos. Além disso, a identificação de termos foi desafiadora, pois os autores frequentemente usavam termos semelhantes com significados ligeiramente diferentes. Essas limitações podem ter influenciado a abrangência dos resultados da revisão.

MAGNETINDUSTRIA

EQUIPAMENTOS PARA A INDÚSTRIA. UNIPESSOAL, LDA

TECNOMAG

Há mais de 20 anos ao serviço da indústria

Desferrização

Equipamentos para descontaminação e separação de barbotinas, vidrados, matérias-primas, reciclagem de metais, vidro, cartão, plástico, indústria alimentar e farmacêutica, etc.

• Desferrizadores para líquidos e sólidos de alta intensidade

• Barras magnéticas

• Placas magnéticas

• Overbands

• Filtros magnéticos

Separação de sólidos

• Separadores de corrente de Foucault para metais n/ magnéticos

• Separadores vibratórios

Controladores de prensagem hidrostática IST

Automação industrial

Projetos específicos de engenharia

A inovação ao serviço da capacitação e qualificação

Tecnologias imersivas são aposta para a criação de Academias Digitais

A crescente competitividade empresarial global torna incontornável a necessidade de aquisição de competências e conhecimentos, que permitam às organizações contarem com recursos humanos qualificados, capazes de acompanhar as transformações tecnológicas e digitais e as dinâmicas cada vez mais exigentes dos mercados.

Esta mudança é também extensível aos processos de aprendizagem: as organizações necessitam de competências muito concretas que permitam resolver problemas e encontrar soluções eficazes; as barreiras geográficas tendem a esbater-se e os indivíduos assumem o fator tempo como um bem valioso e imprescindível na conciliação da vida profissional, familiar e social. A Academia Digital de Formação e o Tech Training Hub são uma resposta do Instituto CCG/ZGDV a este desafio.

Academia de Formação Digital

Num mundo onde a transformação digital e a transição energética têm impulsionado o surgimento de novas metodologias de aprendizagem e capacitação, a agenda ECP é uma proposta integradora e transversal para os setores da Cerâmica e Vidro. Disponibiliza uma Academia de Formação Digital que toma partido de tecnologias imersivas, nomeadamente, a realidade aumentada, como complemento para auxiliar os cursos de formação, a partir de métodos didáticos, intuitivos e idealmente realistas, de modo a simular a parte prática de uma tarefa, com componentes holográficos e tridimensionais.

Este sistema, desenvolvido pelo CCG/ZGDV, é partilhado tanto por formadores que podem construir cenários de formação personalizados, como por formandos que reproduzem e executam esses mesmos cenários.

Sistema de formação digital

O sistema em desenvolvimento permite aos formadores construírem cenários de formação, baseados em experiências imersivas, a partir de tecnologias de realidade aumentada. Tanto o formador como o formando têm acesso a aplicações específicas em determinadas plataformas, de modo a poderem executar as suas tarefas.

As experiências de formação criadas não são necessariamente cursos de formação independentes, mas sim meios de auxílio a cursos já existentes que podem ser apresentados de forma tradicional.

A arquitetura deste sistema é composta por duas aplicações que partilham conteúdo a partir de um serviço de armazenamento:

• TCA – Training Configuration Application – aplicação desktop para formadores, que atua como configurador/editor de formações;

• ARTA – AR Training Application – aplicação para dispositivos móveis, usada pelos formandos, para experienciarem os cenários de formação criados pelos formadores na aplicação TCA;

• TSIS – Training Session Information System – serviço alojado em servidor para armazenar as formações criadas, assim como disponibilizar endpoints de acesso e submissão das formações existentes a ambas as aplicações, dependendo dos requisitos das mesmas.

TCA – Training Configuration Application

A aplicação TCA tem como público-alvo formadores, permitindo-lhes a criação de cenários de formação de forma tridimensional, imersiva, interativa e animada. O formador dispõe de uma aplicação intuitiva que permite a criação de um conjunto de passos sequenciais, sendo cada passo constituído por um cenário de objetos 3D personalizados.

Galeria de objetos

O utilizador dispõe de uma galeria de objetos que podem ser adicionados ao cenário:

• Sólidos / objetos 3D – sólidos primitivos ou modelos 3D personalizados

• Formas / objetos 2D – formas primitivas, elementos de UI e ficheiros de multimédia

Cenário

Após inseridos no cenário, os objetos são listados numa hierarquia, permitindo a inspeção de cada objeto e seus componentes, que são acedidos pela extensão dos níveis hierárquicos do modelo.

Configuração e inspeção de objetos

Cada objeto tem um conjunto de propriedades que podem ser configuradas após a sua inserção no cenário:

• Atributos – propriedades estáticas;

• Física;

• Animações.

Quando é adicionado um novo passo à formação, as propriedades podem ser sobrepostas com novos valores, assumindo as respetivas alterações durante a experiência, no avanço para o respetivo passo.

Armazenamento

Após a criação de um conjunto de passos com o cenário construído, o mesmo pode ser guardado e armazenado no serviço TSIS, de modo a ser acessível pelos formandos na aplicação ARTA, acompanhada pelos ficheiros personalizados carregados localmente (modelos 3D, imagens, etc.).

ARTA – AR Training Application

A aplicação móvel ARTA é direcionada para formandos que podem aceder às formações criadas na aplicação TCA pelos formadores, apresentadas de forma imersiva e interativa, em realidade aumentada.

Realidade aumentada

Antes de o cenário de formação ser carregado, é pedido ao utilizador para escolher um ponto de referência, a partir da deteção de planos horizontais, para centrar os objetos em posição e orientação.

Carregamento da formação

Estando armazenada no serviço TSIS, a formação pode ser descarregada e instanciada no espaço, incluindo o carregamento dos ficheiros associados, estando apresentados os objetos do primeiro passo com as propriedades configuradas na aplicação TCA.

Interação com objetos

Dependendo da configuração do objeto, o mesmo pode ser interagido no seu clique, com o tipo de interação resultante indicado em forma de tooltip

Os objetos podem interagir a partir de duas propriedades configuradas: “agarrar” e “clique para animar” e, tal funcionalidade, é apresentada em forma de tooltip no respetivo objeto, até o utilizador estar a uma distância suficientemente próxima para poder executar a interação.

Passos

Havendo um conjunto de propriedades atribuídas aos objetos por cada passo, as mesmas só são aplicadas se a respetiva propriedade de sobreposição estiver ativa, de modo a permitir um cenário dinâmico com registo das interações feitas nos passos anteriores, e apenas com alterações específicas nas propriedades que forem relevantes ao novo passo.

TSIS – Training Session Information System

O serviço TSIS é um serviço hospedado num servidor remoto, responsável por armazenar e permitir o acesso a toda a informação relativa às formações criadas.

Armazenamento

As formações submetidas pela aplicação TCA são armazenadas em ficheiros que indicam:

• Lista sequencial de passos e respetiva designação;

• Lista de objetos com a lista de propriedades definidas para cada passo.

Além disso, são armazenados os ficheiros carregados localmente pelos formadores, sendo a referência aos endereços de armazenamento indicada nas propriedades dos respetivos objetos.

A criação desta Academia Digital para o Setor da Cerâmica e do Vidro, transporta-nos para um novo paradigma na atração, qualificação e retenção dos ativos das empresas, onde a inovação tem um papel crucial.

Tech Training Hub, o novo serviço de formação e capacitação empresarial do CCG/ZGDV

Neste contexto de inovação pedagógica e desenvolvimento de novas ferramentas digitais, que permitam responder aos atuais desafios de

capacitação e qualificação, em específico nas áreas das tecnologias e da transformação digital, surge o Tech Training Hub, o serviço de formação e capacitação empresarial do Instituto CCG/ZGDV.

O Tech Training Hub apresenta na sua génese e na sua estratégia de intervenção este caráter inovador, presente na abordagem pedagógica e nas infraestruturas tecnológicas de suporte à formação, com destaque para uma sala de aprendizagem ativa e para a assistente virtual, a Eva. O espaço de formação está equipado com tecnologias que favorecem o recurso a metodologias ativas de aprendizagem e a formação em regime híbrido. Por sua vez, a Eva partilha informações sobre o funcionamento do Tech Training Hub e orienta os seus interlocutores, por exemplo, na análise da oferta formativa. A par destas soluções inovadoras, o Tech Training Hub aposta ainda na utilização de um LMS para a formação à distância, na produção de conteúdos multimédia e no recurso a tecnologias imersivas, nomeadamente, a realidade aumentada.

A inovação faz-se não só pela utilização de tecnologias digitais, mas também pela valorização de metodologias pedagógicas ativas e pela promoção de formação customizada à medida das necessidades das organizações e dos indivíduos. Esta adequação reflete-se, simultaneamente, em programas de formação ajustados ao diagnóstico de necessidades de uma dada organização, à flexibilidade de horários, que pode assumir a forma presencial ou totalmente à distância, com valorização de momentos assíncronos, ou conjugação de momentos assíncronos e síncronos, formação mista ou híbrida.

A formação promovida pelo Tech Training Hub reveste-se, por si só, de um caráter inovador, na medida em que assenta no desenvolvimento de competências em soluções digitais emergentes, nas áreas de engenharia de software, inteligência de dados, visão por computador, computação gráfica, realidade virtual, aumentada e mista, interação humano-tecnologia, robótica, comunicações e computação móvel e urbana. O Tech Training Hub assume como missão capacitar profissionais e organizações, com conhecimentos e competências em tecnologias digitais emergentes, promovendo a inovação, a transformação digital e a sustentabilidade, para impulsionar a competitividade no mercado global e contribuir para um futuro mais resiliente e conectado.

Qualificar e capacitar para uma sociedade em rápida mudança

As transformações sofridas na área da educação superior ao longo dos séculos têm sido numerosas e profundas. Na Europa, as que resultam do Processo de Bolonha destacam-se pela importância e ambição: construir um Espaço Europeu de Ensino Superior e uma “Europa do conhecimento”, capaz de vencer os desafios do século XXI.

Até ao Acordo de Bolonha, a formação superior de um estudante ficava em geral confinada às fronteiras de um país. O desenvolvimento de um sistema de créditos europeu e a construção de sistemas de educação superior mais coerentes facilitaram a mobilidade dos estudantes entre os diversos países. Isso acelerou a internacionalização e promoveu o trabalho em rede das instituições de educação superior (IES).

As alterações no modo como as universidades e os sistemas educativos de cada país se relacionam entre si foram passos importantes, mas não resolveram todos os problemas. E, entretanto, outras necessidades e desafios foram surgindo, muitos dos quais causados pela rápida evolução do conhecimento e da tecnologia.

Como é que as universidades podem responder às exigências de uma sociedade em constante evolução, marcada por mudanças rápidas na tecnologia, no mercado de trabalho e nas relações sociais?

A educação superior hoje e há 25 anos

Quando comparamos a educação superior antes da Declaração de Bolonha, há 25 anos, e o de hoje, encontramos diferenças profundas nas competências básicas e na forma como olhamos para o conhecimento.

Hoje, o conhecimento evolui a uma velocidade sem precedentes. Ora, o progresso rápido é acompanhado de obsolescência rápida. É cada vez mais importante ser capaz de compreender, estruturar e aplicar conhecimento de forma a resolver problemas complexos. A competência básica já não é a memória, porque não basta ter a capacidade de replicar o que se aprendeu. É necessário criar e inovar.

Com o tratado de Bolonha, a educação superior distribuiu-se no espaço. Os estudantes passaram a ter mais facilidade em frequentar instituições fora do seu país, enriquecendo-as e enriquecendo a sua formação.

Mas Bolonha não acabou com a concentração da educação superior no tempo. Quer falemos de um primeiro ciclo (licenciatura), de um segundo ciclo (mestrado) ou de um terceiro ciclo (doutoramento), os estudos decorrem num período único e limitado. Por exemplo, um mestrado pode demorar cerca de dois anos.

Quando o conhecimento evolui rapidamente, a aprendizagem ao longo da vida ganha importância. Na era da inteligência artificial, o diploma não resolve tudo. A aprendizagem não pode ser um evento isolado na vida de alguém. A reforma de Bolonha contribuiu para distribuir a aprendizagem no espaço, mas hoje precisamos também de a distribuir no tempo.

No passado, o estudante encontrava um lugar no mercado de trabalho e nele permanecia, com frequência, durante toda a carreira. Hoje, o ex-estudante pode ter de voltar à universidade, para atualizar ou adquirir conhecimentos, várias vezes ao longo da carreira.

Esta tendência alterará o perfil do estudante universitário. Os estudantes terão idades e experiências muito diversas. As universidades precisarão de oferecer soluções de formação apropriadas para todos, incluindo os que procuram requalificação e formação ao longo da vida.

A importância da aprendizagem ao longo da vida

Para que a aprendizagem ao longo da vida seja efetiva, é necessário ajustar a oferta formativa às necessidades dos estudantes, com abordagens personalizadas e inclusivas. Os métodos e currículos têm de ser revistos.

A universidade não pode operar de forma independente e isolada da sociedade. É parte integrante dela. Para manter-se em sintonia com as necessidades em constante mudança da sociedade, o ensino superior deve envolver a sociedade e estar aberto à participação da indústria, da sociedade, das autoridades locais. A Universidade ECIU, que integra a Universidade de Aveiro, tem vindo a fazer isso já há algum tempo. Mas é necessário dar voz a todas as partes interessadas, para que ajudem as IES a orientar a sua ação para as necessidades atuais.

O diálogo universidade-sociedade é importante para colocar em prática a aprendizagem baseada em desafios, com base na qual os estudantes criam ou descobrem soluções. Os desafios podem resultar de trabalho conjunto com empresas e entidades externas, e a solução trabalhada em conjunto.

Esta mudança resultará em IES que promovem o pensamento crítico, a criatividade, a capacidade de trabalhar em equipa, a liderança – que serão sempre úteis ao estudante ao longo da carreira, mesmo que a sua profissão ou atividade mude ao longo da carreira.

Microcredenciais: uma solução promissora para a aprendizagem ao longo da vida

As microcredenciais proporcionam uma abordagem inovadora à aprendizagem ao longo da vida. A Universidade ECIU, uma das primeiras Universidades Europeias a ser reconhecida pela União Europeia, tem vindo a trabalhar nesta vertente desde 2019.

Trata-se de responder a uma realidade incontornável: a velocidade com que a tecnologia está a transformar o mundo. O telefone demo-

rou 75 anos a chegar a cem milhões de utilizadores, mas o telemóvel precisou de apenas 16 anos. Duas populares redes sociais conseguiram reunir cem milhões de utilizadores em menos de cinco anos. Em 2023 o ChatGPT atingiu mais de 100 milhões de utilizadores em apenas 2 meses. O crescimento da DeepSeek parece ter sido ainda mais rápido.

Impulsionadas pelo rápido progresso tecnológico e pelas transições digital e climática, as competências mais procuradas no mercado de trabalho têm evoluído com a mesma velocidade. Segundo o World Economic Forum, até 2027 a tecnologia e a digitalização criarão cerca de 69 milhões de postos de trabalho e eliminarão 83 milhões. Quase um quarto dos empregos sofrerá alterações. As edições mais recentes do Talent Shortage Survey mostram que, apesar de termos mais gente qualificada, as empresas sentem mais dificuldades em recrutar.

A inexistência de soluções formativas pensadas para um mundo de volatilidade elevada trava a atualização dos profissionais e agrava o desalinhamento entre as competências disponíveis e as competências necessárias. É por isso que vemos empregos sem pessoas, e pessoas sem emprego.

Os graus académicos, como licenciatura ou mestrado, não são a melhor solução para requalificar e realinhar competências. Poucos trabalhadores quererão suspender a sua atividade profissional por dois ou três anos para regressar à universidade, e poucas empresas aceitariam a possibilidade.

Ainda que o fizessem, a licenciatura e o mestrado não são adequados para um universo de pessoas com necessidades de formação específicas. Baseiam-se numa abordagem única para todos, com o objetivo de conduzir um estudante de um ponto conhecido do conhecimento até outro. Não foram concebidos para lidar com públicos com histórias, experiências passadas, culturas, idades e línguas diferentes. Também são inadequados para lidar com a interdisciplinaridade, pois levaria a uma multiplicação de graus insustentável.

As microcredenciais são unidades formativas de curta duração, como o próprio nome indica, que podem ser baseadas em aprendizagem

baseada em desafios. Não conferem qualquer grau e podem ser frequentadas de forma livre. O estudante ou profissional pode frequentar as que entender, em qualquer área do conhecimento, em qualquer momento da carreira, e até em diferentes instituições, com disrupção mínima para o seu percurso profissional. Podem ser acumuladas ao longo dos anos, criando um portfólio de competências diversificado e adaptado às do profissional-estudante.

A comprovação do percurso formativo é feita através de um documento conceptualmente semelhante a um passaporte, mas que enumera as microcredenciais que constituem o trajeto formativo. Ao contrário do diploma, que é fechado e estático, o passaporte é aberto e dinâmico. O diploma é igual para todos os estudantes que terminam um curso, mas o passaporte pode variar de estudante para estudante. Afinal, cada profissional-estudante tem uma história única, e o passaporte reflete essa diferença.

A Universidade de Aveiro, no contexto da Universidade ECIU, tem-se destacado ao implementar um sistema de microcredenciais digitais. Fomos a primeira entidade a oferecer unidades de aprendizagem baseadas em desafios, digitalmente certificadas com um selo europeu.

Este sistema facilita a mobilidade transnacional dos estudantes e promove a interdisciplinaridade. Os estudantes podem combinar temas tão diversos como Psicologia e Computação, por exemplo. Com isso, a universidade contribui para a criação de profissionais mais flexíveis, criativos e preparados para resolver problemas de natureza complexa e multifacetada.

Integrar as microcredenciais no mercado de trabalho

Apesar das vantagens das microcredenciais, é fundamental assegurar a sua integração no mercado de trabalho. Por mais flexíveis e

adaptáveis que sejam, é crucial que o mercado as reconheça e as considere relevantes.

As microcredenciais não representam um mero desempacotamento das formações tradicionais. Para responder à diversidade de públicos e expetativas, é necessário ir mais longe: a abordagem da Universidade de Aveiro e da Universidade Europeia ECIU assenta na aprendizagem baseada em desafios, cuja conceção implica uma relação próxima com a sociedade e com o tecido empresarial na construção dos currículos e na oferta de estágios ou oportunidades de aprendizagem prática.

A primeira proposta da Universidade de Aveiro foi elaborada considerando um conjunto de 230 empresas, associações e outras entidades. Até ao momento criámos 187 microcredenciais e atribuímos 250 bolsas no âmbito do Programa do PRR Impulso Adultos. Recebemos mais de 2100 candidaturas e mais de 1600 pessoas frequentaram as nossas microcredenciais. Temos 65 acordos de parceria assinados com entidades parceiras e continuamos empenhados em expandir a nossa rede de parceiros.

O futuro da educação superior passa pela integração de diferentes formas de aprendizagem, combinando a educação tradicional com novas abordagens, como as microcredenciais, a aprendizagem ao longo da vida e a aprendizagem baseada em desafios. Estes modelos de ensino permitirão que as universidades se adaptem rapidamente às mudanças e continuem a ser um pilar central no desenvolvimento pessoal, profissional e económico.

A Universidade de Aveiro, reconhecendo os desafios e as oportunidades deste novo cenário, reafirma o seu compromisso com a capacitação e a qualificação, entendendo que estas não são apenas metas a serem alcançadas, mas uma missão contínua e essencial para manter o país competitivo num contexto de rápida mudança e numa economia baseada no conhecimento.

Realidade aumentada em contexto formativo na indústria cerâmica e na cristalaria

Introdução

O uso de tecnologias imersivas, como a realidade virtual (VR) e a realidade aumentada (AR), na educação e formação tem crescido ao longo dos últimos anos, fruto das necessidades (a pandemia da COVID-19 relevou o interesse) mas, também, das potencialidades que estas tecnologias oferecem em contexto de aprendizagem. Tendo sido inicialmente desenvolvidas para a indústria de jogos digitais, foram integradas na educação mais rapidamente que o esperado (Goertz et al., 2021). Com a atual difusão da inteligência artificial (AI) e a sua utilização na criação de avatares, imagens, vídeos ou apresentações, entre outras aplicações formativas, o potencial das tecnologias imersivas utilizadas em conjunto com a AI torna-se ainda maior, podendo originar formas inovadoras de transmissão de conhecimento (Chen et al., 2020; Wang et al., 2024).

A formação é essencial para melhorar a produtividade, a qualidade e a segurança no contexto laboral. A entrada da Geração Z no mercado de trabalho e o aumento da mão-de-obra imigrante criam desafios no que se refere à formação, desafios esses que as novas tecnologias ajudam a superar. Os setores da cerâmica e da cristalaria enquadram-se neste cenário, necessitando de atualizar as suas práticas nesta área, bem como estabelecer planos de formação flexíveis que respondam em tempo útil às exigências colocadas pelas alterações tecnológicas e sociais.

Neste artigo pretende-se apresentar alguns conceitos relacionados com a formação imersiva, dar uma visão geral sobre as suas potencialidades, com particular destaque para a AR, e mostrar as suas possibilidades de utilização na indústria cerâmica e na cristalaria.

Ferramentas digitais de formação

Realidade Aumentada (AR)

A Realidade Aumentada (AR) consiste na sobreposição do mundo natural visível com uma camada de conteúdo digital, criada em tempo real e corretamente alinhada com o ambiente real, permitindo interação. Esta tecnologia integra elementos virtuais e informações

que criam a ilusão de estarem fundidos com o ambiente real, sendo visualizados através de um dispositivo de câmara (Billinghurst et al., 2015; Devagiri et al., 2022).

A popularidade das aplicações de Realidade Aumentada Móvel (MAR) tem aumentado devido aos avanços tecnológicos, à maior acessibilidade dos dispositivos e às melhorias na comunicação (Leitão et al., 2023; Carmigniani et al., 2011). Ao combinar as capacidades imersivas da AR com a conveniência e a rentabilidade das plataformas móveis, estas aplicações têm mostrado grande potencial. A MAR desempenha um papel essencial nesta transformação, especialmente em áreas como a manutenção assistida, a colaboração remota e a formação industrial, permitindo que operadores sem experiência aprendam a realizar tarefas complexas.

O principal objetivo da Indústria 4.0 é tornar a produção mais rápida, eficiente e centrada no cliente, integrando tecnologias como a Internet das Coisas (IoT), análise de dados, robótica, inteligência artificial (AI) e AR (Marino et al., 2021). Para dar resposta aos requisitos exigentes desta revolução, é necessária uma infraestrutura de rede de elevada capacidade e baixa latência, como a rede 5G. O 5G torna os dispositivos MAR mais eficientes, reduz o consumo energético e melhora a integração com a IoT, permitindo operações mais inteligentes e escaláveis (Siriwardhana et al., 2021).

No entanto, a crescente utilização da MAR exige uma maior capacidade computacional e um processamento otimizado, que ultrapassem as limitações dos dispositivos móveis (Chatzopoulos et al., 2017).

Realidade Virtual (VR)

A Realidade Virtual (VR) imerge os utilizadores num ambiente totalmente simulado, ocultando o mundo real. Graças à sua complexidade e flexibilidade, destaca-se como uma tecnologia promissora para a evocação de emoções humanas. Ao integrar estímulos visuais, auditivos, táteis e até olfativos, a VR cria experiências imersivas e interativas, em que o utilizador reage dinamicamente aos acontecimentos dos ambientes virtuais (Dozio et al., 2022).

No treino de tarefas reais, a VR supera as limitações do método tra-

dicional, reduzindo custos, tempo e riscos. Permite simular procedimentos complexos, como a operação de máquinas e cenários de emergência, de forma segura e interativa (Biao et al., 2021).

Na Indústria 4.0, a VR transforma a formação profissional, permitindo a criação de cenários virtuais em que os formandos podem seguir etapas definidas para realizar tarefas, como a montagem ou operação de máquinas, de forma interativa. Através de ferramentas de edição, é possível personalizar os cenários, adicionar regras de interação, como sons e descrições, e simular processos de forma prática e segura, proporcionando uma experiência de aprendizagem imersiva e eficiente (Carretero et al., 2021).

Realidade Mista (MR)

A Realidade Mista (MR) é uma tecnologia que integra ambientes reais e virtuais, permitindo a interação em tempo real entre objetos físicos e digitais. Ao utilizar sensores, câmaras e ecrãs avançados, a MR funde os mundos físico e virtual, proporcionando uma experiência mais envolvente e interativa (Morimoto et al., 2022).

Esta abordagem pode ser utilizada para simular cenários reais, como a operação de máquinas e processos de produção, recorrendo a modelos em escala reduzida. A MR permite simular sistemas industriais, proporcionando uma experiência prática e segura, sem os custos e riscos associados à utilização de equipamentos reais, e possibilita a visualização de dados como fluxos de energia e parâmetros de processos. Além disso, facilita a instrução em tempo real, com feedback imediato e orientações baseadas no estado atual do processo ou objeto. Ao integrar tecnologias digitais nos sistemas de produção reais, a RM proporciona uma aprendizagem mais eficaz e envolvente, mantendo a relevância prática necessária na formação de profissionais para a indústria (Garzón et al., 2019; Erten et al., 2022; Juraschek, 2018).

Serious games

O principal objetivo dos serious games vai além do entretenimento, focando-se em áreas como o treino, a educação e a simulação de cenários reais. Estes jogos têm como propósito recriar ou simular situações do mundo real, como ambientes industriais, médicos ou turísticos, preparando os participantes para esses contextos e proporcionando-lhes uma aprendizagem mais realista (Gurbuz et al., 2022).

Desenvolvidos como simulações, os serious games ajudam a melhorar capacidades ou a ensinar conceitos complexos de forma segura, incentivando o pensamento crítico, a discussão e a tomada de decisões, sendo úteis tanto no desenvolvimento profissional como na aprendizagem informal (Becker, 2021).

Aprendizagem baseada em jogos (GBL)

A aprendizagem baseada em jogos (GBL) recorre a jogos com objetivos de aprendizagem, permitindo que os participantes pratiquem

e aprendam a realizar tarefas de forma interativa, promovendo o desenvolvimento cognitivo e a autonomia. O conceito de GBL envolve um processo de aprendizagem divertido, no qual materiais de aprendizagem estruturados sob a forma de jogo estimulam o desenvolvimento de capacidades cognitivas e autonomia (Dahalan et al., 2024).

As tecnologias disruptivas estão a transformar a educação, recorrendo a mundos virtuais em ambientes de aprendizagem baseados em jogos digitais. A GBL combina a transmissão de conhecimentos com ambientes interativos de jogo, aumentando a motivação e o envolvimento dos participantes, o que se traduz em melhores resultados de aprendizagem. Ao contrário dos métodos tradicionais, que são passivos, a GBL permite uma participação ativa, promovendo a compreensão do conteúdo e tornando tópicos complexos mais acessíveis, com avaliações mais precisas em cenários realistas (Koch et al., 2021).

Ferramentas de Criação (Authoring tools)

As ferramentas de criação ajudam os autores de conteúdos (educativos ou formativos) a criar materiais, por exemplo, para utilização em AR/VR. Estas ferramentas funcionam numa camada abstrata e intuitiva que compensa a experiência em TI e 3D normalmente necessária para criar conteúdo de AR/VR.

• Unity: Plataforma para o desenvolvimento de jogos e simulações. Inclui experiências em realidade virtual (VR), aumentada (AR) e mista (MR).

• Unreal Engine: Plataforma para a criação de jogos 3D e experiências interativas avançadas em realidade estendida (XR).

• A-Frame: Framework web para criar experiências WebVR, AR e VR.

• WebXR: API para acessar dispositivos de VR e AR diretamente do navegador.

• Amazon Sumerian: Plataforma para criação e alojamento de experiências VR e AR. Permite a criação de mundos virtuais interativos, personagens e integrações com serviços AWS, sem a necessidade de codificação.

Formação com recurso a AR

A AR tem vindo a transformar a formação profissional, proporcionando experiências imersivas e interativas que melhoram a aprendizagem, a retenção de conhecimentos e a adaptação a cenários complexos. Ao eliminar a dependência de materiais físicos, é possível realizar simulações realistas, reduzir riscos e custos, melhorar a eficiência e garantir ambientes de aprendizagem mais seguros e acessíveis (Junaini et al., 2022).

Na área da segurança e saúde no trabalho (SST), a AR tem-se destacado como uma ferramenta eficaz na formação de trabalhadores, ao integrar informações digitais sobre o ambiente físico, permitindo que visualizem instruções de segurança, alertas de risco e orientações sobre o uso adequado de equipamentos. (Putri, 2022).

A AR permite interagir com máquinas e equipamentos complexos, sobrepondo dados digitais aos físicos e aumentando a precisão das operações, fornecendo assistência em tempo real (Palmarini et al., 2018). No ambiente educacional, a AR facilita a exploração de procedimentos e conceitos em cenários como visitas virtuais a espaços históricos e industriais, eliminando a necessidade de deslocações físicas (Seo et al., 2011).

Na área da educação médica, a AR tem revelado um enorme potencial ao permitir que os estudantes interajam com representações digitais 3D do corpo humano, facilitando a aprendizagem de anatomia e de procedimentos médicos. A AR facilita a prática de procedimentos cirúrgicos, com programas como o HoloLens a fornecerem informações anatómicas em tempo real, melhorando as competências dos alunos e permitindo uma aprendizagem mais prática e eficiente (Dhar et al., 2021).

A AR está a transformar diversos setores ao proporcionar um meio seguro, interativo e acessível de aprender e trabalhar, com um grande potencial para a formação profissional e educacional.

Utilização do TCA e ARTA na criação de formação para os sectores da cerâmica e da cristalaria

Num mundo onde a transformação digital e a transição energética têm impulsionado o surgimento de novas metodologias de aprendizagem e capacitação, a agenda ECP é uma proposta integradora e transversal para os setores da cerâmica e cristalaria. Disponibiliza uma Academia de Formação Digital que recorre a tecnologias imersivas, nomeadamente a realidade aumentada, para complementar os métodos didáticos intuitivos e realistas dos cursos de formação.

De acordo com o artigo “A inovação ao Serviço da Capitação e Qualificação”1, o sistema em desenvolvimento permite aos formadores criar cenários de formação, baseados em experiências imersivas, com recurso a tecnologias de AR. Este sistema é composto por duas aplicações (TCA e ARTA) que partilham conteúdo a partir de um serviço de armazenamento (TSIS). A aplicação TCA permite aos formadores criar cenários de formação, estruturando sequências de aprendizagem compostas por passos. Estes cenários podem ser guardados e armazenados no serviço TSIS, garantindo o respetivo acesso pelos formandos na aplicação ARTA. Na aplicação ARTA, os formandos podem seguir instruções, manipular objetos virtuais e interagir com modelos 3D e informações sobre objetos reais.

Desta forma, será possível criar formações que ensinem os formandos a operar as máquinas do processo, a realizar operações de acabamento manual, a efetuar verificações de qualidade e a tomar decisões, entre outras atividades. Os trabalhadores da manutenção

poderão consultar manuais interativos dos equipamentos, o que acelerará o processo de familiarização com os mesmos.

Uma empresa que pretenda instalar um novo forno num espaço da sua instalação atual (Figura 1) pode definir um conjunto de novos equipamentos a serem montados no local. Usando a aplicação TCA, procede à inserção dos novos elementos no espaço e à definição da informação a passar aos trabalhadores (Figura 2).

Após a criação da formação, os formandos poderão utilizar a aplicação ARTA, instalada num telemóvel ou tablet, para visualizar os novos equipamentos posicionados no espaço (Figura 3).

(1) Eduardo Santos e Ana Alves, A INOVAÇÃO AO SERVIÇO DA CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO - Tecnologias imersivas são aposta para a criação de Academias Digitais, publicado na presente revista.
Figura 1 - Espaço industrial onde serão incluídos os elementos virtuais
Figura 2 - Inserção dos elementos adicionais no ambiente através da aplicação TCA
Figura 3 - Visualização dos elementos adicionais inseridos no a mbiente, na aplicação ARTA

Ao aproximarem-se dos diversos elementos, reais ou virtuais, os formandos terão acesso a conteúdos de formação referentes ao equipamento, à peça em produção, à instalação, etc., conforme se pode ver na Figura 4.

Podem também ser dadas instruções para interagir com objetos, como sinalização, equipamento de proteção individual ou peças em produção. Neste último caso, podem ser dadas instruções para os pontos críticos onde é possível que apareçam defeitos, por exemplo, no acabamento ou na aplicação de uma decoração.

Assim, os operadores não só recebem formação inicial quando ocupam um novo posto de trabalho, como também podem recorrer à aplicação sempre que tenham dúvidas sobre o procedimento correto de trabalho.

Conclusões

A utilização da AR, no contexto formativo da indústria cerâmica e da cristalaria, representa uma abordagem inovadora e eficaz para a formação de profissionais, possibilitando a criação de ambientes de aprendizagem mais interativos, seguros e acessíveis.

As aplicações TCA e ARTA não só reduzem os riscos e custos operacionais, como também promovem a retenção de conhecimentos através de experiências imersivas e práticas. Permitem que formadores sem conhecimentos avançados de informática possam criar ações de formação com recurso a AR. Por outro lado, o acesso remoto a estes conteúdos formativos proporciona maior flexibilidade, adaptando-se às necessidades de uma força de trabalho cada vez mais digitalizada.

À medida que a tecnologia evolui, espera-se que a adoção da AR na formação profissional continue a crescer, promovendo uma aprendizagem contínua e eficiente. Este método inovador facilita a assimilação de conhecimentos, tornando o processo mais visual e interativo. Além disso, permite aos formandos aprender de forma mais intuitiva e prática, com acesso ao conteúdo a qualquer momento.

Referências

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Dozio, N., Marcolin, F., Scurati, G. W., et al. (2022). A design methodo-

Figura 4 - Instruções para arranque do forno (visualização ARTA )
Figura 5 - Exemplos de interação com objetos virtuais (visualiz ação ARTA)

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O UC Factory Lab e a importância da capacitação e qualificação: o novo espaço da Universidade de Coimbra

Cristina Albuquerque 1 , Nuno Mendonça 2

1 Vice–Reitora para o Ensino e Atratividade da Universidade de Coimbra; 2 Vice–Reitor para a Inovação, Relação com Empresas e Empregabilidade

No mundo atual, onde o ritmo da inovação e do desenvolvimento tecnológico é acelerado, a capacitação e a qualificação profissional tornaram-se elementos essenciais para o crescimento individual e para a competitividade no mercado de trabalho. O avanço constante das tecnologias e as novas exigências do ambiente empresarial impõem a necessidade de uma atualização contínua. Profissionais que investem na sua formação e na melhoria das suas competências destacam-se, ampliando as suas oportunidades de empregabilidade e progressão na carreira. Além disso, a capacitação permite a aquisição de novos conhecimentos complementares à base já estabelecida, tornando-os profissionais mais capazes e versáteis a desempenhar diversas funções dentro de uma organização, tornando-se cada vez mais aptos para progredirem e atingir cargos superiores com maior remuneração.

Para as empresas, contar com uma equipa altamente qualificada representa um diferencial estratégico que impulsiona a produtividade e a inovação. Funcionários capacitados são mais eficientes, tomam decisões mais assertivas e contribuem para o desenvolvimento sustentável da empresa. Além disso, a qualificação contínua reduz falhas operacionais e desperdícios, o que melhora significativamente a qualidade dos produtos e serviços oferecendo à empresa uma maior resiliência e competitividade. Organizações que investem na formação dos seus colaboradores cultivam um ambiente de trabalho mais dinâmico e colaborativo, fortalecendo a identificação com a cultura das empresas e com os seus objetivos, o que impacta diretamente nos resultados organizacionais.

A capacitação tem também um impacto social profundo, pois contribui para a redução do desemprego e para o fortalecimento da economia. Profissionais mais bem preparados tornam-se mais resilientes às constantes mudanças do mercado permitindo que encontrem melhores oportunidades, reduzindo a desigualdade de acesso ao trabalho qualificado. Além disso, indivíduos qualificados geralmente alcançam salários mais altos e melhores condições de trabalho, o que eleva a sua qualidade de vida e a de suas famílias. Este ciclo virtuoso impulsiona o desenvolvimento económico e social, criando sociedades mais equilibradas e sustentáveis.

A busca pela formação e conhecimento contínuo deve ser encarada não apenas como uma exigência do mercado, mas como um compromisso pessoal e profissional. A formação ao longo da vida representa uma oportunidade de crescimento, realização e reinvenção pessoal com um maior sucesso profissional. Seja por meio de cursos, formações especializadas ou experiências práticas, investir em capacitação significa garantir um futuro mais promissor e estar preparado para os desafios de um mundo cada vez mais dinâmico e competitivo.

O Papel do UC Factory Lab na Capacitação Profissional

A Universidade de Coimbra (UC), ao longo de seus 734 anos de história, tem sido um centro de excelência na difusão do conhecimento e na formação de gerações de profissionais e líderes. Ciente da importância da formação contínua e da necessidade de aliar a teoria académica à prática, a UC criou o UC Factory Lab, um espaço inovador que simula o ambiente de uma unidade fabril moderna, que procura uma nova visão sobre a indústria 4.0. Equipado com tecnologias de ponta, como robótica, inteligência artificial, realidade virtual e aumentada e Internet das Coisas (IoT), o UC Factory Lab tem como objetivo proporcionar experiências práticas que complementem a formação teórica dos estudantes, preparando-os para os desafios reais da indústria 4.0.

O UC Factory Lab desempenha um papel essencial na capacitação e qualificação profissional, sobretudo para aqueles que desejam estar preparados para a Indústria 4.0. Ao recriar as condições de uma fábrica inteligente e conectada, o Factory Lab permite que os participantes adquiram experiência prática e desenvolvam competências técnicas cruciais para o mercado de trabalho atual. Essa abordagem prática é indispensável para complementar o conhecimento académico, garantindo que os futuros profissionais estejam aptos a lidar com os avanços tecnológicos e os desafios empresariais contemporâneos.

Além de beneficiar os estudantes universitários, o UC Factory Lab estende sua atuação para as empresas, oferecendo um espaço ideal para a capacitação de colaboradores e a realização de testes em no-

vos processos produtivos. O laboratório proporciona um ambiente de aprendizagem contínua, permitindo que os profissionais aperfeiçoem as suas habilidades em áreas como automação industrial, controlo de processos e logística avançada. Esta iniciativa não apenas melhora o desempenho individual dos trabalhadores, mas também contribui para o aumento da produtividade e da competitividade das empresas, fortalecendo o setor industrial e impulsionando a economia.

Outro aspeto de grande relevância do UC Factory Lab é sua capacidade de fomentar a inovação e o empreendedorismo. Ao promover um ambiente colaborativo onde estudantes, investigadores e profissionais podem desenvolver soluções tecnológicas em conjunto, o laboratório estimula a criação de novas ideias e produtos. Esse ecossistema de inovação fortalece a relação entre a academia e a indústria, garantindo que a formação profissional esteja alinhada com as necessidades reais do mercado. Dessa forma, o laboratório torna-se um pólo de desenvolvimento tecnológico, promovendo avanços significativos em diversas áreas industriais e impulsionando a competitividade global.

Com a dinâmica estruturada entre investigadores, estudantes e colaboradores das empresas, proporciona-se um ecossistema que traz

as dificuldades da indústria para um ambiente efervescente de ideias que irão permitir novos caminhos para os problemas diários das empresas. Este ambiente empreendedor fomenta a troca de possibilidades dando a conhecer a cultura empresarial aos estudantes, permitindo que os mesmos possam entrar no mercado de trabalho mais preparados para os desafios diários da indústria atual, e para o pulsar das empresas.

Por fim, a importância do UC Factory Lab vai além da capacitação técnica, pois promove uma mudança cultural na aprendizagem e no desenvolvimento profissional. Ao incentivar a experimentação, a resolução de problemas e a adaptação a novas tecnologias, o UC Factory Lab contribui para a formação de profissionais mais criativos, resilientes e preparados para enfrentar os desafios do futuro. Assim, o UC Factory Lab não só forma ou capacita indivíduos, mas também exerce um papel estratégico na transformação digital das indústrias, consolidando um mercado de trabalho mais qualificado, inovador e alinhado com as solicitações da sociedade contemporânea, promovendo também um espaço de troca intensa entre a academia e o setor empresarial.

CTCV, Parceiro Tecnológico

Qualificação e Inovação ao Serviço das Empresas

Num mercado cada vez mais competitivo, a quali cação dos recursos humanos é um fator determinante para a inovação e o crescimento sustentável. O Sistema de Incentivos à Quali cação de Recursos Humanos (SIQRH) – Formação

Empresarial Individual - Clusters (COMPETE2030-2025-1) permite às empresas desenvolver competências estratégicas e operacionais, promovendo a digitalização e a sustentabilidade.

Com candidaturas abertas até 31 de março de 2025 , este incentivo apresenta um modelo simpli cado que reduz a burocracia e maximiza o impacto da formação.

O CTCV posiciona-se como seu parceiro tecnológico , acompanhando as empresas desde o diagnóstico inicial até a conceção e desenvolvimento do projeto, prestando suporte técnico antes e após a aprovação, assegurando a gestão junto aos organismos competentes.

Para mais informações: Email: academia@ctcv.pt

A importância da Aliança entre Academia e Indústria na Formação de Engenheiros do Futuro

Raquel Faria 1,2,3 , Anabela Gomes 1,2 , Nuno Ferreira 1,2,4

1 Polytechnic University of Coimbra - ISEC, Coimbra, Portugal; 2 CTCV DG/I&D - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, Coimbra, Portugal; 3 ADAI-LAETA, Dep. Mechanical Engineering, University of Coimbra, Coimbra, Portugal; 4 GECAD - Knowledge Research Group on Intelligent Engineering and Computing for Advanced Innovation and Development of the Engineering Institute of Porto (ISEP), Polytechnic Institute of Porto (IPP), Porto, Portugal

Introdução

A formação é essencial para responder aos desafios da transformação digital e da indústria, exigindo uma abordagem inovadora e colaborativa entre a academia, os centros de transferência de conhecimento e tecnologia e as empresas. Instituições de Ensino Superior, como o Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC) desempenham um papel crucial na capacitação e qualificação de futuros profissionais para enfrentar a complexidade do setor industrial.

Num contexto em que a Automação, a Robótica, a Realidade Virtual (RV) e a Realidade Aumentada (RA) redefinem processos e modelos de produção, a aliança entre a academia e a indústria é uma estratégia essencial para um progresso sustentável. O ISEC, reconhecido pela sua forte ligação ao tecido empresarial, integra, nos seus programas curriculares, abordagens práticas e projetos em parceria com empresas, promovendo uma aprendizagem que alia teoria e aplicação real.

A formação em cenários industriais reais através de estágios, projetos de investigação aplicada e laboratórios equipados com tecnologia de ponta, permite que os estudantes desenvolvam competências práticas essenciais, desde a programação de robôs colaborativos (cobots) até à utilização de ferramentas de RA para manutenção e inspeção. A colaboração com a indústria proporciona também contacto com casos reais de inovação, desafios tecnológicos e implementação de sistemas avançados.

Assim, tecnologias como a Automação e a Robótica, são integradas como temas transversais nos cursos do ISEC. Projetos conjuntos entre estudantes, empresas e centros de transferência de conhecimento, não apenas enriquecem o processo formativo, mas também contribuem para soluções reais que impactam positivamente o setor produtivo.

Face ao ritmo acelerado com que a tecnologia avança, a formação contínua é indispensável. O ISEC oferece programas de especialização que permitem aos profissionais estarem atualizados, garantindo

a sua relevância no mercado de trabalho e a sua capacidade de enfrentar novos desafios. Competências em áreas como inteligência artificial, análise de dados, sistemas ciberfísicos e sustentabilidade são integradas no percurso formativo, preparando os estudantes para atuar em ambientes industriais complexos e interligados.

Capacitação e Qualificação

A relação entre academia e a indústria é, acima de tudo, uma interação bidirecional. A indústria traz à academia desafios reais e práticos, e as instituições de ensino retribuem com soluções baseadas em investigação aplicada e formação de profissionais.

Neste contexto, podemos destacar o papel de tecnologias como RV e RA devido ao seu potencial estratégico para enriquecer o ensino e impulsionar projetos. Exemplos práticos de transferência de tecnologia podem incluir:

• Prototipagem Imersiva e Desenvolvimento de Produtos: onde os estudantes e os investigadores criam protótipos digitais ou físicos para resolver problemas industriais, reduzindo assim custos e tempo de desenvolvimento;

• Otimização de Processos: onde a existência de projetos colaborativos entre empresas, a academia e centros de transferência de conhecimento permitem melhorar a eficiência operacional, aplicando novas metodologias, tecnologias emergentes e soluções inovadoras;

• Simulação e Treino: onde a utilização direcionada de ambientes virtuais e aumentados permitem a integração de novos trabalhadores nos processos de fabrico através de treino e simulação de operações complexas em ambientes controlados, sem impacto nas linhas de produção e com riscos reduzidos;

• Diagnóstico e Monitorização: onde a identificação de pontos críticos e falhas em tempo real através destas ferramentas tecnológicas, permitem o diagnóstico e a monitorização dos processos, propondo soluções com base nos dados adquiridos.

Para o ensino, a integração de tecnologias emergentes visa formar profissionais com competências que vão além das competências técnicas tradicionais, posicionando-os como ativos valiosos no mercado de trabalho. Entre elas, destacam-se:

• Resolução de problemas: capacidade para analisar e solucionar desafios complexos em cenários virtuais;

• Colaboração interdisciplinar: trabalho em equipa com profissionais de diferentes áreas;

• Adaptabilidade: capacidade de lidar com tecnologias em constante evolução;

• Pensamento crítico: capacidade para avaliar informações de forma objetiva e tomar decisões informadas;

• Competências digitais: proficiência no uso de ferramentas e plataformas digitais, como inteligência artificial, RV e RA;

• Inovação e criatividade: capacidade de desenvolver soluções inovadoras e criativas para problemas existentes;

• Comunicação eficaz: capacidade de comunicar ideias de forma clara e persuasiva, tanto verbalmente quanto por escrito;

• Gestão de projetos: competência para planear, executar e monitorizar projetos utilizando metodologias ágeis e outras abordagens modernas.

Para atender às expectativas do mercado, o ISEC tem reformulado as suas metodologias pedagógicas. Para tal, conta com a colaboração do Gabinete de Valorização Profissional e Inovação Pedagógica (GAVIP) do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC).

Sabendo que no Ensino Superior a docência implica conhecimentos e competências inerentes aos processos de ensino-aprendizagem que estão para além dos conhecimentos disciplinares, este gabinete tem-se dedicado à formação pedagógica dos docentes através da lecionação de workshops com as mais avançadas metodologias de ensino ativas. Pode-se citar o exemplo do PBL (Project Based Learning), um modelo que oferece aos estudantes a oportunidade de colaborar em projetos interdisciplinares que simulam cenários concretos do mercado, permitindo aos estudantes vivenciarem experiências reais antes mesmo de concluírem a sua formação.

Caso prático

Um exemplo prático da colaboração entre a academia e a indústria cerâmica é o desenvolvimento, por estudantes, de garras (grippers) para uso em braços robóticos na manipulação de objetos cerâmicos. Com o objetivo de aumentar a área de contacto entre a garra e o objeto cerâmico, em comparação com as garras convencionais, foram projetados e impressos dois apoios, utilizando prototipagem rápida (Figura 1). Essa abordagem permitiu testar e validar o conceito de forma eficiente, com tempos e custos reduzidos.

Além disso, para avaliar a manipulação de objetos cerâmicos em tarefas que exigem maior precisão e força de aperto, como o polimento, foi desenvolvida e testada uma garra com três dedos (Figura 2).

Benefícios da Colaboração entre Academia e Indústria

Para a indústria, a colaboração com instituições como o ISEC é uma oportunidade de captar talentos, testar soluções inovadoras e co-criar avanços tecnológicos. Por outro lado, a academia beneficia de insights sobre as necessidades do mercado, garantindo que os seus currículos se mantêm atualizados e relevantes. Além disso, esta relação fortalece a capacidade de inovação das empresas, que podem contar com o apoio de jovens engenheiros bem preparados e com acesso a conhecimento científico de ponta.

No setor da indústria, as inovações têm um impacto direto na produtividade, exemplo de tecnologias como a RA podem ser muito úteis para diversas aplicações, incluindo a manutenção, a identificação de equipamentos, a inspeção, a conceção de produtos, a visualização de dados em tempo real, a formação, o controlo de qualidade, a assistência remota e a segurança. Este tipo de tecnologia permite aos profissionais a execução de tarefas mais complexas, fornecendo instruções holográficas passo a passo do procedimento, reduzindo possíveis erros nas tarefas realizadas e contribuindo assim para a otimização dos processos.

Figura 1 - Comparação entre garra convencional de 2 apoios e protótipo de testes

A integração de sistemas automatizados e robôs industriais contribui significativamente para a segurança no ambiente industrial. Sensores avançados e algoritmos de inteligência artificial permitem identificar riscos em tempo real, como movimentos perigosos de máquinas, anomalias nos sistemas ou falhas operacionais, permitindo intervenções rápidas. Robôs colaborativos (cobots), que trabalham lado a lado com os trabalhadores, também ajudam a reduzir esforços físicos intensos e a minimizar a exposição a condições perigosas. O investimento em automação e robótica não só melhora a produtividade como também promove um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente.

Outro aspeto a salientar é a formação contínua dos trabalhadores, crucial para aumentar a produtividade e prevenir acidentes. A existência de treinos específicos para operar equipamentos automatizados e robôs ajudam os trabalhadores a adaptar-se às novas tecnologias, aumentando a sua confiança e eficiência. Além disso, a formação em resposta a emergências, aliada à utilização de sistemas automatizados de alerta, é vital para preparar equipas a lidar com situações críticas, reduzindo os impactos de potenciais incidentes, minimizando ferimentos e danos. A investigação de incidentes e a implementação de medidas preventivas são essenciais para evitar a recorrência de problemas no futuro.

Engenheiros do Futuro: Preparados para Liderar a Transformação

Num mundo em constante transformação, a sinergia entre academia

e indústria é essencial para garantir a relevância dos cursos de engenharia e a formação de profissionais preparados para os desafios do futuro. Ao investir na capacitação prática, parcerias estratégicas e foco em competências emergentes, o ISEC reafirma o seu compromisso em formar engenheiros que não apenas atendem às necessidades atuais da indústria, mas também lideram a inovação e a transformação nos setores em que atuam.

A integração de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, a robótica, a RV e a RA, permite que os estudantes adquiram uma compreensão profunda das ferramentas que moldarão o futuro. Além disso, a ênfase em competências interpessoais, como a comunicação eficaz, o pensamento crítico e a colaboração interdisciplinar asseguram que estes profissionais possam trabalhar de forma eficiente em ambientes diversos e dinâmicos.

O ISEC também promove a sustentabilidade e a responsabilidade social, incentivando os futuros engenheiros a desenvolverem soluções que não só impulsionem o progresso tecnológico, mas também respeitem o meio ambiente e contribuam para o bem-estar da sociedade. Através de estágios e projetos de investigação aplicada, os estudantes têm a oportunidade de aplicar os seus conhecimentos em contextos reais, preparando-se para enfrentar e resolver problemas complexos de maneira inovadora e ética.

Em suma, o ISEC está comprometido em formar engenheiros do futuro que são não só tecnicamente competentes, mas também capazes de liderar a transformação e a inovação num mundo em constante mudança.

Figura 2 - Garra de três dedos para tarefas de manipulação e po limento de objetos cerâmicos

Atrair Talento, Motivar Equipas, Alcançar Excelência: a Fórmula de Sucesso da Costa Verde

1. Quais foram os principais fatores que levaram a Costa Verde a implementar o Programa de Liderança e Motivação (PLM), desenvolvido pela Seal Human Company?

A Costa Verde iniciou, em 2022, uma reestruturação dos seus departamentos e secções, tendo sido selecionados, maioritariamente, colaboradores internos para liderar os mesmos. Começámos com o processo de encorajamento destes novos líderes, solicitando-lhes que abraçassem a mudança, que se focassem em resultados, que liderassem com níveis de stress e incerteza elevados, que se motivassem e que motivassem as suas equipas e que, principalmente, comunicassem mais e melhor.

Sabemos que, para que tal seja possível, é fundamental manter um

bom equilíbrio profissional e pessoal, que permita relações de trabalho facilitadoras e mais humanas. Foi com base nesta perspetiva de melhoria das relações humanas e na forma como lidamos connosco e com os outros que enquadrámos, no início de 2023, a implementação do Programa de Liderança e Motivação da SEAL Human Company.

2. O PLM abrange diversos níveis de liderança organizacional. Na sua opinião, quais os principais desafios que enfrentam, atualmente, os gestores das empresas?

Estamos a viver uma conjuntura económica global de evolução imprevisível, influenciada por grandes desafios económicos e geopolíticos, tais como as alterações climáticas e as fortes tensões comerciais

entre as grandes potências. É neste cenário instável que ganha cada vez mais força o tema da sustentabilidade, tornando-se um pilar central na estratégia empresarial, tendo como base a integração e alinhamento dos objetivos de ESG, com os objetivos estratégicos da empresa.

Entram na equação as fortes transformações digitais que estão e serão implementadas nos próximos anos, das quais a IA terá um papel determinante. A atração, gestão e retenção de talento e capital humano é e será um dos grandes desafios que teremos no futuro próximo, as plataformas digitais e a mudança de mentalidades trouxeram para o mercado de trabalho um novo significado à palavra rotatividade e ao que a mesma acarreta. Os fluxos migratórios, que dão uma solução à escassez de mão-de-obra, levantam questões de adaptação à multiculturalidade, dentro das empresas. Nesta equação entra, agora mais que nunca, a humanização das mesmas, como um desafio crucial para o alcançar de produtividade e competitividade mais elevadas.

3. Uma parte do programa aplica a metodologia DISC. Que benefícios específicos a Costa Verde espera alcançar com a aplicação desta metodologia de análise comportamental?

Antes de iniciarmos a formação PLM, falámos com os vários chefes de secção e perguntámos o que é que, no final do dia, lhes pesava mais, se os problemas produtivos ou os problemas com as pessoas. As respostas foram unânimes, o maior desgaste vem do relacionamento com colaboradores, chefias da mesma linha ou superiores hierárquicos.

A metodologia DISC permite que cada diretor, responsável de departamento e chefe de secção da Costa Verde, conheça o seu perfil e que conheça ou consiga identificar o perfil da pessoa com quem interage, ajustando o seu comportamento para que a comunicação seja mais fácil, assertiva e eficiente. Ganhamos assim maior alinhamento e foco naquilo a que verdadeiramente nos dedicamos, ou seja, a produção e venda de produtos de porcelana de elevada qualidade.

4. A Costa verde é um exemplo de multiculturalidade. Enquanto Administrador, quais são os principais desafios na gestão das pessoas e do talento?

A Costa Verde ainda é e continuará a ser, por vários anos, uma empresa de mão-de-obra intensiva. Contamos com mais de 350 trabalhadores, sendo este capital humano a nossa grande base. Neste momento, no nosso universo, coexistem 10 nacionalidades, tendo os estrangeiros um peso de 20%. Esta multiculturalidade traz uma resposta à escassez de mão-de-obra interna, principalmente para o chão de fábrica, mas acarreta desafios de adaptação enormes em variados níveis, que vão desde a língua aos hábitos alimentares e sociais e respetivas crenças religiosas.

A gestão de expectativas e evolução na carreira são aspetos fundamentais, nos dias que correm, métodos eficazes de avaliação de de-

sempenho, alavancados em modelos de premiação são ferramentas fundamentais na gestão de pessoas e na retenção de talento. A comunicação tem aqui um papel preponderante, pois sem a harmonização desta base, na procura de objetivos comuns, nunca poderá haver crescimento sustentável.

5. Qual o impacto esperado pela Costa Verde, com a implementação do PLM? Como planeiam integrar os conhecimentos adquiridos na vossa cultura organizacional e no trabalho diário?

Desde 2007 que na Costa Verde trabalhamos num ambiente Kaizen, que vai desde o processo produtivo à área comercial. Diariamente, fazemos pequenas reuniões de equipa nos vários departamentos e secções, para acompanhamento de objetivos e oportunidades de melhoria. Aqui já se começam a notar dinâmicas de comunicação mais eficientes, através de uma liderança mais assertiva e mais atenta às pessoas, traduzindo-se num espírito de equipa mais forte e num maior foco nos nossos objetivos.

As sessões de feedback aos nossos colaboradores, em contexto de avaliação de desempenho, são momentos únicos de crescimento pessoal e, por consequência de crescimento coletivo, aproveitámos a formação PLM para, de uma forma prática, preparar melhor as nossas chefias para estes importantes momentos. A vertente humana e a sua respetiva valorização, coloca-se tanto a nível interno, isto é, na gestão das pessoas e do talento como no reforçar e fortalecer das relações com os clientes, fornecedores, acionistas, bancos e sociedade em geral.

Entrevista originalmente publicada no website da Seal Group.

A importância da Capacitação e da Requalificação: Impulsionando o Futuro com o PRO_MOV e a NCN - New Career Network

A transição verde e digital está a transformar o mundo do trabalho, trazendo desafios e oportunidades sem precedentes para empresas e trabalhadores. Estamos a assistir a uma disrupção do mundo do trabalho e devemos unir esforços para garantir que ninguém fica para trás, exigindo um esforço significativo de capacitação para evitar escassez de talento em áreas estratégicas.

A requalificação profissional é, por isso, essencial para garantir uma economia competitiva, inclusiva e sustentável e para assegurar que a sociedade estará preparada para enfrentar os desafios do futuro.

Programas como o PRO_MOV e a NCN – New Career Network, integrados na iniciativa europeia Reskilling 4 Employment (R4E), surgiram com o objetivo de requalificar profissionais para áreas emergentes, colmatar lacunas de competências e alinhar a força de trabalho às necessidades do mercado, posicionando a requalificação profissional no centro das estratégias empresariais.

Reskilling 4 Employment: Resposta europeia aos desafios do mercado de trabalho

Criada em 2021 pela European Round Table for Industry (ERT), a iniciativa R4E reconhece a necessidade urgente de recapacitar a força de trabalho. Existe um gap entre as competências disponíveis no mercado de trabalho e as que as empresas precisam. Programas de requalificação focados nesta necessidade garantem que aqueles que estão numa posição mais frágil conseguem entrar na vida ativa para ocupações de futuro. O objetivo é apoiar os trabalhadores no processo de requalificação para profissões mais necessárias, melhorando a vida das pessoas, reforçando a coesão social e promovendo a competitividade.

A R4E e as suas iniciativas vão muito além de oferecer formação. Procuram criar soluções que combinam impacto social e crescimento económico, preparando trabalhadores para o futuro e fortalecendo a competitividade das empresas da Europa.

Ao facilitar a transição de trabalhadores para setores estratégicos, o R4E contribui para a redução do desemprego e das desigualdades, criando oportunidades para uma participação mais inclusiva no mercado de trabalho. Com profissionais mais capacitados, a produtividade aumenta, impulsionando o crescimento económico a longo prazo.

Preparar hoje o talento de amanhã: O papel do PRO_MOV para as empresas

No âmbito do R4E, o PRO_MOV representa a primeira iniciativa portuguesa focada na requalificação da força de trabalho. Foi lançado em 2021, e é impulsionado pela Sonae em parceria com a Nestlé e a SAP e o setor público, através do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Com o apoio da Associação Business Roundtable Portugal e da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, o PRO_MOV tornou-se um ecossistema colaborativo que atua em áreas como Agricultura, Automóvel, Business Intelligence, Digital, Green Jobs, Indústria, Saúde e Vendas.

Em apenas três anos, o programa impactou diretamente mais de 1300 pessoas, através de 16 cursos ministrados em 73 turmas. Atual-

mente, mais de 150 empresas já estão envolvidas no PRO_MOV, reforçando a sua relevância e alcance no mercado. Para o próximo ano, está prevista a expansão do programa com a abertura de três novos laboratórios dedicados aos setores da Construção, Logística e Turismo, refletindo o compromisso do PRO_MOV em atender às necessidades emergentes do mercado. O programa está aberto a todas as empresas, respondendo às necessidades específicas de diversos setores e promovendo formação alinhada às exigências do mercado.

Através do PRO_MOV, dependendo do nível de parceria, as empresas podem:

• Participar na definição de novos cursos e no desenho dos seus percursos formativos: As empresas têm um papel ativo na criação e adaptação de cursos, garantindo que os conteúdos formativos estão alinhados com as suas necessidades e desafios do setor. Através desta colaboração, os programas de requalificação são ajustados à procura real do mercado, aumentando a eficácia da formação e a empregabilidade dos participantes.

• Receber formandos em Formação em Contexto de Trabalho (FCT): O PRO_MOV permite que as empresas acolham formandos durante a sua requalificação, proporcionando-lhes experiência prática num ambiente real de trabalho. Esta interação não só facilita a integração dos profissionais no setor, como também permite às empresas identificar e desenvolver talento de forma estruturada, reduzindo os custos e o tempo de recrutamento.

Os programas de requalificação não são apenas uma resposta aos desafios do mercado, são também uma oportunidade para as empresas fortalecerem as suas estratégias de crescimento. Ao integrar o PRO_MOV, as empresas não só garantem acesso a talento qualificado, como também criam um ambiente propício ao desenvolvimento contínuo de competências dentro das suas equipas. O programa permite que as organizações antecipem mudanças no mercado, ajustem as suas necessidades de recrutamento de forma estratégica e implementem modelos de formação mais flexíveis e eficazes.

Com o PRO_MOV, as empresas beneficiam de um acesso privilegiado a talento qualificado, cujas competências são específicas e diretamente aplicáveis ao setor, garantindo um alinhamento eficaz com as exigências do mercado. Paralelamente, a aposta na formação em áreas emergentes impulsiona a inovação, permitindo que as empresas assumam um papel de liderança em mercados dinâmicos e se adaptem com sucesso às novas exigências do setor.

New Career Network (NCN): Uma solução digital em grande escala para a Requalificação

Com o objetivo de trazer confiança ao ecossistema da requalificação – ajudando os candidatos a encontrarem os melhores cursos e as empresas a acederem ao melhor talento –, o programa Reskilling 4 Employment lançou a NCN, uma plataforma impulsionada por Inte-

ligência Artificial, criada para tornar a requalificação de talento em larga escala uma realidade em Portugal e em toda a Europa. Este ecossistema digital conecta candidatos motivados e interessados em formação de excelência a empregadores que procuram preencher as suas lacunas de talento de forma eficaz.

Entre os principais benefícios da plataforma destacam-se:

• Acesso a talento requalificado e atualizado: A NCN oferece uma base diversificada de candidatos, com competências alinhadas às exigências do mercado atual, garantindo que as empresas têm acesso a talento adaptado ao futuro.

• Oferta formativa de alta qualidade: A NCN assegura a qualidade dos percursos de requalificação através de um rigoroso processo de seleção dos cursos de formação. Apenas cursos validados pelo mercado, que demonstrem elevadas taxas de empregabilidade, são integrados na NCN.

• Oferta em áreas com elevada procura: A NCN oferece uma seleção diversa de cursos respondendo às necessidades de várias áreas e setores, incluindo Business Intelligence, Comunicação, Marketing, Digital, Turismo, Cibersegurança, Programação, Automação, Robótica, Indústria, Green Jobs, Saúde e Agricultura.

• Eficiência de recrutamento via Inteligência Artificial: A tecnologia da NCN simplifica o processo de recrutamento, tirando partido da inteligência artificial, que analisa todos os candidatos e os ordena com base na adequação do perfil face às competências necessárias em cada oportunidade de emprego.

• Impacto Positivo e Sustentável: Fazer parte da NCN é integrar uma rede com impacto positivo, promovendo a empregabilidade e fortalecendo a competitividade europeia.

• Colaboração Pan-Europeia: Já presente em Portugal e Espanha, a NCN tem por objetivo a expansão pelos restantes países europeus.

O Futuro da Requalificação e o Papel do PRO_MOV e da NCN

Com o mercado de trabalho em constante evolução, iniciativas como o PRO_MOV e a NCN representam uma resposta estruturada e eficaz aos desafios da requalificação. Mais do que capacitar profissionais, esses programas reforçam a competitividade das empresas e promovem o desenvolvimento económico.

Num mundo onde a transformação digital e ambiental é inevitável, a capacidade de adaptação torna-se o maior ativo. A colaboração entre o setor público e o setor privado será essencial para escalar estas iniciativas e assegurar que a Europa mantém a sua competitividade global. Apostar na requalificação hoje significa construir um mercado de trabalho mais justo, inclusivo e preparado para os desafios do futuro.

A requalificação não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente para garantir um futuro mais próspero para trabalhadores e empresas. Participar nestas iniciativas não é apenas uma escolha estratégica; é uma contribuição essencial para um mundo melhor.

A oferta formativa no DEMaC-Universidade de Aveiro no âmbito da indústria cerâmica

Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal

O setor da Indústria Cerâmica em Portugal conta com cerca de 180 empresas (PMEs e não PMEs, com mais de 10 trabalhadores), que empregam cerca de 18.000 trabalhadores. As empresas continuam a contratar, mas verifica-se uma significativa escassez de mão-de-obra qualificada com formação especifica na área. Frequentemente as empresas recorrem à contratação de profissionais com formação de base em áreas do conhecimento distintas da Tecnologia Cerâmica, como a Engenharia Química, Mecânica, entre outras. Embora a integração destes novos profissionais nas empresas exija um conhecimento aprofundado dos seus processos produtivos e produtos, os materiais e os processos cerâmicos têm características únicas e uma elevada especificidade. Por isso, é imprescindível que esses profissionais recebam uma formação adequada, que abranja todas as fases do ciclo de produção dos produtos cerâmicos, garantindo assim um desempenho eficiente e de elevada qualidade. O Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC) da Universidade de Aveiro (UA) contribui atualmente para este desígnio com 2 ofertas de formação: o Curso de Especialização em Tecnologia Cerâmica e a Microcredencial em Técnicas de Caracterização Avançada de Materiais.

O Curso de Especialização em Tecnologia Cerâmica

O DEMaC disponibiliza atualmente os 3 níveis de ensino em Engenharia de Materiais: licenciatura, mestrado e doutoramento. Alguns anos após o fecho da licenciatura em Engenharia Cerâmica e do Vidro, em 1990, substituído por uma formação mais abrangente em todas as classes de materiais, o DEMaC começou a ser contactado por responsáveis da Indústria Cerâmica e, em particular, pelo Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV), para se repensar a oferta de uma capacitação mais específica nesta temática.

Foi nessa sequência que em abril de 2018 foi assinado um Protocolo entre a UA-DEMaC e o CTCV visando a “cooperação envolvendo percursos formativos de estudantes da UA” que logo se consubstanciou na criação conjunta do “Curso de Tecnologia Cerâmica”, com uma primeira edição em 2020 sob a coordenação do CTCV. Esta oferta foi em 2022 transformada no “Curso de Especialização em Tecnologia Cerâmica” da UA-DEMaC, uma iniciativa integrada na “Aveiro Education

and Social Alliance” da UA, enquadrada na medida “Incentivo Adultos” do Programa de Recuperação e Resiliência de Portugal. O Curso de Especialização (CE) em “Tecnologia Cerâmica” está atualmente na sua 3ª edição (6ª edição se somada às do modelo inicial), sendo o objetivo e conteúdos em seguida detalhados. No total das 6 edições, já frequentaram este curso aproximadamente 120 alunos. O Curso de Especialização (CE) em Tecnologia Cerâmica consiste num total de 120 horas de contacto, distribuídas entre aulas presenciais, realizadas às sextas-feiras à tarde, e sessões online, ministradas aos sábados de manhã. O corpo docente é constituído por professores nacionais e estrangeiros, provenientes do meio académico e da indústria.

O CE em Tecnologia Cerâmica engloba duas Unidades Curriculares (UC) que integram vários módulos abordando todo o processo de fabrico dos produtos cerâmicos, bem como as tendências tecnológicas associadas aos produtos e processos:

UC 1 - Tecnologia dos Materiais Cerâmicos (60 horas de contacto, 6 ECTS)

M1 – Módulo 1: Matérias-primas e formulação de pastas

• Matérias-primas naturais e sintéticas.

• Formulação da composição e função dos constituintes.

• Cálculos de cargas.

M2 – Módulo 2: Conformação de produtos cerâmicos

• Moagem: sistemas de moagem, teoria da moagem (moinho de bolas), caracterização do produto moído.

• Atomização: sistemas e parâmetros.

• Prensagem: sistemas, etapas do ciclo de prensagem, caracterização dos pós para prensagem e do material prensado.

• Extrusão: teoria da extrusão, equipamentos, defeitos.

• Moldagem e contramoldagem: sistemas de moldagem e contramoldagem, defeitos.

• Moldagem por injeção: sistemas, formulação dos sistemas e defeitos.

• Enchimento: reologia e estabilidade das suspensões, sistemas de enchimento e etapas do ciclo de conformação, moldes e defeitos.

M3 – Módulo 3: Tratamentos térmicos

• Secagem: mecanismos, ciclos, tipos e curvas de secagem.

• Cozedura: etapas de cozedura, curvas de cozedura, fornos, técnicas alternativas.

UC 2 - Qualidade e Inovação nos Produtos Cerâmicos (60 horas de contacto, 6 ECTS)

M1 - Módulo 1: Vidrados e decoração

• Vidrados - formulações comuns e características fundamentais; acordo dilatométrico com o substrato – acordo pasta/vidrado.

• Decoração - técnicas comuns e novos desenvolvimentos.

M2 - Módulo 2: Controlo de qualidade e produto

• Controlo de processo e produto em curso de fabrico.

• Produto não conforme (defeitos e técnicas de caracterização).

• Propriedades e caracterização (características normativas e ensaios de avaliação).

M3 - Módulo 3: Inovação e novas tendências

• Novos materiais e funcionalidades.

• Economia circular aplicada ao setor cerâmico.

• Design industrial, eco-design.

• Robótica Industrial.

• Novas tecnologias de fabrico (manufatura aditiva).

• Digitalização.

M4 - Módulo 4: Processos cerâmicos por subsetor

• Características específicas de cada setor (pavimento e revestimento; louça decorativa e utilitária; louça sanitária e telha/tijolo).

A aprovação no curso de Especialização em Tecnologia Cerâmica é certificada mediante a emissão pela Universidade de Aveiro de um Certificado de Aproveitamento e a creditação de 12 ECTS.

Para mais informação, poderá consultar https://www.ua.pt/pt/curso/1557

A Microcredencial em Técnicas de Caracterização Avançada de Materiais

Outra nova oferta formativa ao longo da vida disponibilizada pelo

DEMaC no âmbito do programa PRR-Incentivo Adultos é a Microcredencial em Técnicas de Caracterização Avançada de Materiais. Esta oferta, criada em parceria com o Departamento de Química da Universidade de Aveiro, tem como principal objetivo a atualização e o aprofundamento das competências relacionadas com técnicas de caracterização microestrutural, estrutural e química de materiais, de profissionais que trabalham em empresas que produzem, transformam e utilizam materiais metálicos, cerâmicos, poliméricos ou compósitos.

Tendo um total de 25 horas de contacto e funcionando em horário pós-laboral, nesta microcredencial são abordadas diversas técnicas de caracterização de materiais. Em cada edição, em função dos perfis dos alunos, são selecionadas cinco técnicas de um conjunto que inclui microscopia eletrónica, difração de raios X, análises térmicas, espetroscopias de infravermelho, Raman, de plasma de acoplamento indutivo e de ressonância magnética nuclear, fluorescência de raios X, perfilometria ótica e técnicas cromatográficas.

Tendo sido já realizadas 3 edições, todas com bastante adesão e com uma avaliação muito positiva por parte dos formandos, será em breve aberta uma nova edição desta formação. Podem candidatar-se os detentores de grau de licenciado ou de um curriculum escolar, científico ou profissional que demonstre uma preparação adequada para a frequência do curso. Durante a formalização da candidatura, os interessados podem também candidatar-se a uma bolsa que corresponde a 50% valor da propina. No caso de candidatos com ligação contratual a organizações com as quais a UA tenha parceria no âmbito deste programa de formação, a bolsa corresponderá a 100% valor da propina. A aprovação na microcredencial permitirá será certificado mediante a emissão pela Universidade de Aveiro de um Certificado de Aproveitamento e a creditação de 3 ECTS.

Para mais informação, poderá consultar https://www.ua.pt/pt/curso/1564

A Transformação “Inteligente” da Indústria

Desde o início do ano que se têm sucedido as notícias sobre as vantagens conquistadas por este ou aquele pais, este ou aquele setor, a partir das aplicações da “inteligência artificial” (IA), destacando-se a sua cada vez maior influência para o aumento da eficácia e da rentabilidade dos processos organizacionais em geral e nos produtivos em particular. Contudo, a imagem futurista da “fábrica do futuro” constituída apenas por máquinas, um engenheiro e um cão, ainda vem muito longe.

O impacto destas tecnologias é por demais evidente, por exemplo na gestão da produção em contexto fabril, onde de forma generalizada se iniciou pela introdução de sistemas de gestão e acompanhamento das matérias-primas, operações e produtos, aumentando e garantindo o controlo e rastreabilidade da produção. A capacidade de “ligação” das máquinas e dos processos físicos a sistemas informáticos (IOT), marcou uma 2ª fase em que se conquistou a capacidade de controlo e gestão remota integrada dos processos produtivos, culminando nos processos de mudança atual estando em causa a introdução de sistemas “inteligentes” de gestão das operações, onde a necessidade de integração e processamento de níveis muito elevados de informação é colmatada por sistemas de IA, para o incremento da capacidade, rapidez e qualidade da “decisão”, com o consequente aumento da eficiência e eficácia dos processos.

Quando focado na indústria transformadora, este movimento transformativo, para além dos desafios e necessidades de investimento tecnológico que representam, tem associados elevados níveis de impacto para os recursos humanos. Constituindo-se como um dos pilares de reconhecida importância para as organizações, podemos, de forma generalizada para os setores de produção das indústrias transformadoras, identificar 3 dimensões impactantes ao nível dos RH, nomeadamente:

• A gestão e integração do conhecimento acumulado. Sendo uma componente fundamental e diferenciadora nas organizações, o conhecimento técnico sobre os processos produtivos específicos continua a ser altamente relevante, acrescida a sua importância nesta fase de mudança, onde o “como” e “quando” se altera, muitas vezes radicalmente, mas os “quês” e os “porquês” se mantêm. Numa indústria cerâmica por exemplo, os profissionais de referência, sem grandes ou nenhuns conhecimentos sobre estes desenvolvimentos tecnológicos, mas com conhecimentos profundos acumulados sobre matérias-primas ou procedimentos operacionais, por exemplo, detêm um co-

nhecimento que tem de ser necessariamente integrado nestas “novas” formas de produção. A perda deste conhecimento, seja por opção seja por envelhecimento e reforma destes recursos, tem custos enormes para a capacidade de adaptação e mudança atuais e para os resultados futuros da organização;

• A disponibilidade e recetividade para a mudança. Não sendo uma dimensão muitas vezes acautelada pela gestão, a disponibilidade para a mudança e a recetividade para lidar com novos processos, operações e tecnologias dos ativos operacionais, mais ou menos diferenciados, é fundamental para o sucesso da implementação destas formas mais ou menos radicais de alteração da produção. O alinhamento de todos para a inovação tecnológica, para a sustentabilidade ambiental e energética, entre outros, carece de investimento na capacitação e/ou requalificação de quadros específicos, mas para além disso carece de intervenção generalizada para o alinhamento e recetividade de toda a organização. Não está em causa a aquisição de competências específicas altamente especializadas por todos, mas sim a criação de condições para potenciar o sucesso das transformações que se pretendem implementar;

• A capacidade de integração tecnológica. Sendo indiscutível a necessidade de possuírem um corpo de conhecimentos científicos e tecnológicos robustos, continuando a ser fundamental o conhecimento profundo sobre os processos produtivos, ao nível técnico são colocados desafios acrescidos. O conhecimento, mais ou menos especializado, sobre o potencial destas novas tecnologias e sua aplicação é por demais relevante para as organizações serem capazes, com sucesso, de inovarem, se adaptarem e de evoluírem neste contexto atual. A especificidade dos processos produtivos implica e condiciona o “que” pode ser alterado, “como” e “quando” pode ser implementado, “para” o que se poderá implementar. A capacidade técnica e o conhecimento sobre as operações é fundamental para a implementação da mudança, mas a ponte tecnológica depende dos conhecimentos complementares sobre estas tecnologias por parte dos técnicos das organizações.

Não sendo uma temática nova para as organizações, a conservação e a transferência de conhecimento, ganha hoje em dia uma relevância acrescida, não só pela perda iminente que muitas das organizações enfrentam pela previsível reforma dos seus quadros especializados, mas também pela necessidade desse conhecimento ser integrado nos sistemas tecnológicos de decisão, por exemplo.

Comumente podem ser identificadas duas formas de mitigação deste problema: a) o investimento em processos formativos orientados para a capacitação tecnológica destes recursos, habilitando-os à participação e contributo no âmbito da implementação de novas formas de organização e novos procedimentos produtivos; b) a implementação de programas de integração de novos quadros técnicos, orientados fundamentalmente para o acompanhamento e aquisição destes conhecimentos, capacitando-os para num 2º momento serem estes a gerir e implementar os processos de transformação, mantendo como base os conhecimentos e competências diferenciadoras para a organização.

No que se refere à mobilização dos quadros operacionais, existem já imensos exemplos de sucesso, em componentes tecnológicas, ambientais, energéticas, comportamentais, etc., onde a implementação mais ou menos massiva de ações de capacitação têm tido efeitos surpreendentes. Não está em causa a aquisição profunda de competências especificas, conhecimentos profundos sobre sustentabilidade ambiental e/ou de alternativas energéticas em processos de descarbonização, por exemplo, mas sim a sensibilização e o alinhamento de todos os operacionais para os necessários processos de mudança que a organização enfrenta, as suas causas, o seu enquadramento e, principalmente, o seu papel na organização e no que se pretende que esta venha a ser.

O problema dos quadros técnicos e da gestão operacional da produção reveste-se neste quadro de novos contornos. Por um lado, a necessidade de, para além de uma robusta formação científica e tecnológica, serem claramente necessários investimentos ao nível da capacitação dos mesmos, tendo em vista duas dimensões distintas:

• Ações orientadas para o conhecimento específico das novas tecnologias associadas a processos tecnológicos que se pretendem implementar, capacitando para a sua operacionalização;

• Ações orientadas para o conhecimento transversal das potenciais tecnologias em desenvolvimento, capacitando para, conjugando-se com o conhecimento sobre os processos produtivos instalados, potenciar o desenvolvimento de soluções específicas, orientadas para o incremento da eficiência e eficácia ou até de inovação radical.

Para além desta dimensão de capacitação tecnológica, em face dos outros problemas significativos atrás apresentados, estes quadros técnicos têm de ser, necessariamente, ainda que muitas vezes esquecido, agentes de integração vertical para a implementação de diferentes e/ou novos processos de produção.

Se por um lado lhes compete a salvaguarda da integração do referido conhecimento acumulado, pelo seu acompanhamento e intervenção junto destes profissionais, para o eficiente estabelecimento de pontes e integração com os agentes de transformação tecnológica internos e externos, por outro são os principais responsáveis pela forma como estas transformações e mudanças chegam ao chão de fábrica.

A forma como estes desígnios organizacionais chegam e são per-

cecionados pelos seus recursos operacionais, bem como a consequente necessária adaptação e mudança das suas atitudes e comportamentos, irá condicionar e ser altamente impactante para a implementação e sucesso de processos de transformação tecnológica nos sistemas produtivos.

Acrescendo às duas dimensões de capacitação atrás identificadas, é fundamental que os quadros técnicos tenham/desenvolvam um perfil onde as competências transversais, de carácter mais organizacional (comunicação, gestão de equipas, motivação, definição de objetivos, sustentabilidade social, etc.) estejam bem consolidadas.

Apesar de um foco comumente centrado na capacitação e/ou requalificação técnica, são estes os profissionais que têm que diariamente serem capazes de promover estas distintas dimensões, com grupos diferenciados, mas todos necessários na sua perspetiva.

Estas dimensões de capacitação, complementares aos processos de qualificação de base dos técnicos, dos profissionais especializados e dos operacionais, são muitas vezes integradas nos próprios programas de apoio ao investimento, onde são comtempladas muitas vezes horas ou ações de formação específicas. Contudo, são maioritariamente destinadas a grupos muito específicos, focadas quase em absoluto em referenciais tecnológicos.

Não sendo de descurar estes recursos, estes processos carecem, contudo, de uma integração estrutural do plano de formação da organização, interligando-se mais do que com “as disponibilidades” da produção, com “as necessidades” da organização, implicando até, muitas vezes, na suspensão da atividade e no foco na formação.

Institucionalmente, para além de apoios e programas específicos para a economia e a indústria, são disponibilizados pelo IEFP um conjunto de apoios que, se devidamente integrados no planeamento e organização da gestão da produção, podem contribuir significativamente, caracterizando-se pela sua flexibilidade, adaptabilidade e gratuitidade, de forma distintiva.

No âmbito dos apoios à contratação, a disponibilidade dos programas +EMPREGO e +TALENTO possibilitam que, para além do seu desígnio de apoio ao crescimento, possam ser instrumentos que, devidamente utilizados, apoiam as organizações nos processos de renovação dos seus quadros, disponibilizando uma dotação financeira a fundo perdido capaz de suportar o investimento da organização nos períodos de “aquisição e absorção” dos novos técnicos.

Transversalmente, no âmbito da Formação Profissional, a capacidade de desenvolver projetos específicos de formação, flexíveis na sua aplicação, focados nas necessidades específicas das organizações, é um recurso totalmente disponível para qualquer entidade.

Este apoio pode ser desenvolvido no âmbito de programas específicos mais focados nas TICE (+DIGITAL), ou na Sustentabilidade (Programa Trabalhos e Competências Verdes) ou transversalmente a

qualquer outra competência existente no Catálogo Nacional da Qualificação, ou definida especificamente em articulação com a empresa.

Para a implementação de qualquer uma destas soluções, podem ser contactados os serviços de formação do IEFP diretamente, ou por vias das associações industriais ou setoriais, onde a solução mais adequada poderá ser desenvolvida à medida da organização.

Independentemente do parceiro escolhido, as necessidades para as organizações são evidentes, implicando grande proatividade não só ao nível tecnológico, mas também ao nível dos RH. Independentemente da inovação tecnológica, as pessoas continuam a ser fundamentais para as organizações.

Pense Indústria já arrancou e vai continuar nos próximos dois anos

letivos

Academia CITEVE | Coordenadora do Projeto Pense Indústria

O CITEVE, em parceria com quatro centro tecnológicos (CATIM, CENTIMFE, CTCOR e CTCP), anuncia o arranque oficial do Projeto Pense Indústria - Pessoas, Digitalização e Sustentabilidade, cofinanciado pelo Compete 2030 e FSE +, que se prolongará para os próximos dois anos letivos, com o objetivo de sensibilizar e motivar os jovens para carreiras no setor industrial e tecnológico. Com um alcance de 42.000 alunos, o projeto inclui perto de 1.400 sessões de sensibilização, competições regionais, nacionais e até internacionais

A iniciativa oferece aos estudantes a oportunidade de conhecer, de forma prática e imersiva, as tecnologias emergentes da Indústria 5.0. As sessões de sensibilização incluem atividades como robots, impressoras 3D e realidade aumentada, entre outras inovações, além de visitas a empresas e a centros de inovação.

O projeto proporciona ainda mais de 1.200 laboratórios tecnológicos e 260 visitas de imersão. As competições também terão um papel central, com destaque para o STEM Racing, antigo F1 in Schools, e o concurso de empreendedorismo Isto é uma Ideia.

Novidades desta edição

O concurso Empreendedorismo - “Isto é uma Ideia” será um dos grandes destaques da edição deste ano. Com 260 equipas e 1.040 participantes, a competição promete desafiar os jovens a desenvolver ideias inovadoras com impacto real. Haverá 10 eventos regionais e 2 eventos nacionais, um Hackaton de Empreendedorismo durante 2 dias, com atribuição de prémios para as melhores soluções. A equipa vencedora terá a oportunidade de visitar o Parlamento Europeu em Estrasburgo.

Outra grande novidade é o F1 in Schools que passa a denominar-se STEM Racing, mantendo a chancela da F1. O programa continuará a estimular a criatividade e a desafiar todos os alunos e mais de 200 equipas em concurso a desenvolverem um carro de Fórmula 1 em miniatura, promovendo o trabalho em equipa. A equipa vencedora representará Portugal na Final Mundial com todas as despesas suportadas.

Sofia Pelayo, coordenadora do projeto do Pense Indústria, destaca a

importância do projeto: “Estamos muito orgulhosos por coordenar este projeto. Acreditamos que as pessoas, a digitalização e a sustentabilidade são as bases do futuro da indústria. Os projetos STEM Racing e o concurso “Isto é uma Ideia” são ótimos exemplos de como podemos envolver os jovens na indústria e despertar a paixão por estas áreas.”

Através do Pense Indústria, o CITEVE e os seus parceiros reforçam o compromisso com o desenvolvimento de competências nos jovens, preparando-os para os desafios da Indústria 5.0 e para as profissões do futuro.

Sobre o Pense Indústria

O Projeto Pense Indústria transmite aos jovens estudantes uma nova imagem da indústria, associando-a a valores positivos e a um futuro profissional atrativo, através de uma abordagem criativa, que lida com os assuntos relacionados com a indústria 5.0 e as suas profissões de forma inovadora.

Sobre o STEM Racing

O STEM Racing, anteriormente conhecido como F1 in Schools, é uma organização sem fins lucrativos que visa promover o ensino das disciplinas STEM. A competição global permite que estudantes dos 12 aos 19 anos participem num desafio multidisciplinar, utilizando software CAD profissional para projetar, analisar, fabricar, testar e competir com miniaturas de carros de F1 movidos a ar comprimido. Muitos estudantes seguiram carreiras de sucesso em equipas da Fórmula 1, impulsionados pela experiência adquirida no programa.

Sobre o Isto é uma Ideia

O concurso Isto é uma Ideia convida os jovens a criar soluções inovadoras baseadas na digitalização e na sustentabilidade, O desafio é criar ideias e soluções que tornem o dia a dia mais inteligente, simples e sustentável. Os melhores projetos são premiados nas finais regionais e na final nacional.

DIGITALBUILT e o papel do STONECITI na capacitação digital do setor dos Recursos Minerais

ASSIMAGRA – Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais

Num contexto em que a digitalização e a inovação tecnológica são cruciais para a competitividade das empresas, o DIGITALbuilt – Hub de Inovação Digital com reconhecimento a nível europeu –, surge como uma iniciativa estruturante para apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PMEs) nacionais na transição digital. Neste ecossistema de inovação, o StoneCITI desempenha um papel estratégico, potenciando o uso de tecnologias avançadas e programas de formação altamente financiados, com vista à modernização e valorização do setor dos recursos minerais.

DIGITALbuilt: Um Hub para a Transformação

Digital

O DIGITALbuilt foi concebido para ser um catalisador de transformação, reunindo recursos e competências que permitem às PMEs nacionais enfrentar os desafios da digitalização de forma estruturada. Este Hub oferece uma vasta gama de serviços, desde capacitação digital, inclusão tecnológica, apoio à digitalização de processos e orientação no acesso a financiamento. As suas atividades estão organizadas em quatro pilares fundamentais:

1. Criação de competências e qualificação: Programas de formação para capacitar os recursos humanos das empresas, promovendo a aquisição de novas competências tecnológicas.

2. Ecossistema de inovação: Conexão de empresas com centros de investigação, start-ups e fornecedores de tecnologia, promovendo a partilha de conhecimento e colaboração.

3. Apoio à captação de investimento: Consultoria para a obtenção de financiamento e incentivo ao investimento em novas tecnologias.

4. Serviços Test-before-invest: Possibilidade de experimentar novas soluções tecnológicas antes da sua implementação, reduzindo riscos e promovendo decisões informadas.

StoneCITI: Um Parceiro Estratégico para o Setor dos Recursos Minerais

Integrado no DIGITALbuilt, o StoneCITI assume um papel crucial na capacitação das empresas do setor dos recursos minerais. O objetivo principal do StoneCITI é fomentar a eficiência e a sustentabilidade,

tanto económica quanto ambiental, através da inovação tecnológica e da digitalização de processos.

Tecnologias ao Serviço da Modernização do Setor

Uma das principais áreas de atuação do StoneCITI é a digitalização de processos industriais, abrangendo desde a extração de matérias-primas até à gestão da produção.

As soluções desenvolvidas incluem:

• Digitalização de processos: Tecnologias de digitalização que permitam o controlo de qualidade e a gestão do inventário, complementada por sistemas integrados que permitem a gestão digital de toda a cadeia de produção.

• Sensorização de máquinas e equipamentos: Sistemas de sensorização que permitam monitorizar o desempenho de equipamentos em tempo real, tanto em pedreiras como em unidades fabris. Estas soluções ajudam as empresas a controlar consumos energéticos, otimizar processos produtivos e reduzir desperdícios.

• Automatização e análise de dados: Ferramentas que recolhem, analisam e apresentam dados de forma intuitiva, possibilitando a tomada de decisões baseadas em métricas precisas e em tempo real.

Capacitação e Formação de Recursos Humanos

Além das soluções tecnológicas, o StoneCITI disponibiliza programas de formação avançada destinados a capacitar os quadros técnicos e intermédios das empresas.

Os programas de formação são desenhados para responder às necessidades específicas do setor, abordando temas como a gestão de processos digitais, manutenção preditiva e sensorização, sustentabilidade e eficiência energética, entre outras.

Financiamento e Acessibilidade

Um dos maiores atrativos do DIGITALbuilt, e consequentemente do StoneCITI, é o acesso a financiamento altamente vantajoso. Todos os programas e serviços disponibilizados pelo StoneCITI através do DIGITALbuilt têm um desconto imediato de 87,5% sobre o preço de venda ao público (PVP), o que os torna extremamente acessíveis para

as PMEs nacionais. Esta política de financiamento assegura que as empresas, independentemente da sua dimensão, possam beneficiar das mais recentes inovações tecnológicas sem comprometer os seus recursos financeiros.

Com o apoio do DIGITALbuilt, o StoneCITI continua a sua missão de capacitar o setor dos recursos minerais para enfrentar os desafios do futuro. Para mais informações sobre programas e serviços disponíveis, visite as redes sociais do DIGITALbuilt e descubra como a sua empresa pode fazer parte desta transformação.

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PÓLO

DE INOVAÇÃO DIGITAL PARA O AMBIENTE CONSTRUÍDO

Diagnóstico de Maturidade Digital;

Digitalização de Chapas de Pedra Natural e Projeto Digital Integrado;

Sensorização da Pedreira e Chão de Fábrica; Formação Avançada para Profissionais

Saiba mais

Aliança de Centros de Excelência Profissional para um Habitat Sustentável

Arabela Fabre 1 , Sílvia Sotero 1 , Romeu Vicente 2 , Cristina Acal Quirós 3 , Victor Ferreira 2,3

1 Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro; 2 Universidade de Aveiro; 3 Cluster Habitat Sustentável

Enquadramento

Desde há alguns anos, a cadeia de valor do HABITAT tem enfrentado uma espiral de transformação a diversos níveis, com o objetivo de melhorar a sua produtividade, competitividade e qualidade final. Essa transformação passa pela adoção de abordagens e soluções “verdes” e inovadoras, que permitem avançar em direção a setores da cadeia de valor do HABITAT verdadeiramente SUSTENTÁVEIS.

Esta cadeia de valor, que integra diversos setores das fileiras construção, imobiliário e casa, reúne uma grande diversidade de profissionais com diferentes competências e capacidades atualmente desafiadas pelos reptos da transição verde e digital. Consequentemente, as necessidades formativas são, também elas, variadas e complexas, e em muito casos específicas.

Os setores da cadeia de valor do HABITAT desempenham um papel essencial para enfrentar os desafios da União Europeia, particularmente no que diz respeito à emergência climática que hoje vivemos, onde pontuam questões como a transição energética, a circularidade e a descarbonização. O capital humano é um fator crítico para as transições verde e digital desse ecossistema. Simultaneamente, as empresas continuam a reportar uma grande escassez de trabalhadores, a par com alguma inadequação das competências existentes. Assim, torna-se urgente atrair mais pessoas para a força de trabalho e garantir que elas possuem as competências adequadas e específicas para as diferentes áreas de especialidade que integram.

Por outro lado, os setores têm dificuldade em atrair jovens profissionais, o que reforça a necessidade de adotar novas abordagens e metodologias de formação para melhorar a sua imagem junto das gerações atuais e futuras. A implementação de métodos formativos inovadores, com foco no trabalhador, aliados a uma oferta flexível e atrativa que utilize, intensivamente, as tecnologias digitais, pode transformar essa perceção e contribuir para a renovação, interesse e oportunidade que estes setores oferecem.

Para promover uma profunda transformação nos setores do HABITAT, é fundamental adotar e combinar as medidas seguintes:

• Formação contínua, atualização e requalificação de pro-

fissionais e alunos de Educação e Formação Profissional (EFP) para colmatar as lacunas de competências;

• Fortalecimento da conexão entre a EFP e os ecossistemas de inovação e competências, melhorando a oferta formativa, promovendo a excelência, integrando competências voltadas para a sustentabilidade nas regulamentações e práticas do setor;

• Implementação de métodos de formação inovadores baseados em abordagens centradas no aluno/trabalhador, apoiados por tecnologias digitais, com vista a atrair mais pessoas para a força de trabalho e mitigar a escassez de profissionais;

• Estabelecimento de parcerias sustentáveis entre empresas e instituições de ensino e educação, assegurando que a oferta formativa esteja alinhada com as necessidades reais do mercado de trabalho.

O Projeto

Para responder a estes desafios, um conjunto de 19 parceiros idealizou e encontra-se a desenvolver o projeto HABITABLE – Aliança de Centros de Excelência em Formação Profissional para um HABITAT Sustentável1. Esta é uma iniciativa transnacional, desenvolvida ao abrigo do Programa Erasmus+, num consórcio constituído por entidades de 6 países (Portugal, Espanha, Áustria, Grécia, Moldova e Geórgia) que pretendem criar juntos respostas aos desafios e necessidades dos setores do HABITAT marcados pela escassez e inadequa-

(1) Projeto Erasmus+ Habitable - Alliance of Centres of Excellence in Vocational Training for Sustainable Habitat (101104680-HABITABLE-ERASMUS-EDU-2022-PEX-COVE), cofinanciado pela União Europeia.

ção de competências para a transição verde e digital, melhorando a capacidade de resposta dos sistemas existentes de Educação e Formação Profissional a estas mudanças.

A nível nacional, os parceiros deste projeto são o Cluster Habitat Sustentável (CH), a Universidade de Aveiro (UA) e o Centro Tecnológico da Cerâmica do Vidro (CTCV). Foi também constituido um grupo de especialistas em cada país denominado National Expert Group (NEG), composto por entidades externas ao projeto. O NEG tem por missão fornecer feedback especializado ao consórcio sobre as propostas de estrutura e conteúdos formativos, apoiar a divulgação e disseminação das atividades e a difusão dos resultados e fornecer orientações e contribuições que assegurem a qualidade dos resultados alcançados. O NEG português é formado por representantes do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA), Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), Associação das Indústrias da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), Associação Nacional da Indústria Extrativa e Transformadora (ANIET) e da Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais de Construção (APCMC).

Objetivos Principais do Projeto

O HABITABLE tem como principal objetivo responder aos desafios identificados, promovendo uma plataforma de centros de excelência em formação profissional na Europa. Adotando uma abordagem sistémica, o HABITABLE envolve instituições de ensino e formação profissional juntamente com um amplo leque de outros parceiros locais e regionais, que colaboram ativamente na cocriação de um verdadeiro “ecossistema de competências”. Além disso, o projeto fomenta

redes de colaboração internacional, conectando esses centros de excelência com outros países, para trocar experiências e maximizar o impacto e a inovação no setor.

Entre os diversos resultados esperados do projeto, destacam-se aqui os seguintes:

• Criação de uma Plataforma SMART Skills Intelligence Platform (SMART SIP) – uma plataforma digital que disponibilizará informações sobre competências, incluindo um mapa setorial de empregos e competências bem como um painel de oferta de formação;

• Criação de uma Plataforma de formação online DUAL Online Centre: um centro online que facilitará a formação dual, promovendo a colaboração entre instituições de Emprego e Formação Profissional (EFP) e o tecido empresarial e industrial do sector;

• Criação de um Hub de competências - SKILLS HUB – o qual disponibilizará recursos e ferramentas para a formação contínua, requalificação e melhoria de competências para profissionais e alunos do setor do HABITAT;

• Criação de um ecossistema de competências - Habitat Skills Ecosystem – um ecossistema de competências que conectará a EFP à inovação e aos ecossistemas de competências existentes e a criar, melhorando a oferta de formação e promovendo a excelência, além de incorporar competências para a sustentabilidade nas suas práticas.

Estes resultados visam responder eficazmente, às necessidades de formação contínua, requalificação e melhoria de competências verdes e digitais, dos profissionais e alunos/formandos do setor do HABITAT, reforçando a ligação da EFP à inovação e aos ecossistemas de competências e promovendo a excelência e a sustentabilidade no setor.

O papel dos parceiros portugueses no projeto

A equipa do Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro está comprometida com os resultados do Habitable participando em todas as atividades do projeto e colaborando proximamente com os parceiros intervenientes. Destaque para a contribuição ativa para a produção dos diversos outputs, nomeadamente para o Estudo de Competências do Setor do HABITAT (com dados referentes a Portugal); a organização do Multiplier Event em Portugal (realizado no passado mês de maio de 2024) em parceria com a Universidade de Aveiro e o Cluster Habitat Sustentável; a conceção de um curso de formação Design and Management of Green, Digital and Inclusive Apprenticeship, dirigido aos profissionais de educação formação e a formadores intra e inter empresas; a disponibilização desta oferta formativa online na plataforma SMART SIP; a participação no programa de incubação de Parcerias Empresariais-Educação (BEPs).

A equipa da Universidade de Aveiro está responsável pelo desenvolvimento do programa de formação de formadores, a ser disponibilizado online através de um online training platform (OTP) e certificado pelo Centro de Certificação de Microcredenciais do MIC e a conceção e desenvolvimento do SMART Career Guidance Assistant (CGA) multilingue, uma solução digital em linha baseada na tecnologia de inteligência artificial (IA) que oferecerá orientação profissional personalizada para o sector do Habitat aos utilizadores de diferentes tipos de serviços de orientação, incluindo centros de EFP, instituições de ensino superior e outros centros de orientação para o emprego. Associado ao CGA será concebido a produção de um Manual de

Orientação Profissional multilingue para o sector do Habitat, dirigido a conselheiros de carreira que trabalham em diferentes tipos de serviços de orientação para a aprendizagem ao longo da vida.

A equipa do Cluster Habitat Sustentável está envolvida no projeto HABITABLE, contribuindo ativamente para a implementação da plataforma SMART SIP – Skills Intelligence Platform. Assim, o Cluster tem centrado o seu trabalho no desenvolvimento de um Sistema de Monitorização de Inteligência de Competências (SIMS – Skills Intelligence Monitoring System), que permitirá identificar lacunas de competências resultantes das transformações nos setores da cadeia de valor do Habitat, promovendo, simultaneamente, uma educação mais inclusiva. Este sistema irá compilar dados valiosos sobre necessidades de formação, competências estratégicas e ofertas formativas disponíveis, ao mesmo tempo que monitoriza as tendências atuais e futuras em empregos e qualificações nesta cadeia. A informação recolhida será utilizada para alimentar as ferramentas no Training Offer Panel (TOP HABITAT) e o Mapa Setorial de Empregos e Competências, integradas na plataforma SMART SIP. Através da colaboração com parceiros locais, regionais e internacionais, incluindo centros de excelência profissional, a equipa do Cluster Habitat Sustentável desempenha um papel focado na construção de um ecossistema de competências robusto e adaptado às exigências em constante evolução nos setores do Habitat.

Para saber mais sobre o projeto Habitable visite https://habitable-cove.eu/

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