Diálogo de apresentação da obra de Catarina Barreira de Sousa, «Alice no País de Gil Vicente»

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Diálogo para apresentação da obra: Alice no país de Gil Vicente

Uma semana depois do incidente… Inês: Então conta-nos lá o que é que aconteceu? Ficaste tanto tempo inconsciente! Estávamos “bué” preocupados! Alice: Tenho pena que tenham ficado nesse estado... André: Nem sabes o susto que nos pregaste! Desaparecer assim de repente, o que é que te aconteceu? Inês: Estavas atrás de nós e do nada, quando nos virámos, já tinhas desaparecido. Alice: Nem eu percebi o que me aconteceu. Estava a andar calmamente de bicicleta, quando, de repente, caí no rio e quando dei por mim estava num barco!? Comecei a chamar por vocês, e vocês nada. André: Nós também chamámos imenso tempo por ti! Até chegámos a pensar que estavas a brincar! Inês: Pois até cheguei a dizer que podias ficar com a bicicleta nova só para ver se aparecias. Alice: Gostaria de ter ouvido essa. Fiquei com a sensação de estar noutra dimensão, ou algo assim. Até porque fui ter a um cais, que não conhecia e à minha frente apareceram duas personagens bastante estranhas... Inês: Sério que fixe! Quem eram? Alice: Eram um Anjo e um Diabo ou algo assim. Inês: Deves ter apanhado um “ganda” susto! Se fosse eu acho que teria desmaiado logo! André: Não, olhou para eles e pensou: “olha que giros devem ser simpáticos “. Alice: a tentar rir. Foi quase o que eu pensei só que... não. Na realidade não achei nada, estava tão confusa e a tentar perceber onde é que estava que nem pensei nisso. Inês: E depois o que é que aconteceu? Foste ter com eles? Perguntaste-lhes onde é que estavas? E eles disseram o quê? André: Esperem lá, então estavas mesmo noutro mundo?! Não estás a gozar ?! Alice: Estava sim! Vocês não percebem nada! Eu cheguei a ouvir-vos mas não vos via. É como eu vos disse, eu estava aqui mas nada do que era suposto estar aqui estava cá. Inês: Então como é que era? Alice: Mais tarde percebi que estava na época de Gil Vicente e que para sair de lá tinha de o encontrar...


André: Bem disse que esta pesquisa não ia dar bom resultado para o tipo de pessoa que és, sempre na lua... Inês: Cala-te André! Deixa a miúda falar! Deve estar cheia de vontade de contar a história já que acordou há tão pouco tempo. Alice: Mais tarde conheci duas personagens típicas do teatro de Gil Vicente que se juntaram à minha aventura: a de o encontrar. Não foi tarefa fácil! Inês: Deixa-me adivinhar, deves ter-te cruzado com as personagens dos seus livros, não? Já agora? Quem eram esses dois? Alice: Acertaste em cheio! Os meus dois amigos eram a D. Moça e o Sr. Parvo. André: Pois ouvi dizer que o Sr. Parvo era a personagem mais carismática e a preferida de Gil Vicente... não me admirava nada que fosse ele... Alice: É verdade, daqui a bocado já te digo uma coisa ainda mais impressionante, agora deixa-me continuar. Inês: Sim, sim, continua que eu quero saber o que é que aconteceu! Alice: Depois de me ter encontrado com o Sr. Parvo fui para Lisboa onde me cruzei com mais outras personagens que me disseram que Gil Vicente se encontrava em Coimbra, porque ele tinha-se deslocado para lá com a corte. Inês: E depois? O que é que vos aconteceu? Alice: Estivemos presos no Limoeiro, um homem enforcou-se... André: Oh meu Deus! Não sei como é que não ficaste traumatizada? Se eu fosse a ti nem quero imaginar... Inês: Não exageres André! Acho que na situação em que Alice estava, nem deve ter ligado. Alice: De facto estávamos todos mais preocupados com a nossa situação do que com este incidente. Inês: E ainda procuraram durante muito tempo Gil Vicente ou depois foi mais fácil? Alice: Bem... essa pergunta é bastante complicada... Acho que vou deixá-la em suspenso. Já vos conto daqui a bocado. Inês: Se tu o dizes... ok pode ser... Mas não demores muito que nós queremos saber e daqui a bocado já vai tocar para a entrada. André: Não te esqueças que, agora que voltaste, vamos, finalmente, poder fazer a apresentação do trabalho. Inês: Sim já não era sem tempo, depois destes três meses... Tivemos de fazer o trabalho todo sozinhos, espero que o tenhas aprendido... André: Não sejas chata, então a Alice esteve em coma e tu estás preocupada com o trabalho.


Inês: Desculpa lá, o primeiro a falar em trabalho foste tu... Alice: Bom querem ouvir o resto ou paro? Inês/André: Não, não, continua! Alice: Onde é que estava??? Ah pois é... estava então a dizer que depois de assistirmos ao suicídio fugimos da prisão e continuamos a nossa busca, mas desta vez como fugitivos... Inês: Bem deve ter sido uma experiência engraçada Alice: E foi. Entretanto chegámos a Coimbra e fomos para a floresta d’Enganos, a ultima obra de Gil Vicente e encontramos uma espécie de bruxa, a Cassandra que nos contou a lenda da origem da cidade de Penacova. André: Ai sim? E que lenda é essa? Alice: Já não me lembro muito bem, só sei que fiquei outra vez inconsciente e acordei nessa lenda. Mas esta viagem durou muito menos tempo... Inês: Claro, não me admiro nada. Mas deve ter sido estranho estares a sonhar dentro de um sonho... Alice: A quem o dizes, apesar de nunca sentir que estava num sonho... André: Mas conta lá, onde é que estava Gil Vicente? Inês: Sim gostávamos de saber!!! Alice: Bem se querem assim tanto saber eu digo-vos, mas vocês nem vão acreditar. Depois desta aventura toda embarquei na nau d’amores graças ao lugar que o Sr. Parvo me cedeu. Mais tarde o capitão do barco revelou-me a identidade de Gil Vicente... André: Quem era? Inês: Sim, sim, diz!!! Alice: Bem ele só disse que todos estavam à espera de Gil Vicente mas que à última da hora ele tinha cedido o lugar a alguém que me estimava muito e então percebi que Gil Vicente era o Sr. Parvo. André: Só podia! Eu disse-vos que ele era a personagem preferida de Gil Vicente... Quem me dera ter vivido essa aventura! Inês: Olhem, está a tocar! É melhor irmos andando porque ainda temos um trabalho para apresentar. Alice/André: Bora.

FIM Autoria: AT & JM Abril de 2019


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