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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 8 de junho, 2019

ANJOS EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL BENJAMIN CLEMENTINE | DIA DE SÃO BRÁS | FIMA 2019 | LUÍSA SOBRAL 1 ALGARVE INFORMATIVO #205 PALÁCIO GAMA LOBO | «POR TERRAS DO ZECA» | SAND CITY | X JOGOS DE QUELFES


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CONTEÚDOS #205 8 DE JUNHO, 2019 32

ARTIGOS 16 - Dia de São Brás de Alportel 26 - Dia do Pescador em Olhão 32 - Palácio Gama Lobo 48 - X Jogos de Quelfes 58 - Pedro Mexia 64 - Sand City 78 - Benjamin Clementine 88 - «Por Terras do Zeca» 98 - Anjos em São Brás 112 - FIMA 2019 122 - Luísa Sobral 152 - Atualidade

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OPINIÃO 122

130 - Paulo Cunha 132 - Ana Isabel Soares 134 - Fábio Jesuíno 136 - Carla Serol 138 - Alexandra Rodrigues Gonçalves 142 - Fernando Esteves Pinto 144 - Nelson Dias 148 - Paulo Bernardo ALGARVE INFORMATIVO #205

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NOS FESTEJOS DOS 105 ANOS DE MUNICÍPIO, SÃO BRÁS DE ALPORTEL DISTINGUIU AUTARCAS E ASSOCIAÇÕES E APRESENTOU PROJETOS PARA O FUTURO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Vítor Guerreiro, Presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel

ão Brás de Alportel celebrou, a 1 de junho, os 105 anos da elevação a concelho com um programa que prestou homenagem ao passado e lançou, em simultâneo, desafios para o futuro. As cerimónias ALGARVE INFORMATIVO #205

solenes tiveram início, como é costume, no espaço exterior dos Paços do Concelho com o hastear da Bandeira Nacional, ao som do Hino Nacional interpretado pela Banda Filarmónica de São Brás de Alportel, com honras à bandeira pelo Corpo de Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel. 16


Seguiu-se a Sessão Solene no Salão Nobre, durante a qual foram atribuídas insígnias municipais de honra aos cidadãos que exerceram o cargo de Presidente da Assembleia Municipal desde o 25 de abril de 1974, num reconhecimento aos autarcas do concelho. Foram também entregues insígnias municipais de valor e altruísmo às associações locais em atividade há mais de 25 anos, momento após o qual usou da palavra José Apolinário, Secretário de Estado das Pescas, que abordou, de forma sucinta, a transferência em curso de competência do poder central para o poder local. “Umas serão assumidas no momento, outras mais à frente, mas é um processo imparável para dar mais confiança às autarquias e promover uma maior participação de quem está mais próximo dos cidadãos, de modo a que o serviço 17

público responda melhor aos interesses e às necessidades das populações. Esse trabalho tem que ser mais aprofundado, na questão do financiamento e da definição das responsabilidades, mas os países mais avançados da União Europeia já estão a seguir esse caminho e são precisamente esses que têm um maior nível de desenvolvimento”, afiançou o governante. José Apolinário lembrou que Portugal tem presentemente um crescimento económico acima da média europeia e que possui uma das menores taxas de desemprego da União Europeia, “mas há que ser mais eficiente e a descentralização é particularmente desafiante nesse aspeto”. E desafios é algo a que o executivo camarário liderado por Vítor Guerreiro não vira as ALGARVE INFORMATIVO #205


costas, assim o comprovam os muitos investimentos efetuados no passado recente por uma autarquia onde não abundam os recursos financeiros. “Vivemos e sentimos uma tendência crescente para o individualismo na sociedade, um desinteresse na participação na vida pública, sendo o último exemplo disso a elevada abstenção nas recentes eleições para o ALGARVE INFORMATIVO #205

Parlamento Europeu. Juntos temos que contrariar esta situação, porque a democracia e a liberdade foram algumas das maiores conquistas da Revolução de Abril, que importa preservar e aprofundar. Se olharmos para a história associativa do nosso concelho, verificamos que, depois do 25 de abril, para além da renovação das mais antigas associações, a elas se 18


juntaram muitas outras, e muitas delas estão aqui hoje presentes. São parceiras primordiais da autarquia e um exemplo vivo da vontade de trabalhar para o coletivo, de dedicar tempo aos outros”, destacou. São Brás de Alportel esteve desde sempre associado às vias de comunicação e à circulação de pessoas e bens, recordou 19

Vítor Guerreiro, dando os exemplos da Calçadinha Romana e da Estrada Nacional 2 e seu cruzamento com a N270, “em torno das quais o núcleo urbano se desenvolveu e com ele a indústria corticeira e restante tecido empresarial”. “Entendemos que a aposta na mobilidade é um investimento que potencia a atratividade do concelho, alavanca a ALGARVE INFORMATIVO #205


dinâmica económica, permite uma nova abertura para o desenvolvimento turístico e promove mais segurança e qualidade de vida para todos. A melhoria da mobilidade tem sido uma prioridade do Município de São Brás de Alportel ao longo dos anos, de que são testemunho maior a Variante a Sul e a Circular Norte da Vila, mas o investimento tem de continuar”, considerou o edil, que não abdica da requalificação da ligação de São Brás de Alportel a Faro através na EN2. “Fruto dessa luta está neste momento a ser desenvolvido o Projeto de Execução dessa importante obra para o nosso concelho e prometo que continuarei a fazer, junto do Governo e entidades competentes, tudo o que estiver ao nosso alcance para que possamos ver lançada e concluída esta obra o mais depressa possível”.

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À escala local iniciou-se o Plano de Acão e Regeneração Urbana, no âmbito do Plano de Revitalização do Centro Histórico, com a requalificação do Largo de São Sebastião, inaugurado há dois anos. Em 2018, também no Dia do Município, foi a vez de nascer o Espaço Memória, que veio valorizar a história são-brasense e permitiu a acessibilidade ao primeiro andar do edifício dos Paços do Concelho através de elevador. Prosseguiu-se com a requalificação da Rua Gago Coutinho e vai arrancar, em breve, a terceira fase deste projeto com a intervenção do primeiro troço da Avenida da Liberdade, “uma obra extremamente importante para a circulação funcional do nosso núcleo urbano”, sublinhou Vítor Guerreiro, apontando ainda a requalificação em curso do Jardim da Verbena e zona

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José Apolinário, Secretário de Estado das Pescas

envolvente e as Piscinas Municipais Descobertas. “Este Plano de Revitalização do Centro Histórico é hoje uma realidade, não apenas porque a autarquia tem desenvolvido este investimento, mas porque os proprietários têm seguido os seus passos. A delimitação de uma Área de Reabilitação Urbana e respetivos benefícios tem cativado investimento privado e é de salutar a recuperação de diversos imóveis e, inclusive, a abertura de alojamentos locais, entre outros estabelecimentos, em pleno Centro Histórico da nossa vila”.

deslocação amiga do ambiente, promotora da redução da emissão de gases para a atmosfera e consequente melhoria da qualidade ambiental, na qual tanto investimos”, enalteceu Vítor Guerreiro, chamando a atenção para o eixo prioritário da promoção da acessibilidade para todos, implementado no anel de circulares em torno do núcleo urbano de São Brás de Alportel, nos acessos aos espaços públicos, na Rede de Passeios Acessíveis, recentemente ampliada na Rua Machados dos Santos e Dr. João de Matos Proença.

Integrado no âmbito do Plano Ação de Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS), o Novo Terminal Rodoviário vem reforçar uma estratégia e visão de futuro que valorizam os transportes públicos como alternativa. “Uma opção para uma

Como se estava em pleno Dia da Criança, Vítor Guerreiro afirmou que a área da Educação é uma prioridade do Município de São Brás de Alportel há muitos anos, na qual tem investido continuamente na conservação e

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O vereador da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, Acácio Martins

melhoria do seu parque escolar, na prestação de um serviço de qualidade nos seus refeitórios, na afetação adequada de pessoal auxiliar, na promoção de atividades de apoio à família, entre outras medidas. “Em resultado do aumento da população escolar no pré-escolar, que muito nos apraz registar, vamos proceder à elaboração do projeto de ampliação do Jardim de Infância de São Brás de Alportel «As Joaninhas» para construção de mais duas salas de aula, um espaço polivalente de refeitório e áreas de apoio necessárias. No próximo Verão, durante a pausa de ano letivo, com cofinanciamento dos fundos comunitários, serão realizadas intervenções nas Escolas EB1 N.º 1 e EB1 N.º 2, para melhoria da sua eficiência energética, no âmbito das quais serão removidas as placas de fibrocimento. E porque a aprendizagem não se esgota nos edifícios do Parque Escolar, ALGARVE INFORMATIVO #205

continuamos a investir na dinamização de uma educação integrada, inclusiva, dotada de valores para a formação de homens e mulheres mais preparados para os desafios dos dias de hoje”, proferiu o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Deste modo, no próximo ano letivo a autarquia vai manter o investimento no Programa de Apoio à Família Vale +, que contempla a atribuição do Vale + Natalidade, do Vale + Educação a todas as crianças do 1.º, 2.º e 3.º ciclo do concelho, para apoio à aquisição de manuais e materiais escolares, e do Vale + Saúde para a realização de rastreios oftalmológicos gratuitos a todas as crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 10 anos de idade. E porque o 1 de junho também é o Dia Nacional do Sobreiro e da Cortiça, Vítor Guerreiro não esqueceu o trabalho 22


realizado na prevenção e defesa da floresta contra incêndios. “Neste momento, por recurso a contratação externa, estão em curso vários trabalhos de silvicultura preventiva para a abertura de faixas de gestão de combustível e trabalhos para a criação de faixas de proteção aos aglomerados populacionais. O novo ponto de água das Hortas e Moinhos, para abastecimento de meios aéreos, está em pleno funcionamento e foi já várias vezes um recurso no combate a incêndios florestais. Reforçamos ainda o apoio à Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de São Brás de Alportel, para criação de mais uma equipa de combate a incêndios, assim como reequipamos o serviço municipal de proteção civil. Para além dos meios da GNR, mantemos este ano o protocolo com o Exército Português e reforçamos a vigilância com a equipa municipal de sapadores florestais e implementamos o Programa «Aldeia Segura, Pessoas Seguras» nos Parises e Cabeça do Velho”, descreveu. Sob o mote «São Brás de Alportel, Desafios de Futuro!», foram então apresentados os projetos de requalificação do troço Sul da Avenida da Liberdade e da construção do novo Terminal Rodoviário Circular, bem como o Geoportal de São Brás de Alportel, uma ferramenta fundamental para o acesso à informação no que concerne ao território e planeamento. “Os desafios do futuro exigem democratizar a mobilidade e a acessibilidade, mas também o acesso à inovação tecnológica pela população geral e com o apoio das entidades públicas. São Brás de Alportel investiu nos últimos anos na construção de uma 23

rede de circuitos acessíveis e em parques de estacionamento, na renovação do espaço público, na acessibilidade aos edifícios públicos e a redes wifi, na acessibilidade digital aos serviços municipais, em circuitos com piso tátil de guia para invisuais”, enumerou o Vereador Acácio Martins, explicando que o novo Geoportal pretende disponibilizar toda a cartografia dos planos que gerem o território de São Brás de Alportel e cuja informação será regularmente atualizada. Em relação ao novo Terminal Rodoviário, a sua proximidade à Circular Norte será estratégica para o crescimento e futuro de São Brás de Alportel e terá um financiamento a 50 por cento, por estar incluído no Plano de Ação e Mobilidade Urbana Sustentável para o Algarve. “Está ainda subjacente à implementação do concurso público de transportes públicos para o Algarve, que garantirá o reforço das ligações intermunicipais, assegurando uma oferta de serviços que dê resposta às necessidades básicas da população e a custos mais reduzidos. Vai ser um terminal rodoviário de portas abertas para o futuro”, garantiu Acácio Martins. Já a requalificação do primeiro troço da Avenida da Liberdade, “surge no seguimento do projeto de requalificação do Largo de São Sebastião, vai ser feita a pensar no pedestre, com medidas para aumentar a segurança de que circula a pé ou qualquer outro tipo de transporte”, finalizou .

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“O MUNICÍPIO DE OLHÃO ESTÁ SEMPRE AO LADO DOS PESCADORES”, GARANTIU ANTÓNIO MIGUEL PINA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Dia do Pescador voltou a ser comemorado, a 31 de maio, pelo Município de Olhão, que aproveitou a ocasião para homenagear os olhanenses ALGARVE INFORMATIVO #205

que fazem da pesca o seu modo de vida, num concelho que está intimamente ligado histórica e economicamente ao mar. O epicentro do programa foi o Salão Nobre dos Paços do Concelho, onde foi apresentada a campanha «Pesca por um 26


Mar Sem Lixo», uma iniciativa da Docapesca que tem como principais objetivos melhorar a gestão de resíduos a bordo das embarcações e nos portos de pesca, sensibilizando os pescadores para a importância da adoção ou manutenção de boas práticas ambientais. Ao promover a recolha seletiva dos resíduos gerados a bordo e capturados nas artes de pesca e disponibilizando as infraestruturas 27

adequadas para a sua receção em terra, este projeto vem unir pescadores e portos na melhoria das condições ambientais da zona costeira portuguesa e na preservação dos ecossistemas marinhos. Seguiu-se a cerimónia da entrega de distinções aos profissionais do setor da pesca que operam no concelho de ALGARVE INFORMATIVO #205


Olhão, nas categorias do arrasto, cerco, polivalente local e costeira, aquacultura (moluscicultura), mariscador apeado, mulher na pesca, pescador mais novo, maquinista marítimo, pescador em progressão, indústria conserveira, inovação e o prémio carreira. “Olhão é uma terra de pescadores, foi fundada e forjada por este ADN relacionado com o mar, numa ligação sempre simbiótica entre o mar, o campo e a serra. À pesca muito se deve da nossa história e basta recordar que, depois da revolta contra os franceses, foi um grupo de 17 pescadores que viajou até ao Brasil para levar a boanova ao rei, e a partir daí se criou o concelho de Olhão”, declarou António Miguel Pina, não esquecendo igualmente a indústria conserveira, também ela determinante para o crescimento económico e social deste território. “E, mais recentemente, a investigação científica com os nossos colegas do IPIMAR – Instituto Português do Mar e da Atmosfera”, acrescentou. O Presidente da Câmara Municipal de Olhão frisou, contudo, que o Olhão do século XXI não é apenas sinónimo de mar, devido à evolução de um turismo de qualidade que se quer amigo do setor do mar. “Hoje o tema já não é a quantidade, mas sim a qualidade e a valorização do pescado. A abundância dos stocks no mar não é a mesma este ano do que no ano passado e acho que todos concordamos que a sustentabilidade dos recursos requer uma outra prática na forma como apanhamos e usamos esta riqueza natural”, indicou o edil olhanense, para quem pescar menos e vender melhor é crucial, uma matéria em que o turismo pode desempenhar um papel importante. ALGARVE INFORMATIVO #205

“Ao longo dos últimos anos estivemos sempre bastante atentos às necessidades do setor, que continuam a ser grandes. Estivemos disponíveis para arranjar, em colaboração com a Docapesca, as casinhas de apoio à pesca na Fuseta e as rampas na Doca de Olhão… mas as dificuldades mantêm-se, nomeadamente na questão da apanha da sardinha. Neste momento sofrem os pescadores e as suas famílias e, dado o longo período de restrição, certamente que os armadores também já sentem os seus efeitos”, reconheceu. António Miguel Pina admitiu que a Câmara Municipal de Olhão não tem uma solução “dentro da manga” para este problema que afeta todo o país, mas está, conforme referido, atenta e não deixará de pressionar a tutela para se encontrarem soluções a breve termo. “O que pode acontecer pela transferência destes homens para outros setores de atividade, aproveitando o novo quadro comunitário com soluções semelhantes às que já existiram no passado. Se não aumentarem as quotas, há que encontrar alternativas para estes profissionais e para as suas famílias”, reiterou. Mas também o setor da aquacultura passou recentemente por problemas, devido à desclassificação de uma zona de viveiros de ameijoas, matéria em que a autarquia olhanense está a atuar para se corrigir a situação. “E continua por resolver a questão das licenças de todos os viveiros da Ria Formosa. Há quatro anos, quando terminaram os seus prazos de validade, foi com a 28


ação da Câmara Municipal de Olhão junto da Ministra do Mar e do Secretário de Estado das Pescas que se obtiveram licenças extraordinárias por mais algum tempo, tempo esse que termina em 2021. Não estamos esquecidos, estamos atuantes, porque não podemos deixar que as licenças que são vossas há muitos anos passem agora por um processo de concurso público ou de leilão”, avisou. Da imagem do concelho de Olhão fazem parte igualmente os cavalos-marinhos e António Miguel Pina quer levar por adiante uma ação de sensibilização e controlo sobre a Ria Formosa por via da videovigilância. “Talvez a partir de 29

setembro estejam já a funcionar as câmaras ao longo da Avenida 5 de Outubro e até à Avenida Bernardino da Silva. Acreditamos que uma boa forma de controlar a usurpação deste património que é a Ria Formosa, de impedir o seu mau uso, a pesca ilegal, especialmente de espécies protegidas como o cavalo-marinho, passa por ter videovigilância 24 horas por dia com câmaras térmicas”, referiu o presidente da Câmara Municipal de Olhão, antes de mostrar os protótipos de duas estátuas de memória à mulher conserveira e ao mariscador que serão construídas muito em breve . ALGARVE INFORMATIVO #205


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LOULÉ CONTINUA A RECUPERAR O SEU PATRIMÓNIO HISTÓRICO E CULTURAL E A COLOCÁ-LO AO SERVIÇO DA POPULAÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Jorge Gomes

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oi inaugurada, a 1 de junho, em Loulé, a obra de reabilitação do emblemático Palácio Gama Lobo, conhecido pela maioria dos louletanos como «Palácio dos Espanhóis», numa intervenção que prontamente recolheu os elogios do Ministro-Adjunto e da Economia. “É um trabalho notável do ponto de vista da arquitetura, respeito pelas préexistências, mas também com a incorporação de novos materiais e de novos elementos”, realçou Pedro Siza Vieira durante a visita ao espaço. ALGARVE INFORMATIVO #205

O investimento foi de 1,3 milhões de euros, com apoio de fundos comunitários, e o projeto foi concebido pelo arquiteto municipal Luís Guerreiro, com o Palácio Gama Lobo a passar a ser a «casa» do «Loulé Criativo», numa aposta evidente do executivo camarário liderado por Vítor Aleixo em aliar a regeneração urbanística e requalificação patrimonial ao desenvolvimento das indústrias criativas e à promoção das artes e ofícios tradicionais. E, sob a marca do «Loulé Criativo», ali ficarão albergados o Turismo Criativo (que conta com 17 parceiros nas áreas da gastronomia, património, design, 34


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artesanato, fotografia, entre outras), o ECOA – Espaço de Conhecimento, Ofícios e Artes com as valências de residências e oficinas (Oficina do Caldeireiro, Casa da Empreita, Olaria e Oficinas do Relojoeiro e de Cordofones), e o Loulé Design Lab, que pretende apoiar e atrair a nova geração de criadores do concelho, com uma grande ligação ao território, às matérias locais e à lógica de sustentabilidade. ALGARVE INFORMATIVO #205

Depois da inauguração, em 2018, do Conservatório de Música de Loulé, o Palácio Gama Lobo é o mais recente equipamento cultural colocado ao serviço da população louletana, numa estratégia firme e sustentada que reflete a intensão de dar nova vida ao rico património edificado herdado e que, de uma forma geral, carecia de 36


atenção. “Ao longo dos últimos anos os vários executivos, não só o meu, têm votado uma atenção muito particular à valorização e reabilitação do património da cidade de Loulé. Consideramos que isto é importante para a regeneração das cidades e para a diversificação da oferta turística que, no caso de Loulé, até aqui se circunscrevia bastante à fruição das praias”, entende Vítor Aleixo, acreditando 37

que a cultura pode, efetivamente, diferenciar o Algarve e Portugal de outros destinos e geografias humanas. “O turista, quando nos visita, gosta de compreender um pouco da história e cultura, do povo, do país e da região onde se encontra, e a recuperação do património é um recurso económico de grande valor”, reforça o presidente da Câmara Municipal de Loulé. ALGARVE INFORMATIVO #205


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A cidade de Loulé atravessa, sem dúvida, um entusiasmante ciclo de regeneração do seu casco histórico, para satisfação dos louletanos, “porque sentem que aquilo que recebemos dos nossos antepassados é acarinhado, bem tratado, guardado e passado às gerações seguintes, o que faz bem à nossa autoestima”, observa Vítor Aleixo, garantindo que esta política estruturante é para prosseguir no futuro. O Palácio Gama Lobo é apenas o exemplo mais recente desta estratégia e também o edil louletano não poupa elogios ao resultado do projeto do arquiteto Luís Guerreiro. “Um edifício que, lamentavelmente, estava num avançado estado de degradação e que voltou a respirar de brilho e fulgor. É uma obra muito bem-sucedida, em que se manteve a organização física do edifício, os tetos, os ladrilhos, os mosaicos, não se partiu 39

praticamente nada e tudo foi reparado e reconstituído. Houve um toque ou outro mais contemporâneo onde foi necessário intervir e o produto final é, na minha modesta opinião, muito positivo”, destaca o entrevistado. Uma «casa», por isso, à altura do «Loulé Criativo», um projeto da responsabilidade do executivo de Vítor Aleixo que também tem registado um tremendo sucesso. “Não tem parado de crescer e já é uma das notas diferenciadoras nos campos do turismo, economia, artesanato e inovação. Percebeu-se que o Palácio Gama Lobo era um espaço mais adequado para criar condições para o «Loulé Criativo» evoluir ainda mais e para se tornar numa das âncoras do desenvolvimento e diferenciação da cidade de Loulé”, justifica o autarca, ALGARVE INFORMATIVO #205


não escondendo o prazer pessoal de ver recuperados uma série de ofícios que, na sua geração, tinham bastante importância e que, com o passar dos anos, foram sendo remetidos ao esquecimento. “Estamos a falar da salvaguarda de saberes e técnicas artesanais que, infelizmente, muitas já se perderam, mas que, com este projeto, ainda fomos a tempo de «agarrar» algumas. Fomos buscar mestres da empreita, caldeidaria de cobre, olaria, relojoaria e cordofones, criámos oficinas que se espalham pelo centro histórico de Loulé, e ali trabalham e têm os seus aprendizes. O que se pretende é mostrar como estas técnicas antigas de fabrico podem constituir um excelente produto turístico nos tempos modernos”, aponta, com um sorriso. “As pessoas estão muito felizes porque sentem que aquilo que sabem é útil à comunidade, passaram de uma situação ALGARVE INFORMATIVO #205

de não perceção para uma visibilidade social com valor”.

QUARTEIRÃO CULTURAL É MESMO PARA AVANÇAR Na prática, o executivo presidido por Vítor Aleixo realizou uma abordagem sistémica a todo o património do concelho e o que não faltam são projetos em curso ou prontos para avançar para o terreno. É o caso da Igreja Matriz de Loulé, monumento nacional que está a ser alvo de obras profundas, estruturais, onde tudo está a ser recuperado, desde a torre sineira e telhados aos próprios altares. “Compreendemos que as pessoas sintam falta daquele espaço para a sua vida religiosa, mas o estado de degradação a que chegou o principal 40


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monumento histórico da nossa cidade era preocupante e estamos a intervir praticamente no limite do desaparecimento de um património de valor incalculável. São obras que ainda vão demorar alguns meses e não estou sequer preocupado com calendários eleitorais”, declara o autarca. “Quando contratámos os mestres com as técnicas e os saberes necessários para intervir na Igreja Matriz pedi-lhes que trabalhassem à vontade, sem pressões de tempo, para que todos nos possamos orgulhar do resultado final”. Boas novas são esperadas igualmente para os Banhos Islâmicos, num projeto “extraordinário” que em breve passará à fase de obra, revela Vítor Aleixo. “Vamos valorizar uma estrutura social dos tempos islâmicos da mais significativa que existe desse legado na Península Ibérica. É mais um fator de atração 43

turística de Loulé de imensa importância, um recurso patrimonial fortemente impactante na economia da cidade, e o projeto da autoria do arquiteto Vítor Mestre é absolutamente deslumbrante”, regozija-se o entrevistado, lembrando ainda que foi recuperado o portal gótico do Convento da Graça e que está concluído o projeto do arquiteto Gonçalo Byrne para toda a envolvente da Igreja Matriz. Mas a intervenção mais marcante e decisiva, em termos patrimoniais, da cidade de Loulé será, certamente, o «Quarteirão Cultural», para cujo projeto foi contratado o arquiteto Vítor Mestre. “Vai ser tratada uma parte substantiva do casco histórico de Loulé sob um conceito abrangente, que ficará toda ligada do ponto de vista funcional e orgânico. O itinerário incluirá os Banhos Islâmicos, a Alcadaria do Castelo, as vertentes ALGARVE INFORMATIVO #205


museológicas da arqueologia e paleontologia, esta última muito relacionada com o achado que tivemos a felicidade de encontrar na freguesia de Salir, o metoposaurus algarvensis. Para além da parte humana da arqueologia, o Museu de Loulé vai ter também uma porta de entrada para as ciências exatas”, adianta Vítor Aleixo. O presidente da Câmara Municipal de Loulé não duvida da importância de se «casar» estas duas grandes áreas do conhecimento humano, numa abordagem articulada e holística que estará em evidência no novo Museu de Loulé. “É muito importante a fruição por todas as gerações, nomeadamente os mais novos, de espaços de vida dinâmicos, que serão concebidos com recurso às mais modernas técnicas de exposição e de exibição de materiais museológicos. Vai ter um laboratório para tratar da ALGARVE INFORMATIVO #205

vertente da paleontologia, um auditório, oficinas de conservação dos bens arqueológicos, galeria de arte, os próprios claustros do Convento Espírito Santo integrarão este complexo, num projeto verdadeiramente ambicioso e que será estruturante para o futuro da cidade de Loulé”, acredita Vítor Aleixo. “Quem trabalha tem que pensar primeiro nos projetos, que não podem ser uns quaisquer. Os projetos encomendamse em função da visão e estratégia de desenvolvimento para a cidade e para o concelho de Loulé e é isso que está a fazer o executivo a que tenho a honra de presidir. A nossa visão para o desenvolvimento do município passa muito pela recuperação e valorização do nosso património arqueológico, paleontológico, edificado, da época islâmica e medieval”, finaliza o edil louletano . 44


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X JOGOS DE QUELFES TERMINARAM EM BELEZA E JÁ SE PENSA NA PRÓXIMA EDIÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

s X Jogos de Quelfes chegaram ao fim, no dia 24 de maio, numa manhã super animada na Delegação Regional do ALGARVE INFORMATIVO #205

Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, em Faro, com cerca de 200 alunos/atletas oriundos de vários concelhos do Algarve e de Ayamonte a praticarem andebol, ciclismo, boxe, golfe, patinagem, dança, ginástica e outras modalidades que se 48


encontravam disponíveis no local. Entre as entidades oficiais presentes contavam-se os padrinhos da festa, os atletas Jorge Pina e Ana Dias, bem como Vítor Pataco, presidente do IPDJ, José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, Tiago Carvalho, do Comité Paralímpico e o mentor dos Jogos de Quelfes, Gustavo Marcos. “Concluímos 10 anos deste evento dedicado ao olimpismo, o que já é qualquer coisa especial. Os Jogos evoluíram muito desde o seu início e conseguiram congregar diversas autarquias, associações de várias modalidades, o IPDJ, muitas coletividades e pessoas individuais, numa «sopa de pedra» em que cada um foi dando o seu contributo”, recorda o advogado olhanense. A edição de 2019 foi a mais participada de sempre, mas também a que teve o maior índice qualitativo, e esse é o aspeto 49

mais importante para Gustavo Marcos. “O nosso desejo é proporcionar uma oferta de qualidade que leve os participantes a sentirem-se felizes no desporto e a fazerem da prática desportiva uma constante na sua vida”, frisou, indicando que essa prática desportiva é precisamente a principal ferramenta da filosofia de vida que é o olimpismo. Desde a sua génese que o evento está vocacionado para o primeiro ciclo, uma escolha que não foi inocente, porque é de «pequenino que se torce o pepino» e porque quem ganha o hábito de praticar desporto logo em tenra idade, muito provavelmente vai continuar a fazê-lo ao longo da sua vida. “Partimos de uma conclusão científica que atesta que, durante os primeiros 10 anos de vida, o cérebro passa por um período de desenvolvimento que não se volta a ALGARVE INFORMATIVO #205


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repetir, portanto, se suscitarmos o interesse nesta fase, é bastante previsível que ele se mantenha na vida adulta. Daí a nossa intervenção incidir no primeiro ciclo do ensino básico. Para além disso, e apesar de haver educação física nos programas curriculares, não existia nenhuma experiência semelhante ao Desporto Escolar neste escalão etário”, explica Gustavo Marcos. A par destas duas premissas, também não se pretendeu criar uma competição, mas sim um encontro onde os jovens, para além de jogarem, vivessem “momentos especiais”, conforme descreve o mentor dos Jogos de Quelfes. “No início das partidas os atletas fazem um elogio ao adversário, no final há um corredor de 51

aplausos, existem várias faixas colocadas nos recintos com os valores do olimpismo escritos”, conta o entrevistado, adiantando que, entre alunos e professores, participaram 2.183 pessoas na décima edição, provenientes de estabelecimentos de ensino de Ayamonte, de Moura e Ferreira do Alentejo, Alcoutim, Tavira, São Brás de Alportel, Olhão, Loulé, Faro, Albufeira, Silves, Portimão, Lagoa e Lagos. “Só se consegue levar este evento por adiante porque existe, de facto, uma grande envolvência da parte de todos os intervenientes e porque os Jogos de Quelfes utilizam o mesmo organigrama que os Jogos Olímpicos. Há uma comissão geral e depois cada modalidade tem uma espécie de mini ALGARVE INFORMATIVO #205


comissão organizativa onde estão as autarquias, as associações desportivas e os parceiros locais que vão ajudar ao desenvolvimento das atividades”. Terminados os X Jogos de Quelfes começa-se logo a pensar na próxima ALGARVE INFORMATIVO #205

edição e Gustavo Marcos revela o sonho de que escolas de outros países participem no evento. “Já apresentamos uma candidatura ao Programa Erasmus + para esse efeito, não sabemos se vai ser aceite ou não, mas está preparada para 52


concorrermos sempre que abram programas de apoio”, declara, enfatizando que o crescimento do evento tem acontecido passo a passo e sem sobressaltos. “À medida que as coisas foram correndo bem fomos alargando os nossos objetivos e o nosso alcance, num 53

processo evolutivo gradual. No início do próximo ano letivo já deveremos ter mais novidades para apresentar”, termina Gustavo Marcos. Ficamos, então, atentos e à espera delas… .

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PEDRO MEXIA VENCEU GRANDE PRÉMIO LITERÁRIO CRÓNICAS E DISPERSOS LITERÁRIOS CML/APE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

edro Mexia recebeu, no dia 30 de maio, das mãos do presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, e do presidente da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, o Grande Prémio Literário Crónicas e ALGARVE INFORMATIVO #205

Dispersos Literários CML/APE, pela sua obra «Lá Fora», numa cerimónia inserida nos festejos do Dia do Município de Loulé. “Um livro bem estruturado, não uma antologia aleatória. Um livro sobre o espaço que não é um livro de viagens, mas é um livro de viagens com livros, já que não são tanto os locais que contam, mas o 58


Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, Pedro Mexia e José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores

que deles imaginamos, mesmo quando o tempo os tornou irreconhecíveis”, referiu Pedro Mexia, falando de uma obra onde estão reunidas crónicas publicadas, especialmente no semanário Expresso, mas também noutros espaços com que o distinguido colabora, no período de 2007 a 2017. O premiado falou da crónica jornalística enquanto género literário marcado pela sua periodicidade regular, a qual despertou nele o “fascínio pelos jornais”, fruto também da leitura dos “autores clássicos e contemporâneos” como Miguel Esteves 59

Cardoso, Manuel António Pina, Agustina Bessa-Luís, Vasco Pulido Valente, José Cutileiro, Abel Barros Baptista ou José Bénard da Costa. Pedro Mexia, que também tem obra publicada noutras vertentes da Literatura, nomeadamente a poesia, salientou as principais virtudes da crónica “enquanto grande disciplinadora, por causa dos constrangimentos de espaço e tempo, e por não estar sujeita aos caprichos agudos da inspiração”. Também, por outro lado, enquanto género que “nos ensina a escrever melhor, a estarmos atentos aos nossos defeitos, às ALGARVE INFORMATIVO #205


Carina Infante do Carmo, em representação do júri do Prémio

formulações genéricas, às imagens gastas, às repetições não intencionais, ao estilo sentencioso, ao advérbio infeliz, ao adjetivo que o substantivo não necessita”. Visivelmente emocionado com esta distinção, Pedro Mexia registou ainda uma particularidade deste género pelo qual foi distinguido: a aproximação dos leitores, nomeadamente através das mensagens deixadas sobre os seus textos. E lamentou apenas que este prémio, “que muito me honra, não tivesse chegado uns meses mais cedo, para que o pudesse dedicar, de viva voz, ao meu pai”. Já o responsável da Associação Portuguesa de Escritores, José Manuel Mendes, falou do vencedor desta edição do Grande Prémio ALGARVE INFORMATIVO #205

Literário como, “não apenas um nome maior da sua geração, mas alguém que, nos diferentes domínios que cultiva, já há muito merecia ter sido distinguido com prémios desta natureza, na poesia, mas também na diarística”. O presidente da APE sublinhou ainda “a qualidade, o carácter marcadamente pessoal, o que há de inclusividade, de ecumenismo, e um poder imenso de contágio nas crónicas de Pedro Mexia”, bem como o seu “contributo para uma nova afirmação da grandeza da Literatura em Portugal”. Recorde-se que este prémio nasceu há quatro anos, no âmbito do protocolo celebrado entre a Câmara 60


Municipal de Loulé e a Associação Portuguesa de Escritores, com o objetivo de dar vigor, no plano das instituições culturais, a uma produção crescente e de afirmada qualidade, na crónica, como em alguns textos dificilmente qualificáveis mas que se enquadram naquilo a que habitualmente se chamam «dispersos literários». Considerado hoje como um dos maiores prémios do género no contexto nacional, José Manuel Mendes mostrou-se convicto de que o mesmo continuará a ser uma referência, com o vigor que tem tido desde a sua génese. Por sua vez, Carina Infante do Carmo, que, em conjunto com Isabel Cristina Rodrigues e Liberto Cruz, 61

enquanto elementos do júri, escolheram por unanimidade «Lá Fora» como a obra vencedora em 2019, sublinhou no trabalho de Pedro Mexia “o domínio exímio da forma breve da crónica, a plasticidade desta forma nas mãos do autor que faz das crónicas nota autobiográfica, poética, crítica, e ainda a cosmovisão do livro, enquanto memória nostálgica dos lugares”. Pedro Mexia foi contemplado com um prémio pecuniário de 12 mil euros e passará a figurar na galeria dos vencedores deste Grande Prémio, ao lado de José Tolentino de Mendonça, Rui Cardoso Martins e Mário Cláudio . ALGARVE INFORMATIVO #205


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LAGOA É O PONTO DE PARTIDA PARA UMA VOLTA AO MUNDO ATRAVÉS DE ESCULTURAS EM AREIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Sand City abriu portas ao público no dia 8 de junho e apresenta a maior e mais variada exposição de esculturas em areia alguma vez realizada em Portugal. Ao todo são 50 mil toneladas de areia esculpidas sob o tema «A Volta ao Mundo», com esculturas que representam a arquitetura, a cultura, a fauna e a flora dos cinco continentes, bem como cenas do imaginário ligadas às viagens e aos viajantes. Esta autêntica «cidade de areia» nasceu pelas mãos de 57 artistas de diversas nacionalidades que, ao longo de três semanas, deram forma em areia a animais, monumentos e pessoas do mundo inteiro, criando cerca de 80 cenas distintas. Entre elas encontram-se figuras como Cristiano Ronaldo ao lado de Fernando Pessoa e da Torre de Belém, o Papa Francisco a andar ALGARVE INFORMATIVO #205

de Vespa, Nelson Mandela na África do Sul, o Dalai Lama no Tibete ou a Rainha Isabel II a tomar chá ao lado do Big Ben. O mar teve direito a uma zona à parte, na qual se podem ver esculpidos múltiplos ambientes marinhos e uma interpretação do problema do lixo nos oceanos. Como é natural, não falta um espaço de esculturas dedicado às crianças, com histórias de viagens e personagens do imaginário infantil como o Principezinho, Dumbo, Paddigton, Mogli, Branca de Neve ou Homem-Aranha. Por detrás destas verdadeiras obras de arte estão escultores de areia provenientes de países como a Turquia, Brasil, Canadá ou Austrália, muitos deles vencedores de prémios em escultura de areia e gelo e que já realizaram peças notáveis nestas novas formas de expressão artística. E todos contribuíram para o êxito que se espera desta SandCity, o novo projeto da 66


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empresa Prosandart que, durante os últimos 17 anos, produziu o FIESA – Festival Internacional de Esculturas em Areia, considerada a maior exposição de esculturas em areia já edificada em todo o mundo. O novo parque temático de escultura em areia está localizado entre a rotunda principal de Lagoa e a rotunda de Porches, ocupa uma área de cerca de seis hectares, onde se encontram espaços de lazer e de restauração, além de workshops de esculturas em areia e muitas atividades de cariz artístico, cultural e ambiental que serão desenvolvidas durante o Verão. Vai estar aberta ao público até 30 de novembro, entre as 10h e as 22h, sendo que, de noite, as esculturas são iluminadas por jogos de luzes que lhes conferem uma magia ainda mais intensa . ALGARVE INFORMATIVO #205

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BENJAMIN CL UM GÉNIO À S NO TEATRO D Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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LEMENTINE SOLTA DAS FIGURAS

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oi, provavelmente, um dos concertos mais fantásticos dos últimos tempos a acontecer no Algarve, um dos momentos altos de 2019, uma experiência verdadeiramente inesquecível para as centenas de pessoas que esgotaram o Teatro das Figuras, em Faro, a 3 de junho. Por muitos adjetivos que utilizemos, qualquer explicação ficará aquém das sensações vividas naquela noite e o culpado foi um senhor inglês, um cantor, poeta e compositor de seu nome Benjamin Clementine. Nascido na capital britânica, cresceu no norte de Londres e viveu depois um período em França e na capital gaulesa foi

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um adolescente sem-teto. Talvez por isso se explique a sua forma comedida de falar em público, o seu pouco àvontade com a fama e as luzes dos holofotes das quais dificilmente se vai livrar. Se calhar por isso se apresente em palco de fato todo glamouroso, mas de pés descalços. Se calhar a explicação é outra. Também não interessa. O que realmente interessa é que, em palco, Benjamim é um «monstro», um fenómeno, um autêntico génio, que encanta com a sua forma simples de estar, com a sua voz vibrante, com a magia com que os seus dedos percorrem as teclas do piano, com o talento com que cria tão belas melodias. «Uma noite com Benjamin Clementine e o seu quinteto de cordas parisiense» é

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a descrição da tournée acústica com que está a percorrer a Europa e Portugal teve a sorte de o receber durante sete noites. E Faro teve o privilégio de ser um desses pontos de passagem, para uma performance arrebatadora, incrível… daquelas que por muitos adjetivos que usemos, jamais estaremos à altura da ocasião. O público algarvio, mas também com muitos estrangeiros presentes na assistência do Teatro das Figuras, rendeuse, do início ao princípio do concerto, ao artista… e o artista rendeu-se ao público. E foi num português quase perfeito que disse, a certo ponto, “estou sempre muito feliz quando toco em Portugal”. E Portugal de certeza que também está sempre muito feliz quando Benjamim toca cá para os nossos lados. Depois da sua mais recente digressão com David Byrne, que passou pelo Reino 81

Unido e Estados Unidos da América, Benjamin Clementine oferece agora ao seu público uma proposta acústica, única e intimista, em que surge acompanhado por cinco instrumentistas franceses. E que sonoridade tremenda este quinteto empresta aos extasiantes temas do compositor britânico, que por vezes se levantou do piano e se colocou simplesmente a olhar para os seus companheiros de palco, a desfrutar do som. Uma noite onde fomos convidados a viajar pelo seu repertório, desde o álbum de estreia «At Least For Now», que lhe valeu o Mercury Prize, ao seu mais recente disco, «I Tell A Fly», aclamado pela crítica internacional e que o levou a ser considerado pela americana National Public Radio como «um George Orwell musical do nosso tempo». Enfim… inesquecível . ALGARVE INFORMATIVO #205


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CINE-TEATRO LOULETANO RECORDOU ZECA AFONSO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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s conceituados cantores Zeca Medeiros, Filipa Pais, João Afonso e Maria Anadon atuaram no CineTeatro Louletano, no dia 29 de maio, véspera de Dia do Município de Loulé, num emocionante e intenso tributo ao poeta, músico e compositor Zeca Afonso. «Por terras do Zeca», assim se chama, simplesmente, este espetáculo diversificado que integra algumas das canções mais conhecidas do cantautor, ALGARVE INFORMATIVO #205

como «Verdes são os campos», «Que amor não me engana», «Índios de meia praia» e «Venham mais cinco», revestidas de novos arranjos, mas também temas originais baseados na sua figura e outras composições menos conhecidas do público, de que são exemplo «Papuça», «Lá no Xepangara» ou «Ali está o rio». O concerto contou com interpretações a solo, em dueto e quarteto, contando com os arranjos e direção musical de Davide Zaccaria e com o acompanhamento musical de Armindo Neves (guitarra), Luís Pinto (baixo), Ivo Martins (bateria) e Paolo Massamatici (oboé) . 90


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ANJOS LEVARAM SÃO BRÁS DE ALPORTEL AO DELÍRIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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m dia de feriado municipal, dois anjos desceram dos céus e vibraram intensamente em São Brás de Alportel, com os irmãos Nelson e Sérgio Rosado a trazerem a Tour 20 Anos ao coração da Serra do Caldeirão, para satisfação da multidão que encheu por completo a Praça da República no primeiro dia do mês de junho. Com os mais novos de pé e o mais próximo possível do palco, e os mais seniores confortavelmente sentados, o concerto proporcionou uma verdadeira ALGARVE INFORMATIVO #205

viagem no tempo ao longo de duas décadas de sucessos de uma das mais populares bandas portuguesas do século XXI. Uma viagem percorrida a grande velocidade e sem pouco tempo para descanso, com os Anjos a mostrarem que continuam cheios de pujança, frescura física e paixão pelo que fazem. Uma paixão e também um enorme àvontade próprio de dois irmãos que percorrem este caminho, lado a lado, há mais de 20 anos, o que confere uma aura bastante informal aos espetáculos. O público depressa se deixou contagiar pelo frenesim que se vivia em cima do 100


palco, com uma interação constante entre Nelson e Sérgio, mas também com os elementos da banda que os acompanham na estrada há largos anos. Um excelente espetáculo visual onde se inclui um ecrã onde era possível ver imagens de outros tempos da bem-sucedida carreira dos Anjos, quase como se estivéssemos a assistir a um documentário de duas décadas de hits. E, de facto, há medida que o concerto vai avançando, apercebemo-nos da multiplicidade de temas que fazem parte do nosso quotidiano, canções de cujos refrões nos recordamos num instante e que 101

cantarolamos quase sem darmos por isso. Com um pop romântico sem inventar, sincero, honesto, de mensagens cativantes, o som dos Anjos continua a cativar públicos de várias gerações, conforme se contatou facilmente na escaldante noite de São Brás de Alportel, a apoteose de um Dia do Município onde não faltou também, como não poderia deixar de ser, um empolgante espetáculo de fogo-deartifício . ALGARVE INFORMATIVO #205


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TEATRO DAS FIGURAS RECEBEU DANIEL STABRAWA E MÁTÉ SZÜCS NO FECHO DO FIMA 2019 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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aniel Stabrawa e Máté Szücs, dois músicos de referência mundial e com um percurso de relevo desenvolvido na Orquestra Filarmónica de Berlim, foram os solistas convidados para o Concerto de Encerramento do 34.º Festival Internacional de Música do Algarve (FIMA), que aconteceu, no Teatro das Figuras, no ALGARVE INFORMATIVO #205

dia 31 de maio. O maestro Rui Pinheiro dirigiu a Orquestra Clássica do Sul neste concerto final do FIMA de 2019, cujo tema escolhido foi «Música e Viagens». “As grandes viagens foram sempre uma consequência inevitável para os compositores de maior sucesso”, justificou o Diretor Artístico do Festival. “Quando C. M. von Weber recebeu o convite para escrever a ópera «Oberon», baseada na obra 114


de Shakespeare, embarcou numa viagem a Londres para melhor dominar a língua inglesa. Por outro lado, Mozart, enquanto compositor e intérprete das suas obras, realizou uma longa digressão europeia com passagens por Mannheim, Paris e Munique, onde recebeu fortes influências estilísticas e formais”, afirma Rui Pinheiro. O compositor checo A. Dvorák terá viajado até aos Estados Unidos da América e a sua 9.ª Sinfonia foi 115

o resultado de uma encomenda da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque. A Orquestra Clássica do Sul acompanhou nesta viagem musical dois músicos de renome internacional Daniel Stabrawa (violino), solista na Orquestra Filarmónica de Berlim, e Máté Szücs (viola), que também passou pela Orquestra Filarmónica de Berlim, mas atualmente é professor na Haute École de Musique de Genébra . ALGARVE INFORMATIVO #205


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LUÍSA SOBRAL INAUGUROU CICLO «PESSOALÍSSIMA» NO AUDITÓRIO DO SOLAR DA MÚSICA NOVA EM LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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uísa Sobral foi a primeira convidada do «Pessoalíssima» (música que mudou a minha vida), um novo ciclo de tertúlias musicadas, em ambiente intimista e informal, de proximidade com o público, em que o convidado é desafiado a revisitar temas que marcaram o seu percurso e a partilhar histórias e curiosidades em torno dos mesmos. A autora do recém-lançado disco «Rosa» deslocou-se para o efeito, a Loulé, ALGARVE INFORMATIVO #205

ao Auditório do Solar da Música Nova, no dia 4 de junho. Luísa Sobral é uma das compositoras e cantoras mais importantes da nova geração de músicos portugueses. Estreou-se em 2011 com a edição de «The Cherry on My Cake», um álbum bem recebido pelo público e pela crítica. Seguiu-se «There’s A Flower In My Bedroom» (2013), com convidados como Jamie Cullum, António Zambujo e Mário Laginha. Em «Lu-Pu-I-Pi-Sa-Pa» 124


(2014) expandiu o seu universo para fora dos limites estéticos dos seus dois primeiros discos e «Luísa» (2016) foi gravado em Los Angeles pelo prestigiado produtor norte-americano Joe Henry. Em 2017 compôs «Amar Pelos Dois», o tema vencedor do Festival Eurovisão da Canção, interpretado pelo seu irmão Salvador Sobral. No final de 2018 editou «Rosa», o seu quinto álbum de originais. Para a produção

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convidou o catalão Raül Refree, um dos mais prestigiados produtores e multiinstrumentistas espanhóis. Para além da voz e guitarra, Luísa Sobral e o seu produtor privilegiaram os instrumentos clássicos: um trio de sopros e percussão clássica. Este é o seu álbum mais pessoal, maduro e intimista. A beleza das composições é realçada pelo despojamento dos arranjos e pela cumplicidade criativa entre Luísa e Refree .

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Familiares, amigos e outros pilares Paulo Cunha (Professor) ontinua a provocar-me alguma apreensão e consternação observar tanta gente a ter de passar por determinadas situações, consideradas limite, para finalmente - começar a olhar doutra forma para o que a rodeia. Diria mais: gente que só tardiamente começa a olhar, com olhos de ver, para além de si! É comum ouvir comentários do tipo “Finalmente percebi qual é o meu papel no mundo!”, “Só agora percebi o tempo que andei a perder com coisas e pessoas que, afinal de contas, não mereciam qualquer importância!”, “Foi preciso terme sucedido isto para reconhecer os verdadeiros amigos!”, entre muitas outras frases que refletem a sensação de finitude que o inesperado contacto com a doença e a morte provocam em quem anda inebriado com as suas conquistas diárias. Filho de uma mãe que passou grande parte da sua vida na escuridão provocada pela cegueira, com ela cedo aprendi a ver para além do visível, desvalorizando o que não merece valor e apreciando o que os outros sentidos proporcionam. Hoje, não tendo o privilégio nem o prazer de a ter fisicamente comigo, sinto-a e reconheço-a nalgumas atitudes minhas face a determinadas adversidades. Aprendi e continuo a aprender, contactando com pessoas que não foram bafejadas com a graça de viver como todos gostariam e mereciam, mas que, vivendo como podem, vivem mais e ALGARVE INFORMATIVO #205

melhor do que muitas outras pessoas detentoras de todas as faculdades e possibilidades. Escravos dos dias, grande parte das pessoas com quem contacto diariamente só tardiamente e irremediavelmente se dá conta que, fruto da soma das muitas horas gastas, desbarataram uma parte substancial e irrepetível da sua vida. Gosto de gente que, recorrentemente, me diz que já ganhou o dia através da realização de «pequenas coisas». Gente que, satisfazendo-se materialmente com pouco, saboreia todos os minutos que cada hora de lazer lhe proporciona. Todos os dias, sem darmos conta, privamos com gente que através do seu positivismo e proatividade nos pode ajudar a descobrir que, afinal de contas, o segredo da vida reside unicamente em nós. Basta estarmos atentos aos sinais vindos do exterior e não os negligenciar nem menosprezar! Numa sociedade altamente competitiva como aquela em que vivemos, não é fácil lutar contra os piores sentimentos que certas situações despoletam em nós. São fios de uma teia em que nos deixamos enredar e que, por vontade própria, nos aprisionam e agrilhoam. Daí a necessidade de refletirmos e, em conjunto, tentarmos perceber o que é que tanto mal nos faz, sugando-nos a energia, retirando-nos anos de vida e acelerando o processo de envelhecimento. Felizmente, há já muito tempo, percebi que, a exemplo duma 130


construção, também a nossa vida deve assentar em pilares sólidos, seguros, consistentes, eficazes e duradouros. Eu sei quais são os meus e é neles que assentei o meu crescimento e, espero, o dos meus filhos. Para que não descubram 131

tardiamente que o elixir da vida estava ao vosso lado e ao vosso dispor e, afinal de contas, não o aproveitaram, faço votos que o usem e que a estrutura que vos sustém engrandeça e dê real sentido às vossas vidas. «Carpe Diem»! . ALGARVE INFORMATIVO #205


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Do Reboliço #41 Ana Isabel Soares (Professora) á montanhas no mundo, Reboliço. Quando olha à volta de si mesmo desde o socalco – que faz erguer-se uns metros na planície o moinho, a ver se as velas lhe aproveitam mais qualquer coisa o vento –, o que vê é só lonjura. Nos dias claros, não havendo névoa, neblina, nebulosa, nuvens, distingue a silhueta de uma serra: até chegar-lhe a ela mais do que o ocasional olhar, teria de patear sessenta quilómetros bem medidos, se fosse sempre a direito, dias de marcha fechando os olhos ao pó da estrada, resistindo à chamada do oceano, e, entrando já na falda das elevações, ziguezaguear então no meio das árvores: troncos altos, das que vão sobrando dos incêndios, cotos baixos e enegrecidos, os das outras. Está tão longe, esta mais próxima. Para Norte há outras serras, que da posição do Moinho Grande não vislumbra. São Mamede e Marvão, Malcata, a Estrela, e isto algumas das que sobem para dentro, para o centro da Península; mais a Norte, para lá do Marão, Gerês, Barroso, Larouco, depois a fuga para o centro do continente, Astúrias, Pirenéus – e os Alpes. O Reboliço ouvia dizer ao moleiro que, viajasse uma criatura o que neste mundo viajasse, seria o sol sempre o mesmo, a lua igual. Bicho quase árvore, aquele moleiro, que só a alma não lhe tinha raiz e por isso não lha segou jamais a vida, não lhe dava para sair do Moinho Grande. Ouvia o rádio da telefonia, ou a televisão, e era pelas vozes de outros, pensamento seu, que andava o pouco que andava fora dali. Sem ser animal muito saideiro, já o Reboliço, se percebe uma volta à rua, à estrada, a outros montes, ALGARVE INFORMATIVO #205

faz como se fosse uma velha senhora que, à voz de “Vamos...?”, se levanta da cadeira de braços, agarra no xailinho de pôr e tirar, calça as sandálias de presilhas e dispõe-se ao passeio. Quem lhe dera visitar as montanhas longínquas. Queria, com vê-las, conhecerlhes a grandeza. As montanhas do mundo podem medir-se, mas o tamanho, aos olhos de quem, estando nelas, as vê, são medidas pela bitola desse que as olha e do que lhes está à volta. A montanha mais alta do país do Reboliço chama-se Pico. Nasce no meio do mar e faz uma ilha. Mas, porque se ergue sozinha, poderia ser a entrada de um formigueiro na rua do Moinho Grande. (Se as formigas vivessem no mar, teriam de ter um instrumento de respirar acoplado ao focinho – ao focinho... como se chamará o focinho das formigas, interroga-se o Reboliço?). Porque está sozinha, parece pequena a montanha do Pico. E não é uma serra porque está sozinha. Como um cão que não tivesse família, parentes ou amigos – ou, tendo-os, os tivesse longe, fosse como não os ter. De que servirá, assim, ter aquele tamanho todo, pensa o Reboliço – pouco maior do que uma formiga, afinal, se comparado com uma montanha. Uma serra é serra porque se juntam montanhas: a terra enrugou, os dedos gigantes de um deus apertaram à terra as carnes do corpo, uniram-se fendas e fenderam-se planos, antigos como esses brincalhões que os apertavam. Em que pensavas, Reboliço? . * Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

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Foto: Vasco Célio 133

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A era da economia partilhada Fábio Jesuíno (Empresário) mundo está cada vez mais global e interligado, com a economia mundial em plena transformação num ritmo estonteante acompanhando a mudança tecnológica. A economia partilhada é um modelo económico que se desenvolve através da partilha de bens, serviços, recursos humanos, conhecimento e também uma forma de rentabilizar ativos pouco utilizados. A massificação das plataformas digitais tem permitido o crescimento deste modelo económico da partilha, que nos faz lembrar o início das transações comerciais entre humanos, quando não existia dinheiro e se trocava por outros produtos. Este conceito da economia visa principalmente a obtenção de valores monetários com a partilha daquilo que não usamos, como, por exemplo, disponibilizar a nossa casa ou o nosso carro numa série de plataformas criadas para esse efeito. A plataforma Uber é um dos exemplos mais populares deste modelo de negócio, onde muitas vezes se utiliza o termo «uberização» para expressar este novo formato de fazer negócios, sustentado nas tecnologias digitais, que ligam diretamente o consumidor ao fornecedor de serviços ou produtos, permitindo uma personalização nunca antes possível e oferecendo um serviço de forma independente. ALGARVE INFORMATIVO #205

O crescimento elevado da economia partilhada é resultado direto da digitalização e abrange cada vez mais sectores de atividade, o que leva inevitavelmente ao colapso dos modelos de negócios tradicionais. A nova economia permite desenvolver uma nova forma de trabalhar, desde a partilha do espaço de um escritório, mas também de conteúdos, possibilitado a qualquer pessoa ter vários empregos, um deles a tempo inteiro e outros a tempo parcial, de forma a terem mais fontes de rendimento e uma maior flexibilidade nos horários. Este modelo económico é completamente disruptivo, dando origem a novos empregos e a criação de novas empresas de crescimento acelerado. Podem dessa forma pôr em causa grandes multinacionais da economia tradicional, devido ao crescimento das partilhas, existindo uma diminuição significativa de comprar novo. Começa também a existir uma adaptação dessas empresas tradicionais, onde, por exemplo na indústria automóvel, criaram plataformas onde as pessoas podem partilhar veículos. O mundo está em plena mudança onde novos conceitos estão a transformar a forma como vivemos a uma velocidade alucinante, onde o futuro será sempre mais partilhado .

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OPINIÃO - Tudo em Particular e Nada em Geral

Moces marafades Carla Serol (Uma Loira Qualquer) hegou finalmente o tão almejado junho, que dita o fim do tenebroso inverno que neste nosso Algarve se faz sentir, e marca a chegada da estação do ano mais desejada pela maioria dos algarvios: O verão! Mas, não pensem que lá porque se deseja que chegue o verão, que seja para ficar de papo para o ar numa qualquer maravilhosa praia que nos banha os pezinhos ao sair de casa. Os algarvios trabalham, e muito, por isso respeitinho é bonito e nós agradecemos! Ora, quero com isto alertar os nossos tão estimados visitantes, para os quais abrimos as portas do nosso tão mal guardado segredo, que se esforcem um pouco mais por compreender que nós, os algarvios, não estamos de férias como vós! Portanto, cada vez que pensem em ir ao supermercado para umas comprinhas simples para o jantar, escusam levar convosco a catrefada dos filhos todos, a mulher, a mãe, a sogra, a vizinha do résdo-chão que só precisava de uns paposecos para as sandochas do dia seguinte, mais o tio da mulher e o compadre do padrinho, com o intuito de os distribuir pelas demais caixas, e transformar a superfície comercial num concurso ao estilo dos jogos sem fronteiras. Só lá falta o Clímaco, a fazer os comentários à medida que as bichas das caixas, (sim no algarve é bicha, se quiserem fila vão para o Mónaco), vão avançando, umas sobre as outras, “e ALGARVE INFORMATIVO #205

agora a caixa quatro ganha terreno sobre a caixa dois, mas esperem, esperem, a caixa cinco está a recuperar e parece que vai surpreender, oh não, acabou o papel da máquina registadora, ganha com isto terreno a caixa sete, com muita serenidade, vai a caixa um tão bem despachada!”. Agora, fechem os vossos olhos e imaginem o cenário de guerra que é, a catrefada dos moços todos na caixa dois, de repente apercebem-se que a caixa quatro onde está a vizinha do résdo-chão e que só queria paposecos para as sandochas da manhã seguinte vai à frente e mudam-se todos em massa para lá, mas nisto, a mulher do mesmo fulano que foi apenas às comprinhas para o jantar, está na caixa sete mas repara que o compadre do padrinho do marido está na caixa cinco e arranca para lá completamente desenfreada, com os pacotes de mortadela e do queijo fatiado na mão, e nisto acaba-se o papel na máquina registadora e entope aquilo tudo! E é vê-la a descabelar-se toda, pois a santa da sogra está na caixa um, na maior, a papar terreno que nem uma maluca para pagar um pacotinho de leite… e lá vai ela ter que pedir à sogra que a deixe entrar na caixa vencedora, e meus senhores, não há orgulho que bata isto! No meio disto tudo estão os algarvios, esses que um qualquer ministro alemão afirmou serem uns malandros, que depois de um dia inteiro de trabalho, só queriam efetivamente fazer umas comprinhas 136


para o jantar, mais aqueles que na caixa um, dois ou três, fazem passar os paposecos, o leitinho e a mortadela, e são portanto, a malandragem da história! Posto isto, não quero dizer que não tenhamos gosto em receber-vos. Claro que temos! Somos muito orgulhosos daquilo que somos e temos para vos servir, e nisso fazemo-lo como ninguém, e até seria muito egoísmo querermos 137

tanta caixa de supermercado para meia dúzia de gatos-pingados que, ainda por cima, nada percebem de concursos de bichas de supermercado. Então, vá lá moces, sejem porreires, desfrutem muite, nadem e apanhem sol na melerinha que faz tante bem à pele, dexem as bichas em paz, e na se marafem tante, porque as férias passem num’stantinho e tarda nada tá de chuva outra vez! . ALGARVE INFORMATIVO #205


OPINIÃO

Paredes de vidro ou «Glass Ceiling» Alexandra Rodrigues Gonçalves (Professora e Investigadora) onfesso que gosto de títulos intrigantes. Não são telhados, nem tetos, mas as paredes de vidro, que são o centro desta crónica, numa alusão ao «glass ceiling»*, um conceito referido pela primeira vez nos Estados Unidos da América, na década de 80, mas cuja discussão ganhou força no século XXI. Esta questão emerge muitas vezes na conversa do dia-a-dia, sobretudo entre mulheres, mas com crescente frequência entre outros grupos de pessoas. Este tema surge agora porque em conjunto com a colega Helena Reis, que é especialista em estudos de género para o setor do Turismo e da Hotelaria, estamos a orientar uma tese de mestrado aplicada ao turismo e à cultura, em que a aluna irá estudar este problema. Esta semana deixou-nos uma mulher genial - Agustina Bessa Luís pelo que este é ainda um hino de enaltecimento às mulheres. O jornal Expresso na evocação do momento cita através do seu texto sobre o Homem Português uma forma original, e muito sua, de registar alguns comportamentos: "Prefere ser um rico desconhecido, a ser um herói pobre. É melhor do que parece. O homem português é ALGARVE INFORMATIVO #205

dissimulado, e fez da inveja um discurso do bom senso e dos direitos humanos. Mas é também um homem de paixões moderadas pela sensibilidade, o que faz dele um grande civilizado. Gosta das mulheres, o que explica o estado de dependência em que as pretende manter. A dependência é uma motivação erótica" (in «O Homem Português», texto sem data reunido em «Caderno de Significados» e publicado no Jornal Expresso num artigo de António Pedro Ferreira, de 03/06/2019, a partir de Guimarães Editores, 2015). Esta semana fez também notícia o desmantelamento de mais uma rede de comércio, tráfico e prostituição de mulheres no Centro/Norte do País, para além dos casos e números assustadoras que a violência doméstica continua a registar no nosso país. Um estudo do Conselho Internacional do Museus revelado em 13 de maio, demonstrava que a maioria dos museus com orçamentos anuais inferiores a 15 milhões de dólares americanos eram dirigidos por uma diretora do sexo feminino e não por um diretor do sexo masculino. O oposto é verdadeiro para museus com orçamentos de mais de 15 milhões de dólares americanos, onde a 138


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representação feminina diminui à medida que o tamanho do orçamento aumenta. Nos países que integram a União Europeia, as candidaturas a operações cofinanciadas por fundos europeus estão sujeitas à obrigação de declaração do cumprimento das prerrogativas estabelecidas para a «Igualdade entre Homens e Mulheres e Igualdade de Oportunidades, e da não descriminação», que está regulamentada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho através do Regulamento n.º 1303/2013, de 17 de dezembro. Uma das múltiplas questões que inclui e que se transcreve: “A operação teve em conta as prioridades nacionais e/ou Europeias em matéria de igualdade entre homens e mulheres, igualdade de oportunidades e da não discriminação em razão da deficiência, raça ou origem étnica, religião ou crença, região, idade ou orientação sexual?”. A instituição candidata tem que responder com demonstração das medidas adotadas, não podendo limitar-se a uma declaração de intenções.

Unidas) na sua Assembleia Geral adotou a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. Com 17 objetivos globais, os Estadosmembros aprovaram um plano de ação para promover o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza. Definiram metas globais centradas nas pessoas, no planeta, na prosperidade e na paz mundial. A igualdade de género tem metas atribuídas no âmbito do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável. Por sua vez, neste âmbito, a ONU Mulheres encetou a iniciativa «Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de género», estabelecendo compromissos concretos, partilhados por mais de 90 países. Seria bom monitorizar as metas definidas em cada um desses países e ver onde se encontram. Sendo certo que a paridade não garante igualdade, é verdade que emerge como mais uma ferramenta

Desta forma, demonstra-se que em termos europeus vai-se muito mais longe na discussão entre homens e mulheres.

Há quem partilhe da crença que um movimento natural da democracia dará lugar a maior participação equilibrada entre homens e mulheres nos cargos de poder. Uma utopia, não só para o mundo da política, como para outros mundos, como o da realidade doméstica.

Em termos internacionais, em 2015 a ONU (Organização das Nações

O Estado assume assim a responsabilidade maior, porque

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falamos de direitos fundamentais. Só que o Estado para legislar precisa dos partidos com assento parlamentar e da sua votação para aprovar novas leis. Estamos em período eleitoral e a questão da paridade emerge sempre nestas alturas com opiniões diversas e nem sempre concordantes. Em fevereiro deste ano foram aprovadas em Portugal duas novas propostas de lei que impõem a meta de 40 por cento de representatividade equilibrada entre mulheres e homens, no pessoal dirigente, nos órgãos da administração direta e indireta da Administração Pública e nas listas para os órgãos do poder político, não podendo ter mais do que duas pessoas do mesmo sexo, consecutivamente, na ordenação dos elementos da lista. Incluem-se aqui as candidaturas à Assembleia da República, ao Parlamento Europeu e às Autarquias Locais (que integram as Juntas de Freguesia). Estes critérios já se aplicarão às eleições legislativas de 6 de outubro. Mas serão suficientes estas medidas para a desejada igualdade de género e oportunidades? Onde fica o sector privado? Fala-se em avanço democrático, mas nem tudo foi um mar de rosas. Por exemplo, a «alternância entre sexos» não passou, assim como, não

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foi aprovada a obrigação de paridade nos dois primeiros lugares nas listas. Todavia, a maior novidade é que as listas que não cumpram com os 40 por cento mínimos de representação equilibrada terão como sanção efetiva a sua rejeição. Há mesmo quem aponte esta aprovação da revisão da lei da paridade como um «avanço civilizacional». Tenho dúvidas que seja este o único caminho: Será que é pela lei que as vinculações se devem impor? Como se veem as mulheres neste papel de ter que ser imposta a sua inclusão? A nova legislação pode ser vista como uma questão redutora do significado e do papel das mulheres enquanto pessoas na sociedade atual. Estando consciente que a paridade não garante igualdade, é verdade que emerge como mais uma ferramenta que se espera consequente. A marca da desigualdade está ainda excessivamente presente em muitas áreas e países, existindo muitas paredes de vidro por quebrar. Qual o receio? . *Obstáculos invisíveis que as mulheres enfrentam quando pretendem aceder às chefias das organizações e instituições, que possuem uma cultura organizacional masculinizada. Este conceito está muito presente nos estudos sobre questões de género.

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OPINIÃO

Trágica Poesia Fernando Esteves Pinto (Escritor) Existe apenas um único problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida significa responder à questão fundamental da filosofia. Albert Camus

nquanto as suas mães jaziam em sepulturas tranquilas / ornadas por aquele ordenado e regular saibro esmeralda / e flores num boião de compota, desenterraram a minha. / Até as conchas que deixei no seu caixão. Estes versos foram escritos por Frieda em 1997. Na manhã de 11 de Fevereiro de 1963, enquanto Frieda e o irmão dormiam no quarto, a mãe tomou uma grande dose de narcóticos, ligou o gás e enfiou a cabeça dentro do forno, morrendo pouco tempo depois. Mas antes teve o cuidado de calafetar a porta do quarto das crianças e abrir as janelas para entrar o ar. O poema de Frieda vem confirmar que ninguém conheceu a sua mãe tão bem como ela: Tiraram-lhe os olhos para descobrirem o que via / morderam-lhe a língua com pequenas dentadas / para falarem com a sua voz. Frieda é filha de Sylvia Plath e Ted Hughes. E a poesia é a grande tragédia da família. O irmão mais novo, Nicholas, também se suicidou, em consequência de uma depressão. Pais e filhos – estiveram todos no fundo. O inferno da poesia apelava à morte com as suas vozes perturbadas, estranguladoras; a cabeça numa sombra completamente vazia. Conheço o fundo, diz ela. Cheguei lá com a minha raiz maior: / É disso que tu tens medo. / Mas eu não tenho medo: já lá estive. ALGARVE INFORMATIVO #205

É verdade que Sylvia Plath esteve lá. Com a escrita e com o corpo. Os poetas não temem deuses frios; escurecimentos; espíritos da ausência; pensamentos visíveis. O pensamento eterno de Sylvia Plath ainda procura o seu pedaço de universo; Frieda, a filha do silêncio e do sono do tempo, tapando as fendas das suas memórias. Aquela manhã fria e vazia foi como um poema que é só eco branco. Morte terna contaminando o ar trémulo; a respiração dentro da máscara do destino. O veneno calmo da poesia alimentou a raiz maior de Sylvia Plath: a pequena Frieda também viu o abismo pela janela de Fevereiro. Os filhos das mães que se suicidam não conhecem senão os sons vazios da infância. Vivem em direcção a nada, e a alma é uma voz que imita as histórias maternais num berço infinito. Chamaram-na sua. / E durante todo esse tempo eu pensei / que ela me pertencia muito mais. Frieda procura recriar a sua própria mãe, e assim fugir também ela desse demónio da memória que vive no cordão umbilical daqueles que continuam a inventar uma nova Sylvia Plath. Mas só ela, Frieda, sentiu a torrente de sensações e luzes em profunda tensão; só ela ouviu, entre murmúrios, as belas canções do espírito; a voz confessional da poesia da mãe. Foi breve a voz que entrou no seu coração, mas foi a vida inteira de Sylvia Plath . 142


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OPINIÃO

O presente exige outro modelo de escola Nelson Dias (Consultor) omeço esta crónica de opinião com um pedido a quem me lê. Imaginem um edifício na vossa cidade, composto por corredores e salas. Dentro de cada uma destas encontram filas de mesas e cadeiras. Todas têm, no topo, uma secretária e um quadro na parede. No exterior existem espaços abertos, sendo alguns cobertos com estruturas que protegem do sol e da chuva quem por ali circula. A dado momento toca uma campainha. É o sinal para que todos se dirijam às salas e ocupem os seus lugares. Junto ao quadro há um adulto que durante cerca de 50 minutos tem a missão de expor conceitos, como por exemplo os de «sociedades recolectoras e nomadismo», ambos associados aos primórdios da humanidade. Cumprido o tempo previsto, volta a tocar a campainha. Desta vez, a indicação é para que todos se dirijam novamente ao espaço exterior e possam usufruir de um curto momento de convívio, até voltarem a ser chamados para mais um turno de cinco dezenas de minutos em sala, com outro adulto, agora dedicados à aprendizagem sobre a interpretação de planisférios e mapas. Terminado este desafio, o que cada leitor visualizou? Não devo estar errado se disser que todos, dos mais velhos aos mais novos, imaginaram uma escola. Com as devidas evoluções, este modelo escolar tem mais de dois séculos. Neste período, o mundo mudou imenso, mas esta instituição de ensino não foi capaz de se transformar e acompanhar as exigências dos novos tempos. ALGARVE INFORMATIVO #205

Como refere a psicóloga brasileira Vivianne Senna, numa entrevista recente: “Se pudéssemos transportar um cirurgião do século XIX para um hospital de hoje, ele não teria ideia do que fazer. O mesmo vale para um operador da bolsa ou até para um piloto de avião do século passado. Não saberiam que botão apertar. Mas se o indivíduo transportado fosse um professor, encontraria na sala de aula deste século a mesma lousa, os mesmos alunos enfileirados. Saberia exatamente o que fazer. A escola parece impermeável às décadas de revolução científica e tecnológica que provocaram grandes mudanças no nosso dia-a-dia. Ficou parada no tempo, preparando os alunos para um mundo que não existe mais”. O método de ensino em vigor foi desenhado, por um lado, para favorecer o modelo expositivo do professor e, por outro, a memorização dos conteúdos por parte do aluno. É possível entender a utilidade desta forma de organização há duzentos anos atrás, num contexto em que o acesso à informação era restrito e bastante circunscrito à escola. O problema de hoje não é mais o da escassez da informação, nem o acesso à mesma, mas a capacidade crítica de a selecionar. O conceito de «nomadismo» está à distância de um clique no telemóvel. Os mapas estão disponíveis com informação integrada em aplicações como o Google Maps. Numa realidade tão distinta como esta, o exercício expositivo do

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professor e a memorização dos conteúdos por parte do aluno tornaram-se inúteis. Como refere o historiador Yuval Noah Harari, no seu último livro («21 Lições para o Século XXI»), se alguém desejar, poderá passar o resto da vida a ler os conteúdos da Wikipédia, a assistir a tutoriais no YouTube, bem como a fazer cursos online. Num mundo como este, a última missão de um professor é dar mais informação aos seus alunos. O que estes precisam é de desenvolver o sentido crítico, que lhes permita discernir os conteúdos relevantes dos irrelevantes, bem como combinar diferentes elementos que permitam interpretar e atuar nas sociedades em que vivem. O mundo mudou bastante nos dois últimos séculos e vai transformar-se ainda mais nas próximas três décadas. E a escola o que pretende fazer? Continuar a formar alunos para uma realidade ultrapassada ou capacitá-los para que sejam capazes de viver num futuro incerto? É inquestionável que uma boa parte dos conteúdos programáticos que hoje se transmitem nas salas de aula será irrelevante daqui a trinta anos. As novas formas de inteligência artificial vão ocupar alguns postos de trabalho. Os corpos humanos vão conviver com implantes informáticos. Pessoas vão utilizar aplicações como o Google Translate para falar em tempo real com outras que se expressam em idiomas distintos. E as escolas? Vão continuar a «tocar a campainha» para que os alunos se sentem ordeiramente nas salas de aula para falar de nomadismo e aprender a interpretar mapas? Não é possível continuar a preparar as gerações do futuro com recurso a métodos ALGARVE INFORMATIVO #205

e conteúdos do passado. Vai ser necessário ultrapassar esta incongruência. É um imperativo reinventar a missão da escola num mundo em que a relação entre gerações também se tem vindo a transformar. Em algumas matérias, os jovens estão mais bem preparados para enfrentar as mudanças do que os adultos. Veja-se, a título de exemplo, o grau de sensibilidade e de consciência dos mais novos para assuntos relacionados com a sustentabilidade ambiental. As sociedades contemporâneas decidiram colocar os menores de idade numa espécie de «sala de espera», de «incubadora de adultos», daí só se podendo sair depois de finalizado um ciclo formativo e completada uma certa idade. Com este modelo de organização, as sociedades ocidentais produziram uma vasta camada de inativos, desperdiçaram forças e energias criativas e contribuíram para a formação de uma população democraticamente analfabeta. As escolas não podem continuar a formar os «cidadãos do futuro», quando os desafios se colocam hoje, a cada momento, e a todos interpelam para que sejam capazes de agir. A participação dos jovens na sociedade e na política não é um projeto a médio prazo; é uma exigência do presente. É preciso mudar de paradigma, passando da visão dos alunos como objetos ou beneficiários de um sistema, para serem tratados como sujeitos de ação desse mesmo sistema. Bem sei que os «desafios» que coloco à escola não dependem apenas desta e dela não se pode esperar que assuma todos os encargos na formação dos jovens. É um projeto político, uma ambição de mudança e sobretudo uma visão de futuro que deve ser partilhada entre as instituições e a sociedade . 146


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OPINIÃO

Os populismos Paulo Bernardo (Empresário) ada dia que passa e cada vez que vejo uma notícia me apercebo que, em breve, o populismo vai chegar a Portugal. Estas modas chegam cá mais tarde, mas chegam, não é por sermos melhores ou especiais, é que por sermos periféricos e temos menos impacto na Europa. Assim, quem investe nestas coisas, e existe quem invista, está mais focado em outros campos. Para que o populismo cresça tem que ter quota de mercado e nós temos 70 por cento do mercado disponível, quem se absteve, está disponível para votar em algo que o motive. Mas vamos pensar que, desses 70 por cento, só 10 por cento vão votar no nosso populista. Assim, um partido que hoje não existe passa facilmente a terceira força no nosso universo político. Isto inquieta-me muito, pois não vejo nenhum político preocupado com este tema. Dizem vocês, “mas isso não é bem assim e tal”, é sim, se não vejamos. Todos os familiares no PS só ajudam para descredibilizar, o caso dos autarcas, que se mantêm em funções mesmo depois de serem arguidos (bem sei que ainda não foram julgados, mas podiam suspender o mandato). O PSD sem rei nem roque, onde todos os dias cai um pouco por uma liderança perdida. O caso Robles, o trabalhador do PCP que foi reintegrado pois tinha sido injustamente despedido, a TAP a pagar prémios, a CGD a esconder os devedores, o Berardo a rir da malta toda, o Ricardo Salgado a pedir uma indemnização, o UBER e o marido da Assunção Cristas, o Pavilhão Atlântico, as associações que não ALGARVE INFORMATIVO #205

representam ninguém, mas continuam a receber fundos para se alimentarem, os gastos excessivos em coisas que não fazem falta, os políticos em cargos meramente por serem políticos, sem mérito algum, os ministros do Cavaco que foram quase todos apanhados em algo, mas sempre silenciosamente ilibados, a justiça que solta os ricos e prende os pobres. Mas que pais é este? E ainda querem que 70 porcento de malta vá votar. Eles não se reveem em nada disto e para eles todos os políticos de A a Z não passam de um bando de criminosos. Como quem cala consente, o que eles pensam se calhar não está errado. É este silêncio ensurdecedor que serve de primeiro substrato para o populismo chegar silenciosamente, basta ver como Hitler chegou ao poder. Estas coisas já estão todas inventadas, só que hoje é mais fácil colocá-las a andar. Por que venceram as eleições os populistas no mundo, vão ler e descobrem um padrão comum. Em todos os casos tínhamos uma classe política transversalmente corrupta, uma justiça que não funciona, carga fiscal elevada e insegurança. Assim nasceu Bolsonaro, entre outros, surgem por desespero, porque o povo já não se identifica com ninguém. A receita é simples, vamos pensar que alguém (nacional ou internacional) quer controlar o país, assim para Portugal julgo que com um milhão de euros consegue ganhar 10 por cento dessa quota de mercado. Como, perguntam vocês? Arranja um 148


partido, pode ser o RIR, do Tino de Rans, paga para uma quantidade grande de militantes se inscrever, e convence o Tino que ele é o maior (os políticos ou quem ambiciona ser político gosta disto) coloca três ou quatro professores universitários a falar bem da linha, edeológica do RIR, arranjar uns jornalistas para falarem bem do RIR. Nesta fase vai conseguir a primeira vitória, todos os partidos com lugar na Assembleia da República vão começar a atacar o RIR. Aqui passamos à fase de apagar fogo com petróleo, pois, quanto mais atacam, mais ele cresce. Basta dizer que o ataque ao RIR acontece porque nos queremos um país 149

honesto e os tipos que estão lá não querem isso. Fase da campanha, online, hoje existe um jornal escrito por cada um de nós em qualquer uma das plataformas socias, e o mais grave é que nem necessitamos de notícias falsas. Como referi atrás, temos notícias verdadeiras que dá para sair uma por dia de todos os partidos. Neste sentido, um milhão de euros dá e sobra, e perguntam vocês quem tem um milhão de euros para fazer isto. Infelizmente, muita gente, basta ver os buracos que alguns Municípios têm, os autarcas que fizeram esse buraco devem ter esse milhão debaixo do colchão .

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ALBUFEIRA ASSINALOU DIA DA ESPIGA COM ENCONTRO INTERGERACIONAL Centro Educativo do Cerro do Ouro voltou a acolher as Comemorações do Dia da Espiga, na Quinta-feira da Ascensão , uma data religiosa cheia de tradições populares e que até já foi feriado nacional. O programa começou, como manda a tradição, com miúdos e graúdos numa alegre caminhada pelo campo para colherem espigas e flores silvestres, destinadas a formar um bonito ramo, que depois levaram para casa e colocaram atrás da porta de entrada, onde vai permanecer até ao próximo ano. A espiga simboliza o pão, o malmequer o ouro e a prata para que não falte o dinheiro, o ramo de oliveira a luz e a paz, a papoila o amor e ALGARVE INFORMATIVO #205

a vida, o alecrim a saúde e a videira o vinho e a alegria, que não podem faltar em todas as casas. O evento integrou ainda ateliers como «Calceteiro por uma manhã», «Confeção do Pão», «Preparação do Ramo de Espiga» e «Ervas Aromáticas»; dois momentos de dança protagonizados pelo utentes do «Clube Avô»; e um almoço partilhado, onde não faltou o caldo verde e o Xerém, os caracóis, peixinhos da horta, o pão acabadinho de cozer no forno, acompanhado de chouriço assado, entre outros pitéus e deliciosas sobremesas. O pátio da antiga escola, transformada em Centro Educativo desde 24 de 152


novembro de 2008, foi decorado com um enorme insuflável para alegria dos mais pequeninos. Antes do almoço, o grupo do Clube Avô mostrou uma bonita coreografia dedicada ao Ambiente. Intitulada «Planeta Meu», as vassouras foram parceiras desta dança, mostrando que o equilíbrio é necessário ao nível da arte e essencial ao planeta. De caminho, ainda houve tempo para cantar os parabéns a um casal que celebrava, neste dia, 55 anos de casamento. Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Albufeira destacou a importância do espaço, que foi reconvertido com vista ao enriquecimento da comunidade escolar e da comunidade em geral e que tem “um papel fundamental na recuperação da nossa memória coletiva e na transmissão desses conhecimentos às novas

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gerações”. José Carlos Rolo exortou “a alegria e a vontade de viver, que devem continuar sempre” e reforçou a importância de ajudar os mais jovens, ”mas também aqueles que já deram muito de si, com a sua força de trabalho, à comunidade e ao país, para que sintam que há quem se preocupe e os ajude nesta fase da vida” .

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ESTRADA DA ROTUNDA DA BALAIA ATÉ LOULÉ VAI SER ALVO DE REQUALIFICAÇÃO

Município de Albufeira continua a encetar medidas com vista a solucionar os problemas existentes nas ruas, estradas e caminhos do concelho, devendo iniciar-se muito em breve as respetivas empreitadas. Uma das mais significativas é a requalificação da Estrada Municipal que liga a Rotunda da Balaia e segue até ao concelho de Loulé (EM 526), atravessando parte da área de Olhos d’Água. A obra vai envolver a quantia de 876 mil e 370,72 euros + IVA, com vista a dotar aquela artéria, de circulação viária intensa, de melhores e mais seguras condições de circulação viária e pedonal. A empreitada consiste na remoção do pavimento existente e reparação de patologias existentes, execução de um ALGARVE INFORMATIVO #205

pavimento novo com mistura betuminosa com betume modificado com média percentagem de borracha, substituição de sinalização vertical e realização de sinalização horizontal e reparação pontual de muros e passeios. A intervenção engloba: trabalhos preparatórios e demolições (72 mil e 401,78 euros + IVA), trabalhos de pavimentação (635 mol e 993 euros + IVA), sinalização (64 mil e 489,83 euros mais IVA), muros confinantes (48 mil e 507,20 euros + IVA). A frezagem da via acontece numa extensão de 75 mil metros quadrados (61 mil e 500 euros + IVA), e há ainda lugar ao fornecimento e aplicação de camada de desgaste com 0,06 m, em mistura betuminosa descontínua fabricada a quente do tipo MBA BBM (mistura betuminosa aberta com betume modificado com média percentagem de borracha), incluindo rega de colagem com emulsão modificada em 78 mil e 40 metros quadrados (507 mil e 260 euros + IVA). O prazo da empreitada é de 120 dias, estando previsto o início da mesma após a época balnear (setembro de 2019) . 154


LAGOA ASSINALOU DIA MUNDIAL DA CRIANÇA COM MUITA DIVERSÃO E BRINCADEIRA o âmbito das comemorações do Dia Mundial da Criança, o Município de Lagoa proporcionou, de 29 a 31 de maio, muita diversão e brincadeira às crianças do pré-escolar e 1.° Ciclo das escolas do Ensino Público, IPSS's e Ensino Privado do concelho. Cerca de mil e 600 crianças usufruíram de um leque variado de atividades ao ar livre, promotoras de saúde e bem-estar, organizadas pela autarquia no Slide & Splash. Ateliers de artes plásticas, atividades aquáticas, jogos tradicionais, insufláveis e momentos de animação de rua, foram algumas das atividades promovidas. Houve ainda oportunidade de levar para casa um boné e uma t-shirt da Escola Ativa e o livro «Colorir Lendas de Lagoa».

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Considerando que o ato de brincar, partilhar e confraternizar representa um fator de grande importância no processo de desenvolvimento individual e de socialização da criança, Lagoa – Cidade Educadora e Cidade Inclusiva reforça assim uma filosofia de estímulo à criatividade e ao convívio .

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LAGOA FOI O PRIMEIRO CONCELHO DO ALGARVE A HASTEAR A BANDEIRA AZUL 2019 o dia 3 de junho, o galardão da Bandeira Azul foi hasteado em seis praias do concelho de Lagoa, duas das quais são também praias acessíveis a pessoas com mobilidade condicionada. A Bandeira Azul é uma distinção de escala europeia que tem por objetivo a consciencialização dos cidadãos e os decisores para a necessidade de preservar o ambiente marinho e costeiro e a concretização de ações que levem à resolução dos problemas que afetam estas faixas do território. Este ano, as praias de Vale Olival, Nossa Senhora da Rocha, Vale Centeanes, ALGARVE INFORMATIVO #205

Carvoeiro, Caneiros, Praia Grande (Ferragudo) têm hasteado o pavilhão da Bandeira Azul da Europa, pela sua excelência e pelo cumprimento de um rigoroso conjunto de critérios de informação e educação ambiental, qualidade da água, gestão ambiental e equipamentos, e segurança e serviços. O Município de Lagoa hasteou também nas praias de Carvoeiro e de Nossa Senhora da Rocha a bandeira Praia Acessível, confirmando a procura de um território inclusivo no cumprimento de um conjunto de normas que facilitam o uso dos areais por pessoas com mobilidade condicionada. Estas praias disponibilizarão ainda cadeiras anfíbias 156


que permitirão a este grupo especial de utentes a ida a banhos. Paralelamente, nestas praias procura-se garantir a acessibilidade inclusiva nos percursos até às áreas concessionadas e zonas de conforto por meio de passadeiras pensadas para serem confortavelmente transitáveis, mesmo por cadeiras de rodas. Em Carvoeiro, de forma a limitar os conflitos de uso e segurança entre os banhistas e as atividades náuticas dos operadores marítimo-turísticos e do apoio recreativo, bem como contribuir para o ordenamento da praia, será instalado mais uma vez um plano de sinalética denominado «Praia de Carvoeiro – Segurança», vertical e horizontal, para assinalar a manobra em terra das embarcações e balizar as zonas reservadas às marítimo-turísticas e pesca. Ainda em Carvoeiro há a destacar a inauguração de um protótipo do totem do índice UV, que visa alertar de forma automática para a perigosidade da radiação ultravioleta ao longo do, evitando a necessidade da sua sinalização através de bandeiras. Desta forma, todos os

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veraneantes poderão tomar as devidas precauções, independentemente do local do areal em que se encontram. A construção deste protótipo, fruto de um ato de cidadania ativa através da apresentação do projeto/ideia por parte de um grupo de estudantes do Agrupamento ESPAMOL aquando da realização da Assembleia Municipal Jovem, reflete um trabalho em progresso que culminará na construção e distribuição de vários totens pelas praias balneares do concelho. No mesmo dia, na Praia de Benagil, foram assinados o Protocolo de Cooperação entre a Agência Portuguesa do Ambiente e o Município de Lagoa, que tem por objetivo estabelecer os termos de colaboração entre as entidades signatárias para a execução de um programa complementar de monitorização das águas balneares do Concelho de Lagoa; e o Protocolo de Cooperação entre o Instituto de Socorros a Náufragos, a Câmara Municipal de Lagoa e a Capitania do Porto de Portimão, que tem como objeto definir os termos de cedência de uma mota de água, doada ao ISN pela Fundação Vodafone, com vista ao reforço da capacidade da garantia de assistência a banhistas na zona não vigiada da praia de Benagil e praias adjacentes. Em simultâneo, o Município de Lagoa colocará ao serviço uma segunda mota de água que permitirá aos nadadores salvadores ao serviço da autarquia fazer o patrulhamento da linha de costa entre a Praia Grande, perto da Praia de Nossa Senhora da Rocha e a Praia do Carvalho . ALGARVE INFORMATIVO #205


CONGRESSO DAS CIDADES EDUCADORAS DE LAGOA DESTACOU O PAPEL DAS ARTES e dois em dois anos, as Cidades Educadoras Portuguesas reúnem-se para debater experiências, desafios e perspetivas de futuro. São mais de 70 municípios portugueses que têm em comum 20 princípios de uma carta internacional, e a educação como prioridade das suas opções governativas. 2019 foi o ano que este Congresso aconteceu em Lagoa, e pela primeira vez no Algarve, entre 15 e 18 de maio. Aos três dias de conferências, mesas de debate, apresentação de experiências, seguiu-se um quarto dia de contacto com o território e a paisagem natural, com os agentes associativos, e as expressões culturais de Lagoa. No encerramento do 8.º Congresso das Cidades Educadoras Portuguesas, que decorreu no Centro de Congressos do Arade, Parchal, foi apresentada uma declaração final, subscrita pelas cidades participantes e que sintetiza dez pontos que deverão inspirar a ação destes municípios nos próximos dois anos. Esses dez pontos indicam a cidade educadora como lugar de “(re)produção de oportunidades criativas e de relações sociais”; a exigir “visão interdisciplinar e holística”; e uma “intervenção social integradora”; assumindo-se como conjunto de “lugares físicos e virtuais”; e “espaço de ação, impulsionador de envolvimento entre grupos, comunidades, ALGARVE INFORMATIVO #205

cidadãs e cidadãos”; de “fruição de arte, de convívio, troca de saberes e de experiências intergeracionais ”; para “esbater a dicotomia entre centro e periferia”; “reclamar e (re)inventar”; onde se constroem “redes de conhecimento, arte, política, informação, património e culturas”; e onde “ser e criar são experiências transformadoras”. Tratou-se de uma reunião alargada de políticos, técnicos, investigadores sociais, entre outros intervenientes nos processos de educação nas cidades portuguesas. O tema central, «Criar (na) Cidade», permitiu chamar a atenção para a forte relação entre as Artes e a Educação. Para além das intervenções de abertura do presidente do Município de Lagoa, Francisco Martins, da Secretária Geral da Associação Internacional de Cidades Educadoras, Marina Canales, ou do reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, destacaram-se entre os conferencistas a brasileira Jaqueline Moll, o sociólogo português Carlos Fortuna, a investigadora da Universidade de Aveiro Inês Guedes de Carvalho, e o reitor da Universidade Aberta, Paulo Dias. As várias dezenas de experiências postas à discussão pelos Municípios dividiram-se entre ecrãs expostos na sala de entrada e três outras salas do Centro de Congressos do Arade: do Remexido, de Ibn Ammar e o Auditório 158


Manuel Gamboa. A participação de 35 jovens convidados por 19 cidades das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, Alentejo, Algarve e regiões autónomas de Madeira e Açores foi uma das inovações deste Congresso. «Da ideia à prática» foi o que os levou a identificar prioridades e a propor respostas para os lugares onde vivem. Reunidos na Sala Fatacil durante três dias, estes jovens apresentaram as suas conclusões na sessão de encerramento e receberam o aplauso dos congressistas. 159

Em 2020, as quase 500 Cidades Educadoras de todo o mundo já têm encontro marcado em Katowice, na Polónia, para discutir «música, meio ambiente, atividades recreativas e participação». Em 2021, o Congresso Nacional das Cidades Educadoras voltará a reunir-se na cidade portuguesa cuja candidatura venha a ser escolhida pela Comissão de Coordenação da Rede destas cidades, de que Lagoa faz parte. ALGARVE INFORMATIVO #205


FESTA DOS PETISCOS DO PESCADOR EM QUARTEIRA SEM CONSUMO DE PLÁSTICO Câmara Municipal de Loulé continua a apostar na introdução de medidas sustentáveis do ponto de vista ambiental nos seus eventos e a Festa dos Petiscos do Pescador, que decorreu na cidade de Quarteira, de 30 de maio a 2 de junho, recebeu uma novidade nesta matéria que permitiu reduzir grande parte da produção de resíduos de plástico. Assim, pela primeira vez neste evento que assenta sobretudo na vertente gastronómica, foram substituídas todas as louças, talheres e copos de plástico por peças compostáveis e biodegradáveis. Por outro lado, no final de cada noite, os ALGARVE INFORMATIVO #205

resíduos orgânicos recolhidos, nomeadamente restos de comida, foram enviados para deposição e transformação no Centro de Valorização Orgânica da ALGAR, em S. Brás de Alportel. No total, foram remetidas três toneladas de resíduos produzidos durante os quatro dias desta edição dos Petiscos do Pescador. Para os responsáveis municipais, este é mais uma ação que alia as questões ambientais aos eventos, refletindo também nas iniciativas de âmbito cultural e recreativo promovidas pela autarquia louletana uma preocupação permanente com a redução da pegada ecológica . 160


REPORTAGEM SOBRE A FESTA DA MÃE SOBERANA RECEBE PRÉMIO DE JORNALISMO ATRIBUÍDO PELA IGREJA CATÓLICA

como se a Mãe descesse à Terra», reportagem da TVI da autoria da jornalista Catarina Canelas, com imagem de João Franco, Tiago Donato e Rodrigo Cortegiano e edição de imagem de João Pedro Ferreira, recebeu, no dia 30 de maio, o Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão2018, atribuído pela Ecclesia, numa sessão que decorreu no auditório da Rádio Renascença.

É

Dedicado à Festa da Mãe Soberana - a Nossa Senhora da Piedade - Padroeira de Loulé que anualmente leva milhares de peregrinos e turistas à cidade, o trabalho de reportagem acompanhou esta procissão de características únicas no país e reúne testemunhos de muitos crentes que encontraram na fé e na Mãe Soberana a esperança para os caminhos tortuosos da vida, mas também de investigadores ligados ao estudo desta Festa, o presidente da Câmara Municipal de Loulé e, naturalmente, os Homens do Andor e elementos da Banda Filarmónica 161

Sociedade Recreativa Artistas de Minerva. Trata-se de um trabalho emotivo sobre aquela que é a maior manifestação religiosa a Sul de Fátima e que, segundo a própria autora, se distingue pela exteriorização de alegria e pelo rejubilar dos fiéis, com permanentes «Vivas» à Mãe Soberana, ao contrário do que acontece na maior parte das procissões marcadas pela dor. A Câmara Municipal de Loulé associou-se à atribuição deste prémio promovido pela Igreja Católica Portuguesa com a presença dos vereadores Marilyn Zacarias e Carlos Carmo, e da Diretora Municipal Dália Paulo, que fizeram questão de oferecer a Catarina Canelas uma imagem da Mãe Soberana, da autoria do fotógrafo Luís da Cruz. “Esta reportagem constitui um trabalho extraordinário e um documento importantíssimo para a valorização daquela que é uma das mais importantes componentes identitárias do povo louletano. Está de parabéns a Catarina, a quem Loulé se sente agradecido e enriquecido por ter agora diretamente ligada à sua cultura mais uma cidadã de excelência”, sublinha o autarca Vítor Aleixo . ALGARVE INFORMATIVO #205


MUNICÍPIO DE LOULÉ DISTINGUIU FUNCIONÁRIOS COM 35 ANOS DE SERVIÇO Câmara Municipal de Loulé homenageou 16 funcionários da autarquia com a atribuição de uma medalha de reconhecimento pelos 35 anos ao serviço desta instituição pública, numa “cerimónia justa e adequada, até porque esta dedicação ao serviço público é quase uma vida profissional”, justificou o edil Vítor Aleixo, que enalteceu o trabalho realizado pelos funcionários públicos e a sua importância na sociedade em que se inserem. “Falamos de pessoas que servem o Estado com a sua dedicação, o seu trabalho, o seu saber. Servem a comunidade, nas escolas, nas secretarias, nas oficinas de carpintaria, ALGARVE INFORMATIVO #205

na recolha do lixo… O Estado e os funcionários públicos estão presentes desde o dia em que nascemos até ao dia em que morremos”, afirmou o autarca. Considerando a importância da ação destes funcionários e dos serviços, Vítor Aleixo adiantou ainda o apoio dado na prossecução da sua atividade. “Procuramos sempre, na nossa ação, criar as melhores condições possíveis para que as pessoas possam fazer o seu trabalho. Aquilo que podemos fazemos, sempre com o pensamento de melhor atender às exigências das pessoas que trabalham nesta casa”, disse. Esta foi a segunda vez que o atual 162


executivo atribuiu as medalhas de 35 anos ao serviço da Câmara Municipal de Loulé. Desta vez os homenageados foram: Alberto Manuel Coelho Gomes (Divisão de Ambiente, Transportes e Oficinas), Carlos Alberto Jesus Mestre (Divisão de Salubridade e Higiene Pública), Filipe José Carapeto Casa Nova (Divisão de Fiscalização Municipal), Hélder Viegas Veiga (Divisão de Salubridade e Higiene Pública), Horácio Santos Martins (Divisão de Gestão do Património Municipal e Aprovisionamento), Ilídio Guerreiro Sousa (Divisão de Salubridade e Higiene Pública), Jeni Maria Ramos Brito Lopes (Divisão Administrativa de Urbanismo), João Manuel Gago Sousa (Divisão de Sistemas de Saneamento Básico), Joaquim José

Pires Guerreiro Franca Leal Martins (Gabinete de Vigilância e Proteção do Património), Jose Júlio Castilho Januário (Divisão de Gestão de Projetos, Edifícios e Energia), Luís Manuel Coelho Martins (Divisão Administrativa de Urbanismo (Manuel Almeida Abreu (Gabinete de Apoio ao Presidente), Maria José Brito Correia Cebola (Divisão de Biblioteca e Arquivo), Maria Ricardo Correia Pinto Guerreiro (Divisão Jurídica e de Contraordenações), Susana Paula Nascimento Matias (Departamento Municipal de Obras e Gestão de Infraestruturas Municipais) e Zinália Maria Figueira Murta Ribeiro (Divisão Jurídica e de Contraordenações) .

BD DE LOULÉ PREMIADA COM MÉRITO EM CONCURSO MUNDIAL DE ILUSTRAÇÃO o seguimento do grande sucesso que a edição «Os Segredos de Loulé – Uma História em Banda Desenhada» tem obtido desde a sua apresentação, acrescenta-se agora mais um prémio ao seu currículo, o prémio de mérito, na categoria de banda desenhada, do concurso mundial 3x3 Illustration Awards: Professional Show Winners No.16, atribuído a André Caetano pelo trabalho de ilustração que desenvolveu nesta edição local. Recordese que, para além das ilustrações de André Caetano, a obra conta com João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos como autores (argumento).

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Uma viagem pela história de Loulé e a sua região, desde o início do universo até aos nossos dias e ao futuro. Uma abordagem diferente a um género com grande tradição na BD portuguesa, como é a banda desenhada histórica. Esta edição da Câmara Municipal de Loulé é um marco importante na história da BD no nosso país - e no empenho da Câmara em prol da cultura - por apostar numa história e narrativa menos comuns neste tipo de obra, e num formato mais próximo das melhores edições de BD atuais, permitindo realçar a arte do desenhador e contar uma história com fôlego e duração . ALGARVE INFORMATIVO #205


PORTIMÃO RECEBEU DE BRAÇOS ABERTOS SETE CRIANÇAS E JOVENS IMIGRANTES COMO NOVOS PORTIMONENSES ortimão, por ocasião do Dia Municipal do Imigrante e da Diversidade Cultural, acolheu de braços abertos sete crianças e jovens estrangeiros como novos portimonenses, ao atribuir os primeiros títulos de residência a alunos do concelho que se encontravam em situação irregular, numa cerimónia que decorreu, no dia 29 de maio, no Salão Nobre dos Paços do Concelho com a presença da Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto. Arthur Lago, Bernardo Lima, Júlia Lima, Carlos Gomes, de nacionalidade brasileira e os irmãos Andreia, Christian e Sabrina ALGARVE INFORMATIVO #205

Cretu, de nacionalidade moldava, foram as primeiras crianças e jovens imigrantes, alunos do Agrupamento de Escolas da Bemposta e do Agrupamento de Escolas Júdice Fialho que, no âmbito do programa «SEF vai à Escola», passaram a ser cidadãos portugueses de pleno direito e a “fazer parte da família portimonense”, como afirmou Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão. Portimão é o primeiro concelho no Algarve a ver emitidos títulos de residência no âmbito do «SEF vai à Escola» que, integrado no Plano de 164


Ação do Contrato Local de Segurança deste Município, no eixo de Intervenção – Promoção da Cidadania, propõe- se efetuar um diagnóstico da população estrangeira estudante do ensino básico e secundário dos vários agrupamentos do concelho e promover a sua regularização documental, numa ação conjunta do SEF, nomeadamente da delegação de Portimão; Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares- DGEST, dos Agrupamentos de Escolas do concelho; e da Câmara Municipal através do CLAIM Portimão. “Muito em breve serão entregues mais 18 títulos de residência”, adiantou Isilda Gomes, sendo que o objetivo é que as 111 situações diagnosticadas junto de crianças e jovens em contexto escolar no município possam ser regularizadas. A Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, realçou os resultados dos Contratos Locais de Segurança (CLS) que, “no âmbito da prevenção, têm efeitos imediatos, quer na promoção da segurança objetiva, quer no sentimento de segurança das populações”. Neste âmbito, foi enaltecida a ação do Município ao nível do CLS-Portimão que tem vindo a desenvolver ações que visam promover a integração dos imigrantes com trabalho sazonal e permitir a inclusão efetiva desses cidadãos, tendo sido destacada a execução do projeto «Reviver no Meu Bairro», já em execução no bairro da Cruz da Parteira e, muito em breve, 165

também no Bairro das Cardosas, que já permitiu que os seus habitantes tivessem beneficiado de mais de 50 ações e atividades com vista a promover a redução das vulnerabilidades sociais, a prevenção da delinquência juvenil e a promoção da cidadania e da igualdade de género. “Portimão é um excelente exemplo de um Município que acolhe e que integra. Portimão é um concelho inclusivo”, sublinhou a Secretária de Estado. A Presidente da Câmara Municipal de Portimão aproveitou para solicitar a renovação do CLS por mais um ano, regozijando-se pelo trabalho de proximidade que os técnicos da autarquia têm vindo a desenvolver, nomeadamente junto da população residente nos bairros municipais abrangidos por este plano de ação, e o papel fundamental que o mesmo desempenha ao nível da integração, educação e prevenção de problemáticas sociais .

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ESPAÇO MULTIUSOS DE SÃO MARCOS DA SERRA É INAUGURADO A 19 DE JUNHO

Espaço Multiusos de São Marcos da Serra vai ser inaugurado do dia 19 de junho, numa cerimónia que tem início, pelas 20h30, com uma arruada da Banda da Sociedade Filarmonica Silvense e o descerramento da placa que assinala o momento, com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Silves, Rosa Palma e demais membros do executivo. “Esta é uma festa que nos deixa muito contentes, pois São Marcos da Serra merece dispor de um espaço onde a comunidade possa praticar desporto, realizar as suas festas e partilhar a sua vida e tradições”, afirma Rosa Palma. O espaço destina-se a atividades recreativas, desportivas e culturais, sendo ALGARVE INFORMATIVO #205

dotado de um palco, piso sintético, equipamento desportivo, iluminação (LED), instalações sanitárias, arrumos e espaços verdes, num investimento de 137 mil euros por parte da autarquia. É também um espaço privilegiado para ser usado pelo Jardim de Infância e pela EB1 de S. Marcos da Serra nas suas ações, bem como por todos os habitantes da freguesia. E a inauguração permitirá, desde logo, perceber alguns dos usos possíveis deste espaço, já que prosseguirá com uma «Noite de Fado» (pelas 21h25), animada pela fadista Helena Silva. Às 22h, Paulo Coelho será o convidado musical para o baile, que incluirá uma apresentação de marchas populares pelo Grupo de Marchantes da Associação Humanitária de São Marcos da Serra. A atividade é organizada pelo Município de Silves, com o apoio da Junta de Freguesia de São Marcos da Serra, da Associação Humanitária de S. Marcos da Serra e do Serrano Futebol Clube . 166


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #205

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