MÚSICA ELETRÓNICA, CLUBBING & LIFESTYLE
especial
meO sudOeste
ZAMBUJEIRA - AGOSTO 2013
the peak
and the pit AS NOSSAS ESCOLHAS DOS ALTOS E BAIXOS DO FESTIVAL
alessO
A FAZER PERDER A CABEÇA
calvin harris DO HOUSE AO POP dJ vibe A AQUECER A NOITE dJ kura
TUDO PARA O MOCHE (ROOM!)
sudoeste2013
fatbOy slim, avicii, elsa e muitO mais!
EXPENSIVE SOUL | ORELHA NEGRA & CONVIDADOS | REGULA | NINJA KORE | KARETUS
meo sudoeste’13 especial
a prOva de que a eXperiÊncia faz a diferença
Depois de 17 edições – sim sim, leram bem, 17 edições! - o Sudoeste atinge este ano um novo patamar. Em conjunto com o organizador, a Música no Coração, e a MEO, o novo patrocinador oficial, milhares de pessoas tiveram a oportunidade de viver mais uma das melhores semanas do ano, recheadas de comida, bebida, praia e muita muita música. Embora o recinto estivesse ligeiramente mais pequeno e (sem contagens oficiais) o número de pessoas tenha reduzido, o espírito não mudou nem um pouco. O acampamento começou a encher dias antes da “Recepção ao Campista”, como manda a lei, e os dias de sol ajudaram ao convívio típico. As tendas começaram a amontoar-se e as filas para carregar o telemóvel também. Os concertos que acontecem no parque de campismo animaram (ainda
mais) as noites dos corajosos que dedicaram pelo menos 10 dias para um espírito que foi consolidado ao longo de quase duas décadas e ao som de bandas como Daft Punk, LCD Soundsystem e The Chemical Brothers. Em Agosto de 2013 a Dance Club juntou-se aos festivaleiros e foi viver um ambiente que tantas saudades deixa. E depois de 6 dias sem dormir, a dançar, à conversa e a gritar “Oh Elsa” (o chamado “grito do festival”, que se tornou tradição depois de, logo numa das primeiras edições, uma rapariga chamada Elsa se ter perdido dos amigos e, à falta das novas tecnologias, o grupo se ver obrigado a passear pelo parque a gritar “Oh Elsa!”. Desde esse dia faz parte do ambiente gritar, seja porque motivo for e de preferência às horas mais incómodas, “Oh Elsa!”), sabem que mais? Temos saudades. Texto by Inês Moreira e Joel Bernardo
• diretor NUNO RODRIGUES • redação INÊS MOREIRA; JOEL BERNARDO • marketing JOANA AGOSTINHO • design TAIZ COLLOVINI • publicidade info@dance-club.net • assinaturas helpdesk@danceclub.pt • ASSINA ONLINE EM www.dance-club.net LISBOA / PORTUGAL TEL: +351 217 530 710 www.dance-club.net info@dance-club-net
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dia 7
Uma receção à maneira Depois de horas e horas de praia, a esturricar debaixo de um sol quase demasiado quente, trocámos a Zambujeira do Mar e os chinelos pelas roupas confortáveis e ténis. A chamada “Receção ao Campista” começava a soltar os primeiros acordes e nós queríamos ver de perto. E quando voltámos para a tenda, lá para as sete da manhã, percebemos: não fomos recebidos tão bem como naquele dia.
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DJeff
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Os tons africanos para (tentar) aquecer Assim que entrámos no recinto dirigimonos para o palco que ia acolher os três nomes do dia – DJeff, Alesso e Aviccii. A música ouvia-se ao longe e o ritmo era demasiado quente para se confundir: DJeff já estava a aquecer pista. Corremos em direção ao palco e os pés já mexiam ao som de “Pon de Floor”, de Major Lazer. A partir desse momento o DJ e produtor (filho de cabo verdiano e angolana) nascido e criado em Lisboa animou o início de uma grande noite com temas africanos que fizeram fervilhar o público, como o remix da sua autoria de “Hoje Não Saio Daqui” (de Gang Machado) e “Vou-te Matar” de DJ Kobe. Um dos momentos altos da sua atuação foi ao som de DJ Malvado e Edy Tussa, “Zenze”, um dos maiores sucessos no continente africano dos últimos tempos e que contagiou todos os que ali se encontravam. Embora os presentes tenham aproveitado o momento para pôr a dança em dia e aquecer para as “prendas” que se seguiam, a verdade é que a afluência foi mais limitada do que esperado para o momento que era. Grande parte das pessoas opta por chegar no que consideram o “verdadeiro” primeiro dia, que foi quintafeira, ou então fazem uma hora de jantar mais prolongada, deixando-se ficar no acampamento para um noite de convívio. No entanto, DJeff mostrou-se capaz de aguentar uma pista não tão cheia quanto desejado, apresentando sempre remixes ou trabalhos da sua autoria capazes de dinamizar o público. Está de parabéns pelo esforço.
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alesso
A surpresa do dia! Para contrariar a tendência de pouca afluência em DJeff, assim que se começaram a ver as preparações no palco para Alesso o número de pessoas subitamente quadruplicou. Passou-se de uma zona espaçosa e tranquila para aquele aperto típico de concerto, e a ansiedade e expetativa eram palpáveis. E depois de alguns minutos, eis que os primeiros beats quentes e profundos de “Sandcastles”, de Dennis Ferrer & Jerome Sydenham começam a ressoar. Com uma vibe única, recheada das cores de um Progressive House seguro e pronto, Alesso avançou noite dentro com Matt Caseli, “Raise Your Hands”. Foi o primeiro de muitos (muitos mais!) momentos em que vimos o público, claramente fã do DJ e produtor sueco, a saltar sem parar, de mãos no ar e olhos postos no palco. Passando por alguns dos seus grandes trabalhos, como “Years”, com Mathew Koma, e “Calling (Lose My Mind)”, Alesso foi sem dúvida a surpresa da noite, não pela qualidade da sua atuação, que, para quem já estava à espera, não deixou de surpreender pela positiva, mas pelo lugar claramente especial que tem no coração dos portugueses, que fizeram desta a atuação da noite. Com um entusiasmo constante e incansável, foi a energia dos milhares de pessoas ali presentes que valeu a Portugal algumas palavras de agradecimento únicas e a frase “são dos melhores públicos que tenho”. Estamos ansiosos para o reencontro!
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avicii
Waking everyone up Provavelmente um dos espetáculos mais aguardados na primeira noite, Tim Bergling (mais conhecido por Avicii) apareceu em palco para um set repleto de hits por volta das duas da manhã. O caráter previsível na escolha das músicas foi a principal crítica e, ao mesmo tempo, a razão que levou uma multidão extasiada a correr às tantas da manhã ao palco MEO. Com apenas 23 anos, Tim foi eleito pela revista DJ Mag o 3º melhor DJ a nível mundial e ganhou o apoio de Tiësto. Entre as suas principais influências estão Daft Punk, Axwell, Laidback Luke, Sebastian Ingrosso, Eric Prydz e Swedish House Mafia. O sueco trouxe no seu portefólio de produtor para a Zambujeira do Mar alguns dos seus temas mais emblemáticos. “I Could Be The One”, a colaboração de sucesso com Nicky Romero lançada no final do ano passado, que marcou o ritmo da noite. “Levels”, um dos seus primeiros êxitos em 2011, foi também recebido com entusiasmo pelo público. “Fade Into Darkness” serviu para criar um ambiente sonoro de fantasia de abstração da realidade, algo em que Avicii parece ser exímio. O culminar da noite deu-se com o seu mais recente êxito, “Wake Me Up”, com a voz de Aloe Blacc e as influências marcadamente country a fazerem o público delirar.
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dia 8
A explorar os recantos à casa Depois de uma noite em que o descanso foi nulo, atacámos a manhã quente com uma dose de café de proporções épicas e seguimos para uma das praias das redondezas. Sem dúvida que há vantagens em ir de carro: tivemos a oportunidade de visitar praias como a praia da Amália ou a do Carvalhal, que, embora impliquem alguma ginástica para lá chegar (temos de descer por uma corda!!), valem mais do que a pena – a areia quente e o mar foram as nossas companhias para o dia (vá, mais uma imperial para refrescar). E à noite?
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rui vargas & andré Cascais
Dois nomes, um beat
Tendo começado nos circuitos eletrónicos em 1988, Rui Vargas tem a seu lado a experiência e o gosto pelo house desde há mais de 20 anos. No currículo soma colaborações com nomes sonantes do panorama internacional como David Morales, Frankie Knuckles e Rob di Stefano. Já André Cascais estreou-se no Triplex do Porto, de onde é natural. O seu percurso passou por Londres, onde durante 5 anos amadureceu a sua sonoridade e captou a atenção de Gilles Smith (Two Armadillos). As portas abriram-se e permitiram-lhe tocar ao lado de nomes como Radio Slave e Guido Schneider. A tenda Moche Room mostrou-se assim especialmente acolhedora com a presença da dupla em dia de SOJA e Pitbull, pelas duas da madrugada. A sintonia entre os DJs residentes do Lux Frágil foi notória na pista. Um set polvilhado de House, Downtempo e Acid serviu mais para descomprimir e criar uma atmosfera de “bater o pé”. “Stereo Trippin” de Javier Carballo, “The Difference” de DK7 e “Flylife Xtra” de Basement Jaxx foram algumas das faixas incluídas no set.
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dj vibe
A onda portuguesa a marcar posição Sendo um dos grandes nomes nacionais a tocar neste segundo dia, não ficámos espantados com o número de pessoas que começou a chegar para o ver. Embora no sítio apropriado, o espaço da tenda Moche Room revelou-se demasiado apertado para DJ Vibe, que, no entanto, se mostrou bem disposto e preparado para levar os mais atrevidos até às primeiras horas da madrugada. Com uma performance interessante e reveladora do seu conhecimento da área, o português começou a aquecer com as cores do House e Techno, apostando em Pirupa, “Pussy Makes you Blind”. Ao longo das horas em que tomou conta da atenção do público o DJ manteve a interação com o público e garantiu um set personalizado, à altura dos presentes. Embora sem grandes picos de excitação ao longo da performance, a pista manteve-se estável e aproveitou a noite.
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dia 9
Freebies para todos! Já bem dentro do “modo Sudoeste”, e depois de mais um dia de praia e de um jantar feito a meia luz (dando desde já os devidos parabéns ao cozinheiro, porque ficou excelente) andámos pelo recinto a visitar todas as “capelas” ali preparadas: desde os óculos oferecidos da Chilli Beans às bandoletes com orelhas de coelho/ gato/ rato da Moche, aproveitámos todas as oportunidades e depois fomos a correr para o palco principal! E vocês?
fatboy slim
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Eat, Sleep, Rave with Fatboy Slim, repeat! Depois de Janelle Monae (que não teve metade do público esperado) estávamos preocupados que a casa não enchesse para o que se seguia. Ainda bem que nos enganámos – em menos de cinco minutos, assim que Janelle terminou, aquilo que era um espaço virtualmente vazio passou a absolutamente apinhado! Mais do que em todos os restantes concertos a que assistimos, percebeu-se a quantidade enorme de fãs que Fatboy Slim tem vindo a arrecadar ao longo dos seus largos anos de carreira enquanto DJ e produtor. A partir do momento em que deu largas à imaginação, Fatboy Slim retirou a noção de tempo e espaço a todos os presentes. Esqueceram-se os problemas e o frio, e deixou-se a música tomar conta. Embora tenha apresentado partes do set claramente “pré alinhadas”, a verdade é que nem isso impediu toda a gente de o considerar um dos grandes momentos do Sudoeste. Seja por sorte ou conhecimento, o público deixou-se guiar e não parou por um segundo. Com momentos memoráveis como o mix de “Eat Sleep Rave Repeat” (da sua autoria) e “LRAD (Porter Robinson Edit)” de Knife Party, em que se saltou mais do que em qualquer outro palco, ou de mãos levantadas a receber “Praise You”, todos os que tiveram a oportunidade de assistir à performance do artista assimilaram o verdadeiro significado de um espetáculo. Estamos ansiosos para rever!
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pete tha zouk
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The big gun O dia da “tripla ameaça” não seria o mesmo sem Pete Tha Zouk, um dos DJs portugueses mais reconhecidos a nível internacional. Classificado em 37º lugar no Top dos 100 melhores do mundo pela DJ Mag, António Pedro (ou Pete Tha Zouk) mostra que aos 35 anos tem estofo para suceder ao veterano Fatboy Slim e anteceder os jovens e energéticos Ninja Kore. “Atom (Maurizio Gubellini & Delayers Remix)” de Nari & Milani foi o ponto de partida para um set misto e variado. Destacam-se passagens como a de “Crackin” (de Bassjackers) para “Down To This” de Chuckie Vs. Dzeko & Torres. “Cascade” de Tommy Trash e “Make Some Noise” de Chuckie & Junxterjack foram outros momentos que não deixaram os pés de ninguém colados ao chão.
ninja kore
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A acordar tudo e todos Porque a curiosidade aumenta depois de termos a oportunidade de conversar com as pessoas em questão, corremos para a tenda eletrónica quando o alarme no telemóvel avisou que só faltavam dez minutos para Ninja Kore. E qual a nossa surpresa quando chegámos a um espaço que normalmente parece grande e damos de caras com uma multidão demasiado grande! Depois de alguns minutos (largos!) a furar por entre as pessoas, eis que conseguimos um lugar(zinho) mesmo na primeira fila. Os problemas técnicos revelaram-se demasiado demorados, mas depois de resolvidos foi altura de começar. Em formato DJ set, os Ninja Kore garantiram que durante a hora e meia seguinte ninguém estivesse parado. Com um público extremamente dedicado, foi dos concertos mais energéticos que a Moche Room assistiu, nomeadamente em momentos como “Wake The Fuck Up”, em que ninguém parou de saltar de braços no ar. Um ambiente duro e de tonalidades Dubstep e Drum & Bass, com rasgos de Rock que não deixaram a atenção de ninguém divagar, os portugueses tiveram uma performance assustadora, recheada de luz, gritos de ordem e máscaras que, numa simbiose única com os fãs, fizeram tremer o chão do Sudoeste.
karetus
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A energia de Drumstep à moda portuguesa Com um boost de energia como o que Ninka Kore deu aos corajosos da tenda Moche Room, seria impossível que, às quatro e meia da manhã, nos dessem uma “coisa” para acalmar. Assim sendo, a organização teve a gentileza de presentear os mais fortes com um espetáculo digno de nos aguentarmos até às sete (e aguentámos!) - Karetus. Numa noite com as cores da bandeira, os DJs e produtores portugueses elevaram ainda mais a qualidade do trabalho feito por todos os que passaram na tenda eletrónica nessa noite, apostando num Drumstep violento, com as suas misturas típicas de Drum & Bass com toques de Glitchop. Dos vários momentos altos da noite (admitimos que foi difícil escolher) podemos apontar a estreia de “Rave On”, o mais recente EP dos portugueses, ou o remix de “Like Home” de Nicky Romero e NERVO, um dos trabalhos mais famosos da até então dupla. Com uma energia que parecia não ter fim, a noite começou a clarear e lentamente passou-se dos saltos sem fim, dos punhos no ar e as cabeças a abanar para um estado mais calmo, de apreciação. Karetus conseguiram acompanhar perfeitamente todas as transições por que o público passou, mostrando que, embora só se tenham lançado em 2010, já sabem como lidar com uma crowd, e, no fim da noite ficou um concerto que fechou um dia inesquecível. Uma presença obrigatória nas próximas edições! 9
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dia 10
Quando a cabeça não tem juízo... Embora o cansaço comece a tomar conta dos pés e das costas e da cabeça... vá, do corpo todo, aguentámos firmes e rijos! Depois de uma sesta merecida passámos pelo Canal, onde aquelas eventuais ressacas dão lugar aos mergulhos sem fim e ao alívio de um calor se já pesava. Esperemos que ninguém tenha apanhado um escaldão! O dia desenrolou-se e quando demos por nós já estávamos à espera de um dos nomes portugueses mais badalados do momento!
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regula
Casanova em casa cheia Depois da entrevista que tivemos a oportunidade de fazer com Regula, achámos que seria interessante passar pela tenda Moche Room e ver o que é que ele andaria a tramar para a sua performance num dos maiores festivais portugueses, já depois de várias atuações de promoção do seu novo álbum espalhadas pelo país inteiro. Quando chegámos ficámos surpreendidos pelo número de pessoas que se juntaram para ver o rapper português. Com um ambiente tranquilo, a tenda transbordava e as cabeças expectantes espalhavam-se pelo relvado à espera dos primeiros acordes. E assim que eles começaram não havia ninguém sentado. Regula garantiu um espetáculo memorável, feito à medida para os que o acompanharam de mão no ar e voz rouca. Passando pelos seus mais recentes trabalhos como “Elas”, que deu um toque nostálgico à casa, e rebentando logo de seguida com “Casanova”, o seu hit mais polémico e que mais pessoas mexeu. E, para mimar os presentes, o português surpreendeu todos quando chamou Sam the Kid para o palco, e juntos atacaram com “Gana”. Embora tenhamos ficado por ouvir “Solteiro” (que acabou por acontecer no show de Orelha Negra), foi um dos melhores momentos portugueses no Sudoeste, recheado de surpresas, dedicatórias e muito amor por um dos grandes nomes do Hip Hop Tuga.
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calvin harris
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Pop culture em palco O escocês Calvin Harris mostrou os seus dotes de produtor e DJ ao fechar o palco MEO pela madrugada do dia 10, depois de uma atuação morna de Cee Lo Green ter deixado muito a desejar. Aos 29 anos, Harris já se tornou uma referência da eletrónica mais orientada por uma sonoridade mainstream e para os circuitos comerciais. Famoso pelas suas colaborações com as mais badaladas estrelas de música Pop e R&B, a sua passagem pelo Sudoeste foi marcada por faixas com vozes tão conhecidas do público como Rihanna, Florence + The Machine, Ne-Yo e Ellie Goulding. De facto foi mesmo ao som de “Spectrum” dos Florence + The Machine que Calvin abriu o set de quase duas horas. “We Found Love”, com Rihanna, colheu assobios do público assim que se reconheceu a música entre outras faixas de Florence. “Feel So Close”, um dos maiores êxitos do artista lançado em Agosto de 2011, fez as delícias dos presentes. No geral, e salvo algumas exceções, o set revolveu em torno de faixas do álbum do escocês editado em 2012 e mostrou uma indisputável perícia em dar ao público aquilo que este quis.
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dia 11
Saudade
Dia para começar a imaginar um banho tomado em casa sem as correrias dos chuveiros! Uma a uma, as tendas vão sendo desmanchadas e as mochilas colam-se às costas dos festivaleiros a caminho do estacionamento. Se por um lado o cansaço dá vontade de ir embora, os ouvidos pedem para aproveitar ao máximo a música do último dia do festival e a saudade dos dias de Sudoeste começam a atacar...
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orelha negra e convidados
Realeza no trono
Orelha Negra constituem um núcleo indivisível de mentes por detrás da música assumindose como um todo multifacetado. O génio instrumental dos Orelha Negra propôs-se colocar em palco algumas das maiores referências do Hip Hop português, para deleite da vasta assistência de fãs e curiosos que cedo se foram aproximando do palco MEO. Valete, Pacman, Sam The Kid e Regula uniram forças e vozes para mostrar o poder de um género que tem evoluído de forma considerável em Portugal. Os olhos do público foram-se arregalando com cada nova entrada, e as letras de músicas como “Crime do Padre Amaro” ou “Poetas de Karaoke” de Sam The Kid, ou ainda “Casanova”, de Regula, saíram das bocas da assistência.
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dj ride
Um mundo à parte Campeão de scratching a nível mundial, sound designer e produtor. É assim que DJ Ride se apresenta ao mundo, com uma amálgama de capacidades e personalidades, só compreendida por quem assiste a um dos seus DJ sets: uma fusão entre Hip Hop, Dubstep e Drum & Bass, convenientemente ligados e misturados para criar novas sensações. O palco MEO viu-se invadido por efeitos de luzes complexos, projeções de levantar a sobrancelha, tudo ao ritmo de um set que juntou um pouco de tudo em mais de duas horas. Ride não se acanhou – fez uso de todas as armas para cativar o público, nomeadamente na vertente multimédia. As associações entre a música e os vídeos foram inesperadas, com referências a séries de TV (Family Guy) e a vídeos bastante populares do Youtube. Grande parte do set foi dedicado a “Life in Loops”, o último trabalho do DJ natural das Caldas da Rainha, editado no ano passado. Mesmo assim rodaram temas como “Here We F*cking Go” de Firebeatz, que permearam os tempos entre as faixas de nome próprio e permitiram ao público preparar-se para mais uma imersão no mundo de DJ Ride.
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kura
O princípio no fim Kura foi o nome escolhido para levar a tenda Moche Room ao rubro no dia 11 pelas 4 da manhã. O último dia do festival não podia ter ficado a melhor cargo. O português já editou pela Revealed Recordings, de Hardwell, pela Cr2 Records, dos MYNC, pela Tiger Records, pela 4Kenzo de Mastiksoul, entre outras. Aos 25 anos, Kura já colheu elogios de Nicky Romero, Hardwell e EDX. Com um background destes, só podíamos esperar coisas boas! O palco, apesar de relativamente pequeno, não suprimiu a força do DJ. Pelo set passou “Clobber” de Dannic, “Revival” de Henry Fong & Toby Green, “Reload” de Sebastian Ingrosso e “Booyah” de Showtek feat. We Are Loud & Sony Wilson. Além de passar alguns dos títulos mais rodados nas pistas de dança mundiais, Kura fez questão de servir a pista com temas como “We Will Rock You” dos Queen, “NUMB” dos Linkin Park e “Sweet Dreams (Are Made of This)” de Eurythmics. Conseguiu oferecer variedade e relembrar os diversos estilos de música que passaram pela Herdade da Casa Branca durante a semana. Um resumo eletrónico, em forma de set, bastante bem conseguido.
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ENTREVISTAS
Expensive Soul Uma “Lição” de sucesso As expetativas para a atuação de New Max e Demo eram extremamente elevadas. Isto tal é a habituação a música e performances de qualidade que conseguem encher tanto os olhos como os ouvidos mais exigentes. Os Expensive Soul foram desencantados em Leça da Palmeira. Sem travão no sucesso, o duo de MCs revelaram a sua identidade em 2004 com o álbum B.I. Vestem maioritariamente a camisola de um Hip Hop repleto de influências reggae, R&B e soul. Com três discos editados, a dupla muniu-se de todo o percurso percorrido e da amálgama de experiências vividas, como nos contaram, para levarem a experiência Expensive Soul à Zambujeira. “Além das músicas novas, ‘Cupido’ e ‘Lição’, temos novos arranjos”, confessou-nos o aniversariante MC Demo. New Max também se mostrou especialmente feliz por terem sido promovidos nos horários: “Esta é a terceira vez que estamos no Sudoeste. Já tocámos às 19h, às 20h, e agora tocamos quase às 23h!”. Apesar de o início do concerto ter sido antecipado, este manteve a energia do princípio ao fim, com os novos arranjos a darem os seus frutos e a refrescarem alguns dos temas mais conhecidos. Finalizou com dois dos êxitos mais sonantes, “Eu Não Sei” e “O Amor é Mágico”, que levaram o público ao rubro. Não estivemos só atentos aos detalhes sobre o concerto. Procurámos desvendar um bocadinho mais sobre o próximo álbum, que deverá ser editado no final deste ano ou início do próximo. New Max explicou-nos um pouco sobre o processo criativo em torno do novo trabalho: “[O processo criativo] foi um bocadinho diferente dos outros. Podemos falar dos anteriores, para se perceber a diferença: esses tinham muitos samplers, beats, vinyl, e depois gravávamos muita coisa tocada em cima. Este disco foi feito logo de início todo tocado. É um processo difícil porque tentamos recriar o que nós gostamos, a sonoridade que ouvimos. Isso inclui passar por fita, usar microfones antigos que só se arranjam no eBay. É um processo mais complicado e exigente, mas que nos dá imenso prazer fazer”. Resta-nos aguardar pelo próximo capítulo da dupla, que numa confiança humilde rematou “Ao fim destes anos todos, achamos que percebemos alguma coisa disto”.
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Kumpania Algazarra Uma festa popular Das ruas de Sintra até aos grandes festivais. A caminhada tem sido feita desde 2004, devagar, mas com persistência e solidez. Os Kumpania Algazarra trouxeram consigo a experiência itinerante que adquiriram em vários palcos, entre aldeias e cidades de Portugal e além fronteiras. Fazem autênticas sopas de culturas com diversas influências musicais e dão a provar aos fãs que os acompanham desde o início esta exótica mistura de sabores. Antes de pisarem o palco Santa Casa no dia 10 à noite no Sudoeste, vimolos chegar numa carrinha, animados e bem dispostos, e prontos para uma conversa de “amigos”. Tendo já participado em outras edições do Sudoeste, o grupo falou da sua evolução no festival. “Tem sido sempre uma experiência diferente e interessante, com diferentes abordagens. O ano passado fizemos com banda de rua, banda acústica. Este ano temos um novo repertório, com temas do novo disco”. Para eles “A Festa Continua” com o lançamento do novo trabalho. Desenhase assim um novo e maior público desejoso de ouvir o ska e ritmos balcânicos dos músicos. “A banda está muito diferente do que era no princípio, mesmo em termos de músicos. As pessoas também sentem isso, e conseguimos chegar a novas pessoas”. O jeito satírico e irónico com que temperam as músicas toma a forma de “avisos, que estão sempre presentes”. Luís Barrocas acredita que é preciso “seguir em frente para ultrapassar os obstáculos”. Nós aceitámos a sugestão, e seguimos para o palco provar um pouco do Pudim dos Kumpania.
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Mind da Gap As borboletas de um recomeço Encostámos os Mind da Gap a um canto para lhes tirarmos algumas palavras. Presto, Serial e Ace entreolharam-se e cumprimentaram-nos. O trio do Hip Hop português que surgiu em 1993 como Da Wreckas já estava acostumado ao ambiente do festival, e os barulhos de fundo não interferiram com a conversa. Afinal, já tinham ido como festivaleiros e como convidados: “Eu [Ace] e o Presto já tínhamos vindo com o Valete, fizemos uma participação no concerto dele. Agora estamos por nossa conta.” No meio das dúvidas que pairavam sobre uma possível atuação virada para o DJing, o grupo da Invicta revelou-nos a postura e o feeling que iam adotar para a performance: “Antes os nossos concertos tinham DJ e dois MCs, mas agora estamos a tocar com uma banda. É por isso que surge essa confusão. Estamos na formação que tínhamos anteriormente, mas com a opção de tocar com banda”. A promessa que nos deixaram foi que iam “partir isto tudo”. E às duas da manhã, a vibrar com a expetativa de rever uma saudade, a tenda Moche Room tornou-se o centro da nostalgia e do vigor dos três camaradas. Sam The Kid relembrou o percurso histórico do grupo e o seu impacto na música. Teceu elogios e advertiu os mais novos para a carreira longa de Presto, Serial e Ace. Algumas das relíquias que saíram do baú foram “Todos Gordos”, do disco A Verdade, “Não Stresses”, da Edição Limitada de 2006, e mais recentes, “O Jardim” e “Este Beat”, de Regresso ao Futuro.
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peak...
As nossas escolhas dos altos e baixos (e o “morno”) do MEO Sudoeste 2013!
fatboy slim
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Foram duas horas que passaram demasiado depressa, e se pudéssemos teríamos ficado outras tantas. Fatboy Slim mostrou mais uma vez a sua capacidade enquanto DJ e entertainer, levando todos os presentes ao rubro minuto após minuto, música após música, com trabalhos da sua autoria e de outros, com grandes hits de verão ou clássicos inesquecíveis. Quando acabou, todos pedimos por mais. Sem dúvida, um dos pontos altos do festival.
kura
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Não podíamos deixar de referir aquele que foi, na nossa opinião, o melhor português do Sudoeste. Com uma energia inesgotável, Kura não só deu a música para o público como a ouviu e sentiu com ele, e foi essa boa disposição, conjugada com um set de excelência, que nos fez querer ficar até o sol nascer. Merece um lugar de destaque nesta edição. 22
Nem aquece nem arrefece... »janelle monae
Uma das mais aclamadas artistas do momento ofereceu sem dúvida um show à altura. A música, o seu desempenho e esforço para puxar o público foram notórios. No entanto... sem sucesso. Não só porque a maioria das pessoas desconhecia o seu trabalho mas também porque eram muito poucos os presentes. Mesmo muito poucos. O resultado? Um ambiente sem grande interesse e do qual nos cansamos em menos de nada.
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calvin harris
O artista foi uma das grandes apostas para este festival e sem dúvida uma escolha acertada, sendo um dos nomes preferidos dos portugueses, que vibrou com o espetáculo. No entanto, tirando as luzes e o fogo de artifício, o escocês ficou longe de corresponder às expetativas: com um set “tirado” das rádios mais comerciais e no qual usou quase só os seus próprios hits, sem qualquer remistura, não houve um momento em que conseguíssemos ver as suas skills postas à prova.
...and the pit cee lo green »
As expetativas para este nome eram muito muito elevadas, e a queda foi igualmente grande. Com músicas naturalmente vivas e recheadas de vida, Cee Lo Green teve uma performance monocórdica e, num geral, cansativa.
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pete tha zouk
Não pelo espetáculo ou pela qualidade do seu trabalho, como referimos anteriormente. Mas a sua interação com o público tornou-se incomodativa, cortando as músicas com o uso do microfone em momentos pouco apropriados e “quebrando” assim momentos que, otherwise, se iam construindo de forma natural e agradável. 23