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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 16 de fevereiro, 2019
MANUEL E EDUARDO AO RUBRO EM ALBUFEIRA RUI SINEL DE CORDES |PASSEIO AMENDOEIRAS EM FLOR | BIENAL DE TURISMO DE NATUREZA 1 LOULÉ DESIGN LAB | FESTIVAL AL-MUTAMID | MISERICÓRDIAS REUNIRAM-SE EMINFORMATIVO ALBUFEIRA ALGARVE #190
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CONTEÚDOS #190 16 DE FEVEREIRO 2019 48
ARTIGOS 10 - Mobilidade Partilhada 18 - Congresso Nacional de Misericórdias 28 - Estação Náutica do Baixo Guadiana 36 - Bienal de Turismo de Natureza 48 - Loulé Design Lab 64 - Passeio Amendoeiras em Flor 78 - Rui Sinel de Cordes 86 - Manuel Marques e Eduardo Madeira 100 - Festival Al-Mutamid 112 - Exposição Comenius 132 - Atualidade
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OPINIÃO 118- Paulo Cunha 120 - Mirian Tavares 122 - Adília César 124 - Ana Isabel Soares 126 - Vera Casaca 128 - Afonso Dias ALGARVE INFORMATIVO #190
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FARO LANÇA MOBILIDADE PARTILHADA PARA ALIVIAR CARGA DE AUTOMÓVEIS NA CIDADE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
oi dado a conhecer, no dia 11 de fevereiro, no terminal rodoviário «PróXimo», em Faro, o projeto de mobilidade partilhada implementado pelo executivo camarário liderado por Rogério Bacalhau, naquele que pretende ser “um salto em frente rumo a um futuro mais verde, feito de ALGARVE INFORMATIVO #190
mobilidade sustentada e de inclusão de novos meios suaves de transporte nos hábitos diários da comunidade local”, referiu o edil. E, embora existam ainda muitas arestas por limar, foram já apresentadas diversas medidas que determinam esse compromisso, sendo a primeira delas a subscrição da Carta de Princípios da Mobilidade Partilhada para Cidades Humanas, um documento 10
Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro
elaborado por um conjunto de ONG’s com o intuito de comprometer os decisores locais com o respeito pelo meio-ambiente, a mobilidade suave, a acessibilidade pública e a conectividade entre os subsistemas. Faro tornou-se, deste modo, a primeira cidade da Península Ibérica a subscrever este acordo global, o que colheu, inclusive, um sinal de agrado da parte da «mãe espiritual» desta carta, a guru mundial da mobilidade partilhada Robin Chase. Mobilidade partilhada cujos princípios são claros: planear as cidades e a mobilidade em conjunto; focar em mover pessoas e não carros; encorajar o uso eficiente do solo e dos veículos, faixas e passeios; envolver as partes interessadas na tomada das decisões; projetar com acesso para todos; evoluir rumo à emissão zero; cobrar 11
tarifas justas; gerar benefícios públicos via dados abertos; promover a integração e a conetividade dos modos de transporte; e incentivar a partilha de veículos autónomos, ou seja, todos aqueles que podem ser contratados para o transporte de pessoas e cargas urbanas. Para já serão 75 veículos, a distribuir por 10 locais estratégicos dentro da cidade, os designados hotspots, onde os utilizadores poderão levantar ou deixar a trotinete elétrica, sendo que o sistema arranca com a plataforma «VOI», estando o Município em articulação com a «Flash», a «TIER Mobility» e a «LIME» para entrarem também brevemente em funcionamento. “Hoje é um dia particularmente feliz porque acontece a primeira ação física, visível, do que ALGARVE INFORMATIVO #190
Sophie Matias, Vereadora da Câmara Municipal de Faro
temos vindo a trabalhar no âmbito do Plano Municipal de Transportes e Mobilidade, aprovado em Assembleia Municipal a 26 de novembro do ano transato. É um plano estratégico fundamental para Faro e que demonstra a perspetiva global que temos para a cidade e para o concelho”, afirmou Sophie Matias, Vereadora responsável pelos pelouros do Planeamento, Urbanismo e Mobilidade. “Estamos a introduzir novos meios suaves e partilhados de transporte nos hábitos da comunidade local, o serviço de trotinetes elétricas vai ser alargado nas próximas semanas e, até final do ano, queremos disponibilizar igualmente um serviço de bicicletas públicas. Faro não é uma cidade muito grande, rapidamente se consegue percorrer a pé, de trotinete ou de bicicleta, e o que cabe ao município é proporcionar condições para a utilização ALGARVE INFORMATIVO #190
desses meios em segurança”, reforçou a arquiteta de profissão. Para esse efeito está previsto, no Plano Municipal de Transportes e Mobilidade, a construção de seis quilómetros de novas faixas cicláveis e a remodelação de ciclovias e faixas já existentes, algumas de uso partilhado com carros. Posteriormente, a rede de infraestruturas cicláveis deverá ser alargada a outras áreas do território, nomeadamente às Gambelas, a cerca de oito quilómetros, onde se situa o maior dos dois polos da Universidade do Algarve. “Mais próximo do Verão queremos estender a utilização destes transportes suaves também à Ilha de Faro, na qual serão introduzidas Zonas 30, o que acontecerá igualmente em algumas zonas da cidade, nomeadamente na baixa, para 12
devolver mais espaços aos peões. Estamos a iniciar um percurso que se avizinha longo, mas desafiante, com muitos benefícios para todos”, adiantou ainda Sophie Matias. O sistema de bicicletas partilhadas a ser implementado está ainda a ser estudado no que toca aos equipamentos, ao modelo de negócio e à estrutura tarifária, mas será um sistema dock-less com hotspots e, por ser uma operação de maior risco que não atrai investidores privados, o pacote financeiro deverá ser assegurado pela própria autarquia, de modo a permitir um acesso mais alargado à população. Não basta, contudo, disponibilizar soluções
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alternativas ao automóvel particular e iniciar a transformação da rede de infraestruturas, há que motivar a população para uma participação ativa nesta mudança de hábitos. Para tal, o Município de Faro conta com o apoio da Universidade do Algarve e da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, conforme deixaram bem claro Saúl de Jesus, ViceReitor da UAlg e José Manuel Caetano, Presidente da Direção da FPCUB. Por tudo isto, o Presidente da Câmara Municipal de Faro, Rogério Bacalhau, não hesitou em considerar que este foi um dia crucial para Faro, “simbólico de
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uma determinação que temos em ver o nosso sistema de mobilidade evoluir no sentido da sustentabilidade, eficácia, acessibilidade e segurança, tirando partido das oportunidades que decorrem das recentes evoluções em termos de tecnologia, negócio, procura e governança”. “É um regresso dos investimentos ao setor dos transportes, com a aposta da autarquia e de um conjunto de entidades nossas parceiras na descarbonização do nosso concelho. Convém lembrar que foi em Faro que pela primeira vez Portugal teve, num circuito urbano, um autocarro 100 por cento elétrico”, frisou o edil farense. Rogério Bacalhau recordou que Faro é uma cidade cheia de história e de importância no contexto político, administrativo, económico, cultural e social, motivo pelo qual não vira costas às ALGARVE INFORMATIVO #190
suas responsabilidades no que ao ambiente e mobilidade diz respeito. “Hoje temos novos problemas nunca antes imaginados, como as alterações climáticas ou a economia digital e as plataformas que desafiam velhos modelos de negócio. Com este passo pioneiro esperamos que Faro abra as portas a uma nova realidade, acolhendo investimentos privados e inovando no que nos é possível, mas com a cautela de reconhecermos que muito iremos aprender neste período experimental que agora iniciamos”, declarou o presidente da Câmara Municipal, avisando que criar novas soluções também significa originar novos problemas. “Nesta primeira fase foram subtraídos nove lugares de estacionamento automóvel a favor destas soluções de mobilidade, onde se irão conseguir parquear, no 14
mínimo, oito trotinetes elétricas em cada lugar. Estamos conscientes dos custos que esta opção pode determinar em termos de imagem, sobretudo na opinião de quem todos os dias procura um lugar para estacionar numa cidade pequena para tantos automóveis”. A conseguir-se esta transição nos transportes, as pessoas vão deslocar-se de forma cómoda, segura, económica e contribuindo para a descarbonização da cidade de Faro, num esforço que é de todos, “dos poderes públicos e das pessoas, de mudança de hábitos”. “Estas alternativas não são uma solução em si, mas um complemento da rede de transportes públicos e de um conjunto de políticas que temos que implementar para tornar Faro mais acessível a todos. Problemas que têm de ser resolvidos, não só no concelho, mas a nível de toda a
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região, porque muitos daqueles que todos os dias trazem milhares de carros para a nossa cidade não residem nela. Faro tem a particularidade e felicidade de ter uma estação ferroviária dentro da cidade, o que torna muito fácil partir e chegar a Faro de comboio, é preciso é que eles existam, tenham condições de conforto e sejam apelativos. É necessário também ligar as cidades com rodovias condignas, ter mais e melhores transportes públicos, e nisso estamos empenhados, tanto o Município de Faro como a AMAL”, garantiu Rogério Bacalhau. “Faro fará a sua parte para construirmos um território mais seguro e confortável para as gerações que nos vão suceder, mas essencialmente para aquelas que hoje aqui habitam e nos visitam” .
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ALBUFEIRA ACOLHEU XIII CONGRESSO NACIONAL DAS MISERICร RDIAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Rui Gregรณrio/CMA
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lbufeira foi palco do XIII Congresso Nacional das Misericórdias, que reuniu no Palácio de Congressos do Algarve mais de 700 participantes e representantes da maioria das Misericórdias de todo o país. Durante quatro dias, de 7 a 10 de fevereiro, diversas individualidades da sociedade civil, políticos e empresários debateram os principais desafios do setor social, abordando temas relacionados com o envelhecimento da população, o papel da economia social, a sustentabilidade das Misericórdias, a cooperação e a relação com o Estado, o contributo das Santas Casas para o desenvolvimento do território nacional, o impacto da Lei de Bases da Saúde, as novas tecnologias na prestação de cuidados às pessoas idosas, entre outros. ALGARVE INFORMATIVO #190
“Felicito a Assembleia por uma adesão tão grande ao Congresso em representação das 398 Misericórdias nacionais e a expressiva participação a nível regional. 21 das 23 Misericórdias do Algarve colaboraram para a sua realização”, destacou Patrícia Seromenho, provedora da Santa Casa da Misericórdia de Albufeira, nas boasvindas aos congressistas, no final de tarde de 7 de fevereiro. O primeiro dia ficou marcado pelo Desfile das Irmandades, com início na Igreja Matriz de Albufeira após a Eucaristia presidida por D. Manuel Neto Quintas, Bispo do Algarve. A sessão de abertura, já no Palácio de Congressos, contou com a intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, que destacou o trabalho dos voluntários para a causa comum. “As Santas Casas das Misericórdias, disseminadas por todo 20
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o país, são um exemplo do papel interventivo e proativo no desenvolvimento das sociedades, através de ações fundamentais na infância e na velhice, não esquecendo o papel que desempenham no acompanhamento e apoio aos mais necessitados a nível económico e na carência física e mental”. ALGARVE INFORMATIVO #190
Um dos momentos mais marcantes do Congresso foi a intervenção do Presidente da República, que na sessão de encerramento lembrou que “durante cinco séculos ninguém conseguiu substituir o papel das Misericórdias”. “Passaram os regimes políticos, económicos, sociais e as Misericórdias foram vingando, não por uma mera 22
afirmação de história ou de passado, mas porque respondem a necessidades efetivas do presente e do futuro, e porque têm uma capacidade de rejuvenescimento intergeracional que surpreende tudo e todos”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa, recordando que “neste tempo de envelhecimento na sociedade portuguesa e, portanto, de mais exigentes cuidados continuados, estes 23
devem ser acolhidos no sector social, particularmente vocacionado para enfrentar este problema com rigor, com compromisso e sentido de missão”. O Chefe de Estado elogiou a iniciativa, afirmando que “estes encontros são uma forma de reacender o nosso compromisso ao serviço de Portugal”. “Há direitos fundamentais consagrados na ALGARVE INFORMATIVO #190
Constituição, cuja satisfação e garantia passa pelo vosso papel”, salientou Marcelo Rebelo de Sousa. As conclusões do Congresso foram apresentadas pelo provedor da Misericórdia de Setúbal, que referiu que “as cerca de 400 Misericórdias portuguesas, algumas com mais de 500 anos de existência, continuam hoje a ser úteis às comunidades que servem em todas as vertentes das denominadas políticas socias”. Fernando Cardoso Ferreira deu a conhecer que a “atividade diária das Santas Casas desenvolve-se na prestação de serviços de ação e proteção social a crianças, adultos, idosos e deficientes, no total de cerca de 150 mil utentes por dia e que empregam direta e indiretamente mais de 100 mil trabalhadores, aos quais acrescem as largas dezenas de milhares de cidadãos que quotidianamente recorrem aos nossos hospitais e equipamentos de saúde”. ALGARVE INFORMATIVO #190
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Destaque ainda para as intervenções de Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), de José Silva Peneda, presidente da Assembleia Geral da UMP, e de José Vieira da Silva, 25
Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que discursou sobre «O papel do setor social no desenvolvimento das políticas sociais no Estado Português». ALGARVE INFORMATIVO #190
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ESTAÇÃO NÁUTICA DO BAIXO GUADIANA JUNTOU PARCEIROS PARA AFINAR ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
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onsciente de que o turismo se tem vindo a afirmar, de forma continuada, como sector prioritário para Portugal, e reconhecendo a valia dos recursos e potencialidades que o país apresenta em matéria de turismo náutico, a Fórum Oceano lançou um projeto tendo em vista o desenvolvimento, promoção e certificação de Estações Náuticas, que constituem uma rede de oferta turística náutica de qualidade, organizada a partir da valorização integrada dos recursos náuticos de um território e da sua promoção e divulgação. Para além disso, devem agregar entidades locais e regionais identificadas com um território, nomeadamente marinas e portos de recreio, clubes náuticos, administrações locais, entidades regionais e locais de turismo, operadores marítimoturísticos, estabelecimentos hoteleiros e de restauração, entre outros, que devem constituir um modelo inovador de diversificação da oferta turística, do combate à sazonalidade, do aumento do gasto por visitante, da imagem de referência e qualidade e da promoção conjunta ao nível nacional e internacional. A iniciativa beneficiou do enquadramento fornecido pela FEDETON – Federação Europeia de Destinos Náuticos, gestora da rede internacional das Estações Náuticas, e a Associação Naval do Guadiana foi uma das entidades portuguesas contatadas pela Fórum Oceano com vista ao nascimento da Estação Náutica do Baixo Guadiana (ENBG), a quem foi entregue o certificado no dia 16 de novembro do ano transato, tendo como principais parceiros os quatro municípios portugueses do Guadiana, ALGARVE INFORMATIVO #190
designadamente Vila Real de Santo António, Castro Marim, Alcoutim e Mértola, assim como o Ayuntamiento de Ayamonte e a Região de Turismo do Algarve. E a missão é clara, a criação de uma nova forma de descobrir o levante algarvio, combinando desporto e atividades complementares sempre em contato com o rio, o mar e a natureza. Atividades como a vela, kitesurf, windsurf, padel surf, wakeboard, ski aquático, jet ski, parasailing, canoagem, 30
João Fernandes, Conceição Cabrita e Luís Madeira
snorkeling, mergulho, quads, paintball, aluguer de embarcações, excursões marinhas, pesca e a manutenção, reparação e parqueamento de embarcações. Todas estas atividades são combinadas com serviços complementares como o alojamento, a gastronomia local, o cicloturismo ou o pedestrianismo, contribuindo para uma experiência única. A ideia, então, é otimizar as infraestruturas 31
já existentes no território para se dinamizarem novos mercados, o que pode acontecer com a introdução da vertente náutica no Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António e a criação de um Centro de Alto Rendimento de Vela e Canoagem. O Rio Guadiana, a Baia de Monte Gordo e o início da Ria Formosa são, por isso, um cenário ideal para os amantes da náutica e dos desportos aquáticos, enquadrando-se as 50 milhas ALGARVE INFORMATIVO #190
navegáveis 365 dias por ano do Rio Guadiana com o litoral atlântico de areia fina e águas cristalinas. “O vasto território que esta estação alberga e as suas condições naturais merecem que ele seja trabalhado de uma forma mais eficaz e que conduza a resultados muito melhores do que os alcançados até à data”, defendeu Luís Madeira, presidente da Associação Naval do Guadiana, durante o primeiro Conselho da ENBG.
porque a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António disponibilizou, desde o primeiro momento, um quadro para trabalhar a tempo inteiro neste processo. Julgo que estamos um passo à frente das outras Estações Náuticas que foram certificadas em Portugal, mas o futuro está dependente do empenho dos municípios e dos parceiros”, voltou a frisar o dirigente associativo.
Longe vão os tempos em que toda esta zona vivia da indústria conserveira, agora é o turismo que pode alavancar a economia local, mas Luís Madeira frisou que esta Estação Náutica será aquilo que os parceiros aderentes desejem que ela seja. “O êxito depende do empenho de todos, porque falta uma oferta integrada e de qualidade. A Associação Naval do Guadiana assumiu a iniciativa de avançar com este projeto, bem como os custos inerentes, mas tudo isto só foi possível
O projeto foi, como referido, prontamente abraçado pelo Município de Vila Real de Santo António, por ser “importante para todo o território do Baixo Guadiana”, salientou a edil Conceição Cabrita, lembrando que ainda no dia anterior tinha reaberto o antigo Hotel Guadiana e mais projetos hoteleiros estão em andamento. “Este projeto é mais uma valência para valorizar todas as potencialidades em redor do Rio Guadiana e irá contribuir
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para a redução da sazonalidade”, manifestou a autarca vila-realense, antes de passar a palavra a João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, um dos parceiros institucionais da ENBG. “É um conceito de integração da oferta com critérios de qualidade, que vai desde o alojamento à capacidade de construção naval, passando pela cultura e desporto, e que é claramente conciliável com a estratégia definida pela Região de Turismo do Algarve para a diversificação da oferta deste destino. Para além dos atrativos principais do «Sol e Mar», «Golfe» e «Turismo Residencial», que já estão consolidados, há que criar oportunidades para captar outros visitantes”, defende João Fernandes. O Presidente da Região de Turismo do Algarve destaca, igualmente, o facto desta aposta na náutica beneficiar também o interior da região, ou seja, concorre para
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uma maior coesão territorial. “Já foi feito um trabalho interessante pela Associação Naval do Guadiana no que toca à oferta existente, mas é importante também analisar qual o seu desempenho, até porque, por vezes, temos dificuldade em aferir qual o número de embarcações, a sua nacionalidade, o tempo de permanência, o gasto médio. Há que conhecer de uma forma mais profissional quem nos procura, para depois conseguirmos dar uma resposta à altura da exigência, mesmo do ponto de vista do marketing promocional”, frisou João Fernandes. “Existe uma multiplicidade de atividades possíveis de desenvolver no Baixo Guadiana, não só na época baixa, mas também para os mercados para os quais já existem acessibilidades aéreas e junto dos quais o Algarve tem uma forte notoriedade” .
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BIENAL DE TURISMO DE NATUREZA REGRESSA PARA PÔR AS PESSOAS A REFLETIR SOBRE O PATRIMÓNIO NATURAL Texto: Daniel Pina |Fotografia: Daniel Pina e Comunica.me
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Pavilhão Multiusos de Aljezur acolhe, de 22 a 24 de fevereiro, a II Bienal de Turismo de Natureza, organizada pela Associação Vicentina e a sucessora do primeiro encontro realizado em 2014, no âmbito do Plano de Desenvolvimento Rural, numa altura em que se apostava muito na diversificação das atividades dos territórios rurais. “A agricultura decresceu, o que deu origem a algum despovoamento, e tentou-se fixar as populações e criar-se novas atividades económicas nestes territórios ambientalmente qualificados. Apareceram incentivos ao investimento na área do turismo de natureza, nasceram microempresas, a oferta começou a estruturar-se, mas de forma ainda incipiente, com baixo volume de negócio, sem grande expressão em termos económicos e turísticos”, recorda Aura Fraga, presidente da direção da Vicentina. Com o evoluir do tempo mudaram as motivações relativas ao turismo, os visitantes davam mais importância ao contacto com o património natural dos territórios, com a cultura local, os recursos endógenos, o que conduziu a uma maior estruturação destes produtos, levando a Vicentina, a In Loco e a «Terras do Baixo Guadiana» a levar por diante a primeira Bienal de Turismo de Natureza. “Estamos sempre preocupados com o desenvolvimento dos territórios de baixa densidade – embora eu prefira chamá-los territórios rurais – portanto, é preciso dar-lhes oportunidades para ALGARVE INFORMATIVO #190
fomentarem atividades económicas e fixarem populações. Aquele encontro foi uma forma de afirmar que já existia uma expressão significativa de empresas a trabalhar neste produto turístico, reunimos à volta de 100 expositores num evento interessante”, conta a entrevistada. Cinco anos depois regressa a Bienal de Turismo de Natureza, um hiato de tempo justificado porque se trata de uma organização complexa e que envolve um orçamento expressivo. Em simultâneo, as próprias entidades do setor e os municípios começaram a dar mais valor e a promover este tipo de turismo, o que foi diminuindo a 38
necessidade de se repetir o evento. A segunda edição nasce, então, por iniciativa da Vicentina, aproveitando os fundos disponíveis do PADRE - Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos da AMAL e da CCDR Algarve. “Estamos a falar de investimento público para alavancar os investimentos privados que são feitos nos territórios de intervenção das ADL – Associações de Desenvolvimento Local e a Vicentina achou por bem propor, para além de outros projetos intermunicipais, a realização de mais duas edições da Bienal de Turismo de Natureza, em parceria com grande parte dos municípios e entidades da região”, explica Aura Fraga. 39
O certo é que, nos últimos anos, dispararam as iniciativas, os programas, os planos de apoio ao turismo de natureza, seja da parte do poder central ou do poder local, porque se percebeu a tremenda riqueza que existe, nesta matéria, no Algarve, mas também porque os turistas começaram a procurar este tipo de produtos. “Uma coisa puxa a outra. Se temos oferta, percebemos que há procura e, se há procura, verificamos que existe uma oportunidade para se criar essa oferta. Cada vez os turistas valorizam mais o património natural e cultural e os produtos locais, ao invés de estarem num sítio descaracterizado, sem ALGARVE INFORMATIVO #190
ligação ou contato com a cultural local. Fala-se muito do desenvolvimento do interior, um conceito a que sou um bocadinho resistente porque, na minha opinião, temos apenas um território, embora com características diferentes. Essa divisão entre interior e litoral é sempre um pouco discriminatória e tem efeitos na imagem que se transmite às populações e às pessoas em geral”, alerta a dirigente associativa. Mudaram-se os tempos e as motivações, mas o Turismo de Natureza continua a ser um nicho, “mas um nicho importante e que pode ser qualificado, interessante, em termos de oferta e procura”, observa Aura Fraga. “Quando se faz turismo de natureza, as pessoas vêm à procura da cultural local e de encontrar quem a transmita com qualidade e rigor. Isso implica trabalhar com biólogos, geólogos, historiadores, é necessário um cruzamento de áreas de saber para se qualificar a oferta”, entende Aura Fraga,
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acrescentando que a seleção de Aljezur para acolher a Bienal de Turismo de Natureza 2019 foi meramente instrumental. “Pedimos opiniões, falamos com todos os municípios, procuramos um consenso. Há quem pense que o evento deve acontecer sempre no mesmo local, outros pensam que deve mudar de sítio, mas a Bienal não existe para se promover um concelho em particular, mas toda a região, e pretende ir ao encontro de todos os stakeholders que trabalham nesta área, das instituições responsáveis pela gestão do turismo, dos municípios responsáveis pela gestão do território”, aponta a entrevistada.
COM A SUSTENTABILIDADE EM CIMA DA MESA Organizar o evento não foi tarefa fácil, porque inclui um ciclo de debates com
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as principais entidades certificadoras de turismo sustentável, nacionais e internacionais, de forma a proporcionar um olhar sobre o potencial do Algarve, com enfoque nas áreas da Rede Natura 2000, para se afirmar como um destino turístico sustentável a nível social, económico e ambiental. Irão acontecer,
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igualmente, mesas redondas com decisores e especialistas da região em debate e reflexão conjunta sobre uma visão para o território, assente num desenvolvimento sustentável. E muito mais, garante Aura Fraga. “Estamos a preparar o evento há dois anos, porque quisemos reunir as pessoas,
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colocá-las a refletir sobre as tendências atuais em termos de Turismo de Natureza, fazer alguma transferência de conhecimento, e o que está na ordem do dia é a sustentabilidade. As Nações Unidas lançaram os objetivos do desenvolvimento sustentável, a Organização Mundial do Turismo indicou 2017 como ano para a sustentabilidade no turismo. Sendo assim, procuramos desenvolver um programa que contribuísse para a reflexão sobre um tema atual e necessário”, sublinha a responsável da Vicentina. Um programa que contempla os stakeholders do Algarve, mas também do resto do país, para se conhecer o que se vai ALGARVE INFORMATIVO #190
fazendo noutros territórios, nomeadamente no que toca às certificações em redor da sustentabilidade, salienta Aura Fraga. “Ao longo da nossa pesquisa percebemos que há quem já trabalhe na certificação de destinos sustentáveis e entendemos que é importante partilhar esses casos. Teremos cá muitos especialistas e entidades que vão acrescentar valor à nossa reflexão para compartilhar, tanto no ciclo de debates, como nas mesas redondas e nas oficinas. É uma reunião para partilha de conhecimentos e estabelecimento de parcerias”, reforça. “Primeiro temos que compreender o que é a 42
sustentabilidade e encontrar instrumentos e metodologias de trabalho, só depois é que convém recorrer aos fundos disponíveis. Falamos todos de sustentabilidade, mas, na prática, como é que montamos um negócio sustentável e que contribua para 43
os objetivos sustentáveis de uma região? É preciso primeiro transferir-se conhecimentos, encontrar-se consensos, para se aplicar no dia-a-dia no desenvolvimento dos negócios e na gestão das empresas e instituições”, defende Aura Fraga. ALGARVE INFORMATIVO #190
A presidente da Vicentina aponta, entretanto, que todo o Turismo pode, e deve ser sustentável, e não apenas o Turismo de Natureza, embora neste caso a urgência seja maior por viver de um património natural que deve ser mantido. “Se o Turismo de Natureza crescer de forma descontrolada e insustentável torna-se autofágico, vai ele próprio consumir os seus recursos. As modas são importantes porque geram uma maior dinâmica que permite que os produtos sejam sustentáveis do ponto de vista económico, para que haja uma procura com expressão significativa. Mas é preciso que haja um planeamento estratégico para que o Turismo de Natureza cresça de forma controlada e ALGARVE INFORMATIVO #190
que permita o equilíbrio entre a sustentabilidade ambiental, social e económica”, considera, o que leva a conversa de regresso à Bienal de Turismo de Natureza. “Teremos cerca de 50 oficinas, muitas delas sobre o Património Natural, cujo valor continua a ser desconhecido pelos próprios algarvios. Convém não esquecer que mais de 40 por cento da região é Rede Natura 2000”, evidencia Aura Fraga, adiantando ainda que gerir empresas vocacionadas para o Turismo de Natureza tem as suas próprias especificidades e desafios. “O fundamental é que a oferta seja clara e honesta, de modo a não defraudar as expetativas dos clientes” . 44
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LOULÉ DESIGN LAB ESTÁ A SER UMA AGRADÁVEL SURPRESA E MUDA-SE EM BREVE PARA O PALÁCIO GAMA LOBOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® e Município de Loulé ALGARVE INFORMATIVO #190
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riado, em 2017, pela Câmara Municipal de Loulé no âmbito do projeto «Loulé Criativo», o Loulé Design Lab assumese como um laboratório de criação e experimentação que tem como objetivo apoiar ativamente ideias e projetos na área do design aplicado à cultura local, contando com a sinergia de uma rede alargada de parceiros. E não foi preciso muito tempo para se confirmar o mérito da iniciativa, com as expetativas da autarquia a serem correspondidas no terreno, muito embora a fasquia fosse alta. “O impacto, sobretudo externo a Loulé e ao Algarve, que o Loulé Design Lab tem tido surpreende-nos às vezes, porque está muita gente a olhar para nós e a tentar perceber o que se faz por cá. Tem sido um trabalho bastante interessante, mas queremos que a comunidade louletana esteja ainda mais atenta a ele”, referiu, em início de conversa, a Diretora Municipal Dália Paulo. Várias conferências e workshops abertos à comunidade e lojas pop-up têm dado a conhecer o trabalho realizado pelos cerca de 20 designers incubados no Loulé Design Lab, mas a mudança, em abril/maio, para o Palácio Gama Lobos de todo o projeto «Loulé Criativo» será uma alavanca adicional a esta dinâmica. De qualquer modo, o desafio de recuperar uma série de tradições do concelho de Loulé que corriam o risco de desaparecer está a ser bem-sucedido, do mesmo modo que fazia todo o sentido, para o executivo liderado por Vítor Aleixo, aliar as novas correntes de design ao saber fazer dos mais antigos. ALGARVE INFORMATIVO #190
“Para se criar emprego e desenvolver social e economicamente o concelho não bastava recuperar as técnicas tradicionais e fazer as coisas à moda antiga. Tínhamos que perceber quais as necessidades reais dos cidadãos modernos e a forma como estes 50
materiais e utensílios os podiam atrair … e tudo isso está ao alcance dos designers. Mas os artesãos são fundamentais para se saber o que cada material permite fazer, até onde se pode ir em cada artefacto”, salienta Dália Paulo. “Tem sido um processo natural 51
que, felizmente, está a atrair pessoas com outra forma de olhar para os materiais endógenos. Não queremos esgotar o território, mas trabalhar com ele de modo sustentável, porque a economia circular é um conceito que a Câmara Municipal de Loulé está ALGARVE INFORMATIVO #190
empenhada em desenvolver e implementar”. A Diretora Municipal entende, assim, que esta ligação entre artesãos e designers é um “casamento perfeito para darmos resposta às necessidades dos tempos modernos e mesmo daqueles que estão a caminho”. E para este sucesso muito tem contribuído Henrique Ralheta, responsável operativo do Loulé Design Lab, falando de “dois mundos com diferenças óbvias, mas reunidos num projeto comum”. “Somos um género de mediadores quando se juntam estas duas partes, como conhecedores do território e dos objetivos maiores do projeto. Uma das nossas principais missões é ajudar a fixar uma comunidade criativa em Loulé, ALGARVE INFORMATIVO #190
dando-lhes condições para que possam desenvolver o seu trabalho. Em contrapartida, os criativos participam para um banco de horas que é usado em prol da comunidade, através de workshops e das atividades regulares do «Loulé Criativo». E a comunidade funciona, de facto”, garante o entrevistado. “Os designers estão cá dentro em diálogo uns com os outros e daí nascem projetos conjuntos. Mas tudo fica mais rico e gratificante com a proximidade com os artesãos, porque sentimos que há uma efetiva evolução do ponto de vista económico e social”, observa. Henrique Ralheta julga que o artesanato ficou, nos últimos tempos, 52
«preso» a um mercado da memória, sendo que, no concelho de Loulé, predominam os artefactos e utensílios de uso comum, um uso comum que se transformou com o passar das décadas. “Não queremos que se olhe para essas peças de uma forma nostálgica, pretendemos, sim, atualizar a produção, só que esta transformação não pode ser radical. A inovação tem que surgir em passos pequenos, é algo que fazemos questão de transmitir aos designers que chegam de fora do território, porque as alterações repentinas deixam as pessoas que trabalham sem bases”, justifica, com Dália Paulo a acrescentar que, neste diálogo, se está na presença de “duas pessoas com especialidades distintas, uma que sabe fazer, e a outra que conhece as tendências e necessidades atuais da sociedade”. “Como em tudo na vida, é um encontro onde não se pode
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forçar nada. Tudo começa com uma escuta ativa sobretudo dos designers, que vão para o terreno ouvir, aprender, experienciar como se faz, perceber quais as potencialidades e os limites dos materiais. Com essa postura ganham a confiança dos artesãos e estes compreendem também que, com esta parceria feliz, podem criar uma nova capacidade de geração de emprego e bem-estar. O que queremos verdadeiramente é que os artesãos, sejam os novos ou os mais experientes, se envolvam neste projeto”, sustenta a Diretora Municipal. “Está-se a conseguir criar, no Lab, um novo olhar sobre profissões que, até há bem pouco tempo, eram encaradas como as profissões dos avós. Temos aqui pessoas de fora do Algarve, de várias áreas profissionais, das novas gerações, que querem aprender estas artes e ofícios”. ALGARVE INFORMATIVO #190
RESULTADOS PRÁTICOS, MAS COM ESPAÇO PARA A EXPERIMENTAÇÃO Na prática, conforme indica Henrique Ralheta, estamos a falar de «design colaborativo», em que duas áreas diferentes funcionam como pares, em pé de igualdade, uma metodologia que demora tempo a criar resultados. “Há que conhecer primeiro as pessoas, as técnicas, as motivações, o contexto local, os desafios em sentido mais macro, e depois é que se começa a trabalhar. Não estamos a falar em impulsos estéticos ou algo semelhante e os designers que querem vir para o Lab devem ter esse perfil. Ainda há pouco tempo tivemos cá uma conferencia sobre biodesign com a 54
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Ana Mestre, olhámos transversalmente para os nossos projetos e constatámos que estavam todos perfeitamente alinhados com as melhores práticas da sustentabilidade. A forma como a criatividade ganha corpo neste espaço é intrínseca ao nosso território e aos tempos que vivemos”, analisa, satisfeito, o responsável pelo Loulé Design Lab, onde estão incubados artesãos mais inventivos, e outros que trabalham mais os modelos convencionais, com as devidas variações, mas com menor propensão para a inovação. “Mas existe uma disponibilidade geral para o diálogo e para se transmitirem os conhecimentos, como se comprova pela quantidade enorme de workshops que dinamizamos”. De qualquer modo, a ideia do Loulé Design Lab não é atrair «designers estrelas», assegura Henrique Ralheta, mas sim pessoas com vontade de trabalhar em ALGARVE INFORMATIVO #190
parceria e com propostas sustentáveis, que se tornem exequíveis, que deem lugar a produtos reais que possam ser comercializados. Isso não significa que o Lab esqueça a sua função de experimentar, da descoberta por tentativa e erro. “Há criação de conhecimento nesta comunidade criativa onde o erro e a experimentação estão mais controlados, porque existe um objetivo muito concreto de gerar emprego. Com isso em mente, os artesãos e designers tentam minimizar os riscos, mas este é um espaço onde podem, no início dos seus projetos, fazer as experiências que bem entenderem”, afiança Dália Paulo. “É uma questão de doseamento programático”, sublinha Henrique Ralheta, com um sorriso. “Sabemos qual é a nossa função e onde queremos estar. Muitas das primeiras experiências pretenderam levantar 56
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material e massa crítica e gerar exposições e pensamento. Agora é o tempo de concretizar, de haver uma consequência económica, mas o nosso projeto não se esgota no curto prazo e queremos criar fundações e raízes. Desejamos estar próximos das universidades, levantar questões mais complexas, perceber os caminhos das profissões e pensar sobre o futuro e nisso tudo é importante a experimentação”, considera Henrique Ralheta. Em paralelo tem sido conduzido um trabalho de aproximação a redes nacionais e internacionais e às academias do pensamento, tem-se apoiado investigadores e dissertações de mestrado de pessoas que se querem aproximar deste 59
universo. Universidades de onde saem todos os anos novos designers, portanto, resta saber se têm aparecido também novos artesãos e produtos comercializáveis. “Estamos a ter resultados, mas é um longo caminho e seria ingenuidade nossa acharmos que já tínhamos cruzado a meta. Temos novos artesãos e claramente que há um interesse comercial nas nossas peças, a maior preocupação é trabalhar para tornar essa faturação relevante e sustentável. Uma das nossas guerras é atrair novas gerações para profissões com futuro”, manifesta o entrevistado. “Portugal não teve uma revolução industrial tão extrema como outros países e o mundo todo está a interessar-se por artes e ofícios que ALGARVE INFORMATIVO #190
ainda temos em funcionamento. Ao mesmo tempo, no mundo do design criou-se uma nova forma de estar em relação à profissão, os makers, pessoas que concebem e produzem as suas próprias peças. O Loulé Design Lab trabalha em colaboração com as cinco oficinas do «Loulé Criativo», onde estão os artesãos, mas aqui dentro do laboratório temos os tais makers, alguns até autodidatas, com vontade de meter a mão na massa e de dar identidade aos seus produtos. São projetos que respeitam o «comércio justo», as melhores práticas de sustentabilidade”, enfatiza. O Município de Loulé sabe, então, o caminho que se pretende seguir com o Loulé Design Lab, que é algo que demora tempo e que deve ser feito de forma consistente, para não defraudar as expetativas dos vários designers e artesãos que nela participam. E a mudança do «Loulé Criativo» para o Palácio Gama Lobos vai ser, sem dúvida, uma mais-valia numa cidade historicamente de comércio, onde se iam ver as últimas novidades, recorda Dália Paulo. “Este ano e meio surpreendeu-nos. Cada semana temos mais pessoas interessadas em vir para o Loulé Design Lab, novos contatos para se encetar parcerias internacionais, novos convites para explicarmos o projeto fora de portas. E o Palácio Gama Lobos estará equipado com oficinas e ALGARVE INFORMATIVO #190
espaços de workshops que o Convento Espírito Santo não possui”, adianta a Diretora Municipal, com Henrique Ralheta a confirmar que a nova «casa» permitirá atrair mais participantes em residências criativas. “Vamos poder ter no Lab uma turma de faculdade, acolher um investigador durante dois meses, trazer um grupo de estrangeiros para pensar nos desafios do nosso artesanato. E toda a equipa do «Loulé Criativo» vai estar junta e num diálogo mais contínuo”, destaca, com Dália Paulo a realçar ainda os espaços permanentes de exposição e venda que estão abertos ao público. “Temos muitas ideias para que cada exposição mereça ser visitada, de modo a fortalecer a ligação à comunidade”, finaliza .
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AMENDOEIRAS EM FLOR LEVARAM MAIS DE MIL PESSOAS À SERRA ALGARVIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: ARCDAA - Valter Afonso e Tiago Cristo
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s amendoeiras em flor levaram mais de mil pessoas à Cumeada da Alta Mora, para participarem nos dois passeios pedestres promovidos pela Associação Recreativa, Cultural e Desportiva dos Amigos da Alta Mora (ARCDAA), nos dias 3 e 10 de fevereiro. Este ano, pela primeira vez, a ARCDAA optou por realizar dois passeios para conseguir responder ao número de interessados, que aumenta de edição apara edição. Aproveitando uma das paisagens mais bonitas desta estação, a iniciativa prima por dinamizar o interior do concelho de Castro Marim, contribuindo para a promoção de todo o potencial natural e desportivo da região da serra algarvia. Depois dos vales, montes, ribeiras e campos de amendoeiras, os participantes desfrutaram de um almoço-convívio, numa tarde muito divertida, com direito a um baile animado pelo «Duo Reflexo». Decorreu também, nos dois dias de passeio pedestre, um mercadinho com venda de produtos locais (doces, cestos, empreita, compotas, chouriços, queijos, etc.), que atraiu os olhares para outras maravilhas do algarve interior, a gastronomia e o artesanato. A atividade teve início em 2005, numa altura em que os passeios pedestres pela natureza começavam a dar os primeiros paços, tendo sido abraçada por esta associação com sede na antiga Escola Primária de Alta Mora, pequena localidade do interior da Freguesia de Odeleite, no concelho de Castro Marim, onde residem ALGARVE INFORMATIVO #190
pouco mais de uma centena de pessoas. “Com o objetivo de dinamizar este «pequeno canto» do concelho conhecido por Cumeada de Alta Mora, onde o despovoamento, a desertificação e o envelhecimento da população se fazem sentir, à semelhança do que acontece em todo o interior algarvio, os poucos jovens residentes decidiram, em 2003, dar as mãos e avançar com a criação da ARCDAA, para dar a conhecer as suas 66
paisagens, cultura, artesanato e preservar as tradições locais”, conta o presidente da direção, Valter Matias. Foi neste contexto que surgiram os primeiros passeios pedestres, tendo como elemento chamativo as seculares amendoeiras em flor, que ao longo das últimas décadas foram sendo progressivamente abandonadas, mas que ainda teimam em resistir às difíceis condições de sobrevivência a que são 67
sujeitas, “resultado da falta de limpeza de lenhas secas, falta de lavoura e fertilização, da não apanha dos frutos e da presença de secas cada vez mais prolongadas”, observa o dirigente, reconhecendo que, no início, não foi fácil levar pessoas a caminhar pelo meio da serra, entre vales, ribeiras e montes, “onde ainda ninguém se tinha aventurado a desvendar os encantos e maravilhas naturais escondidas por detrás destes montes e vales”. ALGARVE INFORMATIVO #190
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Caminhar não estava na moda e ir para o interior era desprestigiante e «assustava» as pessoas, recorda Valter Matias, mas o certo é que, volvidos poucos anos, já os participantes se aproximavam da centena, depois apareceram os primeiros espanhóis, logo seguidos dos holandeses, belgas e alemães. Através da publicidade em meios de comunicação e, especialmente, através do «passa palavra», o grupo foi crescendo e, a partir de 2013/14, contava com mais de 200 participantes, a maioria espanhóis. “Nos últimos três anos o número ultrapassou os 400 participantes e começamos a temer que não íamos conseguir receber tanta gente e continuar a oferecer a qualidade que tínhamos proporcionado até então. Avançamos com obras de 69
ampliação no espaço da sede, adquirimos módulos sanitários e reforçamos os pedidos de apoio logístico junto da Câmara Municipal de Castro Marim. Muitas pessoas externas à associação, nomeadamente familiares, amigos dos sócios e população local, começaram a oferecer-se para auxiliar e, com o reforço logístico e as novas ajudas, foi possível continuar a reforçar a imagem de qualidade dos nossos passeios”, sublinha Valter Matias, no rescaldo de mais uma jornada de passeios, desta vez em dose dupla. A decisão de avançar para duas datas gerou, contudo, algum receio, a ideia de que não se iriam ultrapassar as 300 ALGARVE INFORMATIVO #190
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inscrições por passeio. Tal não sucedeu e, logo em dezembro, assim que se começou a divulgar o evento, o enorme número de interessados em participar fez-se logo sentir. “Para o passeio do dia 3 de fevereiro alcançamos rapidamente as 450 inscrições, tendo sido recusadas várias, pois achávamos que no passeio de dia 10 haveria menos gente e, portanto, lugar para todos. Ainda assim, no dia 3, mesmo não participando na parte do convívio, houve um grupo de 60 pessoas proveniente de Lisboa que nos acompanhou na caminhada, um grupo que há vários anos visita Alta Mora nesta altura do ano”, relata Valter Matias. E para o passeio de 10 de fevereiro mais uma vez as expetativas foram largamente 71
ultrapassadas, pois num instante se passou das 500 inscrições. “Só de Huelva vierem três autocarros com 164 pessoas, a somar aos mais de 150 espanhóis que se inscreveram individualmente, provenientes de várias partes da Andaluzia (Sevilha, Isla Cristina, Lepe, Ayamonte, Huelva, Vila Blanca, etc,). No primeiro passeio contamos com a presença de 145 estrangeiros de diversas nacionalidades (holandeses, belgas, alemães, ingleses, italianos, franceses e suecos), sendo que, no dia 10, participaram 55”, indica o dirigente. Convém esclarecer que o sucesso desta atividade não advém apenas dos ALGARVE INFORMATIVO #190
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passeios pedestres, mas de toda a dinâmica instalada em torno da organização, de onde sobressai a enorme vontade e empenho que os sócios da associação e as gentes locais da terra. “Mesmo não sendo sócios, com idades acima dos 65 anos e algumas com 80 anos, dão o seu melhor para receber de braços abertos todas as pessoas que visitam Alta Mora, com muito amor, felicidade e alegria”, agradece Valter Matias, dando o exemplo das centenas de fatias douradas, acabadas de sair da frigideira, que são servidas ao pequenoalmoço, acompanhadas de café. Mas os almoços à base de grelhados acompanhados com papas de milho à moda antiga (Xarém) são outra referência que também não é esquecida. 73
A organização para esta atividade é enorme e conta com a ajuda de cerca de 50 pessoas (sócios, não sócios, familiares, amigos, conhecidos), todos voluntários, com um forte espírito de união, que arregaçam as mangas e se entregam de forma apaixonada à organização dos vários eventos. Também a questão ambiental não é esquecida, existindo um esforço evidente para que estes outros eventos se tornem cada vez mais ecológicos e amigos do ambiente. “Nesta edição foram colocados de parte os copos, pratos e talheres de plásticos, que foram substituídos por copos de esmalte e cerâmicos, pratos cerâmicos e talheres de inox”, atesta Valter ALGARVE INFORMATIVO #190
Matias, falando com nítido orgulho deste caso de sucesso, um exemplo claro de que o Algarve tem mais coisas para visitar e promover do que o sol e praia. “É prova também de que a sazonalidade pode ser combatida com atividades do género e que a desertificação e despovoamento do interior poderão igualmente ser revertidas com estas ações ligadas ao Turismo de Natureza. Para isso é necessário olhar com mais atenção para aquilo que temos à nossa volta e dar-lhe o devido valor. Neste caso são as amendoeiras, mas existem tantos ALGARVE INFORMATIVO #190
outros recursos que podem ser explorados e tornarem-se em atrativos e fontes de dinamização do interior algarvio”, acredita o presidente da direção da ARCDAA . 74
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Rui Sinel de Cordes trouxe Memento Mori ao Teatro das Figuras Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova
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mestre do humor negro português, Rui Sinel de Cordes, regressou ao Algarve, no dia 8 de fevereiro, a um palco que bem conhece, o Teatro das Figuras, em Faro, para apresentar o seu mais recente espetáculo de standup comedy. «Memento Mori» é o nome do sétimo produto a solo do comediante e, muito embora o título aponta para a morte, trata-se de um espetáculo sobre a vida e o que fazemos dela. Acima de tudo, é mais um solo original de um humorista que não tem jeito para escrever sinopses, como o próprio assume. No palco, é imperdível, e isso mesmo constatou a assistência do Teatro das Figuras . ALGARVE INFORMATIVO #190
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MANUEL MARQUES E EDUARDO MADEIRA: QUE DELICIOSO PAGODE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
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duardo Madeira e Manuel Marques subiram ao palco de um Auditório Municipal de Albufeira completamente esgotado, no dia 9 de fevereiro, para uma noite de puro deleite humorístico, uma comédia com música à mistura que certamente deixou muita gente com dores de barriga de tanto rir… jornalista incluído. A promoção do espetáculo deixava antever gargalhadas a rodos, dizia que se ia falar sobre a sociedade, a política e o desporto, de assuntos que marcam a atualidade e que normalmente fazem parte do cardápio de qualquer show de stand-up comedy que ALGARVE INFORMATIVO #190
se preze. Mas a dupla que estamos habituados a ver na televisão no programa «Donos Disto Tudo» superou todas as expetativas. Comédia que é comédia é para se ver ao vivo, está mais que provado, especialmente quando estamos na presença de dois artistas da tarimba de Eduardo Madeira e Manuel Marques. Porque, embora haja, obviamente, um script, um alinhamento pré-definido – convém para se evitar a rebaldaria completa – a verdade é que, no calor do momento, perante a reação sempre incerta do público, a dupla rapidamente se deixou levar por um improviso 88
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genuíno que não se consegue replicar na televisão. E tudo resulta na perfeição porque Eduardo e Manuel se conhecem há largos anos, estão sobejamente habituados a pisar palcos em conjunto, a trabalhar lado a lado, portanto, não se perdem um do outro, para onde um vai, o outro de imediato segue, com ALGARVE INFORMATIVO #190
naturalidade, e imensa piada, para deleite da assistência. O espetáculo foi, conforme anunciado, bastante musical, pois Eduardo Madeira gosta imensa da sua guitarra e, mesmo não sendo um virtuoso do instrumento, não deixa de ser bastante competente no seu manuseio. Depois, as letras 90
sarcásticas, hilariantes, sobre assuntos mais ou menos polémicos, desde o clima que anda maluco às desventuras de Cristiano Ronaldo, de um suposto casamento gay cigano às habituais trafulhices dos «donos disto tudo». A seu lado, as vozes, os tiques, as coreografias desvairadas de Manuel Marques, não ensaiadas, porque até o próprio Eduardo ficava pasmado com as performances do
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companheiro de palco. E, quando assim acontece, não há quem resista, é o pagode completo, em cima e fora do palco. Fora do palco para onde foi também Eduardo Madeira, para pânico de muitos, porque nunca sabemos a quem vai «tocar a fava», quem vai ser alvo das perguntas do humorista, ou como nos
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vamos comportar quando nos metem o microfone à frente. Um microfone que, acredite-se, até entrou pela goela adentro de Eduardo Madeira em alguns temas, foi impressionante. E o homem ficou completamente fora de si ao perceber que tinham ficado três Ilda’s sentadas praticamente umas ao lado das outras, sem se conhecerem. Coincidências bizarras. Nisto tudo, Manuel Marques dificilmente se conseguia controlar, acredito que não é fácil manter uma postura séria quando se tem um gozão como Eduardo Madeira ao lado. Mas não é isso que se quer num espetáculo da boa e saborosa stand-up comedy. Quer-se doidice com bom gosto, sem nunca se ALGARVE INFORMATIVO #190
ultrapassar os limites, algo que a dupla faz com mestria. Resumindo, Eduardo Madeira e Manuel Marques, ou Manuel Marques e Eduardo Madeira, garantiram uma extraordinária noite de risadas constantes a quem foi ao Auditório Municipal de Albufeira na noite de 9 de fevereiro e é daqueles espetáculos que não faz mal nenhum ir ver mais do que uma vez. Com a certeza de que será sempre diferente, porque nenhum público é igual, todas as cidades geram sensações distintas à dupla, todos os dias acontece algo novo a desafiar a língua afiada dos humoristas . 92
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MÚSICA E DANÇA AFRO-ÁRABES REGRESSARAM A LOULÉ COM O XIX FESTIVAL AL-MUTAMID Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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XIX Festival AlMutamid passou pelo Cine-Teatro Louletano, no dia 9 fevereiro, com o grupo Muhsilwan, um trio de músicos muçulmanos de raiz afro-árabe e com componentes naturais do continente africano: Muhammad el Bouzidi (Marrocos), Wafir Sheikheldin (Sudão) e Aboubakar Syla (Guiné Conacri). Loulé acolheu, assim, um espetáculo assente em temas tradicionais dos países de onde são originários os músicos e que são interpretados com instrumentos de enorme beleza visual e sonora, acompanhados igualmente pela bailarina ALGARVE INFORMATIVO #190
de dança oriental e tribal Sonia Sampayo. O festival, que surgiu em 2000, aposta em sonoridades que durante séculos invadiram bazares, medinas e palácios da região do Algarve, então conhecida como Gharb Al – Andalus. É também uma homenagem ao rei poeta Al– Mutamid, filho e sucessor do rei de Sevilha Al-Mutadid, que foi nomeado governador de Silves, com apenas 12 anos, tendo aí passado uma juventude refinada. Excelente poeta, Al–Mutamid foi o mais liberal, magnânimo e poderoso de todos os taifas de AlAndalus . 102
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EXPOSIÇÃO «COMENIUS E A ARTE DE ENSINAR EM PORTUGAL» JÁ PODE SER DESFRUTADA NA BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® exposição «Comenius e a Arte de Ensinar em Portugal» já passou pelas cidades de Barcelona e Málaga, em Espanha, e de Bolonha, em Itália, e chegou agora ao Algarve, mais concretamente à Biblioteca da Universidade do Algarve, em Faro, depois de ter estado nos últimos meses no Porto. Comenius, pedagogo do séc. XVII, pai do ensino pictórico, pensador universalista defendia que se deve "ensinar, tudo a todos e totalmente", uma premissa que ALGARVE INFORMATIVO #190
continua válida nos dias de hoje. A sua principal obra, a «Ditacta Magna», ainda é lida e vendida em várias línguas à escala global. Tendo o ideário de Comenius sido absorvido pela maçonaria e influenciado outros pedagogos como Maria Montessori, esta exposição apresenta-se no Algarve acrescida de valor, porquanto estabelece uma proximidade ao trabalho do messinense João de Deus, autor da Cartilha Maternal. A exposição foi inaugurada no dia 6 de fevereiro, na Biblioteca da Universidade 112
do Algarve, seguindo-se uma palestra sobre esta temática que contou com as presenças de Saúl Neves de Jesus, ViceReitor, e de Carla Vilhena, ambos da Universidade do Algarve; e de Francisco Casanueva Freijo e Eduard Berga, da Fundação Rosacruz. A mostra vai ser acompanhada, em alguns momentos da sua permanência no Algarve, por livros raros, alguns deles primeiras edições. "Pelo facto da exposição circular no Algarve durante vários meses seguidos, não será possível ter sempre os mesmos livros, e nem sempre os livros mais antigos, em exposição durante muito tempo. Alguns têm 200 anos e é necessário que estejam em repouso e com pouca exposição à luz. Não obstante, está a ser diligenciado junto da Rede de 113
Bibliotecas do Algarve a exposição dos mesmos títulos, mas de edições mais recentes, de modo a ser possível uma verdadeira representatividade do legado cultural de Comenius e de João de Deus”, explica a organização. A exposição estará patente, na Biblioteca da Universidade do Algarve, até 28 de fevereiro, viajando depois para a Casa Museu João de Deus, em São Bartolomeu de Messines (8 a 22 de março), regressa a Faro (7 a 19 de setembro) e termina o seu périplo pelo Algarve no Centro de Interpretação de Vila do Bispo (5 de outubro a 13 de dezembro) .
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«NÃO» a qualquer tipo de violência doméstica! Paulo Cunha (Professor) uero crer que se algum de vós perguntar a um transeunte (homem) que passeia na rua se é misógino, metade não responderão por não saber o significado da palavra e a outra metade responderá, convictamente, que não. Misoginia é o nome dado para a antipatia, o ódio, o desprezo, preconceito ou a aversão às mulheres. A palavra tem origem na junção dos termos gregos miseó, que significa ódio, e gyne, palavra que se refere às características femininas, sendo que alguns estudiosos destacam que a misoginia só se aplica àquelas que não correspondem a um certo «ideal» do que significa ser mulher - por exemplo, ser uma boa mãe ou uma boa esposa. Não acreditando que, na generalidade, os homens portugueses sejam misóginos, todos nós (homens) temos latentes características comportamentais que indiciam a herança de séculos de machismo historicamente comprovado e registado. Tal como noutras situações-limite que nos alertam para a descriminação, abandono e menosprezo pelos mais desprotegidos, é preciso depararmo-nos e confrontarmo-nos com as notícias que periodicamente nos alertam para determinado eventos (que - finalmente fazem soar o gongo do alerta público) para prestarmos atenção ao que sempre nos rodeou, mas teimámos em ignorar. Todos os anos, quando as mortes de várias mulheres são motivo de notícia em ALGARVE INFORMATIVO #190
Portugal, registamos uma imensa consternação e preocupação públicas, às quais se juntam as palavras dos governantes que, na sua passagem pelo cargo, dizem e escrevem o que todos querem ouvir e acreditar. Entretanto o tempo passa e tudo fica na mesma… ou pior, pois não há pior situação que a sensação de falsa segurança, defesa, representação e proteção. Como sabeis, o machismo é o comportamento, expresso por opiniões e atitudes, de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre os géneros sexuais, favorecendo e enaltecendo o sexo masculino. Já muito foi debatido e escrito sobre esta maleita que, geracionalmente, teima em perpetuar-se - de forma encapotada, maliciosa e dissimulada - em muitos lares deste país. Lares que, a coberto das velhas frases do tipo “entre marido e mulher ninguém mete a colher!”, se tornam espaços desprotegidos onde, veladamente, o crime passa a ser consentido. Assim sendo, porque razão não passamos das palavras aos atos, dando sentido aos pressupostos que alicerçam uma sã vivência em comunidade? Embora seja importante penalizar eficazmente - o machismo, urje combater todas as causas que ajudam a eternizá-lo. Existem hoje, em Portugal, mais mulheres vítimas de maus tratos a viver em centros de acolhimento e de apoio do que homens a cumprir as devidas e 118
merecidas penas por terem infligido os citados maus tratos. Por mais importante que seja escrever e ler estas palavras, tornase imperioso tomar medidas efetivas para que este flagelo deixe de, periodicamente, constituir as parangonas dos meios de comunicação e redes sociais. Para que isso aconteça é necessário que a educação, a prevenção, a proteção, a defesa e a justiça constituam mecanismos que garantam a salvaguarda dos plenos direitos da mulher enquanto ser humano. Muitos dos «ismos» me preocupam, mas este (o machismo) em particular - coloca o dedo numa ferida social que não para de crescer. Por mais aulas de Formação Cívica e de Cidadania e Desenvolvimento que se ministrem nas escolas, nada se consegue fazer perante os maus exemplos que são aprendidos entre as quatro paredes (fechadas) de muitos lares deste país e, inevitavelmente, são transportados para o namoro e posteriormente para o casamento. Seguindo a lei do 119
(fisicamente) mais forte, estas realidades serão replicadas de geração em geração, e acabarão, invariavelmente, da pior maneira. Saber dizer «NÃO!» na altura certa é, a meu ver, a melhor defesa. Para que violência verbal, emocional, psíquica e física acabem duma vez por todas… em casa e fora dela! . ALGARVE INFORMATIVO #190
OPINIÃO
As sem razões do amor Mirian Tavares (Professora) “Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários”. Carlos Drummond de Andrade
sta semana comemorou-se o dia de São Valentim. Chego à sala de aulas, nesta data festiva e ouço dois alunos a falarem, um deles muito triste porque não tinha com quem sair na noite em que todos trocam coraçõezinhos e flores. Eu lhe recomendei comer chocolates. Não substitui o amor, é certo, mas consola e ajuda a passar o tempo. Perguntei aos alunos se eles sabiam quem tinha sido o tal Valentim e porque se comemora, neste dia, o amor. Nenhum me soube responder, mesmo tendo à disposição toda a informação de que necessitam, mas lhes faltava a curiosidade. Afinal, que interessa saber quem foi São Valentim? E que esta é uma nova tradição, importada dos países anglo-saxônicos, reproduzida nas comédias românticas e em filmes, ou séries afins? O que interessa é ter alguém que lhe mande flores, chocolates, ursos de peluche gigantes e muitos corações. E que tenham com quem ouvir juntos a última balada que fala do amor da vida de alguém que foi embora, mas que voltou a tempo de jantar e todos foram felizes para sempre. Porque não se trata de amor, este dia, trata-se da sua representação mais esfuziante e ruidosa, ALGARVE INFORMATIVO #190
trata-se de decorações pirosas e de declarações nem sempre sinceras, mas que fazem parte do pacote. Porque o amor, que deveria ser o sujeito celebrado nesta data, não se encontra à venda. É algo que acontece ou não. É algo que é ou nunca será. Porque o amor não cabe num talvez, num pode ser, num quem sabe. Só existe quando é intenso, e imenso, e celebra-se a toda hora, não espera o dia certo, não se comporta à mesa do jantar, nem se conforma com prendas de ocasião. Quando ele, o amor, decide instalar-se, escolhe um canto prazenteiro e soalheiro, como aquelas salas da casa dos avós que só eram abertas às visitas. Resguardadas por cortinas espessas, portas fechadas e silêncio. Aquelas salas que, em criança, eu espreitava enquanto todos dormiam a sesta - a casa parecia vazia. Pé ante pé, andava por ali, sem fazer barulho e tudo era diferente, novo, outra casa na mesma casa. E o amor instala-se, mesmo sem darmos por isso, num canto assim. Ou noutro qualquer. Num sábado à tarde, pelas 17h54, entre ramos de buganvíleas. Mas não se instala quando pedimos por ele e nos esquecemos de nós. Quando o que queremos é a sua representação cor de rosa, com data marcada. O amor acontece, quando tem de acontecer. E enquanto não vem, o melhor é comer chocolates. Já dizia o poeta, que entendia de amor, de pessoas, de relações falhadas, de metafísica… E de chocolates . 120
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OPINIÃO
Casimiro de Brito - O Poeta do amor Adília César (Escritora) “Sou poeta, um vaso aberto a todas as águas”. Casimiro de Brito, in catálogo da Exposição Entre Mil Águas: Vida Literária de Casimiro de Brito, I FLIQ
asimiro de Brito foi o autor homenageado no I Festival Literário Internacional de Querença, e foi nesse contexto de festa da cultura que o conheci, em agosto de 2016. Vi um homem jovial, comunicativo, atento aos pormenores e profundo conhecedor dos diferentes cenários onde a Literatura se move – a escrita, a crítica, a divulgação, o reconhecimento por parte dos outros. Vi a sua pose de poeta do amor e da claridade. Ao mesmo tempo, tive a percepção de um homem simples, demarcado das vaidades que poluem os guetos literários e possuidor de uma apurada sensibilidade humana. Casimiro de Brito evidencia um produtivo interesse no âmbito do «haiku» (tradução e criação), sendo o seu trabalho muito apreciado no japão, traduzido em japonês, premiado e homenageado, tendo recebido o prestigiado Prémio Mundial de Haikus da World Haiku Association. A este respeito, diz-nos Zlatka Timenova, na sua conferência apresentada por ocasião do FLIQ 2016 e registada no respectivo catálogo do evento: “A língua japonesa favorece a ambiguidade, uma das características fundamentais do «haiku». As línguas europeias e o pensamento europeu não cultivam a ambiguidade, mas na poesia ALGARVE INFORMATIVO #190
temos uma tradição forte. O «haiku» europeu é possível porque existe uma consciência anterior à língua como instrumento. Assim, a beleza das cerejeiras em flor corta a respiração dos japoneses e dos europeus da mesma maneira. Porquê? Diz o Casimiro: Não sabemos se a terra está vazia ou cheia? estamos nus no meio do caminho” (in Através do ar, 2007) Que mais nos diz Casimiro sobre a intensidade das coisas belas, o amor, o erotismo, a mulher amada? Deixo-vos cinco fragmentos do seu livro «Flor Interior», editado pela Eufeme em 2017: 1 Melhor do que o vinho tua flor interior para amar me dobro 4 Olho para a mulher como se tivesse sido cego a vida inteira 6 Mergulho na voz dela e nada – vou em busca das águas profundas 15 Em silêncio se abrem a flor o lago a boca da minha amada 122
24 Não sei ler mas li as páginas do teu corpo de olhos fechados (…) Casimiro de Brito é poeta, romancista, contista e ensaísta. Nasceu em Loulé, em 1938. Teve várias profissões, mas presentemente dedica-se em exclusivo à literatura. Começou a publicar em 1957 (Poemas da Solidão Imperfeita) e, desde 123
então, publicou mais de setenta títulos, em Portugal e em outras trinta línguas. Esteve ligado ao movimento «Poesia 61», um dos marcos mais importantes da poesia portuguesa do século XX. Colabora nas mais prestigiadas revistas de poesia e tem obras suas incluídas em cerca de duzentas e quarenta antologias publicadas em diversos países. Ganhou diversos prémios literários. Participou em inúmeros recitais, festivais de poesia, congressos de escritores, conferências, um pouco por todo o mundo. Foi fundador e vice-presidente da Associação Portuguesa de Escritores. Foi fundador e presidente da direcção da Assembleia Geral do P.E.N. Clube Português. Em 2006, foi nomeado Embaixador Mundial da Paz, no âmbito da Embaixada Mundial da Paz, sediada em Genebra. Foi agraciado com a Ordem do Infante pela Presidência da República. A sua poesia completa até 2000 vai ser brevemente editada pela Imprensa Nacional . ALGARVE INFORMATIVO #190
OPINIÃO
Do Reboliço #26 Ana Isabel Soares (Professora) Venho da ilha dos vidros da praia dos diamantes ando no mundo perdido pelos teus olhos brilhantes Pelos teus olhos brilhantes pelo teu rosto de prata ter amores não me custa deixá-los é que me mata
resposta. Ia para o éter, que era donde as vozes vinham, afinal. A avó, na lida pela cozinha ou a costurar, fazendo horas os dois para a deita, não interagia tanto. Mas atenta a tudo. Tanto, que, em estando ao tanque, cantava as cantigas que tinham passado na cozinha nas noites anteriores.
(popular)
uve a rádio, o Reboliço – não há dia em que não. Acorda com a rádio, adormece com a rádio – às vezes, mesmo se anda pela rua, deixa-se ligada a rádio para que ele, em voltando a casa, ouça as vozes que ficaram de conversa ou de canção. Alguma coisa que lhe deixou o moleiro: já velho, depois do jantar, punha em cima da mesa a telefonia e deitava a cabeça sobre os braços, ao lado dos altifalantes, ouvindo os locutores, os cantores, todas as alegrias e dores que iam passando. (Quando foi da televisão, que lha levaram pequena lá para casa, fazia o mesmo: a cabeça entre os braços, meio deitado em cima da mesa como dizia aos netos que não se podia fazer, e escutava o aparelho como se da rádio se tratasse). Respondia, o velho cansado, sempre com educação. Se diziam “Boa noite, senhores ouvintes”, tornava um arrastado “Bô nôôôte”. Sabia, com certeza, que não o ouviam – não era por isso, era mesmo por achar uma falta de gentileza ficar aquela simpatia sem ALGARVE INFORMATIVO #190
Lembra-se – ah, como se lembra o Reboliço!, parece que a ouve agora – da voz da avó, clara, um nadinha tremida se via que a estavam ouvindo, ir pela branca manhã ensaboada: “Maria... são teus olhos azeitonas... cachopa... são teus lábios quaaaaal cereja”, como tinha, na rádio, escutado cantar. A voz da avó era assim mesmo, lisa e clara como a pele dela: com a água do alecrim é que a lavava, e lá vinha, avó, “alecrim, alecrim aos molhos, por causa de ti choram os meus óóólhos”. Homens que viessem ajudar nos trabalhos do moinho, em dias de tarefas mais pesadas, pegavam nas cantigas que a rádio não passava (mas que agora passa, o Reboliço ouve-as da janela para fora da casa do moinho, «os alentejanos» da Rádio Pax aos domingos de manhã): “O sol é que alegra o dia...” Cantigas alegres – as canções sempre são alegres, pensa o Reboliço, mesmo quando é de mágoa que falam (“Vem a morte, leva a gente – quem não há de ter paixão?”). Se alguém tem música, é que tem, ainda que esteja funda em si, alguma corda de contentamento, o saber que vive. (Era assim o avô da aldeia, pouco riso, mas assobiava um dia inteiro.) 124
Foto: Vasco Célio
A avó, no tanque, vai pelo andar do sol: “Trai, ó la-ri-lo-lé, trai, ó la-ri-lo-lé, quem quiser casar comigo tem de saber dar ao pé”. Riem-se os netos, o Reboliço fecha em sorriso os olhos. À tardinha, já no cansaço, retoma e acaba, sumida quase a voz não por pudor, mas porque entoa os 125
versos de um fôlego só, “e os teus seios cachos de uva que abandonas... à vindima desta boca que os deseja” . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #190
OPINIÃO
O Passado: A Essência da Personagem Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) embro-me de quando fiz uma masterclass com David Mamet (encenador, argumentista, realizador), este defendia que as personagens para ele só existiam no momento do filme e acabavam quando este terminava. Ele não concebia o antes e depois. Ao invés, eu sinto uma necessidade vital de entender o que moldou a personagem, ou pelo menos os pontos chaves que a esculpiram até ao momento em que a imagem surge na tela. Acredito que, tal como na «vida real», não aparecemos do nada caídos do céu. Existe um conjunto de circunstâncias, existe um passado, uma história e traços genéticos que nos conferem diferentes personalidades. Toda a exposição a elementos culturais, geográficos e momentos pessoais são os ingredientes que se misturam para dar origem a quem somos. Isto é verdade também para as nossas personagens. Normalmente escrevo pequenas biografias de personagem, ou seja, um curto parágrafo onde me vão surgindo ideias sobre momentos do «passado» da personagem onde a visualizo a ter certas atitudes, dizer determinadas palavras e a experienciar situações. Atualmente encontro-me a escrever um guião, ou melhor, ainda estou na fase de «desenhar» as personagens. Do processo de escrita de argumento provavelmente este é um dos momentos que mais me entusiasma. Faz-me sentir totalmente livre para cogitar cenários sem regras e fazer perguntas à personagens sobre a sua situação laboral, experiências sexuais, fobias, perguntas específicas sobre a infância, sobre o seu ALGARVE INFORMATIVO #190
comportamento, desejos, falhanços, sistema de valores, tiques, linguagem corporal e por aí adiante. Quando compreendemos profundamente os seus medos, sonhos e complexidades conseguimos embebê-las de verdade, da sua verdade ficcional. As personagens são a força motriz da história e sem estes pilares de betão o guião torna-se numa massa disforme. É a compreensão do ferro e da textura destes pilares que nos permite explorar os famosos «arcos de personagem» onde esta se transforma ao longo do filme. Naturalmente estes pilares são flexíveis e muito se descobre e transforma durante o processo de filmagens e no trabalho com actores dedicados. Outro ponto importante é que, mesmo inconscientemente, o espectador tende a sentir-se entediado por personagens unidimensionais. Assim, o argumentista deve fugir a sete pés desta armadilha e alocar o tempo essencial enriquecer as suas personagens. E isto é totalmente independente do género de filme. Mesmo nas comédias mais disparatadas as personagens devem querer determinada coisa porque têm uma motivação que brotou da sua essência. O argumentista é o capitão deste barco criativo. Não se torna capitão no momento em que pisa o navio, assim como não deixa de ser o capitão se o navio se afunda, ou com sorte, chega a bom porto. Assim acredito que as personagens não têm os «anos de vida» delimitados pela sua longevidade na tela, são muito mais velhas. E algumas são tão boas que chegam à imortalidade . 126
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OPINIÃO - POEMAS CONTADOS
Violência Afonso Dias (Poeta, Autor de Canções, Cantor, Dizedor de Poesia)
“É
fraqueza entre ovelhas ser leão”. Assim definiu Camões a violência dos fortes sobre os frágeis, dos poderosos sobre os desvalidos. Uma infâmia
das mais vis.
No momento em que escrevo – 17h30 do dia 13 de fevereiro – tenho notícia da morte, só neste ano, de nove mulheres e de uma menina, vítimas da chamada violência doméstica. Assassinadas por alguém com poder e cobardia bastante para agredir, até à morte, criaturas mais fracas. Desprotegidas por uma teia burocrática indiferente, um poder político palavroso e lamuriento, uma justiça paquidérmica e autista, volta e meia salpicada de fundamentalismo religioso como no caso do tal juiz(?) Neto Moura que “invocou a Bíblia, o Código Penal de 1886 e até civilizações que punem o adultério com a pena de morte” para ilibar um acusado de violência extrema contra a esposa. Mas o mais preocupante é saber da aceitação da violência, dita doméstica, como coisa natural por um número elevadíssimo de homens, mulheres e jovens. Pelas próprias vítimas. Por uma incultura enviesada e milenar que contraria as próprias regras naturais de comportamento. É raro assistir-se a agressões de machos a fêmeas no mundo animal, especialmente entre os mamíferos, a que pertencemos. Pois entre os humanos ainda “é de homem” bater na mulher e nos filhos (e na mãe, e no pai…); ainda é um “direito que ele tem” desde sempre; ainda vigora o “entre marido e mulher...”; a regra do “ninguém tem nada com isso”. ALGARVE INFORMATIVO #190
Tenho ainda informação, por um estudo recente e credível, que uma elevadíssima percentagem de jovens de ambos os sexos – cerca de 50 por cento - já foi vítima de algum tipo de violência no namoro. E que acha isso natural. E dou por mim afogado em inquietações: Como se chegou aqui? Que tipo de sociedade produz estas aberrações? Que caminhos seguir para estancar esta enxurrada de pesadelo? E vamos a tempo? Deve-se proteger as vítimas ao menor sinal? Claro! Deve-se punir com rigor a maldade? Claro! E que mais? Que pedagogia se tem de produzir, paciente e sistematicamente, junto dos jovens, desde a mais tenra idade? Que fazer para que dentro das casas se vá instalando um clima mais sereno, respeitoso e civilizado? Mas, é claro, mesmo querendo ser optimista, não deixam de bater à porta da consciência uns quantos tormentos: a pobreza extrema, o desemprego, o elogio da brutalidade, a marginalidade, o abandono escolar, a iliteracia, que são excelentes aliados da violência. Da doméstica e de toda. E estes não são outros assuntos. São as questões cruciais. A sociedade devia ser uma orquestra: afinada e harmónica. Ainda não é . 128
menina entre mulheres mãe, avó, desdém e pai a fingir morreu a menina nove vezes sangue no garrote de ódio mulheres de sombra 129
homilia doce não cura venenos não recua as horas morreu a menina fora da estatística era pequenina 7.2.2019 ALGARVE INFORMATIVO #190
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ATUALIDADE
MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA INVESTE PERTO DE 450 MIL EUROS NA REPAVIMENTAÇÃO DE CAMINHOS EM FERREIRAS Câmara Municipal de Albufeira investiu perto de 450 mil euros na repavimentação de vários caminhos na Freguesia de Ferreiras. A empreitada, que abrangeu uma extensão de aproximadamente 16 quilómetros, contemplou a pavimentação de diversos arruamentos com tapete betuminoso na faixa de rodagem, zonas de serventias e estacionamentos, bem como a construção de bermas/valetas e o reforço de sinalética em alguns locais. Os trabalhos, que tiveram início em novembro do ano passado, ficaram totalmente concluídos em meados do mês ALGARVE INFORMATIVO #190
de janeiro. “O melhoramento e reabilitação da rede viária de Albufeira continua a bom ritmo. Depois de no início do mês termos anunciado a execução da empreitada de Repavimentação de Caminhos em Paderne, cujas obras se encontram praticamente terminadas, estamos agora em condições de apresentar a conclusão dos trabalhos de repavimentação de caminhos na Freguesia de Ferreiras, uma intervenção que consideramos de enorme significado, tendo em consideração o crescimento da freguesia”, refere José Carlos Rolo. 132
O presidente da Câmara Municipal de Albufeira frisa que se trata da freguesia que, a seguir a Albufeira, mais cresceu nos últimos dez anos, tendo passado de 4.951 residentes em 2001 para 6.406 residentes em 2011 (dados do último recenseamento do INE), o que implica uma enorme pressão ao nível das infraestruturas básicas (habitação, educação, prestação de serviços), com particular incidência no desgaste da rede viária. As obras, que já se encontram totalmente concluídas abrangeram as seguintes vias: Caminho do Monte Velho, Estrada da Cotovia e Caminhos adjacentes, Caminho do Cotovio; Caminho
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do Monte Espinho; Associação de Moradores, Rua e Beco do Tominhal, Rua da Ferreirinha e Beco das Amendoeiras, Caminho Fernando Alves dos Santos e Rua do Alto do Alpouvar, Rua do Monte Espinho, Caminho junto à EN125, no Pinhal do Concelho e Beco do Celeiro .
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ATUALIDADE
CASTRO MARIM ENTREGOU FARDAMENTO A SERVIÇOS EXTERNOS E MOTORISTAS
Câmara Municipal de Castro Marim entregou, no dia 8 de fevereiro, o primeiro fardamento a 72 funcionários, motoristas e afetos aos serviços externos do Município, mas já foram também entregues aos funcionários da Piscina Municipal, Pavilhão Municipal, auxiliares do 1.º ciclo e colaboradores na área do desporto. O principal objetivo desta medida é associar a imagem institucional do Município aos serviços prestados, numa valorização das atividades e responsabilidades desenvolvidas por estes funcionários. Por outro lado, o fardamento é fundamental para a proteção individual dos funcionários que, dependendo das suas funções, se encontram muitas vezes em situações de risco, como exposição ao ruído, poeiras, radiações, contacto com substâncias perigosas ou exposição a atmosferas com oxigénio rarefeito.
necessidades mais frequentes, nomeadamente vestuário que facilite a visualização do trabalhador de dia e de noite, com tecidos fluorescentes e/ou refletores, vestuário para proteção térmica (polares, blusões e fatos impermeáveis) e vestuário anti-estático e ignífugo. Cada trabalhador fica também responsável pelo preenchimento de uma ficha de risco e das condições do seu equipamento. A iniciativa representou um investimento de cerca de 35 mil euros para o Município de Castro Marim, uma média de 500 euros por trabalhador, e integra-se num conjunto de outras medidas que estão a ser promovidas, como o melhoramento e valorização dos locais de trabalho, com o objetivo de proporcionar um maior bem-estar individual e otimizar os níveis de motivação, envolvimento e compromisso das equipas .
O vestuário entregue vai de encontro às ALGARVE INFORMATIVO #190
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ESTÁ CONCLUÍDA A REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO EXTERIOR DA CRECHE E JARDIM DE INFÂNCIA DE CASTRO MARIM Câmara de Castro Marim concluiu recentemente as obras de requalificação do espaço exterior da Creche e Jardim de Infância de Castro Marim. O recreio é agora vivido com maior entusiasmo e alegria, num lugar multifuncional e que responde às necessidades de desenvolvimento das diferentes faixas etárias da Creche e Jardim de Infância. Foram projetadas cinco zonas distintas: o espaço central, com os equipamentos infantis; um relvado; uma zona de hortas pedagógicas; o terreiro; e a área técnica exterior. Foram também executados trabalhos no âmbito de drenagem de águas residuais e da rede de águas
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pluviais. O investimento total rondou os 165 mil euros, comparticipado pelo CRESC Algarve 2020, apoiado por Portugal e União Europeia, com uma taxa de cofinanciamento de 50 por cento pelo FEDER. A par da requalificação no espaço exterior da Creche e Jardim de Infância de Castro Marim, a Câmara Municipal procedeu também, em 2018, à aquisição de um novo mobiliário para sala de refeições do espaço. Mais moderno e adaptado às necessidades das crianças, o espaço da sala de refeições tem agora equipamentos mais resistentes, impermeáveis e de fácil lavagem e desinfeção .
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ATUALIDADE
CAETANO VELOSO E FILHOS REGRESSAM A PORTUGAL E PASSAM POR FARO aetano Veloso e os seus filhos, Moreno, Zeca e Tom, regressam a Portugal com o mundialmente aclamado espetáculo «Ofertório», que esgotou duas noites o Coliseu de Lisboa e uma o Coliseu do Porto no ano transato. Voltam agora, em julho, para mais seis concertos, um deles em Faro, no dia 10, no Teatro das Figuras.
ALGARVE INFORMATIVO #190 Foto: Marcos Hermes
«Ofertório» é uma celebração do amor pela música e pela família, numa comovente e generosa partilha com o público desde a sua estreia em outubro de 2017. Em julho atravessam o Atlântico rumo à Europa, depois de mais uma jornada de concertos no Brasil, Estados Unidos da América e nas edições do Lolapalooza em Buenos Aires e Santiago do Chile. “Há muito
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tempo que tenho vontade de fazer música junto a meus filhos publicamente. Desde a infância de cada um deles gosto de ficar perto. Cada um é um. Sempre cantei para eles dormirem. Moreno e Zeca gostavam. Tom me pedia para parar de cantar”, recorda Caetano Veloso. Indo por caminhos diferentes, todos se aproximaram da música a partir de um momento da vida. Moreno, que nasceu vinte anos antes de Zeca, formou-se em física. Tom, que nasceu cinco anos depois de Zeca, só gostava de futebol. Moreno e Tom já se profissionalizaram como músicos. Zeca, depois de passar parte da adolescência experimentando com música eletrônica, começou a compor solitariamente. “Faz uns anos, fiz, atendendo a um convite específico, um show com Moreno, que foi uma das melhores coisas que já aconteceram na minha vida. Neste show voltaremos a certas canções impossíveis de serem descartadas, como «Um canto de afoxé para o bloco do Ilê» ou «Sertão». Moreno tem uma linha criativa extremamente refinada. Os trabalhos com o grupo +2 são uma marca profunda e duradoura da sua geração. Seu disco individual é um dos mais belos exemplos de delicadeza da história da canção brasileira”, destaca Caetano Veloso, que pouco depois começou a fazer o trabalho com a Banda Cê e Recanto pra Gal. “Moreno esteve em todos esses projetos como produtor, trazendo sua sabedoria. No meio tempo, Zeca e Tom foram crescendo. Tom, no começo, nem ligava para a música. Hoje faz parte da banda Dônica e é, de nós quatro, o mais naturalmente dotado para as relações entre as alturas, os 137
tempos e todos os signos musicais. Zeca, que sempre adorou música, justo quando achava que não havia para si mesmo um caminho nessa atividade, compôs um grupo de canções comoventes”, prossegue o consagrado músico. No espetáculo do Teatro das Figuras, no dia 10 de julho, vão-se poder escutar algumas das canções que cresceram dos quatro, mas também algumas de Caetano Veloso escolhidas pelos filhos, casos de «O Leãozinho» e «Reconvexo». “Há clássicos de Moreno e canções novas de todos (inclusive minhas). Nas primeiras conversas, imaginamos chamar um pequeno grupo de músicos para enriquecerem os arranjos. Mas, ensaiando, decidimos ficar só os quatro no palco. O som será mais para o acústico e muito singelo. Eu sou o único que só toca violão. Os outros podem se revezar em alguns instrumentos. É um show familiar, nascido da minha vontade de ser feliz. Ter filhos foi a coisa mais importante da minha vida adulta. O que aprendi com o nascimento de Moreno - e se confirmou com as chegadas de Zeca e Tom - não tem nome e não tem preço, mas o nosso show também tem a responsabilidade de apresentar números com qualidade profissional. Creio que não somos uma família de músicos, como há tantas, dado o caráter comprovadamente genético do talento musical, mas seguramente somos músicos de família. Os shows são dedicados às mães deles, a Cézar Mendes e à memória de minha mãe”, declara Caetano Veloso . ALGARVE INFORMATIVO #190
ATUALIDADE
EMBAIXADOR DA PALESTINA EM PORTUGAL VISITOU LAGOA abil Abuznaid, Embaixador da Palestina em Portugal, visitou recentemente o concelho de Lagoa e deixou propostas para o encetar de relações entre o município algarvio e algumas estruturas do seu país, nomeadamente programas de intercâmbio entre equipas de jovens desportistas. O presidente da Câmara Municipal de Lagoa manifestou a sua disponibilidade para desenvolver esse tipo de programas, ficando ambas as partes incumbidas de iniciar o processo para a concretização dos intercâmbios de jovens. O edil Francisco Martins, acompanhado pelo restante executivo e Gabinete de Apoio, recebeu o Embaixador da Palestina
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numa sessão de cumprimentos oficiais e de troca de informação. Entre outros assuntos abordados esteve o municipalismo e as suas diferenças de funcionamento em Portugal e na Palestina. Francisco Martins aproveitou a ocasião para traçar uma panorâmica sobre o concelho de Lagoa, falando das suas perspetivas de desenvolvimento, e apresentou ainda a autarquia como estrutura de implementação das medidas para o referido desenvolvimento local e regional. Por fim, durante a troca de lembranças entre os dois representantes, o presidente da Câmara Municipal de Lagoa foi formalmente convidado pelo Embaixador da Palestina a visitar aquele país, numa próxima oportunidade .
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BOMBEIROS DE LAGOA RECEBEM NOVA AMBULÂNCIA DA AUTARQUIA presidente do Município de Lagoa, Francisco Martins, entregou, no dia 11 de fevereiro, ao presidente da Associação de Bombeiros de Lagoa, Joaquim Cintra Lima, uma nova ambulância para transporte de doentes de emergência e um atrelado com bomba de água adequada para casos de inundação. “Temos vindo a reforçar todos os anos o apoio aos Bombeiros de Lagoa porque sabemos da importância dos serviços que prestam. Mas, para que possam responder com os melhores serviços a quem deles necessita, os Bombeiros precisam de meios humanos, financeiros e técnicos”, disse Francisco Martins .
Encarnação, e pelos vereadores Ana Martins e Jorge Pardal, dirigiu-se ainda ao presidente da Associação de Bombeiros Joaquim Cintra Lima e ao comandante Vítor Rio para lhes agradecer o gesto de solidariedade assumido para com S. Domingos, Município Cabo-verdiano geminado com Lagoa do Algarve. Esta oferta solidária de Lagoa do Algarve que deverá consumar-se durante o próximo mês, traduz-se na entrega aos bombeiros Cabo-verdianos de um carro ambulância que, estando em bom estado de conservação, não pode ser usado em Portugal por não cumprir algumas normas legais portuguesas (como por exemplo ter os bancos orientados no sentido da marcha) .
O presidente da Câmara de Lagoa, acompanhado pelo vice-presidente Luís 139
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ATUALIDADE
SOLAR DA MÚSICA NOVA APOSTA NA FORMAÇÃO SOBRE ARTE PARA A INFÂNCIA ducadores, mediadores, músicos e outros artistas com interesse pela criação dirigida à infância têm a oportunidade de realizar, de 18 a 20 de fevereiro, a «Formação Transitiva GermInArte», ministrada pela Companhia de Música Teatral no recentemente inaugurado equipamento cultural da Câmara Municipal de Loulé, o Auditório do Solar da Música Nova. A formação será igualmente realizada nos mesmos dias, no período da manhã, na Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve (parceira do Cine-Teatro Louletano nesta aposta estratégica, desde 2017, na área da arte para a infância) com alunos da licenciatura em Educação Básica
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e do mestrado em Educação PréEscolar. A «Formação Transitiva GermInArte» integra-se no projeto «GermInArte Transformação Artística para o Desenvolvimento Social e Humano a partir da Infância», é composta por três módulos («Colos de Música», «Bebé Plimplim» e «Super-Sonics») e visa proporcionar, a todos os inscritos, vivências musicais que possam enriquecer a interação com bebés e crianças. Tendo como princípios basilares a teoria de aprendizagem musical e a conceção da música como instrumento de comunicação, os módulos propõem: atividades de
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movimento, de exploração vocal e de aprendizagem de canções e cantos rítmicos, atividades de escuta ativa, movimento e prática vocal; e atividades de escuta tímbrica, composição e performance musical com recursos sonoros não convencionais, valorizando o seu potencial expressivo e inclusivo. Além de poder possibilitar a fruição de momentos significativos de interação musical e o contato com outros profissionais do setor que lidam com a infância em diferentes contextos, a «Formação Transitiva GermInArte» explora instrumentos comunicacionais ao nível do corpo, da voz e da utilização de recursos sonoros diferenciados. A Companhia de Música Teatral regressará em março com a diretora artística Helena Rodrigues para proferir a conferência «Florir a Sul: Formação em Arte para a Infância Pós-GerminArte»,
onde irá partilhar reflexões e práticas de formação resultantes do projeto «GermInArte - Transformação Artística para o Desenvolvimento Social e Humano a partir da Infância», apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian entre 2015 e 2018. Todos os ensinamentos daí recorrentes visam agora ser transmitidos para permitir a qualificação de profissionais com diferentes perfis de formação em contato com a infância, os mesmos que poderão vir a adotar (como os então formandos adotaram) uma perspetiva holística na forma de abordar as práticas artísticas nos cuidados e na educação das crianças. Em regime intensivo acontecerá, de 1 a 7 de julho, também para profissionais que trabalham com a infância, a formação intitulada «Formação Imersiva Jardim Interior», para a qual estão já a ser aceites inscrições .
JÁ SE CONHECEM AS DATAS DO PRÓXIMO FESTIVAL MED s dias 27, 28, 29 e 30 de junho vão estar marcados na agenda deste ano dos festivaleiros, por ocasião do 16.º Festival MED, um dos maiores eventos europeus ligados à World Music e que regressa mais uma vez à Zona Histórica de Loulé. Como já é habitual, a música é o principal atrativo com um cartaz com grandes nomes da cena internacional das músicas do mundo, e também projetos novos e inovadores que trazem a Loulé muita irreverência artística que tanto agrada aos seguidores do Festival MED. 141
Os primeiros nomes do cartaz desta 16.ª edição serão anunciados em breve, mas, até lá, o Cine-Teatro Louletano recebe seis espetáculos com a chancela do Festival MED. O primeiro é já dia 9 de fevereiro, pelas 21h30, no âmbito do XIX Festival de Música Al-Mutamid. O trio Muhsilwan traz a música e dança afroárabe com destaque para as sonoridades do Sudão, Marrocos ou Guiné Conacri, países que, de resto, já tiveram representantes ao longo das várias edições do MED . ALGARVE INFORMATIVO #190
ATUALIDADE
NÚCLEO OPERACIONAL DO CONTRATO LOCAL DE SEGURANÇA DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL TRAÇA PLANO DE AÇÃO Núcleo Operacional do Contrato Local de Segurança de São Brás de Alportel reuniu, no dia 8 de fevereiro, no Salão Nobre da Câmara Municipal, para a definição do Plano de Ação para 2019 e para a apresentação do relatório de 2018 do projeto «Jovens Seguros - Famílias Felizes» que está a ser desenvolvido no seu âmbito. O plano de ação para 2019 integra um conjunto diversificado de ações, distribuídos por quatro eixos - redução das vulnerabilidades sociais, espaço urbano, prevenção da delinquência juvenil e promoção da cidadania - compromissos estabelecidos pelas diversas entidades ALGARVE INFORMATIVO #190
locais e da administração central descentralizada que integram o Contrato Local de Segurança, uma plataforma que procura rentabilizar os recursos da região, num trabalho em rede, em prol da promoção da segurança da comunidade. Combater a violência doméstica, prevenir a delinquência juvenil e os problemas associados ao alcoolismo e aos consumos de estupefacientes; responder aos desafios do envelhecimento da população; e melhorar a resposta aos crescentes problemas associados à doença mental são as prioridades da intervenção. O projeto «Jovens Seguros - Famílias Felizes», promovido pelo Município de 142
São Brás de Alportel, com financiamento do Ministério da Administração Interna, constitui exemplo das medidas lançadas por este Contrato Local de Segurança. Desenvolvido numa primeira fase, ao longo de 2018, sob coordenação local da Associação IN LOCO, com bons resultados, foi renovado, em 2019, para uma segunda fase, sob coordenação do Centro de Cultura e Desporto dos Trabalhadores da Câmara Municipal e Junta de Freguesia, mantendo os seus alicerces numa intervenção integrada junto dos jovens e das famílias e com novos desafios, nas áreas do empreendedorismo e da promoção da saúde. A reunião contou com a presença do adjunto da Secretária de Estado da Segurança, Ângelo Marques, do Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, da Vice-
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Presidente Marlene Guerreiro e do Vereador David Gonçalves; do chefe de unidade dos Serviços Sociais Municipais e da coordenadora do Grupo de Intervenção Sénior; do Presidente da Junta de Freguesia de São Brás de Alportel; do Comandante da GNR, da Coordenadora da Unidades de Cuidados na Comunidade, da Diretora Executiva do Agrupamento de Centros de Saúde ACES Central e da Delegada de Saúde Pública; do Presidente da Direção da IPSS local, Centro de Cultura e Desporto dos Trabalhadores da Câmara Municipal e Junta de Freguesia; de representantes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, do Centro Distrital da Segurança Social, da Direção Geral dos Estabelecimentos Educativos, da Administração Regional de Saúde do Algarve, da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens do concelho e da equipa técnica do projeto «Jovens Seguros - Famílias Felizes» .
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NOVOS EQUIPAMENTOS BENEFICIAM ATUAÇÃO DOS BOMBEIROS MUNICIPAIS DE TAVIRA Município de Tavira continua a apostar na melhoria da qualidade do serviço dos seus Bombeiros Municipais, desta vez com a aquisição de uma nova central de comunicações e equipamentos de proteção individual, que foram abençoados pelo reverendo Padre Rafael. A aquisição da nova central resulta num investimento de cerca de 21 mil euros e contribui para beneficiar o auxílio prestado à população, conferindo-lhe uma maior adequação às atuais necessidades, nomeadamente no que se refere ao ALGARVE INFORMATIVO #190
atendimento telefónico, às comunicações via rádio e às aplicações informáticas. Também a disponibilização de novos equipamentos de proteção individual de combate a incêndios urbanos e industriais, designadamente capacetes, fatos e luvas, conferem uma maior segurança e comodidade neste tipo de ocorrências. A compra teve um custo de 69 mil euros. Ao avançar com estes investimentos, no valor global de 90 mil euros, a edilidade de Tavira beneficia não só a atuação e proteção do Corpo de Bombeiros Municipais, como também a segurança da população . 144
TAVIRA TEM NOVA UNIDADE MÓVEL DE SAÚDE eve lugar, no dia 9 de fevereiro, no Mercado Municipal de Tavira, a apresentação da nova Unidade Móvel de Saúde de Tavira - UMS. A aquisição, no valor de 61 mil euros + IVA, visa diminuir a assimetria dos utentes no acesso aos cuidados de saúde primários do Serviço Nacional de Saúde, sobretudo nas zonas rurais e de baixa densidade populacional, bem como reforçar a cobertura adequada dos utentes às unidades funcionais dos agrupamentos de Centros de Saúde do Algarve. Através desta UMS, a população das freguesias de Santa Catarina da Fonte do Bispo e Cachopo irá beneficiar de rastreios, medições, diagnósticos e diferentes tipos
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de aconselhamento técnico. A adoção desta medida tem como finalidade criar uma rede de unidades móveis de saúde para a prestação de cuidados de proximidade, qualificar os equipamentos existentes e reduzir as desigualdades, promovendo a inclusão social. A Unidade Móvel de Saúde foi adquirida, através da central de compras da Comunidade Intermunicipal do Algarve (CC-Amal), no âmbito de uma candidatura ao Programa Operacional Regional do Algarve CRESC Algarve 2020, denominada Unidades de saúde Móveis de Proximidade, financiada a 80 por cento .
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JÁ ABRIU O PRIMEIRO HOTEL DE CINCO ESTRELAS DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO epois de uma profunda empreitada de requalificação, o histórico Hotel Guadiana reabriu portas, no dia 7 de fevereiro, trazendo de volta o charme e a tradição daquele que foi um dos primeiros hotéis do Algarve, inaugurado na década de 20. A intervenção contemplou a renovação exterior e interior do edifício, adequando-o às características de uma unidade de cinco estrelas, e pôs fim ao cenário de degradação deste imóvel que é um cartão-de-visita da frente ribeirinha da cidade e uma referência em termos arquitetónicos. ALGARVE INFORMATIVO #190
A operação de reabilitação foi levada a cabo pela Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e pela empresa municipal VRSA SGU, representando um custo de dois milhões de euros. Foi financiada pela iniciativa «Jessica», um fundo de investimento desenvolvido pela Comissão Europeia, em colaboração com o Banco Europeu de Investimento e com o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa. Com a reativação do uso original do imóvel, a operação urbanística possibilitou a instalação de 31 quartos: 15 duplos, três suítes júnior e 146
13 quartos individuais, todos com os padrões de conforto e exigência atuais. A obra garantiu a manutenção da fachada e dos principais elementos decorativos do prédio de estilo afrancesado, projetado pelo arquiteto Ernesto Korrodi, cuja construção data-se entre 1918 e 1921. A empreitada englobou ainda a recuperação de um imóvel na Ponta da Areia (foz do Rio Guadiana) para a instalação da área de beach club. A exploração do hotel irá futuramente integrar o edifício da Alfândega - a primeira construção da cidade -, que reservará também espaço para um bar lounge e um conjunto de suítes spa. O hotel e o beach club serão geridos pelo grupo Grand House Algarve, mediante um contrato de exploração em que a entidade empresarial pagará uma renda mensal à autarquia, que assim recuperará o valor investido na requalificação do imóvel.
Santo António, que foi, aliás, a primeira a ser lançada no país. Em paralelo à recuperação do Hotel Guadiana, é intenção da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António transformar o Centro Histórico numa referência em termos turísticos, estando também em curso um projeto - desenvolvido em paralelo com o Grupo Pestana - para converter um conjunto de antigos imóveis, propriedade do Município, num conjunto de unidades de alojamento .
O projeto cumpre, na íntegra, as orientações do Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António, bem como as medidas estabelecidas na Área de Reabilitação Urbana (ARU) do Centro Histórico de Vila Real de 147
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QUARTEIRA DÁ FORMAÇÃO GRATUITA PARA VOLUNTÁRIOS COM IDOSOS tica e relacionamento com idosos no voluntariado é o tema da ação de formação promovida pela Junta de Freguesia de Quarteira e pela Plataforma Saúde em Diálogo, no âmbito do Programa «Idoso Isolado de Quarteira», que se irá realizar no dia 1 de março, das 19h às 21h, no Auditório do Centro Autárquico. O objetivo é sensibilizar para o exercício de voluntariado com pessoas idosas e as temáticas a abordar serão a contextualização histórica, a lei do voluntariado, a atuação do voluntário e o voluntariado com idosos.
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Destinada ao público em geral, esta ação de formação terá uma duração de duas horas e será ministrada pela formadora ALGARVE INFORMATIVO #190
Alda Martins do Espaço Saúde em Diálogo. A participação é gratuita, sendo as inscrições obrigatórias feitas através do e-mail idoso.isolado@jfquarteira.pt ou presencialmente, na Junta de Freguesia de Quarteira. No final, serão entregues diplomas a todos os participantes. O Programa Idoso Isolado é um projeto social da Junta de Freguesia de Quarteira em articulação com as instituições locais que pretende sinalizar a população com mais de 65 anos de idade, isolada geográfica e/ou socialmente, identificando as suas necessidades e fragilidades, para, de uma forma integrada, melhor responder aos desafios do envelhecimento . 148
MERCADO AVENIDA SÃO JOÃO DE DEUS DEDICA SEMANA À LARANJA DO ALGARVE ntre 19 e 23 de fevereiro, o Mercado da Avenida S. João de Deus promove, pelo 11.º ano consecutivo, a Festa da Laranja, uma coorganização da Comissão do Sector das Hortofrutícolas deste equipamento e da Câmara Municipal de Portimão. Durante cinco dias, os clientes poderão adquirir este delicioso e sumarento citrino algarvio ao preço especial de 49 cêntimos o quilo e experimentar, entre as 10h e as 12h, as propostas apresentadas pelos alunos dos cursos de Cozinha e de Restauração e Bebidas da Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão, que realizarão diversas demonstrações culinárias tendo por base a laranja do Algarve. Todos os sectores de atividade deste mercado vão aderir à festa e estarão envolvidos com promoções e ofertas especiais: o sector das hortofrutícolas decorará as suas bancas a rigor com elementos alusivos à laranja; no sector do Pão e Bolos será possível adquirir produtos confecionados com este citrino; o sector dos talhos e charcutaria, o sector do peixe, moluscos e marisco, e a restauração, vão promover o consumo de produtos que possam igualmente ser confecionados com laranja, partilhando os seus truques e receitas de cozinha e aplicando promoções em determinados produtos, de forma livre; nos estabelecimentos «Café do Mercado», 149
«Café Grilo», «Cafetaria bar ZDT» e «Iguarias – O Cantinho dos Sabores» será, de igual forma, possível degustar menus especiais e alusivos à temática. Por ocasião da festa da laranja, e no ano em que Portimão é Cidade Europeia do Desporto, diariamente, entre as 10h e as 12h, elementos da equipa profissional do Portimonense Sporting Clube acompanharão as atividades e sensibilizarão os presentes para a importância da adoção de hábitos alimentares saudáveis e da prática de exercício físico com regularidade. Neste âmbito, terão ainda lugar, no mesmo período, rastreios de saúde a cargo de técnicos da Administração Regional de Saúde do Algarve, e no sábado, 23 de fevereiro, a partir das 10h, decorre uma mega aula de ginástica no exterior, junto à entrada principal deste mercado.
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«PRATO CERTO» OFERECE FERRAMENTAS PARA JUNTAR PEQUENOS PRODUTORES E CONSUMIDORES INFORMADOS plataforma www.pratocerto.pt disponibiliza desde janeiro um serviço gratuito onde pequenos produtores locais do Algarve podem divulgar junto dos consumidores os seus produtos locais e sazonais, produzidos de acordo com os modos de produção tradicional, familiar ou biológico. Muitos pequenos e médios produtores, responsáveis por produtos agroalimentares, pecuários e piscícolas de elevadíssima qualidade, produzidos ou capturados de forma tradicional, desconhecem ainda que existe enquadramento legal para comercializar diretamente ao cliente uma significativa quantidade da sua produção e continuam afastados dos consumidores interessados nesse tipo de produtos. Devido à sua pequena escala, também não conseguem penetrar nos grandes circuitos de comercialização, onde frequentemente muitos desses produtos perdem a sua individualidade. Por outro lado, os consumidores têm também dificuldade em conhecer estes pequenos produtores e toda a variedade de produtos agroalimentares, pecuários e piscícolas que são produzidos, muitas vezes perto da sua localidade, preferindo os grandes operadores e perdendo a oportunidade de contribuírem para a valorização da produção nacional e local e para a ALGARVE INFORMATIVO #190
melhoria da qualidade da sua alimentação, a baixo preço. A nova ferramenta disponibiliza funcionalidades num portal para uma alimentação saborosa, saudável e económica. Ali, qualquer produtor pode divulgar, de forma gratuita, todos os produtos que resultam da sua atividade e chegar junto de um público cada vez mais preocupado e interessado por assumir controlo sobre a sua alimentação, realizando escolhas informadas que aumentam a saúde e o bem-estar. A informação sobre os produtos locais e a estação em que são produzidos é apresentada num mapa digital e pode ser filtrada e pesquisada de acordo com as necessidades dos clientes. Também os Mercados Locais e os Cabazes alimentares se podem inscrever gratuitamente e chegar a um número maior de clientes que preferem os circuitos curtos de produçãoconsumo e a ligação direta aos produtores . 150
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #190
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