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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 9 de fevereiro, 2019
AUREA, LINDA E ENCANTADORA EM LAGOA CROSS INTERNACIONAL DAS AMENDOEIRAS EM FLOR | ADRIANA FREIRE NOGUEIRA 1 «ELASTIC» | DANIEL KEMISH AO VIVO| «CARMEN» | «QUARTO MINGUANTE» | INFORMATIVO «ENTROPIA» ALGARVE #189
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CONTEÚDOS #189 9 DE FEVEREIRO 2019 38
ARTIGOS 14 - Solar da Música Nova 24 - Cross Internacional das Amendoeiras em Flor 38 - Adriana Freire Nogueira 48 - Aurea 62 - «Carmen» 74 - «Quarto Minguante» 82 - Daniel Kemish 92 - «Elastic» 106 - «Entropia» 136 - Atualidade
OPINIÃO
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116- Paulo Cunha 118 - Adília César 120 - Ana Isabel Soares 122 - Carla Serol 124 - David Martins 126 - Fernando Cabrita 130 - Fábio Jesuíno 132 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #189
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ALUNOS E PROFESSORES DO CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE LOULÉ INAUGURARAM AUDITÓRIO DO SOLAR DA MÚSICA NOVA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
o âmbito das comemorações do 31.º aniversário de elevação de Loulé ao estatuto de cidade foi inaugurado, no dia 1 de fevereiro, o Auditório do Solar da Música Nova, com ALGARVE INFORMATIVO #189
dois especiais espetáculos protagonizados pelos alunos, às 18h30, e pelos docentes, às 21h30, do Conservatório de Música de Loulé Francisco Rosado, inaugurado em setembro de 2018. “É um momento muito bonito ver esta sala completamente cheia, com as crianças 14
prontas para nos brindarem com aquilo que já aprenderam no campo da música, e com os seus familiares aqui todos juntos. Damos assim início, formalmente, ao plano de atividades deste auditório”, referiu Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé. “Quero agradecer a todos aqueles que trabalharam para termos este novo equipamento à disposição de quem gosta de ouvir e de aprender música. Todos se esmeraram para tornar este magnífico auditório uma realidade, que agora passa a ser de toda a comunidade. Espero que a sensibilidade destes jovens seja o mais possível explorada e educada, para que eles sejam cidadãos melhores. Se tal o conseguirmos, eles estarão mais despertos para os valores que realmente importam e de certeza que teremos uma sociedade mais bonita”, acrescentou o edil louletano. 15
O novo espaço polivalente tem capacidade para 120 lugares sentados e, com uma utilização multiusos, ali poderão decorrer espetáculos de âmbito cultural nas áreas da música, dança, teatro ou audições, bem como seminários, conferências ou formações. O Auditório beneficiará ainda de um espaço exterior que, em pausa das sessões culturais previstas, poderá acolher os espetadores, visitantes ou artistas. E boa parte da sua programação artística vai incidir sobre a valorização e promoção regulares de projetos emergentes ou pouco conhecidos do público algarvio (sediados ou não na região) nas áreas da Música, Teatro, Dança e Multidisciplinar. Assim, através de uma programação articulada em rede com o Cine-Teatro Louletano, será estreado a ALGARVE INFORMATIVO #189
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16 de fevereiro, pelas 21h30, o ciclo «Ilustres Desconhecidos», que contará com os projetos musicais GALOPIM (de Faro) e a dupla Raquel Ralha & Pedro Renato (ex-Belle Chase Hotel) como convidados iniciais. O ciclo terá uma periodicidade bimestral, realizando-se sempre a um sábado, às 21h30. Em abril será a vez de Lince (projeto musical de Sofia Ribeiro), no dia 6, e de Cassete Pirata, no dia 8. A programação não esqueceu também o facto de estamos na presença de um equipamento vocacionado para a educação. Deste modo, a Companhia de Música Teatral de Lisboa dinamiza, de 18 a 20 de fevereiro, a formação transitiva «GermInArte», em três módulos de três horas cada (em regime pós-laboral), dirigindo-se a educadores, mediadores, 17
músicos e outros artistas com interesse pela criação dirigida à infância. A ação será igualmente realizada nos mesmos dias no período da manhã na Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve (parceira do Cine-Teatro Louletano nesta aposta na arte para a infância) com alunos da licenciatura em Educação Básica e do mestrado em Educação Pré-Escolar. A mesma Companhia de Música Teatral volta a Loulé, entre 1 e 7 de julho, para uma nova formação imersiva, «Jardim Interior» (destinada ao mesmo públicoalvo), desta vez em regime diurno, que se realiza pela primeira vez fora de Lisboa depois de três anos de ocorrência, com assinalável impacto e sucesso, na Fundação Calouste Gulbenkian. ALGARVE INFORMATIVO #189
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O projeto «GermInarte – Transformação Artística para o Desenvolvimento Social e Humano a partir da Infância», apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian entre 2015 e 2018, trouxe uma série de reflexões e de práticas de formação de caráter artístico e educativo, visando a qualificação de profissionais em contato com a infância. Essas mesmas experiências e saberes serão partilhados por Helena Rodrigues, da Companhia de Música Teatral, na conferência «Florir a Sul: Formação em Arte para a Infância Pós – Germinarte», no dia 28 de março, pelas 21h30, no Auditório do Solar da Música Nova. Entre 18 a 24 de março terá lugar uma semana exclusivamente dedicada à música 19
clássica (num ciclo programático inclusivo que incide em diferentes áreas/estilos musicais) e à ideia subjacente de a «descomplicar», para a qual foi convidado o reconhecido maestro, pedagogo e comunicador Osvaldo Ferreira, que, juntamente com vários convidados, irá dinamizar diversos formatos de aproximação informal ao universo da música erudita. Nesse âmbito, «A música clássica em 60 minutos?» é a conversa performativa que Osvaldo Ferreira vai realizar em contexto escolar com turmas do 2.º ciclo (5.º e 6.º anos) num total de seis sessões, entre 19 e 21 março. Além de talks, concertos comentados e uma carta-branca que contará com 11 músicos convidados a decorrer nessa ALGARVE INFORMATIVO #189
semana, o prestigiado maestro ministra uma masterclass sobre novas metodologias para o ensino das cordas/Método Suzuki, no dia 23 de março, para alunos e docentes do ensino especializado da música. Já entre 16 e 18 de maio, o nome maior da guitarra clássica em Portugal, Pedro Jóia, estará também no Auditório do Solar ALGARVE INFORMATIVO #189
da Música Nova para explorar os mistérios e as potencialidades daquele instrumento, não apenas no concerto comentado ou na masterclass destinada a alunos e docentes de música, como também disponível para se deslocar às escolas, em quatro sessões em modo de conversa performativa com alunos do 2.º ciclo . 20
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PORTUGUESES BRILHARAM NA PISTA DAS Aร OTEIAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Rui Gregรณrio/CMA
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o dia 3 de fevereiro, a Pista Internacional de Crosse das Açoteias voltou a ganhar vida e encheu-se de cor com a disputa do 42.º Crosse Internacional das Amendoeiras em Flor e da 56.ª Taça dos Clubes Campeões Europeus. A manhã começou com o 17.º Corta Mato das Areias de São João, uma prova regional que todos os anos antecede o Crosse Internacional das Amendoeiras em Flor. Mais de meio milhar de atletas de todas as idades, incluindo os escalões de formação, competiram nesta prova, integrada no Campeonato Regional de Corta Mato Curto no escalão de absolutos. ALGARVE INFORMATIVO #189
Na competição europeia, o destaque foi para a exibição do Sporting C.P., que revalidou o título de campeão europeu de corta-mato feminino, numa prova vencida individualmente pela queniana Fancy Cherono, que percorreu seis mil e 90 metros em 20.15 minutos. A leoa dividiu o pódio com a turca Jeptoo Kimeli e a espanhola Trihas Gebre. Além da vencedora, pontuaram ainda as sportinguistas Sara Ribeiro (5.º), Sara Moreira (6.º), Jéssica Augusto (13.º), Inês Monteiro (20.º) e Carla Rocha (28.º), arrecadando para o clube leonino o segundo triunfo consecutivo na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Corta-Mato, ao conquistarem o primeiro lugar em equipas com 25 pontos, menos 22 pontos do que as espanholas do 26
Bilbao Atletismo Santutxo e menos 30 do que as polacas do Podlasie Bialystok, segundas e terceiras classificadas respetivamente. Na prova masculina por equipas, o Sporting terminou em terceiro lugar, atrás do Atletismo Bikila, de Espanha e dos italianos Casone Noceto. Em termos individuais, a vitória foi para o italiano Jacob Kimplimo, que suplantou por um segundo o atleta queniano do Sporting, Davis Kiplangat, ao cortarem a meta aos 29.00 minutos. O terceiro lugar foi para o sueco Robel Fsiha. Além de Kiplangat pontuaram para o Sporting, Licínio Pereira (15.º), Rui Teixeira (25.º) e Miguel Marques (27.º). Nos escalões de Juniores, o S.L. Benfica 27
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sagrou-se vice-campeão da Europa ao conquistar o segundo lugar da prova, com 34 pontos, mais sete do que os turcos do Darica. Os israelitas do South Telaviv Alley terminaram na terceira posição com 58 minutos. Na corrida individual, o benfiquista Edward Pingua foi o mais rápido ao concluir os seis mil metros em 18.52 minutos. Esta foi a 11.ª vez que a Pista das Açoteias foi palco da Taça dos Clubes Europeus de Corta Mato (1984, 1985, 1986, 1989, 1990, 1993, 1995, 2008, 2014, 2017 e 2019). A entregar os troféus da 56.ª Taça dos Clubes Campeões Europeus e do 42.º Crosse das Amendoeiras em Flor esteve o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, que se mostrou orgulhoso por acolher no seu concelho esta importante competição europeia e a mítica prova das sapatilhas ALGARVE INFORMATIVO #189
douradas. “Albufeira é um destino com excelentes condições para a prática do atletismo, nomeadamente o clima, os equipamentos, as unidades hoteleiras e também a tradição aqui enraizada ao nível da modalidade”, destacou o autarca, salientando ainda a importância da realização destas competições para a promoção do destino Albufeira, “já que a prova reuniu atletas de 21 nacionalidades e foi difundida para todo o mundo pela comunicação social”. O Crosse das Amendoeiras em Flor é uma prova organizada pela Associação de Atletismo do Algarve e conta com o apoio da Câmara Municipal de Albufeira, Região de Turismo do Algarve e IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, cujos representantes marcaram presença no evento. Nas 28
bancadas esteve também Carlos Lopes, vencedor da primeira edição do Crosse Internacional das Amendoeiras em Flor. Na parte da tarde disputou-se o 29.º Corta Mato do Desporto Adaptado, que contou com a participação de uma centena de atletas, numa prova que todos os anos integra o calendário do Crosse das Amendoeiras em Flor, com o objetivo de promover a inclusão social por via do desporto. No dia 8 de fevereiro, a partir das 10h, cerca de mil e 200 estudantes de todo o Algarve voltam a encher a Pista das Açoteias no Corta Mato Regional do Desporto Escolar. Nesta competição serão apurados os alunos e as escolas, dos escalões de iniciados e juvenis, de ambos os sexos, que representarão a Direção Regional de Educação do Algarve no Corta Mato Nacional . 29
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“DIVAM É UM PROGRAMA FASCINANTE COM PROPOSTAS EXTRAORDINÁRIAS”, DESCREVE ADRIANA FREIRE NOGUEIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® e Irina Kuptsova
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ecorrem, até 22 de fevereiro, as candidaturas à sexta edição do DiVaM, programa de valorização dos monumentos afetos à Direção Regional de Cultura do Algarve, mais concretamente o Castelo de Aljezur, as Ruínas Romanas de Milreu, o Castelo de Loulé, o Castelo de Paderne, os Monumentos Megalíticos de Alcalar, a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe e a Fortaleza de Sagres, desta feita sob o mote «Viagem». E a escolha do tema foi simples, uma vez que, em 2019, se assinalam os 500 anos da primeira viagem de circum-navegação planetária de Fernão ALGARVE INFORMATIVO #189
de Magalhães, navegador que planeou e comandou a expedição marítima que permitiu demonstrar definitivamente a esfericidade da terra. Com este tema pretende-se promover a demanda de novos caminhos, tangíveis ou imaginários, numa busca constante de evasão e reinterpretação, que permitam descobrir novos lugares e utopias, encontros ou reencontros, com o outro ou connosco próprios. O programa DiVaM pretende contribuir, assim, para destacar a importância das comunidades locais na valorização do património cultural, indo ao encontro dos princípios da «Convenção de Faro», pois tenta promover o património cultural como fator de aproximação, de 40
diálogo, de coesão social e de uma cidadania cada vez mais inclusiva. “O DiVaM tem vindo a consolidar-se ao longo dos anos e a dar uma vida aos monumentos, que é importante que exista, para além de prolongar-se até dezembro. Deste modo, as pessoas fazem uma visita aos monumentos e, ao mesmo tempo, acompanham todas estas atividades culturais que têm um cariz bastante variado”, refere Adriana Freire Nogueira. Levar mais visitantes aos monumentos é uma preocupação da nova Diretora Regional da Cultura do Algarve e, depois de elas lá estarem, depressa constatam a riqueza de todo aquele património histórico e arquitetónico. “O problema é que muitas pessoas realmente não querem ir, estão distantes dos monumentos, não sabem se podem entrar, algumas até pensam que não se sabem comportar naqueles locais. Tenho conversado com o Delegado Regional de Educação do Algarve para «cozinhar» um programa nas escolas, com professores que também estejam motivados para tal, de sensibilização do património. Existe um programa nacional, mas não se consegue adaptar completamente ao Algarve”, desvenda a entrevistada, acreditando que é junto dos mais novos que este caminho deve começar a ser trilhado. “Há muitos anos acontecia o mesmo com as bibliotecas e conseguiuse ultrapassar o problema. Temos o Plano Nacional de Leitura e o Plano Nacional de Cinema, mas um ligado aos museus, palácios, à arte, se calhar ainda não existe no melhor formato para nós. Há o «A Minha Escola Adota um Museu, um Palácio e um Monumento», mas 41
queremos algo mais próximo da realidade algarvia”. Persiste, de facto, a noção de que os monumentos são para ser visitados pelos turistas, muitos residentes não dão o devido valor ao património cultural que têm ao virar da esquina. Contudo, numa região onde o sol e praia são os principais fatores de escolha dos estrangeiros, muitos deles também não têm noção da riqueza monumental que existe no Algarve. Essa é, porém, uma característica comum a todos os homens e mulheres, independentemente da sua nacionalidade, pensa Adriana Freire Nogueira sem se basear em qualquer estudo científico. “Julgo que os portugueses que, nas suas férias pelo estrangeiro, gostam de visitar monumentos, em Portugal também o farão. E quem vem ao Algarve de férias e não tem intenção de conhecer os nossos monumentos, se calhar na sua terra também não têm essa apetência. Informação existe para quem a procura, temos é que começar a despertar essa vontade logo nas crianças, porque depois elas levam os pais atrás”, defende. Dinamizar eventos culturais dentro dos próprios monumentos pode, então, servir de motivação extra para uma visita, algo que a entrevistada conhece in loco, uma vez que, durante alguns anos, organizou o ciclo «Amatores in Situ» nas Ruínas Romanas de Milreu. “Eram palestras não formais para a comunidade geral sobre a antiguidade e correram bem, embora no primeiro ano tivessem pouca gente. ALGARVE INFORMATIVO #189
Curiosamente, em 2018, o ciclo já foi financiado pelo DiVaM, o que permitiu chegar a um público mais amplo”, conta. “Para as associações que querem desenvolver uma iniciativa num monumento, o DiVaM é aquele «empurrão» para fazer um projeto mais ambicioso”.
É DIFÍCIL CRIAR-SE VONTADES DO NADA Um dos critérios de seleção das candidaturas é que sejam dinamizadas por associações sedeadas no Algarve, o que não impede que agentes culturais de fora da região não possam participar, bastando para tal que encetem uma parceria com uma estrutura local. Outra faceta do DiVaM é a sua multidisciplinaridade, com propostas de música, dança, teatro, palestras ou workshops, que devem, obviamente, estar em consonância com os monumentos onde vão decorrer. “Não podem ser atividades que possam danificar o monumento, ou que previsivelmente atraem mais público do que o espaço pode comportar. Se queremos muita gente, se calhar vamos para a Fortaleza de Sagres. E o ideal é que a atividade tenha algo a ver com o próprio monumento”, sublinha a Diretora Regional de Cultura do Algarve. Convém, então, que os proponentes façam o seu trabalho de casa, que conheçam os monumentos, as suas maisvalias e limitações, algo que normalmente é feito pelas associações. E propostas, felizmente, não têm faltado, garante Adriana Freire Nogueira. “Tem sido um programa fascinante, com eventos ALGARVE INFORMATIVO #189
extraordinários. Há sítios que são muito adequados para determinadas propostas, música antiga, conferências, diferentes performances, e o tema «Viagem» encerra uma infinidade de possibilidades criativas”, indica, acrescentando que os espetáculos, mesmo sendo em português, podem ser 42
desfrutados por pessoas de várias nacionalidades. “O Algarve tem uma comunidade estrangeira residente bastante adepta de iniciativas culturais e, em muitos eventos, vemos logo uma série de cabeças brancas, não só por causa da idade, mas por serem de outros países. É sinal de que conhecem o que se faz, estão atentos à nossa 43
programação”, observa, com um sorriso. Um DiVaM para seis monumentos, com cerca de 40 atividades, e tudo com um orçamento de 55 mil euros, nada comparável aos fundos que outros programas de dinamização cultural, teatros ou auditórios municipais têm ALGARVE INFORMATIVO #189
para investir. Mas essa realidade não apoquenta Adriana Freire Nogueira. “É o que temos, se houvesse mais dinheiro, podia-se apoiar outras coisas, mas o programa tem tido sempre uma enorme qualidade”, frisa, satisfeita por existir tanta oferta cultural na região. “Há espetáculos que, por vezes, não é possível trazer ao Algarve por serem demasiado caros ou por exigirem espaços de maior dimensão, mas são casos pontuais. Os programadores, entretanto, já perceberam a importância das parcerias entre vários equipamentos culturais e municípios, penso que estamos no caminho certo”. Bem mais complicado continua a ser tirar as pessoas de casa para irem a eventos culturais, vencer a concorrência do sofá, das consolas e da internet. “É uma ALGARVE INFORMATIVO #189
aprendizagem constante para se criar hábitos. É muito difícil criar estas vontades do nada, quando não conhecemos algo, não a queremos ver, experimentar, vivenciar. Dai a importância de se falar de espetáculos de arte contemporânea nas escolas, sejam de artes visuais ou performativas”, acredita a Diretora Regional de Cultura do Algarve. “O DiVaM vai para o seu sexto ano, nem me passou pela cabeça acabar com ele, porque devemos acarinhar as coisas que são boas. Tivéssemos nós mais dinheiro, mais ele podia ser enriquecido, mas o fundamental é que ele tenha continuidade. E as diferentes temáticas proporcionam diferentes espetáculos, mesmo que sejam promovidos pelas mesmas associações” . 44
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AUREA, LINDA E ENCANTADORA NUM CONCERTO FANTÁSTICO EM LAGOA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #189 #189 ALGARVE
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á perdi a conta aos concertos de Aurea que assisti desde que a cantora embarcou numa carreira musical de grande sucesso e que tantas alegrias tem dado aos seus conterrâneos algarvios. Mas confesso que a noite de 1 de fevereiro, no Auditório Municipal Carlos do Carmo, em Lagoa, me encheu as medidas como nunca antes tinha acontecido. Não terão sido propriamente as músicas as responsáveis por esta sensação, pois são praticamente as mesmas que ouvi no Festival F (Faro), no Festival da Sardinha (Portimão), na Festa de Verão (Quarteira) ou na Feira da Serra (São Brás de Alportel), entre outras atuações recentes. Atribuo, por isso, a diferença ao facto do concerto ter acontecido num auditório, um dos muitos a que Aurea vai levar o seu mais recente disco «Confessions» em 2019. Um concerto de música num auditório é, por tradição, mais intimista e permite que se escute, como deve ser, a música. Escutar mesmo com ouvidos de escutar. Não com o som no volume máximo que nem nos permite perceber as palavras ou as notas, como sucede frequentemente nas atuações ao ar livre. Por outro lado, os auditórios têm um problema bem conhecido de todos: as pessoas estão sentadas e pensam que é mesmo para se estar quietinho, em silêncio, ao longo de todo o espetáculo. E se isso tem lógica com a música clássica, por ALGARVE INFORMATIVO #189
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exemplo, já o mesmo não se passa no pop/rock. Mas o público assim foi «educado»: ao vivo, num grande festival, é para gritar, saltar de braços no ar, dançar sem limites; num auditório ou teatro é para se apreciar a música do conforto da cadeira. Resta, então, que o artista tenha arte e engenho para contrariar essa regra. Há quem o consiga, outros nem tanto, porque o público resiste, não reage logo ao primeiro desafio, nem ao segundo, e às vezes os artistas não estão para se chatear. Aurea, a cantar quase como se estivesse em casa, aliás, tinha os pais na assistência, logo na primeira fila, não descansou enquanto não pôs a assistência a participar ativamente no concerto. ALGARVE INFORMATIVO #189
Um espetáculo que teve quase duas partes distintas. Na primeira, com um jogo de luz psicadélico, os azuis e rosas fluorescentes da moda, de vestido comprido escuro, matador, sensual. Seguiu-se um instrumental a cargo do guitarrista e baixista da banda, o tempo suficiente para se mudar o cenário, com candelabros antigos a darem outro colorido ao palco, mas para a própria Aurea mudar para um vestido branco pelos joelhos, mais juvenil, qual rapariga a saltitar de pés descalços. E foi com uma simples mudança de roupa e de cenário que o concerto disparou. O público rendeu-se à simpatia da artista, ao seu sorriso 52
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natural, às palavras que constantemente trocava com o público, até às risadas que por vezes a impediram de prosseguir com a cantiga antes de recuperar o fôlego. Partiuse para uma noite mágica, com Aurea a descer do palco para falar com os pais, a percorrer a plateia para meter o público a cantar, nem sequer os técnicos de som e luz escaparam. De regresso ao palco, foi a vez dos músicos exibirem os seus dotes vocais, uns bem afinados, outros com voz à Pato Donald, como fizeram questão de explicar, justificando-se com uma ou outra constipação. O concerto chegou ao fim com as emoções ao rubro, uma noite estrondosa, daquelas que ficam na retina por muito tempo, mais tempo até do que as atuações nos grandes festivais de Verão. Digo eu, claro, que fiquei verdadeiramente encantado com a Aurea versão auditório. E por isso lá estarei, no dia 16 de março, no Teatro das Figuras, em Faro, para mais uma data do «Confessions Tour – Auditórios» . ALGARVE INFORMATIVO #189
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BALLET ESPAÑOL DE MÚRCIA ESGOTOU TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Teatro Municipal de Faro
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Teatro das Figuras, em Faro, esgotou, na noite de 2 de fevereiro, para assistir a «Carmen», do Ballet Español de Múrcia, que conta a história da cigana com o mesmo nome imortalizada pelo escritor P. Mérimée, depois deste viajar pela pitoresca Andaluzia do século XIX. No bailado, Carmen, cigana de grande beleza e vida peculiar, cruza o destino de José, um soldado exemplar destacado em Sevilha, sério e cumpridor, que por amor se converte num desertor, bandido e assassino. Os sentimentos instáveis de Carmen e o triângulo amoroso que se forma quando ela põe os olhos num famoso toureiro levam, contudo, a um desfecho fatal. A adaptação para este bailado espanhol mostra uma Carmen caprichosa e fortemente convencida da liberdade com que vive a sua vida e toma as suas decisões, enfeitiçando os homens que cruzam o seu destino, numa história que termina em fatalidade e tragédia. Coproduzida pela Fundação Pedro Ruivo e o Teatro Municipal de Faro, «Carmen» tem Direção de Carmen y Matilde Rubio, esta última que assina também a Coreografia e Encenação. Em palco, neste fenomenal bailado que encantou a assistência, estiveram os bailarinos Estefanía Brao, Beatrix Arce, Andrés Fernandez, Ana Machuca, Pablo Egea, María Martínez, Ines Hellin, Ciro Ortin, Beatriz Sanchez, Mery Martinez, Cristina Martines Jonatan Mondejar, Arian Barbera, David Garcia, Jay Marwick e Jose Canovas . ALGARVE INFORMATIVO #189
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TEMPO acolheu Quarto Minguante do Teatro Nacional D. Maria II Texto: Daniel Pina | Fotografia: Filipe da Palma/CMP
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peça de teatro «Quarto Minguante», com encenação de Álvaro Correia a partir do texto de Joana Bértholo, foi a primeira de três produções com o selo do Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) a ser apresentada este semestre em Portimão, no palco do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão. Cristina Carvalhal, Gustavo Salvador Rebelo, José Neves, Manuel Coelho, Paula Mora, Rita Rocha e Sílvio Vieira dão vida ao primeiro texto saído do Laboratório de Escrita para Teatro promovido pelo Teatro ALGARVE INFORMATIVO #189
Nacional D. Maria II que, depois de se estrear em Lisboa em novembro de 2018, se apresentou, no dia 2 de fevereiro, em Portimão, no âmbito da Rede Eunice, o projeto de difusão de espetáculos produzidos e coproduzidos pelo TNDMII. “Sete personagens em situações muito diferentes, mas unidas pelo mesmo impasse: não estão bem, e nem por isso fazem algo por mudar. Temem que o novo seja ainda pior”. Este foi o mote da peça onde foram lidos excertos de textos de Antonin Artaud, Diógenes Laércio, Franz Kafka, Mahatma Gandhi, Malcom X, Mario Vargas-Llosa, Marquês de Sade e Voltaire . 76
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Daniel Kemish em versão acústica encheu Teatro Lethes Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova ALGARVE INFORMATIVO #189
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Teatro Lethes, em Faro, encheu por completo, na noite de 2 de fevereiro, para um espetáculo intimista, em formato acústico, do cantor britânico Daniel Kemish. Há largos anos a residir no Algarve, e com centenas de espetáculos por essa Europa fora e nos Estados Unidos da América no seu currículo, o músico lançou o álbum «Under The Same Sky» em 2018 e prepara-se para partir, na última semana de fevereiro, para uma longa tournée por vários países europeus. Antes disso, porém, Daniel Kemish deslumbrou o público numa das mais bonitas salas de espetáculo de Portugal, o Teatro Lethes, numa noite acústica que teve, inclusive, transmissão em direto para a internet. Em palco, a seu lado estiveram músicos de eleição como Xico Aragão (piano), Jan Pipal (violino), André Correia da Rocha (violoncelo), Chistian Houde (contrabaixo) e Tercio Nannok (harmónica), que emprestaram uma sonoridade ainda mais estonteante aos belos temas do britanico, que terminou a noite de coração cheio. Resta-nos agora esperar pelo regresso de Daniel Kemish a solo algarvio a tempo dos grandes festivais de Verão. Até lá, ficamos com a noite de 2 de fevereiro na memória . ALGARVE INFORMATIVO #189
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«ELASTIC», DE JOÃO DE BRITO, ESTREOU NO CINE-TEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
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á quase nove anos que o LAMA – Laboratório de Artes e Média do Algarve se fundou em Faro, uma estrutura com direção artística de João de Brito dedicada à criação de espetáculos teatrais e multidisciplinares originais que privilegiam a itinerância nacional, fazendo desta a sua marca de trabalho. E no dia 5 de fevereiro estreou a sua nova criação, «Elastic», no Cine-Teatro Louletano, em Loulé, com o apoio do programa «365 Algarve». Na peça, passaram dez anos e quatro amigos voltam a encontrar-se. O barco é o mesmo, os instrumentos e as músicas também, mas há algo de diferente. As relações mudaram, as conversas viraram disputas, os sentimentos amarguraram. ALGARVE INFORMATIVO #189
Numa tentativa de voltarem ao passado, os amigos são confrontados com uma realidade que já não conhecem e, entre histórias embaladas em música, gargalhadas poéticas e discussões absurdas, fica cada vez mais óbvio no que cada um se tornou. Será a amizade capaz de sobreviver à mudança? De acordo com João de Brito, «Elastic» propõe a construção de um poema cénico, tomando um poema (a literatura) como forma primitiva, para o esticar até ao máximo das suas possibilidades formais, sem nunca, no entanto, o deformar. “Esta experimentação cénica segue uma fórmula sinestésica, pretendendo alcançar a união possível a partir da flexibilidade de todos os elementos que serão reunidos neste espetáculo 94
híbrido”, explica. “«Elastic» convoca a sinestesia entre música, literatura e drama, numa experiência onde são precisos os olhos para ouvir a música, o tato para alcançar o poema, o olfato para atingir o drama e o paladar para saborear o conjunto”, continua o encenador farense. Sensação simultânea é o que se pretende alcançar com «Elastic» na verificação das extensões possíveis de cada disciplina
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artística, numa comunhão que almeja celebrar cada uma das artes num objeto artístico que, por via da sabotagem da expressão exclusiva de cada uma das áreas, vai estendendo e diminuindo as suas qualidades, dentro da elasticidade possível. Uma coletânea de poemas de autores algarvios empresta as suas palavras a «Elastic», casos de António Ramos Rosa, António Aleixo, João Bentes, Pedro Afonso, João Lúcio, Fernando, Cabrita, Rogério Cão, entre
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outros, que são cantados, interpretados e musicados simultânea ou separadamente. ”Os seus poemas especulam sobre o que são os vocábulos, o que é o discurso, qual o papel do silêncio no desenho das palavras e filosofam sobre a importância da música e da sonoridade na comunicação”, indica João de Brito. Em «Elastic», o ambiente sonoro é convocado para o jogo cénico por uma banda de inspiração rock, composta por músicos, que são afinal atores. Os protagonistas Rock acompanham a cantora ou, aliás, a atriz, que é quem dirige a palavra poética. É ela quem estica a literatura da cena, ao mesmo tempo que entrega ao público a palavra cantada,
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falada ou sugerida pelo artifício teatral. A intérprete investe num exercício sobre a palavra, sobre a declamação do verbo e a sua usurpação. A métrica da música e da palavra apresentam-se num exercício conjunto, um exercício que pretende «imaginar a forma/doutro ser na língua», tal como António Ramos Rosa expõe em «A Partir da Ausência». “O elenco é tanto elenco quanto orquestra, e o espetáculo não sabemos: será Teatro? Poesia? É um concerto? Por via da qualidade elástica das diferentes artes, a experiência cénica pretende anular as diferenças entre linguagens, associando à efemeridade do teatro a abstratividade da música e a
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complexidade da linguagem e da comunicação”, considera o encenador. Assim, em palco são experimentadas as teorias hegelianas sobre a música e a poética da palavra de Ludwig Wittgenstein, distendidos até ao limite máximo dos seus argumentos filosóficos. “Quão complexa é a comunicação com o outro? De que forma se pode experimentar a elasticidade da linguagem, que Wittgenstein propõe? Quão flexível é o pensamento de Hegel, que coloca em xeque a mortalidade/imortalida de da música? Quão hegeliana é a música como arte, na tentativa de expressar o eu? Que extensão tem a música como missão, de acordo com o filósofo, de «fazer ressoar o eu mais íntimo, a sua mais profunda subjetividade, a sua alma ideal?». Estas questões são polidas com os textos poéticos escolhidos para «Elastic», onde a realidade cénica não é apenas composta de matéria objetiva” . ALGARVE INFORMATIVO #189
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Criação e encenação: João de Brito / Dramaturgia: Sarah Lemonnier e João de Brito / Interpretação: Inês Monstro, Diogo Valsassina, Luís Simões, Jorge Albuquerque / Consultoria musical: The Lengendary Tigerman / Figurinos: José António Tenente / Assistência de figurinos: Susana Marques Mira / Cenografia: Fernando Ribeiro / Desenho de luz: Nuno Figueira / Operação de som: João Miguel Carvalho / Vídeo: Diogo Simão / ALGARVE INFORMATIVO #189
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Fotografia: Mariana C. Silva / Design gráfico: Bruno Bua / Produção executiva: Margarida Mata / Coprodução: LAMA, O Espaço do Tempo, Cine-Teatro Louletano / Apoios: Câmara Municipal de Faro, CPBC – Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo / Projeto financiado por «365 Algarve»/Turismo de Portugal 101
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«ENTROPIA» MARCA ARRANQUE DA PROGRAMAÇÃO DO L. CONTEMPORARY NO CECAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
João Apolónia, Adérita Silva e João Laborinho Lúcio
té dia 2 de março, o CECAL - Centro de Experimentação e Criação Artística de Loulé recebe «Entropia», com Adérita Silva, Anapi, Maria Tomé e Stelmo Barbosa, naquele que é o início da nova programação a ALGARVE INFORMATIVO #189
cargo do L. Contemporary, designação assumida pela dupla João Apolónia e João Laborinho Lúcio. Sendo o CECAL um centro de experimentação, o L. Contemporary desafiou a artista Adérita Silva, juntamente com outros artistas por si convidados, a interpretar o espaço 106
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expositivo do CECAL e a criar um momento onde a arte ganha uma vida que ultrapassa o seu próprio momento de criação e onde os artistas convidados assumem um caminho criativo de diálogo em torno de um espaço comum, estabelecendo um roteiro que não deixará os visitantes indiferentes. A dinâmica expositiva que o L. Contemporary promove nesta e nas demais exposições trabalha com a trilogia criativa formada pelos artistas e as suas criações, o espaço expositivo, e os visitantes, contribuindo todos para que a arte seja um ser vivo intemporal que vive em cada nova interação e que se eterniza nos seus impactos. É na medida da desordem deste sistema e da sua imprevisibilidade que a «exposição» «Entropia» ganha vida e se apresenta a todos quantos os que ousem ALGARVE INFORMATIVO #189
deixar-se tocar. E é nesta mesma desordem sistemática que esta e as demais exposições contarão com o espaço AnoNIMARTE onde a criação pura ganha formas de anonimato. A exposição pode ser visitada de terça a sexta-feira, das 10h às 13h30 e das 14h30 às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h30.
OS ARTISTAS: Adérita Silva é uma artista plástica que combina diversas técnicas em pintura abstrata. A arte urbana faz parte do seu percurso artístico, com o exemplar recente num mural em Almancil. Dinamiza workshops de pintura sensorial, organiza eventos artísticos, é curadora e júri de exposições. Foi cofundadora da Peace and Art Society,
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em 2011 e, em 2013, abriu a galeria «Adérita Artistic Space». Anapi, formada em música como cantora clássica, leciona escrita criativa, teatro, expressão corporal e musical. É compositora e cantora, coreógrafa de dança, de percussão corporal e marchas populares. É atriz e manipuladora de fantoches em peças de teatro e musicais infantis, contadora de histórias, criadora de oficinas de sensibilização cívica e ambiental, escritora de contos infantis. Maria Tomé encena o seu mundo com os instrumentos que a rodeiam, desde câmaras fotográficas a tesouras, x-actos ou agulhas. Deixando sempre espaço para o acaso, o fortuito, as suas obras a este se submetem e se realçam. Os encontros e os ALGARVE INFORMATIVO #189
diferentes ofícios de que se ocupa no cinema e na moda, são tanto experiências que, quando sequenciadas, recontam um pouco da história que ela hoje encena. Stelmo Barbosa estudou flauta transversal com o professor Bruno Villani, mas é como guitarrista que tem integrado diversos projetos musicais desde os anos 90. Paralelamente, fez curso formativo de técnico de iluminação da Expo 98 e desde aí tem trabalhado com iluminação e vídeo para teatro e música ao vivo. Colabora com a companhia «Armação do Artista», em Tavira, e faz parte do grupo AUEIKE .
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Os influenciadores Paulo Cunha (Professor) uem não se lembra dos rapazes ou das raparigas que, na sua adolescência, ditavam a moda e os comportamentos nas escolas que então frequentavam? Pela sua postura, pela sua confiança, pela sua altivez, pela sua segurança e pela sua determinação entre pares, ganhavam o estatuto de modelos a seguir pelos demais. Eram os «influencers» do século XX, influenciando e fomentando seguidores que, por várias razões, não se assumiam ainda como tal. Neste novo tempo, onde a internet dissemina tudo o que seja passível de ser consumido, eis que todos aqueles que antigamente eram apenas considerados como «os mais populares» se tornaram hoje os influenciadores («influencers») de massas, tendo a segui-los legiões de seguidores. O que me levou a dissertar sobre esta (pseudo) nova ocupação de gente que se assume publicamente como alguém que, através das suas atitudes, ações, pareceres e opiniões, condiciona, promove e influencia os outros foi a forma como tanta gente aceita e assume ser influenciada por outrém. Responderme-ão que sempre assim foi, ainda que de uma forma encapotada. Dirão que noutros tempos os métodos eram diferentes, mas as formas de condicionar as nossas opiniões e decisões eram igualmente eficazes. Responderei: é verdade! ALGARVE INFORMATIVO #189
É interessante observar, refletir e debater, até como motivo de estudo, o interesse que tantos jovens têm hoje em tornar-se «influencers» nas várias redes sociais e canais virtuais de divulgação temática, conseguindo assim uma posição de protagonismo e visibilidade e, ao mesmo tempo, garantindo uma fonte de subsistência, ainda que temporária. São estes assumidos «opinion makers» em várias vertentes comportamentais que, apoiados e financiados pelos mais variados tipos de interesses, desde os políticos até aos comerciais, subliminarmente manipulam e condicionam as decisões de muitos. Desde que me conheço que observo uma legião de pessoas que aceitam viver segundo os ditames das várias modas sociais que a sociedade lhes proporciona. Nada a obstar, desde que o assumam e as aceitem livremente e, de forma racional, saibam explicar a razão porque o fazem. Ninguém é escravo da vontade alheia se for o seu livre-arbítrio seguir a vontade dos outros! Torna-se assim - para mim -, cada vez mais, um motivo de admiração e de orgulho relacionar-me com gente que pensa e age fora da caixa («out of the box»). Gente que, sendo o espelho de si própria, não necessita da aceitação grupal e do reconhecimento social. Gente que vive a sua vida, não se deixando condicionar pelo que os outros pensam e, pensando, age de forma a retirar o 116
máximo proveito de estar vivo. No penúltimo dia das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), na Cidade do Panamá, o Papa voltou a utilizar uma linguagem jovem para cativar a audiência, dizendo: "Maria era uma jovem de Nazaré, não ia às redes sociais da época e não era uma «influencer», mas sem querer tornou-se na mulher que mais influenciou a história", referindo-se a Maria como a «influenciadora de Deus». Para o Papa Francisco ser um «influencer» no século XXI significa "ser guardião das raízes, guardião de tudo o que impede as nossas vidas de se tornarem gás e evaporarem-se em nada". E para quem pensa o contrário deste homem de fé na humanidade? Quem influencia, por vários meios e de várias formas, a adoração e o culto do materialismo? São tantos os relatos das más influências que têm vindo a condicionar o rumo dos dias, que, volta e meia, me lembro da frase que a minha avó Emília proferia quando eu era miúdo: “Vê lá Paulinho com quem andas… não te deixes influenciar pelas más 117
companhias!”. Não sendo ainda avô, na qualidade de Avô Cantigas deixo-vos aqui o mesmo conselho, pois nem todos são o que aparentem ser! Assim sendo: posicionem-se à frente do vosso espelho e perguntem-lhe quem é o influenciador indicado para vós. Quem sabe, pode ser que a resposta vos influencie!? .
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OPINIÃO
Alquimia das flores Adília César (Escritora) menina de olhos amendoados ardia em febre. Chamas, prostrações, desfalecimentos. A febre é o grande olho na cabeça da noite branca, o anjo quente que pisa as flores indefesas nascidas no campo e arrancadas ao seu paraíso. É uma quase-morte, à espera de um acontecimento por que valha a pena morrer. Nascem ramos no peito e nas costas, folhas e flores querem embelezar a inocência das pálpebras trémulas. De dentro para fora, a imaginação da menina insiste na mesma viagem. Depois chega o bafo do dragão e todas as pétalas murcham de repente, parecem derreter. Tique-taque-tique-taque-tique-taque. Não há tempo a perder. O coração é um relógio partido, um sino que argumenta badaladas descompassadas. No labirinto tenso da febre, a menina de olhos amendoados percorre a mesma espiral com os olhos vendados de vermelho. E as visões, do sangue das pétalas esmagadas e da seiva das folhas, persistem como antídoto da maleita. Kazumi é a menina de olhos amendoados, desde sempre focada na conexão entre a natureza efémera da sua memória e as lembranças tangíveis da história da doença prolongada, onde os longos períodos febris potenciaram o seu espírito científico, através das alucinações invocadas pela febre alta: ela «via» as belas flores do seu jardim correndo pelo quarto, os pés do anjo sujos do sangue das flores esmagadas. Depois o anjo esquecia Kazumi. Caminhava sobre as águas da lagoa Manitoga, tingindo-as de belos e diferentes tons pastel: as cores das flores mortas. Kazumi sentira desde sempre um fascínio muito especial pela ligação à natureza, à arquitectura orgânica daquele lugar. E nunca esquecera as visões repetidas, acolhidas pelas 119
crises de febre, onde as plantas reencarnavam os seus próprios espíritos vegetais, como um prolongamento da alma humana. Vivera desde sempre numa casa feita de madeira, bambu e papel, no Japão. Habituara-se desde criança a sentir a energia das coisas vivas, a estreita simbiose entre o efémero e o eterno. Diferentes organismos e conceitos estranhamente ligados entre si, como linhas confluentes para um único universo concebido por Kazumi: energias químicas e poéticas como solução para o problema da morte, a ponte entre o corpo e o espírito da flor, a ponte entre o corpo e a alma da menina. Tão simples e belas as flores silvestres, a viverem depois de morrerem. Kazumi recolhe as pétalas no preciso momento que antecede a sua perda, moendo-as pacientemente com um almofariz: refresca essa pasta com água pura da lagoa: recolhe a aguarela num frasco de vidro: dá-lhe um nome: pinta o retrato da flor com o sangue e a seiva da mesma flor, fazendo desaparecer o tempo e a distância. A flor viverá para sempre pintada na tela: o jardim no interior da casa. No quotidiano poético e espiritual deste mundo, a alquimia das flores mostra um caminho possível para a eternidade. Nas mãos de Kazumi, as mãos de um qualquer deus, que um dia pintará o seu retrato com o seu próprio sangue. E Kazumi será eterna. (Kazumi Tanaka, nascida em 1962, é uma artista japonesa que utiliza pigmentos naturais nas suas aguarelas, obtidos através de um processo concebido por ela num laboratório onde a química e a criatividade são as palavras-chave) .
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OPINIÃO
Do Reboliço #25 Ana Isabel Soares (Professora) Reboliço gosta de filmes. (Não que o deixem entrar nas salas, é como deve ser. No Verão, se há sessões ao ar livre, isso sim, põe-se a ver a tela grande: mas há demasiados cheiros, movimento, pernas, sapatos que o distraem). Gosta de se estender no chão frente a um ecrã e ver o que por lá se passa. Jogos de bola, por exemplo: agacha-se perto da televisão (não muito em cima, que aquilo mete-lhe respeito e não sabe nunca quando saltarão da caixa os bonecos), levanta as orelhas e, com as patas uma sobre a outra, a cabeça erguida, vai olhando para um lado e para o outro, satisfeito. O Rafa, divertido cão que já se foi, passava os dias a ver televisão; a gata Misha, se ouvia o relato ou alguém cantar fado, saltava para cima do aparelho e debruçava-se sobre a superfície de onde saíam imagens e sons, o focinhito curioso. Um dia destes, iam as imagens passando e passava pelas brasas o Reboliço, foi despertado à voz de alguém que perguntava: “A que é semelhante o reino dos céus?” e, já atento, ouviu a resposta: “O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado”. Sentiu-se encantado. Ouvia falar de pão como se de coisa sagrada, e assim era que ele o entendia: fermento que se multiplica, como a fé que se espalha entre as pessoas, porque tem de se acreditar que aquela pesada e mole massa disforme acabará por ser a fatia de sustento por onde transitou a alma, por trabalho, do padeiro. Encantado, olhou para as imagens e viu um ALGARVE INFORMATIVO #189
moinho que lhe pareceu conhecido: mais pequeno do que o Moinho Grande, mas de semelhantes velas – que giravam. Dentro do quadrado do ecrã, esse moinho aparecia quase ao centro, o suficiente para o corpo cilíndrico ali caber, mais as varas, cabos e velas. Do lado direito, o Reboliço percebeu uma silhueta, também mínima, a caminhar para lá do edifício, quase encostada à parede. Na distância, na imagem plana, aquela pessoa era tão alta como a barra azul à volta do moinho. À frente, até ao limite do retângulo, um trigal crescido. O Reboliço via que eram imagens com muitos anos, décadas talvez. Não se surpreendeu, portanto, mais do que o reerguer das pontas das orelhas e o fazer só ligeiramente pender para um dos lados a cabeça, quando viu, nos minutos seguintes, o bisavô Luís a bandejar o trigo, sentado ao pé da entrada, do lado de dentro – e, depois, carregar uma saca já cheia de farinha escada acima, para o piso das mós, seguido pela gatinha branca e preta que ali protegia o trigo dos roedores. “Se é Luís, há de ser Adelaide aquela sombra do lado de fora, a silhueta pequenina”. Porque não estaria aquela gente no Moinho Grande, aquele em que o filho deles laborava? (Era «O Pão» que o Reboliço via, filme que Manoel de Oliveira fez a partir de imagens que recolheu em muitos lugares de Portugal pelo fim da década de 1950, por encomenda da Federação Nacional de Industriais de Moagem. Na zona de Beja, escolheu filmar o pequeno Moinho da Forca [perto da praça de touros] nos poucos dias em que, já velho, o bisavô Luís quis, de vontade, trabalhar. Foi fazê-lo para aquele 120
Foto: Vasco Célio
moinho, emprestado pelo irmão de um moleiro que ou se enforcara ou de outra torpe maneira pusera fim aos dias de vento. No filme, o Moinho da Forca mói do lado da maré – pela orientação das velas e pela sua abertura, seriam os últimos dias de algum junho, começo de Verão. Neste quase fim de Inverno, seis décadas depois e tanta gente já ida, tanto pão amassado e comido, fermento transformado em alma, a 121
Cinemateca Portuguesa restaurou a fita de Manoel de Oliveira na sua versão mais longa. O tempo não volta, que não tem de voltar – mas as imagens perduram, como é dever da memória) . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #189
OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral
Não havia telefone Carla Serol (Uma Loira Qualquer) á dias, foi a vez dos moradores de um bemafamado bairro na margem sul serem agraciados com a visita de Sua Excelência, o Presidente da República, o nosso querido e amado Marcelo. Por favor, não sejam injustos com o nosso Presidente, pois este viu-se obrigado a deslocar-se pessoalmente ao humilde bairro, uma vez que se atentou impossibilitado de comtemplar esta singela gente com o seu famoso telefonema presidencial, porque lá não havia telefone! Sim, naquele modesto bairro, habitado por gente tão humilde, não há telefones porque não há possibilidades financeiras para isso. Também não há televisão e quase que me atrevo a dizer, que, por conta desse facto, muitos deles nem sabiam quem era aquela simpática figura, disposta a passar-lhes a mão pelo pêlo e a confortá-los depois de terem sido brutalmente ofendidos sem razão aparente. Neste momento, estão vocês a questionar: “Ah, não têm telefone, então e aqueles inúmeros pratos de televisão por satélite que lá estavam pregados nas paredes, são o quê?!”. Não sejam maldosos que vos fica mal! Tudo aquilo são artigos recolhidos por aí, que os outros malandros finos deitam fora quando instalam a televisão por cabo, e estes modestos moradores aproveitam para decorar o bairro, dando-lhe um ar mais compostinho e credível! Se têm televisão por satélite são gente de bem! “Então e os smartphones topo de gama usados para ALGARVE INFORMATIVO #189
tirar as célebres Marcelfies?!Eram de quem?!”. Lá estão vocês a ser mauzinhos outra vez! Óbvio que o Presidente da República, como pessoa inteligente que é, pensou nessas carências e levou smartphones para todos, para que nada faltasse naquele tão solene e protocolar acontecimento, e que são particular apanágio no seu contacto com o povo. Eu digo-vos uma coisa, a Rainha de Inglaterra deve roer-se toda de inveja do nosso Marcelo, de tanto jogo de cintura que ele tem! Reparem também na fidelidade daquele povo ao seu presidente! Naquela manhã, toda a gente pediu dispensa das suas obrigações para ali estar à espera da chegada da personalidade mais popular do país! Adultos trabalhadores, crianças em idade escolar, pais e mães responsáveis, adolescentes preocupados com o seu promissor futuro e jovens ambiciosos por iniciar uma vida de trabalho ativa e de sucesso. Ali estavam todos, com a sua vida suspensa, à espera do presidente. Confesso que me deixou emocionada, e como Maria lavada em lágrimas que sou, quase que deixei cair uma lagrimazinha pelo canto do olho, de tanto que este grande momento me arrebatou. Vá, não se armem em durões, e confessem também que berraram que nem umas Marias Madalenas! Com tudo isto, naquela linda manhã, o país todo também ficou em suspenso. E como?! Os serviços públicos da área, como a segurança social por exemplo, não 122
tiveram utentes para atender, e lá ficaram aqueles incompetentes dos funcionários públicos, mais uma vez, sentados com o rabo na cadeira sem fazer nada e a ganhar à pala de todos. Os professores, esses queixinhas, tinham a escola às moscas! E o quê que fizeram nessa manhã?! Aposto que tomaram café uns com os outros relaxadinhos da vida, sem se preocuparem com os anos de serviço! Isto tudo porque aquele povo, que o nosso presidente decidiu agraciar com a sua visita presidencial, é essencial ao motor do nosso país! Eles também contam, tá?! Também são pessoas, mesmo que não tenham telefone! Nós é que somos todos uns maldosos! 123
Assim, acho que naquela manhã, deviam todas estas pessoas ter ido àquele modesto bairro. Teria sido a oportunidade perfeita para o nosso Marcelo fazer duas visitas presidenciais numa só! Teria ouvido, como tão bem ele faz, as angústias de todos. Mas os outros, os maldosos, têm televisão por cabo, televisão por satélite e às vezes até por fibra ótica, telefones e smartphones, e ficam lá sentados, malandros como só eles sabem ser, à espera do telefonema presidencial, e lá, no modesto bairro, não há telefones, não há nada! Coitados pá! .
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OPINIÃO
“The best of Portugal are the Portuguese” David Martins (Diretor de Marketing e Alojamento) turismo é uma das maiores indústrias do mundo e tem-se assumido como fundamental para o desenvolvimento socioeconómico de muitos países. Em Portugal, esta atividade tem ganho uma maior preponderância pelos seus inegáveis efeitos no emprego e economia, e no Algarve a atividade é o pilar do desenvolvimento regional. Quem no Algarve não depende diretamente do Turismo depende certamente dos seus efeitos indiretos.
promover a igualdade do género e de oportunidades”; “assegurando a transferência de conhecimento de instituições de ensino e centros de investigação paras as empresas”; e “capacitando em contínuo os empresários e gestores para liderar o turismo do futuro – tecnológico, inclusivo e sustentável”. De facto, só com investimento e empenhamento de todos os stakeholders, públicos e privados, «chegaremos a bom porto», pelo que é importante estarmos todos a trabalhar na mesma direção, e com muito empenho.
Para que o nosso país e região continuem atrativos e prossigam um caminho de crescimento - dando-se particular enfoque ao valor em detrimento da quantidade - é fundamental continuar a apostar na formação dos profissionais de Turismo, sejam os que estão a iniciar as suas carreiras profissionais, sejam os que já estão em plena atividade, melhorando os seus conhecimentos e capacidades. As profissões do turismo têm muito em comum por incluírem a prestação de um serviço, de indivíduo para indivíduo, o que requer competências próprias e transversais. Uma má «primeira impressão» pode ser devastadora para reganhar a confiança dos visitantes e, ainda que em setores diferenciados, uma má experiência num domínio complementar à viagem pode comprometer toda a perceção. Devemos, por isso, compreender a transversalidade da atividade turística, abordando-a numa perspetiva sistémica, em que todos os players contribuem para um resultado positivo.
Depois, quando tudo começar a funcionar, é bom registar os bons resultados, nomeadamente pela criação de milhares de novos postos de trabalho e pela melhoria na remuneração média mensal dos trabalhadores. De notar que, na hotelaria e restauração, a remuneração média mensal dos trabalhadores é cerca de 33 por cento inferior ao do conjunto da economia, pelo que urge inverter a situação!
De acordo com a visão do Governo e dos vários agentes associativos e empresariais do setor do Turismo, que está plasmada na Estratégia Turismo 2027, e com a qual comungo inteiramente, devemos: “prestigiar as profissões do Turismo e formar massa crítica adaptada às necessidades do mercado e ALGARVE INFORMATIVO #189
Por fim, e ainda no domínio da formação e qualificação, gostaria de deixar o meu testemunho pelo excelente trabalho que tem sido desenvolvido pela rede de Escolas de Hotelaria e Turismo de Portugal, designadamente no Algarve, onde tenho o prazer de colaborar como formador externo, e de onde anualmente saem das escolas de Faro, Vila Real de Santo António e Portimão centenas de alunos com a vontade de servir bem, com um sorriso na cara, fazendo jus ao título de «povo hospitaleiro» com que, orgulhosamente, nos reconhecem. Recordo as palavras do ex-Secretário Geral da Organização Mundial de Turismo, Taleb Rifai: “The best of Portugal are the Portuguese”! .
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OPINIÃO - A ISTO CHEGÁMOS…
Sapo a sapo, enche cada qual o papo Fernando Cabrita (Poeta e Advogado) esde que o sapo, enquanto acepipe, foi introduzido na gastronomia nacional, tem-nos sido dado assistir a curiosas deglutições e digestões. Talvez não venha por dispiciendo lembrar como a batraquial refeição foi trazida à ementa lusitana pelo Partido Comunista Português, quando, após denodada campanha em que chamou a Mário Soares tudo menos pai, a militante agremiação se viu forçada a, a final e afinal, depôr o seu próprio voto e aconselhar aos demais que depusessem o deles no falado Mário. O que valeu ao Dr. Cunhal, então líder no activo, a expressão que inaugurou a entrada do bicharoco nos menus: “Lá vamos ter que engolir este sapo!”. E engoliram-no, de facto, num processo digestivo doloroso e amaro, que em algumas boas almas, mas não tão bons estômagos, provocou convulsões tais que as e os levaram de urgência, uns aos braços do Partido Socialista, outros aos braços na época mais robustos do Partido Social Democrata. Recordem-se as agonias digestivas de, por exemplo, José Magalhães ou de Zita Seabra; os vómitos agudos de Vital Moreira; ou a generalizada gastroenterite de centenas de autarcas, à data ligados à gestão local comunista que, súbitos, pressionados decerto pela transformação do sapo em quimo e quilo, foram inscrever-se nos partidos do poder com a mesma ânsia com que buscassem Rennie ou Kompensan que os aliviasse. Ainda hoje, já com o sapo definitivamente inscrito na cozinha portuguesa, há alguns ex-adeptos do Dr. Cunhal que sofrem dessa dispepsia particular que tanto os incomoda que lhes motivou o salto. Estão aí ex-militantes, de ALGARVE INFORMATIVO #189
então em diante assentados no chamado arco da governação, que não me deixam mentir. O sapo, nesse histórico instante em que pela mão do Dr. Cunhal baixou da fábula de La Fontaine ao livro de receitas culinárias, vinha com precisas indicações de consumo. Não podia ser comido de qualquer forma. O verdadeiro «gourmet» sapal, o especialista gastrónomo em animais paludiais e de charco, advertia: “O sapo engole-se; e engole-se vivo”. Por isso, qualquer consumição do batráquio que meta mastigação, ou que envolva prévia assadura, cozedura ou passagem pelo lume ou pela chapa, há que ser severamente denunciada como receita apócrifa e sem suporte gastroprudencial. É, aliás, a ingestão do sapo enquanto vivaço e saltitante, enquanto pegajoso e repugnante, que lhe dá o curioso relevo que ocupa na alimentação político-portuguesa. Bem vistas as coisas, que piada tinha mastigar e ensalivar os sapos, para acostumar as papilas ao gosto; ou frigi-lo, ou condimentá-lo com molhos, píckles, ervas ou especiarias que lhe desconsagrassem o paladar típico? Para os comunistas foi necessário o público sacrifício de engolir o bicho em toda a sua gelatinosa repulsa, saboreando amargamente, em prol da causa, todo o nojo, toda a repugnância, todo o contragosto. Tal como, afinal, os mártires e os santos da religião, a quem sempre estava destinado, para lhes reforçar o carácter beatífico, um cálice de fel. O fel (que também deve ser bebido à uma e não aos sorvozinhos) está para os santos como o sapo vivo está para os comunistas. Aliás, os amanhãs que cantam e o Reino dos Céus, ou o Partido e a Igreja, semelham hoje já ter muito pouca diferença. A ideologia e a fé vão de mão dada, como o sapo e o fel. 126
Mas se isso é assim para o comunistas, enquanto gente de fé e introdutores da peça viva nas gastronomia, certo é que com o alargamento da ingestão do sapo a outras forças partidárias, a outros sectores políticos e até a outras actividades, a verdadeira receita prostituiu-se - e o sapo é hoje consumido em larga escala, em qualquer restaurante ideológico, porém adulterado no seu gosto natural pelos ditames da nouvelle cuisíne e por variadas apropinquações culinárias e estrangeirismos. 127
Degusta-se o sapo, mas diversamente. Não obstante, pode-se e deve-se dizer que o sapo, enquanto manjar, adquiriu vasta publicidade e vai hoje a qualquer mesa. Veja-se no futebol, apesar de ser área de que me desgosta falar: um qualquer presidente de uma dessas SADs ou Clubes que têm mais tempo de antena televisiva que o Primeiro Ministro ou o Papa diz que o treinador não sai; que está para durar; que nada tem que ver com agressões ou safanões a tempo aos jogadores; que não sabe de e-mails, de ALGARVE INFORMATIVO #189
árbitros a quem se dava fruta, de camisetas oferecidas a troco de segredos processuais. E di-lo com voz grossa, confiante, agastado na sua honra e contundido nos seus brios de homem público e dirigente clubista. No dia seguinte, mastigando o sapinho, lá vem pela noitinha dizer que não disse o que disse de manhã, ou que não disse bem assim - e que o treinador sai; que o e-mail existe; que a fruta era maracujá - o fruto da paixão. Este sapo clubista é o chamado sapo–pastilha-elástica (dendrobates – chewingum-elasticus). Consente mastigação demorada. É o caso, pois logo a seguir de despedir-se o treinador, ou ser-se constituído arguido, o mesmo clube ou o mesmo presidente que disse Jamais! e de seguida disse Sim, agora!, vem depois, com o sapo a atravancar-lhe o esófago, tecer louvores ao despedido. Explicar-se sobre o que dissera ignorar. Tudo enquanto engrola o sapo. A elasticidade do anuro permite a delonga. Lembremos um exemplo antigo, que vem da ementa do chamado Partido Popular, exCDS. No tempo de Freitas do Amaral, o CDS, depois de tanto atacar o Partido Socialista, coligou-se com ele para formar governo. Freitas teve então por bem justificar: “Se até descobrimos o caminho marítimo para a Índia, como é que teríamos qualquer problema em aceitar esta coligação?”. Que é mais ou menos como quem diz: “Se já comemos tanta porcaria, que mal faz engolir mais este sapinho?”. Outro exemplo: aquele prodigioso Presidente do PSD, de nome Rio, que anunciou, ao tomar conta das hostes, que ia moralizar a vida pública, pôr decência nas condutas, reformar moralmente o ambiente do grémio. Doesse a quem doesse. Em menos de seis meses saltaram-lhe porém ao caminho, do pântano partidário, sapos anafados: gente que vivia em Lisboa mas dava moradas de longe para abichar uns subsídios; gente que não ia ao Parlamento mas aparecia a assinar presenças, via colegas solícitos. E lá ALGARVE INFORMATIVO #189
assistimos ao penoso espectáculo do Sr. Rio a ingurgitar o anfíbio. Do lado do Governo, de qualquer governo, os sapos também constam no menu habitual. Ministros, secretários de Estado, Directores de qualquer coisa, anunciam hoje com ar sério seja o que for; e na semana seguinte, com o sapo entre os dentes, anunciam o seu contrário. Já ninguém se espanta se um governante em exercício arrota sapo. São digestões difíceis; mas fazem parte da função. Lembre-se o recente descalabro de um que foi Ministro da Defesa. O Primeiro Ministro afiançou-o como seguro e estável - até ao dia em que o afastou aceitando a demissão; e quando já todos os jornais faziam revelações cada vez mais aborrecidas. O peganhento e gelatinoso sapo-governativo (dendobrates cinicus governanticus) tem vindo a ser repetidamente devorado, mastigado e ruminado por diversas gerações de poderosos encartados, que sempre se banqueteiam com o gordo batráquio, ora em ingestão oficial, enquanto vão temporariamente dizendo que estão para ficar; ora, depois de saídos pela direita baixa, levando o sapo debaixo do braço para o ir mastigar a sós, em casa. É o chamado sapo take-away. Mal ficaria nesta altura não falarmos do Grande Engolidor de Sapos, que passou entre nós com o nome público de Paulo Portas. Lembro alguns dos seus grandes êxitos. Quando se zangou com Manuel Monteiro e com Maria José Nogueira Pinto, que o contestaram, Portas disse que se ia se não votassem nele. Ora sucede que… não votam. Mas ei-lo que não vai. Já antes (outros tempos!) publicamente afirmara Portas, e reafirmara e escrevera, que o Prof. Marcelo então líder do PSD era o último dos celerados, um indivíduo que não merecia qualquer credibilidade, um mentiroso no qual não se podia depositar a mínima confiança. Pois que ele, Marcelo, até o enganara - ao Portas! - com a conto da vichysoise. O patife! Pois ainda os ecos desta denúncia atroavam os ares, e ei já 128
todavia Portas a bandear-se com Marcelo, em apetites de poder, a propor ressuscitar a AD do reino dos mortos e a adular-se cada qual reciprocamente. Ou recorde-se aquele fabuloso momento de saída irrevogável de todas as funções governativas, declarado às 17h; para logo às 17.30h anunciar que afinal ficava no governo, claro, pois tinha subido de escalão. Para um tão extraordinário Deglutidor, foram contudo pequenos episódios. Bem vistas as coisas, não se chegou aqui à ingestão completa do sapo. Foram ligeiros petiscos. Girinos, digamos assim. Aliás, era hora do lanche, não do almoço. Portugal, com segurança o digo, numa perspectiva histórica e global, e além disso sustentável como agora se diz, é um sério candidato ao livro Guiness dos recordes na área das refeições anurais. Muito sapo, e de bom tamanho, se consome também na chamada Informação ou Comunicação Social, cada vez mais a Voz do Dono. Lembram-se de Aleppo? De Gouta? Cidades sírias ocupadas por rebeldes terroristas, que as tropas sírias tentavam recuperar? Durante meses as televisões portuguesas deram-nos doses maciças e inesgotáveis de noticiário inventado sabe-se lá a favor de quem, repetindo à exaustão a lenga lenga dos criminosos sírios e russos a matar o seu povo; e a dizer-nos que mal estas cidades fossem tomadas pelo regime sírio o massacre seria espantoso! Ora, as cidades caíram. Se houve o anunciado massacre parece que não… - não se chegou a saber. É que não caíram só as cidades; caíram também os ímpetos noticiosos da nossa informação «especial». Deixou de haver notícias. A Síria eclipsou-se do cenário noticioso. Mas ali ao lado os crimes de guerra no Iémen, curiosamente não despertaram nunca, nem despertam, a atenção dos noticiários. Essa guerra é de amigos (sauditas, americanos, ingleses e franceses, a bombardear escolas, hospitais, mercados e uma população esfaimada e miserável). Não se fala dela. De 129
nada, aliás. Fala-se de futebol, e chega. Se queremos agora saber algo da Síria - ou do Iémen - tem que se andar em sites outros e ouvir outras cadeias noticiosas, noutros idiomas. E ficamos a saber que as cidades sírias retomadas estão a ser reconstruídas; que ali voltaram a conviver gentes de vários credos e raças; que igrejas voltaram a abrir ao lados de mesquitas; que yezidis regressaram; que as mulheres voltaram a poder sair à rua livremente e sem indumentária obrigatória; que recuperaram os direitos retirados pelos rebeldes; que a generalidade dos refugiados que deixaram a Síria e arriscaram as vidas no Mediterrâneo estão a regressar ao país; que o único massacre de Aleppo pós-retomado foi uma bomba posta por terroristas (a que os EUA chamam moderados), que fizeram explodir a árvore de natal montada pelos cristão na cidade libertada, causando a morte a 40 pessoas. Mas isto, claro, não passa na nossa imprensa nem na nossa rede televisiva, Nenhum locutor consegue dizer isto, nem baixinho, atravancadas que lhes estão as gargantas pelo sapo sírio (visto pela lupa do ociente vendedor de armamento), sapo tão volumosos que só lhe vemos comparação com a rã-golias da África Ocidental, que atinge os 90 cm de tamanho. É assim a nossa informação. O nosso futebol. A nossa Justiça. A nossa vida partidária. A nossa banca. As nossas PPP: um banquete que mete rãs, salamandras e sapos gordos. São quilos e quilos de sapos, às mãoscheias, crus e semi-crus, em receitas diversas. E têm-se regalado todos os comensais, muitíssimo, com tão gorda ementa, à força de tanto hábito. Comer já não lhes custa. E já ninguém quer saber. O que se me afigura que lhes será difícil, quando não doloroso, será defecá-lo. Ui, Ui! A isto chegámos… . ALGARVE INFORMATIVO #189
OPINIÃO
A importância de conhecer as gerações Baby Boomers, X, Y, Z e Alpha nos negócios Fábio Jesuíno (Empresário) aber os comportamentos das gerações Baby Boomers, X, Y, Z e Alpha é um fator de grande importância no meio empresarial. Conhecer os comportamentos destas gerações vai permitir identificar os seus hábitos e características singulares com o objetivo de aproveitar todo o seu potencial para alcançar grandes resultados. Dessa forma, reuni algumas das principais características que definem estas gerações: Baby Boomers Os Baby Boomers são as pessoas nascidas entre 1946 e 1964. O termo Baby Boomers foi criado como referência à explosão demográfica que aconteceu depois do fim da Segunda Guerra Mundial, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Austrália. Esta geração surgiu na época da globalização, marcada pelo capitalismo e consumismo, movimentos hippie, feminismo e política social, fatores que influenciaram o seu modo de agir e pensar. Têm um padrão de vida estável e dão muita importância à experiência. Sofrem pouca influência da marca no momento da compra e preferem qualidade à quantidade. São firmes nas decisões e preferem produtos de grande qualidade. Geração X A Geração X são os indivíduos que nasceram entre as décadas de 60 e 80. São aqueles que têm uma visão revolucionária, muito por causa de terem feito parte de momentos históricos, como em Portugal, o 25 de Abril. Esta geração valoriza muito a ALGARVE INFORMATIVO #189
estabilidade financeira e a ascensão profissional. Umas das suas principais características é medir o sucesso pessoal adquirindo bens palpáveis, como imóveis e automóveis. Geração Y Nasceram entre 1980 e 1990 e cresceram ligados à Internet e redes sociais. É uma geração apaixonada pela produtividade e estão sempre em busca de um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Têm uma preocupação com o bem-estar e valorizam a saúde. Geração Z É a geração que nasceu entre a década de 90 e os anos 2000 no meio num boom tecnológico. Procuram frequentemente novas oportunidades e colaborar com outras pessoas. Têm uma energia empreendedora forte e gostam de fazer a diferença na sociedade. Valorizam mais as experiências em detrimento de bens materiais. Alpha São os nascidos a partir de 2010 no meio da era digital, que aprendem facilmente a usar a tecnologia. É a geração considerada mais independente e aberta a mudanças. É considerada a mais inteligente de sempre, devido ao acesso a ferramentas e estímulos que as outras não tiveram. Ficar a conhecer as várias gerações de uma sociedade e suas características é importantíssimo nos negócios, um dos principais fatores para o sucesso . 130
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OPINIÃO
A Força Única Fernando Esteves Pinto (Escritor) “Não pode haver modo melhor de conhecer a desigualdade das forças que medindo-as”. António Vieira
odas as fraquezas de um homem podem resultar numa grande obra.
Praga, 1895. Franz, um rapaz de doze anos, brinca numa praça. A brincadeira consiste em correr com uma corda, fazendo-a serpentear por entre os transeuntes que se movimentam em todas as direcções. O jogo atinge o seu ponto crítico quando alguém pisa a corda inadvertidamente. Nesse momento Franz sente a tensão, suspende a corrida e concentra-se para o último nível do jogo: a força única.
literários, direccionavam-no para outro tipo de força: a identidade da sua natureza humana em constante metamorfose interior. A escrita era para Franz Kafka uma espécie de coletede-forças do qual ele conseguia, convictamente, libertar-se. Embora ele se achasse uma pessoa de aparência instável, insegura, com um humor trágico da realidade, profundamente desajustado dos padrões burocráticos da sociedade, não se furtava a dar atenção e tecer considerações sobre um mundo que despertava nele uma vida contida, unicamente orientada para um exílio de protecção e uma paz insólita.
Na outra extremidade da corda, a pouco mais de dez metros, está um homem. Franz segue com o olhar a corda distendida e fixa-se nele. Quem consegue deslocar o mundo um do outro? Franz puxa a corda com força: o corpo está inclinado para trás, mas a corda não se desprende. A pequena força de Franz é insuficiente para fazer deslocar algo sob um peso excessivo. A falta de energia física, a sua magreza é já uma condenação perante as forças do mundo. Mas Franz é um ser solitário; e a solidão é uma plenitude estranha que o faz sentir corajoso e resistente em confronto com o perigo e o transtorno. A grande força de Franz é o mundo escrito. Por fim, o homem levanta o pé de cima da corda e Franz cai desamparado no chão.
As sombras gigantes e densas que prefiguravam na sua escrita eram as únicas forças que Franz Kafka não temia. Consciente da sua singularidade como escritor, a rejeição a si próprio era palavra escrita; a dor da ansiedade exigia-lhe tais elevações de espírito em completa transformação de emoções que unificavam universos humanos monstruosos e repugnantes que ele depois carregava sobre si num estado de compulsividade criativa. Não se esquivava a puxar pelo mundo, mesmo que o peso desse mundo lhe consumisse as pequenas forças silenciosas e desabasse perante a sua vida fechada na fraqueza. Em Kafka, a sensação de pânico e o sentido místico da realidade tornara-o mais profundo e libertador das forças que o dominavam em constante desassossego.
Franz Kafka não suportava as grandes forças. Fisicamente fraco, tudo na sua vida era vulnerável, obrigando-o a proteger-se das autênticas ameaças de um mundo aterrorizante, conflituoso e cheio de labirintos psicológicos. As suas observações, em termos
Também Franz, o rapaz da corda, que brincava numa praça em Praga, tinha arrancado à força o mundo adulto do homem da história da humanidade: o insecto invisível que poisa, indelével, sobre a natureza dos mais frágeis e desprotegidos .
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ATUALIDADE
HORTAS COMUNITÁRIAS DA GUIA SÃO UM SUCESSO s Hortas existem desde dezembro de 2013, altura em que Albufeira fez a entrega de 11 talhões de terra, ao abrigo do projeto municipal «Terra Produtiva». Volvidos cinco anos urge renovar cercas, uma casa de apoio agrícola maior, instalações sanitárias, pintura de muros e bancos, num investimento de cerca de 19 mil euros. “Temos vindo a evoluir neste conceito de cariz comunitário e têm-nos chegado novos pedidos. Há ainda terras por cultivar e são muitos os munícipes que expressam a vontade de voltar às raízes e de produzir os seus próprios alimentos, ALGARVE INFORMATIVO #189
como o que está a acontecer em Ferreiras, onde as pessoas, livremente, fazem as suas hortas em terrenos municipais. É um projeto que vai continuar a crescer para apoiar e incentivar a produção e o consumo de produtos frescos locais, biológicos e sazonais”, garante o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo. Satisfeita com a sua produção, Alzira Ventura, 57 anos, diz que tem vindo a ser uma mais-valia na sua vida o consumo dos alimentos que ali planta: alfaces, tomates, beringelas, brócolos, 136
cenouras, ervilhas, favas, rabanetes, chuchus e muito mais. Chega mesmo a congelar alguns alimentos para que deles possa usufruir durante o Inverno. A produção nunca é demais, na medida em que também oferece aos amigos e, muito frequentemente, os utilizadores destas hortas partilham entre si parte das suas colheitas. São alimentos sem aditivos, pelo que todos os utilizadores frequentaram um curso sobre agricultura biológica e outras formações, nomeadamente o de ervas aromáticas, que também consta das plantações de Alzira Ventura. “Tem sido excelente, até porque, infelizmente, tive um problema de saúde e o consumo de alimentos saudáveis é um imperativo. Fazer esta horta biológica justifica bastante todo o empenho que nela tenho. Mexer na terra, é bom”, diz Alzira. Outro beneficiário é Américo Serqueira, 51 anos de idade, que é perentório em afirmar que “os produtos biológicos não têm nada em comum com os que se compram; são muito melhores, a começar pelo sabor”. Durante o Inverno, a escolha de Américo Serqueira recai sobre as favas, as ervilhas, repolho e outras couves. O Verão é mesmo para apreciar o que podem ser as saladas, pelo que a alface, o tomate e o pimento são os produtos de eleição. “Às vezes, quando a terra dá mais que o previsto, distribuo pela família e todos ficam muito 137
satisfeitos, os produtos biológicos são manifestamente melhores. E o que se leva da terra é aquilo que não se compra e sempre ajuda à economia caseira”, acrescenta. Refira-se que os beneficiários destas hortas têm vários direitos reconhecidos, designadamente a utilização de um talhão com 40 metros quadrados, o uso comum de recursos, espaços e materiais para a prática da atividade agrícola (abrigos de ferramentas, instalações sanitárias e pontos de água). Para além da produção de produtos biológicos, este projeto visa também fomentar o espírito comunitário e a apropriação qualificada do espaço público, proporcionando a alguns munícipes a oportunidade de complementarem o orçamento familiar com a prática de agricultura biológica, livre de químicos. Para o efeito, foi ministrada formação aos utilizadores das hortas .
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ATUALIDADE
EBI DE MARTIM LONGO COM NOVA SALA DE EXPRESSÃO ARTÍSTICA EBI 1,2,3, Joaquim Moreira, em Martim Longo, terá em breve uma nova sala de expressão artística graças a uma candidatura aprovada pelo Programa Operacional CRESC Algarve 2020, eixo prioritário 7 – Reforçar as Competências, prioridade de investimento, que visa a criação e modernização de funcionalidades de valências (nova sala de expressão artística), melhoria das condições dos espaços funcionais e gerais, a modernização das salas de aula e a melhoria das condições ambientais e de conforto térmico / acústico, a qual foi concluída física e financeiramente no final de dezembro de 2018.
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A operação financiou a criação uma sala de expressão artística, de um corredor de circulação que permite o acesso ao pavilhão desportivo municipal, bem como foram instalados equipamentos de climatização em nove salas de aula da escola EBI 1,2,3 de Martim Longo, com o objetivo de melhorar as condições escolares existentes, respondendo às exigências de um sistema de ensino moderno e adequado às necessidades do século XXI. O investimento elegível ascendeu a 103 mil e 951,20 euros, ao qual foi atribuída uma comparticipação comunitária do FEDER de 62 mil e 370,72 euros .
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MUNICÍPIO DE ALCOUTIM APOIA CRUZ VERMELHA DE MARTIM LONGO o sentido de manter em funcionamento a extensão de Martim Longo da Cruz Vermelha Portuguesa e os serviços prestados por esta instituição, em estreita articulação com os serviços municipais de ação social, o Município de Alcoutim vai apoiar financeiramente a instituição com uma verba de 66 mil euros, que será atribuída no âmbito de um protocolo de colaboração com o Centro Humanitário de Tavira da Cruz Vermelha Portuguesa, onde foi integrada a extensão de Martim Longo. Nos termos do documento, a Cruz Vermelha compromete-se a complementar os serviços da Unidade Móvel de Saúde (UMS), a realizar o serviço 139
permanente de ambulância com pessoal especializado e a prestar o serviço de psicologia clínica, duas vezes por mês, aos munícipes sinalizados e encaminhados pelo gabinete municipal de Ação Social, Saúde e Educação. A UMS está especialmente vocacionada para a prevenção e vigilância junto da população mais idosa e com mais dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Dotada com pessoal especializado, nomeadamente médico, enfermeiro, condutor e socorrista, presta cuidados médicos e de enfermagem em todas as povoações do concelho . ALGARVE INFORMATIVO #189
ATUALIDADE
OBRAS DO FUTURO LAR DE ALTURA SEGUEM A BOM RITMO futuro Lar de Altura recebeu, no dia 5 de fevereiro, a visita da Diretora de Segurança Social do Centro Distrital de Faro, Margarida Flores, acompanhada pelo presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral, e pelo dirigente da Associação Cegonha Branca, responsável pela obra, Amadeu Chaves. A construção do Lar de Altura, que se prevê estar finalizada em maio deste ano, foi retomada no final de 2017, depois de estar parada por uma década. A resolução da Associação Cegonha Branca, com o total apoio da Câmara Municipal de Castro Marim, vê agora chegar a bom termo um antigo sonho. Em termos financeiros, depois da doação do terreno por parte do Município de Castro Marim e de um empenhado processo de licenciamento do Lar e Centro de Dia de Altura, em que o Município de Castro Marim garantiu todo o apoio técnico, esta obra representa um investimento de cerca de um milhão e 900 mil euros, estimando-se que a autarquia contribua com cerca de 450 mil euros, em função das disponibilidades orçamentais.
idosos. O isolamento, associado ao aumento da esperança média de vida, o crescimento de formas de organização familiar atípicas, ou mesmo a diminuição verificada nas redes formais ou informais de solidariedade, constituíram o enquadramento que deu origem à Associação Cegonha Branca e ao projeto do Lar de Idosos na freguesia de Altura, segundo o presidente da instituição, Amadeu Chaves. O Lar e Centro de Dia de Altura será constituído por 26 quartos, seis individuais, 15 duplos e cinco triplos, com capacidade total para 51 utentes residentes (unidade funcional até 60 residentes). A valência contará também com gabinete médico e de enfermagem, sala de movimentação, salas de atividades ocupacionais, salão de estar e bar, sala de refeições, cabeleireiro, piscina interior, com vestiários e duches, e jardim. Está prevista a criação de 25 a 30 postos de trabalho .
O projeto nasceu da identificação de um dos maiores problemas do concelho, segundo o Diagnóstico Social de Castro Marim, a resposta social para ALGARVE INFORMATIVO #189
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PRAIA DE FARO TEM NOVO PONTÃO DE APOIO ÀS ATIVIDADES NÁUTICAS á está concluída a substituição do pontão de apoio às atividades náuticas e náutica de recreio existente na Praia de Faro, num investimento total no valor de 148 mil e 900 euros, acrescidos de IVA. A intervenção realizou-se na sequência da destruição que o equipamento original sofreu durante uma intempérie que se verificou em abril de 2017 e faz parte de um plano que tem como objetivo a melhoria da imagem de referência e qualidade que Faro detém na promoção das várias atividades náuticas e serviços de lazer associados à Ria Formosa. 141
O equipamento em funcionamento vai permitir, desde logo, uma maior segurança e conforto para o desenvolvimento dos vários serviços que o Centro Náutico da Praia de Faro promove durante todo o ano, assim como servir de apoio a muitas outras atividades relacionadas com a náutica de recreio existente na Praia de Faro. Este investimento reveste-se, igualmente, de enorme importância no que concerne à recente certificação de Faro como Estação Náutica, marcando um posicionamento que Faro pretende consolidar enquanto destino náutico . ALGARVE INFORMATIVO #189
ATUALIDADE
MITO ALGARVIO COMEMOROU 7.º ANIVERSÁRIO Mito Algarvio - Associação de Acordeonistas do Algarve comemorou, no dia 3 de fevereiro, o seu 7.º aniversário com a Grandiosa Festa do Acordeão. Sediada na antiga escola primária do Barrocal, em Altura, em instalações cedidas pela Câmara Municipal de Castro Marim, a Mito Algarvio tem vindo a trabalhar no sentido de afirmar Castro Marim como concelho capital do acordeão no Algarve. Nas comemorações do aniversário, que são também uma homenagem ao
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acordeão e aos acordeonistas algarvios, reuniram-se, no Restaurante Infante, mais de 600 pessoas que têm acompanhado e contribuído para o desenvolvimento do trabalho desta associação. A festa foi marcada pelas performances de prestigiados e premiados acordeonistas como o atual campeão mundial Peter Maric (Sérvia), Tino Costa, Maria Adélia Botelho, Nélson Conceição, Tiago Conceição, Sérgio Conceição, Maria Palma, Rodrigo Maurício e o jovem acordeonista Hugo Madeira . Fotos: João Conceição
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ATUALIDADE
RIDING A METEOR APRESENTA-SE AO VIVO NO CINEMA NOS DO FORUM ALGARVE o dia 17 de fevereiro, pelas 11h, o projeto musical Riding a Meteor vai transformar uma das salas do cinema NOS no Forum Algarve num palco multidimensional. De forma a tirar partido de uma componente que tem vindo a explorar nos seus espetáculos, Riding a Meteor decidiu evidenciar as suas nuances cinematográficas, levando-as a um ecrã maior. A criação deste concerto está interligada à iniciativa «Riding a Meteor Meets Meteora», que nasceu em novembro de 2018, aliada a uma campanha de crowdfunding. O objetivo principal deste evento no Cinema NOS do Forum Algarve é dar a conhecer o projeto e angariar fundos para a realização do concerto pelo qual a banda sonha: uma atuação em
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Meteora, numa das regiões gregas mais icónicas. O custo para este concerto de angariação de fundos tem uma contribuição mínima de sete euros, a mesma quantia associada a um bilhete de cinema, no entanto, o espectador poderá decidir o valor que quer contribuir acima do valor mínimo. Os bilhetes podem ser adquiridos no balcão informativo do Forum Algarve e online no site da Epopeia Records, editora de Riding a Meteor. Quanto àqueles que contribuíram para a campanha de crowdfunding «Riding a Meteor Meets Meteora», o acesso ao espetáculo será gratuito. A iniciativa conta com o apoio da Direção Regional de Cultura do Algarve, da Câmara Municipal de Faro, do Forum Algarve e dos Cinemas NOS .
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MARCHA/CORRIDA DO SÍTIO DAS FONTES DE ESTÔMBAR MUITO CONCORRIDA
erca de 900 pessoas responderam ao desafio do Município de Lagoa e do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) e participaram, no dia 3 de fevereiro, na emblemática Marcha/Corrida do Sítio das Fontes em Estômbar, que incluiu dois percursos, de 4,5 e 9 quilómetros. Esta foi a primeira de três iniciativas do género já confirmadas para Lagoa em 2019, seguindo-se, a 26 de maio, Ferragudo e, a 2 de junho, Porches. A partida para a prova contou com as presenças do Diretor Regional do IPDJ, Custódio Moreno e do Vice-Presidente do Município de Lagoa, Luís Encarnação, tendo acontecido junto ao auditório do Sítio das Fontes, um local bem conhecido pela sua beleza natural. Na saudação de boas-vindas, Luís Encarnação deixou um 145
alerta: “Segundo dados recentes divulgados pela Direção Geral de Saúde, aumentou nos últimos anos o número de portugueses com mais de 15 anos que «raramente» ou que «nunca praticaram» exercício ou desporto, passando de 66 por cento em 2009 para 74 por cento em 2017”. O responsável pelo pelouro do Desporto na Câmara de Lagoa apelou ainda ao envolvimento de todos para ajudar a mudar esta realidade. “Estes são números preocupantes porque praticar atividade física é melhorar a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida. Por isso, temos todos que trabalhar em conjunto. Aos políticos e autarcas cabe dinamizar a prática desportiva, e a vocês cabe desafiar amigos, familiares e vizinhos para virem praticar desporto”, disse Luís Encarnação. As marchas e corridas inscritas no programa do ano de «Lagoa, Cidade Inclusiva» são organizadas pelo Município em parceria com o IPDJ. Fazem parte do 1.º Eixo da Estratégia Municipal de Desenvolvimento Desportivo, «Desporto para Todos» e concorrem para o objetivo da promoção universal da prática da atividade física em Lagoa . ALGARVE INFORMATIVO #189
ATUALIDADE
«ECO-ESCOLAS 2019» REUNIU EM LAGOA MAIS DE 350 EDUCADORES PARA A SUSTENTABILIDADE assar da fase de sensibilização para a mobilização para a educação para a sustentabilidade foi um dos compromissos assumidos em Lagoa por professores, autarcas, técnicos e jovens que participaram no seminário nacional EcoEscolas, realizado entre 18 e 20 de janeiro. O Algarve recebeu pela primeira vez esta iniciativa, que em 11 edições percorreu já algumas das principais cidades do país, apelando à educação para a sustentabilidade e apontando como caminho a co-aprendizagem e a partilha entre profissionais desta área. O Município de Lagoa e a ABAE – ALGARVE INFORMATIVO #189
(Associação Bandeira Azul da Europa) foram os coorganizadores do «EcoEscolas 2019», que aconteceu durante no Centro de Congressos do Arade e na sede do Agrupamento de Escolas Rio Arade – Escola Básica Rio Arade de Parchal. Recorde-se que no ano letivo 2018/19 estão a participar neste programa perto de mil e 700 escolas de todo o país, das quais 44 são do Algarve e sete do concelho de Lagoa. Todos os estabelecimentos de ensino do Pré-Escolar ao Ensino Secundário do Agrupamento de Escolas Pe. António Martins de Oliveira de Lagoa estão pelo segundo ano consecutivo inscritos no Programa Escolas, envolvendo dois mil 146
As Vereadoras Ana Martins, responsável pelo pelouro da Educação, e Anabela Simão, responsável pelo pelouro do Ambiente, representaram o Município de Lagoa respetivamente na abertura e no encerramento deste Encontro Nacional de Lagoa, onde participaram também vários responsáveis locais, regionais e nacionais, nomeadamente a operadora nacional Margarida Gomes. A «Eco-Mostra» contou com mais de 40 entidades nacionais e 16 locais do Concelho de Lagoa, participantes habituais no mercado mensal «LagoaBio», tendo sido uma das notas distintivas que juntou aos painéis temáticos, workshops e fóruns de trabalho, alguns dos mais genuínos e originais produtos da região.
136 alunos, juntamente com a Nobel Internacional School do Algarve. Este estabelecimento de ensino da rede privada foi distinguido no seminário com o Prémio Excelência pelo trabalho desenvolvido, ficando entre os 17 diplomas de Excelência que serão entregues este ano em Portugal. 147
«Lagoa Cidade Educadora», que vem investindo nos últimos anos em vários projetos na área da Educação Ambiental, apostou na organização deste encontro como contributo para a valorização de todo o trabalho em curso, mas também para melhorar o seu potencial e as suas práticas em matéria de sustentabilidade. Por outro lado, foi uma oportunidade para dar a conhecer a jovens, professores e técnicos de todo o país envolvidos, a diversidade ambiental do concelho de Lagoa . ALGARVE INFORMATIVO #189
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AUTARQUIA DE LOULÉ QUER MELHORAR EXPERIÊNCIA DE TURISTAS NA CIDADE om o objetivo de discutir formas de melhorar a qualidade do turismo na cidade de Loulé e aumentar o afluxo de visitantes, um grupo de guias-intérpretes nacionais realizou, no dia 1 de fevereiro, uma visita organizada pela Câmara Municipal ao Concelho. As guias estiveram em alguns locais de passagem obrigatória nos ALGARVE INFORMATIVO #189
roteiros turísticos, nomeadamente na Igreja de S. Lourenço (contando com a colaboração do pároco de Almancil, Jorge de Carvalho) e ao Santuário da Nossa Senhora da Piedade, acompanhadas pela técnica da Divisão de Cultura, Museu e Património, Helga Serôdio. À tarde, foi realizada uma visita ao Cemitério de Loulé. 148
A acompanhar o grupo, a investigadora de História e Cultura local, Luísa Martins, falou de algumas das figuras de destaque que aqui se encontram sepultadas, como o poeta António Aleixo, o seu «Secretário», Prof. Joaquim Magalhães, o popular médico Bernardo Lopes ou o político e comerciante José da Costa Mealha, entre outros, das questões ligadas ao estilo arquitetónico deste espaço, estatuária e artes que integra, entre outras informações que poderão suscitar o interesse dos turistas. O turismo cemiterial poderá ser, de resto, um dos atrativos da
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cidade de Loulé. De facto, um pouco por toda a Europa, os cemitérios adquiriram também esta vertente aliada ao turismo e um dos casos mais emblemáticos é o Cemitério Père-Lachaise, em Paris, que recebe diariamente muitos turistas. Recorde-se que, no final de 2018, a Câmara Municipal de Loulé reuniu com guias, operadores turísticos, agências de viagens, entre outros representantes do setor, com o objetivo de criar uma estratégia para dinamizar a atividade turística na cidade .
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EDUCAÇÃO, CULTURA E OBRAS MARCARAM 31.º ANIVERSÁRIO DA CIDADE DE LOULÉ oulé celebrou, no dia 1 de fevereiro, 31 anos desde que foi elevada ao estatuto de cidade e, com o objetivo de reforçar a sua centralidade no contexto concelhio e regional, a Câmara Municipal de Loulé levou a cabo algumas iniciativas junto da comunidade, nomeadamente nas áreas da Educação, Cultura e Obras que mostram bem a dinâmica da sede do Concelho. Assim, o Presidente Vítor Aleixo iniciou as comemorações nas escolas, tendo os alunos das escolas EB 1/JI Manuel Alves, EB1/JI de Salir e Colégio Internacional de Vilamoura recebido o livro «Os Segredos de Loulé: Uma história em ALGARVE INFORMATIVO #189
Banda Desenhada», de João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos (argumento) e André Caetano (arte). A BD faz uma viagem pela História do Concelho, desde o início do Universo até aos nossos dias e ao futuro, numa abordagem diferente e já mereceu elogios por parte da crítica especializada, passando agora a constar nas «bibliotecas» que cada criança louletana tem em sua casa. “Esta é uma obra extraordinária em termos do seu conteúdo e também em termos estéticos. É um livro de banda desenhada de uma enorme qualidade, 150
como afirma a crítica mais exigente em diferentes fóruns. Estou muito feliz por proporcionar às crianças em idade escolar no Concelho de Loulé um livro onde é narrada a história de 14 mil anos deste Concelho. Não se pode amar aquilo que não se conhece e a intenção do executivo municipal foi dar a conhecer, de uma forma atrativa, simples, mas ao mesmo tempo rigorosa do ponto de vista científico, a paixão que é viver num concelho tão bonito, tão diverso, tão rico como é o nosso, o de Loulé”, referiu o autarca Vítor Aleixo. Em Salir, nas instalações da Junta de Freguesia, foi celebrado neste dia o auto de consignação da pavimentação da EM 510 – troço entre a EM 503 (Malhão) e a EM 549 (Alganduro), incluindo a ligação ao Sítio das Éguas (EM 549) e o acesso à Sobreira Formosa (VNC 50), na freguesia de Salir. “Sempre existiu esta grande aspiração de modo a satisfazer quem
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pretendia fazer o percurso entre o Baixo Alentejo, as zonas serranas do interior até à cidade de Loulé e litoral. As populações serranas sentiam esta estrada como uma necessidade premente para as suas vidas e a obra vai ser feita agora”, sublinhou o edil louletano. Com uma extensão total de mais de sete quilómetros, a intervenção será realizada em quatro troços e em 180 dias, tendo um valor que ascende a um milhão de euros. As celebrações do Dia da Cidade de Loulé encerraram da melhor forma com a inauguração do Auditório do Solar da Música Nova, um equipamento que passa agora a fazer parte da vida cultural da cidade, com um programa diversificado e aberto a vários públicos, direcionado para eventos intimistas nas áreas da Música, Teatro, Dança, mas também iniciativas como conferências, seminários ou formações .
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FESTIVAL MED É FINALISTA PELA QUARTA VEZ DOS IBERIAN FESTIVAL AWARDS elo quarto ano consecutivo, o Festival MED é finalista daqueles que são os galardões que distinguem o que melhor se faz na Península Ibérica ao nível dos festivais de música. «Melhor Promoção Turística» e «Contributo para a Sustentabilidade» são as duas categorias em que o MED irá disputar a grande final lado a lado de cinco congéneres espanhóis e quatro portugueses. Os vencedores destes galardões serão anunciados no dia 13 de março, no Teatro Afundación, em Vigo, numa gala ALGARVE INFORMATIVO #189
composta por 22 categorias e um excellence award e que irá reconhecer tanto os eventos como os agentes da indústria dos festivais de música de Portugal e Espanha. O evento louletano é desde a primeira edição, em 2016, finalista em mais do que uma categoria nestes prémios. Em 2017 e 2018 recebeu o galardão para Melhor Festival Ibérico de Média Dimensão, enquanto que, no ano passado, foi considerado o festival ibérico com Melhor Promoção Turística em Portugal. Nas quatro edições, o MED somou 23 nomeações (três em 2016, seis em 2017, sete em 2018 e sete em 2019) . 152
CRIANÇAS OLHANENSES ASSINALARAM DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA O CANCRO Liga Portuguesa Contra o Cancro, em parceria com a Divisão de Educação e Desporto do Município de Olhão, assinalou, a 4 de fevereiro, o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, com a realização, nas escolas EB1 de Brancanes e na EB1 de Marim, de duas sessões informativas sobre alimentação e lanches saudáveis, no sentido de promover hábitos de vida salutares e sensibilizar para a literacia em saúde nas escolas. No final das sessões foi oferecida a cada aluno uma lancheira com tangerinas e informação sobre alimentação saudável, como forma
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de promover o consumo de lanches que possam contribuir para a diminuição da incidência desta doença na sociedade em geral. Esta atividade foi desenvolvida no âmbito da campanha com a temática «Eu sou… eu vou, cada um de nós pode ser o herói desta história». A Câmara Municipal de Olhão juntou-se a esta causa, promovendo a adoção de escolhas alimentares saudáveis junto dos munícipes mais jovens, uma vez que 1/3 dos cancros são evitáveis .
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PORTIMÃO DEU A CONHECER A NOVA UNIDADE DE SAÚDE MÓVEL DE PROXIMIDADE
oi apresentada, no dia 5 de fevereiro, a nova Unidade de Saúde Móvel de Proximidade de Portimão, que irá servir a população dispersa e isolada do concelho, levando cuidados médicos ao domicílio de quem é mais vulnerável e frágil. Esta nova unidade de saúde resulta de um investimento de 75 mil euros com cofinanciamento pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, no âmbito do Programa Operacional (PO) CRESC Algarve 2020, através da candidatura «Unidades de Saúde Móveis de Proximidade», apresentada pela ARS em parceria com o Município de Portimão, que teve uma comparticipação de 15 mil euros. Na cerimónia realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho estiveram presentes o Presidente da Assembleia Municipal de Portimão, João Vieira; a Presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes; e o Presidente da ARS Algarve, Paulo Morgado; bem como ALGARVE INFORMATIVO #189
algumas entidades oficiais e parceiros da Rede de Ação Social do Município. Na ocasião, o Presidente da ARS Algarve lembrou que esta é uma das dez Unidades Móveis de Saúde para o Algarve e que “em boa hora Portimão decidiu integrar o grupo dos dez municípios que abraçaram este projeto para a região”. “Este é um investimento global de 750 mil euros com o qual se pretende levar o Serviço Nacional de Saúde mais perto das pessoas, principalmente das mais vulneráveis”, acrescentou Paulo Morgado. Segundo o responsável da ARS Algarve, as novas unidades móveis de saúde estão equipadas com meios do século XXI, avançando com a ideia de que cada unidade é como se fosse um “centro de saúde em quatro rodas”. Para a Presidente da Câmara Municipal de Portimão, com a nova Unidade de Saúde Móvel “estamos a dar um passo em frente nos cuidados de saúde”, reafirmando a ideia de que o “Serviço Nacional de Saúde tem que ser uma realidade para todos e que a saúde de proximidade é uma emergência”. Após a apresentação no Salão Nobre, todos tiveram a oportunidade de conhecer a Unidade de Saúde Móvel, estacionada em frente aos Paços do Concelho, e de ver de perto as condições que a mesma oferece, permitindo prestar atos de saúde programados, médicos, de enfermagem e outros . 154
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