Raízes Revista Cultural

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RAÍZES QUEM VIU O SACI? Artigo | página 9. AS VOZES DAS MULHERES NEGRAS NA ARTE Crítica | página 22 A IMPORTÂNCIA DO SLAM Notícia | página 19
Projeto gráfico: Izabella Yasmin, Laura Fernanda, Melissa Moliere e Nicolle Helena.
"Um povo sem memória é um povo sem história”
- Emília Viotti da Costa
5 Q U E M V I U O S A C I ? Artigo 4 A P R E S E N T A Ç Ã O Apresentação da revista ao leitor 9 A I M P O R T Â N C I A D O S L A M Notícia 12 A S V O Z E S D A S M U L H E R E S N E G R A S N A A R T E Crítica 15 C I N E M A N O V O : A B U S C A P E L A I D E N T I D A D E B R A S I L E I R A N A S É T I M A A R T E Artigo 19 P R O T A G O N I S M O F E M I N I N O N A S O B R A S I R A C E M A E P O C A H O N T A S Artigo 22 O S E F E I T O S S O N O R O S E M P O E M A S M O D E R N I S T A S Artigo SUMÁRIO 3 24 S O M O S T O D O S P O E S I A Poema 27 R E F E R Ê N C I A S

APRESENTAÇÃO

Esta revista divulga artigos, poesias, entrevistas, ilustrações, críticas e notícias desenvolvidas pelos alunos do 4ºperíodo da graduação de Letras da PUC Minas e objetiva o realce da cultura nacionalista brasileira

Para a realização deste número, procurou-se extrair de obras literárias brasileiras como, por exemplo, o personagem fictício Saci, criado a partir de uma lenda da região sul do Brasil e produzido literariamente por Monteiro Lobato.

Criada para fins acadêmicos, esta revista conta com uma variedade de artigos que enriquecem culturalmente os leitores que se interessam pela da estética brasileira Todos os elementos gráficos foram pensados para provocar uma sensação de reavivamento das memórias de objetos que se realçaram na cultura do Brasil. A capa é um exemplo disso a partir das obras da tão conhecida Tarsila do Amaral, chamada "Antropofagia", de 1929. Tarcila do Amaral é uma pintora bastante conhecida e prestigiada no Brasil. Já o título remete às raízes do nosso país, a nossa verdadeira identidade nacional.

Com a vibe nacionalista pelo ar, duas alunas decidiram escrever poemas para contribuir com este projeto e está disponível nas últimas páginas deste exemplar

Por fim, este volume foi organizado por 5 professoras orientadoras, sendo elas Arabie Bezri Hermont, Daniella Lopes Dias Ignácio

Enfatiza-se, ainda, a dedicação dos alunos no desenvolvimento desta revista

Rodrigues, Raquel Beatriz Junqueira Guimaraes, Terezinha Taborda Moreira e Valquíria Carolina Pimentel Sales de Carvalho.
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NOVO:

A BUSCA PELA IDENTIDADE BRASILEIRA NA SÉTIMA ARTE

Após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial, com destaque para os Estados Unidos, que assumiram o protagonismo político no continente e no mundo, aos poucos um novo padrão passou a ditar aspectos globais, desde a economia e a política até arte e a cultura: o norte-americano. Nesse ambiente, pode-se dizer que o cinema brasileiro também sofreu os efeitos da americanização da sétima arte resumindo-se basicamente a musicais, comédias e romances de caráter épico no estilo hollywoodiano As inovações tecnológicas contribuíram para a hegemonia que os Estados Unidos detinham sobre os outros países em relação ao controle do que era produzido e popularizado na década de 1940, e as produções cinematográficas nesse período assumiam uma natureza mais comercial, que tinha como principal objetivo a venda de ingressos, aliando-se à industrialização dos meios de produção para obter o lucro desejado Desse modo, a arte era pouco valorizada e não mais reconhecida como forma de expressão estética

Segundo Machado, o cinema apresenta em sua conformação um aspecto dicotômico que pode ser observado em sua função social enquanto uma manifestação artística, cultural e política.

O caráter comercial e o êxito de bilheteria, meta principal de algumas produções cinematográficas, configura o cinema com uma indústria ou, em alguns países, uma tentativa de industrialização, provocando cada vez mais a dicotomia da expressão arte versus indústria (SELIGMAN apud MACHADO, 2009, p 83)

A busca pela retomada de um fazer cinematográfico que visava não apenas o sucesso de bilheteria, mas algo que fosse inovador do ponto de vista estético e temático está centrada no pressuposto de que o cinema é uma forma de expressão artística e política; e, com isso, é importante que tenha um caráter de denúncia Foi nesse contexto que, no final da década de 1950, nasceu o Cinema Novo, principal movimento cinematográfico do Brasil Tímido de início, o Cinema Novo foi um movimento de cunho artístico e cultural que buscava ressignificar a forma de fazer cinema no Brasil e tinha sua base em um sentimento de busca pela identidade brasileira, que estava sendo repensada a partir dos moldes do Modernismo. De modo geral, o movimento modernista iniciado nos anos 1920, desempenhou um importante papel na ressignificação do cinema brasileiro ao influenciar diretamente os temas que os cineastas buscavam trazer para a frente das câmeras, movidos pelo desejo de valorizar o povo brasileiro em um contexto social e militante

Os filmes produzidos, entre a década de 1920 e 1950, no Brasil, tinham a Europa como referência, e o Cinema Novo propôs um escape dos moldes clássicos de fazer cinema ao ensejar retratar de modo mais visceral aquilo que seria o real Assim, o movimento teve como seus princípios a valorização de temas nacionais e o contato com a realidade social na qual os brasileiros estão inseridos O processo inicial foi realizado por jovens em busca de revolução, que visavam combater a pouca

CINEMA
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pouca ou quase nula intelectualidade da população, utilizando-se de poucos recursos para isso. O movimento teve grande importância, pois com ele foi possível apresentar o real cotidiano do país, destacando e valorizando as diferentes culturas existentes nele e promovendo, assim, a busca pela identidade nacional

Tal sentimento é explorado no documentário “Cinema Novo” (2022), da Netflix, que reúne um conjunto de entrevistas de alguns dos precursores do movimento Segundo os relatos trazidos, havia uma “vontade” de produzir filmes e outras peças cinematográficas que fossem voltadas para a representação da realidade brasileira de forma engajada e sóbria, rejeitando o que era tido como um cinema maculado pelo industrialismo cultural.

nas ruas com o intuito de captar melhor a essência social brasileira – em contraposição ao estilo hollywoodiano de gravar filmes em estúdios Para além disso, a proposta era de redescobrir o povo brasileiro através da continuidade de uma mobilização que já acontecia na Literatura desse período, estendendo-a para o cinema Alguns dos autores que serviram de referência para o Cinema Novo citados no documentário são Jorge Amado e Guimarães Rosa, que participaram do movimento literário modernista trazendo como proposta estética o reconhecimento das diversas culturas que compõem a identidade brasileira.

O Cinema Novo era liderado por jovens que cresceram em meio a um momento de muito conservadorismo e repressão, fazendo com que eles questionassem tais valores e iniciassem movimentos com o intuito de rompê-los. Eles queriam lutar contra uma política que para eles causou um empobrecimento intelectual na população brasileira, tendo como sua principal arma uma arte que buscava se aproximar do povo através da identificação, levando às telas críticas e um sentimento de revolta contra os problemas político-sociais do país.

O movimento ganhou força nos anos 60, quando, inflamado pela Ditadura Militar, revelou-se politizado e emparelhado com a vivência das camadas proletárias, assumindo um aspecto revolucionário ao gravar cenas nuas

Para além disso, a proposta era de redescobrir o povo brasileiro atrGlauber Rocha foi um cineasta brasileiro e um dos responsáveis pelo Cinema Novo, tornando-se o maior expoente do movimento Foi conhecido e respeitado pelo seu trabalho "Deus e o Diabo na Terra do Sol" kk

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(1963-64), no qual retratou muitas características da região nordeste do país, criticando a miséria e a exploração da região através de personagens incorporados na obra e retratando também a luta pela mudança da realidade em que se encontrava a sociedade O autor não considera a peça fílmica como “realista” em si, mas sim uma crítica a essa realidade, usando diversas figuras históricas no longa.

Deus e o Diabo na Terra do Sol nasce em meio a essas agitações que cobriam o final da década de 50 e início dos anos 60, e é gestado como instrumento útil aos propósitos políticos, revolucionários, tese que encontra afirmação no próprio Rocha quando, referindo-se ao filme e às efervescências do Nordeste, como um grande projeto cinematográfico que prometia representar a bandeira da revolução (GOMES, 2010, p 75)

Rocha escreveu outros manifestos, como por exemplo "Uma estética da fome", uma das grandes referências do Cinema Novo.

Somente uma cultura da fome, minando suas próprias estruturas, pode superar-se qualitativamente; e a mais nobre manifestação da fome é a violência

Pelo Cinema Novo: o comportamento exato de um faminto é a violência

Do Cinema Novo: uma estética da violência, antes de ser primitiva, é revolucionária Somente pelo horror da violência, o colonizador pode compreender a força da cultura que ele explora (ROCHA apud CARVALHO, 2012, p 904)

Com o golpe militar, o progresso de vários projetos foi afetado, como o do próprio “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, que representaria o Brasil no Festival de Cannes

No ano em que Deus e o Diabo na Terra do Sol foi filmado, vivia-se no Brasil o clima de agitação, crise e esperança que teve como desfecho trágico o golpe militar de 1964, cuja consequência levou à interrupção de diversos outros processos em andamento, sobretudo os que significavam a crença que segmentos da esquerda tinham na iminente revolução socialista. (GOMES, 2010, p. 69)

No exterior, havia uma boa recepção e ótimas críticas ao movimento, porém o Cinema Novo uma

não conseguia levar seu próprio povo às salas de cinema Pelo menos não até Joaquim Pedro de Andrade escolher adaptar a obra “Macunaíma”, de Mário de Andrade, trazendo uma visão “atualizada” de questões temáticas e estéticas sintonizadas com o momento A imagem do herói sem caráter, negro, filho de uma indígena que promovia a discórdia por causa da sua ética distorcida, e que, ao migrar para a área urbana, tem que lidar com sua inaptidão em fazer parte da sociedade e entender seus valores, talvez tenha sido a principal razão do sucesso, por incorporar a parcela do povo brasileiro que necessitava de uma identificação. O diretor optou pela estética vanguardista de sua época, assim como Mário de Andrade fez ao escrever a obra, mantendo-se entre os movimentos do Cinema Novo e do Tropicalismo – que levavam satisfação ao povo por lhe dar voz e permitir provocar o rígido regime militar.

O golpe, porém, impossibilitou que os cinemanovistas discutissem abertamente sobre o Brasil e os pertinentes temas que eram retratados em suas obras, bem como a visita dos cineastas aos locais cujas realidades seriam apresentadas nos longas O desenvolvimento das obras ficou pausado até o ano seguinte ao golpe, quando os artistas aos poucos retomaram suas atividades

As contribuições do Cinema Novo para a cinematografia contemporânea se apresentam em aspectos como melhoramento técnico, inscrição dos filmes na aa

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história do cinema brasileiro e reconhecimento, das temáticas e estilo brasileiros fora do território nacional. É perceptível que “a variedade de temas abordados na retomada refletem a diversidade e a imensidão do território nacional [...]; além disso, indica a descentralização da produção fílmica brasileira” Por fim, as produções da época que integraram esse movimento contribuíram diretamente para a preservação da memória daquele tempo, mais especificamente dos anos iniciais da ditadura

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De olho no rodapé!

Capa do documentário “Cinema Novo” da Netflix (2022)

Glauber Rocha, cineasta e jornalista brasileiro que foi um dos pioneiros do Cinema Novo Capa do filme “Macunaíma” baseado na obra de Mário de Andrade Cena do filme “Macunaíma” (1928)

A memória dos passados traumáticos tem momentos de maior visibilidade e momentos de silenciamento O aparecimento de novos atores ou o surgimento de alguma nova informação podem provocar o reaparecimento do passado com novas significações É o que podemos considerar como as camadas que cobrem o acontecido e que vão sendo descobertas ou destapadas ao longo do tempo por diferentes motivações Mas ela também retorna motivada pela lógica da produção cultural midiática, que investe na exposição e visibilidade dos sentimentos (BERGES; CHAVES, 2009, p 31)

Com isso, pode-se dizer que a busca pela identidade nacional presente nesse movimento artístico, político e social, consolida-se através da memória materializada em obras tais como “Macunaíma”, “Como Era Gostoso o Meu Francês”, “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, entre outros Ainda que esse tema tenha a inesgotabilidade como uma de suas características principais, as peças fílmicas do Cinema Novo recuperam aspectos da identidade brasileira, lançando, para isso, um novo olhar e uma nova luz sobre aquilo que era até então marginalizado e desvalorizado. Assim, a importância do Cinema Novo se dá não apenas na estética e popularização da cinematografia brasileira, mas, indispensavelmente, em novas formas de pensar a identidade brasileira.

ESCRITO POR: BRUNA MAIRA SOARES SANTOS, CAROLINA SILVA DINIZ, CRISTIANE SANTOS PEREIRA FLORES E RAYANE CRISTINA FARIA
CARDOSO; CATELLI, 8

QUEM VIU O SACI?

Podemos dizer, com certa segurança, que você conhece o Saci Pererê, certo? Você tem uma ideia, mais ou menos estável, da aparência dele, do comportamento e de sua origem, e deve suspeitar de que, praticamente, todos do seu convívio social também o têm Ótimo, mas você se lembra de quando ouviu falar do Saci pela primeira vez? E note que perguntamos sobre ouvir, isso é importante para o que abordaremos neste texto.

É provável que, quando ainda criança, alguém tenha te contado sobre as peripécias e as ingênuas confusões das quais esse personagem do folclore brasileiro era capaz. Com as histórias e as descrições, você passou a formar uma imagem mental do Saci e dos ambientes em que ele transita

Em outro momento, você deve ter visto uma ilustração do Saci e ela, possivelmente, tornouse a imagem mais vívida que você tem dele. É quase certo, também, que essa imagem seja: uma criança com uma perna só, vestindo shorts e gorro vermelho

Pois saiba que muito antes de essa representação ser absorvida pelo senso comum, relatos sobre o Saci corriam de boca em boca nas regiões rurais do norte do país e há, inclusive, quem garante ter tido encontros com ele Na cultura oral, a estabilidade das histórias é flutuante, pois se apoia na memória dos interlocutores e, “por causa disso, as narrativas orais estão sujeitas a processos de distorção concomitantes, podendo se alongar ou encurtar” e diferenciar entre descrições e detalhamentos.

Dominique Maingueneau, um linguista francês, sugere que o meio no qual a informação circula não é só um suporte, mas é também parte da informação em si, pois as possibilidades de edição desse suporte interferem diretamente na informação que ele apresenta. A partir das intenções do interlocutor, dos limites e possibilidades da mídia, e do momento histórico-social, o material veiculado é editado a fim de cumprir certos objetivos E, analisando mais profundamente a lenda do Saci, percebemos que, devido à globalização e suas transformações, culturais e tecnológicas, as narrativas do menino de uma perna só ganhou novas formas, sentidos, valores e modos de existir na sociedade, indo de encontro ao conceito de suporte material trazido por Maingueneau.

Em 1918, Monteiro Lobato reuniu relatos orais de comunidades do interior do Brasil sobre o Saci As descrições feitas de sua aparência remetem a um ser demoníaco: gorro e olhos vermelhos, dentes pontudos, corpo de adulto, com apenas uma perna e sempre segurando um cachimbo Alguns detalhes variavam dependendo de quem contava a história, mas alguns elementos se apresentavam com mais recorrência

Monteiro Lobato, porém tinha outras idéias Desejando escrever para crianças sobre o Folclore Brasileiro, em 1921, ele publica o livro O Saci Suavizando as características tanto físicas quanto psicológicas do personagem principal, Lobato usa da possibilidade do material físico o livro e as ilustrações para

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Atualmente, uma nova imagem do Saci foi criada, porém em outro suporte: o de vídeo, em formato de série Talvez você tenha ouvido falar, mas, caso não conheça, fica aqui a indicação da série produzida pela Netflix chamada Cidade Invisível, que traz os seres míticos do folclore brasileiro O Saci na série é retratado como um jovem que mora na favela, usa uma prótese para ter “as duas pernas”, tem roupas modernas com detalhes em vermelho e uma faixa igualmente vermelha na cabeça Ele também não é bom nem mau, e é controlado pelos outros seres do folclore que têm a imagem mais adulta Além de receber outro nome, “Isac” (um anagrama de "Saci''), para se misturar na sociedade. Não só a imagem do Saci é transformada, sendo trazida para a atualidade, como também sua personalidade e significação

No seriado, o ser maldoso da cultura oral desaparece e o que se apresenta é o Saci travesso de Monteiro Lobato, como vemos logo no primeiro episódio Mas, apesar das mudanças, percebemos que algumas características se mantêm Características estas que se revelam verdadeiros símbolos do personagem, e tornam o seu reconhecimento possível, como a cor vermelha,a negritude e o fato de ter uma perna só. Entretanto, a ambientação muda, pois o Saci não vive mais na floresta ou perto do Sítio do Picapau Amarelo, e sim na favela do Rio de Janeiro É uma mudança bastante significativa que influencia em sua contextualização e atualização

É bem provável que você ou alguém próximo, ao assistir a uma adaptação, já tenha

para mostrar como é, na sua versão, o Saci Pererê
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ao assistir a uma adaptação, já tenha dito algo do tipo “o livro é melhor” ou “não foi assim que imaginei aquele personagem” Isso é muito comum e, ao mesmo tempo, um processo muito complexo! Quando ouvimos descrições a respeito de um personagem, por exemplo, começamos a imaginá-lo a partir das referências que temos, de coisas que já vimos e vivenciamos. As variações entre o que você, eu ou nosso amigo imaginamos, podem ser infinitas.

Quando vemos um desenho 2D feito por outra pessoa a partir das mesmas descrições antes mencionadas, esperase que sejamos capazes de reconhecer alguma semelhança entre a imagem mental que criamos e a imagem 2D que vemos Como o ser humano é altamente visual, é comum que essa ilustração se fixe mais em nossa mente

E se, para além disso, somos apresentados a uma segunda representação em um suporte que permite não só o movimento, mas também o som, novas possibilidades de interpretações são possíveis Todo esse processo aconteceu com nosso Saci Pererê que, ao longo do anos, dependendo do suporte midiático, foi sofrendo atualizações e alterações de acordo com a limitação e ampliação das possibilidades que a tecnologia permite.

Nesse sentido, fica claro como o meio em que a informação transita não é apenas um suporte para sua distribuição Seja pela voz, por um desenho, uma animação ou vídeo, em cada “lugar”, a informação será apresentada com diferentes nuances, permitindo a quem recebe perceber diferentes sentidos e sensações. Mas não se confunda: a subjetividade dos participantes desse diálogo, dessa troca, permanece. A forma

como você percebe o Saci na TV será diferente de outros, mesmo que estejam vendo a mesma coisa.

Agora, imagine que no futuro sejamos capazes de sentir cheiros através da TV Quais novas dimensões essa tecnologia traria para o Saci?

ESCRITO POR: ALÉXIA TIFFANY MARTINS RAMOS ROCHA, CAROLINA DE BARROS TEPEDINO, CLARA BARBOSA DE ARAUJO E IZABELLI SILVA SOARES

De olho no rodapé!

1 Maressa de Freitas Vieira, pós-graduanda da USP de 2009

2 Dominique Maingueneau é um linguista e professor da Universidade de Paris IV ParisSorbonne e em seu livro Análise de textos de comunicação traz a definição de Mídium e Discurso

3 Capa da 8° Edição do livro O Saci de Monteiro Lobato

4 Episódio 1: Queria muito que você estivesse aqui Série Cidade Invisível, 2021

5 Episódio 1: Queria muito que você estivesse aqui Série Cidade Invisível, 2021

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OS EFEITOS SONOROS EM POEMAS MODERNISTAS

O presente artigo analisará fonologicamente poemas modernistas com o intuito de identificar características sonoras perceptíveis para o leitor desses textos Explicitando os efeitos trazidos e como elas podem mudar o ritmo e qualidade da leitura Para isso, vamos utilizar conceitos como a aliteração, assonância, consonância, onomatopeias, repetições, rimas e ritmos

O modernismo é um movimento artístico, literário e cultural que começou no final do século XIX para quebrar os paradigmas das artes clássicas e tradicionais e dar aos autores e artistas liberdade de experimentar novas estéticas, sensações e formas de ver o mundo O movimento ficou bastante conhecido pelas pinturas que fugiam completamente de nossa realidade visível e até mesmo fugiam da realidade por completo O cubismo, surrealismo, expressionismo, futurismo, são todos fragmentos desse movimento modernista No poema, o poeta resgata a ideia do trovadorismo, estilo literário e poético medieval O eu lírico revela-se um trovador, como se fosse um poeta antigo entoando cantigas com seu instrumento de corda O texto pode ser lido como versos musicais que se sobrepõem. Há o uso de onomatopéias, ou seja, palavras que imitam sons, como se observa em “Cantabona!”, sugerindo o som de tambores indígenas, e “Dlorom”, evocando a sonoridade de um alaúde.

Antonio Candido, que foi um sociólogo, crítico literário e professor universitário brasileiro, foi significativo para nossas pesquisas visto que

podemos encontrar avaliações e propostas de articulações bem variadas a respeito do modernismo. Em “Versos, sons, ritmos” de Norma Goldstein, publicado em 1984, a autora destaca que na poesia simbolista e modernista, certos poetas manifestam preocupações com o fazer poético e artístico. Em suas criações, além da função poética, fica evidente a importância da função metalinguística. Portanto, a melhor maneira de se perceber a estrutura poética, é fazendo releituras. Cada releitura torna-se uma experiência única, vivida por um leitor específico que buscará as pistas que cada poema lido lhe sugere É importante destacar que no capítulo 9 de seu livro, Goldstein traz conceitos teóricos de Assonância, Aliteração, Onomatopeia, Repetição, que serão usados nesse artigo, a fim de que possamos entender melhor como se dá a construção e análise de um poema. Além disso, destaca-se o seguinte trecho que diz:

“Nos textos comuns, não literários, o redator escolhe as palavras pela sua significação Na elaboração do texto literário, ocorre a preocupação com uma operação, tão importante quanto a primeira: a combinação ” (GOLDSTEIN, 1984, p 6)

Os autores abordam aspectos que referenciam conceitos importantes para a interpretação dos poemas e para a realização deste artigo, tais como Antonio Candido com os conceitos modernistas, Norma Goldstein com conceitos da literatura, voltados para a análise de poemas e Thais Cristófaro Silva com conceitos da fonética e fonologia. Todos conceitualizam aspectos que contribuíram kkkkk

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para o tema "Os efeitos sonoros em poemas modernistas'' e que serão aprofundados adiante

Por que estudar fonologia em poemas, no caso, modernistas?

Esse estudo se torna importante por conta do amplo alcance e longa duração do movimento Esse reconhecimento vem pelo fato das mudanças que as novas formas de criação e expressão artística causaram na nossa sociedade na época, quebrando a tradição e revendo acontecimentos sociais

A fonologia, especificamente, se mostra também muito importante na análise desses poemas por conta da musicalidade, ritmo e até mudança de significado, que pode dar um tom diferente, dependendo da escolha do autor, para o poema Serão apresentados exemplos que demonstram claramente como a fonologia tem capacidade de oferecer análises diferenciadas para um texto.

Poemas

O TROVADOR - MÁRIO DE ANDRADE

Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras…

As primaveras de sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal

Intermitentemente

Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo… Cantabona! Cantabona! Dlorom…

Sou um tupi tangendo um alaúde!

ONOMATOPEIA:

Sendo uma figura de linguagem na qual se reproduz um som por meio de fonemas, as onomatopeias têm uma presença marcante neste poema, que tem uma ligação direta com o título: O trovador, que é aquele que escreve trocas, ou seja, poemas. Temos, por exemplo, as onomatopeias: ‘’Cantabona’’ e ‘’Dlorom’’, que imitam os sons musicais das cantigas que os trovadores faziam Essas expressões ajudam a intensificar a expressividade do texto através de fonemas que reproduzem o som escutado na vida real, tentando então fazer com que o leitor se sinta dentro daquela situação, uma espécie de imersão textual

REPETIÇÃO:

Existem duas expressões que se repetem no poema e que dão sentidos específicos, a primeira vem na palavra ‘’intermitentemente’’, a palavra em si significa uma coisa que cessa e recomeça por intervalos, que se manifesta com intermitências, que não é contínua, que tem interrupções. E a sua repetição tem justamente esse efeito, as idas e vindas da primavera e os seus sons onomatopaicos que foram descritos no poema, sendo algo então, muito característico e marcante no poema. Outra expressão que se repete é a onomatopeia ‘’Cantabona!’’, ela imita o som emitido por um trovão através de fonemas, e a sua repetição mostra a intensidade e quantidade de vezes que esse fenômeno acontece, o que deixa claro toda a significância que ele tem para a estação descrita, a primavera

FUNERAL BLUES - W. H. AUDEN

Stop all the clocks, cut off the telephone, Prevent the dog from barking with a juicy bone, Silence the pianos and with muffled drum Bring out the coffin, let the mourners come

modernistas a serem analisados e os efeitos encontrados
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Let aeroplanes circle moaning overhead

Scribbling on the sky the message 'He is Dead'.

Put crepe bows round the white necks of the public doves, Let the traffic policemen wear black cotton gloves

He was my North, my South, my East and West, My working week and my Sunday rest, My noon, my midnight, my talk, my song; I thought that love would last forever: I was wrong

The stars are not wanted now; put out every one, Pack up the moon and dismantle the sun, Pour away the ocean and sweep up the wood; For nothing now can ever come to any good

RIMAS:

Elas estão presentes principalmente nas últimas palavras de cada verso, como é possível ver na transcrição das seguintes palavras:

Como já foi dito, essas rimas têm como objetivo proporcionar sonoridade, ritmo e musicalidade Elas ocorrem nos versos, ou seja, nas linhas dos poemas, e designam a repetição de sons idênticos ou semelhantes no final dos vocábulos ou das sílabas poéticas A Fonética então está sendo utilizada na construção de sentidos nesse poema. Os sons foram escolhidos com o objetivo de criar efeitos perceptíveis para o leitor Um exemplo por exemplo a repetição do ditongo /ou/, que indica uma situação de dor pela morte do amado, tristeza suprema

Analisando os poemas, é perceptível a influência que a fonologia tem na estrutura deles Ela ajuda na sonoridade, musicalidade e também consegue marcar o leitor de alguma forma Então, conclui-se que estudar fonologia vai muito além de apenas saber símbolos, fonemas, mas sim ter noções complexas da estrutura da língua falada e escrita

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PROTAGONISMO FEMININO NAS OBRAS IRACEMA E POCAHONTAS

Iracema e Pocahontas são duas personagens fictícias que se tornaram clássicas em meio acadêmico, literário e artístico. Tem-se personagens mulheres, negras, indígenas que carregam o papel central nas respectivas obras que levam seus nomes, não somente, mas fato esse, que as levam a ser protagonistas do enredo que estão situadas Iracema, a virgem dos lábios de mel, é a principal personagem que caracteriza o Romantismo (escola literária) no Brasil A obra de Alencar é, inclusive, considerada um texto fundador da Literatura brasileira, abordando questões de surgimento da pátria e povo, voltando às raízes da sociedade brasileira: o povo indígena Pocahontas, por sua vez, foge dos estereótipos de princesa da Disney: não extremamente vaidosa, guerreira e indígena A Disney foi extremamente perspicaz ao lançar uma obra com sua protagonista desta maneira.

Publicado em 1865, o romance Iracema, escrito por José de Alencar, faz parte da trilogia indianista do autor, a qual também é composta pelos romances “O Guarani” e “Ubirajara” Ao ser publicada, a obra trazia o subtítulo de Lenda do Ceará, e seu autor confessou em carta que se inspirou em uma lenda que ouviu quando criança, sobre o surgimento do “primeiro cearense”. Em resumo, Iracema é uma índia da nação Tabajara. Ela é filha do pajé da tribo (Araquém) e está prometida como esposa ao chefe guerreiro (Irapuã). A moça também é detentora do segredo da Jurema, ela produz uma bebida alucinógena que é dada aos guerreiros em rituais específicos. E o romance narra a história de um amor improvável entre lllll

Iracema e um colonizador português, no início do processo de colonização efetiva da costa brasileiro, no século XVII. Desse amor nasceria o primeiro mestiço, símbolo de uma nova raça que seria o povo brasileiro.

Já o filme Pocahontas, lançado em 1995, é um filme animado norte-americano, dirigido por Mike Gabriel e Eric Goldberg para a Walt Disney Feature Animation. O filme foi a primeira animação do estúdio inspirada em um personagem real, nesse caso, a lenda acerca da indígena Matoaka (apelidada de Pocahontas), que nasceu em 1595 e morreu em 1617 O filme, que tem como enredo principal o amor entre a indígena e o inglês, retrata o encontro histórico da verdadeira nativa americana com John Smith e os colonos em Jamestown, que chegaram a partir da Virginia Company Pocahontas era filha do cacique dos Powhatan, que lideravam por volta de trinta tribos que habitavam o atual estado norte-americano da Virgínia

Percebemos que há uma intertextualidade entre as obras, que se referem à histórias de colonização contadas na perspectiva de uma relação amorosa entre uma índia e um colonizador, possuindo diversos pontos em comum, como o contato do branco com o índio, o interesse do branco pela índia no primeiro encontro, o fato do branco passar a conhecer os costumes dos índios, a impossibilidade de união dos dois e o retorno do branco ao país de origem. Além de tudo isso, percebemos que o papel dos personagens principais é semelhante entre as obras, sendo trocado apenas os nomes, onde Pocahontas se torna Iracema, John Smith Kokoum se transforma em Irapuã.

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passa a ser Martim, Powhatan vira Araquem e Kokoum se transforma em Irapuã

Ao analisarmos as duas obras, encontramos diversos signos em comum, e podemos observar como a intertextualidade se manifesta entre elas não apenas no campo das semelhanças, mas também no campo das diferenças

Natureza

O romance de Alencar tem como grande foco a natureza, que é representada quase que de forma paradisíaca, revelando que Iracema estabelece um sentimento de amor e respeito por todos os elementos da natureza, e dessa forma ao decorrer da trama, há diversas comparações dos personagens com essa natureza, como podemos constatar no trecho: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.” ( ALENCAR, 1991, p 14)

A natureza também é um elemento importante em Pocahontas, e podemos constatar isso na seguinte frase: "A Lua, o Sol e o rio são meus parentes, a garça e a lontra são iguais a mim " (Mike Gabriel, Eric Goldberg, 1995)

Desse modo, mostra que a personagem principal, Pocahontas, não se distinguia dos outros elementos da natureza, considerando tudo e todos à sua volta como seus semelhantes, desde uma simples folha até um urso, sem calcular o que eles valem. Nessa obra, também são destacadas características presentes na natureza daquela época, visto que nos remete ao período da colonização, como a vastidão da terra, o plantio, os rios.

Tanto em Iracema quanto em Pocahontas, a natureza é um elemento muito presente e

importante para as protagonistas, há uma conexão entre elas e o ambiente onde vivem

Colonização

A colonização exposta em Iracema aconteceu por volta de 1600, no Brasil, no espaço onde hoje se encontra o estado do Ceará No livro, a colonização é retratada de forma pacífica na tribo dos Tabajaras Portugal obteve sucesso no plano de colonização, e ao final da obra é citado que eles fundaram uma cidade e espalharam o evangelho:

“Poti foi o primeiro que ajoelhou aos pés do sagrado lenho; não sofria ele que nada mais o separasse de seu irmão branco; por isso quis tivessem ambos um só deus, como tinham um só coração Ele recebeu junto com o batismo o nome do santo, cujo era o dia; e o do rei, a quem ia servir, e sobre os dois o seu, na língua dos novos irmãos Sua fama cresceu, e ainda hoje é o orgulho da terra, onde ele viu a luz primeiro A mairi que Martim erguera à margem do rio, nas praias do Ceará, medrou A palavra do Deus verdadeiro germinou na terra selvagem; e o bronze sagrado ressoou nos vales onde rugia o maracá.” (ALENCAR, 1991, p. 92)

Em Pocahontas também há essa catequização, aliás além dela ter tido participação nas mediações das relações entre os colonos e indígenas, também é considerada a primeira índia norte-americana a se converter ao cristianismo.

A colonização dessa nação, feita pelos ingleses, também acontece por volta de 1600 e tem por objetivo conquistar onde hoje está situado o leste da Virgínia Eles saem em busca de ouro, e acreditam que os habitantes locais os escondiam Essa busca pelo metal precioso ocorreu de forma violenta. No filme, os colonizadores, assim que pisam em território indígena, já descarregam os mantimentos e materiais do navio para construírem um forte Todos fazem uso de armas de fogo e de espadas. “O que esperar kk

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desses pagãos nojentos? Dessa maldita raça / E horrível cor /Eu sei o que merecem/ São bons quando falecem/ São bichos, animais, ou pior” (Mike Gabriel, Eric Goldberg, 1995) Música “Bárbaros”, cantada na animação pelos ingleses. Mas, não conseguiram cumprir o objetivo de voltar para Londres com muito ouro. Ao final do filme, os colonizadores retornam para Inglaterra após desistirem de continuar a busca pela metal precioso e receberem ajuda dos indígenas com mantimentos para a viagem

Perda da cultura indígena

A perda da cultura indígena é representada em ambas as obras, em Iracema, pelo fato dela ter traído sua tribo em nome do amor que sentia por um homem branco, o que posteriormente acarretou sua morte, levando então, junto de si, o segredo de Jurema E em Pocahontas, por ela ter abdicado de seu povo e aderido à cultura européia, também em razão do amor que sentia pelo colonizador Após a morte de Iracema, Martim volta para sua terra com seu filho e anos depois retorna ao Ceará para fundar uma cidade e batizar os índios John Smith volta para Londres e posteriormente (no segundo filme Pocahontas II: Viagem a um Novo Mundo) Pocahontas abandona seu povo para ir a Londres encontrá-lo.

Protagonismo e o Silenciamento

O protagonismo das duas personagens é evidente nas obras, pois além de Iracema e Pocahontas serem um símbolo para seus povos, elas são filhas dos líderes de suas tribos. Portanto, existe sobre elas uma responsabilidade, sendo que isso é um dos fatores que as fazem repensar sobre o amor que sentem pelo colonizador Iracema carregava

carregava o segredo de Jurema, a produção de uma bebida alucinógena que é dada aos guerreiros em rituais específicos e que está condicionado a sua virgindade Pocahontas é filha do cacique dos Powhatan e o seu casamento deveria ser com o guerreiro mais forte da tribo

Porém, apesar disso tudo, há um silenciamento nas vozes das personagens, pelo fato de que não podiam agir contra as regras que eram impostas em suas tribos, viviam sobre o patriarcado. Iracema e Pocahontas deveriam obedecer aos seus pais, chefes de suas nações. A protagonista da animação não tinha uma voz ativa em sua comunidade, era apenas admirada, como Iracema Pocahontas, inclusive, é ignorada por seu pai e pelo seu pretendente quando pede que não haja guerra entre seu povo e os ingleses A todo momento era silenciada, só ouviram a voz de Pocahontas quando John estava ao seu lado

FIGURA 1. ARMAMENTO QUE ESTAVA NO NAVIO.
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FIGURA 2.CHEFE INDÍGENA OBSERVANDO A CHEGADA DOS INGLESES.

Após a leitura da obra “Iracema” e a visualização do filme “Pocahontas - encontro entre dois mundos”, analisamos as semelhanças e diferenças entre as duas obras Fica explícito como as duas foram protagonistas em suas histórias, carregavam uma responsabilidade com sua nação e escolheram o amor pelo colono branco, dos olhos claros, ao invés de suas crenças e povos. As duas obras apresentam o processo de colonização a partir de um romance entre uma

indígena e um colono e a maneira que os colonos se sobrepuseram sobre a cultura indígena. Também sinaliza como as protagonistas carregavam uma responsabilidade com sua nação, sendo representantes da cultura indígena. Assim, a negligência aos seus povos simbolizou a morte da cultura indígena, em Iracema, quando ela morreu e em Pocahontas, quando ela escolheu ir para Londres.

FIGURA 3. ESCAVAÇÃO DO TERRITÓRIO INDÍGENA EM BUSCA DE OURO. FIGURA 4. PRIMEIRO ENCONTRO ENTRE JOHN SMITH E POCAHONTAS FIGURA 5. INDÍGENAS LEVAM MANTIMENTOS PARA OS INGLESES RETORNAREM À INGLATERRA.
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ESCRITO POR: EDMAR LIMA GRAZZIOTTI DIAS LAÍS GONÇALVES VIEIRA LARISSA FRAGA CARNEIRO

A IMPORTÂNCIA DO SLAM

O Slam é uma manifestação artística, uma batalha de poesia falada em duelos e saraus Para além da poesia, o Slam é uma manobra das comunidades, uma marca poética de luta, resistência, diversidade, progresso, família, povo; um espaço livre para falar de amor e dor, compartilhar vivências, dando visibilidade às causas sociais Slam é a voz de todos!

Os duelos são organizados e frequentados, especialmente, por jovens de classes baixas, ou seja, menos privilegiadas economicamente, de regiões marginalizadas e periféricas da cidade. Sendo um ótimo incentivo e oportunidade para jovens que desejam ingressar no caminho literário, seja na escrita, performance ou revisão, mostrando seus talentos, o Slam torna-se não apenas uma ferramenta de fala, mas também um movimento de coragem e resistência dos artistas para demonstrarem suas histórias através das poesias recitadas.

A oralidade nas manifestações artísticas é um instrumento performático, responsável por estabelecer o tom de cada exposição e atingir o efeito esperado em seu ouvinte Isso ocorre nas batalhas de poesia falada, que reúnem vários poetas, celebrando a escuta radical e as narrativas que dialogam para além dos livros. Muitos Slams, como o da Guilhermina e o Resistência, são realizados em praça pública, fato que amplia ainda mais a sua capacidade enquanto fórum

Atuante na cena de Slams, Midria é uma artista paulistana, da Zona Leste de São Paulo,

estudante de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP), poeta, slammer, slammaster do Slam USPerifa e membro do “Coletivo Sarau do Vale” A artista ingressou nos slams em 2017 e “A menina que nasceu sem cor” é uma de suas manifestações mais conhecidas, principalmente após sua aparição no programa “Manos e Minas”, apresentado pela TV Cultura

Em 2018, Midria, com o poema anteriormente mencionado, foi uma das participantes do Campeonato Paulista de Poesia Falada –SLAM SP, representando o ZAP! Slam Sua poesia acabou gerando uma grande repercussão e a poetisa lançou um livro com o mesmo nome, “A menina que nasceu sem cor”, em 2021, produzido de modo independente e publicado pela editora Jandaíra. Atualmente, seu texto presente na plataforma do Youtube, no canal “Manos e Minas”, já alcançou mais de 500 mil visualizações.

POESIA FALADA:
Notícia 19
MIDRIA FOTO: HERMES DE PAULA

Ao abordar temas como racismo e ancestralidade, os versos de Midria geram identificação nos espectadores que se veem da mesma forma que ela, que, ao dizer “eu sou a menina que nasceu sem cor porque eu nasci num país sem memória, com amnésia”, coloca em pauta toda a história do Brasil e a miscigenação, que formou a sociedade e, ainda hoje, não é levada em consideração em diversos locais Midria é um exemplo de como a arte, sobretudo o Slam, é uma certa maneira de se fazer ouvir, levantar questionamentos, políticas, reivindicar direitos e estar em comunidade

“Eu sou a menina que nasceu sem cor”: tratar desse poema não é algo simples Muitas pessoas negras de pele clara são vistas como diferentes, pois ter a pele mais clara traz privilégios para a pessoa afrodescendente, mesmo sendo identificada como “negra” pela sociedade. Tratando-se do colorismo, a sociedade faz com que os jovens negros de pele clara se esqueçam de seus próprios traços para que se enxerguem como outrem, fazendo com que percam a noção de sua própria identidade. Os exemplos que se encontram na televisão, novelas, filmes e demais mídias não são como eles. Voltando para a questão do colorismo falado no poema, nas construções dos versos, Midria coloca de maneira bem forte e clara como a sociedade trata as pessoas pretas de pele clara: afirmando que elas são “pardas” ou fazendo questão de ressaltar que elas não têm traços negroides marcados, assim tirando a identidade visual dos mesmos. Desse modo, essas pessoas passam a ter sensação de deslocamento por não se enquadrarem nos padrões de nenhum “grupo étnico”

“Mas faço questão de botar no meu texto que pretas e pretos estão se armando, se amando ”: a artista faz uma citação e complementa. Esse verso faz parte da música “Ponta de Lança (Verso livre)”, do músico e poeta Rincon Sapiência ou mesmo Manicongo.

O verso da música colocado no poema por Midria é mais uma forma de dizer como é importante afirmar e reafirmar como somos, quem somos Como criar consciência de sua proporção se não houver exemplos visuais de como é ser como você? Por isso, o verso “pretas e pretos estão se amando” é mais que visual, é a força que eles têm juntos de reafirmar sua cor, voz, luta É não deixar que apaguem as ancestralidades de sua história mostrando a força que não deve ser perdida no passado, mas eternamente validada.

Há, ainda, o verso “meninas pretas não brincam com bonecas pretas”, mostrando que desde a infância crianças negras são influenciadas pela estética branca, pautada na visão eurocêntrica da beleza, que não favorece a construção de uma referência identitária A artista aborda um tema complexo e necessário, dividido em versos livres e apresentado numa performance marcante

Essa escrita em versos, característica dos textos compartilhados nos Slams, faz uso da combinação de palavras e diferentes dispositivos fonéticos, sintáticos e semânticos, e, em sua composição final, prevalece a estética da língua sobre o conteúdo, ou seja, a performance sobre a normatização.

Curiosidade linguística

Processos fonéticos e fonológicos na poesia Slam “Eu sou a menina que nasceu sem cor”

Falantes de qualquer língua fazem reflexões sobre o uso e a forma da linguagem que utilizam. Esses falantes são capazes de fazer observações quanto ao “sotaque” e as conexão

“MAS FAÇO QUESTÃO DE BOTAR NO MEU TEXTO QUE PRETAS E PRETOS ESTÃO SE ARMANDO, SE AMANDO…”
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“palavras diferentes” utilizadas por um outro falante (CRISTÓFARO, Thaís 2022 Introdução). ²

A fonética, de forma resumida, é o estudo dos sons da fala em sua realização concreta, e a fonologia é o estudo dos fonemas (menor unidade sonora) em sua realização abstrata. Ou seja, enquanto na fonética podemos ter vários modos de se anunciar, de se dizer determinada palavra, a fonologia irá se preocupar com os fonemas daquela palavra, ou melhor, com o sentido que a palavra carrega Parece complicado, não é? Mas, calma! Vamos entender um pouco melhor sobre esses dois processos com a poesia da artista Midria.

No verso “eu sou a menina que nasceu sem cor”, no início do poema, a autora diz “minina”, e não “menina”, o que aconteceria se ela fosse gaúcha, por exemplo. Nesse caso, temos uma diferença apenas fonética, já que temos a pronúncia da palavra com “i” e com “ê”, mas fonologicamente não há diferença, pois nas duas maneiras de falar se utiliza um único sentido

Esse mesmo fenômeno ocorre em diversas palavras ao longo da apresentação, como na palavra “mas”, no verso “mas faço questão de

botar no meu texto […]”, em que a artista diz “mais”, marca dialetal também dos belohorizontinos. Porém, se a mesma palavra fosse dita por uma pessoa natural de Santa Catarina, a pronúncia seria diferente e o “i” não apareceria Ambas, no entanto, possuem o mesmo sentido de controvérsia, que é fonologicamente igual.

Se você não é habitante da cidade de São Paulo, certamente repararia no ‘r’ da poeta, que tem uma pronúncia mais forte. É por reconhecer diferenças como essas no falar de outra pessoa que não seja de nossa região, que damos a essa característica o nome de sotaque, ou variações linguísticas Se você parar para pensar, ocorre aí um processo de fonética, pois quando a poeta diz “E não importa”, em que é possível reconhecer esse erre mais forte, notamos que essa palavra pode ter vários sons por causa do erre, mas, em sua fonologia, não ocorrerá mudança de sentido.

De olho no rodapé!

1. Livro: Fonética e fonologia do português. Citação (Introdução)

ESCRITO POR: GLEYCY LOURAYNNE SANTOS ROCHA, LETÍCIA KELLEM VASCONCELOS SENA, PRISCILA JESUS SILVA E TAÍS AGUIAR MOURA
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AS VOZES DAS MULHERES NEGRAS NA ARTE

O que seriam as vozes de militantes feministas como Conceição Evaristo e Elza Soares? Para abordar este assunto, neste texto vamos tratar obras das artistas que trazem pautas políticas importantes: Conceição Evaristo e Elza Soares. Lélia Gonzalez, ao discutir a necessidade de que a luta social não pode se ater a um único aspecto, considera que “a mulher negra sofre uma discriminação tríplice: social, racial e sexual” (Gonzalez, [1981], 2018.). Sendo assim, a luta da mulher negra deve ser enfrentada em sua natureza interseccional considerando quaisquer desafios e dilemas tais como como o gênero, raça, heterossexismo, transfobia, xenofobia e discriminação pela condição física

As obras escolhidas para esta discussão são o poema intitulado “Vozes-mulheres”, publicado no livro Poemas da recordação e outros movimentos de Conceição Evaristo e a música “Mulher do fim do mundo”, a segunda faixa do álbum de mesmo nome, de autoria de Elza Soares. O poema de Evaristo e a música de Soares mostrarão as causas e os modos de construção da invisibilidade social a que nos referimos

No poema Vozes-mulheres Evaristo apresenta o eco das vozes de diferentes gerações A voz lírica recorda o sofrimento da voz da bisavó criança, tendo sua infância subtraída, nos porões dos navios negreiros:

A VOZ DE MINHA BISAVÓ ECOOU CRIANÇA NOS PORÕES DO NAVIO.

Essa mesma voz lírica, vê ecoar, em sua existência, a voz da avó, da mãe e projeta o que vai ser a voz da filha:

NA VOZ DE MINHA FILHA SE FARÁ OUVIR A RESSONÂNCIA

O ECO DA VIDA-LIBERDADE.

Com grande força expressiva e sonora, as vozes serão definidas, ouvidas e faladas pelas mulheres, cada uma representando uma geração. Porém, o poema não se refere apenas à família do eu-lírico, mas sim, a todas as famílias, a todas as bisnetas(os), netas (os), avós, mães (pais) e filhas(os) de sujeitos trazidas à força da África para trabalhar como escravas, e até hoje sofrem as consequências desse acontecimento brutal

A primeira voz da memória lírica já recorda e fgd

CONCEIÇÃO EVARISTO E ELZA SOARES:
Crítica
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1 2 3

presentifica a opressão vivida pela bisavó, a infância tratada como mercadoria, trazida através dos navios do tráfico negreiro, e ecoa os “lamentos de uma infância perdida” A voz da avó, rememora e dimensiona escravização pela obediência “aos brancos donos de tudo”, inclusive das pessoas A voz da mãe relembra a revolta em seu princípio, pois demonstra como a sociedade trata os descendentes de escravizados e os joga para “debaixo das trouxas roupagens sujas dos brancos” As pessoas negras são marginalizadas e a elas são oferecidas condições de vida inferiores às das pessoas brancas Para essas pessoas o mercado de trabalho oferece somente os “fundo das cozinhas alheias" E o único espaço possível é o “caminho empoeirado rumo à favela” Na quarta estrofe, o que ecoa é a voz da mãe, aquela que lembra dos antepassados e projeta o futuro. É dessa voz materna que ecoa esse passado brutal em busca de esperanças que talvez possam ser vistas pela sua filha Nas duas últimas estrofes, surge uma projeção de futuro. Na figura da filha, essas vozes rememoradas se tornam ecos da ancestralidade evocada pelas imagens das mulheres que foram plenamente ouvidas e que foram “caladas engasgadas" O que se projeta, no entanto, na perspectiva da voz da filha é a possibilidade de se fazer ouvir a ressonância da vida com liberdade.

de Elza Soares, nessa letra também ecoa a força da voz coletiva. Sendo lançada na avenida, em pleno carnaval em um clima de confusão e euforia, essa mulher não se encontra sozinha e procura sair da solução: “minha solidão / Joguei do alto do terceiro andar”. Assim, o que se tem é o ímpeto de abandonar a solidão e o sofrimento na avenida para continuar a usar sua voz O que temos é um pedido para ser ouvida, de não se calar, ou seja, de continuar cantado e falando O carnaval tem um significado de animação e curtição, porém, na música ele é um apelo de liberdade, como nota-se na seguinte parte: “Eu quero cantar. Até o fim, me deixem cantar até o fim Até o fim, eu vou cantar Eu vou cantar até o fim”

Logo, tanto na canção quanto no poema vemos essas vozes ecoando e elas carregam a história e a luta de seus antepassados, o caminho percorrido até a aparente liberdade de hoje e também o sonho pela igualdade e direitos iguais. São mensagens que precisam ser transmitidas, legados que precisam ser lembrados. Respondendo às perguntas: O que seriam as vozes das mulheres negras? E suas vozes na arte? Em perspectiva, podemos perceber que as vozes das mulheres negras são os sons de diferentes apelos das mulheres negras na sociedade, que ocupam diferentes posicionamentos. Entretanto, as vozes podem ser, também, um apelo, um grito de socorro e um pedido de libertação. As vozes na arte são ecos culturais do sofrimento imposto às mulheres negras evidenciados na música, nos poemas, na pintura, entre outras manifestações culturais

Elza Soares, por sua vez, em “Mulher do fim do mundo” denuncia o descaso com o sofrimento da mulher: “Meu choro não é nada além de carnaval / É lágrima de samba na ponta dos pés" Ainda que se note que os versos remetem à resistência da mulher negra, vale ressaltar que embora a música seja inspirada na vida àpés”

Lélia Gonzalez exemplifica de uma forma mais explícita: “a mulher negra sofre uma discriminação tríplice: social, racial e sexual” (Gonzalez, [1981], 2018) Poemas de recordação e outros movimentos, 3 ed , p 24-25 Mulher do Fim do Mundo/2015

https://youtu be/6SWIwW9mg8s

ESCRITO POR: GABRIEL VINÍCIUS DA SILVA PAIVA, KÉZIA TAMIRES OLIVEIRA SILVA, RUTH VITÓRIA MOREIRA DO NASCIMENTO
1. 2. 3 De olho no rodapé! 23

SOMOS POESIA

Olho pra baixo Espelho quebrado Não sei se me vejo Não sei se me acho

Olho pro lado Espelho embaçado Sumindo aos pouquinhos Só tenho pedaços

Olho pra cima Não vejo Mais nada Minha identidade Foi toda mesclada

Pri Silva

Cidadezinha

cidadezinha minha amada cidade é tão bonita árvores flores rios e flores estão todos a chorar Lamentam e não sabem como reclamar onde poderiam contestar? lacrimejam dor sangue terra fértil. não perca as esperanças quando retiram de ti o que é teu exploram para cuidar de ti você receberá um grande troféu dar-lhe arranha-céu estradas comércio audiência Que bela cidadezinha acabou-se sua fonte sem fim

Stefany Silva

Amiga de Iracema

Faça chuva ou faça sol eu ainda quero ser o seu farol iluminar seu rosto não porque precisa de um novo brilho mas pra mostrar a todos a beleza que carregas na alma Quando olharem em seus olhos que hoje estão amargos verão que sua alma seus olhos seu corpo seus lábios possuem mel E que seus olhos estão assim tão tristes porque está cansada cansada de amar. Essa dor que te consome e tenta roubar de ti seu sabor doce mel amiga de Iracema mas nunca seria infiel mesmo que estivesse que morrer zelaria pela sua palavra aquela que está gravada na alma no âmago Ser doçura mas jamais deixaria que o amor se tornasse Fel

Sua força está no vento? No mar? Ou no amor?

Stefany Silva

Poemas
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REFERÊNCIAS

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| página 5.
| página 12. PROTAGONISMO FEMININO
OBRAS
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A BUSCA PELA IDENTIDADE BRASILEIRA NA SÉTIMA ARTE Artigo
OS EFEITOS SONOROS EM POEMAS MODERNISTAS Artigo
NAS
IRACEMA E POCAHONTAS Artigo

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