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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 23 de março, 2019

TERESA ALEIXO APRESENTA «QUANTO DE MIM» ALGARVE WALKING SEASON|«LENDAS E CONTOS DA AMAZÓNIA»|«O DIÁRIO DE ADÃO E EVA» 1 ALGARVE INFORMATIVO #194 «OS VIZINHOS DE CIMA»|«A MEIO DA NOITE»|«ANOMALIA» DE VASCO VIDIGAL|ALGARVE NA BTL


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CONTEÚDOS #194 23 DE MARÇO, 2019 36

ARTIGOS 6 - Faro adere ao Programa Abem 12 - Algarve na BTL 28 - MED 2019 começa a ser desvendado 36 - Algarve Walking Season 50 - Teresa Aleixo 60 - «Contos e Lendas da Amazónia» 70- «O Diário de Adão e Eva» 84 - «A Meio da Noite» 94 - «Os Vizinhos de Cima» 104 - «Anomalia» de Vasco Vidigal 136 - D’Gustar 144 - Atualidade

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OPINIÃO 70

114- Paulo Cunha 116 - Paulo Bernardo 118 - Mirian Tavares 120 - Adília César 122 - Ana Isabel Soares 124 - Carla Serol 126 - Antónia Correia 128 - David Martins 130 - Afonso Dias 132 - Vera Casaca ALGARVE INFORMATIVO #194

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FARO ADERIU À REDE SOLIDÁRIA DO MEDICAMENTO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Maria de Belém Roseira, Rogério Bacalhau e Carlos Baía

Município de Faro assinou, no dia 18 de março, o protocolo de adesão formal ao Programa Abem Rede Solidária do Medicamento, uma iniciativa da Associação Dignitude que pretende dar resposta aos problemas de acesso ao ALGARVE INFORMATIVO #194

medicamento que afetam um em cada 10 portugueses, de modo a garantir que todos possam adquirir os remédios comparticipados que lhes são prescritos. Os beneficiários do Abem são pessoas que se encontram numa situação de carência económica e a cada um é atribuído um cartão que lhe permite comprar os medicamentos prescritos em qualquer farmácia do país, sem mais 6


burocracias e com a dignidade que merece. Para que tal seja possível, o Abem estabelece parcerias locais e promove sinergias, contando com a ajuda das farmácias aderentes e de entidades referenciadoras locais, às quais se junta agora, no Algarve, a Câmara Municipal de Faro. “As pessoas foram feitas para se relacionarem umas com as outras e, independentemente da natureza das instituições, é bom que trabalhemos todos em conjunto, porque assim temos mais força e, neste caso, preservamos o valor fundamental da dignidade humana”, afirmou Maria de Belém Roseira. A Procuradora Oficial da Associação Dignitude lembrou que o Programa Abem nasceu da identificação de um problema por parte das farmácias e que, nos tempos em que possuíam maior robustez financeira, tentavam resolver por elas próprias. “A partir do momento em que muitas farmácias começaram a ter problemas de solvabilidade por causa das alterações das regras de financiamento dos medicamentos e da sua venda noutros espaços, deixaram de ter músculo para conseguirem ajudar as pessoas que se dirigiam aos balcões e que não tinham dinheiro para aviar as receitas na sua totalidade ou simplesmente para comprar qualquer dos medicamentos prescritos”, evidenciou a antiga Ministra da Saúde de 1995 a 1999. Este problema veio a ser validado cientificamente por um estudo recente da Faculdade de Economia da Universidade 7

de Lisboa, que identificou que 10 por cento dos portugueses não conseguem comprar os seus remédios. “Numa primeira fase, o programa teve um cariz de responsabilidade social corporativa, mas era necessário agregar outras entidades para preservar a dignidade das pessoas. Assim se juntaram a Caritas, a União das Misericórdias e a União das IPSS, mas entendemos que o poder local é o mais próximo dos cidadãos e bem sabemos que desenvolve vários programas de apoio social, pelo que faria todo o sentido realizar estas parcerias com as autarquias”, explicou Maria de Belém Roseira, chamando a atenção para os prejuízos que advêm para a sociedade pelo facto de as pessoas não seguirem a medicamentação que lhes foi prescrita pelos seus médicos. “Um prejuízo económico, mas também de disfunção social. Um estudo de 2018 da OCDE estima que a não adesão à terapêutica contribui para quase 200 mil mortes prematuras. Se pensarmos no número de anos perdidos, o cenário é ainda mais assustador”, enfatizou. Particularmente vulneráveis a esta situação são os doentes crónicos, com as taxas de mortalidade advindas do abandono da terapêutica a serem duplamente superiores às das pessoas que podem tomar os seus medicamentos conforme prescritos. E foi para tentar atenuar esta realidade que nasceu, nas palavras de Maria de Belém Roseira, esta associação que busca a dignidade com atitude. “A dignidade tem que ser praticada e só os parceiros deste programa é que ALGARVE INFORMATIVO #194


sabem da realidade social e económica dos beneficiários, e já o sabiam antes de aderirem ao Abem. Depois, quando os beneficiários vão ao balcão de uma farmácia, utilizam um cartão igual a tantos outros, sem necessidade dos outros clientes ficarem a conhecer as suas debilidades financeiras, e todos os movimentos são efetuados através de uma plataforma informática que gere o reembolso do dinheiro que as farmácias adiantaram”. Nada disto seria possível sem o Fundo de Solidariedade da Associação Dignitude que é integralmente utilizado para financiar o Programa Abem, com a Procuradora Oficial a garantir que todos os donativos e contribuições são ALGARVE INFORMATIVO #194

rigorosamente registados e contabilizados. “Tudo o que as pessoas dão, seja pela consignação do IRS, pelos donativos que fazem voluntariamente ou pelas campanhas que realizamos no terreno, é depositado nesse fundo. O Programa Inovação Social deu-nos um financiamento importante para que esta plataforma informática seja segura, adequada, eficaz e eficiente e já este ano recebemos um prémio da NATO ao qual concorremos com muitas instituições de países de toda a União Europeia. Em dois anos já temos cerca de 120 entidades referenciadoras e abrangemos cerca de oito mil beneficiários”, destacou ainda Maria de Belém Roseira. 8


No uso da palavra, Rogério Bacalhau agradeceu prontamente à Associação Dignitude por ter criado o Programa Abem, porque vem combater um problema concreto que tem um forte impacto na vida das populações. “O esforço que o Sistema Nacional de Saúde faz muitas vezes não chega para que todas as pessoas consigam tomar a sua medicamentação de forma regular. É uma situação transversal a todas as faixas etárias, embora se note mais na terceira idade, porque os idosos têm menores rendimentos fruto das suas parcas reformas e, à medida que os anos passam, necessitam cada vez mais dos seus remédios”, reconheceu o presidente da Câmara Municipal de Faro, que há

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algum tempo tinha intenção de atuar diretamente sobre este problema. De acordo com o protocolo, cada cartão terá um plafond anual de 100 euros, destinado a pagar a parte não comparticipada pelo Estado do custo dos remédios prescritos pelos médicos. “Se não tivéssemos uma rede social, dificilmente Portugal seria o país que é, porque os poderes públicos não conseguiriam chegar a tantas famílias e porque também não podemos estar à espera que o Estado resolva todos os problemas que existem. Queremos chegar rapidamente aos 100 utentes e depois vamos ver que população continua a precisar deste apoio”, concluiu Rogério Bacalhau .

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ALGARVE LANÇOU OBSERVATÓRIO PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Francisco Serra, Ana Mendes Godinho, João Fernandes, Luís Araújo e Paulo Águas

Região de Turismo do Algarve lançou o Observatório para o Turismo Sustentável com o objetivo de estudar, analisar e ALGARVE INFORMATIVO #194

monitorizar o desempenho turístico do destino nas áreas da sustentabilidade económica, social e ambiental. O instrumento operacional foi apresentado na Bolsa de Turismo de Lisboa, no dia 14 de março, conta com o apoio do Turismo de Portugal e será 12


João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve

desenvolvido em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR Algarve) e a Universidade do Algarve (UAlg). O Observatório irá dotar a RTA de conhecimento específico e detalhado sobre a região, que servirá de apoio à definição da estratégia e apoiará o desenvolvimento e a competitividade turística, assegurando a preservação e a valorização da identidade, património e valores locais, enquanto ativos estratégicos. O instrumento está em linha com os objetivos de estudo e monitorização da Estratégia para o Turismo 2027 em matéria de sustentabilidade e será também submetido à Organização Mundial de Turismo, para que possa fazer parte da Rede Internacional de Observatórios para 13

o Turismo Sustentável. Os estudos a integrar este Observatório serão realizados pela UAlg, enquanto à CCDR Algarve caberá o acompanhamento técnico e suporte institucional. O lançamento do Observatório foi feito através da formalização de um protocolo entre as entidades parceiras, numa ação que contou com a presença da Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, do presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, do presidente da Região de Turismo do Algarve, João Fernandes, do Reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, e do presidente da CCDR Algarve, Francisco Serra. “O Observatório vai permitir-nos melhorar a gestão sustentável do destino turístico e marcar uma posição pioneira no ALGARVE INFORMATIVO #194


Anabela Afonso, Comissária do programa «365 Algarve» e Fátima Catarina, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve

contexto das regiões turísticas portuguesas e até no panorama internacional. Com a criação deste instrumento assinalamos a nossa proatividade, obtendo importantes ganhos de imagem e notoriedade para a região”, considera o presidente da RTA, João Fernandes. De acordo com o presidente do Turismo de Portugal, “esta é uma das medidas da Estratégia Turismo 2027 que visa posicionar o destino a nível de competitividade e sustentabilidade”. “A sustentabilidade dos destinos turísticos é uma prioridade absoluta da política de turismo em Portugal e, com a implementação do Observatório do Turismo Sustentável no Algarve, criamos as condições para que o planeamento e ALGARVE INFORMATIVO #194

gestão da maior região turística nacional assentem num conhecimento profundo dos impactos da atividade no território, incorporando as melhores práticas internacionais nesta matéria. Por outro lado, esta iniciativa contribui para afirmar Portugal como líder internacional em matéria de sustentabilidade. A futura integração deste observatório na rede de Observatórios da OMT colocará Portugal como o único país europeu com dois observatórios na rede (depois do Alentejo), que já contempla projetos de Espanha, Grécia e Itália”, reforça Luís Araújo. Francisco Serra, presidente da CCDR Algarve, congratulou-se “por este importante passo, que vem em linha 14


com o desafio lançado no final de 2016 no âmbito do Conselho de Inovação Regional do Algarve, com vista à criação de um centro de conhecimento e inovação em turismo que estimulasse a produção científica em torno desta atividade”. “Atividade essa que constitui um pilar fundamental da economia regional, mas que pode e deve alavancar oportunidades noutros setores, conforme previmos na nossa Estratégia Regional de Especialização Inteligente, nomeadamente com o mar, a saúde e o agroalimentar”, acrescentou. Já Paulo Águas, reitor da Universidade do Algarve, acredita que “será crescente a importância do conhecimento enquanto fator de competitividade dos destinos turísticos”. “Não se faz boa política pública sem conhecimento e agentes económicos com mais conhecimento 15

também tomam melhores decisões. O Observatório contribuirá, assim, para aumentar a competitividade do Algarve. Com formação na área do Turismo desde 1991 e com níveis de investigação sólidos, comprovados pela presença no ranking de Xangai, a Universidade do Algarve estará empenhada em contribuir para que o Observatório se transforme numa referência para (e da) região”, salientou o líder da academia algarvia.

ALGARVE COM MUITA NATUREZA, PATRIMÓNIO, CULTURA E GASTRONOMIA NA BTL O Algarve levou à Bolsa de Turismo do Algarve as apostas para 2019 no âmbito ALGARVE INFORMATIVO #194


Pedro Marques, cabeça de lista pelo PS às Eleições Europeias, também passou pelo stand do Algarve na Bolsa de Turismo de Lisboa

da Natureza, Património e Cultura, áreas estratégicas para a consolidação dos bons resultados da região. Na promoção da região como destino para os amantes da natureza, a grande novidade foi o «Algarve Nature Fest», uma evolução do evento Algarve Nature Week que a Região de Turismo do Algarve tem vindo a organizar nos últimos quatro anos. O festival, que acontecerá desta vez entre 20 e 22 de setembro, em Olhão, tem como objetivo incentivar residentes e visitantes a usufruir das diversas propostas ao ar livre proporcionadas pelo património natural algarvio. Este ano as atividades são gratuitas, bastando uma inscrição prévia para nelas participar, e serão anunciadas em breve no sítio www.algarvenaturefest.pt. ALGARVE INFORMATIVO #194

Em foco na apresentação do dia 14 de março estiveram igualmente as iniciativas integradas no projeto «Algarve Natural», nomeadamente o novo «Guia de Percursos Pedestres do Algarve» e o inédito «Guia de Turismo de Natureza Júnior», direcionado a crianças dos 5.º e 6.º anos de escolaridade. Este guia pretende dar visibilidade ao património natural do Algarve junto dos residentes e visitantes juniores, convidando-os a partirem à descoberta das diversas paisagens da região, através de textos que apelam à sensibilização para a proteção e conservação da natureza. A publicação apresenta-se com desenhos de estilo naturalista que ajudarão a ilustrar aos 16


Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão

mais novos os principais ambientes, habitats e espécies de fauna e flora do Algarve. Na apresentação da região na BTL, ainda na área da natureza e preservação da identidade e herança culturais, foram apresentados detalhes do «Revitalizar Monchique – o turismo como catalisador», projeto de recuperação e reforço da atratividade turística da serra de Monchique, depois de fortemente impactada pelo incêndio de 2018. A aposta na valorização do património edificado foi outro destaque da apresentação na BTL, com o «Algarve by Choice», um projeto promovido pela RTA para fomentar o investimento na recuperação do património devoluto ou inativo com potencial turístico. Para integrar o portefólio final de imóveis que serão 17

apresentados a potenciais investidores nacionais e internacionais, está a decorrer o processo de inventariação em parceria com as câmaras municipais da região e a APEMIP - Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal. Na vertente cultural foi realçada a importância do «365 Algarve», cuja terceira edição arrancou em outubro de 2018 e decorre até maio, tendo juntado mais de 40 mil espectadores em cerca de 400 eventos, apenas nos primeiros três meses da atual edição. Números de sucesso que vêm garantir a realização da quarta edição deste programa cultural, a arrancar em outubro deste ano, e que vem reforçar a oferta turística e cultural da região nas épocas de média e baixa procura. ALGARVE INFORMATIVO #194


Na gastronomia, foram anunciadas novidades no âmbito do projeto «Algarve Cooking Vacations», promovido pela RTA e Tertúlia Algarvia. Entre elas está o «Livro de Cozinha do Algarve», com 60 receitas regionais tradicionais e reinterpretadas com inspiração nos elementos «água» e «terra», e o «Livro de Vinhos do Algarve», distribuído pela primeira vez na própria BTL, dando a conhecer a riqueza e o potencial enológico da região através dos seus 160 néctares. Para complementar o novo «Livro de Vinhos do Algarve» está ainda a ser preparada outra edição sobre vinhos, com descritivo detalhado dos produtores e dos vinhos da região, mas apenas em versão digital, futuramente disponível na área de multimédia do sítio www.visitalgarve.pt.

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PORTIMÃO APRESENTOU PASSAPORTE CED 2019 E DEU A PROVAR DOCES MARAVILHAS A Bolsa de Turismo de Lisboa foi palco, no dia 14 de março, do lançamento do Passaporte Portimão - Cidade Europeia do Desporto (CED 2019) e da exibição pública da curta-metragem «A Viagem», com a presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, a realçar “a panóplia de mais de mil eventos que constam do programa da CED 2019, com uma média superior a três por dia, envolvendo cerca de 40 mil atletas até final do ano”. “Mas isso, só por si, não chega, pois é preciso termos um município ambientalmente

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Conan Osíris com Dino d’Santiago na BTL

sustentável, com o espaço público requalificado, propiciando as melhores condições a quem nos visita e a quem reside em Portimão, cuja capacidade de responder aos desafios permanentes que se colocam a uma cidade turística é extraordinária. Trabalhamos arduamente nesse sentido, realçando a importância da segurança e da prestação de cuidados de saúde, fatores em que estamos a melhorar significativamente”, sublinhou a edil portimonense. No promoção do Passaporte CED 2019, Isilda Gomes salientou algumas provas, como o Campeonato Nacional de Clubes em Triatlo (23 e 24 de março), o Dia Mundial da Atividade Física (6 de abril), o 19

Campeonato do Mundo de Windsurf (20 de abril a 5 de maio), o Campeonato da Europa Ultimate-Frisbee (6 a 11 de maio), a etapa de Portimão do Mundial de F1 Motonáutica (17 d a 19 de maio), a Festa Nacional da Ginástica (28 a 30 de junho), ou o Torneio Internacional de Futsal (23 a 25 de agosto), entre muitas outras a realizar até dezembro próximo. Na ocasião houve também oportunidade para se provar as 12 propostas com que Portimão se candidata às «7 Maravilhas Doces de Portugal», com o repto do município a ter sido aceite pelas empresas «Confeitaria de Alvor», «Delícias de Portimão», «Casa da Isabel» e «Amor às Fatias», que abrangem seis das ALGARVE INFORMATIVO #194


categorias a concurso, de que são tentadores exemplos o Pastel Maldeçoado, as Algarvias, as Estrelas de Portimão ou o Morgado, entre outros doces nomeados. Na agenda do dia 14 de março também mereceu destaque a cerimónia pública de certificação da Estação Náutica de Portimão e a entrega da respetiva bandeira. A nova entidade faz parte de uma rede nacional e está organizada a partir da valorização integrada dos recursos náuticos presentes no território de Portimão. Inclui mais de 70 parceiros locais, entre associações e clubes, estabelecimentos de ensino, embarcações marítimo-turísticas, centros de mergulho, estaleiros e reparação naval, lojas de equipamento náutico e de pesca, restauração, hotelaria e equipamentos culturais, etc. A Estação Náutica de

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Portimão garantirá a qualidade do produto turístico e dos serviços prestados aos visitantes, bem como o apoio informativo e a reserva de alojamento e serviços. São vantagens da sua constituição a diversificação da oferta turística, o combate à sazonalidade, o aumento do gasto por visitante, uma imagem de referência e qualidade, a promoção conjunta de produtos turísticos a nível internacional e, ainda, uma ementa de experiências diversificadas.

TAVIRA ESTREOU NOVO FILME PROMOCIONAL Tavira apresentou, no dia 14 de março, na BTL, em Lisboa, o novo filme promocional do concelho. Tendo como ponto de partida o caráter genuíno e

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Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira

inspirador da cidade e das freguesias, este vídeo visa promover a ação turística assente na mundivivência e diversidade que este território oferece, não só aos habitantes, como também aos visitantes. Pretende-se gerar junto do espetador com o vídeo um sentimento de empatia, de partir à descoberta de um território que ainda permanece autêntico, nos seus usos e costumes, mas aberto às mudanças que o progresso proporciona. O novo vídeo promocional de Tavira teve um custo de 23 mil e 985 euros e foi aprovado no âmbito da candidatura Qualificação e Promoção Turística e Cultural de Tavira Todo o Ano ao Programa Operacional CRESC Algarve 2020 com uma comparticipação de 60 por cento, ou seja, de 14 mil e 391. 21

Na ocasião, Jorge Botelho, presidente da Câmara Municipal de Tavira, deu a conhecer também a extensa programação que pautará o concelho até final do ano, com destaques para as iniciativas «Viva a Primavera», «Verão em Tavira», Santos Populares, Feira da Dieta Mediterrânica, Feira da Juventude e a fantástica passagem-de-ano nas margens do Rio Gilão.

OLHÃO ANUNCIOU SEIS PERCURSOS PEDESTRES O Município de Olhão deu a conhecer aos milhares de visitantes da BTL os fatores diferenciadores do concelho em ALGARVE INFORMATIVO #194


António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, e Hugo Oliveira, diretor do Museu Municipal de Olhão

termos turísticos, com destaque para apresentação do projeto de percursos pedestres «Aqui tão perto». Com o objetivo de acompanhar as novas tendências do turismo, proporcionar a quem visita Olhão uma experiência de aprendizagem e despertar o interesse sobre o património cultural e natural do concelho, o Museu Municipal de Olhão – Edifício do Compromisso Marítimo tem vindo a implementar no terreno a iniciativa «Aqui tão perto», que contempla um conjunto de percursos pedestres e culturais, que se estendem por todo o concelho. Nesta vertente do projeto, o Museu Municipal propõe um conjunto de seis percursos temáticos, que dão a conhecer a riqueza, a história e o património de Olhão. ALGARVE INFORMATIVO #194

O Caminho dos Romanos e Cerro da Cabeça, por exemplo, gira em torno das localidades de Moncarapacho e Fuseta, percorrendo alguns troços de calçada romana, datadas entre os Séc. I e II d.C., que serpenteiam por entre um conjunto de flora e fauna exuberante. Sempre visível está o Cerro da Cabeça, palco das mais intrigantes lendas algarvias e importante marco do barrocal algarvio, devido às suas formações cársicas, que proporcionam um ambiente único para observação de uma grande quantidade de espécies animais, que o tornam um geomonumento de relevo no contexto algarvio. No Caminho da Água, em Pechão, traz-se à reflexão a importância da água 22


José Carlos Rolo, presidente da Câmara Municipal de Albufeira

como fonte de vida e de fixação das populações. O concelho de Olhão, pela sua natureza geológica, é muito rico em recursos hídricos, que se traduz na profusão de captações existentes um pouco por todo o território. Este percurso estende-se paralelamente à ribeira de Belamandil, principal fonte de abastecimento de outrora. Ao longo deste percurso podem-se observar alguns engenhos como, por exemplo, a Fonte Velha, a Fonte Nova, o Poço do Lagar, ou o Poço da Amendoeira. “Diz-se de Olhão que é «uma terra que se deita sobre o mar, abraçada ao barrocal». De facto, o nosso concelho é fértil no que diz respeito à riqueza das paisagens, que vão do barrocal ao litoral, passando, não esqueçamos, pela serra, o que nos confere uma multiplicidade 23

ímpar em termos de diversidade paisagística e biodiversidade”, sublinhou o presidente da autarquia, António Miguel Pina, na Bolsa de Turismo de Lisboa. “É essa riqueza que queremos partilhar com quem nos visita, e a quem convidamos a descobrir que a beleza e os atrativos do concelho não se esgotam na faixa litoral”, concluiu. O Município de Olhão aproveitou ainda o maior certame nacional de turismo para apresentar a profissionais e público em geral o cartaz da edição de 2019 do Festival do Marisco, que este ano acontece de 9 a 14 de agosto, e que traz a Olhão Matias Damásio, Aurea, HMB, Tributo aos Queen, Paula Fernandes, Ludmilla e Resistência.

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ALBUFEIRA PROMOVEU XVII CONGRESSO EUROPEU DE CONFRARIAS VÍNICAS E GASTRONÓMICAS Albufeira aproveitou a presença na BTL Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorreu, de 13 a 17 de março, na FIL, em Lisboa, para apresentar aos profissionais do setor o seu novo vídeo promocional. “É uma forte aposta do Município no âmbito da promoção e divulgação turística. O vídeo mostra, através de paisagens magníficas, o que o concelho tem de melhor: as praias de cortar a respiração, a gastronomia tradicional, os sons da natureza, o ar puro e fresco do barrocal, o desporto ao ar livre, a arte que nasce das mãos dos artesãos, os eventos que trazem o melhor das outras culturas, a animação noturna. São imagens que remetem para o privilégio de poder usufruir de todas estas sensações”, destacou o presidente da Câmara Municipal de Albufeira, José Carlos Rolo. «Albufeira, Destino de Emoções» já se encontra disponível para visualização no youtube, em https://youtu.be/FDvpj4Y0F6Q e na página do Facebook de Albufeira. A capital do turismo algarvio assinou igualmente um protocolo com a APAL Agência de Promoção de Albufeira, com o intuito de dar continuidade às ações realizadas pela agência na divulgação turística do concelho, no mercado interno e externo. “A APAL tem vindo a apresentar um trabalho crescente no desenvolvimento de atividades de apoio à promoção da marca «Albufeira», por via da divulgação dos produtos regionais ALGARVE INFORMATIVO #194

em feiras, congressos e eventos, quer nacionais, quer internacionais”, justificou José Carlos Rolo. O Município de Albufeira, sócio fundador da APAL, comparticipa a agência com uma verba de 87 mil euros para 2019. Em destaque esteve ainda a apresentação do XVII Congresso Europeu de Confrarias Vínicas e Gastronómicas, que se vai realizar em Albufeira, de 8 a 10 de novembro, tendo como tema os «Sabores do Mar Português – a importância da gastronomia tradicional europeia e os vinhos da Europa». O Conselho Europeu de Confrarias (CEUCO) pretende defender os produtos agroalimentares dos países membros - Portugal, Espanha, França, Itália, Hungria, Grécia, Bélgica e Macau – e o congresso anual já tinha acontecido em Albufeira em 2011. “No ano passado, com o apoio do Município de Albufeira, candidatámonos para fazer o congresso de 2019, vencemos e estamos a preparar-nos para receber em Albufeira cerca de 100 confrarias e mais de 700 pessoas. Será talvez o maior congresso que se fez até hoje na Europa”, anteviu José Manuel Alves, vice-presidente do CEUCO e presidente da Confraria dos Gastrónomos do Algarve. Durante a apresentação do evento, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira salientou precisamente que “a gastronomia é um dos vetores mais importantes para o nosso destino turístico”. Por isso, José Carlos Rolo acredita que o congresso trará ao concelho um grande número de pessoas que se vão tornar embaixadores de 24


José Manuel Alves, presidente da Confraria dos Gastrónomos do Algarve

Albufeira. “Estes eventos, na época baixa, além de serem importantes para dinamizar a economia local, servem igualmente para fidelizar clientes e convidá-los a voltar com família e amigos”, declarou o edil, uma opinião que é partilhada pelo presidente da Região de Turismo do Algarve. “A gastronomia para o Algarve é obviamente um produto estratégico e, por isso, consideramo-lo transversal a todos os outros produtos. Quando desenvolvemos uma ação promocional fazemos questão de incluir a gastronomia como mote para sol e mar, golfe e turismo de natureza. É uma iniciativa que traz conhecimento e reconhecimento, que vem enriquecer a nossa oferta e vem dar a conhecer o nosso destino. Sentimo-nos bem à mesa, partilhamos uma sã convivência, ideias 25

para o nosso dia-a-dia, fazemos amigos e temos muito mais facilidade em estabelecer pontes num mundo que constrói muros”, assumiu João Fernandes. Após a apresentação, que contou ainda com a intervenção do presidente do CEUCO, Carlos Martin Cosme, o Município de Albufeira preparou uma degustação com alguns dos produtos que fizeram parte da candidatura de Albufeira, uma das vencedoras das «7 Maravilhas à Mesa de Portugal». A cataplana do Chef Henrique Leandro, as laranjas do barrocal e os vinhos da Adega do Cantor foram dados a provar aos visitantes .

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LOULÉ DEU A CONHECER NOVIDADES DO 16.º FESTIVAL MED NA BTL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Rui Tendinha, Carlos Carmo, Selma Uamusse, Pedro Pimpão e Dino D’Santiago

Câmara Municipal de Loulé aproveitou a presença na Bolsa de Turismo de Lisboa, o principal certame nacional ligado ao setor do ALGARVE INFORMATIVO #194

turismo, para apresentar a 16.ª edição do Festival MED, que vai ter lugar de 27 a 30 de junho. Durante quatro dias - o último dos quais «Open Day», ou seja, de acesso gratuito - a Zona Histórica de Loulé vai receber mais de 80 horas de música, em 10 palcos por onde passarão 28


280 músicos de 22 países, com duas estreias em termos das nacionalidades representadas, designadamente Trindade e Tobago e Haiti. De entre as muitas e diversificadas propostas musicais a que o MED já habituou o seu público, ficaram já a conhecer-se, no dia 14 de março, os primeiros 15 artistas que farão parte do cartaz. Assim, têm presença garantida em Loulé Marcelo D2 (Brasil), Mellow Mood (Itália), Marinah (Espanha), o projeto multicultural e transnacional The Turbans (Bulgária/Israel/Irão/Grécia/Turquia/Reino Unido), Kel Assouf (Níger/Bélgica), Selma Uamusse (Moçambique/Portugal), Orkesta Mendoza (Estados Unidos/México), Anthony Joseph (Trindade e Tobago), Moonlight Benjamin (Haiti), Dino D’Santiago (Portugal/Cabo Verde) 29

Tshegue (Congo/França) e os portugueses Gisela João, Dead Combo, Diabo na Cruz e Cais do Sodré Funk Connection. Sonoridades diferentes e que trazem seis estreias absolutas em solo nacional, casos dos Orkesta Mendoza, Moonlight Benjamin, The Turbans, Kel Assouf, Tshegue e Anthony Joseph. A cantora Marinah regressa a este palco louletano, com uma estreia também em Portugal do seu projeto a solo, embora já tivesse passado pelo MED enquanto vocalista da banda espanhola Ojos de Brujo. Entre as primeiras confirmações destaca-se Marcelo D2, um nome bem conhecido em Portugal e que promete aquecer as noites do MED. O rapper brasileiro, reconhecido pela sua mistura de samba com black music, vem a Loulé ALGARVE INFORMATIVO #194


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apresentar o seu décimo disco de estúdio, «Amar é para os Fortes». Carlos Carmo, vereador dos Eventos da Autarquia de Loulé e diretor do Festival, divulgou algumas das novidades que, como é apanágio da organização, são introduzidas em todas as edições com o intuito de potenciar o fator surpresa, uma das imagens de marca do MED. Assim, este ano os amantes da World Music vão poder contar com um novo palco que ficará instalado no Largo D. Afonso III, tendo as muralhas do Castelo de Loulé como pano de fundo, ao passo que o Palco Castelo ganhará um novo conceito. “A preocupação ambiental será reforçada este ano e já estão a ser trabalhadas novas iniciativas que se irão juntar ao copo ecológico, movimento «Zero Desperdício», painéis fotovoltaicos ou 31

pontos de distribuição gratuitos e eficientes de água. Alinhamos, não só o Festival MED, mas todos os eventos que realizamos na Câmara Municipal, com a nossa política ambiental. Nos eventos, o ambiente e a sustentabilidade vão estar cada vez mais presentes e o Festival MED é exemplo disso”, frisou Carlos Carmo, que minutos antes tinha ostentado, com orgulho, o Prémio «Contributo para a Sustentabilidade na Península Ibérica» alcançado nos Iberian Festival Awards, realizados na véspera, em Vigo, na vizinha Espanha. Sendo o Festival MED uma fusão de manifestações culturais, outras áreas para além da música têm aqui a sua representação como é o caso das artes plásticas, poesia, animação de rua, ALGARVE INFORMATIVO #194


astronomia ou artesanato. Uma das novidades de 2019 será, contudo, a sétima arte, estando a curadoria do Cinema MED a cargo de Rui Tendinha, prestigiado crítico de cinema que colabora com meios como a Antena 3 e a SIC (ambos media partners do MED). Deste modo, o cinema deixará de figurar apenas nos dias que antecedem o Festival e passa a integrar o cartaz dos dias do evento. “Antes de cada concerto será apresentado uma «curtametragem», o que permitirá ao público ter um olhar transversal. Será um filme que também tem música, portanto, pode haver aqui um diálogo de artes”, explicou Rui Tendinha. No domingo, 30 de junho, dia aberto do MED, está prevista no Castelo, ao ar livre, a antestreia de “um filme muito especial que tem tudo a ver com músicas do mundo”, adiantou ainda Rui Tendinha, referindo-se a «Gabriel e a Montanha», de ALGARVE INFORMATIVO #194

Filipe Bragança, um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro dos últimos anos. E também o TalkFest, conferência que nasce da parceria da Autarquia com a APORFEST, se vai debruçar sobre a forma como música e cinema se complementam. Num momento em que indicadores estatísticos referem que este festival é um elemento alavancador para que os turistas marquem as suas férias para virem ao Algarve, o MED volta a figurar, pelo terceiro ano consecutivo, na plataforma do Turismo de Portugal «Portuguese Music Festivals», que promove no exterior um conjunto muito restrito de festivais de música em Portugal. E o próprio vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé, Pedro Pimpão, sublinhou o “enorme impacto na região, nomeadamente em termos do aumento do alojamento e da 32


restauração de mais de 50 por cento”. “Estamos a falar do reconhecimento de Loulé para o aumento do volume de negócios no Algarve”, sublinhou o autarca, não escondendo que “é um orgulho para o Município de Loulé ter um evento destes a decorrer no nosso território, um festival reconhecido por todos que alia várias manifestações culturais naquilo que deve ser um contributo para a comunidade e uma mostra daquilo que o mundo nos dá na sua diversidade”. Presentes nesta apresentação estiveram também dois artistas confirmados para esta edição e que são o espelho da nova vaga da lusofonia: Selma Uamusse e Dino D’Santiago. Depois de ter realizado a préabertura do MED há quatro anos, no Cine33

Teatro Louletano e ter integrado o cartaz há três anos, com dois concertos muito elogiados, numa altura em que a artista não tinha ainda qualquer trabalho editado em nome próprio, a luso-moçambicana está agora de regresso. Quanto ao quarteirense Dino D’Santiago, cujo novo álbum tem merecido rasgados elogios da crítica nacional e internacional, também já fez parte do alinhamento do Festival. De facto, ano após ano, este jovem com origens cabo-verdianas tem subido ao palco para atuar ao lado de outros artistas e reconheceu a sua ligação afetiva ao MED, que considerou ser o seu festival de eleição. Desta vez, em 2019, estará em palco com o seu próprio projeto . ALGARVE INFORMATIVO #194


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ALGARVE WALKING SEASON COMEÇOU EM ALCOUTIM E INTEGRA TRÊS EVENTOS DE CAMINHADAS E ATIVIDADES AO AR LIVRE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #194

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xplorar o Algarve a caminhar, aliando a descoberta das suas paisagens naturais à atividade física, é o convite do Algarve Walking Season, um projeto de promoção de caminhadas na região composto por três eventos, sendo que o primeiro deles, o Festival de Caminhadas de Alcoutim, se realizou, de 8 a 10 de março, em Alcoutim e na vizinha raiana espanhola Sanlúcar de Guadiana. Com o objetivo de levar os visitantes a conhecer o património natural, cultural, histórico, gastronómico e etnográfico destas localidades, o festival contemplou 17 caminhadas temáticas e cinco ateliês («Paisagens Apícolas das Taipas», «Na Rota dos Sabores do Porco», «Percurso de Observação da Natureza», «Fabrico de Porta Canivetes em Empreita», «Isqueiros de Pastor»), numa organização do Município de Alcoutim, com a colaboração do Ayuntamiento de Sanlúcar de Guadiana. Um dos destaques da edição de 2019 do Festival foi a Grande Rota do Guadiana (GR15), uma viagem de 65 quilómetros pelos três concelhos do Baixo Guadiana algarvio (Vila Real de Santo António, Castro Marim e Alcoutim) implementada, em 2015, pela Odiana - Associação para o Desenvolvimento do Baixo Guadiana e que agora foi estendida até à fronteira entre o Algarve e o Alentejo, perfazendo na sua totalidade 78,5 quilómetros de aventura com a Natureza e o Guadiana, o Grande Rio do Sul, como pano de fundo. Os planos passam por estender esta Grande Rota até à vila de Mértola, fazendo a ligação entre a parte algarvia e a alentejana. ALGARVE INFORMATIVO #194

Paisagem, património, atividade física e ar puro são os segredos da GR15, que consolida a oferta de percursos pedestres no Baixo Guadiana, aproximando o Litoral ao Interior Serrano. Esta via atravessa os concelhos de Alcoutim, Castro Marim e Vila Real de Santo António e viaja por 17 localidades, até chegar à fronteira com o concelho de Mértola. Distingue-se pela 38


sua multiplicidade de paisagens, elementos históricos, patrimoniais e naturais. De facto, as praias a Sul, as paisagens serranas a Norte, o contacto com o Rio Guadiana e a observação da diversidade de fauna e flora existente, são apenas alguns dos pontos de interesse aqui presentes. Para além disso, a GR15 é também ponto de ligação e convergência à Ecovia em Vila Real de Santo António e à Via Algarviana (GR13) em Alcoutim. 39

AO SABOR DA ESTELA Integrado no Algarve Walking Season segue-se, em plena Primavera, o Walking Festival Ameixial, que se realiza de 26 a 28 de abril, no concelho de Loulé, local onde surgiu o primeiro roteiro ibérico, inspirado da Escrita do Sudoeste com mais de dois mil e 500 anos. O evento é promovido pela ALGARVE INFORMATIVO #194


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cooperativa QRER e organizado pela Proactivetur e pelo Projeto Estela, dando nas vistas com cerca de 30 caminhadas, desde programas para famílias a roteiros temáticos. A Escrita do Sudoeste é, de facto, a inspiração para a sua identidade e para as várias intervenções artísticas realizadas ao longo dos anos e que lhe têm permitido deixar uma forte marca, não só no território, mas principalmente nas memórias daqueles que lá vivem e de todos os participantes. O Walking Festival Ameixial chegou mesmo a ser escolhido como um dos cinco melhores festivais do género no espaço europeu, pela revista holandesa de caminhadas Opaad. Nas edições de 2017 e 2018 contou com cerca de mil e 300 participantes nas suas múltiplas 41

atividades, foram efetuadas mais de 50 caminhadas, workshops e conversas dinamizadas pela organização e por um grupo alargado de empresas especializadas e com experiência no mercado, e foram também disponibilizados locais gratuitos para pernoitar e transporte coletivo até ao evento. Os pontos fortes do festival são o seu programa diversificado; a oferta ampla de novos percursos temáticos; a envolvência da comunidade local no evento; as ações coletivas de preservação do património e a segurança. Para além disso, a organização continua a dar passos no sentido de reduzir o impacto ambiental do evento, como atesta o facto de, em 2017, já se terem realizado várias refeições sem recurso a plástico, a par ALGARVE INFORMATIVO #194


de ações de sensibilização e proteção da natureza. E estamos perante um evento que permite gerar um impacto económico mínimo de cinco mil euros para os estabelecimentos de restauração do Ameixial, levando mais de meio milhar de pessoas ao interior profundo da região do Algarve. Em 2019, a organização continuará a promover um programa diversificado e diferenciado de atividades diretamente relacionadas com a prática de caminhadas e com temáticas dedicadas à História e ao Património da Serra do Caldeirão. Pretende-se, desta forma, manter a estrutura do evento, mas agregando algumas novidades ao nível de programação; reorganizar o local onde têm lugar as atividades para aumentar o conforto dos participantes; reforçar o alojamento gratuito disponível, para que mais famílias pernoitem em boas condições na aldeia; e cativar mais turistas e residentes estrangeiros para promover um espírito de maior multiculturalidade.

DE MÃOS DADAS COM A ARTE No Outono acontece o terceiro evento que compõe o Algarve Walking Season, ou seja, o Walk & Art Fest, cuja segunda edição decorre, de 1 a 3 de novembro, em Barão de São João, no concelho de Lagos. Cada dia contempla oito a dez caminhadas de curta ou longa distância dedicadas a diferentes tópicos (observação de pássaros, arqueologia, património cultural, geologia ou botânica), bem como atividades educacionais e animação garantida por artistas locais, numa ALGARVE INFORMATIVO #194

organização da Cooperativa QRER. Artistas que estarão também envolvidos na elaboração de uma instalação artística num local onde serão desenvolvidas caminhadas, para que os participantes possam sentir e usufruir deste complemento inserido na paisagem natural. E o Barão de São João é mesmo um local único onde a multiculturalidade é notória e não deixa ninguém indiferente, mas onde todas as diferenças culturais acabam por ser uma mais-valia, potenciando toda a criatividade artística. 42


O Algarve Walking Season nasceu da necessidade de se criar uma oferta estruturada de festivais de caminhadas na região, estabelecendo-se um calendário de eventos comum, ao longo das estações do ano, e apoiado numa estratégia de promoção conjunta, nacional e internacional, 43

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que permite atrair mais participantes e potenciar o desenvolvimento dos territórios onde são promovidos. O intuito é promover os principais eventos de caminhadas do Algarve de forma integrada e articulada e dar a conhecer os valores naturais e culturais dos territórios, como forma de incrementar a oferta turística diferenciadora e sustentável das zonas do interior e em períodos de menor procura turística da região, isto é, no Outono, Inverno e Primavera. A junção dos três festivais sob a mesma marca regional, e em diferentes momentos do ano, permitiu, desde logo, evitar competição entre os eventos em si. Soma-se a isso o alargar da área de intervenção a grande parte do território Algarve (sotavento, centro e barlavento) e ALGARVE INFORMATIVO #194

o fortalecimento da ação de comunicação e divulgação. Contudo, cada festival é autónomo para desenvolver a sua programação, ainda que sujeito a alguns critérios base, nomeadamente a realização de várias caminhadas por cada dia de evento, a inclusão de caminhadas para diferentes públicos (famílias, pessoas com mobilidade reduzida, desportistas, entre outros), ou o envolvimento de empresas de animação turística que operam no território. E depois, do sucesso do Festival de Caminhadas de Alcoutim e Sanlucar de Guadiana, as atenções estão concentradas no Walking Festival Ameixial . 44


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TERESA ALEIXO LANÇA «QUANTO DE MIM»: UM DISCO DE INDIE POP SEM FRASES FÁCEIS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ricardo Dionísio | Videoclip: Vando Daniel

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nome de Teresa Aleixo não é propriamente desconhecido para quem acompanha com alguma atenção a cena musical algarvia, pois há vários anos que escreve temas para outros artistas e participou em bandas como os Fora da Boia, In Tento Trio, Mundopardo e oLudo. «Quanto de Mim» é, porém, a sua estreia a solo, com o lançamento oficial do disco a acontecer, no dia 30 de março, no Club Farense, na capital algarvia. Um álbum em que Teresa Aleixo escreve, canta, toca piano, é a figura principal, mas tendo a seu lado em estúdio nomes sonantes como Tércio Nanook (guitarra, clarinete, baixo, teclado), Elísio Donas (teclado), Paulo Franco (bateria), Pedro Gil (guitarra), Leon Baldesberger (trompete) e Napoleão Mira (declamador), com a produção a ficar a cargo de Tércio Freire e a gravação e mistura a acontecerem no BoxMusic Studios de Luís Rocha, com masterização de Carlos Vales, em Lisboa. Na estrada, outros a acompanharão, nomeadamente Tércio Nanook (guitarra), Paulo Franco (bateria), Nuno Campos (teclado) e Pedro Batista (baixo), mas o concerto do Club Farense contará igualmente com Pedro Gil, Leon Baldesberger e Bárbara Santos (violoncelo). «Quanto de Mim» acabou por ser um passo natural para esta jovem que, embora tenha nascido em Lisboa, desde bebé que reside em Faro, cidade para onde os pais, ambos professores, se mudaram por motivos profissionais. “A música faz parte da minha vida desde muito cedo, sempre se ouviram muitos vinis lá em casa. Aos ALGARVE INFORMATIVO #194

seis anos descobri um piano, quis saber como é que ele funcionava e tive aulas durante oito anos, ao mesmo tempo que aprendia algumas técnicas vocais. Depois foi a guitarra e a bateria”, recorda, com um sorriso na cara. Com todas estas aprendizagens, não surpreendeu que surgissem convites para participar em projetos musicais, até porque, para além de cantar, Teresa Aleixo também escrevia, e muito, com os poemas a evoluírem com o tempo e a ocuparem cada vez mais espaço nas gavetas da sua escrivaninha. “Por volta do 6.º ano de escolaridade descobri que o «Aleixo» não é um nome qualquer e comecei a escrever ainda com mais entusiasmo”. A entrada no secundário coincidiu com o ingresso nos Fora da Boia como teclista, gravaram uma maquete no estúdio da antiga sede da Associação de Músicos, e o bichinho da música ia crescendo cada vez mais. Contudo, nunca tirou os pés no chão, e os pais, embora reconhecessem que a filha estava a beber das suas próprias influências musicais, também a iam alertando para as dificuldades que advêm da vida de artista. “Precisava ter uma salvaguarda e, após terminar Artes na Secundária, fui tirar formação musical no INUAF, mas era muito vocacionada para a vertente clássica. Eu andava a ouvir bastante jazz, blues e fado, o que me tirou algum entusiasmo do curso e mudei para Línguas e Comunicação na Universidade do Algarve. Fui fazer Erasmus para a República Checa, regressei a Portugal, entrei para um Centro de Estudos como professora de 52


Línguas e estou a tirar um Mestrado para depois ir dar aulas de Inglês numa escola primária”, revela, em jeito de fast forward, para nos dar o seu enquadramento profissional. O ensino é, então, a rede de segurança de Teresa Aleixo, mas a música nunca deixou de ser a sua principal paixão. E depois dos Fora da Boia seguiu-se os In Tento Trio, de jazz. “Na altura existia um café-bar perto do Alto Rodes em que as terças-feiras eram dedicadas à poesia, tirávamos livros de uma estante, declamávamos e, naquelas brincadeiras informais, o Fernando Pessanha convidou-me para escrever a letra para «O Pianista e a Cantora». Tinha acabado de sair do pop/rock e o jazz foi uma experiência desafiante e muito gratificante”, conta a entrevistada, adiantando que foi nos In Tento Trio que 53

se estreou igualmente como vocalista, e logo de jazz. A par da formação académica, a melhor forma de se crescer como música e cantora é ao vivo, no palco, perante o público, e Teresa Aleixo formou vários duos para tocar covers, em formato acústico, em hotéis e bares do Algarve. “Deixei de estar atrás do teclado, assumi-me como figura principal e confesso que não foi fácil aprender a controlar o nervosismo”, relata. E outro passo importante aconteceu, curiosamente, quando estava em pleno Erasmus, porque os Mundopardo queriam uma voz feminina na banda e a escolha recaiu sobre ela. “Tive de pedir que me enviassem a minha mesa de mistura e o microfone para a República Checa, gravei a minha parte e, quando voltei para o ALGARVE INFORMATIVO #194


Algarve, participamos logo no Festival MED, em Loulé”. O nome de Teresa Aleixo ia percorrendo os bastidores da música algarvia e a próxima etapa do seu trajeto foi com os olhanenses oLudo, primeiro no ciclo de concertos «Latitude 37º», depois como membro efetivo da banda. E ainda chegou a trabalhar com a Kimahera, de Pedro Pinto, tendo musicado dois temas escritos por Carolina Tendon e declamados por Napoleão Mira. “Nesta caminhada conheci muitas pessoas que me ajudaram mais tarde no meu projeto, nomeadamente a Joana Gomes e o Rafael Correia, o próprio Napoleão declama no meu disco um poema que escrevi”.

UM DISCO HONESTO, SINCERO, REAL À medida que ia participando nos projetos dos outros, Teresa Aleixo ia pensando, e repensando, sobre o seu próprio trabalho a solo, até que constatou que tinha as gavetas cheias de textos e músicas originais e não fazia sentido continuar a cantá-las apenas dentro de casa. Por isso, partilhou as canções com amigos próximos, para além, claro, da família, e assim se chegou à gravação, em 2014, nos estúdios de Luís Rocha, da canção «Quanto de Mim», com produção de Tércio Freire e vídeo de André Piçarra. “Fui para Erasmus e foi na República Checa que ouvi pela primeira vez a música já masterizada e concluída. Foi uma sensação incrível, estava longe de casa, mas tinha deixado algo meu para onde voltar. Pedi logo ao Tércio para ALGARVE INFORMATIVO #194

produzir as outras canções, fomos limando as arestas e trabalhando na estrutura musical. Apresentei-lhe as minhas ideias bases e ele ajudou-me a compor, por isso, é o coautor do disco, sem o apoio dele não teria conseguido direcionar as minhas ideias”, sublinha a entrevistada. E escolher os temas que constituiriam o disco de estreia a solo não foi nada 54


fácil, reconhece Teresa Aleixo, porque foram muitas influências musicais a confluírem para um estilo indie-pop. “Há canções com mais batida, baladas, bossa nova, jazz, é uma grande sopa”, indica, confessando que alguns temas ficaram pelo caminho porque ainda não estavam no ponto. “Estão a marinar um bocadinho e sairão no próximo disco. Este demorou três anos e meio a terminar pois todos trabalhamos e foi 55

difícil gerir horários para ir para estúdio. Por vezes ficava frustrada, queria apresentar logo o álbum ao público, mas a verdade é que esta espera mais longa me permitiu conhecer pessoas fantásticas. Obviamente que nem sempre acertamos nas escolhas que fazemos, mas dou graças à equipa que tenho a meu lado, têm-me ensinado imenso”. ALGARVE INFORMATIVO #194


Musicalmente falamos, então, de indie pop, e quanto às letras, questionamos. “Dois temas foram escritos numa fase de maior dificuldade, de aprendizagem interior, episódios que me marcaram, como a toda a gente acontece. A maior parte dos meus textos são um pouco indiretos, não gosto de frases fáceis. Leio ALGARVE INFORMATIVO #194

bastante poesia, mas também aquilo que artistas como Márcia, Tiago Bettencourt ou Samuel Úria cantam, baseio-me muito nas sonoridades do Rodrigo Leão e de outros artistas estrangeiros”, conta Teresa Aleixo, não se mostrando preocupada se isso torna os temas mais ou menos comerciais, mais ou menos fáceis de entrar no 56


ouvido. “Criar é um momento a que dou imensa importância e que respeito muito. Procuro valorizar ao máximo as músicas que componho e as letras que escrevo e não me prendo à interpretação que as pessoas possam depois fazer do produto final. Quando estamos a ver um filme, tiramos uma conclusão e o nosso amigo ao lado pode tirar outra completamente diferente. O videoclip do single é também ele uma história que nem toda a gente compreenderá da mesma forma que eu e os atores que nele participaram”, frisa a entrevistada.

Pessoas a que, para além das já mencionadas, se somam ainda Bruno Cortes (design gráfico) e Ricardo Dionísio (fotografia), faz questão de notar Teresa. “Valeu a pena acreditar e manter a calma e o foco. Tenho noção da dificuldade que é conquistar um lugar na música, porque o produto pode ter qualidade, mas o trabalho não se fica por ter o CD na mão. O concerto do Club Farense vai ser apenas o primeiro passo” .

«Quanto de Mim» é feito de episódios, vivências e experiências de Teresa Aleixo, portanto, é um produto honesto, sincero, real, da autora. E a expetativa para o concerto de lançamento, no dia 30 de março, no Club Farense, é enorme, reconhece. “Como o disco demorou alguns anos a gravar, acabamos sempre por ter a tentação de querer mudar qualquer coisa, porque crescemos, aprendemos, amadurecemos nesse período. Estamos em contante mudança e eu sou muito crítica de mim mesma, quero sempre melhorar. Claro que nunca atingimos a perfeição, mas estou super entusiasmada e bastante feliz com o disco, com os músicos e técnicos que estiveram a meu lado neste percurso”. 57

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LUCIANO AMARELO ENCANTOU OS MAIS NOVOS COM CONTOS E LENDAS DA AMAZÓNIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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uma produção da CalaFrio, Luciano Amarelo encantou várias dezenas de jovens farenses, no dia 7 de março, no pequeno auditório do Teatro das Figuras, com «Nada é o que já foi», uma peça idealizada a partir de lendas e contos da Amazónia. De acordo com o criador e intérprete, “a Amazónia é tão grande em tamanho e tão rica em variedade de espécies quanto em histórias nascidas nas mais diferentes culturas”. “São histórias sobre pessoas, bichos, plantas, rios e estrelas, em que tudo se explica por meio de algum encantamento, que nos mostram um pouco do universo inesgotável da mitologia amazónica”, acrescenta Luciano Amarelo, entusiasmado com estas histórias que conta com a ajuda de pequenos objetos, sombras e imagens. Em duas sessões que fizeram jus à excelência do serviço educativo do Teatro Municipal de Faro, ficou-se então a conhecer as origens de várias árvores e frutos, da chuva, das estrelas e dos trovões, pelo menos como elas são contadas pelos indígenas da Amazónia . 63

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COMPANHIA DE TEATRO DE BRAGA APRESENTOU UM HILARIANTE «DIÁRIO DE ADÃO E EVA» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Teatro Lethes, em Faro, deu a conhecer, no dia 16 de março, uma visão bemhumorada, para não dizer hilariante, sobre o enlace amoroso das duas mais famosas criaturas bíblicas de todos os tempos, Adão e Eva. A peça da Companhia de Teatro De Braga pegou na história mais polémica de sempre e apresentou uma versão diferente seguindo um texto original do escritor norteamericano Mark Twain. Produzido nos finais do século XIX, início do século XX, o «Diário de Adão e Eva» é ALGARVE INFORMATIVO #194

uma narrativa literária que propõe uma vista mais bem-disposta sobre o enlace destas duas personagens bíblicas e, mesmo nos dias de hoje, as confidências de Adão e Eva continuam a deliciar os seus leitores e os espectadores das adaptações teatrais que o texto motiva. Em palco encontramos uma Eva superatenta a tudo aquilo que a rodeia desde o princípio da criação, muito adepta de dar nomes a tudo o que vai encontrando pela frente, tentando compreender os vários fenómenos que vão ocorrendo à medida que as semanas, e os meses, e os anos vão passando. E sempre desejosa de ver esta sua postura apreciada por Adão. 72


Adão, por seu lado, é bem mais prático, não perde tempo com conjunturas existenciais e raramente concorda com as designações idealizadas por Eva para os seres vivos e fenómenos que vão ganhando corpo no planeta Terra. Preocupa-se, sobretudo, em saber para que servem as coisas, para além de andar nas suas muitas caçadas e de estar sempre a construir abrigos. E, claro, queixa-se imenso desse traço sui generis de Eva de estar sempre a falar…e a falar… e a falar. O enredo complica-se quando surge outro ser, de seu nome Caim, que não consegue identificar. Primeiro pensava que era um peixe, depois um urso, até um papagaio, quando este começa a falar. Mais tarde 73

aparece Abel, o segundo da sua espécie, Adão começa finalmente a compreender a razão de ser de Eva e esta chega à conclusão de que ama Adão simplesmente pelo facto de ele ser masculino e seu, e não pela sua inteligência, cavalheirismo, educação, aparência e por aí adiante. A tradução, espaço cénico e direção da peça são da responsabilidade de Abel Neves e em palco estiveram os atores André Laires, Carlos Feio, Eduarda Filipa e Solange Sá, que proporcionaram um serão muito agradável ao vasto público que praticamente encheu o Teatro Lethes . ALGARVE INFORMATIVO #194


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COMPANHIA OLGA RORIZ REVISITOU INGMAR BERGMAN NO CINE-TEATRO LOULETANO

Texto: Daniel Pina | Fotografia: Filipe Cunha

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Companhia Olga Roriz regressou ao Cine-Teatro Louletano, no dia 15 de março, com a inquietante peça «A Meio da Noite», uma revisitação do universo do realizador Ingmar Bergman numa celebração do seu nascimento e da sua obra. “O que é mais importante na vida do realizador é a comunicação que conseguimos com outros seres humanos: sem isso estaríamos mortos. A redenção, por vezes, aparenta ser o amor, mas sempre que as personagens parecem perceber isso, a luz é retirada do ecrã. Apesar de lhe interessar qualquer ser humano, seja homem ou mulher, Bergman não esconde gostar mais de trabalhar com mulheres, afirmando que são melhores atrizes, talvez porque têm uma relação ALGARVE INFORMATIVO #194

mais aberta com a sua reflexão. A verdade é que as mulheres de Bergman não são um mito, elas existem em todo o seu esplendor e complexidade. As referências são esmagadoras, tanto na quantidade como na dificuldade de análise e interpretação de cada personagem. É nessa visão do realizador que nos inspirámos, nesses homens e mulheres assustadoramente reais, na solidão em luta constante com o interior”, explica a coreógrafa Olga Roriz. «A Meio da Noite» é, assim, um espetáculo que se propõe abordar a temática existencialista do encenador e cineasta Ingmar Bergman, mas simultaneamente uma peça sobre o processo de criação numa procura incessante de si próprio e dos outros. Em palco encontram-se sete intérpretes 86


para partilhar as suas pesquisas sobre a obra do realizador e criarem, coletiva ou individualmente, cenas que possam integrar um futuro espetáculo. À volta de uma mesa/ilha fecham-se nos seus pensamentos, mergulhados nos computadores, nos livros, nos vídeos. Tudo nasce desse huis clos de criação: o som, a luz, as imagens, as ações e contradições, dramas, pesadelos e fantasmas. As camadas de representação acumulam-se, criando tramas dramatúrgicas onde se mistura a mentira com a verdade dos factos. Por isso, «A Meio da Noite» é uma profunda homenagem a Ingmar Bergman, aos atores dos seus filmes e aos intérpretes desta Companhia .

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HUMOR FEST 2019 ARRANCOU COM «OS VIZINHOS DE CIMA» DE CESC GAY Texto: Daniel Pina | Fotografia: Filipe Ferreira ALGARVE INFORMATIVO #194

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edição de 2019 do Humor Fest começou, no dia 16 de março, no Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, com «Os Vizinhos de Cima», uma encenação de Maria Henrique a partir de um texto original de Cesc Gay e interpretada por Ana Brito e Cunha, Fernanda Serrano, Pedro Lima e Rui Melo. A estreia do cineasta espanhol no teatro é uma comédia onde se reflete sobre a vida conjugal e a sexualidade por via de dois casais que vivem no mesmo edifício. Neste texto fresco e ágil abordam-se com ironia e humor temas como a convivência, a coragem, o sexo, o amor e as aparências. E a história tem início quando um casal convida os vizinhos de ALGARVE INFORMATIVO #194

cima para jantarem em sua casa. À medida que a noite avança, o casal toma conhecimento das loucuras sexuais dos vizinhos, o que os leva a repensar a sua própria relação, que está repleta de repressões e imersa em monotonia. O confronto com a vida dos vizinhos de cima vai levar os anfitriões ao limite e fazê-los tomar algumas decisões no que diz respeito à sua relação, num espetáculo que colocou o público a rir, mas também a pensar, sobre o que se passa entre quatro paredes. Depois de ter estreado em Barcelona, «Os Vizinhos de Cima» de Cesc Gay converteu-se rapidamente no grande sucesso da temporada, esgotando todas as apresentações e batendo recordes de espectadores. Chegou depois a Madrid, onde alcançou novo sucesso imediato junto da crítica e do público. "Sem 96


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dúvida, uma das maiores e mais ambiciosas aventuras que podemos experimentar é viver em casal. Um grande desafio, cheio de adversidades e obstáculos em que a luta acontece diariamente, as trincheiras são infinitas e o consolo às feridas e arranhões sofridos é muitas vezes escasso e pouco saudável”, descreve o cineasta e dramaturgo, acrescentando que, “mesmo assim, inexplicavelmente, homens e mulheres continuam a tentar”. “Por essa razão, estou convencido de que só com ironia e sentido de humor é possível escrever sobre essa tragédia que nos assombra desde o início dos tempos e da qual não podemos escapar”.

para o prédio onde o espanhol vive com a sua família. “Quase de imediato começámos a ouvir ruídos estranhos, a qualquer momento ou hora do dia, sempre acompanhados de uma grande variedade de gemidos. Certamente que, para mim, isto foi uma inspiração, e de forma inconsciente acabou por dar origem ao que seria a minha primeira peça para teatro”, admitiu Cesc Gay. Entretanto, a chegada a Portugal de «Os Vizinhos de Cima» acontece pelas mãos da «Força de Produção», com o texto traduzido por Maria João Rocha Afonso e encenado por Maria Henrique.

Curiosamente, a ideia para a peça surgiu quando, há uns anos, um casal se mudou ALGARVE INFORMATIVO #194

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VASCO VIDIGAL EXPÕE «ANOMALIA» NO MUSEU MUNICIPAL DE FARO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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stá patente até 12 de maio, no Museu Municipal de Faro, a exposição de pintura «Anomalia» de Vasco Vidigal, que encerra a edição de 2018/19 do ciclo de arte contemporânea «A Arte Faz Bem?», uma proposta da Artadentro em colaboração com a Autarquia de Faro e o Museu Municipal de Faro. O ciclo incluiu quatro exposições e começou, em outubro de 2018, com o intuito de contribuir para a dinamização da atividade artística no Algarve, bem como para a criação e formação de públicos. E na inauguração da mostra, na capela do antigo Convento de ALGARVE INFORMATIVO #194

Nossa Senhora da Assunção, Marco Lopes, diretor do Museu Municipal de Faro, fez questão de salientar “a parceria extraordinária que temos com a Artadentro e cujo segundo ciclo finaliza com a «cereja no topo do bolo» que é a mostra do Vasco Vidigal”. A ideia é, contudo, dar continuidade a este ciclo de arte contemporânea porque os resultados assim o justificam, adiantou Marco Lopes, com o terceiro capítulo a arrancar previsivelmente em outubro ou novembro do corrente ano e ganhando uma dimensão internacional. “Queremos abrir outros horizontes, 106


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explorar outros territórios, convidar outros artistas, para dar ainda maior dinamismo à oferta do Museu em termos de arte contemporânea”, revelou. “Estas parcerias com as associações locais são sempre importantes, porque elas têm muito conhecimento e sabedoria para oferecer. Convém salientar que Faro acabou de ser distinguido, pela Sociedade Portuguesa de Autores, como tendo a melhor programação cultural autárquica de Portugal, e para tal bastante tem contribuído o Museu Municipal de Faro, o Museu Regional do Algarve e a Galeria Trem”, enalteceu Marco Lopes. ALGARVE INFORMATIVO #194

Com «Anomalia», Vasco Vidigal junta à curadoria a dimensão de autor, conforme a sua vocação e formação de base. Aqui, propondo uma reflexão sobre anomalia: entendida no sentido do fenómeno inesperado que vem colocar em causa o paradigma vigente. De facto, tal evento originador de crises, embora geralmente incómodo a espíritos mais conservadores, é também fator de renovação e construção de novas «certezas», até que sobrevenha a seguinte e inevitável anomalia. “Devo em primeiro lugar agradecer à Câmara Municipal e ao Museu Municipal de Faro por se terem interessado pela 108


arte contemporânea, ao ponto de nos permitirem realizar estes dois ciclos. Já não fazia uma exposição individual há uns anos e é com satisfação que vejo aqui vários colegas na inauguração”, afirmou o artista, na tarde de 16 de março. “Nos últimos anos tenho ocupado mais tempo 109

a organizar exposições para outras pessoas do que propriamente a produzir o meu trabalho enquanto autor e esta é a primeira manifestação pública da minha decisão de regressar à criação”, acrescentou.

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Nascido em Lisboa, em 1958, Vasco Vidigal frequentou, em 1988/89, o Curso de Iniciação às Artes Plásticas na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa e, de 1990 a 1997, realizou o Plano de Estudos Completo do Ar.Co em Lisboa. ALGARVE INFORMATIVO #194

Expõe desde 1996, em mostras coletivas e individuais, em Portugal e no estrangeiro, onde a sua obra integra coleções particulares. Foi cofundador do projeto «Artadentro» que desenvolve, desde 2002, em Faro com Ana André e Manuel Rodrigues . 110


Vasco Vidigal com Marco Lopes, diretor do Museu Municipal de Faro

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Vasco Vidigal com Ana AndrĂŠ

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OPINIÃO

Qual de vós gostaria de vir a ser professor? Paulo Cunha (Professor) rofessora? Nem morta!”, foi esta a reação imediata duma aluna à pergunta que fiz a uma das minhas turmas, sobre quem gostaria de vir a ter a profissão de professor. Tendo em conta a dificuldade que já se está a ter para encontrar professores nas bolsas de reserva de recrutamento que possam substituir os colegas que, por motivo de baixa médica, deixaram de lecionar, bem como o registo da diminuição de candidatos à frequência dos cursos ministrados nas Escolas Superiores de Educação, resolvi tentar descobrir na base, e «in loco», o que estará a levar a este enorme desinteresse em escolher o Ensino como uma carreira profissional de futuro.

Começando por perguntar quem, no segundo e terceiro ciclos de escolaridade, já tem selecionada e definida a área vocacional que gostaria de abraçar após terminar o secundário, metade das turmas responde e a outra não. É óbvio que assim seja, uma vez que, embora alguns dos adolescentes persigam sonhos que vêm de criança, a outra parte sabe que muita água terá ainda que correr debaixo da ponte onde terão (ou não) que decidir o que fazer para adquirir as ferramentas que lhes possam vir a assegurar uma vida economicamente estável e profissionalmente realizável. Ora, como são raríssimos os alunos que mencionam o Ensino como aspiração de carreira profissional, avanço com a sacramental questão: “Então… e quais de vós gostariam de vir a ser professores?”, ao que se segue, invariavelmente, uma enorme risada. No início ainda me causava alguma ALGARVE INFORMATIVO #194

estranheza, mas com o tempo já tomei esta atitude como previsível e adquirida. Depois de acalmarem, lá me explicam as razões, que não variam muito de turma para turma: “Os alunos são muito mal-educados e faltam ao respeito aos professores, chamando-lhes nomes e gozando com eles!”, “Grande parte dos alunos não quer aprender!”, “É chato ter que explicar a mesma coisa várias vezes aos alunos que não estão com atenção!”, “Há muita gente que não gosta dos professores e fala mal deles!”, “Os professores não ganham nada de especial para o que têm de fazer!”, “Os professores, todos os dias, têm que levar trabalho para casa e trabalham aos fins-desemana!”, “Os professores têm que substituir os pais na educação dos seus filhos!”, etc. Obviamente, perante estas respostas, percebo a risada generalizada quando lhes sugiro a minha profissão como trabalho de futuro e com futuro! Tendo tido no meu percurso profissional um constante contacto com a formação inicial e contínua de professores, não consigo ficar indiferente ao encerramento, em todo o país, de determinados cursos ligados ao Ensino, tal como a diminuição de candidatos aos cursos que ainda funcionam, com o inevitável subaproveitamento dos professores das cadeiras que integram esses cursos. Os resultados saltam à vista e já muitos agregados familiares devem ter reparado que os professores dos seus filhos fazem parte de uma faixa etária acima dos cinquenta anos de idade, e quando se veem obrigados a faltar, cada vez se torna mais difícil substituí-los por falta de professores disponíveis. Ora assim sendo, não é difícil 114


antever o panorama que a próxima geração encontrará nas escolas. Após anos de investimento, milhares de professores de várias áreas disciplinares viram, na última década, por várias formas, o sistema educativo a fechar-lhes a porta de acesso. Como seria de esperar, e muito naturalmente, mudaram de vida… e fizeram muito bem! Através dos nossos impostos investimos na sua formação e, tal como noutros setores produtivos, através dos sucessivos governos que elegemos ou deixámos eleger, virámos-lhes as costas. “Temos o que merecemos!”, atrevo-me eu a dizer! Segundo um estudo realizado para o Conselho Nacional de Educação (CNE), a partir do relatório dos testes PISA (Programme for International Student Assessment, desenvolvido pela OCDE) de 2015, somente 1,5% dos estudantes portugueses que fizeram esses testes consideraram a possibilidade de virem a ser professores. A figura do professor sofreu uma desvalorização social enorme. Quais serão os alunos que quererão vir a ser professores, ao verem o drama que vivem muitos professores, que chegam aos 50 anos de idade sem garantia de trabalho e sem estabilidade familiar, com a casa às costas de ano para ano ou de mês para mês, com os filhos sem saber a escola que vão frequentar ou com quem vão ficar, e com o baixo ordenado gasto nas viagens e, 115

eventualmente, no aluguer de um alojamento? Ao contrário de muitos pais, há muitos filhos que andam de olhos bem abertos. De tal forma que, se nada for feito - com urgência -, arriscamo-nos a, num futuro próximo, ter de importar também professores. Esses seres que já foram bestiais, mas que alguns governantes, por força da imagem do professor preguiçoso, que trabalha pouco e falta muito, transformaram em bestas de trabalho. Não vos escrevo este desabafo pensando, corporativamente, nos professores, escrevoo pensando na nobre missão e no desígnio que é ensinar. E porque não tendo quem ensine não teremos o que aprender… fico preocupado! E vós não? . ALGARVE INFORMATIVO #194


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Temer Paulo Bernardo (Empresário) oje (21 de março) cumpriu-se mais um desígnio na mudança do Brasil, a Lava Jato (lavagem automática em português), operação que deve o seu nome ao local onde a operação começou, o escritório de um especialista em branquear capitais. Hoje, com a prisão de Temer, anterior Presidente do Brasil, a operação deu mais um salto, mas, para além de Temer, também foi preso um antigo ministro do governo dele, Moreira Franco. Mais foram presos, mas fico por estes dois senhores de uma provecta idade, Temer, 78 anos, e Franco, 74, não são nenhuns jovens, são homens da política há muito tempo, são a imagem de um Brasil que tem que acabar e que está em mudança. Estes nomes são apenas dois num grupo de muitos, são relações de anos entre políticos, empresários, religiosos, tudo misturado, uma doença que mata todos os dias crianças com fome, esses homens que aparecem bem vestidos e a cumprir o protocolo, são sim uns pulhas de todo o tamanho. Perguntam vocês, por que raio estou a escrever sobres estes tipos? Por três motivos. O primeiro é porque gosto do Brasil e, ao contrário do que se diz, é um país que está a entrar no caminho certo, a sua economia é beneficiada por todos estes pequenos passos. Os criminosos piores não são os que nos assaltam no Rio, são estes que roubam o povo Brasileiro e afundam a sua economia desde os anos setenta. O segundo é que a prisão de Temer prova, se alguém tinha dúvidas, que não existe a perseguição a ninguém, apenas existe, sim, ALGARVE INFORMATIVO #194

uma limpeza de balneários, para que o Brasil comece a ser o país que sempre mereceu ser. Por último, gostava que em Portugal, país de brandos costumes e só de gente séria, tivéssemos também a nossa Lava Jato. Nomes não nos faltam, falta sim alguém que queira mudar o rumo das coisas. A nossa justiça é uma vergonha, temos um rol enorme de criminosos que se encontram livres, criminosos esses que também atuam há bastante tempo na nossa economia. Vamos pensar como seria Portugal, com um uso correto dos fundos comunitários, como seria Portugal com PPPs justas, como seria? Usando apenas alguns exemplos, temos os rapazes do Cavaco que só não roubaram o que não podiam, contudo, estão a gozar a reforma na Praia da Coelha. Temos o Ricardo Salgado, que em breve deve estar na Comporta a beber champanhe. Não é que eu tenha nada contra quem bebe champanhe. Temos o grupo Portugal Telecom, com gestores medalhados por bom desempenho e depois foi o que foi. Em Portugal, ao contrário do Brasil, temos sim uma justiça instrumentalizada, que só prende pessoas de um lado. Não é que não possam ter culpa, mas vamos ser honestos, o que faz o Vara preso, e o tipo que recebeu dez milhões do Zé Grande anda a passear por Cascais? Temos uma justiça para quem é de Lisboa e para quem é fora da grande cidade, existe um grupo de privilegiados. Portanto, antes de falarmos mal dos outros, olhemos para o que cá temos, e reivindiquem da mesma forma que falam do Brasil. Que venha o Lava Jato Português . 116


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OPINIÃO

Excelente é a senhora sua mãe! Mirian Tavares (Professora) “Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence”. Bertolt Brecht

utro dia, enquanto carregava um computador, um projetor, colunas de som e ainda o material da aula, pensava num conceito que nos tem atormentado dia e noite: a tal da excelência. Somos empurrados, enxovalhados, massacrados com uma ideia que faz com que nos sintamos diminuídos ou em falta: quem consegue ser excelente o tempo todo? (Não sei se já inventaram a categoria «excelente em part-time»). E o que vem a ser esta tal coisa a que chamam «excelência»?

investigação reconhecida e financiada, com participação na comunidade, e, nos últimos tempos, criando produtos e/ou ideias que possam ser transferidas para a sociedade, leia-se, empresas. E nem temos tempo de refletir sobre isso. Como cães bem treinados seguimos a matilha atrás da bendita excelência. E vamos ficando angustiados e doentes. Porque pedem-nos isso tudo, mas pouco nos dão em troca.

Há alguns conceitos, e ideias, que surgem e tomam conta, como vírus, dos discursos e das práticas do nosso quotidiano. E digo nosso em geral, não apenas dos que estão na carreira académica, mas de todos – basta ver a quantidade de jovens deprimidos (e oprimidos) porque não são excelentes, porque não respondem ao que se espera deles, ou porque não sabem mesmo quais são os critérios deste tão elevado grau de exigência. E os mais inteligentes, que são também os que mais se angustiam, põem-se a pensar: vou ser excelente para que? Por quê? Com que propósito? O que o futuro me reserva, além de o vislumbre da caixa de um supermercado? Ou do balcão de uma loja ou de um bar?

Como posso pensar em técnicas pedagógicas inovadoras quando tenho de carregar todo o material para uma sala de aula que não tem sequer aquecimento? De que me adianta conseguir projetos financiados se a execução dos mesmos, e a burocracia que cerca todo o processo, não nos devolve, muitas vezes, nem o tempo nem o dinheiro que investimos? Criam-se mais e mais plataformas e todos os anos, elas decidem não funcionar, ou estar em fase de adaptação, no início do ano civil, fazendo com que os reembolsos e pagamentos relativos aos projetos atrasem. Como querem nos exigir excelência se criam quotas para escolher, dentre os excelentes, uns que são mais que os outros? E nesse redemoinho de cobranças e de exigências, muitas vezes insanas, que tempo e que disposição nos restam para investir naqueles que realmente importam, os alunos?

E esta é a maior perversão de um conceito que exige muito, mas dá muito pouco. Querem-nos excelentes na universidade, com novos métodos pedagógicos, com

Enquanto carregava materiais para dar uma aula, pensava sobre todas estas coisas e sobre o tempo que perdemos a tentar ser aquilo que não somos .

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OPINIÃO

Mona Lisa Adília César (Escritora) quela pintura era uma questão de causa e efeito. O sorriso, concentrado na tela, à mercê dos gestos firmes do artista, enquanto senhor da técnica e da criação. O retrato, a beleza da mulher parada no tempo. O homem persistente espreita a nudez do rosto feminino e vai vestindo o seu contorno com os tintas que mistura na paleta. Pincéis sujos pintam o seu estado íntimo com tons anoitecidos e luminosos ao mesmo tempo, como se fosse possível concentrar num mesmo instante a noite e o dia. Uma nudez interior vestida com um belo sorriso de luz, fenómeno indiscritível do talento genuíno. A vida era isto e assim se passaram três anos, de 1503 a 1506. Ela, a Mona Lisa, ainda anda por aí. O seu sorriso parece inalterável, mas de cada vez que a vejo é uma imagem diferente. Regressando à memória da minha primeira visita ao Museu do Louvre em 2006, eis o célebre quadro pintado por Leonardo da Vinci, na sala seis do Edifício Denon. Pequeno, escuro, quase tenebroso no interior da caixa blindada. Concentrada nesta visão misteriosa, ouço o som propagar-se por entre o ruído da multidão: é uma composição terna e esfumada tocada por um consort de quatro músicos serenos, todos eles especialistas na sua arte de interpretação do instrumento musical. O alaúde protagoniza a pavana; e a viola de gamba, a flauta doce e a rabeca ornamentam as longas horas de trabalho de Leonardo. Também Mona Lisa respirou esses sons ALGARVE INFORMATIVO #194

durante três anos. A existência do concerto contínuo tinha sido uma ideia do próprio Leonardo, numa tentativa de manter o sorriso indefinido no rosto de Mona Lisa durante o tempo de pose. A bela modelo correspondeu na perfeição. A melodia era do seu agrado, e graças ao ouvido absoluto (qualidade rara de discriminação auditiva nos comuns mortais), ela conseguia elevar o acto de escuta ao patamar mais íntimo da sua emoção, aceitando sem condições ou constrangimentos a música que ajudou o pintor a cumprir a sua missão criativa. 500 anos depois, eu estava ali naquele lugar antigo, com os restantes protagonistas: pintor, modelo, músicos do consort; as nossas presenças eram inegáveis. Linhas de deslumbre clássico a unir os nossos corações. Todo o ambiente circundante no interior do museu, mundano e distraído, diluiu-se nos gestos e nos sons renascentistas. Uma sintonia difícil de prever e de alcançar. Fecho os olhos perante o milagre da viagem no tempo, mas quando os abro já não estou ali, naquele lugar comovido e sacrossanto. Agora estou aqui, de volta a 2006, e a percepção sobre o acontecimento produz um efeito fatal na minha apreciação estética. Mona Lisa ganha uma ressignificação que eu não compreendo, nem tão pouco tenho a certeza se Leonardo merece o fenómeno transgressor do apropriacionismo. Enquanto eu não tiver a certeza absoluta sobre o que está a acontecer, não os deixarei abandonar o cenário da dúvida. 120


Imponho aos músicos o concerto contínuo da minha memória renascentista e percorro a cidade de Paris em busca do significado perdido da arte. Um desfile peculiar: eu, o maestro e os instrumentistas em cadência ordenada. Ao atravessar a rua vejo-a sentada numa mesa de esplanada. A espalhafatosa flor de feltro na boina vermelha não passa despercebida, nem os densos cachos de caracóis louros tombados sobre os 121

ombros nus e os seios generosos. O vestido é bastante decotado e leve, desapropriado em relação à fria primavera parisiense. A cintura está fina, apertada pelo corpete de couro castanho. Tem as pernas abertas e ostenta uma pose provocadora, quase indecente, embora o vestido lhe chegue até aos tornozelos. A rapariga é, apesar de tudo, estranhamente bela, quase desejável, com os seus roliços braços tatuados de flores, pássaros e borboletas. Olha fixamente este cortejo que avança pelas ruas de Paris em sua honra, para lhe assegurar o sorriso perfeito. Tem as mãos adornadas de anéis postas sobre o regaço, tal como no retrato do Museu do Louvre. Sim, e sorri. Hesito. Não consigo sair daquela incompreensão estética, não posso aceitar a transformação do mistério renascentista em exibição escandalosa. Mesmo que a arte seja tudo aquilo a que chamamos arte, estou demasiado zangada para racionalizar e perdoar o embuste. Os músicos não param de tocar e Mona Lisa permanece sorridente. Sim, o sorriso é tudo o que lhe resta . ALGARVE INFORMATIVO #194


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Do Reboliço #30 Ana Isabel Soares (Professora) ais das vezes, o Reboliço vagueia pela casa e pela rua do moinho – ou no Moinho Grande, se o dia for quente, que dentro do cilindro sempre refresca. É ali que gosta de estar, é o lugar que tem por seu (não porque o possua, antes porque o lugar o possui). Mas, num dia ou noutro, quer aventurar-se e sai à cidade: vai à procura das ruas cansar os olhos no bulício, testar os reflexos das patas a desviarem-se da pressa de pernas e rodas de bicicletas. Acontece, nesses passeios, reconhecerem-no, “Olha o Reboliço...”, estranharem, “Que andas tu fazendo por aqui hoje, Reboliço?”, alegrarem-se, “Reboliço, então, estás bom?”, preocuparem-se, “Que é do teu monte, Reboliço, já o perdeste?”, meteremse com ele, “Por onde tens andado, que tão bom cabelinho tens criado?” – o bicho, nada, ouve e passa. Quando muito, move a cabeça, olha para cima, faz maiores um bocadinho os olhos pequenos, alerta em sentido as orelhas, mas continua a patear, déu-em-déu, esquina e rua, rua e esquina, esquina e rua, marcando aqui e ali a sua passagem, como bom cão. Se há o cheiro de comida, fica tentado, que ele não é de ferro, mas contem-se, que também não é de melaço e sabe que em casa tem água e o bastante que manjar. Aquilo de que gosta e que procura – mas em conta pouca – é o movimento e das conversas de vozes que não ouve todos os dias. Ou o passeio de outros cães, urbanos vizinhos que circunspectos uns, pisamansinho outros, fazem vida só de rua e distraem-se com o que, ao acaso, apanhem.

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De uma das esquinas, frente à escadaria de uma igreja, o Reboliço observa: estirado na laje da entrada, um cão grande está entretido. Nem ladra a quem passa, como talvez lhe seja costume, nem fareja o ar: do pintalgado corpo molengão entornado na pedra fresca, esquecidas as patas de trás, só as da frente se esmeram a segurar um volume de papel destruído. A bocarra rasga, esfacela, baba, deforma páginas de que o Reboliço só já percebe uma pasta amarelada com vestígios de traços negros. A cabeça do cachorrão pende-lhe, pesada, para um lado e para o outro, consoante a vontade da dentada para refrescar o sabor à tinta. Ao fundo das escadas, já na rua, a luzir ao sol a celulose azul, descansa a capa do que foi um volume das Páginas Amarelas. Aos anos que não via aqueles papéis, agora sem serventia, e que deleitam o tonto do seu parente naquela manhã de sol. Abana a cabeça o Reboliço – nem é de reprovação, mas quase de incredulidade, como quem pensa que o pobre bicho irmão nada mais terá com que se entreter –, avançando sobre a relva meio cortada de uma placa de verde entre uma rua e outra. Adiante, encostado ao tronco de uma árvore, um funcionário municipal lê a secção de anúncios de um jornal qualquer que por ali achou. O saco verde e o picapapéis descansam-lhe aos pés. O Reboliço desvia o passo para não fazer cair sobre si a ferramenta, nem calcar o corpo inerte e inchado de um pombo (eis, nos animais de cidade, a sua repulsa – os do Moinho como sabem bem), penada alma e cinza entre as 122


Foto: Vasco Célio

folhas da erva e logo, desde ali, erguendo os olhos, descobre outro aparente cadáver, maior e castanho, deitado do lado de cá da rede de um parque de estacionamento. Enquanto avança e se aproxima, vê que são três gatos-gatarrões, bichos enormes adormecidos. Amalhados, enroscados uns nos outros, acoitam-se no lugar onde provavelmente esperam que lhes deem de 123

comer a horas certas: ali perto estão duas taças, uma para a água, outra para a ração, que alguém, não tarda nada, preencherá. Nada mais fazem, pensa o Reboliço: dormir e comer . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

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OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

Pessoas estupidamente parvas Carla Serol (Uma Loira Qualquer) á neste mundo uma enorme diversidade de pessoas. Há as alegres e as entediantes, as bem humoradas e as sisudas, as bonitas e as menos bonitas, as inteligentes e as espertas, e depois há aquela espécie de ser, que se destaca por entre a fauna social, pela sua particular condição de pessoas estupidamente parvas. Pessoas estupidamente parvas é basicamente o termo técnico para o Chico esperto, e o que mais me encanta nestas pessoas, é a natural ignorância da sua condição. Vagueiam por aí, difundindo por entre todos nós a sua básica condição estupidamente parva. Quem nunca se deparou com um estupidamente parvo numa fila de cinquenta pessoas para serem atendidas em dois balcões diferentes, que descontraidamente se posiciona de frente para um deles, na vã esperança de que nenhum dos outros cinquenta idiotas, que insistem em ficar ali estáticos na fila, reparem na sua audaz façanha! Tão, mas tão ousado! Questiono-me também sobre os estupidamente parvos que se instalam em cima de nós quando ainda estamos a ser atendidos. Juro que me dá vontade de perguntar se deseja pagar-me a conta ou se apenas está a fazer algum tipo de controlo do serviço de finanças para auscultar se estou a pedir fatura com número de contribuinte ou não! É que, se for essa a questão, faça favor! Não o quero empatar com esta minha impertinência de Loira. Também me deixa particularmente ALGARVE INFORMATIVO #194

impertinente aqueles que não percebem que o tapete da caixa do supermercado rola… sim, o tapete efetivamente rola! Então, na sua condição de estupidamente parvos, começam a empurrar as compras da pessoa que está à sua frente, para começarem a colocar as suas no tapete rolante. Não sei quanto a vós, mas a mim, como Loira Qualquer que sou, causa-me algum desconforto pessoas estupidamente parvas a mexerem nas minhas compras! São as minhas compras, sim! Quem também ganha destaque por entre esta caricata comunidade, são aqueles que fazem do multibanco, o tablet lá de casa. Sim, ali ficam durante uma hora a fazer pagamentos, transferências, emissão de extratos e consultas de saldos, enquanto atrás de si cresce uma fila de indivíduos que só queriam levantar dez eurinhos! Fila esta que a pessoa estupidamente parva mostra prazer em ignorar! Criaturas tão simpáticas! E depois há os estupidamente parvos do trânsito. Sobre esses há um sem fim de exemplos para discutir, mas vou eleger aqueles que ignoram à descarada o condutor do outro carro que se encontra a fazer pisca para estacionar, e vem de lá um destes espécimes, do alto da sua singular condição estupidamente parva, e zás, o carrinho no lugar de estacionamento. E livrem-se de reclamar o lugar! É bem possível que tenhamos de volta um descontraído: “Olhe, desculpe lá, não o vi aí. Paciência!”. Talvez seja aconselhável da próxima vez não dar só pisca. Toque também a música do Toy em alto e bom som, conjugada com um sofisticado jogo de luzes. Aposto que funcionará! 124


E assim, por entre estas situações estupidamente parvas, que nós, os impertinentes, tolinhos e cumpridores das normas impostas, vamos condescendentemente ignorando, comportamentos tão audazes como os descritos vão-se disseminando, e os discípulos desta sabedoria vingarão entre nós, de forma intensa e estupidamente 125

parva como só eles sabem ser, até que um dia não serão necessárias filas, nem balcões, nem piscas, nem tão pouco tapetes rolantes, ficando nós, reféns da gratidão a estes seres, por nos terem quebrado as correntes das normas de cortesia e educação a que tão mal fomos acostumados .

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Os paradoxos da sustentabilidade Antónia Correia (Professora e Investigadora) á alguns anos atrás, muitos … entrei numa conferência e ouvi perplexa, um grande especialista em turismo afirmar que sustentabilidade era um conceito tão grande que não era concretizável, um paradoxo sem qualquer aderência à realidade. Uma reflexão mais profunda e sem preconceitos mostrou-me que afinal ele tinha razão. Este conceito surge em 1992, na conferência «Cimeira da Terra» das Nações Unidas, para definir o compromisso de crescimento económico com a necessária preservação da natureza. O desenvolvimento sustentável surge, assim, como a combinação do crescimento económico com a proteção dos recursos e a coesão social. Mas crescimento económico, numa sociedade capitalista pressupõe maximização da utilização dos recursos e produtividade, o que compromete a desejada preservação ambiental e a necessária coesão social. Esta preocupação eminentemente política surge face aos primeiros sinais de flagelo ambiental. De facto, as manifestações da natureza de clara profanação, despoletam uma consciência ambiental que contracena com hábitos de consumo ostensivo que anulam a aparente proteção ambiental que advogamos. Protegemos a natureza, mas queremos movimentar-nos de carro, trocamos de roupa em todas as estações para continuarmos na moda e educamos a geração futura para o consumo que, em boa verdade, é justificável pela necessidade de manter a atividade económica. Viajamos pelo menos uma vez por ano e preferencialmente para destinos longínquos que alimentam o nosso ego, mas que simultaneamente emitem gases para a atmosfera com efeitos irreversíveis.

futuras sem comprometer o futuro, a realidade mostra-nos que não temos feito outra coisa senão hipotecar as gerações futuras e, ainda fazemos questão de educar para manter este descompromisso. Voltando às viagens, depois da euforia dos anos 70 e 80, começa-se a falar de turismo sustentável, definem-se políticas de preservação ambiental e coesão social. Mas simultaneamente, promovemos o turismo nos mercados asiáticos, ou incentivamos a criação de mais aeroportos e consequentemente mais voos com tudo o que isto acarreta para o ambiente. Empregamos pessoas com experiência ou utilizamos estagiários, preferencialmente aqueles que dificilmente passarão por ausências mais do que justificadas; pagamos mal porque existe excesso de oferta e esquecemos que mais uma vez estamos a comprometer o futuro. A verdade é, que enquanto houver interesses económicos, o desenvolvimento sustentável será sempre um objetivo distante e de alcance quase impossível. Os princípios básicos do capitalismo teorizam eficiência, maximização da utilização dos recursos e leis de mercado, quando o que deveria ser preconizado era a minimização da utilização dos recursos ambientais e a utilização das leis do mercado de forma moderada. No caso do turismo, a sustentabilidade passa pela coragem de assumir uma capacidade de carga limite e politicas publicas capazes de profanar os princípios mais elementares do capitalismo, para que este não se constitua como um predador e que traga ao mundo a verdadeira consciência ambiental e social, sem decisões antagónicas que se observam mas não se conseguem controlar .

Se o desenvolvimento sustentável é a capacidade de satisfazer as necessidades ALGARVE INFORMATIVO #194

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OPINIÃO

«Banha da Cobra» David Martins (Diretor de Marketing e Alojamento) oi instalado há precisamente 10 anos o primeiro painel informativo de preços dos combustíveis nas autoestradas portuguesas, porém, o efeito que se esperava atingir deixou muito a desejar. Na nota pública que à data foi divulgada, ficávamos a saber que era intenção do Governo que: "a informação sobre o preço de venda a retalho dos combustíveis vendidos nos postos de abastecimento ao público deve constar de um painel contendo a identificação dos combustíveis mais comercializados e respetivos preços, oferecidos nos três postos de abastecimento seguintes no percurso em causa, no mesmo sentido de trânsito". Mas, interrogo-me, será que alguma vez isso funcionou? Será que o propósito do Governo, seguindo a recomendação da Autoridade da Concorrência (AdC), plasmada no Relatório Final da Análise Aprofundada sobre os Combustíveis Líquidos e do Gás Engarrafado em Portugal produziu um efeito positivo nos preços praticados pelas gasolineiras? Pois bem, acho que a resposta é comum e é negativa, e isso vê-se no quotidiano. Não sendo eu um utilizador regular das autoestradas, porque considero uma exuberância o preço que se paga para aí circular, e porque prefiro nos meus trajetos desfrutar das belas paisagens e dos sabores regionais existentes ao longo das estradas nacionais, não deixo, porém, de ficar com AZIA cada vez que por aí sou obrigado a passar e vejo os painéis a indicar que nas duas ou três bombas de combustível seguintes os valores são idênticos. Sim, os mesmos valores, iguaizinhos! Nem um cêntimo para cima, nem um cêntimo para baixo! Pergunto-me: será que alguém neste país acredita que não há cartel ou preços concertados entre as gasolineiras? Será ALGARVE INFORMATIVO #194

que alguém ainda não percebeu que essa informação veio, afinal, prejudicar os consumidores em detrimento dos grandes operadores de combustíveis? Pelos vistos já todos sabemos disso, pois foi amplamente divulgado em 2012, quando a própria Autoridade para a Concorrência (AdC) revelou que: “a introdução dos painéis comparativos [de preços dos combustíveis nas autoestradas] poderá ter resultado num ligeiro aumento médio dos preços do gasóleo e da gasolina 95 de 0,8 cêntimos/litros e 1,1 cêntimos/litro respetivamente, relativamente ao nível de preços que se poderiam esperar na ausência desses painéis" e que “a maior transparência de preços provocou também uma redução substancial do número de preços distintos existentes em cada autoestrada para cada um dos combustíveis". Mas, questiono-me, o que foi feito então para mudar este cenário e dar resposta à motivação inicial do Governo e de todos os portugueses? A limite posso sugerir que removam os painéis, pois, pelo menos, não fico com AZIA e poupa-se alguma energia!!!! Por fim, saberão alguns leitores que exerço funções no maravilhoso resort de golfe Castro Marim Golfe & Country Club, localizado a somente sete quilómetros da fronteira com Espanha. Aí, neste mesmo dia, o preço do litro de gasóleo normal é de 1,224€, enquanto que em Portugal pagamos 1,409€, ou seja, 14,5 cêntimos de diferença; e a gasolina custa 1,264€ em Espanha e 1,409€ em Portugal, isto é, 27,5 cêntimos a mais por litro! Depois admiramo-nos que os portugueses, sobretudo os raianos, vão abastecer as suas viaturas a Espanha e a nossa economia global fique prejudicada . 128


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OPINIÃO - poemas

À tona da morte Afonso Dias (Poeta, Autor de Canções, Cantor, Dizedor de Poesia ) “estamos aqui à espera de morrer e custa… nós gostamos de viver”. senhora moçambicana no ciclone idai em março 2019

m 2000 o eline, em 2019 o idai. nomes de ciclone. nomes bonitos de mulher a maquilharem o dilúvio que desceu sideral a fustigar o sul há dezanove anos; o centro e o norte - agora. um inferno de água e lama e vento. em Moçambique e no Malawi e no Zimbabué. e um povo sempre desvalido por séculos de vida precária, primária, de pau a pique e macúti (*), de mandioca e milho sempre poucos. sem arca salvadora, sem bênçãos, só com o céu, feito desgraça periódica, e a vida frágil, sem força e sem meios para resistir a tanto mal e tão forte. surpresa é, no coração da tormenta mais negra, irromperem inusitadas e miraculosas réstias de luz. há dezanove anos, Carolina, pendurada por capulanas numa árvore que flutuava enxurradas e crocodilos, trouxe a este inóspito mundo, Rosita Mabuiango. Rosita como a avó que a acolheu na chegada. tinham sido, essas, as piores cheias de todas as Um poema escrito em 2000 À tona da morte (refugiados nas árvores as pessoas cantavam para não adormecer e não caírem na morte certa da lama…) dos jornais Flutuava sobre a morte aquele canto. Sobre o dilúvio de lama que era a morte pairava em soluço ALGARVE INFORMATIVO #194

lembranças, em Moçambique. eline era o nome belo e feminino do pesadelo. o aluvião arrastou centos de vidas. terão sido oitocentas. parece. hoje o idai disputa esse troféu e já destruiu mais do que a imaginação dorida consegue alcançar. nutrido pelo clima cada vez mais infectado pelo desprezo de poderosos loucos e a incúria de milhões de inconscientes. mas a comunidade internacional e a solidariedade portuguesa ajudam na penúria. a virtuosa e solidária humanidade. preciosa apesar de insuficiente. alta, no fim de contas, que o desenvolvimento - maior inimigo da miséria -, sem corrupção, com trabalho, educação e saúde, venha florescer esperanças consistentes. em 2019, Carolina, a mãe suspensa, tem casa e emprego. centenas de milhares em Manica e Sofala, hoje, não têm. Rosita estuda engenharia petroquímica. o idai devastou todas as escolas. aproveitemos as lições do infortúnio para robustecer a nossa solidariedade. (* )tiras de folhas de coqueiro espalmadas, utilizadas ainda hoje para cobertura de casaso estranho canto. Mãos em garra se fechavam em prece nos ramos que sacudiam o pranto sobre a lama. Firme no canto suspenso sobre a morte se suspendia a vida em cada ramo. E o sono era interdito. Que o sonho eram roncos de helicóptero que viriam do céu 130


fechar o canto. Do céu viera a sombra e a mortalha viria em rugido a salvação. Do céu o ciclo do pesadelo e do espanto. Mais lesta, no entanto, 131

a morte que do céu viera que ao céu chegara em prece aquele canto ...E os ramos foram chão, altar e berço abrigo medonho e inseguro. Que chão é mar e terra e ar. É tudo. ALGARVE INFORMATIVO #194


OPINIÃO

O Tal Parlapiê dos Filmes Vera Casaca (Argumentista e realizadora de cinema) izer-se que a capacidade de falar é incrível, é um eufemismo. O nível de complexidade inerente à mestria de se conseguir articular sons que possuem significado e pensamentos é mais uma faceta que nos distingue enquanto humanos. Um dos aspetos importantes do desenvolvimento de personalidade é a capacidade de discurso. Tendo tantas peculiaridades, pode tornar-se numa tarefa hercúlea traduzir esta arte de discurso na tela de cinema. Nos tempos do cinema mudo, as principais informações dadas eram através de title cards que surgiam esporadicamente no ecra com pequenas linhas de diálogos de cada personagem. Com o avanço da tecnologia, a introdução de som sincronizado transformou a experiência cinematográfica numa verdadeira experiência audiovisual. Isto permitiu um retrato mais fiel da nossa realidade e nos dias que correm é quase impossível escrever-se uma longa-metragem sem recorrer a diálogos (uma recente excepção que me lembro é o filme francês «The Artist» de Michel Hazanavicius – 2011 – vencedor de múltiplos prémios). Valorizamos tanto discurso que desde há muito tempo que mesmo com personagens «não humanas», sentimos a necessidade de as antropomorfizar e de pô-las a falar - sejam um Homem de Lata, um Leão e um Espantalho como no filme «O Feiticeiro de Oz » (1939) todos dialogam. Ou então até temos filmes em que toda a sua premissa se baseia na incapacidade de falar como «O Piano» (1993) ou «O Discurso do Rei» (2010). Enquanto argumentistas, os diálogos, para além de transmitirem informações, podem promover o avanço da história e revelar o mundo da personagem. São uma ferramenta que, moldada através do doce balanço de ALGARVE INFORMATIVO #194

palavras-chaves e de ritmo, se torna poderosíssima. Alguns autores sugerem que em cinema o diálogo deve evitar redundância, repetição e deve ser claramente distinto entre personagens. A verdade é que, em vez de ser visto como uma tarefa difícil, deveria ser encarado como uma carte blanche muito fascinante que permite «mostrar» a rudez, graciosidade, elegância, coerência, loucura ou a dor visceral de uma personagem e das suas relações interpessoais. Seja através da escolha do uso de diálogo directo, em que a personagem diz exactamente o que sente ou pensa, ou diálogo indirecto, onde a personagem desvia o assunto ou «espelha» aquilo que sente usando outra personagem como exemplo, ou recorre a ironia, analogias ou metáforas que revelam o seu íntimo - a panóplia de escolhas é virtualmente infinita. Neste leque de opções surge também a oportunidade de criar frases memoráveis ou catchphrases como “Evaristo, tens cá disto”, “I’ll be back” ou “Goonies never say die”. Certas linhas de diálogo ficam connosco e tornando-se parte da cultura popular. Claro, não é só aquilo que se diz, mas que personagem o diz. Aqui os actores podem subir ao pódio e receber os seus merecidos louros. Pois não é apenas aquilo que o argumentista decidiu escrever, mas é a forma como vai ser interpretada e dita por um bom actor ou actriz que dá a alma à personagem e que com um toque de Midas a torna em ouro. É que isto do simples parlapiê tem mais que se lhe diga é verdade, e quem escreve os diálogos pode não saber tudo, mas se souber o que é o esternocleidomastóideo, até pode marcar um espectador . 132


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DOIS DIAS PARA D’GUSTAR O PORTFÓLIO DA EMPRODALBE NO SETOR DAS BEBIDAS Texto: Vico Ughetto | Fotografia: Vico Ughetto

José Espírito Santo, Vinalda, e José Domingos, Emprodalbe, parceiros de uma distribuição de sucesso no Algarve.

´Gustar é o nome sugestivo do evento para os clientes da Emprodalbe, uma empresa algarvia distribuidora de bebidas, com destaque para as cervejas, espirituosos, vinho, e também alguma ALGARVE INFORMATIVO #194

água, convenhamos. Já na sua quinta edição, que decorreu nos dias 17 e 18 de março, teve, este ano, como principal novidade a nova localização, saltando de Loulé para o EMA – o Espaço Multiusos de Albufeira – que por coincidência (ou não) é igualmente o 136


palco do principal evento vínico regional – a Grande Mostra de Vinhos – a cargo da Confraria Bacchus de Albufeira. José Domingos, sócio-gerente da Emprodalbe, salienta os principais argumentos que justificam a organização do D’Gustar. “É praticamente uma exigência dos nossos clientes, que desta forma podem ficar a conhecer as principais novidades do mercado, no setor das bebidas alcoólicas, desde as novas colheitas, referências ou produtores”. Segundo a organização, são mais de 600 referências de vinhos associadas às restantes bebidas representadas. O balanço feito por José Domingos deixa-o satisfeito com os resultados obtidos. “Ainda estamos a fechar o último dia, mas isto está a correr bem, não me admiraria nada que os números estivessem perto de um milhar de visitantes”. 137

O grande propósito do evento, que serve também como uma operação de charme da Emprodalbe, tem uma motivação prática por detrás de tudo isto, conforme salienta José Domingos. “No dia a dia torna-se impossível dar a conhecer todos os novos produtos junto dos nossos clientes do canal Horeca e aqui as marcas e produtores podem apresentar de forma direta e pessoal o seu portfólio, tanto de novidades como de produtos estabelecidos, e assim facilitar futuras vendas desses produtos que, de outra forma, não seriam conhecidos”. Apesar da Emprodalbe ser uma distribuidora, trabalha em parceria com uma outra, que por acaso é a mais antiga do país neste ramo. Trata-se da Vinalda, tendo o Algarve Informativo a oportunidade de conversar com José Espírito Santo, o Diretor-Geral da ALGARVE INFORMATIVO #194


Patrick Agostini é médico e produtor da Quinta do Francês, o único representante algarvio no setor vínico

empresa, e ficar a conhecer um pouco mais desta empresa que já tem 72 anos no seu curriculum. José Espírito Santo enaltece a importância do evento pela “sua capacidade em providenciar um contacto direto com os clientes e potenciais clientes, e dar o conhecer os vinhos, a marca e a história, conceito e terroir que está por detrás de cada produtor”. Sendo a Vinalda praticamente apenas distribuidora de vinhos, trouxe da sua parte para o evento perto de 10 marcas, das cerca de 20 que representa. Curiosamente, ainda não tem no seu portfólio nenhum produtor de vinhos do Algarve, confessando o seu Diretor-Geral que “ainda não temos realmente um vinho do Algarve na nossa lista de representados, mas estamos atentos e temos consciência que a região está a crescer e a produzir com qualidade, ALGARVE INFORMATIVO #194

sendo provavelmente uma questão de tempo até isso suceder”. Em termos de representação de vinhos locais, o único é a Quinta do Francês e a razão, segundo José Domingos, “é aquele que representamos em exclusivo e no evento damos prioridade a esses”. “Trabalhamos também com a Adega do Cantor, mas não sendo em exclusivo não está presente”, acrescenta. No futuro poderá alargar a representação a outros produtores algarvios, “mas, para já, a Emprodalbe não tem previsto esse alargamento”, conclui José Domingos. Provas há bastantes para fazer realmente, e numa breve passagem, referia algumas curiosidades ou projetos interessantes. Dentro de novidades de marcas já estabelecidas, destaca-se o novo design e layout dos rótulos da 138


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Quinta do Encontro – da Bairrada – um espaço enoturístico bastante interessante e com uma adega muito sui generis em forma circular, tipo barrica, que já tive a oportunidade de visitar e que passa agora a ser a inspiração do rótulo, que consegue um aspeto mais contemporâneo e jovem, muito ao estilo dos seus vinhos e da dinâmica dos mesmos. Ainda neste produtor, tive a ocasião de provar um blanc de noir – a terminologia para definir um branco feito de uvas tintas – a partir de Touriga Nacional, uma das castas mais simbólicas de Portugal. O próprio Diretor-Geral da Vinalda fez a apresentação de um projeto muito interessante e particular no Douro – com a marca Titan of Douro – com rótulos bastante apelativos e bem conseguidos, ao qual o vinho também corresponde. Um belo exemplo de tradição e modernidade, destacando-se pela singularidade o Titan tinto com estágio em barro, que, de ALGARVE INFORMATIVO #194

acordo com José Espírito Santo, “serve para amaciar o vinho que sai muito adstringente da vinificação e que, seguindo uma tradição da zona, deixa repousar durante algum tempo o vinho em ânforas de barro”. O resultado é um vinho muito fresco e frutado, mantendo uma boa acidez e adstringência, mas agora moldada pelo barro, que lhe confere um caráter particular. Outros dos vinhos interessantes que provei, e um projeto também a seguir com atenção, é o Valle de Passos. Um vinho com Denominação de Origem Trás-os-Montes, o que já por si é pouco comum no universo português onde Alentejo e Douro são as regiões dominantes nos eventos. São vinhas da zona de Valpaços, com uma mistura de xisto e granito e com castas típicas, algumas delas com mais de 50 anos e bem adaptadas ao terroir, 140


proporcionando vinhos com imenso caráter e personalidade profundamente gastronómicos e com potencial de guarda fantásticos. São realmente estas caraterísticas que tornam Portugal único na sua vertente enoturística, fator que a própria Vinalda reconhece ser importante para a promoção dos seus vinhos e da qual se orgulha de tentar promover, sobretudo agora que está a desenvolver novas formas de comercialização, que apostam no online, com o novo site B2B a surgir em abril, e uma nova aposta na exportação, criando um departamento para esta 141

vertente cada vez mais importante na afirmação dos vinhos nacionais lá fora e que deixa orgulhoso José Espírito Santo pelo papel que a empresa pode desempenhar e na contribuição para essa afirmação tão merecida . ALGARVE INFORMATIVO #194


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NOVOS PROPRIETÁRIOS DA VILLA TERMAL CALDAS DE MONCHIQUE INVESTEM NA RENOVAÇÃO DO RESORT ocalizado no coração da Serra de Monchique, a Villa Termal Caldas de Monchique Spa Resort tem novos donos e está a ser remodelada, com conclusão da primeira fase prevista para a Páscoa, sendo que ainda este ano serão anunciadas outras renovações. A icónica estância termal foi adquirida por Adrian Bridge e Miguel Velez, sócios fundadores da Unlock Boutique Hotels, a hotel management company portuguesa que será responsável pela gestão da operação da unidade, numa joint venture com Paula Nascimento, acionista da Sociedade da Água de ALGARVE INFORMATIVO #194

Monchique, num negócio avaliado em 10,5 milhões de euros. “Esta operação demorou sensivelmente um ano a ser concluída. No decorrer desse período foi possível investir na requalificação da oferta hoteleira e termal da Villa, na sua vertente de turismo de natureza e, complementarmente, nas experiências gastronómicas, totalmente em linha com o que a região de melhor oferece”, explica Miguel Velez. De acordo com o acionista do resort e CEO da Unlock Boutique Hotels, criouse “um verdadeiro hub de bem-estar, que valoriza e eleva a um novo 144


patamar de excelência do resort, que promete agora afirmar-se como um autêntico ponto de partida para descoberta do destino, ligando a qualidade única da Água de Monchique, com a componente de «termal spa», turismo natureza e gastronomia”. A Villa Termal Caldas de Monchique funde-se com a paisagem da Serra de Monchique, com os seus 39 hectares recortados por riachos por onde corre a mundialmente conhecida Água de Monchique, e passará a contar com um total de 114 quartos, suites e apartamentos, distribuídos por quatro unidades hoteleiras diferenciadas e adaptadas às necessidades de vários targets, privilegiando sempre a qualidade e o conforto. Entre a serenidade da Serra de Monchique e o movimento da animada

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praça principal da Villa Termal surge o novo Hotel Central, agora com um posicionamento de quatro estrelas superior. Esta unidade vai apresentar no total 32 quartos e suites, resultante da fusão do antigo Hotel Central, a Estalagem D. Lourenço e a construção de novos quartos, que se destacam pela decoração clássica e elegante. Outro edifício do século XIX que foi igualmente reconvertido em toda a área social e de bar é o Hotel D. Carlos Regis, que dispõe de 22 quartos e quatro suites, estando classificado com quatro estrelas. A unidade sobressai sobretudo pelas vistas deslumbrantes sobre o Parque Natural da Serra de Monchique, oferecendo uma estadia em áreas amplas, com muita luz natural, num ambiente que combina linhas modernas com decoração mais sóbria.

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Com uma atmosfera contemporânea e confortável, é possível encontrar o Hotel Termal, com 46 quartos e classificado com três estrelas, que consiste num verdadeiro retiro, sendo o local ideal para desfrutar de momentos únicos e relaxantes. O projeto de remodelação da Villa Termal Caldas de Monchique Spa Resort inclui também uma unidade de alojamento local, o Hotel Central Suites, com 10 espaçosas suites e duas vilas, que garantem uma experiência de alojamento inesquecível, em férias a ALGARVE INFORMATIVO #194

dois ou em família. “Com estas renovações queremos voltar a reposicionar a estância, reforçando a sua competitividade turística. Apesar da oferta diferenciada, com públicosavos bem delineados, todas as unidades têm um elemento em comum: o serviço de excelência, em que o culto pelo detalhe é levado muito a sério e que orgulha toda a equipa”, afirma Miguel Velez. As experiências gastronómicas são 146


outra das novas dimensões da Villa Termal, que se prepara para requalificar a sua Praça Central, que, a par da nova decoração de exteriores, passará a ser um dos principais pontos de encontro da estância, com diferentes atrações. A Praça Central é também o ponto de partida para se visitar os quatro novos restaurantes da estância, que apostam na gastronomia regional, com ingredientes locais e frescos. O novo «Restaurante 1692», que presta homenagem à data em que os bispos do Algarve construíram a primeira hospedaria 147

nas Caldas de Monchique, vai apresentar uma carta baseada no receituário local, em que os produtos da região, como o porco preto em vários cortes e os enchidos, serão os protagonistas. Até a carta de sobremesas será composta exclusivamente por doces típicos do Algarve, como os doces finos, D. Rodrigos, morgadinhos, entre outras propostas igualmente tentadoras. Mas a experiência no 1692 é imperdível também pelo seu cenário único, ALGARVE INFORMATIVO #194


rodeado por deslumbrantes vitrais, datados do século XIX. O Wine & Beer Bar «O Tasco» é outra das sedutoras ofertas enogastronómicas da estância. Desde a adega de vinhos à carta de cervejas artesanais, este é o local de eleição para verdadeiros apreciadores, com provas diárias e uma excelente seleção de petiscos locais. Referências neste bar prometem ser os famosos pães com chouriço das Caldas, que todos os dias são cozinhados no forno de lenha. E no Hotel D. Carlos Regis é inaugurado o Bar D. Carlos Cocktail & Gin, que promete ser um dos grandes favoritos das famílias, dividindo-se em três áreas distintas: um sports bar, onde o futebol, o golfe, e a F1 serão as estrelas; uma game zone com bilhar, xadrez, entre outros; e um confortável lounge, que convida a desfrutar das noites quentes de verão ou ALGARVE INFORMATIVO #194

do aconchego da lareira no inverno. Além disso, tem uma surpreendente carta de cocktails de assinatura e clássicos, gins e smoothies. Localizado no Vale, junto às piscinas exteriores, está a ser criado o Bar PH 9.5, o local recomendado para uma refeição ligeira e uma bebida refrescante. A estância passa ainda a contar uma nova sala de banquetes, destinada a recriar eventos únicos, à medida da ocasião, que poderá receber até 120 pessoas, seja em conferências, seminários, colóquios, encontros internacionais, lançamentos de produtos, etc. Apreciada desde o tempo da presença do Império Romano na Península Ibérica, acreditava-se que a água de Monchique, era sagrada, devido às suas propriedades de cura que levavam centenas de pessoas a Mons Cicus, o 148


nome latino de Monchique. Rica em bicarbonato, sódio e flúor, hoje sabe-se que é a água mais alcalina de Portugal e uma das mais alcalinas do mundo, sendo especialmente indicada para o tratamento de doenças e afeções das vias respiratórias e músculo-esqueléticas, além de ajudar na recuperação da vitalidade orgânica, retardar os sinais associados ao envelhecimento e prevenir a osteoporose. Com base nestes benefícios, a Villa oferece vários programas de wellness, com durações variadas, em que os hóspedes podem ter acompanhamento médico personalizado. Vai ser possível desfrutar também de experiências de puro relaxamento no Spa Termal, que dispõe um conjunto de programas com tratamentos e rituais, com

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a assinatura LA PHYTO, desde duches de jato e vichy, massagens e hidromassagens e aplicação de lamas, além de um circuito de relaxamento termal com piscina interior aquecida, sauna e banho turco. Para quem não dispensa a atividade física, o resort oferece ainda um ginásio, agradáveis zonas verdes e é reconhecido pelos seus percursos pedestres pela serra, que fazem as delícias dos fãs de atividades outdoor, como trekking, hiking, biking e bird watching. Entre as principais novidades da remodelação, a área das piscinas exteriores surgirá também renovada e em perfeita sintonia com a soberba envolvência natural, fazendo com que a Villa Termal das Caldas de Monchique seja a primeira escolha para quem procura umas férias relaxantes .

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MUNICÍPIO DE ALCOUTIM MELHORA ABASTECIMENTO DE ÁGUA Município de Alcoutim concluiu recentemente a Empreitada de Execução de Condutas de Ligação entre o Sistema em Alta (Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Algarve) e em Baixa no Concelho. A intervenção foi objeto de uma candidatura aprovada pelo POSEUR, financiado pelo Fundo de Coesão à taxa de 85 por cento, com um montante elegível de 992 mil e 631,32 euros. O investimento visou a construção de sete condutas adutoras, de ligação aos pontos de entrega em alta da Águas do ALGARVE INFORMATIVO #194

Algarve, permitindo o abastecimento de água às povoações de Pessegueiro, Diogo Dias, Tremelgo, Azinhal, Castelhanos, Laborato, Fonte Zambujo, Pão Duro, Alcaria Alta e Tacões, bem como o reforço a Martim Longo. Com a entrada em funcionamento das novas infraestruturas, que implicam uma extensão de 21 quilómetros de rede de abastecimento de água construída e a existência de duas estações elevatórias, houve uma redução das ocorrências de falhas no abastecimento em 100 por cento, sendo atualmente de 91,12 por cento em todo o concelho os alojamentos com adesão ao serviço em alta . 150


CÂMARA MUNICIPAL DE ALJEZUR MELHORA REDE VIÁRIA DO CONCELHO oram iniciadas duas obras de beneficiação na rede municipal viária de Aljezur, designadamente na Estrada Municipal Rogil /Priorado e na Estrada Municipal N.º 1003, troço Montes Galegos/Vales. As duas empreitadas, com um prazo de execução de 45 dias e um investimento total cerca de 230 mil euros, visam melhorar o pavimento destas vias que se encontra bastante danificado. A intervenção será ao nível do reforço do pavimento existente, em semipenetração betuminosa, que se encontra em mau

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estado de conservação, pretendendo-se que o mesmo seja repavimentado em betão betuminoso e microaglomerado betuminosos a frio duplo, e ainda colocada sinalização horizontal. Além das obras acima referidas, neste momento as equipas da Câmara Municipal de Aljezur efetuam, com meios próprios, trabalhos de conservação na rede viária, estradas municipais e caminhos rurais, nas várias freguesias do concelho. Os trabalhos irão prolongar-se até ao início do próximo Inverno, visando a melhoria de circulação e mobilidades dos cidadãos.

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COLEÇÃO FILATÉLICA ASSINALA 700 ANOS DA ORDEM DE CRISTO EM CASTRO MARIM astro Marim lançou, no dia 14 de março, a sua primeira coleção filatélica, comemorativa da instituição dos 700 anos da Ordem de Cristo nesta vila. Os carimbos com a marca da história castromarinense vão agora circular pelo mundo inteiro, em cerca de um milhão de exemplares de selos, começando pela correspondência do Município, sendo que um exemplar da coleção ficará patente no Museu das Comunicações de Portugal. A cerimónia realizou-se na Igreja do Castelo e foi conduzida por Pedro Rodrigues, em representação dos Correios

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de Portugal, e por Filomena Sintra, pelo Município de Castro Marim, teve casa cheia e contou ainda com as presenças do presidente da Federação Portuguesa de Filatelia, António Borralho, do Padre Agostinho Pinto, responsável pela paróquia de Castro Marim, do Diretor do Agrupamento de Escolas de Castro Marim, José Nunes, de Luís Arquilino, do historiador castromarinense António Salvador e do representante da Associação Filatélica Alentejo-Algarve, Francisco Galveias, que carimbaram e assinaram os cinco envelopes que assinalaram o lançamento desta nova coleção.

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Durante a manhã do mesmo dia falou-se sobre a história desta Ordem e a sua Instalação em Castro Marim, a 14 de março de 1319. Presentes estiveram Luís Filipe Oliveira (FCHS/UAlg), que falou «Da Terra ao Mar: As Ordens Militares e Castro Marim», e o técnico de Património Cultural do Município de Castro Marim, Pedro Pires, que abordou «A Comenda da Ordem de Cristo em Castro Marim no início do século XVI». O dia foi ainda marcado pelas atuações musicais de Eduardo Ramos (cantor, compositor, alaudista e multiinstrumentista), com «Cantigas de D. Dinis» (século XIII-XIV), num reportório inédito. A Ordem de Cristo foi instalada a 14 de março de 1319, em Castro Marim, por ordem do rei D. Dinis, depois da extinção, pelo Papa Clemente V, da Ordem dos 153

Templários, uma das mais famosas Ordens Militares de Cavalaria, fundada em 1118, no rescaldo da 1.ª Cruzada. Com um papel determinante no período da Reconquista, na atividade militar contra os Mouros e no povoamento do território, a Ordem dos Templários era também detentora de um vasto património que, por direito, pertenceria à Santa Sé, facto que ameaçava a soberania do rei. Com o pretexto de defender a costa algarvia dos ataques de piratas e piratas magrebinos, D. Dinis consegue decretar a criação da nova Ordem religioso-militar. A primeira sede da Ordem de Cristo foi então o Castelo de Castro Marim, com um dos mais sólidos sistemas defensivos de todo o Reino do Algarve e situado na fronteira marítima com Marrocos e nas imediações da comunidade islâmica de Granada . ALGARVE INFORMATIVO #194


INVESTIGADOR DA UALG RECEBE 100 MIL EUROS PARA ESTUDAR DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS ma equipa de investigação liderada por Clévio Nóbrega, docente do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina e investigador do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve, acaba de conseguir um financiamento da Associação Francesa de Miopatias (AFM) para estudar, ao longo dos próximos dois anos, uma nova estratégia terapêutica para um conjunto de doenças neurodegenerativas, denominadas doenças de poliglutaminas. Até ao momento não existe qualquer tratamento para estas doenças, sendo aplicados apenas tratamentos sintomáticos incapazes de atrasar ou impedir a sua progressão.

terapêutica para este tipo de doenças e estudar modos de permitir a sua translação para o universo da clínica. “Este financiamento internacional, a somar a outros que já conseguimos no passado, demonstra a qualidade e o reconhecimento da investigação que se realiza no CBMR e na UAlg”, evidencia Clévio Nóbrega. O projeto vai iniciar-se em maio de 2019 e inscreve-se num conjunto de projetos inovadores em todo o mundo que procuram, através do financiamento das suas investigações, desenvolver tratamentos e alternativas no âmbito de diferentes doenças neurodegenerativas.

O objetivo da investigação, que irá ser a ser desenvolvida no Laboratório de Neurociência Molecular e Terapia Génica do CBMR, é ambicioso: desenvolver uma nova estratégia ALGARVE INFORMATIVO #194

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ALUNOS DA ESCOLA DE HOTELARIA E TURISMO DO ALGARVE VENCEM CONCURSO GOÛT DE FRANCE s alunos David Silva e João Botelho, do 3.º ano de Técnicas de Cozinha/Pastelaria da Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve, alcançaram o 1.º lugar do Concurso Goût de France, promovido pela Embaixada de França em Portugal para os alunos da rede de Escolas do Turismo de Portugal. Este concurso de Gastronomia Francesa 2019 teve como objetivo a conceção de um menu francês com a realização de uma entrada, de um prato principal e de uma sobremesa inspirados na temática «Pratos da Região Provence». 155

Os alunos das Escolas de Turismo de Portugal são incentivados a participar neste grande evento gastronómico preparando um menu que poderá posteriormente ser servido nos seus restaurantes de aplicação. Para os vencedores estava destinado um bilhete de avião da Air France para Paris desde Lisboa ou Porto, um cartão oferta de 250 euros para cada membro da equipa, válido nas lojas Auchan Portugal Hipermercados, SA, e uma garrafa de Champanhe MUMM para cada membro da equipa . ALGARVE INFORMATIVO #194


FARO TEM UMA CÁPSULA DO TEMPO PARA SER ABERTA DAQUI A 201 ANOS União das Freguesias de Faro, juntamente com a Venerável Ordem Terceira do Carmo, enterrou uma Cápsula do Tempo no Largo do Carmo, no início de fevereiro, tendo sido colocada a sua lápide memorial no dia 15 de março. O objetivo da iniciativa é preservar e divulgar a história, a identidade e a cultura de Faro dos nossos dias para serem redescobertos daqui a cerca de dois séculos. Para tal foram colocado no interior do invólucro objetos de pequena dimensão, de parco valor monetário e não perecíveis, tais como embalagens, garrafas, postais, sementes, fotografias da cidade, material escolar, jornais, revistas, livros, frascos, brinquedos, mensagens de crianças das nossas escolas, utensílios de cozinha e peças de vestuário característicos da nossa época e que são demonstrativos do local e do tempo em que vivemos. “Em 2220, muitos dos objetos que hoje existem e que fazem parte do nosso quotidiano serão completamente obsoletos e terão desaparecido das vidas das futuras gerações. Outros, pelo contrário, serão tão desenvolvidos que mal serão reconhecidos e possivelmente outros continuarão a existir tal como os conhecemos hoje”, referiu Bruno Lage, presidente da União das Freguesias de Faro. ALGARVE INFORMATIVO #194

Esta Cápsula do Tempo está pensada para ser aberta no dia 2 de fevereiro de 2220, data com algum significado para a Ordem Terceira do Carmo, uma vez que é o Dia de Nossa Senhora das Candeias e é o aniversário da Freguesia da Sé, tendo sido decidido 201 anos de viagem por ser um intervalo de tempo suficientemente longínquo para uma (esperada) mudança em termos tecnológicos, tanto na sociedade como dos hábitos e costumes. Ao mesmo tempo, é um intervalo de tempo suficientemente próximo para garantir uma boa conservação do material ali colocado. A Sociedade Internacional de Cápsulas do Tempo estima que existam entre 10 mil a 15 mil cápsulas em todo o mundo. Contudo, os seus especialistas estimam que cerca de 80 por cento estejam perdidas ou tenham sido esquecidas .

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APP PROMOVE ENOTURISMO NO ALGARVE Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA) lançou uma aplicação para smartphones inovadora, que funciona como Guia Enoturístico da Região do Algarve, em sintonia com o Plano de Ação para o Enoturismo apresentado pelo Turismo de Portugal e que traça a linha orientadora para o setor da Gastronomia & Vinhos no âmbito da Estratégia Turismo 2027. Um par de horas depois de Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, ter lançado o mote da apresentação do Plano de Ação para o Enoturismo em Portugal, dado a conhecer no arranque da BTL, no dia 13 de março, e que definiu o Enoturismo como uma prioridade para o desenvolvimento turístico do país, Carlos Gracias, presidente da CVA, apresentou, no stand do Algarve, uma aplicação para smartphones (APP) que visa exatamente contribuir de forma inovadora, apelativa e prática, para a promoção enoturística da região vitivinícola do Algarve. A APP da CVA pretende fornecer um conjunto de informações que vão para além da listagem e geolocalização dos seus produtores, fornecendo dados complementares das suas diversas valências disponíveis para os visitantes e também alargando esta informação à restante economia da região, identificando os restaurantes com Vinhos do Algarve na carta ou quais os locais de compra mais próximos. Estas informações de localização são georreferenciadas, 157

permitindo uma fácil consulta no mapa, estando também disponível no menu outras opções, relacionadas com notícias e eventos associados ao setor dos vinhos ou que a ele se associem, tanto ao nível de espetáculos como outro tipo de atividades. Desta forma, a APP é um bom exemplo promotor da economia circular no Algarve, interligando vários agentes económicos de outros setores com a gastronomia e vinhos, ativos estratégicos identificados pelo Turismo de Portugal, para a promoção do destino e capazes de diversificar os mercados emissores e reduzir a sazonalidade, fatores de que o Algarve tanto precisa e que têm agora o contributo desta APP. A aplicação é de descarga gratuita, em ambas as plataformas Android e IOS, estando a CVA a atualizar de forma regular os conteúdos inseridos, quer através de pesquisa própria, quer de contributos de informações fornecidas, de locais de compra ou consumo de Vinhos do Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #194


SÃO BRÁS DE ALPORTEL DESVENDOU FEIRA DA SERRA E RECRIAÇÃO HISTÓRICA NA BOLSA DE TURISMO DE LISBOA o dia 16 de março, a Bolsa de Turismo de Lisboa foi palco da apresentação pública, pelo Município de São Brás de Alportel, da 28.ª Feira da Serra, que terá lugar de 25 a 28 de julho, e da III Recriação Histórica «São Braz d’Alportel 1914 – Uma viagem no tempo», que acontecerá a 25 de maio. Uma viagem no tempo por 105 anos de memórias é a proposta da III Recriação Histórica «São Braz d’Alportel, 1914», com Marlene Guerreiro, Vice-Presidente da Câmara Municipal, a deixar o convite para

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uma experiência única que leva o visitante a entrar na História, provar sabores seculares, reviver os tempos agitados da I República tão recentemente implantada e sentir a emoção dos momentos da elevação de São Brás de Alportel a concelho, a grande conquista do povo são-brasense, alcançada pela ousadia, coragem e determinação dos republicanos e livres pensadores e suportada pelo desenvolvimento da indústria corticeira. A Recriação Histórica é uma iniciativa bienal levada a cabo pelo município e que nesta terceira edição conta com o

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apoio do Programa «365 Algarve» e com um enorme envolvimento da comunidade, na preparação de todo um vasto programa de animação, com demonstrações ao vivo das artes e costumes de outrora, espaços de degustação e inúmeras razões para viajar no tempo. Coube a Vítor Guerreiro, Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, dar a conhecer as novidades da 28.ª Feira da Serra, que este ano tem o figo como produto de eleição. A acontecer de 25 a 28 de julho, este certame é já uma referência no Verão algarvio, sendo composto por duas dezenas de espaços temáticos e um programa de animação para toda a família e constituindo a oportunidade certa para conhecer os mais autênticos produtos da região, a par dos mais inovadores projetos 159

que inovam a tradição. A acessibilidade para todos, a segurança e a redução da pegada ecológica com a utilização de materiais amigos do ambiente, são apostas da Feira da Serra reforçadas nesta 28.ª edição. Quanto aos nomes que vão passar pelo Palco Principal, são eles Calema, Gipsy Kings, HMB e o projeto Cantar Amália. Os sabores da rica gastronomia local, a Rota da Estrada Nacional 2, o ciclo de Passeios Natureza, os desportos de aventura, a Calçadinha de origem romana, o Museu do Traje - único a sul do Tejo - e a Festa das Tochas Floridas, singular no país, foram algumas das muitas propostas em destaque no stand de São Brás de Alportel na BTL .

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EMBAIXADORA DA ÁFRICA DO SUL VISITOU CONCELHO DE LOULÉ o dia 7 de março, o executivo municipal de Loulé recebeu a visita da Embaixadora da África do Sul em Portugal, Mmamokwena Gaoretelelwe, que teve a oportunidade de descobrir alguns pontos do concelho de Loulé, assim como iniciativas económicas e ambientais existentes neste território. O programa desta passagem da representante sulafricana por Loulé integrou uma visita à Quinta do Lago para conhecer o trabalho desenvolvido pela Infraquinta, onde Miguel Piedade e a sua equipa técnica apresentaram os procedimentos adotados ALGARVE INFORMATIVO #194

por esta empresa municipal no que diz respeito à rede de distribuição, tratamento e gestão da água. Recorde-se que a Infraquinta foi distinguida com o Selo de Qualidade da Água para Consumo Humano, atribuído pela ERSAR, e é líder no indicador de água não faturada com um rácio de 5,1 por cento. Estes resultados demonstram o trabalho realizado pela empresa no âmbito da gestão eficiente do recurso água, só possível através da eficaz implementação do seu plano estratégico de responsabilidade ambiental, integrado na Estratégica 160


Municipal de Adaptação às Alterações Climática (EMAAC) do Município de Loulé. Os métodos e resultados apresentados pela Infraquinta despertaram o interesse da Embaixadora, que manifestou desde logo abertura para uma possível colaboração entre Loulé e alguns municípios da África do Sul, no sentido de trocarem experiências e boas práticas que poderão beneficiar ambas as partes e atrair capital para empresas do Concelho. Seguiu-se uma visita às oficinas do projeto «Loulé Criativo», onde foi apresentado o trabalho desenvolvido por alguns artesãos do Concelho, assim como a dedicação e envolvimento da autarquia na preservação e promoção da sua identidade local através das suas artes e

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ofícios. A visita terminou com a abertura do Festival Tanto Mar, no Cine-Teatro Louletano, com a peça «Kangalutas» (Guiné-Bissau) que levantou questões tais como a relação entre os povos, a repressão, a intolerância e a discriminação racial. À semelhança do que tem acontecido com outros países africanos, o Município de Loulé pretende com a presença destes representantes reforçar os laços culturais, sociais e económicos com África, estabelecendo parcerias que espelhem a troca de experiências entre duas realidades diferentes, mas que têm como ponto comum a forte ligação lusa a este continente .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Ricardo Dionísio A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #194

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