s o v i t a i r c s o t x e T Inspirados na obra A hist贸ria de Clarice de Anna Cl谩udia Ramos
Imagina o encontro de Clarice com a Andreia. A partir da leitura e da análise que estás a fazer da obra de Anna Cláudia Ramos, imagina que a Clarice encontra a Andreia cinco anos depois do excerto da obra que a seguir se transcreve: Bisa, bem que você podia vir me buscar. A menina da história morreu feliz. Tenho certeza. Ela foi embora nos braços da única pessoa que a amava. Acho que eu nem ia me importar de morrer se fosse pra encontrar você outra vez. Só você me amava. Quando você morreu, ninguém mais me deu beijos. Minha mãe nunca me beijou… só beijava o Andrezinho. Mas ainda bem que a Andreia foi embora. Assim ela nunca mais vai me maltratar. Nunca mais. (cap. 3, p. 27) O teu trabalho criativo deve surgir: - Com introdução, desenvolvimento e conclusão - Com um máximo de 60 linhas - Respeitando a obra A história de Clarice - Com alusões à relação que Clarice está a construir com a tia Lu.
Clarice estava no seu quarto, a pensar na Bisa, nos seus beijos, nas boas lembranças. Tinha que ir comer. Que sorte! Tia Lu tinha-a convidado para ir almoçar fora. Quando estavam a entrar para o carro, Luciana teve uma alucinação, mas continuou como se nada fosse. Chegaram ao restaurante e a tia Lu voltou a ter essa mesma alucinação. Sentia que alguma coisa de estranho se estava a passar. Lembrou-se da sua irmã;,dos momentos em que Andreia maltratara Clarice e a sobrinha sempre com o “Eu odeio-te”. Clarice, preocupada porque via que a tia não estava bem, perguntou-lhe como se estava a sentir. Luciana respondeu que estava tudo bem. De regresso a casa, Luciana disse a Clarice que fosse entrando, pois ela só ia deitar o lixo fora. Foi então que Luciana olhou para a esquerda e viu Andreia. Começou a gaguejar: - Anndreieia !??? És mesmo tu?? - Sim, sou eu! Eu sei que não devia estar aqui. Mas… - Como é que tu foste capaz de fazer aquilo com as crianças?? - Não sei. Eu só quero que Clarice me perdoe e volte a viver comigo. André que ouviu vozes no pátio da casa, foi à janela e descobriu a mãe a falar com a Tia Lu. Não resistiu e começou logo a gritar pela mãe enquanto corria para o pátio: - Mamãe! Mamãe! Clarice assustou-se com a gritaria e, por sua vez, saiu de casa. Era mesmo a sua mãe! - Mãe!?? - Sim, sou eu, minha querida. Anda cá, dá-me um abraço. - pediuAndreia num tom tranquilo. Clarice repondeu: -Depois do que você me fez, ainda quer um abraço!!?? Não, nunca mais! Clarice entrou dentro de casa e desapareceu para o seu quarto. Depois daquele dia, nunca mais se ouviu falar de Andreia.
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Bisa, bem que você podia vir me buscar. A menina da história morreu feliz. Tenho certeza. Ela foi embora nos braços da única pessoa que a amava. Acho que eu nem ia me importar de morrer se fosse pra encontrar você outra vez. Só você me amava. Quando você morreu, ninguém mais me deu beijos. Minha mãe nunca me beijou... só beijava o Andrezinho. Mas ainda bem que a Andreia foi embora. Assim ela nunca mais vai me maltratar. Nunca mais. São estes os meus pensamentos. Detesto tanto a Andreia que até começo a pensar que preferia que tia Lu fosse a minha mãe. Agora vejo que ela é legal. Clarisse tinha percebido que a tia Lu não era como a sua mãe, ela percebia-a e tratava-a muito bem. Também tratava bem o Andrezinho e isso alegrava-a. * Cinco anos depois, a tia Lu recebeu uma mensagem de Andreia dizendo que ia voltar ao Rio de Janeiro e que queria Andrezinho de volta, mas não Clarisse. Clarisse ficou muito triste e começou a deprimir de novo. Sentia de tal maneira falta da Bisa que começou de novo a pensar nos fósforos, na vendedora dos fósforos... e na vontade que tinha em desaparecer. Já estou farta de minha vida. Ninguém me ama nem minha própria mãe me quer de volta! Ainda por cima a tia Lu obriga-me a ir buscar a mãe ao aeroporto assim que chegar. Se tiver de ficar com ela, prefiro saltar pela janela!!! Vou ver um pouco de televisão talvez me faça esquecer esta ideia. Assim que Clarice chegou à sala da televisão que a tia Lu tinha comprado no ano anterior, viu-a chorando. A televisão estava sintonizada no canal 2 que emitia as notícias. Não percebi o que se passava e aproximei-me. Vi que no televisor estava escrito ‘’avião com destino ao Rio de Janeiro despenha-se na rota’’ e então percebi... ERA O AVIÃO DE ANDREIA!!! Recebemos em casa, meia hora depois, um telefonema do hospital ,anunciando que Andreia estava hospitalizada e morrendo! A tia Lu pegou em Clarice e Andrezinho e foi o mais rápido possível para o hospital. Quando chegaram já era demasiado tarde... Andreia tinha falecido. Estou chocada com a a morte de Andreia mas sei que ela não vai reencontrar-se com Bisa... o que ela merece é ir para o inferno, sofrer durante o resto dos seus dias e deixar Bisa em paz visto que, enquanto viveu, foi um inferno para os outros! Depois da morte de Andreia decidi não pensar mais em suicídio, porque agora com Andreia morta não quero ir ter com ela. Aqui tenho tudo o que preciso, o amor da Tia Lu e muitos amigos!!!
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A Clarice saiu sem fazer barulho da casa da tia. Não tinha vontade de falar com ninguém, só queria ler lá fora. Enquanto andava tranquilamente por uma pequena estrada, à sombra, um carro velho passou por ela. Clarice desviou-se, mas o carro parou e uma voz conhecida perguntou-lhe: - Por favor, a autoestrada para a Bolívia? Pensava que nunca mais a iria ver, mas, naquela tarde, vi-a de novo. Ao princípio, não vi a sua cara e respondi: - Não sei, pergunte ali à frente, na aldeia. E só nesse momento reparei que estava diante da minha mãe. Era a minha interlocutora! Quando ela reparou na minha cara, continuou a falar como se nada tivesse acontecido. Falava, falava, sem parar, como se tivesse muita pressa. Mais uma vez, não tinha tempo para mim. Também estava a tentar agir como se nada tivesse acontecido há cinco anos atrás, como se o que tinha feito não tivesse importância. Tentei lembrar-me das últimas semanas em que a tia Lu tentava ajudar-me, sempre simpática e eu não queria amá-la para não ter desilusões como tivera com a minha mãe, a Andreia. Pensei na Bisa e pensei no Andrezinho. Decidi não ser mais invisível diante da minha mãe (e olhem que custa mesmo pronunciar estas palavras falando da Andreia) e disse-lhe: - Você é má! Vá-se embora! Já não quero vê-la! – a raiva ajudava a falar – Não fui eu quem veio, foi você que me trouxe para este mundo, para esta vida! A Andreia saiu do carro, levantou o braço para me bater, mas parou. O seu braço caiu: começou a chorar. Fiquei a observá-la, sem emoção. Continuou a chorar. Refleti numa outra vida, cheia de amor. A minha vida era assim, ponto final, só gostaria de ter alguém com quem falar. Precipitadamente, a minha mãe parou, levantou-se, regressou ao carro e olhou-me. As suas palavras eram importantes, mas não quis ouvi-las. - Desculpe. Oiça, não diga nem uma palavra ao Andrezinho... Adeus ! – E arrancou. A Clarice voltou para casa. Olhava tudo de uma nova maneira. Tentou esquecer o carro que passara por ela e foise embora. Subiu as escadas, entrou na biblioteca, abraçou um livro e deitou-se. Enquanto estava a pensar na Bisa, encontrou uma caixinha de fósforos. Pareciam tão pequenos e lembravam-lhe tanta coisa...
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Enquanto Clarice estava passeando com Ferrugem, Nata e Trovão viu chegar uma senhora e um homem, parecido com o Michel. Traziam com uma menina ao colo. A sobrinha da tia Lu estava passeando num caminho estreito da serra onde agora morava. A senhora tinha uns cabelos compridos e pretos, como os de Andreia, uns olhos verdes como os de Andreia e uma roupa horrorosa, como a de Andreia; o homem, parecido com Michel não tinha a barba feita, como o Michel, tinha os piercings do Michel, exatamente nos mesmos sítios que Michel, e uma roupa horrorosa, como a do Michel. Clarice aproximou-se devagarinho e ouviu de nenhuma voz chamando por ela: - Clarice?! Olhou para trás e viu a senhora que era parecida com a Andreia olhando para ela. E respondeu no mesmo instante: - Sim?! Conheço-a?! - Sim, conheces, sou eu, a Andreia! Clarice só conhecia uma Andreia, a sua mãe. - Andreia?! - Sim, a tua mãe! Clarice só pensou, nesse momento, que a mãe a tinha deixado há cinco anos e que desde essa altura nunca a tinha tentado contactar. Apareceu então o homem parecido com Michel que se lhe dirigiu com um ar afável: - Clarice?! Como vais? Clarice não respondeu. O homem prosseguiu: - E o Andrezinho? Peço imensa desculpa por vos ter roubado à vossa mãe... - Não fales mais nisso, pertence ao passado! – respondeu a mãe. -É ao passado?! Deixaste-nos para ir viver com o teu namoradinho. Deixaste-nos: a mim e ao teu filho, lembras-te? O Andrézinho! Tu, para mim, não és minha mãe, és uma pessoa que eu detesto. Fizeste-me sofrer, dizias que eu era o problema, que tinhas perdido a tua infância por minha causa, mas afinal o problema és tu, eu é que perdi a minha infância por tua causa. - Clarice, não digas isso. Eu gosto muito de ti... por isso viemos buscar-vos. - Não venhas com palermices. Tu e o Michel não são e nunca serão bons pais. - Não, só agora é que aprendemos a ser bons pais. Apresento-te a tua irmã: a Andreia Júnior! – respondeu apontando para a menina ao colo de Michel. - OUVE-ME, eu não sou tua filha nem Andrezinho por isso não nos tentes encontrar. Se não te importas vou-me embora para junto da tia Lu, a minha verdadeira mãe! Andreia não encontrou resposta e deixou-a ir. Quando Clarice chegou a casa não teve coragem de contar à tia que encontrara a mãe. Aproximou-se simplesmente da tia e do André e abraçou-os com muita força.
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Era uma manhã de julho quando me levantei. A tia Lu tinha organizado um encontro com a minha mãe para o meu aniversário: - Já quinze! - pensei- O tempo passa tão depressa! Desci para tomar o meu pequeno-almoço. O André já estava a ver televisão e a comer pão com marmelada: - Finalmente acordaste! Como estás? Dormiste bem? O que queres comer? - perguntou-me a tia Lu preocupada. - Calma, calma, tia. Estou bem, não te preocupes. - Tudo bem então, né? Mas não te esqueças que a tua mãe chega às dez! Já são nove! - Já sei, tia. - respondi-lhe num tom um pouco agressivo. Na verdade, eu não queria nada ser agressiva com a minha querida tia Lu. Ela que sempre se preocupa tanto comigo! Ela que cuidou tão bem de nós, do André e de mim! Mas saiu-me a agressividade pela boca, não o consegui evitar. Estava nervosa. O relógio acabara de bater as dez horas quando ouvi um carro chegar ao sítio da tia Lu. Um enorme pesadelo invadia-me a pouco e pouco. Será que eu queria encontrar a minha mãe? Afinal, tinha sido eu a pedi-lo à minha tia. Queria dizer tudo o que havia para dizer: falar do nosso abandono e do inferno permanante em que ela me deixou viver. Não sei como é que ela teve coragem de aceitar o convite! As minhas dores de estômago tinham até piorado naquela manhã. Já estava a ouvir a « conversa » da mãe com a Luciana há um bom bocado, quando a tia chamou por mim: - Clarice, querida, a mãe chegou, venha cá! - Já vou! - respondi. Desci as escadas uma a uma, lentamente. Quando a cara da minha mãe apareceu diante de mim, senti um choque. Murmurei um Olá desgradável. - Olá, Clarice, como estás? - perguntou-me a mãe baixinho. Não respondi, não quis. E tinha as minhas razões para isso! Já cinco minutos tinham passado e ninguém tinha falado. Tentei abrir a boca para dizer o que queria dizer, mas não consegui. A mãe começou a zangar-se e disse: - Bom, se ninguém quer falar, eu não sei por que é que vim aqui! Adeus! E saiu, fechando a porta com força atrás dela. Apressei-me para os braços da tia Lu: - A minha mãe não mudou nada, tia! Por que é que eu tentei encontrar-me com ela? Que raio de aniversário é que me deu! Outra vez!
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Hoje é dia de chuva. Estou no hospital. A tia Lu deu-me beijos e agora, sinto-me melhor. " Fratura do braço. O resultado não é bom e a situação está a piorar”, disse o médico. Agora, estou a chorar. A chorar de medo, a chorar de pena. Por que é que a minha mãe não me amava ? Nasci sozinha, sem beijinhos. Nasci detestada. Ai ! Meu Deus do céu ! Por que é que tenho uma mãe que não me ama ? Não fiz nada de mal para ela me detestar. Ó mãe ! Estás a ouvir-me ? Por que é que me fizeste mal ? Agora só há a tia Lu que me ama. Ela é generosa, meiga... Tocaram à campainha. A porta abriu-se e ... uma linda senhora, bem vestida, com ar tímido e com cerca de 35 anos, entrou. Era magra, loura, usava um chapéu arco-íris e sapatos vermelhos. Tinha olhos azuis e um casaco verde, brilhante: - Olá! Sou a tua mãe, a Andreia! O quê ?! Não é possível! Não podia ser ela! Antes era mais gorda e só usava vestidos negros ! Meu Deus! Santa Maria! Andreia começou a falar: - Eu sei que isto pode ser um choque para ti. Minha linda menina...perdoas-me por ter sido tão horrível ? Desculpa, não fui uma boa mãe. Eu só queria que tu ficasses invisível, mas agora prometo que vais ser bem visível! Aproximou-se de mim. Pousou a mão na minha perna, olhou-me tristemente. Agora já não tinha nenhuma dor no braço desde que a Andreia ali chegara. - Sabes, minha querida, eu te amava, mas não queria que tu soubesses isso porque... porque tinha medo de te amar. Então, decidi amar muito o André, o teu irmão. Assim, achei que tu poderias ficar maluca. Maluca por causa da falta de amor. Meu bebé...Quero tanto que fiques nos meus braços para eu te embalar… Um raio iluminou a noite negra em que sempre vivera. Fiquei aterrorizada. Nunca pensei que um dia a minha mãe poderia dizer-me aquilo. Fiquei de boca aberta. Fechei os olhos. Senti as frases verdadeiras que ela ia dizendo. Ouvi o silêncio. Retomou a palavra: - Tenho de ir porque tenho de regressar ao trabalho. Talvez te venha visitar amanhã de manhã... - Não !!!- gritei - ficas comigo !! Quero sentir o amor que nos liga ! Agora estou nos seus braços. Estávamos a dormir juntas na cama no hospital quando acordei. Que linda mãe eu tenho ! É bela, e quando olho para ela, sinto-me reconfortada. Não tenho dor nenhuma no meu braço. O novo amor que me deu a minha mãe acalmou a minha dor e acho que o meu braço já está curado! Agora vou ser feliz o resto da minha vida... Naquele momento, o médico entrou no quarto e disse: - Impressionante! O teu braço está curado, foi tudo mais rápido do que previsto!
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Estava uma manhã de primavera e a tia Lu tinha ido fazer as compras deixando Clarice sozinha. Como estava sem nada para fazer, a jovem resolveu ir dar uma volta pelos campos fora. Tudo estava a correr bem. Um dia ensolarado e com imensas flores, uma típica manhã de primavera. Clarice estava sentada no meio das flores, a pensar, quando de repente ouviu alguém falar: - Olá. Clarice sabia que já tinha ouvido aquela voz, era-lhe uma voz muito familiar, de quem tinha más recordações. Só demorou dois segundos a perceber a quem ela pertencia: Andreia! -Andreia?! O que estás a fazer aqui? – Perguntou Clarice com um tom ameaçador. - Vim ver-te. -Tu?! Vieste ver-me? Só se for para me dizeres coisas más e para levar o André contigo! - Não – respondeu Andreia – vim ver-te e confessar-te uma coisa. - Diz-me primeiro: porque vieste ver-me?! - Isso faz parte do que eu tenho para te dizer, minha querida. Estas últimas palavras provocaram um efeito de choque em Clarice. Querida? Nunca Andreia lhe tinha chamado querida nem nunca imaginara que isso pudesse acontecer algum dia. Clarice estava chocada. - Clarice, meu amor… - Sim? – Perguntou Clarice com as lágrimas nos olhos. - Eu amo-te - Tu… amas-me? – Repetiu Clarice já chorando. - Sim… e amo-te muito. - Eu não sei o que dizer… Todos estes anos… e agora dizes-me isto assim… apareces do nada… eu acho que estou a sonhar… - Não, não estás. Eu não me enganei: Eu amo-te, Clarice. Durante estes anos todos eu não sabia. Mas a pouco e pouco comecei a ter saudades tuas e percebi que te amava, que te amava muito. Clarice não sabia o que dizer… correu para junto da mãe, saltou para cima dela e num abraço sem fim ficaram ali… no meio das flores, mãe e filha. - Então, porque nos abandonaste assim?... – Perguntou Clarice. -… porque eu não era o melhor para vocês! Nem para ti nem para o teu irmão. Mereciam melhor de que eu… eu queria a vossa felicidade… mas mal fechei a porta atrás de mim fiquei logo arrependida… Desculpa Clarice, desculpa filha… - O que importa agora é que estamos juntas e eu sei que tu me amas.
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Último capítulo : O Encontro Passados muitos anos, Clarice se sentia muito melhor. Brincava com o André, se ocupava dos cachorros e ajudava a tia Lu a guardar a casa. Clarice e a tia Lu continuavam a escrever cartas uma à outra, mas disso ninguém sabia. Sim. Clarice se sentia muito melhor, mas continuava a sentir muita saudade da Bisa. Até se lembrava das histórias que a Bisa lhe contava, “A Vendedora de Fósforos” e “O Soldadinho de Chumbo”. De vez em quando pensava na Andreia. E logo parava de pensar, queria apagá-la da sua nova vida. Sua nova vida que era muito feliz, muito feliz. Queria tornar-se autora. Já tinha previsto que na contracapa do seu livro estaria escrito “A Bolsa amarela”. Clarice tinha previsto tudo e sabia que nada ia mudar sua nova vida perfeita. Era um lindo dia de sol. Clarice estava lendo na sombra de uma árvore, enquanto o André brincava com Ferrugem e a tia Lu preparava um bolo. A Clarice, que estava muito concentrada na sua leitura, escutou um latido e assustou-se. Olhou o Ferrugem e o André que a chamavam para ir brincar com eles. Ela deixou o livro na grama e correu atrás deles. Juntos, foram até o riozinho que estava perto da casa da tia Lu e brincaram a jogar pedras. O Ferrugem tentava pegá-las, mas tinha medo da água. Já estava ficando tarde quando Clarice, André e Ferrugem voltaram para casa. Depois do jantar, Clarice e André, muito cansados depois daquele dia de brincadeiras foram dormir. Clarice, já quase dormindo, escutou a voz da sua tia e outra voz familiar! Mas ela estava demasiado cansada para escutar. Fechou os olhos e dormiu. De manhã, quando se levantoupara tomar o pequeno-almoço, chegando na cozinha, a Clarice deu um grito. Andreia estava sentada na mesa, tia Lu no lado. - O quê é isso? – perguntou Clarice já voltando para o seu quarto - Volte aqui, Clarice! Andreia quer dizer-lhe uma coisa! – Clarice voltou na cozinha quase chorando. - Escute filhinha. – falou Andreia - eu nunca quis fazer-lhe mal. Pensei durante cinco anos e percebi que foi horrível, insuportável, tudo o que de pior pode haver numa mãe. Vim aqui lhe pedir desculpas e perguntar se você quer vir viver comigo? Clarice queria gritar na cara da mãe. Gritar pelas coisas que tinha feito e gritar um grande NÃO. Foi o que fez: - NÃO! Nunca vou lhe perdoar! – gritou Clarice fugindo para o seu quarto. Três horas depois, tia Lu foi ter com a sobrinha. Perguntou-lhe se não queria mesmo ir com a mãe. A Andreia tinha mudado muito e o André regressaria com ela. Clarice disse que não queria ir viver com a mãe, que essa casa da tia Lu era dela e que ali se sentia bem. Falou que sua nova mãe era a tia Lu. A tia, muito emocionada, desceu e foi despedir-se da irmã. Passado algum tempo, Clarice escutou o ruído de um carro. Foi rapidamente à janela dizer adeus ao irmão que tanto amava. O carro desapareceu ao virar da estrada de terra batida. A Clarice regressou para a sua cama. Luciana juntou-se a ela. A jovem sentia agora saudade do irmão, mas não ia voltar a ficar muda. Essa era sua nova vida e nada, nem ninguém, poderia roubá-la. Nem mesmo a sua mãe!
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Era um domingo de férias, com muito sol e a Clarice ia passar férias em França com o seu irmão André e a sua tia Luciana. Eles iam a Paris. Na viagem, já no avião, a Clarice pensava no abandono, interrogava-se sobre como estaria a sua mãe, se agora a mãe já a amaria tanto como ao seu irmão. Era muito importante para a Clarice, mas não tanto como antes, porque agora ela tinha a tia Lu que sempre estava com ela, que a amava. Os três turistas cariocas chegaram à capital francesa maravilhados. Tinham alugado um apartamento perto da torre Eiffel. O André estava impaciente por estar diante da grande torre, mas Luciana dizia-lhe que fariam isso mais tarde. Antes tinham que fazer compras para a semana. Dirigiram-se então a um supermercado, não longe do apartamento. Luciana e Clarice comentavam sobre aquela maravilhosa cidade. O André, com os seus oitos anos, corria atrás dos pombos. Agora Clarice já não sentia inveja nenhuma do irmão e sentia-se muito próxima da tia, falavam de tudo e de nada. Quando entraram no supermercado, o pequeno André pediu à tia para colocar a moeda e desbloquear um carrinho para as compras. Luciana falava-lhes sempre num tom firme mas simpático : -Só um pacote de rebuçados! A determinado momento, André e Luciana iam à frente, a Clarice seguia atrás empurrando o carrinho. De repente, num abrir e fechar de olhos os três turistas ficaram boquiabertos ! Apareceu-lhes, como que caída do céu, a Andreia! Essa mesmo: a mãe da Clarice e do André, a irmã da tia Lu. André correu para ela gritando: - Mamãe ! Mamãe ! A mãe o reconheceu e o abraçou imediatamente. Os dois choravam de alegria. Depois Andreia abraçou a irmã e dirigiu-se a Clarice. Pela primeira vez Andreia beijava a filha: - Desculpa, minha filha! Eu fui horrível. O Michel foi-se embora com outra… não me amava… Agora eu sei o que é não ser amado… Desculpa, Clarice ! Agora eu amo-te … A Clarice não podia exprimir a sua alegria, não conseguiu abrir a boca. Andreia fez de guia durante toda a semana de férias para a família. Depois dessa emocionante semana, Andreia decidiu regressar ao Brasil e fazer uma surpresa aos dois filhos. Ela ficou a viver na quinta da irmã o resto da sua vida com os dois filhos e a Luciana. Clarice ficou muito, muito, muito, muito contente com a reviravolta que a sua vida acabou por dar. Adorou apresentar a casa e os cães do sítio à mãe. Podia por fim fazer uma cruz sobre as três vontades que conseguiu realisar.
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« Acho que eu nem ia me importar de morrer se fosse para ir ter com você [Bisa] outra vez. » Clarice abriu os olhos. Aquela frase, ela conhecia-a na ponta da língua. É claro que tinha saudades da sua bisavó, mas agora, estava feliz. Tinha finalmente encontrado um lar. Uma verdadeira família... - Clarice, anda ! Estamos atrasados ! - Fábio acabara de surgir no quarto de Clarice. - Sim, pai, vou já. Clarice pegou na mochila verde, no seu casaco e desceu as escadas de madeira. Ali, começaria outro dia como todos os outros: testes, exercícios, secas em matemática e gargalhadas com os amigos. - Beijinhos, mãe ! - Clarice abraçou ternamente Luciana e saiu de casa, atravessou a quinta e entrou no carro de Fábio. *** Clarice saía do liceu alegre, pronta a anunciar o seu magnífico dezoito vírgula cinco a matemática. Já estava a ensaiar o seu discurso para anunciar a sua nota, quando parou petrificada. Não podia ser ! - Clarice sou eu ! - O que é... O que é que estás a fazer aqui ? - balbuciou Clarice. - Estás tão bonita... Deixa-me abraçar-te ! - Achas que mereces um abraço da minha parte.?Tu abandonaste-me. E agora voltas, passados cinco anos ?! - As primeiras lágrimas começavam a cair. - Clarice.. Peço desculpa... O Michel foi-se embora... - Ah ! Agora é que te interessas por mim ! Tu já não és minha mãe. Como dizias antes, eu sou acidente na tua vida. Não quero mais ver-te ao meu lado. Adeus...Andreia ! Clarice entrou em casa e foi diretamente para o seu quarto. Que lata !... Será que ela merece uma chance ?... Não ! Uma mãe verdadeira é a pessoa que ama, que diz « Amo-te». Tal como Luciana...
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Capitulo 6 O encontro inesperado Num dia de sol, estava a Clarice a brincar no jardim. Ela estava toda contente. Quando uma pessoa desconhecida entrou na casa da tia Lu. Clarice ficou pensativa: Quem será ? Tratava-se de uma senhora de cabelo loiro, olhos castanhos, usava saia preta e camisa branca. Tinha um ar familiar... mas quem seria? Clarice entrou em casa e foi ver o irmão. Também ele tinha visto a mulher desconhecida, e perguntou à irmã: - Quem é ? - Não sei, mas acho que a conheço de algum lugar... - Eu também tenho essa sensação, a sensação de já a ter visto. Resolvi ir ver a tia Lu e perguntei-lhe: - Quem é ? - Clarice... essa senhora que está aqui... é a tua mãe! - Olá filha... - saudou-a timidamente Andreia. - Eu não quero te ver ! Porque vieste aqui ? Tu nunca me amaste ! -gritou Clarice. - Ó Luciana, posso falar com a minha filha a sós ?- perguntou Andreia. Luciana foi-se embora. Mas porquê ? Porquê ? Por que é que Andreia queria que a tia Lu saísse? - Sabes, filha... - Eu já não sou tua filha ! Eu estou bem com a tia Lu, pelo menos ela me ama ! Não é como tu! - Tens razão, eu não fui uma boa mãe ! Eu sempre disse que tu tinhas estragado a minha vida, mas agora é diferente e eu mudei. - Toda a gente diz que mudou mas ao fim e ao cabo continuam os mesmos, iguaizinhos!
ninguém
Clarice ainda está vivendo em casa da tia Lu, André já esta crescido tal como Clarice que é agora uma adolescente. Numa tarde de sol, Andreia telefona a Luciana dizendo que Michel morreu num acidente de carro e ela está precisando de ajuda para viver. Lá na América está tudo muito complicado e Andreia precisa voltar para o Brasil. Tia Lu não fica muito entusiasmada pois sabe que vai ser difícil para André e sobretudo para Clarice voltar a ver a mãe, depois daqueles anos todos. Mas Andreia insiste, pedindo à irmã para a deixar voltar e morar na casa dela. Tia Lu não sabe, mas vendo que a irmã está mesmo a precisar de ajuda, diz que sim. Andreia anuncia que chega no dia seguinte e a irmã confirma-lhe que a vai buscar ao aeroporto logo de manhãzinha para os meninos não se aperceberem de nada. O dia todo Luciana fica pensando na irmã e sobretudo na relação que tinha com as crianças. No dia seguinte, Tia Lu sai de casa bem cedo, mas não tarda a voltar, pois o aeroporto não é longe. Quando chega a casa, dá de comer à Andreia que está com fome já que a viagem tinha sido bem demorada. Depois disso vai acordar as crianças com um beijo leve na testa. Clarice é a primeira a levantar-se, e quando chega à cozinha olha para aquela mulher que observa durante uns segundos antes de voltar para o quarto a correr. André que está a acordar nesse momento pergunta o que se está a passar. Clarice explica-lhe a situação. Então, André propõe que se dirijam os dois juntos para a cozinha. Quando ali chegam de mãos dadas a mãe corre para os abraçar, mas eles não deixam, olham para a mãe com ar desiludido e triste, Andreia diz-lhes que tinha cometido um grande erro e que estava com muitas saudades deles. Clarice responde: - Como podes ter saudades de uma pessoa que nunca amaste e que sempre deixaste de lado?! - Isto tudo foi um grande erro, amo-vos muito a vocês os dois. E eu sempre amei você minha filha, mas eu tinha medo de amar e mostrar. - Isso é tudo mentira, você sempre amou Andrezinho e nunca me amou a mim. Mas depois de nos ter deixado, André também já não gosta de si, percebeu a gravidade do seu erro! - Você está tão crescida, tão linda e tão parecida com sua mãe, eu! - Chega de mentiras! Eu tenho agora uma família: tia Lu, André e todo o mundo cá do sítio! - Mas eu sou sua família! - Não, não é! Nunca ninguém gostou de mim! E se experimentar abraçar-me outra vez, eu mato você! Agora vá-se embora, ninguém quer uma mãe como você, aqui nesta casa! Diga-lhe tia Lu, diga-lhe! - Mas eu tenho que ficar, não posso ir embora! - Vá-se embora, enquanto eu viver nesta casa, você não entra. Ou vou eu, ou vai você! Agora escolha! Andreia acaba por se ir embora. Nesse dia, Clarice fica um pouco triste, mas ela agora vive feliz, já não é invisível, tem uma família e amigos que a amam. Até já tem um namorado que vai apresentar a tia Lu dentro de pouco tempo, enfim assim espera fazê-lo! Durante as férias vai fazer um estágio no circo e, na escola, tem as melhores notas nas redações, pois adora escrever!
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Clarice agora com quinze anos estava mais livre de fazer o que queria. Ela podia sair com suas amigas, ou mesmo sozinha. Para Clarice o abandono da mãe já estava esquecido. Ela tinha achado uma boa e verdadeira mãe, que não a maltratava, a tia Lu, até já lhe chamava " Mãe". No dia em que ela chamou sua tia " Mãe" pela primeira vez, Clarice viu a felicidade da tia que começou chorar. Clarice também já tinha feito as pazes com o Andrezinho, e eles já viviam como verdadeiros irmãos. Agora já não havia ninguém para os separar. Certo dia, Clarice foi comprar leite ao mercado e para sua grande surpresa reconheceu a mãe, acompanhada por um homem grande, ambos procuravam pelos filhos. Não, não é possível ! Ela não pode estar aqui! Não, não quero que ela estrague a minha vida de novo. O olhar de ambas acabou por se cruzar, e o olhar da mãe escureceu ao ver a sua própria filha. Elas se aproximaram, se olharam um tempinho até que a mãe quebrasse o silêncio : - Bom dia, filha! - saudou a mãe com um ar severo. A filha nem quis responder. Seguiu em frente e pegou o leite que tinha ido comprar. A mãe correu atrás dela e disse com um ar irritado: - Não dirigir uma palavra à sua própria mãe, é falta de educação! - Você não é minha mãe !! - gritou-lhe Clarice. A mãe nem se deu ao trabalho de responder à sua filha. Não acredito que depois de tanto tempo ela tenha tido coragem de aparecer ! Agora que eu tenho o leite não preciso ficar perto dessa mulher... Fui para casa rapidinho, mesmo se sabia que Andreia me seguia. Corri para a minha verdadeira mãe: - Mãe, o monstro chegou, está de volta ! - O quê ? Do que você está a falar? - perguntou Luciana espantada. Quando Andreia entrou, tia Lu ficou branca, e compreendeu a aflição da sobrinha. Convidou sua irmã e o marido para irem falar numa sala à parte. Enquanto isso, Clarice perguntava-se quem seria aquele homem . Quando por fim saíram da sala, Andreia foi beijar o filho e deixou Clarice sozinha, enviando-lhe apenas um olhar negro. Clarice percebeu que o irmão estava desorientado pela chegada da mãe, mas ficou ainda mais preocupada pelo homem que acompanhava a mãe, mas não disse nada. Acabaram por se ir embora e nunca mais voltaram ao sítio da tia Lu. A felicidade instalou-se então definitivamente nas vidas de Clarice e de Andrezinho.
jogo
A Clarice tinha agora quinze anos. Morava com a tia Lu, o Andrezinho e com o marido da tia Lu. Certo dia, depois de ter ido passear pela floresta com a Raquel, a sua melhor amiga, tinha combinado regressar com esta a casa para comerem o bolo que tia Lu tinha feito para o lanche. (Clarice conhecera a Raquel na escola, a Raquel também tinha vontades como a Clarice e desde o dia em que se conheceram tinham-se tornado amigas inseparáveis.) De regresso ao sítio, Clarice viu o carro da Andreia estacionado em frente da casa da tia Lu. Nesse mesmo instante parou. Surgiram mil perguntas na sua cabeça: será que a minha mãe voltou? Será que está com saudades do André? Ou será que ela quer levar-nos com ela para morarmos com o Michel? A Raquel interrompeu esta avalanche de perguntas interrogando-a sobre a razão que levara Clarice a parar assim de repente. Clarice entrou a correr em casa sem responder à amiga. Abriu brutalmente a porta da cozinha e viu a mãe no fundo do corredor. Sentia fúria, mas também tristeza e um pouco de alívio ao ver a mãe. A tia Lu aproximou-se lentamente de Clarice e disse-lhe: - Minha querida, a mãe... Clarice não a deixou acabar a frase: - O que é que você está aqui a fazer? - gritou-lhe Clarice. - Eu vim aqui para recuperar você e o seu irmão. Quero que vocês me perdoem! - disse Andreia com uma voz dócil. - E você pensa que a gente vai voltar para si assim? Você nos abandonou durante cinco anos, nunca me amou, pensa que vou a perdoar? - Com o tempo passa, minha querida ! - Tia Lu – diz Clarice – fala para a sua irmã que eu não vou com ela de jeito nenhum! - Clarice chorava ao dizer estas palavras. - Andreia, tu não vais recuperá-los! Eu não te deixo! Sou eu agora a encarregada de educação, não tu. Tu pediste-me para cuidar deles. Não há volta atrás! - Luciana, deixa-me só recuperar o André, ele deve estar cheio de saudades de sua mãe... - Andreia, saia antes que eu chame a segurança social! - ameaçou a tia Lu. Entretanto Clarice estava no chão, a chorar, e Raquel tentava reconfortá-la. A dada altura, Andreia acaba por sair porta fora sem insistir mais e deixando Clarice ainda mais magoada: - Afinal, o que ela queria era recuperar o André! Mais uma vez não se interessou por mim! - choramingava Clarice. - Andreia não te merece! É melhor não contar ao André que ela esteve cá, está bem? – sugeriu Luciana à sobrinha. Clarice abanou a cabeça concordando. Depois levantou-se e foi enfiar-se no quarto. Aquela visita fizera-a compreender de uma vez por todas que a mãe não a merecia e que era mesmo melhor esquecê-la definitivamente.
bibi
Estávamos no mês de dezembro e dali a uma semana era Natal. Fazia cinco anos que a Clarice e o seu irmão André viviam com a tia Lu depois do abandono da mãe, Andreia. O André estava a preparar uns bolinhos com o Fábio e a tia Luciana, quando Clarice foi buscar o correio. Fazia agora duas semanas que ela tinha recebido umas cartas muito estranhas da Andreia. Mesmo sendo muito cúmplice e próxima da sua tia, ela nunca tinha abordado o assunto com ela. Não podia! Ela guardava as cartas debaixo da sua cama, numa caixinha amarela. Nas suas cartas, Andreia dizia-lhe que o melhor presente de Natal que queria era poder falar com Clarice e dar-lhe umas explicações sobre os acontecimentos que haviam ocorrido há cinco anos. Depois de ler aquela carta, a Clarice, farta de receber missivas da mulher que a maltratara enquanto era pequena, resolveu responder-lhe dizendo que aceitava encontrar-se com ela. Depois de ter indicado o lugar e o horário do encontro e de ter enviado a carta à mãe, foi à cozinha ajudar a sua verdadeira família. A tia Lu tinha, desde há muito, uma confiança absoluta em Clarice, deixava-a sair com as suas amigas, ir às compras... Por isso, no dia marcado para o encontro, Clarice não teve problema nenhum para sair de casa, ninguém suspeitou de nada. Quando a jovem viu a mãe chegar, teve dificuldades em acreditar! Tantas perguntas que tinha na cabeça para lhe fazer ... Tanta raiva e felicidade ao mesmo tempo... - Olá filha! – disse Andreia, abraçando Clarice, que ficara boquiaberta. - Eu sei que tu tens muitas perguntas para me ... - Como é que tu pudeste fazer uma coisa daquelas ? – interrompeu-a Clarice. - Eu estava infeliz e precisava de tempo para perceber os meus erros e o quanto fui injusta com vocês ... sobretudo contigo! Mas hoje quero falar calmamente e esclarecer alguns pontos para chegar a um acordo... – propôs-lhe Andreia. - “Injusta” ?! Essa é uma palavra muito fraca para descrever a tua forma de agir e o que nos fizeste! Eu não quero chegar a nenhum acordo contigo, eu só quero que tu saias da minha vida para sempre!! Eu e o André estamos muito bem agora. Aprendemos de novo a viver em família, com a família que a tia Lu soube criar, algo que tu nunca nos pudeste dar! Estamos, ou pelo menos, estou pela primeira vez feliz e não quero que tu destruas tudo o que consegui reconstruir com a minha verdadeira família ... ! Portanto ... – levantando-se – desejo-te um feliz Natal e que nos esqueças. Clarice, sem olhar para trás, saiu, contendo as lágrimas, contente consigo mesma. Finalmente conseguira exprimir os seus sentimentos, que guardava há tanto tempo no fundo do seu coração. Conseguira exprimi-los à pessoa que na sua infância fora o seu maior pesadelo. Que alívio! Uma nova vida podia começar!
xana
Eu estou tão feliz ! Cinco anos passaram sem eu saber se a minha mãe está viva ou morta. Nunca recebi nenhuma carta. Nem eu, nem o Andrezinho sabemos o que passou pela cabeça da nossa mãe, mas eu estou tão feliz com a tia Lu! Ela dáme carinho, cuida bem de mim e do Andrezinho. Afinal, a tia Lu é um pouco parecida com a Bisa. São duas pessoas muito especiais! Até que, ontem, quando eu andava a passear sozinha, cruzei-me com a minha mãe. Ela estava com o Michel. Eu aproximei-me dela e cumprimentei-a. Quase nem deu conta que eu estava à frente dela. Só olhou para mim e disse « Bom dia ». Só um « Bom dia »!? Ela abandonou-nos e só me disse « Bom dia »? Foi nisso que eu pensei. Insisti e perguntei-lhe se não tinha vergonha. Ela perguntou onde é que estava o Andrezinho. Teve cá uma lata! Respondi-lhe que o Andrezinho estava muito feliz com a tia Lu. Parecia que não me estava a reconhecer, mas afinal sim, claro que ela me reconheceu bem! Decidi então dizer-lhe toda a verdade, dizer tudo o que pensava dela. Disse-lhe que ela me tinha feito sofrer muito e eu estava bem contente de estar com a tia Lu. Será que fui demasiado dura com ela ? Afinal de contas é a minha mãe! Mas já está feito, não posso voltar atrás! Falei com ela durante algum tempo. Quando acabei de dizer toda a verdade, ela olhou para mim e repetiu-me o que sempre me dizia: que ela não queria que eu nascesse… Ela não mudou, pensa sempre a mesma coisa de mim. Eu estava tão farta de ouvir aquelas parvoíces que disse que era melhor Andrezinho não a ver e fui-me embora. Hoje eu contei tudo à tia Lu, ela deu-me um beijo na testa e foi abrir a porta porque alguém tinha tocado à campainha. Era a minha mãe! Entrou e disse que queria ver o Andrezinho. O Andrezinho ouviu a voz dela e foi ter com ela a correr. A mãe já não podia pegar nele ao colo, porque o André tinha crescido. Eu também cheguei e olhei para a tia Lu, queria que ela fizesse alguma coisa, mas não podia fazer nada, o Andrezinho chorava de felicidade. Cinco minutos depois o Andrezinho largou a mãe e perguntou-lhe, porque é que ela o tinha deixado sozinho comigo. Ela não respondeu. A tia Lu disse então que era melhor ela ir embora. Ela saiu e eu fui abraçar o meu irmão. A tia Lu é uma tutora muito carinhosa! Gostamos imenso dela, é sempre uma alegria estar na sua companhia. Ela considera-nos como os seus próprios filhos: oferece-nos tantas prendas, cuida tão bem de nós… Desde que estamos com a tia Lu somos muito mais felizes !
evita
bvg
Trabalhos realizados pelos alunos da turma de 8º ano (2011-2012) da Secção Portuguesa do LI janeiro de 2012