BALLET DE FREDERICK ASHTON

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A filha mal vigiada BALLET EM DOIS ATOS de JEAN DAUBERVAL A filha mal vigiada é o mais antigo ballet de ação conhecido no repertório francês e é também o primeiro ballet moderno. Foi criado alguns dias antes da Revolução Francesa e teve sucesso imediato. A obra apresentada a 30 de junho de 2012 corresponde à versão criada em 1960 pelo britânico Frederick Ashton, uma versão virtuosa, cheia de humor, de ternura e de alegria. Louis Joseph Ferdinand Hérold John Lanchbery Frederick Ashton Osbert Lancaster George Thomson

Música Arranjos Coreografia Cenários e guarda-roupa Iluminação

Os bailarinos principais ou Étoiles, os primeiros bailarinos e Grupo de dança Orquestra da Ópera de Paris Philip Ellis: Direção Musical

(versão original de Dauberval, apresentada pela primeira vez ao público no Grand Théâtre de Bordeaux a 1 de julho de 1789, pouco antes da Revolução Francesa. Em 1885, Marius Petipas e Lev Ivanov produzem igualmente o espetáculo a partir do libreto de 1803 de Dauberval. Frederick Ashton criou a sua própria versão levada à cena em 1960.) Diz-se que este ballet, na sua versão original, foi o primeiro ballet a versar sobre pessoas comuns em situações quotidianas, mesmo se não se pode afirmar que o ballet de Dauberval fosse uma obra de propaganda revolucionária. Contudo, este ballet marcou sempre os espíritos por causa da sua intriga simples e sem grandes pretensões. Um crítico parisiense, ao redigir um artigo sobre uma nova representação em 1828, escreveu que o génio de Dauberval tinha tornado “o tema fértil de tal forma que depois do primeiro ato, o espetador não se apercebe da semelhança que tem com os outros, e que no fim sente-se tocado e comovido como se todos estes incidentes de um amor simples entre dois aldeões fosse um assunto de grande importância. Alexandre Benois chega a afirmar sobre a produção de 1885 deste ballet que “a representação parecia destilar o doce perfume dos campos e das pradarias e criar a ilusão perfeita do charme da vida no campo.” RESUMO Lise, filha única de Simone, uma viúva, proprietária de uma quinta próspera, está apaixonada por um jovem agricultor chamado Colas. Contudo, a mãe de Lise tem planos mais ambiciosos para a filha. ATO 1 Ao amanhecer, o dia anuncia-se cheio de azáfama com o aparecimento do galo e das galinhas suas ajudantes. Lise surge e, dececionada por não ver Colas, deixa-lhe uma fita como prova do seu amor. Colas encontra a fita e ata-a na sua vara. Os dois apaixonados encontram-se, mas são interrompidos por Simone, que manda a filha bater as natas para fazer manteiga. Colas, que se tinha escondido no celeiro vem ter com


Lise. Dividem o trabalho e depois esquecem-no quando declaram o amor que sentem um pelo outro. As camponesas convidam Lise para brincar, mas a jovem tem a cabeça na lua. Desconfiada, a mãe que está sempre de olho nela, trá-la para a realidade do trabalho e zanga-se. É então que Thomas, um viticultor rico e pretensioso, chega com o filho Alain. Sabendo ao que vinham pai e filho, Simone manda a sua filha embora. Nessa altura, Thomas pede a mão de Lise para o seu filho. Quando Lise regressa, Alain pavoneia-se de forma desajeitada. Primeiro chocada, Lise vai acabar por se divertir com as macacadas de Alain sem se interessar por ele. Partem depois todos para as colheitas nos campos. Depois do dia de trabalho, os ceifeiros seguem o exemplo de Colas e relaxam através da dança. A Lise e o Alain dançam juntos até que Colas intervém. Lise mostra claramente nessa altura qual dos dois jovens prefere. Para grande alegria de todos, um dos ceifeiros toca flauta. Alain também tenta por sua vez tocar flauta, mas não agrada a ninguém e todos acabam por troçar dele. O pai de Alain, indignado, salva o filho da confusão que gerou. O caminho está a partir de agora livre para Colas que, triunfante, dança com Lise. Simone junta-se a eles quando, de repente, uma tempestade os interrompe. Encharcados, todos se dispersam procurando abrigo. ATO II Na casa da quinta, mãe e filha refugiam-se da tempestade e começam a fiar a lã. “O trabalho deveria impedir Lise de fazer asneiras”, pensa a mãe. Mas Simone adormece e Lise, que viu Colas através do portão, tenta pegar na chave para o abrir. Simone acorda e, para se manter desperta, toca pandeiro enquanto Lise dança. Mas a mãe volta rapidamente a um ritmo mais lento antes de voltar a cabecear e acabar por adormecer. Colas abre a parte superior da porta e inclina-se na direção de Lise que, feliz, se precipita para os braços do jovem. Colas esconde-se ao escutar os ceifeiros aproximarem-se para receber o salário do dia de trabalho. Simone diz à filha para voltar a trabalhar, antes de a deixar para dar de beber aos ceifeiros. Lise, convencida que se encontra sozinha, sonha com as delícias da vida conjugal. Colas não resiste e sai do seu esconderijo. Lise fica envergonhada por ter sido observada, mas os dois apaixonados voltam a declarar o seu amor um ao outro, antes de trocarem lenços como prova do que sentem. Com a chegada de Simone, Lise empurra Colas para o seu quarto. Sempre desconfiada, a mãe adivinha que os dois apaixonados se encontraram e por sua vez fecha Lise à chave no quarto. Alain e o pai chegam com o notário para se assinar o contrato de casamento. Assim que este é assinado, Simone dá a chave do quarto de Lise a Alain. Após uns instantes de indecisão. Alain abre a porta e perante a consternação de todos Lise e Colas saem. Os apaixonados imploram Simone para que ela os perdoe e os abençoe. Apesar da presença de Thomas e de Alain, Simone acaba por ceder ao pedido da filha e de Colas para grande alegria de todos.


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