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Rosangela Matos
ENTREVISTA PROGRAMA AS VALKYRIES
1- Seu nome, cidade e origem. Rosângela Matos Teixeira de Almeida
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2- Sua profissão? Psicanalista, Terapeuta quântica e escritora
3- Atividade cultural que exercer? Autora dos projetos audiovisuais: A loucura nossa de cada dia e Quantos de mim sou eu. Palestrante e conferencista abordando temas de autoconhecimento. Divulgo também meus livros que trazem mensagens de conhecimento, cultura e ferramentas para que as pessoas possam entender melhor a si mesmo e ao outro, trazendo reflexões sobre os verdadeiros valores da vida.
4- Quais as causas que você defende? Defendo o autoconhecimento como ferramenta de empoderamento.
5- Sua relação com o meio ambiente, com o homem? Não sou ativista no que se refere a ações externas. Pratico todas as ações para tornar o mundo mais limpo. No entanto invisto mais na questão da saúde mental, porque entendo que as pessoas estão doentes e por isso mesmo, enquanto estiverem lutando com suas próprias dores e desequilíbrios não conseguirão contribuir nessa luta que é de todos nós. 6- Ser ou não ser, ter ou ser? Exatamente isso! Eu sou e invisto no ser. Essa é minha bandeira de luta! Trabalho isso desde sempre, tanto na minha família, pacientes e pessoas em geral. Os meus livros falam disso.
7- Fale da infância, da adolescência, da mulher esposa e mãe, da mulher artista, da sua ideologia e objetivos. Tenho 5 irmãos. Sou de origem pobre. Tão pobre que só tínhamos direito a comer meio pão por dia. Sofremos discriminação séria por sermos pobres, a ponto de nunca termos direito de ser convidados para um aniversário. Na verdade, nunca comemoramos um. Estudamos em escolas públicas e nunca tivemos direito a material escolar. Nem livros podíamos ter. Muitas vezes fui retirada de sala de aula porque meu pai não pagava nem uma taxa que tinha que pagar. Isso era feito em público. Muita humilhação. Apesar de ter um avô que era um “coronel” fazendeiro, ele não ajudava porque foi totalmente contra o casamento da minha mãe porque meu pai além de pobre era negro. A família de minha mãe o discriminava muito e eu sofri muito com isso. Em casa a vida era um caos porque além da dificuldade financeira meu pai e minha mãe brigavam muito, a ponto dele ameaçar ir embora inúmeras vezes e minha mãe me colocar como escudo na porta para não deixa-lo passar. Quando adolescente sofri uma crise convulsiva aos 16 anos dentro da sala de aula e daí em diante ninguém chegava nem perto de mim com medo de pegar porque achavam que eu tinha epilepsia e que seria contagioso. Perdi o na-
morado porque os pais o obrigaram a terminar por medo que se contaminasse. Tinha os dentes podres porque dentista era luxo. Quando chegava ao ponto de ir ao dentista, o procedimento era feito sem anestesia. Fugi de casa com 17 anos por não aguentar tanta instabilidade já que tinha ideações suicidas diariamente. Vim morar em Salvador e aí tudo piorou porque eu só tinha dinheiro para pagar um quarto, então passava tanta fome que desmaiava na rua. Fui vender cerveja na praia e cafezinho na rua, mas mesmo assim eu nunca pensei em voltar. Casei aos 18 já grávida de uma menina que nasceu aos sete meses num hospital público onde permaneci quase 24 horas num corredor, numa maca fria que não tinha nem lençol. Não tinha vaga na sala de parto. Quem passava por ali me dizia que o bebe estava morto. Até que chegou um médico novo de plantão e se compadeceu de mim e me levou para a sala de parto. Nasceu minha filha com 1.6 kg. O pediatra chegou a dizer: não gaste dinheiro com ISSO porque não tem jeito. Engravidei do segundo filho a seguir e ele nasceu numa noite de natal numa maternidade que não tinha NINGUÉM. Pari sozinha. Só depois de muitas horas apareceu uma auxiliar de enfermagem que chamou um estudante de medicina para me suturar. No início da gravidez da minha quarta filha eu tive rubéola. Indicado o aborto terapêutico. Fui encaminhada para sala cirúrgica para fazer a curetagem por quatro vezes e eu saia correndo. Assisti meus filhos dormirem de tanto chorar de FOME. Teria mil coisas para contar, mas acho que basta. Um fato recente se deu há mais ou menos seis anos atrás quando tive um tumor no ouvido que me afastou do consultório. Tinha que ficar imóvel na cama porque além das dores ficava extremamente tonta e enjoada quando abria os olhos. Caí num abismo! O meu órgão de trabalho estava doente. Depois de me deprimir muito eu tive uma ideia de escrever um livro, mas não tinha como. Então decidi gravar. Assim fiz. Assim eu me ergui, porque todos os dias acordava para trabalhar no livro. Depois de todo o processo de tratamento eu transcrevi o livro que se intitula Diário de uma Analista: a psicanálise que ninguém te conta. Meus pacientes me ajudaram dando depoimentos. Não conto essa história no livro porque achei que poderia parecer apelação. No entanto tenho o maior orgulho da forma como escrevi essa obra que cada vez mais é aceita. Eu consegui! Sou uma mulher de 64 anos, profissionalmente reconhecida, tenho 4 filhos. Todos formados e casados, inclusive um deles é procurador da república. O pai deles é falecido. Tenho sete netos maravilhosos. Somos uma família unida e respeitada. Sou reconhecida como uma pessoa que não deixa de ajudar a quem chega até a mim. Me orgulho muito da minha história.
8- Que caminhos percorreu, até chegar na mulher que é hoje? Acho que o relato acida pode dar uma ideia, mas vou tentar achar um mais específico. Como sofri a convulsão eu desenvolvi uma depressão grave e síndrome do pânico (na época não diagnosticada) e eu me afastei de todos e comecei a ser uma leitora compulsiva. Por outro lado, comecei a fazer análise e ali descobri que esse era o meu caminho. Me formei primeiro em enfermagem e trabalhei duro num hospital público onde via médicos escolherem quem iam salvar devido a falta de recursos físicos. Era um horror! Trabalhava em três hospitais e muitas vezes ficava uma semana fora de casa trabalhando. Fazia formação em psicanálise paralelamente (porque tinha 4 filhos e um irmão para criar e eles dependiam só de mim) até que concluí e montei meu consultório. Me tornei psicanalista e depois, por entender que o ser humano não é formado só de um corpo fui fazer formações complementares na área holística. Hoje trabalho nas duas áreas com resultados excelentes.
9- Você sempre foi como é hoje? O que mudou? Como você viu, externamente mudou tudo, mas internamente eu sempre fui essa mulher que vai atrás do que quer e entende que as dificuldades são ensinamentos. O que mudou é que agora tenho estrutura muito mais forte para enfrentar os problemas.
10- Você é uma guerreira? Não! Por ser Terapeuta quântica não gosto do termo guerreira porque frequencia com luta. Mas considerando o que dizem de mim eu sou. Prefiro dizer que sou uma vencedora!.
11- Em que momento da sua vida a sua estrada bifurcou e como você fez a escolha e para onde ela te levou? A minha estrada se bifurcou quando comecei e fazer análise. Ali eu descobri o que gostaria de ser. Como você chegou até à Europa e o qual a trouxe até? Eu já transito pela Europa. Tenho vários pacientes tanto da Europa quanto dos Estados Unidos e Vancouver. Se você se refere ao Congresso foi através de um convite de amizade que recebi na
12- Você mudou como pessoa? Sim. Em que você mudou? Sou mais forte. O que a fez mudar? As dificuldades que enfrentei. O que me fez mudar foi entender que se eu não fizer escolhas para mudar a minha vida ninguém fará por mim. Saí da posição de vítima e passei para a superação. minha. 16- O que mudaria na sua história? Eu escolheria não ter sido abusada sexualmente pelos “amigos do meu pai”.
17- Por que você participa de movimentos culturais? Para levar adiante a minha missão de contribuir com o que eu sei e posso.
13- Onde e como encontrou força ou coragem para tal mudança, para conquistar seus objetivos? Vivi um dia de cada vez porque se olhasse para o futuro não via nada. Faria tudo outra vez? Não gostaria de passar por tanta dificuldade. Na verdade, a minha vida é um milagre, já que estive entre a vida e a morte muito criança. Não posso dizer que gostaria de passar por tudo isso de novo, no entanto no que se refere ao que fiz eu faria. 18- Você é estudiosa de uma mulher guerreira. Qual a mulher na história que você se assemelha? Não tive tempo de criar um modelo porque tive muitos, independente de ser homem ou mulher.
14- Alguém em particular lhe deu a mão? Sempre! Estranhos que me pegavam no chão desmaiada de fome e me levavam para suas casas para dar comida. Vizinhos que deixavam cascas de frutas e verduras no lixo que eu pegava para comer. Uma vizinha que tinha um filho que enjoava do leite e ela levava para os meus que não tinham nenhum. Um médico que quando tive suspeita de câncer no útero me tratou por caridade. Teria milhares de exemplos. Sempre surgia alguém “do nada”. Deus sempre esteve lá! Por isso mesmo me sinto na obrigação de estar lá para alguém.
15- Qual é a importância de RECEBER apoio? Fundamental! Criei os meus filhos com o lema todos por UM e assim é. Não precisa ninguém pedir porque nós nos antecipamos. Isso não serve só para o núcleo familiar, mas para quem aparecer. Por isso mesmo recuperamos tantos viciados em drogas. Por isso mesmo atendo pacientes que não me pagam nada se tenho vaga na agenda. Entendo que, se não servimos para servir não prestamos para viver. Somos parte de uma engrenagem. Cada um tem que fazer a sua parte. Eu procuro fazer a 19- O que deseja alcançar ainda? Ver as pessoas acordarem para a realidade de que a busca só pelo ter é pura fantasia que não leva a nada. Seus projetos? Tenho uma mentoria em andamento que mostra caminhos para o reequilíbrio e a reconexão. Continuo escrevendo. Tem um livro que está sendo publicado na Argentina e será distribuído na América latina. Participo regularmente de palestras (inclusive internacionais) conferências, projetos audiovisuais entre muitos outros.
20- Mensagem final. Espero que a minha história e meus livros ajudem a muitas pessoas a entenderem melhor a si e ao outro e assim poderem viver melhor.
21- Que tipo de arte você realiza? Cite suas obras. Apresente as capas das suas criações. Já enviei, mas vou reenviar como anexo.
Visite o Canal Cultive e veja a entrevista com Rosangela Matos - uma lição de vida Clic no link https://www.youtube.com/watch?v=1WwR-ULuHm8&t=1s
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