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Valquiria Imperiano 2022 O ANO DO RENASCER

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Zezé Negrão

Zezé Negrão

2022 o ano do renascer

Valquiria Imperiano

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2021 está terminando e levando com ele desejos emitidos de que essa pandemia iria terminar no final do ano de 2020. Muitos desejos não cumpridos.

Estávamos assustados em 2020 com o novo vírus covid 19 e cumprimos muitas regras de prevenção contra a Covid. Entramos em 2021 esperançosos que a onda iria passar logo, que tudo voltaria ao normal e assistimos pelos canais de comunicação ondas de informações com números de vítimas subindo todo dia. Mortes e contágios crescendo diariamente. Uma pandemia que ninguém consegue prever a maneira certa para combater. Em cada continente a vaga de contaminação variou de acordo com a estação do ano, o vírus circulou incontrolável brincando com as estatísticas.

Na Itália, na Espanha e na França ele fez a festa em 2020. Em 2021, foi a vez dos EUA, do Brasil e da Índia competirem com a quantidade de mortos. Entramos no segundo semestre de 2021. O bicho deu uma pausa na América do Sul e do Norte. Enquanto isso, aqui na Europa a população descontraia-se com o sol do verão. A vida voltou quase ao normal. Entramos em dezembro. Os números de infectados começam a subir na Alemanha e na Áustria, uma nova variante atravessa as fronteiras da Europa e festejamos o Natal novamente com limites e a pulga atrás da orelha. Acompanhamos as notícias alarmantes, os hospitais estão abarrotados novamente. A pressão recomeça.

Faltam três dias para o Feliz Ano Novo de 2022 e as notícias são agravantes novamente, os hospitais estão lotados, falta teste Covid 19, as pessoas não se entendem quanto a vacina, quanto às ordens governamentais, que ameaçam fechar tudo novamente. Quase todos os membros da minha família em Genebra tiveram a covid 19, talvez por serem jovens e saudáveis ou vacinados a doença se manifestou sem gravidade, uma ou outra internação dos não vacinados. Não saímos do telefone preocupados, pedindo informações e no fundo o medo nos cerca. Sentimos que o bicho nos espreita e dobramos os cuidados, enfiamo-nos dentro de casa evitamos contatos e aglomeração.

Os dias correm tranquilos entre a chuva, o frio e o cuidado ao sair de casa em Genebra. .

Em Recife, Marisa cantou através da Colly, que usa canto e interpretação cénica. Todos mascarados, distantes uns dos outros. Aplausos das senhoras, idosas, cadeirantes, sorridentes, cansadas, alegres e tristes. Todas sentadas em volta da mesa. Uma tarde de chá para animar os ânimos cansados de serem um peso. Um peso para a sociedade que não quer mais arcar com as despesas.

O último chá da tarde, talvez.

Em breve, as pessoas idosas serão distribuídas pela cidade, devolvidas às famílias como fardos que ninguém quer. São mulheres e homens abandonados, São pessoas que geraram filhos, deram suas vidas, suas horas de juventude, suas noites mal dormidas, seu sangue ao parir os rebentos. Estão com seus olhos miúdos, molhados pelas lágrimas e cobertos pela catarata, esperando a hora do despejo. Serão remanejadas. Talvez algumas partam antes para o repouso eterno. E as que ficam irão, cabisbaixa, se-

Não são consultadas, não lhes perguntam sobre o seu querer, afinal não têm querer, não podem querer, seu querer é o querer de quem os dirige. É quase um atrevimento querer na sua idade, na sua condição, na sua pobreza.

A sociedade não tem coração, não sofre. Velho não é seu problema. O problema da sociedade é resolver a contabilidade, distribuir e acabar com os custos, cada velho é um custo. Cada velho distribuído é um custo a menos. É preciso zerar o déficit, desabrigar os velhos, zerar a casa dos custos e dos velhos, e fechar as portas antes do Natal para não parecer um presente envenenado de um velho vestido de preto e com cara de demônio. O velhinho de barba branca virá trazendo palavras macias, doces e de muita esperança através da boca de quem se abstém de cooperar com os necessitados. O chefe que comanda e aprova as decisões precisa distribuir a carga de maneira discreta, da maneira mais prazerosa para se contaminar com a culpa. Afinal o ano novo está chegando e como desejar feliz ano novo quando se promoveu um infeliz ano novo para um grupo de pessoas?

Onde anda a consciência? Onde anda a responsabilidade com o próximo, com as pessoas carentes? Parece que atualmente essa não é uma responsabilidade dos administradores, afinal eles são voto quase perdido. Velho pode morrer antes das próximas eleições!

Velhos sem casa para passar seus dias, crianças na rua, águas invadindo casas e ameaçando centenas de vidas, pessoas passando fome, a pandemia que não dá descanso. Tudo parece tão desesperador e triste.

A Ave Maria soa, enquanto assimilo essa contabilidade, enquanto alinhavo as misérias que me chegam.

Estamos entrando em 2022, e preciso preparar meus votos de um Feliz Ano Novo. Adio a escrita todos os dias, estou prudente com as palavras.

É bem verdade que é preciso afirmar coisas boas para que a nossa realidade seja fundada nessas afirmações. Hoje, temo expressar desejos, porque até o sentimento do desejo nos leva a possibilidade de que pode acontecer o contrário do desejo expressado. O vírus pode nos ouvir e preparar o nosso destino contrariamente ao sonhado. Mas tenho que ser afirmativa e categórica, e carregar os meus votos afirmativos com a energia poderosa de positividade.

Eu preciso encontrar essa energia dentro de mim e escrever num papel, com grandes letras, e colar no meu espelho: “2022 será o ano em que os governos vão se voltar para o seu povo necessitado e criar programas de melhoria social; irão também investir na ecologia, criando pontos de coleta de lixo com separativos e usinas de incineração de detritos; irão criar programas de informação ecológica; irão aplicar programa de educação criando escolas no recantos mais longínquos do país; irão criar programa de estímulo ao trabalho ligado à preservação; vão preservar as reservas naturais e manter um sério controle fiscal nas zonas florestais; irão criar hospitais e postos de atendimento, tudo com um rígido controle sanitário. O ano de 2022 será o ano da cura, o ano em que você, covid19, vai se fechar dentro da sua casa para se proteger do nosso ataque, os humanos. Nossa vida irá voltar à vida normal, retornaremos às viagens, aos reencontros com as nossas famílias sem medo da aproximação. Será o ano da “Pandemia humana 22” e você, covid, vai ter que se fechar numa bolha de plástico escuro para se esconder dos nossos ataques”. E embaixo dessa afirmação escreverei bem visível para que a covid leia todas as letras: “você está morta dona covid, iremos exterminá-la!”

Mas tenho que escrever também para meus amigos e para você leitoralgo pessoal que você possa gerenciar e concretizar: meus sinceros votos de um 2022 com muito trabalho, criatividade sucesso e reconhecimento em todo trabalho realizado.

Toca de novo a Ave Maria, ouço o canto de Bach em silencio apreciando a melodia que é uma prece e reflito, talvez ela esteja a dizer por traz do canto: “acalme-se, todos sofremos de uma forma ou de outra. O importante é fazermos nossa parte mesmo que seja pequena, e acreditar. A fé remove montanhas.”

É, a mensagem alivia, temos que pensar assim para não entristecer e desesperar.

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