SURREALISMO

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SURREALISMO O PODER DO INCONSCIENTE.


Nasceu o surrealismo, filho legítimo do Dadá • O Surrealismo, que floresceu na Europa e nos Estados Unidos nos anos vinte e trinta, começou como um movimento literário promovido por seu padrinho, André Breton, e nascido da livre associação e da análise dos sonhos freudiana. • Os poetas e, mais tarde, os pintores faziam experiências com o automatismo - uma maneira de criar sem o controle consciente para despertar o imaginário inconsciente. • O Surrealismo, que implica ir além do realismo, buscava deliberadamente o bizarro e ó irracional para expressar verdades ocultas, inalcançáveis por meio da lógica.


•O movimento tomou duas formas. •Alguns artistas, como o pintor espanhol Joan Miró e o artista alemão Max Ernst, praticavam a arte improvisada, distanciando-se o mais possível do controle consciente. •Outros, como o espanhol Salvador Dalí e o pintor belga René Magritte, usavam escrupulosamente técnicas realistas para apresentar cenas alucinatórias que desafiavam o senso comum.


MIRÓ: A ALEGRIA DE PINTAR.

"Miró pode ser considerado o mais surrealista de todos nós."

disse o surrealista André Breton


Joan Miró (1893-1983) • Tentou consistentemente banir a razão e soltar o inconsciente. • Trabalhando com espontaneidade, ele movia o pincel em guinadas sobre a tela num estado semelhante ao transe ou jogava a tinta na tela num frenesi criativo, intensificado pela fome, pois só podia se permitir uma refeição ao dia. • Seu objetivo era “expressar com precisão todas as fagulhas douradas que a alma solta".


• Miró inventou signos biomórficos (sugere formas orgânicas) singulares para objetos da natureza, como o sol, a lua e os animais. • Com o passar dos anos, essas formas foram sendo progressivamente simplificadas até chegar a uma estenografia(como uma Taquigrafia) em pictogramas de formas geométricas e gotas parecidas com amebas - uma mistura de fatos e fantasia. • "Miró não colocava um ponto numa folha de papel sem acertar direto no alvo“ Giacometti • As formas semi-abstratas de Miró, embora estilizadas, aludiam ludicamente aos objetos reais. Em cores vivas e sempre extravagantes, parecem quadrinhos de outro planeta.


"O importante é desnudar a alma", disse Miró. "A pintura e a poesia são feitas quando se faz amor - um abraço total, a prudência é jogada para o alto, sem nada ocultar."


Maternidade- 1924


Pintura - 1925


O nascimento do mundo. 1925


"Interior Holandês 11". Miró, c. 1920.


Painting, 1936


Head of a Woman - 1938


Constelação: Despertar na manhã adiantada - 1941


O pássaro bonito que revela a tonelada desconhecida de um par dos amantes (da constelação da série) - julho 23, 1941


Mulher, pĂĄssaroe estrela em frente Ă lua - 1944


Alvorecer perfumado por um chuveiro do ouro - 1954


Blue Star


“É o símbolo da liberdade. Nunca vi nada tão aéreo, tão solto, tão leve. De certa maneira podia se dizer que era perfeito. Era tão genuinamente pintor que lhe bastava distribuir três manchas de cor sobre uma tela para que esta existira e fosse um quadro".

Giacometti




The Red Sun


Bleu II


MAX ERNEST A MÃE DA LOUCURA


Max Ernst (1891-1976) • Dadaísta e surrealista, é o melhor exemplo de como os surrealistas empregavam títulos ambíguos às suas obras. • Com rótulos como "A Preparação de Cola de Osso" e "A Pequena Glândula Lacrimal Que Fala Tique-Taque", Ernst tentava lançar o espectador numa atitude de atenção mental.


“A Pequena Glândula Lacrimal Que Fala Tique-Taque”


O título de uma de suas mais famosas obras, "Duas Crianças Ameaçadas por um Rouxinol" (1924), provoca um certo espanto. Embora pareça ter saído diretamente de um roteiro de Hitchcock, Max Ernst explicou que o quadro deriva da morte de sua cacatua de estimação, quando ele era criança, e que durante muitos anos ele padeceu de "uma perigosa confusão entre pássaros e humanos".


" A mãe macho da loucura metódica“. • Teve as primeiras experiências alucinatórias quando teve febre alta, acometido de sarampo na infância, e descobriu que podia induzir semelhantes episódios quase psicóticos (e adaptá-Ios à arte) mantendo o olhar fixo, até sua mente começar a vagar num submundo psíquico.


• Com tantas e tão inusitadas paisagens internas para ver, não é de admirar que Ernst afirmasse que seu passatempo predileto era "olhar". • Ele inventou um novo método de gerar imagens surpreendente chamado frottage. • Colocava uma folha de papel sobre uma superfície áspera, como madeira, por exemplo, e passava um lápis por cima. A partir dos padrões no papel, ele elaborava imagens fantástica, às vezes monstruosas.


Biografia • Max Ernst nasceu na Alemanha e morreu em Paris em 1976. • Ernst aprendeu a pintar sozinho enquanto estudava Filosofia e Psiquiatria entre 1909 a 1914, chegando a exibir uma de suas pinturas em 1913. • Em 1914 Ernst veio a conhecer o Dadaismo através de um grande pintor Dadá, Jean Arp, com o qual manteve amizade pela vida inteira. • Em 1916 Ernst foi convocado para serviço militar alemão para lutar na Primeira Guerra Mundial. • Após a guerra, Ernst foi morar em Colónia com Jean Arp.


• Ernst Fez uma exposição em 1920 em Colónia, mas foi fechada pela polícia, alegando que obscena demais. • Ernst acabou mudando-se para Paris em 1922, onde veio a se juntar com o grupo surrealista. Era amigo Andre Breton e Tristan Tzara. • Ernst viveu em Nova York entre 1941 a 1945. E • m 1942 conheceu a pintora surrealista Dorothea Tanning. • Em 1946 casou-se com ela no Arizona. • Em 1958 voltou para França, onde morou até à, com 85 anos.


Fruto de uma longa experiĂŞncia - 1919


ExcursĂľes familiares - c. 1919


Submersus de Aquis - 1919


O Caracol de câmara - 1920


A Puberdade próxima… ou Pléiades 1921


Célèbes ora Elefante Célèbes - 1921


O anjo de Fireside - 1937


O jardim da Franรงa - 1962


Giorgio De Chirico 1888-1978 Pintor MetafĂ­sico


• Por volta de 1909 começou a pintar seus famosos cenários arquitetônicos, solitários, irreais e enigmáticos, onde colocava objetos heterogêneos para revelar um mundo onírico e subconsciente, perpassado de inquietações metafísicas. • Para isso, valeu-se da perspectiva tradicional do Renascimento florentino - que proporcionava ao conjunto uma sensação de infinitude - de um desenho marcado e de uma luz uniforme, com arcadas, torres, praças e fachadas.


• O mistério romântico e a combinação etérea de objetos bizarros e aparentemente desconexos ligam esta obra ao Surrealismo, embora tenha sido pintada dez anos antes da fundação deste movimento. • De Chirico é mais conhecido pelas séries de paisagens urbanas, retratando praças vazias e edifícios fantasmagóricos monumentais. • Em 1917, ele e o seu colega italiano Carrá fundaram o grupo Pintura Metafísica (Pintura Metafísica),que procurou retratar os aspectos mágicos e íntimos dos objetos, isolando-os do seu contexto normal e imbuindo-os de uma áurea enigmática. • A obra de De Chirico inclui frequentemente elementos da Antiguidade grega e romana, associados à sua herança italiana. • Giorgio De Chirico nasceu em Vólos, Grécia, em 1888 e morreu em Roma, Itália, em 1978.


O enigma da hora


La Solitudine - 1910s or 1920s


A torre vermelha


A canção do amor Junho-Julho de 1914


“Nós dois”


Hector e Andromache - 1917


Pintura da FamĂ­lia 1926


• Com sua pintura, Giorgio De Chirico antecipou o triunfo da estética surrealista; de certo modo, o enigma de sua radical transformação pictórica acrescenta mais uma interrogação ao estranho mundo de suas visões.


Marc Chagal (1887-1985) O Mastigador de Vanguardas


Estilo • O russo Marc Chagall incorporou diversas tendências da arte européia e, a partir delas, criou uma obra totalmente original. Seu estilo é tão marcante que ninguém ousou fazer algo parecido.



• Um episódio perdido na trajetória do russo Marc Chagall , é a chave para a entrada em seu universo de noivas flutuantes e bichos equilibrados em telhados. Aconteceu quando o pintor era comissário das artes em sua cidade natal, Vitebsk. Empolgado com a chance de levar à nova Rússia comunista os ideais das vanguardas européias, o artista inaugurou uma escola em 1918 e chamou o também russo Kazimir Malevich para integrar o corpo docente.


• Em pouco tempo, o colega seduziu os alunos com suas figuras geométricas simplificadas ao máximo, e a escola ficou conhecida como suprematismo. O famoso quadrado negro sobre o fundo branco de Malevich foi interpretado pelos jovens revolucionários como um caminho rápido para a transformação visual que tanto perseguiam.


• Diante da força e simplicidade do suprematismo, a popularidade de Chagall, com sua linguagem de excessos, perdeu força dentro da escola. • Em 1920, bastante magoado, ele abandonou o cargo em Vitebsk, deixando espaço para Malevich, inventor de uma proposta estética praticamente oposta à sua. • Chagall seguiu para Moscou, onde começou logo a produzir sete grandes painéis para o Teatro. Em um dos trabalhos, pintou um quadrado negro, em uma referência clara ao movimento preconizado pelo recente rival. Ver a homenagem como um gesto incoerente do artista é, no entanto, um equívoco. A citação, na verdade, resume o espírito de toda a sua obra.


• Durante os mais de 60 anos de carreira, o pintor flertou com muitos grupos modernos, observou com atenção o que surgiu no período, mastigou as ideias lançadas e devolveu tudo na forma de telas, gravuras e esculturas absolutamente originais. Por isso, é tão fácil reconhecer uma criação sua. • Embora suas fantasias imaginativas fossem proclamadas precursoras do Surrealismo, Chagal afirmava que pintava lembranças verdadeiras e não sonhos irracionais.


• A preocupação com as cores ganha mais sentido quando se vê sua obra como uma espécie de fábula, visão defendida pelo crítico italiano Giulio Carlo Argan. • Para ele, Chagall subverteu planos, quebrou parâmetros espaciais e chegou a uma perspectiva inédita, em que situações a princípio absurdas acabam se passando como cenas naturais. • Vacas vermelhas andam em telhados? Diante de um trabalho de Chagall, é possível acreditar que sim. Ante suas telas, fazem-se ainda as pazes com a arte bela, vítima do preconceito da vanguarda segundo o qual essa proposta estética seria menor, mais fácil de produzir. • Uma obra de Chagall convida a um comentário na linha "gosto disso e não sei bem explicar por quê". Isso basta. Ele é a prova de que beleza, inovação e talento podem caminhar juntos.


Eu e a Vila (1911), de Marc Chagall


La Marie


TrĂŞs velas


Amoureux De Vence


The Blue Violinist


No telhado de Paris


Cantiques IV



Fiancees da Volta Eiffel


The Blue Lovers


Artista e sua esposa



Dalí 1904 - 1989 “Paranóia sobre tela.”


Paranóia Crítica • O pintor que baseou sua técnica, que ele chamou de "paranóia crítica", na investigação da própria neurose. • Em 1928, quando chegou a Paris e se uniu aos surrealistas, Dalí tinha um estoque de fobias para pintar. • Tinha pavor de insetos, atravessar ruas, trens, barcos e aviões, de pegar o metrô e até de comprar sapatos, porque não suportava mostrar seus pés.


The Burning Giraffe, c. 1937


"A única diferença entre os loucos e eu", dizia Dalí, "é que eu não sou louco.“ • Era tomado por risos histéricos e incontroláveis e sempre carregava consigo um pedaço de madeira para afastar os maus espíritos. • Ele afirmava que cultivava intencionalmente ilusões paranóicas a fim de ser um médium para o irracional, mas que recuperava o controle conforme sua vontade.


“Fotografias de sonhos pintadas à mão" • Com tamanha carga de medos irracionais alimentando sua arte, Dalí deixava uma tela ao lado da cama, olhava bem para ela antes de dormir e, ao acordar, registrava o que ele chamava de "fotografias de sonhos pintadas à mão"


• Dalí diferia de Ernst e Miró na medida em que, em vez de inventar novas formas para simbolizar o inconsciente, representava suas alucinações com meticuloso realismo. • Sua técnica é apurada a ponto de ter uma precisão miniaturista, mas ele distorcia objetos de uma forma grotesca e os colocava em irreais paisagens de sonho. • Uma festa à fantasia onde os convidados deviam ir vestidos "de seus próprios sonhos",


El momento sublime, 1938


AscensĂŁo de Cristo, Salvador Dali


“Sonho provocado pelo vôo de uma abelha”


O navio


Rosa Meditativa


Galatea of the Spheres


Filho de Geopoliticus


Aparição de um prato e cara e da fruta em uma praia, c.1938


• Dalí apresentou-se como um corpo em deterioração. • Esse pesadelo recorrente aparecia sempre em seus trabalhos. O mais famoso, "A Persistência da Lembrança", mostra relógios derretidos e um estranho monte de carne indefinível. Embora metálicos, os relógios parecem estar em decomposição, com a presença de uma mosca e fervi ilhando de formigas que parecem jóias.



•"Com o advento de Dalí, parece que as janelas mentais foram totalmente abertas pela primeira vez", disse Breton, "de um modo que a pessoa se sente planando em direção à armadilha do céu tormentoso".


FOTOGRAFIAS Phillipe Halsman e Dalí Uma colaboração continuada entre os dois artistas iniciada em meados da década de 40, quando o Surrealismo se encontrava no seu ponto mais alto.


Dali atĂ´mico




• Halsman não usou montagens nem qualquer tipo de truque; apenas encenação meticulosa, muita preparação, bastante paciência e numerosas tentativas falhadas. Após cada ensaio era necessário limpar a água derramada no chão, ir atrás dos gatos e acalmá-los; às vezes aconteciam acidentes e Dali apanhava literalmente um banho... Por fim, na 28ª sessão foi conseguido o efeito pretendido. A arte não é um acaso.




Outras imagens menos conhecidas fruto desta colaboração - e sempre com o mediático Dali como modelo - terão sido eventualmente tão ou mais difíceis de captar, como aquela em que um mulher totalmente nua surge no meio de uma explosão de pães e pipocas furiosamente pontapeados pelo pintor.





Magritte Visões Oníricas


René Magritte (1898-1967) • Assim como Dalí, pintava imagens ilógicas, perturbadoras, com uma claridade impressionante. • Magritte começou como artista comercial, desenhando papéis de parede e anúncio de moda. • Em sua obra surrealista, usou o domínio da técnica realista para desafiar a lógica.


• Colocava objetos do cotidiano em locais incongruentes e os transformava em choques elétricos: uma torrente de cavalheiros de chapéu-coco caindo como pingos de chuva, um pedaço de presunto frito num prato que é também um globo ocular. • Essas perturbadora justaposições de objetos banais em contextos inesperado compelem a uma nova visão da realidade que transcende a lógica.



"The Portrait," 1935


• René Magritte praticava o surrealismo realista, ou “realismo mágico”. Começou imitando a vanguarda, mas precisava realmente de uma linguagem mais poética e viu-se influenciado pela pintura metafísica de Chirico.


Ligação perigosa, 1926


O Cruzamento difĂ­cil, 1926


O assassino ameaรงado. 1927


Tentando o ImpossĂ­vel, 1928


Os amantes, 1928


Les merveilles de la natureza (as maravilhas da natureza), 1932


La condição da Humanidade, 1933


A magia negra, 1934


RenÊ Magritte – La Clairvoyance (A Clarividencia), 1936


A Violação, c.1934


A Reprodução Proibida, c.1937


A Filosofia no Boudoir, c.1947


Perspective: Madame RĂŠcamier por David, 1951


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