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CRAVING Lucy Terri Anne Browning Lucy & Harris #2 2
Playlist “Style”Taylor Swift “Sangria”Blake Shelton “I am the Fire”Halestorm “Always”Killswitch Engage “Yours Agains”Red “Heart Attack”Demi Lovato “Desire” Years & Years “Fall Forward”Stars in Stereo “My Heart is Broken”Evanescence “Don’t Cry”Like a Storm “Whatever She’s Got”David Niall “Drive” Sixx: A.M
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Prólogo
Lucy Toque. Vamos lá, telefone estúpido. Toque. Ou grite com uma mensagem. Faça algo diferente de apenas ficar parado aí. Ugh! Eu odeio você, seu pedaço de merda tecnológica. Respirei fundo e tentei afastar meus olhos do telefone ainda em silêncio na minha mesa. Merda, eu estava me tornando aquela garota. Aquela que não fazia nada além de olhar para o telefone na esperança de que o menino de quem gostava ligasse, enviasse uma mensagem ou e-mail pelo amor de Deus, qualquer coisa. Por que de repente sinto-me como uma stalker1? Uma perseguidora obcecada que precisa de uma dose diária de sua vítima? Depois de passar os últimos três meses conversando com Harris por pelo menos duas vezes por dia, de alguma forma ou de outra, o silencio dele foi doloroso e estava brincando com minha maldita cabeça. Eu odiava pensar no que estava me tornando. Passando o dia todo na expectativa de que Harris Cutter visitasse-me e dissesse que estava pensando em mim tanto quanto eu estava pensando nele. Estava sendo assim desde que ele me beijou quase duas semanas atrás. Ele tirou-me o folego com aquele beijo e por ter dito que queria ser meu namorado. Era algo que também queria secretamente há meses. Deixei seu escritório e voltei para a minha família e amiga para a nossa noite das meninas sentindo como se estivesse andando em uma nuvem. Minha mãe, irmã e tia tinham dando-me olhares estranhos pelo resto da noite. Soube que provavelmente estive excessivamente corada e com um sorriso estúpido no rosto, mas pelo menos eles não me perguntaram nada. Lana até parou de me provocar sobre isso.
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Na tradução: perseguidor
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Naquela noite demorei para conseguir dormir. Senti como se tivesse ido e voltado à lua e ainda tivesse energia para queimar. Quando cheguei da escola na manhã seguinte, a primeira coisa que fiz foi mandar uma mensagem para ele, mas contive-me, por pouco. Esperando que ele estivesse pensando em mim tanto quanto eu estava pensando nele, esperei por sua ligação ou que ele enviasse uma mensagem primeiro. Ele não o fez. Naquela noite, finalmente cedi e mandei uma mensagem para ele. Ele não precisava trabalhar, já que a First Bass fechava aos domingos, então eu sabia que não estaria interrompendo nada excessivamente importante. A mensagem foi um simples “Sinto sua falta”. Depois que enviei, cobri minha cabeça com o edredom e enterrei meu rosto em um dos travesseiros para que o meu grito envergonhado não trouxesse meu pai ou irmãos correndo para o meu quarto para ver o que havia de errado comigo. Antes daquele beijo incrível, eu não teria pensado duas vezes antes de enviar uma mensagem dizendo-lhe que sentia sua falta. Inferno, no domingo anterior, tínhamos trocado mensagens pelo menos cinquenta vezes e ligado um para o outro pelo menos uma vez. Neste domingo? Ele não me respondeu de jeito nenhum. Dormi decepcionada, mas ainda tonta da memória do nosso beijo. Ele pode ter tido algum compromisso urgente, ou perdido seu telefone. Algo. Qualquer coisa. Não era do feitio de Harris simplesmente me ignorar assim. A menos que ele tenha se arrependido e esteja tentando afastar-se... Na segunda-feira ele não havia respondido minha mensagem e não tentei enviar outra. Na terça-feira o meu coração estava pesado e Kin começou a perguntar o que estava me deprimindo. Não planejei contar a ninguém sobre o aconteceu no escritório de Harris no sábado à noite. Quanto menos pessoas soubessem, menor a chance de meu pai descobrir sobre mim e Harris antes que estivéssemos prontos. Mas eu precisava falar com alguém. Minha amiga não ficou surpresa que Harris havia me beijado e menos surpresa ainda que ele não tinha me contatado ainda. — É assim que eles são, Lucy. Eles ficam nervosos, às vezes. Ele vai ligar quando estiver pronto.
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Senti-me melhor depois disso e não olhei para o meu telefone novamente até quarta-feira. Que Harris não aparecesse para me levar para jantar ontem à noite como ele sempre fazia não foi surpresa. Já que Kin queria ir para a noite do karaokê hoje, vesti-me e Marcus nos levou a First Bass. Duvidei que estivesse mais nervosa na minha vida do que nessa noite quando fiquei sentada com Kin esperando o karaokê começar. Jace aproximou-se para dizer oi e deixar seus olhos correrem por Kin algumas vezes enquanto ela estava sentada lá bebendo seu refrigerante e repassando suas letras de música, ignorando-o completamente como de costume. Depois de alguns minutos de silêncio tenso entre os dois eu finalmente quebrei o silencio. — Harris está ocupado? — Perguntei. Se alguém saberia se Harris Cutter estava ocupado, seria Jace. Estava aqui mais vezes do que eu e mais frequentemente do que não com Harris. O rosto do roqueiro sexy se transformou por um momento antes de me dar um sorriso que era mais do que um pouco forçado. — Harris não está aqui esta noite, Lucy. Ele não te ligou? Meu coração parou e engoli em seco algumas vezes antes de balançar a cabeça. — Não tenho falado com ele. Ele está bem? — Não era do feitio de Harris não estar na First Bass. Ele tinha as segundas-feiras de folga porque eram os dias de pouco movimento e deixava sua gerente assistente no comando. Às vezes, ele até mesmo tirava as terças. Mas quarta-feira a sábado, ele estava sempre no clube. Jace encolheu os ombros enormes, seus olhos azuis se escondendo para que eu não pudesse ler o que ele estava pensando. — Não tenho ideia. Sua gerente ficará no comando pelo resto da semana. Que diabos estava acontecendo? Não consegui descobrir por que ele não estaria na First Bass e não me avisaria se algo estivesse errado. Soube que não poderia ter sido algo de errado com seu pai, madrasta, ou até mesmo sua irmã. Meus pais teriam sido uma das primeiras pessoas a saber se houvesse algo de errado com um deles e me contariam. Chupei meu lábio inferior entre os dentes quando procurei seu nome nas minhas mensagens e enviei-lhe outra. Tudo está bem? 6
A notificação 'entregue' sob a minha mensagem apareceu, avisando-me que ele tinha recebido, rapidamente seguido por “lido”. Segurei minha respiração por um momento enquanto eu esperei que ele respondesse. Ele não respondeu. Meu coração começou a bater mais rápido e sentei-me em silêncio durante o resto da noite. Que diabos estava acontecendo? Antes daquele beijo estúpido, Harris contava-me tudo, não importasse o que fosse. Mesmo as coisas que eu sabia que ele nunca contaria a outra alma viva, ele contava para mim. Aquele beijo mudou tudo? Meu coração doeu pelo resto da noite e não posso dizer qual música Kin cantou, mal me lembrava de qualquer outra coisa, exceto pelo peso no meu peito enquanto estava sentada ali olhando para o meu telefone naquela noite. E todas as noites desde então. Não tentei enviar mensagem para ele novamente. Não tentei ligar. Meu coração estava machucado, começou a endurecer e fiquei chateada com ele. Kin e eu não voltaríamos para a First Bass essa semana e agora que era quarta-feira de novo, estava tentando encontrar qualquer desculpa para não voltar para outra noite do microfone aberto. Não queria entrar e Harris não estar lá, ou pior, que ele me ignorasse completamente como fez nos últimos 11 dias. Sabia o que estava acontecendo, afinal. Harris se arrependeu de me beijar. Lamentou dizer que queria que ficássemos juntos. Ele realmente não quer começar a namorar. Uma pequena risada sem humor escapou de mim. Ele não era exatamente o tipo que namorava, afinal de contas. — O que você quer que eu faça com isso? Lentamente levantei os olhos do meu telefone que se encontrava em silêncio na minha mesa e encontrei os olhos azuis brilhantes da minha amiga. Estávamos na nossa última aula do dia e honestamente, era a única classe pela qual eu realmente me importava. Eu estava escrevendo para o jornal da escola desde que tinha dez anos de idade. Não havia nenhuma dúvida na mente de ninguém qual sênior seria o editor deste ano. Essa função tinha o meu nome desde o momento em que entreguei meu primeiro artigo para o professor de Inglês. 7
Kin estava na mesma classe, já que foi a única classe de escrita criativa disponível. Ela originalmente quis poesia, mas como sempre, aquela já estava cheia desde o último dia de aula do ano anterior. Eu amava escrever, mas não era uma fã de poesia. Fazia-me enlouquecer procurando por todos os significados ocultos por trás das palavras. Havia muitas coisas que um poema poderia significar e prefiro lidar com a simplicidade de um jornal ou um livro. No momento, Kin estava segurando o que parecia ser um rascunho do artigo que estava escrevendo sobre a festa de Natal que as líderes de torcida deram no fim de semana. Já que nós não fomos à First Bass, ela teve que ir com suas meias-irmãs monstros para a festa e pedi-lhe para escrever algo sobre a mesma para o jornal da escola. Sua meia-irmã Georgia era a capitã das líderes de torcida, então ela saberia melhor do que ninguém sobre o que aconteceu nessa festa. Ou assim eu pensei. Georgia odiava Kin e vice-versa. Kin tentou ser boa no início, mas Georgia tornou isso quase impossível desde o primeiro dia. Não culpo Kin por sua animosidade contra a outra garota. Ela sequer quer estaria na Califórnia, e se não tivesse prometido a sua mãe moribunda que tentaria conhecer seu pai e sua família, ela ainda estaria na Virginia com seu padrasto e seus meiosirmãos gêmeos. Empurrando meu telefone tão longe quanto possível, peguei o rascunho de Kin e comecei a ler. Corrigi com a minha caneta vermelha favorita e, em seguida, entreguei-o de volta para ela sem dizer uma palavra, esperando que trouxesse o assunto de ir a First Bass hoje à noite. — Você não pode esconder-se de mim, sabe, — disse ela com um sorriso. — Quero ir para o microfone aberto esta noite. Não me faça ir sozinha, Lucy. Tiny não me deixará passar pela porta da frente sem você. Terei que ficar na fila por horas e provavelmente ainda assim não vou entrar. E se conseguir, terei que lidar com Jace sozinha. Se Marcus não estiver lá para salvar-me, ficarei tentada a chutá-lo nas bolas se eu vê-lo com a língua na garganta de alguma vadia de novo. Murmurando uma maldição, esfreguei as mãos sobre os olhos e inclinei a cabeça para trás, olhando para o teto, como se ele tivesse todas as respostas 8
para o meu coração dolorido, mas se recusasse a compartilhá-las comigo. — Buscarei-a às sete e meia. Seu sorriso era brilhante, mas seus olhos diziam-me que ela sabia o que isso me custaria. — Obrigado, querida. — Assim que você terminar, iremos embora, no entanto. — Não ficarei lá por mais tempo que o necessário. Se Harris estiver lá, não vou enfrentá-lo. Marcus teria de intervir para salvá-lo em vez de Jace se eu visse seu rosto. Segui em frente com os meus sentimentos decepcionados e magoados na maior parte. Agora eu estava com raiva. Certo, isso não era exatamente verdade. Eu estava além de raiva. Eu. Estava. Com. Muita. Raiva. Como ele atreve a me beijar, dizer que queria ficar comigo, e depois ignorar completamente por quase duas semanas? Se ele pensa que sairei com ele agora, ele está louco. Eu não estava emocionalmente preparada para lidar com isso, caramba. — É claro. Eu também não quero ficar mais que o necessário. Posso tolerar um pouco de Jace St. Charles de cada vez. Olhei para ela e vi a dor que esmaecia seus olhos azuis normalmente brilhantes. Não sabia de tudo o que tinha acontecido entre a minha amiga e o roqueiro, mas sabia o suficiente. Kin e Jace se conheceram no clube onde Jace e o resto da Tainted Knights tocavam toda semana até que Harris os havia descoberto. Eles haviam começado a namorar e as coisas começaram a ficar sérias entre eles. Em seguida, a mãe de Kin recebeu o diagnóstico de que o câncer estava ficando mais agressivo e não havia mais nada que os médicos pudessem fazer por ela. Duas semanas depois Jace tinha abandonado-a sem olhar para trás. Não houve ligações, mensagens, e-mails, ou mesmo uma carta estilo Querido John. Ele fez as malas e se afastou sem dizer adeus e Kin teve que enfrentar a morte da mãe sem o cara que tinha dito que a amava enquanto segurava sua mão. Babaca.
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Não tinha lição de casa, então tomei banho assim que cheguei em casa, e em seguida, comecei a trabalhar no meu cabelo. Não iria até a First Bass com meus cachos loucos de sempre. Sempre levava pelo menos uma hora para arrumar meu cabelo, se eu estivesse com sorte. Então, quando fiquei satisfeita com o meu cabelo, já era hora do jantar e tive que correr pelas escadas para ajudar a minha mãe. Papai estava acabando de entrar pela porta depois de um dia passado com a tia Emmie e o resto dos Demons fazendo sabe se lá o que no escritório da tia Emmie no centro da cidade. Ela costumava trabalhar na casa de hóspedes, mas há alguns anos encontrou um lugar que combinava com ela e comprou um andar inteiro de escritórios no centro. Naquela época, ela só tinha uma secretária e Natalie Cutter para ajudá-la. Agora tinha trinta pessoas em sua equipe que a ajudavam, já que ela representava tantas pessoas nesses dias. — Você está linda, Lu, — meu pai disse depois que passou os braços em volta da minha mãe e a beijou. — Você vai sair com Harris hoje à noite, já que ele não apareceu na noite passada? Balancei a cabeça e continuei a pôr a mesa. — Kin quer ir para a noite do microfone na First Bass. Seus olhos estranhamente em constante mudança se animaram com a menção de minha amiga. — Gosto dessa garota. Impressionou muito Drake com a maneira como ela toca o violão. Ela canta? — Ela é boa, não ótima, mas boa. Melhor do que algumas das estrelas pops lá fora no momento, se você me perguntar. Mas não é o seu talento como cantora que chama tanta atenção. Ela tem um sério talento como compositora. — Coloquei o último prato na mesa e virei me para encará-lo. — Acho que Nik deveria ir em uma das noites de microfone aberto e ouvir um de seus originais. Ela escreveu algumas músicas incríveis ao longo dos anos e sei que ele estaria interessado no que ela tem. Jesse Thornton arranhou os dedos sobre sua cabeça suavemente raspada, pensando, e fiquei ali sorrindo para ele. — Sim, tudo bem. Vou mencionar isso a ele. Poderíamos parar na próxima semana e checar. Falarei 10
com Emmie e a levarei conosco. — Ele passou os braços ao redor da cintura da minha mãe e se aninhou ali. — Por que não chamamos uma babá para os meninos e tornamos isso um encontro duplo, baby? O rosto de Layla se iluminou com seu sorriso. — Parece bom para mim. — Ela virou-se e beijou-o rápido mais profundamente. Tive que desviar o olhar. Eu amava a forma como os meus pais eram um com o outro, mas simplesmente não conseguia lidar vê-los sendo tão amorosos e sensíveis assim. Não quando eu basicamente perdi meu melhor amigo porque deixei-o me beijar ... — Vá fazer os meninos se lavarem para o jantar, — ela disse a ele depois de um momento e meu pai saiu da cozinha gritando por Luca e Lyric. Depois do jantar, terminei de ficar pronta e só faltava colocar os brincos de platina que minha irmã tinha me dado no Natal do ano anterior, quando ouvi Marcus e meu pai conversando fora do meu quarto. Meu guarda-costas não morava com a gente, mesmo que tivesse certeza de que meu pai teria preferido assim. Ele ficava na casa de hóspedes da casa da tia Emmie, que morava duas casas para baixo da nossa, com outro guarda-costas chamado Rodger. Rodger era o guarda-costas da minha prima Mia. Era loucura pensar que a minha priminha precisasse de proteção como eu, mas sua mãe era ainda mais super protetora do que o meu pai. Tia Emmie não tinha sido a mesma desde que uma fã quase levou Mia, e agora ela nem sequer saia lá fora sem Rodger como sombra. Ela acabou de completar onze anos e disse me que se sentia sufocada. Eu entendia, mas sabíamos que ter um guarda-costas que observava cada passo nosso era algo que não mudaria tão cedo. Depois de um momento, a voz do meu pai desapareceu e, em seguida, Marcus bateu na porta do meu quarto. Olhei para o meu reflexo no espelho longo anexado ao interior da minha porta do armário. Não parecia uma louca com a minha maquiagem, mas caprichei mais que o normal. Meus lábios pareciam mais cheios e brilhantes, os olhos um pouco mais destacados do que normalmente. Eu estava usando meu jeans favorito que tinha rasgos nos joelhos e abraçava a minha bunda. Estava feliz por ser inverno e eu poderia usar minhas botas favoritas com saltos de sete centímetros. A blusa que 11
escolhi era um dos meus favoritos e algo que usei algumas vezes para ir à First Bass, mas acrescentei um lenço para mudar um pouco a aparência. Agarrando minha jaqueta de couro, eu escorreguei-a em meus braços e, em seguida, abri a porta. Marcus estava no corredor com sua expressão estoica habitual. Pensei que estava começando a conhecê-lo um pouco melhor e era capaz de decifrar as suas expressões. Embora seu rosto parecesse sem emoção, seus olhos sempre davam o menor indício de seu humor. No início do dia, quando ele estava me seguindo de perto na escola, pensei que ele estava entediado - típico de um grande homem assustador seguindo uma sênior em uma escola particular cara. Eu estava entediada, então certamente ele também. Agora, ele parecia estar se divertindo um pouco. Ligeiramente. Seus olhos enrugaram nos cantos apenas um pouco e seu cinza habitual era mais claro do que normalmente teria sido se ele estivesse em um estado de espírito mal-humorado. Sorri para ele e sai do meu quarto. — Quando estiver pronto, — disse a ele. Ele inclinou a cabeça e abriu o caminho. Marcus era definitivamente um homem de poucas palavras. Na porta, gritei para meus pais que estava saindo e meu pai saiu da sala com um gêmeo em cada perna. Ele andava com facilidade, apesar de ter, pelo menos, trinta e cinco quilos de peso extra adicionado às suas pernas. Os gêmeos riam enquanto seguravam firme, apreciando o passeio. — Tenha cuidado, Lu. — Papai parou na minha frente e me abraçou. Eu o abracei de volta, demorando um pouco mais que o habitual antes de se afastar. Não havia nada melhor do que um abraço do meu pai. Nada. — Divirta-se, — ele murmurou antes de se afastar. — Tchau, Lucy, — disse Lyric. — Sim, tchau Lu, — Luca entrou na conversa, dando-me o mesmo sorriso malicioso que seu irmão gêmeo. — Não entre em problemas, irmã. — Tchau. Te amo. — Enfiei minhas mãos nos bolsos da minha jaqueta quando Marcus abriu a porta para mim e guiou-me até o meu Rover Range que estava estacionado na garagem. Era estúpido ter um boa SUV, se não podia dirigi-la mais de duas vezes nos quase dois anos desde que comecei tirei 12
a habilitação. Marcus levava-me em todos os lugares e nas poucas vezes em que ele não levava, tinha sido um dos meus pais ao volante. Não me queixava disso em voz alta, no entanto. Sabia que meus pais só queriam certificar-se de que eu estava a salvo. Mas no próximo ano, quando eu fosse para a faculdade, tentaria convencê-los de que eu não precisava que Marcus fosse comigo. O mais provável é que eles me ignorariam e me fariam levá-lo, mas eu não desistiria sem uma boa luta. Ainda assim, faltava muito tempo para isso e eu estava armazenando todos os meus argumentos sobre o assunto de guarda-costas até lá. Kin morava a apenas alguns quarteirões de distância, por isso não demorou mais de dois minutos para chegar à sua casa. Ela já estava esperando na calçada quando Marcus estacionou ao seu lado. Ela jogou a caixa da guitarra e mochila nas costas antes que Marcus pudesse sair e saltou para o banco de trás comigo. — Vá! — Ela ordenou, assim que eu vi a porta da frente de sua casa abrir e a meia-irmã monstra dela sair para a varanda. Meus olhos se arregalaram quando dei uma boa olhada no rosto de Jillian Montez. Ela parecia lívida. — O que você fez, Kin? — Perguntei com uma risada quando Marcus saiu tão rápido que os pneus cantaram. — A vadia queria que eu levasse Georgia comigo. — Ela cobriu o rosto com as mãos e gritou sua frustração para eles. Marcus atirou-nos uma rápida olhada no espelho retrovisor, mas continuou dirigindo. Quando ela olhou para mim novamente seu rosto estava uma pedra. — Porque – sério, ela disse isso – Georgia precisa de mais exposição aos paparazzi e ser vista conosco na First Bass a faria aparecer na TMZ.2 Não pude evitar o riso que saiu dos meus lábios. — Uau, ela é uma viagem. — A Georgia ainda estava se arrumando quando cheguei lá fora, mas o que ela estava usando... — Ela parou, balançando a cabeça como se estivesse tentando limpar a cabeça da imagem que sua meia-irmã tinha colocado lá. — Prometa-me que se eu alguma vez sair de casa parecendo um cruzamento
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Site de fofocas.
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entre uma prostituta de fim de estrada e uma vadia você vai fazer a coisa certa e me dar um tapa. Isso me fez cair em um ataque de risos e tive que enxugar os olhos enquanto Kin se sentava e resmungava. — Não é engraçado, Lu. Você deveria tê-la visto. Acho que ela pensou que já que Harris é o dono e é filho de um roqueiro, ela deve parecer como uma groupie. Mas ultrapassou os limites. Acho que é contra a lei se vestir daquele jeito em público. Se ela queria chocar alguém, acertou em cheio. Seu cabelo estava tão alto quanto uma rainha da beleza do Texas e sua maquiagem... Era horrível. Aquela maquiagem sobre os olhos vai assombrar meus sonhos esta noite. — Pare, — implorei enquanto continuava a rir. — Você está me matando. Um sorriso brincou nos cantos dos lábios de Kin. — Estou falando sério aqui. — Sei. Isso é o que torna tudo tão hilariante. — Limpando meus olhos, virei-me em minha cadeira para encará-la. — Estou surpresa que conseguiu se livrar dela. — Georgia era como um cachorro com um osso quando sua mãe colocava uma ideia na cabeça. Eu duvidava que a menina tinha um pensamento viável em sua cabeça que não havia sido plantado ali para que Jillian pudesse viver através de sua filha mais velha. — Não foi fácil. Voltar para casa esta noite não será uma opção, também. Posso ficar com você? — Claro que pode. — Minha mãe deixaria Kin morar com a gente, se quisesse. Se Kin não tivesse prometido à mãe que tentaria conhecer seu pai e sua família, ela teria aceitado a oferta. Bem, provavelmente não. Se Kin não tivesse feito essa promessa a sua mãe antes de morrer, ela ainda estaria na Virginia com seu padrasto e meiosirmãos que ela tanto amava. Eu odiava que minha amiga se sentia miserável em casa, mas não mentiria e diria que não estava feliz que ela estava vivendo em Malibu agora. Nós provavelmente nunca teríamos nos conhecido se ela não tivesse feito essa promessa e eu estava grata por sua amizade agora. A multidão do lado de fora da First Bass estava tão louca como nunca. Marcus entregou as chaves do Range Rover para o manobrista e, em seguida, 14
abriu a porta traseira para nós. Quando nos aproximamos do grande homem deixando as pessoas entrarem no clube, ele mal nos deu uma segunda olhada antes de soltar a corda de veludo para nos deixar passar. Ele não sorriu ou mesmo falou conosco e eu estava mais do que feliz por seu desinteresse. Ele deixou os paparazzi em frente às câmeras piscando para mim e Kin menos interessados. Marcus abriu a porta para nós e entrei, segurando a mão livre de Kin. Nas noites de quarta-feira nós não íamos à área VIP, já que Kin sempre tinha algo preparado. Tiny tinha se acostumado a não nos levar para cima na noite do microfone aberto, então eu estava um pouco assustada quando o grande, porém bonito e assustador homem de pele escura saiu da escada. — Senhorita Thornton. — Sua voz era tão assustadora quanto o resto do corpo e, como sempre acontecia quando eu era confrontada por um homem tão terrível, eu automaticamente dei um passo para trás, ficando mais perto de Marcus. — O Sr. Cutter pede que você se junte a ele em seu escritório o mais cedo possível. Meus olhos se arregalaram de surpresa. — Então Harris está aqui? — Sim, senhorita Thornton. Ele voltou na noite passada. Alivio que Harris estava lá passou por mim, mas não estava prestes a pular ao seu comando. Não sabia para onde ele tinha ido ou se ele estava bem. Ele poderia ter, pelo menos, enviado uma mensagem de volta e dito que estava bem durante os últimos 11 dias. Eu ainda estava magoada e sim, definitivamente ainda chateada. Magicamente reaparecer e depois pedir para seu musculoso segurança dizer para ir ao seu escritório não funcionaria comigo. Quem diabos Harris pensava que era? A mão de Kin apertou a minha, silenciosamente oferecendo-me força, e dei-lhe um pequeno sorriso minúsculo. — Obrigado, Tiny. Mas por favor informe ao Sr. Cutter que não vou me juntar a ele em seu escritório. Se ele não conseguiu encontrar dois segundos para me enviar uma mensagem avisando-me que ele estava vivo, com certeza não tenho tempo para visita-lo agora.
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A boca do grande homem caiu aberta em surpresa. Tive certeza que ele não estava acostumado a pessoas dizendo-lhe não, quando transmitia mensagens do seu chefe. Kin sorriu ao meu lado e antes que alguém pudesse dizer outra palavra, Marcus estava empurrando-nos para a frente. Ele encontrou uma mesa para sentarmos antes de se afastar e analisar o ambiente. Kin pediu refrigerantes, mas não pude concentrar em qualquer coisa. Estava confiante com a minha decisão de não fugir ao primeiro sinal de Harris querendo me ver. Eu não era a garota que aproveitava a chance de estar com um cara ao primeiro sinal de que ele estava interessado novamente após ser ignorada. Pode parecer infantil para algumas pessoas - deveria ter ido, provavelmente para ver o que aconteceu com ele durante as duas últimas semanas, mas simplesmente não fui feita para correr atrás de um cara como ele. Uma garçonete que reconheci colocou a bebida na minha frente. — Senhor Cutter gostaria que você se juntasse a ele em seu escritório. — Diga para o Sr. Cutter ir se foder, — Kin virou-se para a garçonete. — Se ele quiser tanto vê-la, ele sabe onde encontrá-la. Os olhos da loira brilharam e os lábios se contraíram como se quisesse sorrir, mas não o fez. Em vez disso, ela inclinou a cabeça e se afastou. Observei-a quando ela voltou para o bar e falou com o barman. O homem tinha um fone de ouvido e deve ter retransmitido o que Kin tinha dito a quem estava do outro lado. Não sabia se ria ou se me escondia no banheiro quando, poucos minutos depois, Jace apareceu na mesa. O roqueiro de olhos azuis só tinha olhos para Kin, e ela o ignorou enquanto se concentrava nas letras que ela tinha espalhada em sua frente. Depois de alguns momentos, pareceu cerrar os dentes e virou os olhos azuis hipnóticos em mim. — Harris quer saber por que você não vai vê-lo. — Provavelmente tem algo a ver com ele ser um idiota. Melhor ter cuidado, ouvi dizer que é contagioso. — Eu cobri minha boca, ofegando. — Oh, espere, tarde demais. Você já pegou.
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Aquilo produziu um pequeno riso de Kin mas ela não levantou a cabeça. Jace balançou a cabeça loira suja, uma pequena provocação de sorriso em seus lábios. — Tomando lições de Kin? — Provavelmente o contrário. — Eu levantei minha bebida e tomei um pequeno gole. — Se você quiser se sentar comigo enquanto Kin se apresenta, será legal. Quando você não está tentando bater no coração e orgulho dela, eu realmente gosto de você. — Só o meu orgulho, Lu. Meu coração já não está envolvido, — Kin me garantiu, ainda focada na música na frente dela. Sabia que ela estava mentindo, mas Jace deve ter acreditado nela. Sua mandíbula apertou-se. — Sentarei com você, Lucy. Se você for falar com Harris. — Vejo você mais tarde, Jace. Foi bom falar com você. Talvez nos vejamos na próxima quarta-feira. — Tomei mais um gole de meu refrigerante e coloquei o copo na mesa antes de puxar o telefone do bolso da minha jaqueta. Coloquei-o no silencioso e notei que havia três chamadas não atendidas de Harris e duas mensagens. Sério? Ele se atreve a começar a responder agora? Revirando os olhos, deletei as mensagens sem lê-las. Checando meus emails, comecei a ler alguns, enquanto Jace só ficou lá, franzindo a testa para mim. — Você não virá amanhã para assistir a Tainted Knights? — Ele finalmente perguntou depois de alguns minutos de silêncio completo na mesa. Dei de ombros. — Vi você e sua banda tocarem antes. Tenho certeza que não vou perder nada importante. A única razão pela qual estou aqui agora é por causa de Kin. Assim que ela terminar, vamos embora. — Droga, Lucy. Harris quer ver você. Levantando meu olhar do meu telefone, encontrei seus olhos. — Eu estou bem aqui.
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Capítulo 2
Harris Soltei uma respiração cansada, tentando concentrar-me na tela do computador a minha frente. Foi uma longa semana e eu mal consegui dormir durante esse tempo. Tudo que eu queria era ir para casa, rastejar até minha cama e dormir por pelo menos dois dias. Mas estive no Arizona por dez dos últimos onze dias e ir para casa agora não era uma opção. Haviam coisas que precisavam da minha atenção na First Bass e, honestamente, eu não queria voltar para casa tão cedo, com Tessa ainda lá. A vadia era louca. As coisas pareciam fora de controle e eu não podia fazer absolutamente nada sobre isso. Desde o momento que Lucy saiu do meu escritório depois que eu a beijei, tudo tornou-se um inferno. Voltei para casa e encontrei Tessa alta como uma maldita pipa e destruindo meu apartamento, enfurecida com Lucy e como ela convenceu Jenna de ir para a reabilitação. Tranquei-me no meu quarto, sentindo um maldito prisioneiro em minha própria casa. Acordar às seis e meia na manhã de domingo depois de apenas algumas horas de sono não era a minha ideia de diversão. Receber um telefonema de Jenna gritando comigo dizendo que estava voltando para casa depois de duas semanas de ter iniciado a reabilitação porque eu estava tratando sua namorada como merda definitivamente não era a minha ideia de diversão. Não consegui fazê-la entender o que estava acontecendo e não tive escolha, além de pegar o primeiro voo para ir vê-la. A clínica em que Jenna estava hospedada só permitia visitantes por uma hora diariamente. Passei cada minuto do tempo permitido tentando fazer Jenna entender que a menina por quem ela jurou estar apaixonada não era nada além de problemas. Não disse que Tessa estava tentando dormir comigo há semanas, ou que ela tinha, basicamente, atacado-me no escritório na noite
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de sábado. Não sabia como reagiria a isso, mas não quis arriscar deixa-la mal e arruinar o trabalho duro que ela já tinha conquistado na reabilitação. Tentei fazê-la ver que Tessa a tinha levado a usar as drogas que nublaram sua mente e julgamento por tanto tempo. Tentei fazê-la ver que a menina que dizia tanto amá-la não a amava tanto assim. Levou um bom tempo para percebermos como Tessa realmente era, porque ela foi tão boa em esconder isso. O que eu vi quando finalmente abri meus olhos eram as mesmas meninas que haviam perseguido meu pai e seus companheiros de banda por tantos anos antes que eles casassem e começarem suas próprias famílias. Tessa não era nada mais do que uma desesperada, uma prostituta que só estava à procura de um barco de dinheiro no qual subir a bordo. À primeira vista, Jenna não quis acreditar em mim, mas consegui garantias de que ela terminaria tudo com Tessa quando voltasse para casa daqui a uma semana. Durante esse tempo, precisei concentrar toda a minha atenção sobre ela e não ousei olhar meu telefone ... Ok, isso era uma mentira deslavada. Eu evitei olhar para o meu telefone. Mesmo quando estava tentando concentrar em Jenna, lutei contra a necessidade de falar com Lucy. Porra, eu queria tanto falar com ela. Desabafar tudo o que estava passando. A única razão pela qual não fiz isso foi porque se eu ouvisse sua voz, ou visse seu nome na tela do meu telefone – eu quereria beijá-la novamente. E um inferno de muito mais. Lutei contra esta necessidade – essa maldita necessidade – que estava começando a me consumir por essa menina. Durante o tempo em que tentei tirá-la da minha mente e concentrar a atenção em outro lugar, recebi duas mensagens de Lucy. Precisou de toda a força de vontade que eu possuía para não a responder. Ia contra tudo dentro de mim, ignorá-la desse jeito. Lucy não era apenas a menina por quem eu estava apaixonado. Ela também era a minha melhor amiga, a voz da minha razão quando mais precisava. Disse a mim mesmo que precisava evitá-la até seu aniversário. Se ela ficasse fora da vista eu não teria que lutar tanto para controlar a necessidade 19
de ter Lucy Thornton. Era o plano perfeito, a única opção disponível para mim, se eu quisesse manter minhas mãos para mim mesmo nas próximas semanas. Porra, eu estava errado. Tão malditamente errado. Na noite passada fui direto para a First Bass assim que o meu avião aterrissou e ainda tentei segurar-me. Minha gerente havia feito um ótimo trabalho de manter o forte enquanto fiquei fora da cidade, mas havia algumas coisas que só eu poderia cuidar. Forcei-me em concentrar no trabalho e não ligar para ela ou mandar mensagem, ou parar na sua casa a caminho da minha. Sim, esse último teria realmente ido bem com seu pai Demon, mas eu ainda queria. Morte parecia um pagamento razoável o suficiente por cinco minutos com a garota por quem eu estava apaixonado. Jace estava na casa seguiu-me até o escritório. Depois de recuperar o atraso em alguns detalhes que a minha gerente não havia me informado – provavelmente porque ela não sabia – Jace disse-me que Lucy e Kin estiveram ausentes da First Bass, exceto pela noite do microfone aberto. Depois de falar com Lucy naquela noite, ele ficou surpreso ao descobrir que eu não tinha falado com ela. Não contei a ninguém sobre o que aconteceu no meu escritório na noite em que beijei Lucy. Ninguém. Achei que quanto menos pessoas soubessem, menor a possibilidade de Jesse Thornton descobrir, que era como Lucy queria manter por enquanto. Mas isso estava começando a apodrecer dentro de mim e tudo derramou como vômito enquanto contei a Jace o que aconteceu e por que eu estava evitando-a. Meu amigo sentou-se e ouviu a tudo com um olhar de simpatia em seus olhos azuis, mas quando terminei, ele balançou a cabeça para mim. — Seu bastardo idiota. Parece que você acabou de ferrar tudo ao invés de ajudar. Você tem conseguido se conter há meses e se ferrou em vez de torná-lo suportável, e honestamente, irmão, você é meu herói por isso, porque eu com certeza não conseguiria se fosse a Kin. Mas o que o faz você pensar que não poderia suportar isso por mais algumas semanas? Esfreguei as mãos sobre meu rosto cansado, sentindo o peso da viagem começando a consumir-me. Geralmente não afetava tanto, mas não dormi 20
mais do que uma ou duas horas por noite, por estar sempre preocupado com Jenna, além de estar com medo de perder Lucy. Lembranças do nosso beijo assombraram-me durante o pouco sono que tive e acordei mais do que algumas vezes de um tipo de sonho molhado que não tinha desde os dezesseis anos. — Porque agora que eu a senti contra mim, tive-a em meus braços, porra, provei seus lábios, achei que não seria capaz de deixar de beijá-la em todas as chances que eu tiver. — Resmunguei e fiz uma careta, sentindo-me como um covarde por admitir em voz alta o quão fodido eu estava sobre uma menina. Jace levantou as sobrancelhas para mim. — Cara, ela tem dezessete anos. É considerado legal. Você não estaria fazendo nada de errado se vocês ... — Sua voz se interrompeu quando lhe atirei um olhar. — Pode ser considerado legal, mas meu pai acabaria comigo. E isso seria um piquenique comparado ao que Jesse Thornton faria se descobrisse que eu toquei em sua filha enquanto ela era menor de idade. — Aquele Demon em especial e seus colegas da banda cortar-me-iam aos pedaços e espalhariam por todo o país, e eu apostaria dinheiro que meu pai os ajudaria. Ele amava Lucy. Jace possuía barba de vários dias em seu queixo. — Sim, entendo porque você está sendo cauteloso. Mas pergunto-me com o que você deve se preocupar mais. Alguns roqueiros matando você, ou Lucy sentindo que tudo o que ela é para você é um nada agora. O olhar em seu rosto no outro dia não era boa coisa, irmão. Ela parecia realmente magoada. — Ele deu de ombros enquanto levantava-se. — Mas a escolha é sua, cara. Fiquei remoendo isso pelo resto da noite. O pensamento de Lucy magoada não caia bem para mim. Odiava a ideia de machuca-la mais do que eu temia seu pai. Eu dormi ainda pior naquela noite. Quando acordei, pensei em mandar uma mensagem para ela, mas não quis explicar por que evitei-a por tanto tempo em uma mensagem. Já que era a noite do microfone aberto, percebi que ela viria com Kin e então poderia falar com ela depois. Deixei uma ordem para Tiny mandá-la para o meu escritório assim que ela entrasse pela porta, isso pareceu-me uma boa ideia quando comecei a
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trabalhar, mas agora parecia uma desculpa. Ele enviou-me uma mensagem assim que ela chegou à First Bass, avisando que ela não iria ao meu escritório. Parecia que Lucy parou de sentir mágoa. Agora ela estava chateada comigo e eu não tinha certeza de como abordar uma Lucy chateada. Porra, se fosse como qualquer coisa como quando minha madrasta estava chateada com o meu pai, quando eu provavelmente precisava esconder-me e esperar a tempestade passar. Mas sabia que não ajudaria. Esconder-me dela não melhoraria nada disso. Tentando novamente, disse ao meu bartender do primeiro andar para pedir que uma das garçonetes pedisse-lhe para subir até o meu escritório. — Precisamos de mais Patron aqui, chefe. Oh sim, Srta. Montez informou Michelle que você sabe onde a senhorita Thornton está. E tinha algo sobre ir foder-se. Pisquei quando a voz do barman encheu meu escritório sobre o pequeno interfone depositado na minha mesa. Servia para que eu mantivesse contato com a minha equipe do bar. Todos os seus fones de ouvido se conectavam a esse pequeno dispositivo. Custou um bom investimento, mas valeu a pena. Naquele momento, eu queria jogá-lo contra a parede e quebrá-lo em uma centena de peças diferentes. Em uma das duas cadeiras de estar na frente da minha mesa, Jace riu. Esqueci completamente que ele estava lá. — Parece algo que Kin diria. — Maldição. — Passei as mãos no cabelo e olhei para o teto. — Ela é teimosa, não é? — É claro que é. Você gostaria que ela viesse correndo para fazer o que você quer sempre que estalar os dedos? Não é divertido se você não precisar persegui-la um pouco. — Jace se levantou preguiçosamente. — Falarei com ela. Sorri para o meu amigo. — Boa sorte com isso. — É um desafio? — Os olhos azuis brilharam com interesse e eu ri. — Aposto que posso fazê-la vir aqui. — De jeito nenhum, sem aposta. — Fiz uma regra de nunca apostar em qualquer coisa. Nunca. Essa merda só causava problemas e eu não precisava
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de mais nenhum além dos que já tinha no momento. — Mas não me importaria de ver você tentar persuadir Lu para vir aqui. — Posso convencer qualquer mulher a fazer o que eu quero que ela faça, — Jace informou com uma arrogância que fez-me rir em voz alta. — Oh sim? Então, o que há com Kin? Você simplesmente não tentou? Seus olhos azuis escureceram com irritação. — Kin é diferente. Ela tem um novo tipo de teimosia que ninguém jamais foi capaz de conquistar. Ela não vai me perdoar até que esteja bem e pronta. Só preciso esperar a minha vez. — E se levar 50 anos? Jace grunhiu. — Então esperarei 50 anos. Porra, eu esperaria o resto da minha vida. Ela vale a pena. Balancei a cabeça, entendendo exatamente o que ele quis dizer com isso. — Sim, cara. Sinto-me da mesma maneira sobre Lucy. — Olha, mano, não sei se admitiria isso para ninguém, mas eu realmente fodi com Kin. Não sei como corrigir, mas vou tentar o meu melhor para recuperá-la. — Ele coçou o rosto sem barbear novamente. — Alguma ideia de como posso começar? Minhas sobrancelhas ergueram-se em direção ao teto com a sua pergunta. Ele estava falando sério? — Talvez não foder qualquer coisa com uma vagina. Parece ser um bom lugar para começar. As narinas de Jace inflaram, mas ele balançou a cabeça e deixou meu escritório. Esperei até que a porta estivesse fechada antes de pegar meu telefone e enviar uma mensagem para Lucy. Talvez ela viesse se eu pedisse com gentileza. Quando ela não respondeu de imediato, enviei outra. Tamborilei meus dedos em cima da minha mesa, esperando por uma resposta. Nada. Puta que pariu. Ela realmente me daria trabalho, não? Passando meus dedos pelo cabelo cliquei em discar em seu nome e ouvi o telefone tocar e tocar e tocar um pouco mais, antes de ir para o correio de voz. Desliguei antes de sua voz terminar a saudação e mandei mais uma mensagem, pedindo apenas cinco minutos a sós com ela.
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Durante dez sólidos minutos fiquei ali sentado, olhando para o meu telefone, desejando que ela mentalmente respondesse-me ou ligasse. Droga, fodi tudo e agora eu poderia ter perdido até mesmo a sua amizade. Murmurando maldições suficientes que teria feito minha madrasta bater na parte de trás da minha cabeça, tentei concentrar-me na última parte da papelada que precisava da minha atenção. Assim que eu terminasse, procuraria Lucy Thornton e a forçaria a falar comigo.
**** Jace não havia voltado quando terminei toda a merda que precisava da minha atenção imediata. Soube que ele não teve sucesso e não percebi que não voltaria se Kin estivesse com Lucy. Talvez o idiota tenha tomado o meu conselho e parasse de foder com qualquer uma para que pudesse ter sua garota de volta. Levou mais de meia hora para terminar de resolver as coisas para que eu pudesse sair do escritório. Não querendo quaisquer distrações, deixei meu telefone sobre minha mesa e sai para encontrar a razão pela qual meu intestino estava amarrado em nós. Passando o bar, acenei para o grande homem fazendo as bebidas. West não era tão bom quanto Nate, que conseguia lidar com a área VIP sem ajuda se precisasse, mas ele era profissional e eu confiava nele para comandar as coisas no primeiro andar. Quando ele acenou para mim, pensei em fingir que não vi, para que pudesse encontrar Lucy logo, mas poderia ser importante e não deixaria meu clube sofrer porque havia fodido minha vida pessoal. Parei no final do bar onde três garotas em seus vinte e tantos anos estavam sentadas bebendo margaritas e rindo como adolescentes. West inclinou-se para frente e fiz o mesmo para que pudesse ouvir o bartender falar sobre as mulheres embriagadas. — O que foi? — Há uma festa na mesa da Srta. Thornton. O segurança dela não está parecendo muito satisfeito com isso. Você poderia querer mandar Tiny trazer alguns caras, caso a coisa fique feia. 24
Fiz uma careta e dei um passo para trás, procurando por Lucy e sua “festa”. Avistei Marcus primeiro, de pé bem atrás de Lucy em uma mesa para cinco. Seu rosto estava tão neutro como sempre, mas o conjunto de seus ombros e o fato de que ele estar tão perto de Lucy confirmou que West provavelmente estava certo. Não conseguia ver claramente Lucy porque o grande homem estava em pé na minha linha de visão, mas vi os dois rapazes sentados à mesa. Um olhar e pude dizer que eram idiotas. Filhos da puta com dinheiro suficiente para fazê-los pensar que eram um presente dos deuses, mas não o suficiente para torná-los capazes de comprar o seu caminho para o status VIP. Aquele sentado à esquerda de Lucy estava muito perto. Sua cadeira estava a apenas centímetros da dela e ele estava com uma mão na parte de trás de seu assento. Vi quando ele se inclinou, sussurrando algo para ela. Ela moveu a cabeça para trás, mas pensei tê-la visto sorrindo. À sua direita estava um cara tentando conversar com Kin, mas ela não parecia nada impressionada enquanto concentrava-se nos papéis espalhados em sua frente. Do outro lado de Kin estava Jace, sentado tão perto da menina quanto o idiota estava para Lucy, mas seus olhos estavam sobre o grande homem de pé atrás da linda morena na mesa. Ciúme agitou dentro de mim e virei os olhos frios para West. — Avise Tiny que precisaremos de dois de seus seguranças aqui, para prevenir. — Claro, chefe. Dei um passo para longe do bar e virei-me para atravessar a sala. Quanto mais perto eu chegava da mesa de Lucy mais irritado estava. O cara ficou um pouco corajoso demais para o meu gosto e fiquei prestes a virar um monstro de raiva se ele realmente tocasse na minha menina. Do ângulo em que eu podia vê-la, ela não estava fazendo nada para desencorajar o idiota se aproximando mais e mais dela. Será que ela gosta daquele filho da puta? Marcus deu um pequeno passo para a frente, como se estivesse pronto para tirar Lucy da mesa a qualquer momento; fazendo perguntar-me se ele sabia que eu estava vendo tudo, do meu local. Olhei para Jace, que parecia
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tenso. Meu intestino torceu com medo e comecei a andar mais rápido. Se aquele filho da puta estivesse tocando Lucy, eu quebraria sua cara. O lugar estava lotado e precisei empurrar duas pessoas para fora do meu caminho com pressa de chegar até Lucy. Podia sentir os olhos em mim quando as pessoas pararam o que estavam fazendo para observar-me. A maioria dessas pessoas com certeza sabiam quem eu era, quer fosse através dos tabloides ou de qualquer outro jeito. Provavelmente estava agindo como um louco para eles, ou eles acharam que presenciariam um bom show. Quando cheguei à mesa, o queixo de Jace estava cerrado e Kin havia empurrado seus papéis para longe para virar os olhos azuis brilhantes para o idiota sentado perto de Lucy. O outro cara sentado ao lado dela afastou sua cadeira para trás, olhando para qualquer lugar menos para o cara ao lado da minha menina. — Você não acabou de dizer isso para mim, — retrucou Lucy quando ela se levantou e afastou-se do filho da puta. — Quem diabos você pensa que é, imbecil? — Ela perguntou enquanto olhava para baixo, para o cara. Parei bem atrás de Lucy e meus olhos foram direto para o cara ainda sentado ali, sorrindo para ela. — Acalme-se, querida. Não quis ofendê-la. Pensei que todas vocês vadias roqueiras chupassem um pau por diversão. A cadeira de Jace voou para trás enquanto ele levantou-se, Marcus adiantou-se na tentativa de pegar o babaca, e eu dei um passo à frente para ir até Lucy e chegar nesse filho da puta. Ninguém falava assim com Lucy. Ninguém. Eu surraria esse pedaço de merda. Eu iria ... Lucy moveu-se mais rápido do que qualquer um de nós. Um segundo o cara estava sorrindo como o idiota que ele era, e no próximo sua cabeça estava estalando de volta e ele estava segurando seu nariz jorrando sangue. — Não se atreva a falar assim comigo de novo, seu maldito pedaço de merda dos deuses. Corto seu pau fora e faço você comer. — Acho que ela não percebeu que usou o plural para Deus, algo que Emmie fazia o tempo todo. Isso mostrou o quão chateada Lucy realmente estava, o fato de ela estar caindo em velhos hábitos que sua tia lhe ensinara. Marcus pegou o cara pela parte de trás do pescoço e obrigou-o a se levantar. Eu estava dividido entre o desejo de bater no idiota e checar Lucy, 26
que agora embalava a mão que usou para quebrar o nariz do cara. Lutei por menos de um segundo antes de pegar a mão dela para examiná-la. Lucy sempre vinha em primeiro lugar. Ouvi meus rapazes da segurança falando com Marcus e estava vagamente consciente deles arrastando o idiota e seu amigo para fora do clube, mas fiquei muito preocupado com os ossos quebrado de Lucy para dar a mínima para o que eles fizessem para o filho da puta. Sua mão estava muito machucada e doeria muito pela manhã. Ela já estava começando a inchar. — Você precisa de um pouco de gelo, baby. Ela tentou puxar a mão. — Está tudo bem, — murmurou com uma voz rouca, recusando-se a encontrar o meu olhar. — Só preciso ir ao banheiro e lavar-me. Kin veio para ficar ao lado de Lucy, colocando um braço ao redor dela para confortá-la. — Vamos, batedora. Vamos limpar isso. Relutantemente, soltei a mão dela. Quando ela virou para seguir Kin, pensei ter visto lágrimas em seus olhos e estendi a mão para ela sem pensar. Lucy não chorava fácil. Ou aquele filho da puta tinha dito algo ainda mais vil para ela do que o que eu ouvi ou sua mão estava matando-a. Enrolei-a em meus braços e enfiei sua cabeça no meu peito. — Baby, — respirei contra seu cabelo cheiroso, — Está tudo bem. Estou aqui. Um pequeno soluço escapou dela. — Acho que quebrei minha mão, — ela murmurou, enterrando seu rosto no meu peito. Apertei minha mandíbula, odiando por ela estar sentindo tanta dor física, mas aliviado por ela não estar chorando pelo que o idiota disse a ela. Minha menina era muito forte para deixar algum idiota que não importasse chegar até ela. Duvidava, no entanto, que ela tinha quebrado a mão, embora provavelmente parecesse com isso. Sua mão provavelmente estava apenas machucada e talvez até mesmo torcida. — Ok. Vou cuidar de você. — Afasteime apenas o suficiente para olhar para ela e inclinei sua cabeça para roçar um beijo sobre a ponta de seu nariz. Lucy assentiu com a cabeça e deu um passo para trás, esfregando sua mão ilesa sobre os olhos úmidos. — Preciso ligar para o meu pai. E tia Emmie.
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Esse cara sabe quem sou. Ele vai falar com a imprensa e estará em todos os tabloides pela manhã. — Isso pode esperar, baby. — Levantei minha cabeça e vi Tiny e Marcus de pé atrás de Lucy. Balancei a cabeça uma vez para Marcus depois inclinei a cabeça para o meu chefe de segurança. Tiny se adiantou e falou em meu ouvido. — Estou com ele nos fundos, chefe. O que você quer que façamos com ele? Acariciava minha mão sobre o cabelo de Lucy, incapaz de manter minhas mãos longe dela quando Kin levantou a mão possivelmente quebrada e examinou-a mais perto com Jace. — Mantenha-o lá, — murmurei baixo o suficiente para que apenas Tiny pudesse ouvir-me. — Se ele começar a ficar hostil, diga-lhe que os policiais estão vindo para pegá-lo por aliciar uma menor. Os olhos de Tiny arregalaram-se, sua mandíbula apertou. O homem era assustador assim – uma das razões para tê-lo contratado. A maneira mais rápida de irritá-lo era um homem ferindo com uma mulher de qualquer forma. — Ele fez isso? — Poderia muito bem ter feito. — Dei um passo para me aproximar de Lucy, envolvendo meu braço em volta de sua cintura, precisando senti-la contra mim. — Eu lido com esse pedaço de merda mais tarde. Por agora, precisava ter certeza de que a minha menina estava bem.
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Capítulo 3
Lucy
No minuto em que entramos na sala de emergência, Harris assumiu o comando. Ele chamou uma enfermeira de lado, contou o que aconteceu e quem eu era e, mesmo que o pronto socorro estivesse bem cheio, a enfermeira levou-me para uma das salas de triagem. Imaginei que depois de anos vendo sua madrasta trabalhar, ele aprendeu alguns truques valiosos. Agora ele estava sentado em uma cadeira ao lado da maca. Pediram-me para que eu sentasse, o telefone em sua mão enquanto ele digitava uma mensagem após a outra. Marcus estava de pé do lado de fora da sala de triagem enquanto Kin e Jace estavam na sala de espera porque a enfermeira havia deixado apenas um ficar comigo. Gostaria que fosse Kin, porque pela primeira vez em todos os anos em que conhecia Harris Cutter, eu não sabia como agir perto dele agora. Uma série de emoções conflitantes estavam agitando-se dentro de mim como uma tempestade. Eu ainda estava chateada por ele não ter incomodado em enviar-me uma mensagem na última semana e meia. Fiquei magoada, chateada ... e tão malditamente feliz por ele estar aqui comigo agora. Não sabia o que estava acontecendo com ele, mas não queria que o beijo que compartilhamos mexesse com a nossa amizade. Ficar 11 dias sem falar com ele de forma alguma havia murchado meu coração. Eu o amava demais e isso assustava-me, mas ficar sem sua amizade? Não sabia se conseguiria sobreviver a isso. Ele mantinha os sonhos ruins longe de mim. Ele protegia minha sanidade. Quando Harris voltou para minha vida, os pesadelos que eu tinha desde os nove anos de idade diminuíram. Tive somente alguns desde que nos reaproximamos. Pela primeira vez em quatro anos, eu dormi o suficiente. Nos 11 dias desde que eu falei com ele pela última vez? Não dormi nada, além de 29
ter pesadelos com aquele maldito do meu pai biológico. O sono tornou-se meu pior inimigo e cai de volta aos velhos hábitos que me ajudavam a lidar com tudo. Batendo enviar em outra mensagem, Harris finalmente levantou a cabeça e sorriu com aquelas malditas covinhas para mim. — Como você está indo aí, baby? Apertei meu queixo, recusando-me a tremer com o carinho. Não queria que ele me chamasse de baby. Não queria ser jogada na mesma categoria que qualquer outra garota que ele teve em sua vida. — Não me chame assim, — murmurei e baixei os olhos para a minha mão machucada e inchada, esperando que a dor fazendo toda a minha mão latejar distraísse-me do cara sentado tão perto. A dor física era minha amiga. Sempre foi uma libertação da dor emocional com a qual lidei. Hoje à noite, no entanto, com a minha mão parecendo que soquei em uma parede de tijolos ao invés de usá-la para quebrar o nariz daquele desgraçado, não estava ajudando muito. Eu ainda me sentia emocionalmente crua, e era tudo culpa de Harris. O som dele trazendo sua cadeira para mais perto fez-me levantar os olhos para encontrá-lo a menos de um centímetro de distância. Lançando seu telefone na maca ao meu lado, ele pegou minha mão ferida nas suas. — Ouch. Isso deve estar doendo. — Ele levantou a minha mão para mais perto, seus olhos deslizando sobre a pele quebrada em meus dedos. O sangue havia secado e ninguém me deu tempo para ir ao banheiro limpá-lo. — Se você fosse Trinity, haveria apenas uma solução boa o suficiente para fazer isso melhorar. Soube exatamente do que ele estava falando e tentei soltar a minha mão antes que ele tentasse consertar-me como sua irmã bebê exigiria. Seus dedos apertaram-me e ele levantou minha mão aos lábios, escovando-os com ternura sobre a minha pele. Não pude evitar reagir instantaneamente. Não foi possível parar o tremor ou o arrepio que apareceu ao longo de todo o meu braço. Não tive controle sobre o aperto repentino dos meus mamilos ou a umidade na minha calcinha. Como ele poderia afetar-me assim, quando ainda estava tão magoada? Com seus lábios quentes e úmidos ainda pressionados na palma da minha mão, ele ergueu seus olhos de água-marinha e capturou meu olhar. 30
Ele sabia exatamente o que estava fazendo comigo e pelo olhar em seus olhos, gostava disso. Puxei minha mão para trás, estremecendo com a dor que acabei de causar a mim mesma. Desesperada para dissipar a tensão sexual repentina que estava enchendo a sala e, especialmente, enchendo meu corpo, peguei meu telefone. — Deveria ligar para meu pai. — Papai distrair-me-ia. Ele até mesmo expulsaria Harris se eu quisesse. Estupida o suficiente, não sabia se queria que Harris fosse embora ou não. Droga. — Não há necessidade, — Harris assegurou, sentando-se para trás na cadeira e observando-me de perto. — Enviei uma mensagem para ele e Emmie no caminho. Jesse e Nik já estão na First Bass. Meus olhos arregalaram-se. — Por que papai está lá? Um sorriso aumentou em seus lábios, mas não era um sorriso que me trouxe alivio de qualquer forma. Se qualquer coisa, foi o suficiente para enfatizar o que eu já temia. Estava cheio de diversão sinistra que fez-me querer bater em seu rosto bonito. — Tiny deteu o seu amigo e o cara com quem ele estava. Pensei que seu pai gostaria de lidar com o problema ele mesmo. — Você não fez isso, — gemi quando ele encolheu os ombros. — Droga, Harris. Meu pai vai acabar na cadeia. Ele vai destruir esse cara. E Nik também? Você sabe o que eles vão fazer com ele? — Não será bonito. Já vi meu pai e Nik bater em um cara antes. Não me interprete mal, entendo exatamente por que eles fizeram isso, e sim, parte de mim sentiu-se vingada em ver isso, mas a visão ainda assombrava meus sonhos ... — Emmie foi com eles, então pare de preocupar-se. Ela vai garantir que as coisas corram devidamente. — Ele falou como se todo o assunto o aborrecesse e eu olhei para ele. — Quando terminarem, virão para o hospital. Se ainda estivermos aqui. Com a minha mão ilesa, empurrei meu cabelo para trás do meu rosto e virei a cabeça para longe de Harris, não queria que ele visse a emoção que sabia estar brilhando nos meus olhos. Hoje à noite foi um desastre. Nunca deveria ter saído de casa, deveria ter apenas deixado Kin ir sozinha. Nada de bom ocorreu por voltar a First Bass. Não precisava ir lá mais uma vez. 31
— Consigo ouvir as engrenagens mexendo nessa sua bela cabeça, Lu. O que você está pensando? — Quando não respondi, ele se moveu para frente em sua cadeira e segurou meus joelhos em ambas as mãos grandes. Não olhei para ele. Não consegui. Com um beijo arruinei tudo. Tudo. A relação que uma vez compartilhei com Harris foi embora. Acabada. Não poderia voltar para o modo como as coisas eram antes de deixá-lo beijar-me, antes de beijá-lo novamente. Meu coração não conseguiria fingir que o que senti quando seus lábios estavam nos meus não aconteceu. Não era justo para o amor e o respeito que eu tinha por ele – e comigo – agir como se nunca tivesse acontecido. E com certeza não era justo que ele seguisse em frente como se não fosse nada. Como se eu não tivesse sido nada. Como é que foi tão fácil esquecer do nosso beijo, esquecer o quão poderoso foi? Fui como qualquer outra garota na sua vida? Um pensamento de passagem, esquecido tão facilmente assim que estava fora de vista? Apertei minha mão dolorida quando meus olhos começaram a arder com lágrimas. A dor aguda que correu todo o caminho até meu braço foi o suficiente para me fazer suspirar e apenas o suficiente para que minha mente parasse de fazer perguntas mais estúpidas. Perguntas das quais não conseguiria respostas agora. Uma mão grande agarrou meu pulso, dedos suaves deslizando sobre meus dedos machucados. — Por que você fez isso? — Ele perguntou em voz baixa. — Fazer o quê? — Perguntei, puxando minha mão para trás. Surpreendentemente ele deixou ir, mas conseguia sentir seus olhos perfurando o lado da minha cabeça. — Lucy ... A porta para a pequena sala de exames de triagem abriu e um médico entrou na sala como se fosse o dono do lugar. Uma enfermeira veio logo atrás dele e Marcus encheu a porta, tanto bloqueando a entrada de qualquer pessoa quanto observando o médico com os olhos estreitos. Fiquei grata pela distração. Sabia que Harris estava prestes a fazer perguntas as quais eu não responderia. 32
— Bem, senhorita Thornton, minha enfermeira disse que você está com a mão lesionada. — Olhei para seu crachá e vi que seu nome era Dr. Levin, mas ao invés
de perguntar o que tinha acontecido, ele voltou sua atenção
para Harris. — Como isso aconteceu? — Ele perguntou, como se acusando-o de me machucar. Eu quase ri. Harris me machucar fisicamente? Isso era tão engraçado. Não só eu sabia que ele nunca levantaria a mão contra mim, mas ambos os nossos pais acabariam com ele se ele pensasse em fazer isso. O pai dele provavelmente teria batido ainda mais nele do que o meu, se isso acontecesse. Antes que pudesse abrir minha boca, Harris aproximou-se do médico, os olhos duros. — Um cara disse algo para a minha namorada que a aborreceu. Antes que eu pudesse lidar com o babaca, ela lidou por si mesma. Ela é incrível assim. O médico levantou minha mão cuidadosamente na sua, mas não senti dor quando ele a examinou. Não ouvi uma palavra do que ele falava, mesmo vendo seus lábios se movendo. Minha mente travou e ficou presa em uma única palavra que Harris havia dito. Namorada. Ele realmente disse namorada? Tipo, que eu era sua namorada? Não. De jeito nenhum. Devo ter ouvido errado. Minha mão estava causando tanta dor que estava tendo alucinações. Ou talvez apenas compreendi mal. Eu era uma menina, afinal de contas, e até aquele beijo dois sábados atrás, éramos melhores amigos. Balancei minha cabeça, repreendendo-me mentalmente por pensar que essa palavra significava alguma coisa de verdade. Dr. Levin colocou minha mão no meu colo cuidadosamente e foi até a pequena pia lavar as mãos. — Não acho que esteja quebrada. O mais provável é apenas uma torção muito feia, mas faremos uma radiografia para descartar qualquer fratura. — Ele virou para mim, seus olhos suavizando um pouco. — Gostaria de algo para a dor, senhorita Thornton? A enfermeira Frost pode lhe dar hidrocodona... — Não! — Balancei minha cabeça com firmeza. De jeito nenhum quero nada mais forte do que Tylenol. Tomei um narcótico uma só vez, na mesma noite em que ganhei a cicatriz no meu lábio. Odiei a maneira como a 33
medicação fez-me sentir e eles tiveram que dar algo para a náusea. — Prefiro um Advil ou Motrin ou mesmo Tylenol. Não quero nada mais forte do que isso. Os olhos do médico aumentaram ligeiramente, mas ele balançou a cabeça e virou-se para a enfermeira. — Vamos medicá-la com alguns comprimidos de ibuprofeno, e um saco de gelo para o inchaço. — Claro, doutor, — disse a enfermeira com um sorriso. Ela mordeu o lábio enquanto olhava Harris, corou, e, em seguida, saiu da sala. Inclinei-me para trás na maca e revirei os olhos para a obviedade da enfermeira, enquanto o médico se desculpava. Harris caiu de volta em sua cadeira e aproximou-se da maca, com as mãos agarrando meus pés e puxando-os para o seu colo. Eu fiquei rígida por um segundo, em seguida, encolhi os ombros enquanto o deixava tirar minha bota e massagear meu pé esquerdo. Marcus enfiou a cabeça na sala de triagem. — Você está bem, Lucy? Bocejei e assenti. — Tão bem quanto possa estar. — Vou mandar mensagem para sua mãe para avisá-la que você está bem. — Ele deu um passo para trás e deixou a porta fechar. Vi quando ele tomou sua posição anterior, seu enorme traseiro bloqueando quase toda a janela na porta. Lutando contra outro bocejo, olhei para o cara esfregando meus pés. — Você não deveria estar no trabalho? Não tem um clube para gerenciar? — Tenho uma ótima equipe e avisei a minha gerente sobre estar aqui. — Ele pressionou o polegar no meu arco e aplicou pressão suficiente para que meus olhos se fechassem de prazer. — Não teria feito diferença, no entanto. Eu não a deixaria aqui sem mim. Você é mais importante do que a First Bass. Pela segunda vez naquela noite, lágrimas queimaram meus olhos. Desta vez não foi por causa da dor na minha mão, mas em meu coração. Observei enquanto ele examinava a minha unha estilo polonesa na ponta dos pés, tentando entendê-lo. Como pode esse cara – este belo homem – rasgar-me tão facilmente por dentro? Por que diabos ele começou a ter todo esse poder sobre o meu coração, quando parecia que eu não tinha nada sobre o dele? Engolindo o nó na minha garganta, fiz uma coisa que jurei não fazer. Trazer aquele maldito beijo à tona. — Você se arrependeu de me beijar, Harris? 34
Sua cabeça escura virou e aqueles olhos de água-marinha incríveis pegaram os meus, obrigando-me a sustentar seu olhar. — Não. — Ele respirou ferozmente. — Lu, não. Eu não me arrependo nenhum segundo de beijar você. Parte da pressão em meu peito diminuiu e senti como se finalmente pudesse respirar de novo. Ele não se arrepende. Mas... — Então por que você desapareceu por tanto tempo? Por que você não me respondeu? Seus olhos quebraram nossa conexão pela primeira vez. Ele virou a cabeça e soltou um suspiro longo e arrastado. — Tessa causou alguns problemas entre mim e Jenna. Jen me ligou, histérica, ameaçando deixar a reabilitação. Voei para lá na manhã seguinte e lá fiquei até ontem, convencendo-a a ficar pelo tempo previsto. Meus olhos arregalaram-se. Eu ainda não havia considerado que ele tivesse deixado a cidade por causa de Jenna. Fez-me sentir egoísta e mimada por não ter pensado muito em Jenna nos últimos meses. Sabia que ela estava esforçando-se para mudar sua vida, e estava orgulhosa dela. Nós nunca fomos muito próximas, no entanto. Principalmente porque, até que ela se revelou para todos na família, eu pensava que ela e Harris eram alguma coisa. Sentia ciúmes dela, mesmo com apenas doze anos de idade. Fechei os olhos. De forma mesquinha, sentia uma espécie de prazer que Jenna não esteve por perto nos últimos meses. Significava que eu tinha toda a atenção de Harris quando estávamos juntos. Porra, eu era uma vadia malvada. — Eu... ela está bem? Virando aqueles olhos hipnotizantes de volta para mim, ele me deu um sorriso triste. — Por enquanto, tudo bem. Comecei a convencê-la de que Tessa não é para ela. Só o tempo vai dizer, no entanto. Tudo o que posso fazer é estar lá por ela. Tem que ser ela a decidir quem ela quer ou não em sua vida. Balancei a cabeça. — Sim, tem que ser. Gostaria de conversar com Drake, no entanto. — Sabia que se ela conversasse com o irmão sobre o que estava acontecendo, desde a parte da namorada até as drogas, ele entenderia e talvez até mesmo pudesse ajuda-la com o resto de sua recuperação. Só porque Jenna foi para a reabilitação não queria dizer que ela ficaria bem quando voltasse para casa. Drake uma vez disse-me que a reabilitação 35
era a parte fácil. De lá você não tem a tentação olhando para você em cada esquina. Havia pessoas que entendiam o que você estava passando, pessoas que compartilhavam sua dor e seus desejos. Fora de lá, no mundo real, a menos que você tenha um bom sistema de apoio em torno de si, suas chances de ter uma recaída duplicavam. Claro, considerando quantas vezes Drake foi para a reabilitação antes de finalmente levar a sério, o sistema de apoio não significava nada a menos que você estivesse pronto para enfrentar seus vícios. — Disse a ela que precisava contar a seus irmãos e irmã. Ela prometeu considerar a questão. — Ele se recostou na cadeira e começou a esfregar meus pés de novo, parecendo distraído. — Se ela não romper com Tessa, então vou encontrar um novo lugar para morar. — Sério? — Mordi o lábio quando percebi o quão alto minha voz saiu. Eu não mentiria. O próprio pensamento de Harris sob o mesmo teto que Tessa vinha me comendo. Inúmeras vezes imaginei que a razão pela qual ele não havia me ligado ou mandado uma mensagem era porque ele estava enroscado em lençóis com aquela garota. — Sério? — Repeti, meu tom mais calmo neste momento. Um pequeno sorriso brincou nos lábios de Harris. — Sim, sério. Isso deixaria você feliz? Minhas sobrancelhas ergueram-se. Eu estava em êxtase sobre a possibilidade de ele ter seu próprio lugar, mas isso não era sobre mim. — Não é sobre o que me deixará feliz, Harris. É sobre se você vai estar feliz ou não. Você e Jenna têm sido colegas de quarto desde que você fez dezoito anos. Vocês dois são donos do apartamento. Você será feliz se não morar lá, se ela não decidir não terminar com Tessa? Olhos de agua marinha escureceram-se e ele se moveu tão rápido que eu quase gritei de surpresa quando duas grandes mãos agarraram minha cintura e me puxaram para fora da maca e para o seu colo. Minha mão ilesa agarrou seu ombro, enquanto minhas coxas montaram sua cintura. De tão perto, quase conseguia provar sua respiração ligeiramente mentolada quando ele respirava. — Quer saber o que realmente me faz feliz? — Ele murmurou em um rosnado baixo.
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Estando tão perto dele, sentada em seu colo, onde poderia sentir cada ponto duro de seu jeans enquanto ele se apertava contra mim, estava deixando-me mais do que um pouco tonta. Inconscientemente lambi meus lábios secos. Seus olhos de água-marinha seguiram meu movimento e senti mais do que ouvi seu gemido quando saiu dele. — O... o que faria você feliz? — Sussurrei. — Beijar a minha namorada novamente. — Ele roçou o nariz contra o meu, provocando-se com a caricia de seus lábios sobre os meus. Afastei-me um pouco, quebrando o contato com seus lábios, embora meu coração estivesse gritando para mim que eu era uma idiota. Que beijá-lo era a única coisa importante no momento. Lá estava de novo, aquela única palavra que detinha tanto poder. Namorada. Mexia com meu cérebro, me fazia pensar em todos os tipos de coisas estúpidas. — Sou eu? — Porra, claro que é. Você pode não querer que seu pai saiba de nós ainda, mas você definitivamente é a minha namorada. — Uma de suas grandes mãos saíram da minha cintura e se ergueram para alisar meu cabelo. Ele fez uma careta. — Nunca tive uma namorada antes, no entanto. Posso não ser bom nessa coisa toda de relacionamento. — Oh, você quer dizer como viajar por quase duas semanas, sem contato com a garota da qual você alega ser sua namorada? — Falei sério, mas eu estava sorrindo quando ele me deu um sorriso encabulado. Como diabos ele fazia isso comigo? Como eu poderia ir de brava e magoada para tão feliz em questão de minutos? Harris Cutter seria minha destruição. — Sim, exatamente assim. Você me assusta, Lucy. — Ele me puxou de volta para ele, seus cílios baixando de modo que não pudesse ver seus olhos. Bloqueando-me enquanto ele fazia uma confissão que derretia todo o gelo ainda em meu coração, que estava me fazendo doer pelos últimos onze dias. — Às vezes parece que eu não tenho nenhum controle sobre o que você faz comigo. Você me tem por completo. Meu coração parou, apertou forte, e começou a bater. Caí para frente, tão fraca pelo que ele acabou de admitir que conseguia me segurar. Pressionando o meu rosto em seu peito duro, eu dava uma respiração 37
profunda atrás de outra, lutando contra as lágrimas que ameaçaram cair a noite toda. — V... você não pode dizer coisas assim. Suas mãos emaranharam-se no meu cabelo. — Sim? — Senti seus lábios em cima da minha cabeça enquanto uma lágrima errante caia dos meus olhos e sobre sua camisa. — Por que? — Porque você faz eu me apaixonar por você ainda mais e isso me assusta pra caramba, — sussurrei. Se ele estava admitindo ter medo, então era justo que eu lhe dissesse o que me assustava. Era aterrorizante, porém, colocar para fora, falar em voz alta assim, as palavras que estavam me sufocando a tanto tempo. Eu o senti congelar. Com a minha cabeça ainda contra seu peito, eu podia ouvir seus batimentos cardíacos, e soube exatamente quando ele parou logo antes de começar a bater tão rápido quanto o meu próprio. Suas mãos em meu cabelo apertado, puxando até que minha cabeça estava para trás o suficiente para que ele pudesse ver meu rosto. — Você me ama? Não havia porque mentir, não quando me sentia tão bem, e ainda tão assustada por dizer as palavras em voz alta. — Eu te amo desde que eu tinha 12 anos de idade. Talvez há mais tempo. Algo torceu em seu rosto e ele balançou a cabeça escura. — Você vai me levar à loucura. Você sabe disso, certo? Meus lábios tremeram quando lutei contra um sorriso. Eu gostava que eu podia fazer isso com ele; era bom saber que ele não era o único com todo o poder afinal de contas. — É justo, já que você faz o mesmo comigo. — Vou te beijar, Lucy. — Por que você está me dizendo? Basta fazer. — Lambi meus lábios. Eles já estavam doendo pela pressão de sua boca neles. — Porque estou esperando conseguir controlar-me e ficar só no beijo. — Ele encostou a testa na minha, sua respiração saindo em estremecimentos rígidos, como se estivesse lutando pelo controle. — Ajude-me, Lucy. Certifiquese de que eu não faça algo que não deveria. Revirei os olhos enquanto inclinei para ele, fazendo-o rir. — Tudo bem, relaxe. De jeito nenhum vou deixá-lo sair do controle porque a) estamos em um hospital com germes em todos os lugares e meu guarda-costas do outro 38
lado da porta. Então, sim, nojento. E b) Eu não estou pronta para fazer sexo com você. — Escovei meus lábios sobre o canto de sua boca. — Eu te amo, Harris, mas simplesmente não estou pronta para isso. Braços fortes apertaram minha cintura. — Bom. Estou feliz. Basta acabar comigo se eu tentar desrespeitar essa decisão. Ok? — Sim, irei. Eu prometo. Agora cale a boca e me beije antes que aquela enfermeira vadia volte. Sobrancelhas escuras se ergueram. — Ciumenta? Um bufo pouco atraente me escapou. — Por favor ... — Quando ele apenas continuou a olhar para mim com aquelas malditas sobrancelhas levantadas, eu fiz uma careta. — Sim. Um pouco. Ele mostrou suas covinhas para mim. — Foi tão difícil de admitir? — Dei de ombros, ele não conseguiria uma resposta verbal para uma pergunta tão estúpida, e ele riu. — Você não tem nada com que sentir ciúmes, Lu. Não vejo ninguém além de você. — Ainda estou esperando para ser beijada, — resmunguei. — Mimada, — disse ele, provocando-me, mas fui eu quem deu a última palavra quando cobri sua boca sorridente com a minha própria e aceitava o seu beijo que eu tanto queria.
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Capítulo 4
Lucy
Minha boca ainda estava inchada daquele beijo quando a enfermeira voltou com meus comprimidos e o saco de gelo. Eu a ignorei quando ela encontrou uma razão atrás da outra para ficar no meu quarto pequeno na hora da triagem antes do técnico de radiologia aparecer e me levar para tirar radiografias da minha mão. Harris e Marcus seguiram atrás do homem de trinta e poucos anos, um pouco careca e com olhos agradáveis, que me levava numa cadeira de rodas que eu disse que não precisava, mas que ele insistiu que eu usasse. Ele tirou um punhado de radiografias da minha mão em posições diferentes antes de me empurrar de volta para o meu quarto. Quando o técnico abriu a porta do quarto de triagem, fiquei surpresa ao encontrar meus pais esperando por mim. Minha mãe me envolveu em seus braços antes que eu tivesse tempo de me levantar. — Você está bem? — Perguntou ela, com lágrimas brilhando em seus olhos cor de chocolate. — Mãe, estou bem. — Tentei assegurá-la, mas ela estava segurando minha mão com dedos trêmulos para examiná-la por si mesma. Mordi o lábio, percebendo que ela estava assustada porque isso provavelmente trouxe de volta lembranças ruins para ela da noite em que meu pai biológico tinha me levado. Ela estava no hospital quando aconteceu internada depois de ter os gêmeos - quando meu pai e Nik me trouxeram. Meu rosto estava inchado e sangrento na época, e foi a pior dor física que eu já senti na minha vida. Foi nessa noite que eu comecei a chamar Layla de “Mãe”. Essa foi a noite em que eu percebi o quão sortuda eu era por ter ela e Jesse Thornton para me amar e proteger.
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Olhei por cima do ombro para olhar para o meu pai. Ele não parecia ter acabado de bater em um cara até a morte, então eu soltei um suspiro aliviado. Quando Harris disse que chamou meu pai para deixa-lo lidar com o babaca que havia dito aquelas coisas nojentas para mim, eu tive certeza de que a próxima vez que eu visse Jesse ele estaria atrás das grades vestindo um macacão laranja. Quando ele pegou o meu olhar, seus olhos castanhos em constante mudança estavam cheios de preocupação. — Você tem certeza de que está bem? — Sério, papai. Eu estou bem. — Minha mãe deu um passo para trás e meu pai foi para frente, envolvendo os braços em volta de mim em um abraço duro. Quando ele finalmente me liberou depois do que pareceu o abraço mais longo da história dos abraços, ele voltou os olhos para Harris. — Obrigado por cuidar da minha menina. — Ele estendeu a mão, que Harris prontamente apertou. — E obrigado por me deixar lidar com o idiota. — Ele ainda está respirando? — Harris perguntou com um sorriso. — Emmie não me deixou tocá-lo, — Jesse resmungou. — Seu nariz estava sangrando e um de seus olhos estavam inchados pelo nariz estar quebrado. Mas ele praticamente mijou nas calças quando Nik e eu entramos. — Estou surpreso que você não levou Drake e Shane também, apenas para realmente assustar o cara. — Sentei-me na pequena maca e Layla assumiu o lugar que foi de Harris a noite toda. — Drake e Lana estão com os gêmeos, — Layla me disse. — E Shane está com Harper em Paris até o fim de semana. Confie em mim, baby. Drake queria ir, mas Lana e as meninas não o deixaram sair de casa. Você precisa entrar em contato com ele para avisá-lo de que está bem. Meus dentes se afundaram em meu lábio inferior. Eu odiava que Drake estivesse chateado com isso. Porra, eu nunca deveria ter saído de casa esta noite. — Oh bem, — eu murmurei e puxei meu telefone do meu bolso de trás. Eu tinha colocado no silencioso, porque todo mundo estava ligando, então quando eu vi todas as chamadas não atendidas e mensagens de todos da
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minha família, meu coração se apertou. Cinco das chamadas não atendidas eram de Lana e Drake e do número de casa. Antes que eu pudesse deslizar o dedo sobre o número, a porta se abriu e entrou o Dr. Levin com a enfermeira vadia. Com três pessoas já no quarto pequeno, o médico e a enfermeira fizeram eu me sentir quase claustrofóbica lá, mas eu não pediria que nenhum deles saísse... Exceto pela enfermeira que ainda estava encarando meu namorado. Essa cadela tinha que ir. Os olhos do médico passaram de mim para os meus pais, demorando um pouco sobre a minha mãe por alguns segundos a mais do que o meu pai gostaria, dada a forma como ele rosnou para o cara. Dr. Levin rapidamente desviou o olhar. — As radiografias parecem boas. Não há fraturas. Sua mão está apenas gravemente torcida, senhorita Thornton. Às vezes isso pode parecer tão ruim quanto, se não pior do que uma ruptura de verdade. A enfermeira Frost irá colocar uma proteção para manter a mão imóvel, mas eu sugiro passar com o seu médico na próxima semana. A enfermeira deu um passo adiante com curativos e alguns papeis, que ela entregou para Layla assinar. Quando tudo estava pronto, a enfermeira nos acompanhou até a sala de espera onde Kin e Jace ainda estavam esperando com a tia Emmie e Nik. Marcus foi pegar minha SUV, mas Jesse disse a ele para simplesmente dirigir até em casa. Acho que eu iria com eles então. — Tudo bem? — Tia Emmie perguntou quando ela colocou os braços em volta de mim, mas a pergunta era dirigida a minha mãe e meu pai. — Nada quebrado, — Jesse assegurou. — Vamos passar com o médio de sempre. — Nik lhe entregou a xícara de café e bebeu o copo pequeno de um só gole. — Porra, isso é fraco. — Desculpe, cara. Nem todo mundo acredita em fazer café tão forte que você pode comer com uma colher. — Era a vez de Nik me abraçar antes de agarrar a mão da tia Emmie. — Vamos para casa. Eu olhei para Harris, que estava com Jace. Ambos haviam vindo comigo e Kin no Range Rover, mas já que meu pai tinha enviado Marcus para casa eu não sabia como eles voltariam para casa ou para o clube. Um olhar para a tela do meu telefone me mostrou que não era tão tarde. Eles ainda poderiam voltar para a First Bass se quisessem. 42
Pegando o meu olhar sobre ele, Harris me deu um pequeno sorriso. — Vou pegar um táxi de volta para o clube com Jace. Preciso garantir de que eles não tiveram quaisquer problemas. Decepção fez meu coração apertar. Eu esperava que ele viesse para casa comigo ou, pelo menos, pegasse uma carona conosco. Eu queria um beijo de despedida. Alguma coisa. Qualquer coisa. Mas ele estava mantendo distância. Forçando um sorriso para toda a gente que estava assistindo, eu assenti. — Ok. Seus olhos de água marinha escureceram e ele deu um passo em minha direção antes de parar e olhar para Jesse, que estava muito ocupado conversando com Nik para notar. Eu fiz uma careta. Era eu quem ainda não queria contar ao meu pai sobre nós. Se eu estava me sentindo decepcionada agora, era minha própria culpa. Eu pensei sobre deixar escapar ali mesmo, deixando todos que estavam no nosso grupo saberem que eu estava com Harris, que ele era meu namorado, mas os meus pais tiveram emoções e razões o suficiente para querer matar pessoas esta noite. — Eu ligo depois, — Harris prometeu e me abraçou contra ele. Eu senti seus lábios tocando o topo da minha cabeça. Porque era algo que ele sempre fez, ninguém questionou. — Eu vou buscá-la na escola amanhã para jantar. Para compensar por ontem. Ele começou a dar um passo atrás, mas minhas mãos foram em volta dele, segurando-o por alguns segundos extras. Ele pressionou outro beijo no topo da minha cabeça e cuidadosamente desembaraçou dos meus braços. — Boa noite, Lu. Kin colocou o braço em volta da minha cintura e encostou a cabeça no meu ombro, enquanto Harris e Jace diziam boa noite a todos os outros e se dirigiam para a porta. Eu coloquei minha cabeça contra a dela. — Você está bem? — Perguntei. Ela esteve esperando ali com Jace por mais de uma hora. Um suspiro trêmulo deixou meu amigo. — Não, — ela me disse honestamente, — Mas vou ficar.
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Harris Algo fazendo cócegas no meu rosto me fez acordar com uma rapidez que deixou meu estômago protestando. Abrindo os olhos, eu fiz uma careta para a garota sorrindo para mim inocentemente. — Ei você aí, alto, moreno e gostoso. Sentei-me rápido, levantando rapidamente. Depois de alguns segundos de franzir a testa para o quarto em que eu estava, eu comecei a relaxar. Eu estava no apartamento de Jace, porque eu não queria voltar para o meu. Tessa ainda estava lá e eu não confiava nela para não tentar e começar problemas. Eu tinha a sensação de que Tessa suspeitava que Jenna poderia romper com ela quando chegasse em casa e, mesmo que eu não conhecesse Tessa muito bem, eu não iria fazê-la pagar por tornar a minha vida o mais infernal possível até que ela tivesse tudo resolvido. Esfregando o sono dos meus olhos com a palma das minhas mãos, eu balancei a última da neblina da minha cabeça antes de virar a minha atenção para a garota que estivera fazendo cócegas no meu rosto com seu cabelo longo. Era fácil olhar para ela, e pela sua aparência, era fácil em tudo. Ponto. Quem diabos era ela? Jace e eu não fomos a lugar algum depois das quatro da manhã, e eu desmaiei no sofá antes mesmo de terminar a noite. A fadiga pela viagem e o estresse pelo que aconteceu a Lucy me drenou até o ponto em que sequer me importava aonde eu adormecia. Eu sabia, no entanto, que nenhum de nós trouxe uma menina conosco. Isso só deixava uma outra explicação. Grayson Knight, guitarrista e filho da puta, colega de quarto de Jace, bem como seu irmão de banda. E a garota de pé em cima de mim, me olhando e, obviamente, apreciando o fato de que tudo o que eu estava usando era minha boxer, era definitivamente o tipo de Grayson. 44
Cabelo loiro tingido, seios avantajados, bunda voluptuosa, e mais importante, fácil. Grayson era um inferno de um guitarrista, mas seu trabalho duro e talento às vezes não ia mais longe do que o palco. Ele queria as baratas, porque isso significava que seria fácil se livrar delas na manhã seguinte. O roqueiro não se comprometia, e com certeza não gostava de drama pela manhã. Eu gostava do cara, respeitava suas habilidades, mas com toda a sinceridade, o cara era um babaca total na maior parte do tempo. — Qual é seu nome? — Perguntou a loira, caindo no sofá ao meu lado. — É “não é da sua conta”, — Jace resmungou quando ele entrou na sala de estar com duas canecas de café. Entregando uma para mim, meu amigo sentou em sua cadeira de costume, olhando em direção a tela plana na parede. — Vadia, vá buscar a porra das suas roupas e deixe eu e meu amigo sozinhos. Nós não estamos interessados em sobras, especialmente quando vêm de Gray. A garota engasgou, obviamente ofendida, mas Jace não lançou mais que um olhar a ela. Eu não queria entrar nesta merda. Era muito cedo para lidar com putas andando pelo apartamento do meu amigo. Tomando um gole do café quente que Jace me deu, inclinei a cabeça para trás contra o sofá e fechei os olhos. Tão logo a caneca estivesse vazia, eu iria até o meu próprio apartamento me preparar para o trabalho. Eu prometi um jantar a Lucy, mas eu ainda tinha que ir ao clube hoje à noite. Com a Tainted Knights se apresentando, eu não poderia faltar. As coisas sempre ficavam loucas com esses cinco filhos da puta na casa. Pensando em Lucy, eu não pude suprimir o sorriso que levantei em meus lábios. Tomando outro gole do café forte, abri os olhos e me inclinei para pegar o meu celular da mesa de café na minha frente. Era difícil acreditar que Jace e Grayson compraram todos os móveis no apartamento quando eram novos. Com todas as festas que eles deram nos últimos oito meses, as suas coisas novas pareciam pura porcaria agora. Passando o dedo pela tela no meu iPhone, vi que eram três da tarde e eu só tinha um mensagem de Lucy. Abrindo-a, fiquei um pouco desapontado ao ver que era apenas a resposta para o meu Boa noite, baby. Enviei
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mensagem para ela no caminho de casa com Jace nas primeiras horas da manhã. Noite. Mal posso esperar para o jantar. <3 PS - Não me chame de baby !!! Rindo, bati chamar no seu nome e esperei que ela atendesse. Quando foi direto para a caixa postal, soltei um suspiro desapontado e esperei que a sua mensagem terminasse para que eu pudesse falar. — Se 'baby' está fora, então do que eu estou autorizado a chamá-la? Quer que eu faça como alguém do Tennessee e chame-a de 'querida? Porque eu posso fazer isso se preferir. Só passei alguns meses por ano no Tennessee quando eu era criança, mas consigo fazer aquele sotaque só para ver você rir. Terminando a chamada, voltei minha atenção para o meu café e para a tela plana que agora estava ligada na ESPN. Com um acesso de raiva, a garota que esteve fumegando de raiva silenciosamente ao meu lado se levantou e caminhou na minha frente em seu caminho até o banheiro. Eu mal pisquei quando ela parou por um segundo na minha frente, bloqueando minha visão da televisão com sua enorme bunda. Sério, eram implantes de silicone aquilo? Tentei não rir, mas não consegui esconder, ganhando um olhar gelado. — Grayson saiu há algumas horas atrás, vadia. Entenda a dica. Sai fora, — Jace gritou segundos antes da porta do banheiro se fechar atrás dela. — Indo jantar com a Lucy? — Jace finalmente tirou os olhos da conversa sobre esportes e olhou para mim. Engolindo o último gole de meu café, coloquei a caneca na mesa de café e acenei com a cabeça. — Pensei em levá-la em algum lugar especial. Alguma ideia de onde um cara pode levar uma menina em seu primeiro encontro, que ofereça um pouco de privacidade, mas não tanto que eu fique tentado a seduzila antes do prato principal chegar? Jace bufou. — Porra, cara. Não estive em um encontro desde que eu sai de Bristol. Tudo o que sei é como pedir a pizza perfeita daquele lugar na rua e aquele tofu de merda que não é tão ruim quanto eu achava que seria, desde que você coloque metade de uma garrafa de molho quente nele.
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— Quanta ajuda, — resmunguei e puxei minhas calças quando levantei. Joguei minha camisa sobre meus ombros, e peguei minhas chaves. — Estou saindo. Vejo você à noite. — Sim. Se você ver a Kin, diga-lhe para responder a porra do telefone. — Seu olhar estava de volta à TV, mas eu sabia que sua mente não estava nas previsões de quem ganharia o Super Bowl em fevereiro. — Aqui está uma ideia... — Parei na porta com a mão na maçaneta. — Você poderia ir até a casa do pai dela e vê-la. Só dizendo mesmo. Com Jace me mostrando o dedo, eu ainda estava rindo quando entrei no elevador e apertei o botão para o meu andar. O riso desapareceu quando eu cheguei na porta do meu apartamento, tentando determinar se eu realmente precisava de um banho e roupas limpas ou não. Rangendo os dentes, abri a porta e entrei na sala de estar tranquila. Porque não havia nenhum vadia largada no meu sofá assistindo algo no canal E!, eu sabia que Tessa não estava em casa. Deixando escapar um suspiro de alívio, fui para o meu quarto e tranquei a porta antes de tomar um banho quente. Logo que eu estava limpo, seco, e vestido, eu peguei o que eu precisava e sai. Lucy já deveria estar em casa e eu queria passar o maior tempo possível com ela antes do trabalho tomar toda a minha atenção. A viagem para Malibu pareceu maior do que normalmente parecia, mas eu percebi que era porque eu estava ansioso para ver Lucy. Ela não tinha respondido a minha chamada anterior e não era típico dela fazer isso. Por causa do que tinha acontecido quando ela tinha nove anos, quando eu liguei naquela fatídica noite de Halloween com nenhuma resposta, apenas para descobrir na manhã seguinte que seu pai biológico tinha a levado, ela sabia que não me ligar de volta me deixava preocupado. Fazendo uma careta, eu percebi que ela deve ter se sentido assim quando eu falei com ela durante a última semana e meia. Quando estacionei na entrada na casa dos Thornton’s, estava pronto para correr para dentro e checar se ela estava bem. Forçando-me a andar calmamente até a porta da frente, toquei a campainha e esperei, minha
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necessidade de garantir que a minha menina estava bem e segura fazendo meu coração disparar e meu intestino torcer. Menos de um minuto se passou antes que a porta se abrisse e duas bestas idênticas estivessem na porta franzindo a testa para mim. — Ei, Harris. — Foi Lyric o único a me cumprimentar. Eu só podia dizer que era ele porque os gêmeos tinham um estilo específico de se vestir que davam pistas sobre qual era qual. Lyric era o gêmeo calmo, o mais equilibrado dos dois – o que honestamente não significava nada quando você percebia o quão podre Luca era. Lyric sempre usava algo azul enquanto seu irmão sempre usava algo vermelho. — Ei, carinha. Onde está sua irmã? Ela não está atendendo o telefone. — Eu olhei atrás dele, esperando que ela estivesse no final do corredor ou algo assim. — Lucy não pode usar seu telefone. Nós a proibimos, — Luca informou com um olhar. Meus olhos se arregalaram. — Vocês a proibiram? O gêmeo mais velho cruzou os braços sobre o peito, balançando a cabeça para mim sem pestanejar. — Sim, nós fizemos. Mamãe e papai não achavam que ela precisasse ser punida, mas ela não pode nos assustar como fez ontem à noite sem ter algo tirado dela. Então, nós sorrateiramente fomos em seu quarto e pegamos seu telefone. Ela pode tê-lo de volta em uma semana. — E ela sabe disso? Não fiquei surpreso quando ambos os gêmeos abanaram a cabeça. — Deixe-a suar um pouco mais. Ela só acha que perdeu. Ainda está procurando por ele em seu quarto. Balançando a cabeça, empurrei através dos gêmeos e entrei na casa. Se eu deixar na mão deles, não me deixariam entrar de jeito nenhum. Embora eles amassem minha irmãzinha, não sentiam o mesmo por mim. Não quando me viam como o cara que um dia podia levar sua irmã mais velha para longe deles. Eles poderiam desgostar de mim o quanto quiserem porque eu garantiria que seria o único a roubá-la. Um dia. Este não era o dia, no entanto. 48
— Lucy? — Chamei da escada. Eu não era estúpido. De jeito nenhum iria até seu quarto a menos que sua vida estivesse em risco. Por que eu ficaria muito tentado a fazer amor com ela em sua cama, e outra, eu queria manter meu pau onde deveria estar e não roubado por Jesse Thornton antes que ele alimentasse o cão de seu vizinho com ele ou jogasse no oceano. Do andar de cima, ouvi um baque, como se ela tivesse jogado algo contra uma parede, e fiz uma careta antes de disparar para os gêmeos. — Então vocês não contaram a ela que pegaram o telefone? — Precisava que eles confirmassem para mim. Conhecendo aqueles dois como eu conhecia, sempre era necessário ter uma confirmação. Luca fechou a porta da frente com um estrondo e ele e seu irmão gêmeo se viraram para mim. Com os braços cruzados sobre o peito e queixo saliente para fora, eles parecia exatamente como o pai. Se eles fossem um tanto mais altos, eu ficaria tão intimidado como se fosse. Mas quando eu os sobressaia por pelo menos trinta centímetros, intimidação não estava na minha lista de emoções que sentia por eles naquele momento. — Claro que não, — Luca informou-me com um grunhido. — Ela contaria a mãe e então teríamos de devolvê-lo. Que lição ela teria aprendido então? — Vocês acham que há uma razão pela qual não importa quantos problemas você dois monstrinhos causem, não importa o quão chateada sua mãe e pai fiquem com vocês, que eles nunca vão pegar o telefone de vocês? — Perguntei. Eu sabia que Jesse e Layla nunca pegariam nenhum dos telefones de seus filhos. Tal como os meus pais tinham feito com o telefone de Trinity, cada uma das crianças Thornton tinha um telefone com um chip especial instalado. Não importava se o telefone estava ligado ou não, se algo acontecesse com um deles, as autoridades poderiam rastreá-los através de seu telefone. Era algo que a empresa de segurança que vinha trabalhando com a OtherWorld e os Demon’s Wings durante anos tinham desenvolvido. O mesmo chip estava costurado na mochila de Trinity, os sapatos, até mesmo em sua jaqueta. Assim como estavam na de Luca e Lyric.
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Estes dois pequenos animais, no entanto, não entendiam o porquê de tudo isso. Eles eram bebês quando Lucy foi levada por seu pai biológico, e não muito mais velhos quando a filha de Emmie Armstrong quase foi sequestrada por um lunático. Luca e Lyric não entendiam o porquê de seus pais serem tão superprotetores. Eles só sabiam que era um caso perdido toda vez que sua irmã saia de casa. Lyric me surpreendeu quando falou. — Nunca pensei nisso, mas ele está certo, Luca. Mamãe e papai nunca pegaram nossos telefones. — Não importa, — Luca resmungou. — Ela se preocupa com a gente. Mamãe e papai estavam praticamente tremendo quando saíram ontem à noite. Tio Drake estava chateado e tia Lana estava chorando. Lucy precisa ser castigada com algo por fazer isso para nós. Esfreguei minhas mãos sobre meu rosto e olhei ao redor. Onde diabos estava Jesse? Murmurando uma maldição sob a minha respiração, me agachei na frente dos gêmeos. — Olha, gente, percebo que Lucy ter que ir para o hospital foi assustador para ambos. Sei que foi assustador para mim. Ela estava com dor e não havia nada que eu pudesse fazer. Mas não era como se ela quisesse estar lá. Um cara disse algumas coisas que perturbaram-na e ela confrontou-o sozinha. Você não pode culpá-la por fazer isso, não é? — O que ele disse? — Exigiram ambos ao mesmo tempo. Seus olhos, tão parecidos com o do pai, que mudavam de um marrom para outro tão rápido, que pareceria um truque de iluminação para alguém que não soubesse que era genético. — Não importa. Ela cuidou dele e machucou sua mão no processo. Ela não queria aborrecer vocês ou qualquer outra pessoa. Então, por que ela tem que ser punida? — Eu estava tentando usar o meu tom razoável, o que usava quando estava tentando fazer Trinity entender a minha maneira de pensar, mas estava chateado com esses dois pequenos demônios. O telefone de Lucy era importante, porra. Ela nunca deveria ficar sem ele. Nunca. Só pensar sobre ela sair de casa sem aquela tábua de salvação me deixava suando frio. Lyric, sempre o gêmeo razoável, virou-se para seu irmão. — Ele está certo, Luca. Temos que devolver o telefone.
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Depois de uma pequena hesitação, Luca finalmente concordou. — Sim, está bem. — Aqueles olhos castanhos dramáticos se voltaram para mim. — Então, por que não tiram nossos telefones? — Porque se vocês estiverem em um lugar em que eles não estejam e vocês precisarem deles, eles estarão a apenas um telefonema de distância. — Eu me endireitei. — Agora, vão e devolvam o telefone. — Você vai contar sobre nós? — Perguntou Luca, seu queixo ainda se projetando como o cara durão que ele era. — Não se você devolver o telefone nos próximos dois minutos. — Olhei para o relógio e, em seguida, olhei para trás para ele. — Vá. Estou cronometrando vocês. Dois pares de pés subiram as escadas com a força de cinco furacões. Empurrando as mãos nos bolsos do meu jeans, olhei para eles. Malditos desordeiros mirins. E eu teria que lidar com eles para o resto da minha vida se quisesse ficar com Lucy. Uma risada profunda soou atrás de mim e me virei para encontrar Jesse saindo da sala de estar. — Você lidou com eles como um profissional. Tinha a sensação de que eles tinham algo a ver com o sumiço do telefone da Lu quando ela não conseguiu encontrá-lo antes da escola. — Ela foi para a escola sem o telefone? — Pânico pelo que poderia ter acontecido começou a me sufocar. E se ela precisasse de ajuda? Eu não me importava de que Marcus estava com ela e tinha o seu próprio telefone. Isso não significava porra nenhuma. O telefone dela era a minha tábua de salvação para ela. E se...? — Relaxe, Harris. Layla deixou Lu levar o dela esta manhã. Ela está bem, garoto. — Seus olhos estavam rindo de mim mesmo quando a boca ficou voltada para baixo. — Você está agindo pior do que eu, garoto. Não se dê cabelos grisalhos. — Ela é minha melhor amiga. — E muito mais. — Preocupo-me com ela todos os dias, — confessei. — Ela é a minha menina. Também me preocupo. — Ele virou a cabeça para direita, olhando-me estranhamente por um longo momento antes de
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finalmente sorrir de novo. — Estou feliz que seja você, Harris. Talvez eu possa dormir um pouco melhor de noite agora. Tentei evitar que meus olhos arregalassem, mas não acho que consegui quando ele jogou sua cabeça calva para trás e riu. — Senhor? — Eu já tinha chamado alguém além desse homem de Senhor? Não conseguia lembrar. — Não sou cego, menino. Ou estúpido. Conheço Lucy melhor até do que você. Ela é meu bebê. Eu vejo que ela te ama e eu sei que você a ama também. Eu vi quando ela tinha onze anos. Soube pela sua expressão na noite em que a First Bass abriu e ela não estava conosco. Não disse nada, porque eu estava deixando vocês dois encontrarem o seu próprio caminho, mas ela não era a mesma da última semana ou assim. Fico feliz em ver que vocês dois se reconciliaram. — Seu sorriso ainda estava no lugar, mas seus olhos estavam me dizendo veementemente que seria melhor para todos se não acontecesse novamente. Engoli em seco, tentando descobrir se eu sairia daquela casa vivo ou não. Eu cresci em um mundo não muito bonito. Roqueiros eram filhos da puta assustadores. No entanto, era apenas Jesse Thornton que aterrorizava o inferno para fora de mim. Nem mesmo Wroth Niall, que virava um monstro de raiva e bastardo assustador, colocou o temor de Deus em mim como o homem na minha frente nesse momento. Talvez fosse porque a melhor amiga de Jesse Armstrong era Emmie e ela poderia fazer alguém desaparecer com menos do que dois telefonemas. Você não trabalhava tão duro como ela em todos esses anos sem fazer amizades com algumas pessoas poderosas em lugares altos – e baixos também. Ou talvez seja algo completamente diferente que me deixou tão nervoso e sim, verdadeiramente assustado sobre de Jesse Thornton. Talvez fosse porque eu sabia que ele tinha o poder de tirar a única coisa que eu sabia que não poderia viver sem. Uma palavra do pai de Lucy e era certo de que qualquer coisa que possamos ter no futuro poderia ser jogado para fora da janela. Ela disse que me amava e eu acreditei nela, mas Jesse era o homem que a criou, o primeiro homem a amá-la incondicionalmente. Sabia que ela não queria contar a Jesse sobre nós para me proteger, mas também sabia que era porque 52
ela não queria saber o que faria se ele decidisse que não nos queria juntos. Ela pode não ter admitido isso para si mesma, mas eu sabia que, se Jesse não aprovasse o meu envolvimento com sua filha, qualquer chance que tínhamos de um futuro juntos eram nulas e sem efeito. — Então... você está bem com... o quê, exatamente? — Tinha que ser Jesse a me dizer o que estava bem de verdade. Ele encolheu os ombros enormes. Olhando para este grande homem com seus músculos volumosos, você nunca pensaria que ele era um dos melhores bateristas do mundo do rock. Pessoas cometiam o erro de pensar que ser grande deixava você mais lento, menos coordenado. Só deixava o show que ele apresentava com seus irmãos de banda mais espetacular. — Eu estou bem com o que você e Lucy decidirem ser. Amigos, namorado / namorada, que seja. Eu não sou irracional, Harris. — Ele deu um passo mais perto, seus olhos castanhos em constante mudança bem diante dos meus olhos, e o olhar que atravessou seu rosto de repente fez meus sentidos de luta ou fuga enlouquecerem. Meu cérebro estava gritando para que eu corresse pela minha vida, este era um filho da puta durão que não só viveu no oceano, como poderia facilmente se livrar de um corpo grande acima da média, além do fato de ter seu melhor amigo para ajudá-lo a fazê-lo. Felizmente, o meu coração manteve meus pés plantados firmemente no lugar e se recusaram a deixar parte do meu medo aparecer. Jesse baixou a voz quando inclinou a cabeça mais perto do meu ouvido para garantir que apenas eu o ouvisse. — Mas se você decidir que quer algo mais do que amizade com a minha menina, tenha certeza de que é o que você quer mais do que qualquer outra coisa no planeta, menino. Porque uma vez que você assuma um compromisso como esse com o meu bebê, é melhor que esse seu pau não desvie. Você não quer saber o que eu vou faria com você se quebrasse o coração dela. Você me entendeu, Harris? — Sim, senhor. Uma mão enorme levantou e se prendeu ao meu ombro, dando-lhe um aperto duro antes que ele desse um passo atrás. — Boa conversa, rapaz. Boa conversa. — Rindo, ele se afastou mais e eu me deixei respirar novamente.
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Capítulo 5
Lucy
Talvez eu o deixei no banheiro e ele caiu por trás do vaso sanitário. Mesmo que eu já tenha verificado lá duas vezes, voltei para o banheiro e procurei de novo. Quando ele não estava lá, eu fechei o assento e cai sobre a tampa antes de enterrar meu rosto nas mãos e finalmente soltar o pequeno grito de frustração que estava guardando o dia todo. Fui para a cama na noite anterior com um pouco de dor, mas me sentindo como se pudesse conquistar o mundo. Ser acordada nas primeiras horas com uma mensagem de Harris colocou um sorriso no meu rosto quando voltei a dormir naquela manhã. Planejei responde-lo quando acordasse, dizerlhe que ... Ok, então eu não tinha certeza do que teria dito a ele. Não o 'eu te amo'. Já disse isso algumas vezes e ele ainda tinha que dizer de volta, então até que ele fizesse, não deixaria aquelas palavras saírem da minha boca de jeito nenhum. Agora ele sabia que eu o amava. A vez era dele. Eu não era corajosa o suficiente para dizer isso de novo sem saber que ele sentia o mesmo. Fui salva de descobrir o que diria quando percebi que perdi meu celular, no entanto. É claro que eu tinha dormido demais e me atrasei naquela manhã, então não tive tempo para realmente procurar pela maldita coisa. Mamãe me deu o dela sem hesitar e fui para a escola com ele. Conforme as horas pareciam se arrastar, contemplei ligar ou mandar mensagens para Harris pelo celular da mamãe, mas ainda não sabia o que dizer. Em casa, fiz o pouco dever de casa que eu tinha, em seguida, tomei um banho e me preparei para o jantar com Harris antes de começar a procurar pelo meu telefone. A procura tinha começado há duas horas e agora eu estava 54
tão chateada comigo mesma por trocar a maldita coisa de lugar que não tinha certeza se seria uma boa companhia para Harris no jantar. Talvez eu deva dizer-lhe que não poderia ir. Ele ficaria bravo comigo por ter perdido meu telefone de qualquer forma. Ele era um maluco sobre o meu telefone e sabia que era porque ele me ligou inúmeras vezes na noite em que fui raptada. Ele teve que descobrir sobre o meu sequestro no noticiário das onze, e se sentiu uma merda depois de ter ficado louco pensando no que aconteceria. Passando os dedos pelo meu cabelo encaracolado, fiz uma careta quando alguns dos meus dedos se enroscaram e eu tive que puxá-los com força. Não tive tempo de endireitá-lo esta noite. Levantei e voltei para o quarto para verificar mais uma vez debaixo da minha cama, na esperança de que realmente tenha caído lá embaixo e eu acabei não vendo nas dez vezes em que olhei antes. Harris estava esperando por mim. Eu tinha que me apressar ou decidir se iria jantar com ele esta noite, algo que eu realmente queria fazer. Mas não queria ouvir uma palestra de vinte minutos dele sobre a importância do meu telefone quando eu já estava gritando mentalmente comigo mesma por isso. Houve uma leve batida na minha porta e levantei minha cabeça quando a porta se abriu. Meus irmãos entraram na sala quase hesitantes e fiz uma careta para eles. Aqueles dois só ficavam hesitantes quando algo estava errado. Preocupada porque eu não sabia se precisava ajudá-los a esconder um corpo ou possivelmente esconder eles mesmos, me ergui. Eu faria as duas coisas, porque era o quanto eu os amava. Não importava seus motivos; eu sempre protegeria esses dois pequenos animais. — O que houve com vocês dois? Lyric deu mais um passo hesitante para frente e tirou algo do bolso do jeans. Levei um segundo para perceber o que ele estava me oferecendo, mas quando finalmente entendi, olhei dele para seu gêmeo. — Seus pequenos monstros! — Eu gritei. Ok, então meu voto de ajudá-los só ia até aí. Se eles mexessem com as minhas coisas, então todas as promessas estavam acabadas. Lyric me deu um olhar tímido, enquanto seu clone idêntico estava no meu quarto com os braços 55
cruzados sobre o que eu sabia que um dia seria um peito atlético e determinado, além de seus olhos em constante mudança. — Por que vocês pegaram o meu telefone? — Perguntei enquanto olhava de um para o outro. — Vocês dois sabem que não devem entrar no meu quarto, e muito menos pegar as minhas coisas. Como se atrevem a roubar algo que não era de vocês? Lyric abriu a boca para dizer algo, mas Luca o deteve. — Nós estávamos com raiva de você. Ontem à noite você nos assustou. Nós pensamos que algo muito ruim aconteceu com você. E então, você e mamãe e papai nos pegaram na casa da tia Lana e você parecia bem, exceto por uma mão enfaixada. Queríamos castigá-la, então pegamos seu telefone. — Mas nós não percebemos o quão importante os nossos telefones são, — Lyric continuou assim que seu irmão parou. — Harris explicou, apesar de tudo. Realmente sentimos muito. Por favor, não fique brava. Alguma da minha raiva desapareceu tão rápido quanto havia chegado. Suspirando, sentei-me na beira da minha cama. — Meninos... — Balancei minha cabeça. — Sinto muito por chateá-los na noite passada. Prometo a vocês que não era minha intenção. Lyric atravessou a sala até que estava bem na minha frente. Seus braços em volta do meu pescoço me abraçaram apertado. — Amo você, Lucy. Nunca quero que nada aconteça com você. Lágrimas queimaram meus olhos e pisquei duro e rápido para evitá-las, mas algumas caíram livres de qualquer maneira. — Ah, Ric. — Eu o abracei forte. — Está tudo bem, baby boy. Nada vai acontecer. Eu juro. Outro conjunto de braços nos envolveram e levantei minha cabeça por tempo suficiente para pressionar um beijo na testa de Luca. — Você nos perdoa? — Ele perguntou depois de alguns instantes. Abracei os dois mais apertado. — Não. Dê-me dez minutos, embora, e tenho certeza que isso vai mudar. — Afastando-me, pisquei o olho para ele e sorri, sabendo que sempre seria fraca quando se tratava deles. — Fiquem fora do meu quarto, rapazes. E se vocês levarem qualquer coisa de mim de novo, vou começar a derramar todos aqueles segredos que vocês têm para o mundo. Com certeza há coisas que nenhum de vocês querem que mamãe e papai 56
saibam. — Pela forma como o rosto de Luca ficou branco como uma folha e, em seguida, fechou-se mais apertado do que uma planta carnívora me disse que eu tinha acertado. Sorrindo, baguncei seu cabelo e me levantei. — Lembrem-se disso na próxima vez que vocês pensarem em tomar algo que não é seu, carinhas. — Lucy? Ouvir Harris chamando meu nome me fez agir. Corri de volta para o banheiro quando meus irmãos saíram do quarto. Verificando-me mais uma última vez, conferi se a minha maquiagem ainda estava perfeita e se meu cabelo não estava tão como um ninho de ratos. Eu estava usando uma legging preta com uma minissaia roxa em cima e minha blusa era uma de tom mais brilhante do mesmo roxo, que sugeria um pouco de decote, mas não o suficiente para causar uma parada cardíaca no meu pai, se ele me visse. Satisfeita que eu parecia bem, coloquei meus pés em um par de sapatilhas de balé pretas e peguei meu telefone e bolsa. — Estou indo, — gritei para baixo enquanto me dirigia para o corredor. Quando passei pelo quarto dos gêmeos, parei e empurrei a porta entreaberta. Eles estavam sentados em suas camas de frente um para o outro, falando em voz baixa, e pararam assim que perceberam que eu estava em pé na porta. Tínhamos um quarto extra e eu tinha certeza de que um deles se mudaria quando eles atingissem a puberdade, mas por enquanto eles não queriam se separar. Acho que é coisa de gêmeos. — Estou saindo, — disse a eles com um pequeno sorriso, avisando-os de que, pela maior parte, eles estavam perdoados. — Amo vocês dois. — Também te amo, — disse Luca, seus olhos parecendo vermelhos e um pouco inchados. Meu coração se apertou com os sinais de que o meu resistente irmãozinho estivera chorando. Ele pode ser um pouco pirralho às vezes, mas tinha um coração realmente grande que poderia ser quebrado com muita facilidade. Era com ele que eu mais me preocupava quando se trata de pensá-lo namorando mais tarde. Provavelmente seria por ele que eu acabaria na cadeia por bater em uma menina por quebrar seu coração.
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— Amo você, Lucy, — Lyric falou de sua cama onde ele estava sentado ao estilo indiano com um de seus travesseiros abraçado ao peito. — Seja cuidadosa. Mandei beijos para ambos e, em seguida, fechei a porta para dar-lhes privacidade antes de caminhar para o térreo. Na metade do caminho, percebi que meus pais estavam em pé no corredor conversando com Harris. Na minha descida, todos olharam para cima, três pares de olhos me observando de perto. Mas eu só tinha olhos para um deles. Harris estava vestido como normalmente, de jeans que pareciam feitos só para ele e uma camisa branca desabotoada na metade sobre uma camiseta preta simples que eu sabia que escondia um corpo que era pura perfeição. Seu cabelo curto estava arrumado com só um pouco de produto sobre ele e estava piscando aquelas covinhas de uma forma que nunca deixava de fazer meu coração ficar louco. Tentei afastar meus olhos, tentei de verdade, mas eles pareciam ter desenvolvido uma vontade própria, comendo os olhos do cara que se declarou como meu namorado na noite anterior. — Você está linda, Lucy. Senti minhas bochechas encherem com calor, uma mistura de um rubor tímido e puro deleite por ele gostar do que eu estava vestindo esta noite. Meu pai se moveu ao lado de Harris, completamente esvaindo o rosa do meu rosto enquanto eu me concentrava no gigante em forma de homem que estava entre o meu namorado, de quem eu ainda não havia contado nada sobre, e minha mãe. Mordi o lábio, sentindo-me culpada por não ter contado a ele sobre Harris e eu. Eu só mantive outra coisa escondido dele, algo que nunca disse a outra alma viva – e isso parecia muito errado. Mas eu não contaria a ele ainda. Nem por um pouco mais. Queria tempo para desfrutar onde as coisas estavam indo com Harris antes de meu pai pôlo em um maca de hospital ou pior, um caixão. — Você vai à First Bass depois do jantar ou voltará para casa? — Papai perguntou enquanto ele se adiantava para me abraçar quando cheguei ao último degrau. — Vou ficar um pouco na First Bass, — eu disse a ele e dei-lhe um aperto forte. — Marcus vai pegar Kin e nos encontraremos lá, então você não 58
precisa se preocupar sobre eu estar sem ele. — Senti os lábios do pai no meu cabelo e saboreei ter o amor incondicional de meu pai por mais um momento antes de me afastar. — Ok, então. Divirta-se, menina. — Ele virou-se para apertar a mão de Harris enquanto eu abraçava minha mãe. Beijei seu rosto e, em seguida, falei em seu ouvido, para que os outros dois não me ouvissem. — Dê uma olhada em Luca em alguns minutos. Ele está um pouco chateado consigo mesmo. Mamãe assentiu com a cabeça, os olhos cor de chocolate cheios de preocupação de mãe. — Divirta-se, querida. Amo você. Papai entregou o meu casaco e abriu a porta para nós. Quando Harris e eu começamos a ter o nosso primeiro jantar semanal juntos, meus pais não tinham sequer piscado quando perguntei-lhes se nós dois poderíamos ter alguma privacidade durante esse tempo. Deixar-me sair a um restaurante de verdade com ele, só por duas horas ou mais... sim, era o quanto os meus pais confiavam em Harris Cutter. O meu pai especialmente, o que era muita coisa. Ele sabia que Harris me protegeria, que eu estava segura com ele. Isso só tornou a minha culpa por não contar ao papai sobre Harris e eu mais difícil de engolir quando Harris colocou a mão na parte inferior das minhas costas e caminhou comigo até seu carro estacionado na garagem. Naquele momento, decidi que contaria a ele em breve. Tipo, no meu aniversário. Sim, parecia ser a ideia perfeita. Ele não podia dizer não para mim no meu aniversário. Nunca foi capaz de dizes antes, não seria agora. Abrindo a porta do passageiro, Harris esperou que eu tomasse meu lugar dentro de sua Maserati antes de fechar a porta e se mover ao redor do carro para subir ao volante. O carro era muito rápido, foi um presente de seu pai e madrasta quando ele se formou no colegial, há alguns anos. No entanto, ainda tinha uma pitada de cheiro de carro novo. Harris raramente dirigia este carro, geralmente optando pela SUV, que ele mesmo comprou para levar Trinity aos lugares. Ele sabia que eu adorava andar na Maserati, e sempre me pegava nele para os nossos jantares juntos. Claro, nenhum de nós teve a coragem de
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realmente me deixar dirigir. Jesse Thornton explodiria se me visse atrás do volante de um carro tão rápido. Logo que Harris estava ao volante, esperei que ele ligasse o carro e o rádio e nos levasse para longe de minha casa o mais rápido possível. Em vez disso, ele apenas ficou lá, seu corpo se virou para mim um pouco, e aqueles olhos de água-marinha hipnotizantes estavam me devorando da cabeça aos pés. Ter seu olhar em mim assim era algo com que eu não estava acostumada ainda. Pensava que o olhar dele transmitia fome, ou talvez era apenas eu, porque meus olhos estavam memorizando tudo dele, me fazendo doer em lugares que me deixariam em problemas, caso eu não tivesse cuidado. Ontem à noite eu disse a ele que não estava pronta para fazer sexo ainda. Isso era verdade, mas eu sabia que ele poderia mudar minha mente muito facilmente se não tivesse cuidado. Levantando uma mão grande, Harris afastou alguns cachos longos do meu rosto. — Você é tão bonita, Lucy. Tudo no que posso pensar agora é provar seus lábios maduros. Não vou, no entanto. Ainda não. Nós nunca iremos jantar se eu começar a te beijar agora. — Seu polegar acariciou minha bochecha, demorando-se no canto da minha boca. — Tão bonita, — ele murmurou novamente. Não pude evitar o tremor ou o arrepio que apareceu ao longo de todo o meu corpo com seu toque, combinado com o olhar em seus olhos incríveis. Meus lábios começaram a formigar, ansiando por um beijo tanto quanto ele. Apertando minhas coxas juntas na esperança de aplacar o mesmo formigamento no meu lugar mais íntimo, fechei os olhos e me inclinei para seu toque. — Porra, — ele rosnou e se afastou. Abri meus olhos para encontrá-lo segurando o volante, seu longo corpo virado para frente e com a cabeça inclinada para trás contra o assento com os olhos fechados. — Eu nem sequer beijei você e já estou pronto para explodir. Ninguém nunca fez isso comigo, Lu. Ninguém além de você. Com o coração acelerado, meus dentes se afundaram em meu lábio inferior. Eu queria pedir-lhe para me levar para o apartamento dele. Não 60
precisaria de comida se eu pudesse passar algumas horas sozinha com esse cara gostoso. Mas eu sabia que não estava pronta para levar as coisas tão longe. Não desistir disso justo no nosso primeiro encontro de verdade. Respirando fundo e abrindo os olhos, Harris finalmente alcançou o câmbio de marchas e saiu da garagem. Na rua, ele mudou de marcha e pegou minha mão, tomando cuidado, já que estava machucada. Com a mandíbula apertada, ele dirigiu em silêncio por quase dez minutos antes de soprar um suspiro de frustração. — Desculpe, baby. Um pequeno sorriso brincou em meus lábios. — Não me chame de baby. Rindo, ele balançou a cabeça e soltou minha mão por tempo suficiente para ligar o rádio. Quando ele pegou a minha mão na sua outra vez, levantou nossos dedos e roçou um beijo sobre o dorso da minha mão, sua língua demorando um pouco mais na pele onde eu soquei aquele idiota ontem. Tremi, e pelo pouco que pude ver em seus olhos, eles escureceram. — O que você quiser, Lu. No momento em que chegamos ao restaurante, ele voltou a ser o meu mesmo velho Harris. Estacionando na frente de um lugar em que nunca estivemos antes, um manobrista abriu a minha porta enquanto outro pegava as chaves de Harris. Saí da Maserati e ele estava ao meu lado em um flash. Ter sua mão na parte baixa das minhas costas não era algo novo, ele sempre fazia isso quando estávamos juntos, como se estivesse desafiando o mundo a se meter comigo. No entanto, agora parecia diferente. Agora era como se ele não estivesse desafiando o mundo, ele estava simplesmente mostrando sua conquista. Eu gostei. Havia uma pequena multidão já a espera de mesas quando entramos no restaurante. Nunca tinha ouvido falar do lugar, mas eu também não conhecia muitos novos restaurantes. Este era relativamente novo, embora, e ainda tinha uma lista de espera cheia. Também sabia, apenas pela aparência do lugar, que era um tipo de lugar escandalosamente caro. Harris se aproximou da anfitriã e deu seu nome. Quando a mulher bonita em seus quarenta e tantos anos deu-lhe um sorriso radiante e nos disse para segui-la, seis casais diferentes nos deram olhares feios. 61
Revirei os olhos enquanto encontrei o olhar divertido de Harris. — Nat? Ele deu de ombros e eu soube que sua madrasta tinha usado seu charme para nos conseguir uma mesa. Ri quando me virei para trás para seguir a anfitriã. O riso desapareceu quando olhei melhor a sala de jantar. O local era... Uau. Cada mesa oferecia privacidade, já que todas cabines eram tão fechadas a ponto de que alguém realmente tivesse dificuldade de saber quem estava sentado lá. Quando chegamos a nossa mesa, por todo o caminho na parte de trás do restaurante longe de todos os outros, percebi que este lugar também era extremamente romântico. Havia pouca iluminação, com duas pequenas lanternas sobre a mesa, oferecendo o tipo de atmosfera que gritava sedução. Meu coração começou a bater quando a anfitriã se afastou da nossa pequena abertura e Harris deslizou na cabine bem ao meu lado. Sua coxa roçou na minha e ele se virou para mim. — O que você acha? Se a comida for boa, poderíamos vir aqui todas as semanas. — Ele ergueu a mão para dobrar algumas mechas de cabelo atrás da minha orelha, como se não pudesse se conter. Como se não pudesse deixar de me tocar. — Nós não temos que nos preocupar com paparazzi incomodando, ou o resto do mundo acabando com a nossa refeição. — P... parece muito bom, — murmurei e estendi a mão para o menu com os dedos trêmulos. Eu não conseguiria comer esta noite. De jeito nenhum. Não quando tudo em que conseguia pensar era nos saborosos lábios de Harris novamente. Ou como sentiria quando ele me tocasse, realmente me tocasse, em todos os lugares que gritavam para serem tocados. A mão em cima da minha coxa tinha me colocado em uma mistura de surpresa e precisei levantar minha cabeça para encontrá-lo sorrindo para mim, mas seus olhos estavam cheios de preocupação. — O que está errado, Lu? Você não está confortável comigo assim? Engoli em seco e balancei a cabeça. — Não é isso. Ficaria confortável com você em qualquer lugar. Você sabe disso. É só que... — Eu soltei um longo suspiro e balancei a cabeça de novo. — Acho que estou me sentindo tímida. Estamos juntos agora, e eu quero fazer coisas...
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Qualquer outra coisa que eu poderia ter dito foi cortada quando ele pegou meu cabelo em suas mãos e abaixou a cabeça para selar seus lábios contra os meus. Esse beijo foi diferente do que os outros. Não foi rápido e não pareceu desesperado. Os primeiros beijos eram como se estivéssemos com medo de que a qualquer momento poderíamos perder a conexão que tínhamos se nós não preenchêssemos por completo. Não, esse beijo definitivamente não foi assim. Harris não teve pressa. Ele foi paciente comigo, enquanto aumentava lentamente a pressão de seus lábios contra os meus. Quando eu abri minha boca para ele e sua língua mergulhou contra a minha própria, nós dois gememos quando sentimos o gosto um do outro. Sua mão caiu do meu cabelo para o meu pescoço, o polegar acariciando sobre o pulso martelando na base da minha garganta. Eu estava queimando. Derretendo. Doendo. Senti sua outra mão apertar minha cintura, me pedindo para chegar mais perto e eu me aproximei até que estivéssemos pressionados um contra o outro. Meu coração estava ficando louco no meu peito e tudo que eu podia ouvir era o sangue correndo em meus ouvidos e nossa respiração pesada quando ele continuou a aprofundar o beijo lentamente. Seu polegar se moveu sob a barra da minha camisa. Quando senti sua carne quente contra minha pele nua, gemi baixinho de prazer. Como poderia algo tão inocente como tocar, parecer tão bom? Harris levantou a cabeça, quebrando o nosso beijo, e apertou os lábios úmidos na minha testa. — Nunca se sinta tímida comigo, Lu. Se você quer me tocar, então me toque. Se quer um beijo, então beije. Sou seu, baby. Pegue o que você quer, porra. Seu polegar ainda estava me tocando. Movimentos lentos, pequenos círculos suaves em minha carne. Inclinei-me para ele, querendo mais, querendo saber se ficaríamos sempre perto o suficiente para amenizar a dor que eu tinha queimando dentro de mim. — Não me chame de baby, — eu sussurrei. Quando ele riu, eu senti o estrondo no peito. — Vou trabalhar nisso, juro. — Seus lábios pressionados em meu cabelo, escovando um beijo borboleta sobre a minha testa. — Do que eu posso chamá-la, então? 63
— Que tal de Lucy? — Roubei um beijo rápido antes de me afastar. Seus olhos de agua marinha escureceram. — Você não vai me deixar chamá-la de qualquer outra coisa? — Sua mão caiu do meu lado, mas não foi longe quando aterrou na minha coxa, mantendo-me no lugar. — Vamos lá, Lu. Dê-me alguma coisa. Eu quero algo que é meu e só meu. Baixei os olhos para a mesa, mordendo o interior da minha bochecha. Ele poderia ser mais digno de desmaio hoje? Eu não gostava de carinhos de caras. Claro, meus pais tinham nomes bonitinhos um para o outro. Inferno, todos na minha família pareciam ter algo doce e significativo para chamar seu par. Baby. Angel. Linda. Era adorável quando se tratava deles. Mas eu não queria que um cara os usasse comigo. Caras exageravam quando não estavam em um relacionamento sério. Todos eles queriam ter sexo, que se tornavam bebês, ou algum outro nome fofo que me fazia querer vomitar toda vez que ouvia. Essa coisa com Harris era diferente, no entanto. Nós éramos diferentes. Eu o conhecia e sabia que para ele isso não era passageiro. Usar um apelido carinhoso só nosso seria nada menos do que... perfeito. — Ok, então. — Ergui os olhos para ele, sorrindo. — O que você prefere? — Prefiro baby, mas você parece determinada a não deixar acontecer. — Ele se inclinou enquanto falava, seus olhos baixando aos meus lábios. — Se eu te chamasse de lábios doces, seu pai provavelmente me enterraria no meio do deserto. — Seu aperto aumentou na minha coxa. — Gatinha é usado demais, e eu não conseguiria chamá-la disso, sem pensar na bela buceta entre as suas coxas incríveis. Minha respiração engatou quando seu nariz tocou minha garganta. — Acho que iremos com algo simples, mas adequado. Doçura. Seus lábios, a sensação de sua pele sob a minha mão, ter suas mãos em mim - essas são as coisas mais doces na Terra. Agora beije-me, doçura. Beije-me apenas mais uma vez antes que o maldito garçom venha e eu tenha que ser bom.
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Capítulo 6
Harris Eu estava andando de pau duro. Não havia outra maneira de descrever a situação. Eu estava caminhando pela First Bass, tentando fazer todas as merdas que precisavam da minha atenção em um par de jeans que eram muitos apertados na virilha. Doía ao me mexer; andar era insuportável. E eu amei cada segundo. O jantar levou mais tempo do que o esperado porque eu tinha passado mais tempo beijando Lucy do que tinha, na verdade, comido. Não pude evitar. Era muito melhor do que qualquer coisa no cardápio. Nós não demoramos muito na sobremesa. Desde então foi o tempo da viagem para chegar ao clube. Relutantemente entreguei minha menina para seu guarda-costas e sua melhor amiga antes de correr para chegar ao trabalho. Agora, o lugar estava lotado, a Tainted Knights estava balançando o lugar, e minha garota estava na frente assistindo enquanto eu lidava com uma coisa atrás da outra. Tentei apressar, querendo estar lá com ela, abraçá-la enquanto o nosso amigo e sua banda se apresentavam. Talvez dançar com ela. Qualquer coisa, desde que ela estivesse contra mim e eu pudesse tocá-la. Murmurando uma maldição frustrada, ergui uma caixa de cerveja no balcão da área VIP e levantei uma sobrancelha para Nate. — Precisa de algo? Nate ergueu uma sobrancelha pelo meu tom abrupto, mas balançou a cabeça enquanto continuava a misturar bebidas para as três loiras na frente dele. — Não, estamos bem, chefe. Obrigado. Balancei a cabeça e me afastei do bar, sem querer pensar sobre o que poderia fazer para o meu melhor bartender se ele mencionasse Lucy. Nate tinha uma queda por ela, mas sabia que se ele fizesse um movimento para 65
cima da minha menina seria seu fim na First Bass. Não importava que ele era o melhor bartender em um raio de dois estados. Se ele tocasse em Lucy, podia muito bem considerar-se morto. O cara que normalmente abastecia as bebidas quando começavam a faltar estava fora esta noite e com todos ocupados, só restava eu para trazer a Nate e aos outros barman o que precisavam. Terminei agora, e eu só tinha um lugar onde eu queria ser. Quando me virei para longe, as três loiras tentaram chamar minha atenção, me querendo fazer companhia. Reconheci-as vagamente como o trio em um novo reality show, mas não me importei. Nenhuma delas era a garota com quem queria estar e eu não iria dar-lhes mais que um segundo do meu tempo quando poderia estar gastando-o com Lucy. Não olhei de volta para elas enquanto me dirigia para as escadas. No fundo, falei com Tiny por um momento, certificando-me de que tudo estava tranquilo quanto a segurança. Quintas-feiras eram loucas na First Bass com todo mundo querendo ver a banda. A Tainted Knights era boa para os negócios, mas minha equipe de segurança tinha que ser redobrada para manter todos na linha nesse dia. — Estamos todos bem, chefe. Como está a mão de Miss Thornton? Passei as mãos pelo cabelo. — Ela diz que está bem. Posso dizer-lhe que sua mão está doendo, no entanto. Ela é teimosa demais para tomar os remédios que lhe deram. — Lucy esteve embalando a mão torcida contra ela pela maior parte da noite. Quando perguntei se ela queria que a levasse para casa, ao invés de ir para a First Bass, ela colocou aquele olhar teimoso em seu belo rosto que me dizia para calar a boca. Bastardo egoísta que eu era, calei a boca e levei-a para trabalhar comigo. Se eu fosse um cavalheiro - como minha madrasta tentou me ensinar – teria levado-a para a casa dela. Infelizmente para Natalie, eu nunca seria um cavalheiro. Queria gastar tanto tempo quanto fosse humanamente possível com Lucy. Porra, eu estava ficando obcecado. Mentalmente encolhendo os ombros, deixei Tiny fazer seu trabalho enquanto alguns VIPs pararam atrás de mim. O primeiro andar estava lotado, 66
o que significava que alguém ficaria esperando esta noite, mas eu podia empurrar a multidão para chegar à frente. Vi os ombros largos de Marcus antes que a visse. Quanto mais perto eu chegava, mais conseguia ver a ruiva de pé ao lado dela ... E uma loira com penteado estilo anos oitenta e uma roupa que eu não tinha certeza se era legalmente decente ou não. Mesmo por trás, percebi que essa garota estava tentando muito. Quando meu olhar caiu sobre Lucy, de pé entre Kin e a loira vadia, esqueci tudo que não fosse minha menina. Seus ombros estavam rígidos, mas ela estava balançando ao som da música enquanto Jace e o resto dos Tainted Knights terminavam uma música mais lenta. Andando mais rápido, empurrando as pessoas para fora do meu caminho, quando não se moviam rápido o suficiente para o meu gosto, finalmente consegui fazer o que estava louco para fazer desde que deixei Lucy com Kin e Marcus antes. Passando os braços em volta de sua pequena cintura por trás, enterrei meu rosto em seu pescoço e beijei-a logo abaixo da orelha esquerda. Ela se derreteu contra mim e minha calça ficou ainda mais apertada quando seus quadris se balançavam para frente e para trás em toda a minha dureza. Meus braços se apertaram ao redor de sua cintura. — Você está me matando, doçura. Eu senti mais do que ouvi ela rindo porque a banda tocando abafava o som doce da sua risada musical. Uma mão bem cuidada tocou no meu braço, fazendo com que eu me afastasse. Relutantemente, levantei minha cabeça com Lucy ainda em meus braços. A loira ainda estava de pé ao meu lado, com os olhos sobre mim como se eu fosse um pedaço de carne e ela uma leoa faminta. Quem diabos era essa garota? Ela não vê que estou com a minha menina? — Você é Harris Cutter. — Ela fez parecer que eu não sabia quem diabos eu era. Ótimo, ela era um daqueles tipos de loiras. O tipo que dava má fama a todas as loiras por ser absurdamente idiota. Levantando uma sobrancelha, olhei em volta, só para ter certeza de que ela não estava falando com alguém atrás de mim. Quando chamei a atenção de Kin, quase dei um passo para trás. A ruiva estava obviamente chateada. 67
Seu nariz estava inflando, seus olhos azuis brilhantes com raiva, e suas mãos enroladas em punhos. Sim, chateada. Olhando para baixo para Lucy, vi que ela não parecia muito mais feliz do que a amiga. Ela se inclinou para mim, como se estivesse apostando sua reivindicação e eu puxei-a contra mim, para deixá-la saber que ela me tinha. Não essa vadia estúpida. — Sim, eu sou. — finalmente disse a ela. Ela me deu um grande sorriso cheio de dentes e bateu as pestanas falsas para mim. — Sou Geórgia, — disse ela em voz alta o suficiente para ser ouvida sobre a banda, com flerte suficiente em sua voz para capturar a atenção de metade dos caras por perto. Olhei para Lucy de novo, silenciosamente perguntando-lhe quem essa maldita garota era. Ela revirou os olhos para mim e se ergueu na ponta dos pés. — A meia-irmã de Kin. Cadela total. Kin não conseguiu afastá-la esta noite e teve que trazê-la. Sua mãe quer que algum paparazzi a veja para que fique famosa. Com Lucy inclinando-se para mim do jeito que estava e seu estômago roçando o meu furioso tesão, eu mal podia me concentrar no que ela estava dizendo. Agarrei seus quadris e puxei-a bruscamente contra mim, mantendoa presa onde eu mais queria. A senti tremer, mas ela não se afastou. — Então, estou na lista dela ou alguma coisa assim? — Murmurei em seu ouvido. — Sim, — ela respirou e o meu zíper da calça jeans tornou-se o inimigo público número um para o meu corpo dolorido. — E eu acho que ela mencionou algo sobre Jace a cerca de dez minutos atrás. Foi quando eu tive que ficar entre ela e Kin. — Você quer dizer que perdi uma luta de gatas? — Provoquei, movendo a cabeça para trás o suficiente para piscar para ela. Ela beliscou meu lado, me fazendo rir e eu finalmente olhei de novo para Geórgia que estava me olhando de uma maneira que me fazia querer vomitar sobre ela. Não sabia o que era, mas ela não ganharia nada de mim. Eu tinha tudo que poderia precisar em meus braços, onde ela pertencia. — O que você quer que eu faça sobre isso? — Sussurrei no ouvido de Lucy. 68
— Nada. Quero que você fique aqui me segurando e não faça nada. — Lucy vibrou suas pestanas naturalmente longas para mim, fazendo meu corpo responder de uma forma que a loira não conseguiria. — Ela quer atenção, Harris. Não alimente seu vício. Abaixando minha cabeça, deslizei meus lábios nos dela, sem dar a mínima se Marcus visse e contasse a seu chefe ou não - antes de virar as costas de modo que ela estivesse de frente para o palco. — Pronto, — respirei em seu ouvido enquanto apertei meus braços em torno de sua cintura fina. Sentindo-a tremer novamente e colocando a minha dor em um nível totalmente novo, sorri enquanto enterrei meu rosto em seu cabelo, balançando com ela lado a lado enquanto a Tainted Knights balançava meu clube. Ao meu lado, Kin bateu no meu ombro com força suficiente para chamar minha atenção. Quando virei minha cabeça, ela estava sorrindo para mim. Com uma piscadela, ela voltou sua atenção de volta para o palco e eu observeia por um momento. A forma como seus olhos ficaram colados em Jace e a mistura de emoções que cruzavam seu rosto gritavam para mim que ela não supero meu amigo mais do que ele a tinha. Fazendo careta, olhei para a banda. Jace estava trabalhando no palco como sempre, mas a cada poucos segundos seu olhar ia direto para Kin. Como se ele estivesse tentando confirmar que ela ainda estava lá ou talvez certificando-se de que ninguém estava incomodando-a. Ele não precisa se preocupar. Eu não deixaria nada acontecer com a ruiva. Uma música terminou e eles foram direto para outra sem parar. Esta era mais rápida, mais forte. Todos que nos rodeavam nos empurraram na tentativa de chegar mais perto do palco e apertei meus braços em volta da minha menina enquanto Marcus deu um passo para mais perto de Lucy e Kin, mantendo todos a pelo menos meio metro de distância. Depois eu perdi o foco em tudo, além de em Lucy e no som da música. A nova música terminou e eles continuaram a tocar outra música de ritmo acelerado. Lucy estava pulando de animação, mexendo a cabeça e gritando junto com todos os outros. O momento era o paraíso para mim.
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Eu estava tão preso no momento que não notei a garota subindo no palco até que fosse tarde demais. Geórgia tinha que ter feito algum tipo de merda acrobática para chegar até lá. Agora ela estava bem na frente de Jace, que parou de cantar quando ela pegou sua camisa e empurrou-o contra ela. Seus olhos ficaram enormes quando ela empurrou-o para baixo e beijou-o. Soltei Lucy logo que minha equipe de segurança começou a se encarregar de evitar que as pessoas fossem aos bastidores ou avançassem para frente. Jace estava rígido como uma estátua, com as mãos jogadas para cima em uma pose do tipo “Eu me rendo” enquanto Geórgia continuava a estuprar sua boca. Um dos meus rapazes de segurança agarrou a loira e puxou-a para longe do roqueiro. Em volta de mim a multidão estava ficando louca, alguns aplaudindo a garota enquanto outros a vaiavam por interromper o show. Eu estava prestes a ter um hospício em minhas mãos, se as coisas não se resolvessem logo. Decidindo que teria que ir até lá e resolver tudo, Jace me surpreendeu quando esfregou sua mão sobre a boca e chamou o segurança para levar Geórgia para longe, — Ei, cadela, os anos oitenta estão te chamando e as estrelas pornô querem o guarda-roupa de volta. — O clube todo deu uma enorme gargalhada e eu não pude deixar de participar. Meu riso não durou muito, no entanto. Mesmo de onde estava, vi o rosto de Geórgia ficar vermelho segundos antes dela começou a gritar com ele. Não pude entender metade do que ela dizia, mas não poderia ter sido qualquer coisa que eu não tenha ouvido antes. Lucy se virou para mim, seu rosto inclinando mesmo antes de ela abrir a boca, e toda a diversão que eu senti foi evaporada porque eu sabia o que ela ia dizer. Ela estava indo para casa. — Marcus trouxe ela e Kin. Terei que ir. Pela forma como ela parece chateada, se ela começar a falar coisas, você pode acabar tendo problemas. Com a mandíbula apertada, dei de ombros. — Não estou preocupado com qualquer problema que ela acha que pode dar. Foi ela quem agrediu Jace. Posso mandar prendê-la se ele quiser prestar queixa.
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Kin desatou a rir ao nosso lado. — Ah, droga. Adoraria ver isso. Mas Lucy está certa. Se eu não levá-la para casa depois disso, Jillian vai fazer a minha vida ainda mais insuportável do que já é. — Não quero que você vá, Lu. — Senti-me como um menino petulante prestes a ter a minha coisa favorita no mundo tirada de mim. Nós ainda tínhamos pelo menos mais uma hora antes de que ela precisasse ir para casa. Eu tinha mais de sessenta minutos com minha menina em meus braços hoje à noite. Agora aquela vadia estúpida estava arruinando minha noite. Seus olhos castanhos estavam cheios da mesma decepção que eu sabia brilhar nos meus. — Sinto muito. Se eu pudesse ficar, ficaria. Passei a mão no meu rosto e me virei para olhar o clube lotado. Se eu levasse Lucy para casa eu mesmo, então quem sabia o que diabos poderia acontecer na minha ausência. Minha gerente lidou bem com tudo na semana anterior, mas eu disse a ela para não deixar entrar o nosso habitual número de fãs. Além disso, ela não estava trabalhando esta noite. Não podia sair, não podia levar minha garota para casa e lhe dar um beijo de boa noite à sua porta. Puta que pariu. Seus braços vieram em volta da minha cintura, me acalmando de uma forma que nada mais poderia ter feito naquele momento. Virei-me em seus braços e escovei meus lábios sobre o topo de sua cabeça cacheada. — Gostaria que você não tivesse que ir, mas entendo. Erguendo a cabeça, ela chupou o lábio inferior entre os dentes, como se estivesse determinada a dizer alguma coisa. Ela estava pensando em dizer que me amava de novo? Ela não disse isso desde a noite anterior no hospital e eu estava morrendo de vontade de ouvir essas três pequenas palavras novamente. Ver sua indecisão só me fez querer largar a First Bass e levá-la para casa sozinho. Depois de alguns segundos, ela balançou a cabeça, sorriu para mim e depois ficou na ponta dos pés para escovar seus lábios macios sobre a minha bochecha. — Boa noite, Harris. Meu coração se apertou forte. Aquelas não eram as palavras que eu queria ouvir. Apertando meus braços em torno dela, segurei-a por mais um 71
momento, em silêncio, pedindo-lhe para me dizer que me amava. As palavras nunca vieram e, finalmente, ela se afastou. — Vou ligar para você, — eu disse a ela enquanto ela dava mais um passo para trás. Lucy assentiu com a cabeça e levantou a mão que não estava ferida para acenar, enquanto ela e Kin caminhavam à frente de Marcus. Empurrando as mãos nos bolsos do meu jeans, eu observei-os ir. A dor na minha calça se foi agora, indo embora como a garota a quem pertencia. Porra, eu não achei que seria tão difícil deixá-la ir. Era apenar por uma noite, e eu sabia disso. Parecia que uma eternidade passaria antes que eu pudesse vê-la novamente na noite seguinte. Jace saltou do palco, deixando a multidão em torno de nós infeliz. Eles queriam que o show continuasse, mas, obviamente, Jace não deu a mínima para o que eles queriam. Ele capotou por duas pessoas antes de voltar seus olhos selvagens para mim. — Onde diabos Kin está indo? — A garota que você beijou é a meia-irmã dela. Ela veio com Kin e já que Lucy é a carona, elas tiveram que ir. — Filha da puta, — Jace mordeu. — Finalmente consegui que Kin concordasse falar comigo depois do show. Aquela idiota arruinou tudo. — Concordo. — A multidão estava começando a ficar turbulenta de novo. — Vá fazer o seu trabalho, cara. Tenho trabalho a fazer. Tinha que haver alguma coisa no meu escritório que precisava da minha atenção. O show aqui não tinha mais nenhum apelo. No meu escritório, cai na cadeira atrás da minha mesa e inclinei a cabeça para trás, olhando para o teto. Por que ela não me disse que me amava de novo? Será que se arrependeu de dizer na noite anterior? Estas duas questões giravam na minha cabeça até que parecia que eu estava ficando louco. Elas ainda estavam brincando de cabo de guerra com a minha sanidade quando houve uma batida na porta do escritório segundos antes que ela abrisse. Eu abaixei meu olhar para encontrar a razão para minha insanidade caminhar pela porta. Saltei da cadeira, contornando a mesa para encontrá-la no meio do caminho. — Lu...
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— Menti para Marcus e lhe disse que você estava com meu celular, então eu não podia sair sem ele. Ele deve ter percebido que estava mentindo, mas ele me deixou vir de qualquer maneira. Eu... — Ela parou, sugando o lábio inferior entre os dentes novamente. — Eu simplesmente não podia sair sem vê-lo hoje à noite mais uma vez. Agarrei a cintura dela e puxei-a bruscamente contra mim. — Estou feliz por isso, — eu disse a ela honestamente. — Gostaria de poder te levar para casa. Se eu não tivesse tantas responsabilidades aqui, já estaria em Malibu. Um pequeno sorriso brincou em seus lábios. — Pode ser perigoso você me levar para casa. Eu ficaria muito tentada a dar uns amassos com você no carro com ele estacionado na garagem. Meu pai ficaria louco se nos pegasse. Ela estava certa. Nenhum de nós conseguiria manter nossas mãos longe um do outro se eu a levar para casa. Enquanto Jesse havia me dito que estava bem com o que Lucy e eu decidirmos que queríamos, eu duvidava que ele ficaria feliz em me encontrar com as mãos acima da camiseta de sua filha e minha língua em sua garganta. Levantando minha mão, acariciei sua bochecha, esfregando o polegar sobre seu lábio inferior. — Então você tinha que me ver mais uma vez? — Abaixei minha cabeça até que meus lábios roçaram suavemente os dela. Quando ela estremeceu contra mim pelo que parecia ser a centésima vez naquela noite, precisou de uma força de vontade que eu não sabia que possuía para não começar a rasgar suas roupas. — Mm-hmm, — ela murmurou contra a minha boca, fazendo o beijo demorar mais um momento antes de se afastar o suficiente para olhar para mim. — Eu precisava de mais um beijo. Meu corpo endureceu enquanto meu peito apertava dolorosamente. Um beijo? Não dizer que me amava? Que porra estava acontecendo com ela? Por que ela não dizia as palavras de novo? Mesmo que a questão estivesse atormentando minha cabeça, percebi a resposta e me senti um babaca total. Ontem à noite, quando ela confessou que me amava, eu não disse a ela como me sentia. Eu era um covarde, deixando-a falar essas palavras e querendo ouvi-las outra vez, mas sem respondê-las de volta para ela. 73
Meu braço se apertou em volta de sua cintura, puxando-a ainda mais perto. Suas mãos agarraram meus ombros, como se ela precisasse se firmar. Abaixando a cabeça de novo, contornei seus lábios molhados e rocei um beijo sobre sua orelha. — Amo você, Lucy. O corpo dela estremeceu como se eu tivesse eletrocutado-a e sua cabeça caiu contra o meu peito. Demorei alguns segundos para perceber que ela estava chorando, que as lágrimas estavam ensopando minha camiseta. Segurei seu queixo, forçando-a a levantar a cabeça. — Doçura? O que está errado? — Você pode ser tão profundo, às vezes, Harris Cutter. — Ela soltou uma risada suave. — Nada há de errado. Eu também te amo. Meu alívio foi tão forte que me senti quase sem peso sem ele. — Portanto, estas são lágrimas boas? — Eu precisava saber. Se ela estava chorando porque estava chateada, então essas malditas lágrimas me deixariam de joelhos. Outra risada suave deixou aqueles belos lábios. — Sim, querido. Completamente boas. — Só para saber, — murmurei antes de pegar a parte de trás de sua cabeça e pegar seus lábios em um beijo que me fez esquecer meu próprio nome.
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Capítulo 7
Lucy
— Você sabe que tem um tipo de vírus épico ao redor no momento, certo? — Mm? — Eu estava prestando pouca atenção a Kin enquanto caminhávamos pelos corredores na escola ontem à tarde. Na maior parte do dia eu passei divagando, incapaz de evitar repassar a noite anterior. A maneira como me senti quando Harris disse que me amava. O modo como meu corpo se tornou uma grande dor latejante quando me beijou ... — Lucy, existe um vírus sério rolando nessa escola. Pelo menos um terço do corpo discente está ausente. — Ela bateu os dedos contra a palma da minha mão. — E ainda assim você não fez nada, além de tocar na boca durante o dia inteiro. Fiz uma careta para ela e, em seguida, quase cruzei meus olhos quando vi que o meu dedo indicador e médio estavam passando sobre o meu lábio inferior. Ele parecia inchado, ainda formigava do beijo de Harris. Nem percebi que estava tocando-o. Murmurando uma maldição, rapidamente soltei minha mão. Kin estava certa. Uma boa parte da escola estava fora, doente. Eu não tinha certeza se era um vírus ou se eram apenas os nossos colegas querendo alguns dias extras de folga antes de nossa férias de Natal. Mas eu vi pelo menos duas meninas fungando ontem e não conseguia me lembrar se eu as vi mais cedo naquele dia ou não. Minha amiga parou de andar de repente, sua mão parando de agarrar meu braço e me forçando a parar ao lado dela. Olhei para trás por cima do ombro para ver se Marcus estava na sua posição habitual de cinco passos
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atrás, sendo minha sombra de uma classe para outra. Como sempre, ele estava onde eu esperava que estivesse. O dia de escola estava basicamente terminado, e estávamos indo em direção ao estacionamento onde meu Range Rover estava estacionado. Kin normalmente pegava carona comigo, mas já que a madrasta quase cagou um tijolo na noite anterior sobre Geórgia aparecer em sua porta com as mãos ainda amarradas – algo pelo qual eu ainda tinha que agradecer à equipe de segurança de Harris quando os visse mais tarde. O que significava que, a menos que algo importante acontecesse, Kin não deixaria sua casa pelos próximos dias, porque ela estava oficialmente de castigo. Então hoje ela tinha que voltar para casa com suas meias-irmãs. Na minha opinião isso era castigo suficiente, ter que se arriscar a morrer com Geórgia ao volante. Eu não poderia dizer muito pelas minhas próprias habilidades como motorista já que eu raramente dirigia, mas já tinha visto Geórgia em ação. Ela quase levou nossa caixa de correio pelo menos duas vezes desde que tirou sua licença, e nós nem sequer morávamos na mesma rua. — O que há com você hoje? — Perguntou Kin. Sem pensar no que estava fazendo, meus dedos voltaram para o meu lábio inferior, traçando o formigamento que ainda permanecia. Harris ficou tão excitado que ele chegou a me morder de verdade. Eu gostei. Muito. Os olhos azuis de Kin se estreitaram na minha mão e eu apressadamente deixeia cair. — Desculpe. Só estou um pouco... — Minha voz sumiu, porque eu não sabia o que era. Kin deu uma risada que não era tão bem-humorada. — Apaixonada? Dei de ombros, porque era tão perto de uma resposta quanto a que eu daria. Eu definitivamente estava apaixonada, mas isso era muito mais do que isso. Isto era o meu amor por ele misturado a um mundo de luxúria. Claro, eu queria Harris antes, mas depois de ontem à noite quando ele me beijou até eu perder o sentido durante o jantar e quase me deixou em fogo com um beijo de boa noite, partes da minha sexualidade que eu nunca tinha experimentado antes estavam ganhando vida.
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— Basta ter cuidado, Lucy. — O rosto de Kin se apertou. — Eu sei como é maravilhoso estar apaixonada assim. É como se você estivesse andando em uma nuvem. Nada pode derrubá-la. Até que ele quebra o seu coração. — Kin... — comecei, pronta para defender Harris. Ele não era como Jace. Harris nunca faria mal a mim como Jace fez a ela. Ele me amava demais para quebrar meu coração assim. — Olha, não estou tentando desanimá-la, querida. — Ela me deu um sorriso triste e ajustou sua bolsa em seu ombro. — Só avisando para ter cuidado. Ok? Levar as coisas devagar. — Você não levou as coisas devagar com Jace, não é? — Kin não tinha me dito o quão longe ela e Jace chegaram durante o breve relacionamento deles, e eu não perguntei. Ela esteve tão determinada a esquecer-se dele que eu não queria forçar. Kin desviou o olhar, sua mandíbula apertando e fechando várias vezes antes de responder. — Não, as coisas foram em grande velocidade conosco. Provavelmente é por isso que durou pouco e ele perdeu o interesse. Por que mais foi tão fácil para ele ir embora sem olhar para trás? — Porque ele é um idiota que não percebeu que tinha uma coisa boa, — Eu informei e passei meus braços em torno de sua cintura fina. Depois de uma pequena hesitação, Kin inclinou-se contra mim, me abraçando de volta. — Mas Harris não é como Jace, — eu disse a ela quando me afastei, alguns momentos depois. — Ele é um dos caras bons. — Mesmo os mocinhos podem ter seus momentos de idiotice. Não fiz comentários. Virando-me para o estacionamento, comecei a andar novamente antes de mudar de assunto. — O que você vai fazer durante o próximo mês? Você pode passar tantas noites quanto quiser em minha casa, sabe. Como hoje é o último dia antes de nossas férias, eu estava um pouco triste que não veria Kin todo dia. Eu vinha contando com ela. Ela era a minha voz da razão às vezes, quando eu estava enlouquecendo. — Sei o que eu gostaria de estar fazendo, — disse Kin quando saímos do prédio. — Em todo Natal nós íamos para Aspen por pelo menos uma semana. Carter tem uma cabana lá em cima e nós saiamos para cortar nossa 77
própria árvore, e então, decorá-la com todos os tipos de coisas estúpidas. Minha mãe guardava todos os ornamentos artesanais que fizemos na escola, por isso tem um monte de sinos, papel de origami, e renas de isopor. — Ela fez uma pausa e vi quando sua garganta trabalhou antes que ela soltasse uma risada triste e abanou a cabeça. — Quando perguntei ao meu pai se eu poderia fazer isso este ano com Carter e os gêmeos, ele se recusou a falar sobre isso comigo. Aparentemente, Jillian tem um grande calendário social nesta época do ano e eu estou prevista para ir a todas as partes com eles. Meu coração doeu por ela. Esta era a primeira vez que Kin passaria o Natal sem a mãe. Ela não conseguia nem mesmo um indulto de seu pai para ver as três pessoas que estariam compartilhando a mesma dor que ela estava sentindo agora. Estávamos chegando mais perto do meu Range Rover e eu podia ver Geórgia e sua irmã mais nova, Carolina, sentadas em seu carro esperando impacientemente. Diminuí meus passos quando Kin diminuiu, nenhuma de nós querer dizendo dizer adeus ainda. — Abraço de Sanduíche! Quase pulei fora de mim quando uma garota loira bonita veio do nada e colocou os braços em volta de Kin. Segundos depois, Kin desapareceu completamente quando um par de braços enormes vieram em volta dela por trás. Fiquei tensa e Marcus se moveu para ficar entre mim e a loucura que estava subitamente ocorrendo diante dos meus olhos. Kin não parecia preocupada por estar sendo sufocada pelas duas pessoas que a prendiam quase como se ela fosse desaparecer a qualquer segundo. Ela estava rindo – e talvez até chorando, pelo que parecia – enquanto ela e os dois recém-chegadas pulavam, ainda abraçados. Afastei-me um pouco para a esquerda para ver os ombros de Marcus melhor. Fiquei lá pelo que parecia uma eternidade, mas foi realmente apenas cerca de um minuto antes da loira se afastar, sorrindo para Kin. — Sentiu nossa falta? Kin esfregou suas mãos agora livres em todo o rosto, esfregando rios de lágrimas. — Se eu senti falta? Tanto que dói. — Ela beijou a bochecha da loira e abraçou-a com força antes de se afastar. — O que vocês estão fazendo aqui? 78
— Papai disse que o seu pai monstro não a deixaria vir para o Natal, então logo que o semestre terminou, nós pegamos o primeiro avião para ver você. Você terá que aguentar a cara feia de Caleb durante quatro semanas. Papai vai estar aqui na segunda-feira. Ele tinha alguns negócios para cuidar antes que pudesse vir, mas não podíamos esperar para ver você. Kin não era normalmente o tipo de garota que saltava para cima e para baixo e gritava, mas ela fez exatamente isso, mesmo antes de a garota loira ter parado de falar. — Sim Sim Sim! Marcus pigarreou alto o suficiente para chamar a atenção do trio e Kin finalmente se lembrou de que eu estava ali. O sorriso que estava dividindo seu rosto no semestre foi, provavelmente, o mais brilhante que eu já vi nela. — Lucy, venha e cumprimente meu irmão e irmã. Achei que era isso que eles eram, mas agora que Kin havia confirmado isso, me senti estúpida por não fazer a conexão mais cedo. Angie e Caleb Jacobson eram exatamente como Kin os tinha descrito para mim. Angie com seu cabelo longo loiro, olhos azuis e sorriso feliz era linda de morrer. Caleb com seu sorriso assassino, combinado com olhos azuis, cabelo loiro desgrenhado e look que pareciam saídos de uma maldita capa GQ teria deixado qualquer garota em nossa escola babando em um piscar de olhos. Angie foi a primeira a oferecer sua mão. — Lucy? Já ouvi muito sobre você. — Sua mão apertou a minha e ela me puxou para um abraço apertado. — Muito obrigada por cuidar de Kin para nós. Inesperadamente, um nó obstruído minha garganta e eu tive que engolir em seco antes de poder falar. Como ela poderia me agradecer? Era Kin quem estava tomando conta de mim. — Não me agradeça. Kin tem sido a minha salva vidas. Angie se afastou, um sorriso em seu rosto lindo. — Talvez vocês tenham tomado conta uma da outra, então. — Ela piscou e se virou para Kin novamente. Estendendo a mão, ela segurou a mão de sua meia-irmã e dei-lhe um aperto amoroso. — É tão bom ver você, Kin. Senti tanto sua falta. — Posso abraçá-la, também, ou o alto, moreno e perigoso ali vai chutar a minha bunda se eu tentar?
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A pergunta de Caleb fez minha cabeça levantar. Ele não era tão alto quanto Harris, talvez um metro e oitenta no máximo, mas parecia que eu estava esticando meu pescoço para olhar para ele. Aquele sorriso em seu rosto era tão bonito como o de sua irmã, de uma forma masculina. Não me fazia derreter como o sorriso de Harris fazia, mas eu conseguia ver que ele havia deixado toda uma série de corações partidos atrás dele com apenas aquele sorriso. — Você está disposto a arriscar? — Brinquei com ele com um sorriso, sentindo como se já o conhecesse por tudo que Kin havia me falado sobre seu meio-irmão. Ele deu um passo para frente, erguendo uma sobrancelha para Marcus enquanto fazia. Tudo o que ele viu no rosto de meu guarda-costas deve ter sido aprovação suficiente para ele, porque ele passou os braços grossos em volta de mim e me deu um abraço rápido e apertado. — Não quero dar razão a ele para fazer uns movimentos da CIA em mim. — Ele riu quando se afastou. Enfiando as mãos nos bolsos, virou-se para enfrentar Kin mais uma vez. — Você está realmente de castigo? O seu e-mail para Angie disse que você estava, mas que não sabia por quanto tempo. O que diabos você fez, Kin? — Nada, — ela disse a ele. — Pela primeira vez, não fiz absolutamente nada. Geórgia correu para o palco, beijou... o cara se apresentando, e foi escoltada para fora do clube, com as mãos algemadas com laços. Lucy nos deu uma carona para casa e o Marcus aqui nos acompanhou até a porta para explicar ao meu pai e Jillian o que aconteceu. Geórgia ganhou um tapinha na cabeça da mamãe querida e eu fiquei de castigo por tempo indeterminado por não usar minha “influência” para tirá-la do problema. As buzinas estridentes da direção de Geórgia e Carolina no carro fizeram todos nós virarmos a cabeça. Revirei os olhos ao ver a expressão irritada no rosto da menina mais velha e me virei para os outros. Os olhos de Angie se estreitaram, mais escuros e frios enquanto continuava a olhar para o pequeno carro esportivo. — Vamos ver quanto tempo você vai ficar de castigo quando papai chegar aqui, — Angie murmurou antes de dar às duas irmãs um aceno com o dedo do meio que me fez explodir em uma risada. 80
Eu tinha certeza disso agora. Eu realmente gostaria destes dois. Especialmente se Angie podia sorrir tão docemente enquanto mandava essas duas à merda. — Mas iremos sair hoje à noite, não vamos? — Caleb perguntou com um beicinho. O sorriso no rosto de Kin caiu. — Não, — ela murmurou, seus olhos caindo no asfalto para esconder as lágrimas. Incapaz de suportar a visão de suas lágrimas quando ela estava tão feliz a apenas alguns segundos atrás, corri para oferecer para ajudar. — Que tal eu levar vocês dois para sair na cidade hoje à noite? Marcus e eu vamos buscálos em seu hotel e levá-los para jantar e então podemos ir à First Bass no salão VIP. O sorriso de Kin foi pequeno, mas pelo menos ela não estava chorando. — Sim, vocês dois vão. Saiam com Lucy e se divirtam. Quando Carter chegar aqui será a nossa vez. — Geórgia apertou aquela maldita buzina de novo, mais longo e mais alto até que o rosto de Kin torceu com raiva e os gêmeos a abraçaram novamente. — Estou tão feliz que vocês dois estão aqui. Amo muito vocês dois. — Kin! — Carolina colocou a cabeça para fora da janela do passageiro. — Vamos lá. Mamãe está esperando. Ela murmurou algo sob sua respiração que eu não entendi antes de sair do abraço grupal no qual estava sendo sufocada. — Vocês trouxeram algum dinheiro com vocês? Vocês podem pagar minha fiança quando eu for para a prisão por acabar com essas duas. — Você não tem medo de ficar com ainda mais problemas? — Perguntou Angie, um olhar pensativo no rosto. As sobrancelhas de Kin subiram para o céu. — Ang, sério? Você se esqueceu de mim tão facilmente? Quando Angie sorriu desta vez, quase me assustou. Podia ver as rodas girando em sua mente tão logo ela disse. — Te ligo mais tarde, novata. — Mencionei que senti sua falta? — Kin riu. — Porque eu senti. Demais. — Ela soprou um beijo para sua meia-irmã antes de se movimentar para entrar no carro esporte caro. 81
Nós todos ficamos tensos, pois vimos Geórgia sair de seu local de estacionamento reservado, quase tirando o para-choque dianteiro de um carro estacionado enquanto o fazia. Meu intestino se apertou e eu sabia que não teria qualquer alívio até ligar para Kin mais tarde para me certificar de que ela tinha chegado em casa bem. Marcus estava observando-as ir com um pouco mais de concentração do que eu estava acostumada a ver nele, me avisando exatamente como ele estava chateado que Kin estava no banco de trás daquele carro. Tentei empurrar o meu medo por ela para a parte de trás da minha mente e me virei para sorrir para os meus dois novos amigos. — Então, qual é o hotel onde vocês estão hospedados? Podemos buscá-los por volta das sete? O que vocês estão com vontade de comer? — Pude dizer pelas expressões em seus rostos que a comida era a última coisa em suas mentes quando eles estavam tão preocupados com Kin como eu estava. Caleb ficou olhando para o carro por um momento mais antes de forçar um sorriso. — Não importa, Lucy. Qualquer lugar em que você nos leve estará bom. — Ele puxou o celular do bolso da calça. — Dê-me o seu número e eu mandarei mensagem com o endereço. Ou poderíamos encontrá-la onde quiser. Aluguei um carro, por isso não será um problema. — Nah, vou buscá-los. Podemos nos conhecer melhor na viagem. — Dei a ele meu número e assim que ele me mandou uma mensagem, adicionei-o a minha lista de contatos, percebendo que eu tinha perdido duas mensagens de Harris. Quando você virá hoje à noite? Tantas saudades de você, doçura. <3 você. Meu coração se derreteu com a visão da última mensagem e segurei o meu telefone contra o meu peito, tentando absorver o impacto de onde ele e eu estávamos indo com o nosso relacionamento. — Acho que nos veremos hoje à noite, então. — Angie me deu um sorriso triste e agarrou o braço de seu irmão gêmeo. — Foi tão bom finalmente conhecê-la, Lucy. — Sim, você também. Vejo vocês à noite.
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*** Eu estava atrasada. É claro que estaria quando estava tentando impressionar duas das pessoas que Kin mais amava. Não era minha culpa, no entanto. Meu pai queria saber tudo sobre as duas pessoas com quem jantaria naquela noite. Ele ainda estava fazendo perguntas quando agarrei meu casaco e bolsa em cima da mesa na sala da frente. Tentei acalmá-lo tanto quanto pude, contando tudo o que sabia sobre Angie e Caleb Jacobson. — Harris estará com você? — Papai perguntou quando abri a porta para encontrar Marcus já sentado no banco da frente do meu Range Rover na frente de casa. Mandei uma mensagem para Harris quando cheguei em casa para ver se ele queria jantar comigo e alguns amigos, mas ele disse que estaria cheio de trabalho até mais tarde e disse que pediria uma pizza ou algo assim. Fiquei decepcionada, mas entendia. Harris tinha responsabilidades. Eu respeitava que ele não poderia ir a todo lugar comigo. — Não, papai. Ele tem que trabalhar, mas vamos parar na First Bass depois. — Fiz uma careta quando ele pareceu relaxar. — Papai, está tudo bem. Marcus vai estar comigo. Não é como se eu estivesse em perigo ou qualquer coisa. Os ombros largos de Jesse Thornton se levantaram quando ele soltou em uma respiração afiada. — Eu sei, querida. Sinto-me melhor quando Harris está com você. Sua confissão me deu esperança para quando eu contasse a ele sobre Harris e eu estarmos namorando. Sorrindo alegremente, passei meus braços ao redor da cintura do meu pai e fiquei na ponta dos pés para beijar seu rosto desalinhado. — Boa noite, papai. Diga a mamãe e os meninos que eu os amo. — Afastei-me e envolvi minha jaqueta em volta dos meus ombros. — Amo você, papai. — Te amo mais, Lu. No momento em que Marcus parou em frente do Sofitel, estávamos a quase vinte minutos atrasados para pegar os gêmeos. Caleb já estava em pé 83
na frente do hotel e quando abri a janela para trás, ele sorria. — Desculpe pelo atraso, — Desculpei-me. Ele abriu a porta e entrou no banco de trás comigo. — Não tem problema. — Quando ele fechou a porta, fiz uma careta e ele deu de ombros. — Angie deu o bolo. Desculpe. Ela tinha algumas coisas para cuidar. Coisas de menina, disse ela. Tive a sensação de que era mais do que apenas coisas de menina. Talvez mais coisas com Kin. Lembrando do olhar no rosto de Angie enquanto ela observava Kin se afastar, eu me perguntava se Caleb realmente teria visto Kin antes que a noite terminasse. Não forcei a questão, no entanto. — Ok, então. Acho que é só você e eu. Minha tia agendou uma mesa no Alejandra, se você gosta de boa e autêntica comida mexicana. — Parece bom. Não demorou muito antes de eu perceber que gostava da companhia de Caleb. Ele era divertido, fácil de se conversar, e me mostrou várias vezes que ele amava tanto Kin quanto sua irmã gêmea. Até o momento em que eu paguei a conta – algo pelo que tive que brigar - estávamos rindo e agindo como nos conhecêssemos há anos em vez de apenas algumas horas. De volta ao Range Rover, me virei para encará-lo depois que coloquei meu cinto de segurança no lugar. — Kin lhe contou muito sobre a First Bass? Ele encolheu os ombros enormes. — Na verdade, não. Só que você duas vão lá muitas vezes. Seu amigo é o dono, certo? — Balancei a cabeça, incerta se deveria corrigi-lo de que Harris era meu namorado e não apenas meu amigo. — E ela disse que cantava suas canções todas as noites quarta-feira. Ela nunca me deixou ouvir uma de suas músicas antes. Como ela é? — Ela é ótima. Harris ganhou ainda mais clientela na noite do microfone aberto por causa dela, acho. Acho que ela recebeu ofertas para comprar algumas de suas canções, mas ela não disse se vai aceitar ou não. Talvez ela esteja esperando até fazer dezoito anos para que não precise de autorização dos pais ou algo assim. Seus olhos se arregalaram. — Uau. Isso é incrível. — Então, ela não disse mais nada? — Eu estava pescando, tentando descobrir se Caleb sabia sobre Jace ou não. Kin não tinha me dito para não 84
mencionar Jace quando falei com ela mais cedo naquela noite, mas eu ainda queria ser cuidadosa. Caleb definitivamente daria uma de irmão mais velho protetor e eu sabia que ele ficou chateado quando Jace deixou Kin no início do ano. — Não. — Bem, deve ser uma noite muito divertida então. — Perguntei se eu deveria ligar antes e perguntar se Jace estava lá, mas já sabia a resposta. Jace estava sempre lá. Enquanto os outros membros da Tainted Knights passavam suas noites de folga em festas como as estrelas de rock que eles eram, Jace estava sempre na First Bass. Eu não tinha certeza se era por causa de sua amizade com Harris ou o que mais, porque desde a primeira vez que conheci o roqueiro, desejei que ele apenas fosse para casa para ter uma noite para si mesmo. Marcus parou na frente da First Bass antes que eu pudesse decidir se deveria ou não pedir para Harris pedir para seu amigo ir – justamente para evitar qualquer sangue derramado. Caleb saiu do lado dele quando meu guarda-costas abriu minha porta e entregou as chaves para o manobrista. Pisando na calçada onde pelo menos duas centenas de pessoas estavam esperando por trás das cordas na esperança de conseguir entrar no clube, contornei o homem com a prancheta e fui direto para a porta da frente. Quando entrei, Tiny estava esperando no fundo das escadas da entrada VIP. Seus dentes brancos brilharam no corredor mal iluminado quando me viram. — Senhorita Thornton. Como está a mão? Ergui minha mão, ainda enfaixada. — Vou tirar essa coisa na próxima semana. Esperemos. — Virei-me para Caleb. — Este é o meu amigo, Caleb Jacobson. O sorriso desapareceu quando Tiny notou o cara de pé logo atrás Marcus. — Onde está a senhorita Montez? — Ela não conseguirá aparecer por uns dias. Caleb, esperamos, estará vindo comigo de vez em quando, no entanto. — Olhei para ele e sorri. — Se ele gostar daqui, claro. — Devo avisar o chefe que você chegou, senhorita Thornton?
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Balancei minha cabeça. — Não se preocupe com ele. Mandei uma mensagem para ele mais cedo e ele disse que estava ocupado. Causei problemas suficientes ultimamente para afastá-lo do trabalho hoje à noite. — O chefe de segurança se afastou, nos deixando passar. — Até mais, Tiny. — Senhorita Thornton, — ele inclinou a cabeça com cortesia. No andar de cima, puxei Caleb direto para o bar. Nate estava trabalhando, como sempre, e acenei para ele enquanto roubávamos dois bancos nos cantos. Caleb era um cavalheiro e puxou meu acento antes de cair na cadeira ao meu lado. — O que você vai querer? — Perguntei. — Cerveja está bom, — disse ele à Nate antes de mostrar a identidade. — Eu não sabia que você já tinha vinte e um. — Achei que Kin tinha me dito que seus meios-irmãos tinham apenas vinte, mas é claro que isso poderia ter mudado já que eu não tinha ideia de quando era o aniversário deles. Caleb coçou o queixo. — Acabamos de fazer. Angie e eu queríamos sair e celebrar o nosso aniversário com Kin, mas Angie terminou tendo um problema estomacal e tivemos que cancelar. — O de sempre, Lucy? — Nate perguntou quando colocou uma garrafa de cerveja na frente de Caleb. Seus olhos estavam indo e voltando entre mim e meu novo amigo, a curiosidade brilhando em seus olhos. — Sim, por favor. — Dei-lhe um sorriso brilhante. Nate foi rápido para pegar o meu copo de refrigerante. Quando ele colocou na minha frente, ele não foi embora, mesmo que houvesse, obviamente, outras pessoas à espera de bebidas. Ele apoiou os cotovelos no balcão
e
inclinou-se
sobre
eles.
—
Quem
é
este?
—
Perguntou
descaradamente. Não pude deixar de sorrir para o barman. — Nate, este é Caleb. Caleb, Nate. Nate estendeu a mão. — Caleb. Caleb aceitou, apertando uma vez antes de se afastar. — Nate. — De onde você é? — Virginia. — Caleb tomou um gole de sua cerveja. — Qual parte? — Nate parecia que não ia sair tão cedo, obviamente querendo ter suas perguntas respondidas. 86
— Nós possuímos uma casa em Wythe County, mas eu vou para a faculdade em Blacksburg. — Caleb tomou outro gole de cerveja e colocou a garrafa de vidro no balcão. — Sou um sénior na Virginia Tech, com especialização em engenharia. Quero desenhar carros quando crescer. — Ele sorriu e se virou para piscar para mim antes de continuar. — Quer saber o meu número de segurança social, também? Nate sequer piscou e eu segurei um suspiro. Pensei que a inquisição havia terminado quando deixei meu pai na porta da frente mais cedo naquela noite. Eu tinha que admitir que era bom que Nate realmente se importava o suficiente para querer tentar assustar meu novo amigo, no entanto. — Se você mora em Virginia, o que o traz a Cali? — As razões de sempre. Uma menina bonita. — Ele encolheu os ombros enormes e pegou sua cerveja novamente. — Acho que alguém está tentando chamar sua atenção lá, — disse Caleb, utilizando a garrafa para indicar os dois jogadores de hóquei em pé no outro lado do balcão tentando chamar a atenção de Nate. Murmurando uma maldição, Nate se afastou do bar e foi buscar as bebidas dos outros VIPs. Balancei minha cabeça, enquanto o observava indo embora. O que foi isso? Não querendo ter que passar por isso de novo, peguei minha bebida e me levantei. — Vamos encontrar um sofá para sentar até que Harris possa vir ficar com a gente. — Parece bom.
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Capítulo 8
Harris Eu estava profundamente atolado até o pescoço na papelada que havia pousado na minha mesa mais cedo naquela noite quando a voz assustadora de Tiny encheu o escritório de repente. — A Senhorita Thornton chegou, chefe. Involuntariamente, meu corpo se apertou só de pensar em Lucy. Apertei minha caneta quando lutei contra o impulso de mandar toda aquela maldita papelada para o inferno e buscar minha namorada. Mas eu ainda tinha mais uma hora de trabalho a fazer antes de poder encerrar a noite. — Obrigado, Tiny. — Ela não está sozinha. Fiz uma careta. — Kin está com ela? — Não, chefe. A carranca se aprofundou. — Então quem é? — Um cara. Nunca o vi antes. A papelada na minha frente não parecia mais tão importante. Alcançando meu telefone, puxei a gravação de segurança da área VIP e encontrei Lucy sentada no bar com um cara de ombros tão largos quanto a porra da minha mesa. O que, ele fazia supino com pequenos carros em seu tempo livre? Porra. Nate estava lá, a boca se mexendo e uma carranca no rosto. Lucy parecia bem. Tão bem de encher a boca. Ela usava algum tipo de minissaia, com calças pretas combinando e uma blusa que fazia seus seios parecerem bons o suficiente para comer. E o cara com quem ela estava revisava de olhar para Nate para passar seus olhos sobre minha garota. Quem diabos era esse cara?
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E onde estava Marcus? Mudando a câmera selecionada, vi Marcus recostando-se contra uma parede. Ele observava Lucy, mas não parecia preocupado que o cara com quem ela estava poderia ser um perigo para ela. Ciúme queimou no meu intestino e joguei meu telefone na mesa e me dirigi para o elevador. Minhas mãos se fecharam em punhos enquanto contava os segundos antes de chegar até Lucy. A porta do elevador mal tinha se aberto antes de eu pisar fora e ir direto para o bar VIP, mas quando cheguei lá, Lucy e o cara tinham ido. Acenei para Nate. — Onde ela está? — Quis saber antes mesmo que ele chegasse até mim. Nate assentiu com a cabeça atrás de mim. — Lá, em algum lugar. Murmurando uma maldição, pisei para fora. Demorou alguns segundos antes de encontrá-la, a vi sentada em um dos sofás de couro em um canto. O cara com quem ela esteve no bar estava ao lado dela, cerveja na mão, os olhos comendo minha menina. Ele disse algo que eu não podia ouvir sobre a música e o barulho da multidão, fazendo-a jogar a cabeça para trás, rindo. Se eu fiquei com ciúmes ao vê-la sentada no bar com esse idiota, não era nada em comparação com o ácido queimando e deslizando pela minha espinha e infectando minha mente agora. Nunca contemplei de verdade aquele conceito de “ver vermelho” até aquele momento. Eu queria dar um soco em algo, de preferência na cara desse idiota. Queria virar um homem das cavernas e pegar Lucy, atirá-la sobre meu ombro e trancá-la em meu escritório até que soubesse que esse cara nunca mais mostraria sua maldita cara de novo. Como se pudesse sentir meu olhar sobre ela, Lucy virou a cabeça e aqueles olhos escuros colidiram com os meus. Seu sorriso cresceu mais, aqueles belos olhos quase pretos cheios com uma recepção calorosa. Não retornei o sorriso dela, incapaz de controlar os músculos do meu rosto quando estava tão consumido com o monstro verde agitando dentro de mim. Seus olhos perderam um pouco de seu calor, seu sorriso escurecendo um pouco. Seu olhar se moveu sobre mim, percebendo meus punhos cerrados, ombros tensos e rosto apertado. — Ei, — ela disse quando cheguei a ela, com a voz cheia de preocupação cautelosa. — Qual o problema?
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— Há quanto tempo você está aqui? — Perguntei, sabendo que parecia um idiota, mas não dando a mínima. Ela encolheu os ombros. — Apenas alguns minutos. Você disse que estava ocupado, então não quis incomodá-lo. — Não tão ocupado. — Nunca tão ocupado que eu iria apenas sentar em meu escritório quando a minha namorada estava com outro cara. Um cara que eu não fazia a maldita ideia de quem era. Os ombros de Lucy ficaram tensos com o meu tom e ela atirou um sorriso triste ao cara sentado em silêncio ao lado dela. — Você vai me desculpar um minuto, Caleb? — Sim, claro, Lu. — Os olhos azuis estavam cheios de preocupação e minha necessidade de bater naquele babaca dobrou. O que ele acha que eu ia fazer, bater nela? — Você vai ficar bem? Ela se levantou, seus ombros quadrados e determinados, mas ela deu ao cara um sorriso tranquilizador. — Posso lidar com isso. Você fica aqui com Marcus. — Ela assentiu com a cabeça em direção ao outro sofá onde Marcus estava sentado, um copo de refrigerante na mão enquanto me observava através dos olhos sem emoção. — Volto em poucos minutos. Se quiser alguma coisa, basta avisar Nate. Sempre tenho uma conta aberta aqui. — Lucy... nós podemos ir se quiser. Não quero causar nenhum problema. Estendi a mão e segurei o pulso de Lucy, apertado o suficiente para que ela soubesse que eu não estava prestes a deixá-la ir tão cedo, mas não tão apertado que a machucasse. Sem dizer uma palavra para os dois homens sentados nos sofás, puxei-a comigo quando me virei para trás em direção ao elevador. Meus dedos estavam direto sobre sua pulsação e eu podia sentir o quão rápido seu coração estava batendo. Olhei para ela com o canto do meu olho quando o elevador começou a descer. Ela estava chateada. Bom. Deixe-a ficar puta. Assim que as portas se abriram, ela puxou seu braço do meu abraço e saiu do elevador. Não tive pressa para sair, observando-a atentamente enquanto andava. Suas mãos estavam em seus quadris, a cabeça inclinada 90
para trás enquanto ela olhava para o teto. Seu peito levantou e abaixou rapidamente, atestando sua raiva crescente. As portas do elevador se fecharam em silencio e foi como se o gatilho para ativá-la fosse ligado. — Que diabos foi isso? — Perguntou, suas narinas dilatadas e sua boca apertada. — Que diabos você está fazendo aqui com outro cara, Lucy? — Retruquei. — Você disse que ia sair com os amigos, plural. Não um cara que eu sequer conheço. — Você está louco? — Sua voz se levantou quando ela deu um passo mais perto. — Está tirando conclusões precipitadas, automaticamente supondo que eu estou fora em encontro ou algo assim, e me tratando como se eu fosse a vilã aqui? — Você está fora com outro cara, Lucy. — Estou com um amigo, seu idiota. Caleb é meio-irmão de Kin. Ele e sua irmã gêmea estão na cidade por pouco tempo, para passar o feriado com Kin. Ela não podia sair com eles esta noite porque a estúpida Geórgia a fez ficar de castigo. Me ofereci para levar os gêmeos para sair, mas Angie não pôde vir. — Ela me deu um olhar de nojo e se virou. — Não estava fazendo nada para me envergonhar, merda. Um pouco de meu ciúme possessivo começou a se acalmar e comecei a ver as coisas com um pouco mais de clareza. Quando a névoa vermelha lentamente desapareceu, percebi o que tinha acabado de fazer. Mais pelo olhar fodido em seu rosto. Ela estava chateada e eu tinha causado isso. Puta que pariu. — Lucy... — Dei alguns passos mais perto, chegando a tocar seus ombros, mas ela se virou e minha mão caiu ao meu lado com o olhar em seus olhos. Engoli em seco. — Doçura... — Você não confia em mim? Fiz alguma coisa para fazer você pensar que eu trairia você? Não sabia como responder a isso. Nunca pensei nisso, nunca considerei a possibilidade de que algo assim acontecesse. Meu ciúme só apareceu algumas vezes quando eu vi outros caras tentando flertar com ela e isso foi antes de transformarmos nossa amizade em um relacionamento de verdade. 91
Passando as duas mãos pelo cabelo, afastei-me dela, tentando descobrir a confusão de emoções que atravessava meu corpo, agora que o ciúme que havia infectado minha cabeça estava começando a se dissipar. — Harris? — Sua voz estava mais suave agora, sua raiva parecendo ter evaporado e agora tudo que eu podia ouvir era mágoa. — Você confia em mim? — Sim, — disse a ela sem me virar. — Confio em você. — À medida que as palavras saíram da minha boca, percebi que eram a verdade. — Então por que age assim? — Ouvi-a se mover um momento antes de suas mãos tocarem minhas costas. Um pouco da tensão aliviou dos meus ombros e minha cabeça caiu. — Fale comigo, Harris. Não conseguirei entender o que está errado se não me disser. — Tiny me disse que você estava aqui com um cara e eu vi você nas câmeras com ele. Você estava rindo e ele estava comendo você viva com os olhos. — Soltei um suspiro frustrado e me virei para encará-la. Capturando suas mãos com uma das minhas, coloquei-as no meu peito e envolvi meu outro braço em volta da sua cintura, puxando-a contra mim. — Nunca fui ciumento antes de você, Lucy. Nunca. Ninguém jamais significou bastante para mim para produzir esse tipo de emoção. É novo e meio terrível e eu perdi o controle. Ela derreteu contra mim, fazendo meu corpo reagir instantaneamente com a sensação de sua pele suave me tocando. — Eu te amo, Harris. Para mim, isso é sério. Não quero mais ninguém. Eu nunca enganaria você. Não iria a um encontro com outro cara, ou beijá-lo, e, especialmente, não faria sexo com ele. Baixei a cabeça até que minha testa estava pressionada contra a dela. — Sei disso, — respirei. — O que não interfere que eu me transforme em um monstro de raiva só de pensar em algum idiota olhando para o que é meu. Uma risada suave escapou de seus lábios e o resto da minha tensão desapareceu completamente. Só o fato de ela poder fazer isso comigo – me deixar tão bravo que não conseguia ver direito e no outro minuto me fazer voltar a me sentir como um ser humano com apenas um toque e um pouco de risada musical. O jeito como ela me fazia sentir, o controle que tinha sobre as
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minhas emoções... isso devia me aterrorizar. Curiosamente não aconteceu, no entanto. — Não consigo fazer os caras pararem de olharem, querido. Só sei que eu não os vejo. Não vejo ninguém além de você. — Ela trocou, virando a cabeça um pouco para a esquerda para que pudesse escovar os lábios sobre os meus. — Sei que é difícil, porque eu tenho que passar por isso cada vez que alguma vadia olha duas vezes para você, mas sei que você me ama e tento evitar que isso me incomode tanto. — Você definitivamente não tem motivos para sentir ciúmes, — prometi a ela e apertei meu braço em volta de sua cintura. — Juro pela minha vida, Lucy. Você é tudo que eu quero, tudo que eu vejo, tudo o que eu respiro. — Isso é romântico, — brincou ela enquanto me beijou novamente. — É melhor parar com toda essa conversa mole ou vou esperar isso o tempo todo. — Ah, Lu. Eu te daria qualquer coisa que você quisesse. Basta dizer as palavras, doçura. — Soltei as mãos para que pudesse abraçá-la com as duas mãos, puxando-a contra mim enquanto capturava seus lábios. Ela tinha um gosto tão doce. Deveria haver uma etiqueta de alerta nela em algum lugar, me dizendo o quão viciante seu gosto seria. Eu não conseguia o suficiente dela. Eu era um maldito viciado agora e não havia como desistir desse hábito. Mesmo que houvesse uma diferença em nossas alturas, ela se encaixava perfeitamente contra mim. Sua suavidade moldada contra o meu corpo que se endureceu enquanto a beijava avidamente. As pontas de seus dedos suaves acariciaram por cima do meu pescoço enquanto ela os penteava pelo meu cabelo. Estremeci com aquele toque inocente, querendo mais. Querendo as mãos por todo o meu corpo dolorido. Sem perceber que estava fazendo isso, minhas mãos agarraram seu pequeno pedaço de saia e a puxaram logo acima de sua bunda perfeita. Ela gemeu quando apertei a bunda arredondada - porra, ela se encaixava tão perfeitamente em minhas mãos - antes de levantá-la um pouco do chão, deixando meu pau latejante roçar sobre o local onde eu desesperadamente queria estar.
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— Oh deuses, — ela gemeu, puxando sua cabeça para trás para recuperar o fôlego. — H-Harris. — Meus lábios não deixou os dela, movendose de sua boca para o queixo e depois pelo pescoço, arrastando beijos por todo o caminho até o pulso batendo na base do pescoço. Seja qual for o creme que ela usava tinha um cheiro tão delicioso que parecia me drogar. Se eu pudesse apenas segurar esse momento - engarrafar o cheiro dela e prová-lo - eu faria um bilhão em menos de uma semana. Todo homem vivo pagaria centenas apenas para ter o gosto dela em sua língua, seu cheiro invadindo seus sentidos. E ela era minha. Lucy se apertou contra mim como se estivesse tentando rastejar em meu corpo. Mudei o meu aperto sobre ela até que eu estava levantando-a ainda mais. Suas pernas foram em volta da minha cintura e se travaram no lugar. Ah. Porra. Inferno. Ela estava exatamente onde eu mais queria, com apenas algumas camadas de roupas entre nós. Eu podia sentir seu calor e era escaldante. Meu pau desenvolveu uma mente própria e flexionou contra seu ponto doce, fazendo-a atirar a cabeça para trás e me ver estrelas. O nirvana. Isso era o que era. Um puro e desinibido nirvana. Seus dedos se apertaram no meu cabelo. — Sente-se antes que caia, — ela insistiu. De jeito nenhum eu cairia quando tinha essa carga preciosa em meus braços, mas virei rapidamente e cai na primeira cadeira voltada para mim, uma das cadeiras em frente à minha mesa. Abri as pernas para que ela ficasse mais confortável, movendo seus quadris contra mim. Esfregando meu pau tremendo logo onde eu queria. Ela suspirou e ergueu a cabeça. Olhos castanhos escuros brilhavam com uma necessidade que eu sabia que só eu já a fiz sentir. Era um sentimento poderoso, saber que eu era o único homem vivo a vê-la assim, que eu era o único a levá-la até aqui, dar-lhe esse tipo de prazer. — Isso é tão bom, — ela gemeu, pressionando contra mim novamente. — Você gosta disso tanto quanto eu? — Ela perguntou em um tom sussurrante que transformou meu corpo já duro em um inferno feroz. 94
— Porra, adoro isso, Lu. Esfregou-se contra mim de novo, beijando meu pescoço, meu queixo, meus lábios. Rapidamente perdi o foco. Isso não deveria estar acontecendo, não agora. Ainda não. Por mais que eu precisasse fazê-la se sentir bem, sabia que era errado. Prometi que esperaria até depois de seu aniversário antes de levar as coisas tão longe. Ela merecia muito mais do que uma rapidinha antes de levá-la para casa mais tarde. — Doçura... — Tentei lutar através da névoa de desejo que ela colocou no meu cérebro e encontrei a vontade de acabar com isso. — Nós... — Seus quadris se apertaram um pouco mais, ela cobriu minha boca com a sua. Sua língua ficou mais ousada quando seus quadris se esmagaram contra mim e rebolaram, encontrando o ritmo certo que trouxe ainda mais prazer. Minhas mãos agarraram forte sua bunda e no momento em que eu fiz isso, soube que deixaria hematomas nela. No entanto, não consegui soltá-la enquanto a ajudava a encontrar o caminho para o fim do arco-íris orgásmico que ela estava perseguindo enquanto se esfregava contra mim. Eu faria isso com ela mais tarde, prometi a mim mesmo. Eu faria a primeira vez em que fizéssemos amor muito melhor do que isso. Ela precisava disso tanto quanto eu precisava dar a ela. — H-Harris, — ela gemia. — Eu te amo, Harris. — Porra, eu também te amo. — Empurrei contra ela, observando seu rosto enquanto prazer nublou seus olhos e ela choramingou. — Vamos lá, doçura. Goze para mim. — Harris... — ela gritou no instante seguinte, seu corpo começando a tremer com a força de sua libertação se aproximando. Suas costas arquearam quando ela se pressionou contra mim uma última vez e pude senti-la apertar sua suavidade mesmo através de nossas roupas. Cerrei os dentes, tentando segurar o último do meu controle remanescente, quando enterrei meu rosto em seu peito. Minhas bolas estavam muito pesadas, muito apertadas. Eu estava perto, tão perto. Nem mesmo quando eu era adolescente, explorando o mundo do sexo pela primeira vez, fiquei tão pronto para explodir na minha bermuda. A sensação de uma garota
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– com quem eu sabia que passaria o resto da minha vida amorosa – ganhou de todos os meus outros encontros sexuais anteriores logo na primeira vez. Com um gemido ofegante, Lucy levantou a cabeça e roçou os lábios com ternura sobre os meus. Seu peso leve mudou apenas o suficiente para a esquerda e ela ficou na posição certa, pressionando a quantidade certa de pressão e calor, agindo como o detonador que desencadeou o fim para mim. Meu corpo estremeceu quando o primeiro tiro de liberação quente disparou para fora do meu pau. Seus braços foram em volta de mim, me segurando quando eu relaxei e deixei ir.
*** Passou-se um longo tempo antes de qualquer um de nós nos mexermos depois. Segurei Lucy contra mim, esfregando pequenos círculos sobre a pele macia, sob sua camisa. Seus braços estavam em volta do meu pescoço, seus dedos acariciando meu cabelo de uma forma que me disse que ela não sabia que estava fazendo isso. Retornando à realidade, meu ódio por mim mesmo começou a aparecer. Não era como as coisas estavam destinadas a acontecer. Eu nunca deveria têla tocado, ainda não. Eu era um idiota, um bastardo egoísta. Lucy merecia mais do que isso, muito mais. Ela valia muito mais do que uma rapidinha no meu escritório depois da nossa primeira briga como um casal. Erguendo a cabeça, ela traçou seus dedos suaves de seda sobre a minha testa. — Hey, — ela murmurou. — O que está errado? — Prometi a mim mesmo que não levaria as coisas tão longe antes que você completasse dezoito anos. Sinto como se tivesse desrespeitado você e o que temos. — Soltei um longo suspiro. — Você me disse mais de uma vez que não estava pronta para isso, mas eu seduzi você. Ela sentou-se, deslocando os quadris sobre o meu pênis ainda sensível. Nós dois respiramos fundo enquanto eu percebia o quanto ela estava molhada. Meu pau decidiu que estava pronto para brincar novamente e ficou duro. Lambendo os lábios inchados dos beijos, Lucy inclinou os quadris até que ela 96
não estivesse diretamente em cima do meu pau. — Eu disse que não estava pronta para o sexo e não tivemos sexo. Isso foi apenas preliminares. Preliminares muito, muito boas. — Ela segurou meu rosto com as duas mãos, recusando-se a me deixar quebrar os nossos olhares quando se encontraram. — Nada do que acabou de acontecer me desrespeitou de forma alguma. Você é o meu namorado, Harris. Você está autorizado a se divertir um pouco comigo. — Você tem dezessete anos, Lu. — Sim, eu sei. Mas somente por mais algumas semanas. Pare de se preocupar. Você não quebrou nenhuma lei. Não há problema em me tocar, juro. — Ela se inclinou e roçou os lábios sobre os meus em um processo lento, um beijo suave que acabou cedo demais. Colocando as mãos no meu peito, ela se afastou, ficando de pé. — Prometa-me que nunca vai se segurar. Que nós podemos ter mais disso antes do meu aniversário. — Lu... — Prometa para mim, ou eu não vou voltar até o dia dois de janeiro. Não vou aceitar qualquer uma das suas chamadas e vou apagar completamente você do meu telefone. — Ela cruzou os braços sobre o peito, me dando aquele olhar que me dizia que estava determinada. Sabendo quão teimosa ela podia ser, acreditei nela quando ameaçou não voltar até depois de seu aniversário. Foi a segunda parte de sua ameaça que me fez suar, no entanto. Eu estaria bem se ela não viesse até a First Bass até depois do Ano Novo, mas não poder falar com ela não era algo com que eu poderia lidar. — Você joga duro, doçura. — Levantei-me e passei meus braços em torno dela por tempo suficiente para roubar outro beijo. Voltando atrás, fiz uma careta para baixo, para a umidade no meu jeans. Eu não podia acreditar que ela realmente me fez gozar no meu maldito jeans. Isso foi definitivamente uma primeira vez para mim. — Tenho que voltar para Caleb, — ela murmurou e eu fiquei tenso. Ela realmente vai me deixar depois do que tinha acontecido? Passar o tempo com outro cara? Porra, preciso de uma bebida. — Você vem comigo? Ele é um cara legal, Harris. Você gostará dele se der uma chance. 97
— Tudo bem, — resmunguei. — Apenas deixe eu me limpar e podemos ir. Seu sorriso fazia valer a pena ter que voltar lá em cima e sair com um cara que eu queria socar no rosto. — Obrigada. Significa muito para mim. Peguei a mão dela e puxei-a para o meu banheiro particular. — Você precisa se limpar também. Tenho roupas extras que eu posso trocar, mas você vai ficar desconfortável se não fizer alguma coisa sobre essa calcinha molhada... — Minha voz desvaneceu quando percebi o que eu disse e meu corpo reagiu à imagem mental que eu tinha acabado de colocar na minha cabeça. Eu fiz sua calcinha ficar molhada e encharcada por sua necessidade por mim. Porra, isso foi incrível. — Ok, me dê alguns minutos. É uma coisa boa que você tem um secador de mãos ali. — Ela riu e entrou no banheiro. Incapaz de parar, abaixei a cabeça e dei-lhe um beijo rápido, forte. — Eu te amo, Lu.
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Capítulo 9
Lucy
— Parabéns para você, — veio a voz profunda do meu pai quando minha porta do quarto se abriu com um leve estrondo. Ele estava equilibrando um prato com um bolo caseiro em uma mão com duas velas no topo, com a forma de um número um e o número oito. Sabia que isso aconteceria antes mesmo de dormir ontem. Sempre acontecia, então eu não sabia por que fiquei assustada quando acordei com isso. Sempre me assustava demais. Quando ele entrou no meu quarto, meus irmãozinhos gêmeos estavam bem atrás dele, cantando junto. Mamãe era a última no quarto e eu me sentei na minha cama quando ela veio para o lado esquerdo pressionar um beijo na minha bochecha, enquanto os outros cantavam o “Feliz Aniversário”. — Faça um desejo, Lu, — Papai pediu quando a música acabou. Sabendo que significava muito para ele que eu fizesse um desejo, fechei os olhos e desejei uma coisa que queria mais do que qualquer coisa no mundo: que ele não se enraivecesse quando eu contasse sobre meu relacionamento com Harris mais tarde. Abrindo os olhos, apaguei as duas velas roxas brilhantes sob os aplausos de Luca e Lyric. Colocando o prato com meu bolo na mesa de cabeceira – aquele que mamãe sempre insistia em fazer, apesar de ter um ridiculamente grande na minha festa a cada ano – meu pai se sentou na beira da minha cama e pegou a minha mão antes da mamãe tirar a dela. Engoli em seco, sentindo que tudo o que ele estava prestes a dizer faria eu me emocionar. — Sua mãe e eu queremos te dizer o quanto estamos orgulhosos de você, Lucy. Sei que às vezes tem sido louco ser a nossa filha, mas nós amamos você pra caramba, baby. — Ele baixou os cílios, escondendo seus olhos em 99
constante mudança de mim e eu sabia que ele estava lutando contra as lágrimas ele mesmo. — Sei que você tem planos com seus amigos hoje, mas nós queríamos te dizer... — Ele parou, sua mandíbula se apertando. Mamãe apertou sua mão e continuou de onde ele parou. — Nós apenas queremos dizer que estamos contentes por você decidir terminar este último semestre do ensino médio ao invés de aceitar a aprovação em Georgetown. Era sua decisão, e nós a apoiamos não importa o que você escolha, mas estamos contentes por ficar um pouco mais. Pisquei as lágrimas e baixei o olhar para meu edredom. Eu não sabia se eles perceberam ou não, mas fui egoísta na minha decisão de não aceitar a admissão adiantada para Georgetown. Se eu tivesse aceitado, significaria deixar meus amigos para terminar o último semestre do ensino médio. E essa não foi a razão, no entanto. Dois meses atrás, quando recebi a carta dizendo que fui aceita no programa de primavera de Inglês na Georgetown, me levou cerca de dois minutos para decidir que eu não iria. Não tinha como eu viajar para o outro lado país e para longe de Harris. Nós ainda não estávamos saindo quando recebi a carta, mas eu sabia que não conseguiria lidar com esse tipo de distância entre nós. Agora que estávamos tão próximos, que eu sabia que ele me amava tanto quanto eu o amava, não teria como deixá-lo. Não importava o prestígio e a honra de entrar em um programa de elite como esse, ou quanto trabalho coloquei no texto que tive que escrever para ser aceita. Georgetown não seria a universidade que eu escolheria no inverno, também. Eu gostaria de ter o meu próprio apartamento na cidade neste verão e quando o segundo semestre terminasse, eu iria para a UCLA. Não foi a minha primeira escolha ou mesmo a terceira, mas não acho que estava fazendo uma má decisão em ficar mais perto de casa. Ficar mais perto de Harris. Limpando a garganta do nódulo que estava lá, levantei meus olhos para encontrar os do meu pai. — Eu amo tanto vocês. Mesmo quando eu for para a faculdade, não irei longe. Vocês ainda terão que lidar com todos os meus problemas irritantes.
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Os olhos do pai se iluminaram, me avisando que ele também estava a bordo sobre a ideia de eu estudar perto de casa, enquanto os olhos de minha mãe se estreitaram. — O que você está dizendo, Lucy? Você não vai escolher a Georgetown? — Layla... — Não, Jesse. Eu quero saber. — Ela tirou a mão de papai e ficou ali, franzindo o cenho para mim, com as mãos nos quadris. — Você vai para a UCLA? É isso mesmo que você quer? Você vai ser feliz com o programa de Inglês lá? — Mãe... — Não. — Ela balançou a cabeça, parecendo mais chateada do que a vi há um longo tempo. — Desde que você tinha dez anos de idade você está falando sobre os programas de Georgetown e Harvard e até mesmo da Columbia. UCLA era a última escolha para você, caso as outras não a aceitassem. O que era uma coisa estúpida de se pensar, porque elas estiveram tropeçando em si mesmas para vir atrás de você no último semestre. Luca e Lyric pularam no final da minha cama onde estiveram sentados, observando-nos pelos últimos minutos. Quando o tom de voz de nossa mãe se ergueu, eles souberam que era melhor sair para não entrar em apuros. — Vejo você no café da manhã, Lucy, — chamaram enquanto corriam do meu quarto. Nem sequer olhei para eles. Eu estava muito focada na mamãe. Ela estava tão chateada que havia lágrimas em seus olhos. — Por que isso é tão importante? — Exigi. — Achei que você ficaria feliz que eu queira ficar mais perto de casa. — Claro que eu quero você perto de casa. Se possível, gostaria de mantêla trancada neste quarto pelo resto de sua vida, bebê. Mas sei que isso não vai acontecer. — Ela passou os dedos através de seu cabelo longo, empurrando as tranças grossas cor de canela para longe de seu rosto. — Você tem sonhos que eu sempre quis ajudá-la a cumprir, Lucy. Você tem talento, um futuro tão brilhante. Georgetown pode dar-lhe muito mais do que a UCLA. — Vamos apenas nos acalmar por um minuto, — Papai tentou cortar.
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— Às vezes os sonhos mudam. — Novas lágrimas queimaram meus olhos e eu tentei segurá-las. — Sinto muito que eu esteja decepcionando você, mas... — Você não está me decepcionando, Lucy. Só não quero que você acorde daqui a quatro anos e se arrependa da sua escolha. Não quero que você perca o seu talento em um lugar onde você não vai ser verdadeiramente feliz academicamente. — Serei feliz na UCLA. Pode não ser a Georgetown quando se trata do programa de Inglês, mas de forma alguma é abaixo do padrão. — Afastei minhas cobertas e sai da cama. Indo para minha mãe, passei meus braços ao redor de sua cintura e encontrei seu olhar sem vacilar. — Eu quero a UCLA, mãe. Por favor, você pode aceita isso e ficar feliz por mim? Sua mandíbula se apertou, os músculos trabalhando por alguns segundos antes que ela deixou escapar um longo suspiro e, finalmente, assentiu com a cabeça. — Sim, querida. Ok. Se isso é o que você realmente quer, vou te apoiar. — É seguro falar agora? Mamãe e eu nos viramos para olhar para papai, que ainda estava sentado na beira da minha cama. Apertei os lábios para não rir ao ver a expressão frustrada no rosto bonito. — Desculpe, pai. Jesse Thornton levantou-se e passou os braços em volta de nós, beijando pela primeira vez o topo da minha cabeça antes de escovar os lábios sobre os da minha mãe. — Já que estão decididas assim, vou dizer que estou feliz que você decidiu ficar perto de casa, Lu. Acho que devemos ir para a cozinha e começar o café da manhã de aniversário da nossa menina. — Sim. — Mamãe assentiu. — Panquecas ou waffles, Lucy? — Me surpreenda, — eu disse a ela enquanto ela e meu pai saiam do meu quarto. Esperei até que a porta se fechasse atrás deles antes de cair de volta na minha cama. Esfregando as mãos sobre meu rosto, peguei meu telefone. Eu não podia acreditar que a mamãe ficou tão chateada com a minha escolha de faculdade. Eu honestamente pensei que ela seria tão fácil de agradar sobre eu ficar em
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casa quanto meu pai foi. Balançando a cabeça, voltei minha atenção para o meu telefone e sorri quando vi uma mensagem de Harris. Feliz Aniversário! Amo você. A mensagem foi enviada às 0:01 am. Devo ter acabado de dormir quando ele a enviou. Sacudindo o meu polegar sobre seu nome, levantei o telefone na minha orelha, enquanto chamava. Sabia que ele estava acordado. Era terçafeira e ele provavelmente já estava trabalhando na First Bass, já que ele esteve fora na noite anterior. — Você contou a ele? Pisquei para sua saudação e soltei uma pequena risada. — Considerando que acabei de acordar e já tive uma cena com a minha mãe, não. Eu não disse nada ainda ao papai, Harris. Mas eu vou, juro. O dia não vai acabar sem que eu lhe diga. Durante a última semana, Harris vinha me perguntando quase que diariamente se eu tinha contado ao meu pai sobre nós ainda. Eu sabia que o incomodava esconder a nossa relação, não apenas do meu pai, mas também do dele, para que Jesse não descobrisse por acidente. Eu lhe assegurei repetidamente que contaria a ele hoje não importa o que acontecesse, no entanto. Era hora de dizer a ele. Hora de colocar tudo para fora para o mundo ver. Eu estava cansada de esconder como eu realmente me sentia sobre Harris Cutter da minha família. — Você e Layla tiveram uma cena? — Pelo som de sua voz, eu podia imaginá-lo franzindo a testa. — Tudo certo? Suspirei. — Está agora. Ela só não gostou muito de eu decidir ir para a UCLA ao invés da Georgetown. Houve um longo silêncio depois disso e eu me perguntei o que se passava em sua cabeça. Depois do que pareceu uma vida inteira, ele finalmente falou novamente. — Você vai ficar aqui? Desejei poder ver seu rosto. Precisava saber o que ele estava pensando, como se sentia sobre minha decisão. Eu não tinha contado a ele sobre isso, não tinha contado a ninguém, realmente, até aquela manhã. — Sim, — respondi simplesmente.
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— Porra, Lucy. — Ele soltou uma respiração forte e eu podia imaginá-lo inclinando a cabeça para trás contra sua cadeira com os olhos fechados. — Você sabe o quanto eu estive temendo o fim de seu ano escolar? Pensei que... Inferno, pensei que você ia me deixar e então eu perderia você por causa de toda essa coisa da longa distância. Isso soa egoísta, porque eu sei o quanto você quer ir para Georgetown, mas sério, doçura, acho que fiquei com uma úlcera só de pensar nisso. — Sinto muito, — murmurei e fechei os olhos, odiando deixá-lo se estressar sem necessidade. — Eu queria que você tivesse me dito. Poderia ter falado antes. — Você vai ser feliz na UCLA? — Claro que vou ser feliz lá. — Balancei a cabeça, sentindo como se eu estivesse prestes a entrar em mais uma batalha sobre qual faculdade eu escolheria. — Você pode simplesmente aceitar que estou indo para a UCLA, sem me questionar? Quero ficar aqui, perto da minha família e de você. É assim tão difícil de acreditar? — Não, claro que não, — ele resmungou. — Mas você tem falado sobre Georgetown desde que você tinha dez, Lucy. Se você estiver ficando por minha causa, quero ter certeza de que será feliz. — Na verdade, vou ficar por mim, para que possa relaxar. — Eu me empurrei sobre um cotovelo. — Ainda nós encontraremos às três? — Tudo pronto. — Ele parou por um segundo antes de falar novamente. — Você está bem? — Se você me disser que me ama de novo, vou ficar. — Eu te amo. Para sempre, — ele murmurou no meu ouvido e eu não pude evitar, além de me derreter pelas minhas palavras favoritas sendo faladas de seus lábios. — Vejo você em poucas horas, doçura. — Mal posso esperar. Tchau, Harris. Jogando meu telefone no final da minha cama, forcei-me a levantar e tomar banho. Deixando meu cabelo úmido, me vesti e desci para tomar café da manhã com a minha família. Ao longo das próximas horas, fiquei ocupada com ligações de todo mundo me desejando feliz aniversário. Até mesmo Caleb
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e Angie me enviaram uma mensagem dizendo que esperavam que eu curtisse meu dia. Os gêmeos Jacobson e seu pai foram embora no dia depois do Natal, para grande decepção de Kin. Após uma briga que foi ouvida no mundo todo - porque os paparazzi garantiram isso - Carter e os gêmeos pensaram ser melhor para Kin se eles fossem embora uma semana mais cedo. Vendo como Kin ficou chateada ao longo da última semana, minha mãe e tia Emmie tiveram ainda mais motivos para odiar Jillian Montez. Temi seriamente pela posição social da vadia se ela não se retratasse com Kin. Tia Emmie não era alguém que você iria querer como inimiga quando seu objetivo na vida era se tornar tão popular como uma Kardashian. Eu nem estava completamente certa do que foi a briga. Kin não quis falar nisso e eu me recusei a acreditar no que os tabloides diziam. Eles nunca diziam a verdade e eu só magoaria minha amiga olhando essas malditas revistas de lixo. Às duas horas, comecei a me arrumar. Deixei o meu cabelo natural hoje, mas com o produto suficiente nele para mantê-lo na altura da bochecha. Puxei-o em um rabo de cavalo e depois comecei a minha maquiagem. Harris e eu faríamos a única coisa que eu realmente queria fazer hoje. Uma tatuagem. Quando ele me deu meu presente de Natal, soube exatamente como eu queria passar o meu aniversário. Ele me deu um colar com um nó celta de diamante e prata representando a amizade. Eu amei aquele colar e não tirei desde que ele me ajudou a colocá-lo. Eu perguntei a ele no dia seguinte se ele faria uma tatuagem do nó celta da amizade comigo e ele ficou mais do que disposto. Amei que era algo que poderíamos fazer juntos, que nos marcaria como pertencendo um ao outro, sem ser algo clichê. Faríamos em nossos pulsos, o dele no direito e o meu no esquerdo, porque ele queria que eles se alinhassem quando ele segurasse minha mão. Já contei aos meus pais, contei o significado por trás da tatuagem combinando, e eles não fizeram objeções. Não que importasse. Eu tinha dezoito anos e eles já não podiam dizer nada sobre eu ter ou não uma tatuagem. 105
Desci às 14:45, sabendo que era hora de eu contar ao meu pai. Eu não sabia o que Harris e eu íamos fazer depois de nosso encontro. Ele mencionou um jantar e, em seguida, talvez voltar à First Bass por um tempo. Eu estava esperando que ele me levasse para casa hoje à noite, mas não sei se isso seria possível ou não. Encontrei papai na sala de estar com os gêmeos. Nós ainda tínhamos mais uma semana de folga da escola de modo que os meninos estavam absorvendo todo o tempo de TV que eles conseguiam. Enquanto eu caminhava pela sala, os meninos decidiram que seria divertido me provocar. Aproximei-me somente alguns centímetros do assento do sofá e uma pilha de braços e pernas começaram a me fazer cócegas. — Parem, — gritei. Eu provavelmente era a pessoa mais suscetível a cocegas do planeta e meus irmãos exploravam este fato. Muitas vezes. — Não, não. Luca seu pequeno... Lyric, pensei que você me amava. — Eu estava rindo tanto que não conseguia respirar. — Papai, por favor! — Ofeguei. — Ok, meninos, deixem sua irmã. — Ele puxou Luca para fora de mim e Lyric levantou-se por conta própria, mas ambos estavam reclamando sobre ter que terminar sua diversão. Fiquei ali por alguns minutos, tentando recuperar o fôlego. Eu tinha certeza que meu cabelo era um desastre total, mas eu não estava preocupada com isso. Finalmente, meu pai me ofereceu sua mão e me ajudou a levantar. Puxei a minha camisa e passei meus braços em volta de sua cintura. — Papai, você me ama, certo? — Essa é a pergunta mais estúpida que você já me fez, Lucy. — Ele me abraçou apertado. — Eu te amo mais do que qualquer coisa no mundo, baby. Você sabe disso. Sim, eu sabia. E exploraria esse fato um milhão de vezes. — E você quer tornar o meu aniversário especial, certo? Seus olhos castanhos em constante mudança estreitaram-se em mim. — Claro. Sorri para ele, dando-lhe um olhar que eu sabia que ele não seria capaz de resistir. — Se eu começar a namorar Harris, você estaria bem com isso, certo? 106
Eu esperava que ele endurecesse e, em seguida, ficasse bravo. Jesse Thornton era sem dúvida um dos pais mais superprotetores do mundo. Sempre soube que o primeiro cara que eu quisesse namorar acabaria aleijado e em uma casa de repouso em algum lugar supervisionado vinte e quatro horas por dia para que Jesse não pudesse terminar o trabalho de assassinar o pobre coitado. Estranhamente,
nenhuma
dessas
coisas
aconteceu.
Seu
rosto
realmente relaxou em um sorriso. — Sim, querida. Se é isso que você e Harris querem fazer, eu vou ficar bem com isso. Pisquei para ele, incerta de que tinha ouvido direito. — Sério? Ele me deu outro abraço apertado e recuou. — Claro, Lu. Na verdade, estou feliz que vocês dois querem começar a namorar. Sei que brigo com o garoto às vezes, mas ele é o único cara que eu não reclamaria de namorar você. Uma mistura de alívio e incredulidade passou atrás de mim. Eu tinha tantos argumentos prontos para convencê-lo de que Harris era um cara bom e que me namorar não seria tão ruim quanto ele imaginava. Agora que ele estava me dizendo com tanta calma que aceitava meu relacionamento com Harris Cutter, fiquei sem palavras. O som da campainha não me tirou imediatamente fora do meu estado de choque. Fiquei lá enquanto meu pai foi atender a porta, repetindo tudo o que ele acabara de dizer. Realmente foi tão fácil? Quero dizer, sério? — Lucy? — Virei-me ao som da voz de Harris. Seu rosto estava cheio de preocupação, enquanto corria os olhos em cima de mim. — Você está bem? — Hum... sim. — Balancei a cabeça na esperança de me livrar do resto da meu choque e conseguir sorrir para ele. — Está pronto? — Eu ia te perguntar isso. — Ele sorriu. — Seu cabelo parece ter uma vontade própria hoje. Nem sequer pisquei. Os gêmeos tinham puxado a maior parte do meu rabo de cavalo baixo, mas não tive tempo de arrumá-lo. Atravessei a sala e agarrei seu braço, puxando-o para a porta da frente onde o meu pai ainda estava de pé, com um sorriso no rosto bonito. Eu precisava ir o mais longe
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possível – caso o meu pai mudasse de ideia e decidisse alimentar Harris para os tubarões que estiveram na praia atrás de casa ontem. Corri para dar a ele um abraço de despedida e praticamente empurrei Harris para sua Maserati. Harris me lançou um olhar por cima do ombro, mas ignorei até que ele estivesse com o cinto de segurança e ao volante. — Qual é o problema com você? — Ele rosnou quando ligou o carro. — Contei ao papai, — Eu informei a ele, observando a porta da frente da minha casa no caso de meu pai sair de repente. — Oh, — Harris fez uma careta. — E? — Ele disse que estava tudo bem com isso. Que ele estava feliz que nós estamos namorando. — Harris saiu da garagem para a rua e só então comecei a relaxar. — Então por que você está agindo como se precisássemos estar fugindo para o México? Fiz uma careta. — Porque foi surreal. Eu não sabia se ele estava falando sério ou não. Isso me assustou mais do que se ele tivesse enlouquecido sobre isso. Harris riu. — Eu sabia que ele não ia ter um problema com isso, Lu. Ele me disse há semanas atrás que se nós decidirmos que queríamos algo mais que amizade, ele estaria bem com isso. Pisquei, incerta de ter ouvido corretamente. — Ele disse? Por que você não me contou? — Explodi. — Eu estava morrendo de medo, temendo por sua vida. Ele deu de ombros. — Você não estava pronta para contar a ele. Era você quem devia contar a ele, sem que eu tornasse mais fácil para você. Eu tinha que saber que você estava realmente pronta para o próximo passo. Fiquei completamente imóvel no meu lugar. — Como é? — Ele realmente pensava que eu não estava levando a sério nosso relacionamento? Que diabos! — Olha, eu sabia que você queria estar comigo, mas também sei que para você não seria realmente verdadeiro até que você contasse a seus pais sobre nós. E é importante para mim, Lucy. É por isso que eu estava tão impaciente por você contar a ele nas últimas semanas. — Ele freou em um
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sinal de parada e pegou minha mão, que agora estava livre daquele maldito curativo. — Não se chateie comigo. Você sabe que estou certo. Eu queria ficar brava, mas sabia que ele estava certo. Droga. — Sinto muito. — Está tudo bem, — ele me assegurou e se inclinou para roçar um beijo rápido e suave sobre os meus lábios. — Eu sabia que tinha que dar-lhe tempo. Estou feliz que agora acabou. Não tenho que fingir que não estou apaixonado por você quando sua família está por perto. — Eu te amo. — Eu também te amo. Para sempre. Essas palavras ficaram ao meu redor enquanto ele seguia em frente. Eu estava nervosa quando cheguei até a loja de tatuagem, mas assim que me sentei na cadeira para ir primeiro, uma calma tomou conta de mim e eu mal senti a agulha enquanto recebia o nó celta com tinta no meu pulso esquerdo. Levou menos de 15 minutos do início ao fim para terminar a tatuagem, e fiquei apaixonada por ela. Harris
sentou
na
mesma
cadeira
quando
terminei
e
quando
terminamos, tiramos uma foto das nossas tatuagens para que eu pudesse enviar para Kin antes do tatuador enfaixá-las. Fora da loja, Harris agarrou minha cintura e me puxou contra ele para um beijo que me deixou em chamas. Como sempre acontecia quando seus lábios tocavam os meus, minha mente desligou. Todos os pensamentos de jantar ou celebrar meu aniversário se evaporaram. Tudo que queria era suas mãos sobre mim, me tocando, me deixando louca por mais. Desde a nossa primeira sessão de amassos, onde ele tinha me feito ver estrelas, fomos ficando ainda mais ousados. Ontem à noite, em seu escritório na First Bass, consegui convencê-lo a tocar o meu local favorito com os dedos. Até então, ele nunca tinha realmente me tocado lá, não com a mão, pelo menos. Sabia que era algo que ele tinha sofrido para fazer – ele pensava ser errado me tocar sexualmente antes que eu completasse dezoito anos, e eu não tinha vergonha de dizer que me senti poderosa quando ele aceitou meus apelos.
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Quando ele levantou a cabeça, nós dois estávamos lutando por ar. — Jantar, — disse ele, como se estivesse tentando se lembrar. — Jantar antes. Chupei meu lábio inferior entre os dentes. Estava começando a ser um hábito, mas eu sabia que fazia Harris enlouquecer quando eu fazia isso. — E que tal a sobremesa antes? Seus braços se apertaram ainda mais, me puxando com mais força contra ele. — Não me tente, Lucy. Está me custando muito não coloca-la no carro e levá-la para o meu apartamento. Este é um dia especial para você, doçura. Fiz beicinho, mas não discuti. Por mais que eu queira ficar sozinha com ele, não quero estragar seus planos. Entretanto, pela dureza de Harris flexionando contra o meu estômago, eu estava seriamente tentada a mandar tudo para o inferno e implorar para ele me levar para casa e fazer amor comigo. Rindo, Harris me guiou de volta para seu carro e me colocou no banco do passageiro. Jantar, eu disse ao meu corpo gritando. E então, iriamos para a First Bass. Eu podia ser paciente. Sério, eu podia. Droga.
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Capítulo 10
Harris Terminar o jantar. Dar a ela o presente. Voltar para a First Bass. Eu ficava repetindo essas três palavras mais e mais na minha cabeça, me lembrando de que eu precisava seguir esse plano. Essa era a rota segura, mas não era o que eu queria fazer. Se fizéssemos o que eu realmente queria, já estaríamos no meu apartamento, na minha cama, e ela já estaria gritando meu nome. Mexi-me na cabine, tentando aliviar um pouco da pressão no meu pau, que estava tentando achar seu caminho. Lucy sentou perto de mim em nosso estande privado, sorrindo e conversando animadamente enquanto comia o seu jantar favorito – frango à parmegiana com muito alho. Eu estava tentando tornar isso tão especial para ela quanto possível, mas a parte inferior do meu corpo estava tentando tornar isso tudo sobre mim. Porra, eu só queria estar profundamente enterrado dentro de seu pequeno e apertado corpo e ficar lá por toda a eternidade. Era assim tão ruim? Não. Não era tão ruim. Não agora que ela tinha dezoito anos. Eu podia tocá-la sem me arrepender agora. Podia fazê-la minha, em todos os sentidos da palavra. Não ia acontecer hoje à noite, no entanto. Não quando eu ainda tinha que passar o resto da noite com nossos amigos. Talvez pudéssemos nos esgueirar em meu escritório mais tarde e ficarmos juntos por uma ou duas horas. — Estou falando muito? Ergui meu olhar de onde estiveram encarando seus lábios. Eu não ouvi metade do que ela havia dito, porque estive cativado por essa boca deliciosa e
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o que eu queria fazer com ela. — Não, — eu disse a ela honestamente. — Só estou pensando em beijar você. Seus olhos ficaram nublados de desejo. Ela colocou a faca e garfo para baixo no prato e limpou a boca. — Eu realmente gostaria que você me beijasse. Você mal me tocou hoje. Peguei a mão dela e uni nossos dedos. — Estou sentindo dor de tanta vontade de tocar em você, doçura. Mas sei que no minuto em que eu fizer isso, será um longo dia. Quero que este aniversário seja perfeito para você. Não quero acabar com isso correndo com você para a minha cama. Seus dedos apertaram os meus. — Talvez eu queira correr, — ela murmurou em uma voz que me fez estremecer com o esforço para me segurar. Jantar. Presentes. Clube. Jantar. Presentes. Clube. Sua língua rosa e molhada saiu de sua boca e deslizou sobre seu lábio inferior. Santo Deus Jantar. Presentes. Clube. — Você é má, sabia disso? Seu sorriso era provocativo, seu riso suave e musical. — Sim, querido. Eu sei. Balançando a cabeça, enfiei a mão no bolso com a mão livre e tirei a caixa de joias que eu pedi para a gerente embrulhar para mim quando comprei na semana anterior. Colocando o presente embrulhado sobre a mesa entre nós, tentei distraí-la na esperança de que isso me distraísse. Seus olhos castanhos escuros se arregalaram quando ela viu a pequena caixa. — O que é isso? Dei de ombros. — Feliz aniversário, Lucy. Sua mão tremia quando ela soltou a mão da minha e pegou a caixinha com as duas mãos, como se pesasse o suficiente para segurar com as duas. Por favor, me diga que não é um anel, Harris.
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Bufei. — Não, doçura. Isso definitivamente não é um anel. Temos um tempo antes de eu entregar um diamante tão grande. — Pisquei quando sua cabeça virou depressa. — Relaxe, linda. Abra o seu presente. Seus dedos ainda tremeram um pouco quando ela desembrulhou a caixa e, em seguida, ergueu a tampa. Seu suspiro suave me disse que ela gostou mesmo antes de levantar os aros de diamante. — Você realmente não deveria ter feito isso. — Eles não foram tão caros, — eu disse a ela. Na verdade, eles custaram um pouco mais do que eu queria que ela soubesse, mas isso não importava. Eu tinha muito dinheiro e queria fazer isso para ela. Sabia que ela não gostava disso, achava que eu estava perdendo dinheiro quando comprava as coisas para ela, então não tinha como eu dizer que havia gastado dez mil nesse presente. — Você vai usá-los esta noite para mim? Ela ergueu as mãos para retirar o primeiro brinco do buraco e colocálos acima da orelha antes de dizer: — Como ficaram? — Linda, — eu assegurei a ela, mas não estava falando apenas sobre os brincos. Ela era tão linda que doía. — Você gostou? — Adorei. Obrigada, Harris. Porque a tentação de beijá-la era muito mais forte agora, rapidamente pedi para encerrar a conta e nos tirar rápido de lá. A viagem até a First Bass foi rápida. Nenhum de nós falou quando demos as mãos e ouvimos um dos nossos canais favoritos de rádio por satélite. — Jace estará aqui um dia. Balancei a cabeça. — Sim, eu sei que ele estará. — O que você vai fazer quando o contrato da Tainted Knights terminar? — Ela estava brincando com meus dedos e eu tinha certeza que ela nem percebia que estava fazendo isso. — Tenho algumas outras bandas de reserva. Pedi à meu pai e à Natalie para levar alguns dos CDs demo para me ajudar a escolher, mas tenho que reduzir para três. — Realmente vou sentir falta de Jace quando a Tainted Knights sair, mas sabia que, com Emmie como gerente, eles iriam longe. Eu só esperava que a nova banda que eu escolhesse para outro ano de contrato trouxesse fãs como a Tainted Knights ainda continuava a fazer.
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Estacionando na frente do clube, virei meu carro para o manobrista em vez de no estacionamento como normalmente. Abri a porta de Lucy e ajudei-a a sair antes de dar um aceno de cabeça ao meu homem, que estava em pé na frente de uma fila de pessoas que queriam entrar no meu clube. O grandalhão tocou o fone em seu ouvido e disse algo que eu não escutei, mas não precisei ouvir para saber o que ele estava dizendo. Sorrindo, deixei cair um rápido beijo suave nos lábios de Lucy antes de puxá-la para o clube. O nível de ruído habitual encheu meus ouvidos quando entramos na First Bass. Tiny estava no lugar de sempre, de pé em frente à entrada VIP. Ele deu um passo para a frente quando nos aproximamos. — Boa noite, chefe. Senhorita Thornton. Lucy se agarrou ao meu braço e sorriu para o homem enorme. — Ei, Tiny. Kin já está aqui? Tiny sequer piscou. — Não tenho certeza, senhorita Thornton. — Oh... — Lucy franziu a testa. — Ok. Puxei-a mais contra o meu lado. — Não se preocupe com ela, Lu. Tenho certeza de que ela está bem. Vamos lá. — Insisti com ela para subir as escadas. — Estou com sede. Vamos beber e relaxar. — Sim, está bem. Levei-a para cima, segurando a mão dela. Quando chegamos ao topo, me virei para encará-la. Ela estava em pé no último degrau com um sorriso no rosto, e não pude resistir roubar mais um beijo. — Eu te amo, Lu. Ela me beijou de volta, sua língua tentando seduzir a minha, jogando um pouco com a dela. Eu não queria nada mais do que fazer exatamente isso, mas haviam coisas que precisavam de nossa atenção. Agarrando cada lado de sua cintura, eu levantei-a do último degrau e a virei para beijá-la. Relutantemente, recuei e me levantei ... — Surpresa! Lucy se empurrou contra mim quando se virou para enfrentar todos os que amava. Seus olhos se arregalaram, sua boca se abriu, e suas mãos foram para seu peito, como se estivesse tentando segurar seu coração dentro dele. Olhei por cima de sua cabeça e sorri para as cerca de cinquenta pessoas que eu chamei para o meu clube, enquanto estive fora com Lucy naquela tarde. 114
Foi ideia minha fechar o clube para fazer a festa surpresa de Lucy na First Bass, mas precisou de Emmie e minha madrasta para arrumar tudo para mim. Agora, o lugar estava decorado com pelo menos mil bexigas roxas, bandeiras da mesma cor e uma faixa dizendo “Feliz Aniversário, Lucy” pendurada por cima do balcão VIP. — O quê? — Lucy riu e balançou a cabeça enquanto olhava de seus pais e seus irmãos mais novos para o resto de sua família. Lana e Drake com suas meninas, Shane e Harper, Nik junto a Emmie e Mia. Meu pai estava lá com Natalie e Trinity. Axton e Dallas Cage. Kin e Jace, assim como o restante da Tainted Knights, e muitos mais, todos aqui para celebrar o aniversário de dezoito anos de Lucy. — Oh, meus deuses. — Ouvi o soluço em sua garganta quando ela deu um passo para a frente. — Isso é... Odeio todos vocês. Vou chorar com certeza. Um coro de risos encheu a sala quando Jesse e Layla envolveram seus braços em volta de sua filha. — Feliz aniversário, querida. — Sem lágrimas, — Emmie ordenou quando se adiantou para abraçar a aniversariante. — Natalie e eu planejamos tudo, exceto lágrimas. Portanto, não faça nada, — brincou ela enquanto beijava o rosto da sobrinha. — Amo você, querida. Feliz aniversário. Enquanto todos tinham sua vez de abraçá-la, fui direto para o bar, onde Jace estava sentado com dois de seus companheiros de banda. Eu só mantive alguns membros da equipe de segurança esta noite para dar a ilusão de que o clube estava aberto para Lucy. Algumas garçonetes também foram convidadas a trabalhar hoje à noite e dois garçons. Nate colocou uma cerveja no balcão e eu assumi o assento ao lado do meu amigo e dei-lhe um aceno de cabeça em agradecimento. — Você está bem? Ergui a garrafa e engoli metade antes de descê-la novamente. — Eu mal consigo andar, porra. O que você acha? Jace jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada. — Pobre homem. Sinto sua dor, cara. É uma dor pré-ereção. Suspirei e terminei o resto da minha cerveja. Quando Nate perguntou se eu queria outra, balancei a cabeça e voltei minha atenção para Lucy que 115
ainda estava sendo engolida pela multidão, todos eles querendo mostrar-lhe algum amor. Como se sentisse meu olhar, seus olhos encontraram os meus e seu rosto se iluminou ainda mais. — Amo você, — ela murmurou e eu pisquei. Braços chegaram em volta da minha cintura e eu virei minha cabeça para beijar o rosto de Jenna. Ela já estava em casa há pouco mais de duas semanas e até agora estava indo muito bem. Parecia saudável e estava agindo como a velha Jenna que eu tanto amava. Eu só esperava que ela ficasse desse jeito quando eu me mudasse no final do mês. Eu não podia ficar no nosso apartamento por muito mais tempo. Não quando ela ainda estava com Tessa - que felizmente não estava presente esta noite. Eu pensei que tinha convencido Jenna que Tessa não era boa para ela, mas ela ainda estava em cima do muro sobre terminar com a outra garota. Tudo que eu queria era que minha amiga fosse feliz, mas eu não ficaria para ver Tessa machucá-la de novo. — Ok? Jenna assentiu com a cabeça, seu sorriso brilhante quando ela pediu à Nate um copo de água gelada. — Amanhã. Não pude evitar franzir a testa, ela não estava fazendo sentido para mim. — Amanhã... o quê? — Vou terminar com Tessa amanhã. — Ela levantou o copo e tomou um gole antes de me encarar novamente. — Você estava certo. Ela é problema e agora que estou limpa, percebo que não estava apaixonada por ela. Estava apaixonada por sua luxúria profunda, mas foram as drogas que me fizeram pensar que era amor. Minha boca caiu aberta por um momento antes de eu fechá-la. Olhar para ela, vê-la em seu estado normal... percebi que ela realmente faria isso. Se ela tivesse dito para me convencer a ficar no apartamento, eu saberia. Seus olhos sempre se moviam e ela tocava a pessoa com os dedos quando estava fingindo. — Você quer que eu esteja lá quando você fizer isso? Ela balançou a cabeça. — Nah, isso é algo que preciso fazer sem você segurando minha mão. Mas, obrigada, Harris. Por tudo.
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— Jen, você sabe que eu faria qualquer coisa por você. Você é minha amiga. Se precisar de mim, sempre estarei lá por você. — Foi uma promessa que fizemos um ao outro quando fui morar com ela no meu primeiro ano de faculdade. Nós sempre cuidaríamos um do outro. Não importa o que. — Eu sei. O mesmo para você. — Ela deu um beijo na minha bochecha antes de se afastar do bar. — Vou abraçar a aniversariante e, em seguida, me esquivar dos meus irmãos. Eles ainda estão curiosos sobre onde estive nos últimos meses e não estou pronta para contar a verdade ainda. — Vejo você mais tarde, Jenna. — Ela está parecendo bem, — Jace comentou ao meu lado. — Acha que ela terá uma recaída? — Espero que não, — murmurei enquanto observava Jenna se espremer pelo caminho entre Harper Stevenson e uma Lana muito grávida para abraçar Lucy. Lucy acolheu-a calorosamente, depois de ter visto em primeira mão a melhora que Jenna teve em sua recuperação. Quando Jenna a abraçou, Lucy abraçou de volta e vi os lábios da minha menina se moverem quando ela sussurrou algo no ouvido de Jenna. A garota mais alta balançou a cabeça e deu um passo para trás com um sorriso triste no rosto. — Ok, seus perdedores, — Grayson Knight resmungou enquanto se levantava do bar. — Estou aqui para fazer um show para o aniversário da menina. Não fiquem sentados aí a noite toda. Vamos lá. Jace murmurou algo baixinho, mas se levantou. — Eu não ganho o suficiente para ter de lidar com as mudanças de humor dele. Eu ri. — Aguente, cara. Tudo vale a pena. — Continue falando isso. Vai que eu acredito um dia.
Lucy Eu não podia acreditar que ele tinha feito isso por mim.
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Este provavelmente foi o melhor aniversário que já tive na minha vida. É claro que eu disse isso antes. Meus pais sempre se esforçavam para me dar aniversários memoráveis, mas esse era diferente. Este era de Harris. Eu nunca esqueceria o quão incrível ele tornou esse 18º aniversário para mim. A festa já durava mais de duas horas agora. A Tainted Knights ainda tocava no térreo e nós todos já tivemos um grande pedaço de bolo de aniversário. Eu podia ver que as poucas crianças presentes começavam a ficar cansadas e eu não podia culpá-las. Depois de toda a emoção do dia, eu mesma estava lutando contra o meu próprio cansaço. Tudo que eu queria era cair na cama e sonhar com este dia perfeito ... Ok, talvez isso não fosse a única coisa que eu queria. Meu olhar encontrou Harris do outro lado da sala. Ele estava sentado em um dos sofás de couro com sua irmã no colo e seu pai do outro lado. De pé perto deles estavam meu pai e Axton Cage. Estavam todos rindo, e conversando animadamente. O que eu não daria para fazer Harris me arrastar pelas escadas até seu escritório e me beijar sem fôlego? Esse pensamento ainda estava em minha mente quando Drake parou ao meu lado. Seus olhos azul-acinzentados se estreitaram em mim quando ele olhou em minha direção. — Você está com Harris agora? Ri com a acusação em sua voz. — De alguma forma, pensei que seria meu pai em cima de mim sobre Harris e eu, não você, Drake. Ele cruzou os braços sobre o peito magro e percebi que ele realmente tinha mudado muito desde que o conheci quando tinha seis anos. Não havia mais sombras escuras sob aqueles olhos claros, olhos que eu ainda podia me lembrar de estarem injetados de sangue de todo o Jack Daniels que ele bebia. Seu cabelo era muito mais limpo agora do que fora na época, com apenas uns fios grisalhos aqui e ali e, honestamente, eu o achava muito mais bonito assim. Ele e minha irmã tinham começado como amigos, assim como Harris e eu, mas mais de um ano depois, ele colocou um anel em seu dedo. Agora, ele e Lana tinha três meninas lindas e outra a caminho. Com cada nova chegada de um dos seus “anjos”, Drake Stevenson tornava-se um homem ainda mais feliz. Se Lana não parasse de fazer bebês, eu tinha certeza 118
de que meu cunhado morreria de felicidade. Eu estava feliz, apesar de tudo. Eu queria Drake feliz. Combinava com ele. — Ele está te tratando bem? — Não sei. Você está tratando minha irmã bem? — Nós dois sabíamos que minha pergunta era, provavelmente, a mais estúpida que alguém já perguntou. Drake deixaria a Terra adorando minha irmã. Ele olhou para algo sobre o meu ombro e, pelo modo como seus olhos suavizaram, eu soube sem olhar que ele estava olhando para Lana. — Vou tomar isso como um sim, — disse ele depois de mais alguns segundos de observação de Lana. Braços fortes me envolveram e me puxaram para um abraço apertado. Seus lábios se pressionaram contra a minha testa. — Feliz aniversário, Lucy. Amo você, doce menina. Eu abracei de volta, absorvendo seu amor. Jesse Thornton poderia ser o meu Demon favorito, mas Drake definitivamente não ficava muito atrás. Claro, eu amava e adorava todos os quatro homens que se tornaram uma parte tão grande da minha vida, mas havia algo em Drake que sempre me fez amá-lo um pouco mais do que Shane ou Nik. — Hey, pare de roubar todos os abraços, — a voz de Lana ordenou e Drake se afastou apenas o suficiente para que ele pudesse puxá-la em nosso abraço. Ela inclinou a cabeça escura no ombro de seu marido e tentou revidar um bocejo. — Vocês devem estar prontos para ir para casa. — Toquei sua barriga de grávida, rindo quando a minha mais nova sobrinha chutou contra o meu toque. — Você não tem muito mais tempo aí, anjinha. — Odeio levar todos embora, mas já passou da hora de dormir das meninas. E, honestamente, estive pronta para dormir desde que acordei esta manhã. — Lana deu um beijo em minha bochecha. — Você teve um bom aniversário, Lucy? Sem perceber o que eu estava fazendo, olhei para Harris de novo. Ele estava abraçando Trinity, muito provavelmente dizendo-lhe boa noite. A visão dele com sua irmã pequena assim me disse que ele seria um grande pai um dia. Ele era um cara bom, um homem forte. E era todo meu.
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— Este foi o melhor aniversário de todos, Lana. — Abracei ela e Drake mais uma vez antes de recuar. — Obrigado por terem vindo, pessoal. Significa muito para mim. — Nós não teríamos perdido isso, Lu. Eu estava com eles enquanto reuniram suas filhas. Ao contrário dos outros, que deixaram seus filhos mais jovens em casa, Lana trouxe todas as três com ela. Neveah completou nove anos recentemente, apenas alguns anos mais jovens do que meus irmãos - Heavenleigh ainda era pequeninha com seus 18 meses, deixando Arella como a filha do meio aos seis anos de idade. Cada uma me deu grandes abraços e beijos molhados antes de seus pais levarem-nas. Quando me virei de acenar uma última vez, quase bati no homem alto de pé atrás de mim. Duas mãos grandes me seguraram para me firmar e eu sorri para um rosto que era quase um espelho do de Harris. — Sr. Cutter. Seus olhos de água-marinha estavam cheios de diversão quando ele balançou a cabeça, fazendo seu longo cabelo cair sobre seu ombro. Quando ele sorriu, exibindo essas malditas covinhas para mim, percebi que era assim que Harris pareceria quando ficasse mais velho. Os homens Cutter poderiam passar por irmãos-gêmeos se você estivesse em uma iluminação fraca. — Quantas vezes lhe pedi para me chamar de Devlin ao longo dos anos, Lucy? — Oh, eu diria que cerca de mil, mas nós dois sabemos que não vou fazer isso. — Sim, o que não me impede de ter esperança, no entanto. — Ele passou os braços em volta de mim e eu sabia que, com todos os abraços apertados que eu recebi esta noite, provavelmente estaria dolorida na parte da manhã. Não que eu me importasse. Amei tudo. — Queria dizer-lhe feliz aniversário novamente antes de sair. — Obrigado, Sr. Cutter. E obrigado por terem vindo esta noite. Os olhos de água-marinha dele ficaram de um tom mais escuro de azul quando ele recuou, seus olhos deslizando sobre meu rosto. Naquele momento eu vi o pai nele, e não o roqueiro ainda sexy. — Sempre esperei que você e Harris ficassem juntos um dia. Estou muito feliz que você decidiu dar-lhe uma chance, Lucy. 120
Corando, baixei os olhos, sem saber o que dizer sobre isso. Cutter Devlin riu. — Feliz aniversário, Lucy. — Ele beijou minha bochecha e se afastou. — Foi bom vê-la novamente, querida. — Sim, — eu murmurei. — Você também. Lentamente, todos começaram a ir para casa. Tia Emmie, Nik, e Mia me deram um enorme abraço em grupo e seguiram Shane e Harper porta afora. Logo, eram apenas meus pais, irmãos, Jace, e Harris. Todos nós caímos em um grupo de sofás e eu me inclinei contra Harris, fechando meus olhos. Toda a emoção do dia acabou comigo. O sono estava tentando me puxar para baixo e eu lutei contra ele, querendo um pouco mais de tempo com meu namorado. Em torno de mim, pude ouvir um pouco das conversas, principalmente Kin e Jace brigando enquanto meus pais tentavam convencer os gêmeos de que precisavam tomar banho quando chegarmos em casa. Nenhuma delas me importava, no entanto. Tudo o que eu queria fazer era ouvir o coração, do cara que era dono do meu próprio, batendo firme. — Hora de ir para casa, doçura. — Ouvi Harris murmurar perto do meu ouvido. — Não quero ir, — murmurei, já meio adormecida. — Desculpe, querida. — A voz da minha mãe tentou penetrar minha mente cheia de sono. — Os meninos precisam estar na cama e você parece que precisa de uma, também. Aumentei meu aperto na cintura de Harris. — Não. Estou confortável aqui. — Talvez eles me deixassem ficar se eu me segurasse firme o suficiente. Talvez eles deixassem Harris me levar para casa com ele ... Quase sorri com esse pensamento antes mesmo de desenvolvê-lo na minha cabeça. Sim, certo. Certo que Jesse Thornton deixaria isso acontecer. Harris riu baixinho e eu senti seus lábios no meu cabelo antes de um par de braços fortes me levantarem. Abri um olho para olhar para o meu pai por um segundo. — Mas eu quero ficar, — gemi. Papai me trouxe para mais perto e o calor de seu corpo misturado com a paz e a segurança que sempre senti quando ele me segurava assim foram a combinação perfeita e eu desisti da batalha para me manter acordada.
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Capítulo 11
Harris A festa já havia acabado há mais de uma hora. Jace e Kin ainda estavam por perto, me fazendo companhia enquanto a minha equipe arrumavam a bagunça. Quando Kin começou a bocejar, no entanto, Jace convenceu-a a darlhe uma carona para casa. Por cerca de um minuto, me preocupei com Jace e se ele ou Kin cometeriam assassinato. Eu não fiquei muito feliz quando ela saiu pela porta de trás com meu amigo. Balançando a cabeça, decidi que Jace era um menino grande e conseguiria lidar com a linda ruiva. Depois de me certificar de que o clube estava limpo, tranquei tudo e fui para casa. Eu não estava esgotado, nem perto disso, e duvidava que conseguiria dormir muito naquela noite. Não quando o meu corpo ainda estava em alerta máximo. Eu estava contando os dias até que Lucy fosse maior de idade, e agora que ela era, meu corpo estava pronto para dar o próximo passo. Fiquei grato por seus pais levarem-na mais cedo para casa. Se fosse eu a fazer isso, teria sido a minha casa e não a dela. Jesse Thornton pode ter me aceitado
namorando sua filha única, mas eu duvidava que ele aceitaria que
a levasse para meu apartamento poucas horas depois de ela fazer dezoito anos. Abrindo a porta para o apartamento que eu dividia com Jenna, fiquei surpreso ao ouvir a TV na sala de estar. Jenna me mandou uma mensagem quando chegou em casa para me avisar que já iria dormir. Ficando tenso de imediato, percebi que era Tessa sentada no sofá assistindo algum tipo de filme velho. Puta que pariu. 122
O apartamento era enorme, mas sério, não era grande o suficiente para colocar uma distância suficiente entre mim e Tessa. O tamanho do país não era longe o suficiente. Eu odiava aquela vadia e estava mais do que feliz que Jenna acabaria tudo com ela amanhã. Talvez com ela fora daqui eu decida ficar ao invés de sair no final do mês. Ignorei-a quando fui para a cozinha e peguei o recipiente de chá doce que Jenna fez naquela manhã. Ninguém fazia chá doce como Jenna. Havia apenas um copo sobrando e eu engoli metade dele em um gole. Huh, que sabor amargo. Encolhendo os ombros, porque percebi que Jenna se distraiu e deixou o chá por tempo demais na máquina, engoli o resto e contornei a sala de estar quando fui para a cama. Eu precisava de um banho, mas primeiro queria mandar uma mensagem a Lucy. Espero que você lembre-se sempre deste aniversário, doçura. Eu amo você. Para sempre. Ela não respondeu, mas sabia que não iria. Ela estava dormindo profundamente quando andei com ela até o carro dos Thorntons mais cedo. Ela nem se moveu quando dei um beijo sobre seus olhos fechados. Dei um suspiro frustrado, porque tudo o que queria era ter Lucy me esperando na cama. Parecia que eu teria que cuidar da dor em meu corpo sozinho. Eu mal dei um passo em direção ao meu banheiro quando uma onda de tontura me bateu. Era forte o suficiente para me fazer tropeçar e eu parei, piscando quando o mundo ao meu redor esmaecia e ficava embaçado. Porra, o que diabos havia de errado comigo? Alcançando o final da minha cama, agarrei-a e me encostei no final do meu colchão. Esta sensação era familiar, mas ao mesmo tempo completamente estranha. Me fez lembrar dos dias em que eu vivia drogado. Foi uma fase na minha vida que não durou muito tempo, mas era algo que eu provavelmente nunca esqueceria. Mas isso? Era uma centena de vezes pior. Gemendo, porque o quarto estava girando, caí para trás sobre o colchão. Isto estava errado. Alguma coisa estava errada. Eu sabia disso, mas não havia 123
nada que eu pudesse fazer. Não quando cada vez que eu levantava minha cabeça, eu sentia que cairia da Terra e flutuaria no espaço. Era um sentimento assustador. Aterrorizante. Pensando que eu precisava ligar para os meus pais, achei ter ouvido a porta do quarto ser aberta. Por um momento, até pensei que havia alguém no meu quarto. — Jenna? — Ouvi a minha voz, mas soou como se viesse de um poço profundo. Meu último pensamento antes que eu perdi todo o raciocínio cognitivo era que eu estava em sérios apuros.
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Capítulo 12
Lucy
Meu telefone estava agitado. A cada poucos segundos eu o ouvia tocar, e mesmo quando lutava contra a força do sono, eu estava recebendo mensagens e mensagens. Eu não queria acordar do sonho que estava tendo. Era bom demais para deixar isso para trás. Meu telefone e quem estava chamando não pareceu se importar, no entanto. Gemendo, estendi a mão às cegas para a coisa irritante e, lentamente, ergui um olho quando o encontrei. Aproximando-o do meu rosto, vi na tela bloqueada que era Harris, mas não havia mensagens, apenas o que pareciam ser vídeos. Sorrindo, desbloqueei o telefone e abri o primeiro vídeo. Cinco segundos depois, o sorriso tinha ido embora e eu estava lutando contra a vontade de vomitar. Não, meu coração gritava, negando o que meu cérebro estava vendo. Não, ele não faria algo assim. Não comigo. O primeiro vídeo durou apenas trinta segundos. Eu sabia o que estava acontecendo, podia ver meu namorado com as mãos na vadia que eu reconheci ser Tessa. Era difícil compreender. Que diabos estava acontecendo? Não conseguia aceitar isso como a verdade. Talvez ela estivesse usando algum tipo de software de edição de vídeo e esse não era realmente Harris. Por favor, deixe que seja isso. Havia dez vídeos, cada um durando em média 30 a 60 segundos, e continuando exatamente de onde o anterior parava. Como a masoquista que eu era, assisti cada um deles. Os suspiros, os gemidos sexuais e as palavras sussurradas nos quais eu não consegui acreditar que ainda estava assistindo quando isso estava me fazendo mal fisicamente, mesmo quando meu cérebro 125
estava tentando criar uma razão para isso estar acontecendo, que isso era apenas um pesadelo. Lágrimas queimaram meus olhos e me cegaram, mas esfreguei-as com raiva enquanto continuei a assistir, desesperadamente à procura de alguma pista que exonerasse Harris. Quando o último terminou e Harris estava deitado de costas, com o braço jogado sobre o rosto, o peito arfando pelo esforço, enviei uma resposta de volta com dedos trêmulos. Que diabos é essa merda? Meu estômago caiu pelo chão quando li a mensagem eletrônica em menos de dez segundos mais tarde. Isso é vingança. Jenna vai terminar comigo hoje. É por sua culpa e de Harris que ela não me ama mais. Espero que tenha gostado do show, garota. Estará em todos os sites pornô de vingança dentro de uma hora. Bons sonhos, pequena Lucy. Ah Merda. Isso era ruim. Tão, tão ruim. Se Tessa colocasse esse vídeo em todos os sites, e eu tinha certeza de que havia centenas deles, a vida de Harris estaria terminada. Não só a imprensa associaria o vídeo com seu negócio na First Bass, mas mais do que isso, se meu pai visse, acabaria com ele. Acabaria feio com ele. Empurrando a dor no meu coração para baixo, pulei da cama, pisei em um par de sapatilhas de balé, e joguei o meu robe antes de correr para fora da porta. Não havia porquê fazer silencio. Depois de anos de dormir em um ônibus de turnê, precisávamos tomar medidas drásticas para tirar o meu pai para fora da cama, a menos que ele estivesse pronto. Meu coração estava batendo quando saí da casa, meu telefone já ao meu ouvido enquanto eu esperava alguém atender na outra extremidade. — Sim? — Veio a voz áspera de sono da minha tia. — Tia Emmie! — Chorei quando comecei a correr pela rua até a casa dela. — Preciso de sua ajuda. Por Favor. É importante. — Lucy? — Ela parecia mais acordada agora. — Querida, o que está errado? Jesse? — O medo na voz dela me disse que ela pensou que algo estava seriamente errado com meu pai. 126
— Não, tia Emmie. Papai está bem. Por Favor. Sei que é tarde, mas isso não pode esperar. — Vou encontrá-la na porta da frente, querida. — Eu ouvi ela se mexendo e sussurrando algo para Nik e então o telefone ficou mudo. Eu já estava subindo os degraus de sua varanda. Não querendo acordar as crianças ou a babá, não toquei a campainha. Menos de um minuto depois, Emmie abriu a porta vestida em sua camisola e um robe aberto, seu rosto uma máscara de preocupação. Assim que ela me viu, me puxou para seus braços. — Deuses, Lucy. O que está acontecendo? — Harris está em apuros, — gemi através do nó na garganta. — Você tem que ajudá-lo. Por favor, tia Emmie. Recuando, a pequena ruiva passou os olhos verdes grandes em cima de mim por um longo momento antes de me puxar para dentro da casa. Ela não falou novamente até que estávamos em seu escritório na parte de trás da casa. Empurrando-me em uma das duas cadeiras em frente de sua mesa, ela foi até a pequena geladeira e tirou uma garrafa de água. Abrindo-a, me obrigou a tomar alguns goles antes de se inclinar para trás contra sua mesa. — Ok, vamos começar pelo começo. O que aconteceu que Harris precisa da minha ajuda? Esse menino é bastante autossuficiente na minha opinião. Tudo o que ele fez com a First Bass foi obra dele. Nem eu nem Natalie o ajudamos a chegar onde ele está, em relação a isso. Minha mão tremia tanto que eu quase deixei cair meu telefone quando o ofereci a ela. — A namorada de Jenna... — Fiz uma pausa e respirei fundo. Eu sabia que se Emmie iria me ajudar, então eu precisava ser cem por cento honesta com ela. Teria que começar do início, porque sabia que ela descobriria por conta própria e, em seguida, ficaria puta quando o vício de Jenna for revelado. Chateada o suficiente para não querer ajudar Harris depois disso. — A namorada de Jenna, Tessa? — Emmie assentiu. — Ela deixou Jenna viciada em cocaína. — Os olhos de Emmie arregalaram, mas ela não fez mais que um movimento e eu continuei. — Harris a levou para uma clínica de reabilitação no Arizona e foi onde ela esteve nos últimos meses. Ele
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convenceu-a de que Tessa é ruim para ela e Jenna finalmente decidiu romper tudo. Harris me disse mais cedo esta noite que ela deveria fazê-lo amanhã. — Ok. — Emmie cruzou os braços sobre o peito. — Nós vamos ter uma longa conversa sobre Jenna e sua reabilitação mais tarde, mas por agora me diga o que Jenna romper com esta menina tem a ver com Harris. Empurrei meu cabelo para fora do meu rosto e enxuguei algumas lágrimas perdidas. — Olhe para as mensagens, — sussurrei. Ela ficou lá me olhando por um longo momento até que ela finalmente olhou para o telefone que eu ofereci a ela. Ela tocou o primeiro por menos de dez segundos antes de recuar e percorrer o restante das mensagens. Seu rosto estava duro como pedra quando finalmente colocou o telefone em sua mesa. — Você assistiu? Todos eles? — Balancei a cabeça, incapaz de olhar nos olhos dela. — Você é muito mais forte do que eu já lhe dei crédito, Lu. Eu teria ficado pronta para arrancar a cabeça dessa cadela fora e enfiá-la goela abaixo de Harris. Fechei
meus
olhos,
tentando
bloquear
as
imagens
que
me
assombrariam para sempre. Meu coração estava quebrado, meu peito sentindo como se pudesse rachar caso eu respirasse demais. Agora estava caindo a ficha do que realmente aconteceu e o tremor nas minhas mãos estava piorando. — T... talvez haja uma boa razão para Harris ter feito isso. T... talvez — Sim, Lucy. Talvez. — Ela apertou as mãos em punhos em seus lados. — Então o que você quer que eu faça, querida? Como posso ajudá-lo? Porque será você quem eu estou ajudando, não Harris. — Pare com ela. Não importa o que realmente esteja acontecendo aqui, é, obviamente, Harris nesses vídeos. Se ela colocar na internet, todos os seus sonhos para a First Bass irão por água abaixo. Ele perderá o clube, e se o papai descobrir, sua vida. — Chupei meu lábio inferior entre os dentes, tão forte que eu sabia que iria machucá-lo se não parasse. — Você sabe o quão difícil é tirar alguma coisa da Internet? — Ela perguntou. — Querida, uma vez que está lá fora, está lá fora para sempre. Não posso prometer que isso não vá explodir e se espalhar. Harris é conhecido.
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Pelo sucesso do seu clube e por ser filho de Devlin Cutter, se a imprensa se apoderar disto, acabou. Medo fresco e lágrimas novas queimaram através de mim e eu abaixei minha cabeça, incapaz de evitar o soluço. — P... por favor, tia Emmie. Tente, por favor. — Ah, querida. — Ela se agachou na minha frente e pegou minhas mãos nas dela. — Vou fazer o meu melhor, Lucy. Eu prometo, vou fazer tudo que puder. Mas terei que fazer algumas chamadas porque não posso fazer isso sozinha. Incapaz de falar através do nó de emoções na minha garganta, tudo o que eu pude fazer foi dar um aceno de cabeça. Emmie segurou minha mão por mais um momento antes de dar-lhe um aperto suave e de se levantar. Ela contornou a mesa e sentou-se em sua cadeira antes de pegar o telefone em sua mesa. Mesmo antes de começar a teclar, eu sabia para quem ela estava ligando. Depois de um momento, Emmie falou para o receptor. — Natalie? Seu enteado precisa de você... Enquanto Emmie falou, dando os detalhes para sua segundo no comando, eu tentei me acalmar. Tentei empurrar tudo para fora e me esconder da dor que estava me fazendo doer toda. Eu não conseguia pensar quando minhas emoções estavam tão à flor da pele, não conseguia respirar. Sem olhar para a minha tia, me desculpei e corri pelo corredor até o banheiro. Quando cheguei lá dentro e tranquei a porta, coloquei minhas mãos sobre os lados da pia e abaixei minha cabeça para que não tivesse que olhar para mim mesma no espelho. Fazia um longo tempo desde que fiquei tão ruim. Eu consegui lidar com isso, enfrentar meus medos. Harris facilitou tudo. Ele me deixou melhor. Agora, com meu coração tão abalado e meu cérebro tão confuso, eu tinha que fazer alguma coisa ou não sairia desse banheiro completamente intacta. Afastei-me da pia e abri o armário que continha toalhas, papel higiênico, e outras coisas que um hóspede pudesse precisar. Incluindo um pacote de lâminas de barbear descartáveis. Elas estavam abertas, então peguei uma e
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tirei a tampa de proteção. Sentada na borda da banheira, levantei meu pé esquerdo, tirei meu sapato, e olhei para os dedos dos pés. Havia pequenas cicatrizes no começo de cada dedo do pé, todas elas auto infligidas. Ninguém sabia o que eu fazia e sempre garanti que continuasse assim. Comecei a me cortar quando tinha doze anos. Começou por acidente. Fiz um corte fundo no meu pé em algo afiado na praia um dia, e a dor... A dor me distraiu das coisas na minha cabeça que agitavam minha mente na época. Eu ainda era incapaz de lidar com o que aconteceu quando eu tinha nove anos, quando o meu pai biológico me levou. Me sentia como se não houvesse ninguém com quem pudesse conversar, ninguém que pudesse me entender. Mas a dor vindo do corte havia me liberado. Pude me concentrar nela por um tempo e, curiosamente, isso me ajudou a respirar. Dormir à noite ficou mais fácil e até que o corte se curou, eu quase me sentia como a Lucy de antes daquela noite terrível. Depois, quando o corte desapareceu, eu estive bem por um tempo. Mas as coisas começaram a aparecer de novo e uma noite percebi que talvez eu pudesse me fazer sentir bem de novo. Se eu me machucasse fisicamente, então a dor emocional era suportável. Eu poderia lidar com isso. Mas teria que ser em algum lugar que ninguém pudesse ver, em algum lugar que ninguém pensaria em olhar ou se preocuparia que eu me cortasse muito profundo. Não poderia ser em meus braços e pernas. Vivíamos em Malibu, onde eram esperado se usar shorts em setenta e cinco por cento do tempo. A parte inferior dos meus pés era o único lugar em que eu pude pensar, então comecei a usar minha navalha e fazer pequenos cortes sob meus pés. A dor foi imediata e com isso veio o alívio. Com cada gota de sangue pingando para dentro da banheira, eu conseguia respirar melhor. Ao longo dos anos percebi que o que eu estava fazendo era ruim, que eu estava prejudicando a mim mesma. Pessoas normais não faziam isso consigo mesmos. Então, tentei encontrar outras formas de lidar com meus problemas - exercícios respiratórios, exercícios físicos, fazer uma sessão extra com o meu terapeuta e lentamente consegui superar essa minha necessidade de me cortar. 130
Este momento não era um daqueles momentos em que exercícios de respiração profunda ajudariam, no entanto. Eu precisava ficar tão longe da dor dentro de mim quanto possível. Agarrando um punhado grande de papel higiênico, me endireitei quando comecei a deslizar a lâmina pelo dedão do meu pé. Ela cortou mais fundo do que eu pretendia, mas estava bem. A dor era bem vinda. Apertei o papel higiênico para estancar o sangue escorrendo e respirei fundo pela primeira vez desde que peguei meu celular. Deixei o corte sangrar por um minuto antes de colocar pressão sobre ele. Logo que o fluxo de sangue diminuiu, manquei de volta para o armário e encontrei um curativo. Envolvendo-o no corte profundo, coloquei meu pé de volta no meu sapatinho de ballet antes de esconder a lâmina no lixo e lavar minhas mãos. No momento em que eu voltava para o escritório de Emmie, ela estava acabando de desligar o telefone. Quando me sentei de novo, ela me deu um sorriso triste. — Natalie irá verificar Harris. Quanto ao vídeo, tenho cinco dos melhores especialistas de computador trabalhando para retirá-los. Já estavam em dez sites, mas um deles conseguiu retirar alguns. Alívio queimou como ácido através de mim. — Mas o que dizer de Tessa? Nós não podemos deixá-la ir longe com isso, tia Emmie. — Não vai. Falei com Seller, que faz toda a nossa segurança. Ele lidará com ela. — Ela se sentou em sua cadeira, seus grandes olhos verdes suavizando um pouco quando pararam em mim. — A única coisa com que você realmente precisa se preocupar agora, Lucy, é você. O que vai fazer a respeito de Harris? Só pensar nele fez o meu peito doer. Apertei meu dedo machucado e deixei escapar um longo suspiro. — Não sei, — disse a ela honestamente. Eu não podia pensar sobre o que ia acontecer comigo e Harris. Era demais. Nem mesmo a dor no meu pé poderia me ajudar a lidar com o que o amanhã poderia trazer para a gente. — Apenas não sei. — Bem, isso é uma resposta razoável. Layla e Lana ambas decidiram fugir quando foram magoadas, então sua indecisão é muito mais madura do que apenas fugir como elas. 131
Fiz uma careta. Sabia que Lana correu para Nova York depois que Drake fez algo estúpido, mas minha mãe? — Mamãe correu? Não me lembro disso. Emmie deu de ombros. — Ela quase correu. Ela ouviu seu pai e eu conversando e assumiu algo que simplesmente não era verdade. Ela estava fazendo as malas quando Jesse a encontrou e convenceu-a de que ela tinha entendido errado e pediu-lhe para casar com ele. Você estava em uma festa do pijama, acho. Foi logo antes todos de nós irmos para Las Vegas e eles se casaram. — Oh... — Fiz uma careta. Então as duas correram, ou pelo menos tentaram. Ajudou? Quando Lana foi embora, fugindo de sua dor pela perda de Drake, isso a ajudou? Eu realmente precisava saber a resposta para isso.
Continua ...
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