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Paulo Bretas PERSPECTIVA ECONÔMICA PARA AS MUL- HERES EM TEMPOS DE CRISE.
from Revue cultive n° 16
by Cultive
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Paulo Bretas
PERSPECTIVA ECONÔMICA PARA AS MULHERES EM TEMPOS DE CRISE.
Economista Paulo Bretas Economista Valquíria Assis
O Brasil entrou na atual crise sanitária em 2020,sem romper com a longa trajetória de estagnação econômica iniciada em 2015.
Muito ao contrário, “entramos na crise em crise”. As dificuldades em grande parte dos setores econômicos, assim como dos trabalhadores expostos, não somente ao elevado desemprego, mas a crescente desorganização do mercado, eram enormes antes da pandemia da COVID-19.
CONJUNTURA ECONÔMICA
PIB caiu 4,1% em 2020, sob os efeitos da pandemia de coronavírus. Segundo a Focus, a média das previsões dos agentes financeiros para o Produto Interno Bruto (PIB) 2021 caiu de 4,88%, há uma semana, para 4,80% Por que a inflação acelerou ?
Primeiro: Se refere ao peso das commodities na estrutura produtiva, ao qual se deve agregar o elevado coeficiente importado em segmentos industriais.
Segundo: diz respeito à recente desvalorização do real, ou seja, dólar nas alturas.
Terceiro: o papel das expectativas e da inércia na disseminação da inflação ou na transmissão dos choques de oferta e como o Banco Central lida com elas.
Taxa de Desemprego
O desemprego elevado no Brasil é explicado principalmente por um período prolongado de baixo crescimento e por problemas estruturais históricos da economia brasileira, como baixa produtividade. A recuperação do mercado de trabalho tem sido freada nos últimos meses pela deterioração das expectativas, sobretudo em relação à inflação e ao crescimento do Produto
8,6 milhões, a ocupação feminina diminuiu 5,7 milhões e mais 504 mil mulheres passaram a ser desempregadas, segundo os dados da PNADC. Fonte: Dieese/ 2020
As mulheres são fortemente afetadas pela deterioração do mercado de trabalho em 2020.
Os impactos de uma crise nunca são neutros em termos de gênero, e com o COVID-19 não é diferente, as mulheres sofreram mais os impactos da pandemia do que os homens.
O que veremos a seguir. Os efeitos sobre as mulheres no mercado de trabalho A crise econômica-sanitária teve entre seus principais efeitos o aumento da precarização do trabalho das mulheres, visível a partir dos indicadores tradicionais (subocupação e desocupação), mas também pelos movimentos observados fora da força de trabalho, destacando-se dois deles:
A saída das mulheres da força de trabalho e sua entrada na força de trabalho potencial, associada ao aumento do grupo indisponível; A saída da força de trabalho e sua inclusão na população que esta fora da força de trabalho ampliando em função, em grande parte, da renda emergencial. Parcela expressiva de mulheres perdeu sua ocupação no período da pandemia e muitas nem buscaram uma nova inserção. Essa crise sanitária, econômica e social reforçou a distância salarial entre homens e mulheres, em 2020, elas seguiram ganhando menos, mesmo quando ocupavam cargos de gerência ou direção, para elas a hora paga foi de R$ 32,35 e para eles, de R$ 45,83 ou com a mesma escolaridade: elas ganhavam em média R$ 3.910 e eles, R$ 4.910.
Entre o 3º trimestre de 2019 e 2020, o contingente de mulheres fora da força de trabalho aumentou Fonte: Dieese/ 2020
As trabalhadoras domésticas sentiram o forte efeito da pandemia em suas ocupações, uma vez que 1,6 milhões mulheres perderam seus trabalhos, sendo que 400 mil tinham carteira assinada e 1,2 milhões não tinham vínculo formal de trabalho.
A taxa de desemprego das mulheres negras e não negras cresceu 3,2% e 2,9% respectivamente, sendo que a das mulheres negras atingiu a alarmante taxa de 19,8%. Essa crise sanitária, econômica e social reforçou a distância salarial entre homens e mulheres, em 2020, elas seguiram ganhando menos, mesmo quando ocupavam cargos de gerência ou direção, para elas a hora paga foi de R$ 32,35 e para eles, de R$ 45,83 ou com a mesma escolaridade: elas ganhavam em média R$ 3.910 e eles, R$ 4.910.
A crise de 2020 se reflete nos indicadores de mercado de trabalho de forma bastante intensa e atípica mesmo na comparação com o período da crise anterior em 2016.
Parcela expressiva de mulheres perdeu sua ocupação no período da pandemia e muitas nem buscaram uma nova inserção.
Os resultados para este contingente de mulheres negras e mais pobres refletiram um agravamento da situação de pobreza e de exclusão social.
Para o grupo de mulheres, com maior escolaridade, que foram realizar seu trabalho em casa, entre 2019 e 2020,o rendimento médio por hora aumentou: entre as negras passou de R$ 10,95 para R$ 11,55 e entre as não negras, de R$ 18,15 para R$ 20,79
De acordo com a PNAD (2020), Entre o 1º e o 2º trimestre de 2020, 8,9 milhões de homens e mulheres saíram da força de trabalho – perderam empregos ou deixaram de procurar colocação por acreditarem não ser possível conseguir vaga no mercado de trabalho. Desse total, 6,4 milhões eram negros ou negras e 2,5 milhões, ou seja, 40,4%, eram mulheres, 31%, homens. Foi possível demonstrar como as desigu8aldades têm gênero e cor uma vez que negros sempre estão em desvantagem social em relação aos brancos e mulheres negras são as mais prejudicadas.
Tais constatações extrapolam a crise econômico-sanitária produzida pela Covid-19 e devem ser vistas em suas variantes históricas e culturais do Brasil, um dos países mais desiguais do mundo.