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EDITORIAL

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EXPO 2020 DUBAI

EXPO 2020 DUBAI

ANTÓNIO CUNHA VAZ,

PRESIDENTE DA CV&A CHAIRMAN AT CV&A

VOLTA AO MUNDO NUMA PÁGINA

AROUND THE WORLD IN ONE PAGE

Tudo está a acontecer. Vertiginosamente. Globalmente. Inesperadamente. Portugal está a meio do exercício do seu mandato na Presidência do Conselho da União Europeia. António Guterres, Secretário-geral das Nações Unidas, anunciou a sua intenção de se recandidatar ao cargo por mais um mandato. Dentro de seis meses a Senhora Merkel sai do poder na Alemanha. Em Israel, pela quarta vez, Benjamin Netanyahu ganha as eleições, em Myanmar o golpe de estado militar faz massacres sob a passividade do mundo, em Moçambique e com o Governo a fazer o possível e impossível para controlar os ataques de terroristas islâmicos a vida não está fácil para as populações, no Brasil a pandemia está a atingir proporções nunca vistas, na Austrália as inundações atingiram dimensões inimagináveis, em África há cada vez mais focos de conflito e, confesso, a indecisão ou o excesso de decisão sobre a pandemia tem deixado E verything is happening. At a dizzying speed. Globally. Unexpectedly. Portugal is halfway through its mandate in the Presidency of the Council of the European Union. António Guterres, Secretary-General of the United Nations, announced his intention to run for another term. Within six months, Mrs Merkel will be leaving government in Germany. In Israel, Benjamin Netanyahu won the elections for the fourth time; in Myanmar the military coup engages in massacres as the world stands by passively; in Mozambique the Government doing everything it can to control the attacks of Islamic terrorists and life it not easy for populations; in Brazil the pandemic is reaching unprecedented proportions; Australia is confronted with floods beyond belief; there are more and more conflict areas in Africa; and, I must confess, indecision or excessive decision as regards the pandemic have put Portugal under nervous breakdown.

Portugal em estado de nervos. Enquanto a realidade, do ponto de vista médico, parece melhorar, do ponto de vista da economia a situação é mais grave. E não nos falem de bazuca europeia ou de moratórias, porque as segundas são como aspirinas para tentar curar uma doença séria e a primeira é uma realidade que se esperava que acontecesse no primeiro semestre e, para ser sincero, creio que verá luz do dia em Outubro. Veremos quem sobrevive. E se a bazuca peca por chegar tarde, as moratórias pecam por ser um produto que só serviria o seu propósito se antes da pandemia as empresas estivessem sãs. A grande maioria delas não estava, apenas está a sobreviver porque há esta medida e quando chegar a hora de começar a pagar capital vai ter grandes dificuldades em sobreviver. O Mundo empresarial português acaba? Não. Nunca existiu! Os capitalistas portugueses não têm capital, sempre foram subsidiados pela banca e o mercado é demasiado pequeno para assegurar a sobrevivência de muitas empresas. Espera-se que a banca sobreviva, que se pare de ficar feliz quando os negócios dos nossos concorrentes correm menos bem e que o número de empresas que nasça seja superior e melhor em qualidade do que aquele que vai perecer. Internacionalmente é importante que o eixo Paris Berlim pense no resto da Europa da União, que Portugal não continue a deixar que se pense que a capital da Ibéria – como se a Ibéria existisse – é Madrid, que a crescente tensão entre a China, a Rússia e os EUA reduza, que os países da América Latina encontrem um caminho de desenvolvimento e que, em particular o Brasil, pela sua dimensão, se reencontre, sendo que o papel da Índia como maior democracia do Mundo e como potência industrial, bem como o papel de alguns países asiáticos e do médio oriente, com ou sem petróleo devem ser considerados como essenciais, economicamente mas, também, climaticamente. África tem um papel especial neste futuro do mundo. África não pode ser um continente eternamente adiado e ter populações repetidamente deixadas ao abandono. A responsabilidade de assegurar o desenvolvimento de África é dos africanos e dos seus governos. Mas os países ditos desenvolvidos não podem ser cúmplices, nos sectores público e privado, de um desbaratar de fundos que nunca chega a ser em benefício das populações. Termino com Portugal. Quando um Estado assina contratos deve honrá-los, sejam eles assinados com entidades nacionais ou estrangeiras. Sob pena de, no caso destas últimas, se arriscar a afastar o seu interesse em investir neste país à beira-mar plantado. Se os responsáveis do Estado não têm competência para negociar contratos, mudem-nos. Responsabilizem-nos. O que o Estado Português não pode é captar investimento quando precisa e querer faltar às obrigações assumidas com quem cá investe quando não é o caso. l While the reality, from the medical perspective, seems to be improving, as regards the economy things are more serious. And don’t even mention the European bazooka or moratoriums, as the latter are like curing a serious disease with Aspirin and as regards the first it was bound to happen in the first semester and, to be honest, I believe it will see the light of day in October. Let us see who will be able to survive. And while the bazooka does come late, the moratoriums would only serve their purpose if companies were healthy before the pandemic. The vast majority of them were not, they have been able to survive only because there were assorted measures in place and when the time comes to start paying capital they will experience major difficulties as regards their survival. Is the Portuguese business world over? No. It was never there. Portuguese capitalists have no capital, they have always been subsidised by the banks and the market is too small to ensure the survival of many companies. Let us hope the banking sector will, let us stop feeling happy when the businesses of our competitors don’t go that well and let us hope the number of companies to be established will be higher and of better in quality than the ones that will perish. Internationally, the Paris Berlin axis should thinks about the rest of the Europe in this Union, Portugal should do its best to stop people from thinking that the capital of Iberia - as if Iberia existed - is Madrid; growing tension between China, Russia and the USA should be reduced; Latin America should find a path of development; and let us hope Brazil, in particular and due to its size, finds its way again. As regards other parts of the world the role of India, the largest democracy in the world and an industrial power, and the role of some Asian and Middle Eastern countries, with or without oil, ought to be seen as essential, economically but also climatically. Africa has a special role to play in the future of the world. Africa cannot be left behind forever and populations repeatedly left to their own device. The responsibility for ensuring Africa’s development rests with Africans and their governments. But the so-called developed countries cannot be accomplices, in the public and private sectors, of the waste of funds that are never there for the benefit of populations. I would like to end with a note on Portugal. When the State signs agreements it must honour them, whether they were signed with national or foreign entities. Otherwise, in the case of the latter, it may risk the appeal of investing in this country right by the sea being lost. If those in power do not have the competence to negotiate agreements, they should be replaced. Held accountable. The Portuguese State cannot attract investment when it needs and try to avoid the duties undertaken with those who invest in Portugal when he doesn’t need them. l

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