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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 25 de maio, 2019

CULTURA «INVADIU» VARANDAS DE FARO ARTE XÁVEGA EM LAGOS | SÍLVIA RODRIGUES | «É PRÓ MENINO E PRÁ MENINA» ALGARVE INFORMATIVO #203 «JAZZ NAS ADEGAS» | MOTONÁUTICA EM PORTIMÃO | MOSTRA DE VINHOS EM ALBUFEIRA 1


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CONTEÚDOS #203 25 DE MAIO, 2019

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ARTIGOS 12 - Grande Prémio de Motonáutica de Portimão 24 - BispoGO 30 - Museu Municipal de Portimão 40 - Regionalização e Descentralização em debate 48 - Arte Xágega em Lagos 60 - «É Pró Menino e Prá Menina» 72 - «Menina estás à Janela» 86 - «Jazz nas Adegas» 96 - Mostra de Vinho de Albufeira 110 - Sílvia Rodrigues 140 - Atualidade

OPINIÃO

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124 - Paulo Cunha 126 - Mirian Tavares 128 - Ana Isabel Soares 130 - Carla Serol 132 - David Martins 134 - Fábio Jesuíno 136 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #203

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RIO ARADE VIBROU COM O GRANDE PRÉMIO DE MOTONÁUTICA DE PORTUGAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Grande Prémio de Motonáutica de Portugal voltou a aquecer a Bacia do Rio Arade, de 17 e 19 de maio, em mais uma corrida decidida até à última volta pelos melhores pilotos do circuito internacional, naquela que é uma das mais mediáticas etapas do Campeonato do Mundo de Formula 1. No dia 18 disputou-se a primeira manga do Grande Prémio de Portugal de F4 em Motonáutica, com a segunda manga a realizar-se no domingo, 19 de maio, que ditou a vitória do alemão Max Stilz. Os restantes lugares do pódio foram ocupados pelo português Pedro Fortuna e por Ahmad Al Fahim, dos Emirados Árabes Unidos. O momento alto do dia foi, porém, o GP de Portugal de F1 em Motonáutica, que arrancou depois da volta de apresentação ALGARVE INFORMATIVO #203

com as individualidades a bordo de uma embarcação e do toque do hino nacional e hastear das bandeiras oficiais da competição. Com a zona ribeirinha de Portimão muito bem composta de público, os bólides voaram sobre as ondas do Rio Arade numa prova entusiasmante que foi vencida pelo norte-americano Shaun Torrente, a correr sob as cores dos Emirados Árabes Unidos. Para o mesmo país foi o segundo lugar, por Thani Al Qemzi, sendo que a derradeira posição do pódio coube ao sueco Jonas Andersson. O português Duarte Benavente quedou-se pelo 10.º posto, mas há a destacar ainda o quinto lugar registado por Marit Stromoy, a primeira mulher a competição na Formula 1. A consagração dos vencedores decorreu, como habitualmente, numa animada cerimónia do pódio, que contou com as participações de Isilda 14


Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão, João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e Desporto, José Apolinário, Secretário de Estado das Pescas, Paulo Ferreira, Presidente da Federação Portuguesa de Motonáutica, Carlos Cardoso, Presidente da Confederação de Portugal dos Desportos, João Fernandes, Presidente da Região de Turismo do Algarve e Maria Antonieta Baptista, Ministra do Mar de Angola. As duas provas foram organizadas conjuntamente pela UIM e Câmara Municipal de Portimão, contando com o apoio técnico local da Federação Portuguesa de Motonáutica e do Clube Naval de Portimão, além dos apoios locais da Capitania de Portimão, da EMARP, da Administração dos Portos de Sines e Algarve e do Turismo do Algarve . 15

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«BISPOGO» DESAFIA A CONHECER O MUSEU DA PAISAGEM QUE É VILA DO BISPO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Município de Vila do Bispo apresentou, no dia 18 de maio, a aplicação turística «BispoGO – Museu da Paisagem», uma experiência digital gratuita que permite visitar, explorar e sentir as paisagens naturais e culturais do concelho de Vila do Bispo. Mas a aplicação é muito mais do que um atrativo guia turístico, assumindose como um jogo interativo e como uma proposta de educação/sensibilização ALGARVE INFORMATIVO #203

patrimonial que proporciona ao utilizador um conjunto de informações que promovem as boas práticas na visita e um usufruto mais sustentável dos recursos naturais e culturais disponíveis nas paisagens deste território. “É uma aplicação que pretende mostrar o que de melhor temos para oferecer a quem nos visita, mas vai permitir também aos próprios residentes conhecer com maior profundidade o concelho em toda a sua extensão. É uma ideia inovadora e um projeto bastante especial que tem muito do cunho das 24


Rute Silva, Vereadora da Câmara Municipal de Vila do Bispo

gentes de Vila do Bispo”, realçou Rute Silva, vereadora da Câmara Municipal de Vila do Bispo. A ferramenta propõe cinco rotas temáticas – Rota de Vila do Bispo, Rota de Sagres, Rota do Castelejo, Rota Megalítica e Rota da Boca do Rio – ou a possibilidade do utilizador criar rotas personalizadas, com base em 72 pontos de interesse que abordam temas tão ricos e diversificados como a flora e a fauna, geomonumentos, pegadas de dinossauros, monumentos megalíticos, ruínas romanas, fortalezas, locais de culto, praias, paisagens naturais e a identidade local. Ao longo dos percursos, o visitante é guiado por uma anfitriã, a WINDY, uma gralha-de-bico-vermelho, e em cada ponto o utilizador é convidado a responder a uma pergunta. Caso o faça corretamente, ganha um objeto relativo ao 25

território, que poderá colecionar e, conforme os pontos adquiridos, poderá inclusive ganhar prémios. “Vivemos num território bastante especial, neste triângulo geograficamente muito forte e definido do Sudoeste Peninsular, que é um autêntico Museu da Paisagem, por termos vários aspetos de ordem patrimonial, natural e cultural únicos à escala global”, explicou, na ocasião, Ricardo Soares, arqueólogo da autarquia e um dos mentores da aplicação. Vila do Bispo que é especial por se encontrar nas rotas migratórias de inúmeras espécies de aves que todos os anos viajam da Europa para o norte de África, pelas suas descobertas arqueológicas e geológicas, pela mítica Escola de Sagres do Infante D. ALGARVE INFORMATIVO #203


Ricardo Soares, Arqueólogo da Câmara Municipal de Vila do Bispo

Henrique, impulsionador dos Descobrimentos Portugueses. “O primeiro trabalho foi identificar e catalogar os vários pontos de interesse que existem no concelho, mas queríamos disponibilizar mais do que um simples mapa ou brochura, queríamos algo tridimensional, um guia virtual. Depois, apercebi-me do sucesso da aplicação «Pokémon GO», que obriga as pessoas a ir para o terreno, caminhar, descobrir, visitar determinados locais para ganhar pontos”, revelou Ricardo Soares como surgiu a ideia da «BispoGO». “Esta proposta foi desenvolvida ao longo dos últimos três anos e agora ficamos à espera dos contributos, sugestões e correções da parte dos utilizadores”. A aplicação pode ser utilizada em qualquer smartphone ou tablet, estando disponível na Play Store (Google) e App ALGARVE INFORMATIVO #203

Store (Apple), nas versões Android e iOS. Concebida pelo Município de Vila do Bispo e desenvolvida pela «byAR», com cofinanciamento do Programa Operacional CRESC Algarve 2020, inclui experiências de realidade aumentada, 3D, conteúdos de imagem, filmes, percursos áudio-guiados, entre outros aliciantes. “Nesta primeira versão, os conteúdos encontram-se disponíveis em português e inglês. Para além disso, depois de se descarregar todos os mapas e informações, funciona offline, necessitando apenas de ligação GPS para se explorar este Museu da Paisagem”, adiantou, por sua vez, Pedro Pereira, da byAR, lembrando que as cinco rotas temáticas são o aspeto principal da aplicação, mas há outros conteúdos de interesse, nomeadamente informação atualizada sobre o que está a acontecer no 26


concelho. “E há sempre a possibilidade de cada um criar a sua própria rota de acordo com os seus gostos, se prefere geologia, arqueologia, história ou apenas as praias, com indicações de como fazer o percurso, a pé, de bicicleta ou de automóvel. A vertente do jogo aparece porque não queríamos fazer apenas mais uma aplicação turística, existindo um conjunto de objetivos prédefinidos, de metas a alcançar, de objetos a recolher, locais a visitar, para se ganhar Pedro Pereira, da byAR prémios. Depois, há uma tabela geral com a pontuação de antes dos presentes partirem para uma todos aqueles que já a utilizaram”, experimentação, em tempo real e no descreveu ainda o responsável da byAR, terreno, da «BispoGO» . 27

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MUSEU DE PORTIMÃO INAUGUROU DUAS EXPOSIÇÕES E APRESENTOU UM NOVO PRÉMIO EUROPEU NOS FESTEJOS DO SEU 11.º ANIVERSÁRIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Museu de Portimão apagou as velas do bolo do 11.º aniversário, no dia 18 de maio, Dia Internacional dos Museus, numa ALGARVE INFORMATIVO #203

tarde repleta de atividades, das quais se destacaram a habitual corrida fotográfica, a inauguração de duas novas exposições – «Da minha janela ainda vejo o Algarve?» de Filipe da Palma e «Reencontro» de Hein Semke, em parceria com o Museu Nacional do 30


Azulejo – e a apresentação do Prémio Museu Portimão, que será atribuído em Sarajevo (Bósnia e Herzegovina), durante a cerimónia do EMYA 2019 – Prémio Museu Europeu do Ano, ao Museu mais Acolhedor da Europa. Prémio que chegou a Portimão pelas mãos de nove musas gregas da Escola de Teatro da Bemposta, mas houve ainda um delicioso momento musical protagonizado pela Academia de Música de Portimão. “No Museu de Portimão temos uma visão local, regional, nacional e europeia. Uma das exposições que hoje inauguramos tem muito a ver com o nosso Algarve, a outra resulta do 31

encontro de uma doação fantástica que foi feita à Câmara Municipal de Portimão e ao Museu Nacional do Azulejo”, indicou na ocasião o Diretor Científico José Gameiro, lembrando que o Museu de Portimão se transformou, em 2018, na casa do Fórum Europeu dos Museus, que todos os anos organiza o Prémio Museu Europeu do Ano. No uso da palavra, Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão, enfatizou que o Museu de Portimão é a «casa» de todos os portimonenses e esse facto tem contribuído, e muito, para o sucesso alcançado ao longo destes 11 anos de ALGARVE INFORMATIVO #203


existência, durante os quais recebeu mais de 700 mil visitantes. “Em 2018 tivemos um acréscimo de 18 mil visitantes, o que ALGARVE INFORMATIVO #203

é extraordinário, porque evidencia que este equipamento tem movimento, que não é um museu sem vida. E prova 32


disso é que vai receber, no dia 23 de maio, no Palácio Fronteira, em Lisboa, uma Menção Honrosa na categoria de «Boas Práticas», no âmbito da candidatura aos Prémios SOS Azulejo, devido à recuperação dos azulejos do Jardim 1.º de Dezembro”, revelou a edil portimonense, de sorriso nos lábios. Uma distinção que, nas palavras de Isilda Gomes, atesta bem a preocupação de todos os portimonenses com o seu património. E uma preocupação que se estende, igualmente, ao olhar atento de Filipe da Palma, fotógrafo oficial da autarquia e responsável pela exposição «Da minha janela ainda vejo o Algarve?». “O Município de Portimão tem ativos 33

com imensa qualidade em todas as áreas e hoje o Filipe está aqui como convidado de honra a inaugurar uma extraordinária exposição. Quanto à mostra do Heim Senke, tem um tremendo valor, algo a que já nos habituamos, e é uma riqueza enorme para o Museu de Portimão”, enalteceu a edil. “Vale a pena acreditar e construir e viver coisas boas. Se não tivéssemos um excelente Museu, certamente que não teríamos aqui esta fantástica exposição e tenho que agradecer a oferta da Teresa Balté (viúva de Heim Senke) ao Museu de Portimão. Agora, é nossa obrigação conservá-la e dá-la a conhecer às ALGARVE INFORMATIVO #203


pessoas, porque as obras de arte são para serem vistas e sentidas”, salientou. Isilda Gomes não se cansou igualmente de frisar a reputação que o Museu de Portimão tem no contexto nacional e internacional, um equipamento que deve ser um motivo de orgulho para todos os portimonenses. “Esta cidade não é só sol

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e praia. Hoje, os nossos turistas procuram também cultura e esta infraestrutura é importantíssima nesse aspeto, portanto, também tenho que agradecer a todos os que trabalham nesta casa”, finalizou a Presidente da Câmara Municipal de Portimão, antes de se cantarem os parabéns pelos 11 anos de vida do Museu de Portimão .

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REGIONALIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM DEBATE NA CCDR ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

João Cravinho, Francisco Serra e Rogério Bacalhau

Comissão Independente para a Descentralização da Assembleia da República, coordenada por João Cravinho, deslocou-se a Faro, no dia 7 de maio, para um seminário sobre Regionalização, Desenvolvimento e Reforma da ALGARVE INFORMATIVO #203

Administração Pública, que decorreu nas instalações da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. “Um dos temas que mais importa aos autarcas, entidades públicas e privadas e cidadãos em geral”, começou logo por dizer Rogério Bacalhau, Presidente da Câmara Municipal de Faro. “Quando discutimos descentralização e/ou 40


regionalização, será que temos todos o mesmo sentido do que queremos? Nesta legislatura conseguiu-se pôr em andamento um processo de descentralização de competências do poder central para o poder local, um processo dificílimo e atabalhoado em que todos ficamos com a sensação de que se devia ter ido mais longe. Mas fezse o possível e tivemos o resultado possível com o empenho de todos”, analisou o autarca farense. Rogério Bacalhau espera, por isso, que o processo da descentralização para o poder local não termine com a publicação dos respetivos decretos-lei, porque, se assim for, “o que nos vai cair em cima é uma mão-cheia de nada ou, melhor dizendo, cheia de problemas que mais uma vez será o poder local a resolver”, avisou, lamentando ainda que a regionalização tenha sido quase um tema tabu ao longo 41

da presente legislatura. “Como em todas as outras, saímos desta legislatura tão ou mais centralistas do que quando entramos. A capacidade de decisão estratégica continuou centralizada e, se isso pouco ou nada se faz sentir em Lisboa, podem crer que se sente muito na nossa região e em todos os territórios afastados dos grandes centros de decisão, seja na saúde, na educação, nos transportes, nas vias de comunicação e noutras áreas”, criticou. Urge, então, na opinião de Rogério Bacalhau, ultrapassar contingências conjunturais, agendas partidárias e outros constrangimentos, para que o “Estado, nos seus vários patamares, preste o melhor serviço aos cidadãos”. “Louvamos o diálogo, o debate e a apresentação de propostas, mas o que queremos, acima de tudo, é aquilo que ALGARVE INFORMATIVO #203


não tem havido: ação e coragem política. A ideia da regionalização está sempre nas nossas mentes, mas teremos um pensamento amadurecido sobre o tema? O que significa regionalizar? Discutir regiões geográficas é importante, assim como modelos de organização administrativa, sistemas eleitorais e modelos de financiamento. Mas o mais importante é discutir que competências devem deixar de ser exercidas pelo poder central”, afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Faro. A liderar a CCDR Algarve nos últimos três anos está Francisco Serra, para quem, “sem boas práticas de gestão, dificilmente se conseguem construir edifícios legislativos ou arquiteturas de legitimidade que tenham as

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consequências desejadas quando se iniciam processos significativos de mudança”. “Os serviços ligados às áreas funcionais da governação poderiam, eventualmente, concentrar-se sobre um órgão desconcentrado da administração, que poderia ser a CCDR, gerindo serviços regionais que agora estão dispersos. Não está provado que uma solução de descentralização fosse melhor que uma solução de regionalização, ou vice-versa, mas o certo é que, para termos uma estratégia completa na região, conviria que ela fosse desenhada com capacidades internas – numa articulação que, até agora, tem sido feita com a AMAL – para que ela fosse coerente com as orientações e

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negociações que temos conseguido fazer com a União Europeia”. Já João Cravinho lembrou que esta Comissão Independente para a Descentralização está investida de uma missão determinada pela Assembleia da República para se chegar a uma melhor organização do Estado para efeitos de gestão territorial entre o nível nacional e o municipal. “O poder central está de tal maneira concentrado e absorvente de missões, recursos e capacidades de governação, que algo deve estar a necessitar de uma profunda revisão. Portugal é dos países mais concentrados na União Europeia, na Europa Ocidental, na OCDE, ninguém o contesta, portanto, a hora é de exame, ponderação e estudo com vista à ação. Não podemos revisitar o problema com um ar de quem está de passagem”, sublinhou o antigo governante. “Estamos perante processos, e não decisões isoladas, que vão criar, eles próprios, dinâmicas, 43

evoluções, trajetórias. E o mundo está em tal mudança que podemos dizer que vamos começar, com certeza, uma jornada de descentralização”, assegurou. João Cravinho reconheceu que muitas coisas começaram com a melhor das intenções e acabaram paulatinamente deturpadas, “sem que haja um golpe de estado, mas por um deslizamento constante por falta de controlo democrático”. Nesse sentido, uma das primeiras preocupações da Comissão é “a definição de um sistema de responsabilidades investidas em órgãos e que leve os seus titulares a terem a noção fundamental de que o soberano é o cidadão comum, o eleitor”. Uma questão que não vai ser fácil de resolver, admite o coordenador, porque, em Portugal, até existe o hábito de se legislar já com um modo de não cumprimento definido à priori. “É algo que não queremos que aconteça em ALGARVE INFORMATIVO #203


qualquer que seja a orientação que se venha a tomar nesta matéria, sejam quais forem as características que se queiram atribuir à descentralização, sejam quais forem as responsabilidades, em termos institucionais e pessoais, que daí resultem”. Perante um auditório repleto de autarcas, empresários e dirigentes associativos, João Cravinho lembrou ainda que, na experiência democrática portuguesa, a regionalização é a única matéria de organização territorial que, estando prevista na Constituição desde 1976, até hoje não tem qualquer expressão concreta. “Não somos partidários cegos da Regionalização, sabemos muito bem que pode criar riscos novos, e o povo português também o sabe, se bem que enviesadamente. Quando se fala do perigo da burocracia, dos compadrios e das ligações, que vai haver mais «políticos», sem que cada um de nós, na sua consciência, examine o bom ou mau fundamento disto e sem que reaja adequadamente, estamos a sobrevalorizar os riscos da descentralização regional … mas eles existem, temos que os pôr na mesa e temos que encontrar soluções e respostas para eles”, entende, reforçando que não haverá nenhuma descentralização possível no futuro, se esta não tiver sido preparada com a maior profundidade, objetividade e síntese do conhecimento dos cidadãos. Há que encontrar também, segundo João Cravinho, uma maneira simples e direta de explicar os motivos de se desejar a Regionalização. E a resposta é “para acelerar e estender o bem-estar da ALGARVE INFORMATIVO #203

população”. “Para criar as condições de oportunidade de elevação dos nossos níveis de vida e com justiça. Não queremos médias, queremos objetivos e resultados”, frisou, apelando aos autarcas para partilharem a sua visão do modo como se vai fazendo, nos mais diversos setores e atividades, a evolução das capacidades nacionais de produzir riqueza e de lhe dar, ou não, acesso. “Não estamos a pensar que seja possível regionalizar bem retirando ao Estado responsabilidades, na ideia de que o deixamos livre de não fazer o que lhe compete fazer. É preciso dar objetividade a uma maior presença do Estado exatamente naqueles campos em que ele deve estar e, para isso, ele tem que sair de outros”, declarou. “E tem que se definir, com clareza, quem vai fazer o quê; criar-se condições para a responsabilização; e que haja um sistema de avaliar, julgar, apreciar, de dar o castigo a quem, tendo sido investido de funções, não as cumpriu ou cumpriu mal. Para mim, o mais importante da política, é o caráter. Se temos representantes com caráter, eles são os nossos primeiros defensores no melhor sentido possível. Já a inteligência e a habilidade têm também os seus riscos”, acautelou o coordenador da Comissão Independente para a Descentralização. “A reforma da descentralização, no sentido de se criar as regiões, implica necessariamente a reforma do próprio Estado Central, sobretudo nas vertentes da gestão e presença territorial” . 44


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ARTE XÁVEGA EM LAGOS Texto: Dina Salvador | Fotografia: Dina Salvador

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inda de noite, sem vislumbre de qualquer raio de sol, começam a se juntar na Meia Praia os «pescadores», quase todos eles reformados, outros de ocasião, mas todos voluntários. Une-os o ALGARVE INFORMATIVO #203

prazer do convívio e de assegurar uma «teca» de peixe para os dias seguintes. Juntam-se em torno do «José Fernando», o bote de madeira, com algumas dezenas de anos e a precisar de reforma. Antes da chegada do motor, trazido num carro de mão, aquecem os «outros motores» com uns cálices de medronho, outros com uma «beca» de 50


café, acompanhados de umas fatias de pão com chouriço, filhoses e outras guloseimas variadas que confortam o estômago, de quem saíu de casa sem nada comer. Inicia-se a condução do pesado bote sobre traves de madeira, untadas no centro com banha de porco, até perto da rebentação. Colocado o motor, o Mestre 51

José Santos (conhecido entre os amigos por Zé Bala) e mais outros dois saltam para bordo, afastam-se para o largo e dão início à largada da rede e bóias, numa trajetória em semi-círculo que pode ir até aos mil ou 1.200 metros de distância. Enquanto tal decorre, quem fica na areia entretem-se a contar anedotas, solta conversa de ocasião e ALGARVE INFORMATIVO #203


come mais uma «bucha», regada a medronho, café ou refrigerante. Há que assegurar energia para a árdua tarefa que se segue – puxar as duas «calas» que ligam a rede. Posicionam-se em cada «cala» no mínimo 10 homens e mulheres, por vezes ALGARVE INFORMATIVO #203

até forasteiros de ocasião, sempre bemvindos para puxar. Uma espécie de cinto a tiracolo, que facilmente se agarra à «cala», ajuda a que a força se faça mais com o tronco do que com as mãos. 52


Com o saco já perto da areia, faz-se o ritual de jogar uns punhados de areia para afugentar os peixes maiores para o interior do saco, evitando assim que escapem nos derradeiros instantes. Finalmente, o saco chega à areia e aí acabam as dúvidas se foi boa ou não a pescaria. Polvos, douradas, cavalas, sardinhas, carapaus, raias, robalos, sargos, cabrinhas, peixes-aranha, bogas, pampos, às vezes uns linguados e umas santolas... alternam em quantidade, conforme a época do ano e as condições do mar. Enquanto a maioria dos participantes puxa e arruma o barco e a rede, perto das dunas, dois ou três homens abrem o saco e começam a tarefa de separar todo o peixe capturado para caixas, conforme a espécie. Retirados os peixes maiores e melhores para a lota, o resto é, religiosamente, repartido por todos os participantes. Acabada a separação do peixe e sem 53

ninguém comandar, todos se vão sentando num grande círculo em torno das caixas de peixe e aguardam, serenamente, pelo seu quinhão. Ninguém protesta, porque todos sabem que quem distribui tenta fazê-lo da forma mais equitativa possível. Um excelente exemplo de cidadania e solidariedade, raro nos dias que correm. Quando há cavala a mais, também as centenas de gaivotas que se vão juntando ao longo da faina recebem alguns exemplares, sempre com grande gritaria e muita briga. Especialmente no Verão são milhentas as fotos que os veraneantes tiram a esta arte e à imensidão de gaivotas estridentes que ocupam todo o areal em redor. Antes das 10h da manhã tudo deve ficar arrumado e sem qualquer vestígio da pescaria na praia. Apesar do cansaço, todos regressam a casa contentes, por ALGARVE INFORMATIVO #203


mais umas horas de fim de semana bem passadas e com peixe fresco para o almoço.

PROBLEMAS RELATIVOS À ARTE XÁVEGA A arte xávega é uma arte ancestral, com valor cultural e etnográfico e, a nível nacional, só no município de Lagos é praticada de forma tradicional, ou seja, à força de braços. No resto do país é feita com tratores, exceptuando alguns locais em que é praticada da forma tradicional, apenas a título demonstrativo, em dias de festividades. Até ao ano passado, operava na Meia Praia, no Outono e Inverno, uma segunda xávega à noite, feita com tratores, pertença de um promotor de fora. A xávega puxada por tratores é altamente lesiva. Sendo esta arte praticada da praia para o mar, sempre a pouca profundidade, desenrola-se numa uma zona preferencial para a vivência de juvenis de variadíssimas ALGARVE INFORMATIVO #203

espécies. No caso da xávega com tratores, os guinchos a eles acoplados puxam a rede com rapidez, bem mais do que quando puxada pela força braçal, a malha fecha, não dando escapatória para os juvenis. Por outro lado, se acidentalmente entrar um cetáceo dentro da rede, os meios mecânicos não têm sensibilidade para detetar algo de anormal, ao passo que, se a rede for puxada por homens, rapidamente detetam e socorrem o animal. Há algum tempo, na Praia de Mira, morreu um grupo de 16 golfinhos numa xávega de trator. Por outro lado, a xávega com tratores na Meia Praia faz concorrência desleal à tradicional e até a outras embarcações que pescam mais ao largo, porque é a primeira a levar o pescado à lota de Lagos, dada a proximidade. Opera de noite, fazendo quatro e cinco lances, enquanto a tradicional faz apenas um lance e sempre de dia. A dos tratores pesca quase todas as noites, em cada temporada, deixando apenas o domingo para os da tradicional. E ao 54


domingo não há lota, dificultando a possibilidade de realizar os 6.300 euros anuais de pescado vendido, quantia obrigatória para manter a licença. Num passado recente, em várias reuniões de Câmara e também de 55

Assembleia Municipal, foi defendido que Lagos devia encetar as necessárias diligências para inscrever a Arte Xávega tradicional da Meia Praia, como «Património Cultural e Imaterial», assim como fazer pressão para inviabilizar definitivamente a licença para a xávega ALGARVE INFORMATIVO #203


de trator na Meia Praia. Isentar a arte do «Zé Bala» da venda de peixe em lota seria um enorme alívio, porque esta arte é praticada com o espírito da partilha, da solidariedade, do empenho em preservar uma tradição, e não com o objetivo do lucro. Qualquer um que queira ajudar tem ALGARVE INFORMATIVO #203

direito ao seu quinhão de peixe e essa partilha é algo tão raro que, já por si, merece uma atenção e um carinho redobrados. No seguimento destas várias intervenções, em setembro do ano 56


passado, a Presidente da Câmara Municipal de Lagos deu orientações para a criação de um grupo de trabalho para o Estudo e Preservação da Arte Xávega 57

Tradicional da Meia Praia. O grupo de trabalho está formado e em plena atividade . ALGARVE INFORMATIVO #203


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CRIANÇAS SENSIBILIZADAS PARA AS QUESTÕES DO GÉNERO EM PEÇA DE CATARINA REQUEIJO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Cine-Teatro Louletano promoveu, nos dias 20 e 21 de maio, sessões para escolas e um workshop especialmente dirigido a educadores, mediadores e outros artistas com interesse pela criação dirigida à infância, em torno do espetáculo de teatro «É pró menino e prá menina», uma encenação de Catarina Requeijo que nasceu de uma encomenda do São Luiz Teatro Municipal, em coprodução com a Formiga Atómica Associação Cultural, o Centro Cultural Vila Flor, o Centro de Arte de Ovar e o CineTeatro Louletano. Em palco temos os atores João Nunes Monteiro e Marta Cerqueira que se confrontam com vários estereótipos que persistem na sociedade moderna e que dizem que as meninas gostam de cor-deALGARVE INFORMATIVO #203

rosa, brincam com bonecas e dançam ballet, do mesmo modo que os meninos gostam de azul, brincam com carrinhos e jogam futebol. Mas se as meninas gostassem de jogar futebol e os meninos de brincar com bonecas? O que é que as meninas podem fazer e os meninos não podem? O que querem ser (e podem ser) quando forem grandes? Estas e outras questões foram colocadas por Catarina Requeijo a muitas crianças durante a conceção do espetáculo, onde surgem depois as suas respostas, hesitações e também os seus silêncios. “Tenho dois filhos, um deles estava em idade pré-escolar na altura, e tinha uma cabeça completamente pré-formatada sobre o que era de rapaz e rapariga. Não era em casa que ele aprendia isso, às vezes também não é através das educadoras que eles ficam com essas noções, é o reflexo de tudo o que está impregnado na nossa 62


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sociedade e de que nem damos conta no nosso quotidiano”, afirma a encenadora, acrescentando que, para as «mariasrapaz» há uma tolerância superior do que em relação aos comportamentos mais efeminados dos rapazes, em que estes são completamente excluídos por terem gostos diferentes da norma instituída. Fazer um espetáculo sobre a temática do género não é fácil, trata-se de um assunto bastante complexo, ainda mais direcionado para os mais pequeninos, mas Catarina Requeijo acredita que a questão tem de começar a ser trabalhada desde tenra idade. “Não devemos dar às crianças apenas metade do mundo. O ideal é dar-lhes o mundo inteiro e elas depois que escolham o que preferem. No espetáculo, temos um menino e uma

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menina que trazem consigo uma espécie de bagagem cultural e há coisas que não conseguem fazer com ela, não conseguem ser completos”, descreve a entrevistada. “Há uma preocupação de que estes comportamentos podem indicar, no futuro, uma orientação sexual distinta do padrão, o que não é necessariamente verdadeiro e, mesmo que isso venha a suceder, também não deveria constituir qualquer problema. Depois, uma rapariga que é «mariarapaz» apesar de tudo está a ascender na escala social, está a passar para uma condição superior que é a do homem. Um rapaz que tem comportamentos femininos é como se estivesse a andar de cavalo para burro. Quase como se tivesse tido a sorte de

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nascer rapaz e agora tem comportamentos daquela classe que é inferior”, indica, com preocupação. Trabalhar estes assuntos com miúdos e graúdos é, então, o objetivo de «É pró menino e prá menina», um espetáculo que não é apenas para crianças, mas para os educadores que os acompanham, para os auxiliares, para os pais. “Mesmo nós, enquanto estivemos a conceber o espetáculo, estivemos a repensar os nossos estereótipos, não me excluo desta condição de ter um pensamento pré-formatado”, reconhece, não vendo muita lógica nestes comportamentos em pleno século XXI. “Formalmente mudaram muitas coisas, em termos de leis e de possibilidades de acesso, e até parecem equitativas, mas, na verdade, ainda não o são. Fiz uma pesquisa em escolas e jardins-de-infância e os miúdos acham que as tarefas domésticas são ALGARVE INFORMATIVO #203

uma responsabilidade das mulheres e os brinquedos, por vezes, não são tão inocentes como poderemos pensar. Às meninas, por exemplo, não damos alguns brinquedos de construção e depois dizemos que as mulheres têm menos orientação espacial do que os homens”, revela Catarina Requeijo. “É como se o género fosse uma espécie de um espectro e, entre um XY completamente estereotipado e, na outra ponta, um XX também muito correspondente aos estereótipos, há uma zona com imensas possibilidades que podem existir. Temos que pensar em alargar as perspetivas e conviver com todas as hipóteses”, reforça. «É pró menino e prá menina» não tem muito texto, nem precisa dele, porque está direcionado para os mais pequenos, baseando-se em ações de dois seres que vivem muito perto um do outro, mas 66


que têm uma linha que os separa. De cada vez que tentam passar para o lado contrário, há um alarme que soa, até que arranjam um estratagema para ultrapassar essa proibição e, finalmente, derrubar o muro e serem realmente felizes. E será que a mensagem passa, questionamos? “Nunca podemos subestimar a capacidade de compreensão das

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crianças, elas percebem muito do que observam no espetáculo e conseguem fazer a transposição para o seu dia-adia. O que tentamos é abrir horizontes e janelas de pensamento, depois tudo depende da forma como o assunto é trabalhado nas escolas e nas nossas casas”, finaliza Catarina Requeijo .

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MÚSICA, TEATRO E POESIA INVADIRAM AS MAIS BELAS JANELAS FARENSES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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baixa de Faro recebeu, na manhã de sábado, 18 de maio, o inovador evento «Menina Estás à Janela», dinamizado por alunas do 2.º Ano do Curso Técnico de Organização de Evento da Escola Secundária Pinheiro e Rosa. A atividade consistiu num percurso pedonal no qual as janelas e varandas de diversos edifícios de reconhecido valor arquitetónico e histórico serviram de palco para alguns artistas da região. Ao longo deste percurso artístico, que ALGARVE INFORMATIVO #203

incluiu espaços como a «Sardinha de Papel», o Hostel Faroway, o Club Farense, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, o Hostel Alagoa, o Palácio Belmarço, o Restaurante Vila Adentro e a Câmara Municipal de Faro, o público teve oportunidade de assistir a espetáculos que foram desde o fado à poesia e ao teatro. A fadista Cátia Alhandra, o guitarrista José Alegre, o poeta Rogério Cão, o ensemble de trompetes do Conservatório Regional Maria Campina, a atriz Tânia Silva ou o contador de micro-contos Fernando Guerreiro foram apenas alguns dos artistas que marcaram presença nesta iniciativa cultural. 74


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Através de diversas parcerias com entidades públicas, privadas e associativas da cidade, o evento estabeleceu uma dinâmica participativa entre as diferentes entidades e a comunidade, com o objetivo de reforçar a identidade artística, cultural e patrimonial da cidade e da região e oferecer a todos os interessados um espetáculo marcado pelo dinamismo e diversidade, não só de expressões artísticas, como de cenários. Ao utilizarem-se janelas e varandas de edifícios históricos, pretendeu-se ainda sensibilizar a sociedade em geral para a necessidade de reforçar a requalificação urbana da baixa de Faro, enquanto forma de construir uma cidade mais apelativa para residentes e visitantes . 77

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Jazz nas Adegas: um sucesso para continuar Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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terceira edição do «Jazz nas Adegas» chega ao fim no dia 25 de maio, no Castelo de Silves, mas antes disso houve lugar a mais uma dupla sessão, nos dias 17 e 18 de maio, na Quinta do Barranco Longo, em Algoz, com o Desidério Lázaro Trio. O evento, organizado pela Câmara Municipal de Silves, é um dos «cartões-de-visita» do programa «365 Algarve» das Secretarias de Estado do Turismo e Cultura e conta com produção artística do Gimnásio Clube de Faro. O objetivo é claro, dinamizar culturalmente os locais onde se produzem os Vinhos de Silves, numa simbiose entre o vinho, o seu produtor e a música, proporcionando uma experiência única ao ALGARVE INFORMATIVO #203

público, em locais pouco usuais para a apresentação de um concerto de jazz. E desde o início que o público aderiu em massa, com sucessivas lotações esgotadas, para tremenda satisfação de Rosa Palma, Presidente da Câmara Municipal de Silves, uma espetadora assídua dos concertos. “O balanço só pode ser muito positivo e já há alguns anos que tínhamos intenção de criar um evento que promovesse os vinhos do nosso concelho, à semelhança do que acontece com a Mostra Silves Capital da Laranja. Começámos com seis produtores, este ano contámos com 11, com o intuito de divulgar o nosso território por via dos vinhos e para que as pessoas os associem também à nossa gastronomia”, explicou durante o intervalo do concerto de Desidério Lázaro. 88


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Rosa Palma enfatizou que o Algarve não é apenas «sol e praia», uma ideia que tem vindo a ganhar força no passado recente muito graças aos esforços das autarquias em promover as suas riquezas gastronómicas, culturais e históricas, entre outras. E o «Jazz nas Adegas», por exemplo, demonstra que existem vinhos de excelente qualidade no concelho de Silves. “Têm sido repetidamente destacados a nível internacional e trabalham todos em parceria, o que torna esta dinâmica muito mais forte. E queremos que aqueles que produzem no nosso concelho sintam este apoio da parte da Câmara Municipal, seja no vinho como noutros produtos”, indicou a edil, confirmando estar-se na presença de um «casamento» perfeito entre vinhos e cultura. “Fazer apenas uma demonstração de vinhos não cria o ALGARVE INFORMATIVO #203

ambiente espetacular a que temos assistido no «Jazz nas Adegas», em que se torna mais propício apreciar verdadeiramente a qualidade destes vinhos. Nesta experiência estão envolvidos vários sentidos e também associamos ao evento a história do concelho, com personagens que estiveram em destaque nas diversas freguesias, como foi o caso do João de Deus”, referiu. Uma aposta que é para manter nos próximos anos, garantiu Rosa Palma, até porque o programa «365 Algarve» também já teve a sua continuidade assegurada. “Mesmo sem o «365 Algarve» teríamos nova edição do «Jazz nas Adegas», mas é claro que tudo fica mais fácil com esta parceria com o Turismo do Algarve. Contudo, é às pessoas que temos que agradecer 90


Pedro Bartilotti, Rosa Palma e Rui Virgínia

acima de tudo, porque o evento foi um êxito desde o primeiro ano”, destacou a Presidente da Câmara Municipal de Silves. E para tal tem contribuído a criteriosa programação a cargo do Gimnásio Clube de Faro, com Pedro Bartilotti a sublinhar a total liberdade que lhe foi concedida para escolher os artistas que atuaram nas 24 sessões desta terceira edição. “É uma programação com alguma complexidade porque estamos a falar de locais não convencionais para levar a cabo espetáculos musicais, nomeadamente em termos de acústica e dimensão. Temos desde trios a quintetos que tocam diferentes estilos de jazz, desde o puro jazz a um jazz mais swing e New Orleans, 91

e tentamos fazer a distribuição mais adequada pelos espaços, sempre tendo a consciência de que não estamos num clube de jazz”, comentou o Presidente da Direção do Gimnásio Clube de Faro. Agrupamentos que chegam de todo o país e a novidade da terceira edição foi que cada sessão era dupla, ou seja, com um concerto na sexta-feira à noite e outro no sábado à tarde. “Da Andaluzia vêm normalmente dois grupos, com um jazz mais fresco, alegre e dançante. Também é obrigatório ter projetos do Algarve, mas a maioria vem de Lisboa, sem dúvida a capital ALGARVE INFORMATIVO #203


do jazz em Portugal”, indicou Pedro Bartilotti, adiantando que o público do «Jazz nas Adegas» vai variando conforme se trate do concerto noturno ou diurno. “À noite, 80 a 90 por cento das pessoas são portuguesas, à tarde, o cenário altera-se completamente, é um mercado mais estrangeiro. Muitos vêm pelos vinhos e pelo local, por se tratar de um concerto num espaço mágico, numa adega, outros são atraídos pelo jazz e aproveitam para provar os vinhos e degustar as tapas, é um mix bem-sucedido”, considerou o programador. “Tivemos este ano uma sessão numa corticeira, outra com o poeta João de Deus, vamos tentando inovar para que o evento continue a crescer de forma sustentada”, concluiu. O anfitrião da noite foi Rui Virgínia, proprietário da Quinta do Barranco Longo, uma das marcas mais conceituadas de vinhos do Algarve, por entender que fazia todo o sentido participar no «Jazz nas Adegas». “É uma forma indireta de darmos a conhecer os nossos vinhos a consumidores que normalmente não têm possibilidade de visitar uma adega e muito menos para ali assistir a um espetáculo musical. É uma experiência única que promove o concelho de Silves e os seus produtores de vinhos”, justificou, explicando que a Quinta do Barranco Longo não aderiu logo ao programa por se encontrar, na altura, numa fase de mudança de instalações. “Mas fomos dos primeiros a estar envolvidos na marca «Vinhos de Silves»”, esclareceu. O empresário admitiu, entretanto, que a logística de montar um concerto de jazz numa adega de vinhos é um grande ALGARVE INFORMATIVO #203

desafio, por se estar em períodos de engarrafamento e de preparação da próxima vindima. “Colocar tudo isto no meio das cubas e prensas no interior da área de produção não é fácil, mas as pessoas estiveram esta noite naquela que é, provavelmente, a melhor adega do Algarve, em termos de equipamento e instalações, e a apreciar um dos melhores saxofonistas portugueses da atualidade. Quem hoje nos visitou vai sair daqui com uma experiência que dificilmente se repete”, acredita Rui Virgínia, frisando que escolher a ementa de tapas e vinhos acaba por ser o menos complicado. “As marinagens entre os três vinhos e os acompanhamentos foram pensadas ao pormenor e para agradar ao máximo, mas isso é o nosso habitué. E o jazz cria um ambiente perfeito para se apreciar um bom vinho. O «bocaa-boca» é a melhor forma de se promover uma marca e já ninguém duvida da qualidade dos vinhos algarvios. Infelizmente, continuamos a ter que trabalhar muito mais do que outra região vitivinícola qualquer para nos impormos no mercado de consumo, até dentro do próprio Algarve. Já foi mais difícil, estamos a conquistar o nosso espaço todos os dias e estes eventos ajudam-nos a ganhar um mercado que é nosso por direito”, finalizou Rui Virgínia .

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Muito por onde escolher Albufeira foi o centro das atenções para os milhares de enófilos, profissionais do setor e muitos outros visitantes que gostam da atmosfera, convívio e descoberta de novidades, acessíveis na viagem ao mundo dos vinhos, proporcionada pela Confraria Bacchus na sua grande mostra vínica anual.

Texto: Vico Ughetto| Fotografia: Vico Ughetto ALGARVE INFORMATIVO #203

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A Confraria de Carcavelos trouxe três belos exemplares à prova no jantar vínico, destacando-se o raro 1991 que, apesar de mostrar a idade (pela cor castanha escura), apresenta ainda alguma acidez e frescura.

rotina nem sempre é bem vista, mas para uma organização e um evento, ela demonstra o quanto a estrutura está consolidada e oleada. Foi o caso de mais uma edição – a XI – da Grande Mostra de Vinhos de Portugal, que decorreu de 3 a 5 de maio no Espaço Multiusos de Albufeira. Em paralelo foi realizada também a 7.ª edição do Concurso de Vinhos que contou com cerca de 200 vinhos a concurso, nas suas diferentes variedades – branco, fortificado, etc. – e que tem a particularidade de decorrer logo no dia de abertura, o que permite aos vencedores exibir no stand o galardão obtido e dar a provar o respetivo vinho. O com melhor ALGARVE INFORMATIVO #203

pontuação do júri recebe o título extra de prémio «Excelência», que coube a um vinho fortificado – um Moscatel de Setúbal – da Casa Sivipa, elaborado exclusivamente com a casta Moscatel Roxo e com 10 anos de barrica e já com um historial de prémios vasto. O Algarve obteve vários prémios, destacando-se o título de Grande Ouro para o melhor branco para um Sauvignon Blanc do produtor e enólogo Patrick Agostini, da Quinta do Francês. Quem melhor realmente do que um francês para produzir um belo Sauvignon, que estagia seis meses em barrica para lhe conferir alguma complexidade, mas sem comprometer a frescura e aroma particular da casta. Na mostra propriamente dita estão mais de 900 referências de vinhos em 98


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prova respeitantes a cerca de quase 150 produtores, muitos deles já habituais, mas outros estão cá pela primeira vez. Do Algarve são cerca de 20 os que marcam presença e para o ano Carlos Oliveira, Chanceler da Confraria Bacchus, adianta que “haverá mais produtores algarvios resultando de novos produtores, novas marcas e novas vinhas que estão a surgir na região”. Esta nova aposta no Algarve passa por produtores que vêm alargar a sua produção por cá. Para além da famosa Quinta da Aveleda – a produzir em Alvor – e que não esteve presente, encontramos um produtor do Dão – Dom Vicente – que está a investir no Algarve, na Luz de Tavira, e que irá vinificar os seus vinhos inicialmente na Casa Santos Lima, em Tavira, até ter meios de produção própria. Quem parece estar a renascer Hermínio Rebelo é uma das figuras incontornáveis da Confraria na região – parafraseando um Bacchus e um senhor dos vinhos no Algarve, formador e conhecedor dedicado à hotelaria e que diz que está na altura de dos slogans da Comissão se retirar. Será? Vitivinícola do Algarve – é a Adega Cooperativa Única, que apresentou alguns vinhos novos, tornar ainda mais gastronómico, mas destacando-se os brancos. O Porches sem perder em excesso a frescura e Branco foi uma vez mais medalhado no mineralidade. E isto também a um bom concurso, o que já vem sendo hábito preço. Por outro lado, foi apresentado noutros certames, o que não deixa de ser também o novo monocasta Negra Mole, impressionante para um vinho abaixo dos numa clara recuperação da tradição dos cinco euros. O lote reserva, com mais vinhos algarvios de Lagoa, vinificados estágio em madeira, está também muito com esta casta unicamente existente na bem conseguido, com a madeira a dar o região. O vinho está bastante genuíno corpo e a complexidade necessária para o ALGARVE INFORMATIVO #203

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pois apresenta uma cor muito aberta, a roçar o deslavado e típico da casta, bem ao estilo dos Palhetes algarvios de outrora. Na boca surpreende, pois tem muito mais estrutura, fruta e complexidade do que a cor denuncia. Um tinto excelente, que pode ser servido ligeiramente fresco (14ºC), e que vai muito bem com sardinhas assadas ou outro peixe de grelha, também tão típico do Algarve e que juntos harmonizam tão bem à mesa, numa clara demonstração de que vinho e gastronomia regional são sempre uma aposta feliz . À direita: Maria de Lurdes Barros é a Secretária-Geral da Confraria do Vinho de Carcavelos, o fortificado nacional com menor área de produção, mas com muita personalidade. Em baixo: Os muitos vinhos que estiveram em competição no 7.º Concurso da Mostra de Vinhos de Albufeira

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O jantar vínico da 7.ª edição tem um momento de convívio e confraternização num brinde conjunto com todos os comensais.

Dom Vicente aqui com rótulo do Dão, terá brevemente também origem algarvia, com produção a partir da Luz de Tavira. A designação e rótulo ainda estão a ser decididos, mas a vinha está já a trabalhar. ALGARVE INFORMATIVO #203

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O produtor e enólogo Patrick Agostini, da Quinta do Francês, no Algarve, conquistou a medalha Grande Ouro para o melhor branco com um Sauvignon Blanc, entregue pela recém-eleita presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve, Sara Silva. Paulo Fernandes e David Barreto, Confrades da Bacchus, em provas pelo recinto.

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João Coimbra exibe o título de vinho mais pontuado - Moscatel Roxo Superior 10 anos. do portfólio da Sivipa. Um portfólio de vinhos com nomes sugestivos e típicos do Alentejo como o «Nã te rales». A inovação da Herdade da Figueirinha também passa pelos nomes

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José Gonçalves e Cláudia Coco da área comercial da Herdade da Figueirinha

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Até no Azête a Figueirinha mostra o orgulho no linguajar alentejano


Em cima: Um trio algarvio ligado à produção de vinhos com Mário Santos (produtor), Pedro Mendes (enólogo). Em baixo: A Adega Cooperativa de Lagoa mostra uma nova vida com vários vinhos novos ou melhorados no seu portfólio, apresentando um monocasta Negra Mole - casta algarvia única no mundo - a ser lançado brevemente

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Carlos Oliveira, chanceler da Confraria Bacchus de Albufeira

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DESFILE E EXPOSIÇÃO DE JOALHARIA DE SÍLVIA RODRIGUES ANIMARAM DIA INTERNACIONAL DOS MUSEUS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina EM LOULÉ

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o âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus e da Noite Europeia dos Museus foi inaugurada, a 18 de maio, a exposição «Amar Cássima», de Sílvia Rodrigues, no Museu Municipal de Loulé, num evento que contou igualmente com um desfile de moda dos trabalhos da designer algarvia. A coleção de joalharia é inspirada na lenda da Moura Cássima, filha mais nova do governador mouro que dominava o território em 1149 e que se diz ainda hoje vive presa a um encantamento numa fonte em Loulé. ALGARVE INFORMATIVO #203

«Amar Cássima» é o resultado do trabalho de Sílvia Rodrigues enquanto residente do Loulé Design Lab, espaço de criação e experimentação da Câmara Municipal de Loulé, em estreita colaboração com Jürgen Cramer, artesão da Oficina dos Caldeireiros (pertencente à rede de oficinas do Loulé Criativo). Sílvia Rodrigues é designer e proprietária da «Sigues», uma marca que trabalha o amor nas suas coleções de joias, malas e candeeiros, peças de autor feitas com papel de jornal. A jovem marca aposta na inovação e criatividade com peças sustentáveis, ecológicas e amigas do ambiente. 112


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Todas as peças da coleção «Amar Cássima» são feitas manualmente, conjugando as técnicas ancestrais do trabalho em cobre com a inovação do uso do papel de jornal impermeabilizado. As primeiras peças desenvolvidas foram já apresentadas em maio de 2018, no Algarve Design Meeting, em Faro. Inspirada na lenda da Moura Cássima, esta coleção relembra o período conturbado da história de Loulé, aquando do domínio dos Mouros e da conquista da cidade por D. Paio Peres em 1149, provocando a fuga do governador mouro para Tânger. Para proteger as suas três filhas, o governador 115

deixa-as encantadas e escondidas numa fonte. A coleção apresentada é constituída por três conjuntos, cada um dedicado a uma das filhas do governador. As tiras de cobre são longas, retas, assimétricas, de pontas aguçadas e «abraçam» os círculos de papel de jornal (as pedras preciosas desta coleção), tal como o governador de Loulé abraça as suas três belas filhas para as proteger de um possível cativeiro. A filha mais velha, Lydia, de pele excessivamente clara, trazia por norma uma túnica branca (colar e ALGARVE INFORMATIVO #203


brincos); Zara, a filha do meio, tinha cabelos de ouro e vestia-se de amarelo como um girassol (colar e pregadeira); a mais nova, Cássima, era morena, com cabelos negros que lhe caiam em bandós no vestido verde pálido. Cássima, a personagem principal desta lenda, tem nesta coleção um lugar de destaque (colar, brincos, anel e pulseira), evidenciando desta forma a sua importância face às outras irmãs, pois para o seu pai ela era a moura preferida, a

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mais gentil e formosa das três. As irmãs Lydia e Zara foram libertadas por um escravo carpinteiro de Loulé, que trouxe de Tânger dois pães entregues pelo governador que continham a chave para pôr fim ao feitiço. Diz-se que Cássima permanece encantada na fonte até aos dias de hoje, pois o pão que a libertaria foi aberto por curiosidade pela mulher do escravo carpinteiro e perdeu assim os poderes para o seu desencantamento.

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Efémeras memórias Paulo Cunha (Professor) om o intuito de ouvir, falar e debater a importância da memória, tive, recentemente e conjuntamente com cerca de cento e vinte membros da Tertúlia Farense, o privilégio de participar num jantar que contou com a presença do professor, investigador, jornalista, cronista e político José Pacheco Pereira. Tendo-nos dado a conhecer mais pormenorizadamente a «sua» Ephemera, uma associação cultural sem fins lucrativos criada com o objetivo de proporcionar uma base institucional ao trabalho realizado pelos elementos que constituem o seu núcleo organizacional, teve o condão de, com a sua presença, juntar à mesma mesa muitos tertulianos farenses de vários quadrantes profissionais, intelectuais, sociais e políticos. Consta na página inicial do site oficial: “A Ephemera, tem como objetivo divulgar os espólios, acervos, livros, periódicos, manuscritos, panfletos, fotos e objetos que pertencem ao arquivo pessoal de José Pacheco Pereira, e colocá-los acessíveis a todos. Pelos seus objetivos e pela sua ação, é o arquivo privado mais público de Portugal”. Tem salvo milhares de documentos e outros materiais por todo o país, na sua maioria por oferta, mas também por aquisição, inclusive fora de Portugal. Continuando a depender essencialmente do trabalho voluntário e dos seus próprios recursos, o arquivo e a biblioteca continuarão a ser privados até que haja uma solução institucional intermédia entre a flexibilidade das associações culturais sem fins lucrativos e as exigências das grandes fundações, e que seja amiga das pequenas e médias fundações. O acesso a espaços, o ALGARVE INFORMATIVO #203

apoio privado e público, a realização de protocolos com instituições privadas e públicas como é o caso das universidades, o acesso ao crowdfunding e ao mecenato são as suas necessidades prementes, tendo em conta o crescimento exponencial do seu trabalho e o valor dos fundos doados ou adquiridos. Estando esta associação cultural aberta à entrada de novos associados, fiquei também a saber, através do coletivo cívico Tertúlia Farense, do interesse e da disponibilidade de vários cidadãos farenses que, não sendo arquivistas, se poderão voluntariar para executar tarefas que servem a preservação da memória coletiva. Segundo Samuel Johnson, a verdadeira arte da memória é a arte da atenção. A atenção devida e necessária aos vários tipos de registo histórico permitir-nos-á estarmos vigilantes, atentos e atuantes perante a perigosa manipulação e distorção da história coletiva, dando-nos ao mesmo tempo a possibilidade de pensar e projetar o futuro (Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado - George Orwell). “Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo para toda a vida.”, escreveu LaoTsé. Enquanto professor e educador, sinto cada vez mais a urgência de ensinar os alunos a pensar, pois só através do pensamento poderão entender a importância da memória nas suas vidas. “Todos os sofrimentos podem ser suportados se os convertermos numa história, ou se contarmos uma história sobre eles. Ser uma pessoa é ter uma história para contar.”, escreveu a escritora Karen Blixen. 124


Também a jornalista Margarita Rivière referiu que: “Uma história pode legitimar uma vida humana individual e o passado, o presente e o futuro de qualquer comunidade”. Concordo! Falta-nos História alicerçada nas múltiplas histórias de gente que, tendo marcado muitas vidas, continua a fazer viver. “Ficamos mais velhos, mas não 125

mudamos. Tornamo-nos mais refinados, porém no fundo continuamos sendo como quando éramos pequenos, criaturas que esperam ansiosamente que lhes contem outra história, mais outra e mais outra.”, escreveu Paul Auster. Pois eu, todos os dias, continuo à procura de histórias verdadeiras que deem à vida memória. E vós? . ALGARVE INFORMATIVO #203


OPINIÃO

Com açúcar e com afeto Mirian Tavares (Professora) “No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento...” Mário Quintana

ecebi ontem uma mensagem de uma ex-aluna a dizer que esteve na Tate Modern a ver uma exposição do Cildo Meireles e lembrou-se de mim. Teve o cuidado de me enviar a foto da peça que a fez recordar-me. Fiquei super feliz pelo gesto carinhoso e, sobretudo, por sentir que deixei alguma coisa nesta aluna, que ficaram nela impressas, de alguma maneira, as aulas que lhe dei. E este é o motivo porque não desisto de continuar a ser o que sempre fui, professora. Este e o facto de ter contas a pagar no final do mês e duvidar da minha capacidade de, aos 50 anos, ser uma boa empregada de mesa. Já pensei em virar coach, anda tão em moda esta coisa de treinar as pessoas para que se tornem melhores. Daí lembrei que já sou coach há mais de 20 anos, desde que entrei, pela primeira vez, numa sala de aulas. Recordo-me da roupa que usava, escolhida laboriosamente para não parecer demasiado formal nem muito à-vontade. Lembro-me do caderno, que ainda o tenho, onde escrevia cada aula com medo de me esquecer de algo, ou de deixar passar uma data ao lado. Tinha 25 anos e todos os sonhos do mundo. Estava a acabar o meu mestrado em Semiótica e não sabia que o caminho que começava ali, ia ser o meu caminho pela vida ALGARVE INFORMATIVO #203

afora. Fiz concurso na Universidade Federal de Sergipe para a disciplina «Jornalismo Brasileiro», mas a primeira disciplina que dei foi «Estética e História da Arte» – um universo inteiro que devia caber no espaço de um semestre. Lembro-me dos alunos e da sua cumplicidade, alguns eram mais velhos que eu e já eram professores. Aprendemos muito uns com os outros e eu descobri o prazer que tinha em dar aulas, em partilhar meu conhecimento e minhas dúvidas. Alguns destes alunos, que começaram comigo, mantêm-se em contacto e, algumas vezes, comentam algo que se passou nas aulas e trazem-me boas memórias de uma altura em que as aulas eram dadas usando apenas a palavra, o giz e um projetor de slide, que nem sempre funcionava bem. Era também complicado comprar slides, não havia grande oferta e a primeira vez que vim à Europa, fiz um recorrido aos museus e comprei tudo que pude encontrar para as minhas aulas. Passados todos esses anos, pergunto-me se, com tanta tecnologia, ainda faço falta, se não estou ultrapassada. Mas aí recebo a mensagem desta aluna, e tenho um semestre com um grupo de alunos que se envolvem verdadeiramente na disciplina, que me ouvem e que falam comigo, e volto a ficar em paz com a minha escolha . 126


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Do Reboliço #39 Ana Isabel Soares (Professora) Na luz do seu olhar tão lânguido, tão doce, Havia o que quer que fosse D’um íntimo desgosto *

ão era cão vadio, o Fiel. Era o cão da mercearia. Melhor dito seria: era o cão do quintal da mercearia, o Fiel. Se passava pelo corredor, saltando o degrau, era para se assomar à rua, sair, mesmo, andar até à bica de água no meio do larguinho para sorver uma fresca gota ou duas, ladrar a uma mota que passasse ou à buzina do homem do peixe, e nada, voltar, a correr, para o quintal. Se prolongava a estadia dentro da casa, era logo um “Qu’é da rua!” de enxotar, e se ele sabia bem que na rua quem é da rua e na casa quem de casa é. No quintal vê-o o Reboliço numa fotografia antiga: alinhadas estão duas vizinhas do Largo dos Bairros Alegres (a vizinha Xica, da casa do fim, já caminho da Rua da Igreja, e a vizinha Almerinda, da casa do lado, que ainda era prima), mais a Tia Lurdes, a Tia Mariana, a mãe, a avó e o avô da pequena de meses, que está ao colo do único homem da imagem. Todos olham para a direita do quadradinho, o avô apontando, para a moça pequena ficar de rosto voltado para a máquina fotográfica (seria o pai o fotógrafo?) – e, à frente do avô, tremido porque passava, da direita para a esquerda, contra a corrente dos olhares, no plano baixo, rentinho ao chão, o cão Fiel.

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Era o quintal o seu reino, isso, a rua uma viagem de férias, de quando em distante quando – e, dentro do quintal, o alpendre. Havia, no quintal, duas casinhas abrigadas: a casa de banho, moderna excrescência da casa, e uma arrecadação. Na parede de fora desta segunda casinha, havia-se instalado, antes do novo balneário, uma torneira que era serventia de água para as lavagens de louça e de chão. Na arrecadação se arrumavam as mercearias não alimentares, quase sempre químicas: as graxas, as lixívias, os detergentes, os diluentes, as tintas, pedras de cal. E os bombilhos, mangueiras para a rega, que, ficando na rua, o sol trataria de fazer ressequir até à ruína e à obsolescência. Já sem uso, também, ali se empilhavam velhas sacas de serapilheira, baldes de plástico ou de metal – o mais eram, de anual serviço, alguidares e outros recipientes de barro, dentro dos que se haveriam de misturar ao pimentão carnes do porco, nos gélidos começos de ano. Ao lado da arrecadação ficava o alpendre: casa incompleta, porque a parede da frente não havia, ou pátio recolhido, porque era pouco mais do que telhal. Era ali – sem porta que, fechandose, o deixasse de fora – que se acoitava o Fiel do calor demasiado ou do excessivo 128


Foto: Vasco Célio

frio: a aldeia era desses extremos, poucos dias no ano havia comedimento nas temperaturas. Pobre cão, pensava o Reboliço – que era cão de casa e se solidarizava com o Fiel, que o não era – não fosse aquele abrigo, teria tido pior vida, mais desconforto. Assim como assim, ficavam-lhe as noites resguardadas e achava a sombra dos dias. Saía, porque saía, do canto do alpendre, 129

nas tais idas ao Largo, ou, uns dias por outros, para se chegar ao assobio do avô, toada em que o velho merceeiro levava horas no fio do som e com que musicava as festas que ao cão fazia no fio do lombo . * Guerra Junqueiro, «Fiel» (de A Musa em Férias, 1879). (Obrigada, Miguel.) ** Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #203


OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

Histórias e lêndeas Carla Serol (Uma Loira Qualquer) esanimem-se, não vos vou contar uma fábula bonita. Mete bichos e natureza, mas encanto não tem nenhum. Socorro senhores, que são piolhos! Acautelem-se, pois eles “andem” aí! Para mim os piolhos fazem parte dos critérios de crescimento para todos nós. Quem do alto do seu ser, diz que nunca os teve, das duas uma, ou não foi uma criança inteiramente feliz, ou então está armado aos cágados para parecer mais fino que todos os outros. Como tal, não considero o assunto piolhos um tabu. De todo! E sim, gosto de chamar as coisas pelo seu nome, pois pediculose, termo pelo qual é conhecido o surto desta tão pouco simpática criatura, nos panfletos deixados nas escolas, e que obriga os pais a consultarem in loco um dicionário, para entenderem do que se trata, é para mim o termo que os armados aos cágados usam para contornarem o facto de terem de admitir, que também eles, foram em alguma altura da sua vida, piolhosos. Pois, que me calhou esta semana tomar contacto com estas horríveis criaturas… (concentrem-se vá, ainda estou a falar dos piolhos, não divaguem), quando fui para ir buscar um puto à escola, e trouxe juntamente com ele, umas quinhentas criaturas, determinadas a habitar lá em casa gratuitamente, através do imaculado cabelinho do menino. Criaturas estas, capazes de arruinar com a vida familiar de uma pessoa num ALGARVE INFORMATIVO #203

instante, pois meus amigos e amigas, aquilo era o verdadeiro festim da praga! Acontece que, o desditoso bicho, não é para mães modernas, uma vez que estas apresentam uma clara evolução da espécie, sem que tenham mantido com ela, uma série de capacidades que as mães do antigamente detinham. Catar piolhos quase de olhos fechados é uma delas! Senti-me uma verdadeira iletrada na matéria, começando pela identificação do bicho até à sua exterminação, passando pela escolha do melhor método para acabar definitivamente com eles. Eu sei, por esta hora, ao lerem esta lêndea, perdão… história, já estarão todos com uma comichão generalizada no vosso precioso couro cabeludo. Agora calculem o quão prazeroso é, coçarem-se enquanto perseguem dezenas de bichos minúsculos, particularmente ativos, por entre milhentos fios de cabelo, na cabeça de um puto que não consegue estar parado por mais de três segundos, também ele por sinal, cheio de comichão. Bonito não é?! Uma fábula e tanto. A juntar a isto, temos as unhas, elas que são as principais ferramentas de aniquilação desta praga. Imaginem-se a catar piolhos com umas lindas, grandes, não enormes, que isso não tem classe nenhuma e é para quem transpira azeite, e lustrosas unhas de gel! Um verdadeiro cenário de guerra! Para os piolhos não. Imagino que se sentiram num parque de diversões para a especialidade, de tanto 130


que escorregaram unha acima, unha abaixo, e morrer que era bom, mentira! Descobri assim, que unhas de gel e piolhos são determinantemente incompatíveis! Posto isto, até porque não vos vou maçar mais com tamanha coceira, restame acrescentar que cheguei a uma pertinente conclusão: ter piolhos é coisa de gente fina! Ora não se admirem pois com tal afirmação, uma vez que, a conta da farmácia, para adquirir as armas necessárias para a destruição maciça 131

destes animalejos, dava para três ou quatro viagens ao supermercado, ficando claro portanto, que não é para qualquer carteira ostentar piolhos. Pois não se acanhem, libertem-se do mito de que o piolho é algo comum só por entre determinadas classes, porque vistas as coisas deste prisma, ter piolhos é algo de muito bem, um luxo, sendo certo que, as lêndeas até brilham glamorosamente por entre os fios cabelo, qual lantejoulas de madrepérola dançando ao sabor do vento . ALGARVE INFORMATIVO #203


OPINIÃO

Uma proposta regional David Martins (Diretor de Marketing e Alojamento) oi aprovada por maioria no seio da Associação de Municípios do Algarve (AMAL), no passado mês de setembro de 2018, a proposta de uma Taxa Turística Municipal, de 1,5€ por noite, por turista, entre os meses de março e outubro. De acordo com a nota pública dessa votação, a AMAL estimava que a nova taxa gerasse cerca de 20 milhões de euros. Sobre esta proposta em concreto gostaria de manifestar a minha posição contra, pois antecipo um aumento de custos para os turistas/famílias que, inevitavelmente, tornarão o nosso destino menos competitivo face à enorme concorrência existente e que forçarão as empresas hoteleiras e similares a baixar os preços e a perder rendimento. Num momento de instabilidade como já começamos a viver, a situação iria agudizarse e os efeitos de tal taxa em nada beneficiaram o destino e os resultados ambicionados. A este propósito recorde-se o resultado de um estudo do Parlamento Europeu sobre o «Impacto das Taxas na Competitividade do Turismo Europeu», onde claramente se refere que o aumento dos custos, nomeadamente no alojamento, tem um impacto negativo nos consumos complementares de Comidas e Bebidas e animação, e por conseguinte, em toda a economia: “Isso terá um impacto negativo, não apenas sobre a indústria do turismo em geral, mas também sobre a economia como um todo, através dos efeitos indiretos em outras indústrias, e dos efeitos induzidos na redução do emprego". ALGARVE INFORMATIVO #203

Não obstante a minha posição pessoal sobre este tema, que não é míope como alguns poderão pensar, porque sou orgulhosamente um profissional do turismo, e porque democraticamente sei que essa medida seguirá o seu caminho, gostaria de, pelo menos, deixar uma proposta que me parece razoável e que beneficiaria todos. Assim, considerando que a utilização retalhada dessas taxas, por cada município, teria um menor impacto na qualificação do destino do que a sua aplicação num projeto regional; Considerando que, ao aplicar-se uma taxa, se deve, pelo menos, efetuar uma melhoria no destino, em prol de quem vai pagar essa taxa, i.e., o turista; Considerando que os residentes no Algarve, aqui nascidos ou que aqui desenvolvem a sua vida, vivem diretamente os impactos negativos da atividade turística, pelo que também devem usufruir dos aspetos positivos; Porque não se estabelecer uma parceria entre o Governo Central e a AMAL, no mesmo sentido do que foi efetuado recentemente com a bonificação dos transportes públicos, e tornar a VIA DO INFANTE (A22) sem custos diretos e imediatos para os utilizadores? Ou seja, porque jamais iremos retroceder ao ponto de ter tudo «gratuito», e que insistir nessa ideia não me parece venha a constituir uma solução para o problema, porque não negociar com o Governo o pagamento dos custos das portagens junto da concessionária, em que a AMAL assumiria a comparticipação até os 20 milhões de euros, fruto das receitas das taxas turísticas, e o Estado assumiria o 132


remanescente? Dessa forma teríamos uma via livre para os residentes, promovendo maior qualidade de vida e mais economia; onde se criavam melhores condições de acessibilidade para os turistas; se reduzia a sinistralidade (há cada vez existem mais acidentes mortais na famigerada EN125); e se promovia uma maior coesão regional. 133

Fica a proposta! PS: Amanhã é dia de eleições europeias. Não perca a oportunidade e participe com o seu voto! Por uma Europa mais forte e mais solidária!!! .

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OPINIÃO

empreendedorismo europeu.eu Fábio Jesuíno (Empresário) empreendedorismo na Europa está em plena transformação onde cada vez mais prolifera startups de grande sucesso à escala global que apostam muito na inovação. O velho continente está a rejuvenescer em relação ao empreendedorismo com uma série de iniciativas que ajudam no desenvolvimento da cultura empreendedora por toda a Europa. Uma estratégia iniciada com mais foco pela Comissão Europeia desde os anos da crise com um forte investimento em programas de incentivo e linhas de financiamento que permitiram aumentar a criação de novos negócios. Mesmo com o crescimento dos incentivos na União Europeia, apenas 37 por cento da população gostaria de trabalhar por conta própria em comparação com 51 por cento das pessoas nos Estados Unidos e na China. Isso acontece devido à falta de formação em empreendedorismo, que continua a não estar presente nas escolas, e no difícil acesso a financiamento privado e muito ao receio em falhar, que ainda é um fator muito punitivo, ao contrário no que acontece nos Estados Unidos. Considero a formação empreendedora essencial para o desenvolvimento de uma sociedade, que deve ser implementada desde o ensino básico para uma transformação mais abrangente. Nesta perspetiva, existe o plano de ação Empreendedorismo 2020, lançado pela Comissão Europeia com o objetivo de relançar o espírito empresarial na Europa, desenvolvendo a formação em empreendedorismo, criando mais oportunidades para negócios promovidos por mulheres, pessoas mais velhas, migrantes e ALGARVE INFORMATIVO #203

por famílias. Este plano pretende também facilitar os requisitos administrativos. Um dos programas de maior sucesso na Europa é o Erasmus, um plano que facilita a mobilidade do ensino superior dos estudantes e professores, fomentando a cooperação entre universidades. Inspirado neste programa foi criado o Erasmus for Young Entrepreneurs, que pretende promover o intercâmbio europeu de Empreendedores. Financiado pela Comissão Europeia, têm como objetivo ajudar novos empreendedores ou aqueles que pretendem sê-lo de forma a que possam adquirir competências para começar ou gerir com êxito uma startup na União Europeia. O programa Erasmus for Young Entrepreneurs é muito interessante, permite a um novo empreendedor viajar para o país do anfitrião (o seu mentor) com apoio financeiro da União Europeia. Nesse país pode estar entre um a seis meses, trocar conhecimentos e colaborar mutuamente com a finalidade de desenvolver a sua empresa com o apoio das entidades locais do programa. Para além destas iniciativas, é na Europa que se realiza todos os anos, em Lisboa, o maior evento de empreendedorismo do mundo, o Web Summit, que conta com a participação de mais de 70 mil pessoas e mais de 100 startups em exibição. É também na Europa, em Paris, que esta sediada a maior incubadora de startups, a Station F, que acomoda cerca de mil startups e possui 34 mil metros quadrados, oito auditórios e 26 programas de acompanhamento para startups. O empreendedorismo na Europa tem ainda vários desafios pela frente, mas está no bom caminho para continuar a crescer .

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OPINIÃO

Os novos malditos Fernando Esteves Pinto (Escritor) “As línguas têm sempre veneno para verter”. Jean Moliére

oi o último dos malditos. Indisciplinado; imprevisível como o tempo, um prodígio da frontalidade. Desde a sua morte (5 de Janeiro de 2008), surgiram umas imitações de Luiz Pacheco: palradores escondidos atrás da barricada da escrita; bem armados de informação académica e cultivado discurso; rodeados de boa vida. Ir assim bem armado para o campo de batalha é um triunfo de privilegiado. O problema é que a história é testemunha da realidade dos malditos. Luiz Pacheco não subiu aos palcos nem sentiu o calor da amizade que sempre o pudesse consolar. A crítica era o seu exército intelectual; atacava tudo e todos do ponto de vista do leitor corajoso, irreverente e honesto. Daí o colapso: a imagem andrajosa, a infinita desorientação social, o estilo mendicante. O abjeccionismo e o escândalo moldaram-lhe o caminho de altos e baixos: estrada de libertinos onde mais ninguém se atrevia a dar um passo. Dos novos malditos, os rouxinóis cantam nas páginas dos livros. A crítica reflecte a amizade e a inveja. Tristes, superficiais, intolerantes, atam a poesia ao romance e arrastam os seus pensamentos pelos horizontes infinitos da frustração. O autorcrítico, maldito ambicioso, limpa a poeira da obra pela qual se enamora, beija-lhe a língua, lê e relê com vigorosa paixão; e se há correspondência afectiva e extremo sentido de êxtase as pulgas chupistas perdem o alvoroço. ALGARVE INFORMATIVO #203

O pior é quando as criaturas malditas suspiram de profunda satisfação – que descaramento! – e dedicam a sua vida a depositar excrementos em ficções luminosas. O estado de cegueira dos malditos é a amargura e o chiqueiro contemporâneo onde chafurdam. A prosa sarcástica que modera a crítica que praticam sugere uma certa submissão aos seus próprios fantasmas: temem tudo o que representam por má formação ideológica e literária. A firmeza e integridade de Luiz Pacheco ainda se distingue admiravelmente da escrita pontiaguda que os malditos deste tempo exibem para bicar qualquer palha que levante voo e se enfie superficialmente nos seus cérebros empardecidos. De faca e garfo, fazem o ruído da escrita de sentinela: pose insípida no comando da criação literária, quase sem resistência que os engula em tagarelice crítica. Pedreiros prisioneiros dentro das suas próprias construções. Todavia, para salvaguardar uma posição no meio da torrente literária mais à margem, os malditos estão dispostos a beber água morna, isto se a identidade do autor é tábua de salvação. Ou ainda: se as margens forem estreitas e permitirem flutuações de cumplicidade e altruísmo. A piscina onde os malditos vão agora salpicar a cabeça é um tanque de mexericos onde o Luiz Pacheco nunca poria os pés .

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ÉPOCA BALNEAR ARRANCOU A 15 DE MAIO EM ALBUFEIRA dia 15 de maio assinalou a abertura oficial da época balnear em Albufeira, uma das mais alargadas em Portugal, com uma cerimónia que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal, acompanhado por membros do Executivo, Autoridade Marítima, Associação de Nadadores Salvadores de Albufeira (ANSA), Bombeiros Voluntários, GNR, ARS (Centro de Saúde de Albufeira – Unidade de Cuidados na Comunidade), Serviço Municipal de Proteção Civil, técnicos da Unidade do Ambiente da Autarquia e vários concessionários de praia. Apesar de estarmos em meados de maio, a meteorologia brindou os presentes com uma radiosa manhã de sol, o que aliás acontece na maior parte dos dias do ano, ALGARVE INFORMATIVO #203

motivo que justifica a 100 por cento a decisão de prolongar a época balnear de 15 de maio a 15 de outubro, e que levou o edil albufeirense a referir a possibilidade de alargar a vigilância nas praias a todo o ano. “A medida tem que ser devidamente ponderada, uma vez que implica um aumento significativo de custos, quer para os concessionários, quer para a própria Autarquia”, indicou José Carlos Rolo. O autarca mostrou-se muito orgulhoso pelo facto de, pelo quarto ano consecutivo, se iniciar a época com a totalidade das praias do concelho a ostentarem o galardão máximo da qualidade ambiental. “Mantemos as nossas 25 praias com Bandeira Azul, bem como a Marina de Albufeira, o 140


que perfaz um total de 26 distinções para o concelho. Pela nossa parte está tudo a postos para receber os inúmeros turistas que todos os anos escolhem o nosso concelho para passar férias, prevendose, mais uma vez, uma época com resultados bastante positivos. Destaco a intervenção dos técnicos do Município que, em articulação com todas as entidades responsáveis pela gestão das praias, desenvolvem um excelente trabalho que garante a segurança e a qualidade ambiental – fundamentais em qualquer destino turístico”, afirmou o presidente, reforçando ainda as questões que se prendem com a saúde, nomeadamente os cuidados a ter com a exposição solar, a necessidade de se cumprirem “os infinitos avisos colocados junto às arribas, para que situações como as que ocorreram, há anos, na praia Maria Luísa não se voltem a repetir”, e a preservação ambiental,

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apelando a que os banhistas depositem os resíduos nos recipientes disponíveis para o efeito em todas as praias. O vereador Rogério Neto, responsável pelo pelouro do Ambiente, corroborou a opinião e as preocupações do presidente, tendo sublinhado que Albufeira continua a ser “o Município campeão das Bandeiras Azuis, para além de estar, também, em excelente posição no que respeita às praias acessíveis – 16 na totalidade das 25 praias do concelho, que têm à disposição dos veraneantes equipamentos que facilitam o acesso ao banho e a deslocação no areal a pessoas com mobilidade reduzida, à semelhança dos dois equipamentos (cadeira andarilho e tiralô), que acabámos de entregar ao João Nunes, responsável pela concessão da Praia do Inatel”. O empenho e dedicação dos

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técnicos do Município foi também motivo de referência por parte do autarca, que informou que as equipas de limpeza começam a trabalhar logo de madrugada, às 5h, para que a partir das 9h, quando os banhistas chegam à praia, já não haja movimento de máquinas no areal. Para que tudo corra na perfeição, a Autarquia de Albufeira é obrigada a fazer um enorme investimento na aquisição de equipamentos destinados à limpeza e recolha de resíduos do areal, bem como nas obras de manutenção e requalificação dos acessos às praias. Rogério Neto destacou ainda que “só no mês de agosto – pico da época balnear – a Câmara recolhe diariamente, em média, cinco toneladas de lixo das praias”. Para além da limpeza, fez questão de enaltecer o trabalho de sensibilização que todos os anos o Serviço de Proteção Civil do Município desenvolve com os utentes das praias, quer no que respeita aos perigos das arribas, quer da exposição solar. Refira-se que Albufeira foi um dos municípios que já aceitou a transferência de competências do Estado no âmbito da gestão das praias, tendo Rogério Neto aproveitado para agradecer a colaboração da Autoridade Marítima Nacional, na pessoa do Capitão Ricardo Arrabaça, da Capitania do Porto de Portimão e do Capitão Tenente Augusto Rebola, da Delegação Marítima de Albufeira, “que têm prestado uma excelente colaboração à Autarquia, esclarecendo todas as dúvidas que temos colocado relativamente a esta matéria”, justificou. E também o presidente da Assembleia Municipal de Albufeira reforçou a ideia de que “as praias são o principal polo de ALGARVE INFORMATIVO #203

atração turística do concelho, pelo que há que continuar a trabalhar e a investir na qualidade ambiental, bem como nos programas de educação ligados à saúde e segurança na praia”. Paulo Freitas saudou “quem faz o trabalho invisível”, que qualificou de “glorificante” e que, juntamente com a colaboração das restantes entidades, “é o responsável por Albufeira conseguir, ano após ano, ser líder nacional das Bandeiras Azuis da Europa”. O programa prosseguiu com a simulação de uma situação de afogamento/salvamento, iniciativa realizada em parceria pela ANSA, Autoridade Marítima e Bombeiros Voluntários de Albufeira. Alberto Matos e Jorge Azevedo, presidente e vicepresidente da ANSA, respetivamente, destacaram que este tipo de ações serve para mostrar os meios de vigilância e socorro e a forma como trabalham as equipas. “Estamos a fazer este trabalho de vigilância desde o início de abril nas praias dos Pescadores e Peneco. Neste momento temos 15 nadadores salvadores, com a perspetiva de virmos a ter mais, e uma viatura 4x4, que nos permite reforçar a vigilância nas praias e a segurança dos banhistas”. A iniciativa «Os Suspeitos do Costume – Do Rio ao Mar sem Lixo», ação de limpeza do areal realizada numa extensão de 100 metros, contou com a participação de alunos da Escola Básica e Secundária de Albufeira, do Centro Infantil «O Búzio» e jovens da Associação internacional Make it Better, que intervém na área do turismo acessível . 142


ARQUIVO HISTÓRICO DE ALBUFEIRA ORGANIZA MARATONA FOTOGRÁFICA s Arquivos Fotográficos constituem uma parte significativa dos espólios à guarda das instituições públicas que mais interesse têm despertado tanto em investigadores, como na comunidade local. A importância dada a estes documentos únicos deve-se ao facto de serem registos históricos que abrangem todos os aspetos da atividade humana tanto a nível cultural, social, político e antropológico. Assim, como forma de dar a conhecer e valorizar este valioso património, e no âmbito do Dia Internacional dos Arquivos, comemorado a 9 de junho por iniciativa da UNESCO, o Arquivo Histórico de Albufeira vai organizar uma maratona fotográfica que destaca a História, o Património Arquitetónico, Documental, Religioso e Natural, assim como o quotidiano dos que vivem no concelho de Albufeira e dos seus visitantes.

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A maratona tem como objetivo registar a cidade de Albufeira em 2019 para memória futura, contribuindo, desta forma, para a construção da identidade desta comunidade. A iniciativa conta com a colaboração de Rui Carvalho, fotógrafo de referência com várias exposições realizadas, e decorrerá no dia 9 de junho, domingo, na cidade de Albufeira, entre as 9h e as 17h. A Maratona Fotográfica é gratuita e está aberta ao público em geral, mediante inscrição prévia, não havendo distinção entre fotógrafos amadores ou profissionais. Os interessados podem proceder à respetiva inscrição até 6 de junho pelo link https://forms.gle/Mo27Th9rS3LQFZxi6. Mais informação está disponível em https://www.cmalbufeira.pt/civicrm/event/info?id=886& reset=1.

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FERNANDO PERES E JOSÉ PEDRO SILVA DOMINARAM RALI DE ALCOUTIM

terceira prova do Campeonato do Sul de Ralis disputou-se, no dia 19 de maio, num traçado à volta de Martim Longo, com três especiais percorridas por duas vezes. Num dia ameno e propício para corridas, Fernando Peres e José Pedro Silva foram os grandes dominadores do evento, vencendo todas as especiais de classificação, e somando a primeira vitória da temporada. No segundo posto, os campeões Márcio Marreiros e Rui Serra, que sofreram as habituais condicionantes de abrir a estrada e ainda alguns percalços mecânicos na primeira parte do rali, acabaram por ter um resultado satisfatório. Para tal contribuíram os abandonos de Carlos Martins na segunda especial e de Paulo Santos no Parque de Assistências com problemas nas suas viaturas, quando ocupavam lugares no pódio. No lugar ALGARVE INFORMATIVO #203

certo, e com um ritmo constante, Ricardo Filipe e Fernando Almeida fecharam o pódio no Carisma GT. Pedro Leone e Bruno Ramos voltaram aos bons resultados, levando o Ford Escort Cosworth ao 4.º lugar final. Uma vez mais João Monteiro e Gonçalo Assunção foram os melhores nas duas rodas motrizes, mas estiveram numa animada luta com Filipe Silva e Diogo Elias, só que o piloto do Saxo abandonou na PE5, deixando caminho aberto para a equipa do Toyota Corolla GTi. Júlio Inácio e Ricardo Mestre finalizaram na 6.ª posição, na frente de Nuno Silva e Dário Martins que foram os vencedores da Cl. P2-3. Logo de seguida na classificação, surgem Paulo Anselmo e Eduardo Gonçalves que participavam num Peugeot 206 GTI, e venceram a classe P1-2. Estreantes nestas lides, Rui Rijo e João Borrega ganharam na classe X3-13 no BMW 325 IX. A fechar o lote de finalistas, Pedro Franco e Victor Sousa no Ford Escort MkI e Jaime Falcão com André Silva no Mazda 323. O Rali de Alcoutim foi uma organização do Clube Automóvel do Algarve, sob a égide da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, com o apoio do Município de Alcoutim e das Juntas de Freguesia de Martim Longo e Vaqueiros e ainda o patrocínio da Solverde – Casinos e Hotéis, Vinhos do Algarve e Acrimolde. O Campeonato do Sul de Ralis segue para Monchique, que se disputará a 8 e 9 de junho . 144


DOCENTE DE OLHÃO VENCE PRÉMIO «PROFESSOR INOVADOR DO ANO» Grau Bronze foi para Sónia Barbosa, do Agrupamento de Escolas de Santo António, no Barreiro. Este prémio distingue os professores que ao longo do ano letivo 2018-2019 promoveram abordagens pedagógicas inovadoras para motivar os alunos na aprendizagem da matemática, desenvolvendo e partilhando materiais pedagógicos na plataforma MILAGE APRENDER. s Prémios MILAGE, que distinguem os «Professores Inovadores do Ano» e os «Alunos Aprender do Ano», foram atribuídos, no dia 3 de maio, em Lagoa, e consagraram Lúcia Palma, docente no Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Fernandes Lopes, em Olhão, como «Professor Inovador do Ano» - Mérito Grau Ouro, e Daniela Pessoa e Sofia Pinto, do 10.º ano do Agrupamento de Escolas de Casquilhos, no Barreiro, com o prémio «Aluno Aprender do Ano» - Mérito Grau Ouro. Lúcia Palma é licenciada em Matemática pela Universidade do Algarve, e professora desde 2000. Foi também distinguida com o prémio «Professor Inovador do Ano» – Mérito Grau Prata, Ana Paula Alves, do Agrupamento de Escolas Dr. Francisco Sanches, de Braga, ao passo que o Mérito 145

Nesta primeira edição foram também premiados os alunos que, coordenados pelos seus professores, ao longo do ano letivo 2018-2019 desenvolveram competências transversais e produziram materiais pedagógicos para a plataforma MILAGE APRENDER. Além do Mérito Grau Ouro, atribuído às alunas de 10.º ano da professora Sílvia Zuzarte, do Agrupamento de Escolas de Casquilhos, foi também entregue o prémio «Aluno Aprender do Ano» – Mérito Grau Prata aos alunos do 10.º ano Diogo Silva, Pedro Lima, Gonçalo Pattenden e Rodrigo Reis, da professora Ana Paula Natal, do Agrupamento de Escolas da Cidadela, em Cascais, e o prémio «Aluno Aprender do Ano» – Mérito Grau Bronze aos alunos Maria Barreiros e Gabriel Roque, da professora Sónia Barbosa, do Agrupamento de Escolas de Santo António, do Barreiro. ALGARVE INFORMATIVO #203


MUNICÍPIO DE LAGOS ATRIBUI SUBSÍDIO PARA REQUALIFICAR HOSPITAL DE LAGOS Câmara Municipal de Lagos aprovou, por unanimidade, na sua Reunião Pública de 15 de maio, a minuta de Contrato Interadministrativo a estabelecer entre o Centro Hospitalar Universitário do Algarve e o Município de Lagos, no âmbito da Unidade Hospitalar de Lagos, que prevê a atribuição de um subsídio no valor de 33 mil e 700 euros para a requalificação de espaços daquela unidade de saúde, assim como a realização de intervenções destinadas a melhorar a segurança, a qualidade e o conforto dos doentes e profissionais que a frequentam. O subsídio será aplicado na remodelação de um balcão de atendimento da admissão de doentes do serviço de urgência, na remodelação/adequação da sala de enfermagem da urgência, na renovação de janelas da zona administrativa e balneários, na aquisição de 12 TV´s para zonas de doentes e na aquisição de cadeira para pesar doentes. Esta decisão materializa o interesse que o Município de Lagos tem demonstrado na manutenção, reforço e alargamento das estruturas dos serviços de saúde do SNS na zona de Lagos, colaborando, quer com o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, quer com a Administração Regional de Saúde/ Agrupamento de Centros de Saúde do Barlavento, ao qual a autarquia prestou também recentemente apoio à instalação de novas valências, designadamente o Gabinete de Medicina ALGARVE INFORMATIVO #203

Dentária e Saúde Oral que está a funcionar desde setembro passado no Centro de Saúde de Lagos. Este contrato foi elaborado após analisadas as competências municipais no âmbito da legislação em vigor, em especial no que toca ao Regime Jurídico das Autarquias Locais, onde se reflete que o município: possui atribuições no domínio do investimento e do respeito pelos princípios gerais de descentralização administrativa, da subsidiariedade, da complementaridade, da prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos cidadãos e a intangibilidade das atribuições do Estado; pode deliberar sobre as formas de apoio a entidades e organismos legalmente existentes, nomeadamente com vista à execução de obras ou à realização de eventos de interesse para o município; pode colaborar no apoio a programas e projetos de interesse municipal, em parceria com entidades da administração central; assim como assegurar o apoio adequado ao exercício de competências por parte do Estado . 146


CÂMARA DE LOULÉ CONTINUA A SENSIBILIZAR PARA A MELHORIA DO AMBIENTE NO ESPAÇO PÚBLICO Câmara Municipal de Loulé tem em curso uma campanha de sensibilização e informação junto dos seus munícipes numa clara aposta na melhoria do espaço público, principalmente em contexto urbano, e no apelo para a correta deposição dos resíduos nos locais adequados. Um dos pontos principais desta iniciativa é a colocação de revestimento exterior nos moloks dos centros urbanos de Loulé, Quarteira, Almancil e Boliqueime, no qual constam algumas informações sobre a forma de deposição dos resíduos nestes locais, bem como algumas dicas de preservação do ambiente, particularmente ao nível da reciclagem, com apelo ainda para as regras

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de limpeza das ruas e da zona envolvente aos contentores. Numa segunda fase, a autarquia louletana irá criar totens junto de outros pontos de deposição de resíduos sólidos urbanos, nomeadamente contentores de lixo, em especial nas zonas mais periféricas, mantendo a mesma informação e mensagem de sensibilização para a manutenção dos espaços limpos. O envio de flyers com informação junto às faturas da água, bem como a divulgação nos boletins das juntas de freguesia, na agenda municipal ou nas redes sociais e site do Município, têm sido outros veículos para disseminar as ideias inerentes a este projeto .

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FUSETA E ÍLHAVO UNIDAS PELA PESCA DO BACALHAU useta e Ílhavo ficaram unidas no dia 18 de maio por um protocolo de geminação assinado pelos presidentes da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta e da Freguesia de São Salvador de Ílhavo, em cerimónia que se realizou no auditório da junta de freguesia desta localidade do distrito de Aveiro e que contou com a presença de cerca de uma centena de habitantes da União de Freguesias, incluindo antigos pescadores da pesca do bacalhau, que foi o principal elo de ligação entre as duas localidades piscatórias. “Na génese desta amizade entre as populações das duas freguesias está a pesca do bacalhau na Terra Nova. Desde o séc. XIX que se estabeleceu entre os pescadores da faina maior oriundos das duas localidades uma relação cordial e afetiva, que será ALGARVE INFORMATIVO #203

perpetuada com este protocolo de geminação, sedimentando assim os laços de união e de coesão entre as nossas comunidades”, referiu Manuel Carlos, presidente da União de Freguesias de Moncarapacho e Fuseta, que também prometeu empenho em “desenvolver e aprofundar as relações entre as duas freguesias, porque acreditamos que este protocolo vai traduzir-se em benefícios efetivos para os cidadãos que representamos, promovendo o intercâmbio sociocultural e desportivo, através da realização de ações e projetos comuns”. Manuel Carlos crê ainda que serão abertas novas portas para o turismo, contribuindo assim para o desenvolvimento dos dois territórios. 148


“Um momento importante para as duas freguesias”, salientou, por sua vez, João Campolargo, presidente da Freguesia de São Salvador de Ílhavo, desejando ainda que se “repitam outros momentos de encontro entre as duas freguesias e respetivas populações”. Mas foi Marques da Silva, investigador ilhavense, que abriu portas a esta geminação entre a Fuseta e ílhavo. “É um tributo às gerações anteriores”, justificou. A comitiva que viajou do Algarve teve oportunidade de visitar o Museu Marítimo de Ílhavo - que guarda muitas memórias da pesca do bacalhau - e o Museu da Vista Alegre, além de ter assistido à 2.ª Gala da Freguesia de São Salvador. Em quase todas as ruas e casas da Fuseta e de Ílhavo existem memórias dos tempos da pesca do bacalhau nos mares do Atlântico Norte e a tripulação de muitos navios bacalhoeiros era constituída, sobretudo, por pescadores das duas

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localidades, estabelecendo-se então uma forte ligação de amizade e camaradagem, consolidada na dura tarefa da pesca à linha nos dóris e depois à noite a bordo do navio, nos trabalhos de preparação e conservação do peixe. Criaram-se assim laços de amizade, que mais tarde se estenderam também aos seus familiares. O meio físico onde se situam as duas localidades também é semelhante, com zonas lagunares e os seus esteiros e sapais e em que a produção de sal e a sua preparação para ser comercializado, também é um ponto comum. As semelhanças estendem-se igualmente aos mariscadores e viveiristas, que têm o seu ganha-pão nas rias. O próximo encontro entre as duas freguesias está agendado para o dia 22 de junho, com a visita à Fuseta de uma delegação de Ílhavo, para um segundo ato desta geminação .

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DOCAPESCA INICIA REQUALIFICAÇÃO DA LOTA DE OLHÃO Docapesca iniciou a requalificação do edifício da lota do Porto de Pesca de Olhão, num investimento próximo dos 200 mil euros com um prazo de execução previsto de 120 dias, na sequência do concurso público lançado em dezembro. Esta empreitada insere-se num conjunto de intervenções no Porto de Pesca de Olhão que visam a reorganização e melhoria das condições de trabalho na área portuária, estando enquadrada no objetivo estratégico da Docapesca de modernização e beneficiação dos estabelecimentos de primeira venda de pescado e áreas adjacentes. A intervenção contempla a reorganização e repavimentação do espaço interior da lota, onde se realizam operações de receção, acondicionamento e primeira venda de pescado fresco após desembarque, com um revestimento antiderrapante com elevados níveis de resistência mecânica, durabilidade, continuidade e otimização nas operações de higienização. No espaço exterior estão previstos trabalhos que compatibilizem as novas cotas dos pavimentos interiores com os portões e pavimentos exteriores. A ALGARVE INFORMATIVO #203

atividade da lota mantém-se, através da instalação de uma lota provisória em parte do edifício, enquanto a restante estiver a ser intervencionada .

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CÂMARA DE PORTIMÃO APOIA ASSOCIAÇÕES NA ESTERILIZAÇÃO DE ANIMAIS

Município de Portimão estabeleceu, no dia 17 de maio, protocolos de colaboração com a Associação Amigos do Canil de Portimão (AACP) e a Associação de Defesa de Animais de Portimão (ADAP), no valor global de 25 mil euros, visando a esterilização de cães e gatos.

A assinatura dos protocolos foi protagonizada pela presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, e pelas representantes das duas associações envolvidas, Mónica Alexandra Vitela (ADAP) e Patricia Nieuwe (AACP), na presença do veterinário municipal, Osvaldo Mateus. As medidas concretas em curso no concelho de Portimão visam o bem-estar dos animais errantes, sendo disso exemplo as parcerias estabelecidas com a ADAP que permitiram que, em 2018, fossem esterilizados 250 gatos, ao abrigo do Programa CED: CapturarEsterilizar-Devolver. No caso da AACP, as parcerias estão relacionadas com os animais provenientes do Canil de Portimão e no ano passado possibilitaram a esterilização de 270 cães e gatos.

O protocolo estabelecido com a AACP envolve 15 mil euros, que serão destinados à aquisição de bens ou serviços essenciais à esterilização de animais do Canil Municipal de Portimão e à prestação de cuidados de saúde a cães e gatos que não possam ser prestados no local. Quanto à ADAP, o protocolo contempla a atribuição de 10 mil euros e prende-se com a esterilização de uma centena de gatos de rua, em vários locais da cidade de Portimão.

Esta estratégia autárquica surge do reconhecimento do trabalho desenvolvido por ambas as associações ao nível do interesse público, designadamente no que toca à promoção de campanhas de sensibilização e do incentivo à esterilização, como forma de reduzir o excesso de animais errantes e, assim, contribuir para a salvaguarda da saúde e da qualidade ambiental das populações.

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JOANA SCHENKER SAGRA-SE HEXACAMPEÃ NACIONAL DE BODYBOARD EM SANTA CRUZ oana Schenker tornou-se campeã nacional de bodyboard pela sexta vez consecutiva, ao vencer a terceira etapa do circuito nacional powered by BBoard TV, em Santa Cruz, nos dias 18 e 19 de maio, batendo Teresa Almeida, Mariana Rosa e Madalena Padrela na final. Joana mostrou-se imparável mais uma vez, vencendo todos os heats que disputou. “O meu objetivo era vencer o Nacional e, apesar de ser a conquista mais «normal» para mim, é também aquele que me coloca maior pressão, porque parece que estou obrigada a ganhar. A verdade é que a concorrência é muito forte, com todas a surfar bastante bem e a fazerem-me pagar qualquer descuido, pelo que estou muito contente e aliviada em ter garantido o título tão rapidamente”, confessou a hexacampeã nacional que vem de Sagres. Agora, todas as armas estão apontadas à conquista do Mundial, que Joana deteve em 2017 e que perdeu em 2018 para a japonesa Ayaka Suzuki. “Sinto-me mais preparada para a primeira etapa do Circuito Mundial, no Chile daqui a três ALGARVE INFORMATIVO #203

semanas, devido a esta pressão que senti no Nacional e sei que estou em forma e a surfar bem. De resto, o nível do Nacional feminino está equiparado ao Mundial e esta nova geração está pronta a dar o salto lá para fora”, acredita Joana Schenker. A terceira etapa do Circuito Nacional de Bodyboard powered by BBoard TV foi organizada pela Associação Sealand Santa Cruz com a chancela da Federação Portuguesa de Surf .

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II ALGARVE SEVENS TRAZ ELITE DO RUGBY A VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

epois do sucesso alcançado no primeiro ano, com 42 equipas participantes, o Algarve Sevens regressa a Vila Real de Santo António nos dias 8 e 9 de junho. A edição de 2019 conta com a presença confirmada de seleções nacionais como a de Itália, Roménia, Hong Kong, França e Portugal, assim como prestigiadas formações profissionais, como os Samurai, os Seventise (França), French Fijians, 7Fantastics e os Susies, campeões de 2018. No total, o evento irá juntar mais de 60 equipas nacionais e estrangeiras, envolvendo mil jogadores de Rugby Sevens de todo o mundo, num dos melhores estádios e complexos desportivos do Algarve. Para aumentar o nível da arbitragem nos torneios, a organização irá promover, durante a competição, um Curso de Treinadores nível II e III e é esperada a presença de quatro árbitros do Circuito Mundial.

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O evento é composto pela competição principal - Masculino Elite, realizada no Estádio Municipal de Vila Real de Santo António - e pelas seguintes competições: Masculino Aberto, Feminino Aberto, Veteranos (formato 13-aside), Masculino Sub-18 e Touch Rugby, a cumprir no Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António. “A primeira edição do Algarve 7’s foi importante para a nossa economia local, por isso, estamos muito satisfeitos por voltar a receber o torneio em Vila Real de Santo António e esperamos que esta parceria se mantenha”, afirma Conceição Cabrita, Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. “Este ano, a Federação Portuguesa de Rugby é um parceiro fundamental também. Penso que estão reunidos todos os ingredientes para o êxito da iniciativa. O Torneio de Elite está com um nível bastante elevado. O nosso objetivo é que o Algarve 7’s seja, pois, um autêntico Festival de Rugby. A entrada é livre e queremos que Vila Real de Santo António esteja cheia nos dias 8 e 9 de junho para assistir a este grande evento”, apelou José Diogo Trigo de Moraes, diretor da Sports Ventures, anunciando também, para 2019, um acordo com a GLS, empresa de Transportes e Logística, para o «naming» sponsor do evento, passando este a designar-se GLS Algarve 7’s . ALGARVE INFORMATIVO #203


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Irina Kuptsova A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #203

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