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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 1 de junho, 2019

CONCURSO DE FADO DE VILA DO BISPO | GUILHERME DUARTE | «LA VIE EN ROSE» 1 INFORMATIVO #204 FOGO FOGO | «OS DIAS DO JAZZ»| CPCJ REUNIRAM-SE EM TAVIRA |ALGARVE FESTA DA ESPIGA


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CONTEÚDOS #204 1 DE JUNHO, 2019 42

ARTIGOS 14 - Encontro anual de CPCJ 24 - Dia do Município de Loulé 34 - Infralobo 42 - Festa da Espiga de Salir 54 - Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza em Albufeira 60 - XX Concurso de Fado de Vila do Bispo 74 - «São Braz D’Alportel 1914» 94 - «La Vie en Rose» 106 - Guilherme Duarte 114 - Fogo Fogo 124 - «Os Dias do Jazz» 148 - Atualidade

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OPINIÃO 132 - Paulo Cunha 134 - Mirian Tavares 136 - Adília César 138 - Ana Isabel Soares 140 - Fernando Cabrita 144 - Vera Casaca ALGARVE INFORMATIVO #204

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TAVIRA FOI PALCO DE UM ENCONTRO EM PROL DE UMA INFÂNCIA FELIZ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

avira recebeu, de 22 a 24 de maio, o Encontro Anual de Avaliação da Atividade das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens de 2018, que este ano teve como tema «CPCJ – Valorizar o Passado, Construir o Futuro». Foram três dias para ALGARVE INFORMATIVO #204

analisar e debater temáticas determinantes para a práxis das CPCJ, considerou Sílvia Rufino, “e uma oportunidade para partilhar experiências que nos enriquecerão, contribuindo para sermos melhores profissionais, em prol da infância feliz”. “A nossa missão é zelar pelo superior interesse das crianças e 14


Sílvia Rufino, Presidente da CPCJ de Tavira

jovens, promovendo sempre a mudança”, reforçou a Presidente da CPCJ de Tavira, antes de passar a palavra a Rosário Farmhouse, que começou por recordar estarem a decorrer os 30 anos sobre a Convenção sobre os Direitos da Criança e os 20 anos da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo. “Neste último ano e meio de presidência temos tentado reforçar o desenvolvimento da cultura de prevenção e promoção dos direitos da criança. A formação tem tido um papel muito relevante e, em 2018, foram realizadas 249 ações no continente e também foi possível começar com uma ação na Região Autónoma da Madeira”, indicou a 15

Presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens. Rosário Farmhouse acredita que a criação das Equipas Técnicas Regionais tem permitido um trabalho de maior proximidade, do mesmo modo que o maior acompanhamento da parte dos municípios tem contribuído para uma melhoria nas condições de funcionamento das CPCJ. “E, do ponto de vista internacional, a Comissão Nacional tem sido cada vez mais reconhecida enquanto ator decisivo e facilitar do sistema de promoção e proteção, estando a levar a cabo ALGARVE INFORMATIVO #204


contínuo sentido de serviço a favor das crianças e dos jovens, o seu permanente empenho, grande disponibilidade, solidariedade e humanismo. Somos como uma orquestra onde todos têm lugar, cada um com o seu instrumento, uns com competências de solistas, outros de acompanhante, mas todos com o mesmo empenho, esforço, treino e superação. Desejo que possamos continuar a promover os direitos e a proteger as crianças e jovens, tocando pela mesma partitura, para que Portugal seja um lugar onde todos têm oportunidade de serem protegidos e felizes”. Assumindo o seu papel de anfitrião do Encontro Nacional das CPCJ, Jorge Botelho reconheceu que o Rosário Farmhouse, Presidente da Comissão Nacional caminho destas estruturas de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens não tem sido uma reta linear ao longo dos anos, o alguns projetos internacionais”, que não as impediu de alcançar o enfatizou a dirigente, salientando ainda a sucesso na tarefa de que todas as importância de se aprender a construir o crianças devem ser protegidas pelas futuro com os pais de hoje e de se olhar suas famílias e pela sociedade. “Todos continuamente para as crianças. “Através vocês trabalham na prevenção, no dos que aqui estão presentes agradeço terreno, no cuidar, todos vocês têm a aos 5.162 membros que, em 2018, com missão enorme de tentar diminuir ou competência e generosidade, eliminar os riscos e de capacitar demonstraram diariamente o seu famílias e comunidades para estas ALGARVE INFORMATIVO #204

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Jorge Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira

matérias”, afirmou, dirigindo-se a uma plateia repleta de elementos de CPCJ de todo o país. “Todos estamos conscientes daquele trabalho pequeno, atomístico, holístico, próximo, que é preciso fazer junto às escolas, comunidades, famílias, bairros, zonas de perigo. Temos a obrigação de proteger as nossas crianças, o seu crescimento, formação, educação e entrada na idade adulta. Aqui ninguém quer maus-tratos a crianças, que elas saiam do seu circuito educativo, que haja comportamentos lesivos em relação ao seu crescimento. Sabemos que têm a necessidade e o direito de serem felizes, de crescerem em segurança, de serem os homens e as mulheres que assumirão as responsabilidades de amanhã”, declarou o Presidente da Câmara Municipal de Tavira. 17

Jorge Botelho não poupou elogios às CPCJ, mas admitiu que o êxito na sua nobre missão nem sempre depende unicamente delas, sendo necessário que no poder autárquico exista, também, um conjunto de meios, instrumentos, ferramentas e apoios para facilitar esse desígnio. “Todos os autarcas estão mais conscientes, empenhados e determinados em ajudar as CPCJ e, felizmente, este governo tem preocupação social e alarga os apoios sociais. Assim é que é, assim é que deve continuar a ser, assim, nesta linha, é que o país se desenvolve”, acredita o autarca. E coube precisamente ao Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva, encerrar a sessão de abertura, mostrando-se ALGARVE INFORMATIVO #204


O Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José António Vieira da Silva

satisfeito por ver os resultados efetivos da construção de “uma rede de uma enorme capilaridade territorial, com mais de 300 comissões, uma rede multidisciplinar e cooperativa das instituições do Estado, quer aquelas que têm a ver com a dimensão administrativa na saúde, educação e segurança social, quer aquelas que têm a ver com órgãos ou instâncias de soberania, da administração interna, dos tribunais, do Ministério Público”. “Tem uma enorme proximidade territorial, sempre com uma ligação privilegiada aos municípios, e reúne, ainda que nem sempre de forma profundamente integral, todas estas áreas fundamentais para a promoção dos direitos das crianças e jovens”. O balanço do trabalho desta estrutura ao longo dos últimos 20 anos é, na opinião do governante, maioritariamente positivo, o ALGARVE INFORMATIVO #204

que não elimina a necessidade de nela se reforçar o investimento. “Sabemos que este é um desafio civilizacional e alguém disse em tempos que uma sociedade é principalmente avaliada pela forma como cuida das suas crianças. Por isso, estamos a falar de um trabalho sem fim em que precisamos sempre melhorar o desempenho, mas notaram-se igualmente mudanças sociais significativas nestas duas décadas”, alertou Vieira da Silva. “A educação continua a ser um veio central de uma integração, promoção e mobilidade social positivas nas nossas sociedades, apesar das suas dificuldades, por também estar muito pressionada pelas mudanças dos tempos. Sabemos hoje, melhor do que há 20 anos, que o sucesso do sistema educativo começa muito mais cedo, no pré-escolar. Há 20 18


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anos, outra dimensão essencial para a promoção dos direitos das crianças, a intervenção na primeira infância, era suportada por uma rede de instituições de resposta social que possuía cerca de um terço das respostas que têm atualmente”, comparou o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Nem tudo é, todavia, «ouro sobre azul», continuam a existir casos dramáticos que urge combater e eliminar, e Vieira da Silva lançou algumas pistas nesse sentido. “Temos hoje a certeza de que os riscos para as nossas crianças e jovens não estão circunscritos a um setor social que vive em situação de extrema pobreza. A fragilidade social é muito mais transversal do que provavelmente pensávamos há uma década, e temos que saber assumir essa realidade. As ALGARVE INFORMATIVO #204

respostas sociais existentes são cada vez mais desequilibradas face à natureza e ao perfil etário das crianças que necessitam de uma intervenção protetora e de prevenção”, observa o Ministro, entendendo que a intervenção precoce é, atualmente, uma questão fundamental, pelo que continuar neste caminho de valorização do sistema de proteção implica um reforço da sua dotação de recursos humanos. “Mais de 80 por cento dos técnicos das comissões alargadas participaram já num novo programa de promoção da formação, para melhor puderem desempenhar o seu papel. Mas há que criar instrumentos para dar resposta às situações de risco e está em discussão pública a nova legislação que diz respeito ao acolhimento familiar. Contudo, nada substituirá a eficácia da coordenação do trabalho de diferentes 20


áreas que intervêm nesta matéria. Tenho consciência de que o trabalho feito nas CPCJ é dos mais difíceis da área social, porque o acompanhamento diário de milhares de crianças é invisível para a sociedade, mas é muito visível e penalizador quando algum caso se transforma num drama ou numa tragédia. Quero deixar, nesse sentido, uma palavra de estímulo, felicitação e agradecimento a quem dá o melhor da sua experiência para solidificar este sistema”. No dia de abertura, destaque ainda para a conferência «Construir o futuro com os pais de hoje», pelo psiquiatra e escritor Daniel Sampaio. Seguiu-se apresentação do relatório anual de avaliação da atividade das CPCJ no ano transato. No dia 23, a sessão iniciou-se com a conferência

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«Um olhar sobre as crianças e jovens de hoje», por Maria João Leote, Comissária cooptada da CNPDPCJ. Houve também lugar a vários painéis com testemunhos de Comissões de Proteção de Crianças e Jovens de diferentes regiões do país, que apresentaram boas práticas nas áreas da proteção e da prevenção. No último dia do encontro teve lugar a sessão temática «CPCJ – Construir o futuro» com moderação de Paulo Guerra (Juiz Desembargador e Diretoradjunto do CEJ), Isabel Soares (Professora Catedrática da Escola de Psicologia da Universidade do Minho e membro da Direção do Prochild Colab), Sofia Borges Pereira (Comissária da CNPDPCJ e vogal do Conselho Diretivo do ISS) e Angel Parreño (Diretor-Geral de Serviços para as Famílias e Infância de Espanha) .

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ABC – LOULÉ ACTIVE LIFE, HEALTH AND RESEARCH FOI A ESTRELA PRINCIPAL DO DIA DO MUNICÍPIO DE LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Quinta-Feira de Ascensão, ou Quinta-Feira da Espiga, celebrada a 30 de maio, marcou o Dia do Município de Loulé, com as festividades a iniciarem-se com o tradicional hastear da bandeira nacional e parada de Bombeiros e Banda Filarmónica Artistas de Minerva, em frente aos Paços do Concelho. Já na Sala da Assembleia ALGARVE INFORMATIVO #204

Municipal, Vítor Aleixo voltou a lembrar que um concelho que não valoriza o seu passado dificilmente terá um futuro auspicioso, isto a propósito da inauguração, no dia 1 de junho, da obra de reabilitação do Palácio Gama Lobo, futura sede do projeto «Loulé Criativo». Em dia de festa e celebração, mas também de reflexão sobre o que tem sido feito pelo executivo camarário, Vítor Aleixo frisou que “o Município de 24


Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé

Loulé é reconhecido pelo seu equilíbrio orçamental e pela sua sustentabilidade financeira”. “Atingimos o valor de Dívida Orçamental mais baixo dos últimos oito anos, reduzindo-se de cerca de 95 milhões de euros para os atuais 25 milhões, ou seja, menos 74 por cento desde 2011. Implementámos uma minoração de 30 por cento (máximo permitido por Lei) na taxa mínima de IMI para as freguesias mais desertificadas e, em 2019, diminuímos em 80 por cento o valor das taxas a cobrar sobre a atividade económica em geral, isto é, sobre a ocupação da via pública nessas mesmas freguesias”, indicou o Presidente da Câmara Municipal de Loulé, acreditando que tais medidas serão mais um passo para combater o declínio do interior rural e para promover um desenvolvimento económico e social mais harmonioso no concelho. 25

Vítor Aleixo quer um território ambientalmente responsável e dinamizador de ações para adaptação às alterações climáticas; e um concelho coeso socialmente, com realizações concretas ao nível dos impostos, educação, apoios sociais e habitação. “Queremos igualmente que o concelho seja empreendedor e com capacidade para atrair investimento em áreas como a inovação, a saúde e o conhecimento. Um concelho seguro e com forte dinâmica desportiva e cultural”, prosseguiu o autarca, adiantando que estão em curso diversos projetos de construção e reabilitação, casos da profunda intervenção na Escola D. Dinis e a construção do Pavilhão Multiusos em Quarteira e Almancil. Quarteira onde também se assinou um protocolo com a Autoridade Marítima ALGARVE INFORMATIVO #204


Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve

Nacional para ali se construir um novo Posto Marítimo e uma nova Estação SalvaVidas, que irão aumentar a segurança dos pescadores e banhistas, bem como responder ao aumento do tráfego marítimo. Loulé vai estar igualmente na vanguarda da investigação na área da saúde e do turismo de saúde com a implantação, conforme se sabe, de duas infraestruturas em Loulé e Vilamoura, inseridas no projeto ABC – Loulé Active Life, Health and Research, que visa promover a cooperação nos domínios da saúde, investigação, formação e inovação, com início de construção previsto ainda para este ano. “Muitos são os projetos que têm sido desenvolvidos nos últimos tempos no concelho de Loulé e que têm tido um impacto profundo na vida dos munícipes. Quer seja nas áreas do ambiente e do ALGARVE INFORMATIVO #204

combate às mudanças do clima, da ação social, da educação, da cultura e património, do desporto ou da segurança, a autarquia tem-se esforçado sempre para responder de forma rápida e eficiente às necessidades da população. Estamos a projetar e investiu-se muito, de forma planeada, estruturada e consciente. Por isso, Loulé é cada vez mais um município moderno, competitivo, reconhecido a nível internacional, voltado para o futuro do seu território, mas, sobretudo, das suas gentes”, reforçou Vítor Aleixo. Seguiu-se a cerimónia de entrega do prémio a Pedro Mexia, vencedor da quarta edição do Grande Prémio Literário Crónicas e Dispersos Literários CML/APE, após o que se procedeu à celebração de protocolos com o IPST – 26


Nuno Marques, presidente do ABC - Algarve Biomedical Center

Instituto Português de Sangue e Transplantação, INSA – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, INFARMED, SPMS – Serviços Partilhados do Ministério da Saúde e INEM – Instituto nacional de Emergência Médica, no âmbito do projeto ABC – Loulé Active Life, Health and Research. E Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, não hesitou em considerar o momento como “um marco em termos nacionais”. “Este investimento concreto nas áreas da saúde, inovação e saber é estratégico para Loulé, para o Algarve e para Portugal. O nosso país só progredirá se investir nas suas pessoas, se se internacionalizar, se souber levar mais longe as capacidades que os portugueses sempre souberam desenvolver. Fizemos isso em tempos antigos, quando fomos pelo mundo fora levar aquilo que era o 27

nosso conhecimento e saber, e fomos pioneiros em muitas áreas”, salientou Paulo Morgado. Para o responsável pela ARS Algarve, a aposta do Município de Loulé no ABC – Loulé Active Life, Health and Research é algo “fora da caixa” e um “virar de página”. “É um investimento que promoverá a região e o país e que será importantíssimo para o desenvolvimento da prestação de cuidados de saúde na região. Vai ser um farol e uma marca muita relevante que trará mais criativos, investigadores e personalidades importantes para Loulé e para o Algarve. É um investimento que o Ministério da Saúde acarinha e que deverá estar ao serviço de todos os cidadãos de Loulé, do Algarve e de Portugal”, felicitou Paulo Morgado. ALGARVE INFORMATIVO #204


Alexandre Quintanilha, presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência

Já muito se conhece sobre o futuro ABC – Loulé Active Life, Health and Research, mas Nuno Marques, presidente do ABC Algarve Biomedical Center, voltou a enfatizar algumas das mais-valias do projeto, logo a começar pela criação de postos de trabalho diferenciados e qualificados. “Passamos a ter uma captação e importação dos talentos para cá, em vez de se assistir à partida dos talentos formados em território nacional para outros destinos para conseguirem prosseguir as suas carreiras profissionais. Também queremos mais e melhor turismo e a área da saúde e promoção da qualidade de vida é fundamental para esse intento e vai-nos ajudar a combater ALGARVE INFORMATIVO #204

a sazonalidade. Loulé e o Algarve vão passar a figurar também no mapa internacional da inovação e investigação e, acima de tudo, vamos formar os cidadãos, dar-lhes conhecimentos de como devem atuar em situações concretas”, destacou Nuno Marques. Os benefícios são muitos, de facto, com os profissionais de saúde a terem uma formação e atualização constante dos seus conhecimentos, haverá um maior acesso às terapêuticas inovadoras para se tratar os doentes e vai-se ter uma reabilitação adequada e promover a saúde e estilos de vida saudáveis. E tudo isto com a academia algarvia e os 28


prestadores de cuidados de saúde em estreita proximidade com a população. “Com este projeto iremos contribuir para termos melhores condições de vida e para serem salvas muitas vidas no Algarve”, assegurou o médico cardiologista. Após a assinatura dos protocolos, usou da palavra o presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, Alexandre Quintanilha, que considerou esta colaboração interinstitucional e interdisciplinar como “muito raríssima em Portugal e em muitos outros sítios do nosso planeta, onde as capelinhas estão todas bastante definidas e onde cada um quer ter o seu quintal para gerir da sua forma”. “Não vai ser fácil, mas é um passo muito importante e quero, por isso, dar-vos os parabéns”, declarou o deputado que preside, na Assembleia da República, às áreas diretamente ligadas ao projeto. “O que vocês estão a fazer com o ABC é juntar capacidades para se

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debruçarem sobre os três maiores desafios atuais ao conhecimento: as alterações climáticas e as suas consequências para a saúde; o envelhecimento, que está na base de uma série de alterações de saúde que nos afetam; e as iliteracias e as suas consequências no funcionamento do mundo. O conhecimento nas áreas das ciências naturais, das ciências sociais e das humanidades é fundamental”, defendeu Alexandre Quintanilha. “O papel da formação dos jovens é crucial num mundo em que não há garantias do que vai acontecer daqui a 10 anos, através de diálogo entre diferentes domínios do conhecimento”, concluiu. A finalizar as cerimónias oficiais aconteceu a inauguração da Exposição «O Homem que só queria ser Tóssan», na Galeria de Arte do Convento Espírito Santo, dedicada ao pintor, ilustrador, decorador e gráfico algarvio .

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INFRALOBO IMPLEMENTA SMART WASTE SYSTEM E FECHA O CICLO DO SMART RESORT Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Infralobo tem sido pioneira na implementação de soluções tecnológicas para uma gestão sustentável dos recursos e uma mobilidade amiga do ambiente, o que lhe tem permitido uma ALGARVE INFORMATIVO #204

redução efetiva no consumo de água e energia e nos custos com combustível. De facto, desde a criação do conceito de smart resort, em 2017, com o lançamento da plataforma «Infralobo Smart Management» e implementação de um conjunto de tecnologias, a empresa municipal do Concelho de Loulé seguiu uma política de 34


Carlos Manso, Presidente do Conselho de Administração da Infralobo

sustentabilidade ambiental focada em medidas concretas no combate às alterações climáticas, impulsionadas pela Câmara Municipal de Loulé. No dia 29 de maio, no âmbito da Semana do Município, a Infralobo deu mais um passo nessa estratégia de sustentabilidade ambiental com a apresentação de um sistema de gestão inteligente de resíduos, o «Smart Waste System», criado por uma startup portuguesa, e que possibilita uma melhor gestão da frota de recolha de resíduos, traduzindo-se numa poupança real do tempo gasto nas viagens e no consumo de combustível. Este planeamento mais eficiente do processo de recolha de resíduos também leva à diminuição do volume de poluição e do ruído associado à operação, com ganhos para a qualidade de vida dos residentes. 35

No âmbito da Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas de Loulé, a Infralobo tem vindo, nos últimos três anos, a projetar um conjunto de medidas que podem ser consideradas como um modelo na gestão ambiental sustentável do concelho. E disso foi exemplo, também no dia 29 de maio, a inauguração da nova estação elevatória e de dois novos postos de carregamento para viaturas elétricas colocados na praça central de Vale do Lobo. “A previsão é aumentar o número de postos de carregamento no concelho, permitindo que um número cada vez maior de automobilistas possa utilizar os pontos para carregar as baterias dos seus veículos elétricos”, adiantou o Presidente da Infralobo, Carlos Manso, ALGARVE INFORMATIVO #204


Vítor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé

acrescentando que a empresa investiu aproximadamente 400 mil euros na deslocalização da atual estação elevatória de águas residuais, o que envolveu a construção de um edifício, novas bombas e um novo Posto de Transformação de apoio. Com o lançamento destas soluções tecnológicas, a Infralobo encerra um ciclo de importantes investimentos na melhoria da operacionalização do seu sistema produtivo, com um impacto direto no diaa-dia dos residentes. Contudo, apesar de estar concluído este ciclo, “a empresa vai prosseguir a política de sustentabilidade ambiental que lhe tem permitido alcançar resultados benéficos em termos de poupança de recursos, quer para a ALGARVE INFORMATIVO #204

empresa, quer para o planeta”, assegurou Carlos Manso, uma garantia que muito satisfaz Vítor Aleixo. “Estou bastante impressionado com aquilo que acabo de ver e ouvir, porque é a realização de uma utopia tecnológica. Começamos a ultrapassar as fronteiras daquilo que é convencional e a perceber o nível de eficácia que é conseguido na administração destes serviços públicos para estarmos à altura das exigências dos cidadãos”, frisou o Presidente da Câmara Municipal de Loulé. “Com estes exemplos de sucesso continuamos a crescer e verificamos que somos tão bons como os melhores que trabalham em qualquer parte do mundo. Conseguimos fazer mais e melhor com 36


menos recursos e isso é extraordinário”, destacou o edil louletano. Na prática, o «360Waste» é uma solução integrada para a gestão de resíduos, composto por sensores de leitura volumétrica instalados em contentores e por uma plataforma online dotada de um conjunto de ferramentas que auxiliam o processo de gestão e que permitem uma redução de custos. Tem como vantagens, entre outras, um planeamento mais eficiente, poupança em gastos logísticos e diminuição do volume de poluição; informação centralizada que privilegia a boa gestão e planeamento do processo de recolha; redução do ruído; aplicabilidade a diferentes tipos de contentores e resíduos; criação de um histórico de volume, previsões, alertas de queda e incêndio dos contentores; informação em tempo real. Na plataforma online tem-se acesso a

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vários dados, nomeadamente: níveis de enchimento para cada contentor; análise detalhada da frequência de recolha; histórico dos níveis de enchimento; registo de anomalias ou necessidades de serviço; mapa de localização de contentores; algoritmos de previsão de enchimento; registo de manutenções e outras informações relevantes dos contentores; entre outros. Com a criação do conceito SMART RESORT by Infralobo pretendeu-se melhorar a operacionalização do sistema produtivo, aliando as inovações, por forma a que nas diversas áreas se atingissem resultados no mínimo ambientalmente eficientes, como a redução do uso de seus recursos naturais e das emissões causadoras de poluição, e se conseguisse uma melhor

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Vítor Aleixo, Joaquim Pinto, Presidente da Junta de Freguesia de Almancil, e Carlos Manso

gestão de infraestruturas e desmaterialização documental e a verdade é que os resultados estão a ser bastante satisfatórios, conforme revelou Carlos Manso. “Desde o início do sistema tivemos oito mil e 468 ocorrências fechadas e conseguiu-se baixar o tempo de resposta dos 15 a 20 dias para menos de um dia, o que é impressionante. E isso levou a uma satisfação global geral dos clientes, em 2018, de 81 por cento, sendo que a satisfação na rapidez de resolução dos problemas e na comunicação com os clientes foi de 90 por cento”, indicou o Presidente da Infralobo.

foi inaugurada no dia 29 de maio, Carlos Manso explicou que, com a sua entrada em funcionamento, o resort fica com uma capacidade instalada de 425 metros cúbicos, ou seja, um aumento de 217.95 por cento. “Com a EE1 em funcionamento, a Infralobo conseguia abastecer 2.220 clientes, neste momento, em conjunto com a EE2, conseguiremos abastecer aproximadamente mais 740 clientes. Mais tecnologicamente à frente, com maior eficiência e com melhores condições de automatismos, alarmes, desodoríficação e sistema de proteção contra incêndios”, salientou .

Relativamente à estação elevatória que ALGARVE INFORMATIVO #204

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FESTA DA ESPIGA REVIVEU TRADIÇÕES DE SALIR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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úsica, desporto, artesanato, gastronomia e as mais genuínas tradições do interior serrano regressaram à vila de Salir em mais uma Festa da Espiga, que teve o seu ponto alto na Quinta-Feira da Espiga, no dia 30 de maio, com o tradicional desfile etnográfico que representa toda a atividade agrícola desta freguesia rural. Segundo o calendário litúrgico, na Quinta-Feira da Ascensão comemora-se a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, encerrando um ciclo de 40 dias após a Páscoa. Neste dia celebra-se igualmente o Dia da Espiga ou Quinta-Feira da Espiga e, sobretudo no sul de Portugal, é tradição as ALGARVE INFORMATIVO #204

pessoas irem para os campos apanhar a espiga de trigo e outras flores silvestres, fazendo ramos simbólicos da fecundidade da terra e da alegria de viver. Algumas espigas, geralmente as de trigo, simbolizam a abundância, enquanto as papoilas, rosas, margaridas e malmequeres personificam a beleza e o ramo de oliveira reflete a paz. Este ramo, em número de combinações variáveis conforme as localidades, pendura-se depois dentro de casa e ali se conserva durante um ano, até ser substituído pela «espiga» do ano seguinte. A Festa Espiga em Salir teve início a 23 de maio de 1968, organizada pela Presidente da Junta de Freguesia da época, José Viegas Gregório, figura carismática e um grande impulsionador da sua terra natal. O sucesso da primeira 44


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edição, à qual presidiram o Governador Civil de Faro, Romão Duarte, e o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Eduardo Pinto, ultrapassou todas as expectativas da organização. Por isso, desde então Salir tem feito do Dia da Espiga um grande acontecimento regional, recebendo milhares de forasteiros que ali se deslocam para apreciar o artesanato, a gastronomia, o folclore, a etnografia ou a poesia. A importância que o evento alcançou como cartaz turístico do interior algarvio é tal que a Câmara Municipal de Loulé mudou para este dia o seu feriado municipal. O Dia da Espiga, que marca o início da época das colheitas, assume um relevo especial em Salir, uma vez que se aproveita a data para levar até ao grande público as suas manifestações tradicionais 47

mais características. Os intervenientes neste espetáculo ímpar no país preparam com antecedência os seus carros e, durante o desfile, vão oferecendo alguns dos produtos que transportam. O cortejo etnográfico que desfila ao longo da principal rua da vila representa toda a atividade agrícola e artesanal da freguesia, parte dela já em vias de extinção, desde as sementeiras, mondas, ceifas, debulhas, fabricação de pão, apanha do medronho e destilação, apicultura e extração de cortiça, o varejo do figo, amêndoa e alfarroba, artesanato de linho, lã, palma, esparto, cestaria de verga. Para além disso, há ainda a exibição de poetas populares declamando os seus poemas feitos de improviso e uma vasta exposição de ALGARVE INFORMATIVO #204


maquinaria agrícola das diversas marcas existentes no mercado. Uma das particularidades da Festa da Espiga é que a população tem ainda a oportunidade de deixar uma mensagem, em forma de poema ou quadra preparada ou apenas de improviso, às entidades governativas presentes, para pedir ou agradecer as obras feitas na terra. De facto, os executivos da Câmara Municipal ALGARVE INFORMATIVO #204

de Loulé aproveitam este dia para inaugurar uma estrada, uma escola, uma obra de saneamento básico ou um equipamento de carácter social, contribuindo para abrilhantar ainda mais as festividades. Contudo, quando tais obras não se concretizam, as críticas em tom de brincadeira são lançadas aos responsáveis governativos do município e da região . 48


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FEIRA DE CAÇA, PESCA, TURISMO E NATUREZA MUDA-SE PARA ALBUFEIRA E ALI QUER FICAR POR MUITOS E BONS ANOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

23.ª edição da Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza, da responsabilidade da Federação de Caçadores do Algarve, foi ALGARVE INFORMATIVO #204

formalmente apresentada no dia 24 de maio e logo à partida ressaltam três novidades: sai de Tavira e assenta arraiais em Albufeira; o Mundo Rural dá lugar ao Turismo e Natureza; e será de entrada gratuita. Vai acontecer de 5 a 7 de julho, na Marina de Albufeira, e 54


encontrar um espaço adequado na capital do turismo algarvio foi precisamente uma das principais dificuldades sentidas pela organização, por exigir uma área de exposição coberta com dois mil e cem metros quadrados e necessitando de um espaço enorme ao ar livre para instalação do picadeiro, boxes e bancadas, mostras equestres, exposição de animais, máquinas e equipamentos agrícolas, tasquinhas, artesanato, entre outras atividades. “É um evento de grande dimensão e com especificidades particulares e Albufeira não possui um parque de feiras e exposições. É um equipamento que nos faz falta e disso iremos tratar no futuro próximo”, referiu José Carlos Rolo, Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, satisfeito por acolher uma feira que atrai muitos visitantes de vários pontos do país e da vizinha Espanha. “O turismo em Albufeira não é apenas o sol, praia e animação noturna, temos que incentivar cada vez 55

mais o turismo no mundo rural”, defendeu o edil. O evento vai realizar-se, então, na Marina de Albufeira, uma zona nobre da cidade, e as expetativas são elevadas, reconheceu o administrador da Albumarina, João Amaral. “É um grande desafio, mas a Federação de Caçadores do Algarve tem uma longa experiência de 22 anos a organizar a feira e acreditamos que tudo irá correr bem. Estamos certos de que vai ser uma mais-valia para Albufeira e vai permitir-nos dar a conhecer a Marina a quem não tem por hábito visitá-la. É algo que deveríamos replicar mais vezes, e noutros locais, porque Albufeira vive essencialmente do sol e praia e precisamos atrair turistas para o interior do concelho e para combater a sazonalidade”, frisou João Amaral, garantindo o empenhamento a 200 por cento da estrutura da Marina de ALGARVE INFORMATIVO #204


Albufeira para o sucesso da 23.ª Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza. Feira que é, como referido, organizada pela Federação de Caçadores do Algarve e o seu presidente, Vítor Palmilha, confessou que já há alguns anos que existia a vontade de levar o evento para Albufeira, desejo que esbarrava sempre na inexistência de um parque de feiras na cidade. Para além das habituais exposições ligadas à caça, pesca, turismo, natureza, produtos da terra e máquinas agrícolas, haverá várias demonstrações equestres, mostras de raças autóctones algarvias e exposição de raças exóticas, falcoaria, concursos (mel, ovelha churra algarvia, cães, doçaria), a mesa redonda de Turismo e Citricultura «Exportar cá dentro», o Colóquio «Gestão e sanidade de espécies Cinegéticas», apresentação de livros, o Concurso de Matilhas – 9.º Troféu Duarte Rosa, a Final do Campeonato Regional de Santo Huberto, a 1.ª Taça «José Maria Seromenho» da Zona de Caça de Albufeira ALGARVE INFORMATIVO #204

e a 1.ª Taça de Obstáculos – Cidade de Albufeira. O evento conta ainda com uma programação musical de eleição, com Richie Campbell (dia 5, às 23h), António Zambujo (dia 6, às 23h) e José Praia e Áquaviva (dia 7, às 20h). Na ocasião, Vítor Palmilha aproveitou para fazer um balanço sobre o percurso do evento ao longo dos últimos 23 anos, dos diferentes locais por onde passou (Loulé, Faro e Tavira) e pela adequação aos novos tempos, nomeadamente no que se refere à alteração do nome, “que se prende, naturalmente, com novas vertentes e a dinâmica que se pretende imprimir nas áreas do Turismo e da Natureza”. O presidente da Direção da Federação de Caçadores do Algarve fez questão de frisar que a mudança para Albufeira foi consensual, informação corroborada pelo seu colega Fernando Medronho, Presidente da Assembleia Geral da Federação de Caçadores do Algarve, ambos 56


destacando a centralidade do concelho de Albufeira e as suas boas acessibilidades. E isto porque, para além de imensos participantes provenientes da área do barlavento algarvio, a organização conta este ano, também, com a presença de representantes da Galiza, País Basco e Andaluzia. Por sua vez, o presidente da Associação de Caçadores e Pescadores de Albufeira, João Arez, sublinhou que a entidade, que tem 31 anos de existência, tem estado ligada à organização do evento desde o primeiro momento. Recorde-se que esta coletividade tem um campo de tiro, gere uma zona de caça municipal e tem praticantes nas modalidades da caça e pesca, que ao longo do ano participam em várias provas. “Somos caçadores e pescadores, mas temos preocupações com o ordenamento do território e estamos conscientes de que estas atividades têm uma enorme importância a nível turístico, social e ambiental”, declarou João Arez. A sustentabilidade ambiental e a defesa

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dos produtos endógenos e do mundo rural foram os principais desafios apontados para a região pelos responsáveis da Agricultura e do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas. João Pedro Monteiro, Diretor Regional de Agricultura do Algarve, qualificou o certame como “uma mostra de excelência da caça e da pesca, mas também ao nível das atividades agroalimentares e do artesanato, o que é muito importante porque é uma maneira de puxar por outras atividades”, tendo a propósito destacado a Mesa Redonda de Turismo e Citricultura, agendada para o segundo dia do evento. Já João Castelão Rodrigues, Diretor Regional do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, elogiou a perspicácia da organização ao levar o evento para a Marina, “por ser uma forma de trazer o interior para junto do mar”, sublinhando, igualmente, “a perseverança dos organizadores que ao longo de 23 anos continuam empenhados e a lutar para que o evento seja um sucesso” .

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MICKAEL SALGADO VENCEU 20.ยบ CONCURSO DE FADO CERVEJA SAGRES CONCELHO DE VILA DO BISPO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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isputou-se, na noite de 25 de maio, no Salão de Festas da Sociedade Recreativa de Barão de São Miguel, a grande final da 20.ª edição do Concurso de Fado Cerveja Sagres Concelho de Vila do Bispo, que tinha como concorrentes Amabélio Pereira (S. Brás Alportel), Firmino Rodrigues (Lagoa) e Mickael Salgado (Montemor-o-Velho). Numa gala apresentada magistralmente, como é costume, por Tânia Lucas, e com a decisão a caber ao júri constituído pelo músico Pedro de Almeida, pela fadista Ana Marques e pela professora de voz Rita Rodrigues, da Orquestra Ligeira de Lagos, houve até lugar a uma atuação surpresa de ALGARVE INFORMATIVO #204

Gabriel Fialho, o vencedor da vertente juvenil do concurso que se encontrava na assistência e que, a desafio do presidente da Câmara Municipal de Vila do Bispo, Adelino Soares, subiu ao palco para mostrar o porquê da sua vitória incontestável na semana anterior. Quanto aos concorrentes, nota alta para os três, com Mickael Salgado a interpretar «Os Loucos» e «Estranha Forma de Vida», Firmino Rodrigues a optar por «Eu Quis Demais» e «Aquela Boca» e Amabélio Pereira a eleger «Noite» e «Bairro Alto». Enquanto o júri somava os pontos, o vasto público teve oportunidade de recordar a voz de Mafalda Vasques, a vencedora do concurso em 2018, que cantou «Eu 62


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preciso de te ver» e «Oração». A noite terminaria depois da melhor forma com a atuação da fadista convidada Kátia Guerreiro. Quanto ao alinhamento do pódio, o grande vencedor foi Mickael Salgado, que levou para casa um cheque de 1.300 euros, patrocinado pela Central de Cervejas e Bebidas, S.A. e Martinhal Resort Hotel; Amabélio Pereira foi o segundo classificado, tendo direito a um prémio de 500 euros, patrocinado pelo NAU Hotel& Resort – Salema Beach Village e Restaurante Retiro do Pescador; e Firmino Rodrigues foi terceiro, recebendo 250 euros, patrocinados pelo Restaurante Gigi. A estes prémios monetários somaram-se muitos outros graças a um amplo leque de patrocinadores do evento, entre os quais ALGARVE INFORMATIVO #204

se contavam, então, a Cerveja Sagres, Martinhal Resort, NAU Hotel& Resort – Salema Beach Village, Retiro do Pescador, Restaurante GiGi, Nacional Gest – Consultores de Seguros, Hotel Residencial Salema, Cape Cruiser, Dom Tenório, Navigator Aparthotel, Memmo Baleeira, Pousadas de Portugal, Hotel Mira Sagres, Pontalaia – Apartamentos Turísticos, Just Travel, Café Correia, Rossio das Eiras, Vila Velha, Restaurante Ribeira do Poço, Restaurante O Mexilhão, Bar Pau de Pita, Restaurante Armazém, Direção Regional de Cultura do Algarve, Turismo de Portugal, Mar Ilimitado, Zoo Lagos, Walkin Sagres, Herdade dos Seromenhos, JAB Bispos, Cristalina Batista – Estilista, Lena Cabeleireiros, Maria Paula Correia – Artes Decorativas, Vanda Bravo – Florista . 64


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Adelino Soares, Maria Joaquina Matos e José Gonçalves, Presidentes das Câmaras 68 Municipais de Vila do Bispo, Lagos e Aljezur, respetivamente


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SÃO BRÁS DE ALPORTEL EMBARCOU NUMA VIAGEM NO TEMPO RUMO A 1914 Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #204

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á há muitos anos que se tornou uma certeza, os eventos em São Brás de Alportel são sempre merecedores de uma visita ao coração da Serra do Caldeirão, e a terceira edição da recriação histórica «São Braz d’Alportel 1914» não foi exceção. No dia 25 de maio, o Centro Histórico de São Brás de Alportel, sem dúvida um dos mais catitas e acolhedores da região algarvia, foi palco de uma formidável viagem no tempo com destino à data em que a freguesia foi elevada a concelho. Vivia-se o período áureo do setor corticeiro, era uma época de novas conquistas, nos primórdios da República, um tempo que enche de orgulho todos os são-brasenses. Não admirou, por isso, a adesão maciça da população ao evento, ALGARVE INFORMATIVO #204

fosse em grupos ou individualmente, fossem as muitas associações existentes no concelho ou simples amigos da terra. Por isso, as ruas do Centro Histórico encheram-se de pessoas trajadas a rigor com roupas da época, os copos e petiscos tomaram conta das tascas e tabernas, a animação foi uma constante na rua, fazendo jus aos divertimentos do início do século XX. Ao longo do dia assistiu-se a confrontos entre republicanos e monárquicos, escutou-se o discurso de Bernardino Machado e vibrou-se com um desafio de futebol entre malcasados e encalhados. Às 18h30 teve lugar o desfile com personagens da época e a arruada pela Banda Filarmónica de São Brás de Alportel em direção aos Paços do Concelho, onde se prestou homenagem aos homens de São Brás 76


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caídos em combate na Grande Guerra. João Rosa Beatriz anunciou a fundação do concelho da varanda do edifício da Câmara Municipal, houve muitas serenatas, um casamento às avessas da moça filha do fidalgo do barrocal com o moço da Carbonária, teatro de fogo, cantigas e mais cantigas, inclusive um duelo de pistolas entre cavalheiros desavindos por amor de uma taberneira. A par dos eventos com hora marcada, o programa estava recheado de acontecimentos inesperados, como uma simples porta de garagem que se abriu e, no interior, estava recriada uma cena doméstica do início do século XX. Não faltaram os artistas de circo, os acordes da música intemporal, as surpresas do teatro de rua e o mercado com produtos locais, 79

numa Recriação Histórica onde até foi possível subir à Torre do Relógio da Igreja Matriz. O entusiasmo dos residentes era evidente nas ruelas e recantos de São Brás de Alportel, casas de portas abertas convidavam os visitantes a entrar, as montras estiveram adequadas à época e a qualquer momento podíamos ser interpelados por personagens que recriavam situações do quotidiano nos sítios mais inesperados, ou por artesãos a trabalhar ao vivo no seu ofício. O programa de animação contemplou o «Balho» à Antiga pela mão do Rancho Típico Sambrasense, do Grupo Folclórico da Velha Guarda e do Grupo Folclórico de Faro; um espetáculo pelo Grupo Jazz Band New Orleans; atuações ALGARVE INFORMATIVO #204


da La Ideal, Orquestra Típica de Tango do Porto; e momentos de acordes tradicionais pelo Cante Andarilho e Conservatório d’Artes. Ouviram-se igualmente fados e serenatas pelo Grupo «Inversus», houve danças e contradanças pelos pés da Escola de Dança Municipal e do grupo «São Brás Bailando» e ainda a atuação do Circo Cardinali para delírio de miudos e graúdos. Os momentos de música e teatro de rua foram quase ininterruptos ao longo de toda a tarde e noite, com a participação da companhia «Viv’arte –Laboratório Nacional de Recriação Histórica», do grupo de teatro da Sociedade Recreativa Bordeirense, do Clube do Museu, da Associação SãoBrazArte, da Banda Filarmónica de São Brás de Alportel, do ALGARVE INFORMATIVO #204

Grupo Carolas... e nem faltaram o divertido Teatro de Robertos, a clássica concertina e o Realejo. Celebrar um século de progresso e a implantação da República foram a razão de ser desta terceira recriação histórica organizada pela Câmara Municipal de São Brás de Alportel com o apoio técnico do Museu do Trajo e com a colaboração de associações, estabelecimentos comerciais, artesãos e produtores, artistas e grupos musicais, grupos informais e da comunidade em geral. A terceira edição do evento contou ainda com o apoio do Programa «365 Algarve» . 80


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«LA VIE EN ROSE» DEMONSTROU TALENTO DOS ATORES AMADORES DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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epois de sete meses de intensa formação, os alunos da II Oficina de Formação de Atores do Teatro das Figuras levaram a cena «La Vie en Rose», nos dias 21 e 22 de maio, colocando em prática todos os ensinamentos transmitidos por Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, do Coletivo JAT – Janela Aberta Teatro. A criação inspirou-se em cenas de filmes que retratam o dia-a-dia tragicómico de várias famílias, histórias insólitas de paixão, conflito, amor e ódio. O pequeno auditório do Teatro das Figuras, em Faro, encheu para a apresentação do projeto final de uma ALGARVE INFORMATIVO #204

formação que combina diferentes géneros e estilos, muito humor e poesia visual. E, ao longo do processo, os participantes, para além de aprenderem e desenvolverem ferramentas para a atuação, escreveram eles próprios o texto da peça, ao mesmo tempo que aprendiam a importância do trabalho em equipa e a generosidade no teatro. Depois, os retoques finais couberam a Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, para quem o teatro é “o lugar onde observamos o comportamento humano, o entorno em que vivemos, como nos relacionamos”. “A aprendizagem e o crescimento humano são enormes e transformadores, tanto para os atores, como para o público. Cada pessoa tem 96


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um artista dentro dela e o teatro é um ótimo lugar para descobri-lo”, garante a dupla de atores e formadores. «La Vie en Rose» foi interpretado por Adélia Neves, Ana Beatriz Castro, Ana Beatriz Lopes, André Januário, Bárbara da Fonseca, Catarina Catalão, Clarinda Costa, Graça Madeira, Guilherme de Brito, Jamila Mendes, Júlia Filipa, Mónica Direitinho, Nathalie Santos, Suzanne de Sousa e Vera Correia, com a colaboração especial de Jorge Oliveira. A coprodução é do Teatro Municipal de Faro e Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro, com o apoio do IPDJ e ARCM. E, na hora de entregar os diplomas aos formandos, Diana Bernedo e Miguel ALGARVE INFORMATIVO #204

Martins Pessoa fizeram questão de mostrar o seu agradecimento a Rui Gonçalves, Gil Silva e a toda a equipa do Teatro das Figuras “pela confiança e acolhimento durante estes dois anos”. O Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro irá prosseguir com oficinas de Formação de Atores e de Teatro Físico após o Verão, mas antes disso, já nos dias 22 e 23 de junho, leva a cena a mostra final da Oficina de Teatro Físico do Gimnásio Clube de Faro. Quanto às oficinas de formação do Teatro das Figuras, a próxima ação, a acontecer também depois do Verão, incidirá sobre teatro musical . 98


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Guilherme duarte DE PASSAGEM PELO TEATRO DAS FIGURAS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Teatro Municipal de Faro 107

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uilherme Duarte regressou ao Teatro das Figuras, em Faro, no dia 23 de maio, no âmbito da tournée do seu novo espetáculo, «Só de Passagem», e voltou a trazer o seu humor acutilante, nem sempre politicamente correto, mas isso também não é nada que o preocupe. Por isso, quando diz logo que “vamos todos morrer”, não se admira que o ambiente fique um pouco estranho. “Talvez não seja o melhor tema para um espetáculo de comédia, mas, se pensarmos bem, a vida é uma doença terminal e só nos resta aproveitar e rir sempre que pudermos. Não, não é um espetáculo de autoajuda”, esclarece. Criador do blogue «Por Falar Noutra Coisa», Guilherme Duarte promete, ainda que sem compromisso, fazer o público rir neste seu segundo solo de standup comedy, em que aborda a morte, a vida, a religião, os medos e as inseguranças, “mas também temas de elevada intelectualidade como xixi e cocó”, acrescenta. E esse foi o mote para uma noite, não razoavelmente agradável, mas sim bastante agradável porque, afinal de contas, se estamos apenas de passagem, resta-nos rir… muito… e sempre que possível . ALGARVE INFORMATIVO #204

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FOGO FOGO AQUECERAM APRESENTAÇÃO DO FESTIVAL MED NO CINE-TEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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oi apresentado, no dia 25 de maio, no Cine-Teatro Louletano, o cartaz final da 16.ª edição do Festival MED, que vai acontecer de 27 a 30 de junho, em Loulé. Depois das sessões na Bolsa de Turismo de Lisboa, Café Calcinha e Capitólio, este foi mais um momento para a organização comunicar algumas novidades, mas, sobretudo, reunir o público que segue este evento, bem como artistas, agentes e entidades nele envolvidas. Depois, foi tempo de assistir à atuação do grupo Fogo Fogo, que se constitui como a primeira confirmação para a edição de 2020. Fogo Fogo, o projeto de Francisco Rebelo (baixo), João Gomes (teclas), Márcio Silva ALGARVE INFORMATIVO #204

(bateria), Danilo Lopes e David Pessoa (vozes/guitarra), tem agitado com incontrolável energia as pistas de dança lisboetas. A banda é uma urgente manifestação de uma cultura que, qual vulcão, está prestes a explodir. Os músicos envolvidos são ultraexperientes, profundos conhecedores dos múltiplos grooves de inspiração africana e atiram-se a funanás e a música de baile de festa africana como se 1987 tivesse sido anteontem. E neste contexto assumem a mais primordial das missões: fazer dançar sem truques, apenas com energia de bpms carregados, com a bateria e o baixo em permanente derrapagem e os sons inspirados na «gaita» (a concertina) a comandarem a identidade melódica . 116


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«OS DIAS DO JAZZ» LEVOU RICARDO TOSCANO E JOÃO PAULO ESTEVES DA SILVA AO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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jazz voltou a estar em destaque em Faro durante o mês de maio, com a quinta edição do festival «Os Dias do JAZZ» a trazer a Faro uma programação diversificada e com abordagens bastante distintas a este género musical. E o público respondeu à altura a esta coprodução do Teatro Municipal de Faro, Câmara Municipal de Faro, Club Farense e Teatro Lethes. Foi precisamente no imponente Teatro Lethes que aconteceu, no dia 25 de maio, um dos derradeiros concertos, com o saxofonista Ricardo Toscado acompanhado pelo pianista João Paulo Esteves da Silva. Dois músicos que, apesar de se moverem na mesma cena musical, apresentam estilos muito distintos, o que ALGARVE INFORMATIVO #204

torna o dueto irresistível. Ricardo Toscano está totalmente virado para a herança afro-americana do jazz, seja em termos estilísticos como na vertente mais estética. Por seu lado, João Paulo Esteves da Silva tem procurado dar ao jazz uma identidade portuguesa, servindo-se do repertório da tradição rural ou de velhos temas sefarditas que refletem as componentes árabes e judaicas que marcam a cultura lusitana. Independentemente das suas influências e estilos, o certo é que o duo é caracterizado por capacidades muito acima do normal, o que engrandeceu tremendamente a noite vivida no Teatro Lethes. Ricardo Toscano é apontado como um «menino-prodígio» do saxofone, com estudos realizados, em regime de sobredotado, na Escola Superior de Música de Lisboa, depois de 124


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ter passado pela Escola de Jazz Luís Villas-Boas. Um talento que ficou comprovado com o seu disco «Ricardo Toscano Quartet», editado em novembro do ano transato, cujas sonoridades misturam o jazz ao bebop e ao pós-bop e onde nomes como Charlie Parker ou Ornette Coleman surgem como claras referências. Quanto a João Paulo Esteves da Silva, fez o Curso Superior de Piano com a nota máxima, rumando depois para o Conservatoire de Rueil-Malmaison, em Paris, onde foi agraciado com a Medaille d’Or, o Prix Jacques Dupont, o Prix d’Excellence e o Prix de Perfectionement. Resumindo, talento não falta aos dois artistas e o público que acorreu ao Teatro Lethes, na noite de 25 de maio, disso bem desfrutou, numa excelente homenagem ao jazz de mais alto nível.

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Não somos só nós! Paulo Cunha (Professor) ão raras as ocasiões em que ao interpelar um aluno sobre o seu comportamento, ele não me responda com a sacramental desculpa: “Não fui só eu sr. professor, o meu colega (fulano de tal) estava também a fazer o mesmo…”. Respondem-me com tal convicção e veemência que quem ouve a justificação fica com a sensação que o facto de não estar isolado na asneira cometida, o perdoa, automaticamente, da infração. Então quando lhes pergunto a razão de determinados comportamentos e eles se respaldam com a costumeira resposta: “Oh sr. professor, não sei qual é o problema?... Lá em casa nunca me disseram nada por eu fazer isso!”, rematando muitas vezes com a frase: “Os meus pais também o fazem!”. É claro que, à medida que o tempo me vai envelhecendo, tenho vindo a aprender a conter-me nas perguntas que faço, pois nunca sei qual será a resposta que me irá calhar na rifa. É que, às vezes, no melhor pano cai a nódoa! Extrapolando estes comportamentos juvenis para o universo sénior, é fácil concluir que os mesmos ganharam o estatuto de justificação, explicação e até legitimação para tudo o que foge a uma análise mais aprofundada e substancial. Para além desta forma muito lusitana de colocar tudo no mesmo cesto, usa-se também o enorme guarda chuva em que consiste a frase feita “O que não tem remédio, remediado está!”, para assim arrumar determinados assuntos mais incómodos. Sempre que aponto determinadas características comportamentais aos algarvios, logo se levantam determinadas vozes mais atentas ao que acontece em determinadas capelas, ALGARVE INFORMATIVO #204

quintas e quintais, referindo que no resto do país também se verifica o que eu mencionei. Ora se assim é relativamente à minha província de origem, imaginam, por certo, as respostas que recebo sempre que desabafo sobre determinadas particularidades muito «tugas». Não cai o Carmo e a Trindade, mas há sempre alguém que escreve que lá fora também é assim… ou pior ainda. Mais uma vez a tal legitimação conferida por esta entidade abstrata apelidada de «os outros». Como muitos de vós, sou daqueles que não precisa de esperar pelo exemplo dos outros para agir e reagir em determinadas situações. Mal estaríamos nós se tivéssemos de autenticar os nossos comportamentos com o selo de garantia do comportamento alheio das maiorias. Aliás, os maus exemplos, vindos de cima, são mais do que muitos, e, infelizmente, por ocorrerem com tanta frequência, parece que, aos nossos olhos, já se banalizaram e normalizaram. Tanto assim é, que já todos tomamos como um dado adquirido as nefastas e prolongadas consequências que vários setores individuais e corporativos ligados ao poder provocaram nas nossas vidas. Sabendo que serão sempre os mesmos a pagar as manigâncias de quem nos rouba e ainda fica a rir, causa-me alguma estranheza como tantos «chutam a bola para fora», justificando-se, uma vez mais, que, como povo, até não somos os piores. “Não, não somos os únicos!” - dirão, mas tal como o que se regista com os meus alunos, de que nos servirá essa desculpa esfarrapada que, transmitida de geração em geração, tenta, através dos outros, desculpabilizar vergonhosos e ignóbeis comportamentos? Já basta! É mais do que 132


chegada a hora de encararmos de frente a situação de saque institucionalizado e corrupção generalizada a que Portugal chegou e, chamando os burros pelos nomes, retirar as palas que nos impedem de ver que os culpados não são os outros. Com os males dos outros podemos nós! Os verdadeiros 133

culpados somos nós… pela ignorância, pela omissão, pela demissão, pela inoperância, pela inércia e pelo comodismo. É caso para cantar o refrão da canção de um «outro» que fez pela vida (Bob Marley): «Get up, stand up, stand up for your rights!» Pode ser que a cantar possamos lá chegar! . ALGARVE INFORMATIVO #204


OPINIÃO

Memorabilia Mirian Tavares (Professora) “Aquele rio era como um cão sem plumas. Nada sabia da chuva azul, da fonte cor-de-rosa, da água do copo de água, da água de cântaro, dos peixes de água, da brisa na água”. João Cabral de Mello Neto

embro-me do pão quente, sovado ou aguado, que se comprava na padaria da esquina. Na verdade, de uma esquina, pois na esquina de casa havia um quiosque e se a memória não me falha, uma sorveteria. Talvez a sorveteria tenha vindo depois, havia um largo que se estreitou e os prédios tomaram o espaço da rua. Uma vez fui com um dos manos à padaria, os pães vinham envolvidos num papel pardo e o pacote era arrematado por um cordão, enquanto ele fazia o pedido, descobri que havia um vidro a faltar na vitrine onde estava o rolo do cordão. O padeiro, aflito, tentava puxar o fio para dar a volta ao pacote, mas o dito cujo não se movia. Eis que olha por sobre o balcão e vê uma menina de uns três anos, cabelos cortados à rapaz e uma camisa branca, a segurar o rolo e a sorrir. A menina, que era eu, gostava de pão doce, que não se podia comer todos os dias, e do cheiro do pão acabado de fazer. Lembro-me ainda dos dias de chuva, de sair à rua para tomar banho na água que corria volumosa das calhas. É incrível como tenho a imagem, como uma fotografia, estampada na memória. Outro dia li sobre a memória e a sua capacidade de fazer seleções – porque, dentre tantas histórias, gravamos aquela, ALGARVE INFORMATIVO #204

num dado instante. Outras se perdem e voltam para nós pelas memórias alheias, depois confundem-se com as nossas próprias e já não conseguimos distingui-las. Não sei se me lembro, ou se me contaram, e aí então passei a lembrar-me, de quando completei três anos e um amigo dos meus pais levou uma banda para tocar à porta de casa. Era de tarde, e na minha memória emprestada, havia balões. Lembro-me bem, no entanto, de outra festa, já eu era mais velha, devia ter uns cinco anos. Eu e o mano decidimos vender aluá – uma espécie de poncho, feito de abacaxi, à porta de casa. Montamos uma banca, mas não resultou, acho que não vendemos nada. Este mano, quatro anos mais velho que eu, tinha fama de ser danado, e não era apenas fama, também tirava proveito. As amigas da mãe davam-lhe dinheiro para mexer com as moças que iam à escola e passavam apressadas, com saias pelos joelhos, plissadas e camisas brancas com colarinho engomado. E aos domingos íamos à igreja. Havia uma praça com fonte iluminada. E vendedores de pipoca, algodão doce e milho assado. Na minha memória é muitas vezes domingo. E noutras tantas, chove .

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OPINIÃO

Haja RAIAS Adília César (Escritora) “Acontecer na abertura do movimento infinito da VIDA por meio de forças de corpos múltiplos fora da significação”.

Luís Serguilha evento cultural RAIAS POÉTICAS 2019 | AFLUENTES IBERO-AFRO-AMERICANOS DE ARTES E PENSAMENTO reuniu meia centena de participantes em Vila Nova de Famalicão nos dias 23, 24 e 25 de maio, com curadoria de Luís Serguilha. E porque de cultura se trata, desconstruamos algumas ramificações pensantes que aqui se revelaram para se perpetuarem na nossa memória. Porque o que é significativo constrói e desconstrói, para depois se construir de novo, é necessário fazer remanescer as sensações provocadoras de outras sensações, as quais irão contribuir para a ressonância de evidências das diversas faces/corpos da arte e do pensamento, através das RAIAS SONORAS (leitura de poemas pelos próprios autores) e das DOBRAS-dePENSAMENTO (painéis de reflexão: tema, convidados e respectivo surfista/moderador). As leituras que podemos extrair deste encontro onde se intersectam as artes e o pensamento conduzem-nos ao impensável através de um ritmo intensivo: a arte, a poesia, o teatro, a dança, a literatura e o pensamento movem-se, caem e levantam-se, precipitam-se na atmosfera densa da vida a acontecer. Luís Serguilha pretende “tornar sensíveis olhares, gestos, palavras, corpos, sim, libertar o cérebro por meio do estranho que nos atravessa: forças éticas afirmadoras da VIDA fazem variar o mundo! RAIAS!”. E Luís Serguilha consegue reunir diferentes campos de forças tão amplamente energéticas que logo nos fortalecem depois de nos enfraquecer. Respirar, admitir multiplicidades de

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acções/lógicas/pensamentos, visões do inenarrável tornadas FALA SENSITIVA. Se as RAIAS não se inscrevem numa cartografia linear e coerente é porque o caminho é outro e é intencional. A esse respeito, diz-nos Luís Serguilha: “AS RAIAS não fazem parte dos festivais, não têm biografias, nem pertencem ao historicismo, não são competições, não há pódios, nem modelos, nem estruturas lógicas, sim, as RAIAS não buscam maiorias, nem rostos capturados pelas ideologias do sucesso, as RAIAS nunca estão prontas, são processos, metamorfoses activas, corpos intensivos... porque se fortalecem dentro de outra maneira de fazer vida, sim, são correntezas transmutadoras, são composições de potências-artistas, são multiplicidades que fazem coexistir várias dimensões de tempo, são diferenças que se reconstroem com diferenças. São pontos de vista que exaltam o pensamento: experimentar, singularizar no cristalino das heteronímias que abrem as forças do CORPO, desencadeando sensações, sim, as RAIAS são acontecimentos do acontecimento: RITMO que criva o caos e lança dados imprevisíveis: FAZER existir___RAIAS da ARTE onde em cada instante nos diferimos fora do reconhecimento!!!”. As potencialidades das seguintes linhas de reflexão colocaram os participantes à beira de um precipício cultural: - O artista faz um pacto com a vida e com o pensamento: quebrar clichés! - Escrever é tornar-se um bastardo, um traidor, um sintomatologista! - O escritor produz uma língua fora da maioria: uma língua que atinge o sublime quando o 136


escritor deixa de ser escritos: o agramatical! - A Dança é um Poema em construção na ruptura das palavras. - O Actor atinge o animal em si: é a força do corpo do poema: dobra, desdobra a voz, a palavra e o falso, diluindo os limites dos órgãos.

Estive presente, estivemos presentes, estamos juntos nesta caminhada de descoberta artística e pensante. Ver, ouvir, pensar, fazer amigos: conhecer, ressoar, desconstruir, ressignificar. HAJA RAIAS de Norte a Sul! .

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OPINIÃO

Do Reboliço #40 Ana Isabel Soares (Professora) Reboliço corre tudo a pé, está claro. Ou melhor, à pata. Já o levaram a viajar de carro: normalmente, vai na mala. (Lembra-se, quando o Sorna ainda andava por aí, de como o cãozarrão saltava para dentro da bagageira do automóvel e, fazendo de conta que o corpo todo não ocupava cada milímetro quadradinho do espaço, se encolhia para dar lugar, quase nem tocava, no Reboliço ou na pequena e remexida Luca, a negra cadela de água. O Sorna era um gigante da montanha: pastor de guarda furada, que nada tinha que guardar: mas, se lhe dessem um castro inteiro, ou cordilheira de vales e montes, ninguém duvidava que faria o serviço sem lhe apontarem uma falha. Era assim de grande – mas acomodava-se para caber na bagageira de um destes carros de todos os dias, de andar e voltar, e de maneira que qualquer outro animal, mais miúdo, que com ele viajasse sentisse que o lugar onde estava era um vacuíssimo salão de baile.) Então: já levaram para cá e para lá de carro, ao Reboliço – e nem é que desgoste. Principalmente se for de noite e ele puder ir com o olho aberto espreitando as estrelas, vigiando a lua, que, com as curvas do carro, anda agora de um lado e agora do outro, os satélites (que ouviu ao avô explicar que são como as estrelas, mas, se se prestar atenção, mexem-se um bocadinho lá no céu e, descuidandose a atenção, quando se volta a olhar já

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caminharam boa porção do firmamento) e os aviões. Não é que desgoste de andar de carro, o Reboliço. Mas à pata... Isso é que, por dizer assim, é o seu meio natural. À pata galharda, de déu-em-déu, lá vai o bicho na berma dos caminhos, meio torto, como é dos cães caminharem, que nunca se percebe se são mancos, se é o chão do mundo que, quando passam, se entorta. Por estes dias ouviu dizer que um outro cachorro, chamado Einstein, precisou que se escondesse a lua por detrás da sombra da terra para provar que tempo e espaço e espaço e tempo são espaço e tempo e tempo e espaço num tempo e num espaço que ele jura que tentou entender e nada feito. Dois pares de patas é que o movem, pelo espaço-tempo onde viaja: uma pata da frente ficando atrás quando a de trás avança e, no par do lado, a da frente adiantada quando a de trás mais se atrasa, venha de lá Einstein e explique o que assim se faz para se caminhar. (De onde vinha o Reboliço?) Se caminha por dentro da cidade, porque calca, consegue ver como a calçada é um cortiço de obstáculos, uma corrida com subidas e descidas: para cão baixo que ele é, uma gincana. Vai percebendo, nesses passeios, que as pessoas que andam a pé são os mais novos e os mais velhos: os primeiros, em trajetos curtos, da paragem de um autocarro para uma escola, pode ser; os outros, porque não têm o tempo 138


Foto: Vasco Célio

contado: ou melhor, por terem contado o seu tempo, deixam de o contar, têm-no livre de fim porque é o fim que conhecem. Porque vão mais devagar, à velocidade de cão pequeno, podem aperceber-se, como o Reboliço, de miudezas que só se mostram a quem espreita no passo dos passos os canteiros, os quintais, o jeito de dispor com atenção física-e-geométrica 139

minúsculos tubinhos de rega automática. Não podem é essas pessoas caminhantes, porque são altas, como o Reboliço atravessar, no andamento, uma moita de alfazemas – e sair de dentro dela como se num nebuloso veículo absoluto de perfume . * Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #204


OPINIÃO - A ISTO CHEGÁMOS …

Um país Fernando Cabrita (Advogado e Poeta) á um país que numa década criou um milhão de pobres. Lembram-se? Nesse país, ora governado por engenheiros feitos à pressa em domingos e feriados, ora por imberbes tecnocratas nascidos e criados nas Jotas e sem mais formação que essa, o desemprego atingiu 800 mil pessoas. Lembramse? Nesse país, onde os que governavam e seus apaniguados medravam, famílias inteiras foram despojadas das suas casas por uma coalizão de bancos e políticos, mancomunados nesse objectivo de criar um parque imobiliário para a banca, que hoje se beneficia disso enquanto o Estado – que somos nós – tem que ajudar com subsídios e apoios sociais não só os que foram espoliados, mas em maior grau tem que ajudar (obrigado e compungido) – os bancos espoliadores que nunca podem deixar de ter lucro. Lembram-se? Nesse mesmo país a corrupção entre quem manda e os seus amigos e arrimados ia alegremente e de vento em popa; e a justiça pairava sobre as águas, de velas caídas. Lembram-se? Nesse glorioso país os bancos eram, às escâncaras, esvaziados de dinheiro e assaltados a partir de dentro, sem que nenhum governo, nenhum ALGARVE INFORMATIVO #204

presidente, nenhum supervisor desse por isso; e milhões e milhões de euros que faltam à economia e aos cidadãos andaram sem retorno pelos bolsos de tratantes e off shores, de comendadores encomendados, ex-ministros e toda a sorte de larápios apessoados e de gravata de seda. Lembram-se? Era o mesmo país em que licenciados foram forçados a trabalhar miseravelmente por 600 euros ao mês; em que houve gente com fome; em que houve gente que morreu de tristeza em miseráveis cubículos desprovidos de tudo, salvo de solidão e pobreza; em que nos hospitais se desceu verdadeiramente ao nono círculo do Inferno, esse que Dante viu, quando se ia a uma sala de espera de urgências; em que crianças passaram fome nas escolas; empresas caíram falidas; velhos estiolaram na solidão de 5.º andares recuados, porque lhes minguava a reforma, cortada por esses tartufos; onde ninguém perguntava quem enriqueceu com os Swaps, com os BPN, com as PPP, com os submarinos, com as zonas húmidas entregues à construção desenfreada, com os pavilhões atlânticos, com os vistos gold, com todas as escroquerias públicas e as menos públicas que se vão sabendo. Lembram-se? 140


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Nesse mesmo país, que mandou os seus melhores jovens e os quadros promissores para a emigração – porque não ficava bem mandá-los para a puta que os pariu ou bardamerda (que é afinal o que os nossos próceres fazem aos nossos estudantes e recém licenciados) – sucediam-se freeports, tecnoformas, sucateiros, milhões a circular entre amigos, sacos azuis, Bancos Maus e Bancos Piores, Panama papers de que já ninguém fala. Lembram-se? Era um triste país onde os envolvidos e indiciados em todos os esquemas foram rapidamente promovidos a comentadores televisivos e pagos pelo erário publico; um país de imunidades escabrosas para uns e de rápidas execuções de despejos, de detenções, de prisões e de juízos sumários para outros, sempre os mais pobres; um país onde ninguém levanta a voz para denunciar que foi por causa destes políticos, banqueiros, comentadores e similares – que temos e tivemos – que a ruína atingiu as contas públicas e o terrorismo cresceu no mundo (já esquecemos a construção de 11-estádios-11, à bruta, a bem do pato-bravo e das comissões que sempre deslizam? Já esquecemos Durão Barroso nos Açores a ser anfitrião de uma tríade de mentirosos e delinquentes que destruiu um país, onde depois

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se campeou o Estado Islâmico?). Um país anestesiado e autossatisfeito por larguíssima masturbação futebolística, servida de manhã à noite e promovida por toda a imprensa e todos os poderes. Lembram-se? Têm presente? É o mesmo país onde os que agora bajulam Guaidó para ficar bem na fotografia ao lado de Trump e Bolsonaro, calam os crimes ecológicos de um e os crimes humanitários das chacinas no Iémen de outro. É, não é? Um país que tudo calou e sofreu, obediente, resignado, caladinho, devoto e moralista. Ora, num país assim, de triste memória recente e de mais triste memória passada, causará acaso espanto que um prestidigitador de contas e negócios escabrosos, avalizados pelo Estado e pela Banca, depois de esmifrar 300, ou 500, ou 600 ou mil milhões (quem souber o valor exacto que o diga) de euros aos desgraçados de sempre – que os pagarão com língua de palmo, outra vez, para de novo «salvar» os bancos que estão sempre a pedir para ser salvos e sempre a perder o dinheiro que o Estado lhes oferece em salvação – causará espanto, dizia, que quando o cavalheiro se vem rir alarvemente na cara de todos, causará acaso espanto, repito, que os mesmos que andaram com o prestidigitador ao colo, a tratá-lo

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por mecenas, a passear Sua Excelência e Senhoria no altar da Pouca Vergonha, e a dar-lhe fumos de santidade e glória, se venham agora lamentar, uns; dizer que não se lembram de nada, outros; e que tudo afinal se teria passado sem que tivessem percebido, outros e uns? Moscambilhas, não houve? Comissões e gratidãozinha, nenhuma? Apertos de mão, gorjetas, participações em negócios? Sabe-se de algum ou ao menos suspeita-se? Investiga-se? E causará espanto que a consequência urgente, a mais urgente, a inadiável, a que todos propõem e aplaudem, exigem e reclamam com a pátria na boca e o coração latindo pela honra do país, com o punho austero a bater no peito ilustre, é, não outra, mas esta: que retirem ao glutão a comenda. E pronto, está sanada a coisa. Espanto? Nenhum. Estamos afinal no país dos Joes. O país dos brandos costumes, sempre mais brandos para quem tenha dinheiro, mesmo quando só tenha uma garagem. É o país dos Salgados e dos Oliveiras. Dos Varas e dos Limas.

penas duras da lei. Se for, porém, um canalha de pendão e caldeira – no caso, de fato e garagem –, todos lhe fazem a vénia; e a Justiça, compungida, envia-lhe um cartão de visita respeitoso, dobrado no canto, pedindo a Sua Excelência desculpa pelo incómodo se acaso tiver que o investigar. Noutras latitudes, este episódio despontaria uma Revolução, daquelas com barricadas e palacetes em chamas. Aqui, nada. O Estado, incomodado com a desfaçatez do bufarinheiro, sai de armas, inspectores da Fazenda e coimas para a estrada; barrica-se – e vai penhorar o desgraçado que deva 100 euros às Finanças, sacando-lhe o carrito utilitário em que circule. Por seu lado, o povinho, acamado de alma e de dignidade frouxa, faz um ligeiro esgar, insulta transitória e levemente o prestidigitador durante um dia ou dois nas conversas de café; mas depois cai em si; e faz, sempre, inevitavelmente, como não poderia deixar de ser, a velha e inquietante pergunta: - Com o Casillas doente, quem achas que vai jogar à baliza no próximo domingo? .

Um desgraçado que roubasse um pão era levado à Justiça; e rapidamente acoimado com as

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OPINIÃO

O poder das curtas-metragens Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) ecentemente a curtametragem algarvia «Ao Telefone com Deus» teve estreia nacional na RTP2 no programa do jornalista Tiago Alves - Cinemax Curtas. Isto fez-me refletir sobre o poder das curtasmetragens. Sabemos que fazer filmes, ou «filmmaking» é uma área técnica que engloba uma extensa variedade de disciplinas e conhecimentos. Em altas produções de cinema, o processo é extremamente caro e moroso, o nível de requinte é elevado e os budgets astronómicos. Mas, e o resto de nós mortais cheios de ideias que nos colocam a mente a trabalhar como uma locomotiva? Nós, que queremos contar histórias utilizando o meio audiovisual? Será possível fazê-lo sem termos uma máquina industrial a produzir um projeto? E se não recebermos financiamento? Com tantos «ses», podemos acabar por ficar desmoralizados e sentirmo-nos uns marginais a tentar entrar numa indústria, tão glamorosa, mas tão longínqua dos nossos sonhos. Especialmente sonhos algarvios… Contudo, com imaginação, vontade e câmaras/gravadoras de qualidade e de preço acessível, consegue-se fazer um pequeno episódio piloto ou uma curtametragem. E é mesmo aqui que devemos começar. Embarcar na produção de uma curta-metragem pode ser o ponto de viragem na carreira de um/a jovem ALGARVE INFORMATIVO #204

realizador/a. Os benefícios que descrevo abaixo foram comprovados na primeira pessoa! 1. Explorar Conceitos: quando nos surgem ideias interessantes é como se fôssemos atingidos por um raio. Há uma libertação de adrenalina e a ideia não nos larga, nem nós a ela! Começar por desenvolver uma pequena história para uma curta-metragem é uma carte-blache que nos permite divagar sobre a abordagem de um tema ou conceito que nos alicie. 2. Estudar Género: género permite categorizar os filmes, de forma a que o espetador saiba o que vai ver, ou seja, é algo que está relacionado com a experiência do espetador enquanto vê o filme. Há drama, fantasia, terror, comédia romântica ou absurda, mistério, thriller, etc., e uma lista infindável de subgéneros com os cruzamentos de diversos estilos. No filme «Ao Telefone com Deus» pude apalpar terreno, tanto na escrita, como na estética visual e sonora, como forma de explorar um género fílmico do meu interesse: comédia absurda/western. 3. Aprender a trabalhar com poucos recursos: claro que varia, podemos conseguir fazer uma curta-metragem com 200 euros, com dois mil ou 20 mil. Com financiamento do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual), o orçamento chega aos 45 mil euros para curtas. Se arriscarmos a fazer um curta sem 144


novas aventuras artísticas mais experimentais. 4. Ganhar currículo: ou melhor portfólio… Nesta área, o portfólio acaba por ser o mais importante. Pode-se conhecer gente, pode-se ter um curso da escola X, mas a criação de um conjunto de trabalhos fortes num showreel é insubstituível. Hoje o nosso mundo gira à velocidade de um click, que imediatamente nos «mostra» a qualidade dos trabalhos da pessoa. Mas, além disso, sinto que, com cada projeto que realizo, consigo utilizá-lo como um indicativo de um estilo pessoal e não apenas qualitativo. dinheiro, ganha-se uma bagagem valiosa que iremos transportar para todas as nossas jornadas futuras no mundo do cinema – garanto-vos. Aprendi mais sobre carpintaria nos últimos anos do que na vida inteira. Também aprendi a fazer uma limpeza «forçada» de cenas e personagens desnecessárias. Outro bónus é que, como não há pressão para sucesso comercial, abre-se a porta para 145

Assim, se querem contar histórias, contem-nas. Não fiquem num ninho resguardado a pensar que «gostariam» de fazer um filme. «Gostaria» é uma declaração inconsciente daquilo que não vamos fazer. Incrustem na vossa mente «eu vou fazer» e saltem do ninho! O pior que pode acontecer é falhar? E então? Aprendemos sempre alguma coisa quando voamos . ALGARVE INFORMATIVO #204


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ETAR DE MONTES DO RIO ESTÁ CONCLUÍDA Município de Alcoutim concluiu recentemente a Empreitada de Execução da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Montes do Rio. A intervenção foi objeto de uma candidatura aprovada pelo POSEUR, financiada pelo Fundo de Coesão à taxa de 85 por cento, com um montante elegível de 198 mil e 010,62 euros. O investimento visou a construção de uma ETAR para tratamento das águas residuais geradas pela população residente em Montinho das Laranjeiras, Laranjeiras, Guerreiros do Rio, Álamo e Corte das Donas. A operação foi concluída no final de março, com a entrada em funcionamento ALGARVE INFORMATIVO #204

da infraestrutura, tendo sido atingidos todos os resultados contratados com a Autoridade de Gestão, nomeadamente uma Estação de Tratamento de Águas Residuais construída para servir até 500 equivalentes de população; população adicional servida pelas melhorias do sistema de saneamento de águas residuais em baixa de 100 equivalentes de população; uma Estação Elevatória construída; população adicional servida pelas melhorias do sistema de saneamento de águas residuais em baixa de 100 pessoas; alojamentos abrangidos com avaliação satisfatória no cumprimento dos parâmetros de descarga de 100 por cento destas localidades . 148


FORNO ROMANO DE OLHOS DE SÃO BARTOLOMEU FOI SALVAGUARDADO

uma ação conjunta da Direção Regional de Cultura do Algarve, da Câmara Municipal de Castro Marim e dos Serviços Especiais de Proteção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana, foi possível salvaguardar o Forno Romano de produção de ânforas de Olhos de São Bartolomeu. O Forno Romano foi descoberto e escavado em 1896 por José de Leite Vasconcelos, fundador do Museu Nacional de Arqueologia, e integra o Endovélico – Sistema de Informação e Gestão Arqueológica da Direção Geral do Património Cultural. As entidades atuaram após a denúncia da realização de obras sem licença, que foram 149

interrompidas, tendo sido realizados trabalhos arqueológicos de minimização dos impactos negativos sobre o património arqueológico. Estes trabalhos arqueológicos permitiram confirmar a localização do Forno Romano e recolher elevada quantidade de cerâmicas, transportadas para a Universidade do Algarve, com o objetivo de serem estudadas para aprofundar o conhecimento sobre, por exemplo, a época de laboração e produções do forno. A arqueologia no terreno foi dirigida por uma empresa privada e contou com a participação do proprietário e de habitantes locais, tendo sido acompanhada por arqueólogos da Direção Regional de Cultura do Algarve e da Universidade do Algarve. Assim, este sítio arqueológico será preservado, através do cuidado do seu proprietário, salvaguardando-se um testemunho relevante para o conhecimento da ocupação romana do Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #204


DOCAPESCA INICIA TRABALHOS DO NOVO CAIS FLUTUANTE DA FOZ DE ODELEITE Docapesca iniciou a empreitada de substituição do cais flutuante da Foz de Odeleite, no concelho de Castro Marim, que foi instalado na década de 1990 no âmbito de um projeto para fomentar a atividade marítimo-turística ao longo do Rio Guadiana. O valor da empreitada é de 66 mil e 290 euros, consistindo na substituição integral dos passadiços e na beneficiação da ponte de acesso, cuja conclusão ocorrerá até 12 de julho do corrente ano.

amarração e proteção, a nova estrutura será constituída por três elementos de passadiço flutuante com estrutura em aço galvanizado, convés em deck de madeira e flutuadores em betão com núcleo em poliestireno expandido. A atual ponte metálica de acesso ao cais, com 15 metros de comprimento, será objeto de reparação, através da renovação da pintura anti corrosão. O convés da ponte e das pestanas será integralmente substituído por deck de madeira exótica com 21 milímetros de espessura, repondo as condições de segurança para os utilizadores .

Equipada com os necessários meios de

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MUNICÍPIO DE LAGOA VAI TER APP QUE PERMITE VOTAR E APRESENTAR PROPOSTAS ypolis é o nome da aplicação que, quando instalada nos telemóveis dos lagoenses, lhes vai permitir participar na vida pública em dois sentidos: por um lado, votar propostas apresentadas pelos responsáveis políticos; por outro, submeter as suas próprias propostas à consideração da comunidade. Trata-se de uma ferramenta digital da responsabilidade técnica da equipa especializada da «Mypolis», em cooperação com os informáticos da Câmara Municipal de Lagoa e cujo trabalho de codesenvolvimento de back office arrancou a 11 de abril. A «mypolis» será mais um instrumento para o exercício da cidadania, destina-se a ser usada por todas as pessoas, mas é de admitir que seja mais rapidamente adotado pelos mais jovens, ou pelos que se movem com grande facilidade em ambientes digitais. A aplicação vem reforçar um conjunto de outros mecanismos de participação já existentes em Lagoa, dos quais se destaca a plataforma «Smart City», o processo do orçamento participativo municipal (OP), as presidências abertas nas freguesias do concelho ou as assembleias municipais jovens. As principais funcionalidades da nova plataforma são a votação de propostas políticas, a submissão de propostas dos 151

cidadãos à comunidade, e um perfil de cidadania que estimula a participação cívica seguindo uma lógica de gamificação. Este processo, também designado de Cidadania 4.0, inclui, para além do desenvolvimento da ferramenta digital, a presença continua de técnicos no terreno. A auscultação da opinião publica através de entrevistas de rua, de workshops de cocriação com associações locais, e de um plano de trabalhos junto das escolas do concelho, vão gerar dados que semestralmente serão analisados, permitindo medir o impacto do projeto junto dos cidadãos de Lagoa e potenciar novas formas de participação pública. O grande objetivo destes instrumentos é aumentar as oportunidades de interação entre políticos e cidadãos, motivando o envolvimento de todos/as nos processos de cidadania construtiva e de democracia participativa . ALGARVE INFORMATIVO #204


LAGOA É O PRIMEIRO MUNICÍPIO DO SUL A TER CALCULADORA DA PEGADA ECOLÓGICA agoa é um dos seis municípios portugueses que destacam nos seus sites oficiais a calculadora da Pegada Ecológica. A Pegada Ecológica (PE) procura responder à seguinte pergunta: quanto é exigido à natureza, à capacidade regenerativa do planeta, ou de uma região, por parte de um conjunto de atividades? Segundo dados recentes, desde a década de 1970, a Pegada Ecológica da humanidade ultrapassou a biocapacidade da Terra, estimando-se que sejam hoje necessários 1,7 planetas Terra para fornecer os recursos renováveis e os serviços ecossistémicos necessários ao consumo da humanidade, durante um único ano. O Município de Lagoa é o primeiro do Algarve e o único a sul da zona da Grande Lisboa a integrar, nesta primeira fase, o

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projeto «Pegada Ecológica Dos Municípios Portugueses». A Calculadora da PE está disponível na página da Internet do Município de Lagoa desde o dia 13 de maio de 2019, em HTTPS://WWW.CMLAGOA.PT/PEGADA.PHP. Acedendo, qualquer pessoa pode responder a um conjunto de perguntas simples para conhecer o impacto ambiental do seu comportamento. Esta iniciativa é pioneira em Portugal e resulta da parceria estabelecida entre o Município de Lagoa e a associação ambientalista ZERO, Universidade de Aveiro e a Global Footprint Network, no âmbito da Pegada Ecológica dos Municípios Portugueses. O projeto visa gerar conhecimento e reforçar a capacidade local em matéria de ambiente, através do cálculo e da interpretação de dados vitais. Propõe-se preparar as comunidades para desafios ambientais complexos. Por isso, a par da instalação da calculadora PE, teve lugar nas instalações da câmara lagoense uma sessão formativa intitulada «Cidadãos pela Redução da Pegada Ecológica: Embaixadores de Lagoa» . 152


OBRA DE REFORÇO DO CORDÃO DUNAR NA PRAIA DE ALVOR VAI SER SUSPENSA DURANTE O VERÃO s trabalhos que atualmente decorrem na Praia de Alvor, visando a alimentação artificial e reforço do respetivo cordão dunar, serão suspensos durante a época balnear, de modo a possibilitar aos veraneantes o desfruto na íntegra, e sem qualquer tipo de transtornos, desta popular estância balnear que em 2019 voltou a ser galardoada com a Bandeira Azul. A intervenção, cuja entidade promotora é a Agência Portuguesa do Ambiente – Administração da Região Hidrográfica do Algarve, será retomada nos últimos dias de setembro, devendo estar concluída até final do ano. Os trabalhos realizam-se presentemente apenas num troço de cerca de 150 metros, situação que perdurará até junho, de modo a que não haja quaisquer condicionalismos

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no areal para os banhistas nos meses de julho e agosto. Com esta intervenção, a areia retirada da ria é encaminhada, através de condutas, para a zona da Praia de Alvor, o que permitirá o alargamento da área das dunas em cerca de 10 metros. O areal irá crescer 25 metros num troço com cerca de dois quilómetros. A medida tem por objetivo assegurar a defesa natural contra os episódios erosivos e encontra-se abrangida no POSEUR - Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, com um custo total elegível de 1 milhão, 989 mil e 909,49 euros, sendo o apoio financeiro da União Europeia de 1 milhão, 691 mil e 423,06 euros e o apoio público nacional na ordem dos 298 mil e 486,43 euros .

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SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL CONTINUA EM DESTAQUE NO 16.º FESTIVAL MED Festival MED deu a conhecer, no dia 25 de maio, no Cine-Teatro Louletano, o cartaz completo da sua 16.ª edição que, de 27 a 30 de junho, regressa à Zona Histórica de Loulé. Para além de todas as bandas que irão passar pelos palcos principais, foram anunciadas algumas novidades, como a aposta na programação do Cinema e Teatro, mas também em relação às questões ambientais. Depois de ter sido distinguido pelo «SêVerde» e ter recebido um Iberian Festival Award pelo «Melhor Contributo para a Sustentabilidade» no contexto ibérico, o Festival MED vai ter este ano papeleiras compactadoras alimentadas a energia solar, grande parte do plástico descartável utilizado nas tasquinhas da gastronomia vai ser substituído por peças biodegradáveis e compostáveis e serão colocados dispensadores para a correta deposição de beatas e pastilhas elásticas, medidas que foram candidatadas ao Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente. Estas ações juntam-se, assim, ao Copo Ecológico, introduzido em 2014, e que permitiu reduzir drasticamente o plástico no recinto; ao Movimento Zero Desperdício; às células fotovoltaicas (alimentadas a energia solar), colocadas em alguns espaços de restauração; ou à disponibilização de pontos gratuitos e eficientes de água. “A ação climática e a ALGARVE INFORMATIVO #204

economia circular estão cada vez mais presentes no planeamento do nosso Festival. Estamos neste caminho porque não há Planeta B e temos que cuidar deste o melhor que sabemos”, justificou Carlos Carmo, vereador da Autarquia e diretor do Festival MED. O presidente da autarquia louletana, Vítor Aleixo, um dos rostos do combate às alterações climáticas no contexto dos municípios portugueses, sublinhou igualmente esta preocupação que é levada também para o recinto do MED. “Procuramos inovar nas questões ambientais, trazendo algo de novo a cada edição. Nos últimos anos temos procurado distinguirmo-nos por circunstâncias de natureza ambiental e temos tido a felicidade desse nosso trabalho ter sido reconhecido”, considerou. No que toca à música, 80 horas de muitas sonoridades diferentes, 60 bandas de 22 países dos quatro cantos do mundo, 280 músicos e 10 palcos (um novo palco – Palco Chafariz – e alteração do conceito do Palco Castelo) são alguns dados daquilo que se espera nesta edição. “Fiéis à nossa melhor tradição procurámos escolher artistas com propostas musicais capazes de ir ao encontro da variedade de gostos que os festivais de world music sempre concitam”, afirmou Vítor Aleixo. E Dobro Sound System (Portugal), que fazem furor por onde passam com os seus sets recheados de folia balcânica, e DJ Burumtuma (Guiné-Bissau), que 154


mistura as sonoridades guineenses com música house africana, foram os dois últimos nomes anunciados do alinhamento musical que contará ainda, nos palcos principais, com Marcelo D2 (Brasil), Mellow Mood (Itália), Marinah (Espanha), The Turbans (Bulgária/Israel/Irão/Grécia/Turquia/ Reino Unido), Kel Assouf (Níger/Bélgica), Selma Uamusse (Moçambique/Portugal), Orkesta Mendoza (Estados Unidos/México), Anthony Joseph (Trindade e Tobago), Moonlight Benjamin (Haiti), Dino D’Santiago (Portugal/Cabo Verde), Tshegue (Congo/França), Gisela João (Portugal), Dead Combo (Portugal), Diabo na Cruz (Portugal), Cais do Sodré Funk Connection (Portugal), Camané e Mário Laginha (Portugal), Gato Preto (Gana/Moçambique/Portugal), Omiri (Portugal), Márcia (Portugal), Ricardo Ribeiro (Portugal), Elisa Rodrigues (Portugal), Júlio Pereira (Portugal), Ruben Monteiro (Portugal), Luís Galrito com João Afonso (Portugal), DJ Riot (Portugal), Eneida Marta (Cabo Verde), Francisco, El Hombre (Brasil), Os Tubarões (Cabo Verde), Baba Zula (Turquia), Los de Abajo – (México) e Dhafer Youssef (Tunísia). Como o MED é um evento multicultural em que são várias as manifestações artísticas, há muito para ver, ouvir e sentir em Loulé, desde a gastronomia, à animação de rua, da atuação de ranchos folclóricos às exposições, do Off MED (parceria com o Bafo de Baco) a uma 155

conferência promovida com o apoio da APORFEST, do teatro programado pela Casa da Cultura de Loulé ao Cinema MED, com curadoria de Rui Tendinha. Para aguçar o apetite de todos os seguidores do Festival MED que estiveram na apresentação, os Fogo Fogo deram um concerto que levou o Cine-Teatro ao rubro e pôs os espetadores a dançar ao som do funaná e da música de baile africana . ALGARVE INFORMATIVO #204


MUSEU MUNICIPAL DE LOULÉ DUPLAMENTE PREMIADO PELA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE MUSEOLOGIA Museu Municipal de Loulé marcou presença na cerimónia da edição de 2019 dos Prémios APOM – Associação Portuguesa de Museologia, no dia 24 de maio, que decorreu no Museu e Teatro de Leiria, e trouxe para o Algarve dois prémios relativos a duas iniciativas promovidas em conjunto com outras entidades. Assim, na área da Comunicação Online, o Museu foi distinguido com o projeto visita virtual da exposição «Loulé: Territórios, Memórias, Identidades», que será dada a conhecer ao público e permanecerá para seu usufruto após o encerramento da exposição que se encontra patente no Museu Nacional de Arqueologia. Já na área da Investigação, ALGARVE INFORMATIVO #204

foi premiado o projeto em curso «Trabalhadores Forçados Portugueses no III Reich e Os Louletanos no Sistema Concentracionário Nazi». A cerimónia distingue os melhores trabalhos dos profissionais e instituições museológicas, incentivando e premiando a criatividade, dando visibilidade ao que melhor se faz em Portugal na área da museologia. Num universo de 190 candidaturas, foram atribuídos 25 prémios no total e uma Menção Especial na área do Conhecimento sem Esquecimento (1939-2019) que relembra os 80 anos do início da II Guerra Mundial, distinguindo entidades que detêm espólio referente a 156


este período da história mundial. Os prémios constituem um reconhecimento do trabalho que a equipa do Museu Municipal de Loulé, em parceria com outras instituições, nomeadamente Museu Nacional de Arqueologia e Universidade Nova de Lisboa - Instituto de História Contemporânea, tem estado a desenvolver no sentido de dar a conhecer, cada vez mais, Loulé e as suas raízes/identidades culturais às gentes da sua terra, mas também aos que visitam o concelho, levando o seu nome alémfronteiras, mas também de contribuir para espalhar os valores da liberdade e respeito pelas diferenças dos outros.

Recorde-se que, em 2018, o Museu Municipal de Loulé foi distinguido nas áreas de melhor Exposição Temporária, melhor Catálogo e Educação e Mediação Cultural com a exposição «Loulé. Territórios, Memórias, Identidades». A exposição está patente no Museu Nacional de Arqueologia, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, ao passo que «Os Trabalhadores Forçados Portugueses no III Reich e os Louletanos no Sistema Concentracionário Nazi» pode ser vista na Casa Memória do Século XX, Duarte Pacheco, no edifício da Assembleia Municipal de Loulé .

PROTEÇÃO CIVIL DE LOULÉ ALERTA PARA OS RISCOS JUNTO DA COMUNIDADE ESCOLAR Câmara Municipal de Loulé, através do seu Serviço Municipal de Proteção Civil, levou a cabo durante o ano letivo 2018/2019, e de acordo com as suas competências no âmbito da prevenção e segurança, a ação de sensibilização «Nós e os Riscos» com o objetivo de abranger toda a comunidade escolar do 3.º ciclo e do ensino secundário do Concelho de Loulé. Assim, foram realizadas 55 sessões durante as quais foi possível fazer chegar informação a cerca de dois mil e 700 jovens estudantes, fomentando, assim, uma educação de autoproteção com o intuito de desenvolver a valorização e interesse por estas temáticas. A ação foi direcionada com a estratégia de alertar para diferentes matérias, tais 157

como os riscos naturais e tecnológicos, as alterações climáticas, a atividade sísmica e sinalética de emergência, o plano de emergência familiar, o Kit de emergência, utilização do número de emergência 112. Foi igualmente realizada a apresentação da Aplicação Móvel do Serviço Municipal de Proteção Civil de Loulé, ferramenta útil de acesso gratuito onde são difundidas informações e alertas à população em situações excecionais. Segundo os responsáveis do Serviço Municipal de Proteção Civil de Loulé, é através da comunidade jovem que se pretende que a informação chegue aos seus familiares e amigos, tentando, desta forma, abranger a sociedade em geral para os riscos existentes e de como devem agir perante uma situação de catástrofe . ALGARVE INFORMATIVO #204


PLANO DE PORMENOR DA FEITORIA FENÍCIA POSSIBILITARÁ INVESTIMENTO TURÍSTICO DE 50 MILHÕES DE EUROS contrato para o Plano de Pormenor da Feitoria Fenícia foi assinado, no dia 27 de maio, pela Presidente da Câmara Municipal de Silves e pelo representante do seu promotor. A concretização deste plano de pormenor permitirá promover a implementação de um projeto de desenvolvimento turístico que integrará um campo de golfe de 18 buracos, uma unidade hoteleira de 5 estrelas com 700 camas, um espaço relvado para a prática desportiva (apoiado por infraestruturas de apoio a estágios desportivos instalados no próprio hotel e em construções existentes que serão recuperadas e adaptadas ao novo uso), um percurso pedonal ao longo do Rio Arade e um espaço natural para observação de aves e educação ambiental,

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que integrará um conjunto de tanques que correspondem à «Tapada do Moinho do Valentim» e o próprio Moinho do Valentim, que será objeto de intervenção de reabilitação e adaptação a centro de educação ambiental. A implementação deste projeto representa um investimento global de 50 milhões de euros, com a criação de mais de uma centena de postos de trabalho diretos. A abertura de procedimento de elaboração do Plano de Pormenor da Feitoria Fenícia, com os respetivos Termos de Referência e a minuta de Contrato para Planeamento, foi alvo de aprovação através de deliberação do executivo municipal, em reunião realizada a 11 de março .

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COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃO EMPRESARIAL EM ANÁLISE EM TAVIRA o âmbito do Projeto Algarve REVIT +, o NERA – Associação Empresarial da Região do Algarve, em parceria com a autarquia tavirense, promove, nos dias 5 e 6 de junho, um programa que integra uma mostra empresarial (destinada às empresas do parque Empresarial de Tavira), um fórum para a competitividade e laboratórios de aceleração de projetos. A sessão de abertura, às 14h do dia 5, será protagonizada pelo Presidente da Câmara Municipal de Tavira, Jorge Botelho, pelo Presidente da Direção do NERA, Vítor Neto, pelo Primeiro Secretário da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, Joaquim Brandão Pires e pelo Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, Francisco Serra. Segue-se, meia hora 159

depois, a apresentação do Plano Estratégico e de Marketing para o Parque Empresarial de Tavira, por António Cristovam, que também abordará a importância da estratégia e do marketing no sucesso das PME. Jorge Cabaço fala depois da presença na internet para alavancar vendas e captar clientes. No dia 6, a abertura do encontro está a cargo do Vereador da Câmara Municipal de Tavira, João Pedro Rodrigues, após a qual João Amaro vai falar de Investimento em Inovação | Fatores críticos de competitividade das empresas. Às 15h serão aprofundados os conhecimentos sobre a RIS 3 Algarve e o CRESC Algarve 2020, com a ajuda de casos práticos e, depois, dão-se a conhecer os sistemas de incentivos à inovação empresarial . ALGARVE INFORMATIVO #204


REQUALIFICAÇÃO DA FRENTE MARÍTIMA DÁ NOVOS JARDINS A MONTE GORDO

autarquia de Vila Real de Santo António já deu início aos trabalhos de requalificação da frente marítima de Monte Gordo. A intervenção irá renovar os jardins e espaços verdes desta zona balnear, implementando novo mobiliário urbano e criando novas zonas de estadia. A obra está dividida em duas etapas: a primeira prevê a limpeza do terreno e a demolição das estruturas de alvenaria existentes; enquanto a segunda contempla a construção dos jardins, revitalizando o espaço. A empreitada terá a duração de aproximadamente quatro meses, prevendo-se a sua conclusão até ao final de setembro. O projeto prevê a instalação de duas zonas verdes demarcadas, as quais serão ALGARVE INFORMATIVO #204

complementadas por caminhos interiores e pela plantação de novas árvores e outras espécies vegetais adaptadas ao clima mediterrâneo. Assim, junto ao casino, será criada uma praceta central, com dois perímetros verdes, destinados à estadia, a partir da qual se desenvolvem quatro caminhos com destino às áreas envolventes, nomeadamente Av. Infante D. Henrique, casino e estacionamentos. Na segunda zona de intervenção, a nascente do casino, o projeto prevê uma praceta semicircular, com zonas verdes, a qual dará acesso à avenida e aos parques de estacionamento laterais. Uma vez que a obra irá decorrer apenas na frente mar, os estabelecimentos comerciais não serão afetados e poderão manter o normal funcionamento. Da mesma forma, todos os acessos ao areal da praia de Monte Gordo manter-se-ão totalmente acessíveis, uma vez que a obra irá apenas incidir nos jardins e áreas adjacentes. Estes trabalhos complementam a intervenção já realizada no areal, nos últimos dois anos, a qual dotou a praia com um passadiço pedonal com mais de dois quilómetros de extensão e permitiu a renovação de todos os restaurantes e apoios de praia .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #204

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