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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 16 de março, 2019

REVISTA À PORTUGUESA DO BOA ESPERANÇA ALGARVE FESTEJOU CARNAVAL | CRISTINA BRANCO EM LOULÉ | JÚLIO RESENDE EM OLHÃO 1 INFORMATIVO #193 CONAN OSÍRIS VENCEU FESTIVAL DA CANÇÃO EM PORTIMÃO|«TANTO MAR» |ALGARVE «MODA VESTRA»


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CONTEÚDOS #193 16 DE MARÇO, 2019 12

ARTIGOS 6 - Miguel Freitas 12 - «Tanto Mar» 22 - Festival da RTP da Canção 36 - Carnaval 66 - Cristina Branco 76 - Revista do Boa Esperança 92- «Moda Vestra» 102 - Júlio Resende 132 - Algarve Trade Experience 142 - Dia da Mulher no IPDJ 150 - Loulé Open de Ténis 156 - Atualidade

OPINIÃO

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112- Paulo Cunha 114 - Adília César 116 - Ana Isabel Soares 118 - Carla Serol 120 - Fábio Jesuíno 122 - Paulo Bernardo 124 - Fernando Cabrita 128 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #193

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O BURRO, O CUBO MÁGICO, o tesla E OS CONSTRUTORES DE PAISAGENS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo® ALGARVE INFORMATIVO #193

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ljezur recebeu, de 22 a 24 de fevereiro, a segunda edição da Bienal de Turismo de Natureza, organizada pela Associação Vicentina e subordinada ao tema «Sustentabilidade». E foi disso mesmo que falou o Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, durante a sessão inaugural, de cubo mágico em punho. “O que nos deslumbra no cubo mágico é a velocidade com que somos capazes de resolver as equações que se nos colocam pela frente no dia-a-dia. Normalmente ficamos fascinados com aquilo que é rápido, com aquilo que conseguimos perceber rapidamente, mas muitas vezes

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temos uma enorme incompreensão para o que é complexo”, sublinhou. Para o governante, falar de sustentabilidade é falar, precisamente, de complexidade e a grande questão dos tempos modernos tem a ver com a forma como se lida com ela. “A inteligência artificial tem-nos ajudado nessa tarefa. Contudo, um computador com um algoritmo capaz de resolver 100 milhões de combinações por segundo leva, mesmo assim, 13 anos para completar todas as combinações do cubo mágico, mas há um homem que o fez em quatro segundos. Para a perceção sobre a rapidez, o homem é, de facto, mais rápido, mas para a complexidade precisamos de arranjar quem nos

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Jorge Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira e da AMAL, José Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal de Aljezur, Miguel Freitas, Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Tural e Joaquim Brandão Pires, Primeiro Secretário da AMAL

ajude a compreender a realidade”, considerou Miguel Freitas, antes de virar a conversa para a questão da «diferença». “Estive há pouco tempo em trabalho em Ribeira de Pena, em Trás-os-Montes, num hotel lindíssimo num sopé de uma colina, num local completamente deserto, sem nada à volta, numa zona muito pouco povoada, e à frente do hotel estavam seis carregadores de Tesla e lá estava um desses carros a ser carregado”, revelou. A situação caricata serviu para Miguel Freitas enfatizar que existem sempre formas diferentes de se valorizar os territórios, de se ter ideias, de se captar o que é essencial a cada momento. “Num tempo em que as questões da transição ALGARVE INFORMATIVO #193

energética são bastante importantes, a Tesla é uma marca incontornável, mas também não me esqueço daquela senhora que organiza passeios de burro para turistas. O burro é uma marca de enorme diferença que podemos ter, provavelmente ainda maior que o Tesla. De facto, é possível andar de Tesla em qualquer parte do mundo, mas só conseguiremos andar de burro em pouquíssimos locais do planeta e o Algarve é um deles”, explicou o Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, evidenciando que “aquilo que parece vulgar muitas vezes se torna invulgar e aquilo que muitas vezes é invulgar, afinal, é bastante mais vulgar do que julgamos ser”. 8


Miguel Freitas entende, então, que o ser humano se deslumbra frequentemente com aquilo que é belo, mas não pelo que é vulgar, ainda que este último possa ser mais importante do que o primeiro. “Precisamos ter a perceção da diferença que existe em cada uma das coisas, em cada um dos locais, porque essa diferença está em nós e no ambiente em que vivemos”, reforçou. E porque se estava num certame sobre o turismo de natureza, o governante lembrou que os territórios não podem, nem devem, desempenhar todos as mesmas funções, nem devem ser todos habitáveis. “Há que ter um ordenamento de território que permita compreender, acima de tudo, como é que articulamos o urbano e o rural, e que função é que cada território deve desempenhar. Depois, temos que perceber que o turismo de natureza, o turismo sustentável, vive muito dos

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«construtores de paisagens», sejam eles alimentares ou florestais. São esses os construtores principais da paisagem que todos os dias admiramos quando andamos nos nossos carros, no Tesla ou no burro”, salientou Miguel Freitas. Perante uma plateia atenta composta por dirigentes e empresários, o Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural afirmou que esses «construtores de paisagens» são essencialmente produtores e agricultores que devem ser acarinhados, de modo a ter-se um turismo sustentável com uma marca forte em todos os setores. “Só que, para eles serem produtores sustentáveis, é necessário que as suas produções sejam pagas de forma justa. Não podem ser remuneradas da mesma forma que quem produz de modo

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massificado”, alertou Miguel Freitas. “Finalmente, também é preciso associar aqueles que nos visitam à ideia de uma alimentação sustentável e fazê-los compreender que não vão a um território de turismo de massas. E temos marcas importantíssimas nesse aspeto, a maior das quais a Dieta Mediterrânica. É o mais potente elemento que temos de valorização dos territórios rurais do Algarve”, assegurou o governante, terminando a sua intervenção com o apelo a que haja uma real partilha de visão para o futuro. “Só aqueles que pensam que o

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burro não é passado, mas que é um presente perpétuo que pode ser futuro, é que podem partilhar uma visão de futuro. Assim conseguiremos, em conjunto, passar da lógica das parcerias que construímos para ir realizando projetos, para uma lógica de plataforma com uma visão de médio e longo prazo, algo sólido que se constrói todos os dias para trilharmos o caminho desejado. E é preciso criarmos sistemas locais de inovação e encontrarmos coisas simples que sejam belas” .

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FOLHA DE MEDRONHO ORGANIZOU PRIMEIRO FESTIVAL DE ARTES PERFORMATIVAS DE PAÍSES FALANTES DO PORTUGUÊS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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e 6 a 9 de março, Loulé recebeu espetáculos de artes performativas vindos de países falantes do português, naquela que foi a edição zero do «Tanto Mar - Festival de Artes Performativas de Loulé», uma iniciativa da Associação Cultural Folha de Medronho em coprodução com a Câmara Municipal de Loulé /Cine-Teatro Louletano. São dois os eixos principais do «Tanto Mar»: contribuir para completar a oferta local e regional; e desenvolver, ao longo do ano, direta ou indiretamente, o trabalho de cruzamento de experiências entre os criadores dos países onde o português é a língua oficial, de preferência tentando que estas experiências, e os seus resultados, encontrem em Loulé, a médio/longo prazo, o palco europeu privilegiado, e o espaço físico para um futuro arquivo do material do labor necessário para chegar ao efémero do palco. Nesta procura de cruzamentos e intercâmbios, o «Tanto Mar» não busca a homogeneização, muito menos hegemonização cultural. Antes, e sempre, procura a colisão criativa de narrativas e contra-narrativas que substanciam a longa história e consolidam, na diversidade, as afinidades entre povos falantes do português. E o primeiro espetáculo a ir a cena, no dia 7, no Cine-Teatro Louletano, foi «Kangalutas», pelo GTO/Folha de Medronho (Guiné-Bissau/Portugal). Drama e comédia misturam-se nesta peça que nos leva a revisitar uma faceta pouco (re)conhecida de um passado ainda presente, vivido por muitos guineenses e portugueses. ALGARVE INFORMATIVO #193

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Embaralhando factos e memórias (reais e fictícias), deles fazendo uma trama tecida em torno das vicissitudes do amor, feridas do passado e conflitos de interesses, pretende-se com este espetáculo convidar à análise do quotidiano de um país à procura de si próprio e trazer à tona a natureza humanista do que devem ser as relações entre povos e cidadãos, longe do espetro da dominação, da intolerância e da discriminação racial. O texto original é de Abdulai Sila, com adaptação, dramaturgia, encenação e direção artística de João de Mello Alvim e interpretação de Alexandra Diogo, Edilta da Silva Dias e Elsa Maria Ramos Gomes. No dia 8 subiu ao palco «Escuridão Bonita», uma adaptação de UMCOLETIVO - Associação Cultural da estória do escritor angolano Ondjaki, afigurando-se como ALGARVE INFORMATIVO #193

uma peça de registo intimista especialmente vocacionada para famílias. “A história é muito cheia de cheirinhos e sabores e abraços indolores. É uma história que se faz muitas vezes, a pouco e pouco, com poucas pessoas na sala. Acontece como uma música longa e em segredo, que interrompe o coração, e, por isso, chamamos-lhe Escuridão Bonita”, descreve a associação. A finalizar o certame curtural, o CineTeatro Louletano acolheu, no dia 9 de março, «Evocando os mortos – Poéticas da Experiência», pela Tribo de Atuadores «Ói Nóis Aqui Traveiz», do Brasil. A desmontagem feita por Tânia Farias refaz o caminho do ator na criação de personagens emblemáticas da dramaturgia contemporânea. Em simultâneo, constitui um olhar sobre as 16


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discussões de Género, abordando a violência contra a mulher nas suas variantes, questões que passaram a ocupar centralmente o trabalho de criação desta companhia, ou Tribo de Atuadores. Seguindo a linha de investigação sobre teatro ritual de origem artaudiana e performance contemporânea, Tânia Farias levou a assistência num mergulho no que é fazer teatral onde o trabalho autoral do ator condensa um ato real com um ato simbólico, provocando experiências que dissolvam os limites entre arte e vida, e ao mesmo tempo potencializem a reflexão e ALGARVE INFORMATIVO #193

o autoconhecimento. Revelando os processos de criação de diferentes personagens, criadas entre 1999 e 2011, a conceituada atriz brasileira deixou ver quanto as suas vivências pessoais e do coletivo Tribo de Atuadores «Ói Nóis Aqui Traveiz» atravessam os mecanismos de criação e, por via da ativação da memória corporal, fez surgir e desaparecer as personagens, realizando uma espécie de ritual de evocação dos seus mortos para compreensão dos desafios de fazer teatro nos dias de hoje . 18


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CONAN OSÍRIS VENCEU FESTIVAL DA CANÇÃO NUMA GRANDIOSA NOITE NO PORTIMÃO ARENA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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ra um género de vencedor antecipado e assim se confirmou, na noite de 2 de março, em Portimão: Conan Osíris com o seu «Telemóveis» venceu o Festival da Canção de 2019 e vai representar Portugal no Festival da Eurovisão que este ano se disputa em Telavive, Israel. Se é cantor ou um simples performer, dividem-se as opiniões. Se é artista ou entertainer, cada um tem a sua sentença. O certo é que o próprio Conan Osíris parece não perceber como chegou à final do Festival da Canção, e muito menos vencê-la, e assim pensarão muitos portugueses. Mais, porém, acharão o contrário, porque a verdade é que foi o vencedor da votação do público. Gostos à parte, fica para a história mais uma fantástica produção realizada no Algarve, desta vez em Portimão, com o Portimão Arena a transfigurar-se por completo, um pouco como já tinha acontecido na gala inaugural do «Portimão – Cidade Europeia do Desporto 2019», a provar que, de facto, é o único espaço fechado existente na região com dimensão e condições logísticas para albergar eventos desta natureza. Não sabemos se a música portuguesa ganhou alguma coisa com a vitória de Conan Osíris na noite de 2 de março, mas de certeza que Portimão, e o Algarve, ganharam muito com o sucesso estrondoso da final do Festival da Canção. A concurso estiveram oito finalistas Calema, Mariana Bragada, Matay, Surma, NBC, Madrepaz, Conan Osíris e Ana Cláudia – e depressa se anteviu, pelo menos pela reação do público que praticamente esgotou o Portimão Arena, ALGARVE INFORMATIVO #193

que apenas Matay e NBC poderiam baralhar as contas e «incomodar» o superfavorito Conan Osíris. E a prestação dos oito intérpretes desenrolou-se a bom ritmo, sempre com imagens das belas paisagens e maisvalias do concelho de Portimão a antecederem as canções. Num espetáculo muito bem conduzido por Vasco Palmeirim e Filomena Cautela sucederam-se vários regressos ao passado, flashbacks para recordar os apresentadores e vencedores de outras edições, a forma como se procediam antigamente as votações, os cenários, as coreografias, os guarda-roupas. E ao palco subiram também Isaura para 24


lembrar «O Jardim», tema com que Portugal foi ao Festival Eurovisão da Canção em 2018; Cláudia Pascoal apresentou a sua primeira canção original («Ter ou Não Ter»); Armando Gama cantou o eterno «Esta Balada Que Eu Te Dou», Anabela interpretou «A Cidade Até ser Dia» e Vânia Fernandes recordou «Senhora do Mar». O período de votações do público chegou, entretanto, ao fim, mas primeiro havia que conhecer as decisões dos jurados das sete regiões do país, com Conan Osíris a recolher sempre a pontuação máxima de 12 pontos. Perspetivava-se a confirmação do grande vencedor do Festival da Canção de 2019, 25

mas faltavam ainda conhecer os resultados do televoto. E, feitas as contas, assim ficaram definidas as pontuações finais: «Telemóveis», Conan Osíris — 12 pontos (júri) + 12 pontos (público); «Igual a Ti», NBC — 10 pontos (júri) + 8 pontos (público); «Perfeito», Matay — 7 pontos (júri) + 10 pontos (público); «Mundo a Mudar», Madrepaz — 7 pontos (júri) + 6 pontos (público); «Pugna», Surma — 8 pontos (júri) + 4 pontos (público); «A Dois», Calema — 4 pontos (júri) + 7 pontos (público); «Mar Doce», Mariana Bragada — 3 pontos (júri) + 5 pontos (público); «Inércia», Ana Cláudia — 5 pontos (júri) + 3 pontos (público) . ALGARVE INFORMATIVO #193


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CARNAVAL DE LOULÉ Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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CARNAVAL DE LOULÉ Fotografia: Irina Kuptsova

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CARNAVAL DE PORTIMÃO Fotografia: Filipe da Palma/CMP

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CARNAVAL DE S. BRÁS Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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CARNAVAL DE ALTURA Fotografia: João Conceição

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CARNAVAL DE MONCARAPACHO Fotografia: Fรกbio Freira Photography

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DEPOIS DE «MENINA», CRISTINA BRANCO TROUXE O NOVÍSSIMO «BRANCO» AO CINE-TEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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ristina Branco apresentou no CineTeatro Louletano, no dia 1 de março, «Branco», o seu mais recente trabalho discográfico, e o equipamento cultural da cidade de Loulé voltou a esgotar e mais uma vez com uma forte presença de público estrangeiro. Com um repertório refinado, poetas e letristas atuais e instrumentistas exímios ALGARVE INFORMATIVO #193

(o trio formado por Bernardo Couto na guitarra portuguesa, Bernardo Moreira no contrabaixo e Luís Figueiredo no piano), a que se soma a voz marcada de Cristina Branco, não foi de surpreender a excelente noite proporcionada por uma das mais importantes personalidades da música portuguesa dos últimos tempos. Cristina Branco é sinónimo de sofisticação, inovação e tradição e a 68


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própria confessa que «Branco» é o disco em que promete “livrar-se de qualquer preconceito, juntando realidades que se transformam gradualmente num novonormal em que tudo é possível e as alternativas se revelam claras e nítidas”. E o reconhecimento notório que tem granjeado em território nacional nos últimos anos refletiu-se no prémio atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores, em 2017, para «Melhor Disco» ao álbum «Menina», bem como a nomeação para Globo de Ouro na categoria de «Melhor Intérprete Individual». ALGARVE INFORMATIVO #193

Lá fora, porém, há muito que Cristina Branco é uma artista consagrada e os espetáculos multiplicam-se por toda a Europa, de Espanha a Holanda, da Dinamarca à Suécia. Por isso, não se estranhou os muitos estrangeiros residentes no Algarve que se deslocaram ao Cine-Teatro Louletano na primeira noite do mês de março, para assistir, ao vivo, a um concerto deste fado-jazz que vem ganhando cada vez mais sentido na voz de Cristina Branco. 70


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REVISTA À PORTUGUESA DO BOA ESPERANÇA CONTINUA IRRESISTÍVEL E, DESTA VEZ, «A CULPA É DO CU…META» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina/Algarve Informativo®

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Revista à Portuguesa do Boa Esperança Atlético Clube Portimonense está de regresso a Portimão, fiel a uma tradição com mais de 50 anos que continua a encantar um público de várias gerações. O espetáculo de 2019 estreou a 8 de março, este ano sob o mote «A Culpa é do Cu…meta», “a desculpa mais usada pela nossa «Geringonça», onde os políticos nos dão tanga, com os bancos a falir, as portagens para pagar, a gasolina sempre a subir e a saúde a definhar … e assim vai o estado desta nação onde a culpa morre quase sempre solteira”, justifica o encenador e ator Carlos Pacheco. ALGARVE INFORMATIVO #193

Com textos originais de Carlos Pacheco e Telma Brazona, estamos perante uma revista à portuguesa com crítica bem-humorada e que há muito deixou cair o seu teor mais local e regional, porque o público chega de todo o Algarve e do resto do país e porque, depois de terminada a temporada no Boa Esperança, a revista vai por esse Portugal afora, de modo que as situações e personagens caricaturadas têm que ser facilmente identificáveis e assimiladas por qualquer espetador. E esse carácter eclético do público ficou confirmado numa das duas sessões do domingo, 10 de março, em que grande parte da assistência vinha dos concelhos de Faro e Loulé. 78


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No palco, ao lado de Carlos Pacheco e Telma Brazona estão Flávio Vicente, Sandra Rodrigues, Soraia Correia e Lurdes Carriçal, para além do corpo de bailarinos composto por Mariana Jobling, Filipa Goulart, Lewis Davies, Catarina Duarte e ALGARVE INFORMATIVO #193

Lara Guerreiro. E o espetáculo, que volta a dar nas vistas pela exuberância e glamour dos cenários e guarda-roupa, começa com os passageiros a embarcarem numa viagem rumo a Marte, esse planeta que está tanto na moda ao ponto de até se organizarem 80


concursos para escolher qual a melhor receita para ali ser cozinhada. Entre os passageiros encontram-se os inconfundíveis José Castelo-Branco e sua Betty e a revista começa logo com estrondo. Também num aeroporto acontece o segundo quadro, desta feita na Madeira, com uma turista dividida entre apanhar um tradicional táxi ou um veículo da uber. Depois entra em cena a mãe do «nosso» Cristiano Ronaldo, exasperada com o rol de ucranianas, italianas, brasileiras, norteamericanas e espanholas que só estão interessadas nas «bolas» do filho. E mantendo-se a toada no desporto rei, viajamos para a Academia de Alcochete, onde o ex-presidente leonino Bruno de Carvalho anda atarefado a preparar o famigerado ataque ao plantel do Sporting, 81

saindo-lhe na rifa uns enviados do Centro de Emprego para a complicada tarefa. A finalizar a primeira parte, o Boa Esperança faz uma homenagem ao circo e segue-se um merecido descanso, para o elenco, mas também para o público, que pouco tempo de pausa tem entre as múltiplas risadas. Porque Carlos Pacheco e Telma Brazona não dão realmente descanso à assistência, evidenciando uma química perfeita em cima do palco fruto dos vários anos que levam a trabalhar juntos. E se alguma figura lhes salta à vista no meio da sala, seja por ser uma cara conhecida, ou pela roupa que leva vestida, ou pelo penteado que usa ou sei lá mais o quê, está logo dado o mote para mais um improviso que não deixa ninguém indiferente. ALGARVE INFORMATIVO #193


A segunda parte de «A Culpa é do Cu…meta» começa numa escola de Ballet, com Carlos Pacheco, Telma Brazona e Flávio Vicente vestidos a rigor, três alunos de pernas tortas que não têm jeito nenhum para dançar e que não percebem patavina do que a professora lhes tenta ensinar. A marioneta interpretada por Lurdes Carriçal põe o público a pensar sobre o estado em que vai o nosso país, com afirmações que recolhem o aceno de cabeça de muitas pessoas. «PAN para toda a obra» retrata uma Corrida à Portuguesa onde os campinos e o cavaleiro não se entendem sobre que termos utilizar na sua lide tauromáquica. E, antes da grande apoteose final, temos um fantástico «Desencalhados à Primeira Vista», com Carlos Pacheco e Telma Brazona a ALGARVE INFORMATIVO #193

personificarem um casal que vem do Porto para a noite nupcial. Mas calma, convém ninguém sair da sala assim que termina a música, porque ainda há lugar para alguns agradecimentos e palavras especiais ao público presente, que aproveita a ocasião para dialogar com os atores e, como se adivinha, lá temos mais «pano para mangas» para piadas completamente fora do texto. A trupe do Boa Esperança é, sem qualquer margem para dúvidas, do melhor que existe em Portugal no seu ofício, na nobre arte de fazer rir, e vale sempre a pena assistir novamente a esta revista à portuguesa, pois nunca dois espetáculos são iguais um ao outro . 82


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DIGRESSÃO DO «MODA VESTRA» CHEGOU AO FIM NO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Camille Leon

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o seguimento de uma encomenda artística da Azul – Rede de Teatros do Algarve, realizada com o objetivo de estimular e valorizar a criação contemporânea com protagonistas algarvios e a sua circulação pela região, subiu ao palco do Teatro das Figuras, em Faro, no dia 2 de março, a derradeira apresentação do espetáculo interdisciplinar «Moda Vestra». A ALGARVE INFORMATIVO #193

digressão teve início em Loulé, a 6 de outubro do ano transato, tendo passado, ao longo de cinco meses, pelos espaços culturais dos parceiros da Rede Azul, designadamente: Auditório Municipal de Albufeira; Auditório Municipal de Lagoa; Auditório Municipal de Olhão; Centro Cultural António Aleixo, em Vila Real de Santo António; Centro Cultural de Lagos; Cineteatro de São Brás de Alportel; Cine-Teatro Louletano; Teatro António Pinheiro, em Tavira; Teatro Mascarenhas Gregório, 94


em Silves; e TEMPO - Teatro Municipal de Portimão, num total de onze apresentações. «Moda Vestra» é um coletivo de três artistas naturais do Algarve: João Frade (acordeonista), Sickonce (eletrónica) e Ana Perfeito (artista visual). Os criativos reuniram-se para criar um projeto audiovisual que, a partir das sonoridades musicais tradicionais da região, pretende explorar a ambiguidade entre o tradicional, o passado, o atual e visões de 95

futuro do Algarve, numa ótica experimental de releitura contemporânea. De acordo com os criadores, a fusão de estilos e meios diferentes visualiza a entrega de uma identidade una, mas em aberto. Uma entrega «vestra» com o intuito de ser completada pelo público e deste princípio surge precisamente o nome «Moda Vestra»: Moda de «atual» e de «canção tradicional»; Vestra do latim «teu/tua». ALGARVE INFORMATIVO #193


O processo criativo constituiu uma busca dessa identidade com a metodologia de dar espaço ao outro, de deixar a personalidade de cada artista (co)existir e colocar os seus elementos na construção coletiva da história. As ferramentas para a materialização deste desafio foram o acordeão, instrumentos musicais, máquinas, samples, ambientes sonoros e visuais – imagens do que foram e são estes artistas. E o projeto resultou, como desejado, cru, forte, emotivo, com margem para interpretações e dúvidas. ALGARVE INFORMATIVO #193

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JÚLIO RESENDE TROUXE «CINDERELLA CYBORG» AO AUDITÓRIO MUNICIPAL DE OLHÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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INDERELLA CYBORG é o projeto que o conceituado pianista olhanense Júlio Resende lançou recentemente pela Sony Music e que apresentou ao vivo, no dia 8 de março, no Auditório Municipal de Olhão. “Este disco é uma dança e é também uma aventura pelo lado cyborguiano da música. Tenta estabelecer um diálogo possível entre o humano e o inumano, entre a carne e os chips, entre o acústico do piano e do contrabaixo e o eletrónico do computador e dos Pads”, explica o músico. Entre a sua liberdade enquanto pianista e a rigidez da linguagem dos computadores, entre a extrema imperfeição do humano e a perfeição impossível da máquina, disso se faz «Cinderella Cyborg», porque também na música é difícil a reunião com a máquina. “A máquina nunca vacila, a máquina não gosta de esperar, mas o humano é sempre flexível”, indica Júlio Resende, que gosta de superar as dificuldades e fazer disso música. "Se não ultrapassarmos as adversidades não encontramos paz, ela está sempre na superação e não no conflito", acrescenta o olhanense. «Cinderella Cyborg» é, por isso, uma fantasia de união que demonstra que, mesmo quando a vida nos parece madrasta, há uma história de amor que pode surgir em qualquer lugar. E, em palco, Júlio Resende fez-se acompanhar por André Rosinha (Contrabaixo), Pedro Segundo (Bateria e Percussão), André Nascimento (Eletrónica) e Sam Azura (Voz e Eletrónica) . ALGARVE INFORMATIVO #193

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Preconceitos aos molhos, sentidos abrolhos Paulo Cunha (Professor) ecorria o mês de maio de 1987, num tempo em que as formações na área da musicoterapia eram uma raridade em Portugal, quando, ao sabermos que vinha a Lisboa uma eminente e conceituada investigadora e especialista na área (Jacqueline VedeauPaillès) ministrar uma ação de formação, resolvemos inscrevermo-nos na mesma e debandar para a capital à procura do conhecimento e da formação que então tanto ansiávamos e desejávamos. Ora tendo nós, dois jovens professores de Educação Musical (eu e o Adriano St. Aubyn) e um enfermeiro especialista na área de saúde mental e psiquiátrica (José Júlio Sardinheiro), decidido ir de comboio, foi com naturalidade que, ao chegarmos à estação, e uma vez que a ação de formação já tinha começado, pedimos ao taxista para nos levar diretamente para o local marcado, para assim não perdermos tempo a deixar as malas onde iríamos pernoitar nessa semana. Depois de termos guardado as malas na bagageira, entrámos dentro do táxi e mal proferi o destino: Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos, eis que o taxista olhou para os três de alto a baixo, não escondendo o que lhe passava pela cabeça. Durante toda a viagem analisou-nos de fio a pavio e só descansou, suspirando de alívio, quando à pergunta se iríamos lá ficar internados, eu lhe respondi que não. Íamos apenas lá trabalhar durante uma semana! Um destes dias, tendo reencontrado esses meus amigos, também numa ação de formação, recordámos e partilhámos esse episódio que fez soltar algumas gargalhadas a quem o ouviu, provocando, inevitavelmente, uma reflexão sobre a razão de tal comportamento. É fácil constatar que é ALGARVE INFORMATIVO #193

o estigma e o preconceito que está associado a quem é internado numa instituição psiquiátrica que leva o comum dos mortais a olhar com alguma reserva, curiosidade e desconfiança quem aparenta estar bem, mas que, provavelmente, não está. E é assim, de preconceito em preconceito, que vamos educando e moldando uma sociedade que, desejavelmente, deveria ser diferente da qual em que fomos formatados. Mudam-se os tempos, mas mantém-se a forma desconfiada, arrogante e preconceituosa como lidamos com a diferença. Sendo o preconceito uma opinião desfavorável que não é baseada em dados objetivos, torna quem o sente uma pessoa intolerante, provocando-lhe, inevitavelmente, uma espécie de cegueira moral. Numa sociedade que vive das aparências, julgar o livro pela capa é a regra instituída. Por mais que se queiram mudar as mentalidades, parece que as pessoas estão cada vez mais avessas a aceitar que «somos todos diferentes e todos iguais». O preconceito é um juízo preconcebido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discriminatória que se baseia em conhecimentos assentes em verdades, pretensamente, insofismáveis sobre pessoas, lugares ou situações. O preconceito revela-se na forma arrogante, pejorativa e sobranceira como alguém reage ao que lhe é diferente. Os preconceitos mais comuns e frequentes são: a aparência, a idade, o peso/tamanho, a xenofobia, a deficiência, a homofobia, a classe social, o sexismo e o racismo. Sendo comum ouvir a maioria dos nossos amigos afirmarem que não são preconceituosos em relação a nada, seria interessante confrontá-los com determinadas 112


atitudes quotidianas e assim mostrar-lhes que, camuflada e escondida em determinados comportamentos, se encontra uma herança cultural que, embora racionalmente negada, se manifesta irracionalmente na sua forma de estar e de ser. Tal como no exemplo do taxista, que não conseguiu esconder o seu preconceito à 113

nossa suposta doença mental, esbarramos a toda a hora em comportamentos impregnados de preconceito. Por isso é imperioso que mantenhamos o nosso espírito aberto e consigamos livrar-nos do maior preconceito de todos: o preconceito de não termos preconceitos! . ALGARVE INFORMATIVO #193


OPINIÃO

Um enorme pasmo de leitores sem tempo Adília César (Escritora) Por pouco que tenhas lido, por pouco que saibas, o que és depende da casualidade do lido. Elias Canetti leitura como referência cultural é aceite na actualidade sem grande controvérsia. Ler é útil e necessário. As nossas vidas estão rodeadas e conotadas com actividades ligadas ao acto de ler. A escolaridade obrigatória é, desde há alguns anos, de 12 anos de permanência na escola ou até aos 18 anos de idade, pelo que se deduz que os cidadãos portugueses estarão brevemente todos alfabetizados, na medida em que todos terão passado pela escola, para aprender a ler, a escrever e a contar. Uma alfabetização bemsucedida será, com certeza, um factor de desenvolvimento para o nosso país, tendo em conta que todas estas pessoas possuirão um leque maior de conhecimentos. Somos capazes de ler placas de sinalização, rótulos de produtos, mapas, painéis e folhetos de publicidade, receitas de culinária, legendas de programas de televisão, títulos de livros. Verificamos e comparamos os preços dos produtos à venda, contamos o dinheiro dos pagamentos e dos trocos, fazemos medições, fazemos contas à vida. As tarefas enunciadas são muito importantes e imprescindíveis ao nosso dia-a-dia, se o quisermos viver com qualidade e eficiência, mas… A vida não é só isso: a aprendizagem de uma técnica com vista ao aperfeiçoamento do utilitário. Podemos então retirar da leitura outras benesses? Que leituras podemos realizar para nos tornarmos pessoas mais interessantes e proficientes a nível social, profissional e cultural? Ler muito significa que somos bons leitores? E ler pouco quer dizer que somos maus leitores? Tantas dúvidas às quais não irei responder. Quero apenas concentrar-me numa questão fundamental: o tempo efectivo que cada um de nós está disposto a dedicar à leitura. ALGARVE INFORMATIVO #193

Não temos tempo para ler? Claro que temos. É bem verdade que ler exige tempo e dedicação, força de vontade para persistir na leitura. Lêdo Ivo afirma que o leitor é o co-autor do texto: “O meu leitor não é o que me lê. É o que me relê (caso exista). Um autor lido unicamente uma vez não tem leitores, por mais retumbante que seja o seu sucesso”. A acreditarmos nessa premissa, a tarefa de sermos «bons» leitores está dificultada… Concentremo-nos agora não na qualidade dos textos, mas na quantidade, ou seja, é possível ler, por exemplo, 200 livros num ano? Sim, é, mas a maioria não vai fazê-lo, e achará a tentativa um grande disparate e até uma perda de tempo! Warren Buffett, quando questionado sobre as razões do seu tremendo sucesso, respondeu: “Leia 500 páginas por dia. É assim que o conhecimento funciona, como juros compostos. Todos vocês podem fazer isso, mas garanto que não são muitos que o farão”. Ambicioso, não é? Se este objectivo for assustador, podemos sempre planear metas mais exequíveis e modestas, e neste aspecto, cada pessoa terá o seu ritmo: não somos todos iguais, nem sequer temos as mesmas tarefas diárias ou o mesmo horário de trabalho. A minha mãe foi, desde que me recordo, uma entusiasta da leitura: leu durante muitos anos 3 romances por semana. Não daria as tais 500 páginas por dia sugeridas por Buffett, mas foi a meta que ela estipulou para a sua vida e que cumpriu até perder a visão. Acredito que esses milhares de horas destinados à leitura fizeram dela uma mulher diferente, imaginativa, tolerante e proficiente a nível da convivência com os outros. E motivou-me em relação às minhas próprias leituras, o que não é de desprezar. Vejamos alguns passos práticos: Não desistir antes de começar, fazendo uma conta simples: se lermos pelo menos 200 palavras por minuto, atingiremos com facilidade as 12 mil 114


Procurar e criar os ambientes mais propícios para as nossas leituras, utilizando mais do que um meio ou instrumento: ler em casa, no silêncio, no café, em contacto com a natureza; vale qualquer suporte de livro – papel, audiobook, leitor de ebook, écrans de smartphone, tablet ou computador.

palavras numa hora; se um livro tiver entre 60 mil a 120 mil palavras, por exemplo, gastaremos cerca de 5 a 10 horas para o ler. Quantos dias demoraria a ler um livro? Uma semana, por exemplo, à razão de 1 hora ou mais por dia. Se no mínimo ler um livro por semana, serão 4 livros por mês e 58 livros por ano. Impressionante. Encontrar tempo para a leitura e ler: quantas horas passamos a ver televisão? E a deambular nas redes sociais? Não é preciso um grande tratado de investigação para assumirmos que a maior parte do tempo que gastamos a ver programas televisivos que não nos acrescentam nada e a colocar «gostos» nas partilhas dos nossos «amigos facebookianos» que nem sequer têm a delicadeza de nos darem alguma atenção, é pura perda de tempo. Não nos podemos esquecer que estes meios são pensados para causar dependência dos mesmos…

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E se quisermos potenciar as nossas capacidades enquanto leitores, ser um bom leitor, ainda podemos ir muito mais além, segundo as indicações de Vladimir Nabokov que escreveu um ensaio interessantíssimo, com o título de «Aulas de Literatura». Nesse livro, ele apresenta um teste bastante curioso, para o leitor se autoavaliar enquanto tal. Vamos começar. Quais das seguintes características fazem um bom leitor? deve pertencer a um clube de leitores. L deve identificar-se com o herói ou a heroína. L deve concentrar-se no aspecto socioeconómico. L deve preferir uma narrativa com acção e diálogo ou sem um dos dois. L deve ter visto o romance em filme. L deve ser um autor embrionário. L deve ter imaginação. J deve ter memória. J deve ter um dicionário. J deve ter um certo sentido artístico. J Então, que tal se saiu? Para Nabokov, se escolheu as quatro últimas alíneas, está de parabéns, é um bom leitor, pelos motivos óbvios. Em suma, um bom leitor é aquele que, através dos livros, vê o mundo para além das aparências. O fim de uma crónica é sempre o princípio de uma incerteza: o autor nunca sabe se o leitor chegou até aqui….

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Do Reboliço #29 Ana Isabel Soares (Professora) á um eco particular, pensa o Reboliço, nos sons que traz o tempo quente. (Ia escrever – “nos sons do Verão”, mas é tão cedo.) Qualquer fenómeno físico o explicará. E pode ser medido com máquinas: a quantidade de água no ar (o “índice de humidade”), por exemplo, pode fazer viajar de uma determinada forma as ondas sonoras; os corpos dos bichos, incluindo ouvidos e pele (porque se ouve igualmente com a pele, com o pelo), transformam-se conforme esse índice e por obra dos graus que a temperatura alcança. Acrescenta-se ainda o cantar dos pássaros: “avezinhas que fazem melodias / e dormem a noite inteira de olhos abertos / (que é aquilo a que incita a natureza deles)”, diria um poeta antigo. O Reboliço tenta concentrar-se no pensamento, “Porque dormirão eles de olho aberto a noite toda?” –, mas como é difícil, se agora chilreia um naquela árvore, ali outro, pequenos serão, mas se é grande o chinfrim que fazem. “Capaz de ser porque com menos escura a noite, menos longo o escuro... Aí está outro, é novo, ainda não cantara este ano por aqui – de onde virá?”, pergunta-se o bicho, distraído mais uma vez, “... e os insetos que têm de comer dormem menos, agitam-se mais – ou os predadores, que também abandonam o sono do inverno, ah, claro, é preciso estar atento, ‘dormir toda a noite de olho aberto’” e fazer melodias, mas se de noite não soam, apesar de vigilantes. De dia é que é uma orquestra, e o eco transporta-lhes os as cantigas como se alguém puxasse a coberta de uma miniatura de mundo e este se revelasse um gigantesco quarto vazio – numa ressonância assim.

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Anda o canito num tira-virão interrogativo, sem conseguir fazer decidirem-se os sentidos sobre qual dominará ou lhe dará esclarecimento: o focinho atirado para o céu, que a qualquer hora, noturna ou diurna, a dama-da-noite faz chover o seu fortíssimo perfume jasminado; os olhos ao céu levantados, que já veem a cor mais densa das flores da buganvília, o verde mais escuro das folhas do limoeiro, e já têm de fazer grande ginástica para vislumbrar a cidade e a torre de menagem, lá ao longe, através dos troncos da figueira maior (porque as folhas dela, agora crescidas, cobrem o ar e nos troncos disparam, como se fossem dar flor mas na força de bala se modificassem, os botões de figos); as orelhas dois direitos fusos direitos ao céu, a escutar as aves, as vozes de quem passa na casa ou na rua, o balir das ovelhas e dos borreguinhos – estão no outro campo, o vizinho António para lá os levou de manhã cedo, mas o ar tem esta qualidade renovada de canal por onde o som viaja mais fluentemente, e é como se aqui estivessem, à sombra do loureiro, entretanto florido, e passeassem encostados ao canavial ou passassem, chocalhos alegres, junto ao poço. Uma dor de cabeça, pensa o Reboliço, e agacha-se um instante, focinho para o chão, os olhos a piscar e uma das patas da frente a coçar atrás da orelha que baixa. É o que faz o tempo a amornar: vêm os ruídos todos para mais próximo, neste enorme quarto vazio: as vozes das conversas, os chilreios dos pássaros em muitas árvores ao mesmo tempo, o som dos pneus dos carros na estrada lá em baixo, o sopro do vento nas cantarinhas do moinho, o 116


Foto: Vasco Célio

cacarejar das galinhas e o grasnar dos gansos no quintal do vizinho António, o ladrar dos outros cães – que daqui vão enxotados, se calha virem cheirar, “Que é do teu monte!”. Se é esse o brado que ouve, esteja o Reboliço em que lado da casa estiver, ou encostado à curva do moinho, chega-lhe como se fosse a um metro de si, um estrépito, o susto – mas o monte dele é este, “Ah, sim, era para os outros cães o 117

aviso, parecia mesmo aqui”, torna a dormitar, Reboliço. Alguém que canta. É Inverno ainda, Reboliço, por uns dias mais é Inverno – mas o ar traz consigo, mais limpo, o calor dos barulhos . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #193


OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

Mulheres Carla Serol (Uma Loira Qualquer) a semana em que se assinalou mais um Dia Internacional da Mulher, aconteceu-me algo trivial, que me mostrou mais uma vez, que isto de se ser uma mulher moderna, independente e conhecedora dos seus direitos, tem afetado de forma devastadora a capacidade de cavalheirismo no seio masculino. Naquele dia, Loira Qualquer conduzia o carro do marido. Este, como a grande maioria dos homens, dá pouca importância a pequenos pormenores, e como tal, não apresentava qualquer pinga de água no limpa para-brisas. Loira Qualquer, assim como a grande maioria das mulheres, é uma pessoa que dá importância a todo e mais algum pormenor, e incomodada com a falta de visibilidade provocada pela sujidade residente no para-brisas, vai à bomba de gasolina a fim de encher o depósito do mesmo com água. Lá chegada, abre o capô da viatura, mas por não ser hábito andar com esta, não o sabe levantar depois de aberto. Procura incessantemente pela malfadada patilha, enche as unhas de gel de fuligem, e nada de patilha. Enquanto tudo isto decorria, passaram vários homens por ali. Nenhum ofereceu ajuda à atrapalhada Loira. Esta, conformada, fecha o capô e decide seguir viagem mesmo assim, com uma espécie de para-brisas besuntado em mel. Mais tarde, depois dos seus múltiplos afazeres de Loira, mãe, transportadora de putos, empregada doméstica, entre tantas outras, volta a passar pela bomba de gasolina e vê dois soldados da GNR a encherem os pneus e a colocarem água no ALGARVE INFORMATIVO #193

limpa pára-brisas da viatura de serviço. Loira, ainda não totalmente conformada com a nitidez disponível do seu vidro, não pensa duas vezes, vai lá e pede ajuda aos dois simpáticos senhores: “Boa tarde senhor guarda, pode dar-me uma ajudinha? Não sei levantar o capô do carro!”. Um silêncio constrangedor invade o espaço… “Desculpe não percebi… então mas a senhora não sabe levantar o capô?!”. Depois do espanto, por uma Loira fantástica não entender nada da anatomia de um carro, os dois senhores, muito cordialmente devo dizer, lá me ensinaram como o fazer, mas consegui ler naqueles olhinhos o que naquelas cabecinhas se passava: “Olha bem esta incapaz, nem um capô do carro sabe abrir!”. Agradeci simpaticamente, e eles lá seguiram nas suas vidas com o sentimento de que aquilo terá sido o episódio mais sórdido das suas vidas: uma Loira que não sabia abrir o capô… um simples capô! Inesquecível certamente. Posto isto, cheguei à conclusão que nós mulheres temos andado a extinguir o cavalheirismo, ao apregoarmos de pulmão cheio que somos capazes de tudo, e de que nada nos servem os homens. Cada vez que nos armamos em Simone de Beauvoir, há um cavalheiro que desaparece sem deixar rasto, como se de uma espécie rara se tratasse. Por favor senhoras moderem-se! Os homens estão a ficar mal habituados com toda esta afirmação desenfreada de direitos. Faz parte de ser mulher, ser tratada como tal. Portanto, deixemo-los pagar os jantares, abrir as portas para entrarmos, ceder a passagem e até puxar a cadeira para nos sentarmos. Sejamos mulheres a ser 118


mulheres, porque este é o fundamental direito que nos assiste. Resta-me assim acreditar que, enquanto houver uma loira, morena ou ruiva qualquer, que entenda que ao assumir que existem coisas triviais que não são para as mulheres fazerem, mas sim para que alguém as faça por elas, como abrir um maldito capô do carro cheio de fuligem, o cavalheirismo não 119

morrerá. Afinal, não me sinto menos mulher ao deixar que um homem, que dá pouca importância a pequenos pormenores, me ajude numa básica e trivial tarefa, por entre tantas outras pormenorizadamente fundamentais, que incomparavelmente desempenho sozinha, todos os dias e a todo o momento! A César o que é de César! . ALGARVE INFORMATIVO #193


OPINIÃO

O impulso dos micro influenciadores digitais Fábio Jesuíno (Empresário) poder de influenciar opiniões nas redes sociais tem cada vez mais impacto na sociedade, permitindo inspirar comportamentos mais pessoais. A internet deu a oportunidade a qualquer pessoa que utilize as plataformas digitais de partilhar os seus conteúdos de uma forma simples e rápida para pequenas ou grandes comunidades. Os influenciadores digitais são pessoas, personagens ou grupos que ganharam grande popularidade nas redes sociais. Estes influenciadores criam uma grande variedade de conteúdos que acabam gerando um elevado número de fãs que seguem as suas atividades com grande interesse e eventualmente partilham com outras pessoas. Estes famosos digitais destacam-se pela criação de conteúdos criativos para os seus blogs e nas redes sociais que atingem diversos públicos e que normalmente falam sobre temáticas genéricas, como a sua própria rotina diária. Os micro influenciadores digitais são pessoas aparentemente comuns que têm uma boa reputação num nicho específico. Possuem, em média, entre cinco a dez mil seguidores nas redes sociais e geram normalmente mais identificações e, consequentemente, mais atenção e engagement. Normalmente partilham conteúdos que gostam e de uma forma natural e atraem pessoas com os mesmos ALGARVE INFORMATIVO #193

interesses. A maioria torna-se especialista numa determinada temática muito específica, atraindo dessa forma as marcas do mesmo segmento de mercado. Com menos seguidores comparativamente às grandes influências digitais, mesmo assim, os micro influenciadores digitais conseguem bons desempenhos. Um estudo realizado recentemente por Johan Berger, professor da Wharton School e pela agência Keller Fay Group, mostra que os micro influenciadores têm muito mais poder de persuasão do que as celebridades digitais. O estudo, que contou com a participação de seis mil micro influenciadores americanos, concluiu que os utilizadores se identificam mais com os micro influenciadores e aponta que 82 por cento dos entrevistados estão mais propensos a seguir uma recomendação sua, do que um grande influenciador. A tendência da utilização dos micro influenciadores digitais é cada vez mais forte nas estratégias de marketing digital das empresas, tonando-se quase obrigatória devido aos resultados gerados. Os micro influenciadores digitais vão ser uns dos grandes impulsionadores das marcas do futuro .

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OPINIÃO

Faro não existe Paulo Bernardo (Empresário) stive algum tempo sem escrever, não foi por mal, nem por doença felizmente, apenas muito trabalho que necessitou o meu foco. Hoje, e agarrando numa conversa tida esta semana com um grande amigo, onde se falava sobre Faro, suas virtudes e defeitos, levantouse-me uma dúvida que passo a descrever. Faro não existe e digo isto porque Faro vive apenas da capitalidade e vai ao sabor do vento, não empreende nem deixa empreender. Vive presa aos movimentos tacanhos de uma classe social que anda à babuja dos fundos públicos. Não necessita fazer muito, basta ter algum amigo de um amigo no sítio certo. Mas sendo mais especifico, e começando por uma instituição tida como farense, o Hospital de Faro, podia não estar lá, podia ter sido feito em outro concelho, se Faro não fosse capital, em breve possivelmente, se passar para o Parque das Cidades, são cerca de menos dez mil pessoas que entram em Faro. A universidade existe em Faro porque Faro é capital, apareceu, podia estar em Tavira, Portimão ou Loulé, em breve possivelmente parte dela irá para um concelho vizinho, menos algumas pessoas a entrar em Faro. O Aeroporto de Faro está lá mas podia não estar, só está porque Faro é capital, caso não tivesse, eram menos uns milhões de pessoas que entravam em Faro. Caso Faro não fosse capital, a estação de caminho de ferro teria possivelmente ficado como as de todos os outros concelhos, ou seja, longe do centro, podia estar em Estoi, mais umas pessoas que não entravam em Faro. A CCDR Algarve, caso Faro não fosse capital, estaria possivelmente em Silves, menos umas muitas pessoas que não entravam em Faro. Falando das Direções Regionais, estão em Faro porquê? Porque Faro ALGARVE INFORMATIVO #193

é capital, se não fosse, menos umas pessoas que entravam em Faro. A Região de Turismo do Algarve deveria estar em Albufeira, maior destino turístico de Portugal, mas como Faro é capital, lá esta na Avenida 5 de Outubro. Pronto, não vou ser tão mau assim, vamos pensar nas tradições de Faro, coisas que vêm de dentro dos farenses. Temos a Festa da Pinha em Estoi, as charolas em Bordeira e Santa Barbara, o Carnaval em Bordeira e Santa Barbara, a Feira do Cavalo em Estoi, a Procissão dos Passos em Estoi. Espera lá, estas freguesias não seriam de Faro se Faro não fosse capital. Resumindo, é esta sorte que transforma Faro em Faro, cidade/concelho/capital de distrito, como uma cidade parada no tempo e amorfa, o que vai acontecendo e fruto do andar à babuja e não do empreendedorismo próprio da cidade, que não tem um evento com tradição, como as cidades e vilas vizinhas tem. Vou citar apenas dois exemplos: a Mãe Soberana em Loulé e a Aleluia em São Brás de Alportel. Estas tradições existem e perpetuam-se porque são locais onde o povo tem amor à terra. Em Faro, anda tudo à babuja à espera que caia algo no prato, não é necessário fazer nada, pois a capitalidade alimenta a cidade. Desculpem o desabafo, mas fiquei chocado comigo mesmo, pois nunca tinha visto Faro como uma cidade que não existe. Não podemos deixar que Faro caminhe para ser uma freguesia de Loulé, temos que ver para além da capitalidade, temos que sair da zona de conforto. Por isso digo, Faro nunca foi Faro, apenas é a capital do Algarve .

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OPINIÃO - A isto chegámos…

O Cubinho de Rubik Fernando Cabrita (Advogado e Poeta) empre que há remodelações governamentais, alguns cidadãos mostram-se preocupados em saber de onde vêm os cavalheiros e as senhoras que vão a ministros ou a secretários de Estado. Se não vêm daquela sórdida escola de jotas, da qual sai tudo (até peixe frito!...), de onde virão afinal? O que eram antes de arribar à governação? O que faziam? Com que fios se alinhavavam? Alguns cidadãos mais curiosos até se preocupam por saber as ligações familiares: se este é marido daquela, se aquela filha destoutro, se a outra irmã do primeiro. Ora, cidadãos, tenho que vos dizer, como Baudelaire ao seu hypocrite lecteur, — mon semblable, — mon frère!, que quando nos preocupamos com o de onde vêm, estamos, como aquele Lecteur baudelairiano a entrar no movediço pântano onde la sottise, l'erreur, le péché, la lésine,/occupent nos esprits et travaillent nos corps. É que na verdade pouco interessa agora, no estado a que as coisas públicas portuguesas chegaram, e vistas elas - mesmo que de soslaio -, saber de onde vem quem nos governa. O período governativo é, num crescente número de casos, assim como um purgatório; e não mais do que isso. Mas um purgatório de onde só se vai ao céu. Ao inferno, jamais. O que verdadeiramente deveria interessar à atenção cidadã é não o de onde vêm, mas sim o para onde vão. É ALGARVE INFORMATIVO #193

que, e já tive ocasião de escrever isto algures, não vale a pena acalentar grandes esperanças ou alimentar grandes azedumes nem intensas curiosidades a propósito de qualquer anunciada remodelação. A coisa pública está em aras de imobilidade galopante; ou seja, mexese nela - mas sempre com estudada gentileza -, para que nenhuma mudança aconteça, venha quem venha e de onde venha dar o seu peito ilustre em donativo generoso às atribulações da Pátria e às mortificações governativas. Pois é que, venha quem venha, jamais desaba ou sequer estremece a arquitectura frívola em que se mexem interesses, comedorias, éticas falidas e o diabo a quatro. Tudo, meus amigos, porque a Democracia deixou de pertencer efectivamente aos cidadãos; e está capturada por uma tribo vasta, de mais vasta clientela, tribo a que se se convencionou chamar o arco da governação. E sendo assim o pano de fundo, o funcionamento é então claramente em rotação, com entradas e saídas nenhumas. Nenhumas, não. Minto. De vez em quando, por motivos de refrescamento geracional, entram umas caras novas, mas sempre e só quando algumas caras menos novas ou saem pelo seu pé, com aposentadoria a condizer; ou são levadas ao banco dos réus, apanhadas em flagrante com a beiça privada a mamar depravadamente na teta pública (Mas tem que ser depravadamente. Se for com 124


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meiguice, a coisa passa – e a criatura mantêm-se rodando como um bosão de Higgs no anel interminável). Pensai num cubo de Rubik. 6 faces, como todos os cubos; e em cada face 24 cubinhos pequeninos, amovíveis, de cores distintas, que podem passar de uma face para outra, a pequenos toques. Parece que tudo muda, porque mudam as cores; mas tudo fica, afinal, na mesma. Nas 6 faces, predisponham as seguintes configurações: Face 1. Governo, respectivas assessorias e lugares arrimados, ministérios luminescentes ou sombras e seus postos avençados; Face 2. Parlamento e Presidência, ofícios dependentes, governação regional e local, postos europeus; Face 3. Empresas que são tuteladas pelos Governos, comunicação tutorada e parceira, instituições simpáticas e parassimpáticas; Face 4. Banca tutelada pelo governo e Banca que tutela governos; Face 5. Parcerias Público/Privadas, empresas amigas, institutos e observatórios; Face 6. Artistas do regime, Órgãos do Futebol, Comissões diversas ad hoc et ad homine. Como o país cresceu muito, e mais ainda - diria cubicamente se não parecesse uma imagem posta aqui a martelo - neste tipo de cargos, funções e instituições, podeis se vos parecer ampliar o cubo; e em vez de 24 cubinhos em cada face ponde 48; ou 96. Mas, para o exercício lúdico-educativo que aqui proponho, os 24 servem.

os nomes que queirais, à vossa escolha: Coelho, Vara, Maria Luísa, Sócrates, Loureiro, Dias do Amaral, Duarte Lima, Oliveira e Costa, Mira Amaral, Portas, Borges, Catroga, Relvas, etc. Nada de hesitações. Há que chegue para múltiplas escolhas. Toda uma lista. Depois é rodar. E vão ver o curioso resultado. Ora aqui ora ali, como na dança das cadeiras, lá vão os alegres foliões de face em face enquanto nós, ao que nos dizem, aqui ficamos ruminando e vivendo acima das nossas possibilidades. Ora, o trágico nisto não é apenas que neste jogo de cadeiras em que dançam sempre os mesmo, haja afinal cadeiras para todos; e por isso o jogo se possa prolongar entre os alegres compadres até ao final dos tempos (ou do regime). O trágico é que o cidadão a quem dão o cubo de quatro em quatro anos, e a quem pedem que o rode (mas com civismo, para não abalar a coisa!...), fique com a sensação que é ele quem dirige o jogo - e leve por isso décadas rodando, convencido de que manda. Só que depois de o rodar retiram-lhe o cubinho, até à próxima rodada; e aí fica ele, remoendo críticas e aziúmes como um zoilo, e ouvindo os eleitos e os ungidos que rodopiam taxarem-no, a cada crítica, de inimigo da democracia. O cidadão, esse inimigo da Democracia! E trágico ainda: ver como tinha razão o Príncipe de Salinas quando dizia, em Lampedusa: é preciso mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma. A isto chegámos… .

Nos 24 cubinhos de cada face: podeis pôr ALGARVE INFORMATIVO #193

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OPINIÃO

Entre as pedras Fernando Esteves Pinto (Escritor) O único modo de escapar ao abismo é observá-lo, e medi-lo, e sondá-lo e descer para dentro dele. Cesare Pavese

panhou as pedras pelo caminho, encheu os bolsos do casaco, e entrou nas águas do Rio Ouse. Ainda viu o sol lá no alto – aquele imenso comprimido da felicidade que a enchia de luz. A vida e a morte entre os actos. Virginia Woolf já nascera com as pedras na cabeça, e toda a vida carregou esse peso. Eram raros os momentos de alívio. Embora por vezes se sentisse enérgica e quase imperturbável, havia dias de sofrimento paralisante, em que o prazer da leitura e da escrita dava lugar ao desânimo, como cinzas sombrias num fogo que se extingue; e por fim a luta contra o esgotamento: um feixe de nervos a tentar criar luz num espírito enevoado. Procurava em si uma natureza que não fosse demasiada humana, mas perdia-se na frouxidão de uma realidade de sombras e ruídos que constituíam os pilares de pesadelo que se erguiam na sua cabeça. Os dias frios e escuros cercavam-na profundamente. A melancolia guiava-a pelos caminhos mais solitários. A amargura de Virginia Woolf tinha a amplitude do sarcasmo amistoso. Amava os amigos – os Bloomsberries – mas nunca se esquivava de os criticar e caricaturar. Era impressionante o traço psicológico que fazia de cada um deles; como se um relâmpago proveniente da sua cabeça, súbito e esplandecente, deixasse vestígios de novos elementos de personalidade nos amigos. Conseguia ser trocista e áspera, e razoavelmente civilizada quando o plano da ALGARVE INFORMATIVO #193

amizade criava nela algum embaraço. No fundo, a crueldade de Virginia Woolf reflectia perpetuamente o seu horror às coisas superficiais que não mereciam sequer uma dor de cabeça. Uma vaga asfixia levava-a a procurar consolação nos passeios pelos campos. Precisava da natureza para se descongestionar dos líquenes de desespero que se acumulavam nas fendas de um muro que vinha a ganhar forma dentro da cabeça. Uma construção silenciosa de náusea e apreensão; suplícios; tudo em estado ardente no pavio dos dias e das noites mais subterrâneas. Mas Virginia Woolf não conseguia saltar mais alto que este muro de pedras que se avolumava nas suas aflições. Seria de esperar: as águas reflectidas também na sua escrita. A extrema secura do seu espírito levou-a a sepultar-se naquele rio. Estaria o dia muito límpido, sereno, com um vento brando de alívio e despedida. Estava entre as pedras, determinada e confidente como quem fala com os livros antes de os escrever. Havia uma lealdade para com Leonard Woolf que era preciso cumprir; uma bondade angustiada, quase dramática; indolente e perturbada. Deixou-lhe um bilhete: as vozes ansiavam pelo seu silêncio. Estranho, o ser humano: a virtude e o defeito foram a expressão da sua universalidade . 128


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FARO, E A CIDADE VELHA, REJUVENESCIDAS DURANTE DOIS DIAS GRAÇAS AO ATE 2019 Texto: Vico Ughetto | Fotografia: Vico Ughetto

família Soares não para de surpreender com o seu evento anual - Algarve Trade Experience (ATE) - que, sem dúvida, é uma coqueluche no árido panorama de certames dedicados a profissionais, seja ele qual for o setor, na região do Algarve. ALGARVE INFORMATIVO #193

No caso do ATE, o setor das bebidas espirituosas e do vinho, está impecavelmente bem servido, e este ano, repetindo aqui o adjetivo surpreender, a Garrafeira Soares – a empresa promotora – voltou efetivamente a surpreender todos os visitantes que durante os dois dias (1 e 2) de março se deslocaram ao evento, 132


João Soares e a esposa Rita, Isidro Patriarca, Margaret e o esposo Paulo Soares na apresentação do Vale Travessos

Paulo Soares da Garrafeira Soares com Rogério Bacalhau e Paulo Santos, presidente e vice-presidente da Câmara Municipal de Faro 133

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As provas e apresentações na sala de pintura antiga foram um sucesso.

este ano pela primeira vez com um período aberto ao público a partir das 18h, pois no restante horário (manhã e tarde) é apenas reservado aos profissionais e clientes da Garrafeira Soares. O evento decorreu sob o tema dos Oceanos, justificado por um dos sócios, João Soares: “Nós temos uma visão de harmonia com a Natureza. Já no projeto da Malhadinha Nova trabalhamos de uma forma biológica e na Garrafeira Soares procuramos incentivar e passar a mensagem de que nesta relação de consumo de bebidas, da ida aos lugares de diversão, e no caso dos vinhos, com a própria agricultura, podemos ter uma abordagem ecológica, essencial para o Planeta. Pretendemos envolver as pessoas, fornecedores, clientes e amigos com essa mensagem ecológica, neste evento a começar pelos oceanos, e tendo logo aqui bem perto a Ria Formosa”. ALGARVE INFORMATIVO #193

E sim, a escolha do local foi francamente feliz, e não só pela proximidade à Ria. A decorrer pela primeira vez em Faro, ocupou dois espaços emblemáticos da cidade – o museu municipal e a antiga Fábrica da Cerveja - tudo em pleno coração histórico da cidade e interligados de forma conveniente. Do lado do Museu, os claustros ficaram ocupados com as mesas para as provas dos vinhos, com o convidativo jardim, que rodeia esta arquitetura de 1550 quando o espaço era o Convento de Nossa Senhora de Assunção. É um pormenor histórico, mas que sabe bem pensar nele quando provamos, por exemplo, um belo Tapada de Chaves sob este espaço, que já foi de clausura religiosa, e que agora se adapta tão bem aos tempos atuais. Para além de desfrutar desta área do Museu, alguns produtores e respetivas 134


O novo projeto do Grupo Aveleda no Algarve foi apresentado em primeira mão no ATE2019 e com vinhos muito apelativos e interessantes.

Encerramento do ATE2019 com João e Rita Soares acompanhados pelo executivo farense, na pessoa do vice Paulo Santos e do presidente Rogério Bacalhau 135

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marcas optaram por um espaço mais personalizado e ocuparam algumas das salas do piso superior, onde foi possível fazer também um conjunto de provas rodeado de belas obras de arte do artista algarvio Carlos Porfírio. Este deleite visual foi levado aos píncaros, através das provas especiais que decorreram à mesa, esta elegantemente montada em plena sala de pintura antiga do Museu. Foram aqui apresentados o novo projeto da Malhadinha Nova – Vale Travessos – que recupera e valoriza vinhas velhas; e parte do portfólio da Quinta dos Carvalhais, da região do Dão, com especial destaque para o monocasta branco de Encruzado. Nesta prova particular, a que tive o prazer de participar, Filipe Neves proporcionou uma viagem pelo Encruzado, a começar por um fantástico 1992, ainda em forma, numa sala meticulosamente montada e decorada com a imagem ALGARVE INFORMATIVO #193

corporativa da Quinta dos Carvalhais, pertença do grupo Sogrape. A grande metamorfose do ATE deu-se no espaço dedicado às bebidas espirituosas que transformaram por completo a antiga Fábrica da Cerveja, ocupando todo o edifício, desde o pátio ao terraço, a que agora turisticamente se chama de rooftop. Sem dúvida que a autarquia farense tem aqui neste edifício uma pérola que pode e deve ser melhor aproveitada, e que funciona de forma perfeita para inúmeros eventos que sabem beneficiar de recantos e salas diversas, como tão bem fizeram as marcas nacionais e internacionais, e algumas até de cariz regional, que por lá passaram e aplicaram todo o seu Marketing e know-how na decoração e nos adereços. João Soares refere que o sucesso, ano após ano, do evento se deve “à sua 136


lógica, muito transparente, de colocar em contacto direto, quem fornece os produtos e quem os vai comercializar, promover, e agora também nesta edição com um momento aberto ao público, com quem os vai consumir”. “É esta ligação que faz toda a diferença”, assume. Tenho de dedicar aqui uma linhas de reconhecimento – da mais elementar justiça – para todos os profissionais que trabalharam durante dois dias em condições exigentes. Pode-se dizer que é a sua profissão e que estão habituados, mas isso não lhes retira mérito algum, pois foram muitas horas de pé, sempre com boa disposição, simpatia e disponibilidade para prestar informações sobre as bebidas, as marcas, e muitas outras curiosidades. Isto tanto da parte dos bartenders, como dos que estão atrás das provas de vinhos, estendendo-se ao batalhão de outros 137

profissionais hoteleiros que transportavam gelo, copos, canapés, etc., escada acima e abaixo, entre corredores estreitos, rapidamente apinhados de convivas e dificilmente transitáveis. Nos bastidores houve ainda certamente outra brigada, que lavou os copos, preparou a comida e tratou da muita logística necessária para que tudo corresse de forma perfeita. Todos merecem os parabéns porque estiveram impecáveis nas suas tarefas. Claro que alguém tem que agregar e capitalizar este sucesso, e aqui sem dúvida que o mérito global está na Garrafeira Soares, que soube negociar o projeto com a edilidade farense e conseguir o que a Rita Soares comentou: “parecia ser impossível concretizar isto, quando um dos colaboradores, que é farense, lhes falou do espaço e os motivou a ALGARVE INFORMATIVO #193


contactar a autarquia”. Acrescenta ainda que “a negociação correu bem e a cada «não» ou «não pode ser» que ouvia da CMF, eu ia apresentando melhor a ideia e dando garantias e lá fomos conseguindo levar por diante esta iniciativa neste espaço, tal como a imaginámos, porque também a autarquia acreditou no nosso projeto”. João Soares confessa que não tiveram Faro como principal objetivo, mas sim o intuito que pretendem com cada evento “é surpreender, inovar e provocar estupefação, o que creio que conseguimos”. Digamos que, perante isto, a fasquia ficou mais elevada para o próximo ano e já estamos curiosos de ver como será o Algarve Trade Experience que se segue . ALGARVE INFORMATIVO #193

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SECRETÁRIO DE ESTADO DA JUVENTUDE E DESPORTO VISITOU IPDJ DE FARO NO DIA DA MULHER Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi assinalado de forma especial na Delegação Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e da Juventude, com a ALGARVE INFORMATIVO #193

dinamização de várias atividades, como já vem sendo, aliás, habitual, mas desta feita com um convidado especial, o Secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo. Numa manhã muito movimentada e com forte adesão de público, entre jovens e dirigentes associativos, a comitiva do governante foi recebida pela Tuna da 142


Universidade do Algarve, havendo depois oportunidade para visitar a exposição «Arte Algarve 2019 – 3.º Concurso de Arte para Escolas Secundárias do Algarve», com as obras finalistas do concurso promovido pela Sovereign - Consultoria Lda, juntamente com a Fundação Sovereign Art Foundation (SAF), junto dos alunos dos 10.º, 11.º e 12.º anos.

de arte serão posteriormente leiloadas ao público, com os fundos angariados a serem divididos entre os próprios artistas e o Rotary Clube de Silves no âmbito dos Projetos de Arte Escolar workshops de arte e poesia, organizados pelos artistas David Trubshaw e Gudrun Bartels para crianças e estudantes de todas as idades no Algarve.

O principal objetivo deste concurso é inspirar, incentivar e premiar jovens artistas da comunidade local para estimular o desenvolvimento cultural e angariar fundos para crianças e jovens desfavorecidos. Em maio serão designados, por um júri, dois vencedores, havendo ainda um terceiro prémio que será atribuído ao artista cuja obra de arte receber mais votos públicos on-line emwww.sovereignartfoundation.com. Aos artistas vencedores e às suas escolas serão atribuídos prémios monetários e as obras

Da sala de exposições passou-se depois para o auditório do IPDJ de Faro, onde foi a cena a peça de teatro «O Rapaz da Mochila Verde», composta por episódios da vida de uma rapariga vítima de violência no namoro, escrita e interpretada por Érica Viegas. No final, teve lugar um debate precisamente sobre a violência no namoro, dinamizado pelos jovens animadores do programa «Namorar com Fair Play» .

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SANDRO EHRAT VENCEU IX LOULÉ OPEN DE TÉNIS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

isputou-se, de 4 a 10 de março, o «Loulé Open 2019», torneio internacional de ténis inserido no World Tennis Tour, organizado pelo Clube de Ténis de Loulé e homologado pela Federação Portuguesa de Ténis. A ação nos courts louletanos começou logo ALGARVE INFORMATIVO #193

no primeiro dia do mês com a realização de um torneio wild-card, mas as atenções estavam concentradas, de facto, para o fim-de-semana de 9 e 10 de março. E, na senda do que já tinha feito no torneio que aconteceu, na semana anterior, em Faro, o grande vencedor em singulares foi o suíço Sandro Ehrat. 150


Na nona edição do Loulé Open, o tenista helvético de 27 anos teve de suar para levar a melhor sobre os seus adversários, o último dos quais o espanhol Alvaro Lopez San Martin, que superou com os parciais de 6-2 e 6-4. Posicionado no número 580 do ranking mundial, mas 68.º no novo ranking da ITF, Sandro Ehrat não quis interromper o seu percurso vitorioso dos últimos tempos e depressa começou a cimentar a vantagem no primeiro set. O segundo parcial foi mais renhido, até porque do outro lado da rede encontravase um antigo campeão do mítico torneio de Roland Garros em juniores/pares. O espanhol de 21 anos batalhou muito para chegar ao 4-1, no entanto, quando parecia 151

que teríamos que jogar a «negra», não conseguiu impedir a recuperação do oponente, que atravessa um excelente momento de forma. Recuperado o terreno, o suíço ainda teve que «puxar dos galões» para concluir o segundo set, o que almejou após nove match points, isso mesmo, nove, o que serviu para entusiasmar ainda mais a assistência que acorreu ao Campo de Ténis do Parque Municipal de Loulé. Feitas as contas, Sandro Ehrat venceu por 6-2 e 6-4, no seu terceiro triunfo em cinco finais do circuito profissional que já disputou em 2019, depois das vitórias em Faro e Manacor .

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TIVOLI CARVOEIRO DISTINGUIDO PELOS PRÉMIOS DA BRITISH AIRWAYS Tivoli Carvoeiro voltou a estar em destaque num dos principais prémios de turismo e hotelaria, ao ser distinguido com o British Airways Holidays Customer Excelence Award para 2018. Este galardão resulta de reviews imparciais de clientes e foi criado para homenagear os hotéis que mais agradam aos clientes deste importante operador. A unidade, que reabriu há um ano totalmente remodelada, recebeu uma pontuação total de 9.6 em 10 pontos possíveis, uma das mais altas, por oferecer uma experiência de excelência aos seus hóspedes. A British Airways Holidays pediu aos utilizadores para avaliarem os hotéis ALGARVE INFORMATIVO #193

de acordo com uma série de parâmetros (como localização, serviço, qualidade do sono, etc.). Rodeado de arribas rochosas, areais dourados e coloridas aldeias piscatórias, o Tivoli Carvoeiro é o cenário idílico para uma escapadela romântica ou umas férias perfeitas em família. O hotel de cinco estrelas conquista pelos quartos e suites de luxo, espaçosos e com um design muito atual; pelos seus seis restaurantes e bares que convidam a entregar-se à gastronomia nacional; pelo spa que oferece um verdadeiro retiro para os sentidos; pelo ginásio com programas de treino tailor made; pela piscina junto à pitoresca linha costeira; ou pelo kid’s club, onde não faltam 156


propostas pioneiras, seguras e muito divertidas para entreter os mais novos. No total, são mais de mil e 300 metros quadrados com instalações únicas, bem como uma equipa genuína e apaixonada que faz as delícias dos hóspedes. “Este galardão é mais um reconhecimento pelo cuidado e simpatia com que toda a equipa desenvolve o seu trabalho diariamente. Estamos muito felizes e extremamente gratos pelo prémio que representa o reconhecimento

inestimável dos nossos hóspedes”, declarou João Jesus, Diretor-geral do Tivoli Carvoeiro, recordando que esta eleição surge apenas três meses depois do Tivoli Carvoeiro ter sido destacado na categoria «Best for Families» pelos prestigiosos galardões Condé Nast Johansens Awards for Excellence 2019 e coincide com a recente nomeação para o «World’s Best Awards 2019», da revista norte-americana «Travel+Leisure», especializada em turismo e lazer .

NORUEGA VENCEU ALGARVE CUP EM FINAL DISPUTADA EM LAGOA número mais expressivo no encontro entre Espanha e Holanda, foram algumas das notas positivas destacadas pelos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol presentes.

agoa recebeu pelo terceiro ano consecutivo, no Estádio Municipal da Bela Vista, nos dias 27 de fevereiro, 4 e 6 de março, a Algarve Cup, considerado um dos mais importantes torneios particulares de futebol feminino a nível mundial. As excelentes condições do relvado, mesmo após a realização de seis jogos em sete dias, e a presença do público que afluiu aos vários jogos, mas ainda em 157

A final da Algarve Cup’19 foi disputada em Lagoa pelas seleções da Noruega e da Polónia, tendo a equipa nórdica saído vencedora por um resultado de 3-0. Com este triunfo, a Noruega aumentou para cinco o número de títulos no historial da competição e foi também para a seleção escandinava o prémio de melhor jogadora do Torneio, Caroline Graham Hansen, que recebeu o troféu das mãos do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lagoa, Luís Encarnação . ALGARVE INFORMATIVO #193


ATUALIDADE

ACD CHE LAGOENSE É A MAIOR POTÊNCIA DO BADMINTON NACIONAL CHE Lagoense foi a grande vencedora do Campeonato Nacional de Equipas Mistas seniores de Badminton, disputado no Centro de Alto Rendimento das Caldas da Rainha, durante o fim de semana de 2 e 3 de março. Ao subir ao lugar mais alto do pódio, a equipa algarvia conquistou o direito de representar Portugal na Taça dos Clubes Campeões Europeus, que se joga no Luxemburgo de 2 a 6 de julho. Esta é a oitava vez que a CHE Lagoense conquista do Título Nacional mais importante do badminton português. A caminhada para o título começou no sábado com as vitórias por 5-0 nos encontros com o Nova Semente Grupo Desportivo e o Clube Albergaria, vencendo o respetivo grupo. Na meia final, no domingo de manhã, venceu o Clube DR

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por 3-1 e conquistou o lugar na final. Aí chegada, a CHE Lagoense venceu a Associação Académica de Coimbra por 3-1. Com mais esta conquista a ACD CHE Lagoense reforça o seu estatuto de maior potência do Badminton nacional, “facto que muito orgulha e dignifica Lagoa e o Desporto no concelho”, declarou Luís Encarnação, vereador do Desporto da Câmara de Lagoa. O Município de Lagoa já endereçou ao clube e aos atletas vivas felicitações, não só pelos resultados alcançados, mas também por todo o percurso e contributo para a elevação desportiva aos níveis local, regional, nacional e no estrangeiro. Sagraram-se campeões nacionais os seguintes jogadores e jogadoras: Mariana Chang, Mariana Leite, Catarina

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Cristina, Ana Reis, Joana Lopes, Daniela Conceição, Alexandre Paixão, Bruno Carvalho, Ângelo Silva, Bernardo Atilano, Tomás Nero e Miguel Rocha. O responsável pelo pelouro do desporto na autarquia de Lagoa sublinhou ainda que “a ACD CHE Lagoense já contribuiu para três participações olímpicas de Portugal na modalidade de Badminton”, referindo-se a Pedro Martins em Londres 2012, e no Rio de Janeiro em 2016, bem como a Telma Santos em Londres 2012. “E

alcançou o seu título nacional número 286, ficando a 14 conquistas dos 300 títulos nacionais, feito que poderá atingir ainda durante este ano”, acrescentou Luís Encarnação. O Badminton é uma modalidade considerada como estratégicas no Programa de Desenvolvimento Desportivo de Lagoa, registando no início da presente época desportiva 92 atletas federados, 25 do género feminino e 67 do género masculino .

IDEIAS DO LEVANTE ORGANIZA MAIS UM FESTIVAL DE DANÇA DE LAGOA EM ABRIL Ideias do Levante Associação Cultural de Lagoa organiza, em parceria com o Município de Lagoa, de 8 a 13 de abril, a quarta edição do LEVANTARTE – Festival de Dança de Lagoa, através da realização de vários workshops/aulas do Projeto «Lagoa a Dançar» e de um espetáculo não competitivo, multidisciplinar, em formato de «mostra de dança», no dia 13 de abril, no Auditório Carlos do Carmo, na cidade de Lagoa, pelas 21h, que contará com os seguintes participantes: Rancho Folclórico do Calvário, STARS Dance School, Zhar Louz, CAB, entre outros convidados. Por via da apresentação dos vários trabalhos coreográficos, o público poderá apreciar diversos estilos de dança, desde a Dança Oriental ao Ballet, passando pelo Jazz, Street Dance e Folclore, entre outros. O festival tem como principais objetivos: contribuir para diversidade da oferta cultural do Concelho de Lagoa; promover 159

o reconhecimento da importância da diversidade cultural; gerar momentos de encontro entre artistas, organizações e público; e oferecer às escolas, associações, grupos, e/ou singulares que desenvolvam atividade na área da dança, no Concelho de Lagoa, uma oportunidade para promoverem o seu trabalho e ver o seu trabalho reconhecido. Além do convite aberto às entidades do Concelho de Lagoa, a organização poderá convidar uma escola, associação, grupo ou bailarino(a) que desenvolva a sua atividade relacionada com a dança além Concelho de Lagoa. O projeto «Lagoa a Dançar», lançado pela Ideias do Levante há alguns anos, foi agora incluído na programação do Festival de Dança de Lagoa, com o intuito de proporcionar aos eventuais interessados uma semana de acesso gratuito a aulas de demonstração e de workshops relacionados com dança . ALGARVE INFORMATIVO #193


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«ROTA DOS MERCADOS» REVITALIZA ECONOMIA LOCAL DE QUARTEIRA inamizar a economia local através dos mercados tradicionais é o objetivo do projeto «Rota dos Mercados» lançado pela Junta de Freguesia de Quarteira. Nesse sentido, residentes e visitantes terão oportunidade de se deslocarem de autocarro, uma vez por semana, a três espaços emblemáticos da cidade, para fazerem compras ou apenas visitas turísticas. O circuito arrancou no dia 13 de março e funcionará todas as semanas, sempre à quarta-feira, entre as 9h30 e as 12h30, em regime gratuito. O autocarro fará três paragens, nomeadamente no Mercado da Roupa (conhecido por «Gypsy Market») na Fonte Santa, no Largo dos Mercados (onde se localizam os Mercados da Fruta e do Peixe, com ida a pé até ao Mercado de Produtores de Frutas e Legumes) e no calçadão, onde os «excursionistas» serão convidados a apreciar a praia e a visitar os espaços comerciais e de restauração localizados nesta zona da cidade. “Os mercados e toda a vida envolvente à sua atividade são elementos muito fortes na identidade da nossa Freguesia, por isso, há que criar estratégias próprias para este setor, garantindo a sua preservação”, refere o Presidente da Junta ALGARVE INFORMATIVO #193

de Freguesia de Quarteira, Telmo Pinto, observando que, dessa forma, é possível “garantir também a continuidade de muitas profissões associadas às atividades que se desenvolvem nos mercados”. A «Rota dos Mercados» conta com o apoio da Câmara Municipal de Loulé e estará em vigor durante todo o ano, permitindo, não só revitalizar alguns espaços de venda ambulante como o outrora famoso «Gypsy Market», como facilitar a deslocação de cidadãos sem transporte próprio aos mercados mais afastados das suas zonas de residência. “Desta forma estamos a apoiar, não apenas as famílias que dependem da existência dos mercados ao estimular a sua continuidade, mas também a população com mais dificuldade de acesso a estes espaços de venda” .

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ROTA DO PETISCO JUNTA MAIS DE 250 RESTAURANTES EM CELEBRAÇÃO DA GASTRONOMIA ALGARVIA alguns dos pontos de paragem obrigatória neste roteiro.

e 24 de abril a 26 de maio, todos os pretextos são bons para rumar ao Algarve. A tradição e riqueza dos sabores algarvios são celebrados na 9.ª Rota do Petisco, um evento da Associação Teia D’Impulsos que, ao longo de quatro semanas, propõe uma rota por mais de 250 dos melhores restaurantes da região onde se pode degustar petiscos e doces regionais por valores entre os dois e os três euros, com bebida incluída. Pousada de Sagres, Hotel Tivoli (Lagos), Mar de Estorias (Lagos), Faina Museu (Portimão), Taberna de Portimão, Maria do Mar (Portimão), Recanto dos Mouros (Silves), Come na Gaveta (Tavira), Água Salgada (Tavira), WAX (Faro) e Chalavar (Faro) são 161

A Rota do Petisco inclui ainda uma ementa alternativa com opções para os foodies mais novos, na Rota dos Pequeninos, e uma ementa de autor, a Rota dos Chefs, com degustação de pratos confecionados por alguns dos mais conceituados chefs da região como Megan Melling (Mar d’ Estórias), José Moura (Hotel Tivoli Lagos), Nuno Martins (Restaurante Vista Rio – Aguahotels Riverside) pelos mesmos preços da Rota do Petisco mais tradicional. Para embarcar nesta viagem, os participantes deverão adquirir um Passaporte (à venda nos postos de informação e estabelecimentos aderentes), com um custo de 1,50 euros que reverte, na integra, para diferentes projetos sociais locais, selecionados por um júri. Por cada 12 carimbos somados no Passaporte (por cada 12 espaços visitados), os participantes habilitam-se ainda a um conjunto de prémios, a sortear no final do evento .

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MÁRCIO MARREIROS E RUI SERRA VENCERAM RALI DE LOULÉ ebaixo de um sol primaveril, o coração da serra do Caldeirão acolheu, nos dias 9 e 10 de março, a primeira prova do Campeonato Sul de Ralis de 2019, o Rali de Loulé. Com duas passagens pelos troços de Ameixial e Salir disputadas na manhã de domingo, os espectadores assistiram a um domínio inicial de Fernando Peres/José Pedro Silva, que venceram três das quatro provas especiais de classificação, chegando a ter 55,7 segundos de vantagem sobre Márcio Marreiros no final de Ameixial 2. Contudo, o azar abateu-se sobre o antigo triALGARVE INFORMATIVO #193

campeão nacional de ralis, que no último troço furou as duas rodas do lado direito do seu Mitsubishi Evo IX. Atrás assistia-se à intensa luta entre Marreiros/Serra e João Bica/Carlos Santos, a assinarem uma bela prestação, tendo rodado sempre nos lugares do pódio. Com a luta pela vitória ao rubro, acabou a dupla campeã em título por vencer com 15,3 segundos de vantagem. O pódio foi encerrado pela dupla Eduardo Antunes/Hugo Bentes, autores de uma prova bastante regular com o seu Mitsubishi Evo VI, ficando na 162


frente de Luís Mota/Alexandre Ramos e Nuno Venâncio/André Barras, com o piloto do Evo VII a vencer a refrega oficiosa de melhor louletano face a Ricardo Filipe/Fernando Almeida, vítimas de uma saída de estrada que não permitiu que o Evo VI cinzento continuasse em prova. Vítimas do azar foram também Carlos Martins/João Martins com um semieixo partido no final de Ameixial 1, João Correia/Ricardo Barreto com problemas de embraiagem também na primeira especial, Paulo Santos/Luís Santos com problemas técnicos insolúveis no Evo VI no parque de assistência, onde também ficou o Ford Escort Cosworth de Pedro Leone/Bruno Ramos. Quanto aos carros de duas rodas motrizes, João Monteiro/Gonçalo Assunção tiveram uma vitória categórica na estreia do Toyota Corolla, não dando hipóteses à concorrência, sendo seguidos

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nesta classificação oficiosa por Vítor Vilela/Leonel Fernandes, ainda em fase de habituação ao Peugeot 208 R2, e Filipe Silva/Diogo Elias em Citroen Saxo. A animação do desporto motorizado sob a égide do Clube Automóvel do Algarve segue com a Baja de Loulé, a 13 e 14 de abril, com base em Almancil, seguindo-se depois o regresso do Rali de Alcoutim, também pontuável para o Campeonato Sul de Ralis, a 18 e 19 de maio. O Rali de Loulé foi uma organização do Clube Automóvel do Algarve, com o patrocínio do Município de Loulé e das Juntas de Freguesia do Ameixial e de Salir, e com os apoios da Solverde - Casinos e Hotéis e da Algarpneus . Fotos: Pedro Contente

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TERTÚLIA COM NUNO JÚDICE DEU INÍCIO AO PROGRAMA DO INSTITUTO DE CULTURA IBERO-ATLÂNTICA PARA 2019 Instituto de Cultura IberoAtlântica (ICIA) promoveu, no dia 9 de março, na mercearia-taberna «Maria do Mar», em Portimão, uma tertúlia literária para apresentação do mais recente livro de Nuno Júdice, «O Café de Lenine». E o espaço encheu para ouvir o poeta, ficcionista e ensaísta e Presidente da Mesa da Assembleia do ICIA falar sobre uma novela que João Ventura, a quem coube a tarefa de guiar a conversa a várias vozes, disse ser “um misto de reflexão metaliterária, memórias e surrealismo ficcional convocando figuras históricas e personagens de ficção, num registo,

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simultaneamente, culto e irónico”. Um registo que, aliás, também, caracterizou a inaudita tertúlia que juntou à mesa associados e amigos do ICIA, entre os quais o poeta Luís Filipe Castro Mendes, que até há bem pouco tempo foi Ministro da Cultura, e o poeta popular Nautílio Martins, que declamou quadras alusivas à novela e à tertúlia, e algumas figuras e personagens saídas das páginas da novela, como Guerra Junqueiro, Lenine, Emma Bovary e o papagaio de Flaubert. Esta tertúlia seguiu-se à Assembleia Geral do ICIA, realizada no mesmo dia,

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onde foi aprovado o Relatório de Atividades e Contas de 2018 e o Plano de Atividades de 2019, que dá continuidade ao projeto «Travessias» que visa o estudo da História Ibero-americana e a sua divulgação em seminários e encontros científicos e através de publicações, e ao projeto «O Algarve na Ilustração Portuguesa», que procura produzir um inventário de autores, textos e iconografia referentes ao Algarve e a sua divulgação através de publicação digital. Entre outras atividades a promover em 2019, regista-se ainda a realização de dois recitais de poesia para assinalar os «centenários de nascimento» de Sophia de Mello Breyner Andersen e de Jorge de Sena e, no caso deste último, também a leitura, na Comunidade de Leitores do ICIA, do seu romance «Sinais de Fogo». O maior destaque, no ano em que Portimão é Cidade Europeia do Desporto, vai para o 165

jantar comemorativo do 159.º aniversário de Manuel Teixeira Gomes que o ICIA promoverá, a 27 de maio, “imaginado - conforme revelou Carlos Osório - como um jantar literáriodesportivo em que não faltarão performances e uma surpreendente publicação de época, inspirado em episódios da vida e obra de Teixeira Gomes e em jornais desportivos dos anos 20 do século passado”. O ICIA é uma associação cultural, com estatuto de utilidade pública, fundado há 24 anos, em Portimão, com o seguinte lema: “Entre dois mares, o Atlântico e o Mediterrâneo, umas vezes rumando às Américas em busca da «vaga gente lusitana», outras vezes perseguindo os itinerários mediterrânicos do escritor e viajante Manuel Teixeira Gomes” . ALGARVE INFORMATIVO #193


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #193

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