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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 19 de janeiro, 2019

«ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS» JUTTA MERTENS-KEMMLER EXPÕE EM FARO| ATELIER DO MOVIMENTO | FOLHA DO MEDRONHO 1 CLÉVIO NÓBREGA LIDERA CBMR| LEANDRO DE SOUSA MARCOS | EM CENA NO LETHES EM#1862019 ALGARVE INFORMATIVO


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CONTEÚDOS #186 19 DE JANEIRO 2019 30

ARTIGOS 6 - Turismo Náutico em Lagos 14 - Revitalizar Monchique 22 - 1.º Encontro Europeu de Rooftops 30 - Clévio Nóbrega lidera CBMR 40 - Leandro de Sousa Marcos 50 - Loulé vibrou com «Alice no País das Maravilhas» 62 - Teatro Lethes 2019 72 - Folha de Medronho 82 - Atelier do Movimento 92 - Jutta Mertens-Kemmler 112 - Atualidade

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OPINIÃO 100 - Paulo Cunha 102 - Mirian Tavares 104 - Adília César 106 - Ana Isabel Soares 108 - Carla Serol ALGARVE INFORMATIVO #186

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AFIRMAR O TURISMO NA ECONOMIA DO MAR É UMA DAS PRIORIDADES DO TURISMO DE PORTUGAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

Turismo Náutico esteve em debate, no dia 8 de janeiro, num seminário organizado pela Câmara Municipal de Lagos, tendo como principais destinatários profissionais da área marítimo-turística e da gestão portuária, bem como técnicos de entidades públicas e privados relacionadas com o turismo, cultura, património, ALGARVE INFORMATIVO #186

gastronomia, náutica, animação turística dos portos e marinas. E logo no primeiro painel, conduzido por Martinho Fortunato, presidente do Conselho de Administração da Marina de Lagos, ficou-se a conhecer a importância do Turismo Náutico para o Turismo de Portugal, com uma apresentação a cargo de Isabel Feijão Ferreira sobre a Estratégia Turismo 2027. “Consubstancia uma visão de longo prazo, combinada com uma ação no 6


Isabel Feijão Ferreira, Chefe da Equipa Multidisciplinar do Turismo de Portugal

curto prazo, permitindo atuar com maior sentido estratégico no presente e enquadrar o futuro quadro comunitário de apoio 2021-2027. Baseou-se num processo de consulta pública extremamente participado e estivemos em cinco mercados internacionais com focus groups para ouvir do lado da procura o que os respetivos turistas pretendiam”, revelou a Chefe da Equipa Multidisciplinar. A nível interno foram igualmente realizados 10 laboratórios estratégicos de turismo e de todo este trabalho nasceu uma visão com o intuito de afirmar o turismo como uma hub para o desenvolvimento económico, social e ambiental em todo o território, posicionando Portugal como um dos destinos turísticos mais competitivos e 7

sustentáveis do mundo. “Daqui a 10 anos queremos um Portugal a liderar o turismo do futuro e que seja um destino sustentável; um território coeso, inovador e competitivo e em que o trabalho é valorizado; um destino para visitar, mas também para investir, viver e estudar; um país inclusivo, aberto e ligado ao mundo; e que seja um hub internacional especializado no turismo”, indicou Isabel Feijão Ferreira, acrescentando que esta estratégia já está no terreno e a ser implementada por vários atores. Mas para que esta estratégia a 10 anos tenha sucesso há que se apostar nos ativos endógenos e diferenciadores, naqueles que são exclusivos de Portugal, como o clima, luz, história, cultura, mar, natureza e água; mas também nos ALGARVE INFORMATIVO #186


ativos qualificadores, aqueles que enriquecem a experiência do turista, como a gastronomia e vinhos e os eventos; e nos ativos emergentes como o bem-estar e o living in Portugal. Quanto a metas, estão bem definidas, salientou a representante do Turismo de Portugal, quer do ponto de vista da sustentabilidade económica, como em termos sociais e ambientais. “Em 2027 pretendemos atingir os 80 milhões de dormidas em todo o território nacional e os 26 mil milhões de euros em receitas. No campo social, desejamos duplicar o nível de habilitações do ensino secundário e pós-secundário de 30 para os 60 por cento, e reduzir o índice de sazonalidade dos 37,5 para os 33,5 por cento. Mas a satisfação dos residentes também é uma preocupação e queremos que mais de 90 por cento dos portugueses considerem que o impacto do turismo é positivo no seu território”. Desafios colocam-se igualmente no plano ambiental, desejando-se que, em 2027, mais de 90 por cento das empresas adotem medidas de utilização eficiente da energia, promovam uma utilização eficiente da água nas suas operações e desenvolvam ações de gestão eficiente dos resíduos.

Isabel Feijão Ferreira:

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Cinco eixos estão consagrados na Estratégia Turismo 2027 – valorizar o território e as comunidades, impulsionar a economia, potenciar o conhecimento, gerar redes e conetividade e projetar Portugal – sendo determinante o foco nas pessoas, sejam elas turistas, profissionais ou residentes. “Estes eixos estratégicos desenvolvem-se em linhas de atuação e afirmar o turismo 8


na economia do mar é uma das prioridades do Turismo do Portugal, articulado com a valorização e preservação da autenticidade de Portugal e com a estruturação e promoção de ofertas que respondam à 9

procura turística”, salientou Isabel Feijão Ferreira. Desse modo, pretende-se o reforço do posicionamento de Portugal como um destino de surf de referência ALGARVE INFORMATIVO #186


internacional, e de atividades náuticas, desportivas e de lazer associadas ao mar, em toda a costa; a dinamização e valorização de infraestruturas, equipamentos e serviços de apoio ao turismo náutico, nomeadamente portos, marinas e centros náuticos; a realização de ações de valorização do litoral, incluindo a requalificação das marginais e valorização das praias; a dinamização de «rotas de experiências» e ofertas turísticas em torno do mar e das atividades náuticas; a criação de projetos de turismo de saúde e bemestar associado às propriedades terapêuticas do Mar; e a valorização dos produtos do mar associados à Dieta Mediterrânica. “O turista não vem por causa de um produto, vem para experimentar, e temos de valorizar esta dinâmica de oferta integrada. O Turismo de Portugal está a trabalhar com as instituições ligadas ao mar para se reduzirem os custos de contexto e para se simplificarem e desburocratizarem as matérias relativas ao mar”, indicou ainda Isabel Feijão Ferreira.

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E como a Chefe de Equipa Multidisciplinar referiu que algumas destas estratégias estavam já a ser implementadas no terreno, nada melhor do que falar do caso concreto das 15 Estações Náuticas atualmente existentes, redes de oferta turística náutica de qualidade, organizada a partir da valorização integrada de recursos náuticos presentes num território e da sua promoção, a qual inclui a oferta de alojamento, restauração, atividades náuticas e outras atividades e serviços relevantes para a atração de turistas. “É um projeto em que estamos a trabalhar em conjunto com a Fórum Oceano no âmbito do «Portugal Náutico» e as Estações Náuticas têm base numa determinada zona geográfica, associam uma imagem em conjunto, comercializam de forma integrada, pretendem ter uma marca distintiva e têm uma estrutura coerente de oferta de produtos e serviços”, destacou.

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Recorde-se que três destas Estações Náuticas encontram-se no Algarve – Faro, Loulé e Baixo Guadiana – e Isabel Feijão Ferreira declarou que o segredo para o sucesso destas iniciativas passa por agregar o maior número de parceiros possível. E em resposta a uma questão colocada por Martinho Fortunato, a oradora não concorda com a ideia de que o turismo náutico seja o «parente pobre» do turismo. “O Turismo de Portugal tem conteúdos que são sustentados pelos serviços prestados pelas empresas em atividade no mercado e o que tentamos é facilitar a vida aos empresários, no sentido de que possam satisfazer os turistas da melhor forma possível”, respondeu, lembrando ainda que o Turismo de Portugal está, neste momento, a avançar em termos de comunicação para 11

um produto bem mais abrangente do que o surf ou as ondas gigantes da Nazaré. “Temos uma campanha de promoção do Mar que associa a música, a dança e a arte e que demonstra claramente uma transição de ideias e conceitos que começou pela «Portuguese Waves», passou pelas «Big Waves» e «Surf as Art» e agora está no «Portuguese Ocean». Só podemos promover os ativos que temos desenvolvidos e temos vindo a crescer enquanto marca distintiva em torno do Mar. O awareness começa em algo, não é uma amálgama, e esta construção por patamares deu lugar a uma campanha cujo vídeo «Portugal – The Ocean» já tem 5,9 milhões de visualizações em 22 mercados e em pouquíssimo tempo” . ALGARVE INFORMATIVO #186


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Ana Mendes Godinho, Rui André, João Fernandes e Fátima Catarina

FUTURO DE MONCHIQUE PASSA POR MAIS PERCURSOS PEDESTRES E CICLÁVEIS, VALORIZAÇÃO DOS PRODUTOS ENDÓGENOS E FORTE APOSTA NA CULTURA, SAÚDE E BEM-ESTAR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, deslocouse a Monchique, no dia 15 de janeiro, para presidir à cerimónia de assinatura dos projetos «Revitalizar Monchique - o turismo como catalisador» e «SustenTUR Algarve ALGARVE INFORMATIVO #186

preservação do património natural e cultural da região do Algarve», bem como de um protocolo de colaboração entre o Turismo de Portugal e a Safe Communities Portugal. Um momento que foi particularmente importante para o concelho, declarou Rui André, Presidente da Câmara Municipal de Monchique, para quem olhar para o futuro é a melhor forma de ultrapassar a 14


tristeza que se seguiu aos incêndios que afligiram este território no Verão de 2018. “Monchique soube posicionar-se naquilo que é a estratégia regional de complementaridade da oferta tradicional do «Sol e Praia», com quatro produtos muito fortes que, na altura, associamos à marca do «Topo do Algarve». Mas Monchique não pode ser apenas o «jardim» e o «pulmão» do Algarve e em boa hora iniciamos um trabalho em parceria com a Almargem para a criação de um conjunto de percursos pedestres para a valorização do Turismo de Natureza”, lembrou o autarca. Forte aposta foi feita igualmente nas vertentes do Turismo Gastronómico e

Turismo Cultural, com Rui André a defender uma estratégia de promoção dos «circuitos curtos» entre a produção e a restauração e hotelaria, “o que tornaria provavelmente o Algarve na região mais sustentável da Europa”. “A região tem um grande número de dormidas ao longo do ano e o «outro Algarve», onde existem produtos agrícolas de imensa qualidade, só nos falta passar a Via do Infante para sul. A A22 divide o Algarve em dois, física e economicamente, e os responsáveis políticos precisam ser capazes de criar as pontes e sinergias entre este «outro Algarve» e o Algarve da hotelaria e restauração”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Monchique,

Rui André e Carlos Abade, vogal do Turismo de Portugal 15

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acreditando que, desse modo, se aumentaria a produção na zona serrana. Rui André sabe, porém, que esta mudança não acontece de um dia para o outro, porque as unidades hoteleiras têm cadeias de compra e estratégias de comercialização perfeitamente cimentadas. “No entanto, com incentivos fiscais, e não só, da parte do Governo, acredito que essas empresas consumiriam os produtos locais. E, se tivermos pessoas a viver neste território, com as suas atividades económicas, certamente que é mais fácil prevenir e combater o flagelo dos incêndios”, sublinhou, acrescentando ainda outros produtos que se pretende dinamizar ainda mais em Monchique: o Turismo de Saúde e o Turismo de Bem-Estar. “Cada vez mais as pessoas das grandes cidades vão para estes territórios mais tranquilos à ALGARVE INFORMATIVO #186

procura delas próprias, o mindfulness é um conceito a crescer a olhos vistos no mercado turístico e Monchique, pelas suas características, pode proporcionar uma oferta de qualidade nessa matéria”. A finalizar a sua intervenção, Rui André falou da lição que a Natureza está a dar ao ser-humano, com a floresta já a regenerar-se após os incêndios de 2018. “Agora, há que perder pouco tempo com os processos burocráticos, embora nem tudo se possa acelerar. Não queremos que se repitam os erros em Pedrogão, por isso, é preferível que se façam as coisas de forma clara e transparente, envolvendo todos os intervenientes, para que, no final, não haja um dedo a apontar ao modo como tudo foi conduzido. E as pessoas são o mais importante de Monchique, 16


porque muitas delas saíram dos seus países de origem e vieram investir os seus recursos neste território”. Apoiado com um financiamento de 431 mil e 856 euros, o projeto «Revitalizar Monchique – o turismo como catalisador» é promovido pela Associação Turismo do Algarve, a Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve e o Município de Monchique, com o objetivo de dotar Monchique e Silves de condições atrativas para o desenvolvimento da atividade turística por via da intervenção em zonas que foram atingidas pelo incêndio que fustigou estes dois concelhos no Verão de 2018. “A Via Algarviana tem dois setores icónicos no

concelho de Monchique, pelos quais se sobe até à Picota, passando-se pela Foia, que foram muito afetados pelos incêndios, quer na parte da sinalética como da paisagem. Vamos ver se é preciso alterar os setores ou se basta voltar a sinalizar, porque muitas pessoas continuaram a percorrer estes setores, com recurso a GPS”, declarou Anabela Santos, da Almargem. A estes somam-se cinco percursos pedestres circulares dentro do concelho e duas rotas temáticas, pelo que as expetativas são muitas em relação ao futuro. “Vamos precisar da ajuda dos agentes locais para sinalizarmos cinco a sete novos percursos, para dar a

João Fernandes e Carlos Abade, vogal do Turismo de Portugal 17

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conhecer partes do concelho que não arderam, para transmitir uma imagem positiva de Monchique. Para além disso, há intenção de criar uma plataforma – «Visit Monchique» – desenvolvida pela Câmara Municipal de Monchique, para se agregar toda a informação turística do concelho e desenvolver produtos comercializáveis”, adiantou Anabela Santos. Assim, até dezembro de 2019 há muito a fazer, desde o reforço da rede de percursos pedestres e cicláveis de Monchique à implementação dessa plataforma agregadora de experiências inovadoras, culturais e criativas, articuladas com a rede de percursos pedestres, visando a valorização dos produtos turísticos e do território. Vai-se também desenvolver a oferta de programas e pacotes turísticos integrados, a realizar pelos agentes locais, envolvendo o Turismo de Natureza, Turismo Cultural e Criativo, bem como apostar-se na capacitação dos profissionais do setor no sentido de qualificar a oferta regional, com vista ao aumento do número de turistas e visitantes em Monchique e no Algarve, especialmente durante a época baixa. “E vamos avançar para um novo Festival de Caminhadas para se juntar aos três já existentes no resto do Algarve (Ameixial, Alcoutim e Lagos). Quem gosta de caminhar tem que vir a Monchique, que possui cantos e recantos para se descobrir e apaixonar-se por eles”, revelou ainda a representante da Almargem.

Promovido pela Entidade Regional de Turismo do Algarve, o projeto «SustenTUR ALGARVE INFORMATIVO #186

Algarve» tem como propósito a promoção da sustentabilidade do património natural e cultural da região junto dos visitantes e residentes, em estreita parceria com atores públicos e privados, através da realização de um conjunto de ações de capacitação, informação e sensibilização, com o intuito de fortalecer uma cultura de turismo na região. O projeto é apoiado com 204 mil euros e a sua execução decorrerá até 30 de novembro de 2020, com João Fernandes a destacar a rapidez com que foi possível desenvolver um plano estratégico e de ação concertado com os vários parceiros. “A primeira vertente do projeto passa pela capacitação «bike & walk friendly» para alojamentos, uma sequência de uma consultadoria à medida de pequenas empresas que já temos vindo a realizar em termos de Via Algarviana, Ecovia do Litoral, Grande Rota do Guadiana e a Rota Vicentina. Houve um bom feedback dos participantes, pelo que vamos reforçar este trabalho”, apontou o presidente da Região de Turismo do Algarve. Sensibilizar para a importância da preservação e respeito pelo património natural e cultural é outra das linhas de orientação do «SustenTUR Algarve» e vão-se desenhar programas de formação à medida dos operadores turísticos. “Temos assistido, por exemplo, a algumas práticas menos informadas no contato com os cavalos-marinhos e outras espécies marinhas, e queremos que as empresas sejam agentes ativos da preservação desse meio, o que já 18


Anabela Santos, João Fernandes, Rui André e Ana Mendes Godinho

acontece na esmagadora maioria dos casos”, declarou João Fernandes. Mas os próprios residentes têm de cuidar melhor do seu território, com o lixo no chão a continuar, infelizmente, a ser uma prática corrente. “Haverá ainda uma ação dirigida especificamente aos turistas das autocaravanas, pois sabemos de algumas práticas menos saudáveis nessa matéria. No que toca aos recursos cicláveis, e numa parceria com a Federação Portuguesa de Ciclismo e com o Turismo de Portugal, definimos uma rede para ciclismo de estrada, com percursos para diferentes níveis de desempenho que servem para o cicloturista, estagiários ou profissionais de alto rendimento”, indicou. Quanto à última linha de atuação do «SustenTUR Algarve», o combate à 19

turismofobia, João Fernandes reconhece que essa realidade é mais conotada com grandes centros urbanos como Lisboa e Porto, lembrando que o Algarve convive naturalmente com o turismo praticamente desde 1965, aquando da abertura do Aeroporto Internacional de Faro. “Apesar de tudo, devemos estar atentos a este fenómeno e evidenciar, junto dos residentes, que o turismo também gera bem-estar e que é o mote para toda a economia local. Este projeto, por todas estas características, aplica-se na perfeição a Monchique e estamos totalmente disponíveis para trabalhar com os agentes locais na sua implementação”, concluiu o presidente da Região de Turismo do Algarve e da Associação de Turismo do Algarve. ALGARVE INFORMATIVO #186


fatores chave de diferenciação. Quem nos procura deseja experiências diferentes, que não existem em mais lado nenhum do planeta, com as pessoas e os produtos endógenos, com o medronho, os enchidos e as camélias de Monchique. É isso que está a posicionar Portugal no Mundo como um destino imperdível”, salientou a Secretária de Estado do Turismo.

Ana Mendes Godinho

Após a assinatura dos vários protocolos coube a Ana Mendes Godinho encerrar a sessão, recordando que, logo após os incêndios de 2018, houve um manifestar de intenção da parte do Governo em se criar um mecanismo financeiro extraordinário, com 100 por cento do investimento assumido pelo Turismo de Portugal, “para se olhar para o dia seguinte”. “Foi no Algarve que desenvolvemos o projeto-piloto do «Cycling & Walking» para afirmar Portugal como um destino que é muito mais do que o mero «Sol e Praia» e queremos aproveitar os ativos naturais que Monchique possui para serem ALGARVE INFORMATIVO #186

Neste programa de ação havia que identificar e reposicionar o que tinha sido destruído com os incêndios, mas aproveitar para se ir mais longe, explicou Ana Mendes Godinho, pensando em novos produtos, percursos e eventos para somar aos já existentes. “Hoje, devemos ter a preocupação em criar conteúdos digitais para se comunicar e promover aquilo que temos de uma forma inteligente. Em 2017, através da promoção digital, o Turismo de Portugal chegou a 157 milhões de pessoas. Se queremos cada vez mais abrir o mapa turístico de Portugal, e não estarmos apenas entornados para o litoral, precisamos de conteúdos que façam a diferença e que cheguem a milhões de pessoas por via de um simples clique”, avisou a governante . 20


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FARO REUNIU ESPECIALISTAS INTERNACIONAIS PARA MELHOR APROVEITAR AS SUAS AÇOTEIAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® e Irina Kuptsova

ideia da Câmara Municipal de Faro é organizar, nos dias 21 e 22 de junho, o 1.º Faro Rooftop Festival, contudo, ao aperceber-se da ALGARVE INFORMATIVO #186

falta de conhecimento e troca de experiências entre os vários agentes, decidiu avançar primeiro com um encontro que, para além de intervenientes locais e regionais, contou com participantes oriundos do Chipre, Holanda, Itália, República Checa, 22


Bélgica, Áustria e Espanha. Assim, nos dias 10 e 11 de janeiro, o 1.º Encontro Europeu de Rooftops, ou açoteias, como são tradicionalmente designadas na língua de Camões, serviu para criar sinergias entre proprietários/gestores de açoteias, arquitetos, agentes culturais, empreendedores e outras entidades que, direta ou indiretamente, nelas desenvolvem trabalho, tanto na cidade de Faro como em todo o Algarve, tendo como exemplos alguns dos casos de sucesso vindos um pouco de toda a Europa. Ninguém duvida que as condições climatéricas, associadas às caraterísticas das construções na região algarvia – normalmente com açoteias e linhas direitas – proporcionam um enquadramento paisagístico que pode ser explorado em termos de sustentabilidade e desenvolvimento cultural e constituir um 23

motivo de atração para inúmeras atividades com um grande impacto num turismo mais qualificado. Por isso, o 1.º Encontro Europeu de Rooftops incluiu uma visita ao centro histórico de Faro e a diversos locais com potencial para serem utilizados em futuras iniciativas; uma reunião de brainstorming com representantes da Câmara Municipal de Faro e da Boiling, a entidade organizadora do ROEF Festival em Amsterdão, um Jantar-Conferência com a participação de Mattijs Maussen, experiente profissional ligado ao desenvolvimento de estratégias sustentáveis de trabalho na União Europeia; e um workshop onde foram debatidas questões como a criação de uma rede europeia de rooftops, formas de cooperação em rede e qual o impacto positivo que um Festival de Rooftops pode ter nas políticas urbanas no futuro. ALGARVE INFORMATIVO #186


Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro

Valorizar e reabilitar a identidade do Algarve, do Sul de Portugal, mas também do Sul da Europa, onde os terraços são frequentemente encontrados, são objetivos da Câmara Municipal de Faro, num tempo em que as pessoas perderam o hábito de os frequentar em momentos de convívio e lazer, referiu Bruno Inácio, Chefe de Divisão da Cultura da autarquia farense, durante a sessão de apresentação dos resultados do 1.º Encontro Europeu de Rooftops, que teve lugar no Restaurante «O Castelo», no final de tarde do dia 11. “Queremos começar a pensar em termos globais num conjunto de ações que possamos realizar ao longo do ano e que deem uso a estes espaços numa perspetiva ambientalmente responsável ALGARVE INFORMATIVO #186

e sustentável. Ali se podem dinamizar pequenas hortas urbanas ou jardins verticais ou colocar sistemas que contribuam para a sustentabilidade energética dos edifícios”, exemplifica, lamentando que as açoteias tenham deixado, efetivamente, de serem espaços de encontro da comunidade. Da troca de experiências entre os especialistas europeus resultaram diversas ideias interessantes de como se deve olhar para a paisagem urbana no século XXI, não só no que toca ao festival que o Município de Faro pretende levar a cabo, mas também nas políticas desenvolvidas em matéria de urbanismo e ambiente. “São princípios que sintetizamos num conjunto de 24


intenções para o futuro. Durante o festival vamos desafiar a cidade a juntarse a nós nesta grande celebração da identidade do Sul para que as pessoas possam frequentar uma série de espaços públicos e privados. Vamos procurar ter música, cinema, gastronomia, bons exemplos de sustentabilidade ambiental e energética, de como a comunidade se pode juntar em torno das suas açoteias”, resumiu Bruno Inácio, antes de passar a palavra a Luís Caracinha, da Epopeia Records, empresa que está a tratar da vertente de comunicação do Faro Rooftop Festival. “Falar de açoteias, do legado deixado pelos árabes no nosso território, é sempre gratificante. Tanto se encontram em casas pequenas de 50 metros quadrados como em palácios e são bastante diferentes na forma como são decoradas as platibandas – a faixa central do muro da açoteia que muitas

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vezes era decorada pelos donos das casas com motivos tradicionais. As fachadas tradicionais algarvias têm sempre cores muito ligadas ao ocre, aos amarelos, laranjas e azuis e resumimos tudo isso na imagem e conceito que criamos para o festival”, indicou Luís Caracinha. A finalizar a sessão, Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro, salientou a importância de se olhar para os outros quando se está a pensar em organizar algum evento. “Hoje, dificilmente se inventa grande coisa. Regra geral, utilizamos o que já existe, adequando-se, claro, às realidades locais. Tendo em conta a nossa candidatura a «Faro – Capital Europeia da Cultura 2027», temos pensado bastante naquilo que somos e naquilo que queremos vir a ser, em quais são

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os nossos problemas, mas também as nossas potencialidades. E as açoteias têm um significado especial para as pessoas da minha geração”, frisou o edil farense, recordando um tempo em que só existia um canal de televisão, que abria às 19h e fechava às 22h. “Não havia tablets ou telemóveis, os carros eram muito reduzidos e serviam essencialmente para se ir para o trabalho e passear um bocadinho ao sábado e domingo. Nesta época, as ruas eram o «mundo» da malta nova, que brincava à porta de casa ou nas açoteias. Foi na açoteia do meu prédio que vi muitos namoricos e onde aprendi a dançar, era lá que as senhoras domésticas estendiam a roupa para secar, que conversavam, que faziam amizades e guerras umas com as outras, e toda essa vivência se perdeu”, notou Rogério Bacalhau. “A cultura é aquilo que

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nos pode fazer evoluir enquanto sociedade, que pode contribuir para a paz mundial através do conhecimento que cada um dos povos tem dos outros, por isso, é algo em que estamos a apostar, para criar melhores condições para quem cá vive e para quem nos visita” .

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CBMR QUER SER UM CENTRO DE INVESTIGAÇÃO DE EXCELÊNCIA À ESCALA GLOBAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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lévio Nóbrega é o novo diretor do CBMR – Centro de Investigação em Biomedicina da Universidade do Algarve, um CBMR que se pretende mais dinâmico e ativo e que seja um centro de investigação de excelência em Portugal, mas tal não significa que haja uma rutura com o passado, até porque, na hora da verdade, estamos a falar dos mesmos investigadores. “Queremos tirar partido do bom que temos para nos tornarmos ainda melhores. É um desafio pessoal gigante porque também dou aulas e tenho os meus próprios projetos de investigação, mas sou uma pessoa positiva e acredito que vamos alcançar os nossos objetivos”, referiu Clévio Nóbrega, em início de conversa no seu gabinete, no Campus das Gambelas da academia algarvia. Excelência que é fundamental na ciência moderna, pois os centros de investigação concorrem uns com os outros à escala global, uma realidade a que o CBMR está bem habituado, confirma o entrevistado. “Já não se faz investigação no nosso «cantinho», seja ele grande ou pequeno, porque competimos para publicar, para arranjar financiamento, para termos colaborações, para termos bons alunos e boas ideias. Não existe um mercado português, mas sim um mercado mundial, é nesse panorama que estamos inseridos”, assegura, admitindo que não é fácil «lutar» de igual para igual com os centros de investigação de Lisboa, Porto ou Coimbra. “Mas volto a enfatizar que somos realmente bons e prova disso é ALGARVE INFORMATIVO #186

que, na última proposta de financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), conseguimos conquistar sete projetos. Isso é excelente para um centro da nossa dimensão”, considera Clévio Nóbrega. “Somos um centro pequeno de uma universidade que é periférica no nosso país, mas isso não nos limita, aliás, até pode ser uma mais-valia, 32


pois estamos todos mais unidos e focados num objetivo mais comum”. Não se faz investigação sem financiamento e arranjar apoios financeiros é um problema transversal a todos os centros, revela, entretanto, Clévio Nóbrega, ainda mais porque os fundos nacionais são muito limitados. “Se houver uma crise, e oxalá que não, a ciência é sempre uma das primeiras matérias onde 33

se corta. A solução é ir buscar financiamento à União Europeia e aos Estados Unidos, um aspeto em que o CBMR se vai focar mais”, assume o diretor. Mais financiamento gera uma maior capacidade para atrair melhores alunos e investigadores e, depois, tudo se torna mais fácil. E os fundos, claro, não precisam vir apenas do setor público. “Existe uma grande necessidade das empresas de ALGARVE INFORMATIVO #186


biotecnologia para realizar tarefas específicas e, para isso, precisam de subcontratar. Hoje em dia, tirando as principais farmacêuticas, ninguém tem grandes laboratórios, fazem outsourcing. Nós possuímos os equipamentos e a massa crítica, temos é que nos saber «vender» melhor, o que gera mais receitas, mas também, a longo prazo, mais publicações científicas e direitos em patentes, que são bastante importantes para as universidades”. Prestações de serviços que o CBMR até já tem feito no passado recente, nomeadamente a empresas do Reino Unido e França, mas a direção liderada por Clévio Nóbrega pretende reforçar essa valência, por via da criação de um portfolio de serviços que possam oferecer a nível nacional e internacional. O problema é que ALGARVE INFORMATIVO #186

toda essa componente de marketing é, passe a redundância, um problema para os cientistas, mais habituados que estão a investigar e a fazer descobertas do que propriamente a promover os seus serviços. “De facto, é algo que implica um grande investimento em termos de tempo, mas precisamos fazer quase uma digressão nacional como os artistas. O nosso biotério, por exemplo, tem custos relativamente mais reduzidos do que os outros existentes em Portugal e, se assim o pretendermos, podemos prestar serviços para outras entidades. É um trabalho que não vai dar frutos daqui a um ano, talvez daqui a três ou cinco anos, mas tem que começar a ser feito e de forma consistente”.

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Muda a liderança mas, conforme dito logo no início da conversa, não há uma rutura com o passado, de modo que o CBMR vai continuar a ter como principais áreas de atuação a oncologia, investigação no cérebro, desenvolvimento e biomoléculas. O que não quer dizer que, como visão científica de médio e longo prazo, o centro não se venha a focar mais numa delas, nem que seja momentaneamente. “Num ciclo de financiamento, de um, três ou cinco anos, é normal para um centro dar prioridade a uma determinada área, porque faz mais sentido investir nela, ou porque há mais recursos disponíveis para ela, ou porque ela está mais na moda. No que toca aos recursos humanos, faz mais sentido contratarmos pessoas para as áreas que já desenvolvemos, porque um centro tem que se especializar. Agora, há sempre oportunidade para se criarem novas linhas de investigação, não nos podemos fechar hermeticamente nas áreas que definimos a priori. A ciência é muito dinâmica e devemos estar atentos às novas tendências”, afirma Clévio Nóbrega. CBMR que conta presentemente com 40 membros integrados, aos quais se deverão somar, brevemente, mais sete novos investigadores auxiliares, na sequência dos projetos que vão ser financiados pela FCT durante os próximos três anos. “Vamos contratar investigadores auxiliares já com uma certa experiência pós-doutoral que serão integrados nos projetos e 35

áreas de atuação do Centro e que nos darão, certamente, uma nova vitalidade. Estou muito esperançado que eles venham contribuir para esta maior dinamização que se pretende para o CBMR”, admite o especialista em neurociências. “A ideia é tentarmos atrair pessoas de fora do Algarve, aliás, estes concursos são internacionais. Serão pessoas que vêm de outros centros, porque acreditam no CBMR e querem vir para cá desenvolver a sua investigação. Com mais estes projetos, a intenção é igualmente captar mais alunos de Doutoramento, uma das grandes batalhas da Universidade do Algarve, pois estamos com rácios relativamente mais baixos do que as outras academias”. Há, então, boas perspetivas de crescimento, resta saber se o CBMR está preparado, fisicamente, para tal. E Clévio Nóbrega confessa que esse é, de facto, um constrangimento, ainda mais depois da vinda da Escola Superior de Saúde da Universidade do Algarve para o Campus das Gambelas. “Os espaços que temos são novos e ótimos, mas estão subdimensionados, mesmo para a dimensão atual do CBMR. Uma das prioridades desta nova direção é conseguirmos, junto da Reitoria, mais espaços, porque não podemos estar limitados pela questão física. Nas atuais condições será praticamente impossível acomodar mais sete investigadores auxiliares e mais cinco ou seis alunos de Doutoramento que virão por arrasto”, antevê o entrevistado. “Mas tenho a convicção de que a Reitoria será sensível às ALGARVE INFORMATIVO #186


nossas necessidades e que nos ajudará dentro do que lhe é possível, porque a gestão dos espaços é sempre complicada”.

Foto: Isa Mestre (CBMR)

Perante as dificuldades referidas, a que se somam, no passado recente, as dores de cabeça para se arranjar alojamento na capital algarvia, a solução para se atrair novos investigadores e alunos de Doutoramento é ter uma ciência excelente. “Os investigadores vão para os sítios onde têm oportunidade de construir a sua carreira, independentemente de todas as condicionantes. A habitação já era um problema quando eu vim para o Algarve e tem-se agudizado mais nos últimos anos, mas temos mais-valias que, se calhar, mais nenhuma região do país possui e que importam para a qualidade de vida das pessoas. O que é preciso entender é que a investigação feita nos centros tem de ser, de facto, de qualidade superior, tudo o resto se ultrapassa”, acredita Clévio Nóbrega. No entanto, essa imagem de excelência não pode ser alcançada à custa de pressas, de se ir por atalhos, de se avançar com excessiva velocidade. O Diretor do CBMR esclarece, porém, que a ciência, hoje, não pode demorar tanto tempo a produzir resultados como há 15 ou 20 anos. “Se demorarmos cinco ou seis anos a escrever um artigo científico, já saíram 30 ou 40 relacionados com aquilo que estamos a fazer”, avisa, com um sorriso. “Apesar disso, a ciência é mais lenta do que outros processos e queremos lançar as bases para almejarmos ser um centro de excelência. Os investigadores do CBMR são realmente bons, mas acho que ALGARVE INFORMATIVO #186

faltou uma visão para se construir as fundações para um centro forte a longo prazo. Pensou-se no imediato, nos ciclos de financiamento, que são fundamentais, mas não se pensou no que queremos para o Centro daqui a 10 anos”, lamenta o entrevistado. “Nós temos esta visão mais utópica e bonita da ciência do que desejamos alcançar daqui a uma década, que é 36


Raquel Andrade (Vice-Diretora), Clévio Nóbrega (Diretor), Leonor Faleiro e José Bragança (Vogais) constituem a nova direção do CBMR - Centro de Investigação em Biomedicina da UAlg

importante, mas também temos os problemas do dia-a-dia para resolver, há que gerir os recursos humanos e financeiros. Sabemos que o trabalho é árduo, a confiança é muita, mas gostaríamos que a região reconhecesse mais o nosso papel. O CBMR tem sido fundamental para o sucesso do curso de 37

Medicina da Universidade do Algarve, é uma parte integrante do novo Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve, ou ABC – Algarve Biomedical Center, e queremos continuar a contribuir para o crescimento do Algarve” . ALGARVE INFORMATIVO #186


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“UM ARTISTA TEM QUE SER HONESTO E VERDADEIRO COM OS SEUS SENTIMENTOS”, DEFENDE LEANDRO DE SOUSA MARCOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #186 #186 ALGARVE

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oi durante a desmontagem da exposição «Até não haver mais», que esteve patente na Delegação de Faro do Instituto Português do Desporto e Juventude, que conversamos com Leandro de Sousa Marcos, artista visual farense de 26 anos que era para ser arquiteto… mas quis o destino que seguisse outros caminhos, e até agora não está arrependido da escolha que fez. O gosto para desenhar existia desde pequeno, a mãe estava sempre a incentivá-lo e o pai estava ligado à construção civil, mas Leandro era um pouco mandrião na escola e as notas não ajudavam, de modo que acabou por entrar para Artes Visuais da Universidade do Algarve. “Pensava que ia brincar um bocadinho com as artes, fazer desenhos, tirar fotografias seja ao que fosse e filmar qualquer coisa. Nem sequer sabia o que era a videoarte, nem nunca tinha estudado a História da Arte, a matemática é que era importante para a Arquitetura. Fui apanhado de surpresa, mas o interesse aumentou à medida que o tempo ia passando e ia conhecendo novas pessoas ligadas ao meio”, recorda o artista. Decidido o novo rumo a seguir, Leandro de Sousa Marcos já não se imagina a ser um arquiteto, até porque essa opção provavelmente o obrigaria a sair de Faro, a afastar-se das suas raízes, da família e amigos. Se fez a melhor escolha ou não, não consegue dizer, mas depressa garante que ser artista lhe abriu espaço para o conhecimento. “Toda a minha vida fui curioso e um artista é bom se estiver sempre a tentar adquirir novos saberes, ALGARVE INFORMATIVO #186

não é só criar obras e montar exposições”, entende o entrevistado, considerando que a arquitetura é uma matéria muito específica, ao passo que a arte dá liberdade para se fazer dentro dela o que cada um quiser. “A arquitetura regula o desenho técnico para se construir edifícios e, embora haja espaço para a criatividade, há sempre restrições. Na arte, elas não existem”, distingue. E isso mesmo se observa no trabalho de Leandro de Sousa Marcos, que vai da pintura à escultura, vídeo e instalações. “Senti um bom choque entre várias formas de arte, algo que não estava à espera quando entrei para o curso. Como já cresci na era das redes sociais e do online, a fotografia para mim era uma coisa banal e limitada, servia apenas para se publicar no Facebook ou Instagram. No vídeo pensava apenas em termos de videoclips. Cheguei às Artes e percebi que as minhas noções estavam completamente erradas”, confessa. Leandro de Sousa Marcos passou então a olhar para o vídeo e fotografia de forma mais abstrata, estudou bastante, ganhou novas ferramentas e foi alargando o seu espetro criativo para lá do desenho e pintura que tinham crescido com ele. “Acabou por ser um processo natural. Mudei a minha maneira de trabalhar e comecei a dar mais enfase aos meus sentimentos, primeiro numa peça que fiz para uma exposição da Associação 289 e agora com esta mostra «Até não haver mais». Antigamente tentava criar uma imagem que fosse totalmente diferente do que existia. Aqui estou, 42


se calhar, a ser um pouco mais egoísta e egocêntrico, porque estou a trabalhar com o que sinto, mas foi um caminho que me levou também à escultura e ao vídeo”, compara o farense. Peças que não são de fácil interpretação, de significado imediato, mas para perceber o trabalho de um artista é preciso conhecer o seu percurso de vida e profissional. “Quem cai aqui de paraquedas pode achar que é tudo muito abstrato, mas houve quem pensasse logo na carne, no sangue, no sofrimento e na dor. Na verdade, aqui está a dor que sinto neste momento”, reconhece, defendendo que é fundamental um artista ser honesto e verdadeiro com os seus sentimentos. “Estarmos preocupados com aquilo que os outros irão pensar das 43

nossas obras é um erro, porque isso vai condicionar a forma como estamos a fazer as coisas. Claro que, depois, há premissas que se devem cumprir na construção das imagens e na montagem da exposição, pois isso influencia a leitura que o público vai fazer do que vai ver. Esta mostra começou com uma peça que chamo «Cicatrizes» e terminou com uma tela que basicamente diz «Eu não sei», ou seja, há um início quando a ferida foi infligida, mas não sei o que vai ser o futuro, nem em que patamar me encontro”, descreve. Esse cuidado com a montagem da exposição incluiu a própria escolha do título - «Até não haver mais» - pois Leandro de Sousa Marcos não sabe, de ALGARVE INFORMATIVO #186


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facto, até quando perdurará o que está a sentir nesta fase da sua vida. O que não significa que, depois, as peças deixem de fazer sentido, antes pelo contrário. “É por períodos que se analisa o percurso dos artistas, de onde veio, pelo que passou, para onde foi. Para quem faz arte, as peças são a melhor forma de exprimir aquilo que sentimos, muitas vezes não conseguimos traduzir isso por palavras”, entende, reconhecendo, com um sorriso, que os pais provavelmente estariam mais contentes se tivesse optado pela Arquitetura. “Faço exposições há cinco anos e ainda não consigo viver apenas da arte. Trabalhei para pagar os estudos na universidade, quando terminei o curso continuei a trabalhar em coisas completamente diferentes da arte – sem nunca me desligar da atividade cultural – porque é um meio difícil em termos financeiros. Não sei se é uma questão de sorte ou de jeito, mas sei que precisamos continuar sempre a produzir, estar nos sítios certos, participar em iniciativas, escrever, ler, ir a concertos e ao teatro. Infelizmente, o reconhecimento nas artes normalmente chega tarde demais”.

Desenhar, pintar, esculpir, tudo isso obriga a rotinas, processos, a ter um espaço físico para o fazer, a investir em materiais, e Leandro de Sousa Marcos admite a importância de ter um atelier onde possa dar azo à sua criatividade, como é o seu caso. E mesmo não sendo uma atividade rentável, o farense olha para a arte como uma segunda profissão, ou seja, obriga-se a arranjar 45

disponibilidade para trabalhar regularmente no atelier. “O meu primeiro passo é sempre pegar num caderno e escrever ou rabiscar qualquer coisa, mas há fases em que falta criatividade, em que a nossa cabeça se enche com outros assuntos. Não tenho jeito para escrever, faço tópicos, guardo palavras ou frases, mais tarde volto a pegar nelas, vejo se ALGARVE INFORMATIVO #186


fazem algum sentido e tento criar algo a partir delas. Nesta exposição tive necessidade de colocar os meus sentimentos em peças, que depois fui encaixando umas nas outras”, conta. Leandro de Sousa Marcos destaca ainda a pertinência de se conviver, de falar, de trocar ideias, com outros artistas ou pessoas interessadas pelas artes, até mesmo com a sua mãe, que poucos conhecimentos possui sobre arte. “O que não é mau, porque tem uma maneira diferente de analisar as situações, o que me ajuda também de certa forma a criar”, sublinha o entrevistado, antes de dizer que vender arte é um assunto bastante delicado do qual não gosta muito de falar. “São sempre as mesmas entidades que definem como o mercado da arte evolui, como ele avança ou se transforma. Dizem que a arte deve ser livre, que é uma extensão do ser humano, mas depois pecam porque sistematizam tudo. Ou arranjamos um colecionador privado que nos compra as peças que fazemos, ou uma galeria para nos representar e que nos vai pagando para irmos produzindo com regularidade”, analisa. “Tive uma fase em que fazia pinturas abstratas e eram muitos os interessados em comprar as minhas obras. Agora, tenho menos pessoas a querer adquirir as minhas peças, mas são mais as pessoas que estão intelectualmente interessadas naquilo que faço. Na minha fase mais abstrata não pensava muito no que pintava, se havia algo por detrás dos quadros, se eles significavam sequer alguma coisa, e o público interessava-se mais pela imagem do que pelo conceito”, recorda. ALGARVE INFORMATIVO #186

Para complicar mais o retorno financeiro do que faz está o facto, admite sem rodeios, de viver no Algarve, algo que lhe parece por demais óbvio. “Lisboa é a capital do país e da arte nacional e tem ganho um forte papel também em termos europeus, o que é excelente para os portugueses. Faro é a minha casa, a minha zona de conforto, mas não existem apoios às artes, nem espaços suficientes para se expor”, observa, com tristeza. “Antes de fazer parte da Associação 289 pertencia à Policromia, que estava instalada no último andar do Mercado Municipal de Faro, metade do espaço era atelier, metade era galeria, o que nos ajudava a mostrar o nosso trabalho e a evoluir. Aqui no IPDJ foram bastante simpáticos comigo, abriram-me as portas, mas há outros lugares que são demasiado exigentes”, desabafa. Terminada esta mostra, Leandro de Sousa Marcos não tem planos concretos para expor nos próximos tempos, mas vai continuar a fazer arte enquanto tiver vontade e força para tal. “Penso muitas vezes se é mesmo isto que vou fazer a minha vida toda, mas, por enquanto, não vou desistir. Gosto de criar ao meu ritmo, sem ter prazos para cumprir, e há muitos artistas que se deram mal precisamente com a pressão que sentiam para produzir mais depressa para responder às encomendas”, aponta o farense, que tem em mente tirar um mestrado fora do Algarve. “É importante conhecer pessoas e sítios diferentes”, justifica . 46


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Miúdos e graúdos vibraram com as aventuras de Alice no País das Maravilhas Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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erá provavelmente uma das histórias do imaginário infantil, e não só, mais mediática e mais vezes reproduzida para o cinema, televisão e banda desenhada aquela que conta as aventuras e desventuras de Alice no País das Maravilhas. E tudo começa quando a curiosidade atrai uma jovem menina para a toca de um coelho, de onde cai… e cai… e cai… até lhe parecer que vai parar ao centro do planeta Terra. Mas não, Alice é transportada para um lugar fantástico, povoado por criaturas muito particulares e onde impera uma lógica absurda e paralela à do nosso quotidiano. Está lançado o mote para «As Aventuras de Alice no País das Maravilhas» e «Alice no Outro Lado do Espelho» as obras mais conhecidas de Charles Lutwidge Dodgson, que as publicou sob o pseudónimo de Lewis Carroll, no final do século XIX. Ou seja, várias décadas antes de se começar a falar em Teatro do Absurdo, mas é isso mesmo com que o público que esgotou as três sessões realizadas no CineTeatro Louletano, nos dias 11, 12 e 13 de janeiro, se deparou. Em palco, com cenários reais maravilhosos e cenários ALGARVE INFORMATIVO #186

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virtuais verdadeiramente fantásticos e imaginativos, assistimos a um retrato crítico da Inglaterra Victoriana, sob a aparente inocência de uma história para crianças. A linguagem criada pelo autor, e brilhantemente adaptada por Ricardo Neves-Neves, leva-nos numa constante fuga e crítica ao racionalismo, fazendo com que a obra se desvie do padrão literário da época e se constitua como expoente do nonsense e do Absurdo. E em cena assiste-se a uma imponente produção da responsabilidade de Maria João Luís (Teatro da Terra) e Ricardo Neves-Neves (Teatro do Eléctrico), numa

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coprodução do Teatro Nacional D. Maria II, do Teatro Nacional São João e do Cine-Teatro Louletano, onde não faltam todas as personagens deste conto, desde a Rainha e Rei de Copas ao Chapeleiro Louco e ao Coelho Branco, da Duquesa ao Gato de Cheshire, passando por diversos animais falantes que desempenham profissões bem conhecidas do nosso dia-a-dia. E até uma orquestra, de músicos reais, claro, que interpreta uma banda sonora ao vivo que respeita os batimentos cardíacos da própria Alice, tornando a experiência do público ainda mais estonteante e arrebatadora .

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TEATRO LETHES PREPARA-SE PARA MAIS UM ANO DE EXCELÊNCIA Texto: Daniel Pina

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á é conhecida a programação do Teatro Lethes para 2019 … e que bela programação está ao dispor dos farenses, e de todos os algarvios, com muitas propostas de qualidade superior de teatro, dança e música, sem esquecer as fundamentais matérias da criação de públicos e de levar a cultura a todos os cidadãos, mesmo àqueles possuidores de qualquer tipo de limitação física ou mental. E, à semelhança de anos anteriores, toda a oferta cultural do Lethes nos próximos 12 meses vai ter um fio condutor, o «falemos de nós». “Pensemo-nos enquanto comunidade e atentamos ao nosso lugar no Mundo, numa lógica cultural e de cidadania. Estes são fatores que consideramos no nosso fazer artístico e, sem falsa

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modéstia, muito nos orgulhamos dos caminhos que temos percorrido neles com abrangente propósito”, entende Luís Vicente. De acordo com o Diretor da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, responsável pela programação artística do Teatro Lethes, há a vontade de valorar a importância desses fatores “no tempo contingente em que vivemos, maculado de vazio e dessa matéria insana que dá pelo nome técnico de pós-verdade”. “Falar de nós justificase igualmente face ao desafio que se nos impõe no que respeita à candidatura de Faro a «Capital Europeia da Cultura 2027», com dois debates, a 6 de abril e a 9 de maio (Dia da Europa). Quanto à programação do Lethes, mantém o habitual registo de

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Luís Vicente e Elisabete Martins

qualidade, de relação com a comunidade, de abertura a propostas de diversificação, atendendo às características dos públicos que, felizmente, cada vez em maior número nos visitam”, indicou ainda Luís Vicente. Como a noite de 12 de janeiro era de teatro, com a encenação de «Uma Cartografia Emocional de Frei Luís de Sousa», de cujo elenco faz parte Luís Vicente, a apresentação formal da programação do Lethes para 2019 coube a Elisabete Martins, produtora executiva da ACTA, que prontamente destacou as criações próprias da companhia algarvia, logo a começar por «Frei Luís de Sousa», que estreou a 29 de novembro de 2018 e estará em cena, em Faro, até 26 de janeiro, 65

seguindo depois para uma digressão nacional. A 25 de abril estreia «Improvável», um texto inédito do José Martins que trata do reencontro, cerca de 40 anos depois do 25 de abril de 1974, entre um militante político e o PIDE que o torturou na prisão. “O espetáculo vai ser acompanhado por duas palestras, com a médica e ativista política Isabel do Carmo e com o ator, encenador e fundador do Teatro A Comuna, João Mota”, adiantou Elisabete Martins. A segunda produção da ACTA de 2019 vai a cena de 8 a 30 de novembro, «Ibn Qasi», um texto de José Carlos Fernandes “de uma extraordinária beleza poética” que fala da vida do profeta, rei místico e poeta Sufi que ALGARVE INFORMATIVO #186


partilhou amizade com o Rei D. Afonso Henriques e que incluirá igualmente duas palestras, ministradas pelo professor Alexandre Honrado e pelo Frei Fernando Ventura. E do serviço educativo da ACTA é «Uma Torneira na Testa», a mais recente peça a viajar por esse Algarve fora a bordo do autocarro do VATe. “É um espetáculo que apela à importância da educação ambiental e ao uso consciente da água e conta com o apoio da empresa «Águas do Algarve» e da AMAL”, aponta Elisabete Martins. Nem só de produções próprias vive, como é natural, a agenda do Teatro Lethes, que abre as suas portas a companhias teatrais de todo o país, mas também de Moçambique e Espanha. Assim, a 2 de março, o Teatro Art’Imagem apresenta «Armazenados», em que o stock de um armazém são os seus empregados;

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a 8 de março, a companhia moçambicana «O Outro D’Santana» traz «Recados de Lá», em que dois homens desconhecidos e traumatizados se encontram num abrigo para fugitivos de guerra; a 16 de março vai a cena o «Diário de Adão e Eva», da Companhia de Teatro de Braga; de 18 a 21 de março a «Rituais Dell Arte» conta a história de «Branca de Neve»; a 27 de março – Dia Mundial do Teatro, haverá visitas encenadas ao Lethes; nos dias 3 e 4 de abril, o «Teatro do Noroeste» apresenta «O Autómato»; a parceria entre a ACTA e a Apatris 21 traduz-se no espetáculo «Mahura – A distância do céu e da Terra», a 15 de junho; o Teatro de Montemuro traz «O Último Julgamento» a 19 de outubro; e o Ciclo de Teatro Espanhol regressa de 25 a 27 de outubro. “E vamos para a quarta edição do «Palco Aberto», cujas

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inúmeras propostas, entre elas o Ciclo Euterpe, de 14 a 23 de fevereiro, e o Ciclo Lethes Clássico da Orquestra Clássica da Sul, mas também espetáculos inseridos no Festival de Música Barroca, no Festival Internacional de Guitarras de Faro, n’Os Dias do Jazz, no Faro Blues e no Algarve Music Series.

inscrições já estão abertas, deixando o palco ao dispor de quem lá quiser subir. Só há dois temas não permitidos, propaganda e religião, de resto, os participantes têm 20 minutos para fazerem o que quiserem”, apontou Elisabete Martin, lembrando que algumas propostas de anos anteriores acabaram por fazer parte da programação do Teatro Lethes num formato mais extenso. “É uma caixinha de agradáveis surpresas”, garante, antes de falar do FOMe – Festival de Objetos e Marionetas e Outros Comeres que vai percorrer seis concelhos do Algarve nas duas últimas semanas de setembro. No que diz respeito à dança, um destaque para a vinda da Companhia de Dança Contemporânea de Angola, a 12 e 13 de outubro, com «O Monstro está em cena», mas também para o espetáculo solidário da responsabilidade de Nádia Buchinho (17 de março) e para o espetáculo de final de ano dos alunos do Atelier do Movimento (13 de julho). Saltando para a música, há, de facto, ALGARVE INFORMATIVO #186

Entre as novidades de 2019 encontra-se a aposta efetiva numa maior acessibilidade cultural de toda a população à oferta do Teatro Lethes, mediante uma parceria com a «Acesso Cultura». “Este ano vamos contar com espetáculos com intérpretes de língua gestual portuguesa, em áudiodescrição e sessões descontraídas para pessoas com necessidades especiais, dificuldades visuais ou auditivas ou questões de autismo ou défice de atenção. Tudo estará preparado para que elas possam desfrutar plenamente dos espetáculos”, assegurou a produtora executiva da ACTA com um sorriso. E a última grande novidade de 2019 é o Clube de Amigos Lethes Go. “Espero que falemos de nós seriamente, que pensemos e façamos em conjunto. Nestes sete anos em que a ACTA se transformou na companhia residente do Lethes e que tem a seu cargo a gestão e programação do teatro, o público tem aumentado e, em 2018, tivemos 11 mil e 85 espetadores. E era impossível termos o teatro aberto sem esta fantástica equipa de voluntários, a quem agradecemos do fundo do coração”, finalizou Elisabete Martins . 68


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FOLHA DE MEDRONHO QUER CRUZAR TODAS AS ARTES PERFORMATIVAS E DAR ESPAÇO AOS CRIADORES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® e Folha de Medronho

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or esta altura o núcleo duro da Folha de Medronho – Associação de Artes Performativas encontra-se na Guiné Bissau a preparar a peça «Kangalutas», mas as atenções estão já concentradas no «Tanto Mar – Festival Internacional de Artes Performativas de Loulé» que irá decorrer, de 7 a 9 de março, no CineTeatro Louletano. Em 2018 várias foram as atividades dinamizadas nos campos da formação de dança contemporânea e teatro, exposições e peças de teatro, ou seja, Alexandra e João de Melo Alvim vieram para o Algarve com o intuito de abrandarem um pouco o ritmo das suas vidas, mas depressa perceberam que não o conseguiam fazer e que ainda tinham muito para dar à comunidade, sobretudo em termos culturais. Assim nasceu, em outubro de 2017, a Folha de Medronho, não para ser apenas mais uma associação cultural, mas para dar um contributo diferente. E isso mesmo se constata, de imediato, com o conceito do «Tanto Mar», uma sequência natural do trabalho que a dupla já vinha realizando na estrutura profissional a que se encontravam ligados em Sintra, fundada, em 1987, por João de Mello Alvim. “Estávamos um pouco cansados destas lides, mas achamos que, sem pisar ninguém, nem duplicar a oferta, havia espaço em Loulé para uma associação com as nossas características e para fazer um trabalho, não concorrente, mas convergente. E uma das coisas que trazemos para o Algarve é a nossa ligação com os países falantes de língua portuguesa”, explica João, lembrando que ALGARVE INFORMATIVO #186

a primeira produção da Folha de Medronho aconteceu precisamente na Guiné Bissau, em janeiro de 2018, «Dois tiros e uma gargalhada», com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Depois de estudado o que já é feito na região algarvia surge então o «Tanto Mar», um festival que deseja ligar, por mar, Loulé a vários países de expressão portuguesa, ideia que foi prontamente abraçada pela autarquia local. “Não é 74


um festival que acontece nessa data e acabou. Em abril estarei em São Tomé e Príncipe a trabalhar com um grupo local, um outro de Angola irá realizar workshops no Brasil, portanto, o festival dura o ano todo, embora a sua face mais visível tenha lugar em Loulé, em março”, adianta João de Mello Alvim. “Gostaríamos que Loulé fosse, a prazo, um centro das artes performativas dos países que falam português”, acrescenta. 75

O ano de 2019 afigura-se, então, muito agitado para os lados da Folha de Medronho, que se debate com um problema concreto de ainda possuir uma estrutura reduzida, sobretudo no plano administrativo. “Hoje, o facto de um grupo ou associação ser amadora ou profissional não se reflete na qualidade dos produtos que cria, nem na exigência que o público tem em relação ao que vai ver, mas na ALGARVE INFORMATIVO #186


João de Mello Alvim:

capacidade da estrutura ter uma atividade regular, de estar sempre de «porta aberta», com quadros permanentes com uma remuneração mensal”, entende Alexandra de Melo Alvim, não esquecendo, porém, o apoio fundamental que a associação teve, desde o início, da Câmara Municipal de Loulé. “O ter um espaço próprio onde nos é possível acolher as nossas produções, bem como de outros artistas, é muito bom, só nos falta ter capacidade financeira para constituir uma equipa maior”, reconhece a atriz. Apesar desta dificuldade, a Folha de Medronho não foi comedida nas suas intenções, no plano de atividades que ALGARVE INFORMATIVO #186

delineou, quer para 2018, como para 2019, que abrange várias artes performativas e não apenas o teatro, a «praia» de João e Alexandra. “Faz todo o sentido esse cruzamento porque Loulé precisa de um espaço para extravasar toda a criatividade que tem contida lá dentro”, justifica Carina Inês, também membro da Folha de Medronho, uma opinião partilhada por João de Mello Alvim. “Através das artes plásticas e da dança contemporânea podemos, por exemplo, chegar a outros públicos e é também uma forma de captarmos mais pessoas que possam contribuir para a dinâmica que pretendemos para a associação. Temos tido um diálogo muito bom com a Câmara Municipal de Loulé, mas não queremos ficar dependentes dela para tudo, nem isso seria justo. Não é por acaso que organizámos ações de formação sobre produção teatral e gestão de espetáculos”, refere o encenador. “Para nos candidatarmos a apoios da Direção Geral das Artes precisamos da tal equipa que assegure a vertente administrativa, que prepare candidaturas. A Fundação Calouste Gulbenkian conhece o nosso trabalho anterior, mas temos de demonstrar o que a Folha de Medronho está a realizar, assim como ao Instituto Camões e a outras fundações”, justifica.

Devagar, com ponderação, sem dar «o passo maior do que a perna», assim tem caminhado a Folha de Medronho, mas as iniciativas têm-se sucedido a bom 76


A equipa que em Bissau produziu o espectáculo «Dois tiros e uma gargalhada», uma parceria da Folha de Medronho com o Grupo de Teatro do Oprimido da Guiné-Bissau

ritmo, sempre numa perspetiva de cruzamento e convergência e não de atropelamento entre as várias associações culturais. “A formação em teatro com a Carolina Santos foi muito feliz, de tal forma que vai prolongar-se até junho. As pessoas acabam sempre por descobrir que têm uma ligação a uma vertente artística ou outra, por isso, não queríamos estar limitados apenas a uma. E a comunidade de Loulé, pelo que me apercebo, tem muitos artistas nas mais variadíssimas áreas”, frisa Alexandra de Melo Alvim, abrindo os braços para chamar a atenção para a exposição de Carina Inês que está patente na sede da Folha de Medronho, junto à Igreja de São Francisco, em Loulé. “O descobrir gente nova é essencial para o futuro da Folha de Medronho e, em 2019, queremos 77

realizar um concurso para que jovens coreógrafos apresentem as suas propostas para montar um pequeno espetáculo. São vários os ninhos de formação que pretendemos dinamizar para que os artistas depois ganhem asas para voos mais altos”, antevê João de Mello Alvim. Este descobrir gente nova não pode, porém, limitar-se apenas aos criativos, aos agentes culturais, mas também a novos públicos, um trabalho que deve começar bem cedo, nas escolas, defende Alexandra de Melo Alvim. “Há que criar a necessidade junto das crianças de ver e fazer perguntas, mas sabemos que nem sempre é fácil trazer as turmas aos equipamentos culturais, pois é preciso articular os horários e os ALGARVE INFORMATIVO #186


transportes. Mas é fundamental que as pessoas se questionem sobre a vida e a sua postura perante as artes, ao invés de levarem apenas para casa as respostas que os artistas lhes dão”, sublinha a atriz, reconhecendo, entretanto, que a concorrência da televisão também não motiva as famílias a saírem de casa para frequentar acontecimentos culturais. “Sou mãe de uma moça crescida, mas se tivesse um filho ou dois pequenos, um ordenado mínimo e andasse constantemente a contar os tostões para pagar as contas – para além de uma lei laboral que fragilizou muito a nossa sociedade – se calhar também não me

lembrava de ir ao teatro com eles. Mesmo sabendo que muito facilmente se gasta mais dinheiro indo ao centro comercial com os filhos do que levá-los ao teatro. O problema é que a vida das pessoas é tão difícil que, por vezes, nem lhes dá tempo para conversar com os filhos”, desabafa Alexandra. Perante este contexto social, a entrevistada não consegue condenar os portugueses por não incutirem mais hábitos culturais nos seus filhos, o que não impedirá a Folha de Medronho de tentar espicaçar a curiosidade das pessoas com produções diferentes e

Apresentação no Cine-Teatro Louletano do espectáculo «Alguém me sabe dizer se o meu chapéu está bem posto?», que foi posteriormente apresentado em dois festivais no Brasil, o Festluso e o Entrevero ALGARVE INFORMATIVO #186

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Exposição da artista plástica e elemento da associação, Carina Inês, patente na sede da Folha de Medronho, em Loulé

interessantes. E as crianças estão ávidas por estas experiências, garante Carina Inês. “Se lhes dermos uma hora de aulas de teatro ou de artes plásticas, lhes mostrarmos alguma coisa que não é um tablet à frente dos olhos, elas querem ver, saber, experimentar. Infelizmente, os pais têm bastantes coisas com que se preocupar no seu dia-a-dia e é mais fácil dar-lhes uma consola para as mãos ou deixá-los a ver televisão o tempo todo”, lamenta a professora. Por seu lado, João de Mello Alvim alerta para o perigo de se catalogar um evento de bem ou malsucedido de acordo com o número de espetadores que teve. “Estando muita gente, o que é que fica nas pessoas, para além da espuma dos dias, do efémero? Se calhar uma atividade com menos público teve 79

melhores resultados nesse aspeto. Quem anda na cultura tem de compreender que somos uma minoria e que trabalhamos para uma minoria, contudo, é uma minoria consciente, que reflete. Eu sou do tempo da Ditadura, em que o essencial era saber ler, escrever e contar, pensar não valia a pena. Por outro lado, ter consciência de que trabalhamos para uma minoria não significa que nos devamos conformar com a situação. Devemos sempre tentar alargar os públicos e dar-lhe ferramentas para que se questionem continuamente”, declara o encenador e cofundador da Folha de Medronho, da qual se pode esperar muito em 2019. Nós, por cá, certamente que estaremos atentos e desejosos de ver o que está a caminho. ALGARVE INFORMATIVO #186


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ALUNOS DO ATELIER DO MOVIMENTO MOSTRARAM DOTES NO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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Teatro das Figuras, em Faro, recebeu, no dia 12 de janeiro, o espetáculo de ano novo dos alunos do Atelier do Movimento, direcionado para as famílias e público em geral. Em palco assistiu-se a coreografias de Ballet Clássico nas diferentes faixas etárias, desde os três anos de idade até aos adultos, mas também de Dança Oriental, Dança Irlandesa, Tango, Sevilhanas, Dança Contemporânea, entre outras modalidades . ALGARVE INFORMATIVO #186

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Jutta Mertens-Kemmler no Museu Municipal de Faro Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

artista Jutta MertensKemmler inaugurou, no dia 12 de janeiro, no Museu Municipal de Faro, a exposição «Fusion in Art – A Journey» (Arte em Fusão – Uma viagem). As obras abstratas da suíça, repletas de cores e de imaginação, são fruto de uma fusão, tanto de temas como de técnicas. ALGARVE INFORMATIVO #186

De facto, Jutta consegue conjugar as possibilidades modernas da pintura digital com a pintura tradicional e as suas «Magic Boxes» (Caixas Mágicas) podem ser consideradas como um complemento das suas pinturas, mas têm também uma mensagem própria. As caixas tridimensionais destacam-se pela sua diversidade, cores e imaginação, transmitindo ao público uma sensação de grande vitalidade e criatividade. A mostra está patente até dia 10 de março . 92


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Já não faço fretes! Paulo Cunha (Professor) esde miúdo, habituei-me a ver gente mais idosa a dizer e a fazer «o que lhe dava na real gana» nas mais variadas situações do dia a dia. Achava estranho e não conseguia entender porque é que tantos idosos chegavam a qualquer sítio onde houvesse uma fila de espera (bicha) e com grande calma, e até algum desplante, dirigiam-se imediatamente ao local de atendimento, passando à frente de todos que pacientemente esperavam pela sua vez. O mais engraçado é que nem eu nem ninguém à minha volta proferia quaisquer palavras ou atitudes de negação ou reprovação. Ainda por cima entravam a falar, contando toda a sua vida passada e a presente, e no meio das suas lamúrias e lamechices, a falar saíam, deixando todos os «ultrapassados» a comentar entre si tal afoito e descarado comportamento. Obviamente, convém referir que no tempo histórico a que me refiro não havia ainda prioridade regulamentada para os mais idosos com limitações percetíveis. A população sénior faz parte duma faixa etária que, com o passar do tempo, vai burilando a forma desabrida, honesta, corajosa e eloquente como age e reage à dinâmica quotidiana. Sem falsidade, pudor nem vergonha, estes cidadãos usam a sua idade como um posto, não lhes interessando o que os outros acham dos seus pensamentos e comportamentos. Sabem que muito do que hoje temos a eles devemos! Sabem também que «engoliram muitos sapos» até chegarem até onde chegaram, por isso usam o tempo que ainda lhes resta para viver com a dignidade exigida e merecida. Muitas vezes, não tendo quem por eles lute e os dignifique, enfrentam cada dia como uma conquista. Ainda aquém do reconhecimento merecido e devido a esta fase da vida, vulgarmente apelidada de terceira idade, tenho vindo a constatar que, com o passar dos anos, muito mudou - para melhor - com o intuito de incentivar uma maior dinâmica intergeracional e social. Os vários incentivos criados para que, ALGARVE INFORMATIVO #186

após a aposentação/reforma, estes cidadãos tenham acesso a uma redução de metade nos custos de uma série de serviços, que vão das necessidades básicas ao lazer, bem como na prioridade concedida no usufruto de determinados direitos, vêm de encontro ao reconhecimento e merecida recompensa após uma vida de trabalho em prol da sociedade. Um destes dias, num café de Faro, estando sentado à espera de alguém com quem tinha combinado um encontro, um idoso que estava na mesa ao lado da minha dirigiu-se-me perguntando se podia falar comigo. Gostei da abordagem, pois além do senhor ter um aspeto cordial, fiável e vivido, salientou o facto de eu lhe parecer simpático e educado. Enquanto, à má maneira portuguesa, a pessoa que eu aguardava se atrasava, ganhei um novo conhecido que, em pouco tempo, partilhou um interessante retalho da sua vida. Não foi a primeira vez nem será, por certo, a última... Mais de 45 mil idosos vivem sozinhos em Portugal, sem ninguém com quem falar nem conviver. As razões? As habituais numa sociedade de consumo. Espero chegar a velho e ter alguém que faça aquilo que muitos, hoje, não fazem pelos seus «Velhos». Sim... todos lá chegaremos, se não morrermos, entretanto! Por isso, e por muito mais, não é preciso chegar a velho para sentir no coração e na pele as consequências das atitudes tomadas por uma sociedade que dá, ao mesmo tempo que tira. Daí, cada vez mais amiúde, percebo a razão para que tantos cheguem ao ocaso da vida e se estejam marimbando para o que os outros pensam, falando e fazendo o que bem entendem. Observando-os e com eles convivendo, tenho aprendido que já fiz os fretes que tinha de fazer. Tal como muitos de vós, sinto que é chegada a hora de aproveitar a chamada meia-idade, tentando não condicionar a vida dos outros, mas também não vivendo em função do que os outros pensam. Até porque muitas pessoas não pensam, apenas opinam! . 100


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Da nostalgia como um sentimento do presente Mirian Tavares (Professora) “Francis Carco escreveu, em Paris, um livro a que denominou Nostalgia de Paris”. Mário Quintana

nostalgia define-se por um estado de alma melancólico, e dorido, que afeta quem está longe de casa (seja lá o que consideramos como casa), ou de alguém. O poeta brasileiro Mário Quintana, no seu Caderno H, livro de aforismos poemáticos ou de poemas aforísticos, fala do autor francês que escreve um livro sobre a nostalgia de Paris estando lá a viver. Como podemos sentir falta daquilo que está diante de nós, ou à nossa volta? O poeta francês Louis Aragon escreveu, num poema, que não importa aos exilados que as cores sejam falsas, há sempre de dizer que é Paris. Uma cidade, por natureza, nostálgica, que vive num tempo outro, deslocada, como um museu a céu aberto de glórias do passado. É fácil sentir-se nostálgico em Paris, porque a cidade convida a este estar ambíguo que abarca o agora e o passado, que nos dá uma dimensão do presente que nos falta, porque apesar da aparência, há uma essência que já lá não está. Ou nunca esteve. Mas não é só em Paris que se pode sentir nostalgia de um lugar que ocupamos presentemente. Porque o lugar são também as pessoas, são espaços de memória, são construções simbólico/sentimentais. Fredric Jameson, um dos teóricos da pósmodernidade, diz que a sensação do eterno presente é uma das condições das pessoas na contemporaneidade. Vivemos, de forma esquizofrênica, um tempo que não tem início nem fim. Nem passado nem futuro. Apenas um imenso agora que se prolonga indefinidamente. Em meio a este agora perpétuo, faltam-nos fragmentos de vivências que foram ontem ou de desejos que serão amanhã, ou que nunca virão a ser. Falta-nos uma memória robusta e bem constituída que nos acalente, porque vivemos nesta memória que ao mesmo tempo se vai construindo sem que tenhamos consciência clara deste facto. Trazemos connosco a nossa história num formato portátil e portável, e transformamos ALGARVE INFORMATIVO #186

todos os lugares no mesmo. Só que o lugar de origem, aquele que nos marcou de alguma maneira e que sentimos como casa, fica perdido num tempo mítico, no tempo do sonho ou do desejo não realizado. Caio Fernando Abreu escreveu numa crónica, há muitos anos, "Moro no Menino de Deus, do qual Porto Alegre é apenas o que há em volta". Estava ele a falar de seu bairro e da cidade em que nasceu. Em «Terra Estrangeira», filme de Walter Salles, encontramos pessoas que escolheram Portugal para viver. As personagens do filme mudam-se para Lisboa que é estrangeira, mas também uma cidade mãe, centro de um país que partiu para o atlântico e desbravou uma nova-velha terra. É, de alguma maneira, uma terra não estrangeira, uma doce recordação, um dejá-vu. “Ai como eu queria tanto agora ter uma alma portuguesa para te aconchegar ao meu seio e te poupar esta futuras dores dilaceradas”. Mas ao chegar a Lisboa, aqueles que vieram, talvez para ficar, sentem-se como se estivessem «por fora do movimento da vida» e parece que desaprenderam «a linguagem dos outros». Há um código especial que eles não conhecem. Há uma palavra-passe que não lhes foi fornecida. E a cidade, tão grande, faz com que eles se misturem no mundo dos invisíveis, que passam pelas ruas e ninguém os vê. Ninguém cumprimenta, ninguém conhece. É uma existência que nega a própria existência. É como se o corpo se fundisse com a calçada e as ruas e os carros e a poluição. E os olhos do invisível, não vê a cidade nova que se está a sua frente, mas vê o porto, o Atlântico, tão imenso, atravessado na garganta de uma dor que não consegue falar. E o filme mostra Lisboa fragmentada, marginal. Magnífica quando distante, intangível. E podemos escrever várias histórias que tenham como título Nostalgia de Lisboa, ou de Portugal, mesmo quando vivemos do lado de cá .

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Uma mão no escuro Adília César (Escritora) “A mais nobre paixão humana é aquela que ama a imagem da beleza em vez da realidade material. O maior prazer está na contemplação”. Leonardo da Vinci

inverno caminha lento e denso. A cor misturada, indefinida como a visão de um pincel sujo que lamenta a impossibilidade de uma existência luminosa. A tela é nevoeiro, eclipse das palavras. Apetece dizer não, falar o silêncio que veio de longe, esse nada que parece a totalidade da matéria humana em desarmonia com a casa escura. Paredes engolidas pelo desconsolo, sem memória de uma teoria amena, sem esperança de um raio de sol. O sol, ênfase da lâmina de luz debruçada na muralha, a cair, a cair, a cravar-se no coração do retrato. O sol, essa impossibilidade. Sinto o desequilíbrio do frio que vai cortando o ar em fatias, as feridas nas pontas dos dedos quando o tento agarrar. O imenso frio da injustiça descrita no posfácio. Um pequeno eco em voo subtil recai sobre a interioridade poética de tão rara beleza, e sorri nas mãos de Leonardo, como se fosse uma sucessão de ínfimos vazios metafóricos no esboço da obra-prima. Leonardo não sabe sorrir, nem acredita que um dia alguém escreverá um outro eco, o poema sombrio, predestinado a um amor impossível de alcançar no gesto espesso do pincel, na mesma tela. Apenas vislumbra o caudal escuro e inseguro, sem direito a apoteose. A narrativa da ausência é mais do que o silêncio, é a morte estampada no rosto, o sorriso do mestre congelado pelo ignóbil frio da ignorância estética. Salvar o retrato da tragédia da incompreensão, da excentricidade criativa, antes que o inverno acabe, antes que o sonho acorde. ALGARVE INFORMATIVO #186

Ele - Devo parar de pintar o enigma do teu sorriso. Tentar entender a escuridão que galopa nas minhas ideias, nas visões do futuro. Vê, sorrir a todo o custo é uma doença. Ela - Não me custa sorrir para ti. O silêncio dos teus olhos é a minha cor preferida. Leonardo, és um poeta. Ele - Não sentes que estamos aqui há muito tempo, há demasiado tempo? Ela - Sim, os meus cabelos ficaram brancos. Mas não importa o tempo que passou. Estamos aqui, estaremos sempre no meu sorriso e nas tuas mãos. E o futuro é um segredo encerrado num cofre, a impedir a minha violenta fuga para a frente. Ele - Não tenhas medo, serás eterna. Fica. Ela - Não tenhas medo, eu iluminarei o teu escuro. Leva-me contigo. E porque o que é dito tem que ser pintado, Leonardo pintou até esquecer o braço, até chegar a primavera. A morte de uma estação é o renascimento da seguinte, pelo que não há uma verdadeira tragédia: é apenas uma desesperada distância que se desvanece, um eco de vitória dos elementos da natureza sobre tudo o que é predominantemente humano. No jardim, o tempo das madressilvas perfumava a morte. E os sonhos de Leonardo, metáforas do seu pensamento, projectavam-se nas águas paradas do poço. Nem noite nem dia, apenas um futuro comprometido com o sorriso dela, num museu qualquer. Leonardo não sabe sorrir, não reconhece o seu semblante envelhecido no espelho de água. Ao cair, o tempo pára, o corpo em voo vertical pára, o 104


encerrado na caixa de vidro blindado. O seu rosto, fresco como uma flor acabada de colher, é o espelho do outro rosto à prova de bala. A criança é pura, profundamente humana na sua interioridade, perfumada de vida. Sente o apelo da beleza, a ténue tristeza de um sorriso perdido no tempo, como se aquela imagem fosse uma boneca fora de moda, abandonada: ainda bela, mas sem utilidade. - Como te chamas, senhora? Eu sou a Lisa! A senhora continuou a sorrir.

pensamento pára. Ele sabe que já está morto porque sente o cheiro das madressilvas. Olho o retrato há tanto tempo. Os meus cabelos ficaram brancos. Ela continua a sorrir, à espera de Leonardo. Por entre a multidão anónima que a cobiça num momento e logo de seguida a esquece, sinto o frio da solidão dele, que não consegue chegar a ela. Estão ambos presos na eternidade do passado que já não lhes pertence. A criança abre caminho por entre a multidão e detém-se em frente do retrato, 105

E todos tivemos a percepção do milagre: elas eram a mesma pessoa, o mesmo sorriso, o mesmo nome, quando a espessura do tempo perdeu o seu contorno e as cores do retrato se tornaram mais claras e brilhantes. Leonardo compreendeu, finalmente, toda a sua inquietação criativa. Não era para deixar obra feita. Era para definir a substância peculiar de uma certa pureza espiritual, no sorriso de Mona Lisa, no sorriso daquela criança. O teu nome, a essência da arte. A tua poderosa marca no nosso pobre e ignorante mundo . ALGARVE INFORMATIVO #186


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Do Reboliço #22 Ana Isabel Soares (Professora) (Há uns anos, fizeram-se no Moinho Grande obras de restauro das peças mais degradadas. O Reboliço andou por lá a ver, a ouvir, a farejar, a anotar tudo). agora?”, pergunta um dos homens, no piso intermédio, depois de terem encostado à parede as duas mós do casal de mós do lado Norte. Até ali, a conversa fora de arqueologia, sobre a razão que teria levado o moleiro a usar cunhas de madeira e a desprezar a mó de enchimento, armada com aro de ferro e arrumada à parede desde que o Reboliço se recorda. A mó do lado Sul está ainda montada. Tem gravada, entalhada na pedra calcária, uma data (7-5-1961) – de quando ali foi assentada. Nessa altura, ainda não era nascido o Reboliço, nem ainda o Lobito. Teria existido já o setter irlandês Margot; e, contemporâneo dele, um outro, aquele que primeiro teve por nome Reboliço. Não era cão de casa e era pouco amigo de festas – se se chegava às gentes, era na hora de comer; o mais do tempo, passava-o sentado à ombreira da porta na rua do monte. Foi um podengo um pouco maior que o de agora e tinha o pelo um nada mais comprido. Dava-se conta do pelo que tinha, o que já o distinguia deste Reboliço – e uma longa cauda enrolada, essa sim, felpuda. De alma pragmática, o moleiro não se terá preocupado em escolher para o novo, o único cão que houve de casa, outro nome; seria que, no novo Reboliço, que nem era do primeiro aparentado nem lhe tinha parecenças de feitio, alguma coisa havia que lhe lembrava o antigo, o castanho dos olhos, talvez – ou nada mais do que a

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lembrança daquele, no dia em que pela primeira vez veio este para o Moinho Grande. O Reboliço pensa com alguma curiosidade no seu ascendente nominal. É um lugar quase em branco, ao qual ele veio dar, de reboludo. “É de 1973 este calendário”, ouve o Reboliço dizer a mana ao mano, enquanto aponta para a parede, para um dos resquícios dos dias em que o Moinho Grande laborava. “Ainda a gente não havia, já viste?”. O fotógrafo vem registar as fases das obras. Mexe-se como um árbitro no meio do campo: vai clicando sem ser visto, sem ser trambolho no caminho dos quatro mestres. O mestre capataz é o Sr. Caetano, também moleiro. Trouxe o filho, Caetano Júnior, moleiro como ele, mais dois homens, carpinteiros, o Sr. Chico e o Sr. Joaquim. Têm de saber de moinhos e de madeiras, os homens que trabalharem nesta casa cilíndrica – sabem de muitos moinhos, mas constantemente dizem deste a desmesura: “É tudo grande”. “Andámos cinco metros e quarenta, nem a meio chegámos”. O mano anda com o pai no piso do topo, a tirar o diâmetro. O mais que agora se faz é medir, para que, quando as peças forem remontadas, tudo calhe certo certinho como estava. (“Não estás a segurar nisso, pai!”, “Ó filho, tu é que tens de segurar na fita...”, “Sim, mas tu também és a minha segurança.”) As medidas que o pai e o mano tiram, de fita métrica e calculadora, estão ao milímetro. A olho, o mestre Caetano vai fazendo outra conta e chega a resultados iguais. (Nas ombreiras da porta grande, os manos leem o lápis que mal se percebe na cal envelhecida: “A Helena pesa 30 quilos”. A 106


Foto: Vasco Célio

filha mais velha do vizinho António, do monte ao lado, chama-se Helena – o Reboliço pergunta-se se seria ela a do escrito, que, por aquele tempo, teria nove ou dez anos e a quem devem ter algum dia pesado na balança decimal, a vermelha. Na parede da entrada, o avô moleiro apontava contas: as contas dos avios e as outras, que 107

lhe vinham sem cessar à cabeça, já no tempo em que o moinho não moía: punhase ele ao fresco, a inventar cálculos) . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #186


OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

O amarelo, esse incompreendido Carla Serol (Uma Loira Qualquer) sta semana trago-vos um tema muito colorido. Ouvi dizer por aí que as meninas devem vestir rosa e os meninos vestir azul! Então e o amarelo?! Ninguém se preocupa com o amarelo?! E quem veste amarelo, essa cor tão ignorada e incompreendida?! O amarelo tem sido uma espécie de primo afastado das restantes cores, resignado a ser depreciativamente associado ao sorriso daquela pessoa que se esforça por ser simpático porque desenvolveu poucas competências sociais, muito provavelmente porque o obrigaram a gostar de uma cor que não era a sua preferida, identificado também como a cor do pecado capital da preguiça, talvez por isso tenha visto na televisão um grupo imenso de malta a passear por Lisboa com uns coletes amarelos… ah esperem, diz que isso era uma enorme manifestação carregada de agressividade, para reivindicar o pastel de nata como património da Unesco. É associado ainda à falta de saúde e à dura travessia pelo longo inverno algarvio que chega a levar um interminável mês e nos torna irresistivelmente macilentos, mas também relacionado à eternidade quando empregado nas modestas talhas douradas das igrejas. Talvez por este último motivo, esta divisão de cores por género ganhe tanta pertinência para algumas criaturas. Criaturas puras e beatificadas, que são presenças ativas em tudo o que são missas e encontros religiosos. Até consta que em algumas igrejas se fazem reuniões com o principal objetivo de curar meninas que gostam de usar azul e meninos que apreciam o rosa. Reuniões bastante credíveis, com métodos tão credíveis quanto as criaturas que os põem em prática. Diz que nestas proveitosas reuniões, são discutidas metodologias infalíveis, capazes de acabar com o daltonismo de qualquer um. Até mesmo Bill Clinton, conhecido daltónico, se tivesse tido oportunidade de cura numa destas reuniões, nunca teria confundido um reles vestido azul

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com os nobres lençóis de linho bege da Casa Branca. Nestas reuniões entra-se daltónico e sai-se curado. Os meninos ficarão habilitados a preferir a cor azul e as meninas impreterivelmente a cor rosa. E não há nada mais lindo e clássico, que uma menina carregada de cor de rosa, da cabeça aos pés! Se puderem colocar-lhe um enorme laço na cabecinha, cor de rosa claro, ainda melhor! Ficará a parecer um lindo e apetecível cupcake! Imagine-se a riqueza visual que será, quando estas pessoas conseguirem o seu principal intento, que é dividir as cores pelo género. O mundo será muito mais feliz quando os meninos vestirem apenas as cores definidas para si. Veremos pessoas felizes e bem resolvidas consigo mesmas, pois finalmente conseguirão curar-se desse terrível flagelo que é querer ser-se autêntico. Ser autêntico está em desuso, não insistam em sê-lo ou incorrem em serem encaminhados para uma dura cura de identificação de cores na igreja da paróquia mais próxima. Acho que o amarelo tem sido extramente mal tratado e incompreendido, pois é uma cor que ninguém desconfia. É passível de ser usada sem danos de identidade para os meninos e meninas. Ninguém o contesta, duvida ou questiona. Aliás, acho que ninguém se lembra que o amarelo existe. Diria mesmo que, até ao dia em que um grupo de cidadãos civilizados decidiu juntar-se na capital francesa para desencadear um moderno e ordeiro assalto à Bastilha, ninguém ouvia falar da cor amarela. Portanto, ousem fugir à nova inquisição! Usem amarelo! Sejam audazes e desafiem as normas, pois existe todo um arco íris para viver! E se lhes disserem o contrário, sejam convictos e ajudem vocês mesmos as pobres criaturas que só conhecem o preto, a descobrir todo um novo mundo colorido à sua frente, e lembrem-se, perdoem os pobres de espírito, pois não sabem o dizem! .

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MOVIMENTOS CINÉTICOS DOS ORBLUA EDITADOS EM DVD oi apresentado ao público, no dia 12 de janeiro, na Associação Recreativa e Cultural de Músicos, «Movimentos Cinéticos», numa noite que reuniu vários dos realizadores e amigos dos OrBlua. Carlos Norton, Inês Graça e Nuno Murta são os elementos desta banda algarvia que é difícil de classificar quanto ao género musical, mas por bons motivos. Talvez o mais apropriado seja o rótulo de World Music, porque é genérico e cabe lá tudo que tenha raízes culturais, e isso realmente ALGARVE INFORMATIVO #186

é o prato forte dos OrBlua, que misturam instrumentos como quem faz uma sopa da pedra, tal a panóplia de coisas – sim, coisas é o melhor termo, porque alguns só são instrumentos nas mãos deles, no dia-a-dia são objetos silenciosos – que se transformam em fontes sonoras quando manuseados pela banda. A aposta sonora é também muito inspirada no Algarve e o recente trabalho «Movimentos Cinéticos» é uma obra diferente e que reflete esse apego 112


à região. Diferente porque é um DVD e contém as músicas dos OrBlua associadas aos respetivos videoclips, ou telediscos, como lhe chama, e bem, a banda, e que foram criados por vários realizadores. Mais concretamente são 11 os temas, que foram distribuídos por 13 realizadores (há duas duplas de trabalho). Tirando a dupla Tiago Pereira (que ganhou alguma notoriedade com o projeto «Música Portuguesa A Gostar Dela Própria») e Aurelija Simonyte, todos os restantes têm ligações familiares, pessoais ou profissionais com a região e, claro, muita simpatia com a banda e seus elementos. Para Carlos Norton, um dos músicos e muito ligado à criação artística, “este DVD é um passo natural para a banda, sobretudo porque depois do álbum «Retratos Cinéticos», que juntava as nossas músicas com as fotografias do Jorge Jubilot, teríamos que fazer algo relacionado com a imagem em movimento”. “Desde sempre o vídeo e o cinema fizeram parte dos OrBlua, então, de teledisco em teledisco, apercebemo-nos que era possível desenvolver todo o álbum desta maneira”.

forma de promoção do Algarve, mas uma promoção diferente e que é pouco feita – a promoção cultural do Algarve – das suas gentes, locais e tradições”. Para a banda, divulgar de forma original a música algarvia tem o desafio acrescido de, em 2019, efetuarem duas edições discográficas, focando-se por isso no trabalho de estúdio. Concertos não estão previstos, mas, segundo Carlos Norton, “poderão suceder em momentos especiais ou a convites específicos”, por isso já sabe, se encontrar um concerto anunciado com os OrBlua é de não perder, pois será oportunidade rara de vê-los ao vivo, pelo menos em 2019 . Texto e Foto: Vico Ughetto

Este foi um projeto que desde 2016 está em fase de produção e que agora passa a estar disponível para venda, mas que, para Carlos Norton, “é uma forma de promoção da banda, mas essencialmente é uma 113

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LUIZ CARVALHO VEIO «CONTAR HISTÓRIAS EM FOTOGRAFIA» NO CLUBE FARENSE Jornalista, arquiteto e fotógrafo, é atualmente mais conhecido pela autoria e apresentação do «Fotobox» na RTP, o único programa dedicado ao tema da fotografia e da imagem na TV. Texto e Foto: Vico Ughetto uiz Carvalho é um daqueles nomes conhecidos da fotografia e que tem algum peso na história contemporânea do fotojornalismo e da fotografia documental, áreas em que se tem notabilizado desde os anos 70. Agora é

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uma cara mais familiar por marcar presença regular na RTP, como seu programa «Fotobox», dedicado ao que mais gosta de fazer e falar, que são as imagens. O tema da tertúlia que o trouxe ao salão do Clube Farense na noite de dia 16 de janeiro foi «Contar histórias em fotografia» e o mote é logo

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lançado pelo próprio ao início quando refere que “a ideia do tema surgiu para desconstruir o estereótipo de que a fotografia é termos um certo virtuosismo para tirarmos fotografias bonitas”. De acordo com Luiz Carvalho, este é um dos males da fotografia e dos fotógrafos em geral, “que acabam por repetir-se uns aos outros em técnicas, temas e estilos porque tiveram sucesso com aquele tipo de fotografias”. Segundo o orador, “todos somos fotógrafos, mas o que é importante é saber o que queremos fotografar”, pois só assim se podem contar histórias em 115

fotografia, que passam não pelas imagens que todos querem ver e com as poses que todos querem mostrar, mas por proporcionar uma visão, um olhar diferente sobre uma realidade inicialmente igual. Para o fotógrafo, falar de fotografia é algo que faz cada vez mais sentido, pois, se nunca se fez tanta fotografia como agora, é mais oportuno falar sobre ela. “Existem milhões de fotografias captadas por dia, sendo que algumas não interessam, muitas outras são fantásticas e a forma de partilha que temos ao nosso alcance, atualmente, eu considero-a maravilhosa”. ALGARVE INFORMATIVO #186


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Luiz Carvalho é muito crítico e cético face ao fotojornalismo atual, tendo trabalhado como fotojornalista no «Tal e Qual» e no «Expresso», considerando que em Portugal “já quase não há fotojornalismo porque, ou os jornais estão a desaparecer gradualmente, ou os editores não dão a verdadeira ALGARVE INFORMATIVO #186

visibilidade e protagonismo à imagem dos bons profissionais que ainda existem”. Para ele “quando hoje abrimos um jornal, raramente vemos algo que chama a atenção e nos provoque”. “A maioria da seleção é feita para ilustrar e não para informar, ficando presa do texto ou da legenda e 116


abordando também a dificuldade dos fotógrafos em lidarem com a imagem em movimento, o que obriga a ser um fotógrafo ou alguém do meio a desenvolver o projeto para ter conteúdo interessante. “Por isso é que também não é fácil haver mais programas sobre o tema”, justifica. Em termos de projetos futuros, a sua aposta passa por usufruir do seu espólio fotográfico, manter o «Fotobox» no ar e acrescenta que pouco mais, porque, aos 64 anos, já não sente a disponibilidade de antigamente. Em suma, diz que quer fotografar para si e sem obrigações ou objetivos editoriais, resumindo que o seu deal neste momento é “fotografar com o meu olhar” .

não vive por si só”, aponta Luiz Carvalho. Quanto ao programa «Fotobox», Luiz Carvalho acarinha o seu projeto que tem mais episódios na manga, mas realça as dificuldades, “não só de fazer um programa de televisão, como fazer um programa sem meios idênticos às grandes ou médias produções”, 117

Luiz Carvalho veio ao Clube Farense a convite e como embaixador da Lista A, concorrente às próximas eleições da ALFA – Associação Livre Fotógrafos do Algarve, que se realizam a 17 de fevereiro próximo. A lista A tem como candidato a presidente da direção Carlos Cruz e a lista B tem Carla Brazão como candidata. Ambas as listas apresentaram o seu programa eleitoral no site da ALFA, procurando, cada uma à sua maneira, promover a fotografia no Algarve e desenvolver outros projetos de destaque em prol da imagem . ALGARVE INFORMATIVO #186


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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA INVESTE 92 MIL EUROS PARA CLIMATIZAR ESCOLAS DO CONCELHO Câmara Municipal de Albufeira deliberou proceder à aquisição de equipamentos de climatização para 16 estabelecimentos escolares do concelho e para o Centro Educativo do Cerro do Ouro, em Paderne, de modo a proporcionar um maior conforto aos seus utentes. A montagem total dos cerca de 100 equipamentos fica concluída no final de janeiro e tem um custo global de cerca de 92 mil euros. Os estabelecimentos escolares que já usufruem dos novos equipamentos são os seguintes: Eb1 da Correeira, Eb1 dos ALGARVE INFORMATIVO #186

Brejos, Eb1 dos Caliços, JI Vale Serves, JI Vale Carro, JI Paderne, JI da Guia, Eb1 de Vale Carro, Eb1 de Paderne, JI das Ferreiras e Eb1 Av. Ténis, para além do Centro Educativo do Cerro do Ouro. Até ao final deste mês ficam igualmente dotadas de novos equipamentos de climatização as escolas Eb1 das Fontainhas, Eb1 das Ferreiras, Eb1 das Sesmarias, Eb1 Olhos de Água e o JI de Albufeira. “Situações como estas têm que estar sempre asseguradas, na medida em que a climatização é muito importante para o rendimento escolar, ajuda na concentração, diminui o cansaço e contribui para o bom relacionamento entre alunos e 118


professores. O aumento do conforto na sala de aula melhora o bem-estar”, justifica o Presidente da Câmara, José Carlos Rolo, afirmando ainda que algumas destas escolas “não tinham nenhum sistema que garantisse um bom ambiente quanto à temperatura, a qual é de picos, tanto faz demasiado frio no

Inverno, como um grande calor já a partir do mês de maio”. Refira-se que nos restantes estabelecimentos escolares o Município está a proceder à verificação e manutenção dos equipamentos de aquecimento .

JOSÉ CARLOS ROLO QUER RESOLVER O PROBLEMA DAS INUNDAÇÕES JUNTO AO INATEL Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, espera ver resolvido em 2019 o problema das inundações junto ao Inatel, devendo começar em breve as obras alusivas à mitigação dos riscos de inundação nesta zona da cidade, inseridas no PGDA – Plano Geral de Drenagem de Albufeira. A empreitada, no valor de 297 mil e 53,22 euros + IVA, reveste-se de alguma urgência, por se tratar de uma zona muito frequentada ao longo de todo o ano, quer por residentes, quer por turistas. “Não podemos continuar a ter problemas como este, pois, quando a pluviosidade se intensifica, aquela zona é bastante prejudicada. As pessoas queixam-se, com toda a razão, e nós tudo faremos para solucionar esse problema”. Em fase de audiência prévia, com início também neste ano, estão os concursos públicos para a execução da empreitada de «Limpeza e Desobstrução das Linhas de 119

Água do concelho de Albufeira» (por 319 mil e 267,16 euros + IVA). Enquanto isso, já se iniciou a empreitada de «Reparação de roturas em condutas e ramais da rede de abastecimento de água do concelho de Albufeira», num investimento de 116 mil e 37,74 euros + IVA. Em fase de assinatura de contrato estão também a empreitada de «Execução de ramais de fornecimento de água» (116 mil euros + IVA) e a empreitada da «Rede de Águas Residuais Domésticas - Caminho do Paiva», no valor de 76 mil e 49,41 euros + IVA. “Não são investimentos finais, são compromissos que temos para com o bem-estar das populações. A água e a higiene são uma área essencial para que um Município prossiga o seu desenvolvimento e são também o fator primordial para que possamos viver e desfrutar de um concelho ambientalmente cada vez mais digno e prudente”, refere o Presidente da Câmara Municipal de Albufeira . ALGARVE INFORMATIVO #186


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ALCOUTIM RENOVA PROGRAMA «UNIVERSIDADE JÚNIOR»… rosseguindo uma política de incentivo à continuação dos estudos e fomento do ingresso no ensino superior, o Município de Alcoutim aprovou, no dia 9 de janeiro, em reunião do executivo, a renovação de um protocolo existente com a Universidade do Porto que visa a participação de jovens estudantes do ensino básico e secundário em cursos de Verão daquela instituição de ensino superior. Os objetivos principais deste programa, denominado «Universidade Júnior», são o fomento do gosto pelo conhecimento em diversas áreas, a familiarização com o ambiente universitário e a contribuição para a escolha de um percurso vocacional. ALGARVE INFORMATIVO #186

Ao abrigo desta parceria estabelecida com a Universidade do Porto, a autarquia alcouteneja assegura as despesas com alojamento e deslocações da totalidade dos alunos do concelho a frequentar o 9.º, 10.º e 11.º anos de escolaridade. “Esta tipologia de medidas, associada a outras ofertas similares, constituem um importante instrumento para a promoção do acesso ao ensino superior e têm tido uma excelente adesão por parte dos estudantes do concelho. As atividades promovidas por esta Universidade constituem oportunidades de contacto real com a sua oferta educativa e de aprofundamento de conhecimento deste nível de ensino, contribuindo 120


para a preparação dos jovens para a transição para o ensino superior”, refere o presidente da autarquia, Osvaldo dos Santos Gonçalves. Estes cursos de Verão têm a duração de uma semana (22 a 26 de julho). Para

qualquer esclarecimento adicional e para assegurar a deslocação e apoio na participação neste programa, deverá ser contactado o Gabinete de Ação Social, Saúde e Educação da Câmara Municipal, via telefone (281 540 568) ou e-mail (sofia.matilde@cm-alcoutim.pt) .

… E CONTINUA A APOIAR ESTUDANTES educação continua a ser uma das prioridades do atual executivo da Câmara Municipal de Alcoutim, pelo que, ao longo do ano letivo de 2018/2019, será mantido o apoio às escolas e aos estudantes do concelho, por via de medidas que promovem a igualdade de oportunidades no acesso ao saber. Esse apoio socioeducativo traduz-se na cedência de transportes, tanto para visitas de estudo como transportes diários, dentro do concelho, e o pagamento da totalidade do passe para alunos que frequentam o ensino secundário nos concelhos limítrofes, de forma a assegurar o acesso de todos os alunos aos respetivos estabelecimentos de ensino. De igual modo, a autarquia alcouteneja mantém a oferta da Escola Virtual a todos os alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos do Agrupamento de Escolas de Alcoutim; o pagamento da frequência da Academia de Inglês (Ginásios da Educação Da Vinci) aos alunos que frequentem o 3.º ciclo do ensino básico; a atribuição de bolsas de estudo, com um valor mensal de 100 euros, a alunos carenciados que frequentam o ensino médio e superior; e a ação social escolar, nomeadamente ao nível das refeições e material didático. No que se refere à alimentação, a autarquia 121

suporta as despesas com o almoço de todas as crianças a frequentar os infantários e as escolas do concelho, efetuando o respetivo pagamento diretamente às diversas instituições e estabelecimentos que fornecem as refeições. No corrente ano letivo, irá despender com a alimentação uma verba total de 50 mil euros. Quanto ao auxílio para aquisição de material didático, é atribuído um montante coletivo no valor de dois mil euros para os alunos dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos a frequentar as escolas do concelho. Ainda no âmbito da ação social escolar, e atendendo que a maioria das famílias com filhos em idade escolar tem baixos rendimentos e carências económicas e sociais, foi também decidido atribuir um subsídio anual, no valor de 60 euros, a todas as crianças que frequentam o 1.º, 2.º e 3.º ciclos e que venham a requerer o auxílio; a atribuição de um auxílio económico no valor de 70 euros a todos os alunos que frequentem o ensino secundário e ensino profissional; e a atribuição de um auxílio económico no valor de 300 euros a todos os alunos que frequentem um CET (curso de Especialização Tecnológica) ou um CTSP (Curso Técnico Superior Profissional) . ALGARVE INFORMATIVO #186


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PORTINHO DA ARRIFANA E ACESSIBILIDADE PEDONAL À PRAIA DE ODECEIXE VÃO SOFRER INTERVENÇÕES Município de Aljezur e a Polis Litoral – Sociedade para a Requalificação e Valorização do Sudeste Alentejano e Costa Vicentina, assinaram dois protocolos com vista ao estabelecimento das bases de cooperação financeira para a realização da empreitada de beneficiação e requalificação do Portinho da Arrifana e para a realização da empreitada da Acessibilidade Pedonal à Praia de Odeceixe. A primeira empreitada compreende a execução de uma série de trabalhos, nomeadamente, instalação, manutenção e desmontagem do estaleiro, reparações no molhe de abrigo, reconstrução da retenção marginal e pavimentação do terrapleno, reparação do pavimento do cais sudoeste, reconstrução e reparação da antiga rampa

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varadouro, construção das escadas no cais norte e manutenção dos fundos da bacia do Porto. O valor social a realizar pela Câmara Municipal de Aljezur é de 149 mil e 614 euros, adicionando-se, enquanto não for possível assegurar o financiamento desta operação através do Programa Operacional Mar 2020, o valor de 448 mil e 843 euros correspondente ao financiamento comunitário. A segunda empreitada compreende a criação de um passadiço para peões e pequenos arranjos urbanísticos, entre os miradouros da Praia de Odeceixe, melhorando assim a circulação e segurança dos peões. O valor social a realizar pela Câmara Municipal de Aljezur é de 207 mil e 747 euros. As duas intervenções serão executadas durante o ano de 2019 pela Sociedade Polis .

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MUNICÍPIO DE FARO PROMOVE PRÉMIO MUNICIPAL DE ARQUITETURA E ARQUITETURA PAISAGISTA 2019

Município de Faro lança o «Prémio Municipal de Arquitetura e Arquitetura Paisagista» referente ao ano de 2019, com as candidaturas a deverem ser formalizadas entre 1 de fevereiro e 31 março. A iniciativa tem como objetivos promover e incentivar a qualidade arquitetónica, a dignificação da imagem urbana, a valorização e distinção das obras mais relevantes a nível municipal, bem como a salvaguarda do património do concelho. Com a atribuição deste prémio pretende-se traduzir publicamente o reconhecimento do Município ao autor do projeto, ao promotor e ao construtor. Podem concorrer entidades públicas e privadas e os autores dos projetos de arquitetura e arquitetura paisagista das 123

obras que tenham obtido a correspondente autorização de utilização nos anos de 2017 e 2018. O prémio será distribuído por três secções distintas: Obra Nova; Recuperação/Rea bilitação e Espaços Exteriores. O regulamento do prémio pode ser consultado em http://www.cm-faro.pt e a colocação de dúvidas ou pedidos de esclarecimentos deverão ser efetuados por escrito, por correio ou por correio eletrónico, através do endereço dotru.diu@cmfaro.pt. O Prémio Municipal de Arquitetura foi instituído em 1995 pela autarquia farense com o intuito de incentivar as boas práticas desta disciplina e contribuir para a melhoria da qualidade ambiental e construída do concelho. No entanto, com o passar do tempo, deixou de se realizar com a regularidade preconizada. Bienal, o prémio retomou em 2017 com uma novidade, a inclusão da arquitetura paisagista como uma das disciplinas a distinguir . ALGARVE INFORMATIVO #186


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DESCOBERTA DE INVESTIGADORES DA UALG PODE CONTRIBUIR PARA O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO CANCRO DA BEXIGA ma equipa do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve, liderada por Pedro Castelo Branco, participou num consórcio internacional e descobriu que determinadas alterações específicas na regulação do gene da telomerase - TERT responsável pela multiplicação das células cancerígenas, contribui para a progressão do cancro da bexiga. Sendo um dos 10 tipos de cancro mais ALGARVE INFORMATIVO #186

comuns em todo o mundo e o quinto mais frequente na Europa, a segmentação do risco para este tipo de tumor continua, ainda, a ser uma importante necessidade não correspondida. Perceber o mecanismo pode abrir portas a novas formas de terapia mais personalizadas e esta investigação, que partiu de uma coorte internacional de 237 pacientes com cancro da bexiga, revela que existem determinadas alterações genéticas e epigenéticas cuja compreensão pode ajudar a melhorar o diagnóstico e o 124


prognóstico da doença, permitindo, desta forma, uma terapia mais personalizada no futuro. Este estudo mostrou, assim, que as mutações do referido gene estão presentes em 76,8 por cento dos pacientes com cancro da bexiga analisados, manifestando-se em todas as fases e estádios da doença. Para além disso, e através desta investigação, foi possível perceber que a hipermetilação do THOR, uma região específica do gene da telomerase (que tem a particularidade de estar comumente «ativo» em casos de cancro), quando combinada com esta mutação contribui para um aumento do risco de recorrência e progressão da doença. “Esta investigação é especialmente relevante se pensarmos que traz consigo informações valiosas para o prognóstico de uma doença que afeta, em média, 17,6 por cento da população portuguesa. Estes dados trazem novas perspetivas sobre a própria biologia do cancro”, explica Pedro Castelo-Branco, investigador principal do grupo de Epigenética e Doença Humana, do CBMR. 125

ASSOCIAÇÃO DE MUNICÍPIOS TERRAS DO INFANTE DÁ FORMAÇÃO A SAPADORES uma estreita parceria estabelecida com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e Associações de Bombeiros locais, a Associação de Municípios Terras do Infante tem em curso, até 7 de março, uma Formação Modular Certificada para os seus Sapadores. Serão ministradas cinco Unidades de Formação, nomeadamente Constituição, Funcionamento e Conservação dos Equipamentos Manuais, Manutenção de Espaços Florestais, Equipamentos e Veículos de Sapadores Florestais, Operação de Extinção de Incêndios Florestais e Segurança, Saúde no Trabalho Florestal. A formação profissional dos Sapadores Florestais é particularmente relevante no seu desempenho, de extrema exigência e risco, e permitirá o aprofundamento das suas competências e desenvolvimento de outras, indispensáveis à profissão. Refira-se ainda que a Associação de Municípios Terras do Infante reforçou-se e dispõe, desde 2 de janeiro do corrente ano, de uma nova equipa de Sapadores Florestais/Aljezur, contando agora com um total de 19 operacionais nos três municípios .

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SAÚDE ORAL VAI SER UMA REALIDADE EM TODOS OS CENTROS DE SAÚDE DO ALGARVE ATÉ FINAL DO ANO todos os concelhos da região”, assegurou Paulo Morgado, explicando que, no âmbito do programa Saúde Oral para Todos, “estamos a pedir a colaboração das câmaras municipais, através de protocolos, para nos darem o apoio financeiro para aquisição de parte do equipamento necessário no arranque inicial do projeto, sendo os custos com obras, equipamentos, consumíveis e pessoal da responsabilidade da ARS número de consultas de saúde oral nos Centros de Saúde do Algarve triplicou no espaço de um ano, passando de duas mil e 190 consultas em 2017 para cinco mil e 853 em 2018. Atualmente existem cinco gabinetes de saúde oral na região, mas o objetivo é alargar a todos concelhos até ao final de 2019, anunciou o Presidente da ARS Algarve, Paulo Morgado, no decorrer da visita da Secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, no dia 15 de janeiro, às consultas de saúde oral dos Centros de Saúde de Lagos e Loulé. “Durante o primeiro trimestre de 2019 contamos abrir em Vila Real de António e queremos ter, até ao final deste ano, pelo menos uma cadeira dentista em ALGARVE INFORMATIVO #186

Algarve”. No Algarve, o Programa Saúde Oral para Todos começou em novembro de 2017 nos Centros de Saúde de Faro, Portimão e Tavira, e em setembro de 2018 arrancou em Lagos e Loulé. Em novembro de 2018 foi celebrado um protocolo de colaboração entre a ARS Algarve e as Câmaras Municipais de São Brás de Alportel e de Lagoa com vista a disponibilizar Consultas de Saúde Oral também nestes concelhos durante 2019. Estes gabinetes de Saúde Oral tem uma equipa de um Médico Dentista e um Assistente de Medicina Dentária, sendo os utentes referenciados através do Médico de Família ou de outro Médico do Centro de Saúde. “O médico de 126


família deteta um problema de saúde oral e referencia para o seu colega médico dentista do seu Centro de Saúde. Estamos a dar resposta no tratamento das doenças da boca mais frequentes e também nas situações urgentes de segunda a sexta-feira”, explicou Paulo Morgado. A Secretária de Estado da Saúde destacou igualmente a importância do Programa Saúde Oral para Todos, porque aposta na prevenção e responde às necessidades das pessoas. “O conceito de saúde mudou muito nos últimos tempos, deixou de ser ausência de doença e passou a ser o bem-estar físico, mental e social, e é nesse conceito que entra a saúde oral. Com a colocação de cadeiras de dentistas nos Centros de Saúde tornamos o mais fácil o acesso aos cuidados de medicina dentária”, frisou a governante, acrescentando que “é com extrema satisfação que vejo que a população está satisfeita, que consegue recorrer a estes cuidados”.

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“Encontramos muitas pessoas que nunca na vida tiveram cuidados de medicina dentária”, reforça. No decorrer da visita, a Secretária de Estado da Saúde, acompanhada pelas Diretoras Executivas dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) do Barlavento, Leonor Bota, e do ACeS Central, Sílvia Cabrita, e dos Presidentes de Câmara Municipal de Lagos, Joaquina Matos, e de Loulé, Vítor Aleixo, teve oportunidade conhecer os gabinetes de saúde oral e as equipas de profissionais das diversas unidades dos Centros de Saúde de Lagos e Loulé. No final da deslocação ao Algarve, Raquel Duarte foi recebida pela Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Ana Paula Gonçalves, e restantes membros do Conselho de Administração, e efetuou uma visita de trabalho aos serviços de urgência e unidade de cuidados intensivos da unidade de Faro do CHUA .

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ENSEMBLE DE FLAUTAS DE LOULÉ ASSINALA 24 ANOS DE EXISTÊNCIA COM CONCERTO A 9 DE FEVEREIRO omemora-se, em 2019, o 24º Aniversário do Ensemble de Flautas de Loulé, um agrupamento formado por alunos do Conservatório de Música de Loulé e da Escola de Música Artistas de Minerva. Sob a direção da professora Ana Figueiras, o Ensemble marcará esta ocasião com um concerto que terá lugar no dia 9 de fevereiro, pelas 19h, na Igreja de São Francisco, em Loulé. O momento musical contará com a presença de vários grupos do Ensemble de Flautas, bem como da classe de cravo do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado, sob a direção da professora Elsa Mathei. O repertório interpretado irá abranger os períodos

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renascentista e barroco, através de peças para consorts de flautas e cravo solo de compositores bem conhecidos, como Susato, Telemann, Bach, entre outros. O Ensemble de Flautas foi constituído, em dezembro de 1994, por alunos da Escola de Música do Município de Loulé, sob orientação do professor Francisco Rosado e esteve sob a sua direção até 2015, altura do seu falecimento. A dar continuidade à direção do Ensemble de Flautas está, desde outubro de 2015, a professora Ana Figueiras, no Conservatório de Música de Loulé. O grupo tem-se apresentado em audições escolares, em igrejas – como sucedeu em Alte, Boliqueime, Loulé, Querença,

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Salir, Quarteira, Tavira, Lagoa – e noutros espaços culturais: Casa da Cultura e Galeria de Arte do Convento Espírito Santo em Loulé, Museu Arqueológico Infante D. Henrique, em Faro, Escola Superior de Educação de Setúbal, Conservatório Regional do Algarve Maria Campina, em Faro, Instituto Superior Afonso III, em Loulé. O agrupamento tem participado em diversos eventos: no concerto de alunos do I Encontro de Consorts de Flautas de Loulé, em março 2008; em momentos musicais integrados no Festival MED desde 2008 até 2018; bem como no Festival Clássica em Cacela 2009. Esteve também em concerto no Convento dos Remédios em Évora e na Igreja de San Alberto em Sevilha. Realizou, em 2016, um concerto conjunto com o cantor Sérgio Godinho, no Cine-Teatro Louletano.

Gravou até ao momento três CDs, com peças da Idade Média ao século XX, com apoio da Câmara Municipal de Loulé, e tem participado em todas as edições do Encontro de Música Antiga, que anualmente se realiza neste Concelho. A revista americana «American Recorder» e a revista inglesa «The Recorder Magazine», publicações especializadas em flauta de bisel, publicaram, respetivamente, em janeiro e março de 2003, artigos sobre a participação do Ensemble no IV Encontro de Música Antiga de Loulé. Apresentou-se recentemente em Lisboa, em representação do Conservatório de Música de Loulé, e prepara-se para realizar um concerto no Conservatório de Música de Sevilha, no dia 18 de fevereiro .

ESTRADA NACIONAL 2 É UM DOS DESTINOS INTERNACIONAIS PARA 2019 emblemática Estrada Nacional 2 está a ser falada em todo o mundo e pelas melhores razões, ao ser nomeada pela «Frommer´s» como um dos melhores destinos turísticos a visitar em 2019. A emblemática via que atravessa todo o país esteve em destaque no programa «Good Morning America» de dia 1 janeiro, um talk show matinal, líder de audiências, em que a prestigiada publicação de viagens a indicou como um destino a não perder este ano, salientando as suas magníficas paisagens, de Trás-os-Montes ao Algarve. E prevê-se que, ainda este mês, a «route 129

66 portuguesa», como é muitas vezes apelidada, seja novamente falada nos Estados Unidos, desta vez pelo canal Chicago TV. A EN 2 atravessa Portugal de Norte a Sul e é a estrada de maior extensão do país. Tem o seu início em Chaves (Km 0), terminando ao Km 738,5 em Faro, passando por 11 distritos (Vila Real, Viseu, Coimbra, Leiria, Castelo Branco, Santarém, Portalegre, Évora, Setúbal, Beja e Faro), oito províncias (Trás-osMontes e Alto Douro, Beira Alta, Beira Litoral, Beira Baixa, Ribatejo, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Algarve), quatro serras, 11 rios e 35 concelhos . ALGARVE INFORMATIVO #186


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AVANÇA A REMODELAÇÃO DA RUA FREI JOAQUIM DE LOULÉ Câmara Municipal de Loulé vai levar a cabo a obra de remodelação da Rua Frei Joaquim de Loulé, incluindo a Travessa João B. Vasco, artéria que faz a ligação entre o centro e a zona nascente da cidade de Loulé, uma área que sofreu uma significativa expansão urbanística nos últimos anos. Esta remodelação tem como principal objetivo assegurar uma maior visibilidade e proporcionar uma maior segurança aos utentes da via; reduzir as velocidades de circulação praticadas atualmente; garantir uma fluidez no tráfego sem qualquer bloqueio; organizar os lugares de estacionamento, privilegiando os percursos pedonais; introduzir novas passadeiras e reformular as existentes; e criar rampas para vencer desníveis, de forma a assegurar a

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acessibilidade à mobilidade condicionada. A empreitada contempla ainda uma intervenção ao nível da rede de águas residuais pluviais e domésticas que permitirá resolver os problemas de drenagem atualmente existentes. A obra terá um custo de cerca de 220 mil euros e um prazo de execução de 180 dias. Por forma a salvaguardar a segurança dos utentes (moradores, automobilistas, peões e trabalhadores envolvidos na execução da obra) a intervenção é executada em duas fases, sendo que o trânsito estará condicionado em cada uma delas. O Município disponibiliza uma zona de estacionamento temporário durante o decorrer dos trabalhos .

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VALE + NATALIDADE É PARA CONTINUAR EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL Município de São Brás de Alportel vai continuar a atribuir o «Vale + Natalidade» em 2019, uma medida integrada no Plano de Apoio à Família «Vale + Família» e que pretende, em simultâneo, ajudar as famílias e promover o comércio local. Lançado pela autarquia sãobrasense em 2016, consiste na atribuição de um apoio financeiro de 100 euros (mediante um conjunto de vales) às famílias de crianças nascidas ou adotadas e registadas em São Brás de Alportel. A continuidade desta medida foi aprovada pelo executivo municipal no dia 8 de janeiro, em reunião de câmara. Os vales atribuídos podem ser utilizados no comércio local para a aquisição de bens e/ou serviços relevantes para o desenvolvimento das crianças, nomeadamente artigos de saúde e higiene, mobiliário, equipamentos, vestuário e calçado. O Plano de Apoio à Família «Vale +» inclui a atribuição do Vale + Educação, que visa o apoio na aquisição de material escolar no início do ano letivo; o Vale + Saúde, que numa primeira fase se dedica ao rastreio de acuidade visual para crianças; e o programa de formação «+ família», que abrange uma diversidade de temas e desafios que se colocam à família.

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Os apoios resultam de um olhar atento da Autarquia de São Brás de Alportel sobre a realidade do concelho e dos munícipes e da vontade de contribuir para que todas as famílias possam ter uma melhor qualidade de vida. As normas relativas às condições de acesso ao Vale + Natalidade podem ser consultadas no site do Município em http://www.cmsbras.pt/pt/menu/957/vale--natalidade.aspx . ALGARVE INFORMATIVO #186


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URBANIZAÇÃO DA MIRA SERRA EM LOULÉ VAI TER ESPAÇO PÚBLICO DE REFERÊNCIA Câmara Municipal de Loulé continua a apostar na requalificação urbana das suas localidades, tendo sido assinado, no dia 10 de janeiro, o auto de consignação referente à empreitada de intervenção de requalificação de espaço público na Urbanização da Mira Serra, na cidade de Loulé. A obra irá dotar uma das principais zonas residenciais da cidade de melhores condições em termos de fruição dos espaços públicos por parte da população, dando ainda resposta às necessidades em termos de circulação, nomeadamente pedonal, mas também possibilitando o desenvolvimento de atividades de recreio ativo e passivo ao ar livre. Uma vez que a urbanização da Mira Serra não oferece atualmente aos seus habitantes um espaço público de referência, a intervenção pretende colmatar esta ausência através da valorização da Praceta António Galvão

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enquanto centro polarizador do bairro onde se possa vivenciar o exterior, criando um ponto de convívio e identidade. O projeto propõe também algum equipamento lúdico, criando assim uma área dedicada ao recreio informal e estimulando uma utilização multifuncional da praça. Na obra destaca-se ainda o ordenamento de espaços de estacionamento na sequência da bolsa de lugares adicionais já implementada na Rua do Serradinho, remodelação dos arruamentos na zona de circulação automóvel e passeios, plantação de árvores, colocação de mobiliário urbano (bancos, papeleiras, parques de bicicletas, equipamento de desporto informal) e adaptação das infraestruturas existentes (rede de iluminação pública, recolha de resíduos urbanos, rede de pluviais e rede de rega). Os trabalhos estarão no terreno nos próximos dias, com um prazo de

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execução previsto de um ano e um orçamento que ronda os 390 mil euros. À semelhança do que aconteceu com a intervenção na Urbanização das Romeirinhas, esta obra integra-se no Programa «Uma Praça no meu Bairro», que tem como objetivo a implementação da estratégia de promoção da coesão social e territorial da cidade de Loulé através de uma ação articulada de intervenções no espaço público na proximidade às áreas residenciais consolidadas. O programa visa identificar oportunidades de intervenção no espaço urbano que possam constituir espaços públicos de proximidade e de excelência para o encontro das comunidades residentes enquanto destinatários diretos das intervenções. Os projetos promovem a coexistência dos diferentes modos de locomoção, 133

disciplinando o estacionamento e promovendo um desenho inclusivo que melhora a segurança e o conforto de quem anda a pé, de bicicleta ou use outro modo suave. Há a preocupação de infraestruturar estes espaços com mobiliário urbano adequado para as funções de estadia, entretenimento infantil e apoio à atividade física. “A requalificação urbana tem constituído uma prioridade para este executivo, na medida em que é um fator primordial para a melhoria da qualidade de vida das populações, para a promoção da imagem das nossas localidades, para o incremento da atividade física, para criação de mais espaços verdes e, consequentemente, para a promoção da sustentabilidade”, considera o presidente da Autarquia, Vítor Aleixo . ALGARVE INFORMATIVO #186


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REGULAMENTO PARA HABITAÇÃO A CUSTOS CONTROLADOS EM OLHÃO ESTÁ EM DISCUSSÃO PÚBLICA ncontra-se em período de discussão pública o Projeto de Regulamento do Concurso para Atribuição de Habitações em Regime de Vendas a Custos Controlados no Município de Olhão. Assim, até 21 de fevereiro, os munícipes poderão consultar o regulamento, bem como apresentar sugestões de alteração ao documento. A construção de habitação a custos controlados é um desígnio deste executivo, que pretende, de acordo com o presidente da autarquia, António Miguel Pina, “permitir o acesso mais justo e ALGARVE INFORMATIVO #186

equilibrado por parte dos munícipes à habitação, o que tem sido, de alguma forma, colocado em causa pela crescente procura por parte de não residentes, com a consequente subida de preços no setor imobiliário”. O edil sublinha que “se por um lado são indiscutíveis as vantagens de que este interesse se reveste para o desenvolvimento do concelho, por outro, há que acautelar os interesses daqueles que são naturais de Olhão e pretendem continuar a viver na sua cidade”. “Neste sentido, a autarquia está disposta a desempenhar o seu papel, construindo habitação a custos 134


controlados, que será comercializada a preços sustentáveis”, garante António Miguel Pina. O regulamento agora sujeito a discussão pública pretende estabelecer regras e critérios transparentes de acesso a este conjunto de fogos que será comercializado pela autarquia olhanense a preços sustentáveis. O número total de fogos objeto de concurso é de 54: 26 apartamentos T2, 18 T3 e 10 de tipologia T4. O Projeto de Regulamento do Concurso para Atribuição de Habitações em Regime de Vendas a Custos

Controlados no Município de Olhão pode ser consultado no Balcão Único do Município, ou no sítio do Município, em http://www.cmolhao.pt/municipio/documentos/categor y/324-regulamento-do-concurso-paraatribuicao-de-habitacoes-em-regimede-venda-a-custos-controlados-nomunicipio-de-olhao. Os interessados podem endereçar as suas sugestões por escrito para a Câmara Municipal de Olhão, Largo Sebastião Martins Mestre, 8700-349 Olhão, dentro do prazo previsto .

MUNICÍPIO DE OLHÃO ISENTA ESPAÇOS COMERCIAIS DO PAGAMENTO DE TAXAS ATÉ TERMINAREM OBRA NA AV. 5 DE OUTUBRO s estabelecimentos comerciais situados na Avenida 5 de Outubro, na zona ribeirinha de Olhão, estão isentos do pagamento de taxas de ocupação de espaço público até que termine a obra de requalificação que decorre naquela artéria da cidade cubista. A Assembleia Municipal de Olhão aprovou por unanimidade a proposta do Executivo Municipal, que sugeriu esta medida temporária com o objetivo de ajudar a minorar as dificuldades de quem ali exerce a sua atividade económica.

constrangimentos inerentes às obras que estão a ser realizadas, o Executivo Municipal liderado por António Miguel Pina entende que até ao seu término, previsto para final de maio, os comerciantes não devem ter a seu cargo essa despesa .

Numa altura em que existe, naquela avenida, mobilidade reduzida e outros 135

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MUNICÍPIO DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL CRIOU GABINETE DE REABILITAÇÃO URBANA Plano de Revitalização do Centro Histórico de São Brás de Alportel deu mais um passo no incentivo à valorização do património e à reabilitação com a criação do novo Gabinete de Reabilitação Urbana, no seio do Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU) e numa parceria com a Associação IN LOCO, mediante financiamento comunitário ao abrigo do Programa Portugal 2020. Este gabinete nasce da consciência de que a reabilitação urbana é um instrumento fundamental de desenvolvimento sustentável dos territórios, atuando ativamente na salvaguarda do património, na qualificação

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do ambiente urbano e no bem-estar das comunidades. A Câmara Municipal de São Brás de Alportel dispõe agora de um serviço de apoio à reabilitação, dirigido aos proprietários e a todos os munícipes interessados em reabilitar as suas casas, onde podem obter informações sobre os apoios disponíveis e a legislação que devem ter em conta, bem como informação e acompanhamento para os diversos passos e procedimentos necessários. Os benefícios fiscais e reduções de taxas a que podem aceder os proprietários, quando realizam intervenções de reabilitação, são

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algumas das informações que os munícipes podem obter ao visitar o Gabinete de Reabilitação do Município. Este gabinete pretende desenvolver estratégias de valorização do património dirigidas sobretudo ao Centro Histórico da Vila de São Brás de Alportel, mas também alargadas a todo o concelho, e estimular o desenvolvimento turístico do território, tendo por base a reabilitação urbana. Promover o centro histórico e na sua globalidade o território do município, enquanto destino turístico, ampliando a sua promoção interna e externa e a divulgação das suas potencialidades; estimular o desenvolvimento de projetos de valorização das Lojas com História; incentivar e apoiar o empreendedorismo e

a iniciativa local; divulgar as atividades e iniciativas que têm lugar no território do município, melhorando o acesso à informação por parte de residentes e não residentes; promover o desenvolvimento cultural do centro histórico, mediante o apoio à realização de atividades e iniciativas de índole cultural e recreativa; e apoiar a dinâmica associativa local, enquanto parceria primordial na revitalização do centro histórico, são objetivos perseguidos também por este gabinete, que está a funcionar na Unidade de Urbanismo, Planeamento e Ordenamento do Território e tem atendimento ao público às quintas-feiras, das 9h às 13h, sob marcação antecipada .

3.ª MOSTRA SILVES CAPITAL DA LARANJA APRESENTA CUCA ROSETA E ANTÓNIO ZAMBUJO 3.ª Mostra Silves Capital da Laranja decorre de 15 a 17 de fevereiro, estando previstas as atuações de Cuca Roseta (dia 15), António Zambujo (dia 16) e Fole Percussion (dia 17). O certame terá a sua inauguração oficial pelas 10h30 e incluirá várias dezenas de expositores ligados à citricultura, vinhos, agricultura, produtos regionais, doçaria, artesanato e gastronomia, bem como algumas associações e entidades locais e regionais. A mostra que promove a marca «Silves Capital da Laranja» contempla ainda a realização de mais um ciclo de conferências, nas quais especialistas nacionais e internacionais debaterão temas centrais para a produção e 137

produtores de citrinos. Os cocktails também regressarão, com a realização do «Festival de Barmen Silves Capital da Laranja» e realce ainda para a conhecida e habitual Marcha dos Namorados, atividade desportiva que integra o calendário de marcha-corrida do Algarve. Promover a citricultura que se faz no concelho de Silves, os seus produtores e os assuntos que interessam para a melhoria deste sector é o grande objetivo da mostra «Silves Capital da Laranja», que teve a sua primeira edição em fevereiro de 2017. O evento conta com a parceria da DRAPAlg, UALG, RTA, Agrupamento de Escolas de Silves e Agrupamento de Escolas Silves-Sul.

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ATUALIDADE

VILA DO BISPO MARCA PRESENÇA NA 50.ª BOOT DÜSSELDORF e 19 a 27 de janeiro, Vila do Bispo volta a marcar presença na maior feira internacional dedicada ao mundo náutico, a BOOT Düsseldorf, na Alemanha, certame que celebra este ano o seu 50.º aniversário. Tal como nos anos anteriores, a autarquia vila-bispense lançou o desafio às empresas com atividades ligadas ao mar sedeadas no concelho para juntos representarem e divulgarem este território naquele país. A ação permite que as empresas aderentes promovam os seus produtos e serviços num evento de grande alcance internacional. Este ano, o município de Vila do Bispo vai fazer-se representar pela autarquia e pelas empresas PuraVida Divehouse, Wind4All - Sagres WaterSports, Divers Cape, Summer Inspired e Ocean Respect Ecodive Center. A comitiva contará ainda com a já habitual companhia de Joana Schenker, atleta da Associação de Bodyboard de Sagres que reúne, no seu impressionante currículo desportivo, um campeonato mundial, quatro campeonatos europeus e cinco campeonatos nacionais. Nascida em Vila do Bispo e com ascendência alemã, Joana Schenker treina nas praias de Vila do Bispo, destacando as ondas de Sagres como “as melhores do mundo para a prática do Bodyboard”. A promoção do concelho vai passar pela ALGARVE INFORMATIVO #186

divulgação conjunta dos valores patrimoniais e ambientais das paisagens culturais e naturais de Vila do Bispo, valorizando-as, de forma sustentável, enquanto potencialidades turísticas de referência global. Destacam-se o mergulho nas paisagens submersas para observação da riquíssima biodiversidade de Sagres, das suas grutas e dos seus naufrágios históricos; os passeios de barco para observação de cetáceos, de outras espécies marinhas e das incríveis paisagens de Sagres e do Cabo de São Vicente; o birdwatching, em terra e no mar; os desportos náuticos como o surf, o bodyboard, o windsurf e o stand up paddle; os passeios pedestres e as grandes rotas, a Vicentina e a Algarviana; as rotas históricas transfronteiriças (Rota Europeia dos Descobrimentos, Rota Al-Mutamid e Rota Omíada); os pequenos roteiros internos e circuitos urbanos dedicados a temáticas como a história local, o megalitismo e a biodiversidade; monumentos naturais e culturais, geológicos, arqueológicos e históricos, a etnografia, a gastronomia, a cultura de gentes da terra e do mar . 138


SONÂMBULOS E CASA DO BENFICA DE QUARTEIRA SÃO CAMPEÕES DE INVERNO DE FUTSAL Sonâmbulos FLA e a Casa do Benfica de Quarteira venceram a primeira edição da Taça de Campeão de Inverno de Futsal, disputada entre oito equipas, nos dias 12 e 13 de janeiro, no Pavilhão Desportivo Municipal Jacinto Correia, em Lagoa. A equipa da Luz de Tavira conquistou o troféu da 1.ª Divisão ao bater na final o Lusitano FC por 0-2, com golos de Ricardo Viegas, na primeira parte, e Bruno Jesus, na segunda. No jogo decisivo da 2.ª Divisão, a Casa do Benfica de Quarteira esteve a perder por 0-2 com o CF «Os Bonjoanenses» até perto do fim, graças aos golos de João Carrasco e Rúben Brito, mas deu a volta ao marcador com dois golos de Danilo Correia e um de Dobre Turis, este já nos últimos segundos do jogo.

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Nos jogos das meias-finais, disputados no sábado, a Casa do Benfica de Quarteira venceu o CF «Os Estombarenses» por 2-6, o CF «Os Bonjoanenses» derrotou o ADC Os Lagoenses por 2-7, o Lusitano FC eliminou o SL Fuseta por 6-4 e, com o mesmo resultado, o Sonâmbulos FLA deixou o SVRDC Ferragudense de fora da competição. A Taça de Campeão de Inverno, que juntou os atuais quatro primeiros classificados da 1.ª Divisão e os dois primeiros das Séries A e B da 2.ª Divisão, foi uma organização da Associação de Futebol do Algarve, com o apoio da Câmara Municipal de Lagoa .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #186

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