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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 23 de fevereiro, 2019
COLECTIVO JAT ESTREIA «ALGO DE MACBETH» ANTÓNIO ZAMBUJO APRESENTOU NOVO DISCO EM LOULÉ| JOSÉ CID | CICLO EUTERPE NO LETHES 1 ALGARVE #191AZUL III FESTIVAL ENTRELAÇADOS | RAQUEL RALHA & PEDRO RENATO | «SEASCAPES» DAINFORMATIVO FUNGO
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CONTEÚDOS #191 23 DE FEVEREIRO 2019 38
ARTIGOS 10 - FICLO 16 - «Torre de Babel» 26 - «Seascapes» 38 - António Zambujo 48 - Ciclo Euterpe 60 - José Cid 68 - «Algo de Macbeth» 82 - Raquel Ralha e Pedro Renato 92 - Festival Entrelaçados 128 - Atualidade
OPINIÃO
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108- Paulo Cunha 110 - Adília César 112 - Ana Isabel Soares 114 - Fernando Cabrita 120 - Antónia Correia 122 - Fábio Jesuíno 124 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #191
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OLHÃO CONTINUA A CRESCER EM TERMOS CULTURAIS E FICLO É MAIS UM PROJETO SINGULAR E APELATIVO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
ários espaços da cidade cubista vão receber, de 4 a 13 de abril, a primeira edição do FICLO – Festival Internacional de Cinema e ALGARVE INFORMATIVO #191
Literatura de Olhão, uma coprodução do Município de Olhão e do Cineclube de Tavira, com o apoio do Programa «365 Algarve». O formato do Festival assenta numa competição oficial composta por filmes não distribuídos comercialmente em Portugal, ao qual se 10
Anabela Afonso, António Miguel Pina, Débora Mateus e Candelas Varas
juntam três ciclos de cinema: «País Convidado», que nesta primeira edição será a Suécia; «Realizadoras», que se debruçará sobre uma cineasta inovadora e pouco conhecida em Portugal, Kira Muratova; e «Obra Criativa do Festival», traduzido num convite a três escritores portugueses contemporâneos – Alexandra Lucas Coelho, Gonçalo M. Tavares e Nuno Moura – para escreverem um texto em diálogo com outros tantos filmes mudos.
espaços propriamente ditos de visualização dos filmes, serão o Auditório Municipal de Olhão, a Associação Cultural Re-Criativa República 14 e a Sociedade Recreativa Progresso Olhanense, pontos nevrálgicos de uma programação que trará a Olhão convidados de Portugal, Cazaquistão, Suécia, Sérvia, República Checa e Espanha, e mais de 30 filmes de cerca de 20 países.
A programação do FICLO contempla igualmente a realização de special screenings, masterclasses, oficinas de escrita, instalações, performances, conversas, concertos e uma livraria com publicações nacionais e estrangeiras, que se instalará de 4 a 13 de abril numa das bancas do Mercado da Fruta de Olhão. Durante o FICLO haverá ainda uma rota cultural que levará os participantes num passeio fílmico em tuk tuk a locais da região que foram palco de rodagem de filmes de cineastas icónicos, como Manoel de Oliveira, João César Monteiro, Teresa Villaverde, ou Tony Gatlif. Quanto aos
Durante a apresentação do festival à comunicação social, Débora Mateus e Candelas Varas, confirmaram que o FICLO tem como carta forte a proposta de relação entre os filmes programados e a literatura, contudo, não inclui praticamente nenhuma adaptação cinematográfica. “O FICLO vai situar-se para além da discussão entre fidelidade e traição da eventual adaptação”, explicam as diretoras do certame, acrescentando que os espetadores vão vivenciar experiências cinematográficas específicas, “por vezes identificando, e noutras
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ANABELA AFONSO: “O «365 ALGARVE» É UM PROJETO QUE PRETENDE DEMONSTRAR QUE A PROGRAMAÇÃO CULTURAL DA REGIÃO PODE CONSTITUIR UM FATOR DE ATRAÇÃO TURÍSTICA E AS SECRETARIAS DE ESTADO DA CULTURA E DO TURISMO TÊM ENVIDADO VÁRIOS ESFORÇOS PARA DIVULGAR PORTUGAL E O ALGARVE ENQUANTO DESTINOS PARA SE RODAREM FILMES, DAÍ QUE APOIAR UM FESTIVAL DESTA NATUREZA É UMA OPORTUNIDADE PARA SE COMPLEMENTAR ESSAS INICIATIVAS”. pressentindo as correntes subterrâneas que ligam ambas as estruturas narrativas”. Preservando a sua vocação de festival internacional, do programa constam filmes que ainda não foram exibidos em território nacional, ou que não tiveram estreia comercial, entre os quais a obra «Agatha et les lectures illimitées» realizado pela escritora e cineasta Marguerite Duras em 1981. E as surpresas começam logo no dia 4 de abril, com o chef Adérito de Almeida a apresentar um Menu Fílmico inspirado no filme de abertura do festival, «The Gentle Indifference of the World», de Adilkhan ALGARVE INFORMATIVO #191
Yerzhanov, havendo, inclusive, uma masterclass a bordo do Sun Concept, um barco movido a energia solar concebido e produzido em Olhão. São, por isso, enormes as expetativas em relação ao FICLO, confessou Anabela Afonso, comissária do «365 Algarve». “Festivais de cinema existem alguns, festivais literários também, festivais que ligam as duas vertentes não haverá muitos em Portugal e no Algarve é certamente o primeiro. O «365 Algarve» é um projeto que pretende demonstrar que a programação cultural da região pode constituir um fator de atração turística e as Secretarias de Estado da Cultura e do Turismo têm envidado vários esforços para divulgar Portugal e o Algarve enquanto destinos para se rodarem filmes, daí que apoiar um festival desta natureza é uma oportunidade para se complementar essas iniciativas”, frisou Anabela Afonso. A comissária do «365 Algarve» lembrou, porém, que “estas coisas demoram tempo para gerar resultados e é preciso o empenho de todos os agentes culturais envolvidos”, acrescentando que a proposta do Cineclube de Tavira é muito aliciante. “A literatura e o cinema serão provavelmente as duas áreas mais ricas do que pode haver em termos de produção artística. Todos temos filmes que nos marcaram e os livros das nossas vidas e colocar em diálogo estes dois universos é bastante interessante. O Algarve pode vir a constituir-se como uma região mais procurada para residências ou retiros para criação artística e um festival 12
como o FICLO cria vários pontos de encontro entre artistas com ou sem experiência. É uma semente que, bem tratada, pode dar ricos frutos para a região”, acredita Anabela Afonso. O FICLO é, também, uma das boas «dores de cabeça» que o Município de Olhão pretende dar à programação do «365 Algarve», avisou, com um sorriso, o autarca António Miguel Pina. “Fazem-se muitas coisas boas, não só em Olhão, mas em todo o Algarve, em termos culturais e este programa tem constituído uma alavancagem fundamental nesse aspeto. Sabemos que não são eventos para grandes públicos, mas têm que ser tendencionalmente para cada vez mais gente”, defendeu, antes de agradecer a Débora Mateus e Candelas Varas pela ousadia de criarem 13
este Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão. António Miguel Pina enalteceu, igualmente, o maior entrosamento que existe entre cultura e turismo nos eventos da terceira edição do «365
ANTÓNIO MIGUEL PINA: “ESTAMOS ALTAMENTE MOTIVADOS PARA CRIAR MAIS QUATRO OU CINCO GRANDES EVENTOS PARA ASSEGURAR UMA PROGRAMAÇÃO CONTÍNUA NO PERÍODO DE ÉPOCA BAIXA, DE MODO A JUNTAR-SE AO FICLO E AO POESIA A SUL”. ALGARVE INFORMATIVO #191
Algarve», um «casamento» que, aliás, esteve na origem do programa conjunto das Secretarias de Estado da Cultura e Turismo. “O Algarve é um destino sobejamente conhecido pelo sol e praia, é esse o modelo económico da região há muitos anos, mas somos cada vez menos competitivos se estivermos apenas a pensar no preço do alojamento. A parte sul da Bacia do Mediterrâneo vende os quartos a valores que não conseguimos oferecer mas, se olharmos para o lado norte, para a Cote d’Azur, Cannes, Mónaco, a Riviera Francesa e Italiana, aí vende-se o quarto a valores 10 vezes superiores aos do Algarve”, apontou o presidente da Câmara Municipal de Olhão, entendendo que é a questão cultural a responsável por essa diferença. “São zonas com menos sol, não têm as nossas belas praias, mas há algumas décadas apostaram em ser um destino também de cultura. Sol e praia existem em muitos lados, mas, se associarmos isso à
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segurança e a uma oferta cultural de grande nível, as escolhas são menores e os turistas de maiores posses económicas estão disponíveis para pagar por isso”. Este é, contudo, um caminho que demora a trilhar, portanto, António Miguel Pina antevê que só talvez daqui a 10 anos, a 10 edições destes programas, é que se comece a sentir o resultado financeiro deste investimento na cultura. E Olhão quer contribuir para essa caminhada, adiantou o edil. “Estamos altamente motivados para criar mais quatro ou cinco grandes eventos para assegurar uma programação contínua no período de época baixa, de modo a juntar-se ao FICLO e ao «Poesia a Sul». É um desafio que vamos agarrar já nos próximos dias”, garantiu o presidente da Câmara Municipal de Olhão .
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NOVO BANCO CEDEU «TORRE DE BABEL» AO MUSEU MUNICIPAL DE FARO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro, e António Ramalho, CEO do Novo Banco
Novo Banco e a Câmara Municipal de Faro assinaram, no dia 19 de fevereiro, um protocolo para a cedência da obra «Torre de Babel», pintura flamenga de ALGARVE INFORMATIVO #191
autor desconhecido, ao Museu Municipal de Faro, no seguimento de um projeto do Estado Português e desta instituição bancária que prevê a distribuição do seu acervo artístico por museus nacionais e por espaços museológicos de outras tutelas, assegurando, deste modo, o seu acesso 16
Marco Lopes, Diretor do Museu Municipal de Faro
ao público, em circuitos expositivos permanentes, mas também a sua preservação e monitorização por equipas acreditadas. A valiosa obra seiscentista da Escola Flamenga passa a integrar a sala da pintura antiga do Museu Municipal de Faro, ficando agrupada com as restantes telas de temas religiosos, enriquecendo um acervo que dá a conhecer diferentes escolas e estilos artísticos. O quadro de óleo sobre madeira do século XVII representa a Torre de Babel em construção, demonstrando a capacidade dos pintores flamengo de, num espaço de pequenas dimensões, ilustrarem todo um universo de narrativas e pormenores, graças a uma técnica exímia no trabalho da pintura a óleo. O tema bíblico da construção da Torre de Babel, muito em 17
voga na altura, tem múltiplos significados. Alegoria da ambição e ganância humanas, na vontade de ligar a terra e o céu, é simultaneamente metáfora da humanidade, através do homem construtor, que eternamente acredita e se ultrapassa. Visivelmente satisfeito com a nova obra exposta no Museu Municipal de Faro estava o seu Diretor, Marco Lopes, considerando que a «Torre de Babel» é um fantástico presente antecipado do 125.º aniversário deste equipamento cultural que se assinala a 3 de março. “São milhares as peças que fazem parte do acervo deste Museu, às quais se junta hoje, em boa hora, mais uma, neste local de memória e cultura. Hoje, não somos apenas o Museu de Arqueologia, ou do Tesouro Nacional – ALGARVE INFORMATIVO #191
que não nos cansamos de repetir. É o Museu da pintura de Carlos Porfírio, dos azulejos de Ramalho Ortigão ou dos cartazes de Joaquim Viegas, séculos e séculos de histórias, de vidas, convívios e culturas que habitam neste antigo convento e que já passaram pelas paredes dos Paços do Concelho ou do Antigo Convento dos Capuchos”, destacou Marco Lopes. O acervo patrimonial do Museu Municipal de Faro não tem parado de crescer, tocando diversos mundos disciplinares, assegurou o seu diretor, elogiando o trabalho de todos aqueles que têm feito deste espaço uma referência cultural da região. “O nosso compromisso ALGARVE INFORMATIVO #191
não passa apenas pela conservação ou investigação dos bens culturais, mas também pela sua partilha, e essa é a primeira lição que retiramos desta parceria. O património é demasiado valioso para estar encerrado ao conhecimento de poucos, como chegou a ser praticado nos primórdios da museologia, numa lógica elitista e restritiva. Também nisso os tempos mudaram, felizmente, por isso, esta partilha idealizada pelo Novo Banco é mais do que um ato de democratização da cultura. É, acima de tudo, uma prova de respeito pela cidadania e um exemplo da descentralização de acervos patrimoniais”, sublinhou Marco Lopes. 18
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Recorde-se que a Escola Flamenga não tinha, até à data, nenhum representante na sala da pintura antiga do Museu Municipal de Faro, passando agora a ser vizinha das obras da Escola Italiana de Marcello Leopardi e de Tommaso Coonca, ou dos grandes mestres nacionais do barroco. “Faro não era apenas a capital de uma província distante de tudo e de todos, entrou num roteiro artístico de arquitetos e pintores que deixaram a sua marca no país e na Europa. É uma cidade que respira o universo artístico e religioso do barroco europeu”, destacou Marco Lopes, considerando que “esta é uma sala histórica do catolicismo, do Novo e do Velho Testamento, com cenas reconhecíveis em qualquer parte do mundo católico”. “Faro era uma capital das artes e da cultura, uma cidade onde convergiam diversas nacionalidades artísticas, onde o seu porto recebia mercadorias de paragens nacionais e estrangeiras e onde chegava gente de línguas indecifráveis. Essa multiculturalidade está nos genes da cidade de Faro, pelas comunidades que aqui se estabeleceram no passado, onde constituíram famílias e empreenderam os seus negócios, ligando esta população marítima ao resto do mundo”, evidenciou o diretor do Museu Municipal de Faro.
resguardada nos nossos cofres e salas e que agora é distribuída por todo o lado. E a preocupação de descentralização deste projeto, envolvendo municípios e museus nacionais, é um objetivo central desta nossa atividade, permitindo um itinerário concreto do ponto de vista da visibilidade das obras e de uma partilha da cultura”, declarou,
A assinatura do protocolo contou com a presença do CEO do Novo Banco, António Ramalho, que considerou que as instituições não têm o direito de ser proprietárias de obras de arte, que devem estar, sim, à disposição e ao usufruto de todos. “É, portanto, normal que estejamos neste intenso processo de partilha de uma arte que esteve ALGARVE INFORMATIVO #191
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confessando ser um particular gosto a vinda do Novo Banco a Faro precisamente pela sua multiculturalidade. “Para nós, este gesto não é nada que mereça agradecimento, é, pura e simplesmente, um privilégio”, reforçou. Também Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro, realçou a iniciativa do Novo Banco Cultura,
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mostrando-se confiante de que esta parceria virá a resultar num êxito estrondoso e que será alargada a outras atividades. “Esta obra vem reforçar a proposta do Museu Municipal de Faro e enriquecer ainda mais esta magnífica sala de pintura antiga. A «Torre de Babel» chega a Faro num momento muito feliz da história do nosso museu que, fruto do esforço da sua direção e
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Ana Paula Rebelo Correia
colaboradores, é um dos espaços mais visitados do concelho e da região. Só em 2018 recebeu um Certificado de Excelência da TripAdvisor, um prémio da Associação Portuguesa de Museus e o título de Tesouro Nacional para o mosaico do Deus Oceano”, recordou o edil. “O mosaico estava nas reservas, em más condições, e foram os colaboradores deste museu que o restauraram, que angariaram os apoios necessários numa altura em que a Câmara Municipal não tinha muita saúde financeira. Depois, com a ambição que os caracteriza, prepararam a candidatura a Tesouro Nacional e fizeram tudo por justificar esse título”, louvou Rogério Bacalhau. ALGARVE INFORMATIVO #191
Com estes protocolos, e desde janeiro de 2018, são já 27 as obras de grande relevo cultural pertencentes ao Novo Banco colocadas em exposição permanente em 15 museus de várias regiões do país, casos de Castelo Branco, Guarda, Guimarães, Setúbal, Caldas da Rainha, Figueiró dos Vinhos, Lisboa, Viseu, Torres Novas, Óbidos, Madeira, Açores e agora Faro. As coleções e obras de arte da «Novo Banco Cultura» estão também disponíveis numa plataforma digital desenvolvida e desenhada especificamente para divulgar e partilhar o vasto património da instituição bancária neste âmbito . 22
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RESIDÊNCIA ARTÍSTICA DA FUNGO AZUL NO FAROL DO CABO DE SÃO VICENTE FOI FANTÁSTICA E É PARA REPETIR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO #191
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Farol do Cabo de São Vicente, situado no extremo sudoeste do continente europeu, acolheu a residência artística «Seascapes» dinamizada pela Associação Fungo Azul com o intuito de colocar artistas de várias áreas em reclusão, encerrados, no interior do Farol, perante um cenário incrível de uma beleza patrimonial paisagística, natural, histórica e arquitetónica, para criarem peças artísticas inspiradas naquilo que os rodeava e que depois daria lugar a uma exposição patente ao público, primeiro no próprio Farol, depois no Centro Cultural de Vila do Bispo. O ponto de partida para esta aventura foi uma carta escrita por Jacinto Lucas Pires dirigida aos artistas Camille Leon, Jorge Pereira e Carlos Norton (na primeira residência), e José Smith Vargas, Homem em Catarse e Carlos Norton (na segunda residência) e o resultado foram diversas peças individuais e coletivas nos campos da ilustração, banda desenhada, cinema, música, fotografia, literatura e artes visuais, numa imponente homenagem aos lugares inóspitos de fim de terra, guardiões da terra e do mar, da vida e trabalho das gentes do mar e dos faroleiros. “Quisemos agarrar num local que pertence ao imaginário de todos nós e ao nosso próprio património, os faróis, que toda a gente considera como sítios fantásticos e míticos. No caso concreto do Algarve, o Farol do Cabo de São Vicente desempenha uma importância extrema, não só na vertente da memória em relação aos Descobrimentos, mas por ALGARVE INFORMATIVO #191
Homem em Catarse, José Smith Vargas e Carlos Norton no Farol do Cabo de São Vicente
ser onde a terra acaba e o mar começa”, descreve Carlos Norton. A ideia da residência artística da Fungo Azul foi prontamente acolhida pela Direção de Faróis da Autoridade Marítima Nacional, que disponibilizou o espaço para receber os diversos artistas, a primeira vez de 14 a 16 de novembro, a 28
segunda de 6 a 8 de fevereiro. “Desta vez estou a fazer o argumento para uma banda desenhada ilustrada pelo José Smith Vargas e está o «Homem em Catarse» a conceber a banda sonora para o filme que eu produzi na primeira residência. Tudo se fecha e complementa nestes três dias”, explica o mentor do projeto, confirmando que a tripla de 29
criativos esteve mesmo confinada ao recinto do Farol do Cabo de São Vicente. “É uma casa com três quartos, casa-de-banho, cozinha, preparamos a nossa comida, andamos pelo espaço exterior, percorremos as instalações do Farol, estivemos juntos, trabalhamos juntos, discutimos juntos, 24 horas por dia, aquilo que ALGARVE INFORMATIVO #191
íamos fazer. O intuito é que o produto final resulte deste espírito de grupo”. A experiência, garante Carlos Norton, foi fantástica e extremamente produtiva em termos criativos porque estavam completamente focados nas tarefas que têm em mãos, sem as tradicionais distrações com os familiares e amigos, nem televisão ou rede de telemóvel. Um isolamento total do mundo exterior que levou a que a residência não fosse demasiado prolongada no tempo, mas três dias parecem ser, de facto, suficientes para este coletivo de criativos darem asas à sua imaginação, embora com algumas limitações. “A primeira residência incidiu sobretudo sobre as áreas do vídeo e da fotografia, que normalmente exigem uma edição posterior e uma impressão, o
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que seria complicado realizar em apenas três dias para expor logo de seguida. Na segunda residência, as tarefas eram mais fáceis de executar num curto espaço de tempo, mas a ideia é maximizar o carácter genuíno da espontaneidade criativa do momento. Não se pretende peças muito elaboradas, mas transmitir os sentimentos e pensamentos que nos vão na alma enquanto estamos dentro do Farol”, sublinha Carlos Norton, enquanto se escutava, lá ao fundo, a música do «Homem em Catarse». Idealizado o conceito «Seascapes», a Fungo Azul escolheu depois as áreas que gostaria de trabalhar e, como a casa localizada no Farol do Cabo de São Vicente possui três quartos, convinha
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ser três pessoas em cada residência artística. “Já gostava muito do trabalho do José Smith Vargas no desenho e do Afonso Dorido (Homem em Catarse) na música, fizemos-lhes o convite para participarem e aceitaram de imediato, à semelhança do que aconteceu com a Camille Leon e o Jorge Pereira no primeiro retiro. Somos três algarvios, mais o José de Lisboa e o Afonso de Braga”, indica Carlos Norton, acrescentando que houve um incentivo para que cada um produzisse obras individuais e obras em parceria. “Todos nos cruzamos uns com os outros com total liberdade criativa e depois houve o normal trabalho de curadoria para escolher o que entrava ou ficava de fora em cada uma das três exposições, montadas de acordo com as características de cada espaço”. ALGARVE INFORMATIVO #191
Um filme, uma banda sonora, uma história de banda-desenhada, uma exposição fotográfica, tudo concebido em dois períodos de três dias, algo que pode parecer impensável ao cidadão comum, acostumados que estamos a pensar que estas tarefas demoram semanas ou meses a completar. “Somos artistas”, diz simplesmente Carlos Norton, com uma risada, adiantando, porém, que na exposição não estaria já o livro de bandadesenhada finalizado, mas apenas um protótipo com o guião essencial e alguns esboços. Já o filme, uma curtametragem, estaria completa e com banda sonora incluída. “O Afonso só viu o filme ontem à noite, tem que se inspirar e trabalhar na composição, depois gravar e editar o som no próprio filme, para ser apresentado ao 32
público amanhã. Há aqui uma grande adrenalina”, reconheceu o argumentista, realizador e músico durante a residência. “Quando pensamos demasiado perdemos, por vezes, aquele imediato que nos vem na alma. O Afonso reagiu de imediato enquanto estava a ver o filme, agarrou logo na guitarra e está a criar de uma forma bastante orgânica e rica”, reforçou.
hipotético faroleiro, e que lemos quando aqui chegamos”, explica. No que toca ao livro de banda-desenhada, será posteriormente editado pela «Sul, Sol e Sal» e a história, embora centrada em Sagres, não tem nada a ver com a realidade como a conhecemos.
Filme que foi pensado e gravado por Carlos Norton no Farol do Cabo de São Vicente nos três dias da primeira residência, a que se seguiu depois a parte de edição já em casa do entrevistado. “É um filme experimental, poético, contemplativo, sem uma ação definida. Tem muito a ver com a vivência no Farol e com a carta que o Jacinto Lucas Pires nos escreveu, apesar de dirigida a um
Do Minho veio Afonso Dorido, mais conhecido no meio musical como «Homem em Catarse», que não era um estreante em residências artísticas, mas nenhuma delas tinha sido de uma forma tão enclausurada como esta no Farol do Cabo de São Vicente. “Temos aqui ao lado este mar agreste, não há distrações nenhumas, é perfeito para
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UMA EXPERIÊNCIA MUITO IMPACTANTE
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se criar, para pintar as paisagens sonoras da carta do Jacinto Lucas Pires e do filme do Carlos Norton”, descreveu. “Alimentando-se bem a mente com as influências desejadas, rapidamente se consegue produzir algo, o pior é quando não temos fonte onde ir buscar essa inspiração. E este local é muito inspirador”, responde, quando questionado sobre o ter de criar uma banda-sonora para um filme num dia ou dois. Chegar a Sagres foi, entretanto, uma aventura por si só, tendo viajado diretamente de uma ponta a outra do país. Mas o desafio foi aceite com bom grado, garante. “Em 2017 fiz um trabalho sobre 17 lugares do interior de Portugal, começou no Tua e acabou em
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Monchique. Nos últimos dois anos tenho tido algumas experiências semelhantes, umas vezes sozinho, noutras com mais pessoas, o que também nos dá a possibilidade de conhecer outros artistas com quem podemos ter coisas em comum. E destes encontros podem nascer outros projetos”, reconhece o «Homem em Catarse», que estaria de regresso ao Algarve, precisamente no dia 23 de fevereiro, para uma atuação em Santo Estêvão. “Conheço bem o Algarve, mas nunca tinha estado num Farol. A vida de um músico é feita de andar na estrada, mas estas residências são sempre positivas porque saímos da nossa zona de conforto. Estarmos fechados dentro de um quarto podemos fazer em qualquer lado, o
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importante é aproveitar o que nos rodeia e acho que aguentava estar 15 dias aqui no Cabo de São Vicente”.
merecer a vinda. Isto de estar isolado é relativo, tem sido bastante fácil ocupar o tempo”, garantiu o lisboeta.
Na sala ao lado estava José Smith Vargas de volta dos seus utensílios de desenho, com as formas a tomarem conta das folhas A4 a uma velocidade estonteante. “Foi um convite muito aliciante que aceitei rapidamente”, indicou o artista de variedades que faz ilustração de livros, materiais gráficos, capas de discos, posters e, claro, banda-desenhada. No passado já tinha participado numa residência artística em Montemor-o-Novo, nas Oficinas do Convento, mas o impacto ao chegar ao Farol do Cabo de São Vicente foi fantástico. “Fomos muito bem recebidos pelos faroleiros, mostraram-nos logo os cantos à casa e só o facto de podermos ver o sistema de lentes do farol já fez
José Smith Vargas não poupou elogios à incrível paisagem em que estava inserido e isso tudo se reflete depois no trabalho que tem em mãos, não se apoquentando pelo pouco tempo disponível para realizar os primeiros esboços do livro de banda-desenhada. “Se temos três dias para fazer as coisas, é nesse tempo que a fazemos. A diferença é que tem tudo que estar muito bem planificado e temos que investir as nossas forças com mais intensidade. É diferente de ter meses para se concluir um projeto”, distingue, frisando que este momento acabou por funcionar como um brainstorming com Carlos Norton para o livro que vai nascer
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e que será publicado pela «Sul, Sol e Sal». “O trabalho vai ser feito maioritariamente à distância, porque a minha base e família estão em Lisboa, mas é natural que faça mais visitas ao Algarve para me encontrar com o Carlos. E estarmos no mesmo sítio e termos partido todos da carta escrita pela Jacinto Lucas Pires faz com que o produto final da exposição seja coerente, há um denominador comum para os vários projetos artísticos. Vi ontem o filme do Carlos Norton, estou aqui a fazer os primeiros esboços e, ao mesmo tempo, a ouvir o Afonso a compor a banda sonora, estou a ser «contaminado» de uma forma maravilhosa. As residências funcionam ALGARVE INFORMATIVO #191
para os artistas como pequenos motores propulsores, nota-se logo um incremento da criatividade”, refere José Smith Vargas. E a experiência é para repetir, acredita Carlos Norton, porque todos os envolvidos estão satisfeitos com os resultados alcançados. “À partida é mesmo para continuar, e não apenas neste Farol, mas noutros do Algarve e de Portugal. A Fungo Azul gosta de dar continuidade aos projetos para que eles não desapareçam e uma residência sobre o Farol do Cabo de São Vicente é fantástica, mas pode perder-se na memória se não houver um trabalho de continuidade”. . 36
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CASA CHEIA NO CINE-TEATRO LOULETANO PARA CONHECER O NOVO DISCO DE ANTÓNIO ZAMBUJO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
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ntónio Zambujo apresentou pela primeira vez em território nacional, na noite de 15 de fevereiro, o seu novo disco, «Do
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Avesso», no Cine-Teatro Louletano, que, como era de esperar, encheu por completo. O álbum já atingiu o primeiro lugar no top nacional de vendas e conquistou o galardão de disco de ouro e apenas tinha sido escutado em palco,
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nos dias 8 e 9 de fevereiro, em Paris e no Luxemburgo. De regresso ao Algarve, e a Loulé, António Zambujo não escondeu a satisfação por estar a partilhar as novas músicas com um público atento e que mostrou já conhecer o que ia sendo tocado. E, em «Do Avesso», o artista abraça novas abordagens à sua música e evoca referências até hoje pouco 41
exploradas no seu percurso. Para tal contou, na produção, com uma equipa de luxo que englobou três dos mais talentosos músicos e produtores nacionais: Filipe Melo (também responsável pelas orquestrações), Nuno Rafael e João Moreira. A estes somou-se a participação especial da Orquestra Sinfonietta de Lisboa e do maestro Vasco Pearce de Azevedo, bem como de outros músicos e compositores como ALGARVE INFORMATIVO #191
Luísa Sobral, Pedro da Silva Martins, Aldina Duarte, Miguel Araújo, Márcia, Jorge Benvinda, Mário Laginha, João Monge ou Paulo Abreu de Lima. Não admira, por isso, a qualidade ALGARVE INFORMATIVO #191
inegável do mais recente trabalho discográfico do alentejano, um disco arrojado, surpreendente e arrebatador, segundo os críticos, e que está a conquistar rapidamente o agrado dos seus fãs. E isso mesmo se constatou, in 42
loco, no Cine-Teatro Louletano, no dia 15 de fevereiro, em mais uma noite de eleição de um dos principais equipamentos culturais do sul de Portugal e, por que não dizê-lo, sem qualquer pudor, de todo o país. Porque os espaços não se julgam pelo 43
seu tamanho ou localização geográfica, mas pela qualidade e diversidade da sua programação cultural e pela aceitação que esta colhe junto da população. E, nesse aspeto, poucos serão melhores que o Cine-Teatro Louletano . ALGARVE INFORMATIVO #191
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GUITARRA PORTUGUESA, MÚSICA TRADICIONAL PORTUGUESA E CANTE ALENTEJANO NA PRIMEIRA SEMANA DO CICLO EUTERPE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® e Irina Kuptsova
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usa dominadora da música, da poesia lírica, das festividades e honrarias devidas aos deuses e inspiradora da sensualidade e dos inesquecíveis amores, Euterpe dá nome a um extasiante ciclo de música que é já uma das marcas de sucesso do Teatro Lethes, em Faro. E a primeira semana do evento trouxe à capital algarvia o virtuoso da guitarra portuguesa Custódio Castelo (14), o ícone da música tradicional portuguesa Janita Salomé (15) e o Cante Alentejano do Grupo Paz e Unidade (16). Custódio Castelo apresentou a sua primeira composição aos 18 anos e, aos 20, foi convidado por Jorge Fernando para gravar um álbum. Foi o início de uma parceria musical que se mantém à
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atualidade, recheada de êxitos. E desde muito cedo que Custódio Castelo é considerado um prodígio pela audaciosa forma como aborda a guitarra portuguesa, sendo o seu talento reconhecido pelos mais exigentes fadistas da atualidade, que acompanha regularmente em espetáculos de fado tradicional. Na noite seguinte, 15 de fevereiro, foi a vez de Janita Salomé subir ao palco do Teatro Lethes, comprovando porque razão é entendido como um dos grandes inovadores da música portuguesa e uma das suas melhores vozes. Neste concerto, os seus matizes encontraram as notas cúmplices do piano, numa viagem no tempo e num constante fluir entre o reviver e o viver em que o compositor interpreta o que concebeu com o desejo de potenciar a palavra escrita dos poetas.
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A primeira semana da edição de 2019 do Ciclo Euterpe finalizou com o Grupo Paz e Unidade, um grupo coral feminino e etnográfico que surgiu para participar num espetáculo de comemorações do Ano Santo, em 2000, no Santuário de Nossa Senhora d’Aires, em representação da Paróquia de Alcáçovas. Composto por 25 elementos com idades compreendidas entre os 14 e os 85 anos, tem participado desde então em encontros de grupos, festas, feiras e concursos, levando o cante alentejano de norte a sul do país e além-fronteiras . 53
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JOSÉ CID ENCANTOU DIA DOS NAMORADOS DO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
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Festival Montepio Às Vezes o Amor regressou ao Teatro das Figuras, em Faro, a 14 de fevereiro, Dia dos Namorados, com um convidado muito especial, José Cid, um dos mais importantes cantores e compositores na história do pop/rock
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português e, em simultâneo, um ídolo das novas gerações que vê nele uma referência da música atual. Poeta, compositor, instrumentista, produtor, músico e protagonista da sua própria obra, José Cid estreou-se neste festival organizado todos os anos pela Associação Mutualista Montepio, num concerto em registo intimista de voz e piano em que cantou, sobretudo, temas de amor.
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Muitas foram as canções que encantaram a ampla assistência que praticamente esgotou o Teatro das Figuras, homens e mulheres de todas as idades, com os refrões na ponta da língua e que não se coabiram de participar ativamente no concerto, para satisfação de José Cid, que por diversas vezes se levantou do piano, sacou do telemóvel e gravou vídeos da plateia a cantar em uníssono para mais tarde recordar. Do mesmo modo que vários elementos do público subiram ao palco para receber das mãos do artista um exemplar do seu mais recente disco, «Menino Prodígio», nomeado pela SPA Sociedade Portuguesa de Autores, em 63
fevereiro de 2016, como o melhor álbum de música portuguesa desse ano. Com fortes referências vindas do Jazz, Fado, Bossa Nova e Rock Sinfónico, José Cid foi evoluindo para um pop muito pessoal e poético que a ninguém deixa indiferente, atravessando o país de norte a sul em concertos que são autênticas consagrações intergeracionais. E não esquecer que o seu álbum «10 mil anos depois entre Vénus e Marte» é mesmo considerado o melhor álbum de rock sinfónico pela crítica portuguesa e distinguido pela crítica internacional como um dos cinco melhores álbuns do mundo na área . ALGARVE INFORMATIVO #191
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COLECTIVO JAT ESTREIA «ALGO DE MACBETH» NO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
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streia, a 28 de fevereiro, no Teatro das Figuras, em Faro, pelas 21h30, a mais recente produção do Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro de Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo, «Algo de Macbeth», que coloca em cena duas personagens verdadeiramente caricatas nesta adaptação do famoso texto de William Shakespeare. Sr. Delgado (Miguel Martins Pessoa) é um corrupto e maquiavélico político que recebe a visita de três estranhas criaturas que fazem previsões sobre o seu futuro. Por companhia inseparável nesta caminhada terá Divina Palomeque, uma boneca aparentemente inanimada que o vai ajudar a elaborar um plano para alcançar o poder. Em suma, estamos perante uma tragicomédia grotesca sobre o amor, a loucura e a ambição em que a dupla desta vez decidiu assumir também o papel de atores, ao invés de apenas dramaturgos e encenadores, como noutras produções do Colectivo JAT. “É uma peça que vem sendo cozinhada há dois anos e que nasce das próprias personagens, uma vez que o Sr. Delgado e a Divina Palomeque já existiam. Pensámos que história podia encaixar com a ambição deste político e foi natural a escolha de Macbeth”, explica Miguel Martins Pessoa. “Não se trata apenas de uma história sobre o poder, mas de como o ser humano pode ser corrompido pela sua ânsia do poder e pelas circunstâncias que o rodeiam. Todos sabemos que existem umas «forças maiores» que controlam tudo, são elas que colocam a Divina no caminho do Sr. Delgado e este não ALGARVE INFORMATIVO #191
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resiste aos poderes obscuros e misteriosos”, acrescenta Diana Bernedo. A história é antiga, mas parece que se repete e não faltam exemplos, nos tempos modernos, de países que são controlados por líderes que não se sabe muito bem como chegaram ao poder, e que depois se agarram a ele por todos os meios e forças. Aqui encontramos uma «Primeira Dama», uma boneca com inteligência artificial que é a verdadeira marionetista do Sr. Delgado e que não o deixa desistir dos seus intentos. “Já na tragédia de Shakespeare há ALGARVE INFORMATIVO #191
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um momento em que ele duvida. Apesar da sua ambição, da vontade de chegar ao poder, de acreditar que está destinado a tal, Macbeth hesita, tem medo, é primo do rei, acha que não o deve matar. Nesse momento, Lady Macbeth é o pilar da ambição que não o deixa cair, que o mantém na linha de assassinar o rei”, recorda Miguel Martins Pessoa. “Faz chantagem psicológica com Macbeth por estar a querer fugir ao plano traçado, chama-o cobarde, tenta espicaçar o seu machismo para evitar que ele se arrependa. Invoca as forças do misterioso, das trevas”, continua Diana Bernedo, a famigerada Divina Palomeque. Não é, por isso, um Macbeth igual a tantos outros aquele que vai a cena pelas mãos do Colectivo JAT, e nem sequer era essa a vontade da dupla, conforme já 73
referido. “Queríamos dar vida a estas personagens e o Macbeth serviu apenas de pretexto para que isso acontecesse. O que nos move para construir este espetáculo não é somente o que sucede atualmente na Venezuela ou no Brasil, com os ditadores que aparecem – de direita ou esquerda tanto faz – mas esta falsa democracia que temos em que qualquer marioneta chega ao poder, tem o seu tempo e depois vai-se embora, mas permanece na penumbra e obscuridade. Aparecem, desaparecem e são completamente desresponsabilizados pelas decisões que tomam”, critica Miguel Martins Pessoa. O grotesco utilizado em Sr. Delgado é, para o ator e encenador, o “desvelar do ALGARVE INFORMATIVO #191
Ficha Artística e Técnica Criação e Interpretação: Miguel Martins Pessoa e Diana Bernedo Texto: Diana Bernedo, Miguel Martins Pessoa e Jaime Aragão da Rocha Vozes: Moçoilas Ambiente Sonoro: Nuno Murta Cenografia e Máscara: Tó Quintas Figurinos: Zéza Lemos e Colectivo JAT Iluminação: Jorge Pereira Desenho Gráfico: Ricardo Emanuel Silva Coprodução do Colectivo JAT, Teatro das Figuras e Cine -Teatro Louletano Agradecimentos: Isabel Duarte Bexiga, Pedro Bartilotti, Luís Trincheiras, Elke Van Der Kelen, Fulvia Almeida, Mariana Dias e Gonçalo Pedrosa.
que está por detrás de um político sem escrúpulos, que aparentemente fala bem e é amigo de toda a gente”. “Não representa os ditadores do mundo, mas sim, infelizmente, um político normal”, observa Miguel Martins Pessoa. E ao verse «Algo de Macbeth» fica-se com a ideia de que Divina Palomeque, depois de fazer ALGARVE INFORMATIVO #191
o que tem a fazer com Sr. Delgado, de o levar ao poder, mas também ao abismo, pega na sua mala e parte para a próxima aventura, para o político que se segue. “É um ciclo que se repete para a marionetista. Ela leva o Sr. Delgado ao extremo, a um ponto em que ele já não pode voltar para trás, deixa-o 74
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sozinho e vai em busca de outra vítima”, confirma Diana Bernedo. Entretanto, Diana e Miguel não estão preocupados com o que os «puristas» do teatro terão a dizer sobre esta adaptação do texto de Shakespeare, em que contaram também com a colaboração de Jaime Aragão da Rocha. “Como o Jaime diz, fazer «Macbeth», seja de que forma for, vai sempre incomodar alguém. Houve uma altura em que o teatro ficou tão preso ao seu formato clássico que as pessoas simplesmente deixaram de ir ver as peças. Os puristas precisam decidir se fazemos teatro para os artistas e para os críticos, ou para o público”, afirma Miguel Martins 77
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Pessoa. “O teatro é universal, é para todos, e cada artista tem a sua maneira de o fazer. Nós dois temos formação em Teatro Físico, queríamos trabalhar juntos e fomos amadurecendo esta ideia nestes últimos dois anos”, reforça Diana. E a verdade é que as técnicas utilizadas em «Algo de Macbeth» conferem uma maior dinâmica à história, as correrias, as cenas em câmara lenta, as expressões exageradas, tudo contribui para que o enredo acelere no tempo, quase como se as páginas do calendário virassem a uma velocidade estonteante. “São técnicas próprias da representação muito utilizadas no cinema, aqui a diferença é que as usamos sem recurso a imagens, é tudo feito por via dos nossos corpos. Misturamos energias e colocamos os nossos corpos ao serviço da história que queremos contar, ALGARVE INFORMATIVO #191
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daquilo que queremos que o público veja. Assim fomos criando a dramaturgia e, neste processo, fomos colocando e retirando imensas camadas de texto”, revela Diana Bernedo. É por isso que dificilmente «Algo de Macbeth» estará fechado, seja durante os dias que ainda faltam para a estreia, como depois quando a peça partir para digressão, à medida que for absorvendo as reações do mundo. “É assim com todas as nossas peças, vão crescendo conforme se vão repetindo. Depois do Teatro das 79
Figuras, a ideia é levar «Algo de Macbeth» ao maior número de pessoas”, indica Miguel Martins Pessoa, algo que, aliás, tem acontecido com as outras produções do Colectivo JAT. De facto, «As Bodas de Prata do Conde Baldinski» regressam ao palco em três fins-de-semana de março, «Cinema Miami» repete-se a 12 de maio, em Quarteira, e novas histórias estão a caminho. Para já, contudo, todas as atenções estão concentradas em «Algo de Macbeth», dia 28 de fevereiro, às 21h30, no Teatro das Figuras, em Faro. ALGARVE INFORMATIVO #191
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RAQUEL RALHA & PEDRO RENATO NO ARRANQUE DOS «ILUSTRES DESCONHECIDOS» DO SOLAR DA MÚSICA NOVA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
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Auditório do Solar da Música Nova, novo equipamento cultural da Câmara Municipal de Loulé, vai apostar forte na valorização e promoção de projetos emergentes ou pouco conhecidos do público algarvio, sediados ou não na região, nas áreas da Música, Teatro, Dança e Multidisciplinar. Uma programação artística que será articulada em rede com o Cine-Teatro Louletano, com o «pontapé-de-saída» do ciclo «Ilustres Desconhecidos» a ser dado, no dia 16 de fevereiro, com GALOPIM e a dupla Raquel Ralha & Pedro Renato como primeiros convidados. Raquel Ralha e Pedro Renato trabalham juntos desde o tempo dos Belle Chase Hotel. Prosseguiram caminho com Wraygunn, Azembla’s Quartet e, mais recentemente, com Mancines. Entretanto, a convite do programa «Cover de Bruxelas», que emite semanalmente na Rádio Universidade de Coimbra, juntaramse na Blue House pela primeira vez como um duo para gravar as versões de «Nerves» (Bauhaus), «Peek-A-Boo» (Siouxsie and The Banshees) e «Right Now» (Herbie Mann/Mel Tormé), que funcionaram como motor de arranque para «The Devil’s Choice, Vol. I», um disco integral de covers editado pela «Lux Records» e que revisita alguns dos mais marcantes temas da vasta biblioteca musical que preenche o imaginário único dos dois músicos . ALGARVE INFORMATIVO #191
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III FESTIVAL ENTRELAÇADOS CELEBROU EXPRESSÃO ARTÍSTICA EM PORTIMÃO, LAGOS E SILVES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®
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Festival de Dança Contemporânea «Entrelaçados» regressou, de 13 a 24 de fevereiro, num formato mais arrojado ao abranger três cidades no Algarve, designadamente Portimão, Lagos e Silves. Foram 12 dias de programação intensiva em torno da dança contemporânea, que incluíram espetáculos de dança, trapézio e teatro físico, workshops, performances de rua e uma exposição de fotografia. O Festival integrou a programação do mês de fevereiro da Cidade Europeia do Desporto 2019 e, ao longo de quase duas semanas, Portimão, Lagos e Silves acolheram bailarinos, criadores e companhias para celebrar a expressão artística nas suas várias vertentes e encher de movimento cada canto das três cidades. Coreógrafos e intérpretes regionais e locais desfilaram ao lado de
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autores e artistas, nacionais e internacionais, numa partilha de experiências e intercâmbio cultural. O certame arrancou a 13 de fevereiro, no Auditório do Museu de Portimão, com o espetáculo infantil «Os Meus Monstros Marinhos», promovido pela Dancenema e dirigido a alunos do 3.º e 4.º ano das escolas de Portimão. O espetáculo de dança interativo teve como tema central as viagens marítimas dos portugueses, envolvendo a história, a geografia, o meio marinho e a interface terra/mar. No dia 15 de fevereiro, a Black Box do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, Maurícia 95
Neves apresentou «This is not for sale e é um manifesto!», um trabalho que oscila entre a performance, o concerto, a TV surrealista e o set de DJ, surgindo a partir de um manifesto que a artista escreveu, em 2013, quando assistiu à chegada da Troika a Portugal. No dia 16 de fevereiro, a Casa das Artes recebeu o Workshop «Creative Lab» de Maurícia Neves, com uma abordagem à individualidade de cada um, um espaço e um tempo para que cada pessoa pudesse explorar o seu próprio movimento, não necessitando de técnica ou experiência anterior. No ALGARVE INFORMATIVO #191
mesmo dia, a Junta de Freguesia de Portimão foi palco da inauguração da Exposição Fotográfica «Algarve, Dança e Arte», de uma prova de vinhos e de uma performance de rua para celebrar o movimento em pleno centro da cidade. O espetáculo de dança contemporânea «Vado» realizou-se no Museu de Portimão, no dia 17 de fevereiro, uma performanceconcerto com coreografia de Beatriz Valentim e Pedro Sousa onde foram explorados movimentos e sons sem rosto e sem identidade. A pesquisa baseou-se nos corpos fotografados, corpos com frio, corpos sem cara, corpos sozinhos e num afastamento constante das relações sociais. Finalmente, a 24 de fevereiro, o Cross Arade (Ginásio e Centro de Fitness) ALGARVE INFORMATIVO #191
na Avenida Guarané, recebeu dois Workshops Aéreos com trapézio em tecido ministrados por Tiffanie Jorge e Mariana Simões. Como referido, o Entrelaçados não se restringiu à cidade de Portimão e, no dia 21 de fevereiro, o Teatro Mascarenhas Gregório, em Silves, acolheu uma Mostra de Solos e Duetos por jovens coreógrafos. No dia 23 de fevereiro, foi a vez do Centro Cultural de Lagos apresentar o inovador espetáculo «A snowballs chance in hell», da Companhia Dinamarquesa DON GNU, e um workshop de dança contemporânea pela mesma companhia, na Escola de Dança de Lagos . 96
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O professor descartável Paulo Cunha (Professor) omo sempre, inicio mais uma reflexão com a plena convicção que poderei estar errado. Gostaria também que soubessem que escrevo sobre o que sinto e o que penso, não me sentindo amarrado, condicionado por convicções, ideias ou ideais alheios. Muito menos tenho a veleidade de fazer generalizações sobre assuntos que desconheço ou que nunca ou pouco vivenciei, pois sei que de generalizações em generalizações se criam confusões, abstrações, aberrações e más disposições. Feitas estas ressalvas que valem para tudo o que escrevi e para o que virei ainda a escrever, não pretendo o unanimismo na apreciação, nem que os meus «desabafos» venham a ser subscritos por quem me faz o favor de os ler. Ser lido e entendido, já me bastam! Estando especialmente atento a tudo o que me rodeia e interfere na minha e na vida de quem me é querido, gosto de conversar sobre determinados episódios que acontecem no quotidiano e que me chamam a atenção. Como resultado consigo aferir até que ponto estou, ou não, sozinho nas abordagens que faço sobre as mais variadas situações. Não procurando a legitimação, tento encontrar pontos de contacto entre pessoas que tenham experienciado e vivenciado situações que motivaram o que sinto. Volta e meia, em tom de brincadeira, refiro que, tendo começado a lecionar em 1982, fui professor em dois séculos diferentes, tendo, como tal, vivido duas realidades distintas que me transformaram num «professor histórico». Ora, tendo experienciado tantas mudanças de vária natureza ao longo destas quase quatro décadas de ensino, olho para trás e tenho a plena certeza que não teria escrito este texto no séc. XX. ALGARVE INFORMATIVO #191
Tal como muitos de vós, guardo na memória determinados professores. Pessoas que, por vários motivos, me marcaram para a vida. É usual referir que só nos lembramos dos professores por duas razões: os que foram verdadeiramente bons e os que se revelaram inquestionavelmente maus, tendo-se desvanecido e apagado da memória todos aqueles que, entre tantos, se limitaram apenas a cumprir a tarefa de ensinar os conteúdos das disciplinas que ministravam. Atrevo-me a juntar aos que ainda perduram na nossa memória todos aqueles que nos marcaram também pela diferença, pela excentricidade ou por determinadas características físicas, os tais que passaram à eternidade através das alcunhas com que os alunos os batizaram. Quando passo pelos professores de que me lembro e com os quais privei enquanto aluno e pessoa, é com um sorriso rasgado e sentido que os cumprimento. Já se deu o caso de alguns não se lembrarem de mim, tantos foram os alunos que lhes passaram pelas salas de aula, tendo-os eu interpelado e relembrado de onde os conhecia. Para além de ser um sinal de respeito é, mais do que tudo, um motivo da gratidão que jamais lhes negarei! Lembram-se da telescola? Foi um período, entre 1965 e 1987, em que os professores lecionavam a partir dos estúdios da RTP e os alunos aprendiam à distância, permitindo a milhares de alunos completarem o ensino do quinto e sexto anos de escolaridade. Por outros motivos, há cada vez mais alunos a aprender e a prosseguir estudos através de tutoriais gravados ou de aulas dadas em direto ou diferido através da internet. É um novo tempo em que, a exemplo de outro tipo 108
de relações, o contacto humano acaba por dar lugar à impessoalidade das relações virtuais. Precisando, cada vez menos, de professores para aprender, há cada vez mais alunos da atual geração a ver-nos como uma qualquer «app» (aplicação móvel) que se usa em proveito próprio e, posteriormente, se desinstala para, no mesmo espaço de memória, dar lugar a outra mais recente e de geração avançada. Só assim posso entender a razão que leva tantos colegas professores com quem falo a manifestarem e salientarem a forma como grande parte dos alunos trata, atualmente, os seus «velhos» exprofessores, passando por eles sem os cumprimentar, sem com eles trocar um sorriso, ignorando-os ao ponto de falarem entre si como se não estivesse um professor presente. Tal como comecei este artigo, mais uma vez reafirmo que aquilo que convosco partilho é fruto das vivências diárias que, enquanto professor, tenho observado e partilhado nos meus últimos anos de lecionação. Sem querer, de modo algum, generalizar e valendo apenas o que vale, aqui deixei este registo para que os teóricos e estudiosos das Ciências da Educação tenham mais um contributo 109
sobre a - efetiva - realidade nas escolas. Não me queixo, apenas constato! Vivo num tempo em que os professores, tal como outras classes profissionais, são cada vez mais descartáveis. Temos o que semeamos, da mesma forma que os nossos alunos também o terão. Nada de novo: tudo se transforma… e nem sempre para melhor .
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OPINIÃO
Atrás da cortina da linguagem Adília César (Escritora) “A maioria ignora o que não tem nome; e a maioria acredita na existência de tudo o que tem um nome”. Paul Valéry
ma mulher transparente espreita atrás da cortina da linguagem. A transparência pode ser uma qualidade. Estar ali, mas não estar ali. Estar ali e não ser vista. Se a dimensão visual e diáfana não é a realidade, então o que espera a mulher atrás da cortina da linguagem que ainda desconhece? Espera não ser vista, para poder estar ali a espreitar dentro do seu pensamento. O silêncio e o seu significado através da cortina da linguagem. Imaginemos que no princípio do mundo havia poucas coisas e não tinham nome, mas tudo estava no seu devido lugar. Depois, a existência de muitas coisas implicou dar um nome diferente a cada uma, na tentativa de controlar o caos visual e sensitivo. Assim, quando as imagens das coisas eram vistas ou sentidas, o pensamento sobre elas era o prenúncio de um significado para cada uma – um nome. Ela, a mulher transparente, pensa nas coisas e nas palavras das coisas, e sabe que o significado de um nome é a essência da própria matéria viva ou inerte, ínfima ou gigantesca, particular ou universal, e que tudo existe apenas porque pode ser nomeado. Ela chama um nome naquele preciso momento, atrás da cortina, em que tem a certeza que não pode ser ouvida. Na escuta da própria voz, o som do nome de qualquer coisa esvazia o sentido dessa palavra e procura uma essência anterior à substância da coisa. É urgente o entendimento da génese material e espiritual do ser, no campo mórfico de forças que sintonizam a energia da linguagem expressiva. ALGARVE INFORMATIVO #191
Antes de qualquer outro pensamento, a mulher sabe que é ainda uma quase-vida, uma quase-viagem. Tantos caminhos, mas apenas um a percorrer, o da procura da sua própria interioridade, através da declamação da palavra-chave da sua existência: eu a chamar por ela, e ela a chamar por mim. Somos o espelho uma da outra enquanto os nossos olhos dizem o que tem de ser dito – “tu” – a palavra não chega para encontrar caminhos dentro de nós, mas mesmo assim, é dita e esvaziada do próprio som, teimosamente repete-se e multiplica-se, reverbera num eco absurdo, insignificante, rugoso. É um ensimesmamento incomodativo e apenas parcial. Tão frágil a imagem transparente dela atrás da cortina, tão frágeis as palavras, tão ténues as ligações entre as palavras, as coisas, os sentimentos. Elos torcidos enredam-se e partem-se, a energia impõe a sua inércia e tenacidade. Mas mesmo assim, há uma espécie de morte: as coisas e as imagens das coisas deixam de existir quando não há palavras para as nomear, deixam de ter importância por não existir um sentimento acoplado, quando ela, a mulher, deixa de ser vista atrás da cortina: “tu tu tu”, a autofagia do pronome. A palavra a cair num salto abismal sem rede, a perder a forma enquanto mergulhas no sentido esvaziado, matéria viva a perder a luz. Escondo-me. Este cansaço de ser coisa quase sem nome, a rasgar a camada da sua significação, a arrancar as escamas das possibilidades poéticas, é como a 110
visualização do que é humano e imperfeito, uma quase-miragem, o eco a enganar o som que já não é som, é apenas o seu eco. O eco de mim em ti. Eu e tu a dizermos “eu”, a significar tudo: o “eu”, a essência de mim; o “eu”, a essência de ti. Este eco intermutável de ti em ti e de mim em mim pode significar alguma coisa? Creio que palavra “eu”, parecendo uma palavra de totalidade, afinal nada significa. Se eu digo “eu” e tu dizes “eu”, quem é o “eu”? És “tu” ou sou “eu”? O corpo em sequencial transformação é um “eu”? O “eu” que nasci não é o “eu” que hoje se me 111
apresenta. O pensamento acumulado de memórias e raciocínios é um outro “eu”. As lembranças são nuvens a agregar e a deixar cair, assim é o “eu” que pensa e recorda, sempre a conspirar e a mudar na bravura da persistência. Ambas ainda em frente uma da outra: “eu eu eu”, eco contínuo da palavra-refrão, apenas um estilo, uma maneira de aparecer, nunca uma pessoa, uma coisa, um sentimento. Apenas a mesma palavra que nada significa: “eu”. Sim, somos “eu”, na brevidade de um momento ou para toda a eternidade, somos ecos de palavras contornadas pela emergência de um significado oco. Há palavras e coisas perdidas no tempo e no espaço. Vejo a pedra, penso a pedra, sei que é uma pedra, mas não sei quem sou. Vejo a mulher transparente atrás da cortina e não sei quem ela é. Sei que é a tua imagem, a imagem de ti na imagem de mim: sou “eu” a mulher que espreita atrás da cortina. Sou “eu” a mulher que não quer ser vista enquanto não aprender a linguagem que a define .
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OPINIÃO
Do Reboliço #27 Ana Isabel Soares (Professora) terra do Reboliço é campo sujo, torrão seco, lama rasa. Mas, volta não volta, gosta o bicho de patear o ladrilho liso do apartamento, assomar-se à varanda e olhar, lá de cima, o centro da cidadezinha. Na cozinha, que dá para esse lugar, o parapeito é de madeira, de uma madeira magnetizada pelo vidro e que puxa até si o olhar e o focinho do Reboliço. Dali, olhos para lá do vidro, consegue ver o mar, uma linha direita e iluminada mesmo nos dias de nuvens baixas. Durante anos, essa linha de mar só a cortavam seis ou sete torres sobre a costa; mas, cogumelando outras torrezinhas pelo meio, foram-se unindo todas até ser completa a separação entre mar e terra, feita hoje de cinza branco, reboco e ferro. Durante algum tempo, a paisagem foi também a massa suave de verde – que, Inverno pleno, as amendoeiras branqueiam – e o maciço doce do Cabeço de Câmara. De dia é ainda assim: hortas de árvores baixas, valadinhos de pedra; mas de noite há um pontilhado de luzes a denunciar as casas que foram aparecendo. O limite da cidade, que foi vila, ficava num palácio agora ardido, da Fonte da Pipa. Mais perto, uns metros quase nada do parapeito e da varanda, a dar sentido a tudo o resto como uma rosa dos ventos, estava a rotunda: uma larga moeda verde só com um poste de luz a sair-lhe do meio, onde os cães se passeavam sem donos nem dó da relva. As avenidas que confluem nesta rotunda têm os dois lados ligados, ao seu início, por passadeiras. Como são avenidas largas, as quatro passadeiras são duplas: a meio, têm todas uma pequena pausa de cimento entre ALGARVE INFORMATIVO #191
canteiros de relva e flores. (Aos sábados de manhã, quando a gente é muita a ir à praça, um polícia sinaliza as vezes de passarem carros e pessoas e inventa com o apito engarrafamentos de gente). Eram esses intermédios passadeirais o palco preferido de uma estranha e bela mulher: a Maria das Bananas, quantas vezes, teimosa, os pés como as patas dos cães sobre a relva. Era a Maria cantora de muitas vozes: cantava vozes de homem, cantava vozes de mulher, e fazia soar fios de conversas entre Deus e Álvaro Cunhal, Ramalho Eanes e Jesus Cristo, a fé e a euforia nacional. Às primeiras horas da manhã, já ela cantava. Cantava ou dizia, trialogava, fazia dramas completos e para cada personagem lançava uma voz diferente: todas potentes, atiradas à rua com um alcance de seis ou sete andares até acima, meio quarteirão de prédios tudo em volta, uma rua inteira até à rotunda. Vinha sempre de roupa garrida – nunca se lhe viu nada que não fosse vermelho rubro, verde forte, ou amarelo, quase nunca um tom só. Eram as cores da bandeira do país – quando não a própria bandeira – a fazer-lhe de xaile. Aquilo era coisa que ela mesma costurava. Chegava de vermelho fundo e verde cheio e punha-se a cantar o dia até o sol se pôr. Punha-se o Reboliço com as patas sobre a madeira da janela, o espaldar dos ombros tenso, e ouvia-lhe a voz muito clara, possante, distintas as palavras trocadas entre os seus cantores de dentro, e ela, com distinção, a dar-lhes voz . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 112
Foto: Vasco Célio 113
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OPINIÃO - A Isto Chegámos
Fumando Espero Fernando Cabrita (Advogado e Poeta) lexis Diaz Pimienta é um dos grandes poetas da língua castelhana da actualidade. Perito em improvisação e exímio cultor do punto guajiro ou punto cubano, é autor de uma obra poética extensa, sempre de altíssima qualidade, reconhecida por seus pares e que recolheu já diversos prémios literários sendo o último, recente de dois meses, o do Prémio de Literatura Casa das Américas. Tive o ensejo e a honra de traduzir um dos seus poemas, esse fabuloso «Fumando Espero», que Alexis diz ser un poema para fumadores, no fumadores y ex-fumadores; para enamorados, pre-enamorados y postenamorados. «Fumando espero» é um belíssimo tango de 1922, com música de Juan Viladomat e letra de Félix Garzo, imortalizado por cantores como Ignacio Corsini, Argentino Ledesma ou Imperio Argentina. Pegando no título, Alexis compôs um dos mais bonitos e inteligentes poemas que li até hoje. FUMANDO ESPERO... Del mismo modo en qué inventaron parches de nicotina, chicles de nicotina, cigarros electrónicos, sucedáneos más o menos tramposos para adictos al humo deberían de inventarse parches de amor chicles de amor, corazones portátiles, sucedáneos más o menos felices ALGARVE INFORMATIVO #191
para este veneno de apariencia inocua. Y todos deberíamos tatuarnos en la espalda "Amar mata", "Amar perjudica gravemente la salud" "Amar potencia el riesgo de padecer ceguera" "Amar provoca impotencia" "El amor crea adicción y deja hondas secuelas". Pero eso si, ya saben: al dejar de amar se engorda. Y llegan la ansiedad, el nerviosismo, el estrés, la irritabilidad el multiorgánico síndrome de abstinencia... Así qué luego tendremos que tatuarnos en la frente donde todos lo vean: "estoy dejándolo". Y exigir a los políticos de turno que se prohíba amar en los aviones en los restaurantes, los cines, los colegios, que se delimiten las "áreas de amadores" para que los amantes tengan que estar al aire libre donde no contaminen ni molesten al resto. Los que no han amado nunca no tienen problemas, no lo entienden, por eso son tan tolerantes. Pero yo digo como mi abuelo (¿o fue Bod Dylan?, no recuerdo) que "un ex amador es un amador potencial siempre" 114
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Porque el amor es un vicio social (Shakespeare dixit) porque tenemos asociado el amor a los buenos momentos al placer, al relax, a la alegría individual y colectiva. Pero no nos engañemos. Basta ya. Eso de que el amor relaja es un tópico. Eso de que al amar se nos calman los nervios es un simple espejismo. Y lo peor, lo imperdonable, es el efecto lentamente mortal en amantes pasivos, esos a los que llega el amor de manera indirecta. Alejemos a los niños del amor, por ejemplo. Que cuando crezcan decidan ellos si quieren engancharse o no. Y como medida preventiva (o profiláctica) coleccionemos eslóganes cursis, tallados en madera kitsh, frases del tipo, "besa a un no amador, prueba la diferencia" Seamos sinceros: ¿alguien no ha reparado en cómo huele la ropa de los amadores cuando llegan a casa, cómo les huele el pelo? Cuando se deja de amar todo es distinto. Recuperamos el olfato, el sabor de las cosas, Cambia hasta el brillo de la piel y todos nuestros órganos se reoxigenan. La historia de la medicina universal esta llena de casos que lo corroboran. ALGARVE INFORMATIVO #191
Los cementerios están llenos de epitafios que no dejan mentir. Esta probado científicamente el carácter nocivo del amor como vicio, sobre todo, en nuestra época. Antiguamente al amor no le ponían tantos adictivos, tanta química. Incluso, esta probado que el amor puro, artesanal, ese que se lía con los dedos, puestos los besos a secar en casa, no es tan dañino como este amor en serie, industrial, coitocéntrico. Hasta alquitrán y arsénico y látex y mentiras electrónicas tiene el amor contemporáneo. Pero la mayoría de los amadores no lo sabe, son incapaces de pensar en lo que se llevan a la boca lo que se meten en el cuerpo. Otro dato alarmante: cada vez los amadores comienzan más jóvenes. Otra estadística curiosa: en las últimas décadas cada vez aman más las mujeres mientras los hombres, tradicionalmente "muy enganchados" van dejándolo. Que nadie vea en esto, por favor, un discurso alarmista, una ristra de tópicos, oportunismo despechado de ex-amador molesto. No. Al contrario. Yo también he intentado dejarlo varias veces. 116
He probado con todo, pero ha sido inútil. Ahora mismo, para no ir muy lejos, me acercaría a esa mujer, acicalado a lo Sidney Poitier de los años 50, a lo Sidney Poitier con miradita de Paul Newman y chulería marca Brando (o Bogart) me acercaría a ella, lentamente, con elegancia y calculada parsimonia, con un beso de liar entre los dedos y en voz baja, muy baja, le diría al oído: –Por favor, señorita, ¿me da fuego? E deixo de seguida a tradução que sobre ele fiz: FUMANDO ESPERO... Do mesmo modo que se inventaram adesivos de nicotina, chiclets de nicotina, cigarros electrónicos, sucedâneos mais ou menos manhosos para viciados em fumo deveriam inventar-se adesivos de amor chiclets de amor, corações portáteis sucedâneos mais ou menos felizes para este veneno de aparência inócua. E todos deveríamos tatuar nas costas "Amar mata", "Amar prejudica gravemente a saúde" "Amar potencia o risco de sofrer de cegueira" "Amar provoca impotência" "O amor cria vício e deixa fundas consequências". Por isso, já sabem: ao deixar de amar engorda-se. 117
E sobrevêm a ansiedade, o nervosismo, o stress, a irritabilidade, o multiorgânico síndroma de abstinência... Assim, em breve teremos também que tatuar na fronte Onde todos o vejam: "estou a deixar". E exigir aos políticos de turno que se proíba amar nos aviões, nos restaurantes, nos cinemas, nos colégios, que se delimitem as "áreas de amadores" para que os amantes tenham que estar ao ar livre onde não contaminem nem molestem os demais. Os que nunca amaram não têm problemas, não percebem isto, por isso são tão tolerantes. Mas eu digo como o meu avô (ou teria sido Bob Dylan?, já não sei) que "um ex-amador é um sempre amador potencial ". Porque o amor é um vício social (Shakespeare dixit), porque associamos o amor aos bons momentos ao prazer, ao relax, à alegria individual e colectiva. Mas não nos equivoquemos. Já chega. Essa de que o amor relaxa é um estereotipo. Essa de que ao amar se nos acalmam os nervos é uma simples miragem. E o pior, o imperdoável, é o efeito lentamente mortal nos amantes passivos, ALGARVE INFORMATIVO #191
esses aos quais o amor chega de maneira indirecta. Afastemos as crianças do amor, por exemplo. Que quando cresçam decidam elas se querem viciar-se ou não. E como medida preventiva (ou profiláctica) coleccionemos slogans pretensiosos, talhados em madeira kitsh, frases do tipo, "beija um não amador, sente a diferença". Sejamos sinceros: há alguém que nunca tenha notado como cheira a roupa dos amantes quando chegam a casa, como lhes cheira o cabelo? Quando se deixa de amar tudo é diferente. Recuperamos o olfacto, o sabor das coisas, muda até o brilho da pele e todos os nossos órgãos se reoxigenam. A história da medicina universal está cheia de casos que o corroboram. Os cemitérios estão cheios de epitáfios que não deixam mentir. Está cientificamente provado o carácter nocivo do amor como vício, sobretudo, na nossa época. Antigamente ao amor não lhe punham tantos aditivos, tanta química. Inclusive, está provado que o amor puro, artesanal, esse que se enrolava com os dedos, deixados os beijos a secar en casa, não é tão daninho como este amor en série, industrial, coitocêntrico. ALGARVE INFORMATIVO #191
Até alcatrão e arsénico e látex e mentiras electrónicas tem o amor contemporâneo. Mas a maioria dos amadores não o sabe, é incapaz de pensar no que leva à boca no que mete no corpo. Outro dado alarmante: cada vez os amadores começam mais jovens. Outra estatística curiosa: nas últimas décadas cada vez amam mais as mulheres enquanto os homens, tradicionalmente «muito agarrados» vão deixando. Que ninguém veja nisto, por favor, um discurso alarmista, uma lista de lugares comuns, oportunismo despeitado de ex-amador enfadado. Não. Ao contrário. Eu também tentei deixar várias vezes. Experimentei com tudo, mas foi sempre inútil. Agora mesmo, para não ir mais longe, acercar-me-ia dessa mulher, vestido como o Sidney Poitier dos anos 50, ou como o Sidney Poitier com olharzinho à Paul Newman e pinta marca Brando (ou Bogart) acercar-me-ia dela, lentamente, com elegância e calculada parcimónia, com um beijo de enrolar entre os dedos e em voz baixa, muito baixa, dir-lhe-ia ao ouvido: –Por favor, senhorita, dá-me lume? A transcrição do poema nos dois idiomas não tem o propósito de vos cansar, leitores, pela repetição; mas sim o 118
de me permitir, nesta coluna, traçar uma leve explicação que me foi sugerida pela tradução e por um comentário ou outro que sobre ela me foram feitos, notadamente o de que, na tradução, surge por duas vezes a palavra «amador» onde deveria surgir a palavra amante, que é a que corre ao longo do texto traduzido. Aliás, para alguns dos que assim comentaram, amador seria um termo inexacto pois significaria «o que não é profissional» e não propriamente «o amante». Ora, carece a coisa de explicação. Se bem que do ponto de vista da coerência meramente lexical me veja concordando com quem ache que usar as duas palavras, amante e amador, pode ser menos curial na unidade interna do texto, já me parece que não podem colher razão os que entendem que a palavra amador, usada por amante, é inexacta, e além disso - como também ouvi - inadequada, pois tem carga poética em castelhano; mas falta-lhe tal carga na língua portuguesa. Antes do mais: amador é o que ama. Em castelhano e em português. O velhinho dicionário de Caldas Aulete não me deixa mentir: que ama, amante, namorado. Também a sabedoria popular, sempre vazada em provérbios e adágios o diz: velho amador, inverno em flor. Concedo que na linguagem corrente e no modo de falar insubstancial desta nova sociedade, amador tenha sido artificialmente reduzido na sua significação ao sentido daquele que não é profissional, o que é um mero apreciador ou curioso. Mas a insubstancialidade ou o desconhecimento não podem obnubilar a 119
raiz intrínseca e imorredoira das palavras e a sua génese. Um tradutor tem também, a meu ver, essa obrigação: sem ferir o texto que traduz, sem afectar-lhe o sentido ou a compreensão e sendo sempre fiel ao que o autor quis transmitir e à forma como o transmite, o tradutor deve também dar a viva voz e a voz perene da língua para a qual traduz. E este era, a meu ver, o poema ideal para tanto. Um poema que permite que se apele à polissemia e se use sem prejuízo amante e amador no mesmo geral contexto. E que, assim, a tradução permita recuperar o sentido quase perdido de uma palavra, na sua própria língua; que desoculte significação legítima; e que, ao mesmo tempo, possa trazer consigo alguma intertextualidade, pois o termo amador é profundamente poético e com raízes na melhor poesia portuguesa. Basta lembrar Camões: Transforma-se o amador na cousa amada/ por virtude do muito imaginar;/Não tenho logo mais que desejar, /Pois em mim tenho a parte desejada. Ou, tomando este por tema, o poema de Herberto Helder: O amador transforma-se de instante para instante./ e sente-se o espirito imortal do amor (…)/O amador entra por todas as janelas abertas. Ele bate, bate, bate/ o amador é um martelo que esmaga/que transforma a coisa amada. Por isso este artigo de hoje foge um bocado ao habitual. Não se trata de responder a críticas ou de entrar em polémicas. Trata-se apenas de clarificar um ponto. E de vos dar a conhecer um grande poema de Alexis Diaz Pimienta . ALGARVE INFORMATIVO #191
OPINIÃO
A gestão do que não existe! Tempo Antónia Correia (Professora e Investigadora) ão 21h44, hoje falhei na entrega da crónica que normalmente escrevo. Provavelmente só vão ler estas notas na próxima semana, mea culpa! Esta semana confrontei-me com um estudo realizado pela market intelligence Laura Sagnier, que afirma as mulheres portuguesas repartem equitativamente as despesas da casa, mas apenas 27 por cento das tarefas domésticas ficam para o marido. Refere ainda que, se nada for feito, a exaustão, que hoje também sinto, terá reflexo na natalidade, no absentismo laboral, nos sistemas de proteção social, na educação das crianças e dos jovens e nos índices de divórcio. Este estudo, que parece alertar para um problema sério, termina concluindo que as mulheres são aparelhos reprodutores, têm que ser excelentes profissionais e, por isso, o cansaço é pura ficção, mas não podem negligenciar a educação dos seus filhos e, já agora, fazer por merecer estar casadas! O título apelava à leitura, porque na realidade eu, como as outras 2,7 milhões, vivem este dilema todos os dias. Mas a conclusão devolveu-me rapidamente todas as responsabilidades que já acumulamos, numa sociedade em que, se é verdade que desempenhamos o papel principal, também é verdade que estamos permanentemente em período experimental e sempre à prova…Filhos,
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Maridos, Casa, e desempenho no trabalho – temos que conseguir! Na realidade, e a conclusão deste estudo assim o demonstra, continuamos a viver numa cultura machista que não tarda em aceitar a emancipação das mulheres. A esta altura eu diria que talvez tivesse valido a pena esperar pela aceitação cultural para depois encetar a emancipação. Assim, conseguimos um regime de acumulação que nenhum sindicato aceitaria, nem as leis do trabalho comportam, sim, porque a ser verdade que as mulheres dispõem de 54 minutos para elas, significa que em média estas super heroínas mantêm-se ativas 15 horas por dia, isto admitindo oito horas de sono diário. O que nem sempre é real. Sendo que o horário de trabalho normal varia entre seis a oito horas por dia, matematicamente estamos a falar duma taxa de esforço de 200 a quase 300 por cento. Taxa esta que comprova a minha teoria, não nos emancipamos, acumulamos tarefas e dividimos despesas muito em conformidade com as leis dos mosqueteiros, um por todos e todos por um! A ver vamos quando é que o todos por um começa a ser real, porque, por enquanto, temos o um por todos! 23h39 missão cumprida que venham as tarefas de fim de semana! Para os meus leitores, as minhas desculpas pelo absentismo laboral! .
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OPINIÃO
A revolução das mulheres no empreendedorismo Fábio Jesuíno (Empresário) stá acontecendo atualmente uma revolução entre as mulheres, o empreendedorismo feminino, que vai mudar o mundo para melhor nos próximos anos. O empreendedorismo feminino é uma temática que ganha cada vez mais destaque e interesse devido ao seu elevado potencial para melhorar a nossa economia e sociedade, permitindo também combater a desigualdade de género que possa ainda existir. As mulheres empreendedoras estão a crescer em todo o mundo, em alguns países, a mais de 10 por cento ao ano, em Portugal uma em cada três empresas é detida por uma mulher e somos o sexto melhor país do Mundo para o empreendedorismo feminino, à frente, por exemplo, de países como a Espanha, Austrália ou o Reino Unido, segundo um estudo da Mastercard. Na minha opinião, no geral, as mulheres são melhores líderes, apesar dos desafios, possuem características únicas, como a cooperação e comunicação no momento
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de liderar uma empresa ou equipa, conseguem avaliar melhor os recursos para alcançar metas. As mulheres estão a conquistar espaço em áreas que antes eram maioritariamente masculinas, como o sector das startups tecnológicas, onde nos últimos anos tem havido grande aumento do número de mulheres. Pude constatar isso durante a minha participação na conferência de tecnologia e empreendedorismo, Web Summit, do ano passado, conhecendo alguns projetos muito interessantes liderados por mulheres. Tive a oportunidade de participar em alguns eventos de empreendedorismo dedicados às mulheres e são fantásticos. Observo que é obrigatório haver uma maior participação das mulheres nos negócios e nos cargos de liderança e não compreendo a razão de isso ainda não acontecer. O nosso modelo de sociedade deve mudar e evoluir para um modelo onde existe igualdade de género, onde as mulheres e os homens são respeitados pelas suas capacidades. Acho que o empreendedorismo feminino é a melhor forma de conseguir esse objetivo .
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OPINIÃO
Alegoria Fernando Esteves Pinto (Escritor) Respirar avidamente numa frase. Ritmo de pensamento. Talvez as suas frases extensas fossem exercícios de respiração.
Não procures esconder nada; o tempo vê, escuta e revela tudo. Sófocles
om a obra «Em Busca do Tempo Perdido», Marcel Proust criou um monumento literário ao tempo. Depois da morte dos pais, deixou de contactar com a sociedade parisiense e isolou-se no seu quarto – um novo mundo que foi buscar às sensações os seus alicerces – e passou a viver apenas nas suas memórias do tempo.
presente, escrita dentro de um círculo fechado, nunca teria sido privada do mundo exterior. A memória consciente estava demasiado próxima das coisas reais, recuperando do tempo perdido a sua própria identidade. Talvez Proust nos quisesse dizer que só sentimos a realidade quando verdadeiramente uma sensação permanece em nós para sempre.
Infatigável excesso de realidade metafisicamente autêntica: pôr a memória a pensar a vida.
Este reencontro da realidade com o que ainda existe dela sugerida por uma sensação é a história de uma vida que viajou na direcção inversa do tempo. Em contacto permanente com o passado, Marcel Proust percebeu que o tempo era a sua máscara de oxigénio. Para se manter ainda vivo precisava dessa reanimação metafísica. Asmático e pouco resistente, para Proust, respirar o tempo precioso prolongarlhe-ia a vida. Era como se vivesse refugiado dentro duma campânula de vidro onde só entrava ar puro. Com uma necessidade veemente, respirava e escrevia frases quase ininterruptas numa ânsia de espírito: era o seu ar do tempo. As altas concentrações da sua escrita eram uma espécie de curativo.
Mais interessado em recuperar o tempo perdido do que seguir a trajectória natural da existência que determina os eternos instantes até ao perecimento, Marcel Proust encontrou um mundo interior cheio de acontecimentos profundamente identificados com o seu espírito. Poder-se-ia dizer que Proust tacteava o tempo com a memória. Naquelas emissões da memória havia luzes acesas no tempo. Intensamente iluminado, Marcel Proust deu início à sua grande viagem pelo subconsciente em que as suas reflexões comunicavam apenas com o passado. Partindo do princípio de que o tempo é uma projecção de três direcções constantes e opostas entre si que transmite alegoria e biografia, Marcel Proust optou por situar a sua vida no tempo já vivido, experienciado; nesse tempo imenso de reencontros na memória. Mas se o tempo era um estado de sensações ininterruptas para Marcel Proust, a sua vida no ALGARVE INFORMATIVO #191
A obra que deixou ao mundo, a viagem no tempo, nunca fará silenciar as sensações que tenhamos sentido em alguma circunstância da nossa vida. O tempo continua sempre a história do ser humano. Não há ausências nem desamparos quando se trata de percorrer o tempo para trás: dizem que estamos de passagem para o interior de algo mais real; que nos confrontamos com as emoções elementares . 124
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REDE VIÁRIA DA GUIA RECEBE INVESTIMENTO DE 398 MIL EUROS a freguesia da Guia, desde novembro de 2018 que estão a ser realizadas 21 intervenções em caminhos que contemplam a pavimentação com tapete betuminoso na faixa de rodagem e em zonas de serventia, ou seja, as zonas entre as faixas de rodagem e os muros das casas, bem como na renovação de zonas de estacionamento. A obra mais avultada foi a primeira fase da pavimentação do Caminho Monchiquense, no valor de cerca de 56 mil euros, e em breve terá início a repavimentação do Caminho dos Álamos (cerca de 850 metros de extensão), pelo valor de 48 mil e 578,50 euros. O total da pavimentação desta empreitada compreende 12 mil e 175 metros e traduz-se num investimento de ALGARVE INFORMATIVO #191
398 mil e 230,66 euros. A empreitada contempla ainda a implantação, em alguns locais, de bermas e valetas, de forma a garantir a boa drenagem superficial longitudinal da pavimentação. Procedeu-se igualmente a um reforço de sinalética. “A rede viária de Albufeira começa a ter outro rosto. As freguesias, nas artérias de maior movimento, têm já um bom piso, seguro, arruamentos condignos e primam tanto pela estética, como pela segurança e conforto”, considera o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo, acrescentando ainda que “era fundamental esta intervenção na freguesia da Guia e, apesar de ser já um investimento avultado, não ficaremos por aqui” . 128
ALBUFEIRA PRESENTE NO SALON DE VACANCES DE BRUXELAS
Câmara Municipal de Albufeira e APAL – Associação de Promoção de Albufeira juntaram sinergias e participaram no Salon de Vacances de Bruxelas, evento que recebe anualmente cerca de 100 mil visitantes e que decorreu de 7 a 10 de fevereiro. São quatro os pavilhões que acolhem o Salon de Vacances de Bruxelas, que se estende por 40 mil metros quadrados e que reúne anualmente mais de 350 expositores e 800 diferentes destinos. É, por isso, um dos maiores certames do género realizados nesta zona da Europa e onde é possível conhecer uma imensidão de ofertas e realizar negócios associados ao setor. A APAL e a Câmara Municipal de Albufeira marcaram presença com um Stand Promocional que permitiu dar a 129
conhecer as potencialidades do concelho. Alojamento, experiências, atividades náuticas, cultura e gastronomia estiveram em destaque no balcão de Albufeira, que cativou a curiosidade e interesse de muitos dos visitantes do Salão, sendo que cerca de 70 por cento têm mais de 50 anos de idade, fator considerado de grande importância para definir a linha e conteúdos associados a esta participação. Ainda no âmbito desta ação foram promovidos diversos contatos institucionais, nomeadamente com o delegado do Turismo de Portugal para a Bélgica e Holanda, João Rodeia, com o objetivo de encontrar novas formas de promoção e valorização de Albufeira nestes mercados. O mercado belga situa-se no Top 10 nacional em termos de visitantes e dormidas, havendo potencial de crescimento nomeadamente no que diz respeito à época balnear, mas também em outras alturas do ano onde a gastronomia, o tempo ameno, a cultura e o património podem cativar mais visitantes . ALGARVE INFORMATIVO #191
ATUALIDADE
MUNICÍPIO DE ALCOUTIM APOIA CENTRO PAROQUIAL DE VAQUEIROS onsiderando o apoio social prestado à população da freguesia, em especial nas suas valências de centro de dia e serviço de apoio domiciliário, a Câmara Municipal de Alcoutim deliberou, em reunião realizada a 13 de fevereiro, atribuir uma comparticipação financeira no montante de 20 mil euros ao Centro Paroquial de Vaqueiros. O apoio irá suprir a dificuldade manifestada pela instituição em dar continuidade ao serviço de apoio domiciliário ao fim de semana e feriados, resultante do número de utentes não comparticipados pela Segurança Social, o
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que tem representado um défice mensal de largos milhares de euros. A instituição assiste 35 idosos, seis dos quais no centro de dia e os restantes 29 em apoio domiciliário, o que obriga a deslocações diárias de centenas de quilómetros. Sendo uma freguesia tão extensa e com povoações muito dispersas, o apoio aos 29 utentes distribuídos por toda a freguesia acarreta custos muito elevados, o que torna os gastos com estes utentes bastante superiores aos valores de referência por utente .
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CÂMARA DE ALCOUTIM RENOVA PROTOCOLO COM ASSOCIAÇÃO CUMEADAS E MOVIJOVEM Câmara Municipal de Alcoutim deliberou, em reunião de 13 de fevereiro, a renovação de um protocolo de colaboração com a Cumeadas - Associação de Proprietários Florestais das Cumeadas do Baixo Guadiana, no sentido de garantir o desenvolvimento de ações de conservação e valorização do património natural, endógeno, agrícola e florestal. Nos termos do documento, a autarquia apoia a Cumeadas com 20 mil euros anuais, investidos em ações de silvicultura preventiva, para reduzir o risco de incêndios; ações de vigilância de incêndios e apoio ao combate (primeira intervenção, ações de rescaldo e vigilância após o rescaldo); ações de sensibilização junto das populações e colaboração na organização de jornadas e eventos. A Cumeadas tem prestado um importante apoio aos produtores florestais alcoutenejos, em especial no que concerne ao acompanhamento nas candidaturas aos pedidos únicos agrícolas como forma de rentabilizar as suas terras. Com sede na aldeia do Pereiro, a associação tem como área de intervenção todo o concelho de Alcoutim e duas freguesias do concelho de Castro Marim (Azinhal e Odeleite). Tem como principal missão dinamizar o investimento sustentável, procurando 131
descomplicar os projetos de desenvolvimento, sendo também um parceiro na defesa da floresta e dos seus recursos e na gestão e ordenamento do seu território. Na mesma reunião foi aprovada a renovação do protocolo de colaboração com a Movijovem de modo a evitar o encerramento sazonal da Pousada da Juventude de Alcoutim, da qual aquela entidade é responsável pela gestão, assim como da restante rede nacional das pousadas de juventude. A Autarquia de Alcoutim compromete-se a atribuir àquela entidade uma comparticipação anual no montante de 30 mil euros e, como contrapartida, dispõe de um pacote anual de reservas de alojamento que poderá ser utilizado em qualquer unidade da rede nacional das pousadas de juventude . ALGARVE INFORMATIVO #191
ATUALIDADE
VI FESTIVAL DE CAMINHADAS DE ALCOUTIM OFERECE TRÊS DIAS DE EXPERIÊNCIAS AOS APAIXONADOS PELA NATUREZA sexta edição do Festival de Caminhadas de Alcoutim acontece nos dias 8,9 e 10 de março, organizado pela Câmara Municipal de Alcoutim em colaboração com o Ayuntamiento de Sanlúcar de Guadiana. O evento está integrado no Algarve Walking Season, apoiado pelo Turismo de Portugal e pelo Turismo do Algarve, tendo como promotora a Cooperativa QRER e como parceiro a Associação Almargem, sendo o ALGARVE INFORMATIVO #191
primeiro de três festivais de caminhadas ao longo do ano na região. Um ano mais Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana tornam-se o epicentro das caminhadas na região do sudoeste da Península Ibérica e da Europa, num festival que cresce em participantes, em colaboradores e em experiências únicas no território. Desde a Serra do Caldeirão ao Rio Guadiana, e valorizando o património natural, cultural, histórico, 132
gastronómico e etnográfico, Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana oferecem três dias de atividades que, de uma forma sustentável, apaixonam o visitante. O Festival propõe 17 caminhadas temáticas e cinco ateliers, apresentando como propostas as Paisagens Apícolas das Taipas, Na Rota dos Sabores do Porco, Percurso de Observação da Natureza, Fabrico de Porta Canivetes em Empreita ou Isqueiros de Pastor, mas muito mais é proposto para os três dias do certame. As caminhadas decorrem por todo o concelho de Alcoutim e em Sanlúcar de Guadiana, com diferentes níveis de dificuldade, e são levadas a efeito por guias conhecedores do
território, que enquadram as diferentes temáticas propostas. As propostas apresentadas são, por isso, uma experiência que permite aos participantes conhecer a paisagem, um pouco da história da região, espaços/monumentos culturalmente interessantes, locais e «gentes», e por vezes ainda, alguns dos locais onde poderão saborear a gastronomia típica da região. A participação é condicionada a inscrição previa que deverá ser realizada no formulário online https://goo.gl/forms/HMPMkkwa7EGs4I aw1.
AUTARQUIA DE ALCOUTIM APOIA ASSOCIAÇÕES DO CONCELHO onsciente da importância do associativismo, a Câmara Municipal de Alcoutim continua a apoiar financeiramente as associações do concelho, tendo aprovado, em reunião do executivo do dia 13 de fevereiro, uma transferência total de 17 mil euros, repartida por diversas associações e coletividades. O objetivo é dar resposta às dificuldades financeiras das associações no cumprimento dos respetivos planos de atividades, já que estas, pela sua representatividade, assumem um importante papel na dinamização e desenvolvimento social, cultural, recreativo e desportivo. Os beneficiários dos apoios financeiros agora atribuídos foram o Grupo Desportivo de Alcoutim (GDA), o Clube 133
Desportivo de Vaqueiros, o Clube de Karaté de Alcoutim e Martim Longo e a Associação Inter-vivos. Das atividades a desenvolver, o destaque vai para a prova regional de fundo em canoagem organizada pelo GDA e que se realizará, no Rio Guadiana, no dia 16 de março. Realce ainda para a prova «4 horas de Resistência Moto TT – Pereiro / Alcoutim» promovida pela Associação de Jovens do Nordeste Algarvio - InterVivos e que se disputa já este sábado, 23 de fevereiro. A prova realiza-se em redor da barragem do Pereiro, num circuito com aproximadamente seis quilómetros, e nas edições anteriores contou com a presença das maiores figuras nacionais da modalidade, caso de Hélder Rodrigues, Rúben Faria, Paulo Gonçalves, António Maio e Luís Teixeira, entre tantos outros . ALGARVE INFORMATIVO #191
ATUALIDADE
FIBRA ÓTICA VAI CHEGAR ÀS FURNAZINHAS Câmara Municipal de Castro Marim estabeleceu, no dia 20 de fevereiro, a contratação de um serviço de fibra ótica na povoação das Furnazinhas, na freguesia de Odeleite, que será instalado na antiga escola primária da aldeia, permitindo assim o acesso às telecomunicações, um anseio antigo desta povoação serrana com cerca de 100 habitantes. Além do desenvolvimento e melhoria das condições de vida da população residente, a concretização desta iniciativa representa também uma valorização do interior do concelho de Castro Marim, funcionando como fator de atratividade a novos residentes e como alavanca no setor do turismo. Trata-se de uma ação piloto da autarquia
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de Castro Marim que será testada e avaliada para posteriormente poder ser replicada noutros aglomerados populacionais do interior do concelho. “A tão desejada descentralização de competências devia passar também por questões que se prendem com o ordenamento do território, permitindo aos municípios combater de uma forma efetiva a desertificação do interior, que passa, sem dúvida, por facilitar a construção, melhorar os acessos rodoviários, concretizar o abastecimento de água domiciliária nestes territórios e promover o acesso às telecomunicações, e não pelos programas, estudos e observatórios que temos visto desenvolvidos”, defende o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral .
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CICLOVIA VAI LIGAR CASTRO MARIM A VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO
á começaram esta semana os trabalhos da ciclovia que liga Castro Marim a Vila Real de Santo António, localizada na EN122. A obra é comparticipada pelo PO CRESC Algarve 2020, projeto PADRE, apoiada por Portugal e União Europeia, cofinanciada a 70 por cento pelo FEDER. A criação de novas infraestruturas cicláveis pretende interligar-se às políticas desportivas e culturais e de desenvolvimento do concelho de Castro Marim, numa perspetiva de valorização do património natural, mas também do cultural e edificado. Trata-se de uma intervenção de cerca de três quilómetros, que permitirá, além do acesso Vila Real de Santo António – Monte Gordo – Castro Marim, o acesso ao interior da Reserva do Sapal. Será criada uma ciclovia lateral à via, sobre uma da 135
plataforma já existente na direção poente, criada pela empresa Águas do Algarve aquando da implantação do Sistema Intercetor de Águas Residuais de Castro Marim. “Grande parte do nosso turismo é sénior, um tipo de público que aprecia a natureza, gosta de andar de bicicleta e de sair do conceito turístico de sol e praia, por isso, temos de alargar a oferta, aproveitando outros recursos do concelho, como é o caso da Reserva Natural do Sapal”, defende o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco Amaral. Além desta ciclovia, deverá avançar brevemente para obra o projeto da ciclovia que ligará Castro Marim a Altura, na EN 125 – 6, a via de acesso à freguesia de Altura e ao IC27. Neste caso trata-se de uma via ciclável com uma extensão de cerca de cinco quilómetros e a sua criação está integrada no projeto de valorização da rodovia que dá acesso às praias do concelho, nomeadamente no alargamento e repavimentação, na melhoria da drenagem e na inserção de uma rotunda onde agora existe um cruzamento .
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ATUALIDADE
MUNICÍPIO DE FARO TRANSFERE 280 MIL EUROS PARA OS AGRUPAMENTOS DO CONCELHO Câmara Municipal de Faro aprovou por unanimidade, na reunião de câmara de 18 de fevereiro, o protocolo de transferência de competências e meios para os agrupamentos do concelho, relativos ao ano de 2019, num valor que ultrapassa os 280 mil euros e que representa um esforço considerável para dotar estes estabelecimentos de ensino de autonomia financeira e capacidade de atuação para desenvolver o seu trabalho. Ao valor que é proposto para a transferência de meios acresce ainda o valor cabimentado de cerca de 108 mil euros referentes à ação social escolar, que só é possível distribuir após o início do ano letivo, de acordo com o número de alunos carenciados no concelho.
diagnóstico das necessidades e na definição de medidas de planeamento educativo, promotoras de agilidade e eficiência e zeladoras de um parque escolar favorável à prática educativa. A Educação continua, assim, a ser uma aposta política prioritária, desde logo pelo investimento na melhoria das condições disponíveis para a prática do Ensino e pelo reforço no apoio às direções, que tem permitido ter escolas mais funcionais e modernas. Para além das transferências de competências e meios previstas, o Município de Faro continua a oferecer os manuais escolares e os materiais pedagógicos aos mais carenciados, sem esquecer o pequeno-almoço, o almoço e o transporte .
Com a aprovação deste protocolo, procura a Câmara Municipal de Faro reforçar a autonomia das direções dos agrupamentos, colocando em prática uma estratégia integrada de gestão local do parque escolar para responder às necessidades dos estabelecimentos de ensino. Pretende-se ainda privilegiar o papel dos Agrupamentos de Escolas do Município no ALGARVE INFORMATIVO #191
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12 ALUNOS REPRESENTAM CONCELHO DE LOULÉ NA FASE INTERMUNICIPAL DO CONCURSO NACIONAL DE LEITURA
á são conhecidos os alunos que vão representar o Concelho de Loulé na fase intermunicipal da 13.ª edição do Concurso Nacional de Leitura, tendo sido selecionados durante a fase municipal que se realizou, no dia 18 de fevereiro, na Biblioteca Municipal de Loulé. No que diz respeito ao 1.º Ciclo, Miguel Capitão-Mor (4.º ano, Escola EB1 Mãe Soberana - Loulé), Gonçalo Relvas (4.º ano, Escola EB1 da Fonte Santa – Quarteira) e Lucas Xavier (4.º ano, Escola EB1 de Quarteira) foram os selecionados. Maria Inês Lima (6.º ano, Escola EB2,3 Padre João Coelho Cabanita – Loulé), Isabel Pereira (5.º ano, Colégio 137
Internacional de Vilamoura) e Ana Margarida Cerqueira (6.º ano, Escola EB2,3 Engº Duarte Pacheco – Loulé) irão representar o Concelho no 2.º Ciclo. Foram ainda apurados, no 3º Ciclo, Madalena Brito (9.º ano, Colégio Internacional de Vilamoura), Paulo Coelho (9.º ano, Escola EB2,3 Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva – Boliqueime) e Érica Viegas Lourenço (9.º ano, Escola EB2, 3 Prof. Sebastião Teixeira – Salir) e, no Secundário, Carolina Graça (10.º ano, Colégio Internacional de Vilamoura), Maria Inês Papa (11.º ano, Colégio Internacional de Vilamoura) e Lourenço Albuquerque (11.º ano, Escola Secundária de Loulé). A fase intermunicipal do 13.º Concurso Nacional de Leitura irá reunir representantes dos 16 concelhos algarvios e disputa-se em Albufeira, a 2 de abril, data em que se assinala o Dia Internacional do Livro Infantil . ALGARVE INFORMATIVO #191
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MUNICÍPIO DE LOULÉ INVESTE MAIS DE 2,6 MILHÕES DE EUROS PARA LEVAR PASSEIO DAS DUNAS ATÉ VILAMOURA oi celebrado, no dia 18 de fevereiro, no Centro Comunitário de Quarteira, o auto de consignação da segunda fase do Passeio das Dunas, isto é, da requalificação urbanística da Zona Costeira Poente de ligação Quarteira/Vilamoura. O objetivo é dar continuidade à intervenção no troço que liga o Passeio das Dunas até à Marina de Vilamoura, desde o primeiro apoio de praia (de nascente para poente) até à ribeira de Quarteira. A Marina Poente e toda a área adjacente ao Hotel Tivoli Marina serão as primeiras áreas a ser alvo de requalificação, num ALGARVE INFORMATIVO #191
projeto que visa a melhoria da qualidade urbanística, bem como dignificar toda esta zona, promovendo um local atualmente vago, «terra de ninguém», a um espaço público de qualidade que seja um polo dinamizador de fluxos entre as diversas áreas urbanas e as praias. É, por isso, uma intervenção estruturante para o litoral do concelho de Loulé, tendo sido adjudicada a 19 de setembro do ano transato, com um prazo de execução de 420 dias e um custo de dois milhões, 645 mil e 742,12 euros. “É mais uma obra pública municipal de envergadura e de importância inquestionável, pelo que agradeço à equipa de arquitetos que 138
criou e passou para o papel o seu trabalho; e aos técnicos municipais que, com o seu saber e experiência, asseguram a execução de processos e projetos, nunca lineares e quase sempre com surpresas imprevistas. Para a equipa que agora inicia os trabalhos, o desejo é que tudo corra bem, com o menor incómodo possível e que os prazos sejam cumpridos”, afirmou Vítor Aleixo, depois da assinatura do ato de consignação. O edil louletano pediu desde logo a compreensão a todos aqueles que vão ser confrontados com os trabalhos no terreno que arrancam dentro de poucos dias e que, mercê disso, vão ver as suas rotinas empresariais, ou pessoais, afetadas. “A Câmara Municipal de Loulé e a Junta de Freguesia de Quarteira aqui estarão para que cada problema que surja possa ter uma resposta adequada. O mote é colaboração e articulação”, frisou Vítor Aleixo, lembrando ainda que esta intervenção no espaço público litoral entre Quarteira e Vilamoura a todos vai beneficiar, trazendo mais-valias ambientais, empresariais e sociais. “Desde o início deste segundo mandato, em outubro de 2017, foram lançados 24,2
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milhões de euros em empreitadas, descontando os concursos que ficaram desertos, e foram adjudicados até à presente data 19 milhões de euros em obras públicas municipais. Para aqueles que insistem em fazer passar a ideia de que a Câmara Municipal de Loulé só se preocupa em tesourar dinheiro, está aqui a resposta e os números falam por si. O que procuraremos sempre é prudência e prudência, porque estamos a gastar dinheiro público que é de todos nós”, sublinhou Vítor Aleixo. Recorde-se que a primeira fase do Passeio das Dunas foi executada e inaugurada por Vítor Aleixo e Telmo Pinto enquanto presidentes da Câmara Municipal de Loulé e da Junta de Freguesia de Quarteira, respetivamente, num ato que contou com a presença do Primeiro-Ministro António Costa. “Vamos agora empenhar-nos para que a inauguração da segunda fase do Passeio das Dunas possa ter como protagonistas políticos os mesmos personagens e no exercício das mesmas funções”, fez questão de acrescentar o autarca louletano .
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MUNICÍPIO DE OLHÃO QUER OFERECER TABLETS AOS ALUNOS DO CONCELHO JÁ NO PRÓXIMO ANO LETIVO Município de Olhão vai lançar nos próximos dias um concurso público para a aquisição de cerca de mil e 500 tablets, que serão oferecidos aos alunos do ensino público do concelho já no próximo ano letivo. O investimento, pioneiro em Portugal, na ordem dos 280 mil euros, surge no seguimento da política educativa que a autarquia tem vindo a implementar e que visa a modernização do parque escolar, instalações e equipamentos, mas também dos métodos de ensino e dos recursos pedagógicos à disposição dos alunos. “Esta medida vem na senda da oferta de manuais escolares que temos vindo a fazer em anos anteriores. Uma vez que, no ano letivo 2019-2020, já será o Estado Central a oferecer todos os manuais, decidimos canalizar essas verbas para a oferta de tablets aos alunos”, explica o presidente da autarquia, António Miguel Pina. O investimento irá repetir-se ao longo de três anos letivos, de forma a que, no final, todos os alunos do 4.º ao 12.º ano disponham deste recurso oferecido pelo Município. Serão contemplados anualmente os 4.º, 7.º e 10.º anos. Estes equipamentos irão ainda complementar o investimento recente levado a cabo pela ALGARVE INFORMATIVO #191
autarquia olhanense, no sentido de equipar todas as 118 salas de aula do pré-escolar e 1.º Ciclo da rede pública do concelho com sistemas de projeção, computadores, videoprojetores e respetivas telas ou quadros de porcelana. O investimento ascendeu aos cerca de 89 mil euros e potencializa, agora, a integração em contexto de sala de aula de práticas educativas mais integradoras e motivadoras para os alunos, nomeadamente através da introdução dos tablets em contexto de sala de aula. Finalmente, a autarquia olhanense pretende minimizar os efeitos para a saúde dos alunos do transporte de mochilas pesadas, uma vez que os manuais escolares virtuais poderão ser instalados nos tablets, aliviando o peso das mesmas .
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ESCOLA DR. JOÃO LÚCIO NA FUSETA GANHA NOVA COZINHA s cerca de 300 alunos da Escola Dr. João Lúcio, na Fuseta, já podem contar com uma nova cozinha, que foi alvo de uma intervenção profunda e implicou um investimento de 117 mil euros. “As Câmaras Municipais desempenham um papel muito importante na manutenção das escolas e equipamentos dos respetivos concelhos e essa é uma missão em relação à qual temos estado bastante atentos, até porque não basta construir. É necessário, ao longo do tempo, cuidar do património que é de todos nós”, referiu António Miguel Pina na inauguração do espaço. A cozinha deste estabelecimento de ensino, que datava de 1988, apresentavase degradada e obsoleta e não oferecia as
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melhores condições para a confeção de refeições. Este investimento inseriu-se num conjunto de intervenções, no valor de 320 mil euros, que beneficiaram as escolas Dr. João Lúcio, Cavalinha, N.º 4, Brancanes, Marim e Pechão, com que o Município de Olhão pretende requalificar o parque escolar do concelho. Do pacote de obras, que beneficia perto de mil alunos, 76 docentes e 40 profissionais não-docentes, destaque para a aquisição de equipamento informático e multimédia, mobiliário, ar condicionado, requalificação de instalações e arranjos exteriores. Todas se encontram já concluídas, à exceção da instalação do ar condicionado da escola de Pechão, que deverá terminar nos primeiros dias de março .
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FESNIMA ASSINOU CONTRATO DE MANUTENÇÃO DE 17 FOGOS DEVOLUTOS oi assinado, no dia 12 de fevereiro, entre a Fesnima e a empresa LOVIMEC – Renovação Urbana e Construção Unipessoal, Lda., o contrato da empreitada de manutenção de 17 fogos de habitação social devolutos, localizados em vários pontos do concelho de Olhão. As obras nestes fogos, cuja gestão se encontra a cargo da Fesnima, por força do contrato-programa celebrado com o Município de Olhão, pretendem restituir a estas casas as condições de salubridade e habitabilidade que lhes permitam vir a ser habitadas pelas famílias a quem venham a ser outorgadas, no âmbito do concurso para atribuição de habitações em regime de renda apoiada. Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal e presidente do Conselho de ALGARVE INFORMATIVO #191
Administração da Fesnima, António Miguel Pina, assegurou que se “começam a ver os resultados da gestão eficaz do parque habitacional municipal por parte da Fesnima”. “A habitação é um dos pilares essenciais para uma vida condigna e, pela nossa parte, tudo continuaremos a fazer para assegurar que todos tenham acesso a ela”, reforçou o autarca. Os fogos a intervencionar localizam-se no Bairro Fundo de Fomento de Habitação, Bairro Horta Dr. Pádua, Loteamento dos Murtais, em Moncarapacho, Bairro da Rua da Armona e Bairro da Rua Manuel de Oliveira. O valor de adjudicação da empreitada é de 189 mil e 860,15 euros e as obras começam já na segunda quinzena de março . 142
AUTARQUIA DE OLHÃO INVESTE NA SUBSTITUIÇÃO E RENOVAÇÃO DE PARQUES endo consciência da extrema importância da brincadeira livre para o desenvolvimento infantil, e de forma a melhorar os espaços exteriores dos jardins-de-infância, o Município de Olhão tem vindo a apostar na requalificação e substituição dos parques infantis dos jardins-deinfância das escolas EB1/JI N.º 1 de Olhão (Largo da Feira), EB1/JI da Cavalinha e EB1/JI N.º 4 de Olhão. O investimento, superior a 60 mil euros, contemplou a aquisição e renovação de equipamentos de lazer e a substituição de pavimentos. A aquisição dos vários equipamentos teve em consideração a área de implementação dos mesmos, tendo sido realizado um planeamento da sua distribuição nos vários espaços, de forma a garantir a potencialização da área disponível para a brincadeira e o lazer, mas também para a aquisição de capacidades físicas, mentais e sociais. Foram ainda considerados critérios de paisagismo, de forma a garantir a harmonização destes espaços ao ar livre. Assim, no âmbito dos jogos clássicos, foram adquiridos escorregas, para treinar a perceção espacial e promover a compreensão de altura e gravidade, providenciando às crianças um sentido positivo de risco; casinhas e painéis 143
lúdicos, que proporcionam a realização de interações e habilidades sociais; e jogos de escalada, que desenvolvem a coordenação motora e a visualização espacial. Todos os equipamentos encontram-se devidamente certificados pelas entidades competentes, de forma a garantir a máxima segurança nas brincadeiras . ALGARVE INFORMATIVO #191
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GALEGOS DE BAIONA VIERAM A SAGRES APRESENTAR A «FESTA DA ARRIBADA» Forte do Beliche, em Sagres, recebeu, no dia 15 de fevereiro, uma delegação do município de Baiona, na Galiza, para a apresentação oficial da XXIV Festa da Arribada, que irá acontecer, na vizinha Espanha, de 1 a 3 de março. No decorrer da cerimónia, a Vereadora da Cultura María Iglesias Fernández deu a conhecer o spot promocional e todas as novidades da edição de 2019 deste festival medieval que assinala o 526.º aniversário da chegada da caravela «La Pinta» a Baiona, na sua viagem de regresso depois de Cristóvão Colombo ter descoberto as Américas. Baiona é geminada com Vila do Bispo desde 2009, no tempo do antigo edil ALGARVE INFORMATIVO #191
Gilberto Viegas, e o atual autarca Adelino Soares não poupou elogios a um evento que considera de interesse internacional e que merece ser visitado por todos, face à sua riqueza cultural e histórica. E, no final da apresentação, os muitos convidados tiveram logo a oportunidade de degustar alguns dos doces típicos da Arribada, como os «Ñoclos Pinzon» e «Las Tartes Sarmiento», acompanhados por vinho doce e «Pan de los Clérigos», uma receita fiel ao que faziam os mestres padeiros da Idade Média. Para o Município de Baiona tratou-se de uma oportunidade única para divulgar o evento numa região turística de excelência que é o Algarve e o local 144
não poderia ser outro que não o Forte do Beliche, dada a ligação do concelho de Vila do Bispo com os descobrimentos portugueses, servindo o momento 145
também para fortalecer os laços institucionais e de amizade que unem os dois concelhos . ALGARVE INFORMATIVO #191
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APCER CERTIFICA SISTEMA DE GESTÃO DA SEGURANÇA ALIMENTAR DA LOTA DA BALEEIRA/SAGRES Docapesca obteve a certificação do sistema de gestão da segurança alimentar da lota de Sagres, pela APCER, segundo o referencial ISO 22000, depois de ter concluído o mesmo processo nas lotas de Póvoa de Varzim e Figueira da Foz em 2018. No ano passado foram investidos 130 mil euros no porto de pesca da Baleeira/Sagres, nomeadamente na instalação de nova plataforma flutuante e manutenção. O processo de certificação do sistema de gestão da segurança alimentar será, ainda em 2019, alargado a mais três lotas: Viana do Castelo, Aveiro e Nazaré. Sendo a higiene e a segurança alimentar do pescado um dos objetivos estratégicos da Docapesca, a empresa tem vindo a reforçar as condições de segurança e qualidade alimentar através da
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requalificação dos edifícios e equipamentos e da melhoria dos procedimentos organizacionais, visando a criação de um sistema de gestão de segurança alimentar qualificado. Esta certificação é essencial na medida em que a Docapesca tem a responsabilidade pela aplicação das normas de segurança alimentar ao pescado transacionado nas lotas do continente português, assim como a sua rastreabilidade e a informação ao consumidor. Garante-se, assim, de forma independente e imparcial, que todas as organizações, clientes e demais intervenientes do setor reconhecem que os produtos são fornecidos de forma segura, com qualidade e em conformidade com as exigências definidas pelas normas ISO 22000 .
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REALITY SHOW «THE BACHELOR» LEVA ALGARVE A 11 MILHÕES DE ESPETADORES DOS EUA Algarve foi o destino escolhido como cenário para os últimos episódios da temporada 23 do reality-show «The Bachelor», um formato de grande sucesso nos EUA, transmitido pela cadeia televisiva ABC. Estando a emissão deste episódio prevista para o dia 4 de março, os espetadores do programa irão poder conhecer a beleza das paisagens naturais da região, com destaque para o cabo de São Vicente e para a cidade de Tavira. Realizado sempre num ambiente luxuoso, incluindo viagens pelo mundo a lugares paradisíacos, «The Bachelor» é um reality-show cujo conceito consiste em dar a um homem solteiro a oportunidade de encontrar o amor através do convívio com um grupo de mulheres, das quais terá que escolher uma no final do programa. Transmitido em horário primetime, está no ar há 15 anos e regista uma média semanal de 11 milhões de telespetadores nos EUA, sendo que todos os episódios estão também disponíveis para visualização em plataformas streaming e on demand. A edição americana de «The Bachelor» 147
chega aos cinco continentes, sendo neste momento emitida em cerca de 225 países. A gravação do programa no Algarve contou com o apoio da Associação Turismo do Algarve (ATA), a agência responsável pela promoção turística externa da região, que encontrou nesta ação uma oportunidade estratégica para
projetar a imagem e a notoriedade do destino junto do mercado norteamericano. Recorde-se que o interesse do mercado norte-americano pela região tem vindo a aumentar de forma significativa. Em 2018, o Algarve registou a presença de 78 mil hóspedes provenientes dos EUA (mais 25,3 por cento do que no ano anterior) e contabilizou perto de 219 mil dormidas (um aumento de 29,4 por cento face a 2017) . ALGARVE INFORMATIVO #191
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #191
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