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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 11 de maio, 2019

LAGOS NO TEMPO DOS DESCOBRIMENTOS ENCONTROS DO DEVIR | FESTA DA MÃE SOBERANA | MOTOCROSS NA CORTELHA 1 ALGARVE INFORMATIVO #201 «FARO IN THE NIGHT» | SALVADOR SOBRAL | WALKING FESTIVAL AMEIXIAL


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CONTEÚDOS #201 11 DE MAIO, 2019

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ARTIGOS 10 - OPTO em Albufeira 20 - Silves Tour 2019 28 - Dia da Europa em Olhão 38 - Polo Tecnológico do Algarve 50 - Festival dos Descobrimentos 62 - Festa da Mãe Soberana 72 - Walking Festival Ameixial 88 - Salvador Sobral 98 - Encontros do DeVIR 110 - «Faro in the Night» 124 - Motocross na Cortelha 148 - Atualidade

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OPINIÃO 134 - Paulo Cunha 136 - Mirian Tavares 138 - Ana Isabel Soares 140 - Fábio Jesuíno 142 - Vera Casaca 144 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #201

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FÓRUM DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DO ALGARVE ABRE HORIZONTES A JOVENS DE ALBUFEIRA… E NÃO SÓ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

ealizou-se, de 8 a 10 de maio, no Pavilhão Desportivo de Albufeira, a sétima edição do OPTO – Fórum de Educação e Formação do Algarve, ALGARVE INFORMATIVO #201

uma coorganização do Município de Albufeira com a DGEstE - Direção de Serviços da Região Algarve da Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares e o IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional, com a colaboração dos Agrupamentos 10


Escolares do concelho. Um evento que tem sido acompanhado de muito perto desde o seu início por José Carlos Rolo, primeiro como Vereador da Educação e agora como Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, por entender ser importante começar, desde cedo, “a abrir horizontes às novas gerações e dar-lhes a conhecer os planos curriculares dos diferentes cursos e as suas saídas profissionais”. “É fundamental que façam a melhor escolha para o seu futuro, que pode passar por ingressar na vida ativa ou por prosseguir para o ensino superior ou politécnico. Aqui podem conhecer de perto o que existe nas universidades e institutos politécnicos, para além de participarem em diversas atividades ao longo destes 11

três dias”, realçou o antigo professor de matemática. Três dias repletos de workshops, conferências, apresentação de experiências, demonstrações culinárias, entrevistas no âmbito de projetos de mobilidade e um leque alargado de propostas de animação, tanto no interior e exterior do recinto. José Carlos Rolo não esquece, entretanto, o papel que desempenharam, na sua época, os antigos cursos comerciais e industriais. “Como o povo sabiamente diz, «no meio é que está a virtude», e não podemos pensar que toda a gente precisa ter um curso superior, porque muitas vezes estamos a licenciar jovens para o desemprego ou acabam ALGARVE INFORMATIVO #201


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por trabalhar em áreas que nada têm a ver com a sua formação académica”, avisa o edil albufeirense. Por isso, no OPTO encontravam-se as ofertas curriculares de vários estabelecimentos de ensino, mas também podíamos ficar a saber mais sobre uma carreira no exército ou forças de segurança e, inclusive, no associativismo. “Estes jovens estão numa idade extremamente difícil para tentarem escolher o que mais lhe agrada ou aquilo que lhe vai proporcionar um futuro mais risonho ou estável. Portugal não é um país rico, um curso superior é bastante caro, e não podemos andar a formar quadros superiores para depois não tirarem proveito dos seus conhecimentos, ou para serem forçados a procurar melhor sorte além-fronteiras”, observa, preocupado. 13

José Carlos Rolo reconhece que a questão dos numerus clausus também nem sempre permite aos jovens seguirem pelo caminho que mais desejam. “Temos no OPTO universidades de todo o país, até da Madeira, porque o ensino superior depende do número de estudantes para efeitos de financiamento proveniente do Orçamento de Estado. Com menos alunos diminuem as receitas, diretas e indiretas, o que coloca em causa a sua sustentabilidade, pelo que as universidades, agora, têm que ir ter com os jovens para «vender» os seus cursos”, indica, garantindo que o Fórum de Educação e Formação do Algarve é uma aposta ganha do Município de ALGARVE INFORMATIVO #201


Albufeira e, como tal, para continuar e reforçar. Do programa do VII OPTO fez também parte a entrega dos prémios do Concurso de Fotografia do Festival T, a Exposição de Fotografias incluída na Campanha #DestaVezEuVoto, no âmbito das Eleições ALGARVE INFORMATIVO #201

Europeias de 2019, dinamizada pelo Centro de Informação Europe Direct do Algarve, e a Sessão Informativa sobre o Plano Nacional de Ética no Desporto, promovida pela Direção Regional do IPDJ e que aconteceu na Biblioteca Municipal Lídia Jorge . 14


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SILVES TOUR 2019 FOMENTOU SAÚDE E BEM-ESTAR FÍSICO E FOI MAIS AMIGO DO AMBIENTE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

elo 11.º ano consecutivo aconteceu, no dia 5 de maio, mais uma edição do «Silves Tour», com ponto nevrálgico junto ao Complexo de Piscinas Municipais de Silves e contando com dois percursos de marcha-corrida (5 e 10 quilómetros) e um ALGARVE INFORMATIVO #201

percurso de BTT (15 quilómetros), para além de um programa repleto de atividades para todas as idades, uma vez que coincida também com os festejos do Dia da Mãe. Este ano, a iniciativa da Câmara Municipal de Silves apoiou o projeto «Sorrir M» da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, através da campanha «#eu ajudo», com um 20


Luísa Conduto, Luís Santos, José Carlos Araújo, Rosa Palma e Custódio Moreno

donativo de cinco mil euros, montante resultante da venda da t-shirt oficial do «Silves Tour». Novidade em 2019 foi a implementação da campanha «Lixo Zero», também da responsabilidade da Câmara Municipal de Silves, por via da qual todos os participantes receberam uma garrafa/cantil de alumínio para levarem a sua água, ao invés da tradicional garrada de plástico. O objetivo da autarquia foi sensibilizar para a necessidade de redução do lixo e diminuição da pegada ambiental, promovendo-se assim, não somente um estilo de vida saudável e dinâmico, mas hábitos de preservação da natureza, nomeadamente através da promoção dos três «R’s» - Reutilização, Redução e Reciclagem. “Quisemos que as pessoas estivessem envolvidas numa atividade 21

física e solidária, mas que evitassem também a geração de lixo ao longo dos diversos percursos do «Silves Tour». Esperamos que deem muita utilidade a estas garrafas nas várias marchas que organizamos ao longo do ano”, afirmou Rosa Palma, presidente da Câmara Municipal de Silves, minutos antes do «tiro de partida». O evento é organizado pelo Setor do Desporto do Município, por técnicos experientes e apaixonados pelo que fazem, como se constata pelos diferentes percursos que constituem o «Silves Tour» ano após ano. E por isso se percebe que, para além de silvenses da serra ao mar que integraram as caminhadas e o passeio de BTT, também chegaram muitos participantes de outros pontos da região. “É um ALGARVE INFORMATIVO #201


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evento inclusivo, para pessoas de todas as idades e provenientes de todas as freguesias do concelho e, como é feito em parceria com o IPDJ e faz parte do seu calendário anual de marchas, é uma forma de mostrar o nosso território a outros visitantes e de dar também alguns exemplos que possam ser replicados noutros concelhos”, referiu Rosa Palma, acrescentando que a fruta que seria entregue nos pontos de reabastecimento espalhados ao longo do percurso era, como não poderia deixar de ser, laranja de Silves. “Para além da própria atividade física, queremos fomentar práticas saudáveis de alimentação, que as pessoas sejam amigas do ambiente, que participem e convivam umas com as outras”, reforçou a autarca. O «Silves Tour» integra, conforme indicado, o calendário anual de marchas e corridas do Instituto Português do 23

Desporto e Juventude, daí não ter surpreendido a presença de Custódio Moreno, Delegado Regional do Algarve do IPDJ, que prontamente deu o seu aval à iniciativa «Lixo Zero». “Acredito que, no próximo ano, estas garrafas vão ser uma constante em todas as marchas e que se vai deixar de utilizar o plástico”. E, em representação da Casa do Povo de São Bartolomeu de Messines, o presidente da direção José Carlos Araújo agradeceu o donativo feito ao «Sorrir M». “O projeto existe há quatro anos, mas não consegue sobreviver somente com o apoio da Câmara Municipal de Silves e da Junta de Freguesia de Messines, pelo que todos os contributos são essenciais. Temos que cada vez mais olhar para as pessoas com deficiência, para os cidadãos mais frágeis, porque a inclusão significa que todos estejamos atentos e ajudemos. Não nascemos numa ilha, mas sim numa ALGARVE INFORMATIVO #201


comunidade, perante a qual temos obrigações. A solidariedade não se apregoa muito, faz-se bastante”, agradeceu o dirigente. “É uma iniciativa que tenta incluir pessoas que já estão ALGARVE INFORMATIVO #201

numa fase adulta, que muitas vezes são esquecidas pela sociedade e que muito precisam de um encaminhamento. Espero que esta iniciativa da Casa do Povo de Messines seja sustentável e que, para além dos atuais 25 utentes que auxilia, possa aumentar a sua capacidade de intervenção. Não há uma resposta para estes adultos com algumas necessidades especiais”, destacou, por sua vez, Rosa Palma, após a entrega do donativo de cinco mil euros. 24


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DIA DA EUROPA FESTEJOU-SE EM OLHÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

lhão foi palco, a 9 de maio, das comemorações, no Algarve, do Dia da Europa, numa organização conjunta do Município de Olhão e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. Do programa constaram iniciativas para diferentes públicos e ALGARVE INFORMATIVO #201

idades, com destaque para o encontro «Mar sem plásticos - diálogo com cidadãos: O que eu posso fazer pela Europa?», que decorre nos Mercados Municipais, ou para o Concerto pela União, pelos professores do Conservatório de Olhão, na Igreja Matriz. As comemorações iniciaram-se junto ao Auditório Municipal de Olhão, com a 28


cerimónia protocolar do hastear da bandeira ao som do Hino da Europa, durante a qual Francisco Serra lembrou estarmos à beira de eleições para o Parlamento Europeu e realçou “a importância de promover os valores da liberdade de expressão, da livre circulação, da paz e do entendimento, no respeito pela diversidade”. “No contexto territorial europeu, o Algarve possui múltiplas escalas e posicionamentos, com uma localização excêntrica face ao centro da Europa, e pode e deve assumirse como porta de entrada no Mediterrâneo, posição estratégica e central, e também no espaço Atlântico. De posição excêntrica e periférica a central e estruturante dista a capacidade de afirmação do mar e suas múltiplas potencialidades e da capacidade do país capitalizar as relações comerciais e institucionais com os continentes americano e africano, historicamente favoráveis, vitais ao reconhecimento 29

internacional da macro região europeia e das particularidades do Algarve, nesse contexto”, defendeu o presidente da CCDR Algarve. Francisco Serra declarou que a integração de Portugal na União Europeia a 1 de janeiro de 1986 abriu novas perspetivas ao desenvolvimento regional e trouxe os meios financeiros que permitiram a construção das infraestruturas que ajudaram a mudar o Algarve, “com impacto significativo na qualidade de vida dos residentes e visitantes e incremento da competitividade da região”. “Com o contributo dos apoios europeus, a região está mais competitiva; as empresas estão mais sólidas, apostaram na inovação produtiva, na sua qualificação, enveredaram por processos de internacionalização, levando o nome e os produtos do Algarve além-fronteiras; os serviços ALGARVE INFORMATIVO #201


Francisco Serra, António Miguel Pina, Custódio Moreno, Pedro Valadas Monteiro e Nuno Marques

públicos foram modernizados, estão mais próximos e eficientes. Com o contributo dos apoios europeus, a região está mais inclusiva, as respostas sociais multiplicaram-se e cobrem grande parte do território regional, servindo públicos e necessidades distintas. Com o contributo dos apoios europeus, a região está mais próxima da Europa, por exemplo com a Ponte Internacional do Guadiana ou as intervenções no Aeroporto de Faro”, destacou perante uma plateia composta por muitos autarcas e dirigentes associativos, mas também bastantes crianças. Ainda segundo o presidente da CCDR Algarve, os fundos europeus conduziram a uma região mais sustentável e o número de bandeiras azuis nas praias algarvias testemunha igualmente a atenção e investimento dedicado à preservação ALGARVE INFORMATIVO #201

ambiental, com especial destaque para a valorização das áreas protegidas e da biodiversidade e aposta na eficiência energética. “Mas o Algarve está também mais inteligente, pois promoveu-se o ensino superior, apoiou-se a investigação, a ciência, a inovação e o desenvolvimento tecnológico, equiparam-se laboratórios e apoiou-se a interação entre a Universidade e o tecido empresarial”, frisou Francisco Serra, indicando que o Algarve está igualmente mais atrativo devido aos fundos comunitários que permitiram a valorização das frentes de mar, dos centros históricos e dos espaços públicos. “Apostou-se na regeneração urbana e na oferta de equipamentos desportivos e culturais e olhou-se especificamente para os territórios de baixa densidade”, salientou, 30


acrescentando que, no atual programa operacional regional, CRESC ALGARVE 2020, se está a privilegiar o apoio às empresas, ao conhecimento, à promoção da empregabilidade e do empreendedorismo e a valorização dos territórios e dos recursos endógenos.

UM OLHÃO DIFERENTE APÓS A ENTRADA NA UNIÃO EUROPEIA No entanto, se internamente se esbateram assimetrias, Francisco Serra notou que a Europa das regiões, sendo vasta e diversificada possui várias velocidades, movidas ao ritmo da percentagem em relação à média de um PIB per capita medido à escala europeia. “Os próprios conceitos de desenvolvimento regional ganham escalas, geografias e dimensões

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diferenciadas, mesmo no contexto de uma Europa desenvolvida, promotora de direitos, deveres e equidades. E, neste âmbito, urge não confundir diversidade e desigualdade”, avisou. “A aferição da coesão e equidade territorial e social, por via dos resultados e impactos gerados, coloca a tónica na grande importância e efetivo contributo dos fundos para o desenvolvimento regional atual e dos últimos 40 anos. Deste conjunto de reflexões deriva o desafio da maximização da utilização dos fundos europeus. Fazer mais (e melhor) com o mesmo ou com menos, fazendo uso da inovação para sermos mais eficazes e eficientes. Mas precisa-se igualmente de trabalho conjunto, concertação estratégica e territorial, para desenhar políticas públicas mais eficientes e impactantes no desenvolvimento dos territórios e junto das populações, na

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sua capacitação e qualidade de vida”, apelou Francisco Serra. Segundo o presidente da CCDR Algarve, os condicionalismos são muitos, desde a crise de valores europeus, à indefinição para um rumo mais alicerçado numa visão partilhada e à fragilidade de uma identidade europeia ainda em construção. “Neste quadro, o Algarve enfrenta desafios, que apenas uma orientação estratégica focada nos recursos endógenos, nas pessoas e no caráter distintivo da região, concertada com as oportunidades de financiamento disponibilizadas no âmbito dos Programas Europeus, conseguirá alavancar os desígnios de competitividade, de inovação, de valorização territorial, de qualificação e formação profissional, de inteligência e do conhecimento, que sustentam e promovem um real quadro de desenvolvimento regional. O Algarve, com os desígnios da inteligência e competitividade, que sirvam as pessoas, e as ALGARVE INFORMATIVO #201

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empresas, deve procurar associar-se ao desejável perfil de especialização assente nos setores que integram a nossa RIS3 (o Turismo, o Mar, a Saúde, a Energia, o Agroalimentar e as TIC e ICC) numa lógica de variedade relacionada”, sublinhou. Olhão é bem reflexo do que se pode alcançar quando se utilizam de forma correta os apoios comunitários, reconheceu António Miguel Pina após uma visita a várias obras da cidade. “Há um Olhão antes e um Olhão depois da adesão de Portugal à União Europeia, em que os meus antecessores aproveitaram, e muito bem, os fundos comunitários. Hoje esses fundos são menores do que no passado, mas continuamos a tentar aproveitar ao máximo aquilo que está ao nosso dispor, como atesta a requalificação da Avenida 5 de Outubro, a construção da Escola N.º 5 ou a reabilitação da Escola Paula 33

Nogueira, que vai agora para concurso”, exemplificou o Presidente da Câmara Municipal de Olhão. O edil esclareceu, porém, que a União Europeia não é apenas sinónimo de fundos comunitários, sendo também um processo de coesão e de paz. “Os mais novos felizmente já pouco se recordam disso, mas a Europa tem uma história de guerras contínuas e, nos últimos 60 anos, a Europa da União Europeia vive em paz, um legado que temos que deixar para as futuras gerações. Para tal, todavia, elas têm de continuar a acreditar no projeto europeu, votando e participando”, indicou o autarca olhanense. “Não existindo fronteiras físicas é possível esta integração entre os povos, podermos ir viver para outros países, ou cidadãos de outras nacionalidades virem viver para Portugal”, reforçou, reconhecendo, ALGARVE INFORMATIVO #201


entretanto, que se vive agora uma nova fase de investimento público com o apoio dos fundos comunitários. “Numa primeira fase tratou-se das infraestruturas enterradas, a água e saneamento; numa segunda fase foram os equipamentos coletivos, as escolas, os polidesportivos, os auditórios; nesta terceira fase ainda vamos investir mais de oito milhões de euros em escolas no concelho de Olhão, mas estamos sobretudo a adequar, reabilitar, modernizar o espaço público, o que depois induz também à requalificação do edificado, como temos assistido no próprio Centro Histórico de Olhão”, frisou António Miguel Pina. Ao longo do dia realizaram-se atividades dedicadas aos jovens, através do «Programa Jovem/Escolar: Eu e a Europa», em espaços como o Auditório Municipal, a Biblioteca Municipal José Mariano Gago, a Casa da Juventude ou a Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes. O «Programa para Todos», com o tema «O que a Europa faz por mim», contemplou ALGARVE INFORMATIVO #201

iniciativas nos Largos das Lendas, no Museu Municipal e no Largo da Restauração, ao passo que a zona ribeirinha de Olhão recebeu Zumba e Duo Double T, com coreografias e músicas de artistas europeus e que contaram com a colaboração da ASMAL - Fórum Sócio Ocupacional de Faro. A «Europa nas nossas montras» animou o comércio local, em parceria com a ACRAL e destaque ainda para a sessão «Ler a Europa», no Museu Municipal de Olhão - Edifício do Compromisso Marítimo, que incluiu a apresentação do livro «A crítica da razão europeia», com o autor António Covas. Durante todo o dia esteve patente neste espaço municipal a exposição «Pintar a Europa», que exibe trabalhos feitos por crianças sobre a Europa e, no Largo da Restauração, defronte do Museu, uma tela gigante convidou quem quisesse a pintar e/ou deixar o seu testemunho sobre o que é para si a Europa . 34


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POLO TECNOLÓGICO DO ALGARVE VAI CRIAR RIQUEZA, FOMENTAR A COESÃO TERRITORIAL E TORNAR A REGIÃO MAIS COMPETITIVA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Rogério Bacalhau, Paulo Águas, Manuel Heitor, Maria do Céu Albuquerque e Francisco Serra

oi publicamente apresentado, no dia 4 de maio, no Campus da Penha da Universidade do Algarve, em Faro, o futuro Polo Tecnológico do Algarve, numa cerimónia que contou com a presença do Ministro da ALGARVE INFORMATIVO #201

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e da Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Maria do Céu Albuquerque. O Polo Tecnológico do Algarve pretende ser um foco de atração de empresas, de cariz regional, nacional e internacional, alinhado com a Estratégia de 38


Desenvolvimento Regional do Algarve RIS3 e com os objetivos propostos pelo PO Algarve, procurando captar um número significativo de empresas com atividade instalada, com relacionamento privilegiado com a academia algarvia e responsáveis por um crescente volume de negócios dirigido à exportação. Desempenhando conjuntamente funções de Centro de Valorização e Transferência de Conhecimento e Parque de Ciência e Tecnologia, o Polo vai procurar agregar competências destinadas ao desenvolvimento tecnológico e à inovação em setores de atividade económica com expressão consolidada ou emergente no Algarve, nomeadamente as TICE, a Saúde e Bem-Estar e a Energia. Para tal será necessário um investimento global de 5 milhões, 428 mil e 571,42 euros, com cofinanciamento pelo FEDER de 3 milhões 39

e 800 mil euros e autofinanciamento da Universidade do Algarve de 1 milhão, 628 mil e 571,43 euros. E a operação está sobretudo orientada para adaptar e expandir espaços existentes, garantindo as condições adequadas para um funcionamento integrado de um tecido empreendedor já numeroso, englobando as diversas valências das TICE e propiciando a execução de projetos intersectoriais, assente na valorização e transferência de conhecimento, no acolhimento de empresas e na interação com as unidades de investigação da Universidade do Algarve, potenciando assim a criação de novas empresas de base conhecimento. A área infraestruturada para acolhimento de empresas será de 6.134 metros quadrados, dos quais 5.360 ALGARVE INFORMATIVO #201


João Guerreiro

metros quadrados integram o Parque de Ciência e Tecnologia (ALGARVE TECH HUB – 4.495 metros quadrados) no Campus da Penha e o Centro de Valorização e Transferência de Conhecimento (Centro de Simulação Clínica – 865 metros quadrados) no Campus das Gambelas. E Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve, não tem dúvidas de que este projeto será determinante para o desenvolvimento da Academia e terá um forte impacto na economia. “Se em Gambelas se trata de um espaço livre, o último andar da ala de um edifício ocupado pelo Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina, aqui no Campus da Penha estamos perante um espaço com uma ocupação superior a 50 por cento, sendo o piso 0 totalmente preenchido pelo Curso de Artes Visuais”, começou por dizer na sessão de ALGARVE INFORMATIVO #201

apresentação pública do Polo Tecnológico do Algarve. Paulo Águas destacou o papel determinante de Francisco Serra, Presidente da CCDR Algarve, uma vez que, “sem a abertura do aviso, um processo complexo que lhe exigiu forte empenhamento, não seria possível estarmos hoje aqui”. “Tratando-se de uma iniciativa alinhada com a Estratégia de Desenvolvimento Regional do Algarve e com os objetivos propostos pelo PO Algarve, só poderia merecer, naturalmente, todo o compromisso e mobilização da CCDR Algarve. A região agradece. Aberto o aviso, foi tempo de preparar a candidatura e não se trata de compra de equipamento, mas essencialmente de obra, de 40


adaptação e extensão de espaços existentes”, esclareceu o Reitor da Universidade do Algarve, fase em que foi decisivo João Rodrigues, Pró-Reitor para a Transferência e Inovação. “João, desenvolveste um trabalho excecional, muito obrigado. Os agradecimentos são extensivos a todos os que trabalharam contigo. Obrigado Hugo Barros, o nosso Chefe da Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia, mais conhecida por CRIA. Obrigado Ana Paula Ferreira, a nossa Diretora dos Serviços Técnicos. Apresentem às vossas equipas o meu profundo agradecimento”, pediu o responsável máximo da academia algarvia. Numa autêntica estafeta o testemunho passa depois para o Administrador António Cabecinha para execução da empreitada e Paulo Águas está convicto de que, terminada a obra, nada será como 41

dantes. “A flexibilidade do projeto, em termos de solução arquitetónica, pode vir a permitir que mais de 300 pessoas trabalhem no ALGARVE TECH HUB, a esmagadora maioria das quais, senão mesmo a totalidade, com formação superior. Mas o principal benefício para a universidade será a interação obrigatoriamente estabelecida com as empresas, quer em projetos educativos, quer em projetos de investigação”, considerou o Reitor, acreditando que o ALGARVE TECH HUB será um instrumento decisivo para aprofundar a terceira missão das instituições de ensino superior – a interação com a sociedade – tendo por base a investigação e o ensino. “Irá contribuir para a criação de riqueza, para o aumento do emprego qualificado, para a diversificação do tecido económico regional, para a ALGARVE INFORMATIVO #201


inovação pedagógica e criação de conhecimento, para a coesão territorial e competitividade do Algarve. Irá dar-nos condições para trabalharmos mais, para fazermos melhor, para cumprirmos a nossa missão”, enfatizou.

SAÚDE, TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E ENERGIA DE MÃOS-DADAS De acordo com Francisco Serra, o Polo Tecnológico do Algarve representou igualmente um marco importante na conclusão das negociações com a União Europeia no que diz respeito ao PO Algarve, devido às especificidades do projeto. “Face aos regulamentos e ALGARVE INFORMATIVO #201

definições não encaixava perfeitamente na tipologia da ação que estava prevista ser financiada por fundos comunitários. Conseguiu-se dar um passo muito importante na concretização de um objetivo de décadas do Algarve. A inovação é uma questão estratégica para toda a Europa, para Portugal e, sobretudo, para o Algarve, porque temos ainda muito que fazer, e de forma intensiva, para atingirmos os padrões a que nos comprometemos”, referiu o Presidente da CCDR Algarve, lembrando que esta candidatura teve uma taxa de apoio ligeiramente superior ao que é habitual para o Algarve, isto é, de 70 por cento. “Este investimento é uma 42


de vida, maior rendimento e maior desenvolvimento total”.

oportunidade única para canalizar fundos comunitários para a construção de um Polo Tecnológico que desempenhe conjuntamente as funções de Centro de Valorização e Transferência de Tecnologia e Parque de Ciência e Tecnologia e que contribua, de modo inequívoco, para a implementação de um ecossistema de inovação na região, promovendo uma maior relação entre a universidade e o tecido empresarial. Certamente que no próximo Quadro Comunitário de Apoio a exigência para a inovação será ainda maior e essa é também a via inevitável para conseguirmos dar o salto para uma economia mais sustentável e amiga do ambiente, que permita maior qualidade 43

Num dia especial para a Universidade do Algarve mas, acima de tudo, para o Algarve, Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro, reconheceu que “nem todos acreditaram que se conseguisse concretizar algo que começou a ser pensado há mais de 15 anos, ou seja, a constituição de um polo recnológico regional, de matriz académica, com uma forte componente pedagógica e de investigação, capaz de fixar empresas de cariz regional, nacional e internacional”. “Não estou certo de que tenhamos sido os mais céleres a dar os passos decisivos, mas tivemos tempo para pensar bem no que estamos a realizar. Tudo foi estruturado e pensado de forma cuidadosa e há que saudar calorosamente todos os intervenientes neste processo, que desde a primeira hora acreditaram que este desígnio era fundamental para a afirmação do conhecimento e da economia da nossa região”, salientou o edil farense. Rogério Bacalhau declarou que Faro está a cinco minutos do mar e de todas as vias de comunicação, possui uma qualidade de vida ímpar, uma academia pujante, belezas naturais sem fim, um custo de vida bastante apreciável e o clima mais temperado da Europa. “Quem pode rivalizar com esta proposta de valor? Muito poucos, certamente. Em Faro e no Algarve sempre estivemos conscientes daquilo que o nosso território tem para ALGARVE INFORMATIVO #201


oferecer e por isso acreditamos desde o início que este projeto iria singrar, pois ele é determinante para podermos catapultar o desenvolvimento da região para outros níveis que a especialização e o cluster do turismo, só por si, não conseguem assegurar”, defendeu. “Não esmorecemos com as muitas dificuldades encontradas, não fomos abaixo com as mudanças de rumo, nem com algumas manifestações de descrença que nos foram sendo apresentadas. Fomos em frente, trabalhamos para mobilizar vontades, para arregimentar massa crítica, para motivar os nossos pares. Caminhamos e participamos entusiasticamente em todas as parcerias que nos afirmam como ALGARVE INFORMATIVO #201

um espaço da economia da inovação, da tecnologia e da inteligência territorial”, acrescentou o Presidente da Câmara Municipal de Faro. A apresentação formal do Polo Tecnológico do Algarve coube a João Guerreiro, antigo Reitor da Universidade do Algarve e atualmente Coordenador Científico do CRIA, que declarou que este projeto não conclui um processo de valorização do conhecimento produzido pela universidade e a sua transferência para o mundo real. “É um projeto que lança pistas para o futuro e que é uma alavanca poderosa nos desígnios da Universidade do Algarve e das empresas que connosco têm feito este 44


percurso”, distinguiu. “O Polo Tecnológico do Algarve orientará a sua atividade para a conceção e execução de projetos que promovam capacidade de investigação e de desenvolvimento tecnológico, sempre em três componentes: saúde, tecnologias de informação e energia. Na saúde, o objetivo é criar uma infraestrutura capaz de ser utilizada por empresas e ser um ninho de empresas na área das ciências biomédicas. As parcerias realizadas com empresas de tecnologias de informação e de comunicação resultarão em estágios, formações avançadas, projetos de investigação em consórcio e projeção internacional do que se faz no Algarve. Na parte da energia, por via do projeto cinegético com a comunidade da Ilha da Culatra, atraíram-se várias empresas nacionais e internacionais que ali vão investir”, descreveu João Guerreiro.

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APOSTAR EM NICHOS DE EXCELÊNCIA Depois da assinatura de memorandos de entendimento com perto de duas dezenas de empresas e entidades do ecossistema, a Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional afirmou estar nesta data em Faro para celebrar uma das estratégias da Europa para um crescimento inteligente, “que não é mais do que basear a nossa economia num conjunto de pressuposto, do conhecimento, da inovação, da sustentabilidade, onde queremos usar de forma cada vez mais eficiente os recursos que possuímos e respeitar a ecologia do próprio ecossistema”. “Queremos uma economia mais competitiva e inclusiva onde todas e

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todos tenham o seu papel e que, com isso, possamos ter níveis mais elevados de emprego e, com isso, possamos convergir para um patamar de desenvolvimento social e territorial promissor daquilo que os nossos cidadãos têm por direito”, salientou Maria do Céu Albuquerque. Valorizar o território que passa, na opinião da governante, por aproveitar as oportunidades e os recursos endógenos, ultrapassar as debilidades e criar estratégias que sirvam as regiões, o país, a Europa e, acima de tudo, as pessoas. “O Parque Tecnológico do Algarve não é uma realidade que tenha nascido agora para fazer face a uma candidatura a fundos europeus, acompanho este processo desde 2005, mas agora afinou a sua estratégia em função de uma especialização inteligente, de uma estratégia regional, nacional e europeia. Não podemos continuar a fazer «mais do mesmo», temos que apostar em nichos de excelência e colocar o potencial maior que temos – as pessoas – ao serviço desta estratégia”, defendeu, avisando que, sem uma estratégia correta, vai-se continuar a colocar os ovos nos cestos errados. “Falávamos, até há bem pouco tempo, de um sistema de desenvolvimento em tripla hélice, juntando-se o conhecimento às instituições públicas e ao setor empresarial, mas este modelo caducou. Hoje existe uma outra hélice, as pessoas, que são o princípio e o fim desta estratégia, daí a necessidade de trabalharmos em rede”. Maria do Céu Albuquerque lembrou ainda que os fundos comunitários do ALGARVE INFORMATIVO #201

presente Quadro de Apoio poderão ser executados até 2023, para concluir os investimentos atualmente em curso, mas outros que ainda seja possível alavancar. “Mas estamos obrigados a preparar-nos para o próximo ciclo de investimento, alicerçado numa estratégia europeia que começa em 2021. Por isso, o grande desafio neste momento é olhar para cada uma das estratégias regionais e avaliá-la para saber se foram cumpridos os objetivos, metas e indicadores préestabelecidos. E todos sabemos que as condições à cabeça que estiveram na contratualização para os fundos europeus deste ciclo de investimento eram completamente diferentes do cenário que temos agora pela frente”, referiu a Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional. Já Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, enalteceu o modo como os fundos comunitários podem ser usados para estimular o conhecimento e, com ele, a sua valorização em termos de criação de emprego. “Trazer empresas para dentro dos campus universitários e abri estes à cooperação com os empregadores é uma estratégia de modernidade do qual o Polo Tecnológico do Algarve é particularmente simbólico. Mais coesão, mais competitividade e mais convergência só podem ser alcançadas com mais conhecimento”, garantiu, frisando que a abertura do acesso ao conhecimento é particularmente revelante nos tempos que correm, mas há que incrementar também a participação ativa de todos nesse 46


conhecimento e de, por via dele, se criar mais emprego. “Se hoje, em Portugal, quatro em cada 10 jovens de 20 anos participam ativamente no ensino superior, o que coincide com a média europeia, queremos que, em 2030, esse rácio aumente para seis em cada 10 jovens, o que passa por uma estratégia clara de apoio ao alojamento e de reforço dos apoios sociais”, indicou o Ministro. A modernização do próprio Ensino Superior é outro desafio para as instituições, sobretudo no que toca à sua diversificação e especialização. “Sem o reforço claro do ensino politécnico em todo o país, não vamos conseguir diversificar, de uma forma séria, o nosso 47

Ensino Superior, nem envolver os tais seis em cada 10 jovens de 20 anos”, entende Manuel Heitor, não esquecendo a importância da simbiose entre ciência, educação, inovação e emprego com mais investigação, mas também da internacionalização das academias e empresas portuguesas. “Queremos uma Europa com mais Portugal e um Portugal com mais Europa. O Ensino Superior deve ser uma alavanca para a internacionalização das empresas que estão na sua proximidade, mas também uma forma das empresas, por via da internacionalização das instituições, acederem a novos mercados” . ALGARVE INFORMATIVO #201


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LAGOS VIAJOU NO TEMPO ATÉ AO SÉCULO XV DURANTE O X FESTIVAL DOS DESCOBRIMENTOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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e 1 a 5 de maio, Lagos voltou a vibrar com a realização de mais um Festival dos Descobrimentos, numa autêntica viagem ao passado que reviveu cronologias, gentes e ambiências do período das Descobertas, época em que o Algarve, e este concelho em especial, desempenharam uma particular preponderância. A décima edição deste evento teve como tema «Os 600 anos da Descoberta da Ilha da Madeira», arquipélago constituído pelas ilhas do Porto Santo e da Madeira, esta última descoberta, em 1419, pelos navegadores João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo, fazendo parte da sua tripulação muitos mareantes oriundos de Lagos. ALGARVE INFORMATIVO #201

O Festival dos Descobrimentos é um evento âncora do Município de Lagos e, como tal, o investimento foi forte para proporcionar dias com muita animação, recriações históricas, exposições, visitas comentadas e, claro, a Feira Quinhentista, que ocupou, de 3 a 5 de maio, a Praça do Infante e o Jardim da Constituição. Mas o programa começou logo no dia 1 de maio com duas visitas comentadas, uma sobre o tema «As Caravelas de Lagos e o Cais das Descobertas», a outra sobre «A Casa da Guiné e as Alfândegas de Lagos». No dia 2 de maio realizou-se uma conferência sobre os 600 anos da Descoberta da Ilha da Madeira, nos Antigos Paços do Concelho, com os oradores convidados José Manuel Pereira e João Abel da Fonseca. 52


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João Abel da Fonseca centrou a sua comunicação em Gaspar Frutuoso, um sacerdote humanista que viveu no séc. XVI em Ponta Delgada e que foi um precursor do estudo da região, escrevendo as famosas «Saudades da Terra», obra composta por seis livros, sendo o livro II dedicado ao descobrimento da Ilha da Madeira. O manuscrito, contendo um repositório de preciosas informações sobre a geografia, a botânica, a toponímia, a história e demais aspetos que caracterizam aquele território, esteve perdido durante algum tempo, pois após a morte do seu autor ficou na posse dos jesuítas em Ponta Delgada e, quando estes foram expulsos de Portugal pelo Marquês de Pombal, parte dessa biblioteca foi adquirida por particulares. O documento só havia de ser editado pela primeira vez em 1873. Na sua ALGARVE INFORMATIVO #201

intervenção, João Abel da Fonseca destacou vários outros autores que nos séculos XV e XVI escreveram sobre a Madeira, trabalhos esses que tendo tido muitas traduções fizeram com que a história do «achamento» (primeiro contacto; precedia o descobrimento) e do «descobrimento» (posterior ao achamento, consistia em registar pormenorizadamente como é que se vai e se vem de determinado lugar anteriormente achado) da Ilha da Madeira fosse mais conhecida noutros países europeus do que propriamente em Portugal. José Manuel Pereira, por sua vez, apresentou a comunicação «A Redescoberta da Madeira e as navegações anteriores e futuras», afirmando que, para se compreender a história dos Descobrimentos, é importante conhecer os mares, as marés e os ventos, assim 54


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como os meios técnicos então existentes. Relembrou que as primeiras viagens foram feitas com cartas náuticas muito rudimentares, a maior parte das quais em branco, preparadas para registar informação à medida que a exploração dos mares se fazia. No seguimento da conferência, foi inaugurada a exposição documental «Lagos e os 600 Anos da Descoberta da Ilha da Madeira» que, percorrendo a geografia e a titularidade da Ilha da Madeira expressa nalguns elementos iconográficos conhecidos dos investigadores, inclui também documentos fac-similados e transcritos, com destaque para um dos Capítulos Gerais apresentado nas Cortes de Santarém de 1451, onde surge pela primeira vez a menção da Ilha da Madeira como titularidade toponímica nas Cortes ALGARVE INFORMATIVO #201

Quatrocentistas, bem como o primeiro Contrato de Açúcar celebrado entre o Infante D. Henrique e Diogo de Teive em Albufeira (1452), que estabelece a implantação do primeiro engenho de açúcar na ilha. Maria Joaquina Matos enquadrou a iniciativa no X Festival dos Descobrimentos e destacou o papel essencial da comunidade escolar na construção deste grande evento de animação e recriação histórica, recordando que o mesmo teve a sua origem num projeto educativo. A Presidente da Câmara Municipal de Lagos referiu também o papel importantíssimo de Lagos na história do país, em particular nos séculos XV e XVI, o qual importa conhecer e promover através de várias iniciativas, estando para esse efeito prevista a instalação ainda este ano, no Edifício dos Antigos 56


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Paços do Concelho, do Fórum dos Descobrimentos, uma estrutura que, retomando o trabalho anteriormente realizado pela já extinta Comissão Municipal dos Descobrimentos, irá dinamizar um conjunto de atividades que incluirão debates, exposições, ciclos de conferências, publicação e apresentação de edições, assim como disponibilização de documentação sobre a temática. Quanto à Feira Quinhentista, cada dia foi subordinado a um tema, «A Partida», «O Deslumbramento» e «O Ouro Branco», respetivamente, durante os quais aconteceram várias recriações históricas e atuações de teatro, dança e música. Na abertura do evento, como é habitual, teve lugar um colorido e animado cortejo constituído por alunos, professores e comunidade escolar, em estreita articulação com o movimento associativo 59

concelhio e os grupos de recriação histórica. Com mais de dois mil figurantes, a iniciativa envolveu os participantes e os visitantes numa viagem de regresso a um dos períodos áureos da história portuguesa e à chegada dos navegadores e das suas comitivas que, em tempos, percorriam as ruas da cidade histórica de Lagos, representando a sociedade da época trajados à moda do Século XV. O evento contou igualmente com outros polos de animação, nomeadamente a Caravela Boa Esperança, o Forte Ponta da Bandeira ou o Centro Ciência Viva de Lagos, onde o visitante teve a oportunidade de participar em experiências únicas ligadas a este período histórico e à identidade de Lagos dos Descobrimentos . ALGARVE INFORMATIVO #201


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LOULÉ ENCHEU-SE DE FIÉIS PARA ACOMPANHAR A SUBIDA DA MÃE SOBERANA AO SEU SANTUÁRIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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oulé celebrou, no dia 5 de maio, mais uma Festa da Mãe Soberana, em honra da sua Padroeira, a Nossa Senhora da Piedade, naquela que é considerada a maior manifestação religiosa a Sul de Fátima. E, de facto, muitos milhares de visitantes acorreram à cidade, não só fiéis, mas também muitos turistas, que desejaram testemunhar este quadro ímpar, sobretudo a reta final da procissão, a subida ao Santuário da Mãe Soberana. Depois da Festa Pequena, que teve lugar no Domingo de Páscoa, 21 de abril, quando a imagem da Padroeira desceu à cidade para permanecer durante duas semanas na Igreja de S. Francisco, assistiuse desta feita ao momento alto das festividades, com o primeiro momento ALGARVE INFORMATIVO #201

religioso a registar-se pelas 11h, com a celebração de uma eucaristia na Igreja de S. Francisco, transmitida em direto pela TVI. Logo depois, a imagem de Nossa Senhora da Piedade saiu em procissão para o Largo do Monumento Eng.º Duarte Pacheco, acompanhada pela Sociedade Musical de Instrução e Recreio Aljustralense SMIRA, onde se realizou a Celebração Mariana. A missa campal a meio da tarde foi presidida pelo Bispo Emérito do Funchal, D. António Carrilho, junto ao Monumento Eng.º Duarte Pacheco, após a qual se deu o arranque da grande procissão que percorreu as principais ruas da cidade de Loulé, acompanhada pela Banda Filarmónica Artistas de Minerva. A procissão litúrgica encerrouse no Largo de S. Francisco, antes da derradeira subida para o Santuário, fase 64


em que os oito Homens do Andor assumem um particular protagonismo. Vestidos de calças e opas brancas, acompanhados por dois tochas, venceram a íngreme ascensão, ao ritmo acelerado da música da Banda Filarmónica Artistas de Minerva e acompanhados bem de perto pela população em êxtase e a exibir-se em manifestações verdadeiramente sentidas. A escalada do caminho que dá acesso ao altar da Nossa Senhora da Piedade é um documento espantoso da fé cristã nesta terra. Ao esforço gigantesco dos homens que transportam a Virgem alia-se a força espiritual dos muitos fiéis que, em vivas à Nossa Senhora, em passo vivo e na cadência musicada dos homens da banda, foram «empurrando», no calor da fé e calçada acima, o pesado andor da padroeira . 65

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Um Festival com pernas para andar

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A pacata aldeia do Ameixial voltou a ser o centro das atenções durante os dias 26 a 28 de abril, com a realização do WFA – Walking Festival Ameixial, um festival de caminhadas que trouxe meio milhar de inscritos de todas as idades e que deu outra vida à serra algarvia.

Texto: Vico Ughetto | Fotografia: Vico Ughetto

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á vai na sétima edição e claramente é um festival de referência no panorama das caminhadas, uma atividade que vai granjeando adeptos e praticantes de forma crescente e que se afirma também como uma opção turística e de desenvolvimento de territórios do interior ou de zonas com menos apetência turística de massas. Em alternativa, as caminhadas são também uma forma de complementar um turismo mais focado no lazer à beira-mar. A prova disso é que tem surgido várias empresas e guias dedicados a este novo mercado turístico. A aposta está aí e nota-se. Na edição do ano passado, esteve presente um dos responsáveis do Turismo de Portugal, especialmente dedicado ao Turismo de Natureza, a designação mais ampla e da qual as caminhadas ou percursos ALGARVE INFORMATIVO #201

pedestres são um dos principais pilares de apoio. O Turismo do Algarve já está a fazer esta aposta, não só ancorado no Turismo de Portugal e na dinâmica nacional que ele aporta, mas também a nível regional, como lhe compete. É um dos claros e fortes apoiantes do WFA e um dos parceiros do AWS - Algarve Walking Season, um projeto liderado pela Cooperativa QRER – que igualmente organiza o WFA – e cujo mote é promover e integrar os três principais festivais de caminhadas do Algarve num único calendário e promoção. O WFA é obviamente um deles, sendo os outros dois o Festival de Caminhadas de Alcoutim e Sanlucar (março) e o Barão de S. João Walk & Art Fest (novembro). Esta promoção integrada é pioneira e poderia ser uma ideia para muitos 74


Otília Pereira e José Luísa (centro) com Marco Santos e Susana Martins, da Barroca produtos culturais e turísticos, os coordenadores do workshop 75

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José Carrusca (esq.) foi o guia local da marcha noturna, ao lado de João Ministro da Proactivetur, um dos rostos do evento ALGARVE INFORMATIVO #201

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O presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, participou numa caminhada temática, aqui ao lado de Dália Paulo, Diretora Municipal

eventos, que se digladiam entre si sem necessidade. Em feiras e promoções nacionais e internacionais, surge a marca AWS a promover três eventos na região, sob o mote «Algarve, uma região para caminhar todo o ano». O que faz muito sentido de um ponto de vista comunicacional e de otimização de meios. Aliás, é nesta vertente de cooperação que o ano passado a organização do WFA convidou os promotores do Walking Weekend – realizado na Pampilhosa da Serra – para intercâmbio de contactos e partilha de conhecimento. Este ano, a aposta foi mais longe com uma comitiva de Cabo Verde, da organização do Meetup Trekking, um Festival que decorre de 15 a 17 de novembro e que tem por mote «São Nicolau, o tesouro mais bem guardado de Cabo Verde». Esta rede informal de promoção de festivais internacionais abrange ainda o Gran Canaria Walking Festival (Canárias), aos quais se irá juntar 77

brevemente a comarca de Lérida nos Pirenéus (Catalunha). As condições climatéricas estiveram de feição para a organização e participantes. A chuva da semana anterior e o tempo fresco seguraram o pó e, o mais importante, deram vida à Serra, com as estevas e a profusão de coloridas flores e verdejantes ervas, a palpitarem pelas encostas serranas. Ao mesmo tempo, trouxe alguma água extra para as ribeiras e um caudal mais generoso para o rio Vascão e muitas das ribeiras e riachos que derivam do seu nome numa terminologia muito algarvia, como é exemplo o Vascanito. Por curiosidade, refira-se que o Vascão é o rio mais longo português, no sentido de não ter interrupções artificiais (barragens, etc.) durante o seu percurso. Apesar de o WFA ter um arranque morno no dia 26, servindo a parte da tarde para organizar a receção e afinar ALGARVE INFORMATIVO #201


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Escrita do Sudoeste foi tema de atividades

as inscrições, este ano teve a inovação de um peddy-papper, organizado por alunos da ESEC da Universidade do Algarve, no curso de Desporto. Digamos que foi para abrir o apetite para o jantar, porque à noite houve lugar para o tradicional percurso noturno pelo Ameixial, desta feita liderado pelo próprio presidente da Junta do Ameixial, José Carrusca. No final dos quase sete quilómetros de caminhada sob um céu exemplarmente estrelado que a Serra proporciona, o regresso à base no Salão de Festas trouxe uma surpresa saborosa com umas tibornas e umas costas doces, tudo caseiro e feito na hora no forno comunitário da Aldeia pelo Renato Leote, que tem a paixão pelas massas caseiras feitas à moda tradicional e que este ano lhe saíram divinalmente bem. Há quem diga que foi da caminhada que 79

abriu o apetite, mas não custa nada dar crédito ao padeiro de serviço. O Festival assume-se cada vez mais também como um momento familiar e de convívio. Há inúmeras atividades para crianças e jovens que vão para além das caminhadas, com vários ateliers e percursos dedicados à exploração da natureza e da fauna. Da parte da tarde, no sábado, é o momento de descanso e de atividades paralelas que vão desde o ioga, às palestras e workshops, sobre temas úteis aos caminhantes como por exemplo: preparar snacks saudáveis. Todo o evento tem um mote geral que é a escrita do sudoeste, ainda não decifrável e uma das primeiras manifestações escritas da península ibérica, remontando da idade do ferro e ALGARVE INFORMATIVO #201


Já é um clássico a foto de grupo com todos os participantes e guias

cujos vestígios foram encontrados na serra algarvia em variadas estelas. Foram inclusive os carateres desta escrita que inspiraram o logotipo do WFA, pois é notória a semelhança visual de alguns deles com o nosso alfabeto. Este ano, o Festival alargou o seu conceito, passando a integrar uma vertente ainda mais ecológica, com a ALGARVE INFORMATIVO #201

inclusão de um saco de pano e um copo de barro no kit de inscrição, evitando criar resíduos supérfluos com a passagem do evento. Associado a isto, a organização voltou a dinamizar transportes coletivos com a ajuda da Câmara Municipal de Loulé, e lançou um manifesto que apela à sensibilização ambiental, tendo promovido, pela primeira vez, duas caminhadas 80


designadas por «plogging», que resultam da conjugação da palavra pick up litter e jogging, uma modalidade com origem na Suécia e que procura aliar a atividade física ao ato ecológico de apanhar o lixo ao longo do percurso. O guia do evento referiu, no final, que nos caminhos mais interiores a quantidade de lixo era muito residual, mas que junto à EN2 era notória a presença de objetos, sobretudo garrafas e 81

latas de bebidas, deitadas essencialmente por veículos que circulam ao longo da agora famosa EN2, que atravessa o Ameixial e que tem sem dúvida visto aumentar o tráfego turístico nos últimos anos. Pena é a falta de sensibilidade ambiental, que o plogging pode minimizar, mas não corrigir. ALGARVE INFORMATIVO #201


Alita Dias de recém-criada Associação de Turismo de S. Nicolau, apresentou a segunda edição do «festival irmão» do WFA em Cabo Verde ALGARVE INFORMATIVO #201

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Palheiro Circular típico da Serra Algarvia viu a cobertura recuperada graças ao WFA

Um dos workshops mais originais do evento foi sem dúvida a recuperação da cobertura de um palheiro circular de pedra, uma construção típica que se encontra muito na serra algarvia, mas que vai perdendo espaço para outras soluções menos etnográficas. A ideia surgiu pela utilização regular que os donos ainda fazem do espaço para a guarda de forragens animais e também pelo espírito do Festival de em cada evento, deixar uma marca e um contributo para a valorização da cultura local, do património e do bemestar da população. Apesar de os donos saberem trabalhar os materiais, o problema está em ter acesso a eles, pois a palha usada não pode ser uma qualquer. Tem que ser de centeio (mais duradoura) e apanhada à mão. Antigamente era fácil por estas bandas, 83

esta teve que ser vir de Covelas (Porto) e das esteiras que foram produzidas foi efetuada a cobertura do palheiro, dando novamente utilidade ao palheiro localizado na Corte d’Ouro. Para o ano já está na ideia desenvolver o ciclo do centeio, uma cultura cerealífera com tradição, mas que tem perdido muita expressão. São três dias que ficam na memória, sobretudo para aqueles que puderam usufruir de percursos fantásticos pela serra e que conviveram com a população local, ainda uma sólida representante do bem receber das gentes algarvias. Este turismo de natureza não dá para grandes negócios, mas é uma ajuda e promove de forma responsável, dignificando e reconhecendo o território tal como ele é, e de forma sustentável. ALGARVE INFORMATIVO #201


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TEATRO DAS FIGURAS ESGOTOU PARA OUVIR O NOVO DISCO DE SALVADOR SOBRAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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ão foi surpresa a rapidez com que a lotação esgotou para se assistir ao concerto de Salvador Sobral no Teatro das Figuras, em Faro, no dia 3 de maio, em mais um espetáculo inserido no festival «Os Dias do Jazz». A vida do cantor mudou por completo desde que venceu, em 2017, o Festival da Eurovisão da Canção, em Kiev, na Ucrânia, naquele que constituiu um marco histórico para Portugal. E no mesmo ano já o seu álbum de estreia, «Excuse Me», foi o disco de jazz mais vendido no país. Em 2018, Salvador Sobral regressou aos palcos portugueses para concluir a digressão de «Excuse Me», a que se somaram mais uma dezena e meia de salas esgotadas na vizinha Espanha, onde atuou para cerca de 13 mil espectadores. Por isso, quando se soube que estava na forja um novo disco, «Paris, Lisboa», os seus fãs foram ao rubro um pouco por todo o globo, com uma tournée agendada que o vai levar a países como a Polónia, Alemanha e Suíça, para além do icónico Palau de la Música Catalana, em Barcelona. Antes disso, porém, foram os algarvios que tiveram o privilégio de assistir ao vivo a «Paris, Lisboa», no Teatro das Figuras, numa sexta-feira escaldante onde o irreverente e super talentoso artista se fez acompanhar em palco com os seus companheiros de sempre, Júlio Resende no piano, André Rosinha no contrabaixo e Bruno Pedroso na bateria. E a que bela noite de jazz se assistiu… . ALGARVE INFORMATIVO #201

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LEFEUVRE, DEMESTRI E RONTINI LEVARAM AO CAPa UM ESPETÁCULO DESARMANTE E PROFUNDAMENTE HUMANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina 99 99

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festival Encontros do DeVIR aproxima-se do seu término, com o penúltimo espetáculo a ir a palco, no dia 4 de maio, no CAPa – Centro de Artes Performativas do Algarve, em Faro. Um espetáculo estonteante constituído por dois solos e um dueto no qual se assistiu a um dos mais destacados bailarinos da cena europeia e a um intérprete com uma performance capaz de desconstruir a ideia de corpo, de eficácia e de diferença. No solo «monoLOG», Samuel Lefeuvre colocou o intérprete como médium entre o público e os fenómenos obscuros que este não consegue identificar sozinho. Inspirado na personagem «Log Lady» da série Twin Peaks de David Lynch, o belga apresenta-se como um oráculo moderno, ALGARVE INFORMATIVO #201

lutando com as suas próprias obsessões e expectativas do público, que eventualmente o levam a um transe durante o qual forças ocultas parecem manipular o seu corpo até a um ponto de rutura. Seguiu-se Aristide Rontini com «It moves me #», um solo inspirado na água enquanto elemento de purificação, energia, fluxo, morte e renascimento, na sua aptidão de mudar de estado físico, e nos estudos de Masaru Emoto sobre a sua capacidade de registar vibrações. Finalmente, um dueto de Samuel Lefeuvre e Florencia Demestri, «Event», uma peça originalmente criada para espaços não convencionais que usa a figura de um sem-abrigo para questionar o lugar que cada um de nós ocupa na sociedade e a relação que temos com pessoas marginais, que não seguem as mesmas regras que nós . 100


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MANHÃS DA RÁDIO COMERCIAL COLOCARAM TEATRO DAS FIGURAS EM ÊXTASE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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s bilhetes voaram num instante e também num instante se instalou a boa-disposição no Teatro das Figuras, na noite de 4 de maio, com a ida a cena de «Faro In The Night»… que é como quem diz, o programa matinal da Rádio Comercial, mas agora num formato mais amplo, ao vivo e a cores, com as vozes de Vera Fernandes, Nuno Markl, Pedro Ribeiro, Vasco Palmeirim e Ricardo Araújo Pereira, mas também, claro, os corpos dos famosos radialistas que animam o começo do dia de milhões de portugueses. ALGARVE INFORMATIVO #201

A Rádio Comercial comemora, em 2019, 40 anos de existência e, para assinalar a data, está a levar um espetáculo inédito a salas de todo o país. Não é um «Christmas in the night» como já sucedeu noutros anos, mas sim um misto de programa de rádio e concerto com algumas das músicas que normalmente são difundidas entre as 7 e as 10 da manhã, mas também com rubricas como «O Homem que Mordeu o Cão», de Nuno Markl, e a interação de Ricardo Araújo Pereira com o público. E, como seria de esperar, foi a loucura completa na principal sala de espetáculos de Faro . 112


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Motocross voltou a animar Cortelha Texto: Daniel Pina | Fotografia: Ruben Policarpo

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Circuito de Motocross Algar, na Cortelha, em plena Serra do Caldeirão, acolheu, no dia 5 de maio, 120 pilotos que percorreram os 1.700 metros do traçado algarvio debaixo de um sol arrebatador e com muito público a aplaudir. As competições tiveram início a meio da manhã com os Infantis, depois de já terem decorrido os treinos de qualificação das outras classes, casos da 85 CC, Senhoras, Clássicas, MX1 e MX2. Neste regresso da Associação dos Amigos da Cortelha às organizações de provas de Motocross, com a 4.ª jornada do Campeonato Centro/Sul de Motocross, foi o piloto da KTM Leonardo Gaio a vencer a 127

classe de Infantis, onde competem pilotos com idades compreendidas entre os 5 e os 12 anos. Na classe de 65 CC, o vencedor foi o algarvio Guilherme Rocha, que correu com Husqvarna. Nas motos de 85 CC, a vitória sorriu a Ruben Ribeiro da KTM. Em Senhoras, a piloto de Sesimbra, Bruna Antunes, da KTM, levou de vencida a segunda classificada Alba Lopez em Yamaha. Na 3.ª posição ficou a piloto do Team Motoclube Loulé Concelho, Mariana Pereira. Com o objetivo de trazer à memória dos amantes da modalidade a história do motocross, correram também no circuito do concelho de Loulé as Clássicas, motos que já foram no passado muito competitivas e que demonstraram no traçado da Cortelha que ainda gostam de dar uns saltos. ALGARVE INFORMATIVO #201


Nesta classe o pódio falou algarvio, pois o primeiro lugar coube ao piloto do Moto Clube de São Brás de Alportel, Marcos Morais (Honda), na 2.ª posição ficou o piloto do Team Motoclube Loulé Concelho, Domingos Cabrita, que correu numa «velhinha» Casal, e no último lugar do pódio ficou o piloto do Moto Clube de Faro, Jorge Pinela, em Suzuki. As corridas mais disputadas da tarde foram as das classes MX1 e MX2. Em MX1, Pedro Grosso, em Suzuki, piloto do Team Motoclube Loulé Concelho, chegou à Cortelha a liderar o campeonato e, apesar de não ter feito uma corrida muito à vontade, conseguiu ficar no derradeiro lugar do pódio, garantindo assim a permanência na liderança do campeonato. Na 2.ª posição ficou o piloto madeirense Dércio Gouveia, da Honda, não tendo conseguido em qualquer das mangas ultrapassar o vencedor de MX1 da prova da Cortelha, que foi André Santos, em Kawasaki. Na classe MX2, motos 250 CC a 4 Tempos, o piloto algarvio do Team Rocket Store, Fábio Guerreiro, foi um justo e unânime vencedor. A prova da Cortelha era de extrema importância para as suas aspirações no campeonato, permanecendo na 3.ª posição, mas agora mais próximo do líder, André Marques, que com o 2.º lugar da Cortelha consolidou a ALGARVE INFORMATIVO #201

sua posição na frente do campeonato. Quem atingiu um bom resultado na Cortelha foi David Fernandes da Kawasaki, que ao fechar o pódio da classe MX2 somou 38 importantíssimos pontos na geral. Depois de quase uma década sem 128


organizar provas, a Associação dos Amigos da Cortelha voltou assim a proporcionar uma grande competição de motocross, num traçado exigente e em excelentes condições para a prática da modalidade, onde os saltos e as curvas levaram ao delírio os muitos espectadores que marcaram presença na serra algarvia, 129

demonstrando assim que a modalidade continua com fortes raízes na região. A prova contou com a chancela da Federação de Motociclismo de Portugal e com o patrocínio da Algar e apoio da Câmara Municipal de Loulé e da Junta de Freguesia de Salir, entre outras entidades. ALGARVE INFORMATIVO #201


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Compadrios à portuguesa Paulo Cunha (Professor) uando a imprensa, com meios de subsistência e (supostamente) livre, resolve investigar, quase sempre encontra o que procura e publica-o. Quando a imprensa dominada por interesses corporativos resolve pesquisar também encontra o que procura, com a diferença que só publica o que interessa e é proveitoso para quem a financia. Não é assim de estranhar que apenas saibamos, literalmente, o que nos deixam e/ou nos querem informar. Nada de novo para quem olha para o mundo com olhos de ver e se apercebe do que existe para além do visível e do tangível! Escrevem os entendidos em relações políticas que é preciso recuar até ao reinado de D. Carlos para encontrar uma corte com o nível de consanguinidade do nosso atual governo em Portugal. É caso para perguntar se Portugal não será, neste momento, a república mais aristocrática do mundo ocidental? Mas é também caso para perguntar se assim é apenas nos dias de hoje, ou terá a democracia aberto a porta duma oligarquia tão bem representada por teias familiares ligadas a presidentes e primeiros-ministros que, com os seus tiques e modos aristocráticos, ainda estão hoje tão bem presentes na nossa memória coletiva? Endogamia e nepotismo são duas palavras que têm estado na ordem do dia em Portugal, em resultado das relações familiares entre membros do Governo português. De um ponto de vista linguístico, o vocábulo endogamia, oriundo da área da sociologia, significa “conjunto de regras sociais que levam o indivíduo a contrair matrimónio dentro do seu grupo étnico, ALGARVE INFORMATIVO #201

religioso ou social.” O termo nepotismo refere-se, de um ponto de vista histórico, ao “abuso que uma pessoa faz da sua posição ou poder para conceder favores aos seus familiares ou amigos, independentemente do seu valor pessoal”. Assim sendo, pareceme ser o termo nepotismo o mais adequado para descrever o comportamento político/partidário de alguns a que tantos aludem e que tão poucos tentam modificar. Basta saber um pouco de história contemporânea para verificar que grande parte do mundo (dito) civilizado teve no século passado várias famílias que se substituíram às monarquias anteriormente vigentes. São traços históricos, culturais e estruturais que são transmitidos de geração em geração, dando a ilusão a quem é nomeado para um lugar público que a sua nomeação é definitiva, partilhável e até transmissível. Ora, em democracia, num lugar de eleição pública ninguém deverá dizer que é seja o que for, quando muito deverá dizer que está, pelo período que a lei assim o estipular e permitir. Embora muitos dos direitos, liberdades e garantias estejam consignados na Constituição Portuguesa, existem códigos comportamentais que resultam do civismo e do respeito pelos outros. Por isso é de estranhar quando nos apercebemos do número de portugueses que, apesar dos indesmentíveis factos e ocorrências noticiados, continuam a votar nas famílias políticas que têm como estrutura comportamental o compadrio e a oligarquia. Será que estes estóicos e indefetíveis votantes continuam à espera que lhes «toque» também alguma migalha no prato? 134


Obviamente, tal como muitos de vós, não nego que na minha vida empresarial e associativa privilegiei o saber, a competência e o comportamento ligados ao conhecimento prévio de quem escolhi para comigo trabalhar, se associar e assessorar. Sem qualquer problema de me acusarem de beneficiar os meus amigos ou família em 135

detrimento de outros que não conhecia, aqui deixo a ressalva que não podemos nem devemos confundir o plano privado com o público, sob pena de sermos, justamente, acusados de aparentarmos públicas virtudes exercendo, ao mesmo tempo, vícios privados. E por aqui me fico, pois acho que este assunto já deu o pano que tinha a dar. E a vós, ainda vos sobram mangas? . ALGARVE INFORMATIVO #201


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Do terraplanismo e de outras evidências da quotidiana estupidez Mirian Tavares (Professora) primeira vez que li sobre os «terraplanistas» foi numa página do Facebook e pensei que era uma brincadeira. Este é um dos problemas associados às notícias divulgadas nas redes sociais: tudo vira meme e já não conseguimos separar os factos das opiniões. Pensei que estavam a brincar porque, para mim, em 2019, era inimaginável conceber que uma criatura humana, com todo o conhecimento que tem à disposição, prefira acreditar em delírios e, solenemente, ignorar as evidências. Diz-se muito por aí que estamos numa nova Idade Média, malfadada era do obscurantismo. Mas nem o mais obscuro pensamento medieval se aproxima sequer das trevas que pairam sobre nós neste momento. Porque os nossos antepassados não tinham acesso ao conhecimento nem à tecnologia que nos permitiu enviar uma sonda a Marte, mas tinham uma enorme curiosidade, tão grande que os fez avançar sobre o completo desconhecido rumo ao conhecimento. Daqui nasce o Renascimento, que comprovou, por experiência própria, que a terra era redonda, portanto circunavegável. É certo que o Positivismo do séc. XIX, a hiper-tecnologização do mundo e a predominância (às vezes prepotência) do conhecimento científico sobre os demais conduziram a um revisionismo histórico, diria, por vezes, histérico, que tem provocado as asserções mais disparatadas. Vivemos um período demasiado complexo: ALGARVE INFORMATIVO #201

defende-se o indefensável, embora muitas vezes com motivações válidas e pertinentes. Quando as evidências científicas são atacadas, como é o caso dos grupos antivacinação, pensa-se que o ataque é uma resposta ao abuso das indústrias farmacêuticas e ao capitalismo selvagem. Como negar que o capital tem interesses próprios, quase nunca benévolos, e que as indústrias farmacêuticas querem lucrar? À partida é um argumento irrebatível. O problema é que as vacinas, comprovadamente, salvam vidas e evitam a disseminação de doenças, muitas vezes, fatais. Mas as evidências são trocadas por opiniões que se convertem em dogmas – certezas que não podem ser contestadas. O pensamento religioso não é pertença única das religiões, é um modo de raciocínio que nega ao indivíduo a capacidade de raciocinar, fazendo-o caminhar em rebanho, em busca de um profeta que lhe indique o caminho. Vejo pessoas que eu considerava inteligentes a difundirem preconceitos como se de verdades se tratassem. Vejo pessoas dizerem que não aos factos, porque estes não se encaixam nas suas crenças. E tenho medo, muito medo. Porque este movimento em direção ao ódio não é unidirecional – é reativo. E conduz iluminados e obscurantistas ao mesmo buraco. Quando saímos em defesa das Humanidades, de uma sociedade igualitária e justa, quando buscamos corrigir os erros do passado, não devemos fazê-lo com os mesmos argumentos que nos levaram a estar neste momento no lugar que nos coube. 136


O passado precisa de ser desvelado, os conceitos não devem ocultar a ideologia que os criou, mas se continuarmos neste revisionismo permanente, pouco nos sobra para viver o presente. E para transformá-lo. No passado cometeram-se muitas 137

atrocidades, não se pode negar. A ciência foi, e continua a ser, um peão na mão dos poderosos, mas as suas evidências e os factos, o conhecimento que se acumulou ao longo dos anos, não pode ser deitado fora simplesmente porque não se adequa às nossas opiniões . ALGARVE INFORMATIVO #201


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Do Reboliço #37 Ana Isabel Soares (Professora) as horas em que não houvesse na mercearia da aldeia fregueses, fazia-se a lida da casa. A mercearia esvaziada, recolhia a merceeira para dentro da casa tratar do comer, lavar o chão, juntar uns tanganhitos para reacender o fogo, ou um madeiro (se era no tempo frio), buscar água ao quintal – o que houvesse de governo para fazer. Em vindo da rua alguém, entrava, quase sempre encandeado da luz da rua, percebia que não estava ninguém a aviar, assomava-se à boca do corredor e chamava, inclinando o i como fazem na taberna os homens aos troncos, encostados uns aos outros a cantar o cante: “Nita!...”. Ao do freguês respondia a Tia Mariana com um assomo da cabeça olhando para o espaço alongado do corredor e desviando o olhar do fogão, do moço pequeno, da louça, do lume, “Já vou...”. Agarrava na rodilha que deixara nas costas de uma cadeira, limpava nela as mãos, girava o corpo todo para o corredor, do lado por onde a luz entrava, caminhava e, transpondo o único degrau, coisa rasa que, apesar disso, era limiar entre a privacidade da casa e o espaço mais público da mercearia, demandava, “Diga lá então...”. O Reboliço observava e achava graça aos modos, sempre idênticos, com que se cumpria o ritual da venda. Se houvesse um deus das mercearias, pensava, haveria de sorrir a cada repetição, lembrando-se que assim era feito, (“Hoje não trouxe a carteira”, “Deixe lá, traz amanhã”), em memória dele, da maneira como decerto ALGARVE INFORMATIVO #201

teria ditado que se fizesse, desde antes mesmo de haver aquela casa, aquele Largo, os Bairros Alegres, a aldeia, o mundo. Tão ritualizado era o preceito, tão repetível e esperado, que uma das sobrinhas da merceeira a conseguia enganar: terminando a Primavera e o tempo da escola, a moça apanhava uma carreira para a aldeia e, sem avisar a tia, chegava numa tarde de calor, empurrava a meia porta entreaberta, e, as sandálias a pisar o efeito geométrico dos ladrilhos, fingia dos fregueses o chamado: “Nita...”. A «Nita» nunca adivinhava quem era, ou fazia que não – e só quando vinha ver ao corredor percebia a silhueta franzina da pequena e dava em rir, “Ai, esta moooça...”. Depois levavam o Verão: uma ensinando as contas, outra aprendendo-as, anotando e apagando no papel pardo, ouvindo e reconhecendo o falar arrastado, o calor das horas do dia, o fresco do fim da tarde, o fresco da manhãzinha, o cheiro do pão a chegar, a buzina do viajante, o cheiro do café a ferver, as fitas da porta do quintal, a água a correr na torneira do quintal – e outra vez o dia a terminar, os vizinhos sentados nos bancos do largo e conversando mais alto do que podiam fazer durante o dia (porque se dormia a folga), enquanto as crianças brincavam de gargalhada solta à apanhada, aos escondarelos, às adivinhas. O Largo dos Bairros Alegres . *Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 138


Foto: Vasco Célio 139

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Características de um empreendedor de sucesso Fábio Jesuíno (Empresário) sucesso de um empreendedor deve-se a um conjunto de hábitos e comportamentos que são adquiridos e praticados ao longo da sua caminhada empreendedora. Eu costumo dizer que um empreendedor é aquele que identifica um problema e transforma-o numa oportunidade. É aquele que é criativo, inovador e muito persistente, que estabelece estratégias que vão mudar o futuro com grandes resultados, aquele que faz nascer projetos que têm impacto na vida das pessoas. Ser empreendedor não se trata necessariamente da criação de um negócio, mas ter iniciativa e audácia. Ser um empreendedor de sucesso é ter inatas características específicas. Considero as mais importantes: Iniciativa Ter iniciativa é fundamental num empreendedor de sucesso, existe sempre uma grande necessidade de busca em permanência de novas oportunidades e ficar atento às tendências que podem trazer mais-valias e valor acrescentado. Autoconfiança Uma pessoa autoconfiante gosta e acredita em si mesma, está disposta a assumir riscos para alcançar determinados objetivos. É uma capacidade decisiva num empreendedor. Persistência A persistência está ligada a todo o ecossistema do empreendedorismo, é agir ALGARVE INFORMATIVO #201

perante um grande desafio repetidamente, efetuando todas as etapas que precisa para que seja alcançado o objetivo definido. É uma qualidade que permite quebrar limitações. Resiliência Defino a resiliência na habilidade de utilizar as experiências de fracasso como uma forma de aprender e evitar problemas idênticos. É uma característica única, que permite vermos as adversidades como uma oportunidade de sermos melhores. Ambição A ambição está ligada aos nossos sentimentos e emoções, é uma das principais energias do empreendedorismo, servindo para cultivar um desejo por transformação e realização de objetivos. Visão Ter visão no empreendedorismo é ver um problema e transformá-lo numa oportunidade de criar uma ideia inovadora para a sociedade que crie uma mais-valia e traga algo positivo. Influência Construir uma boa rede de contactos e conseguir ser influente dentro da área de atuação é fundamental para um empreendedor de sucesso. É das tarefas mais difíceis e desafiantes, que se for bem executada vai trazer ganhos importante para o nosso caminho empreendedor. Deve-se investir tempo e dinheiro nesta característica de uma forma permanente.

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Cinema no Algarve: Temos Pouca Oferta? Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) oi com muito gosto que há umas semanas atrás estive na Universidade do Algarve à conversa com alguns alunos do 2.º ano do Curso de Ciências da Comunicação. Falávamos sobre o género de filmes que gostamos e surgiu a questão: como podemos gostar do que não vemos ou não conhecemos? Por outras palavras, apenas dentro do leque que nos é oferecido é que podemos «selecionar» o nosso género de filme favorito e formar opiniões. Lembro-me que um dos alunos me perguntou o que achava sobre «Green Book», «The Favorite», «A Star is Born» (nomeados para melhor filme nos Oscars 2019), mas a verdade é que ainda não tinha visto (e ainda não vi) nenhum desses. Retribuindo a questão perguntei-lhes: “Então e vocês, gostaram do filme mexicano «Roma», do polaco «Cold War» ou do japonês «Shoplifters»?”. Silêncio. Ainda não tinham visto nenhum dos filmes na categoria dos melhores filmes de «língua estrangeira». Aqui a conversa foi lançada para novo terreno: realmente, será que é fácil ter acesso a estes filmes (não americanos)? Sabemos que a oferta da NOS (o maior exibidor no Algarve) é baseada no potencial de negócio. Tratando-se de uma grande empresa, o dinheiro é soberano. Os filmes escolhidos para serem exibidos são vistos como um investimento em que a finalidade é obter lucro. Assim, será que aqui no Sul temos acesso a uma grande variedade «cinematográfica» como na capital? Não. Mas a verdade é que até existem vários locais e eventos que nos permitem beber de outras fontes, ora vejamos. Aqui ao lado em Tavira temos o Cineclube que oferece uma programação variada e semanal, todas as quintas podemos ver filmes pelas 21h. Faro também tem um Cineclube muito forte, que nos oferece a todas as terças feiras à noite ALGARVE INFORMATIVO #201

um vasto leque de filmes recentes, antigos e de todos os cantos do mundo. Também apresentam ciclos bem escolhidos e pensados (ex. «O Autor e a Musa»). Na cidade cubista, a Casa da Juventude do Município de Olhão realiza, todas as quartas, pelas 21h30, sessões de cinema na Sociedade Recreativa Progresso Olhanense. Recentemente também decorreu o FICLO – Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão. Voltando à capital distrital, para além do Cineclube, há também o CIAC (Centro de Investigação em Artes e Comunicação) que tem apresentado um Ciclo Extenso de Homenagem a Vítor Reia-Baptista, um dos investigadores que esteve na génese do Centro de Investigação em Artes e Comunicação e dedicou grande parte da sua investigação à literacia fílmica. As sessões deste ciclo «Herético e Libertário» têm lugar mensalmente, às quartas no IPDJ, em Faro, pelas 15h. Uma plataforma jovem e de entrada livre que permite mostrar curtas metragens nacionais e internacionais, e sempre que possível com a presença dos realizadores, equipa ou atores, é o Shortcutz Faro. É um excelente ponto de encontro para o pessoal que gosta de cinema e se quer conectar com malta também a começar na área. O Shortcutz Faro tem sido pioneiro em novas iniciativas como trabalhar com escolas a fim de lançar desafios ao pessoal mais jovem para escrever e filmar curtas-metragens. Loulé também não mostra timidez, a V Mostra Internacional de Cinema Social MONSTRARE – foi promovida pela Câmara Municipal de Loulé e pelo Loulé Film Office, que também criou uma vertente no Festival MED – o Cinema MED. Afinal a oferta é pouca ou a procura é que é? .

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Pensar Fernando Esteves Pinto (Escritor) “Pouca gente pensa mais de duas ou três vezes por ano; eu ganhei reputação internacional a pensar duas ou três vezes por semana”. Bernard Shaw

ensar é um ofício superior: fazer um pacto com o tempo, raciocinar, pôr o moinho do pensamento a funcionar entre o crítico e o criativo; entrar em conflito com a própria existência, não temer a incerteza e o tumulto; moldar uma frase antes que ela se expanda como uma sombra que evita ser tocada por uma luz; compreender as coisas certas à velocidade do universo. O que existe de artificial e de verdade está no acto de escrever; escrever com o pensamento a dirigir a partitura do mundo. Vergílio Ferreira foi um escritor da interioridade; tão profundo como a terra dentro da terra; fazia estremecer a matéria da vida, era um ser incomum: tinha um poder de circunspecção que só por si era matéria de força e arrebatamento; pensar puxava-o para outro mundo, mais profundo; infinitamente inquieto e humano. A sua escrita é uma libertação assombrosa, uma espécie de tecto de vidro dos sentidos que envolve toda a humanidade. Parece que os escritores de hoje estão muito cansados da realidade. Uma estranha arquitectura de palavras renuncia todas as ideias de obra literária. Substituiu-se o verdadeiro pensamento por um labor de impessoalidade estridente e papagueada numa linguagem superficial, tosca e efémera. A linguagem poética que anda no ar soa a altos latidos; grandeza equívoca ALGARVE INFORMATIVO #201

que vai buscar a sua tradição ao anedotário e seus modos de viver autênticos jogos de ideias insípidas e desmioladas de dimensão e universalidade. O tempo de Vergílio Ferreira rapidamente deu lugar a um tempo tão inexpressivo e tão resumido de originalidade como se o cérebro da maioria dos escritores fosse uma esponja que só absorve uma certa embriaguez de primeira água fastidiosa e sensações pálidas; a terrível fonte de escrita deixou de impressionar profundamente; o caminho solitário deixou de ser percorrido e os livros acabam por ser um fiasco do espírito. O estilo próprio cedeu ao método colectivo. Ao lume quente de um poema, o verdadeiro poeta queima todas as suas vidas. O seu pensamento alarma o espírito; uma imensa energia interna, como luz latejante, mantê-lo-á naquela divina clareza: a apurada linguagem da intimidade. Vergílio Ferreira criou toda a sua obra nesta incandescência; a vida-ensaio deu origem a um mundo criado pela sua própria escrita. O diário dos dias foi a sua linguagem: existência, desafio-te a passar a minha vida a escrito; e isto é uma grande literatura; tão empolgante e ávida de vida como um galope de palavras que passa precipícios, e confere ao assombro um génio explodindo . 144


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PERCURSOS PEDESTRES DE ALBUFEIRA COM 40 MIL CAMINHANTES EM 2018 s Percursos Pedestres em Albufeira têm constituído um êxito, sendo uma preferência relevante para quem gosta de caminhar e apreciar a Natureza. Em 2018, cerca de 40 mil pessoas fizeram os percursos pedestres de Albufeira, sendo que o do Castelo de Paderne foi o mais escolhido, com 18 mil e 880 pessoas, seguindo-se o do Cerro Grande, feito por 9 mil e 32 pessoas, o da Via Algarviana, escolhida por 8 mil e 87 praticantes da modalidade, e o de S. Vicente, apreciado por 3 mil e 590 amigos das caminhadas. Estes percursos podem ser apreciados inclusivamente por pessoas com deficiência motora, graças à Joellette, uma bicicleta especial para este tipo de apreciadores da natureza e que se encontra no posto de Turismo Municipal de Albufeira, bastando ligar para a reservar ou pedi-la presencialmente com um dia de antecedência.

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O percurso do Castelo começa a desenrolar-se pela encosta do Cerro do Leitão, onde pode contemplar-se uma bonita panorâmica sobre a várzea da Ribeira de Quarteira. Na várzea predomina uma paisagem rural com propriedades delimitadas por sebes de compartimentação que definem as extremas dos terrenos. Em alguns casos, estas sebes são constituídas por alinhamentos de oliveiras ou romãzeiras, e noutros por materiais inertes, como valados ou paliçadas em madeira. Aí encontram-se pomares de citrinos, vinhedos e plantações de regadio, alguns poços, noras e outros engenhos de rega. Deixando a várzea, a paisagem apresenta áreas de mato mediterrânico constituídas por diversas espécies da flora. Depois de passar pela azenha do

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castelo, onde se destaca o açude, chega-se a um excelente espaço, não só por concentrar os valores patrimoniais mais importantes da freguesia de Paderne, como é o caso do castelo e da velha ponte, mas também por esta zona se caracterizar por um belo desfiladeiro, o qual é serpenteado pela Ribeira de Quarteira. Ao passar pelo Castelo, o percurso encontra uma zona de povoamentos dispersos onde se predominam as amendoeiras, as figueiras e as alfarrobeiras. No topo do Cerro do Leitão, encontra-se o Moinho do Leitão. Recuperado recentemente, é um elemento representativo de uma atividade económica muito importante até à primeira metade do século passado, altura em que estes engenhos foram desativados. O percurso principal inclui uma passagem sobre a Ribeira de Quarteira, com o auxílio de Poldras, (junto à localidade da Amoreira). Esta passagem não é recomendável durante o Inverno e períodos de maior precipitação, pelo que se encontra marcado um caminho 149

alternativo, com início logo depois da Fonte de Paderne, e que volta a encontrar o percurso principal após passar debaixo da Via do Infante (A22). Esta variante tem uma extensão total de 1,4 quilómetros, que somados ao início e final do percurso principal totalizam 6,8 quilómetros. No interior da povoação de Paderne chama-se à atenção para um conjunto muito interessante de casas típicas algarvias, onde se destacam as suas cantarias, platibandas e chaminés, na oferta visual do percurso do Cerro Grande. Durante o percurso pode desfrutar de três tipos de paisagens: uma mais urbana, constituída por pequenos aglomerados de 10 a 15 casas – as aldeias –, uma outra um pouco mais serrana e ainda uma paisagem agrícola – na várzea da ribeira de Algibre. Ao contemplar a paisagem típica do barrocal algarvio, pode encontrar-se as pequenas propriedades com alfarrobeiras, amendoeiras e figueiras e algumas zonas de mato, onde o ALGARVE INFORMATIVO #201


carrasco, a aroeira, o zambujeiro e as palmeiras anãs predominam. Para além do riquíssimo património paisagístico, o percurso tem o seu ponto mais interessante no Cerro Grande, a uma cota de 227 metros, onde pode avistar a linha costeira. Encontram-se ainda pequenas aldeias, destacando-se a Aldeia Grande e Casas do Poço. De salientar a tipicidade de algumas tabernas, mercearias e cafés que aí se encontram. Ao aproximarmo-nos da Ribeira de Algibre, entra-se numa zona de várzea totalmente ocupada por espaços agrícolas com culturas de regadio. A zona envolvente a esta ribeira tem um ecossistema muito interessante, assim como vários açudes e vestígios de antigos moinhos de água. O percurso desenvolvese num planalto junto à ribeira. A Via Algarviana que liga Albufeira a Alte, numa extensão de 29,3 quilómetros, pode ser um dos grandes desafios para os tempos livres, com aposta ganha no ALGARVE INFORMATIVO #201

conhecimento em matéria de biologia, fauna, flora, geografia e todas as áreas que digam respeito à Natureza. Este percurso começa no Posto de Turismo de Albufeira, passa pela Estação de Caminho-de-Ferro de Ferreiras e segue até à aldeia de Centieira (próxima da antiga empresa Faceal), cruzando-se aí com os três percursos existentes em Paderne: o do Castelo, o do Cerro Grande e o do Cerro de São Vicente. Refira-se, no entanto, que os três Percursos de Paderne têm o seu arranque junto ao Estádio João Campos, onde estão assinalados os percursos nos painéis que ali se encontram E é logo no início do percurso de São Vicente que se encontra a Capela de Nossa Senhora ao Pé da Cruz, construída no séc. XVII, com elementos arquitetónicos de linhas direitas e simples. O percurso segue na direção da ponte D. Carlos I, também conhecida 150


por ponte de Paderne, que atravessa a ribeira de Quarteira para o Purgatório, pequeno lugar na outra margem da Ribeira. À medida que se sobe ao Cerro de S. Vicente, verifica-se cada vez menos a intervenção do homem na paisagem e começa a encontrar-se, com mais frequência, elementos típicos do Barrocal algarvio, nomeadamente a pequena propriedade dividida por valados com amendoeiras, figueiras e alfarrobeiras. Pode também encontrar algumas oliveiras dispersas e alguns terrenos de mato mediterrânico, onde os carrascos predominam. A uma cota de 177 metros de altura, chega finalmente à bonita paisagem que pode avistar do Cerro de S. Vicente. Circundado pela bacia hidrográfica das ribeiras de Alte, Algibre e Quarteira, bem como por vales, cuja formação remonta ao período mesozóico (há 160 milhões de anos). No Cerro de S. Vicente, para além

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das ruínas do velho moinho de vento, pode-se contemplar amplos espaços abertos que proporcionam uma magnífica paisagem, a qual constitui um dos valores patrimoniais mais importantes aí observados, e que retrata perfeitamente o modo de vida das populações residentes. Do alto deste cerro, o pitoresco da paisagem apenas é quebrado pela auto estrada, bem como pela fábrica de tijolos situada na sua encosta. A parte final do percurso desenvolve-se primeiro na zona de várzea da ribeira de Alte e, depois, na várzea da ribeira de Algibre. Nesta última, a passagem para a outra margem é feita a vau ou por cima de pequenas poldras. Figueiras, oliveiras, vinhas e a típica vegetação ripícola acompanham o percurso até ao ponto de partida . Fotos: Câmara Municipal de Albufeira

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ALBUFEIRA TEM 25 PRAIAS COM BANDEIRA AZUL E LIDERA NOVAMENTE RANKING NACIONAL á são conhecidos os resultados da atribuição das Bandeiras Azuis às praias, marinas e embarcações para o ano de 2019 e Albufeira é o concelho do país com mais distinções, num total de 25. Este é o quarto ano consecutivo que Albufeira vê a totalidade das suas praias serem reconhecidas com este selo de qualidade, posicionando o concelho no primeiro lugar a nível nacional. Também a Marina de Albufeira volta a ostentar o galardão, a par das seguintes praias: Alemães, Arrifes, Aveiros, Barranco das Belharucas, Castelo, Coelha, Evaristo, Falésia/Açoteias, Falésia/Alfamar, Galé Leste, Galé Oeste, Inatel, Manuel Lourenço, Maria Luísa, Olhos d`Água, Oura, Oura-Leste, Peneco, Pescadores, Rocha Baixinha, Rocha Baixinha Nascente,

Rocha Baixinha Poente, S. Rafael, Salgados e Santa Eulália. O presidente do Município de Albufeira mostrou-se satisfeito por ver reconhecido o trabalho que é desenvolvido ao longo de todo o ano, para que os galardões que confirmam a boa qualidade ambiental das praias continuem a ser hasteados em cada época balnear. “Albufeira tem todas as condições para continuar a ser um destino atrativo, nomeadamente a nível da beleza paisagística, da qualidade ambiental, do bem-estar e da segurança de quem nos visita, fatores que nos posicionam nos lugares cimeiros do turismo nacional e internacional”, refere o autarca José Carlos Rolo. O galardão é atribuído em função de

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um conjunto de critérios de gestão ambiental, qualidade da água, serviços e segurança aos utentes, entre outros. O desafio para este ano do Programa Bandeira Azul passa por continuar a sensibilizar para o facto do lixo marinho ter

origem em atividades terrestres, para as consequências dos comportamentos humanos e para o papel dos rios enquanto ponte de ligação entre terra e mar .

CASTRO MARIM É O MUNICÍPIO PORTUGUÊS COM MELHOR GOVERNAÇÃO oram apresentados, no dia 7 de maio, os dados do Rating Municipal Português, estudo realizado pela Ordem dos Economistas e que colocou o Município de Castro Marim no 1.º lugar do ranking nacional da Governação Municipal, relativamente ao ano de 2018. Outra posição de destaque foi em relação ao serviço prestado aos cidadãos pela Câmara Municipal, ocupando a 14.ª posição do ranking nacional. 153

O Rating Municipal Português tem em conta critérios como a inclusão, segurança e sustentabilidade, para além da governação municipal, do serviço aos cidadãos, do desenvolvimento económico e social e da sustentabilidade financeira. Na posição global do rating, Castro Marim ocupa a 62.ª posição, sendo Lisboa o município mais sustentável do país, e no raking regional ocupa o 4.º lugar . ALGARVE INFORMATIVO #201


7 DOCES REPRESENTAM O ALGARVE NO «7 MARAVILHAS DOCES DE PORTUGAL» Dom Rodrigo (Lagos), o Bolo de Tacho (Monchique), o Doce Fino (Portimão), o Folar de Olhão, o Folhado de Loulé, o Morgado (Portimão) e o Queijo de Figo (Portimão) são os sete doces algarvios escolhidos para a próxima fase do concurso «7 Maravilhas Doces de Portugal», e que vão ser submetidos à votação do público nos meses de julho e agosto. Esta segunda votação foi feita por um painel de especialistas que identificou os 140 doces a nível nacional (sete doces por distrito e região autónoma), sendo que, no total, a organização recebeu 907 candidaturas, das quais foram inicialmente selecionadas 420, 21 delas do Algarve. De acordo com a organização, esta lista e esta eleição permitem valorizar e destacar não só a pastelaria nacional, como as profissões a ela associada. Desse modo, vai-se desafiar os candidatos à profissão de pasteleiro a criar um doce, com sete camadas, os sete sabores mais

representativos de Portugal, de forma a estimular a criatividade e o gosto dos jovens cozinheiros por esta área, cada vez mais criativa e desafiante em Portugal. “Vai ser um concurso dentro do concurso, em parceria com o Turismo de Portugal, em que esta lista de 140 doces serve de inspiração aos jovens pasteleiros”, explica a organização. Os 140 doces vão ser votados pelo público em 20 programas de daytime, a emitir em direto pela RTP, nos meses de julho e agosto. De cada programa na RTP sai um pré-finalista que passa às semifinais. Uma novidade desta edição é a existência de um Grande Júri, órgão de deliberação constituído por sete figuras do espaço mediático, que será responsável pela da repescagem de oito candidatos que se irão juntar aos 20 préfinalistas apurados pelo público, resultando numa lista de 28 préfinalistas. Os 28 pré-finalistas são divididos por sorteio pelas duas semifinais, nos dias 24 e 31 de agosto, dois programas em direto na RTP1, transmitidos em horário nobre. Em cada semifinal são apurados os sete doces, aqueles que tenham mais votos contabilizados. A Gala Finalíssima decorre a 7 de setembro e será transmitida pela RTP1, também em horário nobre. Dos 14 finalistas apurados vão ser eleitos sete doces pelos portugueses como 7 Maravilhas de Portugal .

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MURALHA DE LAGOS RECEBE OBRAS DE CONSERVAÇÃO stá em curso uma intervenção na Muralha de Lagos que prevê a recuperação do troço nascente da Cerca Medieval (troço que confronta com o Jardim da Constituição), o qual inclui o Torreão da Ribeira, as duas Torres Albarrãs da Porta de São Gonçalo, o pano situado entre o primeiro Torreão e o Castelo dos Governadores, a fachada sul do castelo dos Governadores e o seu Revelim. Tratase de uma empreitada municipal, adjudicada por 79 mil e 952 euros, e que tem um prazo de execução de 120 dias. 155

Em fase de conclusão está já a empreitada de pintura de manutenção e conservação do troço de muralha na Rua da Barroca, intervenção que teve um custo de 47 mil e 460 euros. Ambas as intervenções enquadram-se no Plano Geral de Intervenção das Muralhas (PGI) que, para além destas obras prioritárias, prevê um conjunto de outras intervenções de caráter estruturante que visam a preservação, reabilitação e valorização desta importante estrutura de património militar edificado . ALGARVE INFORMATIVO #201


CLIENTES DO COMÉRCIO LOCAL EM LOULÉ VÃO TER ESTACIONAMENTO GRATUITO partir de maio, todos os clientes que façam compras no comércio local em Loulé podem beneficiar da oferta da primeira hora de estacionamento gratuito no Parque de Estacionamento de Loulé, localizado junto ao edifício da Biblioteca Municipal. A iniciativa resulta de uma parceria entre a Associação de Comerciantes, a Loulé Concelho Global, na qualidade de entidade gestora do Parque de Estacionamento, e a Câmara Municipal de Loulé. O benefício da primeira hora de estacionamento é suportado em 50 por cento pela empresa municipal e em 50 por cento pela loja onde for feita a compra. Cada comerciante aderente irá poder ALGARVE INFORMATIVO #201

oferecer o vale de uma hora de estacionamento grátis em função da estratégia de fidelização dos seus clientes. O Parque de Estacionamento Municipal de Loulé foi recentemente renovado, estando dotado de 259 lugares com melhores condições de segurança e de acessibilidade. A infraestrutura dispõe de nova tecnologia, como a sensorização de lugares e o acesso através de leitura de matrícula, nova iluminação, e ainda várias inovações feitas para uma melhor experiência de utilização. Este silo de estacionamento fica muito próximo de diversos serviços e de muitas casas do 156


comércio local de Loulé, distando apenas cinco minutos a pé do centro da cidade. O Parque está aberto nos dias úteis, das 8h às 20h, e aos sábados, das 8h às 17h, no piso coberto. No piso superior, funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana. De acordo com os responsáveis da Loulé Concelho Global, esta iniciativa visa também diminuir o trânsito em Loulé, uma vez que 20 por cento das viaturas em

deslocação nas ruas centrais da cidade são, habitualmente, viaturas de condutores que estão à procura de lugar de estacionamento. “Estacionar no Parque de Estacionamento Municipal de Loulé é a melhor opção para evitar anda à procura de lugar na via pública. É mais cómodo, mais económico, mais seguro e mais acessível para quem precisa de estacionar nesta cidade”, consideram .

SERRA DE MONCHIQUE DISTINGUIDA NO PRÉMIO CINCO ESTRELAS REGIÕES mede o grau de satisfação que produtos, serviços e marcas de origem portuguesa conferem aos seus utilizadores, tendo como critérios de avaliação as cinco principais variáveis que influenciam a decisão de compra dos consumidores.

Serra de Monchique foi uma das vencedoras, na categoria «Serras e Montanhas», do Prémio Cinco Estrelas Regiões, um sistema de avaliação que identifica, segundo a população portuguesa, o melhor que existe em cada um dos 20 distritos (incluindo regiões autónomas) ao nível de recursos naturais, gastronomia, arte e cultura, património e outros ícones regionais de referência nacional, bem como premeia empresas portuguesas que se diferenciam a nível regional. O Prémio 157

Através de uma votação nacional, os portuguesas identificaram, para cada um dos distritos, o que consideram extraordinário a vários níveis. Visitar a Serra de Monchique é visitar uma zona serrana com uma grande diversidade vegetal e clima suave, carinhosamente apelidado de «Jardim do Algarve». Dotada de elevada qualidade ambiental, a frescura da serra apresenta-se como um contraponto ao caloroso litoral algarvio e Baixo Alentejo. Subir a Serra até à Picota ou até ao ponto mais alto do Algarve, a Fóia, de onde se avista uma grande extensão de paisagem desde o Cabo de São Vicente até à Serra da Arrábida, releva-se um ponto imperdível . ALGARVE INFORMATIVO #201


LOULÉ INVESTE 16 MILHÕES DE EUROS NO ABC LOULÉ ACTIVE LIFE HEALTH & RESEARCH o âmbito da cerimónia comemorativa do 10.º aniversário do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade do Algarve e da homenagem aos primeiros médicos especialistas diplomados por esta instituição, que decorreu, no dia 4 de maio, no Cine-Teatro Louletano, foi apresentado ao público o projeto ABC Loulé Active Life. Depois da celebração de um protocolo em 2018 entre a Autarquia de Loulé e o Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve – ABC (Algarve Biomedical Center), consórcio que reúne o Centro Hospitalar Universitário do Algarve e a Universidade do Algarve, irá avançar já este ano a criação do ABC Loulé Active Life Health & Research, um projeto inovador, com um investimento na ordem dos 16 milões de euros que será complementado com financiamento dos fundos europeus. Como explicou Vítor Aleixo, este é um projeto realizado em ”prol da ciência e com o intuito de resolver várias lacunas existentes há décadas nesta região, relacionadas com a investigação, para proporcionar os melhores cuidados de saúde daqueles que aqui residem, e dos milhares de turistas que nos visitam todos os anos e esperam encontrar no Algarve a garantia de segurança e qualidade a todos os níveis durante a sua férias”. O ABC – Loulé Active Life Health & Research, marcado pela inovação, contempla a conceção e construção de dois edifícios, localizados ALGARVE INFORMATIVO #201

estrategicamente no Concelho de Loulé: o ABC Loulé Health Research Center, em Loulé, e o ABC Loulé Active Life, em Vilamoura, ambos enquadrados em instalações, modernas, com ausência de impacto ambiental. O ABC Loulé Active Life Health & Research encerra diversas componentes e objetivos, demonstrando desde logo uma aposta na investigação e formação, utilizando tecnologia de ponta, numa estratégia de competitividade regional e nacional, como explicou Nuno Marques, presidente da comissão executiva do ABC. Por outro lado, visa também a descentralização de serviços de instituições de carácter nacional da área da saúde para o Algarve (INSA, INFARMED, IPST e SPMS), dos quais se destaca a criação de um Centro de Investigação de Entomologia Médica do Algarve (em colaboração com o INSA) que visa a investigação de doenças tão importantes como a malária, dengue ou zica que são transmitidas por mosquitos; o Banco Público Nacional de Células do Cordão Umbilical; e a Seroteca Nacional em articulação com o IPST. Salienta-se também a existência do Centro Active Life, que colocará cuidados de excelência de reabilitação ósteo-articular, muscular, cardíaca e respiratória ao dispor da população do município e do Algarve, para além de ser um projeto vocacionado para o turismo de saúde de alta qualidade que 158


impulsionará a economia e combaterá a sazonalidade. São ainda objetivos a promoção da captação e fixação de recursos humanos na área da saúde no Algarve e a melhoria dos cuidados de saúde prestados. Este projeto levará à criação de mais de 150 postos de trabalho diretos e altamente diferenciados em Loulé, com grande benefício direto e indireto da população. “É de crer que a realização deste projeto de tremenda importância regional e nacional contribua de forma decisiva para uma maior atratividade de jovens médicos e investigadores, que serão absolutamente determinantes para a futura construção no Parque das Cidades, do Hospital Central de FaroLoulé do Centro Hospitalar Universitário do Algarve”, sublinhou o autarca louletano, Vítor Aleixo, para quem este projeto constitui a maior oportunidade para o Município se ligar «organicamente» à Universidade. Para a Secretária de Estado da Saúde, Raquel Duarte, “este projeto é estruturante e terá um grande impacto no desenvolvimento regional e nacional na área da inovação, investigação, formação e na melhoria dos cuidados de saúde”. Por seu turno, Manuel Heitor, 159

Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, falou da reprogramação de fundos comunitários orientados para a competitividade e coesão territorial. “O nosso processo de convergência da média europeia só pode ser feito com mais conhecimento”, frisou o governante. “A ambição do Centro Académico Clínico abrir novas valências em Loulé mostra bem a relevância e a presença daquilo que pode ser uma articulação adequada entre as atividades de educação, de investigação e de inovação, certamente num contexto autárquico que favoreça e facilite o estabelecimento destas liações”, afirmou ainda Manuel Heitor relativamente a este projeto que será uma referência na área da investigação nos próximos anos .

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LOULÉ FESTEJOU 1.º DE MAIO E A DIVERSIDADE E UNIÃO ENTRE OS POVOS Encontro de CaboVerdianos e seus amigos no Concelho de Loulé assinalou, no dia 1 de maio – Dia do Trabalhador, 25 anos de existência e, para celebrar o momento, a Autarquia de Loulé procedeu à inauguração de uma escultura que vai, a partir de agora, embelezar uma das rotundas da Avenida Laginha Serafim, em Loulé, em jeito de homenagem à diversidade dos povos e nações que escolheram este território para viver. Da autoria do escultor Paulo Neves, «Ponto de Encontro» é uma apologia à união na diferença, à tolerância e à sã convivência.

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A peça, criada em mármore e aço lacado, transmite precisamente esta diversidade através das diferentes cores que a compõem e que simbolizam os diferentes povos e continentes, gente de todo o mundo que por ali passa e que, no fundo, tem em Loulé o seu «ponto de encontro». “Com esta escultura louvamos, de forma expressiva e através de uma linguagem original, a diversidade de povos e culturas que o Concelho de Loulé acolhe e que refletem uma sociedade humanista e integradora, marcada pelos valores da tolerância e do respeito pelo outro,

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independentemente da etnia, cor, credo ou religião”, referiu o presidente da Autarquia, Vítor Aleixo. O autarca relembrou o histórico dia 5 de julho de 1975, data da independência de Cabo Verde, “que surgiu num abraço fraterno da História e afeto com a República Portuguesa, dois Estados, duas Nações irmanadas num destino entrelaçado pelo cimento de uma língua comum”. Mas falou também da longa presença desta comunidade no Concelho de Loulé – mais de meio século –, dos primeiros caboverdianos que aqui se fixaram aquando da construção da CIMPOR, dos anónimos, mas também dos que se destacaram, como é o caso do músico Dino D’Santiago ou do padre Carlos César Chantre, realçando sobretudo “a preciosa participação da comunidade cabo-verdiana na vida e funcionamento do Concelho de Loulé, da sua inserção e cooperação para o reconhecimento nacional e internacional deste Município”. Já o presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que este ano se juntou à festa dos seus compatriotas, sublinhou a importância da diáspora para este país, referindo ainda os 44 anos de democracia do país, atualmente uma referência em África e no mundo.

com um encontro que passa por uma eucaristia multicultural, presidida pároco César Chantre, Vigário Geral do Algarve, ele próprio um cabo-verdiano, e por um encontro no Salão de Festas de Loulé, onde não falta a música, a dança, as artes e a gastronomia africana. Este ano não foi exceção e, com a presença do seu representante máximo, a festa foi bastante animada e prolongou-se pela tarde fora .

O 1.º de maio é celebrado desde 1994 pela comunidade cabo-verdiana de Loulé 161

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MONCHIQUE APROVEITA INCÊNDIO DE 2018 PARA ESTUDAR PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO e acordo com o sistema de informação e gestão arqueológica da DireçãoGeral do Património Cultural, no concelho de Monchique estão identificados 40 sítios arqueológicos, na sua maioria registados entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade da centúria seguinte. ALGARVE INFORMATIVO #201

Considerando a bibliografia disponível, pode-se afirmar que a maioria dos sítios arqueológicos identificados neste município concentra-se na vertente voltada a sul do afloramento sienítico da Picota – área onde foram encontradas, entre outros vestígios, mais de setenta sepulturas que testemunham a ocupação deste território ao longo de 162


milénios, por diferentes povos e em distintos momentos civilizacionais. O incêndio florestal ocorrido em agosto de 2018 afetou grande parte do Município de Monchique, tendo reduzido a cinzas muita vegetação que encobria vestígios arqueológicos. Com efeito, na envolvência do vale da Ribeira do Banho, extensas áreas territoriais onde foram identificados e escavados monumentos arqueológicos ficaram completamente despidas de vegetação. Após décadas de ocultação, vários monumentos sepulcrais ficaram novamente visíveis, abrindose assim uma janela de oportunidade para se proceder à relocalização e análise desses vestígios do nosso passado comum. Uma vez que a Câmara Municipal de Monchique possui nos seus quadros de pessoal um Técnico Superior de Arqueologia, nos últimos meses têm vindo a ser desenvolvidas pesquisas que visam a inventariação do património históricoarqueológico referenciado na bibliografia, em especial os bens culturais imóveis situados nas áreas queimadas. Conseguiuse, assim, identificar na envolvência das afamadas Caldas de Monchique a maioria dos monumentos funerários que foram escavados entre 1937 e 1949 pelos ilustres investigadores Abel Viana, Octávio da 163

Veiga Ferreira e José Formosinho. Por exemplo, das 16 sepulturas neolíticas registadas na necrópole de Palmeira, foram relocalizadas 15 e também se encontraram as sete sepulturas da necrópole do Esgravatadouro e as três da necrópole da Eira Cavada. No decurso dos trabalhos de campo procedeu-se também à identificação de estruturas arqueológicas inéditas, por exemplo no Cerro do Oiro e na necrópole pré-histórica de Belle France. No que concerne ao emblemático Sítio Arqueológico do Cerro do Castelo de Alferce, foi apurado o local de entrada para este enorme recinto fortificado, tendo-se identificado segmentos não registados da muralha que define a extensão máxima do arqueossítio – facto que possibilitou calcular uma área intramuros com aproximadamente 9,5 hectares. Também se têm identificado vestígios patrimoniais mais recentes, por exemplo as ruínas do Eremitério de Nossa Senhora do Carmo, na Picota, assim como moinhos de vento e de água que estavam camuflados pela imensa vegetação que cresceu incontrolavelmente durante as últimas décadas. A prossecução destas pesquisas possibilitará, entre outras coisas, a elaboração da futura Carta de Património Cultural do Concelho de Monchique, a realização de ações de investigação, de salvaguarda e de valorização patrimonial, bem como a preparação de materiais informativos sobre o diversificado património cultural do concelho de Monchique . ALGARVE INFORMATIVO #201


SECRETÁRIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL VISITOU SÃO BRÁS DE ALPORTEL Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Maria do Céu Albuquerque, visitou o Município de São Brás de Alportel no dia 30 de abril, para conhecer de perto os projetos apoiados por fundos comunitários através do Programa Operacional CRESC Algarve 2020, nomeadamente integrados nos planos regionais PADRE - Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos e PARU - Plano de Ação de Regeneração Urbana. São Brás de Alportel foi o primeiro concelho na região a concretizar projetos destes planos regionais, razão pela qual a governante pretendeu conhecer de perto a

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realidade deste concelho do Algarve que se empenha em ampliar o seu orçamento, fazendo uma gestão rigorosa dos recursos e oportunidades. O programa teve início no Largo de Sebastião, sala de visitas do concelho, que foi alvo recente de requalificação, no âmbito do Plano de Regeneração Urbana. Seguiram-se deslocações à obra em curso de reabilitação do antigo edifício Secção de Cantoneiros, onde será criado o novo Núcleo Interpretativo da EN2, um dos projetos integrados no Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos (PADRE), que pretende preservar a memória das

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antigas profissões associadas à Estrada Nacional 2, cuja rota integra São Brás de Alportel, sendo o segundo concelho mais a sul da Rota. A visita permitiu ainda a Maria do Céu Albuquerque percorrer a Rua Gago Coutinho, recentemente requalificada, e conhecer no terreno os projetos de requalificação do primeiro troço da Avenida da Liberdade e de reabilitação da Loja 4 Olhos, cujas concretizações estão previstas arrancar em breve. Já nos Paços do Concelho, a Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional conheceu o Espaço Memória do Município, inaugurado a 1 de junho de 2018, que se assume como um novo ponto de visita no percurso pelo Centro Histórico de São Brás de Alportel, para dar a conhecer a história do concelho. Este projeto é mais um exemplo da execução do PARU no concelho e da 165

concretização contínua do Plano «São Brás Acessível para todos», na medida em que permitiu tornar acessível o 1.º andar do edifício com a instalação de um elevador. A obra permitiu ainda a criação da sala que acolhe o Gabinete de Reabilitação Urbana, da maior importância no apoio aos proprietários e aos munícipes interessados em reabilitar as suas casas. Reunida com o executivo municipal, a Secretária de Estado teve ainda oportunidade de conhecer diversos projetos integrados nestes programas, como sejam a requalificação do Jardim da Verbena e dos espaços de lazer envolventes, atualmente em curso; a valorização do Parque da Fonte Férrea «Parque Aventura», a criação de um Miradouro Panorâmico no Depósito de Água, a criação da Oficina das Artes, ALGARVE INFORMATIVO #201


mediante a reabilitação do antigo Lagar de Azeite e as obras de valorização do CineTeatro São Bras. E, durante a sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Vítor Guerreiro, sublinhou que os fundos comunitários são encarados como uma enorme mais-valia para que esta autarquia com orçamento limitado possa concretizar os seus projetos, valorizar o concelho, atrair investimento e dar maior qualidade de vida à população. O autarca aproveitou a ocasião para dar conta dos constrangimentos com que o concelho se debate, nomeadamente as penalizações que tem vindo a sentir, ao nível de todo um conjunto de apoios, por só ter uma freguesia, o que leva a que, “mercê de uma leitura puramente estatística sem a desejável adaptação e análise à realidade, o concelho tenha ALGARVE INFORMATIVO #201

ficado de forma incompreensível fora do mapa de territórios de baixa densidade”. Vítor Guerreiro fez também notar à Secretária de Estado que a nível do ordenamento do território, um dos entraves ao desenvolvimento do concelho e fator de crescente e preocupante desertificação humana dos territórios, se deve ao facto de mais de 60 por cento do território concelhio ser sujeito a condicionantes como a Rede Natura, a Rede Agrícola Nacional Rede Ecológica, entre outros entraves, “criados com vista à proteção dos territórios, mas que, na prática, tal como estão definidos neste momento sem uma adequação ao território real e aos desafios atuais, condenam os territórios ao abandono e desertificação, o que agrava o risco de incêndios”. O edil são-brasense apelou, por isso, a uma reflexão nesta matéria, no sentido de serem criadas medidas efetivas que permitam o desenvolvimento sustentável do território. “Levo as vossas preocupações connosco”, garantiu a Secretária de Estado, acrescentando que é preciso concertar a estratégia nacional para uma distribuição otimizada dos fundos comunitários e para que as políticas de desenvolvimento do território permitam a correção das suas debilidades. Maria do Céu Albuquerque elogiou a forma como é visível no Centro Histórico de São Brás de Alportel o investimento público e um crescente envolvimento do investimento privado e sublinhou que a “função da política pública é ser ignição para o investimento privado”. 166


PRAIA DE MONTE GORDO TEM NOVA ASSOCIAÇÃO DE COMERCIANTES tem vindo a ser concretizado na praia de Monte Gordo, medidas que, aliás, fazem parte dos nossos estatutos”, reforçou.

onte Gordo conta, a partir de maio, com a Associação de Comerciantes da Praia de Monte Gordo e Outros, ampliando ainda mais a sua projeção turística e económica. A nova estrutura tem como missão defender os interesses dos comerciantes e operadores que desenvolvem atividade naquela zona balnear do concelho de Vila Real de Santo António e responder às necessidades dos investimentos e negócios gerados com o recém-criado passadiço pedonal. Pedro Pires, presidente da associação, afirma que a estrutura nasce, em primeiro lugar, “para defender os interesses dos comerciantes junto das entidades responsáveis e da tutela, garantindo a força necessária para a sua representação e projeção”. “Acreditamos que, enquanto associação, podemos ganhar economia de escala e potenciar todo o trabalho de requalificação que 167

Além destas metas, a coletividade pretende intervir ao nível da promoção do destino balnear e das suas atividades económicas, nomeadamente na vizinha Andaluzia, aproveitando as linhas de apoio comunitário existentes e ao dispor das associações. No seu primeiro mês de funcionamento, a Associação de Comerciantes da Praia de Monte Gordo quer dar-se a conhecer às várias entidades que intervêm sobre a praia, nomeadamente a Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, a Junta de Freguesia de Monte Gordo, a Capitania, a Agência Portuguesa do Ambiente e o Turismo de Portugal. No futuro, as metas e projetos passam por resolver algumas questões geradas com a utilização do passadiço - que representa também um dos maiores investimentos realizados naquela zona balnear - nomeadamente ao nível da segurança, da circulação de bicicletas, da venda ambulante e da sua manutenção. Neste momento, a associação já se encontra totalmente formalizada, tendo os órgãos sociais sido eleitos no final de abril, pelo que todos os empresários e comerciantes que desenvolvem atividade na praia já se poderão associar . ALGARVE INFORMATIVO #201


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #201

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