ARTE PRÉ-POP

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PRÉ-POP

ARTE
Vamos parar de copiar!!!

Para um movimento que começou tão longe das correntes tradicionais, o Expressionismo Abstrato entrou em extinção mais depressa do que era de se esperar.
Ao fim de dez anos, seus fundadores e seu estilo pareciam inapelavelmente banais. • Com a pretensão de fazer pintura de ação, os artistas faziam uma despudorada imitação, jogando galões de tinta sobre as telas para faturar sobre algo que rapidamente se tornou uma padronização. • Jovens inovadores de meados dos anos cinqüenta se rebelaram contra essas falsas abstrações. "Não foi um ato de hostilidade", disse Jasper Johns, explicando por que escolheu um caminho diferente do trilhado por Pollock. "Foi um ato de auto-definição. "

• Robert Rauschenberg, que, juntamente com Johns, liderou a ruptura, disse: "Vi que as idéias não são bens imóveis. Existe espaço suficiente para se mover, e não é preciso ficar no mesmo lugar ou na imitação. Todo mundo fazia como Kooning, Newman, Reinhardt. Só dois artistas não copiavam outros artistas: Jasper Johns e eu." Em 1953, num ato que foi a quintessência do desafio, Rauschenberg produziu uma obra-de-arte apagando um desenho feito por de Kooning. Esse gesto de "cabeças vão rolar" simboliza o momento em que o movimento iniciado por Rauschenberg e Johns pôs fim ao domínio da abstração no mundo da arte.

RAUSCHENBERG A FORMA É IGUAL AO FATO

COMBINAÇÃO

da

mais

de

no pós-guerra,

as próprias

de

arte, meio

e

Rauschenberg (nasc. 1925) foi quem
contribuiu,
para libertar o artista
compulsão
registrar
emoções. Reciclando sucata e lixo antes que reciclagem ficasse chique, Rauschenberg inventou uma forma híbrida de
pintura
meio escultura, a que ele chamou
"combinação".
Monogram, 1955-59, de Robert Rauschenberg
The Chair

“esculturaesperandopara-serdescoberta”

• " Vasculhando as ruas de Nova York à procura de sucata, ou e “esculturaesperando-para-ser-descoberta”, segundo ele, o artista adicionava à pintura em tela materiais excêntricos como sinais de trânsito enferrujados, punhos de camisa puídos e uma águia empalhada. "Um par de meias não é menos adequado para um quadro" do que óleo sobre tela, ele dizia. "Eu queria que as imagens guardassem o sentimento do mundo externo em vez de cultivar o incesto da vida de estúdio."

Robert Rauschenberg, Charlene, 1954.

• Numa famosa declaração que explica sua apropriação de objetos perdidos, Rauschenberg disse: "Pintar tem relação com a arte e com a vida ... Tento atuar na lacuna entre as duas." Atuar entre as duas significava que nada estava além dos limites. "Um quadro", ele dizia, "'é mais parecido com o mundo real quando é feito de mundo real."

• Nessa abordagem de oportunidades iguais, Rauschenberg lembra seu mentor, o compositor de vanguarda John Cage, que fazia música com o silêncio (na verdade, os sons do público irrequieto). Quando elogiaram uma composição sua, Cage olhou pela janela e disse: "Não creio que sou melhor que qualquer coisa lá fora."

"Multiplicidade,

e inclusão"

• É como Rauschenberg chamava os temas de sua arte.

FUSÕES

quarenta anos, ele fundiu o questionamento

dadaísta da prática aceita com as enérgicas pinceladas do Expressionismo Abstrato e a fé surrealista no acaso.

processo, adquiriu um estilo pessoal

no risco. "Se a arte não é surpresa", disse ele, "não é nada."

E AQUISIÇÕES
variedade
Durante
radical
Nesse
distinto, baseado

Robert Rauschenberg, Retroactive I, 1964

“CAMA”

• Um exemplo dessa abertura de possibilidade ocorreu certa manhã de maio, quando ele acordou inspirado para pintar, mas não tinha dinheiro para comprar a tela. Encontrando em seu quarto um velho edredom, colocou-o no esticador de tela, junto com seu travesseiro, e sapecou tinta. Embora as indignadas autoridades italianas se recusassem a expor a obra resultante (" Cama "), o artista a considerou "um dos quadros mais simpáticos que pintei. Meu medo era que alguém quisesse se deitar nele."

• Rauschenberg geralmente comprava tintas sem rótulo em promoção em lojas de ferragens. Nunca sabiá que cor iria usar até abrir a lata. "É a diversão de fazer alguma coisa que nunca vi antes", ele dizia. "Se eu já souber o que vou fazer, não faço."

Morreu o

Rauschenberg, um

da

do século

O artista,

à

do dia-a-dia,

e

teve uma

que

ao

artista norte-americano Robert
dos maiores nomes
arte
XX.
cuja obra adotou vários formatos (da pintura
dança)
empregou vários materiais, muitos deles
faleceu segunda-feira, 12/05/2008. Jasper Johns, com quem
relação amorosa e profissional, disse um dia que nenhum artista americano tinha inventado tanto como Rauschenberg,
foi
mesmo tempo pintor, fotógrafo, escultor, compositor, entre outros ofícios.
JOHNS: MESTRE ZEN DA ARTE AMERICANA "Jasper Johns era Ingres, Rauschenberg era Delacroix", segundo Leo Castelli
• Oposto à passional receptividade, movida a uísque, do caos de Rauschenberg, é o frio cálculo de Jasper Johns (nasc. 1930) • No entanto, os dois trocavam idéias quando tinham estúdios no mesmo prédio de
armazém em
Nova York, de 1955 a 1960. Ambos devolveram à arte imagens reconhecíveis.

NÃO SÓ OLHAR, MAS VER

• Para Johns, assim como para Duchamp, a arte era um exercício intelectual. Nos anos cinqüenta e sessenta, ele elegeu como temas objetos bem conhecidos, de duas dimensões, como bandeiras, alvos e mapas, "coisas que a mente já conhece", dizia ele, que "me deram espaço para trabalhar em outros níveis"

Jasper Johns, “Target with Four Faces” (1955).

Olhar banal

• Em "Três Bandeiras", três telas em tamanhos decrescentes fixas uma sobre a outra retratam realisticamente um objeto familiar.

• Ao mesmo tempo, a superfície de textura enriquecida com encáustica (pigmento misturado com cera) deixa patente a artificialidade. Contrastando a estrutura impessoal da bandeira com a caligrafia artística pessoal, Johns deu nova identidade ao objeto que, tanto como as flores de O 'Keeffe, é olhado com banalidade, "mas não é visto, não é examinado".

"Três Bandeiras", Johns, 1958, Whitney, NY Johns, iuntamente com Rauschenberg, foi o primeiro a se rebelar contra o Expressionismo Abstrato, devolvendo à arte imagens reconhecíveis.
Jasper Johns (American, b. 1930) False Start, 1959 Oil on canvas; 67 1/4 x 54 in. (170.8 x 137.2 cm) A presença da cor na nossa sensação não mais corresponde ao significado da palavra aplicada. A identidade da cor é posta em xeque, pois dois critérios de identificação são utilizados simultaneamente, um se contrapondo ao outro.
Jasper Johns, Numbers in Color (1958-59)
Jasper Johns .Map. 1961.
ARTE POP POPULAR

Deboche

• Com o objetivo da crítica irônica ao bombardeamento da sociedade capitalista pelos objetos de consumo da época, ela operava com signos estéticos de cores inusitadas massificados pela publicidade e pelo consumo, usando como materiais principais gesso, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, fluorescentes, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, como de uma escala de cinquenta para um, transformando o real em hiper-real.

• Uma vez que Rauschenberg e Johns reintroduziram a imagem reconhecível, no início dos anos sessenta o palco estava armado para artistas que colhiam temas diretamente da cultura popular (pop). • Com um estrondoso WHAAM!, os quadros derivados de história em quadrinhos de Roy Lichtenstein tomaram como alvo direto a arte abstrata dos anos cinqüenta. • Além de Lichtenstein, artistas como Andy Warhol, Claes Oldenburg e James Rosenquist, todos com carreira comercial anterior, basearam seus trabalhos nas imagens dos anúncios em neon da Times Square, da comunicação de massa e da propaganda.
"Whaam!", Lichlenslein, 1963, Tate Gallery, Londres.
"Não há motivo para não considerar o mundo um grande quadro", disse Rauschenberg. • Esse retorno aos temas pictóricos figurativos estava longe de ser um retorno à tradição. • A arte pop elevou a ícones os mais crassos objetos de consumo, como hambúrgueres, louça sanitária, cortadores de grama, estojos de batom, pilhas de espaguete e celebridades como Elvis Presley. • Os artistas pop também faziam arte impessoal, reproduzindo garrafas de Coca-Cola ou caixas de sabão em pó num estilo anônimo, lustroso como um impresso. Com espírito bem-humorado, a nova arte apagava a pretensão da pintura de ação.

Em 1962, os artistas pop despontavam no superestrelato como cometas nos quadrinhos de super-heróis.
Era fácil gostar do pop. As cores brilhantes, os desenhos dinâmicos - às vezes ampliados em tamanho heróico - e a qualidade mecânica lhe davam uma lustrosa familiaridade.
Da noite para o dia, o pop se tornou um fenômeno de marketing tanto quanto um novo movimento artístico. Os colecionadores comparavam a disparada dos preços com a alta de suas ações da IBM. • Enquanto isso, o estoque ultrapassado do Expressionismo Abstrato deixava as galerias fora de combate. Um invejoso colocou um cartaz ao lado da exposição de latas de sopa Campbell de Warhol: "Compre a própria por 29 cents."

• Para o arquiteto Philip Johnson, colecionador de pop, arte era mais que o enriquecimento financeiro.

• "O que a arte pop fez por mim foi tornar o mundo um lugar mais prazeroso para viver", ele disse. "Vejo as coisas com um olhar totalmente diferente - em Coney Island, nos cartazes, nas garrafas de Coca-Cola. Uma das obrigações da arte é fazer você olhar o mundo com prazer. A arte pop é o único movimento neste século que tentou fazer isso."

LICHTENSTEIN: IMAGENS DOS QUADRINHOS
Deboche ou arte? • Desde 1962, o artista pop americano Roy Lichtenstein (nasc. 1923) vinha parodiando a violência impensada e o romance assexuado das histórias em quadrinhos, que revelam a futilidade da cultura americana. • Lichtenstein diz que pintava quadrinhos de guerra e berrantes romances melodramáticos porque "era difícil fazer um quadro suficientemente desprezível, a ponto de ninguém querer pendurá-Ia. • Todo mundo pendurada tudo. • Até pendurar um trapo gotejante era aceitável. [Mas] a única coisa que todo mundo odiava era a arte comercial, Ao que parece, não a odiavam tanto assim também."

em

com branco e preto,

da

cores

formas

de

das,

os

para o tamanho de cartazes,

o

com sua trivialidade.

• O estilo característico de Lichtenstein toma emprestados temas e técnicas das revistas
quadrinhos. Usando
primárias berrantes
e/e delineia
simplifica
incorporando pontos mecânicos
impressão (benday) e imagens estereotipadas, Ampliando
painéis
revista
Lichtenstein agride
espectador
Roy Lichtenstein, "Tintin in the New World," 1993
Go for Baroque 1979
Roy Lichtenstein (1923-1997) American
Roy Lichtenstein (1923-1997) American

Cubist

Still Life
by Roy Lichtenstein,
1974
Roy Lichtenstein (1923–1997), Girl with Tear III, 1977. Oil and magna on canvas,
46
x
40
inches.
Roy Lichtenstein, Femme d’Alger, 1963

WARHOL

O PAPA DO POP
ARTE FORA DOS MUSEUS • Quem já esteve num museu de arte conhece o pintor americano Andy Warhol (1930-87). • Warhol pegava seus temas nas prateleiras de supermercados e nas manchetes de tablóides e apresentava uma produção de massa com imagens de Marilyn Monroe ou de latas de sopa Campbell, numa espécie de linha de montagem, repetindo a imagem por meio de silkscreen. • As imagens populares trouxeram a arte para fora dos museus.

• "Depois que você vê o pop", disse Warhol, "não pode mais ver os Estados Unidos da mesma maneira."

• Warhol não só forçou o público a reexaminar as cercanias de seu cotidiano, mas marcou a perda de identidade na sociedade industrial.

• "Pinto isso porque eu queria ser uma máquina", ele dizia.

• Warhol adorava fazer declarações cínicas, que causassem escândalo: "Acho que seria sensacional se' todo mundo fosse idêntico", ou "Quero que todo mundo pense da me;ma maneira. Acho que todo mundo devia ser máquina."

• Tão logo os críticos chegaram à conclusão de que sua medonha peruca platinada, a maquiagem pálida e os óculos escuros escondiam um incisivo comentarista social.

• Warhol acabou com a história: "Se querem conhecer Andy Warhol, olhem para a superfície dos meus quadros, dos meus filmes, para mim, e isso sou eu. Não há nada por trás disso."

Sua Vida • Warhol começou como um bem-sucedido ilustrador de propaganda de sapatos. • Morava em Nova York com a mãe e 25 gatos. • Em 1960, fez quadros acrílicos de Super-Homem, Batman e Dick Tracy. • Entre 1962-65, acrescentou as famosas latas de sopa, garrafas de Coca-Cola, signos do dólar, retratos de celebridades e cenas de catástrofes diretamente do National Inquirer. • Autopromotor por natureza, Warhol fez de si mesmo uma sensação da mídia e instalou sua corte num estúdio no centro da cidade, chamado The Factory (A Fábrica).
a la recherche du shoe perdu
Red Explosion, c.1963

FILMES

• De 1963 a 68, Warhol fez mais de sessenta filmes que atingiam novas dimensões da banalidade. Um filme mudo, "Sleep" ("Sono"), tem seis horas de duração, captando cada não nuance de um homem dormindo. "Gosto de coisas chatas", dizia ele.

• Embora os trabalhos de Andy Warhol sejam imediatamente identificáveis, ele se opunha ao conceito de arte como objeto feito à mão expressando a personalidade do artista. Ao fazer arte a partir do cotidiano, em suas múltiplas imagens repetidas infinitamente como nos anúncios de saturação, ele trouxe a arte para as massas. Se a arte reflete a alma da sociedade, o legado de Warhol é nos levar a ver a vida americana como repetitiva e despersonalizada.

"Andy mostrou o horror do nosso tempo tão resolutamente quanto Goya em sua época", disse o pintor contemporâneo Julian Schnabel.

“Andy Warhol pega a imagem dos circuitos de informação de massas(...) vemos a mesma imagem muitas vezes no jornal(...) Acabamos por reconhecê-la sem observá-la,... Warhol propõe também o problema do valor: ao apresentar imagens “consumidas” apresenta uma imagem residual que é mais consumível e, que, portanto, se sedimenta de forma inerte, com muitas outras, no inconsciente coletivo.”

Argan

OLDENBURG: METAMORFOSE Escala Gigante

que as pessoas se acostumem a reconhecer a força dos objetos"

de

uma forma inicial de

Oldenburg (nasc.

do cotidiano em

as pessoas se acostumem a

disse Oldenburg. Os objetos comuns,

mas

porque nos focalizamos em seu

. "Quero
• Envolvido entre 1959 e 1965 com happpenings,
arte performática, o escultor americano Claes
1929) desenvolveu ampliações tridimensionais
objetos
grandes proporções. "Quero que
reconhecer a força dos objetos",
segundo ele, "contêm uma magia funcional contemporânea",
perdemos essa capacidade de apreciação
uso.

"A gravidade é minha principal criadora de formas",

• As esculturas moles de Oldenburg equivalem a versões em 3-D dos relógios derretidos de Dalí, As ampliações e as transmutações "devolvem a força ao objeto", ele disse, porque desorientam o espectador e lhe dão uma sacudidela para sair do torpor. O "Toalete Mole", por exemplo, vira do avesso a expectativa de quem vê a obra. O que deveria ser rígido é mole e bambo, o que deveria ser sanitário parece anti-higiênico.

"Eu altero .para desdobrar o objeto", dizia Oldenburg, para nos fazer "ver", possivelmente pela primeira vez, um objeto que olhamos todos os dias.
Claes Oldenburg and Coosje van Bruggen. 1985 1988. Spoonbridge and cherry. Aluminum, stainless steel, paint
Clothespin, 1976

Balancing Tools, sculpture on the Vitra company premises, Weil am Rhein, Germany.

Flying Pins (2000), Claes Oldenburg, por

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